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ET720 – Sistemas de Energia Elétrica I

Capı́tulo 5 – Linhas de transmissão – Parte 2

5.8 Capacitância (C)

◮ Existem cargas em movimento e uma diferença de potencial entre condutores →


capacitância (carga/diferença de potencial → C = Q/V )

◮ A linha se comporta como se os condutores fossem placas de capacitores

5.8.1 Campo elétrico em um condutor cilı́ndrico

◮ Considerar um condutor cilı́ndrico, com carga uniforme, longo e perfeito


(resistividade ρ = 0)

O campo elétrico é radial:

linhas de
campo elétrico

equipotencial

–1–
◮ Os pontos equidistantes do condutor (linha tracejada) são equipotenciais
(apresentam a mesma intensidade de campo elétrico)

◮ A intensidade de campo elétrico no interior do condutor pode ser considerada nula

Considere a lei de Ohm (eletrostática):

E int = ρ J

em que J é a densidade de corrente. Considerando ρ = 0 (condutor perfeito),


tem-se E int = 0

Os elétrons no interior do condutor tenderiam a se repelir até a superfı́cie do


condutor, onde encontrariam um meio isolante

◮ O cálculo da intensidade de campo elétrico a uma certa distância x do condutor é


realizado utilizando a lei de Gauss:

I
ε E dS = Q
S

em que:

ε − permissividade do meio:

ε = εr ε0

ε0 é a permissividade do vácuo e vale 8,85 · 10−12 F/m. εr é a permissividade rela-


tiva do meio, sendo que para o ar seco vale 1,00054 e é normalmente aproximada
para 1
E − intensidade do campo elétrico
S − superfı́cie gaussiana
Q − carga total contida em S

–2–
◮ Para a solução da equação de Gauss, deve-se imaginar uma superfı́cie gaussiana,
cilı́ndrica, concêntrica ao condutor e de raio igual a x :

superfı́cie gaussiana E − campo elétrico

x
+q condutor

dℓ
retificando a faixa da
superfı́cie gaussiana
dℓ
2πx

◮ Tomando uma faixa da superfı́cie gaussiana de comprimento diferencial d ℓ a


equação fica:
Z
ε E · 2πx d ℓ = Q

pois a faixa tem área 2πx d ℓ

◮ Integrando:

Q
ε · E · 2πx ℓ = Q ⇒ E= V/m
2πx εℓ

◮ Considerando a carga por unidade de comprimento q = Q/ℓ:

q
E= V/m
2πx ε

–3–
5.8.2 Diferença de potencial entre dois pontos

◮ Considere a seguinte situação:

linhas equipotenciais

P1
D1

q P2
D2

◮ Fazendo uma analogia mecânica:

campo elétrico – força


diferença de potencial – trabalho

A diferença de potencial representa o trabalho para mover uma carga unitária (1 C)


entre dois pontos

◮ Diferença de potencial entre os pontos P1 e P2:

Z D2
V12 = V1 − V2 = E dx
D1
Z D2
q
= dx
D1 2πx ε
q D2
= ln V
2πε D1

–4–
◮ Caso particular – ddp entre os pontos a e b:

r a b
q

Considerando o ponto a na superfı́cie do condutor e que D ≫ r tem-se:

q D
Vab = ln V
2πε r

5.8.3 Diferença de potencial entre dois condutores

◮ A diferença de potencial entre os dois condutores é obtida usando-se o princı́pio da


superposição:

rb
qa ra qb

D
superposição

qa a b

a b qb

–5–
Considera-se que:

 D ≫ ra , rb , ou seja, um observador em um condutor enxerga o outro condutor


como um ponto

 o campo interno ao condutor seja desprezı́vel

 a diferença de potencial total deve-se às contribuições de qa e qb

qa D qb rb
Vab = Vabdevido a qa + Vabdevido a qb = ln + ln
2πε ra 2πε D
 
1 D rb
= qa ln + qb ln
2πε ra D

Observações:

 Na equação:

q B
Vab = ln
2πε A
a referência está em q, ou seja:

V
a b
denominador numerador
distância da distância da
carga a a carga a b

 ddp devido a qa → referência no centro do condutor a → caminho de integração


a para b (ra para D)

 ddp devido a qb → referência no centro do condutor b → caminho de integração


a para b (D para rb )

–6–
5.8.4 Capacitância de uma linha monofásica

◮ Capacitância:

q
C= F/m
v

◮ Considere uma linha para a qual:

D
 os raios dos condutores são iguais: ra = rb = r q r

 qa = −qb = q
q r

◮ A diferença de potencial entre os dois condutores será:

q D q r
Vab = ln − ln
2πε r 2πε D
 2
q D
= ln
2πε r
q D
= ln V
πε r

◮ Utilizando a definição de capacitância e assumindo que para o ar tem-se εr = 1:

πε0 8,85π · 10−12


Cab = = F/m
ln (D/r ) ln (D/r )

–7–
◮ Considere a seguinte situação:

+ a

∼ Vab Cab carga


− b

linha de transmissão

O circuito pode ser representado por:

+ a

∼ Vab /2 2Cab carga/2


n − n n
+

∼ Vab /2 2Cab carga/2


− b

linha de transmissão

◮ A capacitância entre cada condutor e a terra vale:

2πε0 17,7π · 10−12


Can = Cbn = 2Cab = = F/m
ln (D/r ) ln (D/r )

–8–
e a reatância capacitiva fase-terra é dada por:

1
XC =
2πf C
2,8622 D
= · 109 · ln Ω·m
f r
1,7789 D
= · 106 · ln Ω·mi
f r

◮ Da mesma forma que para as reatâncias indutivas, a expressão da reatância


capacitiva fase-terra pode ser escrita como:

1,7789 1 1,7789
XC = · 106 · ln + · 106 · ln D
| f {z r} | f {z }
Xa′ Xd′

= Xa′ + Xd′

em que Xa′ é a reatância capacitiva para um pé de afastamento (Tabela A.3) e Xd′ é
o fator de espaçamento (Tabela A.5).

r é o raio externo do condutor (se for encordoado, é uma aproximação que leva a
erros muito pequenos). Este valor é obtido na tabela de dados dos condutores
(Tabela A.3).

–9–
 Exemplo

Determine a capacitância, reatância capacitiva e susceptância capacitiva por milha de


uma linha monofásica que opera a 60 Hz. O condutor é o Partridge e o espaçamento
entre centros dos condutores é de 20 ft.

Para o condutor especificado, o diâmetro externo é de 0,642′′ (Tabela A.3). Portanto, o


raio externo é:

0,642′′ 1′
r= · ′′ = 0,0268′
2 12
Capacitância entre condutores:

πε0 π · 8,85 · 10−12


Cab = = = 4,2030 · 10−12 F/m
ln (D/r ) ln (20/0,0268)

ou, multiplicando por 1609, Cab = 6,7626 · 10−9 F/mi. A reatância capacitiva é:

1
XC = = 0,3922 MΩ·mi
2πf Cab

Susceptância capacitiva:

1
BC = = 2,5497 · 10−6 S/mi
XC
A capacitância fase-terra (por condutor) é:

Can = 2Cab = 13,5252 · 10−9 F/mi

Reatância capacitiva por condutor:

1
XC = = 0,1961 MΩ·mi
2πf Can

– 10 –
ou, aplicando a fórmula direta mostrada anteriormente:

1,7789 20
XC = · 106 · ln = 0,1961 MΩ·mi
60 0,0268

Susceptância capacitiva por condutor:

1
BC = = 5,0985 · 10−6 S/mi
XC

Da tabela A.3:

Xa′ = 0,1074 MΩ·mi

Da tabela A.5, para D = 20′ :

Xd′ = 0,0889 MΩ·mi

Reatância capacitiva fase-terra (por condutor) total:

XC = Xa′ + Xd′ = 0,1963 MΩ·mi

A reatância capacitiva da linha monofásica obtida através das tabelas é:

XC = 2 (Xa′ + Xd′ ) = 0,3926 MΩ·mi

– 11 –
5.8.5 Influência do solo

◮ Considere a seguinte linha monofásica isolada:

linhas de
campo elétrico
equipotenciais

q −q

As linhas de campo elétrico são normais às equipotenciais.

◮ Caso a linha esteja suficientemente perto do solo, tem-se:

linhas de
campo elétrico
equipotenciais

q −q

solo

– 12 –
O solo também é uma superfı́cie equipotencial, causando uma distorção nas linhas
de campo elétrico, que serão normais a ele

A proximidade do solo altera o formato das linhas de campo elétrico → altera a


capacitância

O efeito é maior quanto mais próxima a linha estiver do solo

◮ Imagine uma continuação das linhas de campo elétrico abaixo do solo e simétrica ao
plano do solo (como em um espelho), terminando em cargas sob o solo:

linhas de
campo elétrico
equipotenciais

q −q

solo

−q q

As cargas sob o solo são denominadas cargas imagem

Pode-se remover a linha do solo e calcular a diferença de potencial e a capacitância


da maneira usual (método das imagens)

– 13 –
 Exemplo

No exemplo anterior foi determinada a capacitância entre condutores de uma linha


monofásica que opera a 60 Hz com condutores Partridge e espaçamento entre centros
dos condutores de 20 ft. Foi obtido o valor Cab = 4,2030 · 10−12 F/m. Obtenha a
expressão da capacitância levando em conta o efeito do solo e calcule a capacitância da
linha, supondo que ela esteja a 30 pés (≈ 10 metros) e 90 pés (≈ 30 metros) acima da
terra.

A expressão da capacitância considerando o efeito do solo será obtida através do


método das imagens.

Considere a superfı́cie do solo como um espelho. Assim, tem-se uma linha idêntica à
original, localizada abaixo da terra, e com carga oposta à primeira:

D
condutor a, carga +q condutor b, carga −q

M M
H H

solo

H H

condutor imagem a′ , carga −q condutor imagem b′ , carga +q


D

– 14 –
A tensão Vab deve levar em conta o efeito de todas as quatro cargas:

     

1  D  r   M  2H 
     
Vab =  q ln +  −q ln  +  −q ln  + q ln 
2πε0  | {z r}  | {z D}   | {z 2H}  | {zM} 
devido a qa devido a qb devido a qa′ devido a qb′
   q 
q D2 (2H)2
= ln 2 + ln 2
M = D2 + (2H)2
2πε0 r M
 2 
q D (2H)2
= ln ·
2πε0 r 2 (2H)2 + D2

Capacitância entre condutores:

q 2πεo
Cab = =  2 
Vab D (2H)2
ln r 2 · (2H)2 +D2

O efeito da terra pode ser desconsiderado se H → ∞:

′ πεo
Cab = lim Cab =
H→∞ ln (D/r )

que é uma expressão que já foi obtida anteriormente.

