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FACULDADE DE DIREITO
SÃO PAULO
2016
MARIAN GRZADZIEL FILHO
SÃO PAULO
2016
Grzadziel Filho, Marian.
A guarda compartilhada como remédio para inibir a
síndrome da Alienação Parental / Marian Grzadziel Filho --
2016.
51 f.
Aprovado em
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
Este trabalho tem por objetivo analisar os aspectos da Guarda Compartilhada como
remédio para inibir a Síndrome da Alienação parental. As famílias sofreram várias
transformações ao longo do tempo devido às mudanças ocorridas na nossa
sociedade. As dissoluções conjugais, com o grande aumento de separações,
desquites e divórcio, muitos de forma conflituosa, ocasionaram o estudo de Richard
Alan Gardner, em 1985, propor a teoria da Síndrome da Alienação parental. O
Objetivo é verificarmos se a implantação da Guarda Compartilhada nos moldes
previstos na Lei n°. 13.058 de 22 de dezembro de 2014 será remédio para inibir a
prática da Alienação parental, a qual esta prevista em nosso ordenamento conforme
consta na Lei n°. 12.318 de 26 de agosto de 2010. São, também, formuladas
hipóteses para o caso concreto, sempre amparadas pela literatura da área. Além
apresentar a Guarda Compartilhada como forma de inibir a prática da alienação
parental, possibilitando assim a busca de um remédio que poderá solucionar
problemas familiares.
This work aims to analyze aspects of Shared Guard as a medicine to inhibit the
Parental Alienation Syndrome. Families have undergone various changes over time
due to changes in our society. Marital dissolutions, with the large increase in
separations, desquites and divorce, many confrontational way, led the study of
Richard Alan Gardner in 1985, proposing the syndrome theory of Parental Alienation.
The goal is to verify if the implementation of Joint Guard in the manner provided for in
Law no. 13,058 of December 22, 2014 will be medicine to inhibit the practice of
parental alienation, which is scheduled on our land as stated in Law no. 12,318 of
August 26, 2010. They are also formulated hypotheses for the case, always
supported by the literature. Besides presenting the Shared Guard as a way to inhibit
the practice of parental alienation, thus enabling the search for a medicine that can
solve family problems.
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8
CAPITULO I .............................................................................................................. 10
1. ALIENAÇÃO PARENTAL ......................................... Error! Bookmark not defined.
1.1 Histórico Da Alienação Parental ............................................................. 10
1.2 Conceito Da Alienação Parental.............................................................. 11
1.3 SAP (Síndrome Da Alienação Parental) .................................................. 18
1.4 SAP versus Alienação Parental – Diferenças ........................................ 20
CÁPITULO 2 ............................................................................................................. 23
2. GUARDA DE FILHOS ......................................................................................... 23
2.1 Considerações Gerais.............................................................................. 23
2.2 Definição ................................................................................................... 25
2.3 Os Diversos Modelos De Guarda ............................................................ 27
2.3.1 Guarda Única ou Unilateral............................................................... 27
2.3.2 Guarda Alternada .............................................................................. 28
2.3.3 Guarda Dividida ................................................................................. 31
2.3.4 Guarda de Nidação ou Aninhamento ............................................... 31
2.3.5 Guarda Compartilhada ...................................................................... 32
2.3.6 Guarda Delegada ............................................................................... 34
2.3.7 Guarda Resultante de Decisão Judicial .......................................... 35
2.3.8 Guarda Resultante de Acordo .......................................................... 35
2.3.9 Guarda Resultante de Fato ou Fática .............................................. 36
2.4 Guarda Comum......................................................................................... 37
2.4.1 A Guarda Antes e Depois da Lei 13058 / 2014 ................................ 37
2.5 Aspectos positivos e negativos da Guarda Compartilhada ................. 38
CAPITULO 3 ............................................................................................................. 41
3. GUARDA COMPARTILHADA SOB A ÓTICA DA ALIENAÇÃO PARENTAL ... 41
3.1 A Melhor Divisão do tempo como forma Inibidora da Alienação ......... 43
3.2 A real eficácia da guarda compartilhada no emocional da criança ..... 45
3.3 Convívio dos pais: da teoria à prática .................................................... 46
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 51
8
INTRODUÇÃO
A história da alienação parental tem início com Richard Alan Gardner1, após
ter observado vários casos de desvio de comportamento dos infantes com relação
ao genitor não guardião, em 1985, apresenta sua teoria para esse fenômeno, o qual
chama de Síndrome da Alienação Parental.
