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GOIÂNIA, 2007
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ROBERTO TERUO KOBAYASHI
ORIENTADOR:
PROF. DR. LOURENÇO MATIAS
GOIÂNIA, 2007
Dedico esse trabalho a meus pais, Yoshiyuki e Tomoko.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Lourenço Matias, pois além de orientar esse trabalho, sempre pude contar com
seu conhecimento, apoio e paciência. Além de orientador, tenho-o como um grande amigo.
Aos meus pais, Yoshiyuki e Tomoko e as minhas irmãs, Alice, Elza e Erica. Os valores que
aprendi com minha família tento aplicar ao resto de minha vida. Vocês me trouxeram até aqui.
A Marta por ter entendido minhas ausências, apoiado meu trabalho e pela crença (maior
que a minha) de que eu conseguiria superar as dificuldades e concluir esse trabalho.
Aos Professores Enes Gonçalves Marra, José Wilson Lima Nerys, Bernardo Pinheiro de
Alvarenga e Antônio Melo de Oliveira pela confiança em meu trabalho, pelo apoio e as valiosas
contribuições.
Ao Magno pelas lições de programação, pelos “Debugs” só pela mentalização dos códigos
(...um dia chego lá) e pela amizade.
Por fim, a Deus, por ter proporcionado tudo pelo que tenho a agradecer.
Este trabalho apresenta uma ferramenta computacional que auxilia a realização de ensaios
de motores de indução trifásicos com rotor do tipo gaiola. O programa desenvolvido automatiza a
aquisição, o processamento e o armazenamento dos dados provenientes dos ensaios. O operador
será orientado por um guia virtual automatizado que além de trazer informações sobre os
procedimentos a serem realizados emite alertas e avisos relativos aos procedimentos e analisa os
dados coletados comparando-os com parâmetros pré-estabelecidos. Os parâmetros pré-
estabelecidos e as informações transmitidas pelo guia virtual são extraídas de uma metodologia
de ensaios desenvolvida com base na NBR 5383-1:2002 (Máquinas elétricas girantes. Parte 1:
Motores de indução trifásicos – Ensaios). O desenvolvimento de um programa para auxiliar o
operador na realização de ensaios segue uma tendência evolutiva dos equipamentos de
instrumentação, pois os dados oriundos das leituras são processados por rotinas conhecidas que
podem ser personalizadas conforme as necessidades.
This work presents a computational tool for aiding the testing process of squirrel-cage
three-phase induction motors. The implemented program automates the acquisition, processing
and storing of data resulted from the motor tests. The program operator is guided by an
automated virtual tool that guides him throughout the process, with information and warns about
the test procedures, and carrying out comparative analyses between the collected data and a set of
reference parameters. The reference parameters and information used by the virtual guide were
extracted from a test methodology based on the NBR 5383-1:2002 (Rotating Electric Machines.
Part 1: Three-phase induction motors – Test). The development of a program for aiding the
operator during the motor tests follows an evolutionary trend of instrumentation equipments,
which make use of known algorithms for processing data, making possible the development of
personalized tools for attending different purposes.
FIGURA 2.1 – ESQUEMA ELÉTRICO DE LIGAÇÃO PARA O MÉTODO DE BAIXA RESISTÊNCIA. ............... 8
FIGURA 2.2 – ESQUEMA ELÉTRICO DE LIGAÇÃO PARA O MÉTODO DE ALTA RESISTÊNCIA.................. 9
FIGURA 2.3 – VISTA POSTERIOR DO DINAMÔMETRO DE 30 KW....................................................... 15
FIGURA 2.4 – MESA DE COMANDOS. ............................................................................................... 16
FIGURA 2.5 – VISTA DA PARTE TRASEIRA DO ANALISADOR DE ENERGIA COM OS CANAIS DE TENSÃO
E CORRENTE E AS PORTAS DE ACESSO AOS TRANSDUTORES E COMUNICAÇÃO SERIAL,
DESTACADOS. ......................................................................................................................... 17
FIGURA 2.6 – DIAGRAMA GERAL DA INTERAÇÃO ENTRE EQUIPAMENTOS E USUÁRIO...................... 18
FIGURA 4.1 – TRECHO DE CÓDIGO, EXEMPLIFICANDO O ARRANJO ESTÉTICO DO CÓDIGO................ 39
FIGURA 4.2 – TRECHOS DO CÓDIGO EXEMPLIFICANDO O AGRUPAMENTO DE TRECHOS
CORRELACIONADOS E SEPARADOS POR ESTRUTURAS INERTES ................................................ 40
FIGURA 4.3 – TRECHO DO CÓDIGO EXEMPLIFICANDO SUA DOCUMENTAÇÃO. ................................. 40
FIGURA 4.4 – TELA DO MÓDULO DE CADASTRO DE MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS.................. 45
FIGURA 4.5 – FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DO MÓDULO DE COMUNICAÇÕES................................. 47
FIGURA 4.6 – EXEMPLO DE AJUSTE DA SINTAXE DOS DADOS ENVIADOS PELO ANALISADOR DE
ENERGIA. ................................................................................................................................ 50
FIGURA 4.7 – FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DO FUNCIONAMENTO GERAL DO MÓDULO DE ENSAIOS.
............................................................................................................................................... 55
FIGURA 4.8 – PRIMEIRA TELA DO MÓDULO DE ENSAIOS.................................................................. 58
FIGURA 4.9 – SEGUNDA TELA DO MÓDULO DE ENSAIOS.................................................................. 59
FIGURA 4.10 – TERCEIRA TELA DO MÓDULO DE ENSAIOS. .............................................................. 61
FIGURA 4.11 – QUARTA TELA DO MÓDULO DE ENSAIOS.................................................................. 62
FIGURA 4.12 – QUINTA TELA DO MÓDULO DE ENSAIOS................................................................... 64
FIGURA 4.13 – SEXTA TELA DO MÓDULO DE ENSAIOS..................................................................... 65
FIGURA 4.14 – SÉTIMA TELA DO MÓDULO DE ENSAIOS. .................................................................. 67
FIGURA 4.15 – OITAVA TELA DO MÓDULO DE ENSAIOS................................................................... 68
FIGURA 4.16 – FLUXOGRAMA DO ALGORITMO QUE GERA OS VETORES DE TENSÃO, CORRENTE E
POTÊNCIA INSTANTÂNEOS....................................................................................................... 70
FIGURA 4.17 – FLUXOGRAMA DO ALGORITMO QUE CALCULA OS VALORES DE TENSÃO DE FASE,
CORRENTE DE LINHA E POTÊNCIA ATIVA. ................................................................................ 71
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1 PROCESSOS PRODUTIVOS, METROLOGIA E NORMALIZAÇÃO .............................................. 1
1.2 NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS AO CAMPO DA METROLOGIA E NORMALIZAÇÃO .......... 2
1.3 MOTIVAÇÃO E JUSTIFICATIVAS ......................................................................................... 3
1.4 OBJETIVOS DO TRABALHO ................................................................................................ 4
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................................... 5
2 PRECAUÇÕES, PARÂMETROS E EQUIPAMENTOS.................................................. 6
2.1 PROCEDIMENTOS PREVENTIVOS........................................................................................ 6
2.2 MEDIDAS .......................................................................................................................... 7
2.2.1 Resistência do enrolamento (Seção 7 da NBR 5383-1:2002) ..................................... 8
2.2.2 Determinação da temperatura do enrolamento (Seção 13.2 da NBR 5383-1:2002) . 10
2.2.3 Características importantes dos instrumentos de medida (Seção 5 da NBR 5383-
1:2002)................................................................................................................................... 12
2.3 INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS DISPONÍVEIS ................................................................. 13
2.3.1 A fonte de alimentação .............................................................................................. 13
2.3.2 Dinamômetros, mesas elevatórias e bancos de resistência........................................ 15
2.3.3 A mesa de comando................................................................................................... 15
2.3.4 Analisador de energia ............................................................................................... 16
2.3.5 Interação entre operador e equipamentos disponíveis no LABMETRO ................... 17
2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 18
3 METODOLOGIA DE ENSAIOS ...................................................................................... 20
3.1 LEGISLAÇÃO, NORMAS E CRITÉRIOS PARA A DETERMINAÇÃO DOS ENSAIOS .................... 20
3.2 ETAPAS ........................................................................................................................... 22
3.2.1 Primeira etapa – Identificação ................................................................................... 22
3.2.2 Segunda etapa – Resistência média de linha, a frio (Seção 7 da NBR 5383-1:2002)23
3.2.3 Terceira etapa – Rotor bloqueado (Seção 10 da NBR 5383-1:2002)........................ 24
3.2.4 Quarta etapa – Elevação de temperatura (Seção 13 da NBR 5383-1:2002).............. 25
3.2.5 Quinta etapa – Carga variável (Seção 15.4.2 da NBR 5383-1:2002)........................ 27
3.2.6 Sexta etapa – Correção das perdas no dinamômetro (Seção 24.2 da NBR 5383-
1:2002)................................................................................................................................... 28
3.2.7 Sétima etapa – Motor a vazio (Seção 14.3 da NBR 5383-1:2002)............................ 28
3
