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 Promover a “proteção” de riquezas minerais da

Geografia do Amazônia e Amapá Amazônia, como por exemplo, o urânio, da cobiça


estrangeira, haja vista que esse recurso mineral era
Prof.° Rogerio Anderson extremamente cobiçado, na década de 80, no
transcorrer da Guerra Fria (luta ideológica entre Estados
Unidos e extinta União Soviética e baseada em vários
segmentos como a corrida armamentista onde essas
CONTEÚDO potências pretendiam o aumento de seus arsenais de
GEOGRAFIA DO ESPAÇO AMAZÔNICO E AMAPAENSE armas nucleares cuja matéria-prima básica para a
 As novas formas de produção e circulação do espaço fabricação desse tipo de arma é o urânio).
amazônico.  Promover a “proteção” da fronteira amazônica com o
 Os projetos econômicos e suas implicações sociais e intuito de coibir ações de guerrilhas na área.
ambientais.  Fortalecimento da ação dos órgãos governamentais de
 A territorialidade dos povos amazônicos na justiça, polícia federal, receita federal e previdência
organização sócio espacial. social como fatores de inibição da prática de ilícitos,
 O espaço amapaense no cenário regional e nacional. decorrentes da presença insuficiente do Estado, em
função das distâncias e do isolamento.
O QUE É UM GRANDE PROJETO?
• Características gerais dos grandes projetos
→ Caráter de enclaves. O PROJETO SIVAM / SIPAM
→ Inicialmente tiveram participação do capital estatal. O Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) foi
→ Projetos agrominerais. lançado e apresentado em 1992 durante a realização da
→ Vários tipos de impactos ambientais. Conferência Mundial sobre Desenvolvimento e Preservação do
Obs 1: Os Grandes Projetos podem ser definidos pelas Meio Ambiente, a ECO-92, no Rio de Janeiro.
seguintes características: O Projeto SIVAM está sendo composto as seguinte
a) Elevados valores de investimentos, principalmente de capital estrutura tecnológica:
estrangeiro. Os radares fixos e móveis estarão localizados em pontos
b) Proporcionam grande fluxo de mão de obra, seja desqualificada estratégicos por toda a Amazônia e os mesmos serão auxiliados
como qualificada. por aviões equipados com aparelhos de sensoriamento remoto. Os
c) Proporcionam a formação de Company Towns (Cidadelas). radares e os aviões serão capazes de captar informações
d) São considerados verdadeiros enclaves (a infra-estrutura diversificadas relacionadas, por exemplo, com o clima, circulação
encontrada na área de um grande projeto se dissocia da infra- de aviões no espaço aéreo regional, ações ilícitas, entre outras.
estrutura encontrada no restante da região). Após a obtenção dessas informações as mesmas serão enviadas
O PROJETO CALHA NORTE para os Centros Regionais de Vigilância (CRVs), localizados em
Porto Velho, Belém e Manaus. Essas informações serão, por sua
vez, enviadas ao Centro de Coordenação Geral (CCG), localizado
na cidade de Brasília.

Esse projeto foi idealizado na Escola Superior de


Guerra do Brasil e implantado em 1985, durante o Governo de
José Sarney.
O Projeto Calha Norte consistiu numa tentativa de
fortalecimento militar da fronteira amazônica desde o Oiapoque,
no Estado do Amapá (fronteira com a Guiana Francesa) até a
altura de Tabatinga, no Estado do Amazonas (fronteira com a
Colômbia). Esse fortalecimento visava o aumento das forças
militares na linha de fronteira.
Em 1985, o Governo Federal estabeleceu o Programa
Calha Norte (PCN) para atender à necessidade de promover a
ocupação e o desenvolvimento harmônico da Amazônia, em Entre os objetivos do SIVAM, podemos destacar:
concordância com as características da área e com os interesses  Coibir ações ilícitas, como o narcotráfico e o
nacionais. contrabando de ouro e pedras preciosas.
Entre os objetivos do Projeto Calha Norte, podemos  Promover a proteção do espaço aéreo amazônico dando
destacar: maior segurança a viação civil como também
 Promover a “proteção” de grupos indígenas, localizados fortalecendo a soberania desse espaço.
na fronteira amazônica, do conflito com garimpeiros que  Promover um amplo monitoramento ambiental capaz de
adentram de forma clandestina nas reservas, como por identificar áreas em processo de desmatamento, focos
exemplo, na reserva Ianomami, na busca do ouro de de queimadas e até áreas que estejam sendo afetadas
aluvião.

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pela utilização do mercúrio durante a prática da  Perda de importância de cidades localizadas
garimpagem. exclusivamente às margens das vias fluviais.
 Promover um amplo e detalhado estudo sobre a  Surgimento e crescimento de cidades ao longo das
climatologia amazônica e as mudanças climáticas que as rodovias.
transformações ambientais, na região, podem ocasionar  Surgimento de centros urbanos regionais em
à nível local e mundial. entrepostos de rios e rodovias.
 Promover um estudo mais detalhado da potencialidade  Redefinição e maior complexidade da rede urbana
econômica do solo e subsolo amazônico. amazônica.
 Promover um amplo estudo da potencialidade  Transferência do fluxo de pessoas, mercadoria e capitais
econômica da biodiversidade amazônica e ajudando a em direção as vias rodoviárias.
formar estratégias para melhor preservar essa  Maior integração da região ao Nordeste e Centro-Sul do
biodiversidade. Brasil.
 Implantar um levantamento capaz de identificar as  Maior fluxo migratório em direção a região amazônica.
tribos indígenas dentro do espaço amazônico e segundo  Implementação de colonização dirigida ao longo das
os responsáveis por esse projeto, inseri-los a sociedade rodovias.
nacional.  Valorização das terras ao longo das rodovias.
 Expansão da fronteira agrícola em direção a Amazônia.
 Intensificação do desmatamento ao longo das rodovias.

