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2018
Vamos considerar que nós temos a coisa julgada, formada ou após a interposição e
o julgamento de todos os recursos, ou após o transcurso do prazo sem a interposição de
recurso algum; com o trânsito em julgado, essa sentença, em alguns cenários (na maioria,
eu diria), precisa ser cumprida.
Na sentença, como ambiente máximo do exercício da tutela de cognição plena, o
juiz vai analisar os fatos jurídicos trazidos pelas partes, a partir das provas apresentadas, e
vai definir a situação jurídica litigiosa. O juiz decide a relação jurídica de direito material
e, após o trânsito em julgado, a sentença é acobertada pela cristalização da coisa
julgada.
A sentença reconhece o direito material e reconhece a existência de obrigação,
condena o réu a adimplir, a cumprir a obrigação até então descumprida. Reconhece o
cenário de inadimplência. Mas esse reconhecimento, por si só, não vai acarretar o
cumprimento, o adimplemento; ela (a sentença) não se efetiva sozinha. É por isso que se
necessita da tutela executiva. Imposição coativa, forçada, uso da força estatal para a
efetivação do direito reconhecido na sentença.
A sentença vai ser o título executivo hábil ao uso da força executiva. Saímos do
ambiente da cognição e vamos para o ambiente executivo. Tutela executiva: o Estado, por
meio dos seus juízes e da força estatal, vai se concentrar na imposição coativa, forçada,
para e realização do direito reconhecido na sentença.
A sentença se fixa como título executivo judicial, carregado de uma força muito
grande a acobertado pela cristalização da coisa julgada. Não tem a ver com acertamento do
direito, como a fase de cognição; mesmo assim, faz-se necessária a implementação do
contraditório, a participação do réu devedor.
A partir de 2015, o legislador dá um corte e aplica a ideia de processo sincrético -
vira tudo um processo só. Primeiro, a disponibilização da tutela cognitiva, havendo a
possibilidade de tutela provisória, no caso de urgência, e, depois, dentro do mesmo
processo, a tutela executiva, disponibilizada aqui dentro como uma sequência natural,
para efetivação do direito reconhecido na sentença. Antes de se chegar aqui, há a
perspectiva de um interlúdio de cognição após a coisa julgada. Trata-se de uma janela,
em algumas hipóteses, de mais cognição.
Isso foi visto, brevemente, no estudo das sentenças (art. 324, CPC). Pedido certo e
determinado → juiz não pode proferir sentença que não tenha essas características. No
entanto, há hipóteses em que se pode fazer pedido ilíquido e incerto, e a sentença sairá
ilíquida. Quando a sentença sai ilíquida, nos casos previstos no CPC 2015, vai ser exigido
mais cognição após as fases recursais, antecedendo a execução propriamente dita.
Enquanto não se liquidar, não se pode passar para a execução, porque não se tem os
contornos precisos do que se exigirá do devedor. É a fase de liquidação da sentença.
Se a sentença sair dentro do padrão, líquida, não existe essa fase, e passa-se direto para
o cumprimento de sentença.
Esse é o primeiro cenário a ser estudado, o da liquidação de sentença.
Chegando nesse momento após a sentença, após a fase recursal e o trânsito em
julgado, há um desdobramento da fase de cognição.
O legislador de 2015 colocou como exceção, deixando apenas DUAS hipóteses
para esse cenário. A liquidação vai acarretar duas fases de produção de prova no
processo, e duas decisões que se completam para chegar na execução. Mas há um uso
restrito desse cenário determinado pelo legislador de 2015.
Esse primeiro ponto só vai aparecer no cenário de excepcionalidade da sentença
ilíquida, porque mesmo diante de pedidos genéricos, impõe-se a sentença líquida. Só
alguns casos é que fogem a essa regra, segundo o legislador de 2015.
Como a sentença ilíquida é inservível para o credor, num primeiro
momento, teve que se criar essa fase para que se defina com precisão os contornos
para a execução da sentença.
