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MÉTODOS DE ANÁLISE ESTRUTURAL DE TABULEIROS

DE PONTES EM VIGAS MÚLTIPLAS DE CONCRETO


PROTENDIDO

Eduardo Valeriano Alves1


Sérgio Marques Ferreira de Almeida1
Flávia Moll de Souza Judice1

Resumo: Este trabalho visa apresentar os métodos tradicionalmente empregados para


análise estrutural de tabuleiros de vigas múltiplas de concreto protendido. Apresenta-se
também uma síntese dos fundamentos teóricos do método dos elementos finitos, necessário
à automatização da análise. Após a descrição dos métodos é feita uma avaliação das
limitações dos mesmos indicando-se o conjunto de recursos necessários para que se
alcançe um alto grau de automatização da análise do tipo de obras aqui tratadas.
Palavras-chave: Pontes; Análise Estrutural.

Abstract: This work presents the main processes traditionally used to analyze deck
bridges made with prestressed beams. It is also presented a synthesis of the theorical
fundaments of the finite element method, which is necessary for computational analysis.
After the description of the processes, an evaluation of its limits is done, indicating a group
of means needed to reach a high grade automation of the analysis in constructions treated
in this work.
Key words: bridges, structural analysis.

1
Universidade Federal Fluminense

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1. INTRODUÇÃO motivou o desenvolvimento de diversos
processos simplificados de cálculo
A utilização de tabuleiros de manual.
vigas múltiplas de concreto protendido Em 1893, Zschetzsche, com base
em pontes, elevados e viadutos é no método das forças, desenvolveu um
extremamente difundida no Brasil em trabalho, no qual não obteve êxitos
função das vantagens econômicas e maiores em aplicações práticas, face às
construtivas desta solução. A análise dificuldades e complexidades numéricas
estrutural deste tipo de obra é efetuada de cálculo [2].
usualmente em duas etapas. Na primeira Em 1912, Arnstein voltou a
delas, desenvolve-se a análise da abordar o problema, também utilizando-
superestrutura separando-a dos demais se do método das forças, não tendo
elementos integrantes do conjunto entretanto alcançado muito sucesso pelas
estrutural: meso e infraestrutura. mesmas razões anteriores. No mesmo
Na etapa de análise da ano, Kögler efetuou o estudo de uma
superestrutura faz-se, em geral, nova ponte, obtendo algumas conclusões
simplificação. Assimila-se o modelo importantes e Lossier, baseando-se na
estrutural da grelha formada por teoria de vigas contínuas sobre apoios
longarinas e transversinas a um modelo elásticos, apresentou também um
menos rigoroso, representado por vigas trabalho [3].
biapoiadas. Para que esta assimilação Em 1914, Huber aplicou pela
seja feita, aplicam-se métodos primeira vez a teoria de placas
tradicionais, por meio dos quais são ortotrópicas para a resolução do
determinadas as parcelas de problema. Nesta mesma época, Saliger,
carregamento correspondentes à cada Frank e Knorr trabalharam no campo da
uma das longarinas. Este trabalho tem pesquisa experimental e obtiveram
como finalidade apresentar os resultados relevantes que contribuiram
fundamentos teóricos destes métodos e para o melhor conhecimento do assunto
concluir apontando suas principais [4].
limitações para efeito de automatização Em 1922, Thullie analisou o
da análise. problema das grelhas, tomando para as
transversinas uma rigidez infinita [5].
2. MÉTODOS PARA ANÁLISE Em 1925, Petermann, adotando
SIMPLIFICADA como incógnita os momentos nos nós
das grelhas, deparou-se também com
Na obtenção de solicitações e dificuldades numéricas [6].
reações de apoio em tabuleiros de vigas Em 1926, Faltus simulou, pela
múltiplas, são utilizados primeira vez, o efeito de todas as
tradicionalmente quatro métodos transversinas do tabuleiro,
aproximados de cálculo. As descrições representando-as por uma transversina
