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23/04/2018 Fábio Hoffmann Pereira | Ensaios de Gênero

— Ensaios de Gênero
Um espaço para se ensaiar política, educação, feminismo e coisas do gênero…

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Bem-vinda/o!
arquivo Arquivo da tag: Fábio Hoffmann O blog Ensaios de Gênero foi criado em 2011

Pereira por Adriano Senkevics e conta com a


colaboração de Lucas Passos e Matheus
França, além de convidadas/os especiais. O
intuito da página é discutir política, educação
Uma introdução Este texto é uma adaptação de um capítulo originalmente intitulado “Meninas e meninos na escola”, e feminismo, lançando mão dos estudos de
ao debate de de autoria de Cinthia Torres Toledo, Fábio Hoffmann Pereira e Adriano Souza Senkevics, publicado no gênero para analisar diferentes aspectos da
sociedade, sempre com um viés progressista
gênero na Caderno de Debates do NAAPA (2016), da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
a fim de contribuir em transformações
educação (ou por sociais. Convidamos nossas/os leitoras/es a
Gênero é uma ferramenta
que superar a nos enviar comentários (dúvidas, sugestões e
potencialmente útil para compreender as
falácia da críticas) sempre que tiverem interesse, além
relações sociais e de que forma
“ideologia de de estarmos abertos a parcerias e contatos.
desigualdades, hierarquias e opressões Boa leitura!
gênero”)
permeiam a experiência dos sujeitos.
Por Adriano Senkevics Contudo, em razão de campanhas mal-
06/09/2016 intencionadas, o conceito de gênero tem Calendário
sido apresentado sob a falácia da
Atualidades, Educação ABRIL 2018
“ideologia de gênero”, entendido como
D S T Q Q S S
um elemento doutrinador. Isso é, de
4 Comentários 1 2 3 4 5 6 7
fato, exatamente o oposto de seu
Publicação da Secretaria Municipal de Educação de São 8 9 10 11 12 13 14
verdadeiro papel: emancipar sujeitos
Paulo conta com capítulo sobre gênero na educação 15 16 17 18 19 20 21
que se percebam em um emaranhado
(“Meninas e meninos na escola”, no volume 2). 22 23 24 25 26 27 28
de relações de poder que limitam
29 30  
nossas possibilidades e horizontes de
« out    
vida. Este texto nada mais do que é uma tentativa de reforçar esse aspecto, contextualizando o
conceito de gênero no debate educacional.

No passado, o acesso das mulheres à educação formal era bem mais restrito ou, quando não,
Curta nossa página!
inexistente. Essa situação perdurou por um longo período da história brasileira e só começou
a ser revertida com a expansão do acesso à educação em meados do século passado. Embora Ensaios d…
as mulheres tenham conquistado o direito à educação em 1827, esse acesso se dava de maneira 7,4 mil curtidas
segregada, em que, entre as poucas mulheres que tinham a oportunidade de estudar, a maioria
frequentava modalidades vocacionais de ensino, voltadas à formação de “boas mães” e “boas
esposas”, e não propriamente a uma educação orientada ao exercício da cidadania e ao mercado de
trabalho. Em paralelo a isso, as condições de vida da população, a divisão sexual do trabalho e as Curtir Página
poucas oportunidades de emprego em um Brasil ainda rural eram fatores que desestimulavam um
eventual prolongamento da escolarização.

