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Nota: Para outros significados, veja Portugal dido por Salazar até 1968, geriu o país até 25 de abril de
(desambiguação). 1974. A democracia representativa foi instaurada após a
Revolução dos Cravos, em 1974, que terminou a Guerra
Colonial Portuguesa. As províncias ultramarinas de Por-
Portugal, oficialmente República Portuguesa,[9][nota 9]
tugal tornaram-se independentes, sendo as mais proemi-
é um país soberano[nota 10] unitário localizado no sudo-
nentes Angola e Moçambique.
este da Europa, cujo território se situa na zona ociden-
[17]
tal da Península Ibérica e em arquipélagos no Atlântico Portugal é um país desenvolvido, com um Índice
Norte. O território português tem uma área total de 92 de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado como
090 km²,[10] sendo delimitado a norte e leste por Espanha muito elevado. O país foi classificado na 19.ª posição em
[18]
e a sul e oeste pelo oceano Atlântico, compreendendo qualidade de vida (em 2005), tem um dos melhores
uma parte continental e duas regiões autónomas: os ar- sistemas de saúde do planeta e é, também, uma das na-
[19]
quipélagos dos Açores e da Madeira. Portugal é a nação ções mais globalizadas e pacíficas do mundo. É mem-
mais a ocidente do continente europeu. O nome do país bro da Organização das Nações Unidas (ONU), da União
provém da sua segunda maior cidade, Porto, cujo nome Europeia (incluindo a Zona Euro e o Espaço Schengen),
latino-celta era Portus Cale.[11][12] da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO),
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
O território dentro das fronteiras atuais da República Por-
Económico (OCDE) e da Comunidade dos Países de Lín-
tuguesa tem sido continuamente povoado desde os tem-
gua Portuguesa (CPLP). Portugal também participa em
pos pré-históricos: ocupado por celtas, como os galaicos
diversas missões de manutenção de paz das Nações Uni-
e os lusitanos, foi integrado na República Romana e mais
das.
tarde colonizado por povos germânicos, como os suevos
e os visigodos. No século VIII, as terras foram con-
quistadas pelos mouros. Durante a Reconquista cristã
foi formado o Condado Portucalense, primeiro como 1 Etimologia
parte do Reino da Galiza e depois integrado no Reino
de Leão. Com o estabelecimento do Reino de Portugal O nome Portugal apareceu entre os anos 930 a 950 da
em 1139, cuja independência foi reconhecida em 1143. Era Cristã, sendo no final do século X que começou a ser
Em 1297 foram definidas as fronteiras no tratado de Al- usado com mais frequência. O Rei Fernando I de Leão
canizes, tornando Portugal no mais antigo Estado-nação e Castela, chamado o Magno, denominou oficialmente o
da Europa.[13][14] Nos séculos XV e XVI, como resul- território de Portugal, quando, em 1067, o deu ao seu filho
tado de pioneirismo na Era dos Descobrimentos (ver: D. Garcia, que se intitulou rei do mesmo nome.[20] No
descobrimentos portugueses), Portugal expandiu a in- século V, durante o reinado dos Suevos, Idácio de Chaves
fluência ocidental e estabeleceu um império que incluía já escrevia sobre um local chamado Portucale, para onde
possessões na África, Ásia, Oceânia e América do Sul, fugiu Requiário:
tornando-se a potência económica, política e militar mais
importante de todo o mundo. O Império Português foi o Rechiarius ad locum qui Portucale appel-
primeiro império global da História[15] e também o mais latur, profugus regi Theudorico captivus addu-
duradouro dos impérios coloniais europeus, abrangendo citur: quo in custodiam redacto, caeteris qui
quase 600 anos de existência, desde a conquista de Ceuta de priore certamine superfuerant, tradentibus se
em 1415,[16] até à transferência de soberania de Macau Suevis, aliquantis nihilominus interfectis, reg-
para a China em 1999. No entanto, a importância inter- num destructum et finitum est Suevorum[21] (Re-
nacional do país foi bastante reduzida durante o século quiário fugitivo ao lugar ao qual chamam Por-
XIX, especialmente após a independência do Brasil, a sua tucale, foi levado como prisioneiro ao rei Te-
maior colónia. odorico. Foi posto sob custódia, enquanto o
resto dos suevos sobreviventes à anterior ba-
Com a Revolução de 1910, a monarquia terminou, tendo talha renderam-se — apesar de alguns terem
desde 1139 até 1910, 34 monarcas. A Primeira Repú- morrido —; desta maneira o reino dos Suevos
blica Portuguesa foi muito instável, devido ao elevado foi extinto.)
parlamentarismo. O regime deu lugar à ditadura militar
devido a um levantamento em 28 de maio de 1926. Em Cale, a atual Vila Nova de Gaia, já era conhecida por
1933, um novo regime autoritário, o Estado Novo, presi- Portucale no tempo dos godos.[20] Num diploma de 841,
1
2 2 HISTÓRIA
surge por incidente, a primeira menção da província por- e cinetes, e visitada por fenícios[27] e cartagineses. Os
tugalense. Afonso II das Astúrias, ampliando a jurisdição romanos incorporaram-na no seu Império como Lusitânia
[28]
espiritual do Bispo de Lugo, diz: (centro e sul de Portugal), após vencida a resistência
onde se destacou Viriato.[26]
Totius galleciae, seu Portugalensi Provin- No século III, foi criada a Galécia, a norte do Douro, a
tiae summun suscipiat Praesulatum.[22] (Que ele partir da Tarraconense, abrangendo o norte de Portugal.
tome o governo supremo de toda a província da A romanização marcou a cultura, em especial a língua
Galiza e de Portugal.) latina, que foi a base do desenvolvimento da língua por-
tuguesa.[29]
Há quem afirme que Portugal teria derivado de Portoga- Com o enfraquecimento do império romano, a partir de
telo, nome dado por um chefe oriundo da Grécia chamado 409, o território é ocupado por povos germânicos como
Catelo, ao desembarcar e se estabelecer junto do atual vândalos na Bética, alanos que fixaram-se na Lusitânia e
Porto.[23] A primeira vez que o nome de Portugal apa- suevos na Galécia. Em 415 os visigodos entram na Penín-
rece como elemento de raiz heráldica, é numa carta de sula, a pedido dos romanos, para expulsar os invasores.
doação da Igreja de São Bartolomeu de Campelo por D. Vândalos e alanos deslocam-se para o norte de África.