Para este exemplo, tem-se r = 0,0268′ e D = 20′ .


p
Para uma distância de 90′, H = 90′ e M = (2 · 90)2 + 202 = 181,1077′ e:

Cab = 4,2069 · 10−12 F/m


p
Para uma distância de 30′, H = 30′ e M = (2 · 30)2 + 202 = 63,2456′ e:

Cab = 4,2367 · 10−12 F/m

– 15 –
A figura a seguir mostra o valor da capacitância em função da altura da linha em
relação ao solo:

4,5

4,4

C ×10−12 F/m

4,3

4,2


4,1

4,0
0 50 100 150 200
H [ft]


Exercı́cio(s) proposto(s): (7)

– 16 –
5.8.6 Cabos

◮ Para cabos, tem-se:

 εr ≫ 1

 ε ≫ ε0

 distâncias pequenas entre condutores (fases)

◮ A capacitância atinge valores altos

◮ Cabos geram uma quantidade significativa de potência reativa:

 132 kV → 2000 kvar/mi

 220 kV → 5000 kvar/mi

 400 kV → 15000 kvar/mi

resultando em restrições nos comprimentos das linhas, devido a limitações térmicas


(temperatura de operação) dos cabos. Exemplos de comprimentos crı́ticos:

 132 kV → 40 mi

 200 kV → 25 mi

 400 kV → 15 mi

– 17 –
Solução: colocar reatores shunt ao longo da linha

cabo

reator shunt

5.8.7 Linhas trifásicas

◮ No caso de uma linha de transmissão trifásica a relação entre as cargas nos


condutores e os respectivos potenciais pode ser colocada na seguinte forma geral:

     
VAB P11 P12 P13 qA
 VBC  =  P21 P22 P23  ·  qB 
VCA P31 P32 P33 qC

Da mesma forma que ocorre com a indutância, no caso particular em que os


espaçamentos entre os condutores formam um triângulo e a carga é equilibrada, a
matriz dos coeficientes se torna uma matriz diagonal com seus elementos da
diagonal iguais entre si.

– 18 –
5.8.8 Capacitância de linhas trifásicas com espaçamento simétrico

◮ Considere a seguinte linha de transmissão trifásica:

D D

a c
D

◮ Considere a situação mais comum na prática:

 condutores idênticos: ra = rb = rc = r

 linha equilibrada: qa + qb + qc = 0

 Material complementar

◮ Tensões fase-fase → cada tensão recebe contribuição das três cargas:

  a
1  D r D
Vab = qa ln + qb ln + qc ln  D D
2πεo r D D
|{z}
=0
 
1 D r c b
Vbc = qb ln + qc ln D
2πεo r D equipotencial
1

r D
 devido a qc
Vca = qa ln + qc ln
2πεo D r

– 19 –
◮ Considere os fasores de tensão:


Van = V ∠0◦ V Vab = 3V ∠30◦ V

Vbn = V ∠ − 120◦ V Vbc = 3V ∠ − 90◦ V

Vcn = V ∠120◦ V Vca = 3V ∠150◦ V

◮ Pode-se mostrar (fica como exercı́cio) que:

1
Van = (Vab − Vca )
3
◮ Fazendo as substituições:

 

1 1   D r r D
Van = · qa ln + qb ln −qa ln − qc ln 
3 2πε0 | r {z D} | D{z r}
de Vab de Vca

◮ Considerando qc = − (qa + qb ):

 3
qa D qa D
Van = ln = ln V
6πε0 r 2πε0 r

Fim de material complementar 

◮ A capacitância fase-neutro vale:

qa 2πε0
Can = = F/m
Van ln (D/r )

– 20 –
5.8.9 Capacitância de linhas trifásicas com espaçamento assimétrico

◮ Considere a seguinte linha trifásica:

D31
D23

1 2
D12

◮ Hipóteses:

 os condutores têm o mesmo raio r

 linha é transposta (igual ao caso da indutância) → obtém-se a capacitância


média

 Material complementar

◮ Considerando a transposição, a linha pode ser separada em três trechos distintos:

 Para o trecho 1 em que a fase a está na posição 1, b na posição 2 e c na


posição 3, tem-se:
c
 
1 D12 r D23 D31 D23
Vab1 = qa ln + qb ln + qc ln
2πε0 r D12 D31
a D12 b

– 21 –
x
 Analogamente para os outros 2 trechos:

b
 
1 D23 r D31 D31 D23
Vab2 = qa ln + qb ln + qc ln
2πε0 r D23 D12
c D12 a

a
 
1 D31 r D12 D31 D23
Vab3 = qa ln + qb ln + qc ln
2πε0 r D31 D23
b D12 c

◮ A tensão Vab é a média das tensões nos três trechos:

 √ 
1 1 3
D12D23D31 r
Vab = (Vab1 + Vab2 + Vab3 ) = qa ln + qb ln √
3 2πε0 r 3
D12D23D31

◮ Analogamente:

 √ 
1 1 r 3
D12D23D31
Vca = (Vca1 + Vca2 + Vca3 ) = qa ln √ + qc ln
3 2πε0 3
D12D23D31 r

◮ Lembrando que:

1
Van = (Vab − Vca )
3

– 22 –
e:
x
qa
Can =
Van
Fim de material complementar 

tem-se finalmente (para carga equilibrada → qa + qb + qc = 0):

2πε0
Can = Cbn = Ccn = F/m
ln (Deq /r )

em que Deq = 3
D12D23D31 é o espaçamento equilátero da linha.

 Exemplo

Determine a capacitância e a reatância capacitiva por milha da linha trifásica mostrada


a seguir. O condutor é CAA Drake, o comprimento da linha é de 175 milhas e a tensão
normal de operação é 220 kV a 60 Hz. Determine também a reatância capacitiva total
da linha e a potência reativa de carregamento.

20′ 20′

38′

Da tabela A.3, o diâmetro externo do condutor é 1,108′′. O raio externo em pés é:

1′ 1
′′
r = 1,108 · ′′ · = 0,0462′
12 2

– 23 –
Espaçamento equilátero equivalente:


20 · 20 · 38 = 24,7712′
3
Deq =

Capacitância fase-neutro:

2πε0
Can = = 8,8482 · 10−12 F/m
ln (24,7712/0,0462)

Reatância capacitiva:

1
XC = = 299,7875 MΩ·m = 0,1863 MΩ·mi
2πf Can

Pelas tabelas A.3 e A.5 (usando interpolação):

)
Xa′ = 0,0912 · 106
6
⇒ XC = Xa′ + Xd′ = 0,1865 MΩ·mi
Xd′ = 0,0953 · 10

Reatância total da linha:

XC
X= = 1065,7143 Ω
175

– 24 –
Para o cálculo da corrente de carregamento, considere a seguinte situação:

condutor da fase a
+ Icar
Van Can

terra

Portanto:


Van 220 · 103/ 3
Icar = = = 119,2 A
X 1065,7143

Potência reativa trifásica gerada na linha:

QC = 3 Van Icar
Vab
= 3 √ Icar
3

= 3 Vab Icar = 45,4 Mvar

ou seja, aproximadamente 260 kvar/mi.

A potência reativa gerada nesta linha é bem menor que a gerada em cabos, conforme
visto anteriormente.

– 25 –
5.8.10 Efeito do solo sobre a capacitância de linhas trifásicas

◮ Utiliza-se o método das imagens:

a c

H2 H31

H1 H3
solo
H12 H23

a′ c′

b′

obtendo-se uma expressão para a capacitância que leva em conta as distâncias entre
os condutores e as distâncias entre os condutores e as imagens:

2πε0
Can =  √
3
 F/m
Deq H1 H2 H3
ln r · √
3
H12 H23 H31

– 26 –
5.8.11 Condutores múltiplos por fase

◮ Para n condutores, considera-se que a carga em cada um seja de qa /n (para a fase


a)

◮ O procedimento para a obtenção da capacitância é semelhante ao que já foi feito


até agora e o resultado final é:

2πε0
Can = b
 F/m
ln Deq /DsC

em que:

b

DsC = rd dois condutores por fase

b 3
DsC = rd2 três condutores por fase

b 4
DsC = 1,09 r d 3 quatro condutores por fase

b
Os DsC são RMG modificados em relação aos RMG usados no cálculo das
indutâncias, pois o raio externo substitui o raio efetivo

 Exemplo

Determine a reatância capacitiva por fase da linha trifásica mostrada a seguir.

Condutor ACSR Pheasant


d
d = 45 cm
a ′ b ′ c ′
a b c
D=8m
D
Comprimento da linha ℓ = 160 km

– 27 –
Da tabela A.3, o raio externo em metros é:

1,382 · 0,3048
r= = 0,0176 m
2 · 12

RMG modificado da linha:

b

DsC = 0,0176 · 0,45 = 0,0890 m

Espaçamento equilátero equivlente:


3
Deq = 8 · 8 · 16 = 10,0794 m

Capacitância:

2πε0
Can = = 11,7570 · 10−12 F/m
ln (10,0794/0,0890)

Reatância capacitiva por unidade de comprimento:

1
XC = = 225,6173 MΩ·m = 0,1402 MΩ·mi
2πf Can

Reatância capacitiva da linha:

XC 225,6173 · 106
X= = = 1410,11 Ω
ℓ 160 · 103


– 28 –
5.8.12 Linhas trifásicas de circuitos em paralelo

 Material complementar

 Exemplo

Obtenha a susceptância capacitiva por fase da linha trifásica de circuito duplo mostrada
a seguir, que é composta por condutores CAA 26/7 Ostrich 300.000 CM.

18′
a c′

10′
21′
b b′

10′
18′
c a′

• Pela tabela A.3, o diâmetro externo do condutor tipo Ostrich é Ds = 0,680′′. O raio
externo em pés é:

0,680 1
r= · = 0,0283′
2 12

– 29 –
• DMG entre as fases e espaçamento equilatero equivalente:

p
Dab = 102 + 1,52 = 10,1119′ = Da′ b′
p
Dab′ = 102 + 19,52 = 21,9146′ = Da′ b
h i1/4
2
DMGab = (10,1119 · 21,9146) = 14,8862′

DMGbc = DMGab = 14,8862′


h i1/4
2
DMGca = (20 · 18) = 18,9737′

Deq = (DMGab DMGbc DMGca )1/3 = 16,1401′

• RMG:

h i1/4
2
RMGa = (r · Daa′ ) = 0,873′
h i1/4
2
RMGb = (r · Dbb′ ) = 0,771′

RMGc = RMGa = 0,873′

b
DsC = (RMGa RMGb RMGc )1/3 = 0,837′

– 30 –
• Capacitância por fase:

2πε0
Cn = b
 = 18,58 pF/m
ln Deq /DsC

• Susceptância por fase:

Bc = 2πf Cn = 7 nS/m = 11,27 µS/mi

 Exercı́cio

Repita o exemplo anterior para a configuração de linha mostrada a seguir e compare os


resultados obtidos.

