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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Concurso Público 2016

Conteúdo

-Ética e moral.
-Ética, princípios e valores.
-Ética e democracia: exercício da cidadania.
-Ética e função pública.
-Ética no setor público.
-Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto nº 1.171/1994).
-Resoluções 1 a 10 da Comissão de Ética Pública da Presidência da
República.

Exercícios
Coletânea de Exercícios

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Conceito: Ética, Moral, Princípios, Valores e Virtudes.

Os valores éticos podem se transformar, assim como a sociedade se transforma, considerando que na sociedade
desempenhamos papéis diferenciados e adequados a cada espaço de convivência. Nosso desempenho está
associado ao que é preciso fazer na representação de cada papel. O que devemos ser é indicado pelas regras do
coletivo de que fazemos parte. Cada sociedade se compõe de um conjunto de "ethos", ou seja, jeitos de ser, que
conferem um caráter àquela organização. Para tanto, consideramos importante rever alguns conceitos:

ÉTICA E MORAL
Latim: costumes, conduta.
Ética: grego: costumes, conduta, caráter. Etimologicamente as palavras possuem o mesmo significado; porém,
conceitualmente diferem:
Moral: conjunto de regras indicadoras do bem a ser feito e do mal a ser evitado, para que a sociedade viva em
harmonia e o indivíduo encontre a felicidade.
Ética: é a discussão, o debate, sobre as regras; a análise dos princípios que regem a moral. É a filosofia da moral.

O dicionário Aurélio define como:


1- parte da filosofia que estuda os valores morais da conduta humana.
2- conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão.

Para Terezinha Rios a ética se apresenta como uma reflexão crítica sobre a moralidade, sobre a dimensão moral
do comportamento do homem. Cabe a ela, enquanto investigação que se dá no interior da filosofia, procurar ver
de forma clara, profunda e ampla os valores, problematizá-los, buscando sua consistência. No plano da ética
estamos numa perspectiva de um juízo crítico, que quer compreender, quer buscar o sentido da ação. A moral
indica o comportamento que deve ser considerado bom ou mal. A ética procura o fundamento do valor que norteia
o comportamento. Na reflexão científica, ética seria:

Normas de comportamento - Ciência normativa


As grandes teorizações éticas gregas também traziam a marca do tipo de organização social daquela sociedade.
E no decorrer da história os grandes pensadores buscaram formulações que explicassem:

Princípios mais universais;


Igualdade do gênero humano e suas próprias variações;

Uma boa teoria ética deveria ser capaz de explicar as variações de comportamento, características das diferentes
formações culturais e históricas. Enfocando a ética grega e lembrando de Platão (427-347 a. C.): a " virtude
também é uma purificação"; no Diálogo da Leis afirma: " Deus é a medida de todas as coisas". As principais virtudes
da ética platônica é a ideia do sumo bem: - justiça (dike) - virtude geral que ordena e harmoniza.
• prudência ou sabedoria - é a virtude própria da alma racional
• fortaleza ou valor - é a que faz com que as paixões mais nobres predominem, e que o prazer se subordine
ao dever
• temperança - é a virtude da serenidade, equivalente ao autodomínio, à harmonia individual.

Aristóteles (384 -322 a.C.) valorizava a vontade humana; a deliberação e o esforço em busca de bons hábitos. O
homem precisa converter suas melhores disposições naturais em hábitos, de acordo com a razão (virtudes
intelectuais). Mas essa autoeducação supõe um esforço voluntário, de modo que a virtude provém mesmo da
liberdade, que delibera e elege inteligentemente. A virtude é uma espécie de segunda natureza, adquirida pela
razão livre. Para Sócrates (470-399 a.C.) filosofo grego que aparece nos " Diálogos de Platão"(427-347 a.C.),
usava o método da maiêutica que consistia em interrogar o interlocutor até que este chegasse por si mesmo à
verdade, sendo assim uma espécie de " parteiro das ideias"). Sócrates foi chamado " O fundador da moral",

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acentuando o aspecto de interiorização das normas, baseava-se principalmente na convicção pessoal.

Aristóteles distinguiu dois tipos de virtude: as intelectuais e as morais. Estas consistem no controle das paixões
e são características dos movimentos espontâneos do caráter humano. Ao contrário do que muitos imaginam a
virtude não é uma atividade, mas sim uma maneira habitual de ser. A virtude não pode ser adquirida da noite para
o dia, porque depende de ser praticada. Com atos repetitivos, o homem acaba por transformá-los numa segunda
natureza, numa disposição para agir sempre da mesma forma. O processo é sempre o mesmo, sejam os atos bons
ou maus. Quando bons, temos a virtude. Quando maus, o vício.

A atividade daquele que age de acordo com os bons hábitos é o que chamamos de felicidade. Também é a
felicidade mais autossuficiente, porque não precisa de bens materiais para se efetivar. Dessa forma, como a
condição fundamental para a conquista da felicidade é a virtude, e esta só pode ser adquirida mediante exercício
e esforço, o homem tem que desenvolver mecanismos de ação que garantam a sua aquisição. Tais mecanismos
são, em especial, os valores (educação) e as leis. Os valores desenvolvem no homem os hábitos virtuosos; as leis
organizam e protegem o exercício da virtude pelos membros da sociedade.

Sócrates estabelece uma diferença entre o que eu digo e o que quero dizer (entre a formulação e o sentido das
proposições), considera uma distância entre o exterior e o interior). Para Rousseau (1712 -1778) ética significava
um agir de forma mais primitiva. " O homem é bom por natureza e seu espírito pode sofrer aprimoramento quase
ilimitada." Posteriormente Kant (1724 - 1804) final do século XVIII, alemão prussiano, baseava-se na ética de
validade universal que se apoia na igualdade fundamental entre os homens. Para Kant a natureza humana é uma
natureza racional, o que equivale a dizer que a natureza nos fez livres, mas não nos disse concretamente o que
fazer. Portanto, o homem como um ser natural, destinado pela natureza à liberdade, deve desenvolver está
liberdade através da mediação de sua capacidade racional.

Resumindo para ele "ética é obrigação de agir segundo regras universais, comum a todos os seres humanos por
ser derivada da razão." Descartes, propôs uma moral provisória para cuidar primeiro das questões teóricas,
resolvendo as questões práticas do jeito que der. Hegel (1770 -1831) divide a ética em subjetiva ou pessoal e
objetiva ou social. Karl Marx (1818 -1883) interpretou a história da humanidade como a história de uma luta
constante com a natureza. A ação humana se define então como trabalho, como técnica. Para Bertrand Russel
(1872 - 1970) a ética é subjetiva não contém afirmações verdadeiras ou falsas. Para Habermas (1929) a ética
discursiva é baseada em diálogo, por sujeitos capazes de se posicionarem criticamente diante de normas.

O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte
pergunta: "Como devo agir perante os outros?". Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser
respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da Ética.

Moral e ética, às vezes, são palavras empregadas como sinônimos: conjunto de princípios ou padrões de conduta.
Ética pode também significar Filosofia da Moral, portanto, um pensamento reflexivo sobre os valores e as normas
que regem as condutas humanas. Em outro sentido, ética pode referir-se a um conjunto de princípios e normas
que um grupo estabelece para seu exercício profissional (por exemplo, os códigos de ética dos médicos, dos
advogados, dos psicólogos, etc.).

Em outro sentido, ainda, pode referir-se a uma distinção entre princípios que dão rumo ao pensar sem, de antemão,
prescrever formas precisas de conduta (ética) e regras precisas e fechadas (moral).

Finalmente, deve-se chamar a atenção para o fato de a palavra "moral" ter, para muitos, adquirido sentido
pejorativo, associado a "moralismo". Assim, muitos preferem associar à palavra ética os valores e regras que
prezam, querendo assim marcar diferenças com os "moralistas".

Parte-se do pressuposto que é preciso possuir critérios, valores, e, mais ainda, estabelecer relações e hierarquias
entre esses valores para nortear as ações em sociedade. Situações dilemáticas da vida colocam claramente essa
necessidade.

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Por exemplo, é ou não ético roubar um remédio, cujo preço é inacessível, para salvar alguém que, sem ele,
morreria? Colocado de outra forma: deve-se privilegiar o valor "vida" (salvar alguém da morte) ou o valor
"propriedade privada" (no sentido de não roubar)?

Seria um erro pensar que, desde sempre, os homens têm as mesmas respostas para questões desse tipo. Com o
passar do tempo, as sociedades mudam e também mudam os homens que as compõem. Na Grécia antiga, por
exemplo, a existência de escravos era perfeitamente legítima: as pessoas não eram consideradas iguais entre si,
e o fato de umas não terem liberdade era considerado normal. Outro exemplo: até pouco tempo atrás, as mulheres
eram consideradas seres inferiores aos homens, e, portanto, não merecedoras de direitos iguais (deviam obedecer
a seus maridos).

Outro exemplo ainda: na Idade Média, a tortura era considerada prática legítima, seja para a extorsão de
confissões, seja como castigo. Hoje, tal prática indigna a maioria das pessoas e é considerada imoral.

Portanto, a moralidade humana deve ser enfocada no contexto histórico e social. Por consequência, um currículo
escolar sobre a ética pede uma reflexão sobre a sociedade contemporânea na qual está inserida a escola; no caso,
o Brasil do século XX.

Tal reflexão poderia ser feita de maneira antropológica e sociológica: conhecer a diversidade de valores presentes
na sociedade brasileira. A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, traz elementos
que identificam questões morais.

Por exemplo, o art. 1º traz, entre outros, como fundamentos da República Federativa do Brasil a dignidade da
pessoa humana e o pluralismo político. A ideia segundo a qual todo ser humano, sem distinção, merece tratamento
digno corresponde a um valor moral. Segundo esse valor, a pergunta de como agir perante os outros recebe uma
resposta precisa: agir sempre de modo a respeitar a dignidade, sem humilhações ou discriminações em relação a
sexo ou etnia. O pluralismo político, embora refira-se a um nível específico (a política), também pressupõe um
valor moral: os homens têm direito de ter suas opiniões, de expressá-las, de organizar-se em torno delas. Não se
deve, portanto, obrigá-los a silenciar ou a esconder seus pontos de vista; vale dizer, são livres. E, naturalmente,
esses dois fundamentos (e os outros) devem ser pensados em conjunto. No art. 5º, vê-se que é um princípio
constitucional o repúdio ao racismo, repúdio esse coerente com o valor dignidade humana, que limita ações e
discursos, que limita a liberdade às suas expressões e, justamente, garante a referida dignidade.

No art. 3º, lê-se que constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (entre outros):

I) construir uma sociedade livre, justa e solidária;

III) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação. Não é difícil identificar valores morais em tais objetivos, que falam em justiça, igualdade,
solidariedade, e sua coerência com os outros fundamentos apontados.

No título II, art. 5º, mais itens esclarecem as bases morais escolhidas pela sociedade brasileira:

I) homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações; (...)

III) ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; (...)

VI) é inviolável a liberdade de consciência e de crença (...);

X) são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (...).

Porém, aqui, três pontos devem ser devidamente enfatizados.

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O primeiro refere-se ao que se poderia chamar de "núcleo" moral de uma sociedade, ou seja, valores eleitos como
necessários ao convívio entre os membros dessa sociedade. A partir deles, nega-se qualquer perspectiva de
"relativismo moral", entendido como "cada um é livre para eleger todos os valores que quer". Por exemplo, na
sociedade brasileira não é permitido agir de forma preconceituosa, presumindo a inferioridade de alguns (em razão
de etnia, raça, sexo ou cor), sustentar e promover a desigualdade, humilhar, etc. Trata-se de um consenso mínimo,
de um conjunto central de valores, indispensável à sociedade democrática: sem esse conjunto central, cai-se na
anomia, entendida seja como ausência de regras, seja como total relativização delas (cada um tem as suas, e faz
o que bem entender); ou seja, sem ele, destrói-se a democracia, ou, no caso do Brasil, impede-se a construção e
o fortalecimento do país.

O segundo ponto diz respeito justamente ao caráter democrático da sociedade brasileira. A democracia é um
regime político e também um modo de sociabilidade que permite a expressão das diferenças, a expressão de
conflitos, em uma palavra, a pluralidade. Portanto, para além do que se chama de conjunto central de valores,
deve valer a liberdade, a tolerância, a sabedoria de conviver com o diferente, com a diversidade (seja do ponto de
vista de valores, como de costumes, crenças religiosas, expressões artísticas, etc.). Tal valorização da liberdade
não está em contradição com a presença de um conjunto central de valores. Pelo contrário, o conjunto garante,
justamente, a possibilidade da liberdade humana, coloca-lhe fronteiras precisas para que todos possam usufruir
dela, para que todos possam preservá-la.

O terceiro ponto refere-se ao caráter abstrato dos valores abordados. Ética trata de princípios e não de
mandamentos. Supõe que o homem deva ser justo. Porém, como ser justo? Ou como agir de forma a garantir o
bem de todos? Não há resposta predefinida. É preciso, portanto, ter claro que não existem normas acabadas,
regras definitivamente consagradas. A ética é um eterno pensar, refletir, construir.

Legitimação dos Valores e Regras Morais

Diz-se que uma pessoa possui um valor e legitima as normas decorrentes quando, sem controle externo, pauta
sua conduta por elas. Por exemplo, alguém que não rouba por medo de ser preso não legitima a norma "não
roubar": apenas a segue por medo do castigo e, na certeza da impunidade, não a seguirá. Em compensação, diz-
se que uma pessoa legitima a regra em questão ao segui-la independentemente de ser surpreendida, ou seja, se
estiver intimamente convicta de que essa regra representa um bem moral.

Mas o que leva alguém a pautar suas condutas segundo certas regras?

Como alguns valores tornam-se traduções de um ideal de “Bem”, gerando deveres?

Seria mentir por omissão não dizer que falta consenso entre os especialistas a respeito de como um indivíduo
chega a legitimar determinadas regras e conduzir-se coerentemente com elas.

Para uns, trata-se de simples costume: o hábito de certas condutas, validam-nas.

Para outros, a equação deveria ser invertida: determinadas condutas são consideradas boas, portanto, devem ser
praticadas; neste caso, o juízo seria o carro-chefe da legitimação das regras. Para outros ainda, processos
inconscientes (portanto, ignorados do próprio sujeito, e, em geral, constituídos durante a infância) seriam os
determinantes da conduta moral. E há outras teorias mais.

Afetividade

Toda regra moral legitimada aparece sob a forma de uma obrigação, de um imperativo: deve-se fazer tal coisa,
não se deve fazer tal outra. Como essa obrigatoriedade pode se instalar na consciência? Ora, é preciso que os
conteúdos desses imperativos toquem, em alguma medida, a sensibilidade da pessoa; vale dizer, que apareçam
como desejáveis. Portanto, para que um indivíduo se incline a legitimar um determinado conjunto de regras, é
necessário que o veja como traduzindo algo de bom para si, como dizendo respeito a seu bem-estar psicológico,
ao que se poderia chamar de seu "projeto de felicidade". Se vir nas regras aspectos contraditórios ou estranhos
ao seu bem-estar psicológico pessoal e ao seu projeto de felicidade, esse indivíduo simplesmente não legitimará

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os valores subjacentes a elas e, por conseguinte, não legitimará as próprias regras.

Poderá, às vezes, comportar-se como se as legitimasse, mas será apenas por medo do castigo. Na certeza de
não ser castigado, seja porque ninguém tomará conhecimento de sua conduta, seja porque não haverá algum
poder que possa puni-lo, se comportará segundo seus próprios desejos. Em resumo, as regras morais devem
apontar para uma possibilidade de realização de uma "vida boa"; do contrário, serão ignoradas.

Porém, fica uma pergunta: sendo que os projetos de felicidade são variados, que dependem inclusive dos
diferentes traços de personalidade, e sendo também que as regras morais devem valer para todos (se cada um
tiver a sua, a própria moral desaparece), como despertar o sentimento de desejabilidade para determinadas regras
e valores, de forma que não se traduza em mero individualismo?

De fato, as condições de bem-estar e os projetos de felicidade são variados. Para alguns, por exemplo, o
verdadeiro bem-estar nunca será usufruído na terra, mas sim alhures, após a morte. Tais pessoas legitimam
determinadas regras de conduta, inspiradas por certas religiões, como as de origem cristã, porque, justamente,
correspondem a um projeto de felicidade: ficar ao lado de Deus para a eternidade. Aqui na terra, podem até aceitar
viver distantes dos prazeres materiais, pois seu bem-estar psicológico está em se preparar para uma "vida" melhor,
após a morte física do corpo.

Outros, pelo contrário, pensam que a felicidade deve acontecer durante a vida terrena, e consequentemente não
aceitam a ideia de que devam privar-se. E assim por diante. Verifica-se, portanto, que as formas de desejabilidade,
derivadas de seus conteúdos, são variadas. No entanto, há um desejo que parece valer para todos e estar presente
nos diversos projetos de felicidade: o autorrespeito.

A ideia básica é bastante simples. Cada pessoa tem consciência da própria existência, tem consciência de si. Tal
consciência traduz-se, entre outras coisas, por uma imagem de si, ou melhor, imagens de si - no plural, uma vez
que cada um tem várias facetas e não se resume a uma só dimensão. Ora, as imagens que cada um tem de si
estão intimamente associadas a valores. Raramente são meras constatações neutras do que se é ou não se é. Na
grande maioria das vezes, as imagens são vistas como positivas ou negativas. Vale dizer que é inevitável cada
um pensar em si mesmo como um valor. E, evidentemente, cada um procura ter imagens boas de si, ou seja, ver-
se como valor positivo. Sintetizando, cada qual procura se respeitar como pessoa que merece apreciação.

É por essa razão que o autorrespeito, por ser um bem essencial, está presente nos projetos de bem-estar
psicológico, nos projetos de felicidade, como parte integrante. Ninguém se sente feliz se não merecer mínima
admiração, mínimo respeito aos próprios olhos.

O êxito na busca e construção do autorrespeito é fenômeno complexo. Quatro aspectos complementares são
essenciais.

O primeiro diz respeito ao êxito dos projetos de vida que cada pessoa determina para si. Os projetos variam muito
de pessoa para pessoa, vão dos mais modestos empreendimentos até os mais ousados. Mas, seja qual for o
projeto escolhido, o mínimo êxito na sua execução é essencial ao autorrespeito. Raramente se está "de bem
consigo mesmo" quando há fracassos repetidos. A vergonha decorrente assim como a frustração, podem levar à
depressão ou à cólera.

O segundo aspecto refere-se à esfera moral. Cada um tem inclinação a legitimar os valores e normas morais que
permitam, justamente, o êxito dos projetos de vida e o decorrente autorrespeito.

E, naturalmente, tenderá a não legitimar aqueles que representarem um obstáculo; aqueles que forem
contraditórios com a busca e manutenção do autorrespeito. Assim, é sensato pensar que as regras que organizem
a convivência social de forma justa, respeitosa e solidária têm grandes chances de serem seguidas. De fato, a
justiça permite que as oportunidades sejam iguais para todos, sem privilégios que, de partida ou no meio do
caminho, favoreçam alguns em detrimento de outros. Se as regras forem vistas como injustas, dificilmente serão
legitimadas.

O terceiro aspecto refere-se ao papel do juízo alheio na imagem que cada um tem de si.

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Pode-se afirmar o seguinte: a imagem e o respeito que uma pessoa tem de si mesma estão, naturalmente,
referenciados em parte nos juízos que os outros fazem dela. Algumas podem ser extremamente dependentes dos
juízos alheios para julgar a si próprias; outras menos. Porém, ninguém é totalmente indiferente a esses juízos. São
de extrema importância, pois alguém que nunca ouça a crítica alheia - positiva ou negativa - corre o risco de
enganar-se sobre si mesmo. Então, a crítica é necessária.

Todavia, há uma dimensão moral nesses juízos: é o reconhecimento do valor de qualquer pessoa humana, que
não pode ser humilhada, violentada, espoliada, etc. Portanto, o respeito próprio depende também do fato de ser
respeitado pelos outros. A humilhação - forma não rara de relação humana - frequentemente leva a vítima a não
legitimar qualquer outra pessoa como juiz e a agir sem consideração pelas pessoas em geral. As crianças
conhecem esse mecanismo psicológico.

Uma delas, perguntada a respeito dos efeitos da humilhação, afirmou que um aluno assim castigado teria mais
chances de reincidir no erro, pois pensaria: "Já estou danado mesmo, posso fazer o que eu quiser". Em resumo,
serão legitimadas as regras morais que garantirem que cada um desenvolva o respeito próprio, e este está
vinculado a ser respeitado pelos outros.

O quarto e último aspecto refere-se à realização dos projetos de vida de forma puramente egoísta. A valorização
do sucesso profissional, coroado com gordos benefícios financeiros, o status social elevado, a beleza física, a
atenção da mídia, etc., são valores puramente individuais (em geral relacionados à glória), que, para uma minoria,
podem ser concretizados pela obtenção de privilégios (por exemplo, conhecer as pessoas certas que fornecem
emprego ou acesso a instituições importantes), pela manipulação de outras pessoas (por exemplo, mentir e
trapacear para passar na frente dos outros), e pela completa indiferença pelos outros membros da sociedade. Diz-
se que se trata de uma minoria, pois é mero sonho pensar que todos podem ter carro importado, sua imagem na
televisão, acesso aos corredores do poder político, etc. Mas o fato é que a valorização desse tipo de sucesso é
traço marcante da sociedade atual (não só no Brasil, mas no Ocidente todo) e tende a fazer com que as pessoas
o procurem mesmo que o preço a ser pago seja o de passar por cima dos outros, das formas mais desonestas e
até mesmo violentas.

Resultado prático: a pessoa perderá o respeito próprio se não for bem-sucedida nos seus planos pessoais, mas
não se, por exemplo, mentir, roubar, desprezar o vizinho, etc.

Ora, para que as regras morais sejam efetivamente legitimadas, é preciso que sejam partes integrantes do respeito
próprio, ou seja, que o autorrespeito dependa, além dos diversos êxitos na realização dos projetos de vida, do
respeito pelos valores e regras morais. Assim, a pessoa que integrar o respeito pelas regras morais à sua
identidade pessoal, à imagem positiva de si, com grande probabilidade agirá conforme tais regras.

Em resumo, a dimensão afetiva da legitimação dos valores e regras morais passa, de um lado, por identificá-los
como coerentes com a realização de diversos projetos de vida e, de outro, pela absorção desses valores e regras
como valor pessoal que se procura resguardar para permanecer respeitando a si próprio.

Assim, o autorrespeito articula, no âmago de cada um, a busca da realização dos projetos de vida pessoais e o
respeito pelas regras coerentes com tal realização.

Racionalidade

Se é verdade que não há legitimação das regras morais sem um investimento afetivo, é também verdade que tal
legitimação não existe sem a racionalidade, sem o juízo e a reflexão sobre valores e regras. E isso por três razões,
pelo menos.

A primeira: a moral pressupõe a responsabilidade, e esta pressupõe a liberdade e o juízo.

Somente há responsabilidade por atos se houver a liberdade de realizá-los ou não. Cabem, portanto, o
pensamento, a reflexão, o julgamento para, então, a ação. Em resumo, agir segundo critérios e regras morais

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implica fazer uma escolha. E como escolher implica, por sua vez, adotar critérios, a racionalidade é condição
necessária à vida moral.

A segunda: a racionalidade e o juízo também comparecem no processo de legitimação das regras, pois
dificilmente tais valores ou regras serão legítimos se parecerem contraditórios entre si ou ilógicos, se não
sensibilizarem a inteligência. É por essa razão que a moral pode ser discutida, debatida, que argumentos podem
ser empregados para justificar ou descartar certos valores. E, muitas vezes, é por falta dessa apreensão racional
dos valores que alguns agem de forma impensada.
Se tivessem refletido um pouco, teriam mudado de ideia e agido diferentemente. Após melhor juízo, arrependem-
se do que fizeram. É preciso também sublinhar o fato de que pensar sobre a moralidade não é tarefa simples: são
necessárias muita abstração, muita generalização e muita dedução.

Tomando-se o exemplo da mentira, verifica-se que poucas pessoas pensaram de fato sobre o que é a mentira. A
maioria limita-se a dizer que ela corresponde a não dizer, intencionalmente, a verdade. Na realidade, mentir, no
sentido ético, significa não dar uma informação a alguém que tenha o direito de obtê-la. Com essa definição, pode-
se concluir que mentir por omissão não significa trair a verdade, mas não revelá-la a quem tem direito de sabê-la.

Portanto, pensar, apropriar-se dos valores morais com o máximo de racionalidade é condição necessária, tanto à
legitimação das regras e ao emprego justo e ponderado delas, como à construção de novas regras.

Finalmente, há uma terceira razão para se valorizar a presença da racionalidade na esfera moral: ter a capacidade
de dialogar, essencial à convivência democrática. De fato, viver em democracia significa explicitar e, se possível,
resolver conflitos por meio da palavra, da comunicação, do diálogo. Significa, trocar argumentos, negociar. Ora,
para que o diálogo seja profícuo, para que possa gerar resultados, a racionalidade é condição necessária. Os
interlocutores precisam expressar-se com clareza - o que pressupõe a clareza de suas próprias convicções - e
serem capazes de entender os diferentes pontos de vista. Essas capacidades são essencialmente racionais,
dependem do pleno exercício da inteligência.

Respeito mútuo

O tema respeito é central na moralidade. E também é complexo, pois remete a várias dimensões de relações entre
os homens, todas "respeitosas", mas em sentidos muito diferentes. Pode-se associar respeito à ideia de
submissão. É o caso quando se fala que alguma pessoa obedece incondicionalmente a outra. Tal submissão pode
vir do medo: respeita-se o mais forte, não porque mereça algum reconhecimento de ordem moral, mas
simplesmente porque detém o poder. Porém, também pode vir da admiração, da veneração (porque é mais velho
ou sábio, por exemplo), ou da importância atribuída a quem se obedece ou escuta (diz-se "respeito muito as
opiniões de fulano"). Nesses exemplos, o respeito é compreendido de forma unilateral: consideração, obediência,
veneração de um pelo outro, sem que a recíproca seja verdadeira ou necessária. Um intelectual observou bem a
presença desse respeito unilateral na sociedade brasileira, por meio de uma expressão popularmente frequente:
"Sabe com quem está falando?".

Essa expressão traduz uma exigência de respeito unilateral: "Eu sou mais que você, portanto, respeite-me". É a
frase que muitas "autoridades" gostam de empregar quando se sentem, de alguma forma, desacatadas no
exercício de seu poder.

Porém, outra expressão popular também conhecida apresenta uma dimensão diferente do respeito:

"Quem você pensa que é?". Tal pergunta traduz a destituição de um lugar imaginariamente superior que o
interlocutor pensa ocupar. Essa expressão é a afirmação de um ideal de igualdade, ou melhor, de reciprocidade:
se devo respeitá-lo, você também deve me respeitar; não é a falta de respeito, mas sim a negação de sua
associação com submissão. Trata-se de respeito mútuo. E o predicado mútuo faz toda a diferença.

Ora, é claro que tanto a dignidade do ser humano quanto o ideal democrático de convívio social pressupõem o
respeito mútuo, e não o respeito unilateral.

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Com a socialização, a aprendizagem e o desenvolvimento psicológico decorrente, essa assimetria tende a ser
substituída pela relação de reciprocidade: respeitar e ser respeitado: ao dever de respeitar o outro, articula-se o
direito (e a exigência) de ser respeitado. Considerar o respeito mútuo como dever e direito é de suma importância,
pois ao permanecer apenas um dos termos, volta-se ao respeito unilateral: "Devo respeitar, mas não tenho o direito
de exigir o mesmo" ou "Tenho o direito de ser respeitado, mas não o dever de respeitar os outros".

O respeito mútuo expressa-se de várias formas complementares. Uma delas é o dever do respeito pela diferença
e a exigência de ser respeitado na sua singularidade.

Tal reciprocidade também deve valer entre pessoas que pertençam a um mesmo grupo. Deve valer quando se
fazem contratos que serão honrados, cada um respeitando a palavra empenhada e exigindo a recíproca. O respeito
pelos lugares públicos, como ruas e praças, também deriva do respeito mútuo. Como tais espaços pertencem a
todos, preservá-los, não sujá-los ou depredá-los é dever de cada um, porque também é direito de cada um poder
desfrutá-los.

O respeito mútuo também deve valer na dimensão política. Embora política não se confunda com ética, a primeira
não deve ser contraditória com a segunda. Logo, as diversas leis que regem o país devem ser avaliadas também
em função de sua justeza ética: elas devem garantir o respeito mútuo, pois o regime político democrático pressupõe
indivíduos livres que, por intermédio de seus representantes eleitos, estabelecem contratos de convivência que
devem ser honrados por todos; portanto, o exercício da cidadania pressupõe íntima relação entre respeitar e ser
respeitado.

Justiça

O tema da justiça sempre atraiu todos aqueles que pensaram sobre a moralidade, desde os filósofos gregos.
Belíssimas páginas foram escritas, ideias fortes foram defendidas. O tema da justiça encanta e inquieta todos
aqueles que se preocupam com a pergunta "Como devo agir perante os outros?". A rigor, ela poderia ser assim
formulada: "Como ser justo com os outros?", ou seja, "Como respeitar seus direitos? Quais são esses direitos? E
os meus?".

O conceito de justiça pode remeter à obediência às leis. Por exemplo, se a lei prevê que os filhos são os herdeiros
legais dos pais, deserdá-los será considerado injusto. Um juiz justo será aquele que se atém à lei, sem feri-la. Será
considerado injusto se, por algum motivo, resolver ignorá-la.

Porém, o conceito de justiça vai muito além da dimensão legalista. De fato, uma lei pode ser justa ou não. A própria
lei pode ser, ela mesma, julgada com base em critérios éticos. Por exemplo, no Brasil, existiu uma lei que proibia
os analfabetos de votarem. Cada um, intimamente ligado à sua consciência, pode se perguntar se essa lei era
justa ou não; se os analfabetos não têm o direito de participar da vida pública como qualquer cidadão; ou se o fato
de não saberem ler e escrever os torna desiguais em relação aos outros. Portanto, a ética pode julgar as leis como
justas ou injustas.

As duas dimensões da definição de justiça são importantes. A dimensão legal da justiça deve ser contemplada
pelos cidadãos. Muitos, por não conhecerem certas leis, não percebem que são alvo de injustiças. Não conhecem
seus direitos; se os conhecessem, teriam melhores condições de lutar para que fossem respeitados.

Porém, a dimensão ética é insubstituível, precisamente para avaliar de forma crítica certas leis, para perceber
como, por exemplo, privilegiam alguns em detrimento de outros. E os critérios essenciais para se pensar
eticamente sobre a justiça são igualdade e equidade.

A igualdade reza que todas as pessoas têm os mesmos direitos. Não há razão para alguns serem "mais iguais que
os outros". Eis um bolo a ser dividido: cada um deve receber parte igual.

Porém, o conceito de igualdade deve ser sofisticado pelo de equidade. De fato, na grande maioria das vezes, as
pessoas não se encontram em posição de igualdade.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Nascem com diferentes talentos, em diferentes condições sociais, econômicas, físicas, etc. Seria injusto não levar
em conta essas diferenças e, por exemplo, destinar a crianças e adultos os mesmos trabalhos braçais pesados
(infelizmente, no Brasil, tal injustiça acontece). As pessoas também não são iguais no que diz respeito a seus
feitos, e, da mesma forma, seria considerado injusto dar igual recompensa ou sanção a todas as ações (por
exemplo, punir todo crime, da menor infração ao assassinato, com pena de prisão). Portanto, fazer justiça deve,
em vários casos, derivar de cálculo de proporcionalidade (por exemplo, pena proporcional ao crime). Nesses casos,
o critério é o da equidade que restabelece a igualdade respeitando as diferenças: o símbolo da justiça é,
precisamente, uma balança.

A importância do valor justiça para a formação do cidadão é evidente. Em primeiro lugar, para o convívio social,
sobretudo quando se detém algum nível de poder que traz a responsabilidade de decisões que afetam a vida de
outras pessoas. Um pai ou uma mãe, que têm poder sobre os filhos e responsabilidade por eles, a todo momento
devem se perguntar se suas decisões são justas ou não. Numa escola, o professor também deve se fazer essa
pergunta para julgar a atitude de seus alunos.

