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1 ECOLOGIA E PSICOLOGIA

A Terra, com sua biodiversidade, os seus ecossistemas e as partes vivas


deste maravilhoso e belo planeta são temas que interessaram a humanidade há
milhares de anos. Nas culturas e nos povos, há registros e indícios que houveram
tentativas para tentar compreender de onde veio tudo isso que conhecermos e
chamamos de Terra, chamamos de nosso lar. Esta Terra que provém nossa
sobrevivência, nossa história, e principalmente o de sermos, ou seja, é a Terra que
possibilita esta experiência única de percepção do mundo através dos sentidos e da
consciência.
Tais indícios podem ser ilustrados com as buscas que o homem ao longo dos
milênios realiza através da astrologia, arqueologia, geografia, ecologia, alquimia,
filosofia, psicologia e outras tantas. Destas buscas e tentativas de desvendar tais
mistérios, podem ser ilustradas e comparadas as buscas em descobrir as nossas
próprias origens, os motivos da nossa jornada neste planeta, o sentido de cuidarmos
de nossa existência e também o por que.de estamos tão unidos a esta Terra, fonte
dos mais diversos recursos para nossa vida e saúde psíquica e corporal.
Quando falamos de Planeta Terra, natureza, biodiversidade, ecossistema,
florestas, montanhas e outras tantas riquezas, vem atrelado a tudo isso um nome,
ecologia. A palavra Ecologia tem origem no grego oikos, que significa casa, e logos,
estudo, seria o estudo da casa, ou sendo mais genérico, estudo do lugar onde se
vive.
No ocidente, tem-se o registro do primeiro conceito e invenção da palavra
ecologia1, proferido por Ernest Heinrich Phillip August Haeckel, em 1870. Zoólogo
alemão e influenciado pelas idéias de Charles Darwin2, chamou a atenção para
diversas questões importantes na área do conhecimento biológico, filosófico, sendo
responsável pela criação da palavra ecologia, que o faz importante para nosso
estudo.

1
Junção das palavras gregas oikos (casa) e logos (conhecimento, estudo), Epistemologicamente,
Ecologia significa o estudo do lugar onde se vive e das relações entre os organismos e o seu
ambiente.
2
Em 1859, Charles Darwin publica "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of
Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for
Life)
Pela palavra ecologia, queremos designar o conjunto de conhecimentos
relacionados com a economia da natureza - a investigação de todas as
relações entre o animal e seu ambiente orgânico e inorgânico, incluindo
suas relações, amistosas ou não, com as plantas e animais que tenham
com ele contato direto ou indireto, - numa palavra, ecologia é o estudo das
complexas inter-relações, chamadas por Darwin de condições da luta pela
vida. (HAECKEL, 1870)

Com o tempo e maior compreensão dos conceitos que envolveram a


ecologia, sua verificação e análise das alterações de vários ecossistemas pelo
homem, levou a criação do conceito da Ecologia Humana. Esta estuda as relações
entre o Homem e a Terra, são vários tópicos a sua abrangência, o do ponto de vista
da manutenção da sua saúde, física, social e psicológica que é a mais relevante
para nosso estudo. Mas, segundo a pesquisadora Alpina Begossi3 (1993) que em
seu artigo intitulado, Ecologia Humana: Um Enfoque Das Relacões Homem-
Ambiente, ela discursa sobre a ecologia humana, relata como a ecologia percorreu
caminhos diferentes, que encontrou enfoques distintos, decorrentes de linhas da
área como também de conjugações diferentes entre áreas ecologia/antropología,
ecologia/demografia e etc.