18′
a a′
10′

21
b b′
10′
18′
c c′

(Resposta: Cn = 17,60 pF/m, 5,3% menor)

Fim de material complementar 

– 31 –
Exercı́cio(s) proposto(s): (8) , (9)

5.9 Modelo da linha de transmissão

◮ Pode-se associar a uma linha de transmissão todos os parâmetros discutidos


anteriormente:

 Parâmetros série ou longitudinais


Resistência – perda de potência ativa com passagem de corrente
Indutância – campos magnéticos com passagem da corrente

 Parâmetros shunt ou transversais


Capacitância – campos elétricos com diferença de potencial
Condutância – correntes de fuga

◮ Como representá-los?

k m

R L R L
k m k m
G C G C

– 32 –
◮ Existem ainda outras possibilidades de representação

◮ Em todos os modelos, as tensões e correntes em cada elemento são todas diferentes

◮ Esses parâmetros são calculados por unidade de comprimento da linha e estão


distribuı́dos ao longo da linha

Portanto, cada trecho da linha ∆x , mesmo muito pequeno (trecho diferencial),


apresenta os quatro parâmetros:

∆x

R, L, C, G

– 33 –
5.9.1 Modelo da linha longa

◮ Considere o seguinte modelo de uma linha de transmissão, que pode ser uma linha
monofásica ou uma fase (fase-neutro) de uma linha trifásica:

IS I I + ∆I IR

+ + + +

VS V V + ∆V VR

− − − −

∆x

Gerador Linha de transmissão Carga

◮ O equacionamento será feito na forma fasorial

◮ Considere:

z ∆x = (R + jωL) ∆x – impedância série do trecho diferencial

y ∆x = (G + jωC) ∆x – admitância shunt do trecho diferencial

ω = 2πf (p.ex. para f = 60 Hz → ω = 377 rad/s)

– 34 –
◮ A corrente pela impedância série é a média das correntes no inı́cio e no fim do
trecho diferencial:

I + (I + ∆I) ∆I
=I+
2 2

A tensão na admitância shunt é a média das tensões no inı́cio e no fim do trecho


diferencial:

V + (V + ∆V ) ∆V
=V +
2 2

◮ As tensões no inı́cio e no fim do trecho diferencial são V e V + ∆V ,


respectivamente. A diferença ∆V se deve à queda de tensão associada à passagem
de corrente (média) pelos parâmetros série:

| +{z∆V} = |{z}
V V − z ∆ x Imédio
| {z }
fim inı́cio queda
 
∆I z ∆x ∆I
∆V = − (z ∆x ) · I + = −z I∆x − ≈ −z I∆x
2 2 }
| {z
≈0

◮ As correntes no inı́cio e no fim do trecho diferencial são I e I + ∆I, respectivamente.


A diferença ∆I se deve ao desvio de parte da corrente pelos parâmetros shunt, que
estão submetidos a uma tensão (média):

I| +{z∆I} = |{z}
I − y ∆ x Vmédio
| {z }
fim inı́cio desvio
 
∆V y ∆x ∆V
∆I = − (y ∆x ) · V + = −y V ∆x − ≈ −y V ∆x
2 2 }
| {z
≈0

– 35 –
◮ Note que os produtos de termos diferenciais são desprezados (muito pequenos)

◮ Fazendo ∆x → 0 (definição de derivada):

d
V = −z I
dx
d
I = −y V
dx

◮ Derivando em relação a x :

d2 d
V = −z I
dx2 dx
d2 d
I = −y V
dx2 dx

◮ Fazendo as substituições das derivadas:

d2
V = zyV
dx2
d2
I = zyI
dx2

que pode ser posta na seguinte forma:

d2
V (x ) = γ 2 V (x )
dx2
d2
2
I(x ) = γ 2 I(x )
dx

– 36 –
que são as equações de onda e:

√ p
γ= zy = (R + jωL) (G + jωC) = α + jβ

em que γ é a constante de propagação, α é a constante de atenuação e β é a


constante de fase

 Material complementar

◮ Tomando como exemplo a equação de V : a solução da equação para V é tal que


diferenciando a solução duas vezes se chegue à própria expressão original de V
multiplicada por uma constante → isto sugere uma solução do tipo exponencial

◮ Considere a solução geral das equações diferenciais na forma:

V (x ) = A cosh γx + B senh γx
I (x ) = C cosh γx + D senh γx

em que:

e γx + e −γx
cosh γx =
2
e γx − e −γx
senh γx =
2

e as constantes A, B, C e D dependem das condições iniciais

– 37 –
◮ Supondo conhecidas a tensão e a corrente no inı́cio da linha:

V (x = 0) = V (0) e I (x = 0) = I (0)

tem-se:

A = V (0) e C = I (0)

◮ As constantes B e D são obtidas substituindo-se as expressões das soluções nas


equações de primeira ordem obtidas anteriormente:

d
V (x ) = −z I(x )
dx
d
I(x ) = −y V (x )
dx

Lembrando que:

d d
cosh x = senh x e senh x = cosh x
dx dx
obtém-se:

γ (A senh γx + B cosh γx ) = −z (C cosh γx + D senh γx )


γ (C senh γx + D cosh γx ) = −y (A cosh γx + B senh γx )

– 38 –
◮ Para x = 0:

γB = −z C = −z I (0)
γD = −y A = −y V (0)

r
z z
B = − I (0) = − I (0) = −Zc I (0)
γ y
r
y y 1
D = − V (0) = − V (0) = − V (0)
γ z Zc

Fim de material complementar 

◮ A solução fica finalmente:

V (x ) = V (0) cosh γx − Zc I (0) senh γx


1
I (x ) = I (0) cosh γx − V (0) senh γx
Zc
p
em que Zc = z /y é a impedância caracterı́stica da linha – interpretação: Zc é a
impedância a ser colocada no final da linha para que se tenha a máxima
transferência de potência entre gerador e carga → casamento de impedâncias

As equações fornecem a tensão e a corrente em qualquer ponto da linha, sabendo-se


V (0) e I (0) no inı́cio da linha
√ p
γ = z y e Zc = z /y dependem somente dos parâmetros da linha

◮ Potência complexa em um ponto x da linha:

S (x ) = V (x ) I (x )∗ = P (x ) + jQ (x )

– 39 –
◮ Se, ao invés da tensão e corrente no inı́cio da linha, forem fornecidas a tensão e
corrente no final da linha, as equações ficam:

V (x ) = V (ℓ) cosh γx + Zc I (ℓ) senh γx


1
I (x ) = I (ℓ) cosh γx + V (ℓ) senh γx
Zc

em que ℓ é o comprimento da linha, V (ℓ) e I (ℓ) são a tensão e a corrente no final


da linha e x é medido a partir do final da linha em direção ao inı́cio da linha

 Material complementar

◮ Outras maneiras de calcular senos e cossenos hiperbólicos:

cosh (a + jb) = cosh a cos b + j senh a sen b


1 a 
= e ∠b + e −a ∠ − b
2
senh (a + jb) = senh a cos b + j cosh a sen b
1 a 
= e ∠b − e −a ∠ − b
2

θ2 θ4 θ6
cosh θ = 1 + + + + · · ·
2! 4! 6!
θ3 θ5 θ7
senh θ = θ + + + + ···
3! 5! 7!

Fim de material complementar 

– 40 –
 Exemplo

Considere uma linha monofásica cujos condutores têm um raio de 2 cm, estão
espaçados de 1 m, e:

• a resistência e a condutância são desprezadas

• a frequência é 60 Hz

• a tensão no inı́cio da linha é V (0) = 130 ∠0◦ kV

• a corrente no inı́cio da linha é I (0) = 50 ∠ − 20◦ A

Determine as expressões da tensão e da corrente ao longo da linha. Trace os gráficos


dos valores absolutos da tensão e da corrente para x variando de 0 a 5000 km. Verifique
o que ocorre com a tensão ao longo da linha se ela tem um comprimento de 200 km.

De acordo com o que foi apresentado anteriormente:

 
µ0 D −7 1
L= ln ′ = 4 · 10 ln = 1,6648 µH/m
π r 0,02 · 0,7788
πε0 8,85π · 10−12
C= = = 7,1071 pF/m
ln (D/r ) ln (1/0,02)

– 41 –
Os parâmetros caracterı́sticos da linha são:

z = R + jωL = j6,2763 · 10−4 Ω/m


y = G + jωC = j2,6794 · 10−9 S/m

p p
Zc = z /y = L/C = 483,9883 Ω
√ √
γ = z y = jω LC = j1,2968 · 10−6 m−1

α = ℜ{γ} = 0
β = ℑ{γ} = 1,2968 · 10−6 m−1

Tem-se ainda:

e jβx + e −jβx
cosh γx = cosh jβx = = cos βx
2
e jβx − e −jβx
senh γx = senh jβx = = j sen βx
2

Substituindo os valores numéricos nas expressões de tensão e corrente tem-se


finalmente:

 
V (x ) = 130 · 103 ∠0◦ · cos 1,2968 · 10−6x − 24,2 · 103 ∠70◦ · sen 1,2968 · 10−6x V
 
I (x ) = 50 ∠ − 20◦ · cos 1,2968 · 10−6x − 268,6015 ∠90◦ · sen 1,2968 · 10−6x A

– 42 –
x
150

123,7

100
V [kV]

50

0
0 200 1000 2000 3000 4000 5000
x [km]

150

130
123,7

100
V [kV]

50

0
0 50 100 150 200
x [km]

– 43 –
x
300

200
I [A]

100
97

0
0200 1000 2000 3000 4000 5000
x [km]

Das curvas pode-se notar que:

◮ a tensão e a corrente variam ao longo da linha

◮ para x ≈ 1160 km a tensão atinge o valor mı́nimo de aproximadamente 23 kV

◮ para uma linha com essas caracterı́sticas e de comprimento igual a 200 km, a
tensão no inı́cio da linha é de 130 kV e no final da linha é de aproximadamente
123,7 kV, apresentando uma regulação de:

130 − 123,7
Regulação = · 100 = 5,1%
123,7

– 44 –
 Exemplo

Uma linha de transmissão trifásica apresenta os seguintes parâmetros caracterı́sticos por


fase: R = G = 0, L = 1,33 · 10−7 H/m √e C = 8,86 · 10−12 F/m. Sabendo que no inı́cio
da linha (x = 0) tem-se V (0) = 220/ 3 ∠0◦ kV (de fase) e S (0) = 150 + j50 MVA
(por fase), obtenha:

(a) a constante de propagação γ

Este exemplo refere-se a uma linha trifásica cujos parâmetros da representação por
fase são fornecidos. Deve-se tratar uma fase da linha trifásica como uma linha
monofásica:


γ= zy
p
= (R + jωL) · (G + jωC)
p
= jωL · jωC

= jω LC
= j4,0925 · 10−7 m−1

(b) a impedância caracterı́stica Zc

p
Zc = z /y
p
= (R + jωL) (G + jωC)
p
= L/C
= 122,5206 Ω

– 45 –
(c) a tensão, a corrente e a potência no final da linha se o seu comprimento é de 300 km

A corrente no inı́cio da linha vale:

 ∗
S (0)
I (0) = = 1244,9913 ∠ − 18,43◦ A
V (0)

De modo similar ao exemplo anterior:

cosh γx = cosh jβx = cos βx


senh γx = senh jβx = j sen βx

As equações de onda são:


V (x ) = 127 · 103 · cos 4,0925 · 10−7 · x −

152,5371 · 103 ∠ − 18,43◦ · sen 4,0925 · 10−7 · x

I (x ) = 1244,9913 ∠ − 18,43◦ · cos 4,0925 · 10−7 · x −

1036,5604 · sen 4,0925 · 10−7 · x

As figuras a seguir mostram os valores absolutos (rms) da tensão e corrente em


função da distância ao ponto inicial da linha.

