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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU

JORNALISMO

CAMILLA RABELO SERRA

Intolerância Religiosa: Origem e resistência da religião de Matriz


Africana no Recife

Recife
2017

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CAMILLA RABELO SERRA

Intolerância Religiosa: Origem e resistência da religião de Matriz


Africana no Recife

Projeto de Pesquisa apresentado como


requisito à conclusão do curso de graduação
em Jornalismo pelo Centro Universitário
Maurício de Nassau

Professora orientadora :Juliana Romão

RECIFE
2017

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------ 3

1.1 JUSTIFICATIVA ------------------------------------------------------------------------- 5


1.2 OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------------------- 6
1.1.1 Objetivo Geral --------------------------------------------------------------- 6
1.1.2 Objetivos Específicos ------------------------------------------------------- 6

1.3 FORMULAÇÕES DE PROBLEMA ------------------------------------------------ 6


1.4 HIPOTESES ------------------------------------------------------------------------------ 6

2. ORIGEM E RESISTENCIA: DA ÁFRICA AO BRASIL ----------------------- 7


2.1 INTOLERANCIA RELIGIOSA NO BRASIL ---------------------------------- 8
2.2 INTOLERANCIA RELIGIOSA EM PERNAMBUCO ------------------------ 9
2.2.1 INTOLERANCIA RELIGIOSA EM RECIFE -------------------------------- 9
2.3 PAÍS DEMOCRÁTICO E LAICO ----------------------------------------------- 10
2.4 OS ATAQUES NEOPENTECOSTAIS ÀS RELIGIÕES
AFRO-BRASILEIRAS --------------------------------------------------------------------- 11
2.5 O COMPORTAMENTO DA MÍDIA ----------------------------------------------- 13

3. METODOLOGIA ---------------------------------------------------------------------------- 14
3.1 UNIVERSOS DE PESQUISA -------------------------------------------------------- 14
3.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS ---------------- 14
3.3 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DE PRODUTO ------------------------------- 15
3.4 LIMITES E LIMITAÇÕES DE PESQUISA -------------------------------------- 15

4. CRONOGRAMA ------------------------------------------------------------------------------- 16

5. ORÇAMENTO --------------------------------------------------------------------------------- 17
5.1 RECURSOS HUMANOS ----------------------------------------------------------- 17
5.2 RECURSOS MATÉRIAIS --------------------------------------------------------- 17

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA --------------------------------------------------------- 18