Sentença ilíquida: não contém dentro dela o quantum debeatur. Contém o
acertamento do an debeatur, que é a existência da obrigação. Reconhece-se a existência
da obrigação, ou seja, o dever jurídico do devedor perante o credor. reconhece-se a
obrigação, mas essa obrigação não é quantificada, não é determinada, no sentido de
qualidade e quantidade. Normalmente, isso acontece com dinheiro. Reconhece-se a
obrigação de indenizar, o dever do devedor é o de pagar algo ao credor, pagar uma quantia,
mas essa quantia não é apurada pelo padrão normal do procedimento comum, inclusive em
sua fase probatória, mas deixada para um segundo momento, em que haverá mais
produção de provas (liquidação de sentença) - arts. 509-512, CPC.
Sentenças ilíquidas ocorrem no mais das vezes com obrigação de pagar. Objeto da
obrigação: dinheiro.
Quando a sentença sai líquida na obrigação de direito, ela contém todos os
parâmetros e vai direto para o cumprimento. Entrega e obrigação de fazer também.
Em alguns casos, a existência do direito an debeatur é muito conflituosa em termos
de interpretação legal e judicial. Uma prova caríssima para quantificar o direito que se pode
perder depois? Nesse caso, isso é deixado para depois. Uma vez cristalizado que o direito
existe, o quantum se apura em momento posterior. Se no final se entender que o direito não
existe, não houve gasto exacerbado com a produção de provas. Melhor fixar primeiro se
houve o dano para, depois, verificar o quantum. Ex.: Samarco. Primeiro fixar a
responsabilidade da empresa e suas coligadas, para apenas depois os danos serem
apurados. Uma prova pode ser caríssima ou muito demorada, envolver tombamento,
desapropriação… Esses casos incorrem no inciso II do art. 491. Perícia cara, demorada.
Concessões de serviço público também se enquadram nesse casos.
Esses são os casos que desaguam na liquidação. Estamos falando de
cumprmento de sentença, não de titulos extrajudiciais. Essa sentença judicial precisa
ser cumprida, mas uma determinada temática pode ser reenviada para mais cognição, pela
própria sentença.
Mas como se sabe se vai direto para cumprimento ou se vai haver mais cognição
após o fechamento da coisa julgada? Verifica-se se a sentença é ilíquida ou líquida.
Isso nao existe no âmbito do título extrajudicial, porque este, para dar ensejo à
execução, precisa conter obrigação líquida, certa e exigível. Não existe liquidação de
título extrajudicial se for ilíquido, vai ter que ajuizar uma ação de cognição para verificar o
direito! Art. 786: A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a
obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo. Título
executivo extrajudicial ILÍQUIDO: não pode ser executado, tem que ajuizar ação de
cognição!!! Não existe liquidação do título executivo extrajudicial.
CPC/73: rito ordinário, hoje chamado de procedimento comum. Após o trânsito em
julgado da sentença ilíquida, o credor ajuizava a ação de liquidação; precisava de uma
sentença para liquidar a primeira sentença, dizer o quantum. Cabiam recursos até o trânsito
em julgado. Aí era essa a sentença (da liquidação) que se ajuizava, em uma ação de
execução de sentença. Nova petição inicial, novas custas… não existia cumprimento de
sentença; o cumprimento foi criado em 2005.
Agora há um processo único, em duas ou três fases. Não existem mais essas
quebras. Há uma sequência, simples intimação. Vem a decisão que confere liquidez à
sentença. Essa vai ser uma decisão INTERLOCUTÓRIA, sujeita a agravo de
instrumento. Não é nova sentença, novo processo, é só mais uma fase do processo,
chamado de processo sincrético. É o desdobramento das fases do processo, em duas ou
três fases, dependendo da liquidez ou iliquidez da sentença. Se for líquida, vai direto para a
execução, para o seu cumprimento. Se for ilíquida, tem que haver a fase de liquidação,
porque se não, não se sabe quanto se exigirá do devedor.
Arbitramento e liquidação pelo procedimento comum (= por artigos → nome
antigo): são os tipos de liquidação de sentença. De uma forma ou de outra, trata-se de
fase probatória, a fim de se apurar o quantum debeatur.
