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Neuropatias Periféricas Neuropatia urêmica: depuração de creatinina cai

abaixo de 10% do normal, a velocidade de condução


Definição: Neuropatia periférica (NP) indica uma
motora diminui paralelamente à piora da função
alteração dos nervos periféricos independentemente
renal, contudo, a intensidade dos sintomas e sinais
da etiologia.
não guarda correlação com a velocidade de condução
SNP: Nervos cranianos (exceto olfatório e óptico), nervosa. Mais comumente se apresenta como
raízes nervosas, gânglios da raiz dorsal, troncos polineuropatia sensitivo-motora (predominantemente
nervosos periféricos e sua ramificações terminais e sensitiva) progressiva e simétrica, com acometimento
sistema nervoso autônomo periférico. autonômico raro. Fisiopatologicamente, a lesão do
nervo periférico decorreria do acúmulo e da ação
Epidemiologia: 2 a 4%; > 55 anos = 8%; > 65 anos = tóxica de substâncias de peso molecular entre 300 e
24%. 2.000 Da, como metilguanidina e mioinositol. Diálise e
transplante renal geralmente têm efeito benéfico,
melhorando ou estabilizando a NP.

Neuropatias tóxicas:

Toxinas: metais pesados (arsênio, chumbo, tálio) e


medicamentos: toxicidade direta ou de seus
metabólitos, deficiência vitamínica secundária,
interferência com ácidos nucleicos ou com a função
mitocondrial, apoptose, ou atuação como hapteno
desencadeando reação imunomediada.