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1. INTRODUÇÃO

Em pleno século XXI, ainda nos deparamos com comportamentos


preconceituosos. No Brasil desde sempre sofremos com a intolerância religiosa.
Podemos inclusive dizer que se tornou um aspecto cultural, principalmente contras as
religiões de matriz africana. A criação de um artigo protegendo a liberdade de culto foi
preciso ser feita para resguardar os praticantes dessa crença, ele encontra-se na
Constituição Brasileira de 1988. Diante de um ataque verbal desferido a um praticante
de Candomblé e seguidor de Jurema, Alexandre L’Omi L’Odó no terminal integrado
de Xambá em Olinda, cidade de Pernambuco, feito por evangélicos neopentecostais
me chamou atenção para o assunto. Uma regulamentação do STPP/RMR
(Superintendência de Trânsito e Transporte Público) , Seção III, Das obrigações da
Concessionárias, no artigo 28.XX, proíbe a atividade de comércio dentro dos veículos,
usuários falar em voz alta, tanto para pedir, pregar religiões ou vender coisas, mas essa
regra não tem sido cumprida.
No mês de junho o seguidor da religião de matriz africana passou por um
constrangimento, um homem que estava dentro do coletivo começou a pregar, ele
visivelmente era protestante, em seguida assumiu ser da Assembléia de Deus, e
durante seu discurso de ódio começou a insultar Alexandre e um amigo que o
acompanhava, chegou até mesmo citar o nome do babalorixá do terreiro de Xambá,
Ivo de Xambá, que não se encontrava no local. O caso repercutiu nas redes sociais, nos
noticiários locais e chegou até o MPPE. A partir deste fato comecei a estudar sobre as
religiões de matriz africana, focando no Candomblé, sua origem e resistência, fazendo
a distinção entre ela e a Umbanda, principais religiões africanas praticadas no Brasil, e
ao longo desse estudo outras questões e duvidas me chamaram atenção como, as
perseguições ainda existentes no estado laico, e o por que as pessoas que praticam tais
atos não são punidas devidamente, já que existe lei para isso, e sobre as denominações
de outra religiões dos demais segmentos também serem perseguidas, principalmente
pelos neopentecostais. No livro “Intolerância Religiosa: Impactos do
neopentecostalismo no campo religioso afro brasileiro”, do autor Vagner Gonçalves da
Silva (2007), podemos entender e constatar os acirrados ataques feitos a partir dos
neopetencostais as religiões de matriz afro brasileiras e analisar o crescimento e
expansão desse processo, principalmente pela busca de adeptos de uma mesma origem
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socioeconômica e outros fatores como o forte investimento nos meios de comunicação
de massa. Na obra, o escritor Vagner Gonçalves explica o uso do termo
“neopentecostais” para as igrejas mais recentes e modernizadas que seguem o
movimento pentecostal mais antigo e, no entanto apesar dessa modernidade, são as
que adotam posições mais intolerantes as religiões afro-brasileiras.
O trabalho parte do seguinte problema de pesquisa, porque dentro do Estado
Laico ainda existe perseguição religiosa principalmente pelas religiões de matriz
africana?
Diante dos conteúdos estudados sobre o tema principal do trabalho e as
informações obtidas através de pesquisa, às metodologias usadas para dá continuidade
ao processo de analise do assunto vão utilizar de estudo de campo, entrevistas com
praticantes e autoridades seguidoras da religião, e expertises do conteúdo. Além da
elaboração de uma revista inspirada no modelo mensal da revista superinteressante,
onde aborda diversos temas e abordagens polemicas do mundo em que vivemos, onde
o leitor pode aprender e debater de uma forma mais reflexiva dando sua opinião sobre
o assunto.

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1.1 JUSTIFICATIVA
A intolerância religiosa é um crime que deve ser vencido, onde todo tem que
respeitar ou aprender a respeitar o direito de culto de qualquer cidadão, independente
de sua própria crença, e que nosso país rico em sua miscigenação principalmente pelos
acontecidos em nossas terras nos séculos passados, com a mistura da cultura indígena
já existente por aqui quando os portugueses chegaram e posteriormente com o tráfico
de escravos negros trazidos da África para o Brasil.
A proposta desse estudo é analisar por que o Brasil se considera um Estado
Laico, e apesar deste conceito, o que vivemos na prática do dia a dia não é a
imparcialidade as questões religiosas e sim ataques e perseguições principalmente a
religiões de matriz africana, e além de toda essa dificuldade falar sobre sua origem e
resistência restringindo-me ao Candomblé e Umbanda, religiões de matriz africanas
mais seguidas aqui no país.
Sendo assim, o interesse proposto nesse projeto, parte de toda problemática em
torno da violência acometida aos seguidores de religião afro brasileira, principalmente
pelos neopentecostais e as várias denominações protestantes que crescem
assustadoramente no país. País esse que se considera laico, e que há leis para defender
e proteger os praticantes de qualquer crença. O trabalho é importante porque além de
tratar dessas perseguições ele desmistifica a origem e diferencia o candomblé da
umbanda que tem a mesma proposta mais com rituais diferentes, e fala sobre como
tais doutrinas conseguiram resistir e se condensar ao longo desses quase três séculos.
A escolha desse tema deu-se também pelo fato do mesmo ser um assunto que
faz parte do nosso cotidiano, porém acaba tornando-se anônimo e silenciado pelo
medo e vergonha de exercer tais práticas e até mesmo pela falta de interesse e
relevância do assunto diante de nossas autoridades que deixam passar despercebidas as
agressões cometidas a esta parcela da população.
Outro fato importante é o papel social que isso acaba desenvolvendo dentro da
sociedade, o preconceito e o racismo que se sobressai e exigem uma analise mais
profunda, requer uma atenção voltada para uma educação onde devem existir os
direitos e deveres de cada cidadão em relação ao assunto. Dentro dessas
circunstâncias, esse trabalho se justifica, pois se resume e explica os principais pontos
da intolerância religiosa, servindo de base para outros trabalhos e contribuindo como
apoio de informação para os interessados sobre o assunto.