Apesar da ecologia humana se basear em conceitos oriundos da ecologia,


ou seja, de uma das sub-áreas da biologia, a ecologia humana, não é
necessariamente vista como uma das ramificações da ecologia. Para
muitos, estudar a "relação do homem com o ambiente" inclui tantos outros
fatores (como econômicos, sociais, psicológicos) que a ecologia humana
transcende a ecologia. Para outros, a ecologia humana tem objetivos e
metodologias mais específicos e que incluem entender o comportamento
humano sob variáveis ambientais. Para estes, generalizar acerca da
ecologia humana implica em perda de precisão. (BEGOSSI, 1993, p. 121-
132)

3
Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da UNICAMP e Professora
credenciada junto à Pós-Graduação em Ecologia da UNICAMP e da UFRJ. PhD em Ecologia pela
University of California, Davis, EUA (1989), Mestre em Biologia (Ecologia) pela UNICAMP (1984) e
Bacharel em Biologia (Ecologia) pela UFRJ (1981)
No ocidente, também LEFF (2001) fomenta a idéia que existe um saber ainda
não percebido na sua plenitude, que existe um saber da ordem ambiental, um saber
ecológico que se funde a consciência de seu meio, sobre suas propriedades,
manejos sustentáveis, formações simbólicas e sentidos de práticas sociais onde se
integrariam de forma a realizar um intercâmbio de saberes sobre o ambiente. E que
também é gerado por um processo de conscientização, de produção teórica e de
pesquisa científica.
Ainda ele, diz que a crise ambiental se tornou evidente no s anos 60,
refletindo-se na irracionalidade ecológica, padrões desregrados de consumo e taxas
irreais de crescimentos econômicos. Na reunião da ONU/Estocolmo4, em 1972,
foram levantados temas como limites da racionalidade econômica, desafios da
degradação ambiental e até uma proposta de projeto civilizatório da modernidade. E
20 anos depois, surgiu o discurso do desenvolvimento sustentável, na reunião da
ONU/ECO-925, no Rio de Janeiro.

O saber ambiental é um saber enraizado na organização ecossistêmica da


natureza, mas está sempre incorporado à subjetividade e à ordem da
cultura. Desta maneira, a natureza como objeto de apropriação social é
sempre uma natureza significada. O saber ambiental se demarca assim do
projeto de ecologização do pensamento sófico, da ética e das ciências
sociais que geraram o ecologismo como ideologia. (LEFF, 2001, p.192-193)

LEFF (2001) afirma que o conceito de meio ambiente e ecologia adquiriram


uma nova visão, uma visão do desenvolvimento humano capaz de reintegrar valores

4
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunida em Estocolmo de 5 a
16 de junho de 1972, e, atenta à necessidade de um critério e de princípios comuns que ofereçam
aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano
5
Os objetivos desta Convenção, a serem cumpridos de acordo com as disposições pertinentes, são a
conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a repartição
justa e eqüitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante, inclusive,
o acesso adequado aos recursos genéticos e a transferência adequada de tecnologias pertinentes,
levando em conta todos os direitos sobre tais recursos e tecnologias, e mediante financiamento
adequado.
e potenciais da natureza e do social, saberes subjulgados e negados pela
racionalidade, simplificadora e unidimensional da modernidade até então.

O ambiente emerge como um saber reintegrador da diversidade, de novos


valores éticos e estéticos e dos potenciais sinergéticos gerados pela
articulação de processos ecológicos, tecnológicos e culturais. O vazio
ambiental ocupa seu lugar no vazio deixado pelo progresso da
racionalidade científica [...] (LEFF, 2001, p.17).

Outro autor importante nessa perspectiva de perceber e olhar a Terra, os


sinais atuais de degradação acelerada do ecossistema, extinção dos animais e até
mesmo da raça humana, que ouve o planeta pedindo socorro, temos James
Lovelock, ele concebeu uma teoria sobre Gaia.