OS GRANDES PROJETOS E OBRAS DE INFRA


ESTRUTURA

USINA HIDRELÉTRICA DE TUCURUÍ – IMPACTOS


SÓCIO AMBIENTAIS

Essa hidrelétrica foi construída no rio Tocantins e se


constitui na grande obra de infra-estrutura de produção de energia
para atender aos principais projetos minerais implantados na PRINCIPAIS CAUSAS DO DESMATAMENTO
Amazônia Oriental.  Extração da madeira para fins comerciais.
Embora seja uma obra necessária para viabilizar o  Implantação de projetos agropecuários.
funcionamento de determinados projetos, a construção da  Implantação de projetos de mineração.
hidrelétrica de Tucuruí proporcionou a geração de sérios impactos  Construção de usinas hidrelétricas.
sócio-ambientais e político-administrativos, com destaque para:  Abertura de rodovias e construção de outras obras de
 O represamento do rio Tocantins obstruiu a infra-estrutura.
navegabilidade na totalidade de seu curso. 
 O represamento do rio proporcionou a formação de um PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS DO DESMATAMENTO
lago que ocasionou a inundação de uma extensa área  Destruição da biodiversidade.
adjacente comprometendo a vida da população  Genocídio e etnocídio de nações indígenas.
ribeirinha que sofreu um remanejamento, como também  Erosão e empobrecimento dos solos (Lixiviação e
perdeu suas áreas de várzea onde praticavam uma Laterização).
agricultura de subsistência (conflito de territorialidade e  Assoreamento dos rios.
desterritorialidade).  Diminuição dos índices pluviométricos.
 O represamento também provocou dificuldades para a  Elevação da temperatura.
efetivação do fenômeno da piracema (reprodução de  Desertificação.
peixes). Proliferação de doenças e pragas.
 Com a barragem ocorreu a redução da velocidade da
água, diminuído a produção de oxigênio nas águas e ARCO DO DESMATAMENTO OU DO DESENVOLVIMENTO
conseqüentemente dificuldades para a reprodução das SUSTENTÁVEL?
espécies animais e vegetais do rio ou até mesmo a
morte quase imediata dessas espécies tudo em função
do alto grau de poluição das águas devido à
decomposição da vegetação que ficou submersa pelas
águas.
 O desaparecimento de algumas áreas que foram
inundadas pela barragem.
 Surgimento de novos núcleos urbanos as proximidades
da hidrelétrica.

O que significa Unidade de Conservação?

ALTERAÇÕES NO ESPAÇO AMAZÔNICO PÓS RODOVIAS  Áreas delimitadas do território nacional que contém
CARACTERÍSTICAS DO ESPAÇO AMAZÔNICO A PARTIR DA recursos naturais de importância ecológica ou ambiental
MAIOR IMPORTÂNCIA DAS RODOVIAS e, por isso, são especialmente protegidas por lei. A
partir de então, são observadas suas características
naturais e estabelecidos os principais objetivos de

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conservação e o grau de restrição à intervenção criação de gado, e a extração mineral para a extração de caulim
humana. Além das terras indígenas, atualmente, o Brasil e bauxita. A parte referente ao projeto florestal para a
possui várias categorias de unidade de conservação, produção de celulose apresentou a necessidade de reflorestamento.
definidas pelo Sistema Nacional de Unidade de O projeto de exploração mineral estava voltado para a extração de
Conservação. caulim, no morro do Felipe (AP) pela Caulim Amazônia LTDA -
CADAM. 0 projeto de rizicultura estava voltado para a Implantação
em São Raimundo (PA), nas terras baixas próximo ao rio
Amazonas. O projeto referente à criação de bovinos e búfalos
CONTRADIÇÕES SÓCIO - ECONÔMICAS DOS estava voltado para a produção de carne, destinada a exportação.
ANTIGOS E NOVOS PROJETOS MINERAIS NA O problema crucial do projeto de reflorestamento
AMAZÔNIA consistia na derrubada da mata nativa para cultivo de milhões de
Exploração de manganês em Serra do Navio árvores de pinus caribe e gmelina arbórea. Tal substituição
consiste na derrubada das árvores de madeiras de fel, fazendo
queimadas, além de causar processos de degradação ao solo e
Nas décadas de 1940/1950 o Amapá foi projetado como um
destruição da biodiversidade local. Todos esses fatores conjugados
território promissor para mineração quando houve a descoberta de jazidas
fizeram Daniel Ludwig desistir do projeto, transferindo para o
de manganês na região de Serra do Navio, que levou a instalação do
Grupo CAEMI a responsabilidade da gestão. Na tentativa de cobrir
primeiro empreendimento mineral de grande porte na Amazônia,
as dívidas, o Governo Federal “torrou” mais de 20 milhões de
dando início a uma nova fase de ocupação e desenvolvimento desta
dólares (dinheiro público) no meio da floresta.
região, sendo transferido c direito de exploração ao Governo Federal.
Existe um projeto da construção de uma hidrelétrica no
Governo Federal cedeu à empresa nacional ICOMI (Indústria
rio Jarí objetivando o fornecimento de energia para a usina de
de Comércio e Minérios S.A.) o direito de explorar o minério a contar
beneficiamento de celulose, em face do aumento da produção.
do ano de 1943 até o ano de 2003.
Outro projeto corno a produção de arroz e criação de suínos não
receberam mais investimentos e as criações bovina e bubalina
recebem apenas investimentos para o mercado interno.
Com relação a esse projeto se pode chegar a algumas
conclusões: este foi mais um megaprojeto objetivando o
desenvolvimento da Amazônia e que acabou projetando mais uma
exploração insustentável para a região trazendo prejuízos tanto
para a sociedade como para o meio ambiente, pois além de ter
proporcionado malefícios O ecologia, foi também responsável pelo
processo de ocupação desordenada, principalmente no Amapá,
com formação de núcleos urbanos com mínimo de Infra-estrutura
para a qualidade de vida da população local.
Os empreendimentos e os pesados investimentos como a
construção da vila de Serra do Navio, o porto de escoamento aos
mercados Internacionais e a construção de uma ferrovia, fez core
O PROJETO TROMBETAS
que a ICOMI, em 1949, se associasse a norteamericana Bethlehem
Apesar do Projeto Trombetas ter sido implantado em
Steel no projeto de exploração do minério.
1971, somente em junho de 1974, com o ingresso da Companhia
Desmembrado de Macapá, em 1992 é criado o município
Vale do Rio Doce – CVRD e Grupo Votorantim, associados com a
de Serra do Navio e a exploração do manganês se constituía como
Alcan
a principal fonte de renda e atração de divisas para a cidade.
Empreendimentos S/A (detentora dos direitos de lavra na área) e
Apesar de ter a concessão de exploração do minério até 2003, a
outras empresas estrangeiras é que o Projeto decolou
empresa se retira do Estado em 1997, deixando para trás um
decisivamente para transformar o Brasil no 3.º maior produtor
saldo negativo corno o desemprego, incerteza econômica do
mundial de bauxita. As atividades de lavra foram iniciadas em abril
município, além de graves problemas ecológicos e ambientais para
de 1979 e em agosto foi realizado o primeiro embarque de minério
a região. A promessa de desenvolvimento econômico para o
para o Canadá.
Amapá ficou apenas no papel, ao passo que a população local não
As operações da MRN (Mineradora Rio do Norte) em
teve benefícios significativos. Mais uma vez é a lógica de explorar
Porto Trombetas consistem na extração, beneficiamento,
a riqueza de urna determinada região de forma insustentável,
transporte ferroviário (desde 1978), secagem e embarque em
deixando a pobreza como herança. É a manobra capitalista.
navios com capacidade de até 55.000 toneladas. As reservas de
Bauxita da MRN totalizam, aproximadamente, 600 milhões de
toneladas. A capacidade inicial de produção foi de 3,35 milhões de
toneladas por ano, porém, essa capacidade de produção
expandiu-se ao longo dos primeiros anos de operação, em função
do aumento da demanda do mercado e da grande aceitação pelas
refinarias de todo o mundo.
Dentre os impactos ambientais causados pelo Projeto Trombetas,
destacam-se:
Projeto Jarí
• Perecimento de parte da vegetação do igapó;
• Alteração na dinâmica de nutrientes;
• Alteração da estrutura de várias comunidades aquáticas,
destacando-se: fitoplanctônica, zooplantônica e, em especial, a
bentônica e a de peixes;
• Emissão de partículas sólidas na atmosfera, tingindo de
vermelho tanto as vilas e instalações industriais como as matas
circunvizinhas.]