– 46 –
x

200

150
V [kV]

100

50

0
0 300 1000 2000 3000 4000 5000
x [km]

200

150

127
121,4
V [kV]

100

50

0
0 50 100 150 200 250 300
x [km]

– 47 –
x
1500

1000
I [A]

500

0
0 300 1000 2000 3000 4000 5000
x [km]

Para um comprimento de 300 km, tem-se:

V (300) = 121,4402 ∠ − 8,39 kV


I (300) = 1281,3949 ∠ − 23,82 A
S (300) = V (300) I (300)∗ = 155,6128 ∠15,43 MVA = 150 + j41,4024 MVA

Nota-se que a potência ativa no final da linha é igual à do inı́cio da linha (linha sem
perdas) e que a potência reativa no final da linha é menor que à do inı́cio da linha,
indicando que a linha apresenta um comportamento predominantemente indutivo.

– 48 –
◮ É possı́vel interpretar as equações de onda de tensão e corrente como ondas
viajantes → pode-se decompor a onda em onda incidente e onda refletida, que
resultam nas variações observadas nos exercı́cios anteriores

◮ Se carga apresenta impedância igual à impedância caracterı́stica → não há onda


refletida → linha plana ou linha infinita → formas de onda de tensão e corrente
planas se a linha for sem perdas

De outra forma: se a impedância vista pela fonte é igual a Zc → não há onda
refletida → linha plana ou linha infinita → formas de onda de tensão e corrente
planas

◮ Valores tı́picos de Zc são 400 Ω para linhas aéreas de circuito simples e 200 Ω para
dois circuitos em paralelo. O ângulo de fase de Zc está normalmente entre 0◦ e 15◦

◮ Cabos múltiplos têm Zc menor porque L é menor e C é maior

◮ Comprimento de onda: distância entre dois pontos da linha correspondentes a um


ângulo de fase de 360◦ ou 2π radianos:


λ=
β
Para linhas sem perdas:

2π 1
λ= √ = √
ω LC f LC

Valores tı́picos para 60 Hz giram em torno de 5000 km

◮ Velocidade de propagação da onda:

v =f λ

– 49 –
 Exemplo

Para a linha de transmissão monofásica estudada em exemplo anterior tem-se:

π
∠V [rad]

−π

0200 1000 2000 3000 4000 5000


x [km]

2π 2π
λ= = = 4845 km
β 1,2968 · 10−6
v = f λ = 2,91 · 108 m/s

– 50 –
 Material complementar

◮ A velocidade de propagação calculada é sempre menor que a velocidade da luz no


espaço livre, que é dada por:

1
c=√
µ0 ε0

Considere uma linha monofásica sem perdas com dois condutores de raio r e
separados por uma distância D. A indutância e a capacitância da linha valem:

µ0 D 2πε0
L= ln e C=
2π r ′ ln (D/r )

em que r ′ = 0,7788r . A impedância série e a capacitância shunt por unidade de


comprimento valem:

z = jωL e y = jωC

A constante de propagação é igual a:

√ √ √ √
γ= z y = jω LC ⇒ β = ℑ{γ} = ω LC = 2πf LC

O comprimento de onda é:

2π 1
λ= = √
β f LC

– 51 –
A velocidade de propagação é:

1
v = λf = √
LC
 −1/2
µ0 D 2πε0
= ln ·
2π r ′ ln (D/r )
 −1/2
D 1
= µ0 ε0 ln ′
r ln (D/r )

1
v=q
µ0ε0 ln(D/r )′

ln(D/r )

Das equações acima nota-se que se r ′ = r tem-se:

1
v =c=√ = 2,9986 · 108 ≈ 3 · 108 m/s
µ0 ε0

Como r ′ < r tem-se v < c. O raio efetivo r ′ aparece em razão da existência do


fluxo magnético interno ao condutor. Se o fluxo magnético fosse totalmente
externo ao condutor, a velocidade de propagação seria igual à velocidade da luz para
uma linha sem perdas.

A presença de perdas também resulta em uma velocidade de propagação menor.

– 52 –
 Exemplo

Uma linha monofásica operando em 60 Hz é composta de dois condutores de raio 1 cm


espaçados de 1 m. Calcule as velocidades de propagação para os casos em que:

(a) R = 0 (linha sem perdas)

O raio efetivo é:

r ′ = e −1/4r = 0,0078 m

A indutância da linha é dada por:

 
µ0 D
L= ln ′
= 1,9421 · 10−6 H/m
π r

em que D = 1 m. A capacitância é igual a:

πε0
C= = 6,0374 · 10−12 F/m
ln (D/r )

Impedância série:

z = R + jωL = j0,0007 Ω/m

– 53 –
Admitância shunt:

y = jωC = j2,2760 · 10−9 S/m

Constante de propagação:


γ= z · y = j1,2909 · 10−6 m−1

que corresponde a uma constante de fase de:

β = ℑ{γ} = 1,2909 · 10−6 m−1

Comprimento de onda:


λ= = 4,8674 · 106 m
β

Velocidade de propagação:

v = λ f = 2,9204 · 108 m/s

que corresponde a 97,35% da velocidade da luz.

– 54 –
(b) R = 4 · 10−5 Ω/m.

Neste caso a sequência de cálculos é a mesma. As diferenças ocorrem para os


seguintes valores:

z = 4 · 10−5 + j0,0007 Ω/m


γ = 3,5250 · 10−8 + j1,2914 · 10−6 m−1
β = 1,2914 · 10−6m−1
λ = 4,8655 · 106 m
v = 2,9193 · 108 m/s

que corresponde a 97,31% da velocidade da luz. A inclusão de perdas resultou em


uma velocidade de propagação um pouco menor.

(c) R = 4 · 10−4 Ω/m.

Neste caso tem-se:

z = 0,0004 + j0,0007 Ω/m


γ = 3,4094 · 10−7 + j1,3351 · 10−6 m−1
β = 1,3351 · 10−6 m−1
λ = 4,7060 · 106 m
v = 2,8236 · 108 m/s

que corresponde a 94,12% da velocidade da luz.

Fim de material complementar 

– 55 –
 Exemplo (para ser estudado em casa)

Efeito Ferranti – elevação sustentada de tensão (regime permanente) na extremidade


aberta de uma linha de transmissão, ou seja, a tensão na barra receptora em vazio é
maior que a tensão na barra geradora.

Considere a linha trifásica de transmissão de 440 kV, 60 Hz, Araraquara-Bauru mostrada


a seguir. Os condutores são do tipo ACSR Grosbeak e a linha opera em vazio.

3,6 m
d = 0,2 m
d = 0,2 m
9,27 m 9,27 m

Da tabela A.3 tem-se:

Diâmetro externo − 0,990′′


RMG − 0,0335′
Resistência AC, 60 Hz, 50◦ − 0,1596 Ω/mi

Convertendo para as unidades apropriadas:

Raio externo − r = (0,990/2) · 0,0126 m


RMG − RMG = 0,0335 · 0,3048 = 0,0102 m
Resistência − R = (0,1596/4) /1,609 = 0,0248 Ω/km (4 condutores em paralelo)

A distância média geométrica da linha é:



3
DMG = 9,94 · 9,94 · 18,54 = 12,2357 m

– 56 –
O raio médio geométrico do condutor composto é:

 √ 1/4
Ds = RMG · d · d · d · 2 = 0,1036 m (para o cálculo da indutância)
C
 √ 1/4
Ds = r · d · d · d · 2 = 0,1093 m (para o cálculo da capacitância)

Reatância indutiva:
 
DMG
x = 2 π · f · 2 · 10−7 · ln = 0,3597 Ω/km
Ds

Susceptância capacitiva:

(2 π)2 · f · ǫ0
b= = 4,4 µS/km
ln (DMG/DsC )

Constante de propagação:
√ p
γ = z · y = (R + j x ) · j b = α + j β = 4,36 · 10−5 + j 1,265 · 10−3 km−1

Impedância caracterı́stica:
p p
Zc = z /y = (R + j x ) /j b = 284,89 ∠ − 1,97◦ Ω

Comprimento de onda:

λ= = 4967,03 km
β

– 57 –
A tensão no inı́cio da linha (Sending end) é dada por:

VS = VR · cosh (γℓ) + Zc IR · senh (γℓ)

em que o subscrito R refere-se ao terminal final (Receiving end) da linha e ℓ é o seu


comprimento. Como a linha está em vazio, IR = 0, logo:

VR 1
G (ℓ) = =
VS cosh (γℓ)

em que G corresponde à relação entre as tensões no final e no inı́cio da linha, e depende


do comprimento da mesma.

20
18
16
14
G (ℓ)

12
10
8
6
4
2
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
ℓ [km]

A tensão em vazio de regime permanente no final da linha pode chegar a ser quase 20
vezes maior que a tensão no inı́cio da linha.

– 58 –
replacements
Para comprimentos de linha reais:

1,25

1,2
G (ℓ)

1,15

1,1

1,05

1
0 100 200 300 400 500
ℓ [km]

– 59 –
 Exemplo (para ser estudado em casa)

Transmissão em meio comprimento de onda – vejamos novamente o ganho da linha


de transmissão do exemplo anterior:

20
18
16
14
G (ℓ)

12
10
8
6
4
2
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
ℓ [km]

1,02 λ/2
G (ℓ)

0,99
2300 2350 2400 2450 2500 2550 2600
ℓ [km]

– 60 –
◮ Para meio comprimento de onda a tensão em vazio no final da linha é
aproximadamente igual à tensão no inı́cio da linha → não há necessidade de
compensação de reativo.

◮ Para transmissão de grandes blocos de energia por distâncias muito elevadas existe
a proposta de se trabalhar com elos em corrente alternada convertendo os
comprimentos reais da linha em comprimentos elétricos um pouco acima de meio
comprimento de onda.

◮ A vantagem destes elos CA é que eles seriam compostos somente pela linha trifásica
(circuito simples ou duplo) e pelas subestações tradicionais com um pequeno
montante de compensão reativa inversa caso necessário, o que iria reduzir o custo
da interligação frente ao elo de corrente contı́nua. O elo CC é composto pela linha
com os dois polos e pelas estações conversoras nos extremos. As estações
conversoras têm um custo muito maior que as subestações tradicionais.

◮ As novas transmissões da região amazônica para os centros de carga do Sudeste e


Nordeste serão baseadas em interligações basicamente ponto a ponto da ordem de
2500 a 3000 km. Para distâncias desta magnitude a aplicação da meia onda pode
ser a mais vantajosa por necessitar de compensação reativa muito pequena ou nula.

◮ Mesmo para interligações ponto a ponto um pouco menores (1500 km) a correção
do comprimento da linha para transformá-la para linha mais longa tem um custo
menor do que a solução tradicional de encurtar a linha para comprimentos elétricos
muito menores do que um quarto do comprimento de onda (para comprimentos em
torno de 200 km).

– 61 –
◮ Não existe no mundo nenhuma aplicação do elo CA proposto. Isto ocorre porque
não há até o momento interligações com comprimentos desta ordem. São poucos
os paı́ses ou regiões que têm dimensões como o Brasil.