Gaia é o nome da Terra entendida como um sistema fisiológico único, uma


entidade que é viva pelo menos até o ponto que, assim como os outros
organismos vivos, os seus processos e a sua temperatura regulam-se
automaticamente em um estado favorável aos seus habitantes. Refiro-me a
Gaia como um sistema de controle para a Terra. ( LOVELOCK, 2006, p.12)

LOVELOCK (2010) em seu livro Gaia: Alerta Final, no capítulo1, ele fala da
importância de termos ícones em nossas vidas. A cruz de Jesus Cristo e a
cimitarra6 por exemplo,e o maior deles todos é aquela imagem azul e branca da
Terra vista pela primeira vez no espaço pelos astronautas. E que tal ícone está
sofrendo uma mudança sutil, mas preocupante. E faz um alerta:

6
é uma espada de lâmina curva mais larga na extremidade livre, com gume no lado convexo,
utilizada por certos povos orientais, tais como árabes, turcos e persas, especialmente pelos
guerreiros muçulmanos.
“Não se deixe enganar por calmarias na mudança climática quando a
temperatura global se mantém constante por alguns anos ou até quando, no
momento em que escrevo aqui do Reino Unido, em 2008, ela parece cair.
[...] Mas por mais improvável que às vezes pareça a mudança da Terra está
acontecendo e a Terra fica mais quente ano após ano.” (LOVELOCK, 2010,
p.17)

Ao investirmos duros golpes à Gaia, ou seja, se a devastarmos, se


desordenadamente à habitarmos, se poluímos os mares, o ar, tudo que aqui à
pertence, proporcionalmente estaremos investindo duros golpes à nós mesmos e
estaremos construindo um fim a toda criação e condenando a extinção gerações
futuras .

A cada dia continuamos emporcalhando o ar e confundindo ecossistemas


naturais com terras agrícolas, aumentarmos a nossa dívida. Há um
consenso entre os cientistas do clima segundo o qual estamos nos
aproximado esse nível, situado entre 400 e 500 partes por milhão, o sistema
da Terra ficará sujeito a um superaquecimento irreversível e, como estamos
atualmente no nível de 380 partes por milhão, é possível que nos reste
pouco tempo para agir. (LOVELOCK. James, 2006 p.7)

LOVELOCK (2006) diz que nós estamos em um estado de profunda


ignorância científica a respeito da Terra, e que o que dispomos hoje em dia ainda é
insuficiente para solução das questões que ameaçam nossa sobrevivência atual e
das próximas gerações. Ele exemplifica dizendo que sabemos o quanto os gases da
atmosfera exercem influencia no clima e está longe de ser solucionado e compara –
o ao esforço de mantermos nosso corpo saudável, livre de doenças.

Até mesmo os cientistas diferem uns dos outros nas suas concepções do
que é Terra,embora atualmente, no ano 2000, seja maior o número de
cientistas que vêem a Terra como um todo. Entretanto, muitos deles só
concordam da boca pra fora a respeito de Gaia ou da coevolução, pois
ainda agem como se a Terra fosse uma bola de rocha branca, quente e
parcialmente fundida, com apenas uma pequena costa fria, umidecida pelos
oceanos. (LOVELOCK, 2006, P.178)

Para ilustrar uma das tantas diferenças em relação ao pensamento oriental,


existe um livro interessante que se chama: a sabedoria da natureza, de Roberto
Otsu. Nele estão ensinamentos do Taoísmo7, I Ching8, Zen9 e sabedoria dos
essênios. Mostra que existe um outro tipo de ensinamento, uma outra sabedoria
acerca da natureza de acordo com apresentado até aqui. Ele nos mostra um outro
caminho, um caminho com mais relação do que destruição.