Afonso Henriques em 1129.[24] Os suevos e visigodos fundam os primeiros reinos cris-
tãos. Em 711 o território é conquistado pelos mouros que
aí estabeleceram o Al-Andalus. Os cristãos recolhem-se
2 História para norte, acantonados no Reino das Astúrias. Em 868,
durante a Reconquista, foi formado o Condado Portuca-
lense.[30]
Ver artigo principal: História de Portugal
também ele genro do rei, o governo das terras mais a sul 1530 D. João III tivesse iniciado a colonização do Bra-
do Condado da Galiza, (re)fundando assim o Condado sil.[34]
Portucalense. O país teve o seu século de ouro durante este período.
Com o governo do Conde D. Henrique, o Condado Portu- Porém, na batalha de Alcácer-Quibir (1578), o jovem rei
calense conheceu não só uma política militar mais eficaz D. Sebastião e parte da nobreza portuguesa pereceram.
na luta contra os mouros, como também uma política in- Sobe ao trono o Rei-Cardeal D. Henrique, que morre dois
dependentista mais ativa. Só após a sua morte, quando anos depois, abrindo a crise de sucessão de 1580: esta
o seu filho D. Afonso Henriques subiu ao poder, Portu- resolve-se com a chamada monarquia dualista, em que
gal conseguiu a sua independência, com a assinatura em Portugal e Espanha mantendo coroas separadas eram re-
1143 do Tratado de Zamora, ao mesmo tempo que con- gidas pelo mesmo rei, também chamada União Ibérica,
quistou localidades importantes como Santarém, Lisboa, com a subida ao trono português de Filipe II de Espanha,
Palmela (que foi abandonada pelos mouros após a con- o primeiro de três reis espanhóis (Dinastia Filipina).[35]
quista de Lisboa) e Évora, esta conquistada por Geraldo Privado de uma política externa independente e envol-
Sem Pavor aos mouros.[31] vido na guerra travada por Espanha com os Países Baixos,
Terminada a Reconquista do território português em Portugal sofreu grandes reveses no império, resultando
[36]
na
1249, a independência do novo reino viria a ser posta em perda do monopólio do comércio no Índico.
causa várias vezes por Castela. Primeiro, na sequência Esse domínio foi terminado a 1 de dezembro de 1640
da crise de sucessão de D. Fernando I, que culminou na pela nobreza nacional que, após ter vencido a guarda real
Batalha de Aljubarrota, em 1385.[32] num repentino golpe de estado, depôs a duquesa gover-
nadora de Portugal, coroando D. João IV como Rei de
Portugal.[36]
2.3 Os descobrimentos e a Dinastia Fili-
pina 2.4 Restauração, absolutismo e libera-
lismo
Ver artigos principais: Descobrimentos portugueses e
Império Português Ver artigos principais: Restauração da Independência
Com o fim da guerra, Portugal deu início ao processo de e Terramoto de 1755
Após o golpe de estado que restauraria a independên-
A recusa do regime em descolonizar as províncias ultra- presidiu o Conselho Europeu por três vezes, a última das
marinas resultou no início da guerra colonial, primeiro quais em 2007, recebendo a cerimónia de assinatura do
em Angola (1961) e em seguida na Guiné-Bissau (1963) Tratado de Lisboa.[54]
e em Moçambique (1964). Apesar das críticas de alguns
dos mais antigos oficiais do Exército, entre os quais o ge-
neral António de Spínola, o governo parecia determinado
em continuar esta política.[47] Com o seu livro Portugal e
3 Geografia
o Futuro, em que defendia a insustentabilidade de uma
solução militar nas guerras do Ultramar, Spínola seria Ver artigo principal: Geografia de Portugal
destituído, o que agravou o crescente mal-estar entre os Situado no extremo sudoeste da Europa, Portugal Conti-
jovens oficiais do Exército, os quais, no dia 25 de abril
de 1974 desencadearam um golpe de estado, conhecido
como a Revolução dos Cravos.[48]
A este sucedeu-se um período de confronto político muito
aceso entre forças sociais e políticas, designado como
Processo Revolucionário em Curso (PREC), com espe-
cial ênfase durante o verão de 1975, a que se chamou
Verão Quente, no qual o país esteve prestes a entrar em
guerra civil. Foram feitos ataques às sedes de parti-
dos de esquerda como o PCP. Neste período, Portugal
concede a independência a todas as suas antigas colónias
em África.[49]
de altitude máxima, e a 2.ª mais alta de Portugal — ape- air.jpg|Cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Eu-
nas atrás da Montanha do Pico, nos Açores).[55] ropa Continental Imagem:Pico Grande.jpg|Montanhas
As ilhas dos Açores estão localizadas no rifte médio do da ilha da Madeira. Imagem:Benagil Cave, Al-
oceano Atlântico; algumas das ilhas tiveram atividade garve.jpg|Caverna costeira de Benagil, Algarve.
vulcânica recente: São Miguel em 1563, e Capelinhos em Imagem:Lagoa_das_Sete_Cidades3.jpg|Lagoas vulcâni-
1957, que aumentou a área ocidental da Ilha do Faial.[56] cas das Sete Cidades, na ilha São Miguel. Imagem:Serra
O Banco D. João de Castro é um grande vulcão subma- da Estrela 1.jpg|Serra da Estrela, a mais alta cor-
rino que se situa entre as ilhas Terceira e São Miguel e dilheira de Portugal Continental. Imagem:Furnas
Beach, VN de Milfontes, Portugal.jpg|Praia Vila Nova
está 14 m abaixo da superfície do mar. Entrou em erup-
ção em 1720 e formou uma ilha, que permaneceu acima de Milfontes, na região do Alentejo. Imagem:The
Douro Valley (10185487635).jpg|Vale do rio Douro.
da tona de água durante vários anos. Uma nova ilha po-
derá surgir num futuro não muito distante. O ponto mais Imagem:SantaremTejo.jpg|Rio Tejo em Santarém.
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alto de Portugal é a Montanha do Pico na Ilha do Pico,
[57]
um vulcão que atinge 2 351 m de altitude.