Evandro Luiz Silva2 descreve sobre o amor dos pais em relação aos filhos:
1
A Síndrome da Alienação Parental nos casos de Divórcio com filhos. Monografias. Disponivel em:
<http://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/a-sindrome-alienacao-parental-nos-casos-divorcio-
com-filhos.htm>. Acesso em: 9 de abril de 2016.
2SILVA, Evandro Luiz. Guarda Compartilhada - Aspectos Psicológicos e Jurídicos. Porto Alegre:
3PARÁ, OAB. Alienação parental - uma realidade silenciosa. Jusbrasil, 2010. Disponivel em:
<http://oab-pa.jusbrasil.com.br/noticias/2185595/artigo-alienacao-parental-uma-realidade-silenciosa>.
Acesso em: 08 de abril de 2016.
4 LAVIETES, Stuart. Richard Gardner, 72, Dies; Cast Doubt on Abuse Claims. The New York Times,
2011, p. 463
12
discussão crítica do ponto de vista da psicologia. Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF. Juiz
de Fora. 2011.
9 SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda Compartilhada e síndrome de alienação parental, o
que é isso? 2 Revista e Atualizada. ed. Campinas: Armazém do Ipê, 2011, p. 45-48.
10 BRASIL. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art.
circunstancias com vistas a dificultar o vínculo, impedir qualquer tipo de contato com
vistas a romper o relacionamento dos filhos com o alienado.
Normalmente a justiça concede a guarda às mães e, portanto, são as
mulheres que mais praticam a alienação. A parte alienante visa impedir a visitação,
não permitir o acompanhamento estudantil do infante, muitas vezes impedindo a
escola de fornecer qualquer informação, entre outras perversidades, inventa
histórias inverídicas sobre o alienado visando a deixar os filhos com temor na
presença do alienado. Há casos de tamanha crueldade e mesmo tortura implantada
aos infantes, tal como sofrer ameaças de serem abandonadas pela parte alienante,
caso passem a gostar e querer ficar na companhia do alienado.
O art. 3° da Lei 1231811 nos deixa claro quanto à prática da alienação parental
e ao mal que ela traz ao infante, conforme consta em seu texto legal:
11BRASIL. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art.
236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv-
il_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm>. Acesso em: 25 de março de 2016.
12 O que é SAP. Alienação Parental. Disponivel em: <http://www.alienacaoparental.com.br/o-que-e>.
14
BRASIL. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art.
236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv-
il_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm>. Acesso em: 25 de março de 2016.
16
adolescente tem que ser preservada e o juiz deve determinar as medidas protetivas,
ouvindo o Ministério Público. A parte alienada deverá ter seu direito à convivência
restabelecida e até ampliada. Caso se constate a alienação, o alienante poderá
sofrer sanções graves, inclusive com a inversão da guarda que fora estabelecida e a
suspensão da autoridade parental, tal como disposto no art. 6º da Lei 12.318 15,
como aqui fazemos mencionar:
15 BRASIL. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art.
236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm>. Acesso em: 25 de março de 2016.
16 LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. Comentários à lei de alienação parental: lei
nº 12.318/10. Revista Jus Navigandi. Teresina, ano 15, n. 2700, 22 nov. 2010. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/17871>.Acesso em: 25 de março de 2016.
17
17 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família. (Coleção direito civil) v. 6. 13. ed. - São
Paulo: Atlas, 2013, p. 332.
18 RICHARD, A.; GARDNER, M. D. O DSM-IV tem equivalente para o diagnóstico de Síndrome de
20Idem.
19
existisse, mas sim que, com o avanço nos casos de divorcio e separações nos
Estados Unidos da América, verificou-se um numero expressivo de casos ao qual
Gardner nominou de síndrome da Alienação Parental. Portanto, certo é que
anteriormente já existia a alienação parental, mas o seu conhecimento se deu com a
escalada de separações e divórcios21.