3.2.8 Oitava etapa – Resultados (Seções 14.1, 15.4.2, 24.2 da NBR 5383-1:2002) .......... 31
3.2.8.1 Conjugado corrigido .......................................................................................... 32
3.2.8.2 Potência dissipada por efeito joule .................................................................... 32
3.2.8.3 Perda total aparente ........................................................................................... 33
3.2.8.4 Perda suplementar.............................................................................................. 34
3.2.8.5 Potência de saída corrigida ................................................................................ 34
3.2.8.6 Rendimento........................................................................................................ 35
3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 35
4 DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA...................................................................... 37
4.1 CARACTERÍSTICAS DO CÓDIGO FONTE ............................................................................ 38
4.1.1 Organização e documentação do código fonte .......................................................... 38
4.2 PARÂMETROS DO ANALISADOR DE ENERGIA ................................................................... 41
4.3 A ESTRUTURA DO PROGRAMA ......................................................................................... 43
4.3.1 Módulo de Cadastros ................................................................................................. 43
4.3.2 Módulo de Comunicações ......................................................................................... 45
4.3.3 Módulo Repositório................................................................................................... 48
4.3.3.1 Verificação de dados ......................................................................................... 49
4.3.3.2 Ajuste da sintaxe................................................................................................ 50
4.3.3.3 Cálculo do valor médio e eficaz ........................................................................ 50
4.3.3.4 Método dos mínimos quadrados........................................................................ 52
4.3.4 Módulo de Ensaios .................................................................................................... 53
4.3.4.1 Adequação dos dados amostrados ..................................................................... 56
4.3.4.2 Primeira tela – Identificação.............................................................................. 57
4.3.4.3 Segunda tela – Resistência média de linha, a frio ............................................. 59
4.3.4.4 Terceira tela – Rotor Bloqueado........................................................................ 60
4.3.4.5 Quarta tela – Elevação de temperatura .............................................................. 61
4.3.4.6 Quinta tela – Carga variável .............................................................................. 63
4.3.4.7 Sexta tela – Correção das perdas no dinamômetro............................................ 64
4.3.4.8 Sétima tela – Motor a vazio............................................................................... 65
4.3.4.9 Oitava tela – Resultados .................................................................................... 67
4.4 O BANCO DE DADOS........................................................................................................ 68
4.5 COMPARATIVOS.............................................................................................................. 69
4.5.1 Precisão dos cálculos ................................................................................................. 69
4.5.2 Velocidade ................................................................................................................. 74
4.6 DESENVOLVIMENTO ESPECIALIZADO .............................................................................. 76
4.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 76
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 78
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 80
APÊNDICE A .............................................................................................................................. 82
APÊNDICE B............................................................................................................................... 87
4
APÊNDICE C .............................................................................................................................. 91
APÊNDICE D .............................................................................................................................. 93
ANEXO A..................................................................................................................................... 95
1 INTRODUÇÃO
A condução dos processos produtivos em uma empresa privada é influenciada por diversos
fatores como novas tecnologias, estratégias administrativas, relação procura/demanda, ideologias,
qualidade, segurança, meio ambiente, entre outros. Entretanto, o cerne de qualquer empresa
consolidada no mercado gira em torno da obtenção de lucros, pois sem estes não há
empreendimento sustentável. Logo, quaisquer desses fatores, em uma situação adversa à
empresa, podem tornar-se secundários frente à necessidade da empresa manter-se rentável.
2
Os motores submetidos aos procedimentos de ensaio, descritos neste trabalho, devem estar
em perfeito estado de funcionamento, tendo em vista que, muitos dos procedimentos adotados
impõem esforços mecânicos ou térmicos ou ambos, além dos limites nominais do motor, mas,
sempre que possível, os valores nominais de alimentação e operação do motor, determinados
pelos fabricantes, devem ser respeitados.
Os procedimentos de ensaio devem obter dados do motor sob condições nominais, dentro
das especificações normativas de utilização, portanto os motores devem estar montados e
fechados, como se estivessem prontos para o funcionamento, exceto em casos onde o contrário
seja explicitamente descrito.
Os ensaios serão voltados a motores de indução trifásicos, com rotor do tipo gaiola.
Dispositivos de ajuste automático da tensão, que não fazem parte do motor devem ser
desativados.
Nas leituras coletadas para determinação do desempenho do motor a elevação de
temperatura deve permanecer dentro da faixa de 50% a 100% de sua temperatura nominal e a
7
• Deve-se ter garantias que o bloqueio mecânico do rotor terá resistência adequada para
evitar injúrias ao pessoal envolvido no ensaio e danos aos equipamentos e instalações de
ensaio;
• Em casos onde o bloqueio depende do sentido de rotação, este deve ser determinado antes
do ensaio;
• O motor deve estar aproximadamente a temperatura ambiente, antes da realização do
ensaio;
• As leituras de tensão, corrente e conjugado devem ser efetuadas logo após a tensão ser
aplicada aos terminais do motor, em um intervalo de tempo menor ou igual a cinco
segundos;
• A temperatura final dos enrolamentos do motor não deve exceder sua temperatura
nominal acrescida de 40º C.
2.2 Medidas
Quando não houver indicação contrária, grandezas elétricas como tensão e corrente serão
os valores eficazes de linha.
8
V
Rx = (2.1)
I − V / Rv
V − I . Ra (2.2)
Rx =
I
Sendo:
terminais quaisquer de alimentação do motor, mas depois de escolher o par de terminais todas as
leituras devem ser efetuadas no par eleito. Leituras com divergências superiores a 1% da média
devem ser descartadas.
fazem parte dos catálogos comerciais, demandando encomendas especiais para sua
aquisição, o que torna o método impraticável para a maioria dos motores.
• Variação da resistência: Consiste na determinação da temperatura através da comparação
entre duas medidas de resistência, a primeira a uma temperatura conhecida e a segunda a
uma temperatura a ser determinada. Este método pode ser aplicado a qualquer motor e
desde que sejam utilizados equipamentos de medida adequados, com escalas corretamente
ajustadas, uma boa precisão na determinação da temperatura pode ser alcançada.
t 2 = t1 +
(R2 + R1 ) (t − k) (2.3)
1
R1
Sendo:
Com o motor em equilíbrio térmico com o ambiente aplica-se uma tensão CC, com o
auxílio de uma fonte CC variável, em dois terminais quaisquer do motor e efetuam-se de três a
cinco leituras de corrente e tensão. Não se deve permitir que uma corrente CC superior a 15% do
seu valor nominal circule pela bobina. As leituras devem ser efetuadas, no máximo, em um
12
minuto e devem ser efetuadas nos terminais do motor. A temperatura ambiente deve ser colhida
próxima ao motor.
Este método pode ser aplicado a qualquer motor, desde que sejam utilizados equipamentos
de medida adequados para a tarefa e devidamente calibrados. Desde que os procedimentos sejam
seguidos e as escalas dos dispositivos de leitura sejam adequadamente ajustadas uma boa
precisão na determinação da temperatura pode ser alcançada.
A escolha correta dos instrumentos de medida para efetuar as leituras elétricas e mecânicas
descritas anteriormente, será decisiva na obtenção de dados com boa precisão. Por exemplo, a
precisão dos instrumentos de medidas é expressa por uma percentagem do fundo de escala, logo,
quanto mais próximo do fundo de escala estiver a leitura efetuada, maior a precisão. As seguintes
características devem ser observadas nos instrumentos de leituras:
Para a leitura de tensão os instrumentos devem ser ligados aos terminais do motor, caso não
seja possível deve-se avaliar o erro introduzido e realizar correções.
Os instrumentos devem obter a corrente de linha das três fases, pois no cálculo do
desempenho do motor a média aritmética dessas correntes será utilizada.
