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A POSSIBILIDADE DE SUPERAÇÃO DA HEGEMONIA BURGUESA ATRAVÉS DE

ESTUDOS DE GRAMSCI.
Ramon Rodrigues Ramalho
“A regência (governo/ Regierung) não pode achar solução
alguma, pois é ela mesma o problema.” Rosa Luxemburgo

Lineamentos preliminares

Todo homem é um filósofo. Isto porque “a filosofia está contida: 1) na própria


linguagem, que é um conjunto de noções e de conceitos de determinados e não, simplesmente,
palavras gramaticalmente vazias de conteúdo; 2) no senso comum e no bom senso 3) na religião
popular e, consequentemente, em todo o sistema de crenças, superstições, opiniões, modos de
ver e de agir que se manifestam naquilo que se conhece geralmente por ‘folclore’.” .1
A formação social dos indivíduos funda nestes uma determinada concepção de mundo,
uma cosmovisão, entendimento da totalidade do mundo em geral – Weltanschaung. Esta
cosmovisão, como é dada a concepção de mundo em termos antropológicos, constitui a filosofia
do ser, e seu conteúdo são todas as formas que o homem tem de entender este mundo, assim
como as formas de se apropriar dele. A consciência do homem, por ser um ser social, é, assim,
também conseqüência das relações sociais da coletividade determinada da qual o indivíduo
pertence, sendo, em relação dialética, ela própria uma relação social 2. “Pela própria concepção
de mundo, pertencemos sempre a um determinado grupo, precisamente o de todos os elementos
social que partilham de um mesmo modo de pensar e de agir.” 3
A concepção de mundo, porém, não é algo homogêneo, ou terminado, isto é, livre de
contradições. Ela não se forma advinda apenas de um canal de formação, mas de diversos,
através de formas múltiplas para sua construção. “Gramsci observa que em todo homem está
presente uma consciência imposta pelo ambiente em que ele vive, e para a qual, por tanto,
concorrem influencias diversas e contraditórias” 4
Esta cosmovisão, por sua vez, não é formulada de maneira casual, desinteressada, ou
imparcial. Mas sim há de se perceber que existe uma disparidade na sociedade atual, no seio de
sua composição sócio-econômica-cultural. Percebe-se, claramente, que, na efetividade, não são
todos os homens que juntos se autogovernam, e que existem disparidades materiais entre os
homens dentro da sociedade, levando a diferentes formas de se apropriar do mundo no resultado
da produção da vida social dos homens.
Uma concepção de mundo determinada, formada a partir de certas condições sociais,
que lhe imprime um caráter específico, unificando as pessoas em torno de sua produções e
continuação. As próprias relações sociais estão assentadas na concepção de mundo que rege
homem. Há de se destacar, assim, que a cosmovisão vigente atende a interesses específicos, que
visam, entre outra coisas, a reprodução da ordem vigente, no caso, a ordem do capital. Assim, a
manutenção de um estado de coisas no qual a desigualdade e controle verticalizado, é também
função desta cosmovisão específica.
Há de se perceber, contudo, a existência de mentes ainda não são criticamente
estabelecidas, mas sim “abandonadas a própria espontaneidade” (Gruppi), consciências ainda
não criticamente conscientes de si mesmas, mas que são receptoras das multilaterais formas de
construção duma cosmovisão determinada.
Estas consciências reproduzem o sistema societário que encontraram, uma vez que não
possuem capacidade critica de questionamento de suas raízes, isto é, radical, mesmo que as
condições de sua vida sejam antagônicas com a moral e a ordenação de mundo aceita como
regra.

1
Gramsci. Concepção Dialética da História. Pg11.
2
“Gramsci parte da afirmação de que o homem, pelo simples fato de ser homem, de ter portanto uma
linguagem, de participar do senso comum, de aderir a uma religião, ainda que na forma mais simples e
popular, é filósofo.” Gruppi, L. O conceito de Hegemonia em Gramsci. Pg66.
3
.Gramsci. Concepção Dialética da História. Pg12.
4
Gruppi, L. O conceito de Hegemonia em Gramsci. Pg67.
A pobreza é situação antagônica com a ordem vigente, que produz a desigualdade, mas
não se verifica, em geral, que estas pessoas em desvantagem material se colocam em condição
critica perante a ordem societária, mas sim, que a reproduzem.
Uma vez constatada a existência de consciências subordinadas, abre-se então a questão
da quebra desta subordinação.

Percepção da subordinação a uma hegemonia parcial e a construção de uma hegemonia do


proletário, genérica.

