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A GLOBALIZAÇÃO

Texto de Apoio 1
As Escolas de pensamento da
Globalização
(leitura obrigatória)

«Na Sociologia, globalização é o termo utilizado para designar o processo segundo o qual a
informação, as imagens, e os bens/produtos originários de uma nação em particular ou de
uma zona do planeta entram numa corrente global beneficiando para tal, por exemplo, do
crescimento das empresas transnacionais, da televisão por satélite e, mais recentemente, da
internet (…).
Enquanto alguns teóricos argumentam que o efeito fundamental da globalização consiste em
diminuir ou esbater as diferenças culturais persistentes entre as nações na medida em que no
seu seio os indivíduos acabam por ser e estar submetidos a uma única cultura global, outros há
que, ao constatarem a tendência dominante de transferências de bens e informações do
Ocidente, ou das nações industrializadas e ocidentalizadas para os países em desenvolvimento,
sugerem que a globalização está a ser levada a cabo por um imperialismo cultural
descomprometido, que mostra pouca preocupação e consideração pelos tradicionais meios
culturais de vida, que vão sendo abandonados à medida que os indivíduos lutam para
conseguir os produtos ocidentais e para adoptar as necessidades e sensibilidades das
sociedades de consumo como as suas. E aqui surge a primeira manifestação de anti-
globalização, no sentido, sobretudo, de defender um movimento de globalização com uma
faceta mais humana, respeitadora da diversidade cultural, ambiental, económica, política ou
religiosa: no fundo, uma globalização feliz. Mas, em momento algum se assiste à defesa da
ausência do movimento que, estando presente em todos os domínios e um pouco por todo o
mundo, acaba por constituir, na contemporaneidade, a sua característica fundamental (…).
Outros teóricos há, no entanto, que são defensores de um ponto de vista mais optimista,
sugerindo que a globalização, em si mesma, contribui naturalmente para aumentar e melhorar
a diversidade cultural das diferentes nações, os conceitos e significados/implicações culturais
associadas aos produtos ocidentais e que são formulados com base no conhecimento e

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sensibilidades locais. E neste sentido, os movimentos de anti-globalização não fazem o menor
sentido nem têm razão de existir. Constituem uma falsa questão.»
Balão, Sandra Maria Rodrigues, A Matriz do Poder – Uma visão analítica da Globalização e da
Anti-Globalização no Mundo Contemporâneo, Lisboa, Edições MGI, 2011, pp. 96-97.

Nos últimos anos, a globalização tornou-se um assunto amplamente discutido, quer no meio
académico, quer na opinião pública. Afirmando-se como um processo imprevisível, a
globalização pode ser entendida de várias maneiras. No sentido de analisar a controvérsia em
torno das escolas de pensamento da globalização, David Held e os seus colaboradores
identificaram três grandes correntes: os hiperglobalistas, os cépticos e os transformacionistas.

1) Hiperglobalistas
Para os hiperglobalistas, como Ohmae e Strange, verifica-se uma perda acentuada da
autoridade do Estado-Nação. Na realidade, nota-se uma crescente difusão da autoridade
centrada num número elevado de organizações internacionais, transnacionais,
supranacionais e regionais (NATO, U.E, ONU, etc.). O mundo assiste à emergência de uma
civilização global (“democratização do mundo”) que promove os seus próprios
mecanismos de governação. É por isso mesmo que, cada vez mais, o Direito Internacional
assume um papel importante na definição de normas supra-nacionais.
De acordo com os hiperglobalistas. Há um predomínio claro de uma economia mundial
assente numa matriz neoliberal. Os mercados devem estar fora da alçada dos Estados. A
decisão política depende, em grande parte, do poder financeiro.
Os Estados, esvaziados das suas principais competências, devem procurar atenuar as
clivagens existentes entre os mais ricos e os mais pobres. Isto, porque o caminho é a
globalização e nada a consegue parar. Para os hiperglobalistas, a globalização contém a
reconfiguração fundamental do quadro de referência da acção humana. A globalização é
cada vez mais uma realidade, logo, o que interessa é encontrar o caminho para a
compreensão daquilo que é e não daquilo que devia ser. Utilizando a terminologia
weberiana: eis a “real politik” em detrimento da “moral politik”.

