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Associação Nacional das

Empresas de Segurança

MÓDULO 7
Avaliação e Gestão de Riscos
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREÇÂO DE SEGURANÇA

AVALIAÇÃO E
GESTÃO DE RISCOS

Por
Lu ís Manu el Tavares de Jesus
CONTEÚDOS
Objectivos

• Id entificar instrumentos, domínios e conteúdos dos registos relativos à


prevenção dos riscos;
• Aplicar as técnicas e metodologias adequadas à avaliação de riscos.
Módulo 7 : Avaliação e Gestão de Riscos Profissionais

Conceitos e Terminologia
Introdução

A análise de riscos constitui a primeira abordagem de um problema de segurança,


tendo como principal objectivo o levantamento de todos os factores risco associados
ao homem/máquina, homem/infra-estrutura e homem/homem.

Teoricamente distingue-se o perigo potencial, ao qual está associado um determinado


conteúdo energético superior ao da resistência da zona do corpo eventualmente
atingida, do risco efectivo, que resulta da interacção Homem / perigo potencial no
espaço e no tempo.

A norma portuguesa NP 4397:2001 ( 1), relativa às especificações dos sistemas de


gestão de segurança e saúde no trabalho, introduz os seguintes conceitos de perigo e
risco:

Perigo – fonte ou situação com um potencial para o dano em termos de lesões ou


ferimentos para o corpo humano ou de danos para a saúde, ou de danos para o
ambiente do local de trabalho, ou uma combinação destes;

Risco – combinação da probabilidade e da(s) consequência da ocorrência de um


determinado acontecimento perigoso.

Os métodos de análise de risco podem ser directos ou indirectos.

Nos métodos directos, também designados indutivos ou pró-activos a apreciação é


feita aprioristicamente, estabelecendo-se factores de risco antes da ocorrência do
acidente. Assim, partem directamente das causas para os efeitos, acompanhando o
desenrolar natural dos acontecimentos e a partir de causas previamente identificadas,
procuram representar as diferentes sequências de eventos susceptíveis de conduzir a
um ou vários efeitos prejudiciais ao sistema.

Nos segundos, também designados dedutivos ou reactivos, são os acidentes que


fornecem indicações relativamente aos factores de risco. Estes métodos retornam aos
efeitos e, a partir deles, procuram deduzir as causas, ou seja, são métodos em que a
análise se processa em sentido contrário ao desenrolar temporal dos acontecimentos.

Os acidentes devem ser analisados pela hierarquia da empresa (chefias directas)


conjuntamente com os responsáveis pela segurança.

Importa ainda salientar a definição de acidente de trabalho, nomeadamente: todo o


acontecimento inesperado e imprevisto, incluindo actos de violência, derivado do

1
Tradução e adaptação das OHSAS 18001:1999 da British Standards Instituition.

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trabalho ou com ele relacionado, do qual resulta uma lesão corporal ou mental ou a
morte, de um ou vários trabalhadores.2
Modelos Acidentológicos

Teoria do dom inó de Henrich


Heinrich considerava como axioma da Segurança Industrial a sua teoria de
causalidade dos acidentes, também designada Teoria do Dominó. Segundo esta
teoria, o acidente é um dos 5 factores de uma sequência que resulta de um plano
pessoal.

O dano é, invariavelmente, causado por um acidente e este, por seu turno, é sempre o
resultado do factor que imediatamente o precede.

Os vários factores na série de ocorrência do acidente desenvolvem-se pela seguinte


ordem cronológica:
1. Ascendência/Hereditariedade e ambiente social – os traços de carácter,
hereditariamente transmissíveis e indesejáveis (imprudência, obstinação,
inflexibilidade, avareza…) que podem ser desenvolvidos pelo ambiente social ou
interferir com o processo educacional, estão na origem de defeitos pessoais.
2. Falha humana/defeitos pessoais – refere-se aos dados pessoais do trabalhador,
herdados ou adquiridos (por exemplo: imprudência, temperamento violento,
excitabilidade, irritabilidade, etc.). Estes dados constituem as razões próximas
que conduzem à prática de actos inseguros ou à existência de perigos
mecânicos ou físicos.
3. Actos inseguros e/ou perigos mecânicos ou físicos – constituem as causas
próximas que determinam o acidente e são classificados em dois grandes
domínios:
a) O desempenho inseguro das pessoas (por exemplo: estacionar sob
cargas suspensas, arranque de máquinas sem aviso prévio,
neutralização ou remoção de dispositivos de protecção…) que é
atribuível a quatro razões principais – problemas de atitude, falta de
conhecimentos ou de aptidões profissionais, inadequação das
características físicas das pessoas e a um ambiente físico ou mecânico
inapropriado;
b) Os perigos mecânicos ou físicos/condições perigosas (máquinas com
elementos móveis desguarnecidos, ausência de guarda-corpos,
possibilidade de contacto directo ou indirecto com a electricidade,
iluminação insuficiente, ruído excessivo…).
4. Acidente – acontecimento não planeado e incontrolado no qual uma acção ou
uma reacção de um objecto, substância, pessoa ou radiação, provoca ou pode
provocar, um dano pessoal (queda em altura ou ao mesmo nível,
esmagamento…).
5. Dano pessoal – constitui o resultado directo do acidente (ferimentos, contusões,
fracturas, queimaduras, ...).

2
Definição estabelecida nas “Resoluções sobre as estatísticas das lesões profissionais devidas a acidentes de
Trabalho” adoptada pelas 10ª, 13ª e 16ª Conferências Internacionais dos Estaticistas do Trabalho, promovidas pela
OIT, bem como na Metodologia de Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho (EEAT) da Comissão Europeia.

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A eliminação do factor (dominó) central (acto inseguro e/ou condição perigosa)


constitui, segundo Heinrich, é a base a Prevenção de Acidentes e poderá ser
conseguida através da abordagem imediata (controlo directo da actividade humana e
do ambiente) ou a longo prazo (formação, educação).

Representação da Teoria do Dominó.

Ainda segundo Heinrich, o acidente é um acontecimento não planeado e não


controlado no qual a acção ou a reacção de um objecto, substância, indivíduo ou
radiação resulta num plano pessoal ou na probabilidade de tal ocorrência.

A Teoria do Dominó constitui, ainda hoje, uma base para a maior parte das técnicas de
investigação de acidentes industriais, pelo que têm vindo a ser realizadas diversas
actualizações da mesma. Teorias mais recentes, como a Teoria do dominó de Bird,
e mais adequadas às realidades de trabalho actuais, tendem a introduzir a gestão, ou
melhor, o erro de gestão, como factor determinante na génese do acidente. Assim, por
detrás de uma causa próxima do acidente (acto e/ou condição perigosa) estão as
práticas de gestão no que diz respeito a política, prioridades, estrutura organizativa,
decisão, quantificação, controlo e administração.

Teorias de Causalidade Múltipla

Outros modelos de causalidade, desenvolvidos em torno das teorias que seguem a


metáfora do dominó foram, entretanto, desenvolvidos, e evidenciam a multiplicidade
causal que origina ou pode originar o acidente. Para tal, foi imprescindível contributo
dos estudos de identificação e caracterização de novos riscos ou riscos mal
conhecidos.

Um dos modelos de comportamento com particular interesse é o de Peterson, também


designado por modelo de motivação-recompensa-satisfação.

Segundo Peterson, o desempenho do trabalhador, em termos de segurança, depende


do seu nível de motivação e da sua capacidade. Esta é função da selecção e do grau
de formação. A motivação é, contudo, bastante mais complexa, dependendo de vários
factores, tais como: o clima e o estilo da organização na perspectiva do trabalhador

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(influenciada pela entidade patronal, pela Direcção da Empresa, pelo pessoa ligado à
Segurança), a sua própria personalidade (ego), o facto de se sentir ou não realizado
no trabalho que executa, factores de motivação inerentes ao próprio trabalho
(promoção, responsabilidade), grupo de trabalho e sindicato.

Ao desempenho segue-se a recompensa (positiva ou negativa), que influencia o seu


grau de satisfação em relação à tarefa executada. A recompensa é atribuída pela
entidade patronal (e pela organização), pelo grupo de trabalho, pelo sindicato e pela
sua própria sensibilidade em relação à tarefa cumprida (recompensa intrínseca).

Dimensão do Risco

O risco é um conceito pluridimensional que pode ser analisado a partir de diferentes


disciplinas, configurando diversas unidades de estudo. É, também, um conceito
descritivo e normativo, uma vez que define uma situação e estabelece,
complementarmente, as normas a seguir para a modificar no sentido desejado.

Uma situação de risco incorpora uma multiplicidade de dimensões, pelo que na


concepção e valoração do risco poderemos considerar as seguintes perspectivas:
análises estatísticas, análises económicas , análises psicológicas, análises
sociológicas e análises culturais.

O risco é composto por várias unidades de análise:


- possibilidade de lesão de pessoas;
- possibilidade de perda da utilidade esperada numa situação determinada;
- a percepção individual subjectiva do risco;
- a percepção social das desigualdades e injustiças, a incompetência ou falta de
legitimidade percebida por parte de quem toma decisões para eliminar ou
minimizar a risco;
- diferenças entre o que é e o que não é o risco e o seu significado cultural.

A sinistralidade laboral poderá decorrer de diversos factores de risco:


 condições materiais de segurança;
 meio ambiente físico do trabalho;
 agentes físicos, químicos e biológicos presentes no meio ambiente de trabalho;
 organização do trabalho;
 carga de trabalho.

Para além das suas características objectivas, os riscos laborais têm dimensões
subjectivas e sociais que incidem no funcionamento da empresa em geral e dos
sistemas preventivos em particular. Cada grupo percebe os riscos do seu modo, que
não coincidem necessariamente com os identificados, através de meios técnico-
científicos, pelos serviços de prevenção da empresa.
Por isso a avaliação de riscos deve assentar num modelo participativo, com canais de
comunicação bem estruturados em todos os sentidos hierárquicos e funcionais, bem

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como com um sistema de tomada de decisões que permita integrar as diferentes


percepções e interpretações da realidade social, como meio de o tornar operacional.

Conceitos Gerais

A avaliação de riscos procede, dum exame detalhado daquilo que, em cada


actividade, pode causar danos nos trabalhadores e nas instalações, por forma a
determinar se foram interiorizadas as medidas de prevenção suficientes ou é
necessária uma acção mais estruturada para a prevenção dos riscos.

O objectivo último consiste, pois, em eliminar a possibilidade de quaisquer danos ou


lesões, mediante a identificação, o arrolamento e a hierarquização dos riscos inerentes
às actividades e tarefas desenvolvidas na empresa.

Para a melhor compreensão desta problemática é necessário consolidar alguns


conceitos que contribuem para o desenvolvimento estruturado das actividades.

De facto, os termos "perigo" e "risco" nem sempre são utilizados de forma unívoca em
todos os países e nas diversas situações, pelo que é conveniente estabilizar a
expressão adequada destes conceitos.

Perigo ou factor de risco é a propriedade ou capacidade intrínseca de um


componente material de trabalho potencialmente causador de danos; trata-se do
elemento ou conjuntos de elementos que, estando presentes nas condições de
trabalho, podem desencadear lesões profissionais.

Risco profissional é a possibilidade de um trabalhador sofrer um determinado dano


provocado pelo trabalho. A sua qualificação dependerá do efeito conjugado da
probabilidade de ocorrência e da sua gravidade.

Vejamos um exemplo de perigo e risco:


- Perigo: as radiações ionizantes têm a capacidade intrínseca de penetrar a
matéria e, consequentemente, no corpo humano e produzir lesões nos
trabalhadores.
- Risco: a exposição do pessoal a radiações ionizantes; dependendo das
medidas preventivas existentes, do tempo de exposição e da quantidade de
radiação recebida, o trabalhador terá maior ou menor probabilidade de sofrer
uma lesão.

Neste contexto, a prevenção de riscos constitui o conjunto de medidas adoptadas ou


previstas em todas as fases da actividade da empresa, visando eliminar ou reduzir os
riscos emergentes das tarefas.

A avaliação do risco é o processo de identificar o risco para a segurança e a saúde,


decorrente dos factores em presença, ou seja, das circunstâncias em que o perigo
ocorre no local.

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A avaliação da situação implica uma análise dos aspectos físicos, organizacionais,


psicológicos, soc iais, susceptíveis de ter influência na segurança, na saúde e no bem -
estar dos elementos expostos e impõe a explicitação de algumas valências inerentes
aos factores de risco, à gravidade, à probabilidade e à duração.

A definição de perigo ou factor de risco faz referência a um dano, isto é, a um efeito


negativo com uma certa gravidade. Pode tratar-se de:
- lesões físicas (fracturas, cortes...)
- problemas psicossociais (insatisfação, fadiga, depressão...);
- problemas de desconforto (postura, iluminação...).