Neuropatias carenciais:
Classificação das NP:
Cobre: mielopatia ou mieloneuropatia. Apresentam
1. Velocidade de instalação: aguda, subaguda e
com dificuldade à marcha e parestesias em membros
crônica.
inferiores, e o exame revela ataxia sensitiva com
2. Tipo de fibra nervosa envolvida: motora, sensitiva, alteração da sensibilidade vibratória e proprioceptiva.
autonômica ou mista. Sinais de acometimento de neurônio motor superior e
disfunção esfincteriana podem ocorrer
3. Diâmetro da fibra nervosa envolvida: mielinizadas
associadamente. Entre as causas de sua deficiência,
grossa ou fina ou amielínica.
estão cirurgia gástrica prévia (mais comum), ingestão
4. Distribuição do déficit: proximal, distal ou difusa. excessiva de zinco (suplementos alimentares, cremes
dentifrícios), consumo excessivo de ferro e síndromes
5. Padrão de acometimento nervoso: de má absorção.
mononeuropatia (lesão focal), mononeuropatia
múltipla (lesão multifocal) ou polineuropatia Deficiência de vit. B1 (tiamina): beribéri, falência
(alteração simétrica, distal e bilateral). cardíaca + NP (distal, axonal, sintomas sensitivos, com
a progressão déficit motor).
6. Tipo de lesão da fibra nervosa: degeneração
axonal (degeneração Walleriana: interrupção focal do Deficiência de vit. B6 (piridoxina): uso de hidralazina,
axônio e/ou corpo celular; degeneração axonal penicilamina ou isoniai.ida. Outras causas são
centrípetra -dying back: lesão metabólica do hemodiálise, desnutrição e estados hipermetabólicos.
neurônio. Ocorre em ambas degeneração secundária Em contrapartida, a ingestão excessiva de B6 é uma
da mielina), desmielinização segmentar (degeneração causa de neuropatia tóxica.
focal da bainha de mielina com preservação do
Deficiência de vit. B12 (cobalamina): degeneração
axônio) ou mista.
combinada subaguda da medula, NP, disfunções
Etiologia: neuropsiquiátricas e neuropatia óptica, que podem
ocorrer independente· mente das manifestações
Neuropatias decorrentes de distúrbios metabólicos hematológ:icas. A NP se expressa por polineuropatia
Neuropatia diabética predominantemente sensitiva.
Deficiência de vit. E: as causas mais comuns dessa motor progressivo, de instalação aguda em até 4
deficiência são as síndromes de má absorção semanas, relativamente simétrica, ascendente,
intestinal ou deficiências hereditárias de transporte acompanhada de hiporreflexia ou arreflexia, com ou
(abetalipoproteinemia). As manifestações sem alteração sensitiva objetiva. Doença infecciosa
neurológicas decorrem do acometimento de fibras antecedendo em 1 a 4 semanas as manifestações
grossas com ataxia de marcha e de membros, neurológicas é relatada cm cerca de dois terços dos
diminuição da sensibilidade vibratória e anartrestesia, casos de SGB.
além de hiporreflexia, aos quais podem se associar
Polineuropatias desmielinizantes inflamatórias
outros sinais de degeneração cerebelar, fraqueza
crônicas adquiridas (PIDC): quatro fenótipos clínicos:
muscular proximal em membros, retinopatia, entre
outros. A suplementação vitamínica pode cessar a • Fraqueza muscular proximal e distal, simétrica.
progressão ou reverter os déficits neurológicos
• Perda sensitiva e motora distal e simétrica.
Neuropatias Infecciosas:
• Fraqueza muscular assimétrica.
HIV: A apresentação clinica mais comum é de
polineuropatia predominantemente sensitiva e distal, • Perda sensitiva e motora assimétrica.
cujo principal sintoma é a dor neuropática. Esse tipo Neuropatias Hereditárias: Dividido em dois
de NP pode decorrer da própria infecção virai ou da subgrupos. No primeiro, a neuropatia é um dos
toxicidade das medicações antirretrovirais, entre as achados clínicos de doença multissistêmica ou de
quais os inibidores da transcriptase reversa são os doença neurológica generalizada. No segundo grupo,
mais neurotóxicos. o nervo periférico é o tecido primariamente envolvido
Hep C.: Apresenta-se de duas formas clínicas: na doença.
mononeuropatia múltipla aguda ou subaguda (mais Doença de Charrot-Marie-Tooth (CMT): Clinicamente,
frequente) e polineuropatia predominantemente é heterogênea, pois varia na idade de inicio, na
sensitiva velocidade de progressão dos déficits e nas alterações
Hanseníase: O Mycobacterium leprae é um eletrofisiológicas; e, ainda, a gravidade clinica varia
microrganismo intracelular obrigatório, com tropismo dentro de uma mesma familia. O fenótipo clássico
pelas estruturas nervosas da pele e dos troncos inclui dificuldade à marcha, pés cavos ou outras
nervosos periféricos, causando infecção deformidades osteoarticulares ou de coluna, perda da
granulomatosa crônica. Classicamente, a lesão inicial sensibilidade em bota ou luva, atrofia principalmente
é uma pápula ou mácula cutânea, geralmente de musculatura fibular (pernas em garrafa de
hipopigmentada, com diminuição de sensibilidade champanhe invertida), reflexos profundos geralmente
dolorosa e térmica, que é a mais precocemente hipoativos ou abolidos. A perda da sensibilidade
afetada. A reação granulomatosa nos nervos causa proprioceptiva, marcha atáxica, tremores. A dor
espessamento nervoso, que geralmente é doloroso à neuropática pode ocorrer.
palpação. A magnitude do acometimento cutâneo e
dos troncos nervosos é determinada pela resposta
imune do hospedeiro.

Hérpes-zoster: A reação do vírus latente nos


neurônios sensitivos dos gânglios das raízes dorsais ou
dos gânglios dos nervos cranianos causa ganglionite
inflamatória e necrótica, que se expressa por dor
aguda e vesículas com distribuição em faixa um a três
dermátomos, podendo afetar nervos cranianos, como
o facial. O local mais comum é o tórax, seguido pela
divisão oftálmica do nervo trigêmio.

Neuropatias desmielinizantes imunomediadas

Síndrome de Guillain-Barré (SGB): Apresentação


clássica, é uma doença monofásica, com déficit
Quadro Clínico:

sintomas sensitivos positivos: resposta excessiva a


um estímulo ou espontaneamente.

sintomas sensitivos negativos: resposta reduzida a


um determinado estímulo.

Diagnóstico: ENMG, exames séricos (bioquímica,


hormônios, hematológico, imunológico), LCR, exame
Acometimento de fibras autonômicas:
de imagens, biopsia do nervo.
 Xeroftalmia; Tratamento: Específico para cada etiologia.
 Xerostomia;
 Anidrose;
 Hiperidrose;
 Impotência sexual;

Alteração no ritmo cardíaco ou PA.