O dimensionamento do dinamômetro é realizado em função das seguintes características:
O sistema consiste em dois dinamômetros com máquinas CC, duas mesas elevatórias, uma
mesa de comando, bancos de resistores, uma fonte de alimentação CA, um analisador de energia
de três canais e um microcomputador.
Para garantir que as medidas não serão afetadas por uma fonte de alimentação deficiente,
esta deve atender aos seguintes requisitos (Seção 5 da NBR 5383-1:2002):
un 2
FHV = ∑ n
(2.4)
Sendo:
DM
D% = 100 (2.5)
VM
Sendo:
Cada dinamômetro é composto por uma máquina de corrente contínua mais um sistema de
medição do conjugado por célula de carga e um encoder de medição de velocidade. Uma
máquina tem potência de 100 kW e a outra 30 kW, ambas funcionam como geradores e a energia
é dissipada nos bancos de resistores. A parte posterior do dinamômetro de 30 kW pode ser vista
na Figura 2.3, com destaque para o encoder e a célula de carga.
Cada mesa elevatória possui um fuso de elevação motorizado, permitindo o alinhamento do
eixo do motor ao eixo do dinamômetro.
A energia gerada nas máquinas CC é dissipada em bancos de resistores de 100 kW e de 30
kW, cada qual ligado aos motores de potência correspondente. A potência exigida por cada banco
é variável e pode ser pré-ajustada em 25%, 50%, 75% e 100% de sua capacidade (WEG, Manual
de operação).
Grandezas elétricas serão medidas por meio de um analisador de energia, Figura 2.5, de três
fases, sendo três canais de tensão e três de corrente, há ainda uma porta especial, que dá acesso a
um transdutor. O apêndice D e o anexo A apresentam mais informações a respeito do analisador
de energia (Norma 4000).
O separador decimal utilizado pelo analisador de energia é o ponto, logo, todos os valores
coletados, gravados e exibidos não estão em conformidade com o que é convencionado no Brasil.
Ao transmitir dados para um microcomputador que tem seu sistema operacional configurado para
trabalhar com a convenção nacional, onde a vírgula é o separador decimal, uma adequação dos
dados se faz necessária.
17
Figura 2.5 – Vista da parte traseira do analisador de energia com os canais de tensão e corrente e as portas de
acesso aos transdutores e comunicação serial destacados.
Foram apresentadas medidas para prevenir danos aos equipamentos de ensaio, aos motores
ensaiados e injúrias ao pessoal envolvido nos ensaios. Também foram definidas as unidades que
serão utilizadas nas leituras das grandezas elétricas e os métodos de determinação da temperatura
do enrolamento do estator e de sua resistência. Por fim foram apresentadas as características
técnicas, dos equipamentos e instalações, relevantes à determinação das capacidades do
LABMETRO em relação às prescrições da norma.
O capítulo seguinte expõe a metodologia desenvolvida a com base nas prescrições da
NBR 5383, no entanto, respeitando as capacidades das instalações do LABMETRO.
3 METODOLOGIA DE ENSAIOS
Tabela 3.1 – Ensaios para verificação de desempenho de motores de indução (NBR 7094:2003, tabela 22)
Nem todos os ensaios prescritos pela norma podem ser efetuados nas instalações do
LABMETRO e alguns só podem ser realizados acessando o interior do motor, logo, foi
necessário efetuar uma seleção dos ensaios. Os critérios para a seleção envolvem as capacidades
das instalações e equipamentos e o tipo de dados que se deseja obter. Uma descrição detalhada
das instalações e equipamentos pode ser vista no item 2.3.
O ensaio de uma máquina de indução trifásica é realizado executando-se uma longa lista de
pequenas tarefas, com maior ou menor complexidade, entretanto, todas demandam tempo e
22
3.2 Etapas
Nesta etapa são coletados os dados que identificam o ensaio, o motor, o proprietário e o
técnico responsável. Informações que identifiquem o ensaio, suas condições de realização e o
código de identificação do motor também são requisitados. Uma listagem dessas informações é
apresentada a seguir:
3.2.2 Segunda etapa – Resistência média de linha, a frio (Seção 7 da NBR 5383-1:2002)
Nesta etapa são coletados os dados resultantes dos ensaios para determinação da resistência
média de linha do enrolamento do estator. Para a realização dessa etapa o motor deve estar em
equilíbrio térmico com o meio ambiente, este equilíbrio é de vital importância, pois a temperatura
ambiente será tomada como base, para a determinação da temperatura em outras etapas. Antes de
efetuar as medidas de tensão e corrente CC, é necessário escolher o método de determinação da
resistência.
Um teste adicional, não determinado pela norma, mas que não fere suas determinações é
realizado para verificar se é detectado um desequilíbrio entre as fases do motor. Este teste é
realizado nomeando os terminais de alimentação com as letras “a”, “b” e “c” e verificando se as
resistências Rab , Rbc , e Rca têm uma diferença superior a 1% em relação à média aritmética das
três. Caso contrário, utilizam-se os terminais que forneceram a resistência mais próxima da média
para efetuar as leituras que serão usadas para determinar a resistência média de linha. Uma
listagem dos procedimentos é apresentada a seguir:
• Tomada da temperatura ambiente nos arredores do motor: temperatura do ar, medido por
sensores instalados nas proximidades do motor;
24
• Resistência média de linha: através do método de tensão e corrente efetuar de três a cinco
leituras de resistência nos terminais indicados pelo teste de verificação do desequilíbrio
entre as fases.
Nesta etapa será realizado um ensaio com o rotor bloqueado, para tanto, procedimentos de
segurança devem ser tomados no intuito de evitar injúrias ao pessoal do laboratório e danos aos
equipamentos. Antes do ensaio deve-se garantir que o eixo do motor está devidamente travado,
caso o travamento se dê por braço mecânico acoplado ao eixo, deve-se determinar o sentido de
rotação do motor para estabelecer a melhor forma e posição de acoplagem do braço. Caso o
travamento seja feito diretamente pelo dinamômetro é preciso saber se o mecanismo de
travamento e seus sensores de força suportarão o conjugado desenvolvido pelo motor.
Existem dois limites de tempo a serem respeitados nesse ensaio: o tempo máximo de rotor
bloqueado e o tempo limite para efetuar as leituras.
O tempo máximo de rotor bloqueado é definido pelo fabricante e define quanto tempo o
motor pode ser acionado com seu rotor bloqueado, sob tensão e freqüência nominais, sem sofrer
danos. Enquanto o tempo limite para efetuar as leituras é estabelecido pela norma e não deve ser
superior a cinco segundos.
Existem motores que suportam dezenas de segundos sob as condições requisitadas por este
ensaio, mas, por outro lado, existem motores que suportam menos que os cinco segundos
25
estipulados pela norma. Portanto, o motor deverá operar sob as condições exigidas neste ensaio
respeitando o menor desses limites e as leituras deverão ser efetuadas antes do término do menor
limite.
As leituras de tensão, corrente e conjugado devem ser efetuadas tão rápido quanto possível
e, para obter valores representativos, a temperatura do motor não deve exceder o valor da
temperatura nominal, acrescido de 40ºC. Um resumo dos procedimentos é descrito a seguir:
Caso a leitura ocorra dentro do intervalo de tempo definido na Tabela 3.3 apenas esta
bastará e será aceita como a medida de resistência CC para a determinação da temperatura do
estator. Caso contrário dez leituras extras, efetuadas em intervalos de 60 s, devem ser realizadas
para a determinação de uma curva de decaimento da resistência CC e em seguida esta curva deve
ser extrapolada para o intervalo de tempo da Tabela 3.3.
Tabela 3.3 – Período de tempo dentro do qual a primeira leitura da resistência deve ser adotada como medida
para determinar a temperatura (Tabela 1, da seção 13, da NBR 5383-1:2002)
Pn ≤ 37,5 kW Pn ≤ 50 cv 0 – 15
37,5 < Pn ≤ 150 kW 50 < Pn ≤ 200 cv 0 – 45
150 < Pn ≤ 5000 kW 200 < Pn ≤ 6800 cv 0 – 60
5000 kW < Pn 6800 cv < Pn Mediante acordo
O ensaio de carga variável consiste em aplicar ao motor diferentes níveis de carga que
correspondem a um percentual da carga nominal do motor. As cargas correspondem a 25%, 50%,
75%, 100% e mais dois níveis acima de 100%, mas não maiores que 150% da potência nominal
do motor. O motor deve ser alimentado por tensão e freqüência nominais, a carga deve decrescer
em intensidade, do maior para o menor nível de carga. Para cada nível de carga deve-se coletar
tensão, corrente, velocidade, conjugado e potência de entrada. Após o primeiro e último pontos,
deve-se medir a resistência de linha.