As ilhas da Madeira, ao contrário dos Açores que se si- 3.1 Clima
tuam na área do rifte médio do oceano Atlântico, estão
situadas no interior da placa africana e a sua formação Ver artigo principal: Clima de Portugal
deve-se à atividade de um ponto quente não relacionado Portugal tem um clima mediterrânico, Csa no sul e Csb no
com a circulação tectónica. Esta situação de estabilidade
e localização no interior da placa tectónica leva a que este
seja o território do país menos sujeito a sismos.[58]
A última erupção vulcânica de que há evidência ocorreu
há cerca de 6 000 anos, na ilha da Madeira, manifestando-
se atualmente o vulcanismo de forma indireta, através da
libertação de gases vulcânicos profundos e águas quentes
e gaseificadas descobertas aquando da abertura de túneis
rodoviários e galerias de captação de água no interior da
ilha principal.[58] O ponto mais alto do território é o Pico
Ruivo com 1 862 m de altitude,[59] que é também o ter-
ceiro mais alto do país.[60]
A costa portuguesa é extensa: tem 1 230 km em Portugal Neve nas proximidades de Montalegre
continental, 667 km nos Açores, 250 km na Madeira onde
se incluem também as Ilhas Desertas, as Ilhas Selvagens
e a ilha do Porto Santo. A costa formou belas praias, com
variedade entre falésias e areais. Na ilha do Porto Santo
uma formação de dunas de origem orgânica (ao contrário
da origem mineral da costa portuguesa continental) com
cerca de 9 km é um ponto turístico muito apreciado inter-
nacionalmente. Uma característica importante na costa
portuguesa é a ria de Aveiro, estuário do rio Vouga, perto
da cidade de Aveiro, com 45 km de comprimento e um
máximo de 11 km de largura, rica em peixe e aves ma-
rinhas. Existem quatro canais, entre estes várias ilhas
e ilhotas, e é onde quatro rios encontram o oceano.[61]
Com a formação de cordões litorais definiu-se uma la- Marinha, uma praia costeira típica da região do Algarve.
guna, vista como um dos elementos hidrográficos mais
marcantes da costa portuguesa. Portugal possui uma das norte, de acordo com a classificação climática de Köppen-
maiores zonas económicas exclusivas (ZEE) da Europa, Geiger.[63] Portugal é um dos países europeus mais ame-
cobrindo cerca de 1 683 000 km².[62] nos: a temperatura média anual em Portugal continental
varia dos 13 °C no interior norte montanhoso até 18 °C
<gallery mode=packed caption=Paisagens de
no sul, na bacia do Guadiana.[63] Os Verões são amenos
Portugal"> Imagem:Monsaraz and the Alqueva
nas terras altas do norte do país e na região litoral do ex-
Reservoir.jpg|Monsaraz, Alentejo. Imagem:Açores
tremo norte e do centro. O Outono e o Inverno são ti-
2010-07-19 (5051954996).jpg|Montanha do Pico
picamente ventosos, chuvosos e frescos, sendo mais frios
(ao fundo), no arquipélago dos Açores, o ponto mais
nos distritos do norte e centro do país, nos quais ocorrem
alto do país, a uma altitude de 2 351 metros acima
temperaturas negativas durante os meses mais frios. No
do nível do mar. Imagem:Cabo da Roca from the
entanto, nas cidades mais ao sul de Portugal, as tempera-
3.2 Fauna e flora 7
turas só muito ocasionalmente descem abaixo dos 0 °C, tão muito difundidos, por razões económicas, o pinheiro
ficando-se pelos 5 °C na maioria dos casos.[64] (especialmente as espécies Pinus pinaster e Pinus pinea),
Normalmente, os meses de Primavera e Verão são en- o castanheiro (Castanea sativa), o sobreiro (Quercus su-
solarados e as temperaturas são altas durante os meses ber), a azinheira (Quercus ilex), o carvalho-português
secos de julho e agosto, podendo ocasionalmente passar (Quercus faginea) e o eucalipto (Eucalyptus globulus).[70]
dos 40 °C em boa parte do país, em dias extremos,[65] e A fauna de mamíferos é muito variada e inclui a raposa,
com maior frequência no interior do Alentejo.[66] No Ve-texugo, lince-ibérico, lobo-ibérico, cabra-selvagem (Ca-
rão as temperaturas podem mesmo subir até aos 50 °C pra pyrenaica), o gato-selvagem (Felis silvestris), a lebre,
como está documentado num estudo climatológico reali- a doninha, o sacarrabos, gineta, e ocasionalmente urso-
zado recentemente, por exemplo no Parque Arqueológico pardo (perto do Rio Minho, perto da Peneda-Gerês)[71]
do Vale do Côa, no vale do Douro. Em algumas regiões, e muitos outros. Portugal é um lugar de paragem impor-
como nas bacias do Tejo e do Douro, as temperaturas tante para aves migratórias que se deslocam entre a Eu-
médias anuais podem chegar a atingir os 20 °C.[67] ropa e África, em lugares como o Cabo de São Vicente
O maior valor da temperatura máxima do ar de 50,5 °C ou a Serra de Monchique, onde podem ser vistos milha-
foi registada em Riodades, São João da Pesqueira.[68] A res de pássaros que voam a partir da Europa para África
precipitação total anual média varia de pouco mais de 3 no Outono ou no sentido oposto na Primavera. Portugal
000 mm nas montanhas do norte a menos de 600 mm em tem cerca de 600 espécies de aves, entre as quais 235 [72]
ni-
[63]
zonas do sul do Alentejo. O país tem cerca de 2 500–3 dificantes e quase todos os anos há novos registos.