NP de longa duração:

 Pés cavos;
 Artropatia de Charcot;
 Úlceras plantares;
 Dedos em martelo;
Neuropatia Diabética Formação de PFGAs, ativação da PKC e distúrbios das
vias dos polióis acarretando estresse oxidativo e
Revisão DM:
dificuldade de regeneração.
Resistência insulínica: Redução no transporte e
1. Formação de produtos finais de glicação avançada
metabolismo da glicose estimulada pela insulina nos
(PFGA/AGEs — advanced glycation end products). Os
adipócitos e músculo esquelético e por um
PFGAs são formados como resultado de reações não
comprometimento da glicólise e da oxidação dos
enzimáticas entre precursores intracelulares
ácidos graxos no fígado, e incapacidade de suprimir a
derivados da glicose (glioxal, metilglioxal e 3-
gliconeogênese hepática.
desoxiglicosona) com os grupos amino de proteínas,
Diabetes Melito é um grupo de distúrbios tanto intra quanto extracelulares. A taxa natural de
metabólicos que compartilham em comum formação dos PFGAs é grandemente acelerada na
hiperglicemia. A hiperglicemia resulta de defeitos na presença de hiperglicemia. Os PFGAs se ligam a
secreção de insulina, na ação da insulina ou, mais receptores específicos (RAGE), que é expressado em
comumente, de ambos. células inflamatórias (macrófagos e células T) e no
endotélio e na musculatura lisa vascular. Os efeitos
O diabetes do tipo 1 (DT1) se caracteriza pela prejudiciais do eixo de sinalização PFGA-RAGE no
deficiência absoluta de secreção de insulina interior do compartimento vascular incluem:
provocada pela destruição das células beta
pancreáticas, geralmente resultante de ataque • Liberação de citocinas e fatores de crescimento pró-
autoimune (autotolerância linfócitos T). inflamatórios pelos macrófagos da íntima

O diabetes do tipo 2 (DT2) é provocado por uma • Geração de espécies reativas do oxigênio nas células
combinação de resistência periférica à ação da endoteliais
insulina (resposta tecidual inadequada) com a
• Aumento da atividade pró-coagulante nas células
resposta compensatória inadequada de secreção de
endoteliais e macrófagos
insulina pelas células beta pancreáticas (deficiência
insulínica relativa) secreção inadequada de insulina • Aumento da proliferação das células musculares
em face da resistência insulínica e da hiperglicemia. lisas e da síntese de matriz extracelular

A principal função metabólica da insulina é o aumento Além dos efeitos mediados pelo receptor, os PFGAs
da taxa de transporte da glicose para o interior de podem diretamente estabelecer uma ligação cruzada
determinados tipos celulares corporais os efeitos com as proteínas da matriz extracelular, o que reduz a
metabólicos da insulina podem ser resumidos como remoção de proteínas enquanto intensifica a
anabólicos, com aumento da síntese e redução da deposição proteica. As proteínas em ligação cruzada
degradação do glicogênio, lipídios e proteínas. com os PFGAs podem aprisionar outras proteínas
plasmáticas ou intersticiais; por exemplo, a
Definição: Neuropatia diabética é o distúrbio
lipoproteína de baixa densidade (LDL) fica aprisionada
neurológico demonstrável clinicamente ou por
no interior das paredes modificadas dos grandes
métodos laboratoriais em pacientes diabéticos,
vasos, acelerando a aterosclerose, enquanto a
excluindo-se outras causas de neuropatia.
albumina pode ficar aprisionada no interior dos
Epidemiologia: 50% de lesão neuropática. Diagnóstico capilares, sendo responsável em parte pelo
de maior sensibilidade aproxima-se de 100%. espessamento da membrana basal, que é
característico da microangiopatia diabética
DM1 surge > 5 anos após o diagnóstico. DM2 mais
precoce, desde o momento do diagnóstico. 2. Ativação da proteína quinase C: A ativação da
proteína quinase C intracelular (PKC) pelos íons cálcio
Fatores de Risco: avançada, gênero masculino, negros e pelo segundo mensageiro diacilglicerol (DAG)
não hispânicos, maior duração do DM, hemoglobina constitui uma importante via de transdução do sinal
glicosilada (HbA1c) maior que 7%, insulinoterapia e em muitos sistemas celulares. A hiperglicemia
história de hipertensão arterial sistêmica (HAS), DLP e intracelular pode estimular a síntese de novo de DAG
albuminúria. a partir de intermediários glicolíticos e,
Patogênese das complicações a longo prazo: consequentemente, provocar a ativação do PKC. Os
efeitos subsequentes à ativação do PKC são
numerosos e incluem a produção de moléculas pró-
angiogênicas, como o fator de crescimento endotelial Via inflamatória: A Presença de agentes pró-
vascular (VEGF), implicado na neovascularização inflamatórios promove o recrutamento de células
observada na retinopatia diabética, e de moléculas inflamatórias, produção de citocinas e redução do
pró-fibrinogênicas, como o fator b de crescimento fluxo sanguíneo, gerando um estado pró-inflamatório
transformante, levando a aumento da deposição de crônico. Dessa forma aumentam a hipóxia e isquemia
matriz extracelular e de material da membrana basal. do nervo periférico, dificultando sua regeneração.