A validade desse ensaio depende da diferença verificada entre a primeira e segunda medida
de resistência de linha. A máxima diferença permitida para motores até 20 cv é de 3,5%, para
motores com potência superior a 20 cv a máxima diferença permitida é de 3,0%.
Esta etapa deve ser realizada logo após a quarta etapa, caso não seja possível deve-se deixar
o motor ligado com tensão e carga nominais, até que o mesmo atinja o equilíbrio térmico. Uma
listagem dos procedimentos é apresentada a seguir:
• Leitura das grandezas elétricas e mecânicas, para cada ponto de carga: em cada um dos
seis pontos de carga, leituras de tensão, corrente, velocidade e conjugado são efetuados;
• Leitura da resistência do enrolamento do estator: após o primeiro e o último pontos de
carga, deve-se efetuar uma leitura de resistência do enrolamento;
• Verificar a validade do ensaio: de posse dos dois valores de resistência, medidas nessa
etapa, verifica-se o valor da diferença percentual entre ambas, caso a diferença respeite os
limites supracitados o ensaio é considerado válido;
• Determinar a temperatura final: com os mesmos valores de resistências utilizados para
validar o ensaio, calcula-se a temperatura final do enrolamento, através do método de
variação da resistência.
28
3.2.6 Sexta etapa – Correção das perdas no dinamômetro (Seção 24.2 da NBR 5383-
1:2002)
Devido à perda por ventilação e atrito nos mancais do dinamômetro uma correção precisa
ser efetuada, nesta etapa alguns dos parâmetros necessários ao cálculo da correção serão
coletados. O último parâmetro necessário é a perda no núcleo, que é determinada na etapa
seguinte.
Esta etapa pode ser divida em duas partes:
Nesta etapa o motor, alimentado por tensão e freqüência nominais, é acionado em vazio,
objetivando a determinação das perdas por atrito e ventilação e a perda no núcleo. Caso o
dinamômetro ainda esteja acoplado ao motor sob ensaio, deve-se desacoplá-lo, deixando o eixo
do motor totalmente livre. Antes de dar início à coleta de dados é necessário garantir que a
potência de entrada atinja a estabilização. Considera-se estável a potência de entrada, quando a
diferença percentual entre duas medidas consecutivas, efetuadas em um intervalo de 30 minutos,
não ultrapassar os 3%.
Em alguns motores com mancais lubrificados a graxa, a estabilização da potência de
entrada a vazio pode levar horas para ser atingida. Isso se deve a graxa que fica no caminho dos
rolamentos, que faz variar o atrito e, conseqüentemente, a potência de entrada.
Diversas leituras de tensão e corrente são efetuadas, o motor deve ser, inicialmente,
alimentado com uma tensão igual a 125% da nominal e em seguida a tensão deve sofrer
sucessivos decréscimos. Após cada decréscimo, com os sinais estáveis, leituras de tensão e
29
corrente devem ser gravadas e essa operação deve continuar até o momento em que um
decréscimo de tensão ocasione uma inversão da variação da corrente e esta aumente, ao invés de
diminuir.
Para a determinação das perdas por atrito e ventilação faz-se uso de um artifício para
extrapolar o valor de algumas grandezas além dos limites dos dados gravados. Os coeficientes de
uma expressão para uma reta são determinados pelo método dos mínimos quadrados, a partir dos
pares ordenados de W (n ) , que é definido pela Equação 3.1, e T 2 (n ) , que corresponde ao
quadrado da tensão para a amostra “n”.
W (n ) = PE (n ) − I 2 (n )RMed (3.1)
Sendo:
W (n ) - Diferença entre a potência de entrada e a perda por Efeito Joule, na amostra n (W)
PE (n ) - Potência de entrada, para a amostra n (W)
I (n ) - Corrente, para a amostra n (A)
( )
basta substituí-los na Equação 3.2 e extrapolar o valor de W T 2 para uma tensão igual a zero,
( )
esse valor de W T 2 corresponderá às perdas por atrito e ventilação.
( )
W T 2 = a0 + a1 .T 2 (3.2)
Sendo:
PN = PV − PAV (3.3)
Sendo:
PN - Perda no núcleo;
PV - Perda a vazio;
De posse dos parâmetros obtidos na sexta etapa e da perda no núcleo é possível calcular a
correção devido à perda por ventilação e atrito nos mancais do dinamômetro, através das
Equações 3.4, 3.5 e 3.6.
CCD = K 2
(WA − WB ) − C (3.4)
1
n
W A = (P1 − W1 − Wh )(
. 1 − S1 ) (3.5)
WB = (P0 − W0 − Wh ) (3.6)
Sendo:
3.2.8 Oitava etapa – Resultados (Seções 14.1, 15.4.2, 24.2 da NBR 5383-1:2002)
Nesta etapa todos os procedimentos de coleta de dados foram concluídos e com os dados
obtidos são calculados os valores de perdas, perdas corrigidas, potência de saída, potência de
saída corrigida e rendimento para todos os pontos de carga do ensaio de carga variável.
32
CCOR . V (3.8)
PS =
K2
Sendo:
n
PEJC = ∑ I i2 .Ri (3.9)
i =1
Sendo:
33
PEJC - potência total dissipada por efeito joule (W), cálculo clássico
Ii - i-ésima corrente na bobina (A)
Ri - i-ésima resistência da bobina (Ω)
Este método consumiria muito tempo e em alguns casos exigiria a abertura do motor para a
medição da resistência das bobinas, qualquer um dos casos é indesejável por aumentar o tempo
de ensaio, sua complexidade e impossibilitar a determinação da potência dissipada nos casos
onde o motor não possa ser desmontado. Para transpor esse problema a norma sugere a
determinação da potência total dissipada no motor por aquecimento devido a efeito joule através
da Equação 3.10, cuja demonstração é apresentada no Apêndice C.
Sendo:
PTA = PE − PS (3.11)
Sendo:
Sendo:
A perda suplementar corrigida é obtida através do método de regressão linear aplicado aos
seis pontos de carga obtidos no ensaio de carga variável.
PSUPCOR = AT 2 (3.13)
Sendo:
Sendo:
3.2.8.6 Rendimento
PSCOR
Ren = (3.15)
PE
Sendo:
Ren - Rendimento
funcionamento dos mesmos. Para o último caso uma metodologia alicerçada em normas
nacionais é obrigatória, pois assim é determinado por lei (Art. 39 do Código de defesa do
consumidor).
A metodologia foi dividida em etapas e cada etapa tem seus procedimentos e as tolerâncias
dos dados obtidos descritos.
O capítulo seguinte expõe o desenvolvimento do programa para aquisição, processamento e
armazenamento de dados com o auxílio de um guia virtual automatizado.
37
4 DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA
Para assegurar a precisão dos cálculos efetuados são utilizadas variáveis da categoria
Extended, este tipo de variável pode representar números Reais positivos ou negativos, dentro da
faixa de 3,6 E-4951 a 1,1 E4932, com até 20 caracteres significativos.
Os dados recebidos do analisador de energia são temporariamente guardados em variáveis
do tipo String, este tipo de variável armazena uma seqüência de caracteres e seu tamanho pode
variar de 4 Bytes até 2 GBytes. O Delphi® 6.0 mantém compatibilidade com o padrão ANSI
(American National Standards Institute) e UNICODE.
Vetores dinâmicos guardam, temporariamente, valores de entrada que serão utilizados em
diversos cálculos ou procedimentos e seus resultados. Tais vetores são muito utilizados, pois seria
pouco prático criar uma variável para cada valor de entrada ou resultado obtido, um vetor
dinâmico pode ter seu tamanho modificado conforme a necessidade do programa, armazenando
um grande número de dados.
A compreensão futura do código fonte por outros programadores, que desejem efetuar
alterações, sejam elas correções, adequações ou expansões, dependem de sua organização e
documentação.
A organização do código fonte consistiu em seu arranjo lógico e estético, procurando
proporcionar uma leitura agradável e objetiva do código. Um exemplo da estética do código pode
ser visto na Figura 4.1.
39
A estética consiste no alinhamento das linhas de comandos no interior dos blocos de código
e das estruturas de código que delimitam os blocos. A preocupação com a estética do código
fonte não reside meramente em embelezamento, mas na melhora de sua visualização, tal melhora
se faz imprescindível, pois diferente do pequeno trecho apresentado na Figura 4.1 o código fonte
de um programa pode atingir um grande número de linhas e algumas partes desse programa
atingem a ordem de milhares de linhas.