A partir de 2005, o código de processo civil se cristaliza com a perspectiva do
cumprimento de sentença como fase, como sequência de um processo já existente (salvo
algumas exceções raríssimas), e não como um processo autônomo, como era antes. O
CPC de 2015 ajuda a concretizar essa alteração. No final, executa-se uma sentença
completada por uma decisão interlocutória.
Precedentes: resp 1147191- rs (24/04/2015); agrg no aresp 664993-rj (31/03/2016);
agint no aresp 736612-sp (10/11/2017); agint no resp 1648531-es (21/11/2017).
Depois da liquidação, o processo passa para a fase de cumprimento de sentença,
ou execução do título judicial. Esse é o nome dado à fase, mas ela ainda pertence ao
processo de conhecimento, ela ainda o integra, porque é um processo só, não se começa
um novo processo, como ocorrida antes. Isso porque o legislador parou com esses
“purismos”. Isso tudo é um processo só, podendo ser chamado de processo de
conhecimento. Na primeira e segunda fases, se viabiliza a tutela cognitiva, enquanto,
a partir da terceira, trata-se de tutela executiva.
Não se pode falar em processo de execução, porque ele é outro tipo de processo,
contido no livro 2 do CPC. Mas é a fase executiva. Por isso se chama processo
sincrético, porque todas as fases integram um processo só.
A sentença não mata mais o processo, porque ele continua, na maioria das vezes.
Essa não é mais a definição de sentença!!
SÓ SE VAI PARA O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA SE ELA CONTIVER
CAPÍTULO CONDENATÓRIO!
Se ela for declaratória, constitutiva ou desconstitutiva, não se passa para a fase
executiva. A sentença é auto suficiente e não precisa de tutela executiva. Só vai para frente
se ela for condenatória, reconhece a existência de OBRIGAÇÃO de uma parte com relação
à outra; e determina o cumprimento dessa obrigação!
No entanto, toda sentença tem um capítulo condenatório, ainda que seja de
improcedência pura: são os ônus sucumbenciais - honorários e custas.
Quando eu tenho uma sentença de
improcedência/declaratória/constitutiva/desconstitutiva com suspensão da
exigibilidade dos ônus sucumbenciais por causa de justiça gratuita, não vai para a
fase executiva! Mas, em tese, toda sentença deságua nessa fase.
Art. 1.015, parágrafo único, CPC: cabe agravo de instrumento contra a decisão
proferida em liquidação de sentença para apurar o quantum debeatur → Também caberá
agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de
sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.
A coisa julgada pode se cristalizar em cima de uma sentença líquida. O que fazer? Ir
direto para o cumprimento de sentença. E se for ilíquida? Tem que passar pela fase de
liquidação de sentença, para, só depois, ir para o cumprimento. Assim, depois do trânsito
em julgado, haverá esse interlúdio de mais cognição, que acabará com uma decisão
interlocutória que será executada, junto com a sentença que determinou a obrigação.
Sentenças que não reconhecem/impõem obrigações (capítulo de despesas
processuais suspenso) não vão para o cumprimento. Há exceções, mas elas serão
analisadas depois.
No caso de sentença líquida, ou definida em liquidação, ou decisão do 356 →
julgamento antecipado parcial de mérito (interlocutória): vão para o cumprimento de
sentença.
A decisão que julgar parcialmente o mérito pode reconhecer a existência de
obrigação LÍQUIDA OU ILÍQUIDA. Se for ilíquida, tem que haver liquidação de sentença! A
parte poderá liquidar ou executar desde logo! Liquidar ou executar porque vai depender da
liquidez da decisão. Só vai executar se ela for líquida, porque, se for ilíquida, vai ter que ser
liquidada, como ocorre com a sentença ilíquida.
