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Tomás de Aquino viveu intensamente os conflitos intelectuais, típicos de sua época, que
opunha o conhecimento pela razão, a teologia à filosofia, a crença na revelação bíblica às
investigações dos filósofos gregos.
Assim, Tomás de Aquino reviveu em grande parte o pensamento aristotélico com a finalidade
de buscar nele os elementos racionais que explicassem os principais aspectos da fé cristã.
1)- Principio da não contradição –O ser é ou não é. Não existe nada que possa ser
e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista.
3)- Principio da causa eficiente - todos os seres que captamos pelos sentidos são
seres contingentes, isto é. Não possuem, em si próprios, a causa eficiente de suas
existências. Para existir, o ser contingente depende de outro ser, chamado de ser
necessário.
5)- Principio do ato e da potência – todo ser contingente possui duas dimensões: o
ato e a potência. O ato representa a existência atual do ser, aquilo que está
realizado e determinado. A potência representa a capacidade real do ser, aquilo
que não se realizou mas pode realizar-se. É a passagem da potência para o ato
que explica toda e qualquer mudança.
O filósofo escolástico empreendeu foi uma sistematização da doutrina cristã que se
apóia em parte na filosofia aristotélica, mas que contém muitos elementos
estranhos ao aristotelismo . o conceito de criação de um deus [único, a idéia de
que o vir-a-ser , não é autodeterminado,mas precede de Deus.
Deus é ato puro, não há o que se realizar ou se atualizar em Deus, pois ele é
completo. Ele dirá que Deus é ser, ou seja, Deus é o Ser que existe como
fundamento da realidade das outras essências que, uma vez existentes participam
de seu Ser.
1)- O primeiro motor – tudo aquilo que se move é movido por outro ser. Por sua
vez, este outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por
outro ser. E assim sucessivamente. Logo, conclui Tomás de Aquino, é necessário
chegar a um primeiro ser movente, que não seja movido por nenhum outro. Esse
ser é Deus.
3)- Ser necessário e ser contingente – este argumento é uma variante do segundo.
Afirma que todo ser contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar de
existir. Ora, se todas as coisas que existem podem deixar de ser, então, alguma
vez, nada existiu. Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo
que não existe somente começa a existir em função de algo que já existia. É
preciso admitir, então, que há um ser que sempre existiu, um ser absolutamente
necessário, que seja a causa da necessidade de todos os seres contingentes.
Esse ser necessário é Deus.
5)- A finalidade do ser – todas as coisas brutas que não possuem inteligência
própria. Existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade,
semelhante à flecha dirigida pelo arqueiro. Devemos admitir, então, que existe
algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram
seu objetivo. Esse ser é Deus.
Tomás vê a necessidade de discorrer sobre a essência de Deus. Uma pergunta que se coloca
neste momento é se em Deus a existência precede a essência ou a essência precede a
existência. Antes de buscar apresentar a solução para esse problema da anterioridade da
essência ou da existência, é preciso demonstrar o caminho que Tomás percorre antes de
propor uma solução ao problema anteriormente citado.
Tomás entende que Deus é ato puro de existir, sendo simples e não composto de nada.
Primeiro Tomás busca demonstrar que em Deus não existe um corpo. O próprio Tomás
(Suma Teológica I, q.3, a.1, RESP.), a esse respeito, assim afirma: “É preciso dizer de modo
absoluto: Deus não é um corpo”. Completa ainda esta afirmação, o que Tomás afirma ao
dizer da impossibilidade de em Deus existir uma composição de matéria e forma, dizendo
que “É impossível haver em Deus alguma matéria. 1. Porque a matéria é o que está em
potência. Já se demonstrou que Deus é ato puro”
O Mal e o Bem
O mal é a ausência do bem, isto é, o mal não é substancial. Neste aspecto, S. Tomás de
deficiência da forma ou de uma das suas partes, necessária para a integridade de algo.
A “culpa” é, dos males, o maior ― que a providência tenta corrigir ou eliminar com a
“pena”.
