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M e t a f í s i c a e C r i t i c a b i l i d a d e ( 1 9 5 8 )
3 de abril de 2013 por Gilmar Santos Curtir Página
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experiência. Embora, no fundo, Kant fosse indeterminista, ele escreveu na Crítica Quod Deus Dicitur
Como sabemos, desde Kant, que a razão humana é incapaz de apreender ou Junte-se a 772 outros
conhecer o mundo das coisas em si, devemos perder a esperança de conhecê-lo ou seguidores
então tentar conhece-lo de outro modo que não seja a razão; já que não podemos Insira seu endereço de email
nem queremos abrir mão dessa esperança, resta-nos usar meios irracionais ou Siga-me!
suprarracionais como o instinto, a inspiração poética, os estados de espírito ou as
emoções.
Segundo os irracionalistas, isso é possível porque, em última análise, nós mesmos Alvin Plantinga
somos coisas em si; por isso, se de algum modo conseguirmos obter conhecimento Antigo Testamento
íntimo e imediato sobre nós mesmos, descobriremos como são as coisas em si. Antropologia Cultural
Esse argumento simples do irracionalismo é característico da maioria dos filósofos Argumento
pós-kantianos do século 19, a exemplo do engenhoso Schopenhauer. Ele descobriu Cosmológico
que, como nós, coisas em si, somos vontade, a vontade deve ser a coisa em si. O Kalam Argumento
mundo como coisa em si é vontade; como fenômeno é ideia. Estranhamente, essa evolutivo contra o naturalismo
filosofia obsoleta, vestida com nova roupagem, tornou-se de novo a última moda, argumento moral
embora – ou talvez porque – sua notável semelhança com as velhas ideias pós- Argumentos
kantianas tenha permanecido oculta (tanto quanto algo pode permanecer oculto Ateológicos
sob a nova roupa do imperador). A filosofia de Schopenhauer passou a ser sugerida Aristóteles Ateísmo
numa linguagem obscura e impressionante. Sua reveladora intuição de que, em Bertrand Russell Big Bang
última análise, o homem como coisa em si é vontade deu lugar à reveladora Ceticismo Ciência
intuição de que o homem pode entediar-se tão completamente que esse tédio Compatibilismo
prova que a coisa em si é nada – é o Nada, o Vazio em si. Não quero negar alguma cosmologia
originalidade a essa variante existencialista da doutrina de Schopenhauer: sua Cosmologia do Big
originalidade aparece no fato de que esse filósofo nunca desvalorizou a tal sua
Bang Cristianismo
própria capacidade de se entreter. O que ele descobriu em si foram vontade,
Criticismo Bíblico Daniel
atividade, tensão e emoção – mais ou menos o inverso do que descobriram alguns
Dennett darwinismo David
existencialistas: o tédio extremo do entediante em si entediado de si mesmo.
Porém, Schopenhauer já não está em voga: a grande moda da nossa época pós-
Hume
kantiana e pós-racionalista é o que Nietzsche (“assombrado por pressentimentos e Debunking
suspeitas sobre seus seguidores”) chamou, com acerto, de “niilismo europeu”.[2] Christianity
Defesa do Livre-Arbítrio
Tudo isso é digressão. Temos agora, diante de nós, uma lista de cinco teorias
Determinismo
filosóficas.
Epistemologia Eric
Primeira, o determinismo: o futuro está contido no presente, é plenamente Voegelin Escolástica
determinado pelo presente. Estudos Bíblicos
Segunda, o idealismo: o mundo é meu sonho. Fatos
Existencialismo
Quinta, o niilismo: em nosso tédio, conhecemos a nós mesmos como nada; a coisa Fundamentalismo
em si é o nada. Hector Avalos História da
Ciência História Medieval
Nossa lista terminou. Escolhi os exemplos de um modo que, após exame criterioso,
posso dizer que cada uma dessas cinco teorias é falsa. Deixem-me enuncia-lo com Humanismo
mais exatidão: sou, em primeiro lugar, indeterminista, em segundo, realista, em Secular Idade Média
terceiro, racionalista. No que concerne a meu quarto e quinto exemplos, admito de Indeterminismo Jaco
bom grado – com Kant e outros racionalistas críticos – que não podemos alcançar John W.
Gericke
nada que se assemelhe a um conhecimento completo do mundo real, infinitamente
rico e belo. Nem a física nem qualquer outra ciência pode nos ajudar nessa meta.