200 horas de sol por ano, e uma média de 4–6 horas no
Inverno e 10–12 horas no Verão, com valores superiores
no sudeste e inferiores no noroeste.[65][69]
A neve ocorre regularmente em quatro distritos no norte
do país (Guarda, Bragança, Vila Real e Viseu) e diminui
a sua ocorrência em direção ao sul, até se tornar inexis-
tente na maior parte do Algarve. No Inverno, tempera-
turas inferiores a −10 °C e nevões ocorrem com alguma
frequência em pontos restritos, tais como a Serra da Es-
trela, a Serra do Gerês e a Serra de Montesinho, podendo
nevar de outubro a maio nestes locais.[64]
bizantinos; Berberes com alguns árabes e saqaliba (es- de Nações Sul-Americanas (UNASUL), no Mercado
cravos eslavos); Judeus sefarditas; africanos subsarianos; Comum do Sul (Mercosul) e na União Africana.[98]
fluxos menos maciços de migrantes europeus (particular- São ainda reconhecidas e protegidas oficialmente a língua
mente da Europa Ocidental). Todos estes processos po- gestual portuguesa[99] e o mirandês, protegida oficial-
pulacionais terão deixado a sua marca, ora mais forte, ora mente no concelho de Miranda do Douro,[100] com ori-
só vestigial. Mas a base genética da população relativa- gem no asturo-leonês, ensinada como segunda língua fa-
mente homogénea do território português, como do resto cultativa em escolas do concelho de Miranda do Douro
da Península Ibérica, mantém-se a mesma nos últimos e parte do concelho de Vimioso. O seu uso, no entanto,
quarenta milénios: os primeiros seres humanos modernos
é bastante restrito, estando em curso ações que garantam
a entrar na Europa Ocidental, os caçadores-recoletores do os direitos linguísticos à sua comunidade falante.[101]
Paleolítico.[nota 11]
A língua portuguesa é uma língua românica (do grupo
Uma das críticas comuns aos dados sobre os recensea- ibero-românico), tal como o galego, castelhano, catalão,
mentos relaciona-se com a aparente deficiente cobertura italiano, francês, romeno, reto-romanche (Suíça), e
dos grupos étnicos. Não se trata duma deficiente re- outros.[102]
colha de dados. Faz parte da política do Instituto Na-
cional de Estatística não incluir a distinção de raça ou O português é conhecido como a língua de Camões (por
etnia, havendo unicamente a recolha de dados sobre a causa de Luís de Camões, autor de Os Lusíadas), a úl-
nacionalidade.[94] tima flor do Lácio, expressão usada no soneto Língua Por-
tuguesa[103] de Olavo Bilac ou ainda a doce língua por
Miguel de Cervantes.[104]
4.2 Línguas
e a igualdade entre religiões,[105] apesar da Concordata ová foi legalmente reconhecida, tendo hoje a sua sede em
que privilegia a Igreja Católica,[106] em várias dimensões Alcabideche. Portugal é um dos 236 países onde esta de-
da vida social, pelo que é comum, em algumas cerimó- nominação religiosa se encontra atualmente ativa.[113]
nias oficiais públicas como inaugurações de edifícios ou A comunidade judaica em Portugal conseguiu manter-se
eventos oficiais de Estado, haver a presença de um re- até à atualidade, não obstante a ordem de expulsão dos
presentante da Igreja Católica. No entanto, a posição re- Judeus a 5 de dezembro de 1496 por decreto do rei D.
ligiosa dos políticos eleitos é normalmente considerada Manuel I, obrigando muitos a escolher entre conversões
irrelevante pelos eleitores. A exemplo disso, dois dos forçadas ou a efetiva expulsão do país, ou à prisão e con-
últimos Presidentes da República (Mário Soares e Jorge
sequentes penas decretadas pela Inquisição portuguesa,
Sampaio) eram pessoas assumidamente laicas.[107] que, precisamente por este motivo acabou por ser uma
A maioria dos portugueses (81 % da população to- das mais ativas na Europa. A forma como o culto se
tal — segundo os resultados oficiais dos censos 2011), desenvolveu na vila raiana de Belmonte é um dos exem-
inscrevem-se numa tradição católica.[108] A prática domi- plos de perseverança dos judeus como unidade em Portu-
nical do Catolicismo segundo um estudo da própria Igreja gal. Em 1506, em Lisboa, dá-se um massacre de Judeus
Católica (de 2001) é realizada por 1 933 677 católicos em que perderam a vida entre 2 000 a 4 000 pessoas,
praticantes (18,7 % da população total) e o número de um dos mais violentos na época, a nível europeu.[114]
comungantes é de 1 065 036 (10,3 % da população to- Existem ainda minorias islâmicas (15 000 pessoas)[115]
tal). Cerca de metade dos casamentos realizados são ca- e hindus, com base, na sua maioria, em descendentes de
samentos católicos, os quais produzem automaticamente imigrantes, bem como alguns focos pontuais (alguns ape-
efeitos civis. O casamento entre pessoas do mesmo sexo, nas a nível regional) de budistas, gnósticos e espíritas.[116]
assim como o divórcio, são permitidos, conforme estabe-
lecido no Código Civil (por mútuo consentimento ou por
requerimento no tribunal por um dos cônjuges no caso 4.4 Localidades mais populosas
do divórcio) apesar de o Direito Matrimonial Canónico
não prever estas figuras, tal como o casamento entre pes-
soas do mesmo sexo. Existem vinte dioceses em Portugal,
agrupadas em três distritos eclesiásticos: Braga, Lisboa
e Évora.[109] Outras estatísticas não oficiais mostram que
em 2004 a população católica de Portugal era de 90,41 %,
sendo a população da Diocese Portalegre–Castelo Branco
a mais católica com 99,35 % de fiéis e a população da Di-
ocese de Beja a menos devota ao catolicismo com 83,42
% de católicos. Já as Dioceses de Lisboa e do Porto pos-
suíam respetivamente 85,00 % e 90,56 % de população
católica.[110]
De acordo com pesquisa de 2010 do Eurobarometer, 70%
dos portugueses disseram acreditar na existência de al-
gum deus. 15% disseram crer na existência de algum tipo Lisboa, capital e maior cidade do país
de espírito ou força vital, ao passo que 12% não acredi-
tavam que exista qualquer tipo de espírito, deus, ou força Lisboa (cerca de 500 000 habitantes — 3 milhões de
vital.[111] habitantes na Região de Lisboa) é a capital desde o sé-
culo XIII (tirando o lugar a Coimbra), a maior cidade
O protestantismo em Portugal possui várias denomina- do país, principal polo económico, detendo o princi-
ções atuantes maioritariamente de cultos com inspira- pal porto marítimo e aeroporto portugueses e é a ci-