Adiante, referir-se-ão detalhadamente, alguns dos processos de qualificação da


frequência e da gravidade, os quais apresentam variações de acordo com os autores.
Podemos, em todo o caso, caracterizar a gravidade através da seguinte escala
qualitativa:
- sem gravidade;
- desconforto;
- gravidade baixa: lesão ligeira sem incapacidade para o trabalho; interferência
passageira;
- gravidade média: incapacidade temporária de 2 ou 3 dias; efeitos reversíveis
sobre a saúde; interferência sistemática com as tarefas;
- gravidade importante: incapacidade superior a 3 dias, sem incapacidade
permanente; efeitos reversíveis sobre a saúde, mas com gravidade;
- gravidade elevada: incapacidade temporária significativa ou incapacidade
permanente; efeitos irreversíveis sobre a saúde;
- gravidade muito elevada: ameaça para a vida de uma ou varias pessoas.

A probabilidade do risco, por seu turno, existe em função de parâmetros da situação


de trabalho, da natureza e/ou da fiabilidade dos meios de protecção colectiva, de
condições climáticas, etc. Pode ser utilizada uma escala qualitativa para avaliar tal
probabilidade:
- praticamente impossível;
- possível mas pouco provável;
- concurso de circunstâncias inabituais;
- muito possível;
- esperada.

O risco residual como o próprio nome indica, é o risco que subsiste após as medidas
de prevenção e de protecção terem sido tomadas. A designação de risco residual
conduz inevitavelmente à abordagem de um conceito que suscita alguma discussão: o
do carácter aceitável ou não do risco, também abordado neste manual.
O risco deve ser reduzido ao valor mais baixo possível o que, um pouco ao contrário
da prática estabilizada significa:
 reduzir a exposição ao valor-limite não é suficiente, se for possível fazer melhor;
 não devem ser poupados esforços para reduzir a exposição, mesmo se os valores-
limite forem ultrapassados.

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Metodologias e Técnicas de Identificação Factores de Risco


A prevenção de riscos profissionais deve ser desenvolvida de acordo com princípios,
normas e programas que permitam identificar os riscos para a segurança e saúde a
que estão expostos os trabalhadores, com vista a organizar os meios adequados a
sua eliminação ou a redução do seu impacto.

Em termos genéricos, a avaliação de riscos consiste, pois, na análise estruturada de


todos os aspectos inerentes às tarefas, concretizada através da identificação dos
factores de risco, estimação e valoração dos riscos e indicação dos próprios
elementos (ou terceiros) a eles expostos, definindo em cada caso, as medidas de
prevenção ou protecção adequadas, visando, em primeira linha, a eliminação do risco
ou se tal não for viável, a redução das suas consequências.

Identificação
dos factores de Risco
Análise
do risco
Estimação
do risco
Avaliação
do risco
Valoração
do risco

Avaliação e
e controlo de risco
Eliminação Risco
Sim
de perigos Controlado

Controlo
do risco

Avaliação e controlo de riscos.

Vejamos, de modo mais detalhado, quais as actividades previstas nas fases principais:

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Identificação dos factores de risco


O processo de reconhecimento, caracterização e definição das características de um
factor de risco denomina-se “hazard identification”, consiste na primeira fase de
análise de risco.

A identificação do factor de risco, na sua fase inicial, é uma etapa essencialmente


descritiva sobre os elementos de trabalho, os processos de trabalho e a compreensão
da actividade desempenhada. Tal descrição é realizada na perspectiva da adversidade
potencial de causar efeitos negativos para a saúde e segurança dos trabalhadores
expostos.

Pretende-se, nesta etapa, identificar os diversos factores de risco de natureza


profissional e avaliar a respectiva evidência (ou prova) científica dos efeitos negativos
correlacionados, recorrendo, por exemplo, a listas de substâncias, a informação sobre
os processos e à caracterização do tipo de exposição ou à identificação dos
dispositivos técnicos utilizados.

A fase inicial da identificação de factores de risco pressupõe portanto um


procedimento com preocupações de rigor na análise do trabalho, nas suas três
componentes essenciais:
 Condições de trabalho, actividade e consequências da actividade.
Tal metodologia engloba para além da observação, a descrição e a interpretação do
trabalho de forma a identificar os factores potenciais de risco.

Neste sentido, é essencial compilar informação relativa aos factores de risco


associados aos componentes materiais, nomeadamente:
 aos locais de exposição;
 ao ambiente de exposição;
 às máquinas e outros equipamentos;
 aos materiais e produtos químicos;
 aos agentes físicos, químicos e biológicos;
 à organização dos envolvidos;

- Recolher informação, na fase de exploração, nomeadamente através de visitas


aos locais de exposição, de diálogo com os elementos expostos.
- Listar os factores de risco inerentes às condições normais de laboração;
- Listar os factores de risco inerentes aos acontecimentos não planeados mas
razoavelmente previsíveis;
- Identificar elementos potencialmente expostas a riscos resultantes dos factores
de risco identificados;
- Recolher a informação relativa à existência de grupos de riscos específicos,
designadamente:
 jovens;
 grávidas, puérperas e lactantes;
 pessoal temporário;
 elementos com deficiência ou doença;
 elementos com qualificação, formação ou experiência insuficiente;

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- Identificar os elementos envolvidos em trabalhos proibidos, condicionados ou


não recomendados;
- Listar os procedimentos perigosos;
- Identificar situações de perigo grave e iminente.

Existem diversos métodos e técnicas de identificação de perigos (ex: observação


directa, entrevistas, consulta, informação técnica especializada, listas de matérias
primas, produtos intermédios, subprodutos, resíduos e produtos finais, rotulagem e
fichas de segurança de produtos químicos…).

Nos casos mais simples, os factores de risco podem ser identificados por mera
observação, através da comparação entre a situação verificada e a informação
pertinente. Os edifícios com apenas um piso, por exemplo, não apresentam perigos
associados ao uso de escadas.

Em casos mais complexos, em que seja necessário identificar os factores de risco


decorrentes da utilização de um martelo pneumático, poderão ter de se realizar
avaliações da exposição ao ruído e a vibrações. Em situações de risco maior,
características, por exemplo, da indústria petrolífera, será suscitada a utilização de
metodologias específicas (como é o caso do método Gretener que avalia o risco de
incêndio) ou a utilização de sistemas de árvores lógicas para analisar os riscos.
Havendo uma multiplicidade de técnicas, há que consultar técnicos com qualificação
adequada para o efeito.

a) Cheklists

A utilização de minutas de soluções e de checklists é uma das técnicas mais expeditas


de identificação dos riscos. No entanto, esta metodologia não contempla integralmente
o processo de avaliação dos riscos. Com efeito, a checklist apenas enumera um
conjunto de hipóteses de potenciais riscos ou elementos (equipamento, formas,
materiais, etc.) susceptíveis de ocasionar riscos, situando-se no domínio dos
perigos.As listas de verificação podem ser extensivas a uma secção ou mesmo a toda
a organização. A sua execução requer alguma experiência, pois todas as sub-áreas da
Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho deverão ser escalpelizadas.

Exemplo de uma Cheklist.

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Organização dos se rviços de prevenção Edifício e local de trabalho


 Existe definição de política e de objectivos  Área e volume por trabalhador
 A política está comunicada e difundida  Vias de acesso
 Programa de identificação, avaliação e  Arrumação e limpeza
controlo de riscos  Espaço confinado
 Informação/sensibilização/formação  Trabalho ao ar livre
 Instalações adequadas Qualidade do ar ambiente
 Avaliação dos índices de sinistralidade  Existe contaminação do ar ambiente
Iluminação  Ventilação artificial
 Iluminação natural  Temperatura
 Área aproximada das janelas  Humidade relativa
 Iluminação do local de trabalho Radiações
 Escadas e corredores devidamente  Existem radiações provenientes de
iluminados soldadura
 Iluminação de emergência  Existe outro tipo de radiações (beta, gama,
Ruído e vibrações UV)
 Avaliação do ruído  Quantos empregados estão expostos
 Eliminação de vibrações do ruído na fonte  EPIs adequados
 Encapsulamento ou isolamento do ruído e
Riscos eléctricos
Vibrações
 Protecção contra contactos directos
 Quantos empregados estão expostos
 Ligações à terra
 EPI’s disponíveis e em boas condições
 Protectores de contactos indirectos
 EPI’s efectivamente utilizados
 Protecção de sobrecargas (fusíveis,
Máquinas e processos
disjuntores)
 Todos os elementos com movimento estão
 Instalações eléctricas de máquinas e
protegidos
equipamentos em bom estado
 Existem sistemas de paragem automática
 Existem células de paragem Transp ortes manuais e mecânicos
 Existem instruções sobre o funcionamento  O manuseamento de cargas é frequente
das máquinas  Qual o peso de elevação/transporte de
 Existe um plano de manutenção dos cargas
elementos de segurança  Transportes com empilhador
 Existe um procedimento do empilhador
Sinalização de segurança  Cargas são volumosas
 Sinalização do uso obrigatório de EPI’s  A capacidade de carga está afixada e é
 Zonas limitadas respeitada
 Marcação no chão  Os operadores receberam formação
 Sinalização de incêndios  Existe plano de verificação periódica
 Sinalização de emergência
 Existem avisos importantes bem visíveis Substâncias perigosas
Incêndios, resposta a emergências e  Existem processos que necessitam de
primeiros socorros substâncias perigosas
 Existe detecção automática
 Podem ser substituídas por alternativas
 Existe extinção automática do tipo Sprínkler
 Bocas-de-incêndio com alimentação menos perigosas
autónoma  Existe ficha de segurança dos produtos
 Existem extintores em número suficiente  Existe ventilação controlada
 Existe um plano de emergência
 É feita a avaliação das concentrações

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Este conjunto de informações não forma o que se designa por checklist, antes fornece
indicações dos factores que devem ser analisados na sua elaboração. Por vezes é
difícil elaborar uma checklist que integre a totalidade da organização. Note-se que as
situações (temperatura, ruído, iluminação, etc.) podem variar de secção ou sector. Não
é aconselhável atribuir um grau de análise médio em circunstâncias diversas. Para
cada circunstância (sector, secção) poderá ser repetida a verificação, mencionando-se
sempre com precisão a que se refere.

Existem outros elementos, que podem ser cruzados com os acima indicados, de forma
a elaborar um documento de análise mais adequado.
 Equipamentos de trabalho
(Peças móveis em rotação; peças ou materiais em movimento livre; movimentos
de máquinas e veículos; perigo de incêndio e explosão, etc);
 Práticas de trabalho e características do local
(Superfícies perigosas (arestas, cantos, saliências, etc.);
Trabalhos em altura; Trabalhos que impliquem posturas/movimentos forçados;
Deslizar e escorregar; Estabilidade do piso; Técnicas e métodos de trabalho, etc);
 Exposição a substâncias perigosas
(Inalação, ingestão ou absorção pela pele; Asfixia; Substâncias corrosivas e/ou
reactivas,etc);
 Agentes físicos
(Radiações electromagnéticas; Raios laser; Ruído; Vibrações; Ar comprimido;
ventilações, etc);
 Agentes biológicos
(Exposição a bactérias, etc);
 Factores ambientais/climatéricos
(Iluminação; Temperatura; humidade; Poluentes, etc);
 Interacção de local de trabalho/factores humanos
(Dependência do sistema de segurança e da percepção e processamento da
informação; Dependência dos conhecimentos e aptidões; Dependência de normas;
Abandono do posto de trabalho; Adequação do EPl; Factores ergonómicos (altura
da bancada, alcances, informação, etc.).;
 Factores psicológicos
(Tipo de Trabalho (intenso, monótono); Reacções a emergências; Relações
sociais, etc);

b) Cartas de Risco

A carta de risco, é uma matriz em que se cruzam as várias situações de potenciais de


riscos.
São 5 os vectores desta matriz:
1. Equipamentos
2. Materiais
3. Riscos

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4. Prevenção
a) Princípios
b) Técnicas
5. Regulamentação técnica de prevenção

Em primeiro lugar identifica-se a operação que vai ser analisada. Normalmente, deve
colocar-se o sector (ou a classe) a que pertence a tarefa em análise.

Os dois primeiros vectores Equipamentos e Materiais não são limitados pelas linhas
horizontais. Tal procedimento permite que estes elementos sejam abrangidos por
todos os outros.

A terceira coluna, Riscos, tenta identificar os riscos associados aos equipamentos, aos
materiais e às tarefas.

Após a identificação dos riscos, todas as colunas seguintes são correspondentes a


cada risco identificado.

a) Questionários (com pontuação)

A necessidade de avaliações frequentes e sem documentos de referência, é feita


também, com recurso a Questionários. Os questionários dão-nos uma visão superficial
mas abrangente do estado da segurança na organização. São frequentemente usados
no início de um sistema de Gestão de Segurança.

Auto Questionário sobre ruído

Exemplo que um Questionário com pontuação.