3. Distúrbios nas vias dos polióis: Em alguns tecidos Memória hiperglicêmica: Tente explicar como
que não exigem insulina para o transporte da glicose ocorrem as lesões após um estado euglicêmico da
(p. ex., nervos, cristalino, rins, vasos sanguíneos), a diabetes; Pacientes com DM com a exposição
hiperglicemia acarreta aumento da glicose intracelular prolongada a maiores concentrações de
que é, então, metabolizada pela enzima aldose hiperglicemia, tornam-se mais suscetíveis à lesão por
redutase em sorbitol e em frutose, em uma reação concentrações mais baixas e subsequentes de
que utiliza NADPH como cofator. O NADPH também é hiperglicemia, em contraste, pacientes em
exigido pela enzima glutationa redutase em uma concentrações menores de hiperglicemia tornam-se
reação que regenera a glutationa reduzida (GSH). A mais resistentes a lesões por concentrações mais
GSH é um dos importantes mecanismos antioxidantes elevadas subsequentes. Três hipóteses:
na célula, e qualquer redução da GSH aumenta a
1. Indução de alterações epigenéticas estáveis
suscetibilidade celular ao estresse oxidativo. O
como a metilação do DNA e acetilação de
acúmulo de sorbitol e frutose intracelular provoca
histonas.
diminuição do transporte ativo de vários metabólitos,
2. Alterações na biologia mitocondrial,
entre eles o mio-inositol. Este processo altera os
diferenças funcionais.
mecanismos regulatórios intracelulares, reduzindo a
3. Alteração da regulação da resposta
atividade da bomba Na/K, com o consequente
antioxidante, através de proteínas das vias
acúmulo de sódio intracelular. Com isso, aumenta-se
ROS (espécie reativa de O2).
a osmolaridade intracelular, levando a alterações do
potencial de repouso da membrana, o que gera Classificação e Quadro Clínico (anexo 1):
estresse oxidativo. Essas anormalidades diminuem a
velocidade de condução nervosa e produzem as
primeiras e reversíveis alterações estruturais nos
nodos de Ranvier.

Lesão vascular: A disfunção microvascular


generalizada do nervo tem sido proposta como
mecanismo patogênico, baseado na demonstração de
redução do fluxo sanguíneo, aumento da resistência
vascular e diminuição da tensão de oxigênio.
Numerosas anormalidades microvasculares
endoneurais têm sido observadas, incluindo o
espessamento e duplicação da membrana basal,
edema e proliferação endotelial e muscular lisa
intimal, além da presença de trombo plaquetário
oclusivo.

Via neurodegenerativa: Perda do neurotrofismo


celular. No DM, o declínio quantitativo e qualitativo
da insulina causa também redução parcial da
atividade do fator de crescimento insulina-like I e do
fator de crescimento neuronal, com consequente
diminuição na produção de proteínas essenciais na
formação dos neurofilamentos e manutenção do
transporte axonal, imprescindíveis para seu
crescimento e regeneração. Ocorre degeneração
axonal e apoptose do corpo neuronal.
Acometimento das fibras e sintomas: abdominais ou lombossacral isoladamente ou até
mesmo em concomitância. Sua fisiopatologia
relacionada a mecanismos imunopáticos, sinais de
microvasculite e consequente lesão isquêmica em
nervos periféricos. O prognóstico é favorável, mesmo
sem intervenção terapêutica.