Em segundo lugar, para a vida política: julgar as leis segundo critérios de justiça, julgar a distribuição de renda de
um país segundo o mesmo critério, avaliar se há igualdade de oportunidades oferecidas a todos, se há impunidade
para alguns, se o poder político age segundo o objetivo da equidade, se os direitos dos cidadãos são respeitados,
etc. A formação para o exercício da cidadania passa necessariamente pela elaboração do conceito de justiça e
seu constante aprimoramento.

Uma sociedade democrática tem como principal objetivo ser justa, inspirada nos ideais de igualdade e equidade.
Tarefa difícil que pede de todos, governantes e governados, muito discernimento e muita sensibilidade. Se um
regime democrático não conseguir aproximar a sociedade do ideal de justiça, se perdurarem as tiranias (nas quais
o desejo de alguns são leis e os privilégios são normas), se os direitos de cada um (baseados na equidade) não
forem respeitados, a democracia terá vida curta. Por essa razão, apresentam-se nos conteúdos itens referentes
ao exercício político da cidadania: embora ética e política sejam domínios diferentes, com suas respectivas
autonomias, o tema da justiça os une na procura da igualdade e da equidade.

Ética e Democracia: Exercício da Cidadania


Por definição, democracia é uma forma de organizar pessoas, cuja característica principal é que as decisões são
tomadas por todos, direta ou indiretamente. Estritamente falando, democracia é uma forma de governo onde as
decisões coletivas são tomadas pelo povo.

A democracia é direta quando as decisões são tomadas diretamente pelos membros do grupo.

A democracia é indireta ou representativa quando as decisões coletivas são tomadas por pessoas reconhecidas
como representantes pelos membros do grupo. E a democracia é participativa quando os membros do grupo têm
formas de intervenção direta na tomada de decisões, entretanto têm representantes, caso se reservem ao direito
de não escolher.

A origem da palavra vem do grego “Demos”, que significa povo e, “Kratos” que significa poder (de escolha, de
decisão), logo, democracia é definida como “o que dirige o povo”. Não há como falar em democracia sem lembrar
ética. No dicionário, esta palavra está definida como: [1] ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade; [2] conjunto de normas de comportamento e formas de vida através do qual o homem tende a realizar
o valor do bem.

Como ciência, ética tem um alvo de estudos, no caso, a moral. Desta forma ética está para a moral assim como a
musicologia está para a música. A moral é um dos aspectos do comportamento humano, assim como jurídico,
social, alimentício. A moral é definida como um conjunto de normas e regras que regem o comportamento humano
próprios de uma determinada cultura.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Num mundo como o de hoje, onde quase todos os países se dizem democráticos é levantada a questão quanto à
legitimidade desta forma de organização social. Em muitos lugares esta forma de governo funciona quase que
perfeitamente, entretanto, em países como o Brasil, onde a corrupção é fato presente nos noticiários quase
diariamente, esta organização se mostra falha. A democracia é uma das formas de governo, que se podem afirmar,
mais justas.

Sua deficiência está na boa índole dos representantes do povo e de seu poder. A ética, para a maioria, está em
não roubar, não fazer o mau. Mas ela vai além disso. A ética se divide em duas: passiva (não faz ao outro o que
não quer que faça contigo) e proativa (faz ao outro o que quer que faça a ti). Se levada em consideração a ética,
a administração do poder do povo, se tornará uma responsabilidade assumida por membros do grupo que se
distinguem dos demais por sua capacidade de persuasão e administração.

A avaliação quanto à conduta ética tem fundamento na assertiva de que as ações refletem os valores de quem as
pratica. Devemos dissociar a ética social caracterizada pela unilateralidade de suas normas da ética legal, cuja
bilateralidade expressa-se pela imposição de deveres e concessão de direitos.

A este trabalho interessa a ética na gestão dos negócios do Estado, assim entendida como o conjunto de regras
de conduta estabelecidas para a atuação da Administração Pública. No caso brasileiro a Constituição Federal
define, expressamente, os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência como
norteadores da conduta administrativa. A moralidade como princípio explícito conduz ao entendimento de que o
ato administrativo, além da conformação à lei, deve obediência à moral pública, aos bons costumes e ao senso
comum de honestidade. A conduta do agente público deve ser dirigida para a consecução do bem comum, e sob
esta perspectiva encontra sua interface com a cidadania, cujo conceito tem sido objeto de muitos estudos que
indicam o surgimento de um novo conceito de cidadania. Fundamentalmente, a acepção que se tem de cidadania
abrange duas dimensões.

A primeira está intrinsecamente ligada e deriva até da experiência dos movimentos sociais. Dessa experiência,
boa parte é aquilo que entendemos como luta por direitos que, aliás, encampa o conceito clássico de cidadania,
que é a titularidade de direitos. A essa experiência dos movimentos sociais, tem-se agregado uma ênfase mais
ampla na consolidação da democracia. O exercício da cidadania relaciona-se, intimamente, com a consolidação
de uma conduta democrática.

Uma segunda dimensão, além da titularidade de direitos, é aquela que deriva do republicanismo clássico,
enfatizando a preocupação com a coisa pública, com a res-pública. Constata-se, na realidade, um certo
desconhecimento da população em relação a titularidade de direitos. Em uma pesquisa realizada na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro, pedia-se que o entrevistado citasse 3 (três) direitos constitucionais. As respostas
não podiam ter sido mais preocupantes. Não menos do que 56,7% dos entrevistados não conseguiram relacionar
um único direito constitucional. Dentre aqueles direitos citados, os direitos sociais ligados à saúde, à educação, à
previdência aparecem com 25,8% dos entrevistados. No segundo lugar, já bem distante, aparecem os direitos civis
com 11,7% e os direitos políticos, notadamente votar e ser votado, com 1,6% de referência pelos entrevistados.
Uma das conclusões da pesquisa é de que a baixa percepção dessa titularidade de direitos políticos se deve até
pelo fato de que no Brasil o voto, por ser obrigatório, muito mais é entendido como um dever do que como um
direito. Parece que dentro dessa perspectiva da baixa percepção da população em relação à titularidade desses
direitos, não restam dúvidas de que estamos vivenciando um processo, que ainda é de descoberta, de
conhecimento para o exercício da cidadania.

Kant, teórico clássico do pensamento político, já no final do século XVIII, enumerava algumas características
comuns do que ele entende ser um cidadão. A primeira dessas características é a autonomia. Os cidadãos têm de
ter capacidade de conduzir-se segundo o seu próprio arbítrio. A segunda é a igualdade perante a lei. E a terceira
é a independência, ou seja, a capacidade de sustentar-se a si próprio. A simples observação dessas três
características citadas por Kant, dificilmente permitiria identificarmos um número expressivo de cidadãos que as
atendesse.

John Stuart Mill, no século XIX, também um clássico do pensamento político, dividia o cidadão em duas categorias:
os ativos e os passivos. Ele diz que os governantes, em muitos casos, preferem os cidadãos passivos, embora a

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

democracia necessite dos cidadãos ativos, sobretudo na democracia que tem a regra da maioria como uma de
suas regras fundamentais. Seu pressuposto é a participação ativa. Não havendo participação ativa, será
desvirtuada a regra da maioria. Nesse caso, uma minoria passa a tomar as decisões. A abstenção não é condizente
com regime democrático consolidado e cidadania efetiva.

A Administração Pública se constitui no instrumental de que dispõe o Estado para implementar as prioridades do
Governo. Assim, merece atenção especial o estudo acerca das ações empreendidas pelo gestor da coisa pública,
sobretudo em relação ao grau de aderência ao interesse público (efetividade). Deve haver compatibilidade entre
as prioridades de governo e o querer da coletividade. Verifica-se grande dificuldade da sociedade em avaliar a
conduta dos gestores públicos, notadamente em função da ausência de informações tempestivas, suficientes e
confiáveis. Até mesmo o processo de escolha dos governantes nas democracias, através de eleições seguras e
livres, vem sendo objeto de ressalvas quanto a sua eficácia como mecanismo garantidor de que os escolhidos
trabalharão em função dos melhores interesses da coletividade, uma vez que os cidadãos não possuem todas as
informações necessárias a uma escolha correta. O que reforça a importância do acesso às informações.

Ética e Função Pública


A ética representa uma abordagem sobre as constantes morais, aquele conjunto de valores e costumes mais ou
menos permanentes no tempo e uniforme no espaço.

A moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição
a que serve, e a finalidade de sua ação: o bem comum.

A ética na administração e a moralidade administrativa não representam senão uma das faces da moralidade
pública que se sujeita ao controle social, pois a moralidade é encontrada nos julgamentos que as pessoas fazem
sobre a conduta e não na própria conduta. E tratando-se de moralidade pública, torna-se imperioso reivindicar-se
alto grau de generalidade e autoridade, resultando, então, do julgamento respectivo, em caráter objetivo e público,
não um ato individual e privado.

As leis e normas são de caráter impositivo, tendo o agente público o dever de cumpri-las, e tendo que responder
pelo seu não cumprimento. Já a conduta ética é de caráter pessoal, o agente público tem a responsabilidade de
ser ético. Porém sem jamais deixar de respeitar e cumprir o princípio constitucional da moralidade administrativa.

E o que é ser ético?


Ser ético é ter a certeza que sua função é pública, e que tem a obrigação de tratar ao público e aos colegas de
serviço com toda dignidade, honra, eficiência, honestidade e muito respeito.

Ser ético é ter o zelo necessário para com o patrimônio público, evitando ao máximo o desperdício e o descaso.

Ao ser ético o agente público estará automaticamente cumprindo a maioria de nossa legislação administrativa.

O ser ético é realizar a sua autoavaliação, procurando corrigir seus vícios, melhorando seu comportamento e
aprimorando suas relações interpessoais.

Ser ético é uma constante busca de aprimoramento da conduta pessoal e profissional.

Ser ético é respeitar as diferenças e exaltar as boas práticas morais e éticas.

E para que serve um código de ética?

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Um código de ética é elaborado e implementado para pessoas éticas, pois ele serve como um balizador da boa
conduta moral um referencial para a conduta ética. Caso contrário temos o Direito Administrativo Disciplinar e o
Código Penal.

Portanto, tendo-se uma boa conduta ética, teremos sem sombra de dúvida uma boa governança, um declínio
acentuado em casos de corrupção, ilícitos administrativos e o mau uso da coisa pública.

Ao falarmos de conduta ética na administração pública, não podemos nos omitir em citar o crescente conflito de
interesse hoje existente na Administração. Devido principalmente ao crescente número de nomeações para cargos
em comissão ou de provimento especial, que na sua grande maioria são ocupados por pessoas que não pertencem
ao quadro efetivo de servidores da administração pública, podemos observar a crescente confusão entre o público
e o privado e em sua maioria de casos, colaborando e facilitando atos de improbidade administrativa e desvios de
conduta ética. Devemos observar que na expressão interesse público agrega-se o valor de moralidade, ética,
independência, honestidade objetiva e subjetiva da administração em relação a rigorosamente todos os assuntos
que dizem respeito às relações da Administração no âmbito interno e externo.

A Administração Pública está obrigada numa ética de dupla mão de sentido – a ética da administração e a ética
na administração dos negócios públicos. A ética da administração é a garantia da observância do interesse
coletivo. A ética na administração consubstancia-se na proteção do indivíduo contra a própria administração.

O gestor público jamais poderá deixar de observar que o Poder Judiciário, no julgamento de ação de qualquer
natureza, pode ingressar no exame da moralidade administrativa para salvaguarda dos interesses individuais e
sociais, avaliando o comportamento ético empregado na Administração Pública.

Visando dar concretude à ideia de moralidade no serviço público, foram criados o Código de Ética e o Código de
Conduta da Alta Administração Pública. Mas, apesar de ter sido instituído em 22 de junho de 1.994, o Código de
Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, somente passou a ser efetivamente utilizado a partir
de 1º de fevereiro de 2007 com a edição do Decreto nº 6.029/2007. Que cria o Sistema de Gestão da Ética Pública
do Poder Executivo Federal e regulamenta as atribuições das comissões de ética na Administração Pública
Federal.

Com isso o gestor público passa a ter a responsabilidade da Gestão da Ética e a obrigação de apoiar e instituir
Comissão de Ética em seu órgão ou Entidade.

Porém, a maior atribuição de uma Comissão de Ética está no trabalho de divulgação de normas éticas e morais
visando alcançar a todos os servidores, com a divulgação das boas práticas éticas e morais. E esse trabalho tem
que ser realizado de uma forma constante e ininterrupta, com a certeza que se trata da realização de uma
reeducação e por isso é uma tarefa árdua. A reeducação à luz da ética tem o desafio de tratar das mudanças
comportamentais e vícios que se encontram arraigados na Administração Pública.

A Comissão de ética deve ser a porta de entrada para um bom e eficaz controle social, é através dela que o cidadão
poderá realizar consultas, esclarecer dúvidas e apresentar reclamações e denúncias sobre o comportamento ético
e moral do servidor público.

Vale ressaltar que a Comissão de Ética executa a nobre tarefa de orientar, aconselhar e acompanhar os dirigentes
e servidores quanto à ética e a moralidade de seus atos.

De nada adianta o esforço para a disseminação das boas práticas éticas e morais, se os dirigentes das Entidades
e dos Órgãos Públicos não estiverem realmente comprometidos com as atividades da Comissão de Ética. O
comprometimento não vem do apoio ao seu funcionamento, pois este apoio é obrigatório por força do Decreto nº
6.029/2007, o comprometimento deve se apresentar na forma do bom exemplo, pois é notório que os subordinados
hierárquicos tendem a seguir os exemplos de seus superiores. Portanto, se fornecermos exemplos negativos de
comportamento ético e moral teremos um ambiente infectado com a conduta aética.

O bom exemplo de nossas ações e atitudes convence mais que nossas argumentações. De que adianta pregar a
ética e a moralidade se nossas ações não seguem o que pregamos?

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Louis Bottach definiu com grande ênfase a importância do assunto:


“O exemplo é a mais fecunda semente, tanto das virtudes como dos vícios”.

Já Plutarco, filosofo grego nos leva à reflexão sobre a realidade que nos deparamos hoje.
“Confie nas ações dos homens e não em seus discursos. Nada é tão abundante como homens que vivem mal e
falam bem”.

A ética e a moralidade administrativa devem ser a mola-mestre de nossa conduta, não só na Administração Pública
como em nossa vida, devemos transformar a boa conduta em um hábito cotidiano em nossa existência.

E finalmente deixo o pensamento de D.F.Thomson.


“Ética pode ser apenas um instrumento, um meio para atingir um fim, mas ela é um meio necessário para alcançar
um fim. A ética governamental prevê as precondições para a elaboração e implantação de boas políticas públicas.
Neste sentido, a ética é mais importante do que qualquer política isolada, porque todas as políticas públicas
dependem dela”.

A Ética no Setor Público


Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em corrupção, extorsão, ineficiência, etc., mas na realidade
o que devemos ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na vida pública em geral, é que
seja fixado um padrão a partir do qual possamos, em seguida, julgar a atuação dos servidores públicos ou daqueles
que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não basta que haja padrão, tão somente, é necessário que
esse padrão seja ético, acima de tudo.

O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões éticos dos servidores públicos advêm de sua
própria natureza, ou seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão da ética pública está
diretamente relacionada aos princípios fundamentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito, de
"Norma Fundamental", uma norma hipotética com premissas ideológicas e que deve reger tudo mais o que estiver
relacionado ao comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, podemos invocar a Constituição Federal.
Esta ampara os valores morais da boa conduta, a boa-fé acima de tudo, como princípios básicos e essenciais a
uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lembrando inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, "bem viver".

Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoalidade. Ao contrário do que muitos pensam, o
funcionalismo público e seus servidores devem primar pela questão da "impessoalidade", deixando claro que o
termo é sinônimo de "igualdade", esta sim é a questão chave e que eleva o serviço público a níveis tão ineficazes,
não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e expresso, "todos são iguais perante a lei".

E também a ideia de impessoalidade, supõe uma distinção entre aquilo que é público e aquilo que é privada (no
sentido do interesse pessoal), que gera, portanto, o grande conflito entre os interesses privados acima dos
interesses públicos. Podemos verificar abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão, jornais
e revistas, que este é um dos principais problemas que cercam o setor público, afetando assim, a ética que deveria
estar acima de seus interesses.

Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de igualdade), sem falar de moralidade. Esta também é um
dos principais valores que define a conduta ética, não só dos servidores públicos, mas de qualquer indivíduo.
Invocando novamente o ordenamento jurídico podemos identificar que a falta de respeito ao padrão moral, implica,
portanto, numa violação dos direitos do cidadão, comprometendo inclusive, a existência dos valores dos bons
costumes em uma sociedade.

A falta de ética na Administração Pública encontra terreno fértil para se reproduzir, pois o comportamento de
autoridades públicas estão longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre devido a falta de preparo dos
funcionários, cultura equivocada e especialmente, por falta de mecanismos de controle e responsabilização
adequada dos atos antiéticos.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade nesta situação, pois não se mobilizam para exercer
os seus direitos e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do Poder Público. Um dos motivos
para esta falta de mobilização social se dá, devido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade não exerce
sua cidadania. A cidadania Segundo Milton Santos " é como uma lei", isto é, ela existe mas precisa ser descoberta,
aprendida, utilizada e reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa evolução surge quando o cidadão
adquire esse status, ou seja, quando passa a ter direitos sociais. A luta por esses direitos garante um padrão de
vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta refrear os impulsos sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas
situações a cidadania deve se valer contra ele, e imperar através de cada pessoa. Porém Milton Santos questiona,
se "há cidadão neste pais"? Pois para ele desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais e ao longo da vida
e também da sociedade, conceitos morais que vão sendo contestados posteriormente com a formação de ideias
de cada um, porém a maioria das pessoas não sabem se são ou não cidadãos.

A educação seria o mais forte instrumento na formação de cidadão consciente para a construção de um futuro
melhor.

No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e sem princípios éticos que convivem todos os dias com
mandos e desmandos, atos desonestos, corrupção e falta de ética tendem a assimilar por este rol "cultural" de
aproveitamento em benefício próprio.

Se o Estado, que a princípio deve impor a ordem e o respeito como regra de conduta para uma sociedade civilizada,
é o primeiro a evidenciar o ato imoral, veem esta realidade como uma razão, desculpa ou oportunidade para salvar-
se, e, assim sendo, através dos usos de sua atribuição pública.

A consciência ética, como a educação e a cultura são aprendidas pelo ser humano, assim, a ética na administração
pública, pode e deve ser desenvolvida junto aos agentes públicos ocasionando assim, uma mudança na
administração pública que deve ser sentida pelo contribuinte que dela se utiliza diariamente, seja por meio da
simplificação de procedimentos, isto é, a rapidez de respostas e qualidade dos serviços prestados, seja pela forma
de agir e de contato entre o cidadão e os funcionários públicos.

A mudança que se deseja na Administração pública implica numa gradativa, mas necessária "transformação
cultural" dentro da estrutura organizacional da Administração Pública, isto é, uma reavaliação e valorização das
tradições, valores, hábitos, normas, etc., que nascem e se forma ao longo do tempo e que criam um determinado
estilo de atuação no seio da organização.

Conclui-se, assim, que a improbidade e a falta de ética que nascem nas máquinas administrativas devido ao
terreno fértil encontrado devido à existência de governos autoritários, governos regidos por políticos sem ética,
sem critérios de justiça social e que, mesmo após o advento de regimes democrático, continuam contaminados
pelo "vírus" dos interesses escusos geralmente oriundos de sociedades dominadas por situações de pobreza e
injustiça social, abala a confiança das instituições, prejudica a eficácia das organizações, aumenta os custos,
compromete o bom uso dos recursos públicos e os resultados dos contratos firmados pela Administração Pública
e ainda castiga cada vez mais a sociedade que sofre com a pobreza, com a miséria, a falta de sistema de saúde,
de esgoto, habitação, ocasionados pela falta de investimentos financeiros do Governo, porque os funcionários
públicos priorizam seus interesses pessoais em detrimento dos interesses sociais.

Finalizando, gostaríamos de destacar alguns pontos básicos, que baseado neste estudo, julgamos essenciais para
a boa conduta, um padrão ético, impessoal e moralístico:

1 - Podemos conceituar ética, também como sendo um padrão de comportamento orientado pelos valores e
princípio morais e da dignidade humana.

2 - O ser humano possui diferentes valores e princípios e a "quantidade" de valores e princípios atribuídos,
determinam a "qualidade" de um padrão de comportamento ético:
- Maior valor atribuído (bem), maior ética.
- Menor valor atribuído (bem), menor ética.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

3 - A cultura e a ética estão intrinsecamente ligadas. Não nos referimos a palavra cultura como sendo a quantidade
de conhecimento adquirido, mas sim a qualidade na medida em que esta pode ser usada em prol da função social,
do bem-estar e tudo mais que diz respeito ao bem maior do ser humano.

4 - A falta de ética induz ao descumprimento das leis do ordenamento jurídico.

5 - Em princípio as leis se baseiam nos princípios da dignidade humana, dos bons costumes e da boa-fé.

6 - Maior impessoalidade (igualdade), maior moralidade = melhor padrão de ética.

Ética e Cidadania
A convivência humana, principalmente nesta nova sociedade que se forma após o século XX, fruto de uma
revolução comunicacional-cibernética, torna-se cada vez mais difícil. Tomando por base que a globalização
transforma o mundo em uma pequena aldeia e os avanços científicos aumentam a capacidade intelectual e o
controle das pessoas sobre o planeta, cresce também a responsabilidade do homem diante de suas atividades,
que podem tanto curar seus males quanto causar sua própria extinção.

A mentalidade humana está sempre em busca de novas técnicas e conhecimentos para a resolução de seus
problemas, todavia, sabe-se que a ciência não apresenta todas as respostas. Para tanto, uma nova busca está
sendo feita: o estabelecimento de valores universais, a aplicação da ética para os problemas sociais humanos.

“As questões éticas e sociopolíticas (isto é, de cidadania) envolvem direitos e deveres, justiça e injustiça, lei e
punição, proibição e liberdade, responsabilidade e marginalidade, conduta pessoal e relacionamentos humanos”,
logo, estão presentes em todas as atitudes sociais.

Ética difere-se de moral por ser uma ideia universal. Cabe a ética conciliar os preceitos morais de diversos grupos
(cada um tem a sua “moral”), e conscientizar seus membros dos valores básicos que prega, de seus padrões de
conduta calcados na razão.

Visando a organização das relações interpessoais, a ideia de aplicação da ética surge na Antiguidade, evoluindo
desde princípios orais até as escrituras do Código de Hamurabi. As noções religiosas, míticas, mágicas e
metafísicas misturavam-se às lendas etiológicas sustentadas pela arte e pelo folclore; mas o real desenvolvimento
do pensamento ético se deu na Grécia.

Sócrates e os sofistas, por exemplo, entendiam o ser humano como a “medida de todas as coisas” (Protágoras) e
passaram a considerar fundamental não mais o estudo do mundo e sim e estudo de si próprio. O “pai” da ética,
entretanto, é considerado pelo autor como sendo Platão. O cristianismo, o judaísmo moderno e o islamismo são
baseados nos conceitos de Platão, que estabelece a ideia de bem como a principal e maior dentre todas as ideias,
e o identifica com Deus. Aristóteles, discípulo de Platão, sugere ser a virtude, entendida como a perfeição da
condição humana, a base de toda a reflexão ética racional.

Segundo a filosofia cristã, há três virtudes supremas que podem ser encontradas no Novo Testamento: a fé, a
esperança e o amor, sendo essa terceira a maior entre todas; “amarás a Deus acima de todas as coisas e ao
próximo como a ti mesmo”. O forte conceito de amor presente no cristianismo o transformou na religião oficial do
Império no século XV e de muitos países da atualidade.

De acordo com a ética social calvinista, há três pilares fundamentais a serem considerados: vocação, honestidade
e economia ou poupança. A vocação implica na tarefa social, profissão, designada por Deus, para a execução de
uma atividade útil para a sociedade. A honestidade dos negócios é primordial para o calvinismo, assim como a
economia, que se refere à realização de uma poupança do excedente adquirido com o trabalho e de nunca gastar
mais do que se possui.

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Apesar da grande influência que as religiões exercem nas sociedades humanas, na Modernidade os ideais éticos
da antiga Grécia foram ainda mais valorizados, ou seja, a racionalidade tomou o lugar das noções religiosas. A
criação do método científico indutivo (com Galileu, Francis Bacon e René Descartes), o movimento cultural
iluminista agregado ao lema da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), as reflexões de Thomas
Hobbes e John Locke sobre o estado, as teorias de Jean-Jacques Rousseau sobre a educação e as relações
sociopolíticas (além da ideia de contrato social); são exemplos do desenvolvimento do pensamento racional.

Kant inverte a questão fundamental da ética grega até então trabalhada: o problema não era mais estabelecer os
princípios, virtudes e valores universais, e sim a universalidade deles. Hegel “sugere que há uma síntese que
sucede logicamente a tensão existente entre a moralidade relativa de uma etnia, tradição, religião ou grupo social,
entendida como tese, e a ética racional da tradição filosófica, entendida como antítese. A síntese acontece quando
uma cultura superior assume a ética racional da tradição filosófica como sua moralidade e simultaneamente
transforma sua moralidade particular em uma ética racional com valores universais”.

A ética marxista, revolucionária, fundamenta-se na busca da justiça, que é entendida como a comunhão universal
dos bens materiais. Sonha com um mundo sem classes sociais, regido anarquicamente. Para alcançar tal
evolução, acredita na necessidade de um primeiro passo: a união de todos os trabalhadores para a promoção de
uma ditadura do proletariado. Isto terminaria com a propriedade privada e com a alienação causada pelos
aparelhos ideológicos do Estado.

Nietzsche defende a tese de que toda moralidade é uma absolutização da moral e, portanto, um moralismo.
Defende a dissolução dos valores morais (por estarem viciados pela mentalidade servil da tradição cristã) e vê o
socialismo como fruto do desenvolvimento das ideias cristãs e o marxismo como uma forma disfarçada de
cristianismo.

Percebe-se a partir daí que as questões éticas se complicaram. Filósofos e pensadores passaram a divergir sobre
aspectos básicos; e a revolução das comunicações, que originou a sociedade planetária, aumentou o número de
problemas cujas soluções éticas necessitam de um consenso universal. “A questão não é se deve ou não haver
globalização, mas sim como ela deve acontecer”, pois este é um processo em andamento, inevitável, logo a única
coisa a ser pensada é como amenizar os efeitos negativos da evolução, algo possível somente por meio do
pensamento ético.

Apontamentos para uma compreensão da Ética na dinâmica das transformações sociais.

Sendo a ética um código que normatiza o comportamento, incluindo em seu amplo conceito os “costumes, hábitos,
leis, normas, formas de pensar e viver”, ela deve ser entendida como o centro das relações humanas, uma vez
que é responsável pelo discernimento entre o que é bom ou mau. Este discernimento se dá em razão da aquisição
de um certo conhecimento, o qual tem a função de elucidar as possibilidades para que o indivíduo faça suas
próprias escolhas. Logo, tal conhecimento deve ser oriundo de uma educação adequada, já que, informações
erradas ou uma quantidade muito grande de informação desarticulada pode provocar a desinformação e prejudicar
as relações sociais.

As transformações que ocorrem na sociedade são responsáveis pela mudança de paradigmas e, muitas vezes, de
objetivos e valores. Dessa forma, tem-se que de acordo com o “movimento social” surgem novas necessidades,
problemas e aspectos éticos a serem discutidos. Um exemplo a ser citado sobre este assunto é o caso da revolução
tecnológica. Com o advento da máquina o espaço de trabalho tradicionalmente ocupado pelo homem foi tomado,
excluindo assim milhões de pessoas. Estas perdem seus empregos e veem seus salários sendo reduzidos e, sem
entender como se deu todo o processo, veem as novas tecnologias como monstros.

“A educação fundada na ética prepara a sociedade para a nova realidade do mundo do trabalho”,
consequentemente, cresce a preocupação de empresários, governos, políticos e de todos os tipos de profissionais
com a preparação para o trabalho e suas relações para o desenvolvimento do país. Países que, assim como o
Brasil, são marcados pela desigualdade social e concentração de renda sofrem de males como desemprego,
analfabetismo, mortalidade infantil e exploração do trabalho infantil.

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Visando se adaptar às alterações que a tecnologia promove na vida humana, há também uma transformação na
divisão social do trabalho (o que por sua vez também transforma a cultura da sociedade). Após a década de 70,
pessoas passaram a se deslocar da área industrial para os setores formais e informais de serviços e, com o
mercado em transformação, o trabalho acabou por se tornar instável e autônomo. Os trabalhadores são, portanto,
impelidos a buscar um perfil mais flexível, investindo assim em sua formação e experiência profissional, que deve
ser permanentemente construída, aprimorada e renovada.

Em casos nos quais trabalhadores não têm como investir em sua própria formação ou na de seus filhos, ocupando
o que se chama de subempregos em virtude da falta de recursos, tem-se, muitas vezes, o aumento da violência.
Pesquisas realizadas mostram que adolescentes são empurrados para o crime em função da crise econômica que
desestrutura as famílias; “esses jovens são levados, pela necessidade de sobrevivência, a se envolverem com
atividades criminosas, desde pequenos furtos até o tráfico de drogas e assassinatos”.

A única solução vislumbrada para alterar esse quadro é por meio da educação. Uma educação motivadora evita a
inserção de crianças no mercado de trabalho e lhes fornece mais condições para enfrenta-lo no futuro. Segundo
os autores do livro: “Acreditamos que a educação seja a melhor estratégia para a construção da cidadania”.

Reflexões sobre educação, ética e cidadania a partir do pensamento reformado.

A partir do século XVI, com a Reforma, houve um grande avanço na educação. Lutero empenhou-se na tradução
da Bíblia para a língua alemã a fim de colocá-la nas mãos do povo. Todavia, para que o seu entendimento se
desse, era necessário um povo alfabetizado, por isso, o estudo, a aquisição do conhecimento que permitisse a
interpretação do livro sagrado, teve sua motivação.

Lutero propunha uma educação com base em dois objetivos: “preparar a crianças para a leitura da Bíblia Sagrada
e compreensão dos valores espirituais cristãos e adestrá-los para o exercício da cidadania pela participação
consciente na comunidade e no governo civil”. Esta educação reformada foi portadora de grandes ideias, dentre
elas a liberdade do homem na interpretação da Bíblia. A Reforma iniciou o princípio da instrução universal e laica.

Um exemplo da universalidade de oportunidades educacionais foi a inclusão de mulheres no processo educacional


no século XVII. “A educação de mulheres e a sua utilização como professoras nas escolas ampliava o sistema
educacional (...) e colaborava para a convivência respeitosa entre os sexos”.
Comenius, considerado o fundador da pedagogia enquanto área do conhecimento, em seu modelo educacional
contemplava a primazia da inteligência, memória e vontade na formação dos homens, visava formar homens
sábios, piedosos e prudentes.

A escola, consequentemente, torna-se “o instrumento hábil que oferece as condições para o desenvolvimento dos
talentos individuais”, motivando os seres humanos na busca do aprimoramento de suas capacidades e habilidades.
Deve ser entendida como meio de realização da pessoa humana, preparando o indivíduo não somente para uma
habilitação profissional, mas também para a vida, fornecendo-lhe conhecimentos axiológicos para possibilitar a
convivência social.

Dilemas no mundo político contemporâneo

“Desde as formações sociais primitivas, poder e política estiveram presentes no dia-a-dia das pessoas”. Quando
o poder se ausenta em uma determinada sociedade, e surge o caos, surge o desejo coletivo pelo seu retorno.
Todavia, o retorno do poder se dá, geralmente, com maior intensidade, invadindo, muitas vezes, os espaços
individuais de liberdade. A preservação de um poder legítimo se faz necessária para que haja a garantia dos
direitos individuais, e é por meio da política que ocorre o controle do poder.
A política pode ser compreendida como a arte e a ciência de se atingir, exercer e manter o poder, “visando a
condução racional de pessoas e a administração de bens”. A política é o meio para se alcançar o poder, estando
presente em uma realidade humana que se desenvolve em processo contínuo de conflitos na busca de consensos
transitórios.

“Poder” pode expressar as ideias de mandar, impor, dar ordens e exigir cumprimento; e em qualquer idioma produz
o mesmo fascínio, o que levou muitos estudiosos a analisarem as suas particularidades.

