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Talvez uma das mais difíceis atitudes administrativas seja delegar tarefas, as
quais você acredita ser a única pessoa capaz de realizá-las. Achar a dose certa de
informação, motivação e supervisão que cada funcionário e cada tarefa
necessitam é uma das grandes dificuldades em passar a bola adiante segundo
Gisela Kassoy,consultora organizacional, especialista em Criatividade e
Administração de Mudanças. "Dar tudo mastigadinho, se intrometendo na
execução, irrita o subordinado, além de tolher sua criatividade e auto-estima. E
passar a tarefa sem dar subsídios suficientes pode ser um grande risco", alerta.
Para ela, em primeiro lugar, é preciso entender que delegar faz parte das
atribuições gerenciais. Muitas vezes, fazer é mais fácil do que ensinar,
supervisionar ou corrigir, mas quem quer subir em sua carreira precisa atuar muito
mais como líder do que como executante. Porém é sempre uma tarefa difícil, que
requer atenção em alguns detalhes, para que o tiro não saia pela culatra. "Um dos
aspectos mais importantes da delegação é o feedback. Quem transmitiu precisa
dizer com clareza e objetividade o que achou da tarefa executada, senão o
executante fica frustrado e sem condições de melhorar seu desempenho. É
importante também o chefe ter muita clareza ao explicar o que espera como
resultado do serviço e até que ponto o subordinado pode tomar decisões sozinho",
explica Gisela.
Como muitas coisas da vida, transmitir tarefas é algo que só se aprende fazendo.
O importante é insistir, porque com a prática delegar se torna tão comum quanto
realizar. "Confesso que eu não sabia, mas acabei aprendendo. Acredito que a
maior dificuldade é você não acreditar que a pessoa fará um trabalho tão bom
quanto o seu", confessa a gerente de informações Mônica Santos, que teve
muitos problemas até se convencer de que é necessário passar adiante seus
conhecimentos ao invés de centralizá-los. "Não conseguia tirar férias e em certa
ocasião tive que telefonar, de um parque da Disney, só para esclarecer uma
dúvida do pessoal daqui. Outra vez, quando solicitei minha transferência para
outro setor, fiquei mais de um mês dando suporte ao meu departamento antigo na
hora do almoço ou por telefone à noite. E perdi muito tempo revisando o trabalho
dos outros para garantir a qualidade das informações. Enfim, acabei me
sobrecarregando por causa disso", relata. Hoje, Mônica já percebeu que não vale
a pena centralizar e confia mais nas pessoas e nas suas capacidades, apesar de
ainda tomar sustos. Mas tem certeza de que elas aprendem mais com seus
próprios erros do que com as suas revisões.
Ser claro e objetivo, orientar no processo e dar um bom feedback são atitudes
essenciais, mas não é tudo. É fundamental conhecer muito bem o delegatário. "É
preciso certificar-se de que a pessoa que irá assumir a função tem plenas
condições de exercê-la e, para tanto, além de conhecer as suas qualificações é
importante checar se ela captou e compreendeu bem o que você espera dela.
Sem essa preocupação, você corre o risco de ampliar a sua frente de trabalho, ao
invés de reduzi-la", comenta o hoteleiro Leonardo Tristão, que garante a
ampliação do poder ao infinito quando se delega bem. Além de, segundo ele,
poder criar oportunidade para avaliar quem recebe a missão, treinar alguém ou
algum grupo numa determinada função e forçar você a rever as suas próprias
prioridades e, principalmente, permitir que você se dedique com mais
profundidade e por mais tempo àquelas atividades onde é realmente necessário.