Tutela específica: cumprimento de obrigação de fazer e não fazer ou entrega de
coisa. Juiz impõe tutela específica na sentença, com todo o arsenal para que a obrigação se
cumpra in natura. Mas pode ocorrer um cenário em que não é possível a realização in
natura do fazer/não fazer ou da obrigação; aí vira perdas e danos, que serão apurados em
liquidação de sentença. Art 499, CPC: A obrigação somente será convertida em perdas e
danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela
pelo resultado prático equivalente. Ex.: sentença condena Débora a entregar um celular que
pertencia a fulano para Érico, mas o celular se perdeu em um cruzeiro, o que fazer?
conversão em perdas e danos. Qual o valor das perdas e danos? Não se sabe, não foi
fixado em sentença. Parte-se para a liquidação de sentença, ainda que nao indicado a
princípio. As perdas e danos precisam ser liquidadas para que depois se efetue seu
pagamento. Precedente: Resp 885988-es.
Como sei se vai ter liquidação? CPC de 73, na sua pureza, previa o cenário da
liquidação de 3 tipos: cálculos do contador, perícia (arbitramento) e por artigos.
Nas reformas do código, o primeiro tipo deixou de existir. “condeno fulano a pagar ao
ciclano o valor de 10 alugueres…”. Isso não é mais liquidação, é simples cálculo, a parte é
que faz. Porque a sentença líquida não é a que fala um valor x, ex.: 100 reais. Até
porque o valor a ser executado nunca vai ser aquele fixado à sentença, já que sempre
haverá incidência de juros moratórios e correção monetária. Assim, sentença líquida é
aquela que contém todos os parâmetros e na qual o valor a ser executado sai com a
simples efetuação de cálculo. Você pega o montante, chamado principial, joga a correção
monetária e os juros. Isso NÃO REQUER PERÍCIA, qualquer um faz. São simples cálculos,
os índices estão numa tabela, você tem os dados necessários para chegar ao montante a
ser executado.
Art. 509, §2.º, CPC: Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo
aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
Art. 524, CPC: O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo
discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter (...).
A sentença vai ser ILÍQUIDA quando os parâmetros necessários para a
apuração do valor devido não estiverem na própria sentença - não é de conta que
precisa, mas de PROVA (pericial, documental, testemunhal..). Aí é que se vai proceder
à liquidação.
Art. 509, CPC: Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida,
proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
AULA 02 - 21.03.2018
Modalidades de liquidação:
Sabemos que o processo de conhecimento tem três fases. Suponhamos que a
sentença tenha saído ilíquida e que já tenham sido interpostos todos os recursos possíveis,
transitando a sentença em julgado. Inicia-se a fase de liquidação. Não demanda simples
cálculos/apurações a partir de parâmetros certos contidos na sentença, precisa-se de mais
provas, ou perícia, médica por exemplo, no caso de sequelas causadas por um acidente de
trânsito. Ou, no caso da condenação ao pagamento dos lucros cessantes de um motorista
de táxi, vai ter que se apurar quanto esse taxista recebia, em média, para se calcular o valor
que ele provavelmente deixou de auferir. Até agora só se sabe que houve acidente e
sequela e quem é o responsável, sendo necessário constatar o quantum.
Numa primeira hipótese, todos os elementos que configuram o quantum já estão
contidos nos autos, mas a sua leitura, sua avaliação, demanda um técnico, um
engenheiro, um médico... é preciso um conhecimento técnico, não jurídico, para a
realização desses trabalhos quantificativos. É a liquidação por arbitramento, produção
de prova pericial. A produção dessa prova vai se dar nos moldes do art. 464 e seguintes.
O legislador inventou uma coisa interessante, que permitiu que as partes, no começo do
procedimento de liquidação, apresentem pareceres, laudos técnicos particulares. A parte
contrata um assistente técnico e apresenta seu laudo, e isso pode acontecer com ambas as
partes. Se o juiz entender que a questão é tão complexa, pode determinar a prova pericial,
mas, se os laudos técnicos apresentados pelas partes forem suficientes para o
convencimento do juiz, essa fase bastará com os relatórios técnicos das partes.