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Os nomes que mais se destacaram neste termo foram Santo Agostinho, na Alta Idade Média, e Maquiavel na
Renascença. A Reforma Protestante rompe a hegemonia romana e, mediante retorno às escrituras reveladas,
busca novas formas para a estruturação e exercício de poder. Atingia-se, assim, o conceito de poder democrático.
O poder não deve ser a emanação da vontade coletiva exposta por intermédio da lei e das limitações por esta
imposta e a melhor definição para poder democrático é a expressão da vontade popular obtida em eleições e
exercida pelos governantes nos estritos termos previstos em lei.

O poder deve ter legitimidade para ser um poder democrático, isto quer dizer que seja consentido pelos seus
subordinados a este poder.

Procedimentos contra o abuso do poder indicado por Hans Kung.


• O controle do poder mediante constituições e leis;
• Divisão dos poderes em executivo, legislativo e judiciário;
• Limitação do poder pela proclamação de direitos fundamentais invioláveis;
• Moderação do poder pela aplicação do princípio da proporcionalidade;
• Participação de todos no poder mediante a aplicação do voto universal;
• Nivelação do poder pela diminuição das diferenças entre pessoas e classes.

A ideia de Estado de Direito repousa sobre a concepção de que, limitando os governantes e conferindo certeza
legal. Pode se configurar como sendo o domínio da lei, o direito acima dos homens e não os homens acima da lei
e do direito. Requisitos básicos para a sua a existência: separação dos poderes, subordinação às leis; monopólio
da força pelo Estado, escolha de parlamentares escolhidos pelo voto, secreto, livre e universal. O instituto da
divisão dos poderes transformou-se em salvaguarda contra o arbítrio dos governos e em instrumento jurídico para
afastar a tirania.

A legalidade é, pois, o instrumento de atuação da igualdade política, a lei é a emanação racional da vontade popular
manifesta pelo Estado. A lei conduz à certeza do direito. Para que a lei seja cumprida é necessário que se faça o
uso da força, mas, sobretudo, o uso da força pelo Estado. Tal força somente poderá ser manifesta sob os estritos
limites da lei e para que exista legitimidade é imprescindível a escolha consciente dos parlamentares e governante.

Com base na reflexão que vem sendo desenvolvida durante o capítulo, o autor propõe dilemas para serem
discutidos:

- Primeiro dilema: a situação da mulher; O direito vigente foi elaborado predominantemente por homens e estes
foram condicionados pelos valores inerentes à masculinidade, nos termos concretizados por gerações e gerações.
Cabe às mulheres, particularmente as de formação jurídica, elaborar novas leis e instrumentos de interpretação
das normas preexistentes a partir dos valores que informam o novo universo feminino, sob pena da propagada
igualdade ser apenas forma e jamais realidade efetiva.
- Segundo dilema: a soberania, segundo Jean Bodin qualifica a soberania como sendo algo inalienável,
imprescritível, perpétuo e indelegável.
- Terceiro dilema: a globalização e cultura, que, se por um lado causa a dilapidação do patrimônio cultural de um
povo e conduz ao empobrecimento de toda a humanidade, por outro proporciona múltiplas visões da realidade,
enriquecendo a humanidade com novas informações compartilhadas pelo mundo todo (em razão do fácil acesso),
rompendo a monotonia.
- Quarto dilema: o fundamentalismo religioso; as três religiões monoteístas (judeus, cristãos e muçulmanos) são
oriundas de um tronco comum, a família de Abraão. Entretanto, os conflitos entre elas produziram vítimas em
excesso.
- Quinto dilema: o direito à inclusão. O caos urbano, revelando uma massa de excluídos e renegados a miséria,
pondo em cheque a segurança nacional.
- Sexto dilema: o ensino público e privado. Esta marginalização e desinteresse do ensino confessional ferem o
princípio da liberdade de escolha e este é o apanágio de toda a sociedade que se afirma democrática.
- Sétimo dilema: a codificação ou desregulamentação; hoje o que interessa à burguesia a desregulamentação,
leis específicas para cada atividade ou situação. Tudo simples e manuseável, como o caso do Código de Defesa
do Consumidor.

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- Oitavo dilema: O federalismo, os conflitos de competência gerados pela superposição das atribuições destes
entes, é constante.
- Nono dilema: as eleições em só um dia, a democracia é um jogo de múltiplas partidas e disputa-las em um único
evento é produzir temporais políticos desnecessariamente.
- Décimo dilema: redesenhar o Estado, o Estado é uma construção política concebida para alcançar metas sociais
gerais.
- Décimo primeiro: comportamento ético. Viver eticamente é imperativo e categórico.

BIOÉTICA: Valores e atitudes do Século XX

O impacto das inovações científicas e tecnológicas tem sido objeto de debate tanto pelo seu potencial de danos,
como por suas implicações éticas e sociais.

O pessimismo geral em relação ao futuro desenvolvido no século XIX guarda estreita relação com o crescente
grau de consciência de que a busca do progresso, que se anunciava como vetor da construção de uma utopia do
bem-estar e felicidade, revelou-se uma ameaça.

A ciência e a tecnologia devem vincular-se à conscientização da finitude dos recursos naturais, à problemática
sobre a possibilidade de autodestruição por parte dos homens em relação ao planeta, além dos aspectos éticos
envolvidos na produção de conhecimentos científicos e no desenvolvimento de tecnologias, bem como ao princípio
da solidariedade principalmente com relação às gerações futuras.

Acredita-se que a mudança sobre a visão da ciência e tecnologia e suas interações com a sociedade talvez seja
uma das principais razões e desafios que a humanidade enfrenta. Neste ponto, enfatizar o papel fundamental da
educação, principalmente o ensino das Ciências e da Ética é de suma importância. Assim, a capacitação de futuros
cidadãos participantes ativamente e significativamente no processo democrático de tomada de decisão pode
significar a compreensão sobre as interações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade.

Alguns autores mostram que o surgimento da bioética vem num contexto onde os avanços tecnológicos na área
das ciências da vida, apontam a importância de se aprender a avaliar as possíveis consequências das descobertas
científicas e suas implicações.

A bioética que se desenvolveu nos EUA apresenta algumas diferenças em relação à europeia. As diferenças entre
ambas, assim como os fatores que determinaram a formação destas duas perspectivas, são de ordem histórico-
cultural, econômico-social, religiosa e filosófica.

A perspectiva norte americana tem uma profunda influência do pragmatismo filosófico anglo-saxão. A bioética
europeia é herdeira de uma filosofia de consciência e do espírito, de inspiração francesa. Esta perspectiva privilegia
a dimensão social do ser humano, com prioridade para o sentido de justiça e equidade preferencialmente nos
direitos individuais.

É importante ressaltar que certos princípios da bioética situam-se na reflexão ética principialista norte-americana,
voltada para a preocupação pública com o controle social da pesquisa em seres humanos. Criada em 1974, a
Comissão Nacional para a proteção dos seres humanos da pesquisa biomédica e comportamental demorou quatro
anos para publicar o que passou a ser conhecida como o Relatório Belmont há três princípios norteadores da
bioética: autonomia, beneficência e justiça.

A bioética é instrumento importante para a socialização do debate sobre as tecnociências e, sem informação, a
sociedade não tem como realizar controle social e ético sobre os novos saberes e poderes das biociências.

A preocupação com a preservação dos direitos e da liberdade inerentes ao ser humano vem ocupando relevante
espaço da longa história da humanidade. O problema em questão é como assegurar a liberdade individual, os
direitos inerentes ao homem enquanto homem, num contexto social viável.
Pontos de referência podem ser detectados até no período compreendido entre 3200 a 2800 a.C., iniciando com
a sociedade sumariana. Nesta sociedade a propriedade era preservada e à mulher reconhecidos direitos
equivalentes aos do homem. Entre os egípcios antigos era assegurada a igualdade entre todos, diante da morte,

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à mulher egípcia era assegurada à possibilidade de manter propriedades, de guiar família, e uma ampla autonomia
jurídica.

A filosofia budista, na Índia, oferecia a todos a salvação independentemente dos privilégios que porventura
estivessem presentes quando do nascimento da pessoa. Na antiga Grécia, a liberdade era compreendida no
sentido da garantia do exercício de direitos políticos, próprios do cidadão.
Roma oferece sua contribuição a esse percurso dos direitos humanos. Aplicando aos povos conquistados as suas
leis, os absorvia e integrava numa mesma comunidade, sem afastar, contudo, na prática, a distinção entre
conquistadores e vencidos. Distinguia-se, no clima romano uma preocupação com a igualdade perante a lei.

A partir da expansão das ideias cristãs, são lançados os princípios a reforçar a exigência de respeito á dignidade
do homem, atribuindo-se-lhe direitos superiores e anteriores às leis e às instituições. A Idade Média demarca, em
relação ao indivíduo, um determinado valor e a dignidade que lhe são sagrados, inerentes ao seu ser.

A Declaração francesa, de 1789, no entanto, de inegável repercussão, é que reproduz o marco primordial da
exigência de proceder-se ao reconhecimento dos direitos individuais, direitos irrenunciáveis, imprescritíveis,
invioláveis e inalienáveis.

São fatores que concorreram para essa reorientação da questão social, a doutrina marxista e a interferência da
doutrina social da Igreja. Num panorama sensível à problemática, inúmeros são os estudos dedicados à
internacionalização dos direitos humanos fundamentais.

O exame da evolução histórica da doutrina dos Direitos humanos é indicador preciso de que, desde a edição da
Declaração francesa de 1789, é clara a preocupação com a instrução do ser humano, com o acesso à educação
e aos meios direcionados a sua emancipação intelectual e política.

No contexto atual não resta menor dúvida da necessidade da inclusão do direito à educação no elenco dos direitos
humanos fundamentais, amparado por um quadro jurídico-constitucional que vem a lhe assegurar garantias.

Dentre as recomendações aludidas na Declaração Mundial sobre Educação para Todos, reclama peculiar atenção
à necessidade de promover condições propícias e fortalecer os campos de cooperação e da associação. A
prevalência do coletivo e da cooperação como conteúdos indissociáveis da perspectiva de progresso da sociedade
humana alinhada, hoje, às perspectivas democráticas.

No Brasil, os constituintes cuidaram da questão educacional reforçando-a com a indicação da necessidade de


cooperação e associação das forças sociais para a concreção do processo de aprendizagem e de transmissão do
saber.

Direitos Humanos e aprendizado cooperativo

A priori tem-se a questão dos Direitos Humanos como algo comum, em um período em que há muita literatura
sobre o assunto, entretanto este tema sempre esteve presente em todos os períodos da História.

Na aldeia global, a que se foi referido nos capítulos anteriores, que descortina grupos e forças sociais em contínua
competição, a atual tarefa dos homens substancia-se em edificar um sistema de tutela mais adequado e pré-
ordenado à concreta defesa dos Direitos Humanos. Daí a oportuna iniciativa quanto ao tratamento dessa matéria
por parte deste livro.

A primeira rubrica a respeito dos Direitos do Homem e liberdade do ser humano foi inserida nas declarações do
século XVIII. Ao longo de muitos anos é que se formou o denominado sistema de tutela dos direitos humanos ou
direitos fundamentais.

A par do mundo antigo e da Idade Média, o humanismo cristão, pautado pelas ideias defendidas por Erasmo de
Roterdam, que exigia do príncipe cristão a conformização de sua ação à palavra do Evangelho, impondo a
salvaguarda da liberdade humana sob qualquer formato que se desse ao estado, qualquer que fosse o arranjo e

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organizar o poder, a doutrina de Thomas More – Utopia, são marcos relevantes no percurso evolutivo da doutrina
dos direitos humanos.

Identifica-se, pois, no período revolucionário francês, sob a inspiração das ideias de igualdade, legalidade,
fraternidade e ainda que de forma embrionária, o início do delineamento de sistemas e mecanismos concretos de
tutela dos direitos humanos.

O ilustre constitucionalista Prof. Manoel Gonçalves Ferreira Filho reconhece o fato de que esses direitos de
solidariedade, pautados em princípios como o direito à paz, ao desenvolvimento, ao meio ambiente sadio, ao
patrimônio comum da humanidade, à autodeterminação dos povos, à comunicação, tiveram sua evolução
deflagrada no plano do direito internacional, permanecendo até hoje.

De fato, hoje, num panorama sensível à problemática, inúmeros são os estudos dedicados à internacionalização
dos direitos humanos fundamentais, reclamando a doutrina um especial debruçar sobre a questão por via de
encontros, congressos, reuniões e trabalho.

O problema mais frequente é chamarmos de Direitos Humanos ou Direito do Homem. Para José Afonso da Silva,
o melhor seria Direitos fundamentais do homem, já para Manoel Gonçalves Ferreira Filho utiliza o termo Direitos
Humanos Fundamentais.

A declaração Universal dos Direitos do Homem definiu o conteúdo da ideia de direitos humanos, expressão que
passa a ser adotada pela Convenção Europeia dos Direitos Humanos de 1950.

É forçoso reconhecer que, a partir da nova configuração dos direitos, plasmada a partir do impulso dessa terceira
geração, é que a questão educacional passa a atrair mais perto a atenção de todos, porquanto emerge evidente
sua relevância para o desenvolvimento dos sistemas de tutela dos direitos humanos e, no tocante ao avanço
qualitativo do tratamento que deva ser cometido ao tema, porquanto clara a consciência de que desse dependerá
o reconhecimento e o respeito à dignidade inerente à família humana.

A declaração francesa dos Direitos avulta, com a instrução do ser humano, com acesso à educação e aos meios
direcionados a sua emancipação intelectual e política.

Na realidade, o ensino e a pesquisa, no novo modelo, abandonam a exclusiva esfera estatal, passando a
referenciar uma visão ampliada e um compromisso renovado, envolvendo esse compromisso toda a sociedade e,
de modo particular, a família que a seu turno, deve assumir sua parcela de responsabilidade na educação dos que
irão construir a história do século XXI.

A amplitude das necessidades de aprendizado que o século XXI insinua induzem a uma atuação perseverante
quanto à exigência de envolver nessa tarefa a sociedade civil, e todos os elementos que a compõem. Indicam
como impositivo um esforço conjunto, uma constante ação cooperativa, associação visando patamares conformes
aos princípios proclamados nas Declarações, enfim a mobilização da comunidade social para o ensino em níveis
que atendam às expectativas internacionais de educação.

Uma reflexão sobre a Revolução da Informação e da Comunicação

Os seres humanos são protagonistas das intensas e velozes transformações que surpreendem a própria
humanidade nesta era pós-moderna ou pós-industrial, onde o eixo do poder e do capital se transportou dos bens
físicos e tangíveis para a informação e o conhecimento. Neste mundo eletrônico, das novas tecnologias da
informação e comunicação, as regras e paradigmas estabelecidos, até então mudaram, seja no campo social,
cultural ou mesmo profissional. Surgiram as relações sociais virtuais, a ciber-cultura, os trabalhadores do
conhecimento, diferentes paradigmas e percepções de tempo e espaço num mundo digital interativo on-line, em
tempo real, sem distâncias geográficas. Em contraponto com o mundo físico, onde os produtos são limitados e
finitos, no mundo virtual são ilimitados, intangíveis, não se esgotam e não se deterioram. Neste paradigma, a
humanidade assiste à convergência das tecnologias e popularização atual da imagem digital, música digital, etc.
Necessário se faz então a compreensão cognitiva do modelo como um todo de alguns conceitos a seguir:

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a) Dado: um atributo quantificável de um fenômeno ou a representação simbólica de uma grandeza.


b) Informação: a combinação de dados ou objetos matematicamente representados.
c) Conhecimento: a relação lógica entre informação científica ou empiricamente utilizável.
d) Ciência: organização sistemática do conhecimento.
e) Arte: o inter-relacionamento do conhecimento e experiências estéticas.
f) Cultura: conjunto das ciências e das artes.
g) Ética: um padrão de conduta aceitável. Os meios para o correto julgamento de comportamentos construídos
através de um conjunto de valores sociais, culturais e ou organizacionais.
h) Civilização: conjunto de culturas, numa época ou região.
i) Cidadania: um conjunto de direitos e liberdades políticas, sociais e econômicas, já estabelecidas ou não pela
legislação. O seu exercício é a forma de fazer valer os direitos garantidos.
j) Sabedoria: acima de qualquer civilização, é o conhecimento com ética, em seu estágio superior como algo
que aproxima o homem de Deus.

O funcionamento da web se assemelha ao da mente humana, onde cada nó corresponde a um neurônio e cada
conexão da rede a uma sinapse, ambos com velocidades incríveis de comunicação.

A tecnologia fornece os meios simbólicos para a humanidade (mente coletiva) superar barreiras ideológicas,
culturais e geográficas, numa rica dimensão cibernética de tempo e espaço que extrapola a típica concepção
“cartesiana” do homem.

Virtualidade, expansão da realidade através dos jogos interativos, simuladores, jogos on-line, RPG, os reality
shows, indústria do sexo-virtual. Leva-se a constatação que os filhos exigem coisas dos seus pais e os pais não
tem tempo para dar carinho e amor; apenas coisas. Também com os sites de bate-papo observa-se a grande
frequência de infidelidade nos relacionamentos. E questiona-se até onde é apenas amizade ou verdadeiramente
um relacionamento amoroso entre os internautas. A ética não deverá perder o seu rigor e as suas regras de
etiqueta (netiqueta), utilizadas e difundidas entre os usuários.

Os problemas de saúde surgidos da relação do homem com a tecnologia: DORT/LER, tecnose ou tecnostress.

A privacidade dos indivíduos no convívio com as novas tecnologias, no trabalho, privacidade no uso do e-mail, na
participação em listas e fóruns, na navegação na web.
As relações entre organizações e os seus funcionários. Quais os direitos da empresa sobre a privacidade de seus
funcionários? Vale a alegação de que a empresa mesmo sendo dona do banheiro, não é ético que ela instale
câmeras e vigie o que acontece lá dentro.

É necessária a ação do governo na ética e cidadania digital, promovendo: a proteção dos direitos de propriedade
intelectual; proteger a privacidade de indivíduos e os direitos do comércio; direito de ver as suas informações; de
corrigi-las; de saber onde se encontram; onde são usadas; de possuir e proteger seu próprio tempo; e de proteger;
assegurar e até esconder a sua identidade. Estar on-line será um privilégio ou um direito?

Cada governo, além de proteger e resguardar suas informações e infraestrutura das redes de telecomunicações
deve colaborar através de seu esforço em investimentos, pesquisa e desenvolvimento humano. Os cidadãos não
poderão ficar passivos neste contexto, mas buscar o pleno conhecimento das regras e códigos de ética,
familiaridade das novas tecnologias informacionais e comunicacionais e suas influências na vida humana.

A Gestão da Ética nas Empresas Públicas e Privadas


A ética foi recolocada na agenda menos por seus aspectos benéficos do que pelos efeitos perversos que resultam
da sua falta. A falta de ética compromete a capacidade de governança e representa risco à sobrevivência das
organizações, públicas e privadas.

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O acesso à informação foi ampliado e democratizado, os negócios se tornaram mais visíveis passando a ser
acompanhados mais de perto pela sociedade. Os governos tornaram-se grandes edifícios de vidro transparente.
Se a sociedade desconfia da integridade dos administradores públicos e dos políticos em geral não adianta tentar
convencê-la de que está errada.

O fato concreto e constrangedor é que a falta de ética e a corrupção existem em larga escala e os meios
convencionais de repressão legal têm apresentado resultados limitados.

A teoria econômica nem sempre reconheceu a motivação ética como um fator importante na decisão dos agentes
econômicos. Por algum tempo se acreditou que práticas não éticas poderiam funcionar como o "azeite necessário
para fazer mover engrenagens emperradas", resultado prático da controvérsia sobre os efeitos econômicos da
corrupção. Sem embargo, a importância da ética para a efetividade dos contratos, assim como para a boa
governança pública e corporativa vem ganhando espaço, neste caso aspecto confirmado por avaliação de
resultados de programas de fortalecimento institucional e modernização, onde mesmo experiências bem-
sucedidas nem sempre foram suficientes para assegurar a confiança das pessoas no caráter ético da motivação
dos agentes públicos.

Hoje o desafio reside menos na sensibilização da importância de um clima ético nas organizações, sobretudo após
os recentes escândalos envolvendo grandes empresas transnacionais com Enron, Worldcom, Arthur Andersen e
Parmalat, entre outras, e mais no que pode ser feito em matéria de ações compensatórias específicas, aferíveis e
executáveis em prazo certo de tempo, que se demonstrem suficientes para minimizar os riscos de desvios éticos
a que estão sujeitas as organizações.

Acordos internacionais

Vale destacar as seguintes convenções internacionais, que explicitaram o compromisso dos países em matéria de
ações específicas para a promoção da ética e o combate à corrupção:
• Convenção Interamericana Contra a Corrupção (OEA. 1996).
• Convenção sobre o Combate à Corrupção de Funcionários Estrangeiros em Transações Comerciais
Internacionais (OECD, 1997).
• Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (ONU, 2003).
• Carta-documento "Atributos mínimos necessários para uma administração tributária sadia e eficaz"(CIAT,
1996).

Promoção da Ética

A promoção da ética nas organizações não é desafio que possa ser enfrentado por ação isolada. Envolve
fortalecimento institucional e estabelecimento de um padrão ético efetivo. Em outras palavras, que a organização
tenha capacidade de gerar os resultados que dela se espera dentro de um padrão de conduta estrito, em linha
com os valores éticos que a sociedade deseja sejam observados.

Contar com uma adequada "infraestrutura ética" é a base para o desenvolvimento de um programa de promoção
da ética eficaz, que pressupõe transparência e accountability e envolve:
• Gestão - Condições sólidas para o serviço público, por meio de uma política efetiva de recursos humanos e
que contemple uma instância central voltada para a ética.
• Orientação - Engajamento das lideranças, códigos que exprimam valores e padrões e socialização
profissional, por meio de educação e treinamento.
• Controle - Quadro normativo que garanta a independência dos procedimentos de investigação e processo,
prestação de contas e envolvimento do público.

O estabelecimento de padrão ético efetivo integra um movimento internacional para assegurar a tão abalada
confiança das pessoas nas instituições e dar segurança aos seus quadros para que possam exercer suas funções
em toda a sua plenitude. Com efeito, diante de um ambiente mais transparente e uma sociedade cada vez mais
ciosa do respeito a uma conduta estritamente ética, passou-se a observar que muitos profissionais deixam de

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tomar certas decisões ou empreender certas ações simplesmente porque têm dúvidas se serão questionadas
quanto ao aspecto ético.

Não obstante a diversidade cultural e as diferenças de caráter político e administrativo, pode-se identificar algumas
características comuns que constituem a espinha dorsal da gestão da ética, que tem por objetivo o estabelecimento
de um padrão ético efetivo.

A gestão da ética transita em um eixo bem definido, constituído por:


• Valores éticos - Representam a expectativa da sociedade quanto à conduta dos agentes públicos.
• Normas de conduta - São o desdobramento dos valores, funcionando como um caminho prático para que os
valores explicitados sejam observados.
• Administração - Tem o objetivo zelar pelos valores e normas de conduta, assegurando sua efetividade.

Código de Conduta
Quando se fala em ética no sentido mais estrito, tal qual aparece em expressões com "ética do servidor público",
está-se em geral referindo a um padrão que serve de guia para a conduta de um determinado grupo.

A aprovação de um código de conduta é o meio pelo qual um dado grupo explicita seus compromissos de
relacionamento com suas partes (clientes, fornecedores, colaboradores, etc.).
Não há receita para um código de conduta, contudo, ele costuma reunir valores éticos, regras de conduta e
aspectos diversos de sua administração.
Em geral todo código de conduta apresenta um conjunto de deveres e obrigações na área cinzenta que vai além
do simples cumprimento do que já está disposto nas leis.
Assumindo que o cumprimento da lei é o mínimo da ética, ou ainda que o objetivo não é o mero cumprimento da
lei, mas seu "bom" cumprimento, a área por excelência dos códigos de conduta é o terreno cinzento entre o que
é legal, mas não é moral.
Deve ser objeto de preocupação dos códigos de conduta todo problema ou dilema ético cuja solução diferenciada
afete a reputação da organização. Ainda que a espinha dorsal dos valores éticos de referência, não se alterem
muito, as regras práticas que constam dos códigos podem assumir maior amplitude conforme as características
da organização, do seu negócio e do entorno.

Os valores éticos que mais aparecem entre os países membros da OECD são:
• imparcialidade,
• legalidade,
• integridade,
• transparência,
• eficiência,
• equidade,
• responsabilidade,
• justiça.

Não obstante os valores definidos serem obviamente "autoaplicáveis", as normas de conduta procuram traduzi-
los de forma mais prática. Grande arte desse esforço, conforme a experiência dos países, reside na prescrição de
condutas a partir da identificação de situações que suscitam conflitos de interesses. Exemplo de matérias
frequentemente reguladas pelos códigos de conduta:
• recebimento de presentes;
• agrados e favores em geral;
• exercício de atividades concomitantes com a função pública;
• gestão de interesses patrimoniais e financeiros;
• relacionamentos pessoais e de parentesco, atividades profissionais após deixar a função, etc.

Implementação de um Código de Conduta


O processo de elaboração de um código de conduta cria uma dinâmica favorável ao clima ético na organização.

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Contudo, sua efetividade dependerá da forma como for implementado.


A implementação de um código de conduta (administração) implica no desenvolvimento das seguintes funções
básicas:

• Normatização - Nesta função busca-se assegurar congruência, simplicidade e suficiência às normas, além de
orientação tempestiva sobre sua aplicação em situações práticas que suscitam dúvidas.
• Educação - Considerada de forma ampla, abrange não apenas o processo de comunicação das normas, mas
sua compreensão e internalização, por meio de programas sistemáticos de capacitação e treinamento.
• Monitoramento - Acompanha a observância das normas, a fim de permitir o exame das causas de não
efetividade.
• Sistema de consequências - Tem o objetivo de garantir a aplicação das medidas corretivas necessárias para
que as causas de transgressão aos valores e normas sejam adequadamente, enfrentados.

Três boas práticas em gestão da ética

• Revelação de interesses - Vários escritórios de ética contam com declarações onde servidores revelam
situações que efetiva ou potencialmente podem suscitar conflitos de interesses com o exercício da função
pública. A partir dessa "autorrevelação", é identificar medidas para prevenir tais conflitos.
• Ênfase nos aspectos de comunicação, orientação e capacitação - Em grande parte das vezes o desvio
ético não resulta de nenhum objetivo premeditado de transgredir as normas de conduta, mas de simples
desconhecimento ou despreparo quanto à sua aplicação a situações reais do dia a dia, daí a importância de
uma comunicação efetiva das normas, canais de orientação que funcionem e programas de capacitação e
treinamento sistemáticos.
• Avaliação - É fundamental que as áreas de gestão da ética contem com indicadores que permitam aferir os
resultados dos trabalhos desenvolvidos.

Conflitos de Interesses
O estabelecimento de uma relação entre pessoas sempre implica em assumir deveres associados a direitos que
são reconhecidos como presentes nesta situação. O reconhecimento de um direito traz como consequência o
estabelecimento de um dever associado, para si ou para os outros. Pode haver direitos sem que haja a
necessidade de cumprir deveres. O caso de um recém-nascido, por exemplo, é uma pessoa, com todos direitos
reconhecidos, mas ainda sem deveres que ele próprio deva cumprir. Os profissionais, assim como toda a
sociedade, têm deveres associados a estes direitos, que devem ser cumpridos, buscando o melhor interesse desta
pessoa em particular e de todos em geral.

A abordagem das situações onde podem ocorrer conflito de interesses tem merecido uma atenção crescente na
atualidade, especialmente quanto aos seus aspectos éticos.

Conflito de interesse, de acordo com Thompson, é um conjunto de condições nas quais o julgamento de um
profissional a respeito de um interesse primário tende a ser influenciado indevidamente por um interesse
secundário. De modo geral, as pessoas tendem a identificar conflito de interesses apenas como as situações que
envolvem aspectos econômicos. Outros importantes aspectos também podem ser lembrados, tais como interesses
pessoais, científicos, assistenciais, educacionais, religiosos e sociais, além dos econômicos.

O conflito de interesses pode ocorrer entre um profissional e uma instituição com a qual se relaciona ou entre um
profissional e outra pessoa. Na área da saúde, os interesses de um profissional ou de seu paciente podem não ser
coincidentes, assim como entre um professor e seu aluno, ou ainda, entre um pesquisador e o sujeito da pesquisa,
entre o chefe e seu subordinado. Quanto melhor for o vínculo entre os indivíduos que estão se relacionando, maior
o conhecimento de suas expectativas e valores. Esta interação pode reduzir a possibilidade de ocorrência de um
conflito de interesses.

Inúmeros exemplos de conflito de interesse podem ser citados nas áreas de ensino, assistência, pesquisa,
empresarial e prestação de serviços. Uma situação bastante simples, que pode servir de exemplo para a
identificação destas possibilidades, é a internação de pacientes em um hospital universitário. O interesse primário

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do paciente é ser adequadamente atendido. Os profissionais responsáveis pelo seu atendimento, desempenham
um duplo papel: assistencial e educativo. O interesse primário dos profissionais é atender adequadamente estes
pacientes. Nesta situação ocorre uma plena convergência dos interesses dos profissionais e pacientes. O conflito
pode surgir quando o interesse secundário dos professores e alunos, que é o aprendizado que esta situação pode
possibilitar, assume o caráter prioritário. Uma possibilidade é a de manter o paciente internado em uma unidade
de internação, mesmo quando já tenha condições de ter alta, com a finalidade de expor o caso para um maior
número de alunos. Esta situação, também configura um conflito de interesse entre o profissional e a instituição
hospitalar, devido o aumento de custos decorrente desta prática.

A área atualmente mais sensível para discussão de conflito de interesses é a da pesquisa. Nesta área podem ser
reconhecidos conflitos de interesse tanto na perspectiva do pesquisador, dos participantes de pesquisa quanto da
própria sociedade.

Os conflitos de interesse desde o ponto de vista do pesquisador podem ser descritos de múltiplas formas. O conflito
entre interesse científico e interesse político já foi várias vezes detectado quando um cientista deixou de divulgar
resultados de pesquisas por motivos ideológicos ou alegando "razões de Estado". A não convergência entre
interesses científicos e econômicos ficam evidentes quando ocorre a apropriação de bem público produzido em
pesquisas, como no patenteamento de produtos e processos gerados com fundos públicos, quando ocorre a
exploração pessoal de resultados institucionais, quando o interesse do patrocinador privado supera a
motivação científica, ou quando ocorre o direcionamento de resultados ou conclusões de um estudo . A
forma mais comum deste conflito é a omissão de patrocínio ou envolvimento econômico quando um pesquisador
publica um artigo científico ou apresenta uma conferência em um congresso. O conflito de interesses econômicos
e sociais pode ser exemplificado pelo estabelecimento de cláusulas de não divulgação de resultados negativos
ou pelo adiamento desta divulgação com a finalidade de resguardar o potencial mercado.

Cada Profissional tem a obrigação de agir de maneira ética e honesta, e de conduzir suas atividades
profissionais de acordo com os interesses da Instituição.
Cada profissional deve se preocupar em evitar situações que representem conflito atual ou potencial entre os seus
interesses pessoais e os interesses da Instituição.

Cada Profissional deverá:


• Recusar, no exercício de suas atividades profissionais, qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação,
comissão, doação, ou vantagens para si, seus familiares ou qualquer outra pessoa;
• Utilizar devidamente recursos, propriedade intelectual, tempo e instalações da Instituição;
• Levar em conta, nos seus investimentos pessoais, os conflitos de interesse com as atividades exercidas.
• É de responsabilidade de cada profissional notificar imediatamente às instâncias superiores sobre quaisquer
situações potencialmente contrárias a princípios éticos, ou que sejam ilegais, irregulares ou duvidosas, ficando
garantido o sigilo quanto à fonte de informação.

Ainda, configuram-se como atos não desejáveis:


• prestar serviços de qualquer natureza para outras organizações, remunerados direta ou indiretamente, que
conflitem com os interesses da instituição, salvaguardando-se os casos de prévia autorização;
• auferir vantagem financeira privilegiada, direta ou indiretamente, em instituições que mantenham relações
comerciais com a instituição;
• aceitar, direta ou indiretamente, dinheiro ou objeto de valor de qualquer pessoa ou entidade que tenha ou
esteja interessada em criar relações comerciais com a instituição;
• fornecer a concorrentes ou a terceiros quaisquer informações reservadas sobre clientes, políticas de preços,
planos comerciais, econômicos e financeiros;
• repassar a terceiros, de forma indevida, benefícios oferecidos exclusivamente a seus funcionários;
• omitir a existência de cônjuge ou familiares de 1º grau ou pessoas de relações próximas trabalhando ou
ocupando posições de influência na instituição, ou que possam influenciar em decisões que afetem os
negócios, ou trabalhando em empresa concorrente, fornecedora de produtos e/ou serviços, ou em parceria
com a instituição. Este fato deve ser comunicado à sua chefia imediata e registrado no seu termo de
compromisso;
• fazer uso indevido de informações reservadas da instituição ou concorrer de forma desleal com a instituição

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

após o seu desligamento da mesma;

Responsabilidade Social
Cada vez mais vemos organizações brasileiras conduzindo sua atividade segundo padrões de responsabilidade
social corporativa. "Responsabilidade social" é uma forma de conduzir as atividades da empresa de tal maneira
que esta torna-se parceira e corresponsável pelo desenvolvimento social.