COMPLEXO ALBRAS-ALUNORTE
A alumina é matéria-prima básica para a produção
Implantado entre 1971 a 1982 pelo empresário norte- industrial do alumínio. É obtida a partir do beneficiamento da
americano Daniel K. Ludwig, esse projeto teve a proteção dos bauxita, minério abundante no Estado do Pará, notadamente na
governos militares, ocupando uma área de aproximadamente 1,5 região do Rio Trombetas, no noroeste do Estado. Localizada
milhões de hectares á margem esquerda do rio Amazonas em próxima à ALBRAS, a fábrica da ALUNORTE utiliza somente a
terras do Para e Amapá. A par dos processos que envolvem os bauxita paraense, completando o ciclo de produção do alumínio
grandes grupos capitalistas em nosso país, o Projeto Jarí foi paraense.
concebido como um projeto florestal para a produção de celulose, A bauxita produzida pela Mineração Rio do Norte é
um projeto agropecuário para a produção de arroz e transportada por 1.000 km ao longo dos rios Trombetas e

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Amazonas e desembarcada no porto de Vila do Conde, de onde é mediante projetos de desenvolvimento alternativos, que se
conduzida à Alunorte, para o refino, sendo dela extraída a articulam através de instituições e ONGs a redes transnacionais e
alumina. Esta alumina abastece a ALBRAS (900 mil toneladas/ano) desenvolvem novas territorialidades pautadas por critérios
e é também exportada para outras indústrias de alumínio, no ecológicos.
Brasil e no exterior. Os processos de diferentes escalas configuram os
O negócio da Albras é a produção de alumínio primário, elementos que transformam o território amazônico. As grandes
na forma de lingotes. mudanças acontecidas na região mais recentemente são
constatadas na estrutura da economia, no processo de
VALE DE COBRE NOS CAMINHOS DE CANAÃ urbanização, na transformação da estrutura da sociedade regional
e na implantação de territorialidades sócio-ambientais como
CANAÃ DOS CARAJÁS (PA) – Maior mineradora de ferro do Unidades de Conservação e Territórios Indígenas.
mundo a Companhia Vale do Rio Doce iniciou em julho, um novo Na perspectiva da autora, a orientação da nova
ciclo em sua história: ao inaugurar o Projeto Sossego, para a geopolítica mundial, com base em recursos providos pelas novas
produção de 400 mil toneladas de concentrado de cobre – ou 140 redes informacionais e financeiras, não dissolve o espaço
mil toneladas anuais de cobre em concentrado - no município de geográfico, mas dá uma nova significação à riqueza nele inserida
Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, a empresa abre caminho in situ. Assim, os recursos naturais adquirem novos valores,
para, até o final da década, ingressar no seleto clube dos 10 principalmente a biodiversidade, segundo as possibilidades da
maiores produtores mundiais de cobre. Com o Projeto Sossego, biotecnologia e das novas exigências dos 'negócios ambientais'
um gigante encravado na floresta tropical amazônica na região de envolvendo o ar, a água e os recursos convencionalmente
influência da Província Mineral de Carajás, uma das maiores do explorados, como a madeira e o ecoturismo. Estas novas
planeta, a Vale do Rio Doce transforma o Brasil de importador em potencialidades devem estar no cerne de uma política de
exportador de cobre. O concentrado de cobre produzido no desenvolvimento para a região.
projeto será transportado em caminhões até a vizinha cidade de Se a revalorização da região, dados os novos vetores
Parauapebas, onde o minério é transferido para os trens de carga tecnológicos, a coloca num patamar geopolítico diferente, a sua
que o levarão até o pier II do porto de Ponta da Madeira, em São importância regional – no contexto sul-americano – deve ser
Luís, reequacionada e o seu papel na integração subcontinental deve
Maranhão, por onde será exportado. ser reconhecido. Neste sentido, ganha enorme importância a
pesquisa empírica realizada por Bertha Becker sobre a faixa de
fronteira, isto é, sobre os territórios que se estendem por mais de
dez mil quilômetros de extensão e 150 de largura, ao longo dos
países limítrofes na região. Ela revela o estado das relações, dos
AMAZÔNIA: NOVAS DINÂMICAS fluxos e das redes, bem como as fragilidades e vulnerabilidades
TERRITORIALIDADES nos e entre os diferentes segmentos desta faixa.
Gloria Maria Vargas Se no capítulo 2 a autora mostra como a globalização
Pesquisadora Associada do Centro de Desenvolvimento influencia os conteúdos dados à região, nos três capítulos
Sustentável/CDS – Universidade de Brasília SAS Quadra 05 Bloco seguintes ela se concentra no papel e lugar da região no contexto
H, 2º andar 70070-914 Brasília – DF – Brasil yoya@unb.br nacional, e nas suas principais transformações.
O primeiro comentário a fazer sobre esse novo livro da O padrão de ocupação do espaço descrito nesse capítulo