Gardner reparou que em determinado momento a própria criança passa a
contribuir na campanha de denegrir o genitor alienado. Assim, o fenômeno da
Síndrome é o resultado da combinação da doutrinação com as contribuições da
criança visando a denegrir a imagem do genitor alienado. Os avaliadores, juristas e
demais profissionais envolvidos nessas disputas encontram resistência ao utilizar o
termo Síndrome de Alienação Parental, tendo em vista que não foi reconhecida por
nenhuma associação profissional ou científica, não ter sido incluída no DSM-IV (da
APA- Associação de Psicólogos Americanos) bem como no CID-10 (da OMS-
Organização Mundial de Saúde) sob alegação da Síndrome de não ter bases
empíricas. Desta forma, os profissionais envolvidos, embora concordem com o
diagnóstico, não utilizam o termo, solicitando que o avaliador utilize apenas
Alienação Parental (AP), bem como outros diagnósticos do DSM- IV. No entanto, é
certo que a Síndrome da Alienação Parental existe, por ser manifestada em diversos
casos, notadamente quando sem motivo aparente, a criança passa a rejeitar o
cônjuge alienado, muitas vezes incluindo a família deste, aonde, sem um motivo
aceitável, vem a criar, distorcer, reproduzir falas de outras pessoas ou exagerar
determinadas situações visando uma justificação para que haja o afastamento.
Os casos mais frequentes da Síndrome da Alienação Parental estão
associados a situações onde a ruptura da vida conjugal gera, em um dos genitores,
uma tendência vingativa muito grande. Quando este não consegue elaborar
adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição,
vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o
filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro22.
Segundo estudos apresentados no site da alienação parental descrevem que:
21
O que é SAP. Alienação Parental. Disponivel em: <http://www.alienacaoparental.com.br/o-que-e>.
Acesso em: 25 de março de 2016.
22O que é SAP. Alienação Parental. Disponivel em: <http://www.alienacaoparental.com.br/o-que-e>. Acesso
em: 25 de março de 2016.
20
23
RICHARD, A.; GARDNER, M. D. O DSM-IV tem equivalente para o diagnóstico de Síndrome de Alienação
Parental (SAP)? Alienação Parental, 2002. Disponivel em: <http://www.alienacaoparental.com.br/textos-sobre-
sap-1/o-dsm-iv-tem-equivalente>. Acesso em: 11 de maio de 2016. Traduzido por Rita Rafaeli.
25DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p. 546
26
DIAS, Maria Berenice. ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS. Maria Berenice.
Disponivel em: <http://www.mariaberenice.com.br/manager/arq/(cod2_500)alienacao_parental_e_su-
as_consequencias.pdf>. Acesso em: 8 de maio de 2016.
22
interesse, para que não venha a sofrer com a separação dos pais. Grisard Filho30
assim disserta:
Waldyr Grisardi Filho31 comenta que a primeira norma a tratar sobre a guarda
de filhos menores está expressa no Decreto 181, de 24 de janeiro de 1890, sendo
seu autor Ruy Barbosa, e no artigo 90 promulga regras sobre o casamento civil, que
assim dispõe:
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. ”
33 “Art. 229 da Constituição Federal: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores,
e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.
25
separação dos genitores, a qual, de acordo com o artigo 1584 poderá ser exercida
de forma compartilhada ou unilateralmente, e ainda, conforme o disposto nos artigos
227 e 229 da Constituição Federal, e é assegurada a criança e ao adolescente o
direito de ter um guardião para protegê-los, na ausência dos genitores e lhes sendo
prestada assistência moral, material e educacional.
No Estatuto da Criança e do Adolescente34 a aplicação, obrigações e deveres
inerentes à guarda estão previstos em seu artigo 33 e seus parágrafos, que dispõe,
entre outras coisas, a respeito da guarda da criança ou adolescente.
A guarda é inseparável do poder familiar e compartilhada pelos genitores
enquanto viverem intimamente como marido e mulher. Deste modo, quando ocorre a
ruptura dessa família, quem perde a guarda não perde o poder familiar, pois este
permanecerá inalterado, mas sim o seu efetivo exercício, que passará a ser do
genitor-guardião, no entanto, o outro genitor tem direitos de convivência com os
infantes garantidos por lei.
2.2 DEFINIÇÃO
dirigir, administrar a vida dos filhos, direitos e deveres esses sempre voltados aos
melhores interesses dos infantes.
Corroboram com o conceito acima os ensinamentos de Silvana Maria
Carbonera36 que assim dispõe sobre guarda de crianças e adolescentes:
Coltro e Mário Luiz Delgado41 “a doutrina atual registra que não há primazia da
mulher, dado o princípio constitucional da isonomia e da igualdade”.
Conforme estabelecido pelo § 1º do art. 1.583 do Código Civil, com redação
concedida pela Lei nº 11.698, de 13 de junho de 2008, entende-se por guarda
unilateral “a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua 42” .