A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes
(funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade e governo, sem esquecer as
questões ambientais) e consegue incluir a todos no planejamento de suas atividades.

Diferentemente da filantropia, que trata basicamente de ação social externa, tendo como beneficiário principal a
comunidade em suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não-governamentais, associações
comunitárias, etc.) e organizações, a responsabilidade social engloba preocupações com um público maior, cujas
demandas e necessidades a empresa deve buscar incorporar em seus negócios.

A ética é a base da responsabilidade social. Não há responsabilidade social sem ética nos negócios e atividades
desenvolvidas pelos setores público e privado. Ética, cultura e valores morais são inseparáveis de qualquer noção
de responsabilidade social.

A responsabilidade social empresarial, como se sabe, está na pauta do dia neste início de século. Muito mais que
atos isolados de benemerência e filantropia, trata-se, na verdade, de uma consolidada estratégia de integração de
empresas e seus consumidores, sob o ponto de vista da comunicação de marketing.

Isto ocorre porque, atualmente, o consumidor está muito mais consciente. Mesmo nas pequenas cidades ou nos
bairros de periferia, as pessoas já passam a adotar uma postura de cobrança em relação às empresas, porque
quando uma companhia se localiza em um determinado espaço, ela deve criar um vínculo com essa comunidade,
uma ligação de envolvimento e não apenas no sentido de gerar empregos. É uma espécie de aliança de saber o
que se passa e ocorre na sociedade situada no entorno da corporação e, principalmente, de conhecimento a
respeito de quais sejam as suas necessidades.

Tal posição tem despertado tamanho interesse, a ponto de muitas empresas, que até então não adotavam qualquer
prática de responsabilidade social passarem a fazê-lo, pressionadas pela sociedade e demais stakeholders*. Não
pretendemos afirmar, com isso, que a atuação das companhias deva ser substituta das ações governamentais,
ainda que os governos, desde o descobrimento do país, venham se mostrando incompetentes para promoverem,
sozinhos, o desenvolvimento social e do potencial humano. As empresas não devem assumir o papel do Estado.
Elas têm, isto sim, de estabelecer uma parceria com seus diferentes públicos, especialmente com a comunidade.
• stakeholders = Palavra, que significa depositários. Pessoa ou grupo com interesse na performance de organização
e no meio ambiente na qual opera.

Nos Estados Unidos, várias empresas passaram a ganhar consumidores devido à postura socialmente correta que
adotaram. Em contrapartida, marcas e produtos perderam mercado por não terem programas de apoio a causas
sociais, por exemplo. Dois fatores ajudam a acelerar o processo: globalização e um novo comportamento da
sociedade. As pessoas de bem estão tendo de se isolar em condomínios fechados para fugir da violência. Como
viver está se tornando uma atividade perigosa, entendem que é preciso ter um conjunto harmônico de
desenvolvimento, e não ilhas de progresso. Na hora de comprar, esses indivíduos têm o poder da escolha. Como
muitos produtos possuem vários similares, o que os diferencia são os valores agregados. Para esses
consumidores, abandonar uma marca e adotar outra é bastante simples.

Pelo exposto, é fácil concluir que a perfeita equação entre empresa e consumidor deve se apoiar,
fundamentalmente, na imagem e reputação que ela possui. Contudo, seus executivos têm de ter em mente que a
reputação corporativa é algo extremamente difícil de ganhar e muito fácil de se perder. Na maioria das vezes, uma
empresa não terá uma segunda chance para causar uma boa primeira impressão.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Ainda que andem juntas e que muitas vezes sejam confundidas, até por alguns profissionais de comunicação, é
importante destacar que imagem é diferente de reputação. Imagem é um conjunto de símbolos associados a uma
determinada marca, construída, em geral, por uma agência de propaganda, e que pode ser manipulada de acordo
com os interesses da empresa. A reputação, por outro lado, se conquista, e é formada a partir da interação da
empresa com seus stakeholders, sendo de difícil manipulação, ainda que muitas companhias e publicitários se
arvorem nessa tentativa.

Por que isso é importante? Até há pouco tempo, a aura corporativa podia ser analisada como um ativo intangível,
incapaz de ser medido. Isto não acontece mais. Quanto mais públicas se tornam as empresas, maiores são as
suas responsabilidades, bem como a de seus executivos, responsáveis diretos por sua imagem e reputação no
mercado.

O Brasil é um dos países onde a responsabilidade social mais contribui para a imagem e reputação de uma
empresa. É o que tem sido revelado por diversas pesquisas de mercado. A última, encomendada pelo IRES
Instituto ADVB de Responsabilidade Social, divulgada recentemente, apontou números impactantes. Entre as
2.030 empresas (41% de grande porte, 50% de médio e 9% de pequeno) que responderam à mesma, de um
universo de 4195, 98% a consideram como parte integrante de sua visão estratégica. No aspecto da comunicação,
68% divulgaram a ação social realizada nos últimos 3 anos, 26% publicaram balanços sociais como forma de
divulgar seus investimentos na área social e 59% se utilizam do marketing para divulgar seus projetos de
responsabilidade social. Um dado a ser ressaltado é que 46% das empresas já possuem alguma avaliação sobre
a melhoria de sua imagem institucional por desenvolver projetos socialmente responsáveis.

Para conquistar - e manter - uma boa imagem e reputação, a empresa deve usar de honestidade com todos os
seus diferentes públicos, ser cuidadosa com o meio ambiente, lidar bem com as reclamações recebidas, ser
verdadeira em seus anúncios, prestar bons e consistentes serviços, não sonegar impostos, ter a ética como eixo
principal de sua conduta e, sobretudo, ser aberta e transparente.

Ao adotar políticas de responsabilidade social, a empresa passa a integrar um processo de mudança social, em
lugar de somente fazer doações e mostrá-las à sociedade por meio de uma bem-engendrada campanha de
comunicação ou lobby junto à mídia. Somente dessa forma será possível alcançar bons resultados que,
invariavelmente, serão traduzidos na maior proximidade com seus colaboradores, fornecedores, consumidores e,
notadamente, no incremento de sua imagem e reputação.

Entretanto, para que esta prática seja efetiva, as empresas devem, antes de qualquer medida, "arrumar a casa",
descobrir sua verdadeira vocação social e permitir que tais valores sejam incutidos em seu "DNA". Somente a
partir desse ponto é que ela deve partir para voos de maior amplitude. "Arrumar a casa" significa, entre outros
fatores, criar uma consciência efetiva de seu público interno em relação a um trabalho socialmente responsável. É
importante ressaltar, também, que as ações devem ser permanentes e consistentes, para que angariem e
promovam credibilidade interna e externa.

Ainda no quesito credibilidade, o estabelecimento de parcerias intersetoriais é, sem dúvida, um dos principais
aliados de uma postura socialmente responsável, pois permite desenvolver programas mais ajustados à realidade
que se deseja atingir. A ligação com organizações sérias do terceiro setor, que tenham foco e experiência no
assunto, mostra-se, portanto, muito proveitosa, por proporcionar benefícios diretos à comunidade de forma mais
eficiente.

Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.

Decreto nº 1.171, de 22.06.94


Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo
em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei nº 8.112, de 11 de

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992,


DECRETA:

Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com
este baixa.

Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias,
as providências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a constituição da respectiva
Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego
permanente.
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será comunicada à Secretaria da Administração Federal
da Presidência da República, com a indicação dos respectivos membros titulares e suplentes.

Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 22 de junho de 1994, 173º da Independência e 106º da República.


ITAMAR FRANCO
Romildo Canhim

ANEXO
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal

CAPÍTULO I
Seção I
Das Regras Deontológicas
As regras deontológicas são aquelas que têm como fundamento os valores morais do grupo social
em que estão inseridas.

I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem
nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação
do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra
e da tradição dos serviços públicos.
Note que o legislador fala da “eficácia” do servidor; ser eficaz não significa apenas fazer aquilo que
deve ser feito, mas, também, fazer aquilo que é correto. O servidor deve se omitir de fazer aquilo que não
é correto.

II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir
somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno,
mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4º, da
Constituição Federal.
Aqui a lei mostra que o servidor que não despreza o código e a moralidade não precisará tomar decisões que
impliquem comprometimento de sua conduta.

III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida
da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor
público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.
Todo ato administrativo cometido por servidor tem por finalidade o bem comum ou o interesse
público. Além disso, deve-se observar, durante todo o processo, a exigência legal, para que o ato tenha
validade.

IV - A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por
ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade administrativa se integre no Direito, como
elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência em fator de
legalidade.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao
seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado
como seu maior patrimônio.
O servidor é, antes de tudo, um cidadão que se beneficia com a adequada prestação do serviço e
com a conservação do patrimônio público.

VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada
servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer
ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
O servidor deve levar uma vida reta e honesta. Os atos da sua vida particular, mesmo em gozo de
férias, podem influenciar seu bom conceito e, com isso, colocar à prova seus atos oficiais.

VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e da
Administração Pública, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a
publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão
comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar.
Todo ato administrativo deve seguir o princípio da publicidade, que pode-se observar com
transparência no inciso VII, disposto acima. Um bom exemplo no que se refere à exceção citada nesse
inciso foi o caso de o Governo Federal se negar a divulgar as informações sobre os gastos dos cartões de
crédito corporativos, alegando para tanto o comprometimento da segurança nacional.

VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos
interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou
estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão, ou da mentira, que sempre aniquilam até
mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela
disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral.
Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido
ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os
homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para
construí-los.
Ser cortês, educado e ter boa vontade é obrigação de qualquer pessoa que conviva no meio social.
Em muitos casos, a falta de educação, quando atinge limites que denotam também falta de respeito a outra
pessoa, pode ser caracterizada como crime e, para tanto, passível de reparação nos termos da lei.

X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que exerça suas
funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não
caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos
usuários dos serviços públicos.
O Código de Defesa do Consumidor também legisla sobre o tempo de espera em filas, mas perceba
que a 1.171 é muito anterior ao código de defesa e já trata desse problema, atribuindo a ele o crime de
grave dano moral ao usuário, sendo passível de processo e reparação nos termos da lei.

XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu
cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios
tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função pública.
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público,
o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.
Aqui se insere a eficácia do servidor; não obedecendo as ordens ilegais de seus superiores fazendo
apenas quilo que é correto ser feito, nem se ausentando de seu local de trabalho, o que por si só prejudica
o atendimento ao público, velando, assim, pelos princípios que regem os atos oficiais do serviço público.

XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada
concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande oportunidade

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

para o crescimento e o engrandecimento da Nação.

Seção II
Dos Principais Deveres do Servidor Público

XIV - São deveres fundamentais do servidor público:


a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular;
“Desempenhar a tempo” significa desempenhar em um prazo estritamente necessário ao serviço.
Resolver as situações procrastinatórias (demoradas) é dever do servidor, evitando, assim, o dano moral
ao usuário.

b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver
situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos
serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver
diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da
coletividade a seu cargo;
Seguem-se, aqui, o princípio da publicidade do ato administrativo e a transparência na prestação de
contas do servidor a serviço da coletividade ou do bem comum.

e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços, aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o
público;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada prestação
dos serviços públicos;
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações individuais de
todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo,
nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano
moral;
Ter respeito, tratar cuidadosamente os usuários do serviço e aperfeiçoar o processo de comunicação
são cuidados que precisam ser observados atentamente pelo servidor; visto que falta de respeito às
limitações pode caracterizar discriminação, o que, além de ser crime previsto em lei, é um ato de
desumanidade e totalmente abominável.

h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido
da estrutura em que se funda o Poder Estatal;
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, interessados e outros que visem obter
quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações morais, ilegais ou aéticas e
denunciá-las;
Respeitar a hierarquia é fundamental para o bom andamento do serviço em qualquer esfera.
Porém, o servidor tem a obrigação de denunciar qualquer ato ou fato contrário ao interesse público.
Portanto, deve o servidor estar atento às ordens de seus superiores, pois se estas forem ilegais sua
obrigação é denunciar e exigir as providências cabíveis.

j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado,
refletindo negativamente em todo o sistema;
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo
as providências cabíveis;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os métodos mais adequados à sua organização
e distribuição;
o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo
por escopo a realização do bem comum;
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função;

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce
suas funções;
É dever do servidor estudar as normas e procedimentos do serviço, a fim de prestar um atendimento
adequado aos usuários e seguir o que a lei determina com vistas ao princípio da legalidade.

r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função,
tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito;
t) exercer, com estrita moderação, as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo
contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos;
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse
público, mesmo que observando as formalidades legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei;
Observa-se, mais uma vez, a eficácia que obriga o servidor a abster-se de exercer sua função em
qualquer ato que não tenha por finalidade o interesse público.

v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste Código de Ética, estimulando
o seu integral cumprimento.

Seção III
Das Vedações ao Servidor Público

XV - E vedado ao servidor público;


a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer
favorecimento, para si ou para outrem;
Ressalta-se, aqui, o famoso jargão “ você sabe com quem está falando?”. Usar da autoridade que o
cargo lhe confere em benefício próprio ou de terceiros é expressamente vedado ao servidor.

b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos que deles dependam;


Prejudicar deliberadamente a reputação de alguém pode ser caracterizado como crime de calúnia e
difamação, passível de reparação nos termos da lei.

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao
Código de Ética de sua profissão;
Ser conivente com qualquer espécie de infração ao código é também uma infração, tão grave quanto
a cometida pelo outro servidor.

d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe
dano moral ou material;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento
do seu mister;
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram
no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou
inferiores;
Atrasar o atendimento, por si só, já é uma falta contra o Código de Ética; usar artifícios para aumentar
o atraso, além de falta de caráter por parte do servidor, é mais uma falta grave passível de reparação. A
falta de entendimento com colegas ou usuários do serviço não pode atrapalhar o bom andamento dentro
do órgão.

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão,
doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua
missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;
Solicitar ajuda financeira para exercer obrigações pode ser entendido como corrupção, punida nos termos
da lei.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências;


Dependendo do documento alterado e da alteração, pode-se caracterizar uma série de penalidades,
inclusive estelionato ou falsificação.

i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços públicos;
j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao
patrimônio público;
Não deve o servidor retirar nada de seu local de trabalho sem a devida autorização, nem solicitar a
algum subordinado que resolva algum problema seu, a fim de se evitar falta contra o Código.

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de
parentes, de amigos ou de terceiros;
Um caso famoso que ilustra bem a alínea acima é o de um presidente do Banco Central que divulgou
uma informação sigilosa sobre o mercado financeiro, causando um enorme prejuízo a várias empresas e
aos cofres públicos. Nesse caso, além de falta contra o Código, também ocorreu o crime de prejuízo contra
a ordem econômica.

n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente;


o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa
humana;
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
O servidor pode ser sócio de empresa particular, desde que não exerça função de gerência nem
pertença a nenhum empreendimento de cunho duvidoso.

CAPÍTULO II
DAS COMISSÕES DE ÉTICA

XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional,
ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma
Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com
as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento
susceptível de censura.

XVII -- Cada Comissão de Ética, integrada por três servidores públicos e respectivos suplentes, poderá instaurar,
de ofício, processo sobre ato, fato ou conduta que considerar passível de infringência a princípio ou norma ético-
profissional, podendo ainda conhecer de consultas, denúncias ou representações formuladas contra o servidor
público, a repartição ou o setor em que haja ocorrido a falta, cuja análise e deliberação forem recomendáveis para
atender ou resguardar o exercício do cargo ou função pública, desde que formuladas por autoridade, servidor,
jurisdicionados administrativos, qualquer cidadão que se identifique ou quaisquer entidades associativas
regularmente constituídas. Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos encarregados da execução do quadro de carreira
dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para
todos os demais procedimentos próprios da carreira do servidor público.

XIX - Os procedimentos a serem adotados pela Comissão de Ética, para a apuração de fato ou ato que, em
princípio, se apresente contrário à ética, em conformidade com este Código, terão o rito sumário, ouvidos apenas
o queixoso e o servidor, ou apenas este, se a apuração decorrer de conhecimento de ofício, cabendo sempre
recurso ao respectivo Ministro de Estado. Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

XX - Dada a eventual gravidade da conduta do servidor ou sua reincidência, poderá a Comissão de Ética
encaminhar a sua decisão e respectivo expediente para a Comissão Permanente de Processo Disciplinar do

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respectivo órgão, se houver, e, cumulativamente, se for o caso, à entidade em que, por exercício profissional, o
servidor público esteja inscrito, para as providências disciplinares cabíveis. O retardamento dos procedimentos
aqui prescritos implicará comprometimento ético da própria Comissão, cabendo à Comissão de Ética do órgão
hierarquicamente superior o seu conhecimento e providências. Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

XXI - As decisões da Comissão de Ética, na análise de qualquer fato ou ato submetido à sua apreciação ou por
ela levantado, serão resumidas em ementa e, com a omissão dos nomes dos interessados, divulgadas no próprio
órgão, bem como remetidas às demais Comissões de Ética, criadas com o fito de formação da consciência ética
na prestação de serviços públicos. Uma cópia completa de todo o expediente deverá ser remetida à Secretaria da
Administração Federal da Presidência da República. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua fundamentação constará
do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.
Se a falta cometida por servidor for passível de penalidade maior que a censura, deverá a Comissão
de Ética encaminhar cópia do processo à Comissão de Processo Disciplinar para as providências cabíveis,
não acarretando, com isso, prejuízo ao processo na comissão de ética.

XXIII - A Comissão de Ética não poderá se eximir de fundamentar o julgamento da falta de ética do servidor público
ou do prestador de serviços contratado, alegando a falta de previsão neste Código, cabendo-lhe recorrer à
analogia, aos costumes e aos princípios éticos e morais conhecidos em outras profissões; (Revogado pelo Decreto nº
6.029, de 2007)

XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor público todo aquele que, por
força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou
excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do
poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as
sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.

XXV - Em cada órgão do Poder Executivo Federal em que qualquer cidadão houver de tomar posse ou ser investido
em função pública, deverá ser prestado, perante a respectiva Comissão de Ética, um compromisso solene de
acatamento e observância das regras estabelecidas por este Código de Ética e de todos os princípios éticos e
morais estabelecidos pela tradição e pelos bons costumes. Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA


Sistema de Gestão da Ética (Decreto 6.029/07)

1. Servidor que não é ocupante de cargo efetivo da entidade ou órgão pode ser membro ou secretário-
executivo de Comissão de Ética de que trata o Decreto 1171/94?
R - Os integrantes das comissões de ética serão escolhidos entre servidores e empregados do quadro permanente
do órgão ou entidade, o mesmo devendo ocorrer com o secretário-executivo da Comissão (art. 5º e §2º do art. 7º
do Decreto 6029/07). Segundo a Lei 3780/60, o quadro de pessoal é constituído de uma parte permanente,
integrada pelos cargos efetivos e em comissão, e pela parte suplementar, integrada pelos cargos extintos. Assim,
tanto o membro de Comissão de Ética, quanto o secretário-executivo de Comissão pode ser ocupante de cargo
em comissão, ainda que não ocupante de cargo efetivo da entidade ou órgão.

2. Como deve ser indicado o presidente da Comissão de Ética e quem deve substituí-lo em suas
ausências?
R – O presidente da Comissão de Ética Pública será escolhido pelos próprios integrantes da Comissão, de acordo
com o inciso VI do art. 4º do Decreto 6029/07. Já para a escolha do presidente de Comissão de Ética de que trata
o Decreto 1171/94, na ausência de norma expressa, recomenda-se que seja seguida a mesma sistemática
estabelecida para a CEP, ainda que essa escolha possa ser feita pela própria autoridade no ato de designação de
seus membros.
É recomendável que o presidente da Comissão seja substituído em suas ausências pelo membro mais antigo.

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3. No caso de Comissão de Ética que já existia anteriormente, com composição e demais competências
diversas daquelas aprovadas pelo Decreto 6.029, o que deve ser feito?
R – Um novo ato administrativo deve ser expedido adequando as comissões de Ética às disposições do Decreto
6029/07. Especificamente para garantir a não coincidência de mandatos, recomenda-se que os primeiros membros
devem ser designados para mandatos de um, dois e três anos, respectivamente, a exemplo da regra adotada pela
Comissão de Ética Pública.

4. A Comissão de Ética deve ficar ligada a uma instância da administração superior ou à instância máxima
da entidade ou órgão?
R – Não obstante a ausência de norma expressa, tendo em vista que a Secretaria-Executiva da Comissão deve
vincular-se administrativamente à instância máxima da entidade ou órgão, é recomendável que a própria Comissão
vincule-se também à autoridade executiva máxima.

5. A Atuação da CE é independente ou subordinada à área a que estiver vinculada?


R – A atuação da Comissão de Ética, no que concerne ao exercício de suas competências próprias, não se
subordina a instância superior a que se vincule. Eventuais dúvidas de natureza legal devem ser resolvidas junto
ao jurídico da entidade ou órgão. Dúvidas sobre a aplicação das normas do Código de Ética devem ser dirimidas
pela Comissão de Ética Pública.

6. O Código de Ética do Servidor Civil se aplica às sociedades de economia mista?


R – Sim, de acordo com o inciso XXIV do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal, aprovado pelo Decreto 1171/94.

7. É competência da CEP (inciso III do art. 4º) e também das Comissões Setoriais de Ética (letra “b” do
inciso II do art. 7º) dirimir dúvidas de interpretação sobre a aplicação do Decreto 1171/94. Haverá algum
tipo de controle ou subordinação das interpretações dadas pelas comissões de ética?
R – As dúvidas levantadas sobre a aplicação do Decreto 1171/94 devem ser resolvidas pela Comissão de Ética
do próprio órgão ou entidade, cabendo à Comissão de Ética Pública atender às dúvidas dessas Comissões ou se
manifestar em caso de interpretações divergentes.

8. Quem funcionará com ligação das entidades e órgãos do Poder Executivo Federal com a Comissão de
Ética Pública, seu dirigente máximo ou a Comissão local de Ética?
R – A Comissão de Ética da entidade ou órgão será o canal preferencial de relacionamento com a Comissão de
Ética Pública, funcionando o seu presidente com “elemento de ligação” entre as duas Comissões.

9. Como funcionará, na prática, a garantia de que dos trabalhos desenvolvidos em comissão de Ética não
resultará nenhum prejuízo ou dano aos seus integrantes, prevista no inciso I do art. 6º do Dec. 6029?
R - É dever do titular da entidade ou órgão da Administração Pública Federal, direta e indireta, assegurar as
condições de trabalho para que as Comissões de Ética cumpram suas funções, inclusive para que do exercício
das atribuições de seus integrantes não lhes resulte qualquer prejuízo ou dano. Eventuais faltas nesse sentido
poderão configurar descumprimento de dever funcional.

10. No que se refere à composição das Comissões de Ética das entidades e órgãos, previstas no art. 5º do
Dec. 6029:
a) Poderão ser designados servidores que ocupem exclusivamente cargo em comissão de assessoramento?
b) Poderão ser designados militares da reserva remunerada ou não, que ocupem exclusivamente cargo em
comissão de assessoramento superior de livre nomeação e exoneração?
c) A expressão “para mandatos não coincidentes de três anos” significa a impossibilidade de imediata
recondução?
d) As designações em vigor podem ser mantidas ou devem ser revistas, cabendo, nessa última hipótese, a
recondução sob a nova regra?

R – “a”: As Comissões de Ética podem ser integradas por servidores que ocupem exclusivamente cargos em
comissão de assessoramento, pois esses servidores integram o quadro permanente da entidade ou órgão, de
acordo com a definição para quadro permanente constante da Lei 3780/60;

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“b”: Também militares da ativa que ocupem cargo da estrutura permanente do órgão poderão integrar a respectiva
Comissão de Ética, pela mesma razão apontada no item “a”;
“c”: Também militares da reserva remunerada ou não, que ocupem exclusivamente cargo em comissão de
assessoramento superior de livre nomeação e exoneração poderão integrar a respectiva Comissão de Ética;
“d”: A expressão “para mandatos não coincidentes de três anos”, constante do art. 5º do Decreto 6029, indica a
necessidade do termo final dos primeiros mandatos serem não coincidentes, recomendando-se que os primeiros
a serem designados o sejam para mandatos de um, dois e três anos, respectivamente, podendo serem
reconduzidos um única vez após o cumprimento desse primeiro período, desta feita de três anos para qualquer
deles;
“e”: As designações em vigor devem ser revistas, para adequação ao disposto no Decreto 6029.

11. Em relação às secretarias-executivas das comissões de ética, previstas nos §§1º e 2º do art. 7º do
Decreto 6029:
a) A expressão “vinculada administrativamente à instância máxima da entidade ou órgão” significa que a
Secretaria-Executiva deverá, necessariamente, integrar a estrutura do Gabinete do Ministro (no caso dos
Ministérios) ou poderá compor a estrutura de um outro órgão específico singular (uma secretaria) com competência
para o trato de assuntos correlatos à gestão da ética pública?
b) A chefia da Secretaria-Executiva, no caso do Ministério da Defesa, poderá ser exercida por servidores civis e
por militares da reserva remunerada ou não, que ocupem, em todos os casos, exclusivamente cargo em comissão
de assessoramento superior de livre nomeação e exoneração?
c) A expressão “ocupante de cargo de direção compatível com sua estrutura” determina que o parâmetro mínimo
recaia em cargo DAS de nível 4 ou 5?

R – “a”: A Secretaria-Executiva da Comissão de Ética deve vincular-se administrativamente à instância executiva


máxima da entidade ou órgão, de acordo com o §1º do art. 7º do Decreto 6029, e tecnicamente à própria Comissão
de Ética. Como o Secretário Executivo deve ocupar cargo de direção compatível com a estrutura do órgão ou
entidade, mas sem aumento de despesas, é possível que sua designação recaia sobre servidor ocupante de cargo
ou função de área que não integra a estrutura do gabinete do dirigente máximo. No entanto, mesmo nesse caso,
a Secretaria deve estar vinculada administrativamente a esse gabinete.
“b”: A escolha do Secretário-Executivo da Comissão de Ética pode recair sobre servidor, civil ou militar da reserva,
que ocupe exclusivamente cargo em comissão de assessoramento superior, pois integrante do quadro permanente
do órgão, conforme definido pela Lei 3780/60.
“c” O cargo ou função do secretário-executivo da Comissão de Ética deve ser compatível com a estrutura do órgão
ou função, entendendo-se essa compatibilidade como cargo ou função de nível suficiente que lhe permita a
necessária interlocução hierárquica para o exercício de suas obrigações.

12. Qual é o entendimento sobre a expressão ... “escolhidos entre servidores e empregados do seu quadro
permanente” (art. 5º do Decreto 6.029)? Empregados comissionados, contratados para o exercício dos
chamados cargos de confiança são considerados do quadro permanente?
R - Ver resposta à questão nº 1

13. Qual é o entendimento da expressão... “não lhes resulte qualquer prejuízo ou dano” (inciso I do art. 6º
do Decreto 6.029)?
R – O exercício das atividades nas Comissões de Ética não deve resultar em prejuízo ou dano para seus membros,
seja financeiro ou de outra natureza, sendo responsabilidade do titular da entidade ou órgão assegurar as
condições necessárias ao trabalho.

14. Quais são as garantias asseguradas neste Decreto aos membros das Comissões de Ética (inciso III do
art. 10)?
R – Os membros das Comissões de Ética exercerão suas atividades com a garantia do mandato e de que do
exercício de suas atribuições não lhes resultará nenhum dano ou prejuízo.

15. Como se deve processar a prestação de compromisso solene de acatamento e observância das regras
estabelecidas pelos Códigos de Ética, conforme previsto no art. 15 do Decreto 6029?
R – A prestação de compromisso solene de acatamento e observância das regras estabelecidas pelo Código de
Ética deve se processar por meio de registro específico, por escrito, no ato da posse ou assinatura de contrato de

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trabalho.

16. Diretores e Conselheiros de Empresas Públicas sujeitam-se ao Código de Ética Profissional do Servidor
Público Civil, aprovado pelo Decreto 1171/94?
R - Sim, de acordo com o inciso XXIV do Capítulo II do Código de Ética do Servidor Civil, aprovado pelo Decreto
1171/94, para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor público todo aquele que, por
força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou
excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do
poder estatal, como as autarquias, as fundações pública, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as
sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.

17. A divulgação das decisões da Comissão de Ética, prevista no art. 18 do Decreto 6.029, deve dar-se por
meio da internet, ou basta a publicação na intranet?
R – O art. 18 do Decreto 6.029 dispõe que as decisões das Comissões de Ética serão resumidas em ementa e,
com a omissão dos nomes dos investigados, divulgadas no sítio do próprio órgão. A intenção é dar conhecimento
às partes, internas e externas, relacionadas ao órgão ou entidade, pelo que a esses registros deve ser permitido
amplo acesso, e não apenas ao público interno.

18. É possível, à luz do Decreto 6029, a criação de subcomissões de ética ou comissões regionais de ética?
R – Em entidade ou órgãos distribuídos geograficamente pelo país a criação de subcomissões de ética pode ser
de grande valia para assegurar proximidade aos servidores. Nesse caso, às subcomissões pode ser cometido o
exercício de todas as atribuições da Comissão, desde que reservada a esta o poder revisor de ofício das
orientações e decisões exaradas.

19. Os Conselheiros de Administração e Fiscais sujeitam-se ao Código de Conduta da Alta Administração


Federal?
R – Não. Apenas os ocupantes dos cargos expressamente referidos no art. 2º do Código de Conduta da Alta
Administração estão obrigatoriamente sujeitos às suas normas, ainda que, por expressarem o mais fiel padrão
ético desejável das autoridades públicas, seja desejável que todos as observem, no que couber.

20. Segundo o art. 5º do Decreto 6029, cada Comissão de Ética será integrada por três membros titulares
e três suplentes, escolhidos entre servidores e empregados do seu quadro permanente, e designados pelo
dirigente máximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos não coincidentes de três anos. Poderá
ter outra composição? Servidores e empregados contratados para assumirem cargos de confiança podem
integrar Comissão de Ética?
R – A Composição da Comissão de Ética deve observar o número estabelecido pelo Decreto 6.029. No que
concerne à possibilidade de ocupantes de cargos de confiança integrarem as Comissões de Ética, ver resposta à
questão nº 1.

21. Segundo o art. 7º do Decreto 6029, compete às Comissões de Ética aplicar o Código de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto 1171/94. E a
empresa que possui Código de Ética próprio?
R – A recomendação da Comissão de Ética Pública é que todos os órgãos e entidades do Poder Executivo Federal
incorporem as normas do Código de Ética do Servidor Civil ao seu escopo estatutário e regulamentar, sem prejuízo
de que sejam complementadas por normas próprias que se façam necessárias em razão de peculiaridades de
suas respectivas áreas de negócio. Neste caso, é recomendável que as respectivas comissões de ética ou
unidades equivalentes assumam também a responsabilidade pela administração dessas normas complementares.

22. Segundo o §2º do art. 7º do Decreto 6029, o Secretário-Executivo da Comissão de Ética deve ser
detentor de cargo de direção compatível com a estrutura da entidade ou órgão. Isso significa que deva ser
um diretor da entidade, se sociedade de economia mista?
R – O cargo ou função do secretário-executivo da Comissão de Ética deve ser tal que não se configure em
empecilho para o cumprimento de suas funções diretamente, sem que tenha questionado seu nível hierárquico.
Considera-se que um cargo ou função compatível seja aquele que não apresente instâncias intermediárias nem
comprometa a comunicação institucional com todos os escalões da entidade ou órgão.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

23. Quais são as garantias dos membros de Comissão de Ética referidas no inciso II, do art. 10 do Decreto
6029?
R – Os membros das Comissões de Ética exercerão suas atividades com a garantia do mandato e de que do
exercício de suas atribuições não lhes resultará nenhum dano ou prejuízo.

