A noção de exclusão social está muito presente em nosso cotidiano, a qual
sinaliza o destino excludente de algumas parcelas da população, seja por deficiências físicas, mentais ou intelectuais, seja pelas situações decorrentes de estruturas econômicas, seja pelas restrições impostas pelo mercado de trabalho, etc. Devido a isso, muitas são as situações que podem ser descritas como de exclusão, as quais afetam inúmeras categorias, tais como: pessoas deficientes, idosas, afrodescendentes, homossexuais, desempregados, etc. Nesse sentido, podemos visualizar diversos tipos de exclusão social, como aquela exclusão por distúrbio de comportamento, pela condição social, por gênero, sexualidade ou por deficiências físicas e mentais do ser humano. No campo da educação, assegurar a todos a igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, sem qualquer tipo de discriminação, é um princípio que está em nossa Constituição Federal, mas que, infelizmente, ainda não se tornou realidade para milhares de crianças e jovens de todo o país: meninos e meninas que apresentam necessidades educacionais especiais, vinculadas ou não a deficiências. O direito a educação é direito de toda criança, adolescente ou adulto, seja ele qual dificuldade tiver. É o que diz a nossa Constituição Federal: que todos somos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. E a educação inclusiva parte dessa premissa, que cada um possa procurar a plenitude do seu existir, para participar ativamente na construção de sua vida pessoal, tendo uma existência feliz e de qualidade. A inclusão escolar, até bem pouco tempo, não era um assunto de estado. Hoje é. Muitas são as polêmicas em relação ao tema, especificamente quando diz respeito ao acesso das pessoas com surdez à escola comum. Essa temática vem sendo cada vez mais discutida nas escolas, onde a discussão gira em torno de como ocorre esse processo de inclusão nas escolas, como se dá o método de inserção da criança com necessidades especiais na escola regular, ou como é a atenção dispensada àquela criança com déficit de atenção, etc. A educação escolar de crianças com deficiência auditiva nos faz pensar não só a questões referentes aos seus limites e possibilidades, mas também aos preconceitos existentes nas atitudes da sociedade para com elas. As pessoas com surdez enfrentam problemas de aceitação como a inclusão para participar da educação escolar, decorrentes da perda da audição e da forma como se estruturam as propostas educacionais das escolas. Sob esse enfoque, é necessário refletir sobre as questões de uma escola de qualidade para todos, incluindo alunos e professores, através da perspectiva da realidade.
2 ORIGENS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Antes de tratar especificamente da inclusão dos deficientes auditivos nas
escolas regulares, necessário se faz, de início, abordar sobre a educação inclusiva no país, de modo a entender os desafios e perspectivas que esse processo de inclusão enfrenta. A realidade brasileira com relação ao processo de educação inclusiva ainda está muito aquém do que se pode observar nos países desenvolvidos. Aqui no Brasil, são poucas as escolas que estão plenamente adaptadas e com profissionais treinados e instruídos para lidar com alunos com necessidades educacionais especiais. E aqui não se fala apenas em deficientes físicos, visuais ou auditivos, mas também alunos com déficit de atenção, com síndrome de down, crianças afrodescendentes, etc. Apesar de estarmos atrasados nesse processo educacional, podemos, no entanto, notar um avanço em relação ao passado, quando um jovem portador de necessidades especiais era excluído da sociedade, sendo mantido somente dentro de sua casa, além de não receber nenhum tipo de educação e de não participar de contatos ou atividades sociais.
Atualmente, já se tornou uma realidade nas redes públicas de
ensino, alunos com necessidades especiais frequentarem a escola em salas de aula com inclusão. Isso é importante para que, “independentemente do tipo de deficiência e do grau de comprometimento, possam se desenvolver social e intelectualmente na classe regular (BENITE, BENITE, PEREIRA, 2009). A escola tem um papel significativo, não só para o desenvolvimento cognitivo e social das crianças, mas também para sua saúde psíquica, pois ela é o primeiro espaço social promotor de separação entre a criança e a família, estabelecendo um importante elo com a cultura.
Escola inclusiva é, aquela que garante a qualidade de ensino
educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades. Assim, uma escola somente poderá ser considerada inclusiva quando estiver organizada para favorecer a cada aluno, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência, condição social ou qualquer outra situação. Um ensino significativo, é aquele que garante o acesso ao conjunto sistematizado de conhecimentos como recursos a serem mobilizados. (BRASIL, 2004, p. 7).
E para isso, os profissionais que trabalham com educação devem estar
preparados para saber lidar com as mais diversas situações que podem surgir a partir desse processo.
