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1 – Do Princípio da Boa-Fé no Direito Processual

A boa-fé objetiva é uma norma de conduta, pois, por si só, é um padrão


orientador do modo de agir dos indivíduos em determinada relação jurídica 1, que, se
desobedecido, torna necessária a aplicação de uma medida que sane o prejuízo
decorrente dessa má conduta e, eventualmente, enseja a adoção de uma sanção.
Por outro lado, quando se avalia a intenção do sujeito ao praticar certo ato,
leva-se em consideração a boa-fé em seu aspecto subjetivo. A boa-fé subjetiva é o que
move o agente à prática do ato. Por definição própria, ela somente pode ser aferida
diante de uma situação concreta, não podendo ser confundida com uma norma.
Em síntese: a boa-fé objetiva, por ser norma, situa-se no plano jurídico,
enquanto a boa-fé subjetiva reside no plano fático, sendo extraída do caso concreto.2
O art. 5º do Código de Processo Civil prevê que “aquele que de qualquer
forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.”3 Conforme o
que já foi explicado percebe-se que esse dispositivo trata da boa-fé objetiva, pois não
afirma que o comportamento do agente depende de suas intenções, mas sim que este
deve agir de acordo com um preceito, cuja obediência proporciona que cada ato
processual se dirija ao fim para o qual foi criado.
O dispositivo acima transcrito é uma cláusula geral processual. O legislador
optou por redigi-la ao invés de enumerar as hipóteses em que se estaria agindo de má-fé,
haja vista que tal tarefa não seria possível, dada a infinitude de situações desse tipo.4
Sendo, pois, um princípio, a boa-fé objetiva visa a tutelar o bom andamento
processual, exigindo de todos os sujeitos participantes do processo - inclusive dos
litigantes - que ajam com lealdade e cooperação.

O princípio da boa-fé objetiva provém do princípio do devido processo


legal, expresso no art. 5º, LIV. Adota-se o raciocínio de que para ser devido, o processo
deve-se pautar na lealdade e na boa-fé. O STF adota essa posição.

1
Nader, Paulo. Introdução ao estudo do direito/Paulo Nader – Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 83.
2
Didier Jr, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e
processo de conhecimento/ Fredie Didier Jr. – 17 ed. – Salvador : Ed. Juspodivm, 2015. v. 1.p. 105
3
BRASIL. LEI nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 10 maio. 2017
4
Ibid., p. 105
2 – Das formas de manifestação do exercício abusivo do direito processual

Paulo Lucon cita Calamandrei, ao afirmar que a ignorância (ou imperícia) e


a má-fé das partes imparciais dificultam o retilíneo andamento processual.
A imperícia decorre do desconhecimento do modus operandi processual a
ser adotado diante de cada caso concreto pelos causídicos ou pelas próprias partes
quando litigam em causa própria.
Por sua vez, a má-fé decorre de uma conduta consciente da parte, que
pratica um ato com o fim diverso do previsto em lei, a fim de obter, desse modo, um
benefício indevido. Eis os fins que podem ser colimados pelo agente de má-fé no curso
do processo: a) protelar a decisão de mérito ou o trânsito em julgado, pois sabe que seu
pleito não prevalecerá em juízo; b) tentar induzir o julgador a erro, apresentando
fundamentação que juridicamente sabe ser manifestamente infundada; c) altera a
verdade dos fatos por não ter como provar o seu direito em juízo.5
As condutas acima citadas constituem o exercício abusivo do direito
processual, que pode se manifestar de modo material - quando se altera a verdade dos
fatos - ou de maneira formal, que consiste no desrespeito aos atos procedimentais
resguardados pelas leis processuais.6

3 – Demora excessiva no andamento processual

Paulo Lucon sugere diversas formas de se combater o abuso no exercício do


direito de recorrer: retirar o efeito suspensivo das decisões prolatadas por juízes de
primeiro grau; tornar irrecorríveis determinadas decisões ou impor o agravo retido como