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Estimação do Risco:
Estimar os riscos integra a medição tão objectiva quanto possível, da probabilidade de
ocorrência de dano e da sua gravidade. Abrange, entre outras, as seguintes tarefas:
- conceber instrumentos de avaliação (listas de verificação);
- desenvolver técnicas de segurança indutivas (exemplo: análises preliminares
de risco, análises de modos de falhas e efeitos, análises de circulação de
fluidos...);
- efectuar inspecções de segurança com recurso a determinadas técnicas (listas
de verificação, medição de determinados indicadores, nomeadamente
concentração de gases e poeiras, pressão, temperatura, humidade e
condutibilidade eléctrica);
- desenvolver técnicas de segurança dedutivas através de investigação de
acidentes e incidentes (exemplo: análises de árvore de causas, técnicas de
incidentes críticos,...);
- definir estratégias de medição de agentes físicos e químicos, compatíveis com
metodologias pré-definidas;
- efectuar medições utilizando aparelhos de leitura directa;
- proceder a recolha de amostras destinadas a análise laboratorial;
- interpretar os resultados das medições directas ou por análise laboratorial;
- utilizar técnicas a procedimentos que permitam avaliar riscos associados a
factores ergonómicos, a organização e à carga de trabalho e aos factores
psicossociais;
- determinar a tempo de exposição do pessoal aos diversos factores de risco.

Valoração do Risco:
Valorar o risco é um processo que compara os riscos estimados (quantitativa e
qualitativamente).

A valoração de riscos permite:


- atribuir níveis de risco a partir dos desvios entre indicadores de referência e os
valores estimados, aferindo a sua magnitude;
- estabelecer prioridade de intervenção em função dos níveis de risco, do
numero de trabalhadores expostos e do tempo necessário à implementação de
medidas de prevenção e de protecção.

A avaliação de riscos deve ser feita na fase de projecto. A antecipação do risco faz-se
primordialmente nos seguintes momentos:
- projecto;
- introdução de novos equipamentos ou alteração dos existentes;
- introdução de novas tecnologias;
- alteração funcional;
- introdução de novos produtos;
- incremento de novos métodos;
- implementação de novos processos;

A fase de laboração abrange a avaliação inicial, que permite a diagnóstico da situação,


avaliações periódicas, que facultam a controlo indispensável das medidas de

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

prevenção, avaliações ocasionais quando circunstâncias pontuais a determinem (por


exemplo a alteração da implantação do posto de trabalho) ou reavaliações que
permitem rever métodos, critérios e resultados de análises anteriores e a eliminação
de riscos residuais.

O estabelecimento de prioridades de acordo com a importância relativa de cada risco


e relevante para o seu controlo, em face da maior ou menor mobilização de recursos.
Daí que se tenham desenvolvido técnicas que permitem a tomada de decisões, para
as quais importa estimar a probabilidade de ocorrência e a gravidade de determinado
factores de risco.

Assim, nem sempre são constatáveis danos na sequência da exposição a um perigo,


cujo potencial de lesão depende, em larga medida, da organização de trabalho que
controla a exposição e limita a amplitude e natureza da mesma.

A partir da análise conjugada da probabilidade de ocorrência (rara ou frequente) e da


gravidade, isto é, da capacidade de o risco causar danos maiores ou menores, será
possível comparar as consequências dos riscos. A materialização de um risco pode
gerar consequências diferentes, cada uma delas com uma probabilidade
correspondente. Perante uma queda ao mesmo nível, na sequência de circulação por
um piso escorregadio, as consequências habitualmente esperadas são ligeiras
(contusões) mas, ainda que com menor probabilidade, também podem ser graves e,
até, mortais.

A avaliação de riscos é, pois, um processo fundamental para o planeamento da


prevenção, que permite ao empregador:
- identificar os factores de risco que ocorrem nas instalações e conhecer as
medidas de prevenção adequadas;
- avaliar os riscos na fase do projecto;
- ajuizar acerca da fiabilidade e adequabilidade das medidas;
- arrolar de forma ordenada, as medidas de controlo a incrementar;
- controlar a organização da prevenção quer para efeitos internos, quer externos.

A avaliação deve abranger todos os locais, independentemente de se tratar de


instalações fixas, móveis ou temporárias, adaptando-se aos diferentes padrões de
trabalho e prevendo quer as condições habituais de utilização, quer alteração das
circunstâncias, que acarretam a necessidade de uma revisão da situação.

Deve, também, atender à presença, no local, de elementos de outras organizações,


porque podem constituir a porta de entrada para a introdução de riscos a que ficam
expostos os elementos dessa instalação (por exemplo, a utilização de meios de
transporte de carga que circulam nas instalações das instalações).

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Metodologias de Avaliação dos Riscos

Atentas às necessidades das empresas a avaliação pode ser efectuada de acordo


com os seguintes parâmetros:
- Por sector de actividade, sendo certo que a tipologia de risco apresenta
diferenças significativas entre sectores (por exemplo, na construção civil ou na
agricultura);
- Por tipo de risco, atento o facto de cada risco específico corresponder uma
medida de prevenção de qualificação diferente (o risco de queda em altura e
substancialmente diverso do risco de queda ao mesmo nível);
- Por profissão, uma ver que os riscos a que se encontram sujeitas certas
categorias profissionais apresentam um enquadramento distinto (p. ex., um
cozinheiro ou um empregado administrativo);
- Por componente material do trabalho: os perigos inerentes à manipulação de
líquidos de arrefecimento num local de trabalho duma empresa
metalomecânica, deve merecer abordagem diversa dos respeitantes à
movimentação de empilhadores num armazém de produtos químicos;
- Por operação e sub operação: os riscos dependem do tipo de operação e sub
operação, dos materiais e equipamentos a utilizar nelas e nos modos
operatórios correspondentes (a colocação da cofragem comporta riscos
diferentes do pré-fabrico de armaduras de aço, por exemplo).

Métodos e Modelos

O desenvolvimento dos métodos de análise acompanhou a complexidade das tarefas.


Quando estas eram mais elementares, do ponto de vista organizacional e técnico, os
riscos assumiam um carácter permanente e material. Em função da alteração das
condições, surgem os métodos pró-activos, focalizados no local da execução da tarefa
e no elemento humano.
Os métodos que identificam os riscos de acidente de trabalho antes que aqueles se
tornem efectivos são designados métodos pró-activos ou a priori (a carta de riscos, a
observação planeada de actividades, etc.) por permitirem uma prevenção mais
efectiva, que precede o acidente e antecipa o risco, por oposição aos métodos
reactivos ou a posteriori, (p. ex. os indicadores estatísticos e a matriz frequência -
gravidade) utilizados a partir da ocorrência de acidentes, tendo em vista a eliminação
das causas que lhe deram origem.

Os métodos podem também classificar-se em indutivos, quando se parte das causas


prováveis de um acontecimento para chegar ao conhecimento dos seus eventuais
efeitos ou dedutivos quando se analisa um acidente procurando as razões que a
podem ter desencadeado, ou seja, quando a parte de efeito para as causas.

15
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Métodos de Análise Pró-activos

Metodologias e Técnicas de Avaliação de Riscos Potenciais na Fase de


Concepção

Esta família de métodos é utilizada para analisar os riscos profissionais na fase de


concepção de sistemas (sistemas de trabalho, de máquinas, de instalações, etc.).

A análise de riscos profissionais de um sistema reúne, na sua fase de concepção,


quatro etapas:
- Recolha de Informação
Consiste na pesquisa e reunião de informação útil sobre o sistema e o local de
implantação que permita a sua compreensão e identificação de
condicionalismos;
- Análise Indutiva de Riscos Profissionais
Aplicação de métodos de análise de riscos que partem das causas para os
eventos relacionados com os riscos profissionais. Assim, para a identificação
os riscos podem aplicar-se os métodos seguintes:
 Análise Preliminar de Riscos (APR) – Preliminary Hazard Analysis
(PHA);
 Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE) – Failure Mode and
Effects Analysis (FMEA);
 Análise por Árvore de Eventos (AAE).
 Análise por Árvore de Falhas (AAF)

- Modelização do Sistema
Como nesta etapa já se conhecem os riscos relacionados com o sistema,
passa-se, então, à selecção dos riscos mais importantes. Aos riscos
seleccionados aplica-se um método de análise dedutiva de riscos (parte dos
eventos para as causas) com o objectivo de identificar as várias causas
possíveis para cada evento perigoso seleccionado; (método de árvore de
falhas);

- Avaliação de Riscos
Realização da avaliação dos riscos profissionais relacionados com o sistema e
determinação do nível de risco do sistema em estudo.

Análise Preliminar de Riscos

Este método aplica-se, geralmente, às fases iniciais de um novo projecto, pois, como o
nome indica, é preliminar; todavia, a sua aplicação pode ser muito importante para
reduzir custos, bem como preocupações desnecessárias e, até, evitar acidentes
graves.
O método consiste na aplicação de um processo indutivo que parte das causas para
identificar as suas possíveis consequências, através da identificação de eventos

16
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

perigosos, causas e consequências relacionados com cada tarefa, equipamentos e


materiais utilizados na sua realização e definição das respectivas medidas de controlo.

Os objectivos gerais da aplicação deste método são:


- Detecção dos perigos inerentes aos produtos, processos e serviços utilizados;
- Realização de uma valorização estimativa dos riscos que supõem perigos
detectados para os trabalhadores, comunidades vizinhas e meio ambiente;
- Adopção de medidas para a eliminação de perigos detectados;
- Avaliação da necessidade da conveniência de realizar análises de riscos mais
detalhadas.

A aplicação do método pode seguir as fases que a seguir se apresentam:


1. Recolha de informação sobre o objecto de estudo: consiste na pesquisa de
informação útil para compreender o objecto de estudo (organização produtiva,
processo produtivo, trabalho, etc.) e as suas envolventes (localização
geográfica, condicionalismos existentes no local, etc.);
2. Divisão do objecto de estudo em elementos: divisão e descrição do objecto de
estudo em trabalhos e subdivisão de cada trabalho em tarefas;
3. Selecção dos elementos do objecto de estudo que se pretendem analisar;
4. Análise dos componentes relevantes (materiais e equipamentos) utilizados
para a realização de cada tarefa que possam representar perigo para as
pessoas expostas (trabalhadores e/ou terceiros);
5. Análise e identificação dos eventos perigosos, bem como das suas
consequências, para permitir a valoração e a hierarquização dos riscos
identificados;
6. Estabelecimento de medidas de controlo dos riscos e da emergência ou
identificação de outras necessidades de análise de riscos com recurso a outros
métodos;
7. Repetição do método para outros eventos perigosos;
8. Selecção de outro elemento do objecto de estudo e repetição do processo.

Para cada trabalho e/ou operação deve ser realizado um quadro de apresentação dos
resultados da aplicação do método, devendo utilizar-se um quadro que sistematize a
informação, como o que se apresenta seguidamente.

Operação:
Modos Medidas de
Equipamentos Materiais Riscos
Operatórios Prevenção
(a) (b) (c) (d) (e)

Exemplo da representação da aplicação do Método de APR.


a) Identificação da tarefa;
b) Indicação dos equipamentos a utilizar na execução da tarefa indicada;
c) Indicação dos materiais a utilizar na execução da tarefa a que se referem;
d) Indicação dos riscos profissionais identificados na realização daquela tarefa;
e) Indicação das medidas de prevenção planeadas para eliminar ou reduzir para níveis aceitáveis cada risco
profissional identificado.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Análise do Modo de Falhas e Efeitos

Este método de AMFE tem por objectivo analisar as consequências das falhas que
podem afectar um equipamento e os seus componentes.

As etapas para a aplicação do método são:


1. Definição do sistema a estudar e elaboração da lista dos componentes e
equipamentos de uma instalação;
2. Identificação de todos os modos de falhas possíveis (aberto, fechado, fugas, sem
corrente, etc.);
3. Análise das causas possíveis para cada falha identificada;
a) Operação prematura
b) Falha em operar num tempo prescrito
c) Falha em cessar a operação num tempo prescrito
d) Falha durante a operação – susceptível de prejudicar ou perturbar o
bom funcionamento da instalação, quer ao nível da função, quer do seu
desempenho.
4. Determinação dos efeitos sobre a restante instalação para cada tipo de falha e
as consequências que podem advir de cada falha;
5. Exame das possibilidades de compensação dos efeitos das falhas (redução da
probabilidade de ocorrerem, redução da gravidade, redução da propagação,
etc.);
6. Avaliação qualitativa ou quantitativa do risco de cada modo de falha, através de
escalas de probabilidade e de gravidade;
7. Definição de medidas de eliminação do risco ou preventivas de correcção
(disjuntores, ligações à terra, alarmes de pré-aviso ou de eminência).

Componentes/Subsistema
Gravidade

Probabilidade

Magnitude

Ordem

Modo da No Compensações, Recomendações


Nome/Ref.ª Causas Local
Falha sistema procedimento e Observações

(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h) (j) (i) (k)

Exemplo da apresentação dos resultados da aplicação do método de AMFE.

a) Nome do componente ou a sua referência em estudo;


b) Identificação das falhas que podem estar associadas ao componente;
c) Causas que podem estar associadas a cada falha identificada;
d) Consequências de cada falha a nível local;
e) Consequências de cada falha no sistema;
f) Indicação de procedimentos e/ou compensações que eliminam ou reduzem os sistemas de
emergência;
g) Classificação do nível de gravidade;
h) Classificação do nível de probabilidade;

18
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

i) Classificação da magnitude do risco;

19
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

j) Indicação do número de ordem da falha;


k) Definição de medidas de eliminação do risco ou da redução para níveis aceitáveis.