sucintas destes métodos são apresentadas fictícia única. Alcançou assim bons
nos itens seguintes, após uma sinopse resultados para a distribuição de cargas
dos estudos iniciais que os precederam. no meio do vão [7].
Em 1927, Bleich e Melan,
2.1. SÍNTESE DA EVOLUÇÃO DOS desprezando a rigidez torsional dos
MÉTODOS APROXIMADOS [1] elementos da grelha, chegaram a um
sistema de equações diferenciais parciais
Em função da sua elevada e apresentaram a solução destas [8].
hiperestaticidade, a análise do Em 1928, Gennter incluiu as
comportamento estrutural de grelhas rijezas torsionais ao estudo anterior, mas,
constituiu-se no passado em uma tarefa em virtude das dificuldades numéricas
complexa para os projetistas. Isto apreciáveis, não alcançou resultados
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positivos na resolução das equações em 1965, o método veio a ser ampliado
diferenciais parciais [9]. por Barés [13].
Em 1930, Ostenfeld, utilizando o Em 1951, no Brasil, Ferraz
método dos deslocamentos e apresentou um trabalho no qual fez-se
considerando cada nó como apoio uso de funções ortogonais para solução
indeslocável, chegou também à um das equações diferenciais do problema
sistema de equações. No mesmo ano, de uma placa ortotrópica equivalente a
Krall, baseando-se na teoria de vigas uma grelha [14].
sobre apoios elásticos, apresentou um Em 1956, Homberg e
trabalho sobre a repartição transversal de Weinmeister abordaram a questão sem
cargas [10]. considerar efeitos de torção.
Em 1938, Leonhardt apresentou Posteriormente, em 1962, Homberg e
um importante trabalho sobre grelhas Trenks apresentaram um trabalho no
apoiadas em dois bordos. Neste trabalho, qual os efeitos de torção foram
foram estudados os coeficientes de incluídos.[15].
distribuição transversal, desprezando-se
a torção do conjunto e considerando a 2.2. MÉTODOS SEM
laje apenas como uma parcela CONSIDERAÇÃO DA TORÇÃO
colaborante na inércia das vigas. Em NAS VIGAS
1940, o mesmo autor estendeu o método
às grelhas engastadas e contínuas, 2.2.1. Método de Engesser-
concluindo então o conhecido "Método Courbon [16]
de Leonhardt". Posteriormente, em 1950,
o método foi mais uma vez aperfeiçoado Além das hipóteses básicas
por Leonhardt, com auxílio de Andrä relativas à Teoria das Estruturas
[11]. (comportamento linear elástico,
Em 1940, Courbon desenvolveu pequenos deslocamentos, seções planas,
o método dos coeficientes de Princípio de Saint-Venant), foram
distribuição transversal para grelhas consideradas ainda as abaixo descritas:
constituídas por transversinas com
rigidez infinita. Este método também é a) As longarinas são paralelas, ligadas
atribuído a Engesser, sendo assim entre si perpendicurlamente por
conhecido como "Método de Engesser- transversinas e possuem inércia
Courbon" [12]. constante.
Em 1946, Guyon deu b) As transversinas estão
continuidade ao estudo de Huber para simplesmente apoiadas nas
grelhas compostas por elementos sem longarinas e admite-se que estas
rigidez torsional. Com a hipótese de um possuem rigidez infinita à flexão,
elevado número de longarinas e desprezando-se suas deformações
transversinas, a grelha foi assimilada a em relação às deformações das
um sistema contínuo (placa ortotrópica). longarinas.
Em 1950, Massonet prosseguiu com os c) Desprezam-se os efeitos de torção.
estudos de Guyon, incluindo a rigidez à
torção das vigas. Com esse aporte, Assim, com base nestas
concluiu o "Método dos Coeficientes de hipóteses, as transversinas comportam-se
Distribuição Transversal de Guyon- como barras rígidas, permanecendo com
Massonet". Em 1955, o método foi seus eixos retilíneos após a deformação
aperfeiçoado por Rowe, que introduziu a do conjunto.
consideração da influência do Admitindo-se proporcionalidade
coeficiente de Poisson. Posteriormente, entre o produto "flecha (y)× rigidez (J)"