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1.2 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL

Demonstrar jornalisticamente o motivo das perseguições a praticantes de religião de matriz


africana, especificamente em Recife com exemplos comparados também a outros Estados do
país, e esclarecer e evidenciar sua origem e resistência nos dias atuais, através de reportagens
especiais que serão publicadas na revista SuperInteressante.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Analisar os ataques dos neopentecostais contra os seguidores das religiões afro


brasileiras.
• Estudar a origem e resistência da religião afro brasileira no Estado de Pernambuco.
• Analisar o racismo expresso a religião desvendando os mitos e verdades.

• E comparar às perseguições as religiões de matriz Africana através de produção


jornalísticas humanizando o discurso de quem passa pelo preconceito.

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Qual o impacto da perseguição religiosa principalmente sobre as religiões de


matriz africana pelas igrejas neopentecostais nos dias de hoje? E no que interfere na
sociedade quanto racismo e preconceito? O que, de fato, se ataca nessas “religiões”?

1.3 HIPÓTESES

As novas denominações e integrantes de igrejas protestantes neopentecostais


são as que mais cometem o crime de intolerância religiosa no país, nos depoimentos
onde os registros de denuncias são feitos nas delegacias, maior parte são de praticantes
das novas denominações que tratam de forma mais radical o assunto.

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2. ORIGEM E RESISTENCIA: DA ÁFRICA AO BRASIL