Esse quadro começou a ser revertido Textos mais recentes


quando, por volta da metade do século Relações de gênero na infância: a
XX, a construção massiva de escolas experiência em uma escola democrática
passou a elevar substancialmente o “Pisa menos, Kalil”: homonormatividade e
acesso das camadas populares à despolitização no movimento LGBT
educação. Ao mesmo tempo em que Somos governados pelos números?
se levantavam prédios para atender à As armadilhas do “lugar de fala” na política
contemporânea
crescente demanda educacional,
Da experiência vivida à prática reflexiva: o
derrubavam-se barreiras legais que
projeto educativo “Mulheres na História”
restringiam o percurso educacional Crise do ensino médio: desafio autêntico ou
de determinados grupos. Exemplo discurso alarmista?
Escola Normal da Praça (São Paulo), no final do século disso é a reforma educacional de 1961, Uma introdução ao debate de gênero na
XIX: exemplo de antigo modelo educacional brasileiro, que, ao tornar equivalentes os diplomas educação (ou por que superar a falácia da
caracterizado pela separação física e curricular entre os de ensino médio, permitiu que inúmeras “ideologia de gênero”)
sexos. mulheres que haviam concluído a Como são produzidos os dados de cor/raça
nos principais instrumentos de pesquisa
chamada “escola normal” pudessem
educacional no Brasil?
continuar seus estudos em nível
Como as rotinas de crianças podem ser
superior. Não demorou muito para que as mulheres passassem a apresentar taxas de escolaridade
profundamente marcadas por gênero?
superiores às dos homens. Trocando em miúdos, ao romper obstáculos e conduzir a população a Gênero nas universidades federais: uma
uma situação mais igualitária no campo dos direitos sociais, um efeito inesperado aconteceu: a luta análise do perfil de estudantes por sexo
por igualdade acabou por produzir uma diferença. O patrão e a babá: sobre a individualização
da culpa
Isso equivale a dizer que as mulheres foram as principais beneficiárias da democratização do acesso Paternidades, gênero e a democracia
à educação, de tal modo que o século passado assistiu à chamada “reversão das desigualdades de constitucional

https://ensaiosdegenero.wordpress.com/tag/fabio-hoffmann-pereira/ 1/4
23/04/2018 Fábio Hoffmann Pereira | Ensaios de Gênero
gênero”, quando nos referimos aos indicadores de acesso e progresso ao longo do percurso “Que horas ela volta?”: um filme para se
educacional, em que a população do sexo feminino passou a galgar melhores posições, na pensar a estratificação social no Brasil
contramão de sua histórica exclusão. A título de ilustração, dados do Censo Demográfico de 2010 Cotas raciais e de renda: às voltas com a
legislação federal
apontaram que, entre a população de 15 a 29 anos, 3,6% dos homens eram analfabetos, contra
Educação, o que será amanhã?
1,9% das mulheres. Em decorrência das trajetórias escolares mais acidentadas para os
rapazes, 42,4% dos homens entre 15 e 17 anos frequentavam, naquele mesmo ano, o ensino
médio regular, comparado a 52,2% das mulheres dessa mesma faixa etária. Como se pode Assuntos
esperar, essas desigualdades se acumulam ao longo do percurso escolar dos estudantes, de forma
que as mulheres representam cerca de 60% dos concluintes da educação superior no Brasil, Artes Cênicas / Visuais
segundo dados do Censo da Educação Superior de 2014. Atualidades
Blog
Cinema
Constatar essas disparidades numéricas
Desconstrução
não significa afirmar que não existam
Educação
obstáculos pelos quais as meninas são
Cotidiano Escolar
obrigadas a atravessar em suas vidas. Funções Sociais
Não podemos esquecer que a violência Políticas Educacionais
de homens contra mulheres, o sexismo, Foreign Language
e outros problemas sociais afetam a vida Literatura
das garotas dentro e fora da escola. Masculinidades
Mídia
Ainda considerando indicadores
Mercado de Trabalho
educacionais, de acordo com o
Pessoalidades
estudo Estatísticas de Gênero: uma
Política / Economia
análise dos resultados do Censo Na atualidade, as desigualdades de gênero pesam, em Raça / Cor / Etnia
Demográfico de 2010 (IBGE, 2014), Religião
seu conjunto, a favor das meninas. No entanto, fortes
apesar da presença majoritária das discrepância por nível socieconômico e cor/raça marcam Sexualidade / LGBT
mulheres no ensino superior, elas Teoria Feminista
as oportunidades educacionais no Brasil.
também estão em maior proporção Conceituando
Queer
em cursos de Educação (83%) e
Humanidades e Artes (74,2%), as duas áreas com os menores rendimentos médios (R$
1.810,50 e 2.223,90, respectivamente). Portanto, podemos dizer que há áreas de conhecimento
Arquivos
com predomínio de matrículas de homens, cujas profissões são masculinizadas e muitas vezes
associadas a remunerações mais altas, além de maiores possibilidades de acessar cargos de
prestígio e postos de poder.