Portanto, a guarda unilateral não confere aos pais o direito de igualdade no âmbito
pessoal, familiar e social, uma vez que, o não detentor da guarda fica sendo um
mero coadjuvante ao longo da vida dos filhos.
Ana Maria Milano Silva43 assevera que:
41DELGADO, Mario; COLTRO, Antônio Carlos Mathias. Guarda compartilhada. 2. ed. rev. e atual.
São Paulo: MÉTODO: 2016, p.56
42GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. v. 6. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.
283.
43 SILVA, Ana Maria Milano. Guarda Compartilhada. São Paulo: Editora de Direito. 2005. p.61.
44 “Artigo 1583 § 2º: Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho,
encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda
compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.
(Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)”
29
Para Antônio Carlos Mathias Coltro e Mário Luiz Delgado45 a guarda alternada
é uma variação da guarda unilateral na qual o pai ou a mãe alternam períodos de
guarda exclusiva. Não se deve confundir com a guarda compartilhada.
Esse modelo importa na possibilidade de cada um dos pais deterem a guarda
de forma alternada, podendo tal divisão de tempo ser ajustada de janeiro a julho os
infantes ficarem com a mãe e o pai ter o direito de visitas e de agosto a dezembro a
guarda fica com o pai e a mãe ter o direito de visitas. Essa periocidade pode ser
anual, mensal, semanal ou ainda qualquer ocasião que tenham acordado. Na fase
determinada a que um dos genitores responsável pela guarda deterá os direitos e
deveres exclusivos sobre a criança ou adolescente e ao seu termino há o seu
revezamento.
É relevante ter o entendimento que não é a vontade dos pais que deve
prosperar, mas sim o bem-estar dos filhos, sendo que o determinante e o que o juiz
terá que avaliar é o melhor interesse para as crianças e os adolescentes.
Os Tribunais de Justiça, em suas decisões, têm resolvido impugnar pedidos
de "guarda alternada", podemos notar estes feitos com a apresentação dos
seguintes acórdãos46:
45 DELGADO, Mario; COLTRO, Antônio Carlos Mathias. Guarda compartilhada. 2. ed. rev. e atual.
São Paulo: MÉTODO. 2016, p.57
46 BONFIM, Paulo Andreatto. Guarda compartilhada x guarda alternada. Revista Jus Navigandi,
Teresina, ano 10, n. 815, 26 set. 2005. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/7335>. Acesso em:
08 de maio de 2016.
30
<http://www12.senado.leg.br/jornal/edicoes/2013/06/11/guarda-dividida-previne-alienacao-parental>.
Acesso em: 08 de maio de 2016
31
Antônio Carlos Mathias Coltro e Mário Luiz Delgado52 comentam em sua obra
que esse modelo de guarda “a vantagem é que a criança não fica mudando de
residência. Como exemplo de janeiro a julho, a mãe mora na residência da criança,
e o pai tem direito de visitas, nos outros meses, de agosto a dezembro, ocorre o
contrário”.
Conforme se pode notar é um formato de guarda longe da nossa realidade,
conforme propriamente comentado no site da Apase53, pois quem tem o domicilio
fixo é o infante e quem alterna no período de convivência são os genitores.
52 DELGADO, Mario; COLTRO, Antônio Carlos Mathias. Guarda compartilhada. 2. ed. rev. e atual.
São Paulo: MÉTODO: 2016, p.58
53 RABELO, Sofia Miranda. Definição de Guarda Compartilha. Associação de Pais e Mães
Teresina, ano 10, n. 815, 26 set. 2005. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/7335>. Acesso em:
08 de maio de 2016.
33
55 BONFIM, Paulo Andreatto. Guarda compartilhada x guarda alternada. Revista Jus Navigandi,
Teresina, ano 10, n. 815, 26 set. 2005. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/7335>. Acesso em:
08 de maio de 2016.
56 MADALENO, Rafael; MADALENO, Rolf. Guarda compartilhada: física e jurídica. São Paulo:
Segundo Ana Maria, a Inglaterra avançou com seu sistema commom law
rompeu com o tradicionalismo das decisões cuja predisposição era a concessão da
guarda única e adotar a guarda compartilhada, com vistas a dividir as
responsabilidades, deveres e obrigações entre os cônjuges.