FORMAS SIMÉTRICAS OU DIFUSAS

Neurite insulínica: Sintomas sensitivos distais em


MMII após o início da terapia insulínica. Seu
mecanismo fisiopatológico é desconhecido, sendo seu
curso geralmente benigno.

Neuropatia hipoglicêmica: Condição rara, associada a


estados hipoglicêmicos prolongados e de repetição,
geralmente secundários a insulinomas (tumor
pancreático produtor de insulina). Padrão sensitivo-
motor, com predomínio de MMSS, com presença de
FORMAS ASSIMÉTRICAS OU FOCAL E MULTIFOCAL atrofia, podendo ser reversível após o tratamento da
condição hipoglicêmica.
Mononeuropatias agudas: Acometimento de início
agudo de um ou mais nervos, associado a sintomas Polineuropatia pós-cetoacidose: Manifestações do
sensitivos (dor e parestesias) e motores no território SNC, secundárias ao estado de cetoacidose,
suprido por aquele nervo. Prevalência em idosos, complicação aguda da descompensação glicêmica,
tendo como principal fator causal a obstrução geralmente experimentada por pacientes com DM
vascular, isquemia das fibras nervosas. Apresenta tipo 1. Porém, o acometimento do SNP além de ser
curso autolimitado e boa evolução clínica, com raro, não é completamente compreendido. Padrão de
recuperação em seis a oito semanas. Afetam mais polineuropatia predominantemente motora, com
frequentemente nervos cranianos como o oculomotor recuperação rápida e espontânea após a reversão
(III), troclear (IV) e facial (VII) e nervos periféricos desta condição básica.
ulnares e fibulares. Neuropatia sensitiva dolorosa aguda/neuropatia da
Mononeuropatias compressivas crônicas: Início caquexia do diabetes: Desenvolve-se após perda
insidioso com sintomas sensitivos e em suas formas ponderal importante, secundária ao descontrole
mais graves com acometimento motor, em locais glicêmico do DM. Evolui de maneira monofásica com
específicos de compressão como o nervo mediano no início agudo dos sintomas nos MMII,
punho (síndrome do Túnel do Carpo - STC), ulnar no predominantemente dolorosos, de forma intensa e
cotovelo, fibular comum na cabeça da fíbula e nervos incapacitante. Patogênese baseada no descontrole
plantares lateral e medial na síndrome do túnel do glicêmico e alterações metabólicas, porém esses
tarso. Prevalência até três vezes maior que na mecanismos ainda não foram completamente
população em geral, tendo como patogênese a elucidados. Seu tratamento baseia-se no controle
participação de micro traumas, associados ao edema glicêmico e álgico. Bom prognóstico, evoluindo com
perineural, secundário às alterações metabólicas do melhora da dor e ganho de peso após o
DM, que culminam na compressão do nervo. Curso restabelecimento do estado euglicêmico.
progressivo, podendo apresentar formas graves Neuropatia associada à intolerância à glicose: a
motoras, que por vezes necessitam de intervenções intolerância à glicose como fator de risco
cirúrgicas. independente para o desenvolvimento de NP.
Radiculoplexoneuropatias (RPNP): Apresentações Manifesta-se com sintomas predominantemente
sensitivo-motoras assimétricas, de início agudo, sensitivos e autonômicos com maior acometimento
envolvendo segmentos proximais e distais. Evolui com de fibras finas. Compartilha os mesmos mecanismos
sintomas dolorosos intensos e incapacitantes, fisiopatológicos da PSD, sugerindo que esta seja a
sintomas autonômicos em até 50% dos casos. Pode forma precoce desta apresentação clínica com o DM
acometer os segmentos cervico-braquiais, torácicos, já estabelecido.
Neuropatia autonômica (NA): Afeta o sistema apresentando primariamente sintomas sensitivos e
nervoso autonômico, envolvendo fibras finas autonômicos com envolvimento eminentemente de