Loftus Kant Keith
Mas estou certo de que a fórmula voluntarista “o mundo é vontade” também não
Augustine Libertismo
pode nos ajudar. Quanto aos niilistas e existencialistas que se entediam (e talvez Livre-Arbítrio Luiz
entediem os outros), só posso ter piedade deles. Devem ser cegos e surdos, Felipe Pondé Lógica
coitados, pois falam do mundo como um cego falaria das cores de um Perugino ou Materialismo Moral
um surdo, da música de Mozart. moralidade
Por que fiz questão de selecionar teorias filosóficas que creio serem falsas? Porque, naturalismo
dessa maneira, espero enunciar com mais clareza o problema contido no seguinte Neoateísmo
neurociência Niilismo
enunciado, que é importante:
OTF
Ontologia
Embora eu considere falsa cada uma dessas cinco teorias, estou convencido de que
todas são irrefutáveis.
Outsider Test
Of Faith Platão
Quem ouve essa afirmação pode indagar como uma teoria pode ser, ao mesmo
problema do mal
tempo, falsa e irrefutável. Como um racionalista, como eu, pode dizer que uma
Quentin
teoria é falsa e irrefutável? Na condição de racionalista, não sou obrigado a refutar
uma teoria depois de afirmar que ela é falsa? Inversamente, não sou obrigado a
Smith Richard
admitir que uma teoria irrefutável é verdadeira? Carrier Richard
Dawkins Richard
Com essas perguntas, finalmente cheguei ao nosso problema.
Swinburne Sam
A última pergunta pode ser respondida de maneira bem simples. Houve pensadores
Harris Santo
que acreditaram que a verdade de uma teoria podia ser deduzida de sua
Agostinho
irrefutabilidade. É um erro flagrante. É possível haver duas teorias incompatíveis
mas igualmente irrefutáveis – por exemplo, o determinismo e seu oposto, o
Secularismo Teologia
indeterminismo. Como duas teorias incompatíveis não podem ser, ambas,
Teste da Fé do
verdadeiras, percebemos, pelo
irrefutabilidade não implica verdade.
fato de ambas serem irrefutáveis, que a
Infiel The End Of
Christianity Tomás
É inadmissível inferir a verdade de uma teoria a partir de sua irrefutabilidade,
de Aquino Uma Análise da
independentemente da maneira como interpretemos irrefutabilidade. Usa-se essa
Santidade Um Argumento
palavra em dois sentidos.
Cosmológico A Partir Do
O primeiro é puramente lógico: podemos usar “irrefutável” no sentido de Big Bang Para a
“irrefutável por meios puramente lógicos”. Mas isso significa o mesmo que Inexistência de Deus
“coerente”. Ora, é óbvio que uma teoria não pode ser considerada verdadeira por
William
ser coerente.
Lane Craig
O segundo sentido de “irrefutável” refere-se a refutações que usam não apenas ética
suposições lógicas (ou analíticas), mas também suposições empíricas (ou
sintéticas); em outras palavras, aqui se admitem refutações empíricas. Neste
BLOG STATS
segundo sentido, “irrefutável” significa o mesmo que “não empiricamente refutável”
166,144 Acessos
ou, em termos mais exatos, “compatível com qualquer enunciado empírico
possível” ou “compatível com qualquer experiência possível”.
irrefutabilidade lógica, isso se evidencia pelo fato de que qualquer enunciado Holocausto Judeu: O
empírico e sua negação devem ser logicamente irrefutáveis. Por exemplo, os Mais Trá…
irrefutáveis. Logo, existem enunciados falsos que são logicamente irrefutáveis. Holocausto Judeu: O
Mais Trá…
A situação é um pouco diferente quando tratamos da irrefutabilidade empírica. Os
Cícero em O
exemplos mais simples de enunciados empiricamente irrefutáveis são os chamados
Holocausto Judeu: O
enunciados existenciais estritos ou puros. Eis um exemplo: “Existe uma pérola que
Mais Trá…
é dez vezes maior do que a segunda maior pérola”. Se restringirmos a palavra
Guilherme. em O
“existe” a uma região finita do espaço e do tempo, esse enunciado poderá tornar-
Holocausto Judeu: O
se refutável. Por exemplo, o seguinte enunciado é obviamente passível de
Mais Trá…
refutação empírica: “Neste momento e nesta caixa existem pelo menos duas
Cícero em O
pérolas, uma das quais é dez vezes maior do que a segunda maior pérola da
Holocausto Judeu: O
caixa.” Mas tal enunciado já deixou de ser um enunciado existencial estrito ou
Mais Trá…
puro: trata-se, antes, de um enunciado existencial restrito. O enunciado existencial
estrito ou puro aplica-se ao universo inteiro. Ele é irrefutável simplesmente porque Jean Maciel Paz em
nenhum método pode refuta-lo. Mesmo que pudéssemos vasculhar o universo Richard Dawkins
inteiro, o enunciado existencial estrito ou pruo não seria refutado se não explica porque…
encontrássemos a pérola procurada: ela poderia estar escondida num lugar que
não houvéssemos examinado.