O professor Eduardo Oliveira Leite58 assim demonstra em sua obra sobre
essa decisão de compartilhar a guarda que os tribunais Ingleses tomaram:
Waldyr Grisard Filho61 ensina que a guarda delegada “é assim exercida pelo
Estado, por quem não tem a representação legal do menor; é a atuação do Estado
através de seus órgãos competentes como os juizados da infância e juventude”.
Quando ocorrer a disputa ou litigio dos genitores sobre a posse dos filhos,
aparece a necessidade da intervenção do Estado visando a garantir ao melhor
58 LEITE, Eduardo Oliveira. Famílias Monoparentais: A Situação Jurídica de Pais e Mães Separados
e dos Filhos na Ruptura da Vida Conjugal. São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 2003.
59 GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro: direito de família. V. I. São Paulo: Saraiva,
2005, p. 257
60 Idem.
61 GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda Compartilhada: um novo modelo de responsabilidade
parental,2. ed. rev. , atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p.107.
35
62 BITTENCOURT, Edgard de Moura. Guarda de Filhos, 3 ed. São Paulo: Livraria Editora
Universitária de Direito LEUD, 1.984. p.16
63 Idem.
64 LEITE, Eduardo de Oliveira. Famílias Monoparentais: a situação jurídica de pais e mães solteiros,
de pais e mães separados e dos filhos na ruptura da vida conjugal. 2 ed. atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003, p.257
36
65 BITTENCOURT, Edgard de Moura. Guarda de Filhos. 3 ed. São Paulo: Livraria Editora
Universitária de Direito LEUD, 1984, p.16
66 Ibidem, 1984, p. 19.
67 GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda Compartilhada: um novo modelo de responsabilidade
parental,2. ed. rev. , atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p.106.
37
que são próprias da guarda desmembrada, tal como a assistência, educação, saúde,
etc. A guarda é desmembrada, mas não é delegada, tendo em vista que não há o
controle e avaliação sobre o guardião ou ao infante.
68 MADALENO, Rafael; MADALENO, Rolf. Guarda compartilhada: física e jurídica . São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p.103
69 COSTA, Luiz Jorge Valente Pontes. Guarda conjunta: em busca do maior interesse do
menor. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2348, 5 dez. 2009. Disponível
em: <https://jus.com.br/artigos/13965>. Acesso em: 13 de maio de 2016.
38
O aspecto positivo aqui demonstrado por Rafael e Rolf Madaleno visa tornar
como regra a ser seguida uma convivência familiar saudável, na qual a família
extensa poderá ter participação e não sendo limitada a períodos de “visitas”
quinzenais. Uma das mudanças fundamentais é exatamente o conviver dos filhos
com os pais, e não ter o pai somente como “visita”.
Conrado Paulino da Rosa ensina71:
Devemos lembrar que na Guarda Unilateral, que vinha sendo aplicada até o
advento da Lei da Guarda Compartilhada, demonstra o desiquilíbrio daquele modelo,
pois era garantido o direito de “visita” de forma quinzenal, retirando o infante no
sábado e devolvendo no domingo. Facilmente detecta-se que não há equilíbrio, não
há harmonia, pois são quatro dias por mês com o cônjuge não guardião contra vinte
e seis garantidos ao guardião.
Entendo que Conrado esta tratando em demonstrar que agora, com a Guarda
Compartilhada, os filhos poderão ter um novo referencial, tem duas casas. Em cada
70 MADALENO, Rafael; MADALENO, Rolf. Guarda compartilhada: física e jurídica. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p.212-213
71 ROSA, Conrado Paulino da. Nova Lei da guarda compartilhada. São Paulo: Saraiva, 2015. p.67
40
uma delas têm suas roupas, cama, brinquedos etc. Passa a ter um local em cada
residência que será seu, e isso não é ruim.
Rafael e Rolf Madaleno72, a respeito do aspecto positivo, relatam:
Ensina Rafael e Rolf, com base nos estudos de Gardner, que os sentimentos
que o genitor não guardião tem de não ser o adequado em cuidar do infante, perde a
autoestima quando havendo litigio se concede a guarda unilateral. Há uma sensação
de perda da criança.
Rafael e Rolf Madaleno73 apresentam os aspectos negativos da guarda
compartilhada dessa forma:
72 MADALENO, Rafael; MADALENO, Rolf. Guarda compartilhada: física e jurídica. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p.212
73 Idem.
74MADALENO, Rafael; MADALENO, Rolf. Guarda compartilhada: física e jurídica. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p.213-214.