A Lei Natural
Existe uma lei eterna ― uma lei que governa todo o universo e que existe na lógica do
surgimento desse universo. A lei natural que existe no Homem é um reflexo (ou uma
de qualquer ser vivo ― é uma revelação desta primeira característica. Por isso, o
A estética
belo é idêntico ao Bem, sendo que o Bem é aquilo que todos desejam e, portanto, é a
própria teleologia (o Fim). O belo também é desejado, e portanto tem um valor
cognoscitiva) ― visão, audição ― e à consciência das coisas (que inclui outros sentidos:
o tacto, o olfacto, o gosto). Portanto, a beleza só se refere aos sentidos que têm maior
valor cognoscitivo e que servem a Razão. O que agrada na beleza não é o objecto em
coisas sensíveis (arte em geral) mas também nas coisas do espírito. Um corpo
São Tomás é famoso por ter cristianizado Aristóteles, à semelhança do que fez
Agostinho com Platão, ele transformou o pensamento desse sábio num padrão
aceitável pela igreja católica.
Apesar de Aristóteles não ter conhecido a revelação cristã, como diz Tomás, e de
sua obra ser original, autônoma e independente de dogmas, ele está em harmonia
com o saber contido na Bíblia. E Tomás aplica o pensamento de Aristóteles na
teologia. Portanto o grande mérito deste santo doutor da Igreja foi a síntese do
cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo
redescoberto na Idade Média na escolástica, compaginou um e outro, de forma a
obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de
Aristóteles.
Efectivamente, São Tomás propõe uma dedicação integral aos estudos, uma consagração à
vida intelectual, um estilo de vida ascético que propicie uma relação com Deus, com os outros
e consigo próprio. No De modo studendi é muito claro: “alguém dedicado ao estudo deve,
antes de mais, cuidar das atitudes da alma” (Lauand, 1998, p. 302).
A aquisição do tesouro do conhecimento exigirá, diz no “De modo studendi”, uma ordenação
interior do sujeito que estuda, bem como uma ordenação exterior: “do mais fácil para o mais
complexo, do riacho para o alto-mar”. Nesta articulação entre o interior e o exterior, Tomás
apresenta em De Magistro, a aprendizagem intelectual como um movimento gradual, que faz
com que a aquisição da ciência (saber) seja uma passagem progressiva de potência a acto.
A aprendizagem não é entendida como anamnesis (já que Tomás não admite a preexistência
da alma), mas sim como a aquisição de verdades até então desconhecidas. O saber que o
discípulo possui antes de receber os ensinamentos do mestre, é apenas um saber “inicial”,
fruto de uma adaptação espontânea da inteligência, contudo, falta-lhe todo um caudal de
conhecimentos, que serão adquiridos pela ajuda da do mestre, que o guia por “caminhos
seguros até à obtenção de conclusões certas” (Galino, 1981, p. 559).
Para São Tomás existem dois modos de adquirir a ciência: por si próprio, o modo natural, e por
intermédio do mestre. Apesar de o homem poder adquirir conhecimentos por si próprio, a acção
do mestre é sempre fecunda e insubstituível na busca da ciência.
Para São Tomás de Aquino, a Teologia era uma ciência que tinha na
Escritura sagrada e nas tradições da Igreja Católica suas principais
matérias-primas, sendo a fé e a razão as ferramentas necessárias para
desvendar os ensinamentos teológicos.
Para Tomás de Aquino, o homem é corpo e alma inteligente, incorpórea (ou imaterial), e se
encontra, no universo, entre os anjos e os animais. Princípio vital, a alma é o ato do corpo
organizado que tem a vida em potência.
Contestando o platonismo e a tese das idéias inatas, Tomás de Aquino observa que se a alma
tivesse de todas as coisas um conhecimento inato, não poderia esquecê-lo, e, sendo natural
que esteja unida a um corpo, não se explica porque seja o corpo a causa desse esquecimento.
Conhecer, para Tomás de Aquino, não é lembrar-se, como pretendia Platão, mas extrair, por
meio do intelecto agente, a forma universal que se acha contida nos objetos sensíveis e
particulares. Do conhecimento depende o apetite, ou o desejo, inclinação da alma pelo bem.
O homem, segundo Tomás de Aquino, só pode desejar o que conhece, razão pela qual há duas
espécies de apetites ou desejos: os sensíveis e os intelectuais. Os primeiros, relativos aos
objetos sensíveis, produzem as paixões, cuja raiz é o amor. Quanto aos segundos, produzem a
vontade, apetite da alma em relação a um bem que lhe é apresentado pela inteligência como
tal.
Seguindo Aristóteles, Tomás de Aquino diz que, para o homem, o bem supremo é a felicidade,
que não consiste na riqueza, nem nas honrarias, nem no poder, em nenhum bem criado, mas
na contemplação do absoluto, ou visão da essência divina, realizável somente na outra vida, e
com a graça de Deus, pois excede as forças humanas.