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Felipe,
Uma pessoa me perguntou sobre a visão de Grudem sobre profecia. Segue abaixo as
minhas considerações.
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Você já ouviu falar de Wayne Grudem? Eu estava lendo alguns de seus capítulos sobre
profecia. Ele parece ponderado e prático.
Sim, Grudem é um teólogo muito bem conhecido. Em termos de suas crenças nos dons
espirituais, ele é um carismático da Terceira Onda diretamente influenciado por John
Wimber e Jack Deere. Sua tese sobre profecia é uma tentativa de justificar a crença que
o dom continua sem comprometer a finalização e suficiência da Escritura. Ele faz isso
definindo profecia de uma forma que não haja nenhum conflito, de forma que para ele
profecia consiste de pensamentos dados por Deus reportados por palavras meramente
humanas. Isso em contraste à inspiração divina do apóstolo ao escrever a Escritura, a
quem foram dadas as “próprias palavras de Deus”. Assim, tudo depende muito da
validade de sua definição, que profecia é o que ele diz ser – que ela consiste de palavras
meramente humanas, que é falível, mesmo nos exemplos citados pela Bíblia (Agabo?),
etc. Não estou convencido que ele tenha feito isso com sucesso.
Apenas penso que Grudem não estabeleceu que profecia é o que ele diz ser. Muitos dos
seus argumentos são defeituosos. Visto que ele fornece muitos argumentos pequenos,
não posso interagir com todos eles num email.
Mas, por exemplo, ele apela a 1 Tessalonicenses 5.19-21, onde Paulo diz para não
desprezarmos as profecias mas testá-las, e diz que se as profecias fossem as próprias
palavras de Deus, então não as testaríamos, mas aceitaríamos-las alegremente como o
fazemos com a Palavra de Deus.
Contudo, a questão é se algo é a palavra de Deus e como alguém sabe que é. Quando diz
respeito a isso, os bereanos (Tessalonicenses) testaram, não a palavra de Deus como tal,
mas a pregação de Paulo. Eles examinaram a Escritura para ver se o que ele disse era
verdade. Mas isso é a mesma coisa que devemos fazer com a profecia. Dessa forma, o
ponto de Grudem é inteiramente neutralizado.
Caso eu não tenha sido claro, quero dizer que não podemos considerar toda alegação de
profecia como sendo verdadeira e então continuar a partir daí. Se alguém alega ter uma
profecia e então a profecia mostra-se ser errada, então poderia ser que profecia não seja
um relato humano falível de pensamentos divinamente concedidos, mas que nessa
ocorrência simplesmente não aconteceu uma profecia.
Grudem deve nos dizer como distinguir as duas coisas, e então essas ocorrêcias ilustram
seu ponto apenas onde sabemos que a profecia de fato aconteceu e que algo na profecia
mostrou-se ser errado. Isso coloca um problema epistemológico insolúvel para ele?
Além disso, é muito difícil provar seu ponto com um exemplo como o de Agabo. Não
concorda-se que Agabo tenha errado, que Paulo o ignorou, e assim por diante.
Quanto ao meu comentário sobre educação, se as ideias nas profecias são concedidas
por Deus, mas o relato humano depende muito da pessoa, então a qualidade da profecia
sempre dependerá das habilidades naturais do homem. Isso não é impossível, mas
Grudem deveria abordar e provar esse ponto.
Penso que o fato de Grudem estar tentando justificar a visão de profecia da Terceira
Onda também tenha algo a ver com isso. A visão Wimber/Deere/Vineyard de profecia é
que ela acontece com frequência nauseante – e que falha quase tão frequentemente!
Uma forma de explicar isso é fazer como Grudem faz: reconhecer que ainda existem
profecias, mas definir profecia de uma forma que explique o fenômeno. Por outro lado,
eu poderia, provavelmente com maior justificação bíblica e com grande facilidade,
simplesmente dizer que a maioria das profecias no estilo Vineyard não são profecias de
forma alguma (99.99%), mas que a profecia real é melhor, mais forte, segura do que
Grudem faz ela parecer, e que, pelo menos comparado com a visão Vineyard, ela é
muito rara. Essa última parte não é uma refutação da visão de Grudem, mas explica
porque ele poderia preferir sua visão.