A natureza é o que é. ela não dá a mínima importância às teorias criadas pelo


homem.Tudo na natureza funciona como tem que funcionar, à revelia de todos os
conceitos e explicações, por mais elegantes ou complexos que sejam. Para os
antigos povos ocidentais, especialmente para os taoístas, a natureza era um grande
mistério, algo inexplicável. Mas não se angustiavam por isso. Ainda hoje, para as
pessoas contemplativas, o mistério é a própria resposta. Elas não criam teorias nem
explicações complicadas, apenas aceitam que as verdades essenciais são
inalcançáveis á mente humana. Entendem que o fato em si é mais importante do
que os conceitos. A realidade vale por si só.(OTSU, 2006, p. 15)

Atualmente existe uma grande movimentação de toda humanidade com a


preocupação com a Terra e o nosso futuro. Segundo BOFF(2008) o planeta terra
conheceu vários tipos de agressões e cataclismos inimagináveis e sempre
salvaguardou o princípio da vida e de sua diversidade, mesmo com perdas também
inimagináveis, diz ainda, mais do que o fim do mundo estamos assistindo ao fim de

7
O ideograma chinês Tao, que literalmente traduzido significa caminho, exprime o conceito filosófico
de Absoluto., internet, http://www.taoismo.org.br/stb/modules/dokuwiki/doku.php?id=start,acessado
em 20 de setembro de 2010.
8
É um estudo sagrado e milenar, que vem encantando sábios e estudiosos de todos os tempos,
revelando os segredos que regem as transformações de tudo o que há no Universo. Internet,
http://www.taoismo.org.br/stb/modules/dokuwiki/doku.php?id=yi_jing, acessado em 20 de setembro
de 2010.
9
Consiste no ensinamento de como superar o sofrimento e atingir o nirvana (estado total de paz e
plenitude) por meio da disciplina mental e de uma forma correta de vida. Também creêm na lei do
carma, segundo a qual, as ações de uma pessoa determinam sua condição na vida futura. A doutrina
é baseada nas Quatro Grandes Verdades de Buda. Internet, http://www.sepoangol.org/buda.htm,
acessado, em 20 de setembro de 2010.
um tipo de mundo, e alerta para o fenômeno do descuido, do descaso e do
abandono, numa palavra, da falta de cuidado.

Há um descuido e um abandono crescente da sociabilidade nas cidades. A


maioria dos habitantes sentem-se desenraizados culturalmente e alienados
socialmente. Predomina a sociedade do espetáculo, do simulacro e do
entreterimento.Há descuido e descaso pela dimensão espiritual do ser
humano, pelo esprit de finesse (espírio de gentileza) que cultiva a lógica do
coração e do entreterimento por tudo o que existe e vive. (BOFF, 2008,
p.19)

BOFF(2008) apresenta em cinco atos o que ele chama de teatro universal no


qual nós os seres humanos somos co-autores. Sendo assim nomeados; o primeiro
ato é cósmico, que irrompeu o universo ainda em processo de expansão. O segundo
ato é o químico, que circulam por todo universo e por todo nosso corpo. O terceiro
ato é o biológico que é o da matéria, onde a mesma se complexifica e se enrola
sobre si mesma, num processo chamado autopoiese (autocriação e auto-
organização). O quarto ato é o humano, subcapítulo da história da vida. Mostrou
grande flexibilidade, adaptou-se a todos os ecossitemas e para finalizar a peça, o
quinto é último ato, que é o planetário, onde está a volta ao planeta Terra.

Só podemos entender o processo humano-Terra se o conectarmos com


todo esse processo universal; nele os elementos materiais e as energias
sutis conspiram para que ele lentamente fosse sendo gestado e, finalmente
pudesse nascer. (BOFF, 2008, p.74)

BOFF(2008) segundo o autor, é pelo cuidado que o ser humano mantém suas
polaridades (Trans-cendência e ex-istência) unidas e faz delas material da
construção de sua existência neste planeta, e que o cuidado é cuidado essencial.
A relação entre nós seres humanos e a Terra é mais forte e profunda do que
possamos imaginar, ela toca no mais íntimo e quem sabe, no verdadeiro de nosso
ser. Jung, em seu livro civilização em transição (1993), revela como a psique poderia
ser entendida e diz que a mesma, seria como um sistema de adaptação
determinado pelas condições da terra..