Não necessariamente terá que se realizar a perícia no processo, porque, nesse
caso, as próprias partes mostram laudos que podem ser homologados. As partes podem
escolher o arbitramento por convenção. Uma das possibilidades de convenção/negócio
processual é que as partes ajustem que a sentença pode ser ilíquida e que a
liquidação se dará por arbitramento. Art 509, CPC. Em princípio, no CPC antigo,
entendia-se pela indisponibilidade do rito da liquidação. Não é ‘escolha do freguês’. O
CPC agora deu uma guinada de 180 graus, e permitiu a convencionalidade dessa fase.
Precedentes: 1114519-pr; agrg resp 572896-pr → muito didático!! liquidação por artigo x
por arbitramento.
Por artigo/Procedimento comum: precisa de prova nova. Um pedaço do fato
constitutivo de direito do autor vai aparecer neste segundo momento para efeitos de
quantificação. Pode ser prova pericial, mas, para isso, outras provas terão que ser
produzidas previamente (testemunhal, documental...); abre fase probatória ampla, todos os
meios de prova admitidos em direito são admissíveis de utilização nessa fase, desse tipo de
liquidação. Vai se parecer bastante com o ajuizamento de uma ação, sujeito apresenta
requerimento de liquidação por artigos, alegando quais os fatos novos que vai produzir. A
outra parte se manifesta, impugnando ou não aquelas alegações; juiz decide a liquidação,
concluindo pelo valor dos danos, pelo quantum debeatur, após a fase probatória. Abre-se
quase que um “procedimentozinho comum”. Segunda rodada de procedimento comum,
muito parecido com o que aconteceu lá atrás com uma informalidade maior, já que o
requerimento é mais simples, a manifestação do devedor não segue os moldes da
contestação… art. 511.
Importante: não se pode tocar na coisa julgada. O dever de indenizar já existe, já
foi reconhecido pela sentença e cristalizado pelo manto da coisa julgada; não se pode
mexer nisso. A única coisa que vai acontecer é a complementação da sentença com o
quantum debeatur. Precedentes: resp 1234765-rs.
A decisão que encerra a fase de liquidação é uma decisão interlocutória,
porque encerra uma fase do processo, mas não o processo em si, uma vez que ele
continua com o cumprimento de sentença.
Essa decisão está sujeita a recurso - agravo de instrumento, porque está no rol do
art. 1015, CPC (parágrafo único).
Liquidação zero: A sentença reconhece o an debeatur e manda para a liquidação.
Na liquidação, não se acha prejuízo, o prejuízo dá zero. Não infringe a coisa julgada, porque
foi reconhecido o dano na fase de cognição, mas, na época, não se sabia sua quantificação,
que apenas depois se conclui ser zero. A decisão que reconhece o prejuízo zero passa a
ter valor de sentença! Assim, tendo valor de sentença, o recurso cabível é APELAÇÃO.
É decisão que põe fim ao processo, concluindo pela inexistência de obrigação/débito.
Precedentes: resp 1549467 sp; resp 1127488 rj; resp 1291318 rs.
A decisão que encerra a liquidação, em regra, é decisão interlocutória, sendo
passível de agravo de instrumento, porque apenas define o quantum debeatur a ser
executado, mas, excepcionalmente, pode ser caso de liquidação zero, em que não se
achou nada, a decisão vai resolver o mérito, sendo cabível a apelação, porque nada
caminha para a frente, o processo acabou.
Os casos mais comuns de liquidação zero são aqueles em que há compensação, ou
quando não consegue se provar que houve sofrimento do prejuízo. No processo de
conhecimento só se apurou a obrigação de indenizar, mas não qual a extensão do dano.
Problemas da coisa julgada em cima da sentença da liquidação → Primeiro
problema: se juiz mandou fixar por arbitramento, isso transitou em julgado, mas aí,
constata-se, na liquidação, que não é por arbitramento, e sim por artigo; pode mudar? SIM.
Súmula 344, STJ. Esse pedaço da sentença não passa em julgado, porque se refere a
processo/procedimento, não é direito material; o cobertor da coisa julgada apenas cobre
a solução do direito material. Se o modelo de liquidação é determinado erroneamente
na sentença, permite-se a sua alteração em momento posterior. Parte processual da
sentença. Art. 509. convenção ou definições futuras.
