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Imigrante sírio busca refúgio em JF

Desde 2010, a comerciante Mounira Rahme não retorna ao seu país de origem (fotos LEONARDO COSTA)
Pároco da Igreja Melquita, monselhor João Teodoro promoveu rifa para angariar recursos para famílias
sírias Além de água de coco, Anas Abu Faher, vende livros de yoga em São Mateus “Eu trabalhei com os
refugiados no Líbano, distribuindo colchões […]

Por EDUARDO MAIA


06/12/2015 às 07h00

“Eu trabalhei com os refugiados no Líbano, distribuindo


Desde 2010, a comerciante Mounira
colchões e suprimentos, os acolhi, tenho milhares de
Rahme não retorna ao seu país de
histórias para contar. Algumas pessoas que chegaram sem
origem (fotos LEONARDO COSTA)
suas famílias, sem seus filhos. Um deles me disse: saí de
Desde 2010, a comerciante Mounira Rahme não retorna ao seu
dentro de casa e, quando retornei, toda minha família estava país de origem (fotos LEONARDO COSTA)

morta. Outro perdeu


sua mulher. São muitas
Pároco da Igreja Melquita, monselhor João Teodoro promoveu rifa para
histórias, é muito triste.”
angariar recursos para famílias sírias
O relato acima é de
Pároco da Igreja Melquita, monselhor João Teodoro promoveu rifa para angariar recursos para famílias sírias
Anas Abu Faher, 36
anos, refugiado sírio
que vive hoje em uma fazenda em Belmiro Braga, a cerca de Além de água de coco, Anas Abu

30 quilômetros de Juiz de Fora, sobre o período em que Faher, vende livros de yoga em São

viveu no Líbano, acolhendo refugiados de seu país natal. Mateus

Natural de Sweida, no Sudoeste da Síria, próximo da Além de água de coco, Anas Abu Faher, vende livros de yoga em
São Mateus
fronteira com a Jordânia, ele vende cocos na Praça Jarbas
de Lery, no São Mateus, em dias ensolarados, para gerar
renda a fim de se manter no país.

Há aproximadamente um ano morando no Brasil, Anas é um retrato de um povo que há quase quatro anos
sofre com os conflitos entre as forças do regime de Bashar Al-assad e os oposicionistas, entre eles os
rebeldes do Estado Islâmico. Desde 2011, quando se iniciou a revolta, o número de mortos chegou a 240
mil, de acordo com o balanço mais recente, divulgado em agosto pelo Observatório Sírio para os Direitos
Humanos (OSDH). Entre crianças, o número de mortes foi de 12 mil. Com o avanço do Estado Islâmico
sobre o país, que luta para estabelecer um califado, o conflito entre forças governistas e oposicionistas se
intensificou, levando à maior crise de refugiados em território europeu. Em setembro, o tema causou
perplexidade, quando a foto de uma criança de 2 anos morta em uma praia da Turquia ganhou
repercussão, rodando todo o mundo.
Hoje mais seguro em terras brasileiras, tendo já passado por Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP), Anas
também vende livros de yoga e pensa em ter um centro de yoga onde possa ser professor. Entre um cliente
e outro que recebe ao vender cocos, expressa em tímido português, e, às vezes, em inglês, a gratidão pela
generosidade que lhe é atribuída em um ambiente de paz.

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Quando questionado sobre a situação da Síria, os olhos angustiados expressam a dor de um imigrante que
perdeu as esperanças com o futuro de seu país. “Me desculpem, mas a Síria está acabada. Talvez em dez,
20 anos, mas é muito complicado. São muitos grupos e grandes forças envolvidas. Não há espiritualidade.
Todo mundo quer dinheiro, as forças militares protegem suas fronteiras. Não há espiritualidade real, amor e
humanidade. Os americanos dizem “amor, democracia”, mas não pregam isso de verdade. Eles querem
proteger suas fronteiras. Espero que, com meu relato, o mundo inteiro se pareça mais com Juiz de Fora”,
afirma.

Angústia também afeta aqueles que vivem há décadas na


cidade
A angústia também toma imigrantes sírios que vivem em Juiz de Fora há décadas, mas ainda nutrem laços
com sua nação de origem. A presidente do Clube Sírio Libanês de Juiz de Fora, Mounira Haddad Rahme,
de 78 anos, vive há 61 anos na cidade, onde constituiu sua família que já chega à quarta geração. Entre os
familiares que ainda moram na Síria, a proprietária da loja de tecidos Casa Chic, na Rua Marechal Deodoro,
ainda tem duas irmãs e 18 sobrinhos que estão em Yabroud, a 80 quilômetros da capital Damasco.

“Temos que nos unir, sírios e libaneses, com a mesma dor, senão fica impossível de se viver. Você não
imagina como é difícil ligar para a minha irmã, e ela dizer ‘escuta, olha as bombas, olha como estão se
matando’. Os próprios rebeldes que entravam na cidade, entre eles, estavam se matando. Estamos
rezando pela paz. Que Deus ilumine os graúdos para fazer a paz”, diz. Mounira relata que, desde 2010, não
retorna à Síria, onde costumava ir sempre durante os períodos de concórdia. “Antes dessa guerra, era um
país maravilhoso para se viver. Havia a paz. O povo sírio era culto, com escolas de norte a sul, íamos às
festas com muita tranquilidade. Hoje as coisas estão muito difíceis, os produtos muito caros. Agora já são
cinco anos que não vejo meus parentes”, lamenta.

Pároco da Igreja Católica Melquita do Rito Bizantino, o monsenhor João Carlos Teodoro promoveu entre os
fiéis uma rifa para angariar recursos a serem destinados às vítimas do conflito na Síria. Da mobilização,
foram enviados ao bispo de Homs, Hama e Yabroud, dom Abdo Arbach, o total de U$ 7 mil que foram
convertidos na moeda síria. “Nós tivemos uma adesão às pressas. Estive em Roma (Itália) em outubro e
encontrei o nosso patriarca, que se queixou que o Brasil não havia feito nenhuma ação para ajudar o povo
sírio. Como aqui é a igreja dos sírios, dos melquitas, alguém nos sugeriu que fizéssemos essa rifa”, conta.

Dificuldades

Embora a cidade se caracterize pela forte imigração síria e libanesa desde o século XIX, o padre João
Carlos observa que Juiz de Fora tem hoje dificuldade de acolher os refugiados. A maior complicação,
segundo ele, está no fator cultural. “Eles vêm para uma cultura que é totalmente oposta àquela que vivem
lá, mesmo em tempos de paz. A nível de espiritualidade, de fé, se misturam, perdem a questão do próprio
rito, a identidade religiosa. Tudo se move em torno da fé, em torno de uma política atrelada à questão
religiosa. Eles não têm uma concepção de um mundo democrático. Mesmo o lado cristão sempre foi muito
influenciado por uma teocracia muito grande que é essa relação político-religiosa forte no islamismo”,
analisa.

Considerando a situação econômica, Teodoro destaca que a atual condição de trabalho também não tem
sido favorável. “Chegando aqui e encontrando a nossa situação econômica e política nada louvável, sem
empregos, ainda é mais difícil. Embora tenhamos a segurança que eles precisam, infelizmente está mais
difícil oferecer uma segurança econômica.”

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