amielínicas (fibras C) do SNP, resultante de alterações fibras finas, evoluindo com acometimento de fibras
metabólicas da hiperglicemia crônica. Em raras largas sensitivas e finalmente fibras motoras em seus
ocasiões, a neuropatia autonômica do DM e do pré- estágios mais graves. Classicamente, distribui-se
diabetes apresenta-se de forma isolada. Em sua distalmente nos MMII com progressão comprimento-
grande maioria, desenvolve-se em concomitância com dependente, acometendo então os MMSS, região
outras formas da ND, mais frequentemente com a central do abdômen e vértice, padrão este conhecido
PSD. Assintomática e subdiagnosticada, estima-se que como “meias, luvas e avental”. Pode associar-se a
aproximadamente 50% dos pacientes com DM tipo 1 outros tipos de ND, principalmente as
e 70% dos pacientes com DM tipo 2 apresentem mononeuropatias crônicas compressivas como a STC,
algum envolvimento autonômico, embora apenas porém, em alguns casos, pode associar-se a
14% apresentem formas moderadas a graves da neuropatias inflamatórias como a
doença. Pode resultar em acometimento dos sistemas polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória
cardiovascular, gastrointestinal, urogenital, da função crônica (PIDC).
sudomotora e da motilidade pupilar. A disfunção
Diagnóstico:
autonômica cardiovascular como fator de risco
independente para mortalidade secundária à doença Exame Neurológico: Avaliação de sensibilidade,
cardiovascular. Seus principais sintomas incluem reflexos tendinosos e PA (deitado e em pé) e FC:
hipotensão ortostática, arritmias, isquemia miocárdica
silenciosa, labilidade pressórica e intolerância ao Avaliação de sensibilidades dolorosa (palito ou
exercício. As funções sensitivas, motoras e secretórias agulha), tátil (algodão ou monofilamento de Semmes-
do sistema gastrointestinal produzem sintomas como Weinstein), térmica (quente/ frio) e vibratória
náusea, saciedade precoce, vômitos, alternância entre (diapasão de 128 Hz ou bioestesiômetro).
diarreia e constipação e, em casos mais graves, Pesquisa de reflexos tendinosos (aquileu, patelar e
hipotensão e síncope pós-prandial. Alterações tricipital).
autonômicas encontra-se a disfunção erétil, disúria,
polaciúria, noctúria, urgência urinária e esvaziamento Medida de PA deitada e ortostática (hipotensão
vesical incompleto. A disfunção sudomotora da NA postural: queda da PAS > 20 mmHg 1 minuto após
diabética resulta em alterações tróficas das assumir posição ortostática).
extremidades, estando associada à artropatia de FC de repouso: sugestiva de disautonomia
Charcot, úlceras e amputações de MMII. Geralmente cardiovascular quando o valor > 100 bpm.
apresenta-se com alterações da coloração e
temperatura distal dos MMII, somadas à perda de Estesiômetro (de Semmes-Weinstein ) ou
pelos, intolerância ao calor, ressecamento da pele, monofilamento de náilon:
redução da sudorese e mal perfurante plantar.
Sensibilidade de 66 a 91%, especificidade de 34 a 86%
Encontram-se alterações pupilares, como a presença
e valor preditivo negativo de 94 a 95%. O fio de cor
da pupila de Argyll Robertson, que se caracteriza ao
laranja, de 10 g, detecta alterações de fibras grossas
exame por tornarem-se menores e apresentarem
(β e A-α) relacionadas com a sensibilidade protetora
dissociação entre as reações à luz e à de convergência,
plantar. Para o teste de quatro áreas plantares: hálux
ou seja, reagem nada ou fracamente à luz, porém
(região plantar da falange distal), primeira, terceira e
muito bem à proximidade. Isto ocorre pelo
quinta cabeças de metatarsos.
acometimento de fibras parassimpáticas do nervo
oculomotor.