Ao lado disso, as desigualdades socioeconômicas e raciais são marcantes na educação Recomendamos


brasileira, atravessando a experiência de meninos e meninas que assume contornos diferentes
Base de Dados Ariadne (USP)
de acordo com sua cor/raça e classe social. Para ilustrar, segundo o Censo Demográfico de 2010,
Caderno Espaço Feminino (UFU)
entre os jovens de 15 a 17 anos da região Sudeste, a taxa líquida de matrícula das meninas brancas
Cadernos de Pesquisa (FCC)
era de 64,4%, dos meninos brancos 57,9%, das meninas negras 52,8% e dos meninos negros, Cadernos Pagu (Unicamp)
43,2%. A partir desses dados, podemos perceber que, enquanto as meninas apresentam Educação & Realidade (UFRGS)
indicadores educacionais superiores aos dos meninos de seu mesmo grupo de cor/raça, as meninas Educação & Sociedade (Cedes)
negras ainda apresentam indicadores inferiores aos dos meninos brancos. Já a diferença dos Educação e Pesquisa (USP)
indicadores das meninas brancas para o dos meninos negros é ainda mais gritante, chegando a 21,2 Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu
pontos percentuais. Assim, quando pensamos em meninas e meninos, devemos considerar que (Unicamp)
Núcleo de Estudos e Pesquisas – Ser-tão
esses grupos não são homogêneos, envolvendo desigualdades e diferenças também entre os
(UFG)
meninos e entre as meninas.
ONG Ação Educativa
Revista Brasileira de Educação (ANPEd)
Compreender fenômenos complexos Revista de Estudos Feministas (UFSC)
O
como as desigualdades educacionais Sexualidad, Salud y Sociedad (CLAM / IMS /
entre homens e mulheres não é tarefa UERJ)
simples. Para abordá-los, é necessário
lançar mão de conceitos que iluminem
tais problemáticas e articulem formas de Parcerias
compreendê-las, esmiuçá-las e,
Assexualidades
evidentemente, de propor estratégicas
Blogueiras Feministas
de superação. Aqui, nosso foco reside Colunas Tortas
sobre o conceito de gênero. Educação Aberta
conceito de gênero é potencialmente útil para desvelar Escreva Lola Escreva
relações de poder entre os sexos, onde antes Apesar de existirem diferentes Margens Sociológicas
prevaleceria uma compreensão lúdica sobre as definições do conceito de gênero e Panela de Pressão das Ideias
“diferenças”. (Foto: SME/SP) formas de entendê-lo, a depender das Raewyn Connell
autoras/es que escolhermos, podemos Tempos Safados
Território de Maíra
pensar em gênero como uma estrutura
Trama Social
material e simbólica de organização social. Essa estrutura está organizada em pares
Transfeminismo
dicotômicos, em que cada um dos termos pode ser socialmente considerado feminino e Transtudo
masculino, tratados como polos opostos e excludentes. Configurando a partir dessa oposição,
essa estrutura desvela que não meras diferenças entre os polos, senão que nessas polarizações
existe também uma hierarquia em que aquilo que é socialmente considerado masculino tende a ser Passaram por aqui...
considerado superior do ponto de vista social.
2,785,659 visitantes
Tomemos como exemplo os termos “emoção” e “razão”. A razão é uma característica considerada
masculina e valorizada em nossa sociedade, em nossas relações de trabalho e até mesmo em
Siga o blog!
nossas relações pessoais. Quem nunca ouviu a expressão: “é preciso agir de acordo com a razão”?
Ou mesmo: “você é um homem ou um saco de batata?”, utilizada para dizer aos meninos que eles Adicione seu e-mail para receber as
devem ser fortes, racionais e não demonstrarem suas emoções, entendidas negativamente como atualizações do blog.
fraquezas? Não à toa, em nosso vocabulário, encontramos diversas expressões nas quais aquilo que Junte-se a 1.232 outros seguidores
é considerado feminino, ou “de mulher”, é entendido como inferior (“mulherzinha”, por exemplo).