◮ A diferença de custo estimada para a transmissão em meio comprimento de onda é:

 25% mais barata que o elo CC

 75% mais barata que o elo CA convencional (com alto nı́vel de compensação)


Exercı́cio(s) proposto(s): (10)

– 62 –
5.9.2 Circuito equivalente com parâmetros concentrados

◮ Em geral tem-se interesse somente nas grandezas nos extremos da linha

◮ Idéia: obter um circuito com parâmetros concentrados que seja equivalente ao


modelo de uma linha longa descrito pelas equações de onda → simplifica os cálculos

◮ O circuito π equivalente de uma linha de comprimento ℓ é:

I (0) Z I (ℓ)

+ +

V (0) Y1 I1 I2 Y2 V (ℓ)

− −

Linha de transmissão

◮ o circuito equivalente poderia ser T, mas implicaria na criação de um nó fictı́cio no


circuito

– 63 –
Linhas longas (mais que 240 km)

◮ Idéia: obter equações para V (ℓ) e I (ℓ) em função de V (0) e I (0) e comparar com
as equações do modelo distribuı́do.

 Material complementar

◮ Do circuito π-equivalente tem-se:

V (ℓ) = V (0) − Z [I (0) − Y1 V (0)]


I (ℓ) = I (0) − Y1 V (0) − Y2 V (ℓ)

V (ℓ) = V (0) − Z [I (0) − Y1 V (0)]


I (ℓ) = I (0) − Y1 V (0) − Y2 V (0) + ZY2 [I (0) − Y1 V (0)]

V (ℓ) = (1 + ZY1 ) · V (0) −Z · I (0)


I (ℓ) = − (Y1 + Y2 + Y1 Y2 Z) · V (0) + (1 + ZY2 ) · I (0)

◮ Comparando com as equações de onda:

V (ℓ) = cosh γℓ · V (0) −Zc senh γℓ · I (0)


1
I (ℓ) = − senh γℓ · V (0) + cosh γℓ · I (0)
Zc

– 64 –
tem-se

1 + ZY1 = 1 + ZY2 = cosh γx


Z = Zc · senh γx
1
Y1 + Y2 + Y1 Y2 Z = senh γx
Zc

◮ Z já está determinado. Determinação de Y1 e Y2 :

cosh γx − 1 1 cosh γx − 1
Y1 = =
Z Zc senh γx
e γx +e −γx
1 2 − 1 1 e γx + e −γx − 2
= e γx −e −γx
=
Zc 2
Zc e γx − e −γx

1 senh2 γx
2 1 senh γx
2
= γx γx = γx
Zc senh 2 · cosh 2 Zc cosh 2
1 γx
Y1 = tanh = Y2
Zc 2
Fim de material complementar 

e o circuito π-equivalente para uma linha de comprimento ℓ fica:

Zc senh γℓ

1
Zc tanh γℓ
2
1
Zc tanh γℓ
2

– 65 –
 Exemplo

Para uma linha de transmissão trifásica, 60 Hz, tem-se R = 0,107 · 10−3 Ω/m,
L = 1,35 · 10−6 H/m e C = 8,45 · 10−12 F/m. A tensão no inı́cio da linha é igual a
220 kV e o seu comprimento é de 362 km.

(a) Determine Zc e γ.

Tem-se os seguintes resultados:

z = R + jωL = (1,07 + j5,0895) · 10−4 Ω/m


y = G + jωC = j3,1856 · 10−9 S/m
r
z
Zc = = 404,0493 ∠ − 5,94◦ Ω
y

γ = z y = 1,2872 · 10−6 ∠84,06◦ m−1

(b) Determine o circuito π equivalente da linha.

Para um comprimento ℓ = 362 km, os parâmetros dos circuito π equivalente são:

Z = Zc senh γℓ = 181,6733 ∠78,56◦ Ω


1 γx
Y1 = Y2 = tanh = 5,8703 · 10−4 ∠89,78◦ S
Zc 2

– 66 –
(c) Determine a impedância vista pela fonte caso uma impedância igual a Zc seja
conectada no final da linha.

A impedância vista no inı́cio da linha será:

 
Zvista = Y1−1// Z + Zc //Y1−1 = 404,0493 ∠ − 5,94◦ Ω = Zc

ou seja, a fonte no inı́cio da linha enxerga uma impedância igual à impedância


caracterı́stica Zc .

 Exercı́cio

Obtenha o gráfico [ |Vlinha| × x ] para a linha do exemplo anterior, considerando a


situação descrita no item (c).

Linhas médias (até 240 km)

◮ É feita a seguinte aproximação:

Os termos cosh e senh apresentam termos exponenciais. Desenvolvendo esses


termos exponenciais em série de Taylor tem-se:

x x2
e ≈1+x +
2! → termos de ordem maior que 2
2 foram desprezados
x
e −x ≈ 1 − x +
2!

– 67 –
◮ Se o comprimento da linha ℓ é pequeno, então | γℓ | será pequeno e as seguintes
aproximações são válidas:

senh γℓ ≈ γℓ
cosh γℓ ≈ 1 + (γℓ)2 /2
γℓ γℓ
tanh ≈
2 2

◮ Os elementos do circuito equivalente ficam:

r
z √
Z = Zc senh γℓ ≈ Zc γℓ = · z y · ℓ = z ℓ = (R + jωL) ℓ
y

r
1 γℓ 1 γℓ y √ ℓ ℓ ℓ
Y1 = Y2 = tanh ≈ · = · z y · = y = (G + jωC)
Zc 2 Zc 2 z 2 2 2

◮ O circuito equivalente da linha de transmissão com os parâmetros simplificados é


chamado de modelo π nominal:

(R + jωL) ℓ R L

ℓ ℓ C C
jωC 2 jωC 2 2 2

◮ Nas figuras, a condutância G foi desprezada e, no circuito da direita, o comprimento


da linha é considerado nos valores dos parâmetros

– 68 –
◮ Observações:

 Quase todas as linhas são modeladas como linhas médias (modelo π-nominal)

 Se a linha é longa, é modelada como vários circuitos π-nominal em cascata

 Em certos estudos exige-se uma grande precisão → equações de onda são


usadas → por exemplo em estudos de transitórios em linhas de transmissão, etc.

Linhas curtas (até 80 km)

◮ Encontradas normalmente em redes de distribuição e subtransmissão em média


tensão

◮ Os efeitos dos campos elétricos podem ser desprezados → capacitâncias shunt


desprezadas:

R L

– 69 –
 Exemplo

Para a linha de transmissão trifásica, 60 Hz, de um exemplo anterior, tem-se


R = 0,107 · 10−3 Ω/m, L = 1,35 · 10−6 H/m e C = 8, 45 · 10−12 F/m. Os seguintes
valores foram obtidos:

z = 5,2008 · 10−4 ∠78,13◦ Ω/m


y = 3,1856 · 10−9 ∠90◦ S/m
Zc = 404,0493 ∠ − 5,94◦ Ω
γ = 1,2872 · 10−6 ∠84,06◦ m−1

Determine os circuitos π equivalente e π nominal da linha e compare os resultados


obtidos. Considerar a linha com 362 km e com 100 km.

O circuito equivalente π equivalente da linha para ℓ = 362 km já foi calculado


anteriormente. Os parâmetros do circuito π nominal são:

Z = (R + jωL) ℓ = 188,2690 ∠78,13◦ Ω



Y1 = Y2 = jωC = 5,759 · 10−4 S
2

A tabela a seguir mostra a comparação entre os modelos, incluindo o erro resultante,


calculado por:

| parâmetro-π-equiv | − | parâmetro-π-nom |
erro% = · 100%
| parâmetro-π-equiv |

– 70 –
parâmetro π equivalente π nominal erro%

|Z| 181,6733 188,2675 −3,6


|Y | 5,8703 · 10−4 5,7660 · 10−4 1,8

Os parâmetros para ℓ = 100 km e os erros resultantes são mostrados na tabela a seguir.

parâmetro π equivalente π nominal erro%

|Z| 51,8693 52,0076 −0,3


|Y | 1,5950 · 10−4 1,5930 · 10−4 0,1

Verifica-se que as diferenças entre os modelos π equivalente e π nominal aumentam


para linhas mais longas.

 Exemplo (para ser estudado em casa)

Uma linha de transmissão trifásica de 60 Hz de circuito simples tem um comprimento de


370 km (230 mi). Os condutores são do tipo Rook com espaçamento horizontal plano
de 7,25 m (23,8 ft) entre condutores. A carga na linha é de 125 MW, a 215 kV, com
fator de potência de 100%. Determine a tensão, a corrente e a potência na barra
transmissora e a regulação de tensão da linha. Determine também o comprimento de
onda e a velocidade de propagação da linha.

O espaçamento equilátero equivalente da linha é:


3
Deq = 23,8 · 23,8 · 47,6 = 30 ft

– 71 –
Das tabelas A.3, A.4 e A.5 tem-se:

z = 0,1603 + j (0,415 + 0,4127) = 0,8431 ∠79,04◦ Ω/mi


y = j [1/ (0,0950 + 0,1009)] · 10−6 = 5,105 · 10−6 ∠90◦ S/mi

γℓ = z y ℓ = 0,4772 ∠84,52◦ = 0,0456 + j0,4750
p
Zc = z /y = 406,4 ∠ − 5,48◦ Ω

Na barra receptora tem-se:

215
VR = √ ∠0◦ = 124,13 ∠0◦ kV (tensão de fase, tomada como ref. angular)
3
 ∗  ∗
S/3 125 · 106/3
IR = = √ = 335,7 ∠0◦ A
VR 3
215 · 10 / 3

Das equações de onda:

VS = VR cosh γℓ + Zc IR senh γℓ
= 124,13 · 103 · 0,8904 ∠1,34◦ + 406,4 ∠ − 5,48◦ · 335,7 · 0,4596 ∠84,94
= 137,851 ∠27,77◦ kV

Is = IR cosh γℓ + (VR /Zc ) senh γℓ



= 335,7 · 0,8904 ∠1,34◦ + 124,13 · 103 /406,4 ∠ − 5,48◦ · 0,4596 ∠84,94
= 332,27 ∠26,33◦ A

– 72 –
Na barra transmissora:


Tensão de linha = 3 · 137,851 = 238,8 kV
Corrente de linha = 332,27 A
Fator de potência = cos (27,77 − 26,33) = 0,9997

Potência = 3 · 238,8 · 332,27 · 0,9997 = 137,4 MW

Considerando uma tensão fixa na barra transmissora, a tensão na barra receptora em


vazio (IR = 0) será:

VS
VRvazio =
cosh γℓ

Logo, a regulação será:

VRvazio − VR 137,85/0,8904 − 124,13


Regulação = · 100% = · 100% = 24,7%
VR 124,13

O comprimento de onda e a velocidade de propagação podem ser calculados por:

ℑ {γℓ} 0,4750
β= = = 0,002065 mi−1
ℓ 230

λ= = 3043 mi
β
v = f λ = 182580 mi/s = 2,94 · 108 m/s

– 73 –
 Exemplo (para ser estudado em casa)

Determine os circuitos π equivalente e π nominal para a linha do exemplo anterior.


Compare os resultados obtidos.