geógrafa Bertha Becker, professora emérita da Universidade nos leva a compreender a lógica dos projetos de desenvolvimento,
Federal do Rio de Janeiro, é que se trata de uma publicação bem como a implantação da malha ambiental. Esse padrão é
bastante esperada, principalmente por aqueles que trabalham o utilizado para sustentar a hipótese central do livro, que é a de que
tema amazônico. O amplo conhecimento da temática por parte da existe um 'arco de povoamento', formado pelo adensamento das
autora, balizado em décadas de trabalho teórico e empírico na estradas numa faixa que une o leste do Pará a Rondônia,
região, está sedimentado nesse livro que, embora não pretenda passando por partes do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso na
ser um tratado exaustivo, é uma síntese séria e refletida sobre as borda da floresta, faixa na qual se localiza o cerne da economia
mudanças mais relevantes da região amazônica brasileira, tendo regional. Designada reiteradamente como 'Arco do
como núcleo de referência as transformações sofridas nas suas Desmatamento', do 'Fogo' ou de 'Terras Degradadas', essa parte
dinâmicas espaciais nas décadas mais recentes. da região ganha uma nova caracterização no livro de Bertha
O subtítulo "Geopolítica na virada do milênio" anuncia o Becker, como uma área de povoamento consolidado e como parte
fio condutor da narrativa que, conforme explica a autora na de uma nova geo-economia em processo de consolidação, com
introdução, pretende trazer uma contribuição do ponto de vista da atividades mais eficientes e rentáveis, representadas na
geografia política ao conhecimento dos processos transformadores agricultura e na pecuária tecnificadas e mais produtivas. A
da Amazônia brasileira. Para esse fim, Bertha Becker nos proposta da autora é olhar para essa área, não como o resultado
apresenta uma análise direta e firme da dinâmica regional, do processo de desmatamento, que ela afirma ter outra lógica e
levando em consideração a participação de atores e processos em responder a outra escala, mas como área na qual é possível
diferentes escalas geográficas. concretizar as políticas de desenvolvimento, levando em conta os
A sua idéia central é de que a Amazônia não pode mais novos vetores tecnoecológicos, e de recuperação ambiental.
ser caracterizada como uma região de fronteira, desde a Isso significaria que a região não é mais a grande
perspectiva do desenvolvimento regional, senão como fronteira de fronteira de expansão territorial, demográfica e econômica
capital natural, não somente em nível nacional, mas também nacional. O processo de urbanização e industrialização sofrido na
global. Esta nova condição estaria sendo comandada pelo vetor região, mesmo à custa dos problemas sociais e ambientais
tecno-ecológico, que atribui um novo significado à região. Na concomitantes, seguiu um padrão linear que incentivou a
formação desse novo cenário regional, três fatores fundamentais formação de eixos de infra-estrutura ao redor dos quais
são identificados: a dinâmica regional da década de 1990, o concentraram-se os investimentos públicos e privados e,
impacto das políticas de planejamento da União desde essa época, portanto, os núcleos urbanos.
e as transformações globais desencadeadas pelas novas Esse padrão revela também as tendências da pressão
tecnologias de produção e gestão e pelas redes de informação, sobre o meio ambiente e dos conflitos sociais, entre estes os
que influenciam os cenários políticos, financeiros e de comércio, fundiários. Nesta perspectiva, o desmatamento que ocorre em
mas que também dão um novo conteúdo à geopolítica, agora áreas consolidadas da região de fronteira reflete mais a expansão
enfatizando mais o uso do território do que a sua conquista. das atividades agrícolas e pecuárias já em curso, em processo de
No primeiro capítulo é feita uma revisão histórica da consolidação capitalista, do que a ocupação e incorporação das
formação da região até a virada para o século XX. Esse percurso áreas de fronteira por atividades extensivas, como antes. O arco
nos ajuda a compreender por que a região tem sido objeto de produtivo ou de povoamento apresenta assim características que o
visões conflitantes e opostas, cuja síntese pode ser identificada na diferenciam de uma região típica de fronteira aberta, sendo mais
polarização existente entre a perspectiva desenvolvimentista, de bem identificado como um espaço cuja fronteira agropecuária está
um lado, e a conservacionista, de outro, sendo esta última produto em processo de consolidação.
do chamado vetor tecno-ecológico e fruto do desenvolvimento As atividades agropecuárias são consideradas vetores
ambientalista nacional e internacional. Este vetor se expressa modernizadores e, segundo a autora, se articulam com o processo