A organização visa o agrupamento de códigos correlacionados, em um mesmo conjunto de
procedimentos e separados por estruturas inertes, que delimitam o início e o fim de cada
conjunto, um exemplo pode ser visto na Figura 4.2, onde se pode visualizar o início e o fim do
conjunto “PASSO 01”, delimitado pelas estruturas inertes. Quando necessário podem existir
subdivisões no interior dos conjuntos, como aquela na Figura 4.2, delimitada pela estrutura inerte
que tem os dizeres “Campo código do ensaio”. Tal organização facilitará a compreensão dos
conjuntos de procedimentos por estarem próximos e a localização por estarem separados pela
sinalização das estruturas inertes. Quaisquer caracteres precedidos por duas barras inclinadas para
direita, tornam-se inertes para o código.
40
Figura 4.2 – Trechos do código exemplificando o agrupamento de trechos correlacionados e separados por
estruturas inertes
Freqüência de Velocidade de
Período de gravação Caracteres significativos
amostragem transmissão dos dados
83,5 ms1 7,93 kHz 115200 Bauds Até oito
Portanto, sempre que o operador requisitar dados amostrados, conjuntos de pontos como
descritos na Tabela 4.2 serão transmitidas do analisador de energia para o computador, de acordo
com os parâmetros apresentados na Tabela 4.1. Dados amostrados somente são requisitados por
intervenção do operador, quando este inferir que as grandezas monitoradas atingiram um estado
de equilíbrio.
1
Aproximadamente cinco períodos de onda senoidal de 60 Hz.
43
O programa foi construído em módulos, cada módulo se caracteriza por uma função
principal, buscando realizar suas tarefas de modo independente e interagindo com os outros
módulos através de troca de dados. Dessa maneira, quando necessário, novos módulos podem ser
desenvolvidos e utilizados com poucas alterações no código fonte. Os módulos desenvolvidos
são:
• Módulo de Cadastros: Possibilita a entrada dos dados de placa e outras informações sobre
os motores a serem ensaiados no banco de dados;
• Módulo de Comunicações: Gerencia a recepção e acondicionamento dos dados que foram
capturados pelo analisador de energia e estão armazenados em sua memória interna;
• Módulo de Funções: Efetua operações matemáticas comuns a vários procedimentos do
programa e operações de verificação de erros de sintaxe para dados de entrada manual;
• Módulo de Ensaios: Auxilia o operador durante os procedimentos de ensaio, após a
conclusão de cada etapa do ensaio os dados são guardados no banco de dados.
Este módulo permite cadastrar no banco de dados, informações sobre os motores a serem
ensaiados, essas informações podem ser classificadas como de fornecimento obrigatório ou
opcional.
Dentre as informações de fornecimento obrigatório está o código IMFaC (Indentificação do
Motor por Fabricante e Características), um código único, que identificará os motores por
fabricante e modelo. Esse código se faz necessário, pois cada fabricante pode adotar um tipo de
identificação diferente e em certos casos causar repetições de códigos para motores diferentes.
Sem o IMFaC é impossível efetuar os procedimentos do módulo de ensaios.
44
consome algum tempo para executá-los e, finalmente, transmitir os dados. No entanto, este
retardo é desprezível.
No segundo caso os dados são requisitados e integralmente gravados na memória do
analisador de energia e depois de um curto intervalo de tempo tem início a transmissão de dados.
Assim como no primeiro caso, algum tempo é consumido para que o analisador de energia
execute os comandos recebidos e por esse motivo há um intervalo de tempo entre a requisição
dos dados e o início da transmissão, esse intervalo é um pouco maior, pois são requisitados cinco
períodos de onda de 60 Hz. O tempo de transmissão, por outro lado, aumenta significativamente,
pois agora o analisador transmitirá uma quantidade de dados muito superior, veja Tabela 4.2
(página 42).
Um fluxograma simplificado do algoritmo do módulo de comunicação pode ser visualizado
na Figura 4.5, este fluxograma não tem como propósito refletir com exatidão a estrutura do
código fonte, responsável pela comunicação entre o analisador de energia e o microcomputador,
mas de facilitar a compreensão do funcionamento do módulo de comunicações.
47
• O primeiro é utilizado para reter provisoriamente os dados utilizados para verificação das
grandezas elétricas e mecânicas que são os valores calculados pelo analisador de energia,
estes valores são transmitidos ao Módulo de Ensaios, são exibidos para o usuário e em
seguida descartados;
48
• O segundo é utilizado para reter provisoriamente os dados, que por decisão do operador
foram requisitados, e serão utilizados nos procedimentos e salvos no banco de dados.
Este módulo é um repositório de procedimentos que são utilizados por um ou mais módulos
ou que são freqüentemente utilizados, evitando a repetição de trechos de códigos, permitindo sua
reutilização através de chamadas a esse módulo. Aqui, um procedimento deve ser entendido
como um algoritmo genérico, que pode atender as necessidades de um ou mais procedimentos do
programa e que tem uma entrada e uma saída de dados definida.
A utilização desse repositório traz vantagens como permitir a adição de procedimentos
alternativos para a execução de uma mesma tarefa e modificação de vários procedimentos que
utilizam um algoritmo armazenado no Módulo Repositório.
A vantagem de poder adicionar procedimentos alternativos reside na liberdade de escolher
soluções diferentes da solução padrão, permitindo uma melhora da resposta desejada. A
modificação de vários procedimentos através da modificação de apenas um algoritmo é possível
por existirem vários procedimentos que acessam um único algoritmo, alterando esse algoritmo
alteram-se todos os procedimentos que o acessam, logo, correções, melhorias e muitas outras
modificações só precisam ser realizadas uma única vez.
Na Tabela 4.3 é possível visualizar os procedimentos desenvolvidos, acompanhados de
uma breve descrição.
49
Essa função verifica todos os dados inseridos manualmente, evitando que valores
numéricos digitados incorretamente afetem o funcionamento do programa. Tal verificação
procura por erros de sintaxe e emite um alerta quando um erro é encontrado. Alguns exemplos de
erros que esta função pode detectar são listados na Tabela 4.4.
50
Tabela 4.4 – Exemplos de erros de digitação, suas descrições e seu formato correto
No Brasil e em outros países convencionou-se que o símbolo que indica a separação entre a
parte inteira e a parte decimal de um número real é a vírgula, no entanto, nem todos os países
seguem essa convenção, sendo normal encontrar aparelhos de medição que usam o ponto como o
símbolo de separação. O analisador de energia utilizado nesse trabalho usa o ponto como símbolo
separador entre inteiros e reais e ainda utiliza a vírgula como separador entre as amostras.
Por esse motivo uma função que ajusta os dados enviados pelo analisador de energia foi
desenvolvida. Essa função substitui os pontos por vírgulas e as vírgulas por espaços em branco,
de forma que os dados possam ser reconhecidos corretamente pelo programa. Um exemplo é
apresentado na Figura 4.6.
Figura 4.6 – Exemplo de ajuste da sintaxe dos dados enviados pelo analisador de energia.
O valor médio é obtido através do produto da integral da função desejada, num período
conhecido, pelo inverso deste período, como na Equação 4.1. No entanto os dados representados
por esta função são conjuntos de pontos de grandezas elétricas e mecânicas transmitidas pelo
51
analisador de energia ao programa. O intervalo de tempo entre cada amostra é conhecido, assim
como o período de tempo.
Portanto, um método numérico é empregado para determinar o valor da integral e devido
à natureza dos dados e a simplicidade do método, elegeu-se o método dos trapézios para
determinar o valor da integral. A Equação 4.2 é o resultado da aplicação do método dos trapézios
na Equação 4.1.
f (t )dt
1
P∫
VM = (4.1)
Sendo:
1 n
[F ( x ) + F ( x − 1)]∆t
VM = ∑
∆t (n − 1) x = 2 2
(4.2)
Sendo:
Algumas operações necessitam do valor eficaz de certas grandezas, que podem ser obtidos
através da Equação 4.3 e com o mesmo raciocínio empregado anteriormente é possível obter a
expressão que fornece o valor eficaz de um determinado conjunto de pontos. O mesmo método
numérico, empregado anteriormente, é utilizado e o resultado pode ser visto na Equação 4.4.
f (t ) dt
1
VE = ∫ (4.3)
2
P
52
Sendo:
VE =
1 x=n
∑
[ ]
F ( x ) + F ( x − 1) ∆t
2 2
(4.4)
∆t.( n − 1) x = 2 2
Sendo:
F (x ) - Valores das amostras da grandeza, das quais, se deseja obter o valor eficaz
∆t - Intervalo de tempo entre cada amostragem
∆t (n − 1) - Período correspondente ao número de pontos do conjunto
A partir do quinto até o último item da Tabela 4.3 (página 49), são apresentados
procedimentos que compõe o método de mínimos quadrados utilizado para determinar os
coeficientes de algumas funções, utilizando pares ordenados oriundos de dados amostrados.