24. Qual é o entendimento da expressão submeter à CEP propostas para aperfeiçoamento do Código de
Ética (letra “a” do inciso II do art. 7º do Decreto 6.029)? O aperfeiçoamento se refere também aos Códigos
de Ética das empresas estatais?
R – As comissões de ética devem submeter à Comissão de Ética Pública propostas de aperfeiçoamento do Código
de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto 1.171/94. Os
eventuais códigos de ética próprios das empresas estatais e demais órgãos e entidades devem estar alinhados
com o Decreto 1.171/94 e, portanto, as propostas para elaboração e aperfeiçoamento dos códigos de ética próprios
também devem encaminhados para a CEP.

25. Como seria considerado o acesso a documentos submetidos á Legislação do sigilo bancário, cuja
hierarquia é superior ao Decreto (Art. 13 e Art. 20)?
R – As autoridades competentes não poderão alegar sigilo para deixar de prestar informação solicitada por
Comissão de Ética, desde que relativa ao fato sob exame. Cabe à Comissão de Ética observar e fazer observar o
sigilo de informações protegidas por lei.

26. A omissão dos nomes dos envolvidas nas ementas das decisões das Comissões de Ética não
compromete a formação do banco de dados para consulta pelos órgãos ou entidades da administração
pública federal em casos de nomeação para cargo em comissão ou de alta relevância pública (arts. 18 e 22
do Decreto 6.029)?
R – As decisões das Comissões de Ética serão resumidas e, com a omissão dos nomes dos investigados,
divulgadas no sítio na Internet do próprio órgão, bem como remetidos à Comissão de Ética Pública. O objetivo
básico das ementas não é a identificação dos envolvidos, mas o conhecimento da jurisprudência. Com finalidade
distinta, a Comissão de Ética Pública manterá banco de dados de sanções aplicadas pelas Comissões de Ética e
os de suas próprias sanções, para fins de consulta pelos órgãos e entidades da administração pública federal, em
caso de nomeação para cargo em comissão ou de alta relevância pública.
Esta consulta deverá ser precedida mediante ofício dirigido à Comissão de Ética Pública.

27. Qual o sentido que devemos dar à expressão "cargo de direção" contida no §2º do art. 7º do Decreto
6.029, quando se refere ao cargo que deve ser ocupado pelo secretário-executivo da Comissão?
R – O cargo de direção do secretário-executivo da Comissão de Ética deve ser compatível com a estrutura do
órgão ou função, entendendo-se essa compatibilidade como cargo ou função de direção de nível suficiente que
lhe permita a interlocução hierárquica para o exercício de suas obrigações. Não necessariamente esse cargo ou
função de direção do Secretário-Executivo deve ser atribuído a um membro da Diretoria da Empresa.

28. Cada Comissão de Ética deve ser integrada exatamente por três membros titulares e três suplentes,
escolhidos entre servidores e empregados do seu quadro permanente, ou esse é um nº mínimo? Podem
integrar a Comissão detentores de cargos em comissão do quadro permanente da entidade? Quem entre
os membros da Comissão setorial a representará junto à Comissão de Ética Pública?
R – Cada Comissão de Ética de que trata o Decreto nº 1.171/94 será integrada por três membros titulares e três
suplentes. Sem embargo, as entidades maiores e distribuídas geograficamente pelo país podem lançar
representantes de áreas, exclusivamente para que sirvam de elementos de ligação com a Comissão. Os membros
das Comissões ou eventuais representantes de áreas podem ser escolhidos entre ocupantes de cargos de
confiança, desde que esses cargos integrem a estrutura de cargos permanentes da entidade, e o presidente
escolhido funcionará com elemento de ligação com a Comissão de Ética Pública.

29. A Secretaria Executiva da Comissão de Ética deve integrar o organograma da entidade ou órgão? O
secretário-executivo receberá gratificação? Qual o perfil desejável do secretário-executivo? Sua escolha
deverá recair sobre um servidor ou empregado do quadro permanente que tenha conhecimento da
estrutura da empresa e possa requerer informações ou ações aos demais órgãos da empresa, para
subsidiar os trabalhos da Comissão de Ética e da Secretaria-Executiva.
R – Cada Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Executiva vinculada à instância máxima da entidade ou

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

órgão. Sua existência deve ser aprovada pelas instâncias decisórias competentes da entidade ou órgão, sendo
importante que componha seu organograma. O chefe da referida Secretaria deve conhecer bem a organização e
seus processos e ter capacidade gerencial para dar consequência às decisões da Comissão de Ética, ocupando
cargo ou função compatível da estrutura da organização.

DECRETO Nº 6.029, DE 1º DE FEVEREIRO DE 2007.

Institui Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da
Constituição,

DECRETA:

Art. 1o Fica instituído o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal com a finalidade de promover
atividades que dispõem sobre a conduta ética no âmbito do Executivo Federal, competindo-lhe:
I - integrar os órgãos, programas e ações relacionadas com a ética pública;
II - contribuir para a implementação de políticas públicas tendo a transparência e o acesso à informação como
instrumentos fundamentais para o exercício de gestão da ética pública;
III - promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a compatibilização e interação de normas, procedimentos
técnicos e de gestão relativos à ética pública;
IV - articular ações com vistas a estabelecer e efetivar procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho
institucional na gestão da ética pública do Estado brasileiro.

Art. 2o Integram o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal:


I - a Comissão de Ética Pública - CEP, instituída pelo Decreto de 26 de maio de 1999;
II - as Comissões de Ética de que trata o Decreto no 1.171, de 22 de junho de 1994; e
III - as demais Comissões de Ética e equivalentes nas entidades e órgãos do Poder Executivo Federal.

Art. 3o A CEP será integrada por sete brasileiros que preencham os requisitos de idoneidade moral, reputação
ilibada e notória experiência em administração pública, designados pelo Presidente da República, para mandatos
de três anos, não coincidentes, permitida uma única recondução.
§ 1o A atuação no âmbito da CEP não enseja qualquer remuneração para seus membros e os trabalhos nela
desenvolvidos são considerados prestação de relevante serviço público.
§ 2o O Presidente terá o voto de qualidade nas deliberações da Comissão.
§ 3o Os mandatos dos primeiros membros serão de um, dois e três anos, estabelecidos no decreto de designação.

Art. 4o À CEP compete:


I - atuar como instância consultiva do Presidente da República e Ministros de Estado em matéria de ética pública;
II - administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta Administração Federal, devendo:
a) submeter ao Presidente da República medidas para seu aprimoramento;
b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas normas, deliberando sobre casos omissos;
c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, condutas em desacordo com as normas nele previstas, quando
praticadas pelas autoridades a ele submetidas;
III - dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
Poder Executivo Federal de que trata o Decreto no 1.171, de 1994;
IV - coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal;
V - aprovar o seu regimento interno; e
VI - escolher o seu Presidente.
Parágrafo único. A CEP contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada à Casa Civil da Presidência da
República, à qual competirá prestar o apoio técnico e administrativo aos trabalhos da Comissão.

Art. 5o Cada Comissão de Ética de que trata o Decreto no 1171, de 1994, será integrada por três membros
titulares e três suplentes, escolhidos entre servidores e empregados do seu quadro permanente, e designados

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pelo dirigente máximo da respectiva entidade ou órgão, para mandatos não coincidentes de três anos.

Art. 6o É dever do titular de entidade ou órgão da Administração Pública Federal, direta e indireta:
I - assegurar as condições de trabalho para que as Comissões de Ética cumpram suas funções, inclusive para que
do exercício das atribuições de seus integrantes não lhes resulte qualquer prejuízo ou dano;
II - conduzir em seu âmbito a avaliação da gestão da ética conforme processo coordenado pela Comissão de Ética
Pública.

Art. 7o Compete às Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2o:
I - atuar como instância consultiva de dirigentes e servidores no âmbito de seu respectivo órgão ou entidade;
II - aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo
Decreto 1.171, de 1994, devendo:
a) submeter à Comissão de Ética Pública propostas para seu aperfeiçoamento;
b) dirimir dúvidas a respeito da interpretação de suas normas e deliberar sobre casos omissos;
c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, conduta em desacordo com as normas éticas pertinentes; e
d) recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito do órgão ou entidade a que estiver vinculada, o desenvolvimento
de ações objetivando a disseminação, capacitação e treinamento sobre as normas de ética e disciplina;
III - representar a respectiva entidade ou órgão na Rede de Ética do Poder Executivo Federal a que se refere o art.
9o; e
IV - supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta Administração Federal e comunicar à CEP
situações que possam configurar descumprimento de suas normas.
§ 1o Cada Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada administrativamente à instância
máxima da entidade ou órgão, para cumprir plano de trabalho por ela aprovado e prover o apoio técnico e material
necessário ao cumprimento das suas atribuições.
§ 2o As Secretarias-Executivas das Comissões de Ética serão chefiadas por servidor ou empregado do quadro
permanente da entidade ou órgão, ocupante de cargo de direção compatível com sua estrutura, alocado sem
aumento de despesas.

Art. 8o Compete às instâncias superiores dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal, abrangendo a
administração direta e indireta:
I - observar e fazer observar as normas de ética e disciplina;
II - constituir Comissão de Ética;
III - garantir os recursos humanos, materiais e financeiros para que a Comissão cumpra com suas atribuições; e
IV - atender com prioridade às solicitações da CEP.

Art. 9o Fica constituída a Rede de Ética do Poder Executivo Federal, integrada pelos representantes das
Comissões de Ética de que tratam os incisos I, II e III do art. 2o, com o objetivo de promover a cooperação técnica
e a avaliação em gestão da ética.
Parágrafo único. Os integrantes da Rede de Ética se reunirão sob a coordenação da Comissão de Ética Pública,
pelo menos uma vez por ano, em fórum específico, para avaliar o programa e as ações para a promoção da ética
na administração pública.

Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais Comissões de Ética devem ser desenvolvidos com celeridade e
observância dos seguintes princípios:
I - proteção à honra e à imagem da pessoa investigada;
II - proteção à identidade do denunciante, que deverá ser mantida sob reserva, se este assim o desejar; e
III - independência e imparcialidade dos seus membros na apuração dos fatos, com as garantias asseguradas
neste Decreto.

Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de direito privado, associação ou entidade de classe
poderá provocar a atuação da CEP ou de Comissão de Ética, visando à apuração de infração ética imputada a
agente público, órgão ou setor específico de ente estatal.
Parágrafo único. Entende-se por agente público, para os fins deste Decreto, todo aquele que, por força de lei,
contrato ou qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual,

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ainda que sem retribuição financeira, a órgão ou entidade da administração pública federal, direta e indireta.

Art. 12. O processo de apuração de prática de ato em desrespeito ao preceituado no Código de Conduta da Alta
Administração Federal e no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal será
instaurado, de ofício ou em razão de denúncia fundamentada, respeitando-se, sempre, as garantias do
contraditório e da ampla defesa, pela Comissão de Ética Pública ou Comissões de Ética de que tratam o incisos II
e III do art. 2º, conforme o caso, que notificará o investigado para manifestar-se, por escrito, no prazo de dez dias.
§ 1o O investigado poderá produzir prova documental necessária à sua defesa.
§ 2o As Comissões de Ética poderão requisitar os documentos que entenderem necessários à instrução
probatória e, também, promover diligências e solicitar parecer de especialista.
§ 3o Na hipótese de serem juntados aos autos da investigação, após a manifestação referida no caput deste
artigo, novos elementos de prova, o investigado será notificado para nova manifestação, no prazo de dez dias.
§ 4o Concluída a instrução processual, as Comissões de Ética proferirão decisão conclusiva e fundamentada.
§ 5o Se a conclusão for pela existência de falta ética, além das providências previstas no Código de Conduta da
Alta Administração Federal e no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal, as Comissões de Ética tomarão as seguintes providências, no que couber:
I - encaminhamento de sugestão de exoneração de cargo ou função de confiança à autoridade hierarquicamente
superior ou devolução ao órgão de origem, conforme o caso;
II -- encaminhamento, conforme o caso, para a Controladoria-Geral da União ou unidade específica do Sistema de
Correição do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto no 5.480, de 30 de junho de 2005, para exame de
eventuais transgressões disciplinares; e
III - recomendação de abertura de procedimento administrativo, se a gravidade da conduta assim o exigir.

Art. 13. Será mantido com a chancela de “reservado”, até que esteja concluído, qualquer procedimento instaurado
para apuração de prática em desrespeito às normas éticas.
§ 1o Concluída a investigação e após a deliberação da CEP ou da Comissão de Ética do órgão ou entidade, os
autos do procedimento deixarão de ser reservados.
§ 2o Na hipótese de os autos estarem instruídos com documento acobertado por sigilo legal, o acesso a esse tipo
de documento somente será permitido a quem detiver igual direito perante o órgão ou entidade originariamente
encarregado da sua guarda.
§ 3o Para resguardar o sigilo de documentos que assim devam ser mantidos, as Comissões de Ética, depois de
concluído o processo de investigação, providenciarão para que tais documentos sejam desentranhados dos autos,
lacrados e acautelados.

Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo investigada é assegurado o direito de saber o que lhe está sendo
imputado, de conhecer o teor da acusação e de ter vista dos autos, no recinto das Comissões de Ética, mesmo
que ainda não tenha sido notificada da existência do procedimento investigatório.
Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo inclui o de obter cópia dos autos e de certidão do seu teor.

Art. 15. Todo ato de posse, investidura em função pública ou celebração de contrato de trabalho, dos agentes
públicos referidos no parágrafo único do art. 11, deverá ser acompanhado da prestação de compromisso solene
de acatamento e observância das regras estabelecidas pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal,
pelo Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e pelo Código de Ética do
órgão ou entidade, conforme o caso.
Parágrafo único . A posse em cargo ou função pública que submeta a autoridade às normas do Código de
Conduta da Alta Administração Federal deve ser precedida de consulta da autoridade à Comissão de Ética Pública
acerca de situação que possa suscitar conflito de interesses.

Art. 16. As Comissões de Ética não poderão escusar-se de proferir decisão sobre matéria de sua competência
alegando omissão do Código de Conduta da Alta Administração Federal, do Código de Ética Profissional do
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal ou do Código de Ética do órgão ou entidade, que, se existente,
será suprida pela analogia e invocação aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência.
§ 1o Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comissão de Ética competente deverá ouvir previamente a área

42
Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

jurídica do órgão ou entidade.


§ 2o Cumpre à CEP responder a consultas sobre aspectos éticos que lhe forem dirigidas pelas demais Comissões
de Ética e pelos órgãos e entidades que integram o Executivo Federal, bem como pelos cidadãos e servidores que
venham a ser indicados para ocupar cargo ou função abrangida pelo Código de Conduta da Alta Administração
Federal.

Art. 17. As Comissões de Ética, sempre que constatarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de
improbidade administrativa ou de infração disciplinar, encaminharão cópia dos autos às autoridades competentes
para apuração de tais fatos, sem prejuízo das medidas de sua competência.

Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, na análise de qualquer fato ou ato submetido à sua apreciação ou
por ela levantado, serão resumidas em ementa e, com a omissão dos nomes dos investigados, divulgadas no sítio
do próprio órgão, bem como remetidas à Comissão de Ética Pública.

Art. 19. Os trabalhos nas Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2o são considerados
relevantes e têm prioridade sobre as atribuições próprias dos cargos dos seus membros, quando estes não
atuarem com exclusividade na Comissão.

Art. 20. Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal darão tratamento prioritário às solicitações de
documentos necessários à instrução dos procedimentos de investigação instaurados pelas Comissões de Ética.
§ 1o Na hipótese de haver inobservância do dever funcional previsto no caput, a Comissão de Ética adotará as
providências previstas no inciso III do § 5o do art. 12.
§ 2o As autoridades competentes não poderão alegar sigilo para deixar de prestar informação solicitada pelas
Comissões de Ética.

Art. 21. A infração de natureza ética cometida por membro de Comissão de Ética de que tratam os incisos II e III
do art. 2o será apurada pela Comissão de Ética Pública.

Art. 22. A Comissão de Ética Pública manterá banco de dados de sanções aplicadas pelas Comissões de Ética
de que tratam os incisos II e III do art. 2o e de suas próprias sanções, para fins de consulta pelos órgãos ou
entidades da administração pública federal, em casos de nomeação para cargo em comissão ou de alta relevância
pública.
Parágrafo único. O banco de dados referido neste artigo engloba as sanções aplicadas a qualquer dos agentes
públicos mencionados no parágrafo único do art. 11 deste Decreto.

Art. 23. Os representantes das Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2o atuarão como
elementos de ligação com a CEP, que disporá em Resolução própria sobre as atividades que deverão desenvolver
para o cumprimento desse mister.

Art. 24. As normas do Código de Conduta da Alta Administração Federal, do Código de Ética Profissional do
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e do Código de Ética do órgão ou entidade aplicam-se, no que
couber, às autoridades e agentes públicos neles referidos, mesmo quando em gozo de licença.

Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX, XXI, XXIII e XXV do Código de Ética Profissional do Servidor
Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto no 1.171, de 22 de junho de 1994, os arts. 2o e
3o do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão de Ética Pública, e os Decretos de 30 de agosto de
2000 e de 18 de maio de 2001, que dispõem sobre a Comissão de Ética Pública.

Art. 26. Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.

Brasília, 1º de fevereiro de 2007; 186o da Independência e 119o da República.


LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Dilma Rousseff

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Resoluções 1 a 10 da Comissão de Ética Pública da Presidência da


República.
Resolução nº 01, 13 de setembro de 2000
Estabelece procedimentos para apresentação de informações, sobre situação patrimonial, pelas autoridades
submetidas ao Código de Conduta da Alta Administração Federal.

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto no art. 4º do Código
de Conduta da Alta Administração Federal,

R E S O L V E:

Art. 1º O cumprimento do disposto no art. 4º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, que trata da
apresentação de informações sobre a situação patrimonial das autoridades a ele submetidas, será atendido
mediante o envio à Comissão de Ética Pública - CEP de:

I - lista dos bens, com identificação dos respectivos valores estimados ou de aquisição, que poderá ser substituída
pela remessa de cópia da última declaração de bens apresentada à Secretaria da Receita Federal do Ministério
da Fazenda;
II - informação sobre situação patrimonial específica que, a juízo da autoridade, suscite ou possa eventualmente
suscitar conflito com o interesse público e, se for o caso, o modo pelo qual pretende evitá-lo.

Art. 2º As informações prestadas na forma do artigo anterior são de caráter sigiloso e, uma vez conferidas por
pessoa designada pela CEP, serão encerradas em envelope lacrado.

Art. 3º A autoridade deverá também comunicar à CEP as participações de que for titular em sociedades de
economia mista, de instituição financeira ou de empresa que negocie com o Poder Público, conforme determina
o art. 6º do Código de Conduta.

Art. 4º O prazo de apresentação de informações será de dez dias, contados:

I - da data de publicação desta Resolução, para as autoridades que já se encontram no exercício do cargo;
II - da data da posse, para as autoridades que vierem a ser doravante nomeadas.

Art. 5º As seguintes autoridades estão obrigadas a prestar informações (art. 2º do Código de Conduta):

I - Ministros e Secretários de Estado;


II - titulares de cargos de natureza especial, secretários-executivos, secretários ou autoridades equivalentes
ocupantes de cargo do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível seis;
III - presidentes e diretores de agências nacionais, autarquias, inclusive as especiais, fundações mantidas pelo
Poder Público, empresas públicas e sociedades de economia mista.

Art. 6º As informações prestadas serão mantidas em sigilo, como determina o § 2º do art. 5º do referido Código.

Art. 7º As informações de que trata esta Resolução deverão ser remetidas à CEP, em envelope lacrado,
localizada no Anexo II do Palácio do Planalto, sala 250 - Brasília-DF.

João Geraldo Piquet Carneiro


Presidente

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Resolução nº 02, 24 de outubro de 2000


Regula a participação de autoridade pública abrangida pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal
em seminários e outros eventos

A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a
presente resolução interpretativa do parágrafo único do art.7º do Código de Conduta da Alta Administração
Federal.

1. A participação de autoridade pública abrangida pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal em
atividades externas, tais como seminários, congressos, palestras e eventos semelhantes, no Brasil ou no exterior,
pode ser de interesse institucional ou pessoal.

2. Quando se tratar de participação em evento de interesse institucional, as despesas de transporte e estada,


bem como as taxas de inscrição, se devidas, correrão por conta do órgão a que pertença a autoridade, observado
o seguinte:

I - excepcionalmente, as despesas de transporte e estada, bem como as taxas de inscrição, poderão ser
custeadas pelo patrocinador do evento, se este for:

a) organismo internacional do qual o Brasil faça parte;


b) governo estrangeiro e suas instituições;
c) instituição acadêmica, científica e cultural;

d) empresa, entidade ou associação de classe que não esteja sob a jurisdição regulatória do órgão a que pertença
a autoridade, nem que possa ser beneficiária de decisão da qual participe a referida autoridade, seja
individualmente, seja em caráter coletivo.

II - a autoridade poderá aceitar descontos de transporte, hospedagem e refeição, bem como de taxas de inscrição,
desde que não se refira a benefício pessoal.

3. Quando se tratar de evento de interesse pessoal da autoridade, as despesas de remuneração, transporte e


estada poderão ser custeadas pelo patrocinador, desde que:

I - a autoridade torne públicas as condições aplicáveis à sua participação, inclusive o valor da remuneração, se
for o caso;

II - o promotor do evento não tenha interesse em decisão que possa ser tomada pela autoridade, seja
individualmente, seja de caráter coletivo.

4. As atividades externas de interesse pessoal não poderão ser exercidas em prejuízo das atividades normais
inerentes ao cargo.

5. A publicidade da remuneração e das despesas de transporte e estada será assegurada mediante registro do
compromisso na respectiva agenda de trabalho da autoridade, com explicitação das condições de sua
participação, a qual ficará disponível para consulta pelos interessados.

6. A autoridade não poderá aceitar o pagamento ou reembolso de despesa de transporte e estada, referentes à
sua participação em evento de interesse institucional ou pessoal, por pessoa física ou jurídica com a qual o órgão
a que pertença mantenha relação de negócio, salvo se o pagamento ou reembolso decorrer de obrigação
contratual previamente assumida perante aquele órgão.

João Geraldo Piquet Carneiro


Presidente da Comissão de Ética Pública

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Nota Explicativa

Participação de autoridades submetidas ao Código de Conduta da Alta Administração Federal em seminários,


congressos e eventos semelhantes

O Código de Conduta da Alta Administração Federal estabeleceu os limites que devem ser observados para a
participação de autoridades a ele submetidas em seminários, congressos e eventos semelhantes (art. 7º,
parágrafo único).

A experiência anterior ao Código de Conduta revela um tratamento não uniforme nas condições relativas à
participação das autoridades da alta administração federal nesses eventos. Com efeito, diante das conhecidas
restrições de natureza orçamentária e financeira, passou-se a admitir que as despesas de viagem e estada da
autoridade fossem custeadas pelo promotor do seminário ou congresso.

Tal prática, porém, não se coaduna com a necessidade de prevenir situações que possam comprometer a
imagem do governo ou, até mesmo, colocar a autoridade em situação de constrangimento. É o que ocorre, por
exemplo, quando o patrocinador tem interesse em decisão específica daquela autoridade.

Após o advento do Código de Conduta, diversas consultas sobre o tema chegaram à Comissão de Ética Pública,
o que demonstrou a inequívoca necessidade de tornar mais clara e detalhada a aplicação da norma constante
do Código de Conduta.

A presente Resolução, de caráter interpretativo, visa justamente afastar dúvidas sobre a maneira pela qual a
autoridade pública poderá participar de determinados eventos externos, dentro dos limites éticos constantes do
Código de Conduta. Os dois princípios básicos que orientam a resolução ora adotada são a transparência,
assegurada pela publicidade, e a inexistência de interesse do patrocinador dos referidos eventos em decisão da
autoridade pública convidada.

A Resolução, para fins práticos, distinguiu a participação da autoridade em dois tipos: a de interesse institucional
e a de interesse pessoal. Entende-se por participação de interesse institucional aquela que resulte de
necessidade e conveniência identificada do órgão ao qual pertença a autoridade e que possa concorrer para o
cumprimento de suas atribuições legais.

Quando a participação for de interesse pessoal, a cobertura de custos pelos promotores do evento somente será
admissível se: 1) a autoridade tornar públicas as condições aplicáveis à sua participação; 2) o promotor do evento
não tiver interesse em decisão da esfera de competência da autoridade; 3) a participação não resulte em prejuízo
das atividades normais inerentes ao seu cargo.

Em se tratando de participação de autoridade em evento de interesse institucional, não é permitida a cobertura


das despesas de transporte e estada pelo promotor do evento, exceto quando este for: 1) organismo internacional
do qual o Brasil faça parte; 2) governo estrangeiro e suas instituições; 3) instituição acadêmica, científica ou
cultural; 4) empresa, entidade ou associação de classe que não tenha interesse em decisão da autoridade. Da
mesma forma, as despesas poderão ser cobertas pelo promotor do evento quando decorrente de obrigação
contratual de empresa perante a instituição da autoridade.

Não será permitida, tampouco, a aceitação do pagamento ou reembolso de despesa de transporte e estada por
empresa com a qual o órgão a que pertença a autoridade mantenha relação de negócio. É o caso, por exemplo,
de empresa que forneça bens ou serviços ao referido órgão, a menos que tal pagamento ou reembolso decorra
de obrigação contratual por ela assumida.

A publicidade relativa à participação das autoridades em eventos externos será assegurada mediante registro na
agenda de trabalho da autoridade das condições de sua participação, inclusive remuneração, se for o caso. A
agenda de trabalho ficará disponível para consulta por qualquer interessado. O acesso público à agenda deve
ser facilitado.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Em síntese, por meio desta resolução interpretativa, a Comissão procurou fixar os balizamentos mínimos a serem
observados pelas autoridades abrangidas pelo Código de Conduta, sem prejuízo de que cada órgão detalhe suas
próprias normas internas sobre a participação de seus servidores em eventos externos.

Resolução nº 03, 23 de novembro de 2000


Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicáveis às autoridades públicas abrangidas pelo Código
de Conduta da Alta Administração Federal

A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e
considerando que:

a) de acordo com o art. 9º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, é vedada a aceitação de
presentes por autoridades públicas a ele submetidas;

b) a aplicação da mencionada norma e de suas exceções requer orientação de caráter prático às referidas
autoridades,

Resolve adotar a presente Resolução de caráter interpretativo:

Presentes
1. A proibição de que trata o Código de Conduta se refere ao recebimento de presentes de qualquer valor, em
razão do cargo que ocupa a autoridade, quando o ofertante for pessoa, empresa ou entidade que:

I – esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a que pertença a autoridade;

II – tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial em decisão que possa ser tomada pela autoridade,
individualmente ou de caráter coletivo, em razão do cargo;

III – mantenha relação comercial com o órgão a que pertença a autoridade; ou

IV – represente interesse de terceiros, como procurador ou preposto, de pessoas, empresas ou entidades


compreendidas nos incisos I, II e III.

2. É permitida a aceitação de presentes:

I – em razão de laços de parentesco ou amizade, desde que o seu custo seja arcado pelo próprio ofertante, e
não por pessoa, empresa ou entidade que se enquadre em qualquer das hipóteses previstas no item anterior;

II – quando ofertados por autoridades estrangeiras, nos casos protocolares em que houver reciprocidade ou em
razão do exercício de funções diplomáticas.

3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de presente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá
adotar uma das seguintes providências, em razão da natureza do bem:

I – tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou artístico, destiná-lo ao acervo do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional-IPHAN para que este lhe dê o destino legal adequado;

II – nos demais casos, promover a sua doação a entidade de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida
como de utilidade pública, desde que, tratando-se de bem não perecível, esta se comprometa a aplicar o bem ou
o produto da sua alienação em suas atividades fim.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

4. Não caracteriza presente, para os fins desta Resolução:

I – prêmio em dinheiro ou bens concedido à autoridade por entidade acadêmica, científica ou cultural, em
reconhecimento por sua contribuição de caráter intelectual;

II – prêmio concedido em razão de concurso de acesso público a trabalho de natureza acadêmica, científica,
tecnológica ou cultural;

III – bolsa de estudos vinculada ao aperfeiçoamento profissional ou técnico da autoridade, desde que o
patrocinador não tenha interesse em decisão que possa ser tomada pela autoridade, em razão do cargo que
ocupa.

Brindes
5. É permitida a aceitação de brindes, como tal entendidos aqueles:

I –que não tenham valor comercial ou sejam distribuídos por entidade de qualquer natureza a título de cortesia,
propaganda, divulgação habitual ou por ocasião de eventos ou datas comemorativas de caráter histórico ou
cultural, desde que não ultrapassem o valor unitário de R$ 100,00 (cem reais);

II – cuja periodicidade de distribuição não seja inferior a 12 (doze) meses; e

III –. que sejam de caráter geral e, portanto, não se destinem a agraciar exclusivamente uma determinada
autoridade.

6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem reais), será ele tratado como presente, aplicando-se-lhe a
norma prevista no item 3 acima.

7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial de até R$ 100,00 (cem reais), a autoridade determinará sua
avaliação junto ao comércio, podendo ainda, se julgar conveniente, dar-lhe desde logo o tratamento de presente.

Divulgação e solução de dúvidas

8. A autoridade deverá transmitir a seus subordinados as normas constantes desta Resolução, de modo a que
tenham ampla divulgação no ambiente de trabalho.

9. A incorporação de presentes ao patrimônio histórico cultural e artístico, assim como a sua doação a entidade
de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, deverá constar da respectiva agenda
de trabalho ou de registro específico da autoridade, para fins de eventual controle.

10. Dúvidas específicas a respeito da implementação das normas sobre presentes e brindes poderão ser
submetidas à Comissão de Ética Pública, conforme o previsto no art. 19 do Código de Conduta.

Brasília, 23 de novembro de 2000


João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente da Comissão de Ética Pública

Nota Explicativa

Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicáveis às autoridades públicas abrangidas pelo Código de
Conduta da Alta Administração Federal

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

A Resolução nº 3 da Comissão de Ética Pública (CEP) tem por objetivo dar efetividade ao art. 9º do Código de
Conduta da Alta Administração Federal que veda à autoridade pública por ele abrangida, como regra geral, a
aceitação de presentes.

A matéria é de inquestionável relevo tanto do ponto de vista da opinião pública quanto da própria Administração,
pois tem a ver com a observância de regra ética fundamental, qual seja, a de que a capacidade decisória da
autoridade pública seja livre de qualquer tipo de influência externa. Além disso, normas claras sobre presentes e
brindes também darão mais segurança ao relacionamento de pessoas e empresas com autoridades
governamentais, posto que todos saberão, desde logo, o que podem e não podem dar como presente ou brinde
a autoridades públicas.

A Resolução está dividida em três partes principais: na primeira (itens 1 a 4) cuida-se de presentes, das situações
em que estes podem ser recebidos e da sua devolução, quando for o caso; na segunda (itens 5 a 7) trata-se de
brindes e sua caracterização; e na terceira (itens 8 a 10), regula-se a divulgação das normas da resolução e a
solução de dúvidas na sua implementação.

A regra geral é que as autoridades abrangidas pelo Código de Conduta estão proibidas de receber presentes, de
qualquer valor, em razão do seu cargo (item 1). A vedação se configura quando o ofertante do presente seja
pessoa, empresa ou entidade que se encontre numa das seguintes situações:

a) esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a que pertença a autoridade;

b) tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial em decisão que possa ser tomada pela autoridade, em
razão do cargo, seja individualmente, seja de forma coletiva;

c) mantenha relação comercial de qualquer natureza com o órgão a que pertence a autoridade (fornecedores de
bens e serviços, por exemplo);

d) represente interesse de terceiros, na qualidade de procurador ou preposto, de pessoas, empresas ou


entidades, conforme especificados anteriormente.

O recebimento de presente só é permitido em duas hipóteses: a) quando o ofertante for autoridade estrangeira,
nos casos protocolares, ou em razão do exercício de funções diplomáticas (item 2, inciso II); b) por motivo de
parentesco ou amizade (item 2, inciso I), desde que o respectivo custo seja coberto pelo próprio parente ou amigo,
e não por pessoa física ou entidade que tenha interesse em decisão da autoridade.