Análise por Árvore de Eventos

A AAE é uma técnica indutiva de análise de riscos que identifica as sequências de


eventos que podem suceder-se a um evento iniciador, ou seja, proporciona informação
sobre a sequência de eventos acidentais subsequentes a um evento acidental
iniciador (falha de um equipamento ou problema num processo). Tem por objectivo
privilegiado o estudo das áreas e sistemas de controlo de emergência.

Os objectivos pretendidos com a aplicação deste método são:


- Conhecer as várias sequências acidentais possíveis que se podem
desencadear;
- Conhecer as possíveis consequências e probabilidades dos diferentes
acidentes ocorrerem quando se dispõem de dados quantitativos.

A aplicação do método pressupõe a aplicação de um raciocínio mental no sentido


cronológico dos acontecimentos durante o percurso acidental e integra as seguintes
fases:

1. Definição do evento iniciador


Estes eventos podem ser qualquer falha de equipamentos críticos, fugas de produtos,
problemas de processo ou falhas humanas.
Na definição da localização dos equipamentos devem considerar-se os possíveis
eventos iniciadores para a instalação de barreiras tecnológicas para a prevenção de
acidentes.

2. Identificação dos sistemas de segurança tecnológicos e comportamentos


humanos derivados que tenham relação com o evento iniciador
Consiste na identificação e inter-relação de todos os elementos e mecanismos de
segurança tecnológicos e humanos que estejam previstos para evitar o possível
acidente (sistema de controlo, alarmes e acções de operação de emergência que
devem realizar as operadores, sistemas de bloqueio de emergência, etc.).

3. Construção da árvore de eventos


A construção da árvore inicia-se pelo evento iniciador que se coloca do lado esquerdo.
Em seguida, indica-se a sequência cronológica do funcionamento dos elementos de
segurança tecnológicos e dos comportamentos humanos, ou seja, os passos de
funcionamento do sistema de segurança definido para actuar numa situação de
emergência.
Utilizando linhas e um sistema binário (sim/não), indicam-se da esquerda para a direita
as possibilidades de resposta/falha de cada elemento do sistema de segurança, em
progressão cronológica.

4. Descrição dos resultados das sequências acidentais identificadas

20
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Os resultados das possíveis sequências de eventos acidentais constituem uma


variedade de consequências. Algumas podem conduzir a uma recuperação de
operação do sistema, enquanto outras podem conduzir ao acidente. Estas últimas
devem ser objecto de análise mais detalhada, aplicando-se métodos quantitativos.

Falha de água de Alarme de Operador O sistema


refrigeração temperatura restabelece o automático de
elevada T2 alerta nível de água de paragem de
EVENTO do operador refrigeração do emergência do
INICIADOR reactor reactor é
accionado

Operação normalizada
SIM SIM Condição segura

SIM Paragem do processo


Condição segura

NÃO
NÃO

Reacção em cadeia;
condição insegura;
Operador alertado

SIM Paragem do processo


Condição instável

NÃO NÃO Reacção em cadeia;


Condição insegura;
Operador não alertado

Esquema representativo da árvore de falha de refrigeração de um reactor

4.1.4 Análise por Árvore de Falhas

A AAF é uma técnica que parte do evento perigoso de topo analisando e decompondo
as falhas de equipamentos ou erros humanos que sequencialmente podem contribuir
para a ocorrência desse evento perigoso de topo em estudo.

O presente método constitui, assim, uma técnica dedutiva (parte do evento de topo
para as causas) de análise pró-activa (aplicação do método a priori) de riscos
profissionais, que tem por principal objectivo identificar os eventos básicos que
desencadeiam a ocorrência dos eventos intermédios ate ao evento perigoso de topo.

Da aplicação do método resulta uma lista de combinações com o número mínimo de


falhas, tanto de equipamentos como de falhas humanas suficientes para provocar o
acidente (evento perigoso de topo), se aquelas ocorrerem em simultâneo, e um
conjunto de recomendações de medidas preventivas para evitar o acidente.
21
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

A aplicação deste método passa pelas seguintes etapas:


1. Selecção do evento perigoso de topo e limites do sistema;

22
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

2. Construção da árvore de falhas;


3. Determinação das combinações mínimas de falhas para ocorrer o
acidente e estabelecimento de prioridades;
4. Quantificação da probabilidade de ocorrência do acidente;
5. Recomendação das medidas preventivas.

1) Selecção do evento perigoso de topo e limites do sistema


Consiste na selecção de um tipo de acidente característico, conhecido ou possível, do
sistema em estudo. Para a selecção do evento perigoso de topo podem utilizar-se
métodos de análise de riscos como a APR ou a AMFE.

Devem ser estabelecidos os limites do sistema que determinam o objecto de estudo


em concreto, tendo em vista a correcta aplicação do método (exemplo: definir a ponto
do processo em que se inicia o estudo e o ponto final) e devem ser, ainda,
considerados determinados pressupostos de correcta operação do sistema (exemplo
do considerar falhas de fornecimento de energia eléctrica ao sistema em estudo,
falhas de disjuntores eléctricos e ou conexões eléctricas, etc.).

2) Construção da Árvore de falhas


A AAF inicia-se com o evento perigoso de topo (acidente) e continua com as causas
imediatas ou eventos intermédios necessários e suficientes para a ocorrência do
acidente, indicando o tipo de operador ou porta lógica "e" ou "ou" que se relaciona
com aquele, em sentido contrário ao da sequência temporal de ocorrência dos eventos
intermédios.

A árvore desenvolve-se em diferentes ramos até à identificação dos eventos básicos.


Os eventos básicos são aqueles que não necessitam de outros anteriores para serem
explicados. Também se pode verificar que algum ramo da árvore termine num evento
sem desenvolvimento, devido à falta de informação sobre esse evento ou à pouca
utilidade em analisar as causas que o originam.
Os eventos básicos ou sem desenvolvimento devem estar bem identificados na parte
inferior dos ramos da árvore e caracterizam-se pelos seguintes aspectos:
- São independentes entre si;
- A probabilidade de que ocorram pode ser determinada ou estimada

Árvore de falhas – representação de eventos e portas lógicas.

23
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Na construção da árvore devem seguir-se as seguintes regras:


Primeira regra: todos os eventos englobados em rectângulos ou círculos devem incluir informação que
responda às seguintes questões:
- Quem (pessoa) ou o quê (elemento) falha?
- Qual é o tipo de falha?
- Em que repercute o índice da falha?
Segunda regra: a árvore constrói-se por níveis e não se deve passar ao nível seguinte sem terminar o
anterior;
Terceira regra: devem-se com pletar todas as entradas de um operador sem passar ao seguinte;
Quarta regra: não se devem conectar operador directamente entre si. Cada operador deve englobar as
falhas básicas ou intermédias apropriadas.

3) Determinação das combinações mínimas de falhas que podem determinar o


evento de topo e estabelecer prioridades.

4.2 Métodos de Análise de Postos de Trabalho

Os métodos de análise de postos baseiam-se na análise, com o máximo de


objectividade possível, do trabalho humano com o objectivo de melhorar as condições
de trabalho relativas à relação Homem/máquina e, consequentemente, diminuir a
sinistralidade e melhorar a produção.

4.2.1 Observação Directa e Actos Inseguros

A Observação Directa e Actos Inseguros tem por objectivo caracterizar os riscos


associados à fiabilidade humana, ou seja, identificar actos inseguros cometidos pelos
trabalhadores durante a realização das suas tarefas nos seus postos de trabalho e, a
partir dessa análise, propor medidas de eliminação e ou redução desses actos
inseguros através da sensibilização e da formação dos trabalhadores.

A aplicação do método das observações directas ou planeadas recorre à utilização de


listas de verificação e registo (checklist), podendo comparar-se às inspecções de
segurança das condições físicas do trabalho.

Para a aplicação do método é necessária uma sequência articulada de planificação


considerando os seguintes aspectos:
- Determinação da periodicidade de realização das observações e das principais
tarefas a observar, tendo em conta os novos trabalhadores, os portadores de
deficiência, os menos eficientes, etc.;
- Realização das observações sem prejudicar a realização do trabalho, nem os
objectivos pretendidos com as observações;
- Consulta dos interessados de forma a que se sintam envolvidos no processo de
análise e de melhoria da prevenção;
- Registo da observação para permitir a consulta e a discussão posterior;

24
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

- Acompanhamento para equacionar a acção a desenvolver e monitorar a


eficiência das medidas adoptadas.

Seguidamente apresenta-se um exemplo de lista de verificação (checklist) para


observação directa do comportamento de trabalhadores ao sinal de alarme de um
sistema de anúncio e aviso (ATWS) para trabalhos em infra-estruturas ferroviárias.

Ficha de avaliação de sistemas


Equipamento de anúncio e aviso : ficha n. Data:________ Observação
com aviso prévio observação sem aviso prévio
Descrição sumária dos trabalhos:_______________________ _____________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________
A. Informação relativa ao equipamento (sim/não - S/N)
1. Existem trabalhadores na via em exploração ou na sua proximidade?
2. Foi emitido o alarme?
3. Quanto tempo entre a emissão do alarme e a aproximação do comboio?
4. Após o alarme os trabalhadores afastaram-se para local seguro? ___
5. Os trabalhadores reagiram logo após o alarme?
7. Os trabalhadores só reagiram após avistarem o comboio?
8. Observações:_______________________________________________________
____________________________________________________________________

B. Entrevista ao trabalhador (sim/não - S/N)


1. O trabalhador ouviu bem o alarme? ___
2. O alarme foi perceptível? ___
3. O som do alarme foi agressivo ao ouvido? ___
4. O som do alarme é cansativo? ___
6. O trabalhador sente-se mais seguro? _
7. Sugestões do trabalhador:_____________________________________________
Exemplo de Cheklist de aplicação de sistemas atw

4.2.2 Análise de Segurança de Tarefas

Este método analisa simultaneamente a segurança, a qualidade, o ambiente e a


eficiência das tarefas e tem por alvo principal o "acto inseguro". O método pode ser
aplicado tendo em vista a elaboração de novos procedimentos bem como a revisão
dos existentes.

A aplicação do método compreende nove etapas: (1) inventário das tarefas


sistemáticas (que requerem sequências definidas e que correspondem a ocupação
laboral de cada trabalhador, principalmente nas secções de produção, distribuição e
manutenção), (2) identificar as tarefas críticas, (3) decompor as tarefas em passos ou
actividades, (4) identificar os perigos que possam causar perdas do ponto de vista da
segurança, qualidade, ambiente e eficácia, (5) comprovação da eficiência dos passos,
(6) recomendações pertinentes em cada passo, (7) definição de procedimentos para

25
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

as tarefas críticas, (8) colocação em prática os procedimentos e (9) actualização e


manutenção dos registo dos procedimentos.

1. Inventário de tarefas - as tarefas designadas a cada trabalhador estão


normalmente definidas, de forma mais ou menos geral, nas descrições dos postos
de trabalho. É conveniente que este inventário de tarefas se desenvolva
conjuntamente com os trabalhadores. É importante incluir as tarefas que não são
habituais, bem como as tarefas críticas e as de emergência, porque a experiência
demonstra que as tarefas menos habituais representam maiores possibilidades de
erro.
2. Identificação das tarefas críticas (TC) - para esta selecção estabelece-se um
critério de valoração a partir das seguintes características:

Nível Acidentes potenciais correspondentes à tarefa


1 Perda económica (ex: < 500€)
2 Acidente com lesão sem baixa e/ou perda económica entre 500 e 2500 € (p.ex)
3 Acidente com lesão com baixa e/ou perda económica entre 2500 e 5000 € (p.ex)
4 Acidente com capacidade permanente ou morte e/ou perda económica superior a 5000 € (p.ex) e
ou afecte negativamente a população local
Valoração da gravidade da tarefa (G).

Nível Definição
1 Menos de uma vez por dia
2 Várias vezes ao dia
3 Muitas vezes ao dia

Valoração da frequência (F), (considerando o número de trabalhadores que a executam.

Nível Definição
1 Baixa
2 Média
3 Alta

Valoração da probabilidade (P) de ocorrer perda durante a execução da tarefa.

3. Decomposição das tarefas em passos - cada tarefa crítica é analisada e


decomposta em passos. Esta decomposição não deve ser muito extensa, nem
muito simplificada. Geralmente, as tarefas podem decompor-se entre 10 a 15
passos.

Inventário e Avaliação da Criticidade de Tarefas Ref.:


Departamento/Secção: Posto de trabalho:
Realizado por: Data:
Analisado por: Data:
Aprovado por: Data:

Identificação de perigos e Avaliação do Risco


Lista de tarefas
possíveis perdas G F P Pontos TC

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g)

Exemplo de um inventário e respectiva avaliação da criticidade das tarefas.