41
75
Silva, Denise Maria Perissini da
Guarda compartilhada e síndrome da alienação parental: o qu é isso? / Denise Maria Perissini da Silva – 2 ed.
revista e atualizada- Campinas, SP: Armazém do Ipê, 2011. – (Coleção armazém de bolso). P.54
76 ROSA, Conrado Paulino da. Nova Lei da guarda compartilhada. São Paulo: Saraiva, 2015. p.63-
64
43
77MADALENO, Rafael; MADALENO, Rolf. Guarda compartilhada: física e jurídica. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, p.146.
44
78
DELGADO, Mario; COLTRO, Antônio Carlos Mathias. Guarda compartilhada. 2. ed. rev. e atual. São Paulo:
MÉTODO: 2016, p.127
45
visando o melhor interesse do filho e não ser fonte de conflitos. Caso existam
conflitos e o judiciário venha a ser procurado, o novo Código de Processo Civil
(NCPC), Lei 13.105/2015, prevê uma das formas a ser implantada para solucionar
esses casos será a mediação, Lei 13140/2015. Conforme prevê o artigo 694 do
NCPC, que: “nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a
solução consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais
de outras áreas de conhecimento para a mediação e conciliação”. A mediação
poderá ser efetuada de forma extrajudicial e, sendo assim, o juiz suspenderá o
andamento processual, conforme previsto no parágrafo único do artigo em comento.
.Portanto, cabe aos genitores acompanhar a vida dos filhos, não aliená-los,
bem como não relegá-los ao abandono afetivo.
79 Idem.
80 Ibidem, 2015, p. 215.
46
Para Rafael e Rolf os filhos passarão a ter uma convivência mais equilibrada
com os genitores evitando que o genitor guardião, por estar com a presença mais
constante, seja visto como disciplinador e rígido e o não guardião como aquele que
leva passear e da presente.
81 ROSA, Conrado Paulino da. Nova Lei da guarda compartilhada. São Paulo: Saraiva, 2015. p.66.
47
passando a ter medo de ser abandonado por esse caso venha a dar atenção àquele
que o visita esporadicamente. A dissolução da vida conjugal não deve atingir o dever
dos genitores em procurar zelar e gerir os filhos da melhor forma e contribuir para a
formação deles.
Evandro Luiz Silva82 discorre sobre a importância de ambos os pais na vida
dos filhos:
(...) Pensar que a guarda deva ficar somente com um dos cônjuges,
para que a criança não perca o referencial do lar, é um equívoco. O
referencial a não ser perdido é o dos pais. A criança filha de pais
separados vai adaptar-se à nova vida, criará o vínculo com duas
casas. Permitir à criança o convívio com ambos os pais deixa-a
segura, sem espaço para o medo do abandono. (...)
Evandro Luiz ensina que o convivo dos filhos de forma equilibrada com os
pais separados irá ser benéfico a elas, sentira segura e sem o medo do abandono,
que normalmente ocorre quando a guarda é unilateral e o genitor guardião vem
utilizá-la para atingir ao outro genitor.
82SILVA, Evandro Luiz. Guarda Compartilhada: A importancia de ambos os pais na vida dos filhos.
APASE - Associação de Pais e Mães Separados. Disponivel em: <http://www.apase.org.br/91004-
gc-aimportancia.htm#_ftn1>. Acesso em: 15 de maio de 2016.
83
Silva, Denise Maria Perissini da
Guarda compartilhada e síndrome da alienação parental: o qu é isso? / Denise Maria Perissini da Silva – 2 ed.
revista e atualizada- Campinas, SP: Armazém do Ipê, 2011. – (Coleção armazém de bolso). P.55
48
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIOGRAFIA:
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8. ed. São Paulo: Revistas
dos Tribunais, 2011.
______. Manual de direito das famílias. 10. ed. rev., atual. e ampl. -- São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2015
ROSA, Conrado Paulino da. Nova Lei da guarda compartilhada. São Paulo:
Saraiva, 2015.
SILVA, Ana Maria Milano. Guarda Compartilhada. São Paulo: Editora de Direito.
2005.
RECURSO DIGITAL:
LAVIETES, S. Richard Gardner, 72, Dies; Cast Doubt on Abuse Claims. The New
York Times, 2003. Disponivel em: <http://www.nytimes.com/2003/06/09/nyregion/ri-
chard-gardner-72-dies-cast-doubt-on-abuse-claims.html>. Acesso em: 27 março
2016.
REFERÊNCIAS JURIDICAS:
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