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de urbanização, induzido pela própria mecanização do campo. ordenamento do território, nos quais se compatibilize a expansão
Portanto, a elevada concentração fundiária e a baixa densidade da infraestrutura com o uso sustentável dos recursos naturais e o
demográfica já não seriam fatores favoráveis para a expansão das bem-estar das populações, superando o conflito entre as
atividades produtivas, que estariam considerando mais a demandas nacionais e os direitos da população regional.
intensificação tecnológica como variável de produtividade. A Levando isso em consideração, o livro propõe uma
mudança tecnológica estaria induzindo uma mudança fundamental estratégia fundamentada em três propostas que visam à utilização
na lógica de apropriação e uso da terra. dos recursos da biodiversidade: uma revolução tecnológica, a
A atividade agropecuária e a sua expansão modernizada resolução da questão fundiária e o reconhecimento da diversidade
comandam os outros processos, entre os quais o crescimento da regional. Esta estratégia deverá orientar as ações especificas e
indústria e dos serviços e a própria dinâmica demográfica. Neste diferenciadas, pois daí provém sua proposta de regionalização do
sentido, a expansão da agropecuária é a ponta de lança para a território amazônico como estratégia de desenvolvimento.
urbanização que, com a constituição da hierarquia dos centros A proposta de regionalização, último capítulo do livro, diferencia
urbanos de diferentes ordens e prioridades, consolida, no 'arco', três macro-regiões caracterizadas segundo as suas tendências
uma dinâmica regional conectada ao resto do território nacional. A demográficas, as alterações no padrão de uso da terra e dos
fronteira agropecuária aberta persistiria apenas em frentes centros dinâmicos de economia, e a proteção ambiental:
localizadas, comandadas por uma dinâmica mais regional do que
nacional. Produção de ferro-gusa
Concomitantemente ao processo de consolidação do Esse deslocamento começou no final da década de 80,
arco de povoamento, nos grandes espaços entre os eixos descritos como parte do extinto projeto Grande Carajás. Antes, a produção
no capítulo 3 vêm se consolidando novos recortes territoriais se concentrava exclusivamente no Sudeste do Brasil. Um dos
representados pelas áreas protegidas, tanto de Terras Indígenas elementos do projeto foi incentivar a construção de guseiras e
quanto de Unidades de Conservação, para fins de preservação e todas estão à margem da estrada de ferro Carajás [que liga o
desenvolvimento sustentável. Da mesma forma, vem crescendo o interior do Pará ao porto de São Luís, no Maranhão]. O fácil
número de municípios. Essas territorialidades são expressões de acesso à biomassa vegetal [madeira] barata e abundante, além do
novos atores que, diante das novas tendências da governança acesso ao minério de ferro de alta qualidade, também
ambiental global, adquirem um novo status que valoriza os influenciaram. Inicialmente, houve incentivos fiscais para as
processos sociais, já não só da instância governamental para empresas se mudarem e hoje existe o FNO [Fundo Constitucional
baixo, mas da população e das comunidades para cima. Também de Financiamento do Norte], que dá financiamento público. Elas se
se verifica o adensamento dos 'Projetos Demonstrativos', projetos aproveitam da logística oriunda do projeto Grande Carajás e a
de pequenos produtores que estão indicando uma mudança das produção fica mais barata do que no Sudeste. Hoje, 80% do ferro-
correlações territoriais, ao formar, em alguns casos, verdadeiros gusa da região é exportado para o EUA. Para se ter uma idéia, em
pólos regionais de imenso potencial, que mostram o extremo 2005, foram 3.098 mil toneladas e a projeção para 2006 é de que
dinamismo dos diferentes segmentos sociais na busca do serão exportadas 3.540 mil.
desenvolvimento da região. WWW.reportebrasil.org.br
Desta forma, recondiciona-se o território com novas
competências tributárias e ambientais, não sem o ajuste GEOGRAFIA DO AMAPÁ
necessário entre essas frentes de manifestação do poder sobre o
espaço. Resulta disto uma verdadeira concorrência pelo espaço
por parte dos municípios e das Unidades de Conservação (UCs) e
Terras Indígenas. Trata-se da apropriação política do espaço
amazônico, cujas novas funções explicitam o confronto de
interesses, apesar da sua baixa densidade populacional.
No capítulo 5 a autora descreve e confronta os modelos
de desenvolvimento propostos para a região, caracterizados como
'endógeno' e 'exógeno' – ou 'conservacionista' e
desenvolvimentista' –, respectivamente, que são conflitantes entre
si e que refletem interesses econômicos e políticos diversos. Se o
primeiro favorece o meio ambiente e as populações locais, o
exógeno favorece a infraestrutura e está associado ao vetor tecno-
industrial com o propósito de intensificar a fluidez do território.
O modelo endógeno seria a combinação de iniciativas
locais e parcerias com atores externos, sem os quais os projetos
conservacionistas não teriam sobrevivido. Só que as redes OBS: No mapa acima existe um erro os municípios de
internacionais garantem a mobilização social, a conscientização Cutias e Itaubal estão com a legenda errada quanto à
localização.
ambiental, mas não a consolidação econômica. Nesse sentido, o
LOCALIZAÇÃO
modelo sócio-ambiental serviria não como solução geral para o Localizado na região norte brasileira e na porção oriental
desenvolvimento regional, mas como inovação que deve ser da Amazônia, o Estado do Amapá tem suas terras cortadas pela linha
fortalecida mediante sua articulação com as políticas públicas do Equador que passa sobre sua capital que é a cidade de Macapá. Isso significa
federais, estaduais e municipais. A autora propõe aproveitar esses afirmar que o Amapá possui áreas tanto no hemisfério norte (maior parte)
esquemas e reforçá-los ali onde são débeis, na parte do como no hemisfério sul.
desenvolvimento econômico. O Zoneamento Econômico-Ecológico Com uma área de aproximadamente 143.453,7 Km 2, a
coloca-se como instrumento de compatibilização dessas iniciativas Amapá possui um percentual de 3,7% da extensão da região Norte e 1,6% do
com as ações associadas ao vetor tecno-industrial. território brasileiro. Com relação aos seus limites, temos a seguinte
configuração:
Ao longo do livro, fica claro que a prioridade regional e
PONTOS EXTREMOS
também nacional recai sobre o desenvolvimento. A questão que se •Ao norte: Cabo Orange (Oiapoque);
coloca é como se desenvolver sem destruir o ambiente. Para •Ao sul: Foz do rio Jarí;
responder a essa questão, o livro explicita a importância das •Ao oeste: nascente do rio Jarí;
políticas públicas e descreve os objetivos do PAS – Plano Amazônia •A leste: Cabo Norte (Amapá).
Sustentável, que visa superar a polaridade conflituosa que marcou LIMITES
as políticas públicas na década de 1990 e que salienta a •Noroeste: Suriname e Guiana Francesa;
importância da transversalidade da questão ambiental. De igual •Nordeste: Oceano Atlântico;
forma, tem como objetivos combinar prioridades sociais – de •Sudeste: Complexo de ilhas estuarinas na foz do rio Amazonas;
•Sudoeste: Estado do Pará.
emprego, renda e capacitação – com investimentos em infra-
POPULAÇÃO
estrutura, valorizando o território em termos da potencialidade e Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de
das vantagens da diversidade regional. Geografia e Estatística), a estimativa 2006 da contagem
A grande questão continua sendo como transformar os absoluta da população do Estado era de aproximadamente
elementos que privilegiam o modelo exógeno, como estradas e 587.311 habitantes, o que acarreta uma baixa densidade
energia, em instrumentos não de degradação, mas de