Legenda:
a) indicação de todas as tarefas inventariadas;
b) identificação dos perigos e possíveis perdas referentes a cada tarefa identificada;
c) atribuição do índice de gravidade;
d) atribuição do índice de frequência;
e) atribuição do índice de probabilidade;
f) soma dos valores atribuídos nos parâmetros do risco profissional (G+F+P);
g) identificação das tarefas críticas com (x).

4. Identificação de perigos e possíveis perdas - Este processo exige a análise de


cada passo mediante a aplicação das seguintes questões: Esta é a melhor forma
de realizar este passo? Pode ser melhorado? Que perigo existe que pode afectar a
segurança, a qualidade, o ambiente ou a perda de rendimento?
A resposta a estas questões permite identificar os perigos, os quais devem ser
enunciados em registo próprio.

5. Realizar a comprovação da eficiência - Consiste em comprovar a eficiência de


cada passo e melhorar a sua performance (se for possível) em aspectos
relacionados com a segurança, a qualidade, o ambiente e a eficiência. Pode levar-
se a cabo questionando: Quem faz o quê? Onde e como? Quando e Porquê?

6. Propor recomendações - Com toda a informação gerada até ao ponto actual de


aplicação do método já é possível sugerir recomendações, definir sistemas de
controlo que podem evitar perigos e perdas potenciais.

Análise de Tarefas Críticas Ref.:


Departamento/Secção: Tarefa Crítica:
Realizado por: Data:
Analisado por: Data:
Aprovado por: Data:

Passos da tarefa Identificação de perigos e Verificação de eficiência


Recomendações
crítica possíveis perdas Sim Não

(a) (b) (c) (d) (e)

Exemplo de impresso para identificação de tarefas críticas.


Legenda:
a) enunciar os passos da tarefa crítica em análise;
b) indicação dos perigos potenciais e das perdas referentes a cada passo da tarefa crítica em análise;
c) indicação de eficiência positiva relativa ao passo em análise (comprovação);
d) indicação de eficiência negativa relativa ao passo em análise (comprovação);
e) propor melhorias da eficiência relativas ao passo em análise.

27
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

7. Escrever os procedimentos para as tarefas críticas - elaboração ou revisão dos


procedimentos referentes às tarefas analisadas tendo em conta os resultados
obtidos. A formalização dos procedimentos e o seu acompanhamento constante
constitui uma actividade permanente a desenvolver pela organização num
processo de evolução, mediante o recurso a outras metodologias de verificação,
de comunicação, de consulta e de intervenções da ergonomia.

4.2.3 Estudo de Perigos e de Operabilidade (HAZOP)

O HAZOP – Hazard (perigo) + Operability (operabilidade) – consiste no estudo, de


comprovação sistemática e crítica, de todas as falhas, erros ou desvios previsíveis, por
relação de padrões estabelecidos como normais e de acordo com uma determinada
concepção de uma instalação de processo contínuo ou descontínuo, por forma a
estimar o potencial de perigo e os seus efeitos.

O objecto de aplicação do método são processos industriais, podendo aplicar-se, na


fase de projecto, às instalações já existentes ou em modificações a serem
introduzidas. O método Hazop é provavelmente o mais completo e eficaz para a
identificação de perigos, mas em projecto novos deve ser complementado com algum
dos métodos referidos anteriormente.

A aplicação do método gera efeitos positivos significativos na melhoria da prevenção,


nas atitudes, na participação e na partilha dos conhecimentos sobre os perigos.

Para a aplicação do método e necessário realizar um conjunto de etapas prévias:


- A concretização ou a disponibilização do desenho do processo industrial objecto
de estudo;
- A constituição do grupo de trabalho cujos elementos reúnam as competências
específicas ao nível da segurança e as valências técnicas necessárias para a
interpretação/compreensão do objecto de estudo;
- A definição do objecto de estudo (toda a instalação, uma secção, uma unidade,
etc.);
- Reunião de informação sobre a instalação industrial:
• Descrição da instalação, incluindo as tipos e quantidades de produtos
utilizados;
• Propriedades e perigosidades das substâncias químicas utilizadas ou a
utilizar e as reacções químicas que podem ocorrer;
• Diagrama de processo, tubagem e instrumentação (características,
condições de operação, etc.);
• Descrição dos sistemas de emergência;
• Instruções e procedimentos;
• Detalhe e sequência das operações a realizar nas diferentes partes de
cada unidade de processo;
• Condições em que se realizam as operações;
• Resultados de estudos anteriores.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

O princípio metodológico consiste em identificar os desvios possíveis das operações


objecto de estudo, respeitando o projecto da instalação, mediante a aplicação de
palavras guia aos parâmetros importantes desse mesinho projecto (caudal, pressão,
temperatura, factor humano, etc.).

Para aplicar a método procede-se à divisão do diagrama de processo em análise em


circuitos completos. Estes dividem-se em linhas ou em partes que contenham no início
e no início equipamentos importantes (ex.: bomba e reactor, etc.). A cada elemento do
objecto de estudo aplicam-se as palavras guia. A variação consiste em seleccionar
primeiro um parâmetro (ex.: caudal, pressão, temperatura, etc.) e aplicar todas as
palavras guia possíveis, analisando os desvios correspondentes antes de passar ao
parâmetro seguinte.

Significado das palavras guia.

A aplicação das palavras guia é, assim, sequencial:


a) Seleccionar uma linha de processo;
b) Imaginar a linha operando nas condições normais de projecto;
c) Seleccionar uma variável de processo e aplicar as palavras guia, identificar os
desvios;
d) Determinar as causas dos desvios perigosos;
e) Avaliar, qualitativamente, as consequências dos desvios perigosos;
f) Verificar se existem meios para o operador conhecer se o desvio está em
curso;
g) Equacionar as medidas de controlo de riscos e de controlo de emergência;
h) Seleccionar outra variável do processo e aplicar as palavras guia;
i) Analisadas as variáveis, seleccionar outra linha do processo e repetir os
passos de a) a h);
j) Analisadas as linhas, seleccionam-se os equipamentos e aplicam-se as
palavras guia às funções por eles exercidas e às suas variáveis de processo.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Para a aplicação do método deve ser utilizado o quadro seguinte:

Equipamento (a)
Acções
Palavra Guia Desvio Causa Possível Consequências
Recomendadas
(b) (c) (d) (e) (f)

Exemplo de quadro de aplicação do HAZOP.


Legenda:
a. Designação do equipamento objecto da análise (e.g.: reactor);
b. Aplicação das palavras guia em cada linha do quadro;
c. Identificação dos desvios possíveis associados a cada palavra guia;
d. Identificação das causas prováveis para a ocorrência de cada desvio identificado, associada
aquela palavra guia;
e. Identificação das consequências possíveis da ocorrência de cada desvio identificado;
f. Acções e/ou recomendações para a eliminação do desvio identificado.

4.2.4 Avaliação das Condições de Trabalho - Método LEST

A metodologia do Laboratoire de Economie et Socilogie du Travail (LEST) é um


método de análise de postos que na sua aplicação considera o conceito de "condições
do trabalho" como sendo a conjunto dos factores relativos ao conteúdo do trabalho
que pode ter repercussões sobre a saúde e a vida pessoal e social dos trabalhadores.
O método LEST tem por objectivo constituir uma ferramenta que sirva para melhorar
as condições de trabalho de um posto em particular, ou de um conjunto de postos
considerados de forma globalizada.

Nesta definição excluem-se os factores relativos ao salário, vantagens sociais e


estabilidade do emprego, assim como os factores de risco profissional relativos às
condições de segurança e higiene do trabalho.
O método é aplicável preferencialmente aos postos de trabalho fixos do sector
industrial pouco ou nada qualificados, não devendo ser utilizado indistintamente em
todos os postos de trabalho.

O método baseia-se na utilização de uma lista de verificação que prevê a participação


dos trabalhadores dos postos de trabalho analisados. A avaliação baseia-se nas
pontuações obtidas para cada uma das variáveis consideradas na lista de verificação.
Os dados referentes à descrição da tarefa e ao questionário da empresa não se
valorizam, mas servem como ferramenta de apoio para a descrição global do posto de
trabalho observado e para facilitar a análise e discussão.

Valoração das Respostas - Uma das principais vantagens do método consiste em


permitir a obtenção de uma pontuação para cada uma das variáveis estudadas. Neste
sentido, propõe-se uma valoração entre 0 e 10 que determina a situação do posto de
trabalho ou grupo de postos de trabalho em relação a cada uma das variáveis. Os

30
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

critérios de valoração encontram-se definidos num sistema de pontuação que se


apresenta seguidamente.

Sistema de Pontuação

Deficiências ligeiras
3, 4, 5
Algumas melhorias poderiam aumentar a comodidade do trabalhador
Deficiências médias
6, 7
Existe risco de fadiga
Deficiências graves
8, 9
Fadiga

10 Nocividade

Sistema de pontuação do LEST.

Equipamentos de medição - para a realização das medições são necessários os


seguintes equipamentos:
Anemómetro - (Para medir a velocidade do ar)
Psicómetro - (Para medir a temperatura seca e húmida)
Sonómetro - (Para medir os níveis de ruído)
Luxímetro - (Para medir os níveis de iluminação)
Cronómetro - (Para medir os tempos dos ciclos, de posturas, etc.)
Fita Métrica - (Para medir as deslocações, alturas, etc.)

Análise gráfica dos dados obtidos - A partir das tábuas de valoração, todos os
parâmetros são quantificados de acordo com as pontuações estabelecidas, as quais
são susceptíveis de ser colocadas em diagramas de barras ou histogramas.

Vantagens do Método:
 Difusão dos conhecimentos necessários para o estudo das condições de
trabalho - para cada elemento estudado das condições de trabalho abordam-se
diferentes componentes do trabalho para os quais são formuladas questões e
define-se um sistema de pontuação de 0 a 10;
 Servir de base a programas de formação sobre as condições de trabalho - a
relação entre a aquisição de conhecimentos sobre o trabalho e a sua aplicação
imediata e um incentivo ao estudo dos problemas do trabalho, podendo, assim,
constituir uma base para a criação de uma formação permanente a todos os
níveis da empresa;
 Proporcionar uma linguagem comum para aqueles a quem interessa a melhoria
das condições de trabalho - a melhoria das condições de trabalho pressupõe a
realização de uma acção conjunta da direcção e dos trabalhadores e seus
representantes, dos quadros técnicos e administrativos internos e externos da
empresa.

No diagrama seguinte, expõem-se as etapas de aplicação do método:

31
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Análise dos postos de


trabalho, valoração e
construção dos histogramas

Discussão dos resultados


entre todos os envolvidos
dentro da empresa

Procura das ca usas e das Estudo mais profundo


soluções. Defini ção de um utilizando um questionário
programa de m elhoria mais pormenorizado

Esquema representativo do LEST.

4.3. Análise de Riscos - Métodos Globais

Os métodos globais baseiam-se em abordagens sócio-técnicas , promovendo o


diagnóstico respeitante aos problemas dos sistemas onde o homem está inserido -
organização, posto de trabalho, sistema técnico, sistema social...- e da interacção com
a envolvente externa, relevada intervenção sobre factores cujas possibilidades de
neutralização pressupõem o exame pluridisciplinar, com recurso a abordagens
metodológicas globais. Apesar da sua relativa novidade, é já considerável o volume de
propostas metodológicas neste âmbito. Uma parte significativa de tais abordagens
partem de modelos de acidentologia, os quais representam as principais dimensões a
observar para posterior desmultiplicação em instrumentos de trabalho (questionários,
diagnósticos, auditorias...).

4.3.1 Auditorias de segurança

De acordo com a lei, comete ao empregador a obrigação de “Planificar a prevenção na


empresa, estabelecimento ou serviço num sistema coerente que tenha em conta a
componente técnica, a organização do trabalho, as relações sociais e os factores
materiais inerentes do trabalho”. E neste contexto e por referência a esta obrigação
legal que pode encontrar-se a matriz que distingue os métodos de auditoria dos de
inspecção propriamente dita.

As auditorias de segurança são uma forma de análise e avaliação de riscos em que se


leva a cabo uma investigação sistemática, tendo em vista determinar em que medida
se verificam as condições que permitem o desenvolvimento e implantação de uma
política de segurança eficaz e eficiente.

Em princípio, todo o sistema de auditoria visa determinar o seguinte:

32
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Quais são os objectivos de gestão a alcançar, por que meios e mediante que
estratégia?

Quais são as disposições necessárias no que se refere aos recursos, às estruturas,


aos processos, às normas e aos procedimentos para atingir os objectivos propostos e
quais foram os adoptados?

Quais são os critérios operativos e mensuráveis que devem satisfazer os alvos de


estudo para que o sistema funcione de forma óptima?