Considerando essas oposições, também podemos entender gênero como um conjunto de


processos sociais, históricos e culturais por trás da construção social do sexo. Afirmamos que
as distinções de gênero são um forte componente da vida social em sociedades como a brasileira Autores
ou, de modo geral, em nações latino-americanas e ocidentais. Por meio dele, desde antes do nosso
nascimento somos definidos como pertencentes ao sexo masculino ou ao sexo feminino. Essa

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23/04/2018 Fábio Hoffmann Pereira | Ensaios de Gênero
divisão, por sua vez, é a base para inúmeros processos que nos conduzem a diferenciações e à
construção de uma identidade de gênero: a escolha das cores do enxoval, os nomes e pronomes, os Adriano Senkevics
brinquedos e atividades de lazer, as carreiras profissionais com as quais nos envolvemos, as
perspectivas de relacionamento afetivo e sexual, as expectativas para o futuro etc. Convidadas/os

Em todos esses processos, há várias Lucas Passos


instituições envolvidas: a família, a
mídia, a linguagem, a religião, entre Matheus França
outras. Por ser ampla e contínua, a
socialização de gênero é um processo
que marca a vida de todas e todos e Internas
se dá justamente nos diversos
Cadastre-se
encontros que acontecem entre nós e
Fazer login
outros indivíduos, grupos e
Posts RSS
instituições. Mesmo se não pararmos RSS dos comentários
para pensar nesses aspectos, estamos WordPress.com
constantemente expressando o que
consideramos como feminino ou Anúncios

masculino, bem como o que esperamos O processo de socialização de gênero depende da


de mulheres e homens na sociedade. atuação de inúmeras instituições. Na imagem, vê-se uma
Crescendo em meio a essas relações, estudante de costas que, pelo seus adereços (pulseira,
os sujeitos são levados a se construir prendedor de cabelo etc.), nos sugere a expressão de
como meninas ou meninos, dentro de certa identidade de gênero. (Foto: Ed Viggiani/Agência MACUCA
uma sociedade que geralmente Estado) CONVIDA: SIBA E
considera apenas os gêneros feminino e A FULORESTA
masculino como possibilidades. A partir de R$ 33
É claro que esse processo não é unívoco. Pensemos, por um momento, nos meninos e meninas
transexuais – aqueles/as que assumem uma identidade de gênero diferente do sexo designado em
COMPRE JÁ
seu nascimento. Estes são o exemplo mais visível de como os processos que vimos discutindo até
então não acontecem de forma passiva, em que a sociedade alocaria sobre os sujeitos um conjunto
de expectativas pré-fabricadas. Mesmo entre crianças cisgêneras – aquelas que assumem uma
identidade de gênero em concordância com o sexo designado em seu nascimento – podemos
enxergar processos de recusas e contradições. Quem nunca conheceu uma garota que não fosse
classificada como “moleca”? Ou um menino visto pelos adultos como “efeminado”? Há várias
formas de “ser menina” e “ser menino”, de tal modo que essas expressões podem estar até
mesmo em disputa, quando um jeito de se apresentar como menina ou como menino implica
certa tensão ou conflito com outras expressões.

Encerramos este texto, assim, deixando essas indicações de como trabalhar com o conceito de
gênero para desvelar relações de poder entre mulheres e homens, meninas e meninos, cis ou trans,
em toda sua diversidade. Para quem pretende se aprofundar no tema, recomendamos a leitura do
capítulo original (clique aqui), com exemplos de trabalhos de campo e maior desenvolvimento do
tema. E que gênero seja entendido em suas potencialidades para que possamos compreender
melhor a sociedade e a nós mesmos.

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