5
LUCON, Paulo Henrique dos Santos. XXIX – Abuso do Exercício do Direito de Recorrer. In: JR,
Nelson Nery; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (coords.). Aspectos Polêmicos e atuais dos recursos
cíveis e de outras formas de impugnação às decisões judiciais. São Paulo: RT, 2001. p.874
6
Ibid. p. 874.
forma recursal única contra certos atos jurisdicionais em que não se evidencia prejuízo à
parte sucumbente.
Cabe, nesse ponto, analisar se essas sugestões foram aplicadas em menor ou
maior grau no Código de Processo Civil.
A demora exagerada do processo não produz benefícios senão para a parte
que não tem razão. Esta utiliza dos meios previstos em lei para adiar o cumprimento da
decisão condenatória e, por meio dessa conduta, pode conseguir até mesmo transações
desvantajosas para o credor, que já estaria extremamente prejudicado por não ter o seu
crédito adimplido em tempo razoável.
Diante desses aspectos, o sistema processual revela-se como o caminho para
sanar a lentidão das demandas judiciais. Estudar os meios que podem levar a esse fim
torna-se, portanto, de suma importância não somente para eventuais litigantes, mas
também para toda a sociedade.
Várias são as razões para as demoras no andamento do processo, entre as
quais se destacam, em relação ao direito de recorrer: o elevado número de recursos e
remédios previstos na legislação pátria e a demora excessiva nos seus julgamentos.7
Contudo, avulta notar que o processo deve zelar pelo rápido andamento,
mas sem dispor de uma prestação jurisdicional justa. O maior desafio do legislador e
dos operadores do direito é, na verdade, conciliar estes dois importantes princípios:
razoável duração do processo e prestação jurisdicional efetiva.
Dentro desse contexto, o exercício abusivo do direito de recorrer, apesar de
não ser a única razão da demora no andamento do processo, sem dúvida contribui
sobremaneira para que ela aconteça. Dessa forma, pergunta-se: como coibi-lo de
maneira eficaz, isto é, sem criar injustiças.

3 – Ônus processuais e tutela tempestiva

Os litigantes, por serem sujeitos dotados de parcialidade, têm o ônus de


provar em juízos os fatos que alegam. Podem dispor de diversos instrumentos previstos
na legislação processual. Todavia, devem se submeter a determinadas regras que visam

7
LUCON, Paulo Henrique dos Santos. XXIX – Abuso do Exercício do Direito de Recorrer. In: JR,
Nelson Nery; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (coords.). Aspectos Polêmicos e atuais dos recursos
cíveis e de outras formas de impugnação às decisões judiciais. São Paulo: RT, 2001. p.876
a regular sua participação no processo. Essas regras devem se constituir como meio
imprescindível para que a demanda posta em juízo atinja o seu fim de modo célere e
justo.
Há que se ressaltar que os limites impostos têm como fundamento, as
garantias previstas na Constituição Federal, que é a pedra angular do ordenamento
jurídico brasileiro. Essa perspectiva está bastante presente no Código de Processo Civil,
que prevê, em seu art. 1º, que “o processo civil será ordenado, disciplinado e
interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos
na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste
Código.”
O processo busca a certeza jurídica. Contudo, nem sempre é possível atingi-
la. Melhor dizendo, não se sabe se, com o provimento jurisdicional, ela foi atingida. Daí
que as limitações ao ônus processuais objetivam somente minorar os riscos de um
julgamento injusto. A procura pela certeza absoluta iria impor ao processo um
andamento excessivamente longo e, como se sabe, a demanda intempestiva não
interessa àquele que tem razão.8
Sob esse prisma, o Código de Processo Civil introduziu art. 6º, prevê que
“todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.”9
Dessa forma, não somente os sujeitos parciais devem obedecer às regras de
cooperação e aceleração do processo, mas também os juízes, advogados e serventuários
da justiça. Essa nova visão de cooperação tem por fito ao menos desincentivar a prática
de atos abusivos também pelos sujeitos imparciais, que muitas vezes, por desídia ou até
mesmo má-fé, contribuir para a demora no andamento do processo.
Paulo Lucon afirma que a solução para o problema do atraso no andamento
processual estaria menos na imposição de penalidades àqueles que violassem a boa-fé
objetiva do que na melhor estruturação dos órgãos jurisdicionais e na mudança de
comportamento dos cidadão. Afirma ainda que:

8
LUCON, Paulo Henrique dos Santos. XXIX – Abuso do Exercício do Direito de Recorrer. In: JR,
Nelson Nery; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (coords.). Aspectos Polêmicos e atuais dos recursos
cíveis e de outras formas de impugnação às decisões judiciais. São Paulo: RT, 2001. p. 880.
9
BRASIL. LEI nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 14 maio. 2017
Como é natural, para que esse comportamento seja assim direcionado é
preciso que o Estado tenha um efetivo interesse de promover a educação dos
cidadãos, aspecto essencial de toda e qualquer alteração estrutural. Outro
ponto de estrangulamento da atividade jurisdicional, inerente ao Brasil, é a
grande capacidade que tem o Estado de fomentar litígios, por meio de atos
ilegais e, muitas vezes, inconstitucionais.10

Do trecho acima transcrito pode-se aferir que o Estado tem um papel


fundamental em coibir o atraso processual. Dentro desse raciocínio, não é incorreto
concluir que um governo corrupto e desidioso contribui, sobremaneira, para o aumento
excessivo do número de processo e para a descrença de que o Poder judiciário possa
proporcionar um provimento jurisdicional justo e tempestivo.

6 – Abuso do direito processual

O exercício abusivo do direito processual pressupõe que exista um dever


previsto na lei processual. Somente com o seu descumprimento, tem-se por violado
determinado direito.
Os deveres previstos na lei processual decorrem da necessidade de que os
sujeitos envolvidos no processo pratiquem os atos que lhes estão à disposição de acordo
com os fins para os quais foram criados.
O litigante, por exemplo, tem o dever de agir com boa-fé, que consiste em
diversas obrigações, entre as quais pode-se destacar: não sustentar tese que sabe ser
manifestamente inadmissível; não suscitar, conscientemente, fatos contrários à verdade;
comportar-se com lealdade e correção.11
Conforme critério citado por Paulo Lucon12, os deveres processuais gerais,
pois destinados a todos os que participam do processo, são de quatro tipos: dever de
lealdade; dever de prontidão; dever de utilidade; dever de dizer a verdade.
Há ainda os deveres processuais cujos destinatários são sujeitos específicos.
Como exemplo, tem-se o dever de o juiz “determinar todas as medidas indutivas,

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LUCON, Paulo Henrique dos Santos. XXIX – Abuso do Exercício do Direito de Recorrer. In: JR,
Nelson Nery; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (coords.). Aspectos Polêmicos e atuais dos recursos
cíveis e de outras formas de impugnação às decisões judiciais. São Paulo: RT, 2001. p. 881.
11 12
Ibid., p. 882.
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o
cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação
pecuniária;”.13

5 – Abuso do direito de recorrer e litigância de má-fé

A conceituação do que seria abuso no exercício do direito de recorrer não é


uma tarefa fácil. Muitas vezes confunde-se a definição de abuso com os efeitos que
decorrem da prática de atos abusos.
Abusar de um direito, na visão de Paulo Lucon,
weqm praticar atos de emulação, que é uma espécie de abuso do direito processual
concernente à prática de atos inúteis com o fim de prejudicar a outrem. Seria, portanto,
interpor um recurso com o fim diverso do que foi previsto em lei.
O Código de Processo Civil prevê que é considerado litigante de má-fé
aquele que “interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório” em seu art.
80, VII.
Essa norma assemelha-se do art. 80, IV, que prevê ocorrer igualmente
litigância de má-fé quando se “opuser resistência injustificada ao andamento do
processo”. Este artigo, sem qualquer esforço interpretativo, poderia ser utilizado como
fundamento de sanção aos recursos protelatórios. Contudo, preferiu o legislador punir
expressamente o exercício abusivo do direito de recorrer com a pena por litigância de
má-fé.
Paulo Lucon afirma que recurso manifestamente protelatório é aquele no
qual o agente age com dolo ou culpa grave. Isso porque da situação posta em juízo não
se admitiria a interposição do apelo nos moldes em que o fez o litigante de má-fé.14
No direito romano, era considerado litigante de má-fé somente os sujeitos
que possuíam a intenção de praticar o abuso processual. O direito brasileiro, por outro
lado, pune mesmo os atos daqueles que agem com culpa. Pode-se criticar a adoção
dessa postura no fato de que a parte economicamente mais frágil não interponha