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demográfica de 3,06 hab/km2. Esta população não s e Formam um ecossistema bem delimitado ao longo da
apresenta bem distribuída no espaço amapaense. região litorânea, diretamente Influenciado pela hidrodinâmica do rio
Formado por 16 municípios, os três mais populosos são Amazonas, apresentando alta produtividade primária e significativa
(estimativa de 2006): riqueza de estoques faunisticos estuarinos;
•Macapá: 368.367 habitantes; Cerrado:
•Santana: 101.864 habitantes; Representam um enclave do ambiente típico do Brasil
•Laranjal do Jarí: 37.194 habitantes. central, apresentando espécies endêmicas e de grande intervenção
Os três menos populosos são: antrópica/humana por estarem localizados nesse ecossisterna os
•Pracuúba: 2.926 habitantes; principais cultivos florestais homogêneos (pinus e eucalipto);
Campo de várzea:
•Itaubal: 4.062 habitantes Ambiente largamente distribuído no Estado, de natureza
•Cutias do Araguarí : 4.466 habitantes; aluvional e submetido a regimes flúvio-pluviais ligados a uri
Composição étnica do Amapá complexo sistema de drenagem que envolve cursos d’águas, lagos
temporários e permanentes.
FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL E SURGIMENTO DE
Brancos 21,4% NOVOS MUNICÍPIOS
Em 1943, pelo Decreto-Lei 5.184, é criado o Território
Federal do Amapá, formado por três municípios-. Macapá, Amapá e
Mazagão. Em dezembro de 1945, se processa uma nova divisão
Negros 4,5% territorial, quando parte do município do Amapá é desmembrada
formando o município de Oiapoque e, em dezembro de 1957, tem-
se a criação do município de Calçoene, desmembrado de terras
também do município do Amapá. Em 1987, ainda territórios, são
Pardos 74,4% criados os municípios de Santana, Tartarugalzinho, Ferreira Gomes e
Laranjal do Jarí.
A transformação do Território Federal em Estado foi
Amarelos ou decidida pela Assembléia Nacional Constituinte em 1988 e no
0,8% mesmo ano foi instituído o Estado do Amapá, tendo como seu
Indígenas
primeiro governador Aníbal Barcelos. Recém instituído como Estado,
em 1992, com a promulgação da Constituição Estadual, através de
ASPECTOS FISIOGRÁFICOS E NATURAIS
plebiscito, são criados mais seis municípios: Itaubal, Amapari
Relevo
(atualmente Pedra Branca), Água Branca do Amapari (atualmente
O Estado é dividido em duas grandes regiões: uma
Serra do Navio), Porto Grande, Cutias do Araguari e Pracuúba. Em
interna de relevo levemente ondulado com alturas médias de 100
1994, desmembrado de Laranjal do Jarí, é criado o município de
a 200 m, mas que podem atingir extremos de 500 m e cobertas de
Vitória do Jarí.
florestas densas, e outra região costeira de planície que se
A criação de novos municípios mostra uma tendência de
estende até o Atlântico, ao teste e até o rio Amazonas ao sul.
Implantação de uma política paternalista como estratégia de
Clima
fragmentar o espaço e Instituir o poder concernente às elites que
O clima predominante é o equatorial úmido, com poucas
controlam o poder público. Alguns desses municípios não possuíam
variações de temperatura, sendo outubro o mês mais quente e, de
ou possuem infra-estrutura para se formalizarem como tal, mas as
fevereiro, o período mais frio. As chuvas se estendem por um
manobras políticas e o jogo de interesses por parte de uma minoria
longo período, de dezembro a julho, com altos índices
acabaram acarretando tal processo.
pluviométricos, que podem chegar a 500 mm3 por mês. O período
ATIVIDADES ECONÔMICAS
seco entre agosto e novembro é mais curto e a precipitação
SETOR PRIMÁRIO
diminui para menos 50 mm3.
Caracterizado por um contingente populacional
Vegetação
reduzido, além debaixo investimento em tecnologia. Nesse
A cobertura vegetal se apresenta com dois principais
contexto se podem destacar:
padrões: as formações florestadas (florestas densas de terra
Agropecuária
firme, florestas de várzeas e manguezal) e formações
A agricultura se dispersa na planície litorânea e várzeas
campestres (cerrados e campos de várzeas Inundáveis ou
dos rios. Um dos principais produtos agrícolas é a mandioca,
aluviais).
dando destaque também ao arroz, o feijão, o milho e a cana-de-
açúcar. Considerada como uma das atividades pouco destaque,
DISTRIBUIÇÃO DOS ECOSSISTEMAS DO AMAPÁ
nos últimos anos foi possível presenciar um relativo aumento da
ECOSSISTEMAS DOMÍNIO TERRITORIAL produção agrícola do Estado.
PREDOMINANTES HECTARES % A pecuária é praticada de forma extensiva em áreas de
planícies flúvio-marinhas e campos alagadiços. Destaque para a
Floresta de Terra Firme 10.759.000 75,00
criação bubalina nos municípios de Calçoene e Amapá e áreas
Campo de várzeas 1.678.400 11,7 alagadas no Curiaú, no município de Macapá.
Cerrado 932.400 6,5 A silvicultura em cerrado e a pecuária extensiva
Floresta de várzea 688.600 4,8 (principalmente a bubalina) em campos de várzea, preocupam sob
aspecto de sua distribuição territorial, tendo em vista o
Manguezal 286.900 2,0 desconhecimento da capacidade de suporte desses ambientes
Soma >>> 14.345.300 100 para tais práticas, o que poderá provocar complicações na
Fonte: IEPA estabilidade desses ecossistemas.
Vale ressaltar que experiências com sistemas
Floresta de terra firme: agroflorestais têm demonstrado adaptabilidade e rentabilidade,
Ocupa mais de 70% da superfície do Estado, além de especialmente quando associados ao processamento local de
possuir a maior biodiversidade e a maior biomassa. Constituí um dos matérias-primas.
principais potenciais produtivos amapaense por possuir bens Extrativismos animal e Vegetal
primários de grande valor madeireiro, frutífero, medicinal, etc.; Nas áreas de várzea, a exploração madeireira seletiva
Floresta de várzea: ganha destaque, o que vem ocasionando o empobrecimento
Toda área tem característica de Influência fluvial, desses ambientes. Grande parte dessas madeiras é transportada
representando o ambiente característico da bacia Amazônica, para indústrias de beneficiamento, sendo que grande parte de sua
inclusive em termos de ocupação econômica pelas populações produção atende o mercado externo. Dentre as principais
ribeirinhas. Aí predominam espécies de significativo valor produtivo madeiras exploradas temos o cedro, a macacaúba, a andiroba.
como o açaizeiro, a seringueira, andiroba, dentre outros; O avanço da indústria palmiteira vem comprometendo
Manguezal: uma das principais fontes de suplemento alimentar do homem
regional em decorrência da exploração predatória e Indiscriminada