ção evangélica neopentecostal (ex.: Congregação Cristã dade mais rica de Portugal com um PIB per capita su-
em Portugal, Assembleias de Deus em Portugal e Igreja perior ao da média da União Europeia. Outras cida-
Maná) ou de imigração brasileira (ex: Igreja Universal do des importantes são as do Porto, (cerca de 240 000 ha-
Reino de Deus).[112] bitantes — 1,5 milhões no Grande Porto) a segunda
As Testemunhas de Jeová contam com perto de 50 000 maior cidade e centro económico, Aveiro (por vezes
praticantes em Portugal, distribuídos por cerca de 650 denominada a “Veneza portuguesa”), Braga (“Cidade
congregações, sendo que os simpatizantes alcançam um dos Arcebispos”), Chaves (cidade histórica e milenar),
número similar. Mais de 95 000 pessoas assistiram Coimbra (com a mais antiga universidade do país),
em 2007 à sua principal celebração, a Comemoração Guimarães (“Cidade-berço”), Évora (“Cidade-Museu”),
da Morte de Cristo. A religião está presente no país Setúbal (terceiro maior porto), Portimão (3.º porto de
desde 1925, tendo sido proscrita oficialmente entre 1961 cruzeiros e sede do AIA), Faro e Viseu. Na área metropo-
e 1974, período em que operou na clandestinidade. Em litana de Lisboa existem cidades com grande densidade
dezembro de 1974, a Associação das Testemunhas de Je- populacional como Agualva-Cacém e Queluz (concelho
de Sintra), Amadora, Almada, Amora, Seixal, Barreiro,
11
Montijo e Odivelas. Na área metropolitana do Porto os destas leis têm sofrido revisões profundas desde a sua pu-
concelhos mais povoados são Vila Nova de Gaia, Maia, blicação original.[117]
Matosinhos e Gondomar. Na Região Autónoma da Ma- Existem quatro Órgãos de Soberania: o Presidente da
deira a principal cidade é o Funchal. Na Região Autó- República (Chefe de Estado — poder moderador, mas
noma dos Açores existem três cidades principais: Ponta com algum poder executivo), a Assembleia da Repú-
Delgada, na ilha de São Miguel, Angra do Heroísmo na blica (Parlamento — poder legislativo), o Governo (po-
ilha Terceira e Horta na ilha do Faial.[5] der executivo) e os Tribunais (poder judicial). Vi-
gora no país um sistema semipresidencialista, segundo
o quadro constitucional estabelecido em 1976.[117] O
5 Política e governo semipresidencialismo português - de pendor parlamenta-
rista (atenuado ou acentuado, conforme o governo seja
maioritário ou minoritário)[118] - suporta 4 traços estru-
Ver artigo principal: Política de Portugal turais essenciais:
Em Portugal, a lei fundamental é a Constituição, da-
6 Subdivisões
6.2 Áreas urbanas
Ver artigo principal: Subdivisões de Portugal Uma outra versão da divisão administrativa portuguesa,
que está atualmente (2008) em processo de implantação
As principais divisões administrativas de Portugal são os (a diferentes velocidades consoante as várias estruturas),
18 distritos no continente e as duas regiões autónomas dos gira em volta de "áreas urbanas", definidas como unida-
Açores e Madeira, que se subdividem em 308 concelhos des territoriais contínuas constituídas por agrupamentos
e 3 092 freguesias.[141] Os distritos permanecem como a de concelhos.[150] Existem dois tipos de áreas urbanas:
mais relevante subdivisão do país, servindo de base para
uma série de utilizações administrativas, como por exem- • Grandes Áreas Metropolitanas (GAM) — área ur-
plo, os círculos eleitorais.[142] bana composta por nove ou mais concelhos, e com
Antes de 1976, os dois arquipélagos atlânticos estavam população superior a 350 mil habitantes;[151]
também integrados na estrutura geral dos distritos por-
• Comunidades Intermunicipais (CIM) — área ur-
tugueses embora com uma estrutura administrativa dife-
bana composta por três ou mais concelhos, e com
renciada, contida no Estatuto dos Distritos Autónomos
uma população entre 10 a 100 mil habitantes
das Ilhas Adjacentes,[143] que se traduzia na existência de
eleitores.[152]
Juntas Gerais com competências próprias. Havia três dis-
tritos autónomos nos Açores e um na Madeira:
7.2 Turismo
dade em Viagens e Turismo, publicado pelo Fórum Eco- educação escolar e a educação extra-escolar.[182] A edu-
nómico Mundial.[174] No mesmo ano, Portugal também cação pré-escolar é universal para todas as crianças a par-
foi eleito pela Condé Nast Traveller o melhor destino do tir do ano em que atinjam os 4 anos de idade.[183] A edu-
mundo para se viajar.[175] Paisagem, gastronomia, praias cação escolar compreende os ensinos básico, secundário
e a simpatia da população foram os critérios usados para a e superior.[184][185]
escolha. A publicação ressaltou o “especial encanto que é O primeiro nível de ensino, o ensino básico, tem uma
visível nas tradições do país, com cidades que combinam duração de nove anos organizada em três ciclos: 1.º ci-
a modernidade com o peso visível da História, paisagens clo (1.º ao 4.º anos de escolaridade); 2.º ciclo (5.º e
e praias que nos reconciliam com a natureza”.[176]
6.º anos de escolaridade) e 3.º ciclo (7.º ao 9.º anos de
Em maio de 2014 o portal de viagens do jornal norte- escolaridade).[186] O nível seguinte, o ensino secundário
americano USA Today elegeu o país como o melhor da tem uma duração de três anos (10.º, 11.º e 12.º anos de
Europa para passar férias.[177] escolaridade) e organiza-se num só ciclo. O ensino secun-
Os principais pontos turísticos de Portugal são Lisboa, dário organiza-se segundo formas diferenciadas, contem-
Algarve e Madeira, mas o governo português continua a plando a existência de cursos predominantemente orien-
promover e desenvolver novos destinos turísticos, como tados para a vida activa ou para o prosseguimento de
o vale do Douro, a ilha de Porto Santo e o Alentejo. Em estudos.[187] A escolaridade obrigatória é de 12 anos,
2005, Lisboa foi a segunda cidade europeia, depois de abrangendo os ensinos básico e secundário e inicia-se aos
Barcelona, que atraiu mais turistas, com sete milhões de seis anos de idade.[188]
visitantes dormindo nos hotéis da cidade.[178]
8 Infraestrutura
8.1 Educação
Ver artigo principal: Educação em Portugal Palácio das Escolas, sede da Universidade de Coimbra; fundada
A coordenação da política relativa ao sistema educativo em 1290, é uma das universidades mais antigas do mundo ainda
em funcionamento.