13
BRASIL. LEI nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 14 maio. 2017
14
LUCON, Paulo Henrique dos Santos. XXIX – Abuso do Exercício do Direito de Recorrer. In: JR,
Nelson Nery; WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (coords.). Aspectos Polêmicos e atuais dos recursos
cíveis e de outras formas de impugnação às decisões judiciais. São Paulo: RT, 2001. p. 884.
determinado recurso por receio de que ele seja considerado protelatório e, dessa forma,
submeta-se a acordos desfavóreis.
Nessa toada, o autor critica o entendimento jurisprudencial no sentido de
considerar manifestamente protelatório os recursos que alegam matéria preclusa ou que
contrariam posicionamento consolidado pela jurisprudência.
Quanto à preclusão temporal, afirma que o Recorrente muitas vezes não
sabe que o prazo de seu recurso transcorreu antes da interposição. Por isso, cada caso
deve ser analisado de maneira pormenorizada, devendo ser aplicada a pena pela
litigância de má-fé quando as circunstâncias postas em juízo demonstrarem que o
Recorrente agiu com imperícia.
A preclusão lógica, que decorre da incompatibilidade entre o recurso aviado
e ato anteriormente praticado, evidencia de forma mais frequente o exercício abusivo do
direito de recorrer, pois o litigante possuía ciência do ato incompatível com o recurso
que interpôs, pelo que poderia se concluir pela presença de má-fé.
Interpor recurso com fundamentos contrários aos defendidos pela
jurisprudência não traduz, por si, exercício abusivo. É direito do causídico sustentar tese
que vá de encontro à majoritário, conforme lhe assegura o direito fundamento da
liberdade de pensamento.
A abusividade deve ser aferida em casos nos quais a interposição do recurso
evidencie-se intuito meramente emulativo, como no caso em que se interpõe apelo com
fulcro em tese que já foi desconsiderada pelo Superior Tribunal Federal e que gerou
enunciado de súmula vinculante. Ora, o Tribunal já enfrentou a matéria suscitada pelo
Recorrente. Nesse caso, o abuso do direito de recorrer salta aos olhos.
De qualquer forma, averiguar a ocorrência de litigância de má-fé é uma
tarefa casuística, que não pode ser esgotada nas leis processuais, sob pena de ferir
garantias fundamentais das partes parciais do processo.

2. ABUSO DO DIREITO
PROCESSUAL...............................................................................................................10

2.1. Abuso do direito no âmbito


patrimonialista.....................................................................................................................
...10
2.2. . Pontos de intersecção entre a teoria do abuso do direito e o
processo.....................................................................16
2.2.1. Fases metodológicas do processo e finalidade das normas
processuais.......................16
2.2.2. Da boa-fé objetiva como parâmetro para aferição de condutas
abusivas......................20
2.3. Características do abuso do direito
processual................................................................25

2. TEORIA DO ABUSO DO DIREITO PROCESSUAL......................................10


2.1. Abuso do direito no âmbito patrimonialista.....................................................10
2.2. Pontos de intersecção entre a teoria do abuso do direito e o
processo...............................................................................................................16
2.2.1. Fases metodológicas do processo e finalidade das normas
processuais...........................................................................................................16
2.2.2. Da boa-fé objetiva como parâmetro para aferição de condutas processuais
abusivas...........................................................................................................20

2.3. Características do abuso do direito


processual...................................................................................................................................25

Características do auso direito processual............................................25

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