Quando não for recomendável ou viável a devolução do presente, como, por exemplo, quando a autoridade tenha
que incorrer em custos pessoais para fazê-lo, o bem deverá ser doado a entidade de caráter assistencial ou
filantrópico reconhecida como de utilidade pública que se comprometa a utilizá-lo ou transformá-lo em receita a
ser aplicada exclusivamente em suas atividades fim. Se se tratar de bem de valor histórico ou cultural, será ele
transferido para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que lhe dará a destinação legal mais
adequada (item 3, incisos I e II).

Não caracteriza presente (item 4) o recebimento de prêmio em dinheiro ou bens, concedido por entidades
acadêmicas, científicas ou culturais, em reconhecimento por contribuição intelectual. Da mesma forma, não se
configura como presente o prêmio outorgado em razão de concurso para seleção de trabalho de natureza
acadêmica, científica, tecnológica. Finalmente, podem ser aceitas bolsas de estudos vinculadas ao
aperfeiçoamento acadêmico da autoridade, desde que a entidade promotora não tenha interesse em decisão de
sua alçada. Está claro, portanto, que em nenhum caso prêmios ou bolsas de estudos poderão implicar qualquer
forma de contraprestação de serviço.

A Resolução esclarece que poderão ser aceitos brindes (item 5), como tais considerados os que não tenham
valor comercial ou cujo valor unitário não ultrapasse R$ 100,00. Na segunda hipótese, quando tiver valor inferior
a R$ 100,00, o brinde deve ser distribuído estritamente a título de cortesia, propaganda, divulgação habitual ou
por ocasião de eventos ou datas comemorativas de caráter histórico ou cultural (pode incluir, por exemplo, a

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

distribuição de livros ou discos). Além disso, sua periodicidade não poderá ser inferior a um ano e o brinde deve
ser de caráter geral, ou seja, não deve ser destinado exclusivamente a determinada autoridade.

Brindes que ultrapassem o valor de R$ 100,00 devem ser considerados presentes de aceitação vedada (item 6),
salvo as exceções elencadas. Brindes sobre os quais persistam dúvidas quanto ao valor – se supera ou não R$
100,00 – a recomendação constante do item 7 da Resolução é que sejam considerados presentes.

Tendo em vista o amplo interesse das normas sobre presentes e brindes, as autoridades deverão divulgá-las
entre seus subordinados (item 8).

É importante observar que a destinação de presentes, que não possam ser recusados ou devolvidos, deve
constar de registro a ser mantido pela autoridade, para fins de eventual controle (item 9).

É natural que possam surgir situações específicas que suscitem dúvidas quando à correta conduta de autoridade,
pois, afinal, as normas são sempre elaboradas para que tenham aplicação geral e nem sempre alcançam todos
os casos particulares. Assim, é muito importante que, também nessa matéria, os abrangidos utilizem, sempre
que necessário, o canal de consulta oferecido pela própria Comissão de Ética.

Finalmente, deve-se salientar que as normas da Resolução se aplicam tão somente às autoridades enumeradas
no art. 2º do Código de Conduta. Caberá a cada órgão ou entidade da administração pública regular a matéria
em relação a seus demais servidores e empregados.

Resolução nº 04, 07 de junho de 2001


Aprova o Regimento Interno da Comissão de Ética Pública

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2º, inciso VII, do Decreto de 26 de maio de 1999

RESOLVE:

Art. 1º Fica aprovado na forma desta Resolução o Regimento Interno da Comissão de Ética Pública.

CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA

Art. 2º Compete à Comissão de Ética Pública (CEP):

I - assegurar a observância do Código de Conduta da Alta Administração Federal, aprovado pelo Presidente da
República em 21 de agosto de 2000, pelas autoridades públicas federais por ele abrangidas;
II - submeter ao Presidente da República sugestões de aprimoramento do Código de Conduta e resoluções de
caráter interpretativo de suas normas;
III - dar subsídios ao Presidente da República e aos Ministros de Estado na tomada de decisão concernente a
atos de autoridade que possam implicar descumprimento das normas do Código de Conduta;
IV - apurar, de ofício ou em razão de denúncia, condutas que possam configurar violação do Código de Conduta,
e, se for o caso, adotar as providências nele previstas;
V - dirimir dúvidas a respeito da aplicação do Código de Conduta e deliberar sobre os casos omissos;
VI - colaborar, quando solicitado, com órgãos e entidades da administração federal, estadual e municipal, ou dos
Poderes Legislativo e Judiciário; e
VII - dar ampla divulgação ao Código de Conduta.

CAPÍTULO II
DA COMPOSIÇÃO

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Art. 3º A CEP é composta por seis membros designados pelo Presidente da República, com mandato de três
anos, podendo ser reconduzidos.

§ 1º Os membros da CEP não terão remuneração e os trabalhos por eles desenvolvidos são considerados
prestação de relevante serviço público.
§ 2º As despesas com viagens e estada dos membros da CEP serão custeadas pela Presidência da República,
quando relacionadas com suas atividades.

CAPÍTULO III
DO FUNCIONAMENTO

Art. 4º Os membros da CEP escolherão o seu presidente, que terá mandato de um ano, permitida a recondução.

Art. 5º As deliberações da CEP serão tomadas por voto da maioria de seus membros, cabendo ao presidente o
voto de qualidade.

Art. 6º A CEP terá um Secretário-Executivo, vinculado à Casa Civil da Presidência da República, que lhe prestará
apoio técnico e administrativo.

§ 1º O Secretário-Executivo submeterá anualmente à CEP plano de trabalho que contemple suas principais
atividades e proponha metas, indicadores e dimensione os recursos necessários.
§ 2º Nas reuniões ordinárias da CEP, o Secretário-Executivo prestará informações sobre o estágio de execução
das atividades contempladas no plano de trabalho e seus resultados, ainda que parciais.

Art. 7º As reuniões da CEP ocorrerão, em caráter ordinário, mensalmente, e, extraordinariamente, sempre que
necessário, por iniciativa de qualquer de seus membros.

§ 1º A pauta das reuniões da CEP será composta a partir de sugestões de qualquer de seus membros ou por
iniciativa do Secretário-Executivo, admitindo-se no início de cada reunião a inclusão de novos assuntos na pauta.
§ 2º Assuntos específicos e urgentes poderão ser objeto de deliberação mediante comunicação entre os membros
da CEP.

CAPÍTULO IV
DAS ATRIBUIÇÕES

Art. 8º Ao Presidente da CEP compete:

I - convocar e presidir as reuniões;


II - orientar os trabalhos da Comissão, ordenar os debates, iniciar e concluir as deliberações;
III - orientar e supervisionar os trabalhos da Secretaria-Executiva;
IV - tomar os votos e proclamar os resultados;

V - autorizar a presença nas reuniões de pessoas que, por si ou por entidades que representem, possam contribuir
para os trabalhos da CEP;
VI - proferir voto de qualidade;
VII - determinar o registro de seus atos enquanto membro da Comissão, inclusive reuniões com autoridades
submetidas ao Código de Conduta;
VIII - determinar ao Secretário-Executivo, ouvida a CEP, a instauração de processos de apuração de prática de
ato em desrespeito ao preceituado no Código de Conduta da Alta Administração Federal, a execução de
diligências e a expedição de comunicados à autoridade pública para que se manifeste na forma prevista no art.
12 deste Regimento; e
IX - decidir os casos de urgência, ad referendum da CEP.

Art. 9º Aos membros da CEP compete:

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

I - examinar as matérias que lhes forem submetidas, emitindo pareceres;


II - pedir vista de matéria em deliberação pela CEP;
III - solicitar informações a respeito de matérias sob exame da Comissão; e
IV - representar a CEP em atos públicos, por delegação de seu Presidente.

Art. 10. Ao Secretário-Executivo compete:

I - organizar a agenda das reuniões e assegurar o apoio logístico à CEP;


II - secretariar as reuniões;
III - proceder ao registro das reuniões e à elaboração de suas atas;
IV - dar apoio à CEP e aos seus integrantes no cumprimento das atividades que lhes sejam próprias;
V - instruir as matérias submetidas à deliberação;
VI - providenciar, previamente à instrução de matéria para deliberação pela CEP, nos casos em que houver
necessidade, parecer sobre a legalidade de ato a ser por ela baixado;
VII - desenvolver ou supervisionar a elaboração de estudos e pareceres como subsídios ao processo de tomada
de decisão da CEP;
VIII - solicitar às autoridades submetidas ao Código de Conduta informações e subsídios para instruir assunto
sob apreciação da CEP; e
IX - tomar as providências necessárias ao cumprimento do disposto nos arts. 8º, inciso VII, e 12 deste Regimento,
bem como outras determinadas pelo Presidente da Comissão, no exercício de suas atribuições.

CAPÍTULO V
DAS DELIBERAÇÕES

Art. 11. As deliberações da CEP relativas ao Código de Conduta compreenderão:

I - homologação das informações prestadas em cumprimento às obrigações nele previstas;


II - adoção de orientações complementares:

a) mediante resposta a consultas formuladas por autoridade a ele submetidas;


b) de ofício, em caráter geral ou particular, mediante comunicação às autoridades abrangidas, por meio de
resolução, ou, ainda, pela divulgação periódica de relação de perguntas e respostas aprovada pela CEP;

III - elaboração de sugestões ao Presidente da República de atos normativos complementares ao Código de


Conduta, além de propostas para sua eventual alteração;
IV - instauração de procedimento para apuração de ato que possa configurar descumprimento ao Código de
Conduta; e
V - adoção de uma das seguintes providências em caso de infração:

a) advertência, quando se tratar de autoridade no exercício do cargo;


b) censura ética, na hipótese de autoridade que já tiver deixado o cargo; e
c) encaminhamento de sugestão de exoneração à autoridade hierarquicamente superior, quando se tratar de
infração grave ou de reincidência.

CAPÍTULO VI
DAS NORMAS DE PROCEDIMENTO

Art. 12. O procedimento de apuração de infração ao Código de Conduta será instaurado pela CEP, de ofício ou
em razão de denúncia fundamentada, desde que haja indícios suficientes, observado o seguinte:

I - a autoridade será oficiada para manifestar-se por escrito no prazo de cinco dias;
II - o eventual denunciante, a própria autoridade pública, bem assim a CEP, de ofício, poderão produzir prova
documental;
III - a CEP poderá promover as diligências que considerar necessárias, assim como solicitar parecer de
especialista quando julgar imprescindível;

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

IV - concluídas as diligências mencionadas no inciso anterior, a CEP oficiará à autoridade para nova
manifestação, no prazo de três dias;
V - se a CEP concluir pela procedência da denúncia, adotará uma das providências previstas no inciso V do art.
11, com comunicação ao denunciado e ao seu superior hierárquico.

CAPÍTULO VII
DOS DEVERES E RESPONSABILIDADE DOS MEMBROS DA COMISSÃO

Art. 13. Os membros da CEP obrigam-se a apresentar e manter arquivadas na Secretaria-Executiva declarações
prestadas nos termos do art. 4o do Código de Conduta.

Art. 14. Eventuais conflitos de interesse, efetivos ou potenciais, que possam surgir em função do exercício das
atividades profissionais de membro da Comissão, deverão ser informados aos demais membros.
Parágrafo único. O membro da CEP que, em razão de sua atividade profissional, tiver relacionamento específico
em matéria que envolva autoridade submetida ao Código de Conduta da Alta Administração, deverá abster-se de
participar de deliberação que, de qualquer modo, a afete.

Art. 15. As matérias examinadas nas reuniões da CEP são consideradas de caráter sigiloso até sua deliberação
final, quando a Comissão deverá decidir sua forma de encaminhamento.

Art. 16. Os membros da CEP não poderão se manifestar publicamente sobre situação específica que possa vir
a ser objeto de deliberação formal do Colegiado.

Art. 17. Os membros da CEP deverão justificar eventual impossibilidade de comparecer às reuniões.

CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 18. O Presidente da CEP, em suas ausências, será substituído pelo membro mais antigo da Comissão.

Art. 19. Caberá à CEP dirimir qualquer dúvida relacionada a este Regimento Interno, bem como promover as
modificações que julgar necessárias.

Parágrafo único. Os casos omissos serão resolvidos pelo colegiado.

Art. 20. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.


João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente da Comissão

Resolução nº 05, 07 de junho de 2001


Aprova o modelo de Declaração Confidencial de Informações a ser apresentada por autoridade submetida ao
Código de Conduta da Alta Administração Federal, e dispõe sobre a atualização de informações patrimoniais para
os fins do art. 4o do Código de Conduta da Alta Administração Federal

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e
nos termos do art. 4o do Código de Conduta da Alta Administração Federal,

RESOLVE:

Art. 1o A autoridade pública nomeada para cargo abrangido pelo Código de Conduta da Alta Administração
Federal, aprovado pelo Presidente da República em 21 de agosto de 2000, encaminhará à Comissão de Ética

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Pública, no prazo de dez dias da data de nomeação, Declaração Confidencial de Informações - DCI, conforme
modelo anexo.

Art. 2o Estão obrigados à apresentação da DCI ministros, secretários de estado, titulares de cargos de natureza
especial, secretários executivos, secretários ou autoridade equivalentes ocupantes de cargos do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores - DAS, nível seis, presidentes e diretores de agências nacionais, autarquias, inclusive
as especiais, fundações mantidas pelo Poder Público, empresas públicas e sociedades de economia mista.

Art. 3o A autoridade pública comunicará à CEP, no mesmo prazo, quaisquer alterações relevantes nas
informações prestadas, podendo, para esse fim, apresentar nova DCI.

Art. 4o Dúvidas específicas relativas ao preenchimento da DCI, assim como sobre situação patrimonial que, real
ou potencialmente, possa suscitar conflito com o interesse público, serão submetidas à CEP e esclarecidas por
sua Secretaria Executiva.

João Geraldo Piquet Carneiro


Presidente da Comissão

Resolução nº 06, 25 de julho de 2001


Dá nova redação ao item III da Resolução nº 3, de 23 de novembro de 2000.

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso V,
do Decreto de 26 de maio de 1999, que a instituiu, adotou a seguinte

RESOLUÇÃO:

Art. 1º O item 3 da Resolução nº 3, de 23 de novembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:

" 3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de presente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá
adotar uma das seguintes providências:

I - ......................................................

II - promover a sua doação a entidade de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida como de utilidade
pública, desde que, tratando-se de bem não perecível, se comprometa a aplicar o bem ou o produto da sua
alienação em suas atividades fim; ou

III - determinar a incorporação ao patrimônio da entidade ou do órgão público onde exerce a função."

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.


João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente da Comissão

Resolução nº 07, 14 de fevereiro de 2002


Regula a participação de autoridade pública submetida ao Código de Conduta da Alta Administração Federal em
atividades de natureza político-eleitoral

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a
presente resolução interpretativa do Código de Conduta da Alta Administração Federal, no que se refere à
participação de autoridades públicas em eventos político-eleitorais.

Art. 1º A autoridade pública vinculada ao Código de Conduta da Alta Administração Federal (CCAAF) poderá
participar, na condição de cidadão-eleitor, de eventos de natureza político-eleitoral, tais como convenções e
reuniões de partidos políticos, comícios e manifestações públicas autorizadas em lei.

Art. 2º A atividade político-eleitoral da autoridade não poderá resultar em prejuízo do exercício da função pública,
nem implicar o uso de recursos, bens públicos de qualquer espécie ou de servidores a ela subordinados.

Art. 3º A autoridade deverá abster-se de:

I – se valer de viagens de trabalho para participar de eventos político-eleitorais;


II – expor publicamente divergências com outra autoridade administrativa federal ou criticar-lhe a honorabilidade
e o desempenho funcional (artigos 11 e 12, inciso I, do CCAAF);
III – exercer, formal ou informalmente, função de administrador de campanha eleitoral.

Art. 4º Nos eventos político-eleitorais de que participar, a autoridade não poderá fazer promessa, ainda que de
forma implícita, cujo cumprimento dependa do cargo público que esteja exercendo, tais como realização de obras,
liberação de recursos e nomeação para cargos ou empregos.

Art. 5º A autoridade, a partir do momento em que manifestar de forma pública a intenção de candidatar-se a
cargo eletivo, não poderá praticar ato de gestão do qual resulte privilégio para pessoa física ou entidade, pública
ou privada, situada em sua base eleitoral ou de seus familiares.

Art. 6º Para prevenir-se de situação que possa suscitar dúvidas quanto à sua conduta ética e ao cumprimento
das normas estabelecidas pelo CCAAF, a autoridade deverá consignar em agenda de trabalho de acesso público:

I – audiências concedidas, com informações sobre seus objetivos, participantes e resultados, as quais deverão
ser registradas por servidor do órgão ou entidade por ela designado para acompanhar a reunião;
II shy; eventos político-eleitorais de que participe, informando as condições de logística e financeiras da sua
participação.

Art. 7º Havendo possibilidade de conflito de interesse entre a atividade político-eleitoral e a função pública, a
autoridade deverá abster-se de participar daquela atividade ou requerer seu afastamento do cargo.

Art. 8º Em caso de dúvida, a autoridade poderá consultar a Comissão de Ética Pública.


Brasília, 14 de fevereiro de 2002
João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente da Comissão de Ética Pública

COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA

O Presidente da República aprovou recomendação no sentido de que se regule a participação de autoridades


submetidas ao Código de Conduta da Alta Administração Federal em atividades de natureza político-eleitoral.

A Resolução CEP Nº 7, publicada no Diário Oficial da União de 25.2.2002, é interpretativa das normas do Código
de Conduta da Alta Administração Federal e tem duplo objetivo. Primeiro, reconhecer o direito de qualquer
autoridade, na condição de cidadão-eleitor, de participar em atividades e eventos políticos e eleitorais; segundo,
mediante explicitação de normas de conduta, permitir que as autoridades exerçam esse direito a salvo de críticas,
desde que as cumpram adequadamente.

Para facilitar a compreensão do cumprimento das referidas normas, são prestados os esclarecimentos que
seguem.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Art. 1º
O dispositivo enfatiza o direito da autoridade de participar de eventos eleitorais, tais como convenções partidárias,
reuniões políticas e outras manifestações públicas que não contrariem a lei. O importante é que essa participação
se enquadre nos princípios éticos inerentes ao cargo ou função da autoridade.

Art. 2º
A norma reproduz dispositivo legal existente, aplicando-o de maneira específica à atividade político-eleitoral.
Assim, a autoridade pública, que pretenda ou não candidatar a cargo eletivo, não poderá exercer tal atividade em
prejuízo da função pública, como, por exemplo, durante o honorário normal de expediente ou em detrimento de
qualquer de suas obrigações funcionais.

Da mesma forma, não poderá utilizar bens e serviços públicos de qualquer espécie, assim como servidores a ela
subordinados. É o caso do uso de veículos, recursos de informática, serviços de reprodução ou de publicação de
documentos, material de escritório, entre outros. Especial atenção deve ser dada à vedação ao uso de
funcionários subordinados, dentro ou fora do expediente oficial, em atividades político-eleitorais de interesse da
autoridade. Cumpre esclarecer que esta norma não restringe a atividade político-eleitoral de interesse do próprio
funcionário, nos limites da lei.

Art. 3º, I
O dispositivo recomenda que a autoridade não se valha de viagem de trabalho para participar de eventos político-
eleitorais. Trata-se de norma de ordem prática, pois seria muito difícil exercer algum controle sobre a segregação
entre tais atividades e as inerentes ao cargo público.

Esta norma não impede que a autoridade que viajou por seus próprios meios para participar de evento político-
eleitoral cumpra outros compromissos inerentes ao seu cargo ou função.

Art. 3º, II
A autoridade não deve expor publicamente suas divergências com outra autoridade administrativa federal, ou
criticar-lhe a honorabilidade ou o desempenho funcional. Não se trata de censurar o direito de crítica, de modo
geral, mas de adequá-lo ao fato de que, afinal, a autoridade exerce um cargo de livre nomeação na administração
e está vinculada a deveres de fidelidade e confiança.

Art. 3º, III


A autoridade não poderá aceitar encargo de administrador de campanha eleitoral, diante da dificuldade de
compatibilizar essa atividade com suas atribuições funcionais. Não haverá restrição se a autoridade se licenciar
do cargo, sem vencimentos.

Art. 4º
É fundamental que a autoridade não faça promessa, de forma explícita ou implícita, cujo cumprimento dependa
do uso do cargo público, como realização de obras, liberação de recursos e nomeação para cargo ou emprego.
Essa restrição decorre da necessidade de se manter a dignidade da função pública e de se demonstrar respeito
à sociedade e ao eleitor.

Art. 5º
A lei já determina que a autoridade que pretenda se candidatar a cargo eletivo peça exoneração até seis meses
antes da respectiva eleição. Porém, se ela antes disso manifestar publicamente sua pretensão eleitoral, não
poderá mais praticar ato de gestão que resulte em algum tipo de privilégio para qualquer pessoa ou entidade que
esteja em sua base eleitoral. É importante enfatizar que se trata apenas de ato que gere privilégio, e não atos
normais de gestão.

Art. 6º
Durante o período pré-eleitoral, a autoridade deve tomar cautelas específicas para que seus contatos funcionais
com terceiros não se confundam com suas atividades político-eleitorais. A forma adequada é fazer-se

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

acompanhar de outro servidor em audiências, o qual fará o registro dos participantes e dos assuntos tratados na
agenda de trabalho da autoridade.

O mesmo procedimento de registro em agenda deve ser adotado com relação aos compromissos político-
eleitorais da autoridade. E, ambos os casos os registros são de acesso público, sendo recomendável também
que a agenda seja divulgada pela internet.

Art. 7º
Se por qualquer motivo se verificar a possibilidade de conflito de interesse entre a atividade político-eleitoral e a
função pública, a autoridade deverá escolher entre abster-se de participar daquela atividade ou requerer o seu
afastamento do cargo.

Art. 8º
A Comissão de Ética Pública esclarecerá as dúvidas que eventualmente surjam na efetiva aplicação das normas.

João Geral Piquet Carneiro – Presidente


Adhemar Palladini Ghisi
Celina Vargas do Amaral Peixoto
João Camilo Pena
Lourdes Sola
Miguel Reale Júnior

Resolução nº 08, 25 de setembro de 2003


Identifica situações que suscitam conflito de interesses e dispõe sobre o modo de preveni-los.

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com o objetivo de orientar as autoridades submetidas ao Código de Conduta
da Alta Administração Federal na identificação de situações que possam suscitar conflito de interesses, esclarece
o seguinte:

1. Suscita conflito de interesses o exercício de atividade que:

a) em razão da sua natureza, seja incompatível com as atribuições do cargo ou função pública da autoridade,
como tal considerada, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas ou matérias afins à competência funcional;

b) viole o princípio da integral dedicação pelo ocupante de cargo em comissão ou função de confiança, que exige
a precedência das atribuições do cargo ou função pública sobre quaisquer outras atividades;

c) implique a prestação de serviços a pessoa física ou jurídica ou a manutenção de vínculo de negócio com
pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão individual ou coletiva da autoridade;

d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de informação à qual a autoridade tenha acesso em razão do cargo
e não seja de conhecimento público;

e) possa transmitir à opinião pública dúvida a respeito da integridade, moralidade, clareza de posições e decoro
da autoridade.

2. A ocorrência de conflito de interesses independe do recebimento de qualquer ganho ou retribuição pela


autoridade.

3. A autoridade poderá prevenir a ocorrência de conflito de interesses ao adotar, conforme o caso, uma ou mais
das seguintes providências:

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

a) abrir mão da atividade ou licenciar-se do cargo, enquanto perdurar a situação passível de suscitar conflito de
interesses;

b) alienar bens e direitos que integram o seu patrimônio e cuja manutenção possa suscitar conflito de interesses;

c) transferir a administração dos bens e direitos que possam suscitar conflito de interesses a instituição financeira
ou a administradora de carteira de valores mobiliários autorizada a funcionar pelo Banco Central ou pela
Comissão de Valores Mobiliários, conforme o caso, mediante instrumento contratual que contenha cláusula que
vede a participação da autoridade em qualquer decisão de investimento assim como o seu prévio conhecimento
de decisões da instituição administradora quanto à gestão dos bens e direitos;

d) na hipótese de conflito de interesses específico e transitório, comunicar sua ocorrência ao superior hierárquico
ou aos demais membros de órgão colegiado de que faça parte a autoridade, em se tratando de decisão coletiva,
abstendo-se de votar ou participar da discussão do assunto;

e) divulgar publicamente sua agenda de compromissos, com identificação das atividades que não sejam
decorrência do cargo ou função pública.

4. A Comissão de Ética Pública deverá ser informada pela autoridade e opinará, em cada caso concreto, sobre a
suficiência da medida adotada para prevenir situação que possa suscitar conflito de interesses.

5. A participação de autoridade em conselhos de administração e fiscal de empresa privada, da qual a União seja
acionista, somente será permitida quando resultar de indicação institucional da autoridade pública competente.
Nestes casos, é-lhe vedado participar de deliberação que possa suscitar conflito de interesses com o Poder
Público.

6. No trabalho voluntário em organizações do terceiro setor, sem finalidade de lucro, também deverá ser
observado o disposto nesta Resolução.

7. As consultas dirigidas à Comissão de Ética Pública deverão estar acompanhadas dos elementos pertinentes
à legalidade da situação exposta.

Brasília, 25 de setembro de 2003


João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente

Resolução nº 9, de 20 de maio de 2005


O PRESIDENTE DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto
no art. 2o, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão de Ética Pública, e nos termos do
art. 4o do Código de Conduta da Alta Administração Federal,

RESOLVE:

Art. 1º Fica aprovado o modelo anexo da Declaração Confidencial de Informações de que trata a Resolução nº
5, de 7 de junho de 2001.

Art. 2º A autoridade ocupante de cargo público vinculado ao Código de Conduta da Alta Administração Federal
deverá apresentar a Declaração Confidencial de Informações, devidamente preenchida:
I - pela primeira vez, até dez dias após a posse; e
II - sempre que ocorrer alteração relevante nas informações prestadas, até trinta dias da ocorrência.

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Fica revogado o Anexo à Resolução nº 5, de 7 de junho de 2001.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

FERNANDO NEVES DA SILVA


Presidente da Comissão de Ética Pública

Resolução nº 10, de 29 de setembro de 2008


A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições conferidas pelo art. 1º do Decreto de 26 de maio
de 1999 e pelos arts. 1º, inciso III, e 4º, inciso IV, do Decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007, nos termos
dos Decretos nos 1.171, de 22 de junho de 1994, Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002 e tendo em vista
a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999,

RESOLVE

Art. 1º Ficam aprovadas, na forma desta Resolução, as normas de funcionamento e de rito processual,
delimitando competências, atribuições, procedimentos e outras providências no âmbito das Comissões de Ética
instituídas pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, com as alterações estabelecidas pelo Decreto nº 6.029,
de 1º de fevereiro de 2007.

CAPÍTULO I
DAS COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES

Art. 2º Compete às Comissões de Ética:


I - atuar como instância consultiva do dirigente máximo e dos respectivos servidores de órgão ou de entidade
federal;
II - aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo
Decreto nº 1.171, de 1994, devendo:
a) submeter à Comissão de Ética Pública - CEP propostas de aperfeiçoamento do Código de Ética Profissional;
b) apurar, de ofício ou mediante denúncia, fato ou conduta em desacordo com as normas éticas pertinentes;
c) recomendar, acompanhar e avaliar o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação, capacitação e
treinamento sobre as normas de ética e disciplina;
III - representar o órgão ou a entidade na Rede de Ética do Poder Executivo Federal a que se refere o art. 9º do
Decreto nº 6.029, de 2007;
IV - supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta Administração Federal e comunicar à CEP
situações que possam configurar descumprimento de suas normas;
V - aplicar o código de ética ou de conduta próprio, se couber;
VI - orientar e aconselhar sobre a conduta ética do servidor, inclusive no relacionamento com o cidadão e no
resguardo do patrimônio público;
VII - responder consultas que lhes forem dirigidas;
VIII - receber denúncias e representações contra servidores por suposto descumprimento às normas éticas,
procedendo à apuração;
IX - instaurar processo para apuração de fato ou conduta que possa configurar descumprimento ao padrão ético
recomendado aos agentes públicos;
X - convocar servidor e convidar outras pessoas a prestar informação;
XI - requisitar às partes, aos agentes públicos e aos órgãos e entidades federais informações e documentos
necessários à instrução de expedientes;
XII - requerer informações e documentos necessários à instrução de expedientes a agentes públicos e a órgãos
e entidades de outros entes da federação ou de outros Poderes da República;
XIII - realizar diligências e solicitar pareceres de especialistas;
XIV - esclarecer e julgar comportamentos com indícios de desvios éticos;
XV - aplicar a penalidade de censura ética ao servidor e encaminhar cópia do ato à unidade de gestão de pessoal,
podendo também:
a) sugerir ao dirigente máximo a exoneração de ocupante de cargo ou função de confiança;
b) sugerir ao dirigente máximo o retorno do servidor ao órgão ou entidade de origem;

59
Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

c) sugerir ao dirigente máximo a remessa de expediente ao setor competente para exame de eventuais
transgressões de naturezas diversas;
d) adotar outras medidas para evitar ou sanar desvios éticos, lavrando, se for o caso, o Acordo de Conduta
Pessoal e Profissional - ACPP;
XVI - arquivar os processos ou remetê-los ao órgão competente quando, respectivamente, não seja comprovado
o desvio ético ou configurada infração cuja apuração seja da competência de órgão distinto;
XVII - notificar as partes sobre suas decisões;
XVIII - submeter ao dirigente máximo do órgão ou entidade sugestões de aprimoramento ao código de conduta
ética da instituição;
XIX - dirimir dúvidas a respeito da interpretação das normas de conduta ética e deliberar sobre os casos omissos,
observando as normas e orientações da CEP;
XX - elaborar e propor alterações ao código de ética ou de conduta próprio e ao regimento interno da respectiva
Comissão de Ética;
XXI - dar ampla divulgação ao regramento ético;
XXII - dar publicidade de seus atos, observada a restrição do art. 14 desta Resolução;
XXIII - requisitar agente público para prestar serviços transitórios técnicos ou administrativos à Comissão de Ética,
mediante prévia autorização do dirigente máximo do órgão ou entidade;
XXIV - elaborar e executar o plano de trabalho de gestão da ética; e
XXV - indicar por meio de ato interno, representantes locais da Comissão de Ética, que serão designados pelos
dirigentes máximos dos órgãos ou entidades, para contribuir nos trabalhos de educação e de comunicação.

CAPÍTULO II
DA COMPOSIÇÃO

Art. 3º A Comissão de Ética do órgão ou entidade será composta por três membros titulares e respectivos
suplentes, servidores públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do seu quadro permanente, designados
por ato do dirigente máximo do correspondente órgão ou entidade.

§ 1º Não havendo servidores públicos no órgão ou na entidade em número suficiente para instituir a Comissão
de Ética, poderão ser escolhidos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do quadro
permanente da Administração Pública.

§ 2º A atuação na Comissão de Ética é considerada prestação de relevante serviço público e não enseja qualquer
remuneração, devendo ser registrada nos assentamentos funcionais do servidor.

§ 3º O dirigente máximo de órgão ou entidade não poderá ser membro da Comissão de Ética.

§ 4º O Presidente da Comissão será substituído pelo membro mais antigo, em caso de impedimento ou vacância.

§ 5º No caso de vacância, o cargo de Presidente da Comissão será preenchido mediante nova escolha efetuada
pelos seus membros.

§ 6º Na ausência de membro titular, o respectivo suplente deve imediatamente assumir suas atribuições.

§ 7º Cessará a investidura de membros das Comissões de Ética com a extinção do mandato, a renúncia ou por
desvio disciplinar ou ético reconhecido pela Comissão de Ética Pública.

Art. 4º A Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Executiva, que terá como finalidade contribuir para a
elaboração e o cumprimento do plano de trabalho da gestão da ética e prover apoio técnico e material necessário
ao cumprimento das atribuições.

§ 1º O encargo de secretário-executivo recairá em detentor de cargo efetivo ou emprego permanente na


administração pública, indicado pelos membros da Comissão de Ética e designado pelo dirigente máximo do
órgão ou da entidade.

§ 2º Fica vedado ao Secretário-Executivo ser membro da Comissão de Ética.

60
Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

§ 3º A Comissão de Ética poderá designar representantes locais que auxiliarão nos trabalhos de educação e de
comunicação.

§ 4º Outros servidores do órgão ou da entidade poderão ser requisitados, em caráter transitório, para realização
de atividades administrativas junto à Secretaria-Executiva.

