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• Erro de sintaxe 2
• Impropriedade lexical
A
Lê o texto a seguir transcrito. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Ato III
Cena XI
O Prior de Benfica, o Arcebispo, Manuel de Sousa, Madalena, etc., Maria, que entra
precipitadamente pela igreja em estado de completa alienação; traz umas roupas brancas, de-
salinhadas e caídas, os cabelos soltos, o rosto macerado, mas inflamado com as rosetas héticas 1;
os olhos desvairados; para um momento, reconhece os pais e vai direita a eles. Espanto geral; a
5 cerimónia interrompe-se.
Maria — Meu pai, meu pai, minha mãe, levantai-vos, vinde! (Toma-os pelas mãos; eles
obedecem maquinalmente, vêm ao meio da cena: confusão geral).
Madalena — Maria! minha filha!
Manuel — Filha, filha… Oh, minha filha… (Abraçam-se ambos nela).
Maria (separando-se com eles da outra gente e trazendo-os para a boca de cena) — Esperai:
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aqui não morre ninguém sem mim. Que quereis fazer? Que cerimónias são estas? Que Deus é
esse que está nesse altar, e quer roubar o pai e a mãe a sua filha? (Para os circunstantes). Vós
quem sois, espetros fatais?… quereis-mos tirar dos meus braços?… Esta é a minha mãe, este é
o meu pai… que me importa a mim com o outro? que morresse ou não, que esteja com os
15 mortos ou com os vivos, que se fique na cova ou que ressuscite agora para me matar?… Mate-
-me, mate-me, se quer, mas deixe-me este pai, esta mãe, que são meus. Não há mais do que
vir ao meio de uma família e dizer: “Vós não sois marido e mulher… e esta filha do vosso
amor, esta filha criada ao colo de tantas meiguices, de tanta ternura, esta filha é…” Mãe, mãe,
eu bem o sabia… nunca to disse, mas sabia-o; tinha-mo dito aquele anjo terrível que me apa-
recia todas as noites para me não deixar dormir… aquele anjo que descia com uma espada de
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chamas na mão, e a atravessava entre mim e ti, que me arrancava dos teus braços quando eu
adormecia neles… que me fazia chorar quando meu pai ia beijar-me no teu colo. Mãe, mãe,
tu não hás de morrer sem mim… Pai, dá cá um pano da tua mortalha… dá cá, eu quero mor-
rer antes que ele venha: (encolhendo-se no hábito do pai). Quero-me esconder aqui, antes
que venha esse homem do outro mundo dizer-me na minha cara e na tua — aqui diante de
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toda esta gente: “Essa filha é filha do crime e do pecado!…” Não sou; dize, meu pai, não sou…
dize a essa gente toda, dize que não sou… (Vai para Madalena). Pobre mãe! tu não podes…
coitada!… não tens ânimo… Nunca mentiste?… Pois mente agora para salvar a honra de tua
filha, para que lhe não tirem o nome de seu pai.
30 Madalena — Misericórdia, meu Deus!
Maria — Não queres? Tu também não, pai? Não querem. E eu hei de morrer assim… e ele
vem aí…
GARRETT, Almeida (2015). Frei Luís de Sousa. Porto: Porto Editora [pp. 135-137]
1. Identifica três traços do perfil psicológico de Maria, tendo em conta o seu discurso e os
seus atos.
(20 pontos)
“Vós quem sois, espetros fatais?… quereis-mos tirar dos meus braços?… Esta é a minha
mãe, este é o meu pai… que me importa a mim com o outro?" (ll. 12-13)
3. Explicita o simbolismo do local que serve de cenário à ação representada. (20 pontos)
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
4. Mostra de que forma é concretizada a dimensão trágica em Frei Luís de Sousa. (20 pontos)
G R U P O II (150 PONTOS)
1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., seleciona a opção correta.
Escreve, na folha de respostas, o número de cada item e a letra que identifica a opção
escolhida.
1.1. Este texto adota o género textual (5 pontos)
a. apreciação crítica.
b. artigo de opinião.
c. exposição sobre um tema.
d. síntese.
1.2. No primeiro parágrafo são colocados em confronto dois pontos de vista: (5 pontos)
a. a leitura em livros impressos e a leitura em livros digitais.
b. o progresso tecnológico e as tradições ancestrais.
c. o conhecimento das línguas clássicas e a realidade atual.
d. os valores greco-latinos e os valores da sociedade contemporânea.
a. complemento oblíquo.
b. predicativo do complemento direto.
c. modificador restritivo do nome.
d. complemento do adjetivo.
2.1. Identifica os antecedentes dos pronomes indicados, tendo em conta o contexto em que surgem:
a. “quem” (l. 19);
b. “si” (l. 21);
c. “o que” (l. 30).
Faz uma apreciação crítica da pintura de John Everett Millais, descrevendo-a sucintamente e
acompanhando a descrição de um comentário crítico.
A tua apreciação crítica deverá conter um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2015/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras –, há que atender ao seguinte:
• um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
• um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.
Critérios específicos
Item Cotação Cenário de resposta
de classificação
• Indicar três das seguintes características: • Aspetos de conteúdo –
· alienação / desvario; 12 pontos.
1. 20 pontos · revolta contra os responsáveis pela situação atual; • Aspetos de estruturação
· sofrimento / desespero; do discurso e correção
· negação da realidade. linguística:
• Discurso emotivo e disfórico, marcado pela: · estruturação do
· interpelação insistente do destinatário; discurso – 4 pontos;
· apóstrofe construída com base na metáfora (“espetros · correção linguística –
fatais”); 4 pontos.
2. 20 pontos
· interrogação retórica;
· suspensão frásica (reticências);
· repetição do deítico “este” (paralelismo anafórico);
· expressividade do pronome indefinido “outro”.
• Capela do palácio de D. João de Portugal.
• Local onde serão professados votos religiosos (morte
para o mundo de D. Madalena de Vilhena e D. Manuel de
3. 20 pontos
Sousa Coutinho).
• Elemento decorativo: cruz (símbolo dos votos religiosos;
elemento conotador de morte e esperança).
• Dimensão trágica:
· presença de elementos da tragédia clássica (paixão de
D. Madalena por D. Manuel e incêndio do palácio por D.
Manuel (hybris/desafio); conflito das personagens (ágon);
chegada do Romeiro e reconhecimento da sua
4. 20 pontos identidade (anagnórise), morte de Maria e entrada de D.
Manuel e D. Madalena no convento (catástrofe);
· ocorrência de indícios trágicos: coincidências temporais
(sexta-feira), sebastianismo de Telmo e de Maria,
presságios e agouros de Madalena, perda do retrato de D.
Manuel…
• A chegada do Romeiro:
· põe em causa a legitimidade do casamento de D. Manuel
e de D. Madalena, levando a que Maria seja considerada
5. 20 pontos
filha ilegítima;
· determina o desfecho trágico da ação (morte de Maria;
entrada de D. Manuel e de D. Madalena no convento).
1.1. 5 pontos b.
1.2. 5 pontos c.
1.3. 5 pontos c.
1.4. 5 pontos c.
1.5. 5 pontos a.
1.6. 5 pontos a.
1.7. 5 pontos d.
a. “o psicólogo alemão Kurt Lewin” (l. 19).
b. “A democratização” (l. 20).
2.1. 15 pontos c. “Os jovens portugueses que quiserem ler Horácio ou Séneca terão, muito em breve,
de ir para o Brasil” (ll. 29-30).