Os parâmetros do modelo π equivalente são:

Zeq = Zc senh γℓ = 186,78 ∠79,46◦ Ω


1 γℓ
Yeq = tanh = 0,000599 ∠89,81◦ S
Zc 2

Os parâmetros do modelo π nominal são:

Znom = z ℓ = 193,9 ∠79,04◦ Ω


y
Ynom = ℓ = 0,000587 ∠90◦ S
2

A impedância série do modelo π nominal excede a do modelo π equivalente em 3,8%. A


admitância em derivação do modelo π nominal é 2% menor que a do modelo π
equivalente.

Exercı́cio(s) proposto(s): (11)

– 74 –
5.10 Carregamento caracterı́stico da linha

◮ Conforme definido anteriormente, Zc corresponde à impedância caracterı́stica da


linha

◮ Para uma linha sem perdas (G = R = 0):

r r
z L
Zc = = Ω → impedância de surto (surge impedance)
y C

◮ Em alguns tipos de estudo, como por exemplo de descargas atmosféricas em linhas


de transmissão, as perdas são em geral desprezadas

◮ Carregamento caracterı́stico: potência fornecida a uma carga resistiva pura igual à


impedância de surto:

LT IL

√ p
VL / 3 Zc = L/C

Esta potência é transmitida através da linha de transmissão

Em Inglês SIL – Surge Impedance Loading

– 75 –
 Material complementar

◮ A equação de onda da tensão pode ser dada por:

V (x ) = VR cosh γx + Zc IR sinh γx

em que VR e IR são a tensão e a corrente na barra receptora (final da linha)

◮ Para a linha sem perdas:

p
Zc = L/C cosh γx = cos βx

γ = jβ = jω LC senh γx = j sen βx

p
◮ Se uma carga com impedância Zc = L/C for conectada na barra receptora, a
corrente será:

VR
IR =
Zc
e a equação de tensão fica:

VR
V (x ) = VR cos βx + jZc sen βx
Zc
= VR (cos βx + j sen βx )
= VR e jβx
| V (x ) | = | VR |

ou seja, para uma carga cuja impedância é igual à impedância de surto, o perfil de
tensão será plano

– 76 –
◮ Análise semelhante para a equação de corrente fornece:

VR
I (x ) = IR cosh γx + senh γx
Zc
VR jβx
= e
Zc

| I (x ) | = | IR |

◮ Potência complexa através da linha:

S (x ) = V (x ) I (x )∗
| VR |2
=
Zc

ou seja, a potência ativa é constante ao longo da linha e não há fluxo de potência
reativa
Fim de material complementar 

◮ Se VL é a tensão de linha nop


final da linha, onde está conectada uma carga resistiva
de impedância igual a Rc = L/C (impedância de surto), a corrente vale:


VL / 3
IL = p A
L/C

– 77 –
◮ Potência total entregue à carga (carregamento caracterı́stico):


√ √ VL / 3
SIL = 3VL IL = 3VL p
L/C
VL2
=p
L/C

◮ Em geral a tensão utilizada para o cálculo de SIL é a tensão nominal da linha.


Portanto:

2
Vnominal
SIL = p
L/C

◮ SIL fornece um termo de comparação das capacidades de carregamento das linhas

◮ É comum a representação da potência transmitida por uma linha em valores por


unidade de SIL (p.ex. 0,2 pu SIL)

◮ SIL não corresponde à máxima potência que pode ser transmitida pela linha. Esta
depende de outros fatores, como o comprimento da linha etc.

– 78 –
5.11 Perfil de tensão da linha

 Exemplo

Considere novamente a linha de transmissão trifásica de 60 Hz de circuito simples de


um exemplo anterior, que tem um comprimento de 370 km (230 mi). Os condutores
são do tipo Rook com espaçamento horizontal plano de 7,25 m (23,8 ft) entre
condutores. Obtenha o perfil de tensão da linha, considerando as seguintes situações:
(a) linha em vazio; (b) linha em curto-circuito; (c) carga SIL conectada à barra
receptora (neste caso, desprezar as perdas ôhmicas da linha); (d) carga nominal
conectada à barra receptora; (e) carga leve conectada à barra receptora; (f) carga
pesada conectada à barra receptora.

Tem-se o seguinte circuito por fase:

IS IR

+ +

∼ VS VR ZL
− −

Os dados da linha são:

z = 0,8431 ∠79,04◦ Ω/mi


y = 5,105 · 10−6 ∠90◦ S/mi
γ = 2,0746 · 10−3 ∠84,52◦ mi−1
Zc = 406,4 ∠ − 5,48 Ω

– 79 –
(a) Em vazio: tem-se ZL → ∞ e, portanto, IR = 0. Da equação de onda de corrente:

VS VS
IR = IS cosh γℓ − senh γℓ = 0 → IS = tgh γℓ
Zc Zc

A equação de onda da tensão fica:

V (x ) = VS cosh γx − Zc IS senh γx
= VS (cosh γx − tgh γℓ senh γx )

(b) Em curto-circuito: tem-se ZL = 0, e, portanto, VR = 0. Da equação de onda da


tensão:

VS
VR = VS cosh γℓ − Zc IS senh γℓ = 0 → IS =
Zc tgh γℓ

A equação de onda da tensão fica:

V (x ) = VS cosh γx − Zc IS senh γx
 
senh γx
= VS cosh γx −
tgh γℓ

(c) Neste caso, as perdas ôhmicas da linha são desprezadas, logo:

z ′ = 0,8277 ∠90◦ Ω/mi


y ′ = y = 5,105 · 10−6 ∠90◦ S/mi
γ ′ = 2,0556 · 10−3 ∠90◦ mi−1
Zc′ = 402,66 Ω = ZL

– 80 –
Conforme visto anteriormente, a equação de onda da tensão neste caso fica:

VR = VS cos βℓ − jZc′ IS sen βℓ = Zc′ IR


VS
IR = cos βℓ − jIS sen βℓ
Zc′

Tomando a equação de onda de corrente tem-se:

VS
IR = IS cos βℓ − j sen βℓ
Zc′

Comparando as duas equações para IR , verifica-se que VS = Zc′ IS e a equação das


tensões fica:

V (x ) = VS (cos βx − j sen βx ) = VS e jβx


(d) Considerando uma carga nominal ZL : as equações de onda são:

VR = VS cosh γℓ − Zc IS senh γℓ = ZL IR (1)


VS
IR = IS cosh γℓ − senh γℓ = VR /ZL (2)
Zc

Substituindo (2) em (1) obtém-se a seguinte expressão para IS :

ZL
!
VS cosh γℓ + Zc VS senh γℓ
IS = (3)
ZL cosh γℓ + Zc senh γℓ

– 81 –
Portanto, a equação de onda de tensão fica:

V (x ) = VS cosh γx − Zc IS sinh γx

em que IS é dado por (3).

(e) Carga leve: vale a equação do item (d) com o valor apropriado de ZL .

(f) Carga pesada: vale a equação do item (d) com o valor apropriado de ZL .

A figura a seguir mostra os perfis de tensão para todos os casos estudados.

300

250

220

200
V [kV]

150
Vazio
Curto−circuito
SIL
Carga nominal
100 Carga leve
Carga pesada

50

0
0 50 100 150 200 230 250

x [mi]

– 82 –
5.12 Limites térmico e de estabilidade

◮ A equação de onda pode ser colocada na forma:

VS = AVR + BIR

em que:

VS , VR : tensões nas barras inicial e final, respectivamente


IS , IR : correntes nas barras inicial e final, respectivamente
A = cosh γℓ
B = Zc senh γℓ

◮ Considerando:

VR = VR ∠0◦
VS = VS ∠δ
A = A ∠α
B = B ∠β

tem-se:

VS − AVR VS AVR
IR = = ∠ (δ − β) − ∠ (α − β)
B B B

– 83 –
◮ A potência complexa na barra receptora é:

VS VR AV 2
SR = VR IR∗ = ∠ (β − δ) − R ∠ (β − α)
B B

VS VR AV 2
PR = cos (β − δ) − R cos (β − α)
B B
VS VR AVR2
QR = sen (β − δ) − sen (β − α)
B B

◮ Para facilitar a análise, considera-se uma linha média sem perdas:

A = cosh γℓ ≈ 1 ∠0◦
B = Zc senh γℓ ≈ Zc γℓ = z ℓ = (jωL) ℓ = jX = X ∠90◦

◮ Com relação à potência ativa:

VS VR VS VR
PR = cos (90◦ − δ) = sen δ
X X

P
P max

90◦ δ

– 84 –
◮ Mantendo VS e VR constantes, um aumento da carga implica em um aumento do
ângulo δ. Existe um limite máximo de potência ativa que pode ser entregue:

d VS VR
PR = cos δ = 0
dδ X

ou δ = 90◦ e:

VS VR
PRmax =
X

que representa o limite de estabilidade da linha sem perdas

◮ Considere que:

VS = VR = V
δ = 90◦
X=xℓ

Logo:

VS VR V2 K
PRmax = = =
X xℓ ℓ

ou seja, o limite de estabilidade da linha é inversamente proporcional ao seu


comprimento

– 85 –
Na prática, no entanto, considera-se (por motivos de segurança):

VS = V
VR ≈ 0,95V
δ ≈ 30◦
X=xℓ

Logo:

VS VR 0,95V 2 V2 K′
PRmax ′ = sen δ = ◦
sen 30 = 0,475 max
= 0,475 PR =
X xℓ xℓ ℓ

estabilidade estabilidade
prático
teórico
P

térmico

limite de
operação

– 86 –
◮ A utilização do limite prático de estabilidade visa manter a estabilidade durante
transitórios provocados por distúrbios na rede

O limite térmico, determinado pelo tipo de condutor (dados do fabricante) é


preponderante para linhas curtas

 Exemplo

A figura a seguir mostra a interligação entre as regiões Norte e Sul do Brasil, feita
através de linhas de transmissão de 500 kV.

Tucuruı́ Imperatriz
MA TCSC
Marabá
Imperatriz
PA
Colinas Colinas
PI
Miracema
Miracema
TO
MT
Gurupi
BA Gurupi
Serra da Mesa

Brası́lia
TCSC
MG
GO Serra da Mesa

– 87 –
• O trecho Imperatriz-Serra da Mesa tem aproximadamente 1020 km → linha longa

• A linha conta com compensação série (capacitores) e compensação shunt (reatores)

A compensação é realizada para controlar os nı́veis de tensão e aumentar a


capacidade de transmissão da linha

• TCSC (Thyristor Controlled Series Capacitor ) é utilizado para amortecer as


oscilações eletromecânicas entre os sistemas Norte e Sul

 Exemplo (para ser estudado em casa)

Linhas de Transmissão com Potência Natural Elevada (LPNE) – High Surge


Impedance Transmission Line (HSIL) – O SIL de uma linha de transmissão é dado
por:

2 2
Vnom Vnom
SIL = =p
Zc L/C

Considerando que a tensão nominal seja definida, conclui-se que um aumento do SIL
pode ser obtido através da diminuição da indutância e/ou o aumento da capacitância.