Para se determinar os coeficientes de uma reta, o método de mínimos quadrados consiste,
basicamente, na resolução do seguinte sistema (DALMOLIN, 2002):
a0 N + a1SX = SY
(4.5)
a0 SX + a1SX 2 = SXY
N SX a0 SY
= (4.6)
SX
SX 2 a1 SXY
Para isolar os coeficientes, basta multiplicar os dois lados da Equação 4.6 pela inversa da
matriz 4x4 do membro esquerdo dessa equação, obtendo-se a Equação 4.7 e após uma
simplificação a Equação 4.8.
SX2 SX
a0
=
SY
(N SX2 - SX 2
)
- SXY
(
N SX2 - SX 2 )
(4.7)
a SX N
1 - SY + SXY
(
N SX2 - SX 2
) (
N SX 2 − SX 2 )
(SX 2 SY − SX SXY )
(
a0 N SX2 - SX 2 )
a = (− SX SY + N SXY ) (4.8)
1
(
N SX2 - SX 2 )
Cada um desses somatórios corresponde a um procedimento armazenado no módulo
repositório, assim como os procedimentos que determinam os coeficientes.
Seguindo a metodologia adotada, o programa foi também dividido em etapas, onde cada
etapa corresponde a uma tela do programa, uma nova tela só pode ser apresentada quando todos
os procedimentos da etapa anterior foram completados. É possível acessar as telas anteriores, mas
não é permitido alterar os valores salvos.
Durante a realização de alguns ensaios o operador deve verificar se determinadas
grandezas, monitoradas durante o ensaio, encontram-se sob regime permanente, esta verificação é
efetuada observando-se a variação dos valores eficazes ou médios destas grandezas.
Quando se trata de tensão, corrente e potência de entrada deve-se observar os valores
eficazes, quando se trata de conjugado e velocidade deve-se observar os seus valores médios.
Estes valores são calculados pelo analisador de energia e entregue ao programa.
A Figura 4.7 apresenta um fluxograma simplificado do funcionamento deste módulo que é
responsável pela orientação dos ensaios, aquisição, processamento e gravação dos dados obtidos.
Este fluxograma não tem como propósito refletir com exatidão a estrutura do código fonte do
módulo de ensaios, mas de facilitar a compreensão do funcionamento do módulo de ensaios.
55
Sendo:
Sendo:
Depois que todos os cálculos foram efetuados, calcula-se o valor médio de cada um dos
vetores de potência instantânea, o somatório desses valores médios resulta na potência de entrada.
tarefas cumpridas. A sinalização é feita pela mudança da cor do círculo que fica a esquerda de
cada tarefa a ser cumprida, quando a tarefa é cumprida a cor muda de branco para verde.
Quando todas as tarefas forem cumpridas o botão “Aceitar resultados” deve ser acionado,
esta ação verificará se todas as tarefas foram cumpridas. Em caso positivo, as informações
colhidas serão salvas no banco de dados, os controles que permitem o acesso às informações
fornecidas serão bloqueados e o botão “Próxima etapa” será habilitado. A não conclusão de um
ou mais itens produzirá uma aviso, informando que todas as tarefas devem ser completadas antes
de continuar os ensaios.
A determinação da resistência média de linha pelo método descrito no item 3.2.2, demanda
a entrada manual da temperatura ambiente, da resistência interna do voltímetro ou do
amperímetro e das leituras de tensão e corrente CC segundo o método descrito no item 2.2.1.
No teste das resistências das bobinas as leituras de tensão e corrente CC são processadas e
os resultados são apresentados para o operador na forma numérica e em mensagens que indicam
se o teste foi bem sucedido ou não. Em caso positivo, o programa indica qual é o melhor par de
terminais para continuar com os testes. Caso contrário, o programa indica que há um
desequilíbrio entre as resistências determinadas e os valores obtidos.
Para a determinação da resistência média de linha o programa verifica se o número mínimo
de leituras foi efetuado e se as resistências determinadas atendem as exigências da norma. A
segunda tela pode ser vista na Figura 4.9.
ser inseridos nos campos correspondentes logo em seguida, antes que a contagem parcial de
tempo atinja 60 s. O botão “Gravar”, determina a resistência equivalente às leituras previamente
inseridas, grava, temporariamente, os resultados e os exibe na tabela.
Se apenas uma leitura de tensão e corrente CC foi efetuada, então a temperatura final será
determinada com base nessa leitura. Caso contrário, os pares ordenados formados pelas
resistências e instantes de tempo correspondentes serão utilizados para determinar a resistência
para um instante dentro do limite estabelecido pela Tabela 3.3, por extrapolação, através de uma
função definida pelo método de mínimos quadrados. A quarta tela pode ser vista na Figura 4.11.
Nesta etapa será necessário receber os dados amostrados das grandezas de tensão, corrente,
velocidade e conjugado quando o dinamômetro estiver acoplado ao motor e receber apenas as
grandezas de tensão e corrente quando o dinamômetro estiver desacoplado.
Antes de iniciar um ensaio é necessário marcar uma das opções do painel “Ensaio”, essa
escolha foi oferecida para o caso de ser necessário repetir algum dos ensaios ou efetuá-los em
diferentes ordens. Logo após o término do recebimento dos dados amostrados, de qualquer das
opções, um aviso será exibido, comunicando quais dados foram recebidos, há um aviso para cada
um dos ensaios.
Para determinar a correção por perdas no dinamômetro é necessário um último dado, a
perda no núcleo, que será obtida na etapa seguinte, o ensaio a vazio. Por este motivo, nesta etapa,
65
só haverá coleta de dados, deixando a determinação da correção para a etapa seguinte. A sexta
tela pode ser vista na Figura 4.13.
No ensaio a vazio é necessário receber apenas os dados amostrados das grandezas elétricas,
visto que nessa etapa o dinamômetro estará desacoplado, portanto os sensores que monitoram
conjugado e velocidade estarão fora de operação.
Antes de dar início às requisições de dados amostrados é necessário atender a condição de
estabilização da potência de entrada. Assim que um primeiro valor de potência de entrada é
definido como referência, um cronômetro é acionado e depois de 30 minutos uma segunda
medida de potência de entrada é comparada com a referência.
66
Se o limite definido pela norma for atendido outros comandos do programa são liberados e
o ensaio pode continuar, caso contrário, a primeira leitura de potência será ignorada e a segunda
leitura se tornará referência para a terceira leitura, a qual será efetuada 30 minutos depois. Esse
ciclo se repetirá até que a norma seja atendida ou o operador intervenha. No caso de intervenção
do operador, todos os valores de potência de entrada serão gravados, junto com um aviso de que
o ensaio prosseguiu com uma inconformidade.
Nesta etapa serão efetuadas diversas requisições de dados amostrados, uma para cada nível
de tensão. Como a quantidade de níveis dependerá do tamanho da variação de tensão que o
operador impor o número de requisições só será conhecido ao final do ensaio.
Cada vez que os dados voláteis são requisitados um algoritmo verifica se a variação de
corrente se reverteu, deixando de seguir as diminuições do nível de tensão. Essa verificação é
feita comparando-se o último valor de corrente eficaz, calculada a partir dos dados amostrados,
com a corrente oriunda dos dados voláteis. Se houver uma diferença positiva, em relação à
corrente eficaz calculada, e maior que 1%, considera-se que a corrente passou a aumentar ao
invés de diminuir.
É indispensável que uma das requisições de dados amostrados seja efetuada com um nível
de tensão o mais próximo possível do valor nominal de tensão, pois o programa necessitará dos
dados amostrados dessa requisição, relacionados à operação do motor a vazio e alimentado por
tensão nominal. As leituras são numeradas e deve-se dar especial atenção a numeração dessa
requisição, pois ela será necessária para finalizar os procedimentos dessa etapa.
Depois que os campos de tensão e corrente CC estiverem devidamente preenchidos e todas
as leituras requisitadas forem efetuadas é possível concluir a etapa e obter o valor da resistência
média, as perdas por atrito e ventilação, perda no núcleo e a correção para perdas no
dinamômetro. A sétima tela pode ser vista na Figura 4.14.