Exemplos similares são: “existe cura para qualquer doença infecciosa” e “existe
uma fórmula em latim que, se pronunciada de maneira ritualmente correta, cura
todas as doenças”.
Mesmo assim temos razões para crer que esse enunciado existencial irrefutável é
falso. Não podemos provar sua falsidade, mas tudo o que sabemos sobre doenças
depõe contra sua veracidade. Em outras palavras: embora não possamos
estabelecer sua falsidade, a conjectura de que tal fórmula mágica em latim não
existe é muito mais razoável do que a conjectura de que ela existe.
Cerca de vinte anos atrás propus distinguir teorias empíricas ou científicas e as não
empíricas ou não científicas, justamente definindo as empíricas como refutáveis e
as não empíricas como irrefutáveis. Eis as minhas razões para essa proposta.
Qualquer teste sério de uma teoria é uma tentativa de refuta-la. Logo, a
testabilidade é idêntica a refutabilidade ou falseabilidade. Como só devemos
chamar de “empíricas” ou “científicas” as teorias que podemos submeter a testes
empíricos, podemos concluir que a possibilidade de refutação empírica é o que
distingue as teorias empíricas ou científicas. [Ver texto 8, O Problema da
Demarcação (1974), supra.]
Agora, minha afirmação de que nossas cinco teorias filosóficas são irrefutáveis
talvez pareça quase trivial. Por isso, embora eu seja racionalista, não sou obrigado
a refutar essas teorias para ter o direito de considerá-las falsas. Isso nos traz ao
centro doproblema:
Para enunciar o problema com mais clareza, vou reformula-lo da seguinte maneira:
Com respeito ao primeiro grupo, a resposta é óbvia. Sempre que encontramos uma
teoria matemática que não sabemos se é falsa ou verdadeira, nós a testamos,
primeiro superficialmente, depois com mais rigor, tentando refuta-la. Quando não
logramos êxito, tentamos prova-la ou refutar sua negação. Se falhamos de novo, é
possível que tornem a surgir dúvidas sobre a veracidade da teoria. Voltamos a
tentar refuta-la e assim sucessivamente, até que chegamos a uma decisão ou
deixamos o problema em suspenso por considera-lo difícil demais.
Essa situação também pode ser descrita da seguinte maneira. Nossa tarefa é a
testagem, o exame crítico de duas ou mais teorias rivais. Nós a executamos
procurando refuta-las, até chegarmos a uma decisão. Na matemática, e somente
nela, tais decisões costumam ser definitivas: são raras as provas inválidas que
escapam à detecção.
“Existe uma descrição verdadeira do estado atual deste homem que (juntamente
com leis naturais verdadeiras) poderia permitir a previsão de seus atos futuros.”
Espero que nosso problema tenha ficado suficientemente claro. Passarei a propor
uma solução.
Minha solução é esta: se uma teoria filosófica fosse uma afirmação isolada sobre o
mundo, lançada sobre cada um de nós, implicitamente, com um “pegar” ou
“largar”, sem ligação com mais nada, seria impossível debatê-la. Porém, o mesmo
se pode dizer de uma teoria empírica. Se alguém nos presenteasse as equações de
Newton, ou mesmo suas teses, sem primeiro nos explicar quais eram os problemas
que essa teoria pretende resolver, não seríamos capazes de debater racionalmente
a sua veracidade – não mais do que a veracidade do livro do Apocalipse. Sem
nenhum conhecimento dos resultados de Galileu e de Kepler, dos problemas que
eles resolveram e do problema de Newton – explicar as soluções de Galileu e de
Kepler por meio de uma teoria unificada –, consideraríamos impossível debater a
teoria newtoniana, tanto quanto qualquer teoria metafísica. Em outras palavras,
toda teoria racional, seja científica ou filosófica, é racional à medida que tenta
solucionar determinados problemas. Uma teoria só é abrangente e sensata quando
relacionada a uma dada situação problemática e só pode ser racionalmente
debatida mediante o debate dessa relação.