Segundo problema: sentença mandou apurar prejuízos e esqueceu da correção e
dos juros, não fixou. Isso transitou em julgado. É parte do direito material, não processual;
O que acontece? Pode incluir na liquidação, STJ é pacífico! Isso porque se trata de
acessório da obrigação principal. Precendete: Agravo interno no aresp 1092158 pr.
E os honorários? As decisões do STJ caminhavam no sentido de que, se não
determinasse na sentença e ela transitasse em julgado, nada poderia ser feito; não seriam
incluíveis depois. Precedentes: Resp 352235 se. CPC novo, art. 85, parágrafo 18: ainda
que os honorários não constem na sentença passada em julgado, eles poderão ser
arbitrados depois, no momento da liquidação, por exemplo. Esse pedaço tbm nao passa
em julgado!
AULA 03 - 23.03.2018
§ 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser
processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
A sentença pode vir direto pra cá, se for líquida, ou depois da liquidação, se for
ilíquida. No cumprimento, tanto faz se passou pela liquidação ou não, o que importa é que
se tem uma sentença LÍQUIDA, que define o QUANTUM DEBEATUR. Quantificação da
obrigação.
200 - 2001 - 2005: legislador passou a juntar a execução de sentença no próprio
processo de conhecimento em que ela foi proferida, como uma mera passagem de fases, e
não mais um processo autônomo. Tutela específica para obrigação de fazer ou não fazer -
ocorria por meio de simples requerimento apresentado no próprio processo de
conhecimento.
Ciclo processual em que se sai da autonomia dos processos para um
processo sincrético, que é um processo só com diversas fases, em que as diferentes
tutelas podem ser realizadas ao mesmo tempo. Cumprimento e liquidação se fazem num
processo só, como regra.
CPC aperfeiçoa esse sistema, o ciclo se fecha, porque no CPC de 2015,
determinou-se que sentença, seja qual for, se cumpre dentro das normas do
cumprimento de sentença (513-538). Só ocorre a execução por meio de processo
autônomo quando se quiser executar um título executivo EXTRAJUDICIAL. Sentença
que condenava a prestar alimentos, antes, era por meio de execução autônoma, agora não
mais. Cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de pagar quantia certa pela
Fazenda Pública e exigibilidade de obrigação de fazer/nao fazer ou entregar coisas →
também se dão pelo cumprimento de sentença!! Fase do processo. não é mais
execução autônoma;
QUALQUER SENTENÇA QUE SE PROFERIR NO PROCESSO CIVIL se realiza sob
as regras da fase de cumprimento de sentença - novo CPC. Regras do processo de
execução serão aplicáveis apenas para obrigações inseridas em títulos executivos
extrajudiciais. Art. 771, CPC.
As técnicas/medidas coercitivas aplicáveis para o cumprimento da sentença e a
execução de título executivo extrajudicial são as mesmas, mas o arranjo processual é
diferente.
As medidas/técnicas utilizadas para o cumprimento da sentença vão variar de
acordo com a natureza da obrigação reconhecida - dinheiro, obrigação de dar ou fazer/nao
fazer. Arts. 513-519, CPC.
Qual sentença se vai levar para o cumprimento? Três tipos de sentença:
constitutiva/desconstitutiva, declaratória e condenatória. Sentenças declaratórias: de
modo geral, se bastam por si mesmas. Salvo capítulo condenatório: honorário e
despesas processuais, que tem que levar para cumprimento. Se estiver com assistência
judiciária, exigibilidade suspensa, não vai para o cumprimento.
capítulos condenatórios estão contidos em toda sentença, em regra. podem ser executados.
Basicamente, as sentenças condenatórias é que serão “rodadas” no cumprimento de
sentença. O CPC antigo até previa expressamente que a sentença condenatória era
passível de cumprimento. O que se passa para o cumprimento são as perspectivas
condenatórias - capítulos ou toda a sentença.
Sentença condenatória é aquela que reconhece a existência de obrigações -
tem que reler!! Érico vai cobrar nos casos concretos das provas.