CAPÍTULO III
DO FUNCIONAMENTO

Art. 5º As deliberações da Comissão de Ética serão tomadas por votos da maioria de seus membros.

Art. 6º As Comissões de Ética se reunirão ordinariamente pelo menos uma vez por mês e, em caráter
extraordinário por iniciativa do Presidente, dos seus membros ou do Secretário-Executivo.

Art. 7º A pauta das reuniões da Comissão de Ética será composta a partir de sugestões do presidente, dos
membros ou do Secretário-Executivo, sendo admitida a inclusão de novos assuntos no início da reunião.

CAPÍTULO IV
DAS ATRIBUIÇÕES

Art. 8º Compete ao presidente da Comissão de Ética:


I - convocar e presidir as reuniões;
II - determinar a instauração de processos para a apuração de prática contrária ao código de ética ou de conduta
do órgão ou entidade, bem como as diligências e convocações;
III - designar relator para os processos;
IV - orientar os trabalhos da Comissão de Ética, ordenar os debates e concluir as deliberações;
V - tomar os votos, proferindo voto de qualidade, e proclamar os resultados; e
VI - delegar competências para tarefas específicas aos demais integrantes da Comissão de Ética.

Parágrafo único. O voto de qualidade de que trata o inciso V somente será adotado em caso de desempate.

Art. 9º Compete aos membros da Comissão de Ética:


I - examinar matérias, emitindo parecer e voto;
II - pedir vista de matéria em deliberação;
III - fazer relatórios; e
IV - solicitar informações a respeito de matérias sob exame da Comissão de Ética.

Art. 10. Compete ao Secretário-Executivo:


I - organizar a agenda e a pauta das reuniões;
II - proceder ao registro das reuniões e à elaboração de suas atas;
III - instruir as matérias submetidas à deliberação da Comissão de Ética;
IV - desenvolver ou supervisionar a elaboração de estudos e subsídios ao processo de tomada de decisão da
Comissão de Ética;
V - coordenar o trabalho da Secretaria-Executiva, bem como dos representantes locais;
VI - fornecer apoio técnico e administrativo à Comissão de Ética;
VII - executar e dar publicidade aos atos de competência da Secretaria-Executiva;
VIII - coordenar o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação, capacitação e treinamento sobre ética
no órgão ou entidade; e
IX - executar outras atividades determinadas pela Comissão de Ética.

§ 1º Compete aos demais integrantes da Secretaria-Executiva fornecer o suporte administrativo necessário ao


desenvolvimento ou exercício de suas funções.

§ 2º Aos representantes locais compete contribuir com as atividades de educação e de comunicação.

61
Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

CAPÍTULO V
DOS MANDATOS

Art. 11. Os membros da Comissão de Ética cumprirão mandatos, não coincidentes, de três anos, permitida uma
única recondução.

§ 1º Os mandatos dos primeiros membros e dos respectivos suplentes serão de um, dois e três anos,
estabelecidos em portaria designatória.

§ 2º Poderá ser reconduzido uma única vez ao cargo de membro da Comissão de ética o servidor público que for
designado para cumprir o mandato complementar, caso o mesmo tenha se iniciado antes do transcurso da
metade do período estabelecido no mandato originário.
§ 3º Na hipótese de o mandato complementar ser exercido após o transcurso da metade do período estabelecido
no mandato originário, o membro da Comissão de Ética que o exercer poderá ser conduzido imediatamente ao
posterior mandato regular de 3 (três) anos, permitindo-lhe uma única recondução ao mandado regular.

CAPÍTULO VI
DAS NORMAS GERAIS DO PROCEDIMENTO

Art. 12. As fases processuais no âmbito das Comissões de Ética serão as seguintes:
I - Procedimento Preliminar, compreendendo:
a) juízo de admissibilidade;
b) instauração;
c) provas documentais e, excepcionalmente, manifestação do investigado e realização de diligências urgentes e
necessárias;
d) relatório;
e) proposta de ACPP;
f) decisão preliminar determinando o arquivamento ou a conversão em Processo de Apuração Ética;
II - Processo de Apuração Ética, subdividindo-se em:
a) instauração;
b) instrução complementar, compreendendo:
1. a realização de diligências;
2. a manifestação do investigado; e
3. a produção de provas;
c) relatório; e
d) deliberação e decisão, que declarará improcedência, conterá sanção, recomendação a ser aplicada ou proposta
de ACPP.

Art. 13. A apuração de infração ética será formalizada por procedimento preliminar, que deverá observar as
regras de autuação, compreendendo numeração, rubrica da paginação, juntada de documentos em ordem
cronológica e demais atos de expediente administrativo.

Art. 14. Até a conclusão final, todos os expedientes de apuração de infração ética terão a chancela de
“reservado”, nos termos do Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro 2002, após, estarão acessíveis aos interessados
conforme disposto na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999.

Art. 15. Ao denunciado é assegurado o direito de conhecer o teor da acusação e ter vista dos autos no recinto
da Comissão de Ética, bem como de obter cópias de documentos.

Parágrafo único. As cópias deverão ser solicitadas formalmente à Comissão de Ética.

Art. 16. As Comissões de Ética, sempre que constatarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de
improbidade administrativa ou de infração disciplinar, encaminhará cópia dos autos às autoridades competentes
para apuração de tais fatos, sem prejuízo da adoção das demais medidas de sua competência.

62
Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Art. 17. A decisão final sobre investigação de conduta ética que resultar em sanção, em recomendação ou em
Acordo de Conduta Pessoal e Profissional será resumida e publicada em ementa, com a omissão dos nomes dos
envolvidos e de quaisquer outros dados que permitam a identificação.

Parágrafo único. A decisão final contendo nome e identificação do agente público deverá ser remetida à
Comissão de Ética Pública para formação de banco de dados de sanções, para fins de consulta pelos órgãos ou
entidades da administração pública federal, em casos de nomeação para cargo em comissão ou de alta relevância
pública.

Art. 18. Os setores competentes do órgão ou entidade darão tratamento prioritário às solicitações de documentos
e informações necessárias à instrução dos procedimentos de investigação instaurados pela Comissão de Ética,
conforme determina o Decreto nº 6.029, de 2007.

§ 1º A inobservância da prioridade determinada neste artigo implicará a responsabilidade de quem lhe der causa.

§ 2º No âmbito do órgão ou da entidade e em relação aos respectivos agentes públicos a Comissão de Ética terá
acesso a todos os documentos necessários aos trabalhos, dando tratamento específico àqueles protegidos por
sigilo legal.

CAPÍTULO VII
DO RITO PROCESSUAL

Art. 19. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de direito privado, associação ou entidade de classe
poderá provocar a atuação da Comissão de Ética, visando a apuração de transgressão ética imputada ao agente
público ou ocorrida em setores competentes do órgão ou entidade federal.

Parágrafo único. Entende-se por agente público todo aquele que por força de lei, contrato ou qualquer ato
jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuição
financeira, a órgão ou entidade da Administração Pública Federal direta e indireta.

Art. 20. O Procedimento Preliminar para apuração de conduta que, em tese, configure infração ao padrão ético
será instaurado pela Comissão de Ética, de ofício ou mediante representação ou denúncia formulada por
quaisquer das pessoas mencionadas no caput do art. 19.

§ 1º A instauração, de ofício, de expediente de investigação deve ser fundamentada pelos integrantes da


Comissão de Ética e apoiada em notícia pública de conduta ou em indícios capazes de lhe dar sustentação.

§ 2º Se houver indícios de que a conduta configure, a um só tempo, falta ética e infração de outra natureza,
inclusive disciplinar, a cópia dos autos deverá ser encaminhada imediatamente ao órgão competente.

§ 3º Na hipótese prevista no § 2º, o denunciado deverá ser notificado sobre a remessa do expediente ao órgão
competente.

§ 4º Havendo dúvida quanto ao enquadramento da conduta, se desvio ético, infração disciplinar, ato de
improbidade, crime de responsabilidade ou infração de natureza diversa, a Comissão de Ética, em caráter
excepcional, poderá solicitar parecer reservado junto à unidade responsável pelo assessoramento jurídico do
órgão ou da entidade.

Art. 21. A representação, a denúncia ou qualquer outra demanda deve conter os seguintes requisitos:
I - descrição da conduta;
II - indicação da autoria, caso seja possível; e
III - apresentação dos elementos de prova ou indicação de onde podem ser encontrados.

63
Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Parágrafo único. Quando o autor da demanda não se identificar, a Comissão de Ética poderá acolher os fatos
narrados para fins de instauração, de ofício, de procedimento investigatório, desde que contenha indícios
suficientes da ocorrência da infração ou, em caso contrário, determinar o arquivamento sumário.

Art. 22. A representação, denúncia ou qualquer outra demanda será dirigida à Comissão de Ética, podendo ser
protocolada diretamente na sede da Comissão ou encaminhadas pela via postal, correio eletrônico ou fax.

§ 1º A Comissão de Ética expedirá comunicação oficial divulgando os endereços físico e eletrônico para
atendimento e apresentação de demandas.

§ 2º Caso a pessoa interessada em denunciar ou representar compareça perante a Comissão de Ética, esta
poderá reduzir a termo as declarações e colher a assinatura do denunciante, bem como receber eventuais provas.

§ 3º Será assegurada ao denunciante a comprovação do recebimento da denúncia ou representação por ele


encaminhada.

Art. 23. Oferecida a representação ou denúncia, a Comissão de Ética deliberará sobre sua admissibilidade,
verificando o cumprimento dos requisitos previstos nos incisos do art. 21.

§ 1º A Comissão de Ética poderá determinar a colheita de informações complementares ou de outros elementos


de prova que julgar necessários.

§ 2º A Comissão de Ética, mediante decisão fundamentada, arquivará representação ou denúncia


manifestamente improcedente, cientificando o denunciante.

§ 3º É facultado ao denunciado a interposição de pedido de reconsideração dirigido à própria Comissão de Ética,


no prazo de dez dias, contados da ciência da decisão, com a competente fundamentação.

§ 4º A juízo da Comissão de Ética e mediante consentimento do denunciado, poderá ser lavrado Acordo de
Conduta Pessoal e Profissional.

§ 5º Lavrado o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional, o Procedimento Preliminar será sobrestado, por até
dois anos, a critério da Comissão de Ética, conforme o caso.

§ 6º Se, até o final do prazo de sobrestamento, o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for cumprido, será
determinado o arquivamento do feito.

§ 7º Se o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for descumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao
feito, convertendo o Procedimento Preliminar em Processo de Apuração Ética.

§ 8º Não será objeto de Acordo de Conduta Pessoal e Profissional o descumprimento ao disposto no inciso XV
do Anexo ao Decreto nº 1.171, de 1994.

Art. 24. Ao final do Procedimento Preliminar, será proferida decisão pela Comissão de Ética do órgão ou entidade
determinando o arquivamento ou sua conversão em Processo de Apuração Ética.

Art. 25. Instaurado o Processo de Apuração Ética, a Comissão de Ética notificará o investigado para, no prazo
de dez dias, apresentar defesa prévia, por escrito, listando eventuais testemunhas, até o número de quatro, e
apresentando ou indicando as provas que pretende produzir.

Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá ser prorrogado por igual período, a juízo da Comissão de
Ética, mediante requerimento justificado do investigado.

Art. 26. O pedido de inquirição de testemunhas deverá ser justificado.


§ 1º Será indeferido o pedido de inquirição, quando:

64
Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

I - formulado em desacordo com este artigo;


II - o fato já estiver suficientemente provado por documento ou confissão do investigado ou quaisquer outros
meios de prova compatíveis com o rito descrito nesta Resolução; ou
III - o fato não possa ser provado por testemunha.

§ 2º As testemunhas poderão ser substituídas desde que o investigado formalize pedido à Comissão de Ética em
tempo hábil e em momento anterior à audiência de inquirição.

Art. 27. O pedido de prova pericial deverá ser justificado, sendo lícito à Comissão de Ética indeferi-lo nas
seguintes hipóteses:
I - a comprovação do fato não depender de conhecimento especial de perito; ou
II - revelar-se meramente protelatório ou de nenhum interesse para o esclarecimento do fato.

Art. 28. Na hipótese de o investigado não requerer a produção de outras provas, além dos documentos
apresentados com a defesa prévia, a Comissão de Ética, salvo se entender necessária a inquirição de
testemunhas, a realização de diligências ou de exame pericial, elaborará o relatório.

Parágrafo único. Na hipótese de o investigado, comprovadamente notificado ou citado por edital público, não se
apresentar, nem enviar procurador legalmente constituído para exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa,
a Comissão de Ética designará um defensor dativo preferencialmente escolhido dentre os servidores do quadro
permanente para acompanhar o processo, sendo-lhe vedada conduta contrária aos interesses do investigado.

Art. 29. Concluída a instrução processual e elaborado o relatório, o investigado será notificado para apresentar
as alegações finais no prazo de dez dias.

Art. 30. Apresentadas ou não as alegações finais, a Comissão de Ética proferirá decisão.

§ 1º Se a conclusão for pela culpabilidade do investigado, a Comissão de Ética poderá aplicar a penalidade de
censura ética prevista no Decreto nº 1.171, de 1994, e, cumulativamente, fazer recomendações, bem como lavrar
o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional, sem prejuízo de outras medidas a seu cargo.

§ 2º Caso o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional seja descumprido, a Comissão de Ética dará seguimento
ao Processo de Apuração Ética.

§ 3º É facultada ao investigado pedir a reconsideração acompanhada de fundamentação à própria Comissão de


Ética, no prazo de dez dias, contado da ciência da respectiva decisão.

Art. 31. Cópia da decisão definitiva que resultar em penalidade a detentor de cargo efetivo ou de emprego
permanente na Administração Pública, bem como a ocupante de cargo em comissão ou função de confiança,
será encaminhada à unidade de gestão de pessoal, para constar dos assentamentos do agente público, para fins
exclusivamente éticos.

§ 1º O registro referido neste artigo será cancelado após o decurso do prazo de três anos de efetivo exercício,
contados da data em que a decisão se tornou definitiva, desde que o servidor, nesse período, não tenha praticado
nova infração ética.

§ 2º Em se tratando de prestador de serviços sem vínculo direto ou formal com o órgão ou entidade, a cópia da
decisão definitiva deverá ser remetida ao dirigente máximo, a quem competirá a adoção das providências
cabíveis.

§ 3º Em relação aos agentes públicos listados no § 2º, a Comissão de Ética expedirá decisão definitiva elencando
as condutas infracionais, eximindo-se de aplicar ou de propor penalidades, recomendações ou Acordo de
Conduta Pessoal e Profissional.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

CAPÍTULO VIII
DOS DEVERES E RESPONSABILIDADES DOS INTEGRANTES DA COMISSÃO

Art. 32. São princípios fundamentais no trabalho desenvolvido pelos membros da Comissão de Ética:
I - preservar a honra e a imagem da pessoa investigada;
II - proteger a identidade do denunciante;
III - atuar de forma independente e imparcial;
IV - comparecer às reuniões da Comissão de Ética, justificando ao presidente da Comissão, por escrito, eventuais
ausências e afastamentos;
V - em eventual ausência ou afastamento, instruir o substituto sobre os trabalhos em curso;
VI - declarar aos demais membros o impedimento ou a suspeição nos trabalhos da Comissão de Ética; e
VII - eximir-se de atuar em procedimento no qual tenha sido identificado seu impedimento ou suspeição.

Art. 33. Dá-se o impedimento do membro da Comissão de Ética quando:


I - tenha interesse direto ou indireto no feito;
II - tenha participado ou venha a participar, em outro processo administrativo ou judicial, como perito, testemunha
ou representante legal do denunciante, denunciado ou investigado, ou de seus respectivos cônjuges,
companheiros ou parentes até o terceiro grau;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o denunciante, denunciado ou investigado, ou com os
respectivos cônjuges, companheiros ou parentes até o terceiro grau; ou
IV - for seu cônjuge, companheiro ou parente até o terceiro grau o denunciante, denunciado ou investigado.

Art. 34. Ocorre a suspeição do membro quando:


I - for amigo íntimo ou notório desafeto do denunciante, denunciado ou investigado, ou de seus respectivos
cônjuges, companheiros ou parentes até o terceiro grau; ou
II - for credor ou devedor do denunciante, denunciado ou investigado, ou de seus respectivos cônjuges,
companheiros ou parentes até o terceiro grau.

CAPÍTULO IX
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 35. As situações omissas serão resolvidas por deliberação da Comissão de Ética, de acordo com o previsto
no Código de Ética próprio, no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal,
no Código de Conduta da Alta Administração Federal, bem como em outros atos normativos pertinentes.

Art. 36. O Regimento Interno de cada Comissão de Ética poderá estabelecer normas complementares a esta
Resolução.

Art. 37. Fica estabelecido o prazo de seis meses para que as Comissões de Ética dos órgãos e entidades do
Poder Executivo Federal possam se adequar ao disposto nesta Resolução.

Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá ser prorrogado, mediante envio de justificativas, nos trinta
dias que antecedem o termo final, para apreciação e autorização da Comissão de Ética Pública.

Art. 38. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.


JOSÉ PAULO SEPÚLVEDA PERTENCE
Presidente da Comissão de Ética Pública

Coletânea de Exercícios I
Gabarito: no final da Coletânea de exercícios

66
Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Ética tem origem no grego ethos, que significa modo de ser. A palavra moral vem do latim mos ou mores,
ou seja, costume ou costumes. A primeira é uma ciência sobre o comportamento moral dos homens em
sociedade e está relacionada à Filosofia. Sua função é a mesma de qualquer teoria: explicar, esclarecer ou
investigar determinada realidade, elaborando os conceitos correspondentes. A segunda, como define o
filósofo Vázquez, expressa “um conjunto de normas, aceitas livre e conscientemente, que regulam o
comportamento individual dos homens”.
Ao campo da ética, diferente do da moral, não cabe formular juízo valorativo, mas, sim, explicar as razões
da existência de determinada realidade e proporcionar a reflexão acerca dela. A moral é normativa e se
manifesta concretamente nas diferentes sociedades como resposta a necessidades sociais; sua função
consiste em regulamentar as relações entre os indivíduos e entre estes e a comunidade, contribuindo para
a estabilidade da ordem social.
A partir do texto acima, julgue os itens a seguir.

01) Infere-se do texto que ética, definida como “uma ciência sobre o comportamento moral dos homens em
sociedade”, corresponde a um conceito mais abrangente e abstrato que o de moral.

02) Compete à moral, como conjunto de normas reguladoras de comportamentos, chegar, por meio de
investigações científicas, à explicação de determinadas realidades sociais.

03) A distinção fundamental entre ética e moral decorre de explicação etimológica.

No último dia 12 de outubro, dia das crianças, voluntários da FENAE (Federação Nacional das Associações
do Pessoal da CAIXA) e da ONG Moradia e Cidadania uniram-se para levar alegria e solidariedade a uma
comunidade de catadores de papel: cerca de 40 crianças e 50 adultos que moram precariamente em um
terreno próximo ao metrô, sem água, luz ou qualquer infraestrutura. Mesmo com todas as dificuldades,
são pessoas que estão se organizando e, em breve, graças à sua força de vontade e à ajuda de voluntários,
criarão uma cooperativa de catadores de material reciclável, que contribuirá para a inserção social dessas
pessoas.
Com base nas afirmativas do segundo parágrafo do texto “Ética e moral” e considerando a notícia
reproduzida acima, julgue os itens subsequentes.

04) Pelo foco da ética, o comportamento dos voluntários da FENAE e da ONG Moradia e Cidadania é considerado
louvável e relevante.

05) Depreende-se que deve haver um comprometimento moral que impulsiona as pessoas da comunidade carente
citada na notícia a se organizarem em um sistema de cooperativa, a fim de contribuírem para a inserção social de
todos.
“Portanto, nem por natureza nem contrariamente à natureza a virtude moral é engendrada em nós, mas a
natureza nos dá a capacidade de recebê-la, e esta capacidade se aperfeiçoa com o hábito”.
Aristóteles. Ética a Nicômacos. Brasília: Editora da UnB, 2001.
Com base na citação de Aristóteles acima, é correto afirmar que:

06) O ser humano é mau ou bom por natureza.

07) A virtude moral não é algo inato ao ser humano.

Julgue os itens a seguir, relativos a noções e conceitos de ética.

08) A ética ocupa-se basicamente de questões subjetivas, abstratas e essencialmente de interesse particular do
indivíduo.

09) Uma ética deontológica é aquela construída sobre o princípio do dever.

Julgue os itens a seguir de acordo com o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil o Poder
Executivo federal.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

10) O servidor deve comportar-se com base na conduta ética, ainda que essa conduta venha a violar dispositivo
legal.

11) Os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia do servidor em sua vida privada poderão acrescer ou
diminuir o seu bom conceito na vida funcional, podendo caracterizar, inclusive, violação ao Código de Ética, o que
será passível de censura.

Os fundamentos da ética estão na consciência do ser humano, de maneira a se construir a dignidade de


cada pessoa. Com relação à ética no serviço público, julgue os itens a seguir.

12) É vedado ao servidor, no exercício da função pública, alterar o teor de documentos que deva encaminhar,
mesmo que eles possam trazer prejuízos a terceiros.

13) O servidor deve omitir a verdade a outra pessoa quando estiver em jogo interesse da administração pública.

14) Atrasos na prestação de serviços não caracterizam dano moral aos usuários.

No que se refere ao Código de Ética Profissional do Servidor Público Federal, julgue os seguintes itens.

15) O uso de vestimentas adequadas ao exercício da função pública é assunto que dispensa determinações pelo
referido código de ética.

16) Com o intuito de fortalecer a consciência ética dos membros da organização, as comissões de ética podem
divulgar, nos respectivos órgãos, decisões sobre a análise de qualquer fato ou ato submetido à sua apreciação,
desde que omitidos os nomes dos interessados e envolvidos.

17) Consiste em censura a pena aplicável ao servidor público pela comissão de ética, que pode, ainda, dada a
eventual gravidade da conduta do servidor ou sua reincidência, encaminhar o expediente à comissão permanente
de processo disciplinar do órgão, quando existir, e, cumulativamente, se for o caso, à entidade em que, por
exercício profissional, o servidor público esteja inscrito, para as providências disciplinares cabíveis.

18) Os empregados das sociedades de economia mista não estão subordinados ao disposto no Decreto nº
1.171/1994, para fins de apuração de seu comprometimento ético.

19) Na gestão pública, é imprescindível o respeito à individualidade do outro.

20) vedado ao servidor público receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação
ou vantagem de qualquer espécie, para o cumprimento da sua missão ou para, com a mesma finalidade, influenciar
outro servidor.

21) Ao servidor da PRF cabe preservar a identidade institucional do DPRF; para tanto, o servidor não pode utilizar
o nome, as marcas e os símbolos da Agência sem estar devidamente autorizado para isso.

Com relação ao Código de Ética Profissional do Servidor Público, julgue os itens que se seguem.

22) A comissão de ética não pode se eximir de fundamentar o julgamento da falta de ética do servidor público
concursado, mas, não tendo como fazê-lo no caso do prestador de serviços contratado, cabe a ela, em tais
circunstâncias, alegar a inexistência de previsão dessa situação no código.

23) De acordo com o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, é
vedado ao servidor público:
I. retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, bem pertencente ao patrimônio público.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

II. efetuar determinado investimento que, em face de informação obtida em razão do cargo e ainda não divulgada
publicamente, sabe que será altamente lucrativo.
III. participar de organização que atente contra a dignidade da pessoa humana.
IV. representar contra o seu superior hierárquico, perante a Comissão de Ética.
V. nomear, para exercer um cargo público, parente aprovado em concurso público para esse mesmo cargo.
Estão corretas:
A) as afirmativas I, II, III, IV e V.
B) apenas as afirmativas I, II, III e IV.
C) apenas as afirmativas I, II, III e V.
D) apenas as afirmativas II, III, IV e V.
E) apenas as afirmativas I, II e III.

24) Para os fins do Código de Conduta do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, entende-se
por servidor público:
I. os servidores públicos titulares de cargo efetivo.
II. os titulares de cargo em comissão.
III. os empregados de sociedades de economia mista.
IV. os que, temporariamente, prestam serviços à Administração Pública Federal, desde que mediante retribuição
financeira.
Estão corretos os itens:
A) I, II, III e IV
B) II, III e IV
C) I, III e IV
D) I, II e IV
E) I, II e III

25) As decisões das comissões de ética previstas no Código de Conduta do Servidor Público Civil do
Poder Executivo Federal
I. devem ter ampla divulgação, inclusive com o nome do servidor infrator, para que sirvam de exemplo e medida
educativa.
II. devem ser resumidas em ementas, omitindo-se os nomes dos interessados.
III. devem ser encaminhadas, se for o caso, à entidade fiscalizadora do exercício profissional na qual o servidor
público infrator estiver inscrito.
IV. quando resumidas em ementas, devem ser encaminhadas às demais comissões de ética.
Estão corretos os itens:
A) I, II e III
B) II, III e IV
C) I, III e IV
D) I, II e IV
E) I, II, III e IV

26) As comissões de ética previstas no Código de Conduta do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal
A) não podem instaurar, de ofício, processo destinado a apurar infração de natureza ética, cometida por servidor
do órgão ou entidade a que pertençam.
B) podem conhecer de representação, formulada por entidade associativa regularmente constituída, contra
servidor público, por violação a norma ético profissional.
C) não podem conhecer de representação formulada contra o órgão ou entidade a que pertençam, porque a
representação tem de ser feita contra servidor.
D) não têm por função conhecer de consulta sobre norma ético-profissional.
E) têm competência para aplicar a pena de advertência.

27) Não têm a obrigação de constituir as comissões de ética previstas no Decreto nº 1.171/1994 (Código
de Conduta do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal):
A) as autarquias federais.

69
Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

B) as empresas públicas federais.


C) as sociedades de economia mista.
D) os órgãos do poder judiciário.
E) os órgãos e entidades que exerçam atribuições delegadas pelo poder público.

28) De acordo com o Decreto nº 1.171/1994 (Código de Conduta do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal), é vedado ao servidor público:
I. valer-se do cargo para lograr proveito pessoal.
II. desviar servidor público para atendimento a interesse particular.
III. fazer uso, em benefício próprio, de informação privilegiada obtida em razão do cargo.
IV. manter consigo, fora da repartição onde exerce suas funções, o computador portátil (notebook) que recebeu
para uso no interesse do serviço.
Estão corretos os itens:
A) I, II e III
B) II, III e IV
C) I, III e IV
D) I, II e IV
E) I, II, III e IV

29) Estão subordinados ao Código de Conduta Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22.6.1994:
I. os empregados das empresas públicas federais.
II. os empregados das empresas privadas que prestam serviços aos órgãos e entidades do Poder Executivo
Federal mediante contrato de prestação de serviços (serviços terceirizados, tais como segurança, limpeza, etc.).
III. os que prestam serviço de natureza temporária na Administração Pública federal direta, sem remuneração.
IV. os servidores do Poder Legislativo.
V. os servidores do Poder Judiciário.
Estão corretas
A) as afirmativas I, II, III, IV e V.
B) apenas as afirmativas I, IV e V.
C) apenas as afirmativas I e III.
D) apenas as afirmativas I, II e III.
E) nenhuma das afirmativas está correta.

30) De acordo com o Decreto nº 1.171/1994 (Código de Conduta do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal), é vedado ao servidor público:
I. determinar a um servidor que lhe é subordinado que vá ao banco pagar suas contas pessoais (contas do
mandante).
II. informar a um amigo sobre ato de caráter geral que está para ser publicado, cujo teor o beneficia (o amigo), mas
que ainda é considerado assunto reservado no âmbito da Administração Pública.
III. exercer atividade no setor privado.
IV. ser membro de organização que defende a utilização de crianças como mão-de-obra barata.
V. representar contra seus superiores hierárquicos.
Estão corretas:
A) apenas as afirmativas I, II e IV.
B) as afirmativas I, II, III, IV e V.
C) apenas as afirmativas I e IV.
D) apenas as afirmativas I, II, IV e V.
E) apenas as afirmativas II e IV

Julgue os itens que se seguem, acerca da ética no serviço público.

31) São deveres do servidor público a manutenção da limpeza e a organização do local onde executa suas
funções.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

32) A rapidez de resposta ao usuário pode ser caracterizada como uma atitude ética na administração pública.

33) Documentos encaminhados para providências podem ser alterados em situações específicas.

34) Informações privilegiadas obtidas no serviço, desde que não sejam utilizadas em benefício próprio, devem ser
fornecidas pelo servidor quando solicitadas por pessoas idôneas.

35) É desnecessária a autorização legal para a retirada de documentos que pertençam ao local de trabalho do
servidor no órgão público.

36) Tendo como referência o Código de Ética, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994,
incluídas suas alterações posteriores, bem como as disposições pertinentes da Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990, consolidada com as suas várias alterações posteriores, analise as afirmações a seguir.
I - O referido código só é aplicável aos servidores efetivos, não vinculando os servidores temporários.
II - A comissão de ética tem como atribuição fornecer dados, para utilização nos processos de progressão funcional
dos servidores.
III - A formação de uma comissão de ética específica, no âmbito dos diversos órgãos federais, é compulsória.
IV- A comissão de ética pode aplicar a pena de suspensão, prevista na Lei nº 8.112, de 1990, considerada sua
alteração no referido Decreto.
(São) verdadeira(s) APENAS a(s) afirmativa(s)
A) I
B) I e III
C) I e IV
D) II e III
E) II e IV

37) O sócio majoritário de um grande jornal de circulação nacional foi nomeado para o cargo de Secretário
de Comunicação Social do governo federal. Nessa hipótese, ele:
I. terá que se afastar da direção da empresa jornalística.
II. não poderá ter participação nos lucros da empresa.
III. terá que informar à Comissão de Ética Pública a sua participação no capital social da empresa e indicar o modo
pelo qual pretende evitar eventual conflito de interesse.
IV. deverá abster-se de participar de decisão, ainda que coletiva, que afete interesse da referida empresa.
Estão corretos os itens:
A) I, II e III
B) II, III e IV
C) I, III e IV
D) I, II e IV
E) I, II, III e IV

38) Assinale a alternativa falsa.


A) A ética é influenciada por questões culturais, pois o que ontem era considerado errado hoje pode ser certo.
B) Moral é ação, e ética é reflexão.
C) É no âmbito da ética que se define o certo e o errado.
D) Existem diferentes morais, pois existem diferentes sociedades.

39) Assinale a alternativa verdadeira.


A) Moral é um conjunto de normas individuais.
B) Moral refere-se a normas de comportamentos universais.
C) O conceito de moral equivale ao conceito de ética.
D) A moral sofre a influência dos fatores culturais, tais como: costumes, hábitos alimentares, religião, crenças,
entre outros.

40) Assinale a alternativa verdadeira.


A) Ética é a reflexão das questões relacionadas ao direito tributário.

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B) Ética dita normas de comportamentos com o propósito de ser universais.


C) Ética é ação e moral, reflexão.
D) Ética refere-se a princípios que têm como propósito a universalidade.

41) Assinale a alternativa falsa.


A) Ética e a moral no senso comum são entendidas como sinônimo.
B) Ética é a reflexão da moral e da moralidade.
C) Ética significa mores, no latim; moral significa ethos no grego.
D) Moral são normas de comportamentos que são aprovadas ou reprovadas pelo grupo social.

42) A parte da filosofia que se dedica a pensar as ações humanas e os seus fundamentos e o esforço
investigativo a respeito dos princípios, das razões, dos fundamentos de toda e qualquer moral chama-se:
A) Imoral e moral, pois na origem da palavra significam usos e costumes, comportamentos, ações e reflexão.
B) Ética, pois é neste campo do conhecimento que ocorre a reflexão sobre os comportamentos e se realiza o juízo
de valor.
C) Moral, pois as ações humanas que formam a moralidade da sociedade são decorrentes de interesses
exclusivamente coletivos.
D) Moral, pois todo processo de investigação que nasce do espírito crítico desenvolvido pela filosofia é
transformado em normas de comportamento que são interiorizadaos pela sociedade.
E) Ética, que está diretamente relacionada a crenças, ações humanas e caráter crítico e adaptativo; e às normas
e comportamentos que se estabelecem em decorrência das mudanças sociais, políticas e culturais.