A indutância por fase de uma linha pode ser expressa como:


 
DMG
L = k · ln
RMG
   
1
= k · ln + ln (DMG)
RMG
   
1 1
= k · ln − k · ln
RMG DMG
= Ls − Lm

– 88 –
em que:

RMG – Raio médio geométrico (depende do tipo e número de condutores da linha)


DMG – Distância média geométrica (depende das distâncias entre as fases da linha)
Ls – indutância própria
Lm – indutância mútua

A diminuição da indutância de uma linha (que leva ao aumento do SIL) é obtida:


(
diminuindo a indutância própria Ls e/ou
aumentando a indutância mútua Lm

Diminuição da indutância própria Ls :

◮ Aumentar o número de condutores por fase;

◮ Aumentar o espaçamento entre os condutores da fase;

◮ Dispor os condutores de forma assimétrica.

Fonte: www.cepel.br

– 89 –
Aumento da indutância mútua Lm :

◮ Diminuir o espaçamento entre fases (deve-se considerar os requisitos de distâncias


mı́nimas fase-terra por questões de segurança).

Benefı́cios da LPNE:

◮ Pequeno aumento no custo da LT (caso da disposição assimétrica dos condutores


da fase) resulta em acréscimo significativo na capacidade de transmissão.

◮ Postergação de investimentos.

◮ Redução de perdas de potência.

◮ Aumento no limite de estabilidade.

◮ Melhor regulação de tensão.

◮ Redução do efeito corona (e consequententemente redução de ruı́do audı́vel e


radio-interferência).


Exercı́cio(s) proposto(s): (12) , (13)

– 90 –
5.13 Capacidade e custos da transmissão

◮ Na seção 5.12 mostrou-se que a capacidade da linha de transmissão diminui com o


comprimento. Uma maneira de compensar o efeito da distância é utilizar tensões
mais elevadas, pois a capacidade de transmissão é aproximadamente proporcional ao
quadrado da tensão nominal de transmissão:

Custo

350 kV
para ℓ = 500 km
750 kV

Potência

Custo
350 kV
750 kV

500 km
300 km
150 km
Potência

– 91 –
Custo
Fixo

Total

Variável

Tensão

 Custo fixo – equipamentos

 Custo variável – perdas ôhmicas na transmissão

– 92 –
5.14 Fluxos de potência nas linhas de transmissão

◮ As linhas de transmissão podem ser representadas pelo modelo π equivalente (ou


nominal), composto pela resistência série (rkm ), pela reatância série (xkm ) e pela
sh
susceptância shunt (bkm )

Ek Em
k zkm m

Ikm Imk

sh sh
jbkm jbkm

◮ Impedância série:

zkm = rkm + jxkm

Admitância série:

1 rkm −xkm
ykm = = gkm + jbkm = 2 + x2 + j 2 + x2
zkm rkm km rkm km

em que gkm é a condutância série e bkm é a susceptância série

– 93 –
Tem-se:

 rkm ≥ 0 ; gkm ≥ 0

 xkm ≥ 0 ; bkm ≤ 0 (parâmetro série indutivo)

sh
 bkm ≥ 0 (parâmetro shunt capacitivo)

◮ Corrente saindo da barra k:

sh
Ikm = ykm (Ek − Em ) + jbkm E
| {z } | {z }k
série shunt

em que Ek = Vk e jθk e Em = Vm e jθm . Corrente saindo da barra m:

sh
Imk = ykm (Em − Ek ) + jbkm E
| {z } | {z m}
série shunt

◮ O fluxo de potência complexa saindo da barra k é dado por:


Skm = Pkm − jQkm = Ek∗ Ikm
 
sh
= Ek∗ ykm (Ek − Em ) + jbkm Ek
= ykm Vk2 − ykm Ek∗ Em + jbkm
sh 2
Vk
sh
 2
= gkm + jbkm + jbkm Vk − (gkm + jbkm ) Vk Vm (cos θkm − j sen θkm )

Separando as partes real e imaginária:

Pkm = ℜ {Skm } = gkm Vk2 − Vk Vm (gkm cos θkm + bkm sen θkm )
sh
 2
Qkm = ℑ {Skm } = − bkm + bkm Vk − Vk Vm (gkm sen θkm − bkm cos θkm )

– 94 –
De maneira análoga:

Pmk = gkm Vm2 − Vk Vm (gkm cos θkm − bkm sen θkm )


sh
 2
Qmk = − bkm + bkm Vm + Vk Vm (gkm sen θkm + bkm cos θkm )

◮ Note que as expressões dos fluxos de potência foram obtidas considerando que estes
estão entrando na linha:

Ek Em
k Pkm Pmk m

Linha de transmissão
Qkm Qmk

Portanto, as perdas de potência na linha de transmissão são dadas por:

P perdas = Pkm + Pmk



= gkm Vk2 + Vm2 − 2Vk Vm cos θkm = gkm | Ek − Em |2

Qperdas = Qkm + Qmk


 
sh
= −bkm Vk2 + Vm2 − bkm Vk2 + Vm2 − 2Vk Vm cos θkm

sh
= −bkm Vk2 + Vm2 − bkm | Ek − Em |2

– 95 –
Note que:

 | Ek − Em | é a magnitude da tensão sobre o elemento série

 gkm | Ek − Em |2 são as perdas ôhmicas

 −bkm | Ek − Em |2 são as perdas reativas no elemento série (bkm < 0; potência


positiva – consumida)



sh
−bkm Vk2 + Vm2 corresponde à geração de potência reativa nos elementos shunt
sh
(bkm > 0; potência negativa – fornecida)

 Exemplo

Considere a rede elétrica a seguir.

k Ek Em m

Rede elétrica

sh
Os parâmetros da linha k-m são: zkm = 0,01 + j0,05 pu e bkm = 0,2 pu. Em um
determinado instante durante a operação da linha, suas tensões terminais são
Ek = 1,015 ∠ − 1,3◦ pu e Em = 1,020 ∠ − 6,3◦ pu. Calcule os fluxos de potência e as
perdas de potência na linha.

– 96 –
A admitância série da linha é:

1
ykm = gkm + jbkm = = 3,8462 − j19,2308 pu
zkm

Os fluxos de potência valem:

Pkm = gkm Vk2 − Vk Vm (gkm cos θkm + bkm sen θkm ) = 1,7309 pu
sh
 2
Qkm = − bkm + bkm Vk − Vk Vm (gkm sen θkm − bkm cos θkm ) = −0,5749 pu

Pmk = gkm Vm2 − Vk Vm (gkm cos θkm − bkm sen θkm ) = −1,7005 pu
sh
 2
Qmk = − bkm + bkm Vm + Vk Vm (gkm sen θkm + bkm cos θkm ) = 0,3128 pu

e são mostrados na figura a seguir.

k 1,7309 −1,7005 m
Linha de transmissão
−0,5749 0,3128

A figura indica que:

◮ Um fluxo de potência ativa de 1,7309 sai de k em direção a m. Um fluxo de 1,7005


chega na barra m. Percebe-se que houve uma perda de potência na transmissão de
potência ativa

◮ Um fluxo de potência reativa de 0,3128 sai de m em direção a k. Um fluxo de


0,5749 chega na barra k. Percebe-se que houve uma geração de potência reativa na
transmissão de potência ativa

– 97 –
Realizando o cálculo das perdas de potência:

P perdas = Pkm + Pmk = 0,0304 pu


ou
P perdas = gkm | Ek − Em |2 = 0,0304 pu

Qperdas = Qkm + Qmk = −0,2621 pu


ou

Qperdas = −bkm
sh
Vk2 + Vm2 − bkm | Ek − Em |2 = −0,2621 pu

Observando os termos da expressão de Qperdas separadamente:

−bkm | Ek − Em |2 = 0,1520 pu

sh
−bkm Vk2 + Vm2 = −0,4141 pu

ou seja, a susceptância série resulta em consumo de potência reativa (> 0), enquanto
que a susceptância shunt resulta em geração de potência reativa (< 0). Neste caso em
particular, a geração é maior que o consumo.

– 98 –
5.15 Transmissão em corrente contı́nua

◮ Um sistema de transmissão em corrente contı́nua (c.c.) que interliga dois sistemas


de corrente alternada (c.a.) é chamado de elo de corrente contı́nua (elo c.c., do
Inglês DC link)

◮ O primeiro sistema de transmissão de energia elétrica comercial usando HVDC


(High Voltage Direct Current) foi o link de 98 km entre a Suécia continental e a ilha
Gotland (Suécia) em 1954

O link operava em 100 kV, transmitindo 20 MW de potência

A justificativa para a implantação do link foi econômica: eliminação da construção


de uma nova central térmica na ilha

◮ Desde então as potências e as tensões de operação de links c.c. aumentaram muito


(por exemplo, 6000 MW e ±600 kV)

◮ Utilização de HVDC:

 transmissão submarina

 transmissão aérea em longas distâncias

 amortecimento de oscilações (melhora


da estabilidade)

 interligação de sistemas com freqüências


diferentes

 transmissão em longas distâncias em


áreas metropolitanas

– 99 –
5.16 Tipos de elos c.c.

◮ Aéreo, ponto a ponto1

◮ Submarino, ponto a ponto

◮ Back-to-back

1 Fonte das figuras: Areva HVDC Technologies.

– 100 –
◮ Elo monopolar: terra é usada como retorno de corrente

c.a. Elo c.c. c.a.

◮ Elo homopolar: condutores com mesma polaridade (normalmente negativa) e


retorno de corrente pela terra

Elo c.c.
c.a. c.a.

– 101 –
◮ Elo bipolar: um condutor com tensão positiva e outro com negativa. A terra não é
usada como retorno de corrente em condições normais de operação (em
emergências isso pode ocorrer). Conversores ligados em série em cada lado

Elo c.c.
c.a. c.a.

5.17 Considerações sobre a transmissão em c.c.

5.17.1 Vantagens da transmissão em c.c.

◮ Menor número de condutores

Torres menores e mais baratas

Menores perdas

Menor nı́vel de isolação

– 102 –
◮ Comparação entre um sistema c.a. trifásico e um elo c.c. bipolar:

 Potência c.a. (considerando fator de potência unitário)


Pca = 3 Vℓ Iℓ

Potência c.c.

Pcc = 2 Vd Id

Para o sistema c.c. Vd é constante e, portanto, corresponde ao valor máximo:

Vd = Vccmax

Como o valor de pico da tensão de fase é 2 vezes maior que o respectivo valor
eficaz (rms), tem-se:


3
Vℓ = √ Vcamax
2

Considere que Vcamax = Vccmax e que as potências transmitidas sejam as mesmas:

Pca = Pcc

3V I = 2 Vd Id
√ √3 maxℓ ℓ
3 √2 Vca Iℓ = 2 Vccmax Id
3
√ I
2 2 ℓ
= Id

Id = 1,06 Iℓ

– 103 –
Perdas c.a.

p
Pca = 3 Iℓ2 Rℓ

Perdas c.c.

p
Pcc = 2 Id2 Rℓ

Para uma mesma resistência de linha Rℓ e considerando a relação entre as


correntes, tem-se:

p p
Pca = 1,33 Pcc

As perdas em c.a. são 33% maiores que as perdas c.c. para uma mesma
potência transmitida

 Considerando agora que as perdas sejam as mesmas:

3 Iℓ2 R = 2 Id2 R
r
3
Id = Iℓ
2

Para mesma potência transmitida (Pca = Pcc ) e considerando a relação entre as


correntes:

r r
3 Vℓ 3
Vd = √ = Vf
2 3 2

– 104 –
Em termos das tensões máximas:
r
3 Vcamax
Vccmax = √
2 2
max
= 0,87 Vca

A tensão c.c. é menor para mesmas perdas e mesma potência transmitida.