Nesta medida evidencia-se, ainda, o potencial das auditorias de segurança para


incorporar aspectos relevantes da falha humana e organizacional e, assim, de servir
de suporte à identificação e controlo dos riscos gerados pelo Homem. Será o caso, por
exemplo, da abordagem da cultura e do clima organizacionais de segurança, das
atitudes de segurança...

Em cada auditoria, estabelecem-se os objectivos que devem alcançar-se e as


melhores circunstâncias, no plano organizativo, para os levar à prática. Tal como nos
métodos de inspecção, a auditoria suporta-se num referencial normativo entendido
como um conjunto finito de normas que descrevem de que forma se reúnem as
condições para o desenvolvimento de uma política de segurança e saúde do trabalho
eficaz que se materializa num conjunto de actividades apoiadas, designadamente em
listas de verificação, questionários, entrevistas. A informação assim recolhida é
submetida a uni análise exaustiva para determinar em que medida são satisfeitos os
critérios previstos na situação presente e o grau de consecução de objectivos
definidos. Dessa análise resulta a elaboração de um relatório tendo em vista permitir
uma retroalimentação positiva, assinalando especialmente os pontos fortes e uma
retroalimentação negativa referente aos aspectos que requeiram um aperfeiçoamento
posterior.

Contudo este método é alvo de algumas críticas, dado que a sua eficácia óptima não
se situa tanto na sua capacidade enquanto utensílio de identificação de riscos, mas
fundamentalmente, na função de regulador social que pode assegurar.

4.3.2 Análise das Condições de Trabalho - Método ANACT

O método proposto pela organização francesa Agence Nationale pour l'Amélioration


des Conditions de Travail (ANACT) para a análise das condições de trabalho é um
método global por pretender realizar uma análise e diagnóstico globais da
organização, com vista a uma melhoria das condições de trabalho, entendidas como o
conjunto de factores, exigências ou constrangimentos que determinam as condutas de
trabalho, e consequentemente a realização das tarefas.

A avaliação das condições de trabalho consiste em analisar as falhas, procurando as


suas origens, com a finalidade de se poder determinar quais são os métodos mais
adequados para atingir uma situação satisfatória. Considerando as condições de
trabalho como sendo o “conjunto de factores que podem influenciar sobre os

33
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

comportamentos de trabalho, entendendo como tais as actividades necessárias para


desenvolver o trabalho e acções físicas ou verbais", o objectivo último da sua
avaliação será harmonizar as exigências da tarefa – conteúdo do trabalho, espaço
físico, equipamentos, organização, etc. - com as capacidades físicas e mentais e as
necessidades psicossociais dos indivíduos que as executam.

Este método procura:


I. Compreender o funcionamento interno e a relação que estabelece com a
envolvente;
II. Identificar as pressões que sofre cada sector;
III. Identificar os pontos sensíveis a partir de índices de tensão;
IV. Formular hipóteses sobre a natureza, a importância e origem deste pontos
sensíveis
V. Seleccionar o, ou os sectores relativamente aos quais seria útil um diagnóstico
mais profundo

A sua aplicação compreende cinco etapas.


1. Estabelecer uma visão global da empresa e do estado dos seus diferentes
sectores ou serviços.
2. Identificar os sectores ou situações mais problemáticos, relativamente aos quais
se toma necessário maior detalhe de análise (pré-diagnóstico global), através do
estudo comparativo entre sectores.
3. Aprofundar a análise através de um questionário;
4. Debater os resultados obtidos em termos de pontos fortes e pontos fracos
5. Elaborar o programa de acção para a melhoria das condições de trabalho.

Etapas de aplicação do método ANACT

A multiplicidade de factores que deve ser considerados no diagnóstico, a diversidade


de indicadores, o papel preponderante em que se coloca o próprio trabalhador, o
conjunto de conhecimentos necessários para determinar as possíveis soluções,
implica uma aproximação pluridisciplinar e participativa.

34
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

O método ANACT compreende as seguintes etapas:

Etapa I - Conhe cer o espaço envolvente - Assim, torna-se necessário desenvolver


numa primeira etapa o conhecimento do espaço envolvente, obtendo-se a informação
que permita realizar um primeiro diagnóstico, assim como definir as prioridades da
análise posterior. Esta primeira análise deve proporcionar uma visão global, ainda que
superficial, do estado das condições de toda a área por sectores.

Depois de identificados os sectores, o passo seguinte consiste em definir o tipo de


relação que existe entre eles, o que permite reflectir o funcionamento destes

Etapa II - Análise global da situação - O objectivo desta etapa consiste em realizar


uma avaliação do estado das condições no conjunto dos sectores, que permita
destacar os lugares onde as condições são mais desfavoráveis e determinar, em
seguida, quais as dependências em que se deve realizar uma análise complementar.
Para tal, procede-se à explicação dos resultados da etapa anterior e decide-se quais
os sectores que necessitam de um diagnóstico mais detalhado e definem-se
prioridades.

Etapa III - Exame no terreno - O questionário apresentado por este método deve ser
encarado como um guia e adaptado a cada caso por pessoas que trabalhem na
dependência ou que a conheçam suficientemente.

São propostos nove temas globais, cada um dos quais devendo ser avaliado através
de uma série de indicadores.

Critérios de Ponderação
- 0 - sem importância;
- 1 - ter em conta;
- 2 - bastante importante;
- 3 - muito importante.

Esta valoração permite suprimir os temas que se consideram irrelevantes numa


determinada situação e analisar os que não se consideraram mas que podem ser
necessários. Depois de ajustado o questionário e verificada a coerência das
modificações introduzidas, procede-se à sua aplicação.

Etapa IV - Avaliação do estado das condições para executar tarefas - Para se


poder desenvolver a diagnóstico é necessário integrar e interpretar a informação
obtida através do exame realizado.

Para a realização da avaliação, o método propões fichas tipo, sendo elas:


Etapa V - Discussão dos resultados obtidos e proposta de melhorias - O trabalho
desenvolvido até este momento permite descrever as condições de exposição e as
suas possíveis causas. Com base nos dados recolhidos são propostas acções de

35
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

melhoria com o objectivo de corrigir aquelas situações que se consideram nocivas ou


perigosas.

Existem várias soluções para as diferentes causas, pelo que se torna necessário
prever as repercussões de cada uma sobre a vida da empresa antes de se tomar a
decisão para certos problemas.

Métodos de Análise de Riscos Reactivos

Quanto mais ampla e profunda for a investigação dos acidentes e dos incidentes mais
detalhado será o conhecimento das falhas da prevenção e, consequentemente, mais
amplo será o leque de soluções de melhoria a adoptar e mais eficazes podem ser
essas soluções na gestão da prevenção.

Para a investigação de acidentes de trabalho devem ser aplicados métodos reactivos


de análise de riscos.

Árvore de Causas

O método de árvore de causas é uma técnica dedutiva que, partindo do acidente,


pretende identificar as causas do acidente de trabalho ou do incidente e as suas
relações.

A aplicação do método desenvolve-se nas seguintes etapas:


- Etapa I - Relação dos factos;
- Etapa II - Construção da árvore de causas que conduziu ao acidente;
- Etapa III - Determinação das medidas e acções correctivas possíveis;
- Etapa IV - Discussão decisão

1. Etapa I – Relação dos factos


Devem ser recolhidos de forma objectiva todos os factos relacionados com a rotina
normal do trabalho e dos desvios realizados antes da ocorrência do acidente. É
importante recolher a informação:
- Sobre o acidentado;
- Sobre as ordens que recebeu;
- Das testemunhas.

As regras que se devem seguir nesta etapa são:


- Não fazer juízos de valor,
- Não fazer nenhuma interpretação;
- Conservar unicamente os factos ou alterações concretas;
- Não tratar de ordenar os factos;
- Listar os factos um a um, com o máximo de detalhe e de decomposição.

36
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

2. Etapa II - Construção da árvore de causas que conduziu ao acidente


Consiste em estabelecer o esquema completo, colocando em evidência o
desencadeamento lógico dos factos que se sucederam cronologicamente e foram
registados na etapa anterior.
Os passos que se devem seguir devem ser:
- Começar pelo último facto do acidente ou incidente (evento de topo);
- Retroceder no tempo e definir a inter-relação dos factos ou alterações,
respondendo às questões:
- O que ocorreu para produzir este facto? Qual o antecedente lógico que
implicou este facto;
- Este antecedente é necessário à produção deste facto?
- Este antecedente foi suficiente? Não existem outros antecedentes?

A resposta às questões anteriores desencadeiam-se em relações de factos que


podem estruturar-se nos seguintes tipos de relações lógicas:
a) Relação de encadeamento - O facto (x) tem apenas como antecedente o
facto (y) e não se produziria se a facto (y) não tivesse ocorrido previamente.
Esta relação representa-se graficamente do seguinte modo:

Y (antecedente) X (facto)

b) Relação de disjunção - vários factos (x1), (x2) que não têm relação entre si,
apenas são explicáveis através de um único antecedente (y) e qualquer
deles não se produziria se o facto (y) não tivesse acontecido previamente.
Esta relação representa-se graficamente do seguinte modo:

X2 (facto)
Y (antecedente)

X1 (facto)

c) Relação de conjunção - O facto (x) não aconteceria se não tivesse ocorrido


previamente o facto (y). No entanto, o facto (y), só por si, não
desencadearia o facto (x), sendo necessária a ocorrência também do facto
(z) e os factos (y) e (z) são independentes entre si.
Esta relação representa-se graficamente do seguinte modo:
Y (antecedente) X1 (facto)

Z (antecedente)

As questões são aplicadas até à identificação das causas básicas que não têm causas
antecedentes. O diagrama da árvore de causas considera-se terminado quando se
identificaram todas as causas básicas que estilo na origem do acidente e não carecem
de uma situação anterior para serem explicadas ou quando se desconhecem os
antecedentes que propiciaram uma dada situação de facto.

37
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Depois de construída a árvore de causas e necessário verificar a sua congruência


lógica, devendo realizar-se um novo processo de questionamento:
- Se o facto (y) não tivesse acontecido, teria acontecido o facto (x)?
- Para que tivesse acontecido o facto (x), foi necessário o facto (y) e apenas
o facto (y)?
Neste processo, a supressão de um evento faz desaparecer todos os factos
relacionados que se sucedem na respectiva ramificação.

Seguidamente apresenta-se um diagrama exemplificativo da estrutura de uma árvore


de causas.
Acidente

Facto X1

Facto X2

Facto X3 Facto X4 Facto X5

Facto X6

Representação esquemática da árvore de causas.

No exemplo apresentado os factos (X3) e (X6) constituem causas básicas, enquanto as


restantes são causas intermédias.

Com a árvore de causas de um acidente obtém-se toda a informação que pode ser
usada para a definição de medidas de correcção.

3. Etapa III- Determinação das medidas e acções correctivas possíveis

Uma vez identificadas as causas básicas que desencadearam o acidente, pode-se agir
sobre elas de forma a impedir que aquele tipo de acidente se repita. Nesta etapa é
elaborada uma lista de soluções possíveis para a eliminação e ou controlo das causas
do acidente. Como causas iguais podem originar diversos acontecimentos e
consequências, é muito importante considerar que quanto mais básicas ou
elementares sejam as causas do acidente a que se aplicam medidas correctivas,
maior será o número de acontecimentos não desencadeados que se evitarão.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

4. Etapa IV - Discussão e decisão

Consiste na discussão as medidas identificadas para corrigir as causas básicas,


decidir quais as medidas possíveis implementar e definir o responsável para a sua
execução. Cada medida deve ser analisada utilizando os critérios seguintes:
- Estabilidade da medida no tempo;
- Simplicidade para o operador;
- Não deslocalização do risco;
- Alcance geral da medida;
- Acções que actuam prioritariamente sobre as causas básicas antes das
intermédias;
- Prazo de aplicação;
- Relação eficácia/custo.

Métodos de Estimativa e Valoração de Riscos


A análise de riscos profissionais proporciona informação sobre a probabilidade do
risco profissional se manifestar e sobre a gravidade das lesões resultantes, ou seja,
proporciona informação sobre a magnitude do risco profissional.

A estimativa do risco profissional consiste na determinação da probabilidade (quantas


vezes., .?) e da gravidade (quais os danos. .,?) e pode elaborar-se sendo aplicado de
forma qualitativa, semiquantitativa e quantitativa.

A estimativa do risco profissional pode assumir três objectivos:


- Justificar a adopção de certas medidas preventivas pelo seu custo ou
características específicas;
- Estabelecer uma ordem de prioridades entre as medidas de prevenção
definidas para a eliminação e o controlo do risco profissional;
- Averiguar a eficiência de uma medida, estimando o risco com a implementação
de tal medida.

A valoração do risco profissional está relacionada com a aceitabilidade do risco e


consiste na comparação dos resultados obtidos na estimativa com padrões de
referência para esse risco.
A procura dos padrões de referência deve fazer-se na legislação, nas normas
técnicas, nos códigos de boas práticas, podendo, ainda, serem definidos pela própria
empresa se não existirem padrões definidos naquelas sedes ou no caso de se
pretender praticar um grau de exigência superior ao definido nos padrões conhecidos.