Provenientes das religiões que vieram da África, com essência filosófica e teológica as
chamadas religiões de matriz africanas chegaram ao Brasil trazidas pelos negros que foram
traficados e escravizados pelos portugueses. Tratados como bichos e de forma bastante
agressiva, os crioulos não tinham voz. Uma das opressões sofridas por eles era a proibição ao
culto a suas religiões e crenças. Com o crescimento dos centros urbanos e da grande
população negra, os terreiros que tiveram desenvolvimento no século XVIII aqui no Brasil
passaram a ser instalados longe das grandes cidades, o que os tornavam isolados. Nos dias de
hoje já encontramos terreiros dentro das cidades, na verdade podemos dizer que as cidades
cresceram tanto que chegaram até os terreiros. Os praticantes dessas religiões quando eram
descobertos, eram repreendidos severamente desde o momento de sua partida da África,
muitas vezes os maus tratos eram tantos que chegavam à morte. Nosso país que era dominado
por Portugueses que além de terem chegado aqui por motivos de exploração econômica
acabaram por também explorar nossa cultura que aqui já existia através dos índios. Nessa
exploração cultural o catolicismo acabou por se tornar uma religião obrigatória, ou seja, era
imposto, já que estado e igreja andavam juntos. A partir dessa norma surgiu a intolerância
religiosa, ou seja, se a religião era o catolicismo, qualquer outra religião seria errada. Quando
ha uma conversão obrigatória a uma religião, há intolerância religiosa, há uma ideia de que o
outro professe uma fé que era errada aos olhos dos dominantes daquela época. O sincretismo
teve uma função estratégica, uma vez que perseguição a qualquer elemento e cultura negra era
muito frequente na época do surgimento dos candomblés no Brasil, o que tornou uma forma
de resistência e camuflagem (FERRETI,2013).
Os terreiros foram intensamente perseguidos e proibidos aqui no Brasil mais ou menos
até a década de trinta, do século XX, para resistir às religiões de matriz africana precisou se
misturar as culturas indígenas e europeias, suas práticas eram consideradas como feitiçarias, e
para disfarçar eles começaram a associar seus orixás e deuses aos santos do catolicismo, no
sincretismo religioso. Um exemplo é Iemanjá ser relacionada a Nossa Senhora da Conceição.
Seus cultos são feitos nos chamados terreiros, são celebrados em linguagem africana, com
muita música e canto, dança ao som de atabaques, e variam de acordo com os orixás que estão
sendo cultuados. Há também as oferendas que são oferecidas as entidades como, comidas,
flores, fumo e banhos de cheiro.
Diante dos conteúdos estudados sobre o tema principal do trabalho e as informações
obtidas através de pesquisas, posso dizer que as religiões de matriz africana e os cultos
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prestados aos orixás e deuses nada mais são do que a ligação entre Olorum ou Òrum, que
seria o criador do universo, o Divino Criador, com os seres terrestres e os orixás aqui
responsáveis por cada filho seu (filho de santo). Cada orixá rege sua força, porém não impõe
nada a ninguém, eles apenas mostram o caminho a ser seguido e a partir daí dá a liberdade de
escolha. No Candomblé, por exemplo, uma religião onde a liberdade é dada a cada praticante,
a fé é que move as atitudes guiadas por suas entidades. A falta de informação e conhecimento
sobre a doutrina ritualística e até mesmo a cultura deixada pela colonização aqui no Brasil
com a disputa entre o Cristianismo e o Catolicismo, e não podemos deixar de citar a
descriminalização e a criminalização com os povos negros, e no inicio de tudo escravos,
fizeram com que ainda haja muita perseguição e violência nos dias de hoje contra os povos
adeptos da prática do candomblé. Exemplo disso, e bastante julgado são as oferendas. Muitas
vezes nos deparamos com elas nas esquinas e encruzilhadas, mas muitos não sabem que as
oferendas têm apenas três motivos para serem feitas; Pedir uma coisa que não está bem para
melhorar, manter aquilo que está bom e agradecer, muito diferente e bem distante daquilo que
estamos acostumados a ouvir por ai como “é macumba”, “é oferecido para o mal”, ou até
mesmo quando chegam a atacar de forma agressiva e humilhante seus seguidores. É de suma
importância que a sociedade de uma maneira geral entenda e respeite a escolha de cada um, e
que o sincretismo religioso seja colocado em prática.

2.1 INTOLERANCIA RELIGIOSA NO BRASIL

O Brasil teve 647 casos de intolerância religiosa entre 2011 e 2015, segundo dados da
Secretaria Especial de Direitos Humanos, maior números das denuncias são referentes aos
praticantes das religiões de matriz africana, são praticamente em média uma denúncia a cada
três dias. Os ataque não se restringem só aos seguidores, mas atingem também os terreiros
onde são cultuados, invasões e incêndios e a destruição total, apenas por ódio. Nem os ateus
escapam dos ataques. E não podemos esquecer-nos da agressão moral, a pior delas. Atitudes
ofensivas a crenças e práticas religiosas podem render pena de um a três anos de prisão, que
pode ser agravada se o alvo for uma criança ou um adolescente.
Vamos começar usando o exemplo de intolerância religiosa o tão lembrado e intitulado
como episodio do “chute da santa”, ocorrido em 1995, onde um praticante religioso da igreja
Universal do Reino de Deus, um bispo, por infelicidade investiu contra um símbolo de uma
religião majoritariamente, numérica e culturalmente no país, fez com que a cena se tornasse a