Ora, se consideramos que uma teoria é uma proposta para solucionar um conjunto
de problemas, então ela logo se presta ao debate crítico – mesmo que seja não
empírica e irrefutável. Podemos fazer perguntas como: ela resolve o problema?
Resolve-o melhor do que outras teorias? Será que apenas deslocou o problema? A
solução é simples? É fecunda? Contradiz, talvez, outras teorias filosóficas
necessárias para resolver outros problemas?
Perguntas assim mostram que o debate crítico de teorias irrefutáveis pode revelar-
se viável.
Ocorre algo semelhante com o irracionalismo. Ele entrou na filosofia racional, pela
primeira vez, com Hume. Quem leu Hume, aquele analista calmo, sabe que não era
isso que ele pretendia. O irracionalismo foi a consequência não intencional da
convicção humiana de que realmente aprendemos por indução baconiana, aliada à
demonstração lógica humiana de que é impossível justificar racionalmente a
indução. “Pior para a justificação racional” – eis a conclusão de Hume, diante dessa
situação. Ele aceitou tal conclusão irracional com a integridade característica do
verdadeiro racionalista, que não recua de uma conclusão desagradável quando lhe
parece impossível evitá-la.
Nesse caso, porém, ela não era inevitável, mesmo que assim parecesse a Hume.
Ao contrário do que ele acreditava, não somos máquinas baconianas de indução. No
processo de aprendizagem, o hábito ou costume não desempenha o papel que
Hume lhe atribuiu. Assim, o problema humiano se desfaz e, com ele, sua conclusão
irracionalista.
A descoberta de um problema filosófico pode ser algo definitivo, feito de uma vez
por todas. Mas sua solução nunca é definitiva. Não pode basear-se numa
demonstração final ou numa refutação final, uma decorrência da irrefutabilidade
das teorias filosóficas. A solução tampouco pode basear-se nas fórmulas mágicas
dos profetas filosóficos inspirados (ou entediados). Mas pode basear-se no exame
consciencioso e crítico de uma situação problemática e das suposições subjacentes
a ela, bem como das várias maneiras possíveis de resolvê-la.
Notas.
2. Ver Julius Kraft, Von Husserl zu Heidegger, 2ª ed., 1957, págs. 103s, 136s e, em
especial, pág. 130, onde Kraft escreve: “Assim, é difícil compreender como o
existencialismo pode ter sido considerado algo novo na filosofia, do ponto de vista
epistemológico.” Ver também o instigante artigo de H. Tint, Heidegger and the
‘Irrational'”, Proceedings of the Aristotelian Society LVII, 1956-1957, pág. 253-268.
3. Isso também pode ser visto pela franca admissão de Hume de que, “seja qual
for a opinião do leitor neste momento, […] daqui a uma hora estará convencido de
que tanto existe um mundo externo quanto um mundo interno”, ver D. Hume, A
Treatise of Human Nature, Livro I, Parte IV, Seção II; edição de L. Selby-Bigge,
pág. 218. [Para um comentário, ver a nota 4 do texto 7, O Problema da Indução
(1953, 1974), supra.]
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4 Respostas
Mensalão em 9 de abril de 2013 às 00:13 | Responder
Veja bem, Popper era um emergencialista interacionista, ou seja, para ele mente é
algo diferente de cérebro/corpo. Popper rejeitava o materialismo na questão da
mente. Segundo ele, a mente era uma propriedade emergente do cérebro, e
especulava (desculpe, não há palavra melhor) que essa mente emergente poderia
tomar decisões livres e não-determinísticas, usando como argumento analogias
duvidosas com a evolução e com o indeterminismo quântico.
E não pára por aí! Aqui ele apresenta outra defesa, tão fraca quanto. Após fazer
uma excelente exposição sobre a diferença entre dizer que algo existe em algum
canto do universo e dizer que existe algo em tal local durante determinado tempo,
Popper reescreve a alegação determinista da seguinte forma:
“Existe uma descrição verdadeira do estado atual deste homem que (juntamente
com leis naturais verdadeiras) poderia permitir a previsão de seus atos futuros.”