Métodos de Qualitativos

A identificação do perigo, e relativamente a cada perigo, a estimativa da magnitude – a


gravidade (o potencial da severidade do dano) e a probabilidade da ocorrência –
podem ser efectuadas numa base qualitativa, que tem por elementos de comparação

39
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

o histórico de dados estatísticos, ou ainda, o que é esperado acontecer de acordo com


a opinião de pessoas experientes e dos trabalhadores ou dos seus representantes
para a segurança.

Para a aplicação deste tipo de metodologia é necessário definir:


 Categorias da probabilidade de o risco se manifestar (Por exemplo):
• Baixa – espera-se que se manifeste raramente;
• Média – espera-se que se manifeste com relativa frequência;
• Alta – espera-se que se manifeste com muita frequência.
 Categorias da gravidade das lesões resultantes (Por exemplo):
• Ligeiramente danoso – espera-se que as consequências se enquadrem no grupo de
pequenos cortes, irritação dos olhos, dor de cabeça, desconforto;
• Danoso – espera-se que as consequências se enquadrem no grupo de lacerações,
queimaduras, fracturas simples, surdez, dermatoses, asma, lesões músculo-esqueléticas;
• Extremamente danoso – espera-se que as consequências se enquadrem no grupo de
amputações, fracturas complicadas, intoxicações, lesões múltiplas, cancro, doenças
crónicas e morte.
 Níveis de graduação da valoração do risco (Por exemplo):
• Trivial;
• Aceitável;
• Moderado;
• Importante;
• Intolerável.

A estimativa dos níveis de risco pode, então, elaborar-se a partir da aplicação do


quadro que se apresenta seguidamente, em que se relacionam as categorias
atribuídas à gravidade com as categorias atribuídas à probabilidade, determinando-se
deste modo a nível do risco profissional.

GRAVIDADE
R=GxP Ligeiramente Extremamente
Danoso
Danoso Danoso
PROBABILIDADE

Baixa Trivial Aceitável Moderado

Média Aceitável Moderado Importante

Alta Moderado Importante Intolerável

Estimativa do risco.

A valoração do risco deve indicar o tipo de medidas de prevenção adequadas a cada


nível de graduação do risco.

40
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Quadro 1 –
Valoração do risco.

Métodos de Quantitativos

Os métodos quantitativos visam obter uma resposta numérica à estimativa da


magnitude do risco e são úteis para aprofundar o estudo para justificação do custo ou
dificuldade de adopção de algumas medidas preventivas. Será o caso, por exemplo,
de determinados perigos identificados a partir de listas de produtos perigosos e
respectivas quantidades limiar que possam ocasionar acidentes graves, susceptíveis
de afectar os trabalhadores, as pessoas no exterior e o ambiente.

A avaliação quantitativa de probabilidades faz apelo a técnicas sofisticadas de


cálculo, ao recurso a bases de dados sobre o comportamento dos componentes em
análise ou a exames laboratoriais que permitam suportar a definição de um padrão de
regularidade na frequência de determinados eventos — qual o número de ocorrências
de falha, por unidade de tempo, nesses componentes e na cadeia causal que conduz
ao acidente. A avaliação quantitativa da gravidade requer modelos matemáticos de
consequências para possibilitar a simulação do campo de acção de um dado agente
agressivo e o cálculo da capacidade agressiva em cada ponto desse campo de acção,
por forma a estimar os danos esperados. Assim, por exemplo, numa explosão importa
calcular a pressão que se transmite e os seus efeitos sobre os obstáculos envolventes.
Os cálculos da extensão do dano resultante suportam-se em modelos de
vulnerabilidade e toxicidade que fornecem a previsão dos danos para a envolvente
próxima, para as pessoas e para o ambiente.

Importa considerar que a avaliação quantitativa de riscos apresenta algumas


desvantagens, desde logo a de ser bastante onerosa. Acresce a implícita
necessidade de dispor de bases de dados experimentais ou históricos com a
adequada fiabilidade e representatividade. Por outro lado, a dificuldade de avaliação
41
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

do peso do contributo da falha humana, das falhas interactivas ou das falhas múltiplas
ocasionadas no mesmo facto, constituem um outro conjunto de dificuldades de monta
para a completa apreensão da realidade analisada. Por isso, se questiona se os
resultados da avaliação qualitativa ou semi-quantitativa, por comparação com a
avaliação quantitativa, determinam uma diferença significativa na hierarquização de
cenários para a decisão ou na configuração das opções por medidas de controlo. Será
ainda de, ter presente que o processo de valoração de riscos é não somente um
processo de comunicação, mas também um processo em que se procura gerir a
confiança.

Nesta óptica, a mera determinação numérica, especialmente quando expressa em


pequenas quantidades ou em unidades de medida pouco familiares, pode não reunir
capacidade explicativa para as pessoas. Será o caso, por exemplo, da dificuldade de
interpretação da probabilidade estatística. Aliás, as teorias correntes sobre a
probabilidade do risco estão, elas próprias, rodeadas de controvérsia. Nenhuma teoria
ou técnica matemática consegue transformar a incerteza em certeza. Do ponto de
vista sócio-técnico, designadamente em matérias tais como o erro na decisão, a falha
de comunicação, os factores de predisposição organizacional, entre outros, é forçoso
reconhecer-se que a estimativa ou a valoração quantitativa de riscos é problemática

Assim, por exemplo, quando se atinja um nível de acção diária de ruído igual ou
superior a 85 dB(A) representa-se o momento a partir do qual é necessário
desenvolver medidas de controlo para reduzir aquele nível de exposição abaixo
daquele valor. Sempre que aquele valor médio diário atinja 90 dB(A), ou se verifique
um valor limite de pico de 140 dB, o trabalhador não poderá estar exposto a tais
situação de trabalho sem que se desenvolvam medidas imediatas de controlo (de tipo
organizacional ou de engenharia) para recondução do ruído a níveis inferiores.

É, ainda, neste contexto que, no âmbito da avaliação de riscos resultantes da


exposição a substâncias e preparados químicos, é utilizada a seguinte nomenclatura:
 VLE: Valor limite de exposição —valor legal ou valor de referência que não
deve ser ultrapassado, pelo que o trabalho nessas condições de exposição
deve ser interditado. Pode assumir três tipos:
 MP: Valor de concentração média ponderada para um dia normal de 8 horas
ou para uma semana de 40h00;
 CM: Valor de concentração máxima que nunca devera excedida, nem mesmo
instantaneamente;
 CD: Valor de concentração que não deve ser excedido durante um curto
período de tempo (ex. 15 minutos);
 NA: Nível de acção — valor de concentração a partir do qual requer acção de
prevenção;
 I: Índice de exposição à substância (1 = MP/VLE).

42
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Métodos Semiquantitativos

Os métodos semiquantitativos permitem determinar um valor numérico da magnitude


do risco profissional a partir do produto da probabilidade do risco profissional se
manifestar pela gravidade esperada das lesões:

R=PxG

Para a aplicação desta metodologia é necessário construir:


 A escala de hierarquização da probabilidade (a definição das categorias para a
probabilidade pode basear-se na análise de riscos profissionais da organização e, assim,
ser ajustada à realidade daquela.)
 A escala de hierarquização da gravidade (a definição das categorias para a gravidade
deve basear-se na análise dos acidentes ocorridos e na estatística da sinistralidade da
organização para deste modo se definir uma escala de categorias adequada ao ambiente
da empresa.)
 A valoração do risco profissional.

Seguidamente apresentam-se exemplos de escalas de hierarquização para a


probabilidade e para a gravidade.
 Exemplo de escala de hierarquização da probabilidade:
Probabilidade
Categorias Ponderação
Improvável 1
Possível 2
Ocasional 3
Frequente 4
Regular 5
Comum 6
Escala de hierarquização da probabilidade.

 Exemplo de escala de hierarquização da gravidade :


Gravidade
Categorias Ponderação
Escoriações com / ou sem dias de baixa 1
Lesões ligeiras com / ou até 2 dias de baixa inclusive 2
1 Lesão grave 3
2 ou mais lesões graves 4
1 Morte 5
2 ou mais mortes 6
Escala de hierarquização da gravidade.

Na determinação da magnitude do risco profissional pode considerar-se a extensão do


risco profissional, ou seja, o cálculo da magnitude, tendo em conta a população
exposta ao risco profissional. Para tal, considera-se o número de trabalhadores
expostos a cada risco profissional, ou o número de pessoas potencialmente vítimas da
sinistralidade daquele risco profissional quando as potenciais vítimas sejam pessoas
externas organização em análise. Neste caso a magnitude será:
43
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

R = P x G x Extensão

A escala de graduação do risco profissional deve ser elaborada tendo em conta as


escalas de hierarquização da probabilidade e da gravidade. No exemplo apresentado,
não considerando a extensão do risco profissional, o valor mínimo e máximo de
graduação possível de alcançar é 1 (1 x 1) e 36 (6 x 6), respectivamente.

Uma forma de determinar 5 categorias de graduação consiste em calcular os limites


máximos dos intervalos de graduação através do produto das categorias da
probabilidade e da gravidade com igual valor 4 (2 x 2), 9 (3 x 3), 16 (4 x 4), 25 (5 x 5) e
36 (6 x 6). Utilizando esta metodologia as categorias de graduação são: [1, 4]; [5, 9];
[10, 16]; [17, 25] e [26, 36].

Para a valoração do risco profissional devem ser definidas medidas de prevenção


adequadas à graduação do risco à organização, como se exemplifica no quadro
seguinte:

Risco Medidas de Prevenção

[1, 4] Não requer medidas específicas.

Não é necessário melhorar a acção preventiva. No entanto, devem ser consideradas


soluções mais rentáveis ou melhorias que não impliquem uma carga económica
importante.
É necessário recorrer a verificações periódicas, de modo a assegurar que se mantém a
[5, 9]
eficácia das medidas de controlo.
Quando o risco estiver associado a 1 morte ou 2 ou mais mortes, será necessário uma
acção posterior para estabelecer com mais precisão a probabilidade do dano, como base
para determinar a necessidade de melhorias de controlo.
Devem fazer-se esforços para reduzir o risco e devem ser tomadas medidas num período
determinado.
[10, 16] Quando o risco estiver associado a 1 morte ou 2 ou mais mortes, será necessário uma
acção posterior para estabelecer com mais precisão a probabilidade do dano, como base
para determinar a necessidade de melhorias de controlo.
O trabalho não deve ser iniciado até que se tenha reduzido o risco. Podem ser
[17, 25] necessários recursos consideráveis para o controlo do risco.
Quando o risco corresponde a um trabalho que está a ser realizado, o trabalho deve ser
interrompido até serem tomadas medidas para contornar o problema.
Não deve iniciar ou continuar o trabalho, até que se tenha reduzido a risco.
[26, 36]
Mesmo quando seja necessária a utilização de recursos limitados, o trabalho deve ser
interditado.
Valoração do risco.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Métodos Simplificados

Matriz de Avaliação de Riscos

O método que se apresenta - Matriz de Avaliação de Riscos - engloba-se dentro do


grupo de métodos simplificados de avaliação de riscos. A utilização destes métodos
permite, com poucos recursos, detectar muitas situações de risco profissional e, a
partir da definição e implementação de medidas de gestão, eliminar ou controlar os
riscos detectados dentro dos níveis considerados aceitáveis.

Os conceitos chave para o presente método são:


• A probabilidade de determinados riscos se materializarem em danos;
• As consequências esperadas (magnitude dos danos).

O método permite quantificar a magnitude dos riscos existentes e, em consequência,


hierarquizar racionalmente a sua prioridade de correcção.

Para isso:
 Inicia-se o processo com a detecção das deficiências existentes no objecto de
estudo;
 Em seguida, procede-se à estimação da probabilidade de ocorrer um acidente
e, considerando a magnitude esperada das consequências, avalia-se o risco
associado a cada uma deficiências detectadas.

Dado o objectivo de simplicidade que se pretende, esta metodologia não emprega


valores reais absolutos dos riscos relativamente à probabilidade de ocorrerem e às
consequências esperadas, sendo os seus níveis definidos numa escala de quatro
possibilidades. Assim, determina-se o nível de consequências.

Nível de Risco - O nível de risco (NR) é função do nível de probabilidade (NP) e do


nível de consequências (NC) e pode expressar-se pela fórmula: NR = NP x NC

Nível de Probabilidade - Esta metodologia considera que o nível de probabilidade


(NP) é função do nível de deficiência (ND) e do nível de frequência (NF) da exposição
de trabalhadores à mesma.