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maior repercussão midiática. O comportamento de vários segmentos da sociedade brasileira
acabou colocando a Igreja Universal do Reino de Deus em mais lençóis. O episódio deixou
clara a necessidade dos adeptos às religiões de matriz africana reagir cada vez mais de forma
organizada, exigindo respeito e direitos, além da aceitação e legitimidade que foi conquistada
e ainda tem sido difícil de se impor dentro da sociedade. Encontramos muitas queixas e
denúncias contra os neopentecostais, eles são considerados os que mais perseguem
religiosamente as religiões de matriz africana. Essa representação social acontece
principalmente e reforça-se pela participação de ex-praticantes de candomblé, umbanda e
outras representações desse universo, dá testemunhos e reproduzir a ideia de disputa aos
terreiros e locais de culto das religiões afro brasileiras nas quais eles já foram seguidores.
Crimes de ódio desse tipo são recorrentes, porém pouco comentados pela mídia. Podemos
dizer que nos últimos anos graças a movimentos negros e culturais, e ainda movimentos dos
próprios praticantes das religiões afros brasileiras têm vindo à tona e repercutindo de uma
maneira até mais aceitável pela sociedade que busca democratização, direitos, respeito e
liberdade.
“Os casos de intolerância, era apenas episódios sem grandes repercussões,
hoje se avolumaram e saíram das esferas das relações cotidianas menos visíveis para
ganhar visibilidade publica, conforme atestam as frequentes noticias de jornais que o
registram em inúmeros pontos do Brasil. Igualmente, a reação a estes casos, antes
era apenas um esboço isolado e tímido de algumas vitimas, agora se faz em termos
de processos criminais levados adiante por pessoas físicas ou instituições publicas,
como ONGs e até mesmo a Promotoria Publica.” (SILVA, VAGNER GONÇALVES
DA, São Paulo, 2007).

2.2 INTOLERANCIA RELIGIOSA EM PERNAMBUCO

Casos de intolerância religiosa no país no ano de 2016 chegaram a 300 denuncias


105% a mais do que no ano de 2015. No Estado de Pernambuco existe um movimento do
povo de terreiro, onde no mês de novembro eles fazem uma caminhada chamada Caminhada
dos Terreiros de Pernambuco. No ano 2017 a caminha chega a sua 11º Edição. Contra o
preconceito, o racismo e a descriminação religiosa quatorze lideranças de fé assume e realiza
o cortejo nas ruas do centro da capital pernambucana. Com o apoio da Prefeitura da cidade do
Recife a caminha abre o mês da consciência negra, fazendo referencia as culturas afros
brasileiras trazidas aqui ao nosso país. Casos de intolerância no nosso Estado também é pauta
do Ministério Publico, onde hoje existe o GT Racismo que tem lutado pelas causas desse
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povo. No mês de setembro de 2017 um caso de violência em Olinda causou espanto, o
acontecimento chegou às páginas dos jornais locais e nos programas jornalísticos locais. O
terreiro Ilê Oguiã Olabomaxó foi invadido durante um culto de candomblé, o espaço que foi
ocupado por quatro homens armados e encapuzados tornaram a festa num verdadeiro show de
horror, imagens foram destruídas, vasos dos rituais sagrados da religião foram quebrados e
eles gritavam que iriam acabar com toda aquela macumba. Caso explicito de intolerância
religiosa. Cenas como essas são comuns a esse povo, muitas vezes os casos passam
despercebidos, a mídia não mostra.