2) Cépticos
Por sua vez, os cépticos (como Hirst e Thompson) afirmam que, acima de todos os
intervenientes no processo de globalização, predominam os governos nacionais. O Estado-
Nação é uma realidade para durar, uma vez que os governos nacionais continuam a ter

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uma centralidade crescente na regulação e promoção da actividade política e económica
fora das suas fronteiras. Verifica-se, pois, uma influência muito concreta do conceito de
soberania formulado pelo renascentista Jean Bodin.
Criticando os seus colegas da escola hiperglobalistas, os cépticos vêem a governança global
e a internacionalização económica como projectos ocidentais, cujo objectivo é o domínio
do Ocidente nos negócios mundiais. Daí se afirmar que, a ordem e a solidariedade
internacionais, enquanto formas de globalização, não passam de tentativas de imposição
dos mais fortes sobre os mais fracos (E. H. Carr).
A globalização, no entender dos cépticos, nada mais é do que um mito criado por alguns
blocos regionais de integração, cuja ideia é permanecer muito poderosos. Advogam ainda
que a homogeneização cultural e a ideia de uma cultura global não passam de mitos
adicionais.
A globalização constitui uma tentativa de implementação de estratégias económicas
neoliberais. Consideram que os factos disponíveis contrariam a ideia de que tem existido
uma convergência das políticas macro-económicas e de bem-estar por todo o mundo. Na
verdade, os cépticos denunciam a marginalização dos países do Terceiro Mundo por
oposição à intensificação dos investimentos e do comércio no seio dos países
desenvolvidos. Logo, a globalização não produz homogeneização, pois cada vez mais se
regista um aumento das desigualdades e da consequente estratificação e hierarquização
na economia.
Contrariando a posição da escola hiperglobalistas em que apenas alguns Estados são
capazes de exercer efectivamente o poder num âmbito global, os cépticos entendem que
todos devem participar no plano de governação (“moral politik”).

3) Transformacionistas
Uma posição mais moderada relativa à globalização é apresentada por autores como
Giddens, Rosenau, Scholte e Castells que integram a chamada escola transformacionistas
da globalização.
Segundo esta corrente, a globalização assume-se como uma força condutora de rápidas
mudanças sociais, políticas e económicas que estão a redefinir as sociedades
contemporâneas. A globalização constitui um processo histórico de longo prazo, cheio de
contradições e significativamente moldado por factores conjunturais.
Porém, a ideia de um mundo globalizado, no qual as fronteiras não existem e tudo está em
toda a parte, não constitui uma verdade inalienável: na medida em que alguns Estados
parecem cada vez mais envolvidos numa ordem global, existem outros que continuam a

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ser cada vez mais marginalizados. No entender de Hoogvelt, a estrutura social global
apresenta-se como um arranjo de três camadas: as elites, os satisfeitos e integrados e os
excluídos.
De acordo com a escola transformacionistas, a globalização contemporânea está a
reequacionar as funções e autoridade dos Governos e dos Estados, e não a destruí-los. Os
Estados não são os únicos centros de decisão ou de exercício de autoridade no mundo. A
globalização está, no entender dos transformacionistas, associada ao aparecimento de
novas formas de organização política e económica, tais como os grandes multinacionais, os
movimentos sociais transnacionais, as agências reguladoras e de governação internacional,
entre outras.
O mesmo se passa com a economia. O espaço económico nacional já não coincide com as
fronteiras territoriais. Verifica-se, antes, uma crescente desterritorialização dos mercados
económicos com a produção financeira a assumir uma dimensão cada vez mais global.
Para os transformacionistas, as pessoas, os Estados, têm que se adaptar a um mundo em
transformação, no qual não existe uma clara distinção entre o nacional e o internacional,
pois o local é, simultaneamente, global.
Cipriano, António Pedro, Um breve resumo das principais escolas teóricas da globalização,
com base na obra A Matriz do Poder, op. cit. pp. 177-195.

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