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e as reações das longarinas (R), tem-se, carregamento das linhas de influência
para as cargas aplicadas nas das longarinas na direção longitudinal.
transversinas: O método também permite o
estudo de casos mais genéricos, onde as
Ri α J i ⋅ yi = J i ⋅ (a + b ⋅ xi ) (2.1) longarinas são desiguais (em inércia) e
desigualmente espaçadas. Nestes casos,
A solução do problema consiste toma-se como origem do eixo x o
em se determinar os valores de Ri , a centroíde das seções das longarinas,
afetadas de massas proporcionais às
partir do equilíbrio do conjunto. Assim,
inércias correspondentes.
uma vez equacionados os valores de "a"
Os resultados obtidos por este
e "b", obtém-se:
método serão mais satisfatórios, na
medida em que o parâmetro λ for
P ⎡ 2 ⋅ i − (n + 1) e ⎤
Ri = ⋅ ⎢1 + 6 ⋅ ⎥ (2.2) menor, sendo:
n ⎣ n2 − 1 ε⎦
l L n ρ
λ= ⋅4 ⋅ ⋅ L (2.4)
que é a expressão geral para uma reação 2 L l t ρT
Ri relativa ao apoio constituído por uma
longarina genérica i , sendo (i = 1,..., n ) onde:
e considerando-se as longarinas idênticas L é o comprimento do tabuleiro;
e igualmente espaçadas entre si. l é a largura do tabuleiro;
n é onúmero de longarinas;
Nas Eq. (2.1) e (2.2), tem-se: t é o número de transversinas;
ρ L é a rigidez média das
P é a carga atuante na longarinas (EJ);
transversina; ρT é a rigidez média das
n é o número total de longarinas; transversinas ( EJ ).
i é a longarina genérica;
Para casos de carga (Ph )
e é a abscissa do ponto de
aplicação da carga P;
ε é o espaçamento entre as aplicada nas longarinas (h), substitui-se a
longarinas. carga (Ph ) por um sistema equivalente,
constituído por diversas cargas
Assim, a totalidade da carga P é (Ph1 , Ph2 ,etc...) aplicadas nos pontos de
absorvida pelas longarinas (como se não cruzamento da longarina carregada (h),
houvesse transversinas no tabuleiro) com as transversinas que constituem a
segundo um coeficiente de repartição grelha. A partir desta substituição
transversal rie , dado por: procede-se da forma descrita no caso de
cargas aplicadas nas transversinas.
1 ⎡ 2 ⋅ i − (n + 1) e ⎤
rie = ⋅ ⎢1 + 6⋅ ⋅ ⎥ (2.3) 2.2.2. Método de Leonhardt [17]
n ⎣ n2 − 1 ε⎦
Uma vez conhecidos os Neste método, além das hipóteses
coeficientes rie , torna-se possível obter básicas da Teoria das Estruturas, foram
as solicitações e reações de apoio nas ainda admitidas as seguintes:
longarinas através do carregamento das
linhas de influência de reação rie (na a) Todas as transversinas do tabuleiro
transversal) e, posteriormente, do são representadas por uma única