2.2.1 INTOLERÂNCIA RELIGIOSA EM RECIFE

2.3 PAÍS DEMOCRÁTICO E LAICO

Falando sobre intolerância religiosa, podemos dizer que a abordagem legal contra tal
ato ainda pode ser comparada, por exemplo, ás ações contra assédio sexual e moral, quando
assim houver provas objetivas e testemunhais do incidente de tais impertinências. Sendo
assim, a intolerância religiosa passa a ser um agrupado de ideologias e atitudes impróprias e
ofensivas as práticas e crenças religiosas a quem segue ou não seguem nenhuma doutrina. É
considerado crime de ódio e fere a liberdade e dignidade humana imposta na constituição.
Podemos considerar como liberdade religiosa; 1) o direito de ter uma religião e crer
num ser divino. 2) O direito de não ter uma religião e não crer em um ser divino. 3) O direito
à neutralidade religiosa em espaços de uso comum, ou seja, espaços públicos. Além de contar
com os Direitos à Liberdade de Consciência e de Crença e ao Livre Exercício dos Cultos
Religiosos assegurados pela Constituição. O Brasil é considerado um país farto de cultura e de
manifestações de fé religiosas. Segundo Lopes (2004, p.623) o sincretismo é a “combinação,
em um só sistema, de elementos de crenças e práticas culturais de diversas fontes”.
Apesar disso nosso país, constitucionalmente laico, ainda permite e tolera o
desrespeito religioso. A expressão “laico” que quer dizer neutralidade a questões religiosas e
nos remete a ideia de indiferença, permitindo e dando direito a qualquer cidadão proferir sua
fé. Mas infelizmente o que acontece é a separação, e a segregação de vários tipos de doutrina
que acabam gerando conflitos de aceitação. Em relação às religiões de matriz africana, ainda
contamos com o histórico e a carga na qual elas foram fixadas no nosso país, além da

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associação ao mal e a demonização da mesma. Sem esquecer que as atitudes de intolerância
resultam em diferentes modalidades de violência, a física, a verbal e a psicológica.
Como Estado Laico, que deve respeitar inclusive o ateísmo, a intolerância religiosa
começa quando em prédios públicos ostentam o uso de símbolos religiosos, isso passa a negar
a inviolabilidade de crença religiosa. O predomínio do catolicismo no Brasil não a torna como
“religião oficial”, como era considerada nos séculos passados, sem falar em qualquer outra
religião praticada em nosso país, que querem de qualquer forma empurrar sua verdade e
crença.
“(...) O Brasil é um país laico e a liberdade de crença da minoria, que não se
vê representada por qualquer símbolo religioso, deve ser igualmente respeitada pelo
Estado”. (LOREA, Roberto Arriada. O poder judiciário é laico. Folha de São Paulo,
São Paulo, 24 set. 2005. Tendências/Debates, p.03).

2.4 OS ATAQUES NEOPENTECOSTAIS

Nas últimas duas décadas o crescimento dos ataques das igrejas chamadas
neopentecostais contra as religiões de matriz africana tem aumentado consideravelmente. Os
chamados neopentecostais leva esse nome porque são indicados como reformados
pentecostais ou pentecostais modernos pregam a prosperidade, além de afirmar que um cristão
verdadeiro tem que ser exclusivamente fiel a Deus. Dai se inicia o radicalismo religioso. É
evidente o processo histórico em que boa parte do que é gerado pelo negro brasileiro é
desumanizado, nulo ou considerado suspeito, exótico, folclórico, e a ascensão da fala de
alguns neopentecostais que acarreta a visão da religião africana como ligada ao culto ao
demônio, diabo, satanás, rituais satânicos, macumba ou que fazem o mal. O
neopentecostalismo alega que o alcance de sua crença é eliminar a existência e a intervenção
do poder do mal e do demônio no mundo, o que eles chamam de batalha espiritual. Os ataques
dos neopentecostais as religiões afro brasileiras se dá principalmente por conta da crença aos
deuses, exus e as pomba giras, que são vistas por eles como manifestações do demônio.
Segundo Vagner Gonçalves da Silva, em seu livro “Intolerância religiosa. Impactos do
neopentecostalismo no campo religioso afro-brasileiro”, fala que a visão das igrejas
neopentecostais sobre as religiões afro brasileiras é consequência do desenvolvimento do
sistema teológico e doutrinário do pentecostalismo surgido no Brasil no inicio do século XX,
entre os anos de 1950 e 1960.
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Os programas televisivos de algumas religiões chamadas neopentecostais,
principalmente a Igreja Universal do Reino de Deus, a maior representante do fragmento
neopentecostal, que a pretexto de veicularem seu proselitismo religioso (convencimento de
uma pessoa trocar de religião, ou se não possuir uma, aderir a uma crença), acabam
propagando o ódio, a intolerância religiosa e a discriminação contra as religiões afro
brasileiras. Os ataques ao Candomblé e Umbanda reinam como matérias principais nos
programas de televisão e nas revistas dessas igrejas. A maioria dos discursos desses
seguidores do tal neopentecostalismo é que todos os males do mundo se deve ao diabo, e o
diabo acaba sendo por eles associados às religiões afro brasileiras. Além dessas práticas serem
contrárias a constituição, hoje em dia as consequências passaram a ser rigorosas. O Bispo Edir
Macedo, hoje o principal dono da Igreja Universal do Reino de Deus, escreveu um livro de
impugnação aos cultos as religiões de matriz africana, o livro que tem como titulo “Orixás,
Caboclos e Guias. Deuses ou demônios?”, de 1988, teve em média uma vendagem de 3
milhões de exemplares. Foi motivo de processo judicial. No livro o próprio Macedo se diz ex
membro dos cultos afro, além de dar vários testemunhos de ex participantes também da
umbanda e candomblé e que teriam se convertido a Igreja Universal do Reino de Deus. Ele
afirma que os diabos (exus, orixás, deuses) se apoderam dos homens quando esses frequentam
os terreiros.
A investida é principalmente a origem negra africana destas religiões.Acaba se
tornando uma estratégia racista em demonizar as religiões de matriz africana, com isso eles
lançam a ideia de que o grande inimigo a serem combatidos são eles, com isso gera as
agressões nas palavras, os ataques aos templos, a integridade física e a vida dos participantes
dessa religião. O racismo religioso, assim podemos chamar, precisa ser combatido, e é um
trabalho que precisa ser feito não apenas pelas pessoas negras, e sim para toda sociedade que
queira viver num país menos opressor.