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do açaizeiro. Este processo agrava a situação sócio-econômica das Em relação à disponibilidade de eixos de deslocamentos,
comunidades ribeirinhas, que se vêem encarecidas de suas a utilização de rios Interiores e zona costeira passam a ser o único
rotineiras fontes de renda. Mesmo assim, o açaí poderá encontrar acesso a várias localidades dentro do estado. As principais cidades
expansão no mercado, assim como a castanha em função do se interligam através de eixos rodoviários que, em significativos
apoio de políticas governamentais. A indústria do palmito tem casos são precários, o que pode dificultar a integração econômica.
grande destaque no município de Santana. As hidrovias ainda são importantes meios de
A pesca no Estado é praticada de forma artesanal e é deslocamentos, principalmente quando se trata de transporte de
praticada principalmente em ambientes estuarinos e costeiros, importantes recursos econômicos (pesqueiros e florestais).
visando auto-sustentação, além de abastecer o mercado local e a Com objetivo de integração da economia amapaense ao
comercialização. Platô das Guiavas, existem programas de melhoria da Infra-
estrutura’ da rodovia que liga Macapá ao município de Oiapoque
como parte do projeto da construção da rodovia
Transguianense. Segundo o projeto, essa rodovia Interligará o
Amapá ao estado Roraima e também ao mercado internacional.

Sobre a pesca costeira é possível perceber o


descumprimento da lei quando se refere à pesca industrial, pois a
técnica do arrastão é considerada predatória, em detrimento da
técnica artesanal. Exemplo disto é a pesca do camarão-rosa, onde
a prática de arrasto torna-se uma forma Impactante a fauna
marinha, onde apenas 30% de cada arrasto são aproveitados,
enquanto os outros 70% são devolvidos mortos ao mar.
A coleta do caranguejo merece destaque, pois é
praticada principalmente nas áreas dos manguezais, em regiões
litorâneas do Estado. Feita de forma artesanal, é voltada para
abastecer o mercado local. No setor ferroviário, existe apenas uma estrada
SETOR SECUNDÁRIO de ferro que liga o município de Serra do Navio ao
A indústria no estado é pouco diversificada e está município de Santana. Ela foi criada na década de 1950
concentrada em setores de exploração mineral, construção civil e visando objetivos econômicos do mercado capitalista de ligar
indústria de transformação e tem sua expansão limitada pela as áreas de exploração de manganês aos centros’
oferta de energia e outras deficiências infra-estruturais. exportadores, encabeçada peia Indústria de Comércio e
Geralmente, há a predominância da informalidade e o baixo nível Minérios S.A. Atualmente, essa ferrovia faz apenas o
tecnológico. transporte de passageiros que desejam se deslocar para o
SETOR TERCIÁRIO Interior do estado.
É o de maior representatividade na economia No Estado deve haver uma combinação de
amapaense. Grande parte da população está empregada no diferentes modalidades facilitando a integração terrestre e
setor público, mas as atividades comerciais e serviços têm fluvial. As estradas devem facilitar a integração regional dos
gerado muitos empregos nos últimos anos. pólos já existentes e a construção precedida de análises de
Comércio impactos sócio-amblentais.
Destaque para a Área de Livre Comércio de Macapá
e Santana (ALCMS), que nos últimos vem causando uma
dinamização na economia do Estado. Através da diminuição
ou abolição de impostos corno o IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) e o ICMS (Imposto sobre Comércio, A hidrovia do Marajó
Mercadorias e Serviços), é possível presenciar dentro deste
setor da economia uma significativa diversificação de
mercadorias para a população do Estado, além de absorver
significativo contingente de mão-de-obra.
Turismo
Além dos tradicionais pontos turísticos como Fortaleza
de São José de Macapá, o Monumento Marco do Zero do Equador,
a Igreja Matriz de São José, do Complexo Beira-Rio, o Amapá bem
despertando uma tendência de crescimento no setor de
Ecoturismo. O Estado guarda em seu território Importante
expressões naturais. As Unidades de Conservação ganham
destaque em vários municípios; a prática esportiva (pesca e surf
na pororoca); as áreas naturais litorâneas e rios encachoeirados
potencializam este setor do Estado e se tornam fontes
significativas de arrecadação de divisas. A hidrovia do Marajó consiste basicamente na
O Governo Federal, através dó PROECOTUR (Programa implantaç8o de uma via navegável que cruze a Ilha de
de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia), visa Marajó, da bala do Marajó ao braço sul do rio Amazonas,
desenvolver por meio de um conjunto de ações integradas proporcionando uma ligação mais direta entre Belém e
r&horlas na Infra-estrutura e nos serviços existentes que Macapá, e facilitando o transporte e a comunicação na
garantam a conservação dos recursos naturais, incentivando dessa porção central da ilha. Para Isso, o projeto prevê a
forma a atividade turística e, o Estado do Amapá está incluído interligação, por um canal de 32 km, dos rios Atuá e Anajas,
nesse projeto. podendo dinamizara economia entre as duas capitais e
Transportes também da Ilha.
Urbanização