3 INCLUSÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NA ESCOLA REGULAR
A Lei de Diretrizes e Bases n° 9.394, de 1996, garante o atendimento
educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. No entanto, não houve a devida preparação dos profissionais para adequar a essa realidade, sobretudo no processo inclusivo dos alunos com surdez. O atendimento dos alunos de inclusão será um caso a pensar tanto no aluno quanto no professor, se o atendimento seja satisfatório para ambos os lados. Não podemos apenas colocar esse aluno na sala e dizer que a inclusão acontece como está prescrito no papel. Numa sociedade onde a crescente falta de respeito a si e ao outro se exterioriza em discriminação, competição, corrupção, marginalização e exclusão, onde a solidariedade, tolerância, aceitação e cooperação têm sido atitudes raras e a ética tem sido algo cada vez mais distante e desconhecida nas relações humanas, notadamente muito se espera da escola. Para que o processo de incluir alunos com deficiência na escola regular se efetive, notadamente incluir os surdos, é necessário realizar um intenso e qualificado treinamento de todos os profissionais que atuem diretamente com pessoas com estes tipos de alunos. É necessária uma preparação dos profissionais, tendo em vista que ao mesmo tempo em que esse processo busca a inclusão, ele pode, paradoxalmente, gerar exclusão de outros alunos. Para que a inclusão dos surdos de fato se concretize, torna-se extremamente fundamental que os professores estejam preparados para lidar com esses tipos de situação. Porém, muitas vezes, não é o que se verifica na realidade em sala de aula.
De um lado, os professores do ensino regular não possuem preparo
mínimo para trabalhar com crianças que apresentem deficiências evidentes e, por outro, grande parte dos professores do ensino especial tem muito pouco a contribuir com o trabalho pedagógico desenvolvido no ensino regular, na medida em que têm calcado e construído sua competência nas dificuldades específicas do alunado que atendem. (SILVA e RETONDO apud HOFFMANN, 1998).
Por isso, em suma, torna-se indispensável que os professores e todos os
outros profissionais que atuarão no processo de educação inclusiva recebam em sua formação o preparo para saber lidar com as mais diversas situações que esse processo pode gerar, como também se faz necessário que sejam dispensados mais recursos físicos e didáticos que visem atender às necessidades especiais desses alunos, de modo a integrá-los em sala de aula com os demais alunos e garantir um desenvolvimento escolar e humano saudável de todos os educandos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação inclusiva no Brasil ainda está em seu estágio inicial, os
profissionais devidamente preparados para atuar nessa área, bem como os recursos físicos e didáticos para que esse processo seja plenamente desenvolvido, ainda são escassos. Em relação ao aluno surdo, este não pode ser tratado de forma inferior aos demais colegas, pois este aluno pode perfeitamente desenvolver seu potencial desde que consiga se comunicar com professores e colegas na sala de aula. O surdo é inteligente, e pode levar uma vida normal, no social, no profissional e pessoal desde que saiba se comunicar através das LIBRAS. A inclusão faz com que as pessoas se aproximem e tragam pra perto de si pessoas antes ditas como anormais, e incapazes, e essa aproximação faz muita diferença não somente na vida daquele que foi incluso, mas também na vida daquele que aceitou a inclusão do diferente em sua vida. A falta de um apoio pedagógico a essas necessidades especiais pode fazer com que as crianças e adolescentes surdas, que necessitam de uma maior atenção, não ingressem na escola. A falta desse apoio pode também fazer com que essas crianças e adolescentes deixem a escola depois de pouco tempo, ou permaneçam sem progredir para os níveis mais elevados de ensino, o que é uma forma de desigualdade de condições de permanência. Tais dificuldades somente poderão ser eliminadas por meio da convicção de que a escola precisa mudar, da vontade política de promover mudança e a construção de novas formas de relacionamento, no contexto educacional, levando em conta o potencial e o interesse de cada aluno, visando incluir todos aqueles, tratando todos os alunos de maneira igualitária e dispensando uma atenção especial àquele aluno que dela necessita. A escola, portanto, deve ser inclusiva, e para isso são necessárias transformações no contexto educacional: transformações de ideias, de atitudes, e da prática das relações sociais, tanto no âmbito político, no administrativo, como no didático-pedagógico. Por isso, esperamos que o contínuo aprimoramento de projetos nesse sentido, tanto na formação, como no treinamento de professores, bem como na mudança da mentalidade da sociedade possa, com o tempo, sanar ou pelo menos minimizar os pontos decadentes do atendimento aos portadores de necessidades especiais, notadamente os surdos, promovendo a efetiva inclusão destes alunos na educação regular, bem como o tratamento dispensado a estes e aos demais alunos seja feito de forma igualitária. REFERÊNCIAS
BENITE, A. M. C.; PEREIRA, L. L. S.; BENITE, C. R. M.; PROCÓPIO, M. V. R. e
FRIEDRICH, M. Formação de professores de ciências em rede social. RBPEC, v. 9, n. 3, 2009.
BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado, 1988.
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da
BRASIL. Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade. Brasília: 2004.
HOFFMANN, Sonia B. Orientação e mobilidade: um processo de alteração positiva
no desenvolvimento integral da criança cega congênita - estudo intercultural entre Brasil e Portugal. Porto Alegre, 1998. Disponível em: < http://www.cursosavante.com.br/aluno/trabalhos/137522361292.doc> Acesso em: 3 out. 2017.