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Universidade Federal do Paraná

Departamento de Artes
Curso de Artes Visuais
Disciplina História da Arte Geral
Aluno Rennan Negrão de Queiroz

Fichamento de texto -

PESSANHA, José Américo Motta. Humanismo e Pintura in NOVAES Adauto.


Artepensamento. São Paulo. Companhia das Letras. 1994, pág. 19 - 41

Em linhas gerais, o texto de José Pessanha faz uso de comparações e


dualidades que percorrem todo seu discurso com o objetivo de contextualizar o
Renascimento italiano (período que engloba os séculos XIV a XIV), trazer
informações sobre seus antecedentes e discutir o pensamento filosófico como
chave para a nova visão humanista do Homem.

No início do texto, o autor afirma que Medievo e Renascimento são uma


sequência de acontecimentos que se integram e que a ideia estereotipada de
oposição entre os dois momentos é herança do Iluminismo (que utiliza essa
argumentação para corroborar com seus ideais). Sob a ótica filosófica e
humanista, os dois momentos se sobrepõem e um depende do outro para
acontecer. Através das rotas comerciais - com destaque para Veneza e
Inglaterra - e atividade comercial do período, Europa pôde observar o fenômeno
do nascimento de uma nova classe social - a burguesia - e com ela, a
necessidade de questionamentos de uma sociedade estática,
predominantemente feudal e agrária. A Renascença evoca valores clássicos
plasmados nas ideias de Platão e Pitágoras (filosofia e matematicismo) para
contrapor com a filosofia Aristotélica, cristianizada por Tomás de Aquino, que
validava o status quo da época tendo como justificativa o geocentrismo, a terra
como centro do universo e a ideia de “lugar natural”; o que acontece na esfera
supralunar (plano superior) é refletido na esfera sublunar (plano inferior, onde o
homem está localizado). Este pensamento coloca o homem como ser submisso
a Deus e, consequentemente, a igreja católica, como sua representante oficial
na terra, sem poder sobre si mesmo e não protagonista da sua existência.
De acordo com o neoplatonismo - e o desenvolvimento de questionamentos
próprios do homem renascentista - a ideia de filosofia e ciência submetidas a
religião, verdade natural submetida a verdade revelada, é questionada, e a busca
pelo conhecimento através da razão é o objetivo filosófico que justifica o divino
e atribui outro propósito para a existência humana na terra, existência essa que
novamente questiona a permanência hierarquizada da sociedade medieval. Em
suma, o pensamento aristotélico cristão é substituído pela filosofia neoplatônica
e pitagórica. Importante observar que o resgate do ideal greco-romano (e
consequentemente sua simbologia) não estabelecem ruptura com a fé cristã,
muitos pensadores da época eram clérigos que tinham acesso ao conhecimento
e que tentaram articular seus novos ideais não negando Deus, e sim
reposicionando o homem em seu contexto. Giordano Bruno e Campanella são
mencionados pelos avanços humanísticos e científicos que chegaram a
desenvolver. Destaque para a Academia Florentina Neoplatônica, formada em
torno da figura de Marsilio Ficino, e patrocinada por Cosimo de' Medici.

Matematismo e experimentação

Como mencionado anteriormente, a matemática como tecnologia a serviço da


inovação configura um meio tanto para a expansão naval quanto para o
desenvolvimento de ferramentas que possibilitam o nascimento de uma ciência
que se faz através da experimentação e observação. Copérnico e Galileu
reformulam a ideia de organização do universo, e atribuem a sua infinitude o
caráter do divino. Como expoente máximo do Renascimento, Leonardo da Vinci
- além de grande pintor - encarna a figura homem universal e através de seu
estudo científico e observação minuciosa, desenvolve desde armas de guerra
até perfeitas representações naturalistas humanistas. Como ideário filosófico do
Renascimento, pode-se considerar as seguintes premissas:
1. Conhecimento se dá através da observação;
2. Observação, experimentação e matematicismo configuram o pensamento
filosófico do período;
3. A autoridade passa a ser a razão humana e sua natureza é divinizada.