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transversina fictícia, apoiada no meio Tomando-se ζ como parâmetro
dos vãos das diversas longarinas; de entrada, pode-se obter os coeficientes
b) Esta transversina fictícia é de repartição transversal tabelados para
considerada como simplesmente diversos casos [17], inclusive aqueles
apoiada nas longarinas; com longarinas externas com rigidez
c) Desprezam-se os efeitos de torção. diferente das internas. Podem ainda ser
analisados casos especiais com
Sob ação de uma carga Pk diferentes tipos de vinculação nas
unitária, o conjunto se deforma, longarinas.
originando reações
r1k ,r2 k ,..., rik ,..., rnk , denominadas 2.3. MÉTODOS QUE
"coeficientes de repartição transversal", CONSIDERAM A RIGIDEZ À
onde rik é a reação correspondente à TORÇÃO DAS VIGAS
longarina "i" quando a carga unitária
atua na transversina "k". 2.3.1. Método de Guyon-Massonet
Uma vez obtidos os coeficientes [16, 17]
rik , a determinação dos esforços
Este método baseia-se na
seccionais e reações de apoio nas teoria geral das lajes ortotrópicas, na
longarinas pode ser feita de forma qual se admitem as seguintes hipóteses
idêntica à do método de Engesser- básicas:
Courbon. A deformabilidade do conjunto
e, portanto, os valores dos coeficientes a) A espessura da placa é constante e
rik , dependem nos casos normais das pequena em relação às demais
seguintes grandezas: dimensões;
b) As deformações são puramente
a) Da relação entre inércias da elásticas, obedecem a lei de Hooke
transversina (J ) e longarinas (J ) , e os deslocamentos são pequenos
expressa pelo parâmetro η , onde: em relação à espessura da laje;
c) Pontos alinhados segundo uma
J normal à superfície média da laje
η= (2.5) indeformada encontram-se também
J
linearmente dispostos em uma
b) Da relação entre o afastamento normal à superfície média na
recíproco das longarinas (ε ) e o vão configuração deformada;
(L ) , expressa pelo parâmetro λ , onde: d) Pontos situados na superfície
média da laje deslocam-se somente
ε normalmente à mesma;
λ= (2.6) e) Em relação ao material, admite-se
L
que as propriedades elásticas sejam
Assim, os coeficientes de constantes, podendo ser diferentes
repartição transversal serão função do nas duas direções ortogonais.
grau de rigidez da estrutura, expresso
O estudo do problema foi
pelo parâmetro ζ , onde:
desenvolvido, a partir destas hipóteses
de comportamento da placa ortotrópica,
3
η J ⎛ L ⎞ baseando-se ainda nas premissas abaixo
ζ = = ⋅⎜ ⎟ (2.7)
(2 ⋅ λ )3 J ⎝ 2 ⋅ ε ⎠ enunciadas:
a) O tabuleiro como um todo,
composto por laje, longarinas e

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transversinas é substituído por uma gráficos, nos quais podem ser
placa ortotrópica equivalente. Tal encontrados os valores dos índices de
associação se faz admitindo-se que repartição transversal χϕ , que
os espaçamentos entre longarinas e
dependem fundamentalmente dos
transversinas são suficientemente
seguintes parâmetros:
pequenos para que se possa
assimilar o tabuleiro a um sistema
i) Do coeficiente de travejamento θ,
estrutural contínuo (placa);
onde:
b) A distribuição de qualquer
carregamento no sistema
b ρx
equivalente é aproximada por meio θ= ⋅4 (2.13)
da expressão: L ρy
π⋅ x
p( x ) = p⋅ sen (2.8) sendo:
L
b é a semi-largura da placa
Esta expressão define um equivalente;
carregamento senoidal aplicado em L é o comprimento da placa
uma faixa genérica, situada na direção equivalente;
paralela ao eixo longitudinal do ρ x e ρ y são os parâmetros já
tabuleiro. definidos nas Eq. (2.10) e (2.11),
Considerando-se o exposto, o respectivamente.
funcionamento estático do tabuleiro
passa a ser então representado pela ii) Do parâmetro de torção ϕ definido
equação diferencial dada pela Eq. (2.9): na Eq. (2.12);

∂ 4w ∂ 4w ∂ 4w
ρx + 2ϕ ρx ρy + ρy = p(x, y) iii) Da posição da carga, definida por
∂ x4 ∂ x2∂ y2 ∂ y4 sua excentricidade (fração da semi-
(2.9) largura);

sendo: iv) Da posição da viga que se quer


obter o índice χ ϕ (fração da semi-
Rigidez à flexão das longarinas largura).
EJ
ρx = (2.10)
lx Uma vez obtidos os índices de
repartição transversal, o estudo das
Rigidez à flexão das transversinas longarinas pode ser realizado através do
EJ carregamento das direções transversal e
ρy = (2.11) longitudinal do tabuleiro.
ly
Parâmetro de torção 2.3.2. Método de Homberg –
ρx + ρ y Trenks [15]
ϕ= (2.12)
2 ρx ρ y
O método baseia-se na teoria das
Para o cálculo exato seria grelhas e considera a rigidez torsional
necessário solucionar a Eq. (2.9), somente das longarinas, além da rigidez
satisfazendo as condições de contorno à flexão das transversinas e longarinas.
correspondentes. Guyon e Massonet A essência do método baseia-se na
conduziram a solução do problema de ortogonalização dos hiperestáticos.
forma a obter uma série de tabelas e