67
Nesta última etapa, todos os dados necessários já foram coletados e os cálculos finais, como
descrito no item 3.2.8, serão efetuados e gravados no banco de dados. Os resultados serão
exibidos em um painel e é possível imprimir um relatório padronizado, com os resultados dos
ensaios. A oitava tela pode ser vista na Figura 4.15.
68
O banco de dados foi configurado para salvar apenas dois tipos de dados: texto e imagens.
Como dito anteriormente, todos os dados amostrados enviados pelo analisador de energia são do
tipo texto e quando chegam ao programa são convertidos em números, uma cópia desses dados é
gravada sem ser convertida para números.
Ao se empregar uma linguagem de programação como o Object Pascal, uma das maiores
preocupações são as variáveis manipuladas, pois cada um dos procedimentos que demandam
manipulações matemáticas necessita de variáveis. Durante o desenvolvimento desse programa
optou-se pela utilização do tipo Extended para as variáveis que armazenam números Reais, mas
programas desenvolvidos em outras plataformas podem apresentar dificuldades para lidar com
esse tipo de variável e não suportar o formato.
69
Por outro lado, o banco de dados pode ser acessado por muitos outros programas, basta que
tenham suporte a comandos SQL. Para evitar conflitos desnecessários, a armazenagem dos dados
será realizada integralmente em modo texto e sempre que necessário os dados armazenados serão
convertidos em números.
A capacidade de armazenar imagens poderá ser utilizada para guardar fotos que registrem
detalhes relevantes a algum procedimento de ensaio, ou para ilustrar o registro de um motor no
cadastro de motores, facilitando a sua identificação.
4.5 Comparativos
Figura 4.16 – Fluxograma do algoritmo que gera os vetores de tensão, corrente e potência instantâneos.
O algoritmo que efetua os cálculos pode ser mais facilmente compreendido visualizando-se
o fluxograma da Figura 4.17.
71
Figura 4.17 – Fluxograma do algoritmo que calcula os valores de tensão de fase, corrente de linha e potência
ativa.
Tabela 4.5 – Resultados obtidos através dos algoritmos que calculam os valores eficazes da tensão e da
corrente médias e da potência ativa total
Tabela 4.6 – Resultados obtidos através dos algoritmos que calculam os valores eficazes da tensão e da
corrente e da potência ativa, por fase
Vb 219,953479399916729 -0,0211457273105778708
Vc 219,963707199510032 -0,0164967274954399481
Va 220,0827901974984 0,03763190795384
Matlab®
Vb 219,9534793999169 -0,02114572731051
Vc 219,9637071995101 -0,01649672749542
Corrente eficaz (referência: 20 A) Erro relativo percentual
Ia 20,0075262387770327 0,0376311938851635504
Delphi®
Ib 19,9957708953059408 -0,0211455234702960168
Ic 19,9967007231038528 -0,0164963844807361308
Ia 20,00752623877704 0,03763119388520
Matlab®
Ib 19,99577089530594 -0,02114552347029
Ic 19,99670072310386 -0,01649638448072
Potência Ativa (referência: 4400 W) Erro relativo percentual
Pa 4403,31219953101362 0,0752772620684912998
Delphi®
Pb 4398,13938186081695 -0,0422867758905239563
Pc 4398,54842270801816 -0,0329903929995873520
Pa 4403,312199531012 0,07527726206846
Matlab®
Pb 4398,139381860817 -0,04228677589053
Pc 4398,548422708020 -0,03299039299955
Outro teste, com apenas uma operação matemática, pode ser realizado para garantir o que
foi dito a respeito da precisão dos cálculos efetuados com números do tipo Extended. Este teste
consiste na diferença entre dois números:
C = A− B (4.15)
Sendo:
A - 1,000000000000005
B - 1,000000000000004
74
Observando-se os resultados exibidos na Tabela 4.6 e na Tabela 4.7 torna-se explícito que
programas desenvolvidos no Delphi® podem efetuar cálculos tão precisos quanto o Matlab®,
permitindo, em casos particulares, uma precisão ainda maior.
Tabela 4.7 – Resultados da diferença entre dois números reais e seus respectivos erros relativos percentuais
4.5.2 Velocidade
O tempo que um programa consome para concluir uma tarefa requisitada é um ponto
importante quando uma resposta rápida é imprescindível para o operador tomar uma decisão ou
quando outros processos dependem da finalização de um processo anterior. Diversos
procedimentos, do programa desenvolvido nesse trabalho, se enquadram em uma ou em ambas
situações.
Um programa compilado, comparado a um programa interpretado, oferece maior
velocidade na execução de suas tarefas, pois seus algoritmos já foram traduzidos de uma
linguagem de programação de alto nível para uma linguagem de baixo nível (linguagem de
máquina). Um programa interpretado necessita que cada linha de seu código fonte seja traduzida
para então ser executada.
75
Somente com o intuito de estabelecer um parâmetro confiável, outro procedimento teste foi
desenvolvido no Delphi® e em seguida portado para o Matlab®, ambos os algoritmos são
apresentados no APÊNDICE B, este procedimento é quase idêntico ao procedimento utilizado no
item 4.5.1, as diferenças são listadas a seguir:
O laço que força a repetição do procedimento de cálculo se faz necessário, pois o tempo
consumido para apenas uma execução é inferior à menor unidade de tempo detectável pelo
contador de tempo. Logo, o tempo de execução do cálculo é determinado pelo quociente do
tempo consumido para executar o laço n vezes, pelo número de repetições.
O rearranjo do código para o Matlab® foi necessário para que o contador não contabilizasse
o tempo consumido com a execução de linhas de código que não fizessem parte do procedimento
de cálculo e a adição dos contadores de tempo, em ambos os códigos, dispensam explicação.
Tabela 4.8 – Resultados dos testes de velocidade com suas respectivas configurações
O segundo item da Tabela 4.8 (o SFactor) é um parâmetro utilizado para controlar a taxa de
amostragem utilizada pelo analisador de energia, é definido no código do programa e não pode
ser modificado pelo operador. Seu valor padrão é 43, resultando numa taxa de amostragem de
7,93 kHz. A relação entre a taxa de amostragem e o valor desse parâmetro é linear e definida pelo
quociente da taxa de amostragem base, pelo SFactor.
76
Cada aspecto do código fonte teve seu desenvolvimento orientado pela metodologia de
ensaio de motores de indução trifásicos descrito no Capítulo 3, focando, no entanto, o
aperfeiçoamento no uso do tempo, a redução de erros de origem humana, a elaboração de uma
interface gráfica amigável e de linhas de código reutilizáveis.
O programa foi desenvolvido com uma finalidade específica, que só foi possível graças à
flexibilidade proporcionada pelo Delphi®.
necessidades surjam. Essa preocupação também diz respeito ao interesse em tornar as operações
transparentes.
Como demonstrado no item 4.5 os códigos fonte compilados apresentam boa precisão e alta
velocidade que ajudam a compensar códigos que tenham sido pouco amadurecidos e como o
código fonte nos pertence, pode ser melhorado com o tempo. Uma base de dados com trechos de
códigos fonte re-aproveitáveis pode ser criada e expandida com o tempo.
O capítulo seguinte traz a conclusão deste trabalho.
5 CONCLUSÃO
Dai, W.; Xu, L.; Zhang, J. Computer aided type test system for electric machine. Power
Electronics and Motion Control Conference, 2000. Proceedings. IPEMC 2000. The Third
International Volume 3 Page(s):1474 - 1477 vol.3, 15-18 Aug. 2000.
LEM. Operating Manual – Power Analyzer NORMA 3000 / 4000/ 5000, Revisão E.
Impresso na Áustria.
LEM. Remote Control Manual Wide-Band Power Analyzer NORMA 3000 / 4000/ 5000,
versão 2.00. Fevereiro de 2006.
MORAIS, V; VIEIRA, C. Matlab 7&6 – Curso completo. Lisboa: ed. FCA, 2006.
