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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE


ITÁ

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA


CATARINA, pelo Promotor de Justiça titular da Promotoria de Justiça
de Seara, em exercício na Promotoria de Justiça de Itá, com
fundamento nos arts. 127 e 129, III da Constituição da República,
bem como no art. 17 da Lei n. 8.429/92 e no art. 5º da Lei nº
7.347/85, propõe AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA em
face de:

MUNICÍPIO DE ITÁ, pessoa jurídica de direito público,


inscrito no CNPJ sob o nº 83.024.240/0001-53, representada por seu
prefeito municipal, o Excelentíssimo Senhor Egídio Luiz Gritti, com
endereço na avenida Tancredo Neves, 100, centro, Itá

CÉLIO BERLATO, brasileiro, casado, administrador de


empresa, agricultor, filho de Orestes Berlatto e de Mathilde Berlatto,

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natural de São Valentim, Rio Grande do Sul, nascido em 29 de março


de 1961, CPF nº 521.873.069-68, residente na Linha São Paulo,
interior de Itá;

JOEL TELES DA SILVA, brasileiro, solteiro, comerciante,


filho de Juvenal Teles da Silva e de Neli de Souza da Silva, nascido
em 3 de agosto de 1973, portador do RG nº 2.949.911/SSP/SC,
residente na avenida Paludo, 752, centro, Município de Seara.

1. Objetivo da ação

Esta ação de improbidade administrativa tem por objetivo


obter provimento jurisdicional que declare a ocorrência de atos de
improbidade administrativa que causou enriquecimento ilícito e
prejuízo ao patrimônio público, além de evidente lesão aos princípios
da administração pública praticado pelos requeridos em decorrência
da Licitação nº 2/2009, da Prefeitura Municipal de Itá.

Requer outrossim a aplicação das sanções decorrentes


dos atos de improbidade identificados, com a suspensão liminar dos
contratos apontados como

2. Atos de improbidade administrativa

Conforme se apurou no Inquérito Civil nº 1/2008, da


Promotoria de Justiça de Itá, cuja cópia segue anexa, em 19 de
outubro de 2007 o contador Valmir Batista foi nomeado pelo
requerido Adelmo Luis Braatz para o cargo de contador geral de
Paial, cargo que exerceu até o final de fevereiro de 2008.

Um mês antes de sua nomeação, em 19 de setembro de


2007, no entanto, a empresa de Valmir Batista, a também requerida

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Exata Gestão Governamental Ltda., foi contratada para “a execução


de serviços técnicos profissionais especializados para elaboração e
adequação sistematizada nas áreas administrativa, financeira,
contábil e patrimonial” (fl. 5).

Assim, em 19 de outubro de 2007, Valmir Batista e sua


empresa Exata GG Ltda. exerciam simultaneamente funções no
Município de Paial: ele como contador; a empresa, como executora
de serviços diversos, dentre eles o de contabilidade, em total
confusão de atribuições.

Valmir Batista foi remunerado com o total de R$


11.544,42 no período. Sua empresa recebeu R$ 7.500,00 pelo
contrato celebrado com o Município.

3. Direito – Lesão aos Princípios – Improbidade Administrativa – art.


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A conduta praticada configura o ato de improbidade do


art. 9º da Lei nº 8.429/92: “Constitui ato de improbidade
administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer
tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: VIII - aceitar
emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou
assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse
suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão
decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade”.

Note-se que Valmir Batista, na qualidade de contador


municipal, tinha por atribuições justamente realizar o serviço
contábil do município, de modo que sua própria empresa não

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poderia ser contratada para o mesmo serviço. Na prática, Valmir foi


contratado duas vezes para o mesmo serviço: uma vez por meio de
nomeação, outra por intermédio de sua empresa. Uma verdadeira
burla ao sistema de remuneração municipal.

E, pior, no exercício da função de contador municipal,


tinha dentre várias outras atribuições a supervisão contábil, o
acompanhamento das políticas orçamentárias, o fluxo de receitas
e despesas e a programação financeira do Município, todas
atribuições que refletiam diretamente em interesses da empresa
contratada e que, por isso mesmo, deveriam ser exercidas por
pessoas distintas para garantia da imparcialidade e moralidade
públicas.

Bem por isso a própria Lei de Licitações determina que


“não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação
ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de
bens a eles necessários [...] servidor ou dirigente de órgão
ou entidade contratante ou responsável pela licitação” (art.
9º, III).

Interpretando o dispositivo, o Tribunal de Contas da União


já decidiu que “basta que o interessado seja servidor ou dirigente do
órgão ou entidade contratante para que esteja impedido de
participar, direta ou indiretamente, de licitação por ele realizada”1.

O requerido Valmir Batista, além de ter participado de


licitação, participou da execução do serviço de consultoria, por
intermédio de sua empresa Exata GG Ltda., mesmo sendo servidor
municipal à época, incidindo, portanto, na vedação legislativa.

1
JUSTEN Fº, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 10ª ed.
São Paulo : Dialética, 2004, p. 127.
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E Adelmo Luiz Braatz a tudo isso anuiu, mesmo sabendo


tratar-se de situação irregular, o que é notório, tanto é que a
denúncia foi trazida ao Ministério Público, como se observa dos
autos.

4. Sanções

As condutas ensejam a aplicação das sanções previstas


no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.429/92. Eis as sanções aplicáveis ao
caso: perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda
da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez
anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do
acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos.

Veja-se que o adonamento da Administração Pública


torna imperdoável a conduta do requerido e exige que as sanções
sejam estipuladas em seu grau máximo, quer como forma de
reprimir, mas também como forma de prevenir outros atos de
improbidade administrativa como o dos autos.

Note-se ainda que o requerido é pessoa bastante


ilustrada (contador), o que permite observar que o grau de dolo é
ainda mais intenso, pois sabia, a todo momento, da ilegalidade da
conduta e, ainda assim, resolveu seguir adiante.

5. Pedidos

Ante o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO


DE SANTA CATARINA requer:

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a) a autuação da inicial, nos termos do procedimento


previsto na Lei de Improbidade Administrativa;

b) a notificação dos demandados, para a defesa


preliminar, nos termos do artigo 17, § 7º, da Lei n.º 8.429/92;

c) a notificação do Município de Paial (art. 2º e do art. 3º


da Lei nº 8.429/92) para que, querendo, se manifeste;

d) o recebimento da inicial e a citação dos requeridos


para, querendo, contestarem o feito, observado o procedimento
previsto na Lei nº 8.429/92;

e) a produção de prova testemunhal, pericial e


documental que porventura for necessária;

f) a condenação dos requeridos, solidariamente, às


seguintes sanções: f1) devolução de R$ 19.044,42 (soma dos
pagamentos a Valmir e à empresa), corrigidos e atualizados desde
fevereiro de 2008; f2) suspensão dos direitos políticos de oito a dez
anos; f3) pagamento de multa civil de até três vezes o valor do
acréscimo patrimonial; f4) proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;

g) a condenação dos requeridos em custas, despesas


processuais e honorários advocatícios (estes conforme art. 4º do
Decreto Estadual nº 2.666/04, em favor do Fundo de Recuperação
de Bens Lesados do Estado de Santa Catarina).

Dá-se à causa o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil


reais)2.
2
Valor da devolução mais o máximo de multa civil previsto na legislação.
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Itá, 24 de junho de 2009

Eduardo Sens dos Santos


Promotor de Justiça

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