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Uma grelha simplesmente
apoiada com "m" longarinas e "t" sendo:
transversinas é 2t(m-1) vezes L é o vão das longarinas;
hiperestática. Através da ortogonalização a é o espaçamento entre
dos hiperestáticos, a matriz 2t(m-1) longarinas;
transforma-se em "t" matrizes J é a inércia à flexão das
independentes, cada uma associada a longarinas;
2(m-1) equações e incógnitas. J é a inércia à flexão das
Nos casos estudados (número transversinas;
ilimitado de longarinas) a J T é a inércia à torção das
ortogonalização é possível com grupos longarinas.
de cargas e de momentos, sendo
necessário que as longarinas possuam As tabelas são disponíveis para
inércia à flexão J e à torção J um número infinito de longarinas e
constantes, e que as transversinas sejam valores de Z, compreendidos entre 0 e ∞.
idênticas e igualmente espaçadas entre
si. 3. MÉTODOS COMPUTACIONAIS
Forma-se o sistema principal
estaticamente determinado, seccionando- 3.1. DESCRIÇÃO SINTÉTICA DOS
se as longarinas em (m-1) pontos. Em MÉTODOS COMPUTACIO-NAIS
cada seção são aplicados os elementos
dos grupos de carga e de momentos 3.1.1. Evolução: Dos Métodos
α h( n ), que são regidos pela seguinte lei: Clássicos ao Método dos
Elementos Finitos
nπ x h
α h ( n ) = α (0n ) sen , 0 ≤ xh ≤ L Diversos métodos analíticos e
L
(2.14) numéricos aproximados, desenvolvidos
antes da era computacional, vieram a ser
onde: posteriormente adaptados para serem
h = [1,2, ...,t] abscissas de uma utilizados em computadores. Este é o
transversina; caso do Método das Diferenças Finitas.
n = [1,2, ...,t] número de termos Métodos clássicos, como o dos Mínimos
da série; Quadrados e o Método de Ritz, também
L é o vão das longarinas. o foram. Em contraste com estes
métodos anteriormente citados, o
Os resultados deste trabalho Método dos Elementos Finitos (MEF) é
foram apresentados na forma de tabelas essencialmente um produto da era dos
que permitem sua utilização a partir do computadores digitais [18]. Também,
conhecimento dos seguintes parâmetros opostamente àqueles métodos, o MEF
de entrada: pode ser programado para abordar
problemas extremamente complexos,
Rigidez à flexão da grelha: tais como não-linearidade física e
3 geométrica, condições de contorno
⎛ L ⎞ J
Z =⎜ ⎟ ⋅ (2.15) intrincadas, etc. Assim, em função da
⎝ 2a ⎠ J extensa aplicabilidade deste método e
considerando-se ainda sua utilização
Rigidez à torção da grelha: neste trabalho, apresenta-se uma
L EJ descrição sucinta do mesmo.
ZT = ⋅ (2.16)
8 a GJ T