técnico são conferidos os graus académicos de licenciado dos empregados representam as principais fontes de fi-
e de mestre.[197] As unidades orgânicas de ensino poli- nanciamento dos subsistemas de saúde. Além disso, os
técnico denominam-se, em regra, escolas, e nalguns ca- pagamentos diretos pelo paciente e os prémios de seguros
sos institutos.[198] No ano letivo de 2015-2016, o maior voluntários de saúde representam uma grande percenta-
instituto politécnico, considerando como indicador o nú- gem de financiamento.[202]
mero de alunos, era o Instituto Politécnico do Porto, com Semelhante aos outros países da Europa, em Portugal a
17988 estudantes inscritos.[195] maioria da população morre com doenças não transmissí-
A taxa de analfabetismo[199] apurada nos Censos de 2011, veis.[202] A mortalidade devido a doenças cardiovascula-
situava-se ainda em 5,2 % (3,5% nos homens e 6,8% nas res (DCV) é maior do que na Zona Euro, mas as suas duas
mulheres). No ano letivo de 2014-2015, a taxa de escola- principais componentes, a doença cardíaca e a doença ce-
rização no ensino básico atingia 98,3% (89,5% na educa- rebrovascular, mostram as tendências em relação inversa
ção pré-escolar, 74,6% no ensino secundário e 31,4%% com a Europa, com a doença cerebrovascular sendo a
no ensino superior).[200] maior causa de morte em Portugal (17 %).[202] Doze por
cento da população morre de cancro com menos frequên-
cia do que na Europa, mas não diminui a taxa de mortali-
8.2 Saúde dade tão rapidamente como na Europa. O cancro é mais
frequente entre as crianças, bem como entre as mulhe-
Ver artigo principal: Saúde em Portugal res mais jovens, com idade inferior a 44 anos. Embora o
cancro do pulmão (lentamente aumentando entre as mu-
lheres) e o cancro da mama (diminuindo rapidamente)
O sistema de saúde português é caraterizado por três sis- não afetem tanto, o cancro do colo do útero e da próstata
temas coexistentes: o Serviço Nacional de Saúde (SNS), são mais frequentes. Portugal tem a mais alta taxa de
os regimes de seguro social de saúde especiais para de- mortalidade por diabetes na Europa, com um aumento
terminadas profissões (subsistemas de saúde) e seguros acentuado desde os finais da década de 1980.[202]
de saúde de voluntariado privados. O SNS oferece uma
cobertura universal.[201] Além disso, cerca de 25 % da Em Portugal, a taxa de mortalidade infantil caiu acen-
população é coberto por subsistemas de saúde, 10 % em tuadamente desde a década de 1980, quando 24 em
seguros privados e outros 7 % em fundos mútuos.[202] cada 1 000 recém-nascidos morriam no primeiro ano de
vida. Agora, é cerca de 3 mortes por cada 1 000 recém-
nascidos. Esta melhoria deveu-se principalmente à di-
minuição da mortalidade neonatal, de 15,5 para 3,4 por
cada 1 000 nascidos vivos.[202] De acordo com o último
Relatório de Desenvolvimento Humano, a média de vida
em 2006 foi de 77,9 anos.[202]
A Rádio e Televisão de Portugal (RTP) mantém três que em 2005 Portugal tenha importado 87,3 % da energia
emissoras de rádio: Antena 1, Antena 2 e Antena 3.[217] total que consumiu (em teps).[223] Relativamente à pro-
Para além destas, existem emissoras privadas, sendo as dução de eletricidade, Portugal produziu, em 2005, 85 %
mais conhecidas e antigas, a Rádio Renascença,[218] a da eletricidade que consumiu (importando os restantes 15
Rádio Comercial e o Rádio Clube Português.[219] %).[224] A produção doméstica total nesse mesmo ano foi
O jornal Açoriano Oriental é o jornal mais antigo de Por- 4 657 GW•h repartida do seguinte modo em termos das
tugal e está entre os dez mais antigos do Mundo, tendo fontes utilizadas: não renováveis — 80,8 % (carvão —
sido fundado a 18 de abril de 1835. Vários jornais têm 32,7 %, gás natural — 29,2 %, petróleo — 18,9 %); re-
nováveis — 19,2 % (hidroelétrica — 11 %, eólica — 3,8
surgido ao longo dos anos, sendo de destacar os jornais
O Século, o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias. Em %, biomassa — 3,0 %, outras — 1,4 %).[224]
Portugal, existem várias revistas nas bancas sobre os mais Contudo, pela primeira vez na sua história, Portugal, nos
variados temas, sendo as que tratam os assuntos da vida primeiros 5 meses de 2010, teve uma balança comercial
social que tem mais leitores. Destas, a Nova Gente, a de energia elétrica positiva, exportando mais energia que
Caras, a Lux, a VIP e a Flash são as mais vendidas.[220] a que importou (982 GW•h contra 946 GW•h).[225]
O governo de Portugal pretende que até 2010, 45 %
da eletricidade produzida seja obtida a partir de fontes
8.5 Energia renováveis.[226] A Barragem do Alqueva, no Alentejo —
servindo a irrigação dos campos e gerando energia hidro-
elétrica, que criou o maior lago artificial na região oci-
dental da Europa e foi um dos maiores projetos de inves-
timento do país.[221]
Em 2007, foi inaugurada uma das maiores centrais
de energia solar fotovoltaica do mundo (11 MW), em
Brinches, concelho de Serpa[227] e em fase de constru-
ção encontra-se aquela que será a maior do mundo no seu
tipo (62 MW),[228] situada em Amareleja, concelho de
Moura, cuja montagem deverá estar totalmente concluída
em 2010. Paralelamente a primeira exploração comer-
cial do mundo da energia das ondas do mar entrou em
funcionamento em setembro de 2008, 5 km ao largo de
Aguçadoura, concelho de Póvoa de Varzim.[229] Também
a potência instalada em parques eólicos será aumentada
Painéis solares em Serpa, no Alentejo. para 5 100 MW em 2012 (contra os 2 000 MW instalados
até meados de 2007) enquanto a potência hidroelétrica
instalada deverá atingir os 7 000 MW em 2020 (contra
os cerca de 5 000 MW de 2005).[226]
Em 2016, Portugal passou quatro dias consecutivos a uti-
lizar apenas energia renovável[230][231] e assinou acordo
internacional para comércio de energia renovável com
Marrocos, Espanha, França e Alemanha.[232] Os investi-
mentos em energias renováveis em Portugal poderão tota-
lizar 12 mil milhões de euros até 2012 e 120 mil milhões
de euros até 2020.[233]
8.6 Transportes
A Barragem do Alqueva criou o maior lago artificial de toda a Ver artigo principal: Transportes em Portugal
Europa.[221] Os transportes foram encarados como uma prioridade
na década de 1990, sobretudo devido ao aumento da
utilização de veículos automóveis e à industrialização.