Como nós ocidentais nada sabemos sobre a substância da alma e por isso
também não podemos afirmar se uma parte dela é de natureza mais
celestial e a outra mais terrena, temos que contentar-nos em falar de duas
maneiras diferentes de ver este complexo fenômeno que chamamos alma,
ou de dois aspectos sob os quais ela se apresenta. Ao invés de uma alma
celestial(shen), podemos considerá-la como um princípio criador, sem
causa; e ao invés de postular uma alma terrena(kwei), podemos considerá-
la como produto das causas e feitos. Retomando nossa questão inicial,
alma e terra, a última hipótese parece mais adequada, isto é, a psique seria
entendida como um sistema de adaptação determinado pelas condições
ambientais da terra.(JUNG, 1993, p.33)

Ainda neste livro, Jung levanta a questão a cerca do que é psique e decidi
fazer isso cuidadosamente, pois segundo ele a psique não pode ser considerada
apenas a fenômenos psíquicos exclusivamente ao consciente. E afirma que pode-se
pensar, sentir, lembrar e decidir a agir inconscientemente, e que acontece no
consciente também pode acontecer no inconsciente.

Devo portanto fazer uma análise mais profunda da natureza e estrutura do


inconsciente, pois ao contrário, não me seria possível tratar adequadamente
do condicionamento terrestre da psique. Trata-se dos primórdios e
fundamentos da psique, portanto de coisas que desde tempos imemoriais
estão enterradas na obscuridade, e não simplesmente dos corriqueiros fatos
e sensações e da adaptação consciente do meio ambiente. Este fatos
pertencem à psicologia do consciente e - como já disse- não quero
confundir consciente com psique. ( JUNG, 1993, p.34)
Jung, se referindo ainda ao inconsciente e suas estruturas fala dos
arquétipos,

Seus conteúdos – os arquétipos - são de certa forma os fundamentos da


psique consciente ocultos na profundidade ou, usando outra comparação,
suas raízes afundadas não só na terra, em sentido estrito, mas no mundo
geral. Os arquétipos são sistemas de prontidão que ao mesmo tempo
imagens e emoções. (JUNG, 1993, p. 35)

Jung em seu outro livro, Fundamentos de psicologia analítica, diz que não
pode haver elemento consciente sem que haja relação ou ponto de referência, o
ego. E o que não se relacionar com ele, não atingirá a consciência. E a partir destes
dados, ele definiu a consciência como a relação dos fatos psíquicos com o ego.
“Portanto, em minha concepção, o ego é uma espécie de complexo, o mais próximo
e valorizado que conhecemos. É sempre o centro de nossas atenções e de nossos
desejos, sendo o cerne indispensável da consciência.” (JUNG, 2007, p. 7).
Jung, como grande pesquisador, quis explicitar amplamente suas teorias que
para sua época foram revolucionárias e instigantes, e uma de suas preocupações e
objeto de profunda investigação era a condição do homem à Terra.

Assim como no processo evolutivo a psique foi moldada por condições


terrestres, o mesmo processo pode repetir-se, por assim dizer, diante dos
olhos ainda agora. Imaginemos um grande contingente de uma raça
européia transplantado para um solo estrangeiro e sob condições climáticas
totalmente diferentes. É de se esperar que este grupo humano sofra certas
modificações psíquicas e talvez até mutações físicas, no curso de algumas
gerações, mesmo sem haver mistura com sangue estrangeiro..( JUNG,
1993, p.47)

As intrigantes questões que envolvem o homem e a Terra, suas relações,


impactos e conseqüências. Jung, com a psicologia analítica, de forma única
conseguiu calentar a alma humana com suas palavras e descobertas fizeram o
homem olhar de outra maneira sua jornada neste planeta, pois até então não havia
este tipo de psicologia sobre as questões da Terra, de uma relação ecológica
satisfatória.