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3.1.2. Descrição Sucinta do É interessante observar que no
Método dos Elementos Finitos modelo de equilíbrio as soluções
aproximadas indicam um
Do ponto de vista matemático, o comportamento mais rígido que o real.
Método dos Elementos Finitos é uma Ao contrário, no modelo de
técnica utilizada para a obtenção de compatibilidade as aproximações
soluções aproximadas de problemas fornecem resultados mais flexíveis [20].
regidos por uma ou mais equações Na prática a primeira forma tem
diferenciais. As funções incógnitas são prevalecido, já que no método da rigidez
aproximadas por funções de interpolação deve-se empregar como estrutura básica,
e, com isso, pode-se obter um sistema de um modelo cinematicamente
equações algébricas, capaz de determinado, cuja definição pode ser
representar uma aproximação das automatizada, por ser única. No método
equações diferenciais originais. da flexibilidade a estrutura básica deve
A principal característica do ser estaticamente determinada, havendo
MEF consiste no fato de que ele se diversas possibilidades para sua
baseia no estudo de um elemento finito, formação [21].
a partir do qual todo o domínio do A aplicação do MEF pode ser
problema pode ser representado. subdividida em duas etapas
No caso de problemas ligados à fundamentais:
Análise Estrutural, as equações
diferenciais a serem aproximadas podem • Obtêm-se as relações forças-
ser as de equilíbrio ou as de deslocamentos para um elemento
compatibilidade. finito (equações de equilíbrio
O comportamento de um aproximadas). Estas relações são
elemento finito pode ser estudado a expressas pela transformação linear.
partir dos príncipios fundamentais
derivados do conceito de energia F e = K eU e (3.17)
potencial. Este estudo pode ser realizado
através de duas vias distintas [19]:
onde:
• Aplicação do princípio da energia F e é o vetor de forças nodais do
potencial total estacionária: Neste elemento;
caso os campos de deslocamentos K e é a matriz da rigidez do
são aproximados por funções de elemento;
interpolação e são obtidas equações
de equilíbrio aproximadas. Esta U e é o vetor de deslocamentos
forma corresponde ao método da nodais do elemento.
rigidez (ou dos deslocamentos);
• Associam-se os elementos
• Aplicação do princípio da energia constituintes do sistema estrutural e
potencial total complementar forma-se o sistema de equações de
estacionária: Neste caso as tensões equilíbrio relativo à estrutura.
são aproximadas através de funções Analogamente à relação para um
de interpolação, obtendo-se então elemento, tem-se para a estrutura:
equações de compatibilidade
aproximadas. Esta forma F = KU (3.18)
corresponde ao método da
flexibilidade (ou das forças). onde:

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F é o vetor de forças nodais da
estrutura; onde:
K é a matriz de rigidez da δ 1 ,δ 2 ,...,δ n são os "n" graus de
estrutura; liberdade do elemento.
U é o vetor de deslocamentos
nodais da estrutura. Para todos os graus de liberdade,
a relação completa é expressa pela
Em geral, a matriz de rigidez de transformação linear (2.17).
um elemento é definida por [18, 22, 23]: Observando-se a Eq. (2.21),
pode-se concluir que um termo genérico
Ke = ∫ B t D Bd vol (3.19) da matriz K e é expresso por:
vol

onde: ∂ 2U
k i j= (3.22)
B é a matriz das relações ∂ δi∂ δ j
deformação-deslocamento;
D é a matriz das relações
constitutivas. Assim, uma vez obtidos estes
termos, fica definida a relação entre
Há, porém, outra forma de se forças e deslocamentos, concluindo-se a
obter a matriz de rigidez, na qual se primeira etapa de aplicação do MEF.
emprega o primeiro teorema de A segunda etapa consiste
Castigliano. Uma vez assumidas as basicamente num problema de
aproximações para os deslocamentos, a transformação de coordenadas. Para que
energia de deformação de um elemento as contribuições de cada elemento
fica completamente definida. De acordo possam ser adicionadas na matriz global
com o primeiro teorema de Castigliano, da estrutura, é necessário que os graus de
sabe-se que: liberdade estejam referidos a um mesmo
sistema de eixos (sistema global). Isto se
∂U obtém através da transformação a seguir
Fi = (3.20) indicada [24]:
∂ δi