Ver artigo principal: Energia em Portugal Portugal foi um dos primeiros países do Mundo a ter
uma autoestrada, inaugurada em 1944, ligando Lisboa ao
Portugal é um país altamente deficitário em termos Estádio Nacional, a futura Autoestrada Lisboa–Cascais
energéticos, que em 2005 importava a totalidade dos (atual A5). No entanto, apesar de terem sido posterior-
combustíveis fósseis que consumia.[222] Tal facto implica mente construídos alguns outros troços nas décadas de
8.7 Água e saneamento 21
Ver artigo principal: Cultura de Portugal Ver artigo principal: Música de Portugal
Ver também: Fado
A música tradicional portuguesa é variada e muito
Portugal desenvolveu uma cultura específica, enquanto
esteve a ser influenciado por várias civilizações que cru-
zaram o Mediterrâneo e o continente europeu, ou fo-
ram introduzidos quando a nação desempenhou um papel
ativo durante a Era dos Descobrimentos.[246]
Nas décadas de 1990 e 2000, Portugal modernizou os
seus equipamentos culturais públicos, além da criação,
em 1956, da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Estes incluem o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a
Fundação de Serralves e a Casa da Música, no Porto, bem
como novos equipamentos culturais públicos como bibli-
otecas municipais e salas de concerto que foram cons-
truídos ou renovados em muitos municípios por todo o
país.[247]
9.1 Literatura
O Fado, pintura do artista português José Malhoa
Ver artigo principal: Literatura de Portugal
rica. Do folclore fazem parte as danças do vira, do Mi-
A literatura portuguesa, uma das primeiras literatu- nho, dos Pauliteiros de Miranda, da zona mirandesa, do
ras ocidentais, desenvolveu-se através de texto e mú- Corridinho do Algarve ou do Bailinho, da Madeira. Ins-
sica. Até 1350, os trovadores galego-portugueses espa- trumentos típicos são o cavaquinho, a gaita-de-foles, o
lharam a sua influência literária para a maior parte da acordeão, o violino, os tambores, a guitarra portuguesa
Península Ibérica.[248] Gil Vicente (1465–1536), foi um (instrumento caraterístico do fado) e uma variedade de
dos fundadores das tradições dramáticas portuguesa e instrumentos de sopro e percussão. Ainda na cultura po-
espanhola.[249][250] pular existem as bandas filarmónicas que representam
Aventureiro e poeta, Luís de Camões (1524–1580) es- cada localidade e tocam vários estilos de música, desde
creveu o poema épico Os Lusíadas, com a Eneida de a popular à clássica, sendo as bandas portuguesas das que
Virgílio como sua principal influência. A poesia moderna melhor qualidade artística têm.[251]
portuguesa está enraizada nos estilos neoclássico e con- O mais conhecido estilo de música português é o Fado,
temporâneo, como exemplificado por Fernando Pessoa cuja intérprete mais célebre foi Amália Rodrigues. Ou-
(1888–1935). A literatura moderna portuguesa é repre- tros cantores como Alfredo Marceneiro, Vicente da Câ-
sentada por autores como Almeida Garrett, Camilo Cas- mara, Nuno da Câmara Pereira, Frei Hermano da Câ-
telo Branco, Eça de Queirós, Sophia de Mello Breyner mara, António Pinto Basto e Hermínia Silva também se
Andresen, António Lobo Antunes e Miguel Torga. Com distinguiram como fadistas. No entanto, o Fado tem tam-
um estilo particularmente popular e distinto está José bém nos últimos anos assistido ao aparecimento de jo-
Saramago, vencedor do prémio Nobel de Literatura em vens cantores que atingem grande êxito, como Ricardo
1998.[249][250] Ribeiro, Cristina Branco, Camané, Mariza, Ana Moura,
Na literatura portuguesa, é eminente a poesia, estando Mafalda Arnauth e Mísia, entre outros, bem como de jo-
entre os maiores poetas portugueses de todos os tempos vens guitarristas como Bernardo Couto. Recentemente,
Luís de Camões e Fernando Pessoa, aos quais se pode através dos Madredeus e de cantores como Mariza ou
acrescentar Bocage, Antero de Quental, Eugénio de An- Dulce Pontes, a música portuguesa tem atingido um pa-
drade, Sophia de Mello Breyner Andresen, Florbela Es- tamar de reconhecimento internacional e tem [252] ajudado a
panca, Cesário Verde, António Ramos Rosa, Mário Ce- divulgar a língua portuguesa em todo o mundo. A ní-
sariny, Herberto Helder, Al Berto, Alexandre O'Neill e vel de instrumentistas merece realce a carreira e compo-
Ruy Belo, entre outros. Na prosa, Damião de Góis, o sições do guitarrista Carlos Paredes, [253]
o mais conhecido
Padre António Vieira, Almeida Garrett, Miguel Torga, mestre de guitarra portuguesa.
