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Não venho aqui falar-vos como pedagogo, que não sou. Sou apenas um amante do conhecimento
e, como tal, consciente de que quanto mais sei mais me apercebo o quanto me falta saber. O
conhecimento dá-nos essa percepção, porque nos abre novas portas para mundos novos – que, por isso,
desconhecemos. Esta ideia, por consequência, deve levar a que nos tornemos mais humildes à medida que
vamos aprofundando o nosso saber.
Esta lição foi-me confirmada por um episódio da minha vida, que fortificou em mim este valor.
Quando tinha dezasseis anos fui assistir a uma conferência proferida pelo meu avô Henrique, na
Academia das Ciências de Lisboa, sobre o paralelismo entre Charles Maurras e Charles Péguy. Era a
primeira vez que lá ia. Lembro-me que estava bastante nervoso por ouvir o meu avô falar em tão ilustre
casa, onde se encontravam tantos intelectuais notáveis. Tinha-lhe uma confiança inigualável, mas penso
que era normal esse meu nervosismo miúdo. No entanto, a certa altura tudo mudou. Essa minha sensação
foi substituída por uma outra coisa, uma coisa muito diferente de medo ou de nervosismo. Sucedeu-se a
admiração. A admiração, certamente, pela sabedoria que emanava daquela sala mas, acima de tudo, a
admiração pela humildade contida em todas as palavras proferidas, de todos os que ouvi falar, sem
excepção.
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