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Renato Campos
Doutor em Economia pela Universidade de Campinas
(Unicamp).
Professor e pesquisador do Nete/Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC).
Universidade Federal de Santa Catarina.
Centro Socioeconômico/Departamento de Ciências
Econômicas.
Resumo
O artigo trata da relação instituições-empresas em
Campina Grande(PB), tomando como referências de aná-
lise os sistemas locais de produção, o capital social e o
papel das várias esferas de governo, organizações de
coordenação, associação e conhecimento.Tem como fi-
nalidade subsidiar políticas para Arranjos Produtivos e
Inovativos Locais (APLs), examinando as possibilidades
de sustentabilidade do desenvolvimento do arranjo têxtil
e de confecções do algodão colorido da Paraíba.
Palavras-chave:
1
Trabalho de conclusão do estágio pós-doutoral na Rede de Sistemas e
Arranjos Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist/IE)/Universidade Empresas e Instituições; Arranjos Produtivos Locais;
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Políticas Públicas e Sustentabilidade.
ao se defrontar com a retração de mercado que se vi- parcerias com as empresas do APL. Em áreas como de-
nha agravando22. senho industrial, elas não têm a confecção como foco de
pesquisa e formação de recursos humanos, sendo difícil
Outra evidência desta característica é a criação pelo absorver estagiários oriundos de cursos universitários nas
Sebrae-PB da Rede Paraíba Design. Trata-se de uma empresas. Todavia, em atendimento às necessidades das
rede on-line que desenvolve trabalhos em vários núcle- indústrias de Campina Grande, a Fiep inaugurou em
os, entre eles moda, mobiliário, embalagem e outros. Atra- 2005, nas instalações do Senai, a Universidade Corpo-
vés desta Rede, no âmbito do algodão colorido se de- rativa e, em 2006, o Centro da Moda, que oferecem for-
senvolveu recentemente um projeto inovador, envolven- mação e capacitação técnica direcionadas para a ativi-
do os confeccionistas locais: a produção de roupas para dade numa tentativa de suprirem estas necessidades.
a linha hoteleira.
Um quarto aspecto é a atuação das organizações
Um terceiro aspecto é que as universidades locali- no sentido de articular as ações no conjunto da cadeia
zadas no município ainda exibem dificuldades em formar produtiva. É clara a identificação de duas concentrações
de agentes articulados em torno das atividades produti-
22
Entre 2004 e 2005, desviou seu foco para calçados e, recentemente, vas iniciais e finais, como mostra a Figura 1. O processo
junho de 2006, foi re-inaugurado como “Centro de Moda” nas instalações de formação das referidas composições de atores em
do Senai de Campina Grande, apoiando desta feita os APLs de calçados
e confecções. torno da atividade produtiva do algodão colorido origi-
Iniciativa dos
Presença de mão-de-obra Desenvolvimento de funções empreendedores e
de treinamento por órgãos demandas de apoio Desenvolvimento de
qualificada e produção vínculos pessoais.
artesanal externos ao APL institucional. (associação
de costureiras)
Formação e
desenvolvimento: Formação da estrutura Criação de micro e Desenvolvimento de
Desenvolvimento de funções
Décadas de 80/90 produtiva com base no pequenas empresas de relações de cooperação
representativas formalizadas
segmento de confecções confecções entre empresas
(Sindivest)
Desenvolvimento das
Intenso crescimento funções institucionais Respostas das
horizontal da estrutura internas ao APL de: Consolidação de relações
instituições às demandas estáveis entre empresas e
produtiva a) treinamento b) promoção empresariais
da comercialização instituições
e empresas do segmento produtivo. A relação apresen- produtivos à busca de formas de revitalização do APL
ta um comportamento vulnerável e mutável que toma através de articulações entre eles próprios, o que carac-
formatos diversos, apresentando uma composição ins- teriza uma forte presença de relações apoiadas em con-
tável ao longo do tempo e que compromete a criação de fiança e reciprocidade empresarial. Relações deste tipo
laços mais sólidos de confiança entre estes agentes. caracterizam uma fase da construção do capital social,
Ainda assim, percebe-se uma evolução no aprendiza- na qual a desvinculação do agente desta rede cooperati-
do cooperativo, com destaque para as empresas em va tende a provocar custos de saída.
relação aos organismos de suporte.
Neste contexto, as organizações de apoio, cujas
A influência das relações para a mobilização de re- ações sempre foram especializadas, fragmentadas e re-
cursos criou elos de confiança entre os agentes do APL, ativas às demandas das empresas, passaram a aplicar
porém, mais recentemente, alguns destes elos foram subs- estratégias coletivas para o APL. Uma evidência é a mu-
tituídos, outros fortalecidos, ou enfraquecidos, quando não dança de perspectiva das ações do Sebrae, que deixou
desapareceram. A crise que se vem prolongando e que de atender cada empresa isoladamente para trabalhar o
se agrava progressivamente tem conduzido os agentes APL como um todo. Desde 2005, vem aplicando um novo
Este artigo procurou demonstrar que tais aspectos ALBUQUERQUE, E. M. Notas sobre os determinantes
são manifestações da presença de um capital social lo- tecnológicos do catching-up: uma introdução à
cal que sugere a possibilidade de condições favoráveis discussão sobre o papel dos sistemas nacionais de
para sustentação do APL frente às novas condições com- inovação na periferia. Revista Estudos Econômicos,
petitivas. A continuidade do seu desenvolvimento impli- São Paulo, IPE, v. 27, n. 2, p. 220-253, 1997.
ca, desta forma, políticas voltadas principalmente para o
apoio às ações coletivas, a exemplo da coordenação da BECATTINI, G. The Marshallian industrial district as a
cadeia produtiva, e que atuem sobre as deficiências que socio-economic notion. In: PYKE, F.; BECATTINI, G.;
se manifestam localmente, como a debilidade dos seg- SENGENBERGER, W. (Ed.). Industrial districts and
mentos de fiação e tecelagem, a ampliação das compe- inter-firm cooperation in Italy. Geneva: International
tências tecnológicas das empresas, lembrados aqui como Institute for Labour Studies, 1990.
exemplos, já que tais debilidades não foram objeto de
análise detalhada neste trabalho. O que se procura des- BOYER, R. The convergence hypothesis revisited:
tacar é que as relações de cooperação no local, ao mes- globalization but still the century of nations?. In:
mo tempo que devem ser um instrumento de implemen- BERGER, S.; DORE, R. (Ed.). London national
tação das políticas (ou seja, tais relações servem como diversity and global capitalism. Ithaca: Cornell
aporte para defini-las e implementá-las por uma ação University Press, 1996.
coletiva e tendo como objeto o conjunto dos agentes),
são também o próprio alvo destas políticas à medida que BRESCHI, S.; MALERBA, F. Sectoral innovation
estimulam as relações de cooperação e criam um circulo systems: technological regimes, Schumpeterian