43) Toda produção humana consiste em criar condições para que o homem seja feliz. Todas as religiões,
as filosofias de todos os tempos, as conquistas tecnológicas, as teorias científicas e toda a arte são
criações humanas que procuram apresentar condições para a conquista da felicidade. (Aristóteles). Neste
sentido, podemos afirmar que:
A) Os valores não são determinados pelas questões do cotidiano, tais como: as religiões, as conquistas
tecnológicas e a ciência.
B) A moral e a ética são temporais e desenvolvem valores que permeiam as relações coletivas.
C) A ética está relacionada a normas de comportamentos que são estabelecidas para a vida em sociedade.
D) Os valores são influenciados pelo tempo, em decorrência das mudanças que ocorrem na sociedade.
E) A moral analisa as razões dos comportamentos e realiza juízo de valor, no sentido de estabelecer o certo e o
errado.

44) Assinale a afirmativa verdadeira.


A) Os valores individuais sempre são considerados morais.
B) Todas as normas de comportamentos estabelecidas por diferentes grupos sociais devem ser entendidas como
a própria moral da sociedade.
C) Cada pessoa atribui a fatos ou coisas pesos diferentes, portanto existe a necessidade do estabelecimento de
normas de comportamento.
D) Não existem diferenças entre valores individuais e valores coletivos, pois valores são sempre valores.

45) Assinale a alternativa verdadeira.


A) Valores individuais são companheiros dos valores organizacionais.
B) Os valores organizacionais são consequência de um processo estabelecido naturalmente pelos indivíduos na
contratação.
C) A organização é quem desenvolve nos indivíduos os seus valores individuais.
D) A ética empresarial é uma questão de boa vontade e educação.
E) Nenhuma das anteriores.

46) O fundador da Action Instruments, Jim Pinto, costumava dizer que: "Nós estamos construindo um
capitalismo com coração". Segundo ele, sua empresa tem tentado construir um negócio fundado
profundamente em princípios humanísticos, e dos empregados é esperado que tenham um ativo interesse
no sucesso e na administração da Companhia. Deste caso, podemos afirmar que:
A) os colaboradores que sentem seus valores compatíveis com os da organização são menos confiantes de que
estarão no futuro trabalhando para o mesmo empregador.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

B) as integrações dos valores pessoais e organizacionais melhoram a moral organizacional, o que, por sua vez,
viabiliza as relações entre superiores, colegas, subordinados e parceiros de negócios.
C) em geral, os objetivos de uma organização são vistos como menos importantes por aqueles que sentem que
existe um alinhamento entre os seus valores e os da companhia.
D) quanto maior a compatibilidade entre valores pessoais e organizacionais, menor a tendência a concordar que
os valores organizacionais são guiados por altos padrões morais.
E) à medida que os colaboradores percebem que seus valores são compatíveis com os da organização, eles
tendem a sentir que as pressões do trabalho afetam negativamente suas vidas fora dele.
F) nenhuma das anteriores

47) Diante de conflitos de valores no ambiente de trabalho, quais posições morais devem adotar as
organizações? Assinale a alternativa correta.
A) Aguardar que o grupo por si só perceba a importância da integração entre o grupo de trabalho e estabeleça a
ordem.
B) Deixar que o grupo estabeleça aleatoriamente normas de comportamentos para as atividades de trabalho.
C) Entender que é necessária a interdependência do grupo, prevalecendo sobre as normas da organização.
D) Analisar as relações de interdependência do grupo, porém defender aquilo que, depois de uma avaliação
responsável, se considera certo, justo e verdadeiro, e apresentar aos colaboradores através de um mecanismo de
conscientização.

48) Como indica Bowers, o termo ética nos negócios pode ser repulsivo. Para ele e para outros, isso sugere
a ideia imoral de aceitar um padrão duplo " uma ética para a vida particular e outra para as decisões dos
negócios. Para outros, a ética nos negócios sugere uma jocosa contradição nos termos. (NASH, Laura L. Ética
nas empresas: guia prático para soluções de problemas éticos nas empresas. Makron Books, 2001: 23). Assinale a afirmativa
falsa.
A) A preocupação com as questões morais deve ser realizada com o mesmo cuidado que se tem com as questões
estratégicas.
B) A necessidade de se estabelecer padrões morais no ambiente de trabalho é consequência dos diferentes
comportamentos que se estabelecem no espaço organizacional.
C) No ambiente de trabalho um problema pode ser solucionado por diferentes caminhos e muitas vezes atribuindo-
se a eles diferentes escalas de valor.
D) Ética empresarial no ambiente de trabalho é consequência de um sistema punitivo que passa a ser atribuído
no exercício da profissão.

49) Assinale a alternativa falsa.


A) No ambiente de trabalho os processos decisórios demandam, muitas vezes, aspectos relacionados a
moralidade ou imoralidade.
B) A confiança é a base para o estabelecimento de parcerias duradouras no ambiente organizacional.
C) No ambiente de trabalho as palavras honestidade e justiça devem permear as relações comerciais.
D) A ética no ambiente de trabalho estabelece que nas relações de negócios será feito o que é viável e não o que
é moral.

50) Assinale a alternativa verdadeira:


A) As normas de comportamentos são sempre normas morais.
B) O código de conduta corresponde a normas de comportamentos que servem para todas as situações do
cotidiano.
C) Os códigos de conduta de todas as organizações devem ser idênticos.
D) O código de conduta tem por objetivo principal viabilizar a consciência no exercício da profissão.

51) Assinale a alternativa verdadeira:


A) O código de ética pode ser adquirido ou copiado de qualquer organização.
B) Para que o código de ética tenha consistência, é desnecessária a apresentação das punições.
C) O código de ética tem como propósito garantir aos colaboradores a possibilidade de ser decentes no exercício
da profissão.
D) As organizações devem ter, para cada nível hierárquico, um código de ética diferenciado.

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52) Assinale a alternativa verdadeira:


A) O processo de elaboração de um código de ética é um exercício de elaboração conjunta entre os diferentes
colaboradores do corpo diretivo.
B) O processo participativo é um dos instrumentos para a interiorização das normas que compõem o código de
ética.
C) elaboração do código de conduta é estabelecida de cima para baixo, ancorada em princípios que sustentem
as relações no ambiente organizacional.
D) As normas do código de ética servem tanto para as nossas relações do cotidiano quanto para o exercício
profissional.

53) Assinale a alternativa falsa:


A) Pior que não ter um código de ética é ter um que não represente a prática dos colaboradores no exercício da
profissão.
B) O código de ética é um instrumento informal que é legitimado pelos colaboradores.
C) O código de ética corresponde a normas de comportamentos no exercício da profissão.
D) Via código de ética é possível estabelecer uma relação de confiança com seus colaboradores, clientes e
parceiros de negócios.

54) De acordo com o Decreto nº 1.171/1994 (Código de Conduta do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal), são deveres fundamentais do servidor público:
I. tratar cuidadosamente os usuários dos serviços, aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o
público.
II. omitir a verdade sobre fato que prejudique a Administração e beneficie o cidadão.
III. ser assíduo e frequente ao serviço.
IV. facilitar a fiscalização de todos os atos ou serviços por quem de direito.
Estão corretos os itens:
A) I, II e III
B) II, III e IV
C) I, III e IV
D) I, II e IV
E) I, II, III e IV

De acordo com o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal,
aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22.6.1994, é vedado ao servidor público:
I. receber gratificação financeira para o cumprimento de sua missão.
II. ser sócio de empresa que explore jogos de azar não-autorizados.
III. informar, a um seu amigo de muitos anos, do conhecimento que teve, em razão das funções, de uma minuta
de medida provisória que, quando publicada, afetará substancialmente as aplicações financeiras desse amigo.
IV. permitir que simpatias ou antipatias interfiram no trato com o público.
V. ser, em função do seu espírito de solidariedade, conivente com seu colega de trabalho que cometeu infração
de natureza ética.
Estão corretas:
A) apenas as afirmativas I, II, IV e V
B) as afirmativas I, II, III, IV e V.
C) apenas as afirmativas I, II, III, e V.
D) apenas as afirmativas I, II e V.
E) apenas as afirmativas I e II.

56) João, servidor público federal, é membro de Comissão de Ética de determinado órgão do Poder
Executivo Federal e foi acusado do cometimento de infração de natureza ética.
Nesta hipótese, a infração ética será apurada:
A) pelo Ministério da Justiça.
B) pelo Presidente da República.
C) pelo Ministro Chefe da Casa Civil.
D) pela Comissão de Ética Pública.
E) pela própria Autarquia Federal a que está vinculado.

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57) Nos termos do Decreto nº 1.171/1994, a pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a
de censura e sua fundamentação:
A) não é necessária para a aplicação da pena; no entanto, exige-se ciência do faltoso.
B) constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.
C) constará do respectivo parecer, assinado apenas pelo Presidente da Comissão, com ciência do faltoso.
D) não é necessária para a aplicação da pena, sendo dispensável também a ciência do faltoso.
E) constará do respectivo parecer, assinado apenas pelo Presidente da Comissão, sendo dispensável a ciência
do faltoso.

58) Assinale a alternativa que não apresenta fatores que afetam positivamente a ética administrativa.
A) Políticas organizacionais e códigos de conduta que dirigem a tomada de decisão.
B) Experiências pessoais e modelo ético familiar coerentes com os padrões da sociedade.
C) Normas e valores da sociedade.
D) Proteção das pessoas com comportamentos não éticos, quando este comportamento é justificado com
benefícios reais para a organização.

59) São vedações ao servidor público, previstas no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
do Poder Executivo Federal (Decreto n° 1.171, 22.06.94), exceto:
A) Proceder a prática religiosa no recinto do serviço.
B) Exercer atividade profissional aética ou ligar seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
C) Desviar servidor público para atendimento a interesse particular.
D) Iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços públicos.
E) Alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências.

60) Pelo Código de Ética do Servidor Público Civil (Decreto 1.171 de 22.06.94), a sanção aplicada pela
comissão de ética é de:
A) Multa.
B) Advertência.
C) Suspensão.
D) Censura.
E) Repreensão.

61) No que se refere à ética do serviço público, uma situação pode configurar conflito de interesses quando
o cidadão
I. investe em propriedades ou empresas privadas que podem ser afetadas por decisões tomadas no exercício da
sua função pública.
II. viola o princípio que estabelece a precedência das atribuições do cargo público que ocupa sobre outras
atividades.
III. que ocupa cargo público é beneficiado por alguma política pública.
IV. que exerce atividade na iniciativa privada pode fazer uso, em benefício próprio, de informação privilegiada
obtida em razão das atribuições do cargo público que ocupa.
Está(ão) correto(s) apenas o(s) item(ns)
A) I.
B) I, II e III.
C) I, II e IV.
D) II e III.
E) II, III e IV.

62) A discussão sobre ética abrange e questiona inúmeros aspectos da administração das organizações e
de suas relações com a sociedade.
Marque a alternativa CORRETA a respeito da ética nas organizações.
A) O comportamento ideal não pode ser definido por meio de um código de conduta explícito.
B) O Darwinismo social é a base do código de conduta ética das organizações.
C) O código de ética ideal pressupõe que as formas de vida evoluem e se aprimoram por meio de um processo
natural que permite a sobrevivência apenas das espécies mais fortes, ou mais aptas.

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D) A ética compreende uma teoria ou reflexão crítica sobre os fundamentos de um sistema moral, ou de um sistema
de costumes de uma pessoa, grupo ou sociedade.

63) A ética do serviço público, inevitavelmente, é afetada pelos valores considerados próprios das distintas
culturas.
Existem funcionários que exercem diversas formas de poder discricional em seu trabalho diário, na
administração de recursos públicos e no âmbito de sua função e elaboração de políticas.
A partir dessas informações, é correto afirmar:
A) A ética é importante como mecanismo de arbitrariedade no uso do poder público.
B) A ética é importante como fator vital para a criação e a manutenção de atitudes questionáveis na administração
pública.
C) A ética do serviço público proporciona a base para a inexistência de práticas e costumes de respeito ao
cumprimento dos procedimentos esporádicos.
D) A ética do serviço público inspira-se nas restrições, regras, normas e pautas que, dentro de uma coletividade,
modelam os comportamentos de quem a adota.
E) A ética do serviço público inspira-se no individualismo que modela as atitudes de quem a pratica.

64) Conforme Vázquez (1995), o termo ética vem do grego ethos, que significa “modo de ser” ou “caráter”
e moral vem do latim mos ou mores, que significa “costume” ou “costumes”. A primeira é a ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade, advindo da necessidade de uma abordagem científica
dos problemas morais. A segunda é um conjunto de normas, aceitas livre e conscientemente, que regulam
o comportamento individual e social dos homens.
A partir dessas informações, é correto afirmar:
A) A moral, enquanto conhecimento científico, deve aspirar à racionalidade e à objetividade mais completas e, ao
mesmo tempo, deve proporcionar conhecimentos mais gerais e abstratos.
B) A ética estabelece determinados princípios, normas ou regras de comportamento em uma determinada
comunidade.
C) O significado etimológico de moral e de ética não fornece o significado atual dos dois termos, mas situa o
indivíduo no terreno especificamente humano no qual se torna possível e se funda o comportamento moral.
D) A moral é uma ciência da ética, isto é, é uma das esferas da inteligência humana.
E) A moral é uma ciência da ética em que prevalecem os conhecimentos técnicos e científicos.

65) Com relação ao individualismo e ética profissional, assinale a alternativa correta:


A) nos serviços realizados com amor, visando benefício de terceiros, dentro de vasta ação, com consciência do
bem comum passa a existir a expressão social do mesmo.
B) constata-se então o forte conteúdo ético presente no exercício profissional e sua importância na formação de
recursos humanos.
C) a realidade brasileira nos coloca diante de problemas éticos bastante sérios. Contudo, já estamos por demais
acostumados com nossas misérias de toda ordem.
D) os gestores muitas vezes enfrentam uma série de situações que os forçam escolher, em um conflito, entre o
que é certo e o que é errado.

66) Um código de ética corporativo deve ser elaborado de maneira a:


A) considerar os valores e filosofias da organização;
B) apresentar somente declarações corporativas, comuns a todos os setores;
C) considerar apenas os aspectos legais relacionados ao comportamento não ético;
D) ser tão detalhado e extenso quanto o necessário para contemplar todos os comportamentos não éticos
previsíveis;
E) apresentar declarações aplicáveis exclusivamente aos setores mais vulneráveis ao comportamento antiético.

67) A discussão sobre ética na administração tem sua origem na opinião de que as organizações têm
responsabilidades sociais. Isto significa dizer que as organizações:
A) Necessitam preocupar-se unicamente com seus objetivos, sem levar em consideração a sua relação com a
sociedade.
B) Utilizam recursos da sociedade e, como são riquezas naturais, não precisam devolver nem compensar a
sociedade pela utilização do mesmo.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

C) Lutam para defender seu ambiente de tarefa, enfatizando suas preocupações com seus mercados consumidor,
fornecedor e concorrente.
D) Devem se preocupar com seus custos somente financeiros, pois são os mesmos que fazem parte das suas
formações de preços.
E) Utilizam recursos da sociedade e devem cumprir seus papéis com a mesma, aumentando a riqueza da
sociedade.

68) Ética é o sistema de regras que governa a ordenação de valores. O sistema ético que estabelece que
os indivíduos deveriam possuir certos valores, como a honestidade, independentemente do resultado
imediato, é o denominado:
A) egoísmo;
B) universalismo;
C) utilitarismo das ações;
D) utilitarismo das regras;
E) utilitarismo de resultados.

69) Agência Nacional de Águas - Analista Administrativo/2009) De acordo com o Decreto n. 1.171/1994
(Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal), é vedado ao servidor
público:
I. aceitar ajuda financeira, para si ou para familiares,
fornecida pela parte interessada, para fins de praticar ato regular e lícito, inserido em sua esfera de atribuições;
II. fazer uso de informação privilegiada obtida no âmbito interno do seu serviço, salvo quando a informação afetar
interesse do próprio servidor;
III. utilizar, para fins particulares, os serviços de servidor público subordinado;
IV. utilizar-se da influência do cargo para obter emprego para um parente próximo;
V. procrastinar a decisão a ser proferida em processo de sua competência porque tem antipatia pela parte
interessada.
Estão corretas:
A) as afirmativas I, II, III, IV e V.
B) apenas as afirmativas I, II, III e IV.
C) apenas as afirmativas I, III, IV e V.
D) apenas as afirmativas I, II, III e V.
E) apenas as afirmativas III, IV e V.

70) De acordo com o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal:
I. a ética no serviço público exige do servidor uma conduta não apenas de acordo com a lei, mas, também, com
os valores de justiça e honestidade;
II. o servidor não pode omitir a verdade, ainda que contrária aos interesses da Administração;
III. a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, salvo nos casos em
que a lei estabelecer o sigilo;
IV. as longas filas que se formam nas repartições públicas não podem ser qualificadas como causadoras de dano
moral aos usuários dos serviços públicos porque não decorrem de culpa do servidor, mas sim da Administração;
V. para consolidar a moralidade do ato administrativo é necessário que haja equilíbrio entre a legalidade e a
finalidade na conduta do servidor.
Estão corretas:
A) as afirmativas I, II, III, IV e V.
B) apenas as afirmativas I, II, III e V.
C) apenas as afirmativas I, II, III e IV.
D) apenas as afirmativas I, III, IV e V.
E) apenas as afirmativas I, III e IV.

GABARITO
01 - C 02 - E 03 - E 04 - E 05 - C 06 - E 07 - C 08 - E 09 - C 10 - E

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11 - C 12 - C 13 - E 14 - E 15 - E 16 - C 17 - C 18 - E 19 - C 20 - C
21 - C 22 - E 23 - E 24 - E 25 - C 26 - B 27 - D 28 - A 29 - D 30 - B
31 - C 32 - C 33 - E 34 - E 35 - E 36 - D 37 - C 38 - A 39 - D 40 - D
41 - C 42 - B 43 - D 44 - C 45 - E 46 - B 47 - D 48 - D 49 - D 50 - D
51 - C 52 - B 53 - B 54 - C 55 - B 56 - D 57 - B 58 - D 59 - A 60 - D
61 - C 62 - D 63 - D 64 - C 65 - A 66 - A 67 - E 68 - B 69 - C 70 - B

Perguntas e Respostas
I – Presentes e Brindes
1. Qual é a regra geral do Código de Conduta sobre presentes?

É proibida a aceitação de presente dado por pessoa, empresa ou entidade que tenha interesse em decisão da
autoridade ou do órgão a que esta pertença.

2. Quando se considera que um presente foi oferecido em razão do cargo da autoridade?

Considera-se que o presente foi dado em função do cargo sempre que o ofertante:
a) estiver sujeito à jurisdição regulatória do órgão a que pertença a autoridade;
b) tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial em decisão que possa ser tomada pela autoridade em
razão do cargo;
c) mantenha relação comercial com o órgão a que pertença a autoridade;
d) represente interesse de terceiro, como procurador ou preposto, de pessoa, empresas ou entidade compreendida
nas hipóteses anteriores.

3. Em que casos a aceitação de presente é permitida?

A aceitação de presente é permitida em duas hipóteses:


a) de parente ou amigo, desde que o seu custo tenha sido arcado por ele próprio e não por terceiro que tenha
interesse em decisão da autoridade ou do órgão a que ela pertence;
b) de autoridade estrangeira, nos casos protocolares, ou em razão do exercício de funções diplomáticas.

4. Em que casos a recusa do presente pode ser substituída por sua doação?

Às vezes, a devolução do presente não pode ser imediata, ou porque a autoridade não o recebeu pessoalmente,
ou até porque pode causar constrangimento recusá-lo de imediato.
Se a devolução posterior implicar despesa para a autoridade ela poderá, alternativamente, doá-lo na forma prevista
na Resolução CEP nº 3.

5. A quem o presente pode ser doado?

A doação pode ser feita a entidade de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública.

Se o presente for um bem não perecível (ex.: relógio, eletrodoméstico etc.), a entidade deverá comprometer-se,
por escrito, a aplicá-lo, ou o seu produto, em suas atividades; os bens perecíveis (alimentos, por exemplo) serão
consumidos pela própria entidade.

Se for um bem de valor histórico, cultural ou artístico, deverá ser transferido ao IPHAN para que este lhe dê o
destino adequado. Comissão de Ética Pública

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

6. Que cuidado deve ser tomado para que a doação de presente se processe de forma clara?

A doação deve ser registrada na agenda de trabalho da autoridade ou em registro específico que torne possível o
seu controle futuro. Além disso, no caso de doações a entidade de caráter assistencial ou filantrópico, esta deve
se comprometer, por escrito, a aplicar o bem, ou o seu produto, em suas atividades institucionais.

7. O que caracteriza um brinde cuja aceitação é permitida?

Brinde é a lembrança distribuída a título de cortesia, propaganda, divulgação habitual ou por ocasião de eventos
ou datas comemorativas de caráter histórico ou cultural.
O brinde não pode ter valor superior a R$ 100,00. Além disso, sua distribuição deve ser generalizada, ou seja, não
se destinar exclusivamente a uma determinada autoridade.

Finalmente, não pode ser aceito brinde distribuído por uma mesma pessoa, empresa ou entidade a intervalos
menores do que doze meses.

8. O que fazer com brinde de valor superior a R$ 100,00?

Brinde de valor superior a R$ 100,00 será tratado como presente.


Em caso de dúvida quanto ao valor do brinde, a autoridade poderá solicitar a sua avaliação junto ao comércio. Ou,
se preferir, dar-lhe logo o tratamento de presente.

9. Aceitação de up grade de classe em viagem aérea, como cortesia, configura transgressão ao Código de
Conduta?

O Código de Conduta da Alta Administração Federal veda o recebimento de presentes (art. 9º) e de favores de
particulares que permitam situação que possa gerar dúvida sobre a sua probidade ou honorabilidade (art. 7º).

Assim, configura transgressão ao Código de Conduta a aceitação de up grade por autoridade, esteja ela em missão
oficial ou particular, extensível essa vedação a seus familiares.

Tal vedação não se aplica quando a acomodação da autoridade, ou de seus familiares, em classe superior, resultar
de problema técnico, como o excesso de passageiros na classe de origem, nem quanto o upgrade resultar de
programa de milhagem, que seja de participação aberta e cujas regras sejam comuns a todos os participantes.

10. Diretor de empresa pública recebe da companhia Y, que lhe presta serviços de segurança, um aparelho
de TV para ser sorteado entre os funcionários. Pode o presente ser aceito se os diretores da empresa
pública, abrangidos pelo Código de Conduta, não participarem do sorteio?

Não. O principal objetivo do Código de Conduta é estabelecer um novo padrão de relacionamento entre o setor
público e o setor privado, de modo a que se promova a confiança da sociedade na motivação ética que cerca as
decisões governamentais. Além disso, o mecanismo do sorteio, se generalizado, poderá constituir forma
indesejável de evitar a aplicação da norma que veda a aceitação de presente.

11. Empresa distribuidora de filmes promove regularmente sessões de cinema para o lançamento de filmes
novos. Convida para o evento diversas autoridades públicas, especialmente da área de cultura. O convite
pode ser aceito?

Trata-se de convite para um típico evento promocional regular de empresa privada, cujo valor intrínseco é, por
certo, inferior a R$ 100,00. Tem, portanto, as características de um brinde e pode ser aceito.

12. Secretário de Ministério recebeu pelo correio um produto recém lançado pelo fabricante. Trata-se de
uma promoção de caráter geral. Produtos similares importados custam menos de R$100,00 e a expectativa
é que o produto nacional venha a custar menos ainda que os importados. Ele pode receber?

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Sim. O produto cumpre todas as características de brinde. Não poderia apenas se essa empresa já houvesse
destinado à mesma autoridade outro brinde nos últimos doze meses.

13. Empresa privada, por ocasião do seu aniversário de fundação, editou livro com reproduções de obras
de arte, cujo valor estimado no mercado livreiro é inferior a R$ 100,00. Pretende distribuí-los entre seus
clientes, inclusive dirigentes de entidades públicas. Pode autoridade submetida ao Código de Conduta
aceitar o livro?

Sim. O livro preenche as características de brinde. Como no caso anterior, só não poderia ser aceito se a empresa
houvesse destinado à mesma autoridade outro brinde nos últimos doze meses.

14. Por ocasião das festas de final de ano, a autoridade recebeu coletânea de material de promoção de
determinada empresa, todos gravados com seu logotipo, a saber: agenda, relógio, canetas de três tipos
diferentes e valise para pequenas viagens. Ele pode aceitar?

Não, caso o valor do conjunto dos bens supere R$100,00. Sim, caso esse valor seja inferior a R$100,00 e não
tenha havida recebimento de outro brinde nos doze meses anteriores.

15. Autoridade recebeu um presente pelo correio. Supõe que o referido presente tenha algum valor
artístico. O que fazer?

Caracterizada a impossibilidade de devolução sem que a autoridade tenha que incorrer em custos pessoais de
remessa, deve o presente ser encaminhado para o IPHAN, acompanhada de expediente da autoridade dirigido ao
seu presidente. O IPHAN procederá ao seu exame, confirmará ou não o valor artístico e dará a destinação legal
cabível.

É bom lembrar que a autoridade deverá manter o registro dos presentes destinados ao IPHAN, bem como aqueles
doados a instituições beneficentes, para fins de eventual controle.

16. Pode autoridade aceitar convites para assistir a shows artísticos ou evento esportivo sem ônus?

A autoridade pode aceitar convite para show, evento esportivo ou simular: por razão institucional, quando o
exercício da função pública recomendar sua presença; quando se tratar de convite cujo custo esteja dentro do
limite de R$ 100,00, estabelecido no artigo 2º, parágrafo único, inciso II, do Código de Conduta da Alta
Administração Federal.
Nesses casos, deve a autoridade assegurar transparência, o que pode ser feito por meio de registro da participação
e suas condições em agenda de compromissos de acesso público.

II - Seminários e Outros Eventos


1. Qual a regra geral que disciplina a participação de autoridades vinculadas ao Código de Conduta da
Alta Administração Federal em seminários e eventos similares?

A participação em seminários ou eventos semelhantes pode se dar por interesse institucional da


entidade pública ou por interesse particular da autoridade. Quando se tratar de participação por interesse
institucional, regra geral, caberá à própria entidade pública a cobertura dos respectivos custos. A participação por
interesse particular da autoridade pode ser custeada pelo patrocinador do evento, desde que não haja conflito de
interesse com o exercício da função pública e não se trate de empresa ou entidade submetida à jurisdição da
autoridade interessada.

2. Em que casos a participação em seminário ou evento similar por interesse institucional pode ter seu
custo coberto por terceiro?

A regra geral é que a participação por interesse institucional terá seus custos a cargo da própria entidade pública.

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

Excepcionalmente, a autoridade poderá aceitar descontos nos custos de transporte, estada ou taxa de inscrição,
desde que não se trate de benefício pessoal exclusivo. Os custos da participação também poderão ser cobertos
por organismo internacional do qual o Brasil faça parte, governo estrangeiro e suas instituições e instituição
acadêmica, científica ou cultural.

O custeio das despesas de participação por entidade ou associação de classe só é permitido quando ela não
esteja sob a jurisdição regulatória do órgão a que pertença a autoridade, nem possa ser beneficiária de decisão
da qual ela participe a referida autoridade, seja individualmente, seja em caráter coletivo.

3. Nos casos em que a participação for por interesse particular, que cuidados deve tomar a autoridade
abrangida pelo Código de Conduta?

Naturalmente, a participação não pode se efetuar em prejuízo de qualquer espécie ao desempenho da função
pública. A cobertura das despesas de participação, bem como eventual remuneração, deverão ser tornadas
públicas e o seu patrocinador não pode ter interesse em decisão que possa ser tomada pela autoridade, seja
individualmente, seja em caráter coletivo.

4. Como tornar pública a cobertura de custos ou eventual remuneração por participação em seminário ou
evento similar no interesse particular da autoridade?

A autoridade poderá manter registro específico ou fazer constar de sua agenda de trabalho.
Em qualquer dos casos, o registro deverá ficar disponível para consulta por qualquer interessado. Uma solução
prática recomendada é torná-lo disponível para consulta na página da Internet da instituição pública onde a
autoridade exerce suas funções.

5. Quem decide se uma participação é de caráter institucional ou particular?

Essa decisão é ato de gestão que cabe à direção da entidade pública.

6. Qual o tratamento que deve ser dispensado a convites para participação em eventos de confraternização
social ou de lazer?

Não há vedação para que a autoridade participe de eventos de confraternização social, em razão de relações de
amizade ou parentesco. O importante é que a participação ou o próprio evento não sejam financiados por entidade
com interesse em decisão da sua alçada, seja individual ou coletivamente.

7. A participação em evento, no interesse institucional, para proferir palestra, pode ser remunerado pelo
promotor?

Não. Tendo em vista o disposto no parágrafo único do art. 7º do Código de Conduta da Alta Administração Federal,
e na resolução CEP nº 02, de 24.10.2000, nas participações em eventos no interesse institucional as autoridades
devem eximir-se de aceitar qualquer tipo de remuneração por palestra.

8. É possível a autoridade vinculada ao Código de Conduta aceitar convite para assistir ou participar de
festejos por ocasião do Carnaval?

Não. Se o convite partir de empresa privada, com ou sem a cobertura de transporte e estada.
Sim, caso o convite tenha origem em entidade pública estadual ou municipal.
Naturalmente, não há restrições a que a autoridade participe dos festejos do Carnaval, desde que por sua própria
conta.

9. Fornecedor de serviços de desenvolvimento de aplicativos para computadores realiza evento anual em


que promove o debate sobre temas relevantes em matéria de tecnologia da informação. Convida, com
todas as despesas de participação pagas, seus principais clientes, entre os quais algumas entidades
públicas. É possível à autoridade aceitar o convite?

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Apostilas OBJETIVA – Ano XI - Concursos Públicos - Brasil

A participação somente pode se efetivar no interesse institucional da entidade pública, jamais por interesse
particular, uma vez que o promotor do evento tem interesse em decisão sua, de forma individual ou colegiada.
Sendo de interesse institucional, a cobertura dos custos de participação deve ficar por conta da entidade pública,
a não ser que no contrato de prestação de serviço entre a entidade pública e a empresa privada esteja
expressamente previsto que custos dessa natureza são cobertos pelo fornecedor.

10. Fundação de pesquisas em área de atuação profissional da autoridade a convida para fazer palestra,
com apresentação de trabalho escrito especialmente desenvolvido para a ocasião, pelo qual propõe pagar
R$ 1000,00. Pode a autoridade aceitar?

Sim. A autoridade, no seu interesse particular, pode aceitar o convite e o pagamento, desde que torne pública as
condições financeiras para essa participação e o trabalho não conflite com o exercício do cargo público, nem se
valha de informações privilegiadas.

11. Organismo multilateral do qual o Brasil faz parte convida a autoridade para integrar missão de análise
a outro País. Essa participação não ensejará nenhuma remuneração. Pode a autoridade aceitar?

Se a participação for de interesse institucional, as despesas de transporte e estada poderão ser custeadas por
organismo multilateral. Se a participação for de interesse pessoal não poderá haver ônus para os cofres públicos.

12. A autoridade é convidada para integrar missão de organismo multilateral a outro País, com
remuneração paga por esse organismo. É possível aceitar o convite sem contrariar o Código de Conduta?

Pelo Código de Conduta, tal participação somente pode se dar em atenção a interesse pessoal, respeitada a
legislação vigente de pessoal. Nesse caso, as condições financeiras da participação devem merecer registros
específicos para eventual controle, não podendo haver ônus para os cofres públicos. (ver também, resposta à pergunta
nº 9).

13. Associação civil, sem fins lucrativos, representativa de interesses de segmento da economia patrocina
seminário técnico para o qual convida autoridade, com cobertura de todos os custos, inclusive visita de
trabalho a instituições privadas no País e no exterior, com atuação na mesma área de interesse. É possível
participar?

Sim, seja no interesse institucional, seja no interesse pessoal da autoridade. Caso a participação seja de interesse
pessoal, não devem representar conflito com o exercício do cargo público e as condições financeiras da
participação devem merecer registros, para eventual controle (ver, também, resposta à pergunta nº 9).

14. Entidade, utilizando benefícios da lei de incentivo à cultura, patrocinou peça teatral, para a qual
convidou autoridade. É possível aceitar o convite?

Como regra geral, é vedado o recebimento de presentes. Caracterizado como presente, o convite não pode ser
aceito. No entanto, caso o evento seja promocional, restrito a audiência de convidados, pode reunir as
características de brinde passível de aceitação; para isso, o promotor não pode ter destinado à autoridade outro
brinde nos últimos 12 meses e seu valor de mercado deve ser inferior a R$ 100,00. (ver perguntas sobre presentes e
brindes).

FIM

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