A dignidade do homem

Sob a ótica medieval, o papel do homem era subjugado a Deus e a igreja, a


natureza era considerada o reino da perigosa e tentadora materialidade, e essas
proposições foram reforçadas pelo texto de Inocêncio III (antes de ser papa) “O
desprezo do mundo”.
Segundo os ideais humanistas da Renascença, o homem passa a reconhecer
em si a dignidade através da razão e da busca pelo conhecimento, e a natureza
como força criadora divina. Em sua nova concepção de posição humana na terra,
o Renascimento coloca o homem também como criador através de uma
liberdade divinizadora - o conhecimento - e desprega o homem da submissão da
igreja.

Humanismo e pintura - Botticelli e Michelangelo

Para entender a ruptura formal da arte renascentista, é preciso trazer seus


predecessores medievais Cimabue e Giotto, este último posicionado em um
período de transição. Se antes a representação pictórica colocava a arte a
serviço da igreja, através de uma rigidez formal e construção ideal do corpo como
um receptáculo do espírito e destituído de emoções, agora o homem é instituído
de um poder que resgata o ideal clássico de beleza platônica - filosoficamente
beleza como caminho para o divino - o corpo passa a ter valor pela sua
característica humana, como uma divindade imersa no mundo físico. Na filosofia,
o repertório pagão das culturas greco-romanas convive harmoniosamente com
a fé cristã, e na obra de Botticelli é possível observar a proximidade das figuras
da “Madonna della Melagrana” e de Vênus, em “O nascimento de Vênus”. A
simbologia reforça os ideais filosóficos, onde Maria é representada como mãe
humana, e Vênus representa o renascimento através das águas - como o
batismo cristão. Em “Alegoria da Primavera”, a mesma Vênus (que simboliza a
alma humana) está entre dois mundos, o divino e o terreno, e segundo o
pensamento neoplatônico, deve se voltar para a verdade através da beleza e
assim, alcançar o divino.
Por sua vez, Michelangelo em sua missão de extrair o volume das formas, sejam
pedras ou superfícies planas, constrói na Capela Sistina a narrativa do começo
ao fim da humanidade, transmite a mensagem do ideal renascentista e antecipa
o Maneirismo e o Barroco. Deus é representado como força criadora, com
músculos e vitalidade caracteristicamente humanas; na “Criação de Adão”, o
quase toque é o abismo que separa o homem de Deus, mas que mesmo assim
reforça sua “centelha divina” e faz com que a convivência entre ciência, filosofia
e religião seja harmoniosa e não mais uma relação de submissão. Por todo o
teto da capela é possível ver as figuras dos Ignudos, com o corpo masculino
divinizado e a clara união da iconografia pagã com a cristã. No “Juízo final”, a
síntese do pensamento humanista é representada na figura do redentor Jesus-
Apolo, com ideais clássicos fundidos com o cristianismo e novamente o corpo
masculino como ideal de perfeição.

Poema de Tommaso Campanella, em que sintetiza o homem renascentista e a


angústia da alma humana buscando por liberdade, expressando-se através da
filosofia, retirando todos os véus, por puro amor a verdade, segundo o
pensamento neoplatônico:

Se me libertas, te prometo ensinar de todas as nações ao Deus


libertador, veraz e vivo.
Abater os ídolos, privar de culto a cada deus limitativo, e aos que de
Deus se servem e a Deus não servem.
Lançar, por direito, a sede e o estandarte contra o vício covarde.
Chamar à liberdade a alma serva, humilhar a soberba.
Serão templo o céu, altar as estrelas.
Eu nasci para derrotar os três males extremos: tiranias, sofismas,
hipocrisia.
Assim agora, percebo com quanta harmonia, poder, juízo e amor me
instruiu Têmis.
Estes princípios são certos e supremos da descoberta da Grande
Filosofia, remédio contra a tríplice mentira sob a qual, chorando, oh
mundo, tremes.
Carestia, guerras, pestes, invejas e enganos, injustiça, luxúria, preguiça
e desprezo, todos sob os quais estão três grandes males, que, no cego
amor próprio, digno filho da ignorância, têm raiz e alimento.
Portanto, venho a desvelar a ignorância.

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