Ora, mas veja que isso não passa de construção linguística conveniente! Ele
reescreve uma alegação como algo do tipo “existe tal coisa” e depois lembra que
alegações assim são infalseáveis e, portanto, devem ser tratadas como falsas até
que se tenha algo melhor. Mas qualquer coisa pode ser reescrita nesses termos!
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Gilmar Santos em 9 de abril de 2013 às 20:39 | Responder
1
Vote
Sobre isso, o que me surpreende aqui é ele tratar uma questão científica
como a mente fora do ponto de vista da ciência. Postular propriedades da
mente que independem das propriedades físicas do cérebro e do mundo
material é tratar um problema científico como uma não-científico e não
precisa ser nenhum membro do Círculo de Viana para achar isso errado.
Pensando bem, talvez eu tenha sido um pouco duro com o Popper. Mas não
posso deixar de expressar minha surpresa e meu espanto com um cara que
se esforça para resolver o problema da indução para fundamentar a ciência,
que faz uma bonita exposição de como sua solução harmoniza com a
história da ciência – especialmente a história de Newton – mas que na hora
H, na hora de tratar um dos principais temas de seu tempo, preferiu as
escorregadias teorias irrefutáveis às evidências que se delineavam e ao
materialismo que se consolidava.
“Smart (1959) argued that this contention “is partly right and partly wrong.
If the issue is between (say) a brain-process and a heart thesis, or a liver
thesis, or a kidney thesis. The right sort of things don’t go on in the heart,
liver or kidney nor do these organs possess the right sort of complexity of
structure. On the other hand, if the issue is between a brain-or-heart-or-
liver-or-kidney thesis (that is, some form of materialism) on the one hand
and epiphenomenalism on the other hand, then the issue is not an empirical
one. For there is no conceivable experiment which could decide between
materialism and epiphenomenalism.” (p.155). Smart then goes on to
suggest that the only way to settle the issue as between materialism and
epiphenomenalism is by appealing, as Boring (1933) had done before him,
to “the principles of parsimony and simplicity”, in other words, to Ockham’s
razor, by which principle needless to say, materialism wins hands down,
since it not only reduces the number of separate entities which have to be
postulated in order to account for the mind-brain relationship by half, it also
removes the necessity of having to postulate a unique set of entities
existing outside the three dimensionally extended spatial universe of
science and commonsense, standing in a highly problematical causal
relationship with events in that universe.”
“An additional point to add to this part of the argument is that just as there
must be logical criteria for deciding whether we are dealing with two sets of
observations of one and the same process or event or with two sets of
observations of two separate but correlated events, so also there must be
logical criteria for deciding in the second case whether the two independent
but correlated processes and events are causally connected and if so, in
which direction the causal relationship operates. Given that we can agree as
to what these criteria are or should be, it would seem to follow that
empirical evidence is relevant not only in deciding the issue as between
materialism and dualism, but also assuming that the materialist solution
can be excluded in deciding the issue as between interactionism,
epiphenomenalism and psycho-physical parallelism.”
Mas até onde sei, Popper nunca propôs nenhum teste que nos permitisse
escolher entre o epifenomenalismo e o materialismo, algo que é – e você
não pode negar – surpreendente para quem defende que esse tipo de teste
que move a ciência. De toda forma, a hipótese clássica do dualismo da
propiredade coloca que as propriedades da mente são irredutíveis às
propriedades do cérebro, algo que vejo colo uma violação clara ao
pensamento dele.
Se você não colocou esse texto aqui pelos motivo que supus, pode-me dizer
porque então?
Bom, depois do uma nova olhada aqui (prometo)… mas só por curiosidade,
você espera que eu acabe por rever minha crítica ao indeterminismo dele
ou isso não estava na sua lista de coisas que devo rever? Pois não creio que
voltarei atrás quanto a isso. Dificilmente, também, voltarei atrás na
afirmação de que a verificabilidade não pode ser o único critério de
demarcação. As previsões da Mãe Dinah são altamente verificáveis e nem
por isso são sequer minimamente científicas. E tirando essas duas ideias,
sobra quase nada para eu voltar atrás ali….
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