Todas as obrigações envolvem PRESTAÇÕES. Devedor terá que realizar prestação
em prol do credor. Ao fazer isso, o devedor tem direito a ter a quitação, comprovante da
realização da obrigação. Prestação/comportamento por parte do devedor - ainda que seja
entregar dinheiro. Envolve PRESTAÇÃO. Por isso a sentença que reconhece obrigação não
é auto suficiente para resolver na vida o direito material, porque a realização concreta do
direito material vai demandar uma atividade do devedor em prol do credor.
A tutela executiva não é uma tutela de reconhecimento - o reconhecimento já
existe com a sentença. É uma tutela de força, da força estatal, para realizar o que está
previsto na sentença, a obrigação reconhecida em prol do credor. Por isso não há
cumprimento de sentença pelo árbitro, porque ele não foi investido da força estatal, como o
são os juízes. São árbitros privados, têm o poder apenas do acertamento, depois a
sentença tem que ser cumprida na justiça estatal.
Mesmo sentenças que não têm capítulo condenatório podem ensejar o
cumprimento de sentença, se reconhecerem a existência de obrigação. A execução de
sentença, ainda que declaratória, é possível. Não importa o tipo de sentença, mas sim o
reconhecimento da OBRIGAÇÃO. Se esse reconhecimento existe, ainda que em sentença
declaratória, pode-se partir para o cumprimento de sentença → quando uma pessoa ajuíza
uma ação declaratória de inexistência de obrigação e a ação é julgada improcedente - ou
seja, existe obrigação, essa sentença pode dar ensejo ao seu cumprimento, para se exigir a
obrigação reconhecida. Não precisa ajuizar uma nova ação para poder executar a
obrigação.
AULA 04 - 04.04.2018
Nesses casos, não há processo civil em curso perante o juízo cível para ser
continuado, sequenciado. Isso deu divergência doutrinária, porque não se sabia se seria
cumprimento de sentença ou execução autônoma. O NCPC determina que é pelo
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, mas o procedimento terá algumas diferenças. Se terá
que praticamente ajuizar uma ação de cumprimento de sentença, com a respectiva citação
do devedor. Art. 515, §1.º, CPC. Não é apenas requerimento e intimação, como no caso
do cumprimento de sentença proferida no âmbito do processo civil. Processo sincrético é o
processo que começou na justiça civil, como processo de cognição, e continuou, para obter
tutela executiva.
Art. 515, III → transação fora do âmbito judicial, que gera um acordo, que é levado à
justiça para ser homologado, para que se torne um título judicial, que é mais forte do que o
título extrajudicial, no qual o devedor dispõe de mais meios para se defender.
AULA 05 - 06.04.2018
Obs.: Lembrar que a decisão/sentença, para ser cumprida, não precisa ter natureza
condenatória, mas apenas reconhecer uma obrigação. Além disso, praticamente toda
sentença terá capítulo condenatório, por causa dos ônus sucumbenciais. Só não haverá
capítulo condenatório quando esse capítulo estiver suspenso, por causa da justiça
gratuita.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo
juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens
sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de
fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada
ao juízo de origem.
E quando não há nada, em primeiro grau, tramitando perante o juízo cível? Regras
de competência - territorialidade, eleição de foro… o que aprendemos em processo civil I.
Normalmente, os bens do devedor estão com ele. Se ele mudou de BH para
Manaus, levou os bens consigo. Se se está atrás do patrimônio, é muito mais fácil começar
o cumprimento de sentença onde estão os bens nesse momento do que o manter perante o
juízo que proferiu a sentença, se o devedor não mais lá reside, de modo que o cumprimento
teria que se dar mediante carta precatória. Permissão para o deslocamento da
competência. Isso depende, obviamente, de requerimento do credor. O lugar para o qual
a competência será deslocada tem que ser onde o devedor esteja a residir, ou onde
estejam seus bens. Não é para onde o credor quiser ou residir.
Essa disposição do parágrafo único vai “quebrar” a cláusula de eleição de foro. É o
credor que decide se quer manter o cumprimento no juízo perante o qual se processava ou
se vai deslocá-lo para o local onde estão os bens ou onde está o devedor. O devedor não
pode impugnar isso, é opção do credor! Isso faz com que a competência funcional não seja
mais considerada absoluta! Derrogação da competência funcional, que era considerada
absoluta.