Polineuropatia simétrica distal (PSD): Forma clínica


mais comum da ND tem prevalência estimada em 50%
dos pacientes DM1 e DM2, sendo que já está presente
em 20% dos pacientes no momento em que recebem
o diagnóstico de DM. Permanece subclínica na grande
maioria dos casos, tornando-se sintomática em menos
da metade dos pacientes com PSD. Desenvolve-se de
maneira lentamente progressiva e simétrica,
Controle Metabólico: Controle glicêmico e de outras
comorbidades metabólicas. Outras medidas
terapêuticas, como o uso de inibidores da aldose
redutase, inibidores da enzima conversora da
angiotensina (IECAs) ou agentes antioxidantes, como
ácido lipóico, ácido tióctico ou benfotiamina, mas
ainda não há completa confirmação de efeitos
benéficos na lesão neurológica diabética.

Sintomático da neuropatia sensoriomotora (dor


neuropática e parestesias):

Acupuntura.

Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina (25 a 150 mg),


imipramina (25 a 150 mg) e nortriptilina (10 a 150 mg)
por via oral/dia.
Áreas de teste (A). Aplicação do monofilamento de 10
g. Deve-se solicitar ao paciente que diga “sim” ou Anticonvulsivantes: carbamazepina (200 a 800 mg) e
“não” durante o toque nas áreas de teste (para gabapentina (900 a 1.800 mg) por via oral/dia.
confirmar a existência ou não de sensibilidade),
Neuroléptico: flufenazina (1 a 6 mg, por via oral/dia).
aplicando força apenas o suficiente para curvar o
monofilamento; procede-se a uma aplicação simulada Capsaicina (0,075%) em creme: uso tópico. Esse
e a uma aplicação concreta nas mesmas áreas, para medicamento promove a depleção da substância P,
confirmar a identificação, pelo paciente, do local inibindo a transmissão dos impulsos dolorosos até o
testado: se duas respostas estiverem corretas, SNC.
descarta-se perda de sensibilidade protetora (PSP).
Mexiletina (300 a 400 mg, por via oral/dia).
Qualquer área insensível indica sensibilidade
protetora alterada (B, C). Clonidina (0,1 a 0,3 mg/dia).
Diapasão 128 Hz, martelo e pino ou palito Duloxetina (60 a 120 mg/dia).
O diapasão 128 Hz e o martelo testam fibras grossas Sintomático da neuropatia autonômica:
sensitivas (β) e motoras (A-α), para avaliação de
sensibilidade vibratória e reflexos aquileus, Disautonomia cardiovascular:
respectivamente, enquanto o pino (neurotip) – ou  Hipotensão postural: devem-se evitar
palito – descartável avalia fibras finas sensitivas (tipo mudanças posturais bruscas, uso de meias ou
C), para teste de sensibilidade dolorosa, ou o pinprick, calças compressivas, elevação da cabeceira do
que é a percepção da diferença entre uma ponta leito (30 cm) e, quando necessário, uso de
romba e outra pontiaguda. Utilizados para diagnóstico fludrocortisona (Florinefe®) 0,1 a 0,4 mg/dia
da perda de sensibilidade protetora (PSP). por via oral.
Bioestesiômetro e neuroestesiômetro Disautonomia gastrintestinal:
Quantificam o limiar da sensibilidade vibratória (LSV)  Gastresofágica: metoclopramida, cisaprida e
mediante aplicação de uma haste de borracha dura na domperidona.
face dorsal do hálux, registrando-se em volts (V) a  Intestinal (diarreia/constipação intestinal):
leitura da percepção do estímulo vibratório (0 a 50 no antibiótico de amplo espectro e loperamida e
bioestesiômetro; 0 a 10 no neuroestesiômetro). A difenoxilato; aumento da ingestão de fibra
média de três leituras indica o LSV, cujo ponto de alimentar.
corte de risco de UPD é 25 V. Bioestesiômetro ou
estesiômetro que avaliam fibras grossas β também Disautonomia geniturinária:
podem ser usados, se disponíveis, como testes
 Bexiga neurogênica: treinamento para
adicionais associados ao monofilamento.
esvaziamento vesical programado (completo
Tratamento (anexo 2 e 3): com manobras de compressão abdominal e
autossondagem); antibioticoterapia nas
infecções urinárias e na sua prevenção, limitação de mobilidade articular (LMA) resulta em
cloridrato de betanecol em caso de volume alterações biomecânicas, com aumento da pressão
residual pós-miccional significativo (mais de plantar (metatarsos) e nas regiões dorsais (dedos).
100 ml).
A pressão plantar (PP) anormal é um fator importante
 Disfunção erétil: atualmente, a primeira
para UPDs somente se houver insensibilidade. A PP
escolha inclui os medicamentos do grupo dos
está relacionada com a LMA, sobretudo nas
inibidores da fosfodiesterase (sildenafila,
articulações de tornozelo, subtalar e
vardenafila e tadalafila). Utilizam-se também
metatarsofalangianas, por comprometimento do
drogas de uso intracavernoso ou intrauretral
colágeno tipo IV e por deposição de produtos finais de
(papaverina, fentolamina e prostaglandinas),
glicação avançada, causando hiperqueratose e
prótese peniana e dispositivos a vácuo.
calosidades, que são lesões pré-ulcerativas. A
Pé Diabético anidrose (pele seca), resultante da disautonomia
periférica, e os calos favorecem o aumento da carga,
Definição: infecção, ulceração e/ou destruição de
ocorrendo hemorragia subcutânea e ulceração pelo
tecidos moles associadas a alterações neurológicas e
trauma repetitivo.
vários graus de doença arterial periférica (DAP) nos
membros inferiores. Diagnóstico e rastreio clínico: História clínica e exame
dos pés. Ao exame físico, outras manifestações
Epidemiologia: O pé diabético representa 25% das
dermatológicas, como pele seca, rachaduras, unhas
internações. A Úlcera do Pé Diabético (UPDs)
hipotróficas ou encravadas, maceração interdigital e
incidência de 2-4%, prevalência de 4-10% anuais. A
micose, calosidades, ausência de pelos e alteração de
incidência cumulativas ao longo da vida é de 25%, e
coloração e temperatura (indicando isquemia),
essas lesões precedem 85% das amputações. Apenas
constituem condições pré-ulcerativas decorrentes de
2/3 das UPDs cicatrizarão e até 28% resultarão em
PND e DAP. Avaliação de sensibilidades dolorosa
algum tipo de amputação. A frequência e a gravidade
(palito ou agulha), tátil (algodão ou monofilamento de
também se devem a diferenças socioeconômicas,
Semmes-Weinstein), térmica (quente/ frio) e
tipos de calçados usados e falta de padronização dos
vibratória (diapasão de 128 Hz ou bioestesiômetro).
cuidados.