O primeiro passo para que se resolva um problema é entender que ele existe. O primeiro
passo para se quebrar a hegemonia classista, burguesa, que rege e unifica a sociedade atual em
torno de certos interesses, é compreender que tal hegemonia efetivamente se manifesta.
Devemos tomar a sociedade em sua totalidade e enquanto uma totalidade. Percebendo-
se uma unidade de diferentes forças sociais e políticas, e a tendência de conservá-las juntas
através da concepção de mundo traçada e definida. Perceber, assim, enquanto categoria abstrata
cabível, uma vez que designa algo efetivamente verificável, a existência de um Bloco Histórico,
entendido enquanto a totalidade de fatores e agentes que caracterizam um momento histórico; os
arranjos da direção, a regência (Regierung), supremacia e dominância.
Em cada bloco histórico há a presença de uma hegemonia que mantém a coesão social
na heterogeneidade que a compõe. Entende-se hegemonia enquanto um conjunto de crenças e
idéias, de relações sociais e produtivas que conservam a unidade societária, do bloco histórico,
em torno de determinadas diretrizes e lineamentos paradigmaticamente centrais, como a
dominação de um grupo, uma classe, coalizando as condições socais que se apresentam. Jurar
honras ao trabalho e à necessidade de trabalhar, obedecer a ordem e a sociabilização vigente e
exigir o mesmo do outro – levar a diante a produção da vida tal como ela se apresenta
contemporaneamente; eis o trunfo duma hegemonia determinada que está inculcada e faz parte
de cada um de nós. “A hegemonia é isso: capacidade de unificar atrravés da ideologia de
conservar unido um bloco social que não é homogêneo, mas sim marcado por profundas
contradições de classe. Uma classe é hegemônica, dirigente e dominante, até o momento em que
– através de sua ações política, ideológica, cultural – consegue manter articulado um grupo de
forças heterogêneas, consegue impedir que o contraste existente enrte tais forças exploda,
provocando assim uma crise na ideologia dominante que leva à recusa de tal ideologia, fato que
irá coincidir com a crise política das forças no poder.” 5
Faz-se necessário, por fim, após a compreensão da existência de tal hegemonia,
compreender as possibilidades de sua superação, uma vez que as condições sociais que se
encontram atualmente apresentam evidente disparidade social, material, isto é, humanas, entre
os homens. Esta quebra da ideologia dominante é condição sine qua non para a superação da
sociedade baseada no capital, na qual a apropriação do mundo pelo homem se dá através da
propriedade individualizada, particular, cabendo aos desprovidos dos meios para sua realização
material, simplesmente vender sua capacidade de trabalhar, suas faculdades pscicomotoras,
enfim, a sua vida, para a exploração alheia.

Sociedade civil e sociedade política

Pode-se encontrar brechas na sociedade civil, uma vez que é nela que se encontram as
contradições no sistema social vigente, logo, na hegemonia.
Proletários criarem seus próprios intelectuais.
Criar um clima cultural que prepare a nova hegemonia (Anita Schlesener).
“Trata-se, portanto, de elaborar uma concepção nova, que parta do senso comum, mas
para criticá-lo, depurá-lo, unificá-lo elevá-lo, àquilo que Gramsci chama de bom senso, que é
para ele uma visão crítica do mundo.”6

5
Gruppi, L. O conceito de Hegemonia em Gramsci. Pg70.
6
Gruppi, L. O conceito de Hegemonia em Gramsci. Pg69. (grifos meus)
“Não é possível implementar um novo sistema de produção sem que se transforme a
concepção de mundo, os hábitos, os costumes, toda a vida dos trabalhadores e da sociedade em
geral.”7. Transformar a vida dos trabalhadores mesmo que não, num primeiro momento,
materialmente – eles ainda estarão sobre as regras de produção do capital – mas já fazendo-se
indagar sobre esta condição de mundo e construção da vida, levando-o, imediatamente, a pensar
em outras alternativas possíveis; levando-o, por fim, a libertar as suas possibilidades de
pensamento, a quebrar os preceitos que até então lhe pareciam universais e eternos. Primeiro:
esta busca, contudo, nunca se limita a esfera do pensamento apenas. a própria construção
especulativa de uma nova realidade já quer dizer que o indivíduo na prática já não se contenta
com as condições vigentes. Segundo: a busca pela transformação social, a existência de
elementos descontentes em seu seio, já altera a própria sociedade. O advento do comunismo,
inicialmente, de somente pensar o comunismo, foi um dos que mais transformou a sociedade
burguesa.

7
Schlesener, A. H. Hegemonia e Cultura: Gramsci. Pg25.

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