2.5 O COMPORTAMENTO DA MÍDIA

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Quando falamos em mídia, estamos generalizando em todos os meios de comunicação.
No caso desse capítulo vamos abordar o comportamento das mídias como televisão, internet,
rádio e impressos, sejam eles jornais ou revistas. A mídias são montadas em concessões
públicas, elas atingem diariamente milhões de pessoas e as manipulam de acordo com suas
verdades e interesses. Os pensamentos das maiores mídias acabam comandando seus
telespectadores, ouvinte e leitores. Não podemos ignorar ou reduzir a presença dos diversos
setores das igrejas católicas e protestantes, que se associaram na compra de poderosas redes
de comunicação com as mais particulares finalidades, que vão desde a "comercialização da
fé” até a difusão do Evangelho. As igrejas neopentecostais são as que mais se utilizam da
mídia, se promovendo com suas propagandas religiosas e suas mensagens apelativas de
diversas maneiras, mas o seu único objetivo é o lucro.
Há alguns anos a TV Record, que possui ao dono da Igreja Universal do Reino de
Deus (IURD), Edir Macedo e que tem vários templos espalhados pelo Brasil e exterior, fez
uma campanha em combate as igrejas de matriz áfrica, diante desse absurdo o Ministério
Publico Federal do Estado de São Paulo reivindicou um programa sob a liderança de negros,
remediando os danos causados a figura da raça negra e da religião que foi lesada em
decorrência da tal “campanha” da IURD. O direito de resposta das religiões de matriz africana
não adiantou de muita coisa.

A internet, que deveria ser o acesso da disseminação das notícias transformadoras, tem
sido emissora de propaganda da violência moral. Pior ainda, o simples ato de ser construir
opinião contrária à dos ofensores ou dos grandes meios de comunicação também acaba
resultando em ameaças, perseguições e agressões. Os dias têm sido bem difíceis, falamos de
democracia, de direitos, mas na prática elas não existem. A mesma coisa tem sido na
televisão, em debates de rodas de amigos, em todos os locais. A religião virou um verdadeiro
supermercado da fé.

Vivemos uma época de um jornalismo reflexivo, quando todos os especialistas da


mídia e mesmo aqueles jornalistas de afastado das redações precisam pensar cuidadosamente
sobre as consequências daquilo que escrevem e das imagens que mostram. O jornalismo tem
seus próprios princípios, que compreendem exatidão, lealdade, humanidade, independência e
transparência e estes podem fornecer um suporte para uma nova era de comunicações públicas
respeitosas.