Fatores de Risco: duração do DM (> 10 anos) e o mau


controle glicêmico, fatores psicossociais
correlacionados com a depressão, que favorece
instabilidade postural e quedas, desmotivação e baixa
aderência ao autocuidado da UPD.

Fisiopatogênese e vias de ulceração (anexo 4): A UPD


resulta de dois ou mais fatores de risco em
consonância a NPD.

A insensibilidade resulta do agravo às fibras nervosas


finas (tipos C e delta [δ]) pela exposição prolongada à
hiperglicemia associada a fatores cardiovasculares. Há
comprometimento das fibras grossas (β e A-α), com
perda da propriocepção, do movimento articular e do
feedback da percepção de posição pelos receptores
nas pernas e nos pés; em estágios avançados, também Tratamento : Classificar a lesão (neuropática,
há fraqueza muscular e alterações estruturais dos pés neuroisquêmica ou isquêmica) conforme história e
pelo comprometimento motor, favorecendo quedas. exame clínico. O passo seguinte consiste em efetuar o
Clinicamente, observam-se deformidades diagnóstico clínico de infecção, com base na presença
neuropáticas: dedos em garra ou em martelo, de sinais ou sintomas de inflamação. Para descartar
proeminências de metatarsos e acentuação do arco. osteomielite, devem ser realizados, se a UPD for
profunda: prova óssea (positiva se houver toque do
Traumas (por calçados inapropriados, por caminhar
osso com a espátula de metal), marcadores
descalço, por objetos dentro dos sapatos etc.)
inflamatórios (velocidade de hemossedimentação
precipitam a UPD; a insensibilidade associada à
[VHS] > 70 mm; proteína C reativa [PCR] elevada),
radiografia de pé, ressonância magnética (RNM) ou
cintilografia com leucócitos marcados. Dois testes
positivos são fortemente preditivos. A cultura do
fragmento da lesão é feita após a limpeza cirúrgica,
sendo conduzida em até 24 horas, idealmente, não se
indicando o uso de swab. A prescrição de
antibioticoterapia (ATB) deve basear-se na
sensibilidade e na resistência da microbiota local,
verificando se o paciente foi encaminhado de
comunidade ou de instituições de assistência à saúde.
Para fins práticos, a recomendação é: 1 semana (Leve
| Grau 2) ou 2 semanas (Moderada | Grau 3 ou Grave
| Grau 4).
Anexos:

1. Manifestação clínica das principais NPD

2. Fluxograma Tratamento NPD:


3. Ação dos medicamentos para o tratamento da dor neuropática:

4. Fluxograma patogênese e vias da ulceração:

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