Fernando Namora, Nuno Bragança, José Cardoso Pires, Referências da canção de finais do século XX (princi-
António Lobo Antunes. No teatro, têm destaque, para palmente do período pré e pós-revolucionário) são Zeca
além da figura maior de Gil Vicente, António José da Afonso, Sérgio Godinho, Fausto, Adriano Correia de Oli-
Silva – dito “o Judeu” – e Bernardo Santareno.[249][250] veira, Vitorino, José Mário Branco, os Trovante, entre
9.4 Gastronomia 23
A música erudita portuguesa constitui um capítulo impor- A arquitetura popular marcou a arquitetura dos anos
tante da música ocidental. Ao longo dos séculos, sobres- 1950, no chamado "Português Suave" que prevaleceu até
saíram nomes de compositores e intérpretes como os tro- ao final do Salazarismo.[257]
vadores Martim Codax e D. Dinis, os polifonistas Duarte A arquitetura contemporânea portuguesa contrapõe tra-
Lobo, Filipe de Magalhães, Manuel Cardoso e Pedro de dições à intenção de inovar, desenvolvida por várias
Cristo, o organista Manuel Rodrigues Coelho o compo- gerações desde meados do século XX até aos nossos
sitor e cravista Carlos Seixas, a cantora Luísa Todi, o sin- dias. Álvaro Siza (prémio Pritzker), Fernando Távora,
fonista e pianista João Domingos Bomtempo ou o com- Eduardo Souto de Moura (prémio Pritzker), Raul Hest-
positor e musicólogo Fernando Lopes Graça. O período nes Ferreira, Rui Jervis Atouguia, Jorge Ferreira Cha-
de ouro da música portuguesa coincidiu, discutivelmente, ves, Francisco Conceição Silva, Keil do Amaral, Cassiano
com o apogeu da polifonia clássica no século XVII (Es- Branco, Pancho Guedes, Francisco Castro Rodrigues,
cola de Évora, Santa Cruz de Coimbra). Entre as gran- Manuel Tainha, Vítor Figueiredo, Gonçalo Byrne e
des referências atuais, pontificam os nomes dos pianistas Tomás Taveira são alguns dos mais notáveis arquitetos
Artur Pizarro, Maria João Pires, Olga Prats e Sequeira portugueses da época contemporânea.[258][259][260]
Costa, da violetista Anabela Chaves, do violinista Carlos
Damas, do compositor Emmanuel Nunes, do compositor
e maestro Álvaro Cassutto. As orquestras sinfónicas mais 9.4 Gastronomia
importantes são a Orquestra da Fundação Gulbenkian, a
Orquestra Nacional do Porto e a Orquestra Sinfónica Por- Ver artigo principal: Gastronomia de Portugal
tuguesa. No que diz respeito à ópera, o Teatro Nacional A gastronomia é muito rica em variedade e do agrado
de São Carlos em Lisboa é o mais representativo.[254] de nacionais e estrangeiros em geral. Cada zona do país
tem os seus pratos típicos, incluindo os mais diversifica-
dos alimentos, passando pelas carnes de gado, carneiro,
9.3 Arquitetura porco e aves pelos variados enchidos, pelas diversas es-
pécies de peixe fresco (sardinha e carapau) e marisco. O
Ver artigo principal: Arquitetura de Portugal bacalhau é dos peixes mais consumidos, existindo imen-
sos pratos à base deste peixe. Entre os queijos sobressaem
Após um período românico que vigorou até ao século os da Serra da[261][262]
Estrela, de Azeitão e de São Jorge, entre
XIII, vão surgindo monumentos de estilo gótico com des- muitos outros.
taque para o Mosteiro da Batalha. Portugal destacou-se Portugal é um país fortemente vinícola, sendo célebres
pelo desenvolvimento do manuelino, um gótico tardio fi- os vinhos do Douro, do Alentejo e do Dão, os vinhos ver-
nanciado pelos chamados descobrimentos, caraterizado des do Minho, e os licorosos do Porto e da Madeira. Na
24 11 NOTAS
9.5 Desporto
10 Ver também
• Administração pública em Portugal
11 Notas
Cerimónia de abertura do Campeonato Europeu de Futebol de
2004 (UEFA), no Estádio do Dragão, no Porto [1] O gentílico comum é português. Contudo, existem as
alternativas: portucalense, portugalense, portugalês, lusi-
tano, luso, lusitânico, lusitaniano, lusíada, portuga e tuga,
Ver artigo principal: Desporto de Portugal todas elas usadas em contextos diferentes (histórico, lite-
Ver também: Portugal nos Jogos Olímpicos rário/poético, coloquial, ou mesmo pejorativo).
25
[4] O conceito atual de declaração de independência não exis- [4] «População em Portugal voltou a cair em 2014». Portal
tia na época. Nem o de reconhecimento. Portugal foi do Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 30 de
reconhecido como um reino com o seu próprio Rei, em outubro de 2013
1179, com a bula papal Manifestis Probatum autoridade
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que, na época, atuava como árbitro da comunidade inter-
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[6] Nos Açores o fuso horário é UTC-1, sendo o horário de tado em 29 de outubro de 2014
Verão UTC(0)
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Horário de Verão da Europa Central em 1992, mas re- lopment Report (Human Development Report Office) -
gressou à Hora da Europa Ocidental em 1996, concluindo United Nations Development Programme. Consultado
que o anterior horário poderia criar distúrbios nos hábi- em 22 de março de 2017
tos de sono das crianças, ao não estar escuro pelas 22h00
ou 22h30 nas noites de Verão, com repercussões no de- [8] «Gini Index». Instituto Nacional de Estatística. Consul-
sempenho escolar e que as companhias de seguro repor- tado em 14 de julho de 2011
tavam um elevado número de acidentes. O Horário de
Verão em Portugal foi adotado em 1916, sendo que desde [9] «Portugal — Nome oficial da Nação». Consultado em 18
então não houve Horário de Verão em 14 anos. O pe- de abril de 2010
ríodo de vigência foi bastante variado até 1997, quando o
[10] «Área de Portugal». Consultado em 6 de outubro de 2008
Parlamento Europeu uniformizou o Horário de Verão na
Europa. O Horário de Verão em Portugal vigora desde o [11] Cale um desenvolvimento de “Gall-", com a qual os Cel-
último domingo de março até ao último domingo de ou- tas se referiam a si próprios (como em "Galiza", "Gália",
tubro e corresponde ao Horário de Verão da Europa Oci- "Galway") e o do rio Douro (Durus em latim), do celta
dental. “dwr”, que significa água. JONES, Rowland. The origin
of language and nations. [S.l.: s.n.]
[8] Em Macau, até à entrega à China, também .mo. Em
Timor-Leste, até à independência em 2002, também .tp. [12] Leite de Vasconcelos, José (1938). «Cale e Portucale.
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[9] Em mirandês: Pertual e República Pertuesa. Imprensa Nacional
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parte da sua soberania na forma de poderes legislati- 391, Volume 3 Herculano, Alexandre, 1853
vos, executivos e judiciais para as instituições da UE, o
que perfaz um exemplo de supranacionalidade, veja-se [14] Brian Jenkins, Spyros A. Sofos, “Nation and identity in
Europa, informação recolhida a 28 de fevereiro de 2011 contemporary Europe”, p.145 Routledge, 1996, ISBN 0-
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[11] De facto, a presente população portuguesa apresenta ca-
[15] Melvin Eugene Page, Penny M. Sonnenburg, p. 481
raterísticas que não só a marcam como uma popula-
ção ibérica paleolítica, mas também como uma popula- [16] Érica Turci (28 de novembro de 2008). Universo Online
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