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7 PM/CFS -
A urbanização no Estado intensificou bastante nas •Reserva Extrativista do Rio Cajarí (Laranjal do Jarí, Vitória do Jarí
últimas décadas. Macapá e Santana apresentam as maiores e Mazagão);
densidades demográficas urbanas. Do total residente no Amapá, •Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru
mais de 85% da população moram em áreas urbanas. (Laranjal do Jarí, Mazagão e Amapari).
Um dos fatores que se afirmam que teve bastante UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO AMAPÁ
Influência neste fenômeno foi a Implantação da Área de Livre de Nº USO CATEGORIA DE MANEJO ÁREA (há)
Macapá e Santana, pois além de Incrementar o setor terciário, Parque Nacional do Cabo
Influenciou um significativo acréscimo na população urbana do 01 398.000
Orange (Federal)
Amapá. Esta dinamita acabou ocasionando uma situação de
Incremento populacional além do que o Estado podia suportar, Estação Ecológica das Ilhas
02 72.000
Maracá-Jipioca (Federal)
principalmente nas cidades de Macapá e Santana. Resultado:
crescimento desordenado das cidades, processo de ocupação PROTEÇÃO Reserva Biológica do Lago
03 357.000
(popularmente chamada de “Invasão”) em áreas urbanas AMBIENTAL Piratuba (Federal)
consideradas desocupadas. À medida que a população do Estado Estação Ecológica do Jarí
cresce, juntamente com ela crescem os contrastes econômicos e 04 82.000
(Federal)
sociais. Afinal o espaço urbano à movido pelo motor do
Reserva Biológica do Parazinho
capitalismo e só quem tem melhores condições financeiras terá 05 111
(Estadual)
acesso a um espaço de melhor qualidade e Infra-estrutura, em
detrimento de grandes números de habitantes de baixas rendas Floresta Nacional do Amapá
06 412.000
que são “empurrados” para áreas periféricas sem condições dignas (Federal)
de sobrevivência. Estes fatores geram o que se convenciona Reserva Extrativista do rio
chamar de “periferização da população” o que poderá trazer 07 481.650
Cajari (Federal)
problemas sociais como discriminação, desemprego, USO
Área de Proteção Ambiental do
marginalidade, desagregação familiar, dentre outros. 08 SUSTENTÁVEL 23.000
Curiaú (Estadual)
No Amapá, segundos dados do Governo do Estado para
1994, 5,7% da população viviam em condições miseráveis e Reserva de Desenvolvimento
outros 20% em situação de extrema pobreza. A tendência é que 09 Sustentável do Rio Iratapurú 806.184
este quadro tenha se agravado, pois hoje o Estado, por ser (Estadual)
considerado novo, oferece múltiplos pólos atrativos com Fonte: IEPA
diversificados e inexplorados setores econômicos, com potenciais Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque
minerais, além do crescimento do setor comercial. O censo de Baseado na política de desenvolvimento sustentável,
1991, segundo dados do IBGE, o Amapá apresentou um através de mecanismos de preservação da biodiversidade/
crescimento de 1,9% de taxas médias anuais com relação ao recursos naturais, o Governo Federal cria em agosto de 2002 a
crescimento de sua população. Nos dados fornecidos no censo de maior unidade de conservação de floresta continuas do planeta, o
1996, este crescimento já apresentava a taxa de 5,3%. Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, imobilizando
Atualmente esta taxa já deve estar maior. Tal situação pode praticamente 27% do território estadual, prevendo a conservação
apresentar um quadro preocupante de explosão demográfica no de aproximadamente 3,8 milhões de hectares.
Estado e como conseqüências graves impactos ao melo ambiente As unidades de conservação federais, somadas ao do
urbano do estado, a exemplo da ocupação desordenada de áreas novo parque e mais as terras Indígenas, totalizam
de ressacas, principalmente em Macapá e Santana. aproximadamente 54,5% das terras do Estado sob jurisdição do
PROJETOS POLÊMICOS Governo Federal.
ECOSSISTEMAS E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO Para alguns ambientalistas e pesquisadores, o parque é
ESTADO DO AMAPÁ de extrema importância, pois forma um Imenso corredor de
Unidade de Conservação (Ucs) biodiversidade em toda porção oeste do estado do Amapá, e até o
nordeste do Pará, unindo várias outras áreas protegidas, a grande
maioria de floresta densa. Ali estão as principais nascentes de
Importantes rios como o Oiapoque, o Jarí e o Araguari. O parque
abrange terras dos municípios de Oiapoque, Calçoene, Laranjal do
Jarí, Serra do Navio e Pedra Branca do Amaparí.
Embora seja uma área muito grande, a população se
restringe a algumas comunidades ribeirinhas e grupos Indígenas,
cujas terras já estão demarcadas. A criação do parque se torna
uma medida viável de Incentivar o ecoturismo no Estado.
Por outro lado, a criação do parque não agradou os prefeitos dos
municípios atingidos por essa unidade de conservação e alguns
parlamentares, alegando limitação de crescimento econômico e
Áreas delimitadas e demarcadas com a finalidade de resguardá-las restrição de exploração dos recursos naturais, além de não ter
oficialmente da ação predatória do homem. Entre seus objetivos, havido consulta popular. Nesse caso prevaleceu a imposição do
podemos destacar: Governo Federal sem levar em consideração os interesses
•Manutenção, preservação e restauração da biodiversidade; sócioeconômicos do Estado do Amapá.
•Proteção às espécies raras endêmicas, em perigo de extinção;
•Desenvolvimento da pesquisa científica e da educação ambiental;
•Proteção dos recursos hídricos; - ÁREAS INDÍGENAS DE CONSERVAÇÃO
•Manejo correto de recursos da flora e fauna; Área Indígena Galibi 6.689 ha
•Estímulo do uso sustentável dos recursos naturais;
•Preservação da beleza cênica das paisagens. Área Indígena Juminã 41.601 ha
As principais Unidades de Conservação no Estado Amapá Área Indígena Uaçá 470.164 ha
são:
Área Indígena Waiãpi 607.017 ha
•Estação Ecológica das ilhas do Maracá-Jipioca (Amapá);
•Reserva Biológica da Fazendinha (Macapá); Total 1.125.471 ha
•Reserva Biológica do Parazlnho (Macapá); Fonte: IEPA
•Reserva Biológica do Lago do Piratuba (Amapá);
•Estação Ecológica do Jarí (Jarí);
•Parque Nacional do Cabo Orange (Oiapoque);
•Parque Nacional das Montanhas do Tumucurnaque (Oiapoque,
Calçoene, Laranjal do Jarí, Serra do Navio e Pedra Branca do
Amapari);
•Área de Proteção Ambientai do Rio Curiaú (Macapá);
•Floresta Nacional do Amapá (Calçoene);

Ser campeão é estar aqui.


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