// Preechendo os vetores
t_amostrado:=0;
for i:=0 to (nAmostra-1) do
begin
//Vetores de tensão
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VtVaAmostra[i]:=(round(Ampl*sin(w*t_amostrado)*10e4))/10e4;
VtVbAmostra[i]:=(round(Ampl*sin(w*t_amostrado+2*pi/3)*10e4))/10e4;
VtVcAmostra[i]:=(round(Ampl*sin(w*t_amostrado+4*pi/3)*10e4))/10e4;
//Vetores de corrente
VtIaAmostra[i]:=(round(Ampl1*sin(w*t_amostrado)*10e4))/10e4;
VtIbAmostra[i]:=(round(Ampl1*sin(w*t_amostrado+2*pi/3)*10e4))/10e4;
VtIcAmostra[i]:=(round(Ampl1*sin(w*t_amostrado+4*pi/3)*10e4))/10e4;
//Vetores de potência
VtPaAmostra[i]:=(round(VtVaAmostra[i]*VtIaAmostra[i]*10e4))/10e4;
VtPbAmostra[i]:=(round(VtVbAmostra[i]*VtIbAmostra[i]*10e4))/10e4;
VtPcAmostra[i]:=(round(VtVcAmostra[i]*VtIcAmostra[i]*10e4))/10e4;
VtTempoAmostra[i]:=t_amostrado;
t_amostrado:=t_amostrado+DeltaT_Amostrado; // A cada passagem, "t" é incrementado
end; //de "delta_t"
BtnGeraGraficos.Enabled:=true;
BtnOutro.Enabled:=true;
end;
//==============================================================================
//==============================================================================
//==============================================================================
//==============================================================================
//--- Procedimentos testar a precisão dos cálculos
procedure TForm1.BtnOutroClick(Sender: TObject);
var
Soma, Soma1, Soma2, A, A1, A2, ErroMedio, ErroParcial: extended;
i, j: integer;
begin
// Determinação dos somatórios
for j:=0 to 2 do
begin
Soma:=0;
Soma1:=0;
Soma2:=0;
for i:=0 to (nAmostra-1) do
begin
case j of
// Fase A
0: begin
A:=Sqr(VtVaAmostra[i]);
A1:=Sqr(VtIaAmostra[i]);
A2:=VtPaAmostra[i];
Soma:=Soma+A;
Soma1:=Soma1+A1;
Soma2:=Soma2+A2;
end;
// Fase B
1: begin
A:=Sqr(VtVbAmostra[i]);
A1:=Sqr(VtIbAmostra[i]);
A2:=VtPbAmostra[i];
Soma:=Soma+A;
Soma1:=Soma1+A1;
Soma2:=Soma2+A2;
end;
// Fase C
2: begin
A:=Sqr(VtVcAmostra[i]);
A1:=Sqr(VtIcAmostra[i]);
A2:=VtPcAmostra[i];
Soma:=Soma+A;
Soma1:=Soma1+A1;
Soma2:=Soma2+A2;
end;
end//end do "case" do "j"
end;//end do "begin" do "i"
84
MmResultados02.Lines.Add('');
VtPEficaz[3]:=(VtPEficaz[0]+VtPEficaz[1]+VtPEficaz[2]);
ErroMedio:=(VtPEficaz[3]-(3*Peficaz))*100/(3*Peficaz);
MmResultados02.Lines.Add(' Ptotal = '+FloatToStrF(VtPEficaz[3],ffExponent,18,2));
MmResultados02.Lines.Add(' Erro da média = '+FloatToStr(ErroMedio)+'%');
MmResultados02.Lines.Add('');
MmResultados02.Lines.Add('Número de pontos: '+IntToStr(nAmostra));
MmResultados02.Lines.Add('Tensão de referência(fase): '+FloatToStrF(Veficaz,ffExponent,18,2));
MmResultados02.Lines.Add('Corrente de referência(linha):
'+FloatToStrF(Ieficaz,ffExponent,18,2));
MmResultados02.Lines.Add('Potência de referência(total):
'+FloatToStrF((3*Peficaz),ffExponent,18,2));
MmResultados02.Lines.Add('Período: '+FloatToStr(Periodo));
MmResultados02.Lines.Add('Sfactor: '+IntToStr(Sfactor));
MmResultados02.Lines.Add('Intervalo de amostragem:
'+FloatToStrF(DeltaT_Amostrado,ffExponent,18,2));
end;
//==============================================================================
//==============================================================================
%--- Adaptaçao do algoritmo que gera os conjuntos de pontos de tensao, corrente e potencia e
efetua os calculos
% Fase B
A1=(VtVb(ia))^2;
AI1=(VtIb(ia))^2;
AP1=VtPb(ia);
Soma1=Soma1+A1;
SomaI1=SomaI1+AI1;
SomaP1=SomaP1+AP1;
% Fase C
A2=(VtVc(ia))^2;
AI2=(VtIc(ia))^2;
AP2=VtPc(ia);
Soma2=Soma2+A2;
SomaI2=SomaI2+AI2;
SomaP2=SomaP2+AP2;
end;
// Fase A
0: begin
A:=Sqr(VtVaAmostra[i]);
A1:=Sqr(VtIaAmostra[i]);
A2:=VtPaAmostra[i];
Soma:=Soma+A;
Soma1:=Soma1+A1;
Soma2:=Soma2+A2;
end;
// Fase B
1: begin
A:=Sqr(VtVbAmostra[i]);
A1:=Sqr(VtIbAmostra[i]);
A2:=VtPbAmostra[i];
Soma:=Soma+A;
Soma1:=Soma1+A1;
Soma2:=Soma2+A2;
end;
// Fase C
2: begin
A:=Sqr(VtVcAmostra[i]);
A1:=Sqr(VtIcAmostra[i]);
A2:=VtPcAmostra[i];
Soma:=Soma+A;
Soma1:=Soma1+A1;
Soma2:=Soma2+A2;
end;
88
%--- Adaptaçao do algoritmo que gera os conjuntos de pontos de tensao, corrente e potencia e
efetua os calculos
VtIa(ia)=(round(Ampl1*sin(w*(t))*10e4))/10e4;
VtIb(ia)=(round(Ampl1*sin(w*(t)+2*3.14159265358979/3)*10e4))/10e4;
VtIc(ia)=(round(Ampl1*sin(w*(t)+4*3.14159265358979/3)*10e4))/10e4;
% Vetores de potencia
VtPa(ia)=(round(VtVa(ia)*VtIa(ia)*10e4))/10e4;
VtPb(ia)=(round(VtVb(ia)*VtIb(ia)*10e4))/10e4;
VtPc(ia)=(round(VtVc(ia)*VtIc(ia)*10e4))/10e4;
% A cada passagem, "t" é incrementado de "Intervalo"
t=t+(DeltaT);
end;
tic;
%--- Determinaçao das tensoes e correntes efizes e das potencias ativas
% Fase B
A1=(VtVb(ia))^2;
AI1=(VtIb(ia))^2;
AP1=VtPb(ia);
Soma1=Soma1+A1;
SomaI1=SomaI1+AI1;
SomaP1=SomaP1+AP1;
% Fase C
A2=(VtVc(ia))^2;
AI2=(VtIc(ia))^2;
AP2=VtPc(ia);
Soma2=Soma2+A2;
SomaI2=SomaI2+AI2;
SomaP2=SomaP2+AP2;
end;
tempo=toc
DeltaT
n
APÊNDICE C
Figura C.1 – Diagrama da conexão em estrela das bobinas de um motor de indução trifásico.
No entanto, para simplificar os cálculos substitui-se cada uma das correntes Ia, Ib e Ic, pela
média aritmética das três e cada uma das resistências pela metade do valor da resistência de linha
medida. Efetuando-se as substituições na Equação C.1 e efetuando-se as simplificações, tem-se:
92
R R R
PEJC = I 2 . + I 2 . + I 2 . = 1,5.I 2 .R (C.2)
2 2 2
Para um motor ligado em triângulo, como visto no diagrama da Figura C.2, o cálculo da
potência total dissipada no motor por aquecimento devido a efeito joule também pode ser
calculada pela da Equação 3.10.
Figura C.2 – Diagrama da conexão em triângulo das bobinas de um motor de indução trifásico
2 2 2
I 3.R I 3.R I 3.R
PEJC = . + . + . = 1,5.I 2 .R (C.3)
3 2 3 2 3 2
APÊNDICE D
Devido a essa característica, as leituras instantâneas de tensão são de fase, logo, para
determinar as tensões de linha, cálculos são necessários. Na Figura D.2 é possível visualizar
como ficam as conexões entre o analisador de energia, o adaptador para neutro virtual e as pontas
de prova. Os canais de tensão suportam no máximo 1000 V e os de corrente 10 A, logo,
transformadores de corrente serão aplicados, com relações 3000/1000/500/300/150/50/25/15 A
com saída no secundário igual a cinco ampères.