O conato com o inconsciente nos prende á nossa terra tornando difícil


deslocar-nos, e isto certamente não é vantagem nem para o progresso, nem
para qualquer outro tipo de adaptação ou mudança desejável. Mas não
quero falar muito mal da nossa relação com a boa terra-mãe. Plurimi
pertransibunt (muitos passarão), mas quem está arraigado no solo
permanecerá. Alienar-se do inconsciente e alienar-se do condicionamento
histórico é sinal de falta de raízes. Este é o perigo que ronda o conquistador
de terras estrangeiras, e também de todo indivíduo que, aderindo
unilateralmente a um ismo qualquer, acaba perdendo o vínculo com a
obscura, maternal e terrena origem primitiva de seu ser. (JUNG, 1993, p.
52)

Jung, é bem enfático ao falar da psicologia arcaica, pois ele a considera mais
favorável, pois falar do homem civilizado seria uma tarefa difícil e ingrata,”[...] pois
quem se propõe a fazê-lo está limitado pelas mesmas hipóteses e é cegado pelos
preconceitos daqueles sobre os quais deveria fazer informações importantes”.(
JUNG, 1993, p. 53). E diz que ao falarmos do homem, falamos não só dos aspectos
físicos e anatômicos, pensamos em seu mundo psíquico-humano, sua consciência e
seu modo de viver neste planeta.

Temos portanto, que ocupar-nos essencialmente com a psicologia arcaica,


isto é, a psicologia primitiva. Apesar desta limitação, acabamos estendendo
nosso tema, pois a psicologia arcaica não é psicologia do primitivo, mas
também do homem moderno civilizado.(JUNG, 1993, p. 55)

Segundo Jung, isto porque independente do grau de consciência, o homem


continua sendo arcaico nas camadas mais profundas de sua psique. “[...] também
nossa psique é um produto de um processo evolutivo que, se remontarmos ás
origens, manifesta inúmeros traços arcaicos”.(JUNG, 1993, p.54)
Jung, diz que a consciência racional, foi a mais recente e maior conquista do
homem, mas ele julga isso algo que não dá lugar para forças invisíveis a arbitrárias,
poderes sobrenaturais. Somente com leis racionais, com modernas teorias físicas
seriam possíveis aceitar tais idéias.

Os acasos se opõem a uma consciência que ama a ordem, pois perturbam


o curso regular do mundo de maneira ridícula, e por isso, irritante. Contra
esses casos sentimos a mesma repugnância que sentimos pelas forças
invisíveis e arbitrárias que nos lembram demais os diabretes ou os
caprichos de um deus exmachina. São os piores inimigos de nossos
cálculos minuciosos e permanente ameaça por todos os nossos
empreendimentos. Admitamos que sejam contrário a à razão, que mereçam
todas as injúrias, mas nem por isso podemos deixar-lhes de dar atenção.
(JUNG, 1993, p. 58)

Jung, diz ainda que qualquer ruptura no metódico, racional, no saber ou na


rotina do homem civilizado, parece-lhe um ato perigoso, desregrado. E pior ainda,
ele deve ser convenientemente e metodologicamente inserido na razão e isto não é
considerado um absurdo. “O que acontece com regularidade, facilmente é
observável, por que estamos preparados para isto. Saber e arte são indispensáveis
em situações em que obscuro arbítrio perturba o curso dos acontecimentos”. (JUNG,
1993, p. 61).

Começa a manifestar-se mais do que nunca uma oposição entre exterior e o


interior, ou, mais exatamente, entre a realidade objetiva e a subjetiva. Quem
sabe uma última corrida entre a envelhecida Europa e a jovem América.
Talvez uma última tentativa, sadia ou desesperada, de escapar do poder
das obscuras leis naturais e conquistar uma vitória, maior e mais heróica
ainda, da mente desperta sobre o sono das nações. Uma questão que só a
história pode responder. (JUNG, 1993, p. 93).

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