Possibilidade de protesto da sentença, em cartório: novidade do CPC novo.
Antes, existia discussão a respeito da possibilidade de a Fazenda Pública pegar a certidão
de dívida ativa e levar a protesto. Hoje isso é admitido! Mais um meio de coerção para fazer
o devedor pagar. Lembrando, CDA é título executivo extrajudicial, não tem nada a ver com
a novidade que o CPC novo trouxe, com relação ao protesto da sentença. Precedente:
Resp 1596379/pr.
O CPC novo permite protestar a SENTENÇA. O credor pode levar a sentença que
reconhece a obrigação de pagar quantia certa e levar a cartório, para protesto (art. 517,
CPC).
Obs. 1: Juiz não pode fazer isso de ofício! Depende do credor → Art. 517, § 1o
Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da decisão.
Obs. 2: Além disso, tem que começar o cumprimento, dar prazo ao devedor para
pagar, e, se ele não pagar, aí sim pode protestar! → Art. 517. A decisão judicial transitada
em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei (cartorária), depois de
transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
Obs. 3: Pode protestar sentença que está sob cumprimento provisório (sentença que
ainda não transitou em julgado)? NÃO! O próprio caput diz que a sentença tem que ter
transitado em julgado!
E pra tirar o protesto, depois do pagamento? Art. 517, § 4º: A requerimento do
executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser
expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do
requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação.
Protesto envolve dinheiro! Quantia certa! Só dá para sentenças que reconhecem
obrigação de PAGAR QUANTIA CERTA! Mas a sentença que, originalmente, era de
fazer/não fazer/entregar coisa, e depois vira perdas e danos, pode ser protestada, porque
vai virar pagamento em dinheiro! HTJ salienta isso.
Inscrever a sentença nos serviços de proteção ao crédito: é diferente de protesto,
mas o credor também pode se valer disso, cumulativamente, para coagir o devedor a
pagar (art. 782: § 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do
executado em cadastros de inadimplentes).
§ 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for
garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo.
§ 5o O disposto nos §§ 3o e 4o aplica-se à execução definitiva de título judicial.
Pode cumular todas essas medidas! Penhora judicial + protesto + inclusão do
nome em cadastros de inadimplentes!
Lembrar que protesto e inclusão nos cadastros são medidas incluídas pelo
código novo!!
Novidades trazidas para efetivar a tutela executiva!
Art. 519. Aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento da sentença,
provisório ou definitivo, e à liquidação, no que couber, às decisões que concederem tutela
provisória.
No cpc de 73, não era tão claro que o cumprimento de sentença começava com
requerimento do credor (475-J), mas essa conclusão já tinha sido alcançada pelo STJ, na
interpretação desse artigo.
No cpc novo, isso fica nítido:
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no
caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença
far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito,
no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
Além disso: Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras
deste Título, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto
no Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 1o O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia,
provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.
Não pode começar de ofício, por determinação judicial!
AULA 06 - 11.03.2018
A terminologia da execução se dá em “exequente” (credor)/”executado (devedor).
Artigo 513, § 1º e art. 523 do CPC/2015 deixam claro a disposição de que é
necessária a iniciativa do credor para dar início ao cumprimento de sentença, por simples
requerimento – sem os requisitos da petição inicial do art. 319 do CPC/2015, não podendo
ser reconhecida de ofício (AgRg no REsp 1.265.174 – PR; AgRG no RESp 1218667-RS).
Passaremos, agora, à análise do procedimento de cumprimento de sentença para
pagamento de quantia certa.
É necessário que seja apresentada a tabela de cálculos em conjunto com o
requerimento do início do cumprimento de sentença, aplicando, no valor da
condenação, os valores de juros e correção monetária, tal como demonstra o art. 524.
Nesse sentido, não se trata de mero requerimento simples, mas de um requerimento
qualificado.
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo
discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art.
319, §§ 1o a 3o;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.