Logo, o nı́vel de isolação em c.c. é menor que em c.a.

5.17.2 Análise de custos

◮ A linha c.c. é mais barata que a linha c.a.: menos condutores, torres mais simples,
menor nı́vel de isolamento
Porém, são também necessárias as estações conversoras (c.a./c.c. e c.c./c.a.), que
são muito caras.

◮ A linha c.a. tem preço por km aproximadamente constante.

◮ A decisão sobre qual sistema adotar (c.a. ou c.c.) sob o ponto de vista de custos
depende basicamente do comprimento da linha:

custo
c.a.
c.c.

custo dos
conversores

≈ 800 km comprimento

– 105 –
5.18 Conversores – visão geral

◮ Configurações de conversores: monofásico ou trifásico, meia-onda ou onda completa

◮ Conversor trifásico de 6 pulsos (onda completa, Graetz):

Linha
Retificador Ld Rℓ

1 3 5
ea L c ia + + Id

eb L c ib
n ∼ vd Vd Inversor
ec L c ic

− −
4 6 2

◮ Descrição dos elementos do circuito e hipóteses simplificadoras:

 Lc : indutância de dispersão do conjunto gerador – transformador


Na verdade, a fonte de tensão trifásica em série com a indutância Lc podem
representar o circuito equivalente de Thévenin do sistema c.a.

 Rℓ : resistência da linha de transmissão (demais parâmetros da linha são


desprezados em c.c.)

 Ld : reator de alisamento (alta indutância, da ordem de 1 H). Considera-se


Ld → ∞ na análise, o que garante uma corrente Id constante (a tensão de saı́da
do conversor não é constante, mas apresenta um ripple)

– 106 –
 A alimentação c.a. é feita através de rede trifásica equilibrada e senoidal

 As válvulas do conversor apresentam resistência nula no sentido de condução e


resistência infinita no sentido oposto

 A ignição das válvulas é feita pelos gates e ocorrem a intervalos de tempo iguais.
No caso tem-se 6 válvulas, portanto, elas são disparadas a cada 60◦ (1/6 de
ciclo de tensão)

 A comutação é instantânea (uma válvula interrompe e outra conduz


instantaneamente)

◮ ea , eb e ec são as tensões de fase aplicadas ao conversor. O valor de pico das


tensões de fase é Em :

ec ea eb

ωt

π 2π
0 3 3

◮ A análise a seguir será feita para a operação da ponte sem controle de ignição dos
tiristores (tiristores comportando-se como diodos). O controle de ignição será
incluı́do adiante

◮ Dois tiristores conduzem por vez: aquele cuja tensão no catodo é a maior e aquele
cuja tensão no anodo é a menor

– 107 –
No intervalo 0 ≤ ωt ≤ π/3 a maior tensão é ea , logo, o tiristor 1 conduz. A menor
tensão é ec , logo, o tiristor 2 também conduz. A tensão vd será:

vd = eac = ea − ec

O mesmo tipo de raciocı́nio vale para os outros intervalos (de 60◦ em 60◦). A
tensão vd será:

vd

eab eac ebc eba

Vd
ωt

π 2π
0 3 3

cujo valor médio é:

√ √
3 2 3 3
Vd = Vℓ = Em ≈ 1,65Em
π π

em que Vℓ é a tensão de linha no secundário do transformador

Este valor de tensão Vd é normalmente denominado Vdo , pois é associado a um


ângulo de atraso (no disparo dos tiristores) nulo (α = 0)

◮ Com controle de ignição, ou seja, com ângulo de atraso não nulo (α 6= 0):

Vd = Vdo cos α

– 108 –
◮ A faixa de variação do ângulo de ignição é de 0 a 180◦. De 0 a 90◦, Vd assume
valores positivos. De 90◦ a 180◦, Vd é negativo. Neste último caso, como o sentido
da corrente não pode mudar, a ponte passa a operar como inversor

◮ Pode-se mostrar que, sendo α o ângulo de ignição e φ o ângulo de defasagem entre


tensão e corrente no secundário do transformador, cos φ = cos α. Ou seja, um
ângulo de ignição maior implica em um fator de potência menor, explicando o fato
do conversor consumir potência reativa
São colocados capacitores ou condensadores sı́ncronos no lado c.a. para o
fornecimento da potência reativa necessária

◮ A comutação não é de fato instantânea, mas leva um certo tempo para ocorrer. Por
exemplo, para ωt = π/3 o tiristor 1 deixa de conduzir, passando o tiristor 3 a
conduzir. Essa transição não é instantânea. Os tiristores 1 e 3 conduzem
simultaneamente por um certo tempo, e este fato é denominado overlap. Isso
implica em uma diminuição de Vd :


Vdo 3 2Vℓ
Vd = [cos α + cos (α + µ)] = [cos α + cos (α + µ)]
2 2π
= Vdo cos α − Rc Id

em que Vℓ é a tensão de linha no secundário do transformador e µ é o ângulo de


comutação (a comutação ocorre durante um tempo µ/ω). Define-se o ângulo de
extinção δ = α + µ

A resistência de comutação é dada por:

3ωLc 3Xc
Rc = = = 6f Lc
π π

e, embora seja considerada como resistência para efeitos de queda de tensão, não
consome potência ativa

A corrente na linha é:

– 109 –
Vℓ
Id = √ [cos α + cos (α + µ)]
2Xc

em que Xc = ωLc

◮ A corrente de linha (rms) no secundário do transformador é:

r
2
Iℓ = Id
3

◮ A corrente no secundário do transformador é dada ainda por:

Iℓ = Ip + j Iq

em que:


6Id cos α + cos(α + µ)
Ip =
π 2

e:


6Id 2µ + sin 2α − sin 2(α + µ)
Iq =
4(cos α − cos(α + µ)

π

◮ Mostra-se que:

1
cos φ ≈ [cos α + cos (α + µ)]
2

ou seja, quando se considera a comutação (µ 6= 0) o fator de potência visto do lado


c.a. (cos φ) é ainda menor, sendo necessária uma injeção ainda maior de reativos

– 110 –
◮ Circuito equivalente do retificador:

Rcr

+ Id +
+
Vdor Vdor cos α Vdr

− −

Vdor – tensão para ângulo de ignição nulo


Vdr – tensão no inı́cio da linha c.c.
Id – corrente no inı́cio da linha c.c.
Rcr – resistência de comutação, dada por 3ωLc /π = 3Xc /π = 6f Lc

◮ Circuito equivalente do inversor:

Rci

+ Id +
+
Vdi Vdoi cos β Vdoi

− −

β – ângulo de ignição do inversor (β = π − α)

– 111 –
◮ O fator de potência no lado c.a. do inversor é:

1
cos φ ≈ [cos γ + cos (γ + µ)]
2

em que γ é o ângulo de extinção do inversor:

γ =π−δ

◮ O circuito equivalente do elo c.c. é:

Retificador Inversor
Rcr Rℓ Rci

+ + Id + +
+ +
Vdor Vdor cos α Vdr Vdi Vdoi cos β Vdoi
− −
− − − −

Linha de transmissão c.c.

◮ Controle do elo c.c.:

Vdr − Vdi Vdor cos α − Vdoi cos β


Id = =
Rℓ Rcr + Rℓ + Rci

– 112 –
◮ Controle lento (≈ 5 segundos) → mudanças em Vdor e Vdoi através dos taps
dos transformadores alimentadores dos conversores

◮ Controle rápido (alguns milisegundos) → controle dos ângulos de ignição α e


β

5.19 Elo c.c. de Itaipu

◮ Configuração:

Sul

SE Eletrosul
Foz do Iguaçú Foz do Iguaçú

Tijuco Preto
Ivaiporã
60 Hz

Itaberá

750 kV 750 kV 750 kV


500 kV Sudeste

Itaipu 345 kV
50 Hz

Ibiúna

500 kV ±600 kV Sudeste

±6300 MW
SE ANDE
Elo c.c.

Paraguai

– 113 –
◮ Torres de transmissão em c.c.:

guarda (pára-raios)

4 × ACSR 1273 MCM


φ = 34,12 mm
−600 kV +600 kV d = 457 mm (entre condutores)

estal estal
linha c.c. bipolar
torre estaiada
(mais simples e leve que torres c.a.)

Estaiada

guarda (pára-raios)

4 × ACSR 1273 MCM


φ = 34,12 mm
−600 kV +600 kV d = 457 mm (entre condutores)

linha c.c. bipolar


torre estaiada
(mais simples e leve que torres c.a.)

Autoportante

– 114 –
◮ Sistema bipolar de 12 pulsos:

Elo c.c.

Y +600 kV Y
Y Y
monopólo 1

∆ ∆

c.a. Y Y c.a.
Y Y
monopólo 2

∆ −600 kV ∆

– 115 –
5.20 Conexão HVDC Brasil-Argentina (Garabi)

◮ Conexão Argentina (50 Hz) – Brasil (60 Hz)

◮ Estação conversora back-to-back de 2.200 MW

5.21 Conexões HVDC Brasil-Uruguai

◮ Estação HVDC back-to-back Rivera

 50 Hz → 60 Hz – 20 kV – 70 MW

◮ Estação HVDC back-to-back Melo

 50 Hz → 60 Hz – ±79,3 kV – 500 MW

– 116 –
5.22 Material de apoio

◮ http://www.dee.ufc.br/ rleao/GTD/Transmissao.pdf

– 117 –
5.23 Referências

◮ A.J. Monticelli, A.V. Garcia, Introdução a sistemas de energia elétrica, Unicamp,


2003.

◮ J.D. Glover, M.S. Sarma, T.J. Overbye, Power system analysis and design, Cengage
Learning, 2008.

◮ J.J. Grainger, W.D. Stevenson, Power System Analysis, McGraw-Hill, 1994.

◮ O.I. Elgerd, Introdução à teoria de sistemas de energia elétrica, Mc-Graw-Hill, 1981.

◮ W.D. Stevenson, Elementos de análise de sistemas de potência, McGraw-Hill, 1986.

◮ Transmission line reference book – 345 kV and above, EPRI, 1987.

◮ Operador Nacional do Sistema Elétrico, http://www.ons.com.br.

◮ A.R. Bergen, V. Vittal, Power systems analysis, Prentice Hall, 2000.

◮ C.A. Castro, Material da disciplina IT743 – Cálculo de fluxo de potência, disponı́vel


em http://www.fee.unicamp.br/cursos/IT743

◮ M.C.D. Tavares, Material da disciplina ET720 – Sistemas de Energia Elétrica I,


disponı́vel em http://www.dsce.fee.unicamp.br/ cristina

◮ R.N. Nayak, Y.K. Sehgal, S. Sen, EHV transmission line capacity enhancement
through increase in surge impedance loading level, IEEE Power India Conference,
2006.

◮ http://www.cepel.br/ lpne/, último acesso em 27 jan 2014.

– 118 –

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