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3. METODOLOGIA

3.1 UNIVERSO DA PESQUISA

O trabalho cientifico, tem sido feito de forma exploratória, descritiva e explicativa.


Exploratória porque tenho ido em busca de explorar as culturas africanas que trouxe
sua cultura para o Brasil e em busca de seus seguidores, os praticantes das religiões de
matriz africana, explorando e explicando suas origens e resistência. Descritiva por está
descrevendo todos os detalhes da religião, e o que tenho vivenciado no estudo de
campo e as dificuldades e os impactos que a religião vem sofrendo com o radicalismo
do neopentecostalismo. Explicativa pois venho explicando todo esse combate ao
racismo e preconceito, desmistificando os mitos e fatos das religiões afro brasileiras.
Uso nesse estudo e pesquisa fontes primárias, fazendo entrevistas com pessoas de
candomblé, umbanda, pais de santo, estudadores do assunto, promotores do Ministério
Público que hoje tem um trabalho especial para o combate do racismo (GT Racismo),
e fontes secundárias, livros, artigos, notícias e documentários, além das pesquisas de
campo, indo visitar terreiros e vivenciando os cultos religiosos.

3.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS


O trabalho irá se basear de forma qualitativa na medida em que eu irei atrás de
informações precisas e em busca de pesquisas já realizadas anteriormente que sirva de
apoio para novas comprovações a respeito do meu problema de pesquisa. E de forma
quantitativa a medida em que irei atrás de provas que comprovem a quantidade dos
números que impactam nesse aspecto e no âmbito social.

3.3 ESTRUTUTA E COMPOSIÇÃO DO PRODUTO


O trabalho será feito na estrutura da revista superinteressante onde será
composta de quatro grandes reportagens sobre o tema tratado. Será uma edição
especial da revista, sendo usada toda estrutura e composição do produto como
referência.

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3.4 LIMITES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA
O trabalho irá se limitar aos estudos das perseguições religiosas em Recife,
principalmente pelas religiões neopentecostais que são marcadas pelas suas doutrinas
mais radicais, e em busca de respostas do governo do Estado sobre as punições para os
crimes praticados em questão das vitimas a intolerância religiosa.

4. CRONOGRAMA

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O cronograma da pesquisa teve inicio no mês de Agosto do ano de 2017 e terá sua
conclusão no mês de Maio do ano de 2018.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
ATIVIDADES AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI
2017 2017 2017 2017 2017 2018 2018 2018 2018 2018

LEITURA DAS X
REFERÊNCIAS
PAUTAS
X
INTRODUÇÃO X
APURAÇÃO X

CHECAGEM X
CORREÇÃO X
ENTREGA TCC X
I
REDAÇÃO X X X
CORREÇÃO X X X
EDIÇÃO X
GRÁFICA
FECHAMENTO X
DEFESA DO X
TCC

5. ORÇAMENTO
5.1 RECURSOS MATERIAIS

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O trabalho custará em média uns 10 mil reais, pois será feito na modalidade de
revista com reportagens especiais, além do combustível e passagens para o
deslocamento das pesquisas, cópias de matérias e lanche.

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6. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA

BASTIDE, Roger. O Candomblé da Bahia: rito nagô. São Paulo, 2001.


FERRETI, Sérgio. Representando o Sincretismo. São Paulo, 2013.
GOMBERG, Estélio. Hospital de Orixás: Encontros terapêuticos em um terreiro de
Candomblé. 2011.

LOREA, Roberto Arriada. O poder judiciário é laico. Folha de São Paulo, São Paulo, 24 set.
2005. Tendências/Debates, p.03.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo, 2001.
MACEDO, Edir. Orixás, caboclos e guias: deuses ou demônios? Rio de Janeiro, 1988.
SILVA, Vagner Gonçalves. Candomblé e Umbanda: Caminhos da devoção Brasileira. São
Paulo,1994.

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