onde: K g = Rt K e R (3.23)
Fi e δ i são, respectivamente, a
onde:
força nodal e o deslocamento nodal na
direção do i-ésimo grau de liberdade; K g é a matriz de rigidez do
U é a energia de deformação. elemento em relação aos eixos globais
De acordo com as hipóteses de R é a matriz de rotação do
comportamento linear elástico, a energia elemento, dependente de sua posição em
de deformação assume uma forma relação ao sistema global de eixos.
quadrática em relação aos deslocamentos
nodais. Sendo assim, a Eq. (2.20) é uma 4. CONCLUSÕES
função linear dos deslocamentos, e pode
ser expressa por: Ao padrão de análise dos
métodos aqui apresentados podem ser
associadas três restrições básicas:
∂ 2U ∂ 2U ∂ 2U
Fi = δ1 + δ2 +....+ δn
∂ δi ∂ δ1 ∂ δi ∂ δ 2 ∂ δi ∂ δ n • A obtenção de esforços, tensões e
(2.21) deslocamentos demanda geralmente

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três etapas distintas de cálculo automaticamente as cargas
(superestrutura, mesoestrutura e equivalentes de protensão, de acordo
infraestrutura) acarretando em com a formulação proposta;
considerável acréscimo de tempo e • Um modelo estrutural para trans-
trabalho para análise e correlação de formação do tabuleiro (lajes + vigas)
resultados; numa grelha equivalente onde são
• As simplificações impostas, quer consideradas as ligações excêntricas
aos sistemas estruturais, quer aos entre as vigas e o plano da laje.
modelos matemáticos de análise • Um elemento desenvolvido especi-
utilizados (Engesser-Courbon, ficamente para simular as diferentes
Homberg, etc), conduzem a formas de ligação, normalmente
resultados pouco satisfatórios nos necessárias em uma modelagem
casos gerais (casos de eixos curvos, mais refinada (aparelhos de apoio
não parale-lismo das longarinas, em neoprene fretado, lajes de
esconsidade acentuada, etc). continuidade, juntas e
excentricidades de pontos nodais);
Esta forma convencional e • Um programa para análise estática
sequencial de análise, com suas linear de estruturas reticuladas
consequentes restrições, deve -se espaciais, baseado no método da
basicamente aos seguintes motivos rigidez, no qual foram implemen-
práticos: tados todos os algoritmos neces-
sários ao processamento e análise de
• Em geral, a análise computacional estruturas protendidas, modeladas e
dos efeitos de protensão nos carregadas com base nos desen-
programas comerciais de estruturas volvimentos descritos nos quatro
reticuladas não é automática ou, pontos anteriores.
quando é, não atende adequadamente
as necessidades dos casos práticos; 5. REFERÊNCIAS
• O mesmo ocorre com relação à BIBLIOGRÁFICAS
análise dos efeitos de carga móvel em
estruturas espaciais, que exigem a [1] SILVEIRA, V. L. C. "Análise Crítica
integração de superfícies de influên- da Distribuição Transversal em
cia. Tabuleiros de Pontes Simplesmente
Apoiados" Tese M. Sc. PUC, Rio de
Para que se alcançe um elevado Janeiro, 1976.
nível de automatização da análise [2] ZSCHETZSCHE, A. "Theorie
estrutural deste tipo de obra, deve-se Lastvertheilender Querverbände.
desenvolver uma metodologia que dis- Zeitschrift des Oesterr" Ingenieur-
ponha dos seguintes recursos: und Architekten-Vereines, l893,
p.553.
• Aplicação do conceito de carga [3] LOSSIER, H "Étude de la Solidarité
equivalente a um elemento de des Pieces de Pont", Le Genie Civil,
pórtico plano para transformar os 1912, p. 336.
efeitos da protensão em carrega- [4] F.KNORR, "Untersuchungen úber
mento externo; die Last - Verteilung von
• Um programa para análise dos efei- Querträgern bel einer Balkenbrücke
tos da protensão, com conside-ração aus Eisenbeton. Arm". Beton, 1919,
das perdas imediatas e lentas. A p. 299.
partir da distribuição de tensões ao [5] M. THULLIE. "Die Duckvertei lung
longo dos cabos são calculadas auf die. einzelnen Träger der

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Betonbrúcke", Beton u. Eisen", Method", East-West Press, New
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ENGEVISTA, v. 6, n. 2, p. 48-58, agosto. 2004 58

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