Nível de Deficiência - o nível de deficiência (ND) é definido como sendo a magnitude


da combinação esperada entre o conjunto de factores de risco considerados e a sua
relação causal directa com o possível acidente. Os valores numéricos empregados
nesta metodologia e no significado dos mesmos apresenta-se no quadro seguinte:

Nível de Deficiência ND Critérios


Detectaram -se factores de risco significativo que tornam
possível a origem de falhas;
Muito deficiente (MD) 10
As medidas preventivas existentes são ineficazes no
controlo do risco.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Detectam -se alguns factores de risco significativo que


precisa de ser corrigido;
Deficiente (D) 6
A eficácia das medidas preventivas existentes considera-se
reduzida.
Detectam -se factores de risco de menor importância;
Susceptível de melhoria (M) 2 A eficácia do conjunto de medidas preventivas melhoria
existentes não se considera reduzida de forma apreciável.
Não se detectam anomalias;
Aceitável (B) - O risco está controlado;
Não se valora.
Nível deficiência.

Para a elaboração do nível de deficiência devem ser utilizadas listas de verificação das
condições de segurança aplicáveis ao objecto de estudo (e.g. uma situação de
trabalho, uma máquinas, um equipamento, uma instalação ou um processo). A lista de
verificação deve ser preparada especificamente para cada objecto de estudo e é
importante dispor-se de documentação técnica, de regulamentação aplicável e de
dados estatísticos de sinistralidade sobre o objecto de estudo, sendo, ainda, por
vezes, aconselhável consultar-se peritos com conhecimentos especializados sobre
aquele objecto de estudo.

Nível de exposição - O nível de exposição (NE) é a medida da frequência do


trabalhador exposto ao risco. Para um risco concreto, o nível de exposição pode-se
estimar em função dos tempos de permanência nas áreas de trabalho, de realização
de operações com máquinas, etc..
Quando de opta pela observação directa no local de trabalho recomenda-se que se
acrescente na lista de verificação o registo do tempo de permanência durante a
realização de cada tarefa pelo trabalhador observado.
Os valores numéricos do nível de exposição são ligeiramente inferiores aos valores
dos níveis de deficiência. No quadro seguinte apresentam-se os níveis de exposição:
Nível de Exposição NE Critérios
Continuada (EC) 4 Continuamente;
Várias vezes durante a jornada de trabalho por períodos de
tempo prolongados.
Frequente (EF) 3 Várias vezes durante a jornada de trabalho por períodos de
tempo curtos.
Ocasional (EO) 2 Algumas vezes durante a jornada de trabalho e durante
períodos de tempo curtos.
Esporádica (EE) 1 Irregularmente.

Quadro 2 – Níveis de exposição.


Nível de Probabilidade

Em função do nível de deficiência das medidas preventivas e do nível de exposição ao


risco profissional determina-se o nível de probabilidade (NP), que se pode determinar
pela expressão:
NP = ND x NE

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

O quadro seguinte apresenta os resultados possíveis da aplicação da expressão que


define o nível de probabilidade:

de
Nível de Exposição
4 3 2 1

Deficiência
10 40 30 20 10

(ND)
Nível
6 24 18 12 6
2 8 6 4 2

O quadro seguinte apresenta o significado dos quatro níveis de probabilidade


definidos.

Nível de Probabilidade NP Significado


Entre Situação deficiente com exposição continuada;
Muito alto (MA) 40 e Situação muito deficiente com exposição frequente;
24 A manifestação do risco ocorre com frequência.
Situação deficiente com exposição frequente ou ocasional;
Entre Situação muito deficiente com exposição ocasional ou
Alto (A) 20 e esporádica;
10 A manifestação do risco é possível ocorra várias vezes
durante o ciclo laboral.
Situação deficiente com exposição esporádica;
Entre Situação susceptível de melhoria com exposição
Médio (M)
8e6 continuada ou frequente;
A manifestação do risco pode ocorrer alguma vez.
Situação susceptível de melhoria com exposição ocasional
Entre
Baixo (B) ou esporádica;
4e2
A manifestação do risco é pouco provável.
Significado dos níveis de probabilidade.

Como os indicadores que suportam esta metodologia têm um valor orientador, cabe
considerar outro tipo de estimativas quando se dispuser de critérios de valoração mais
precisos.
Assim, se para um determinado risco se dispuser de dados estatísticos de
sinistralidade ou outras informações que nos permitam estimar a probabilidade de
manifestação do risco, devem ser utilizados e comparados com os resultados obtidos
a partir da aplicação do método.

Nível de consequência
Para o nível de consequência (NC) consideram-se também quatro níveis de
classificação das consequências normalmente esperadas.
Para a definição das consequências consideram-se:
 Os danos (lesões corporais);
 As perdas (associadas aos bens materiais). A atribuição do valor monetário
das perdas é em função de:
• O tipo de empresa;
• A sua dimensão;

47
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

• O valor das instalações;


• O valor das matérias-primas, subprodutos e produtos normalmente
presentes nas instalações.

Ambos os critérios devem ser considerados de forma independente, atribuindo-se


mais peso aos danos do que às perdas.

A escala numérica das consequências deve ser muito superior à escala numérica das
probabilidades, porque as consequências devem ter um peso maior na valoração do
risco profissional. No quadro seguinte apresenta-se a escala e os critérios para a
determinação do nível de consequências:
Nível de Critérios
NC
Consequências
Uma morte ou mais;
Mortal ou Destruição total das instalações;
100 Lesões que podem provocar
Catastrófico (M) Instalações irrecuperáveis.
incapacidade permanente total.
Lesões que podem provocar Destruição parcial das
incapacidade permanente parcial; instalações;
Muito Grave (MG) 60
Lesões graves – com 30 dias de Instalações recuperáveis com
baixa ou mais. elevados custos.
Lesões que provocam
Paragem do processo de fabrico
Grave (G) 25 incapacidade temporária de 3 a
para realizar reparações.
30 dias de baixa.
Pequenas lesões e não requerem
hospitalização. Reparação possível sem
Leve (L) 10
Lesões que provocam até 2 dias paragem do processo de fabrico.
de baixa.

Escala e critérios do nível consequências.

Nível de risco e nível de intervenção

O nível de risco (NR) do produto do nível de probabilidade pelo nível de


consequências, e resulta da aplicação da expressão:

NR = NP x NC

O resultado da aplicação da expressão do nível de risco apresenta-se no


quadro seguinte:

Nível de Probabilidade (NP)


Probabilidade

40 - 24 20- 10 8-6 4-2


Nível de

(NC)

100 4000 2400 2000 1000 800 600 400 200


60 2400 1440 1200 600 480 360 240 120
25 1000 600 500 250 200 150 100 50
10 400 240 200 100 80 60 40 20

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

O nível de intervenção consiste na hierarquização dos valores obtidos no quadro do


nível de risco. Os níveis de intervenção obtidos constituem uma orientação para a
determinação das prioridades de intervenção para o programa de melhoria das
condições de trabalho.

No programa de melhoria das condições de trabalho é imprescindível considera-se o


valor económico e o grau de influência da intervenção. Assim, para resultados
similares, será mais justificável uma solução que melhore as condições de trabalho de
maior número de trabalhadores.

O nível de intervenção está dividido em quatro níveis que se apresentam no quadro


seguinte:

Nível de
NR Critérios
Intervenção
Situação crítica;
I 4000 – 600
Correcção urgente.
Corrigir situação;
II 500 – 150
Adoptar medidas de controlo.
Melhorar a situação se possível;
III 120 – 40
Justificar a intervenção e a sua eficácia.
Não é necessário intervir a não ser que uma análise mais precisa
IV 20
o justifique.

Comparação dos resultados obtidos

Nesta fase dispõe-se da avaliação e hierarquização dos riscos profissionais


identificados e estudados.

E conveniente comparar os resultados obtidos com os dados históricos da empresa


sobre acidentes e incidentes.

A aplicação do método deve ser periódica e, ainda, sempre que se proceda a


intervenções nos objectos de estudo (uma operação de trabalho, uma máquinas, um
equipamento ou um processo).

Os resultados da aplicação do método podem comparar-se e, assim, possível analisar


a evolução das condições de trabalho nos locais estudados.

Aplicação do Método
Para a aplicação do método devem seguir-se os seguintes passos:

1. Definição do objecto de estudo;


2. Identificação do(s) risco(s) a analisar;
3. Elaboração da lista de verificação sobre os factores de risco que possibilitam a
materialização do risco(s) identificado(s);

49
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

4. Definição do nível de importância de cada um dos factores de risco;


5. Aplicação da lista de verificação no local de trabalho e estimação das exposições
de trabalhadores a cada risco e das consequências normalmente esperadas;
Para cada risco profissional que se pretende estudar deve proceder-se do
seguinte modo:
a) Estimação do nível de deficiência a partir da lista de verificação
aplicada no local de trabalho;
b) Estimação do nível de probabilidade a partir do nível de deficiência e do
nível de exposição;
c) Comparação do nível de probabilidade a partir de dados históricos
disponíveis;
d) Estimação do nível de consequências;
e) Estimação do nível de risco a partir do nível de probabilidade e do nível
de consequências;
f) Definição dos níveis de intervenção considerando os resultados obtidos
e a sua justificação sócio-económica;
g) Comparação dos resultados obtidos com os resultados estimados a
partir das fontes de informação precisas e da experiência.

Para a aplicação do método deve ser elaborada uma matriz do método. A matriz pode
ser adaptada ao objecto de estudo para se tornar mais fácil de utilizar e ou analisar.

Operação: a)
de
Probabilidad

Intervenção (NI)
Equipamentos

Consequência

Medidas de
e (NP)

Risco (NR)
Nível
Materiais

Perigosa

Controlo
Situação

Nível de

Nível de

Nível de
Tarefas

Risco/

(NC)
N.º

ND NE NP

b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) m)

a) Operação de trabalho objecto de estudo;


b) Número de ordem da tarefa. Pode corresponder ao mesmo número de ordem da lista de verificação, ou do
plano de produção, ou do procedimento operativo;
c) Identificação da tarefa pertencente à operação que se pretende estudar;
d) Identificação dos materiais que se utilizam para a realização da tarefa identificada;
e) Identificação dos equipamentos e ferramentas que se utilizam para a realização da tarefa identificada;
f) Análise dos riscos profissionais ou situações perigosas associadas à utilização dos equipamentos e materiais
identificados durante a realização da tarefa. Os riscos profissionais devem ser individualizados em cada linha
da matriz;
g) Estimação do nível de deficiência para cada risco profissional identificado;

50
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

h) Estimação do nível de exposição para cada risco profissional identificado;


i) Estimação do nível de probabilidade para cada risco profissional identificado;
j) Estimação do nível de consequência para cada risco profissional identificado;
k) Valoração do nível de risco para cada risco profissional identificado;
l) Hierarquização de cada risco profissional identificado;
m) Definição de medidas de controlo para cada risco profissional identificado.

EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL

PROTECÇÃO AUDITIVA

TAMPÕES

A surdez tem como causa principal a exposição a grandes pressões de ruído e é


considerada, quando adquirida no exercício das profissões, uma doença profissional.
Altamente limitativa da condição humana, pois afecta os deficientes auditivos, através
da sua exclusão social, os impede de aprender e os expõe a outros riscos já que limita
fortemente as suas capacidades cognitivas.

Os tampões auditivos são um dos métodos mais eficazes para a prevenção destes
riscos.

Tampões SMART FIT Tampões MATRIX

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Tampões QUIET Tampões MAX

Fonte das fotos catálogo http://www.segtrawear.pt

PROT ECÇÃO AUDITIVA

ABAFADORES

A perda de capacidade auditiva induzida pelo ruído é uma das doenças


profissionais mais comuns na Europa, representando cerca de um terço do
total das doenças relacionadas com o exercício de uma actividade profissional.
Estima-se que cerca de 40 milhões de pessoas estejam expostas ao ruído
durante metade das horas de serviço. Os abafadores de ruído são um método
importante para a prevenção deste risco, usados isoladamente ou em
condições extremas em conjunção com os tampões auditivos. O conforto e a
atenuação de ruído que conferem são factores de extrema importância.

Abafador L3N Abafador V1


Fonte das fotos catálogo http://www.segtrawear.pt

Os aparelhos protectores do ouvido podem ser de dois tipos, Protectores Auriculares


ou Tampões. Em ambos os casos, devem satisfazer as exigências estabelecidas pelas
EN 352-1 e EN 352-2, respectivamente existem também protectores auditivos com
capacidade para acoplamento ao capacete, devendo estes estar em conformidade
com a EN352-3.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Sob o ponto de vista de segurança, embora sendo a atenuação o principal factor a


considerar, não é no entanto um factor único que deve ser tido em atenção para a
selecção e utilização de protectores de ouvido. Dever-se-ão também considerar outros
factores, nomeadamente:

 Acções térmicas, projecções de gotas de metais em fusão, por exemplo, em


trabalhos de soldadura.
 Desconforto e incómodo durante o trabalho, devido essencialmente à concepção
ergonómica do aparelho (massa demasiado elevada, pressão de aplicação
demasiada, aumento de transpiração). Ter em atenção que existem três tipos de
dimensões (largo, médio e pequeno).
 Limitação da capacidade de comunicação acústica, nomeadamente, a
deterioração da inteligibilidade da palavra, de reconhecimento dos sinais, dos
ruídos informativos ligados ao trabalho e da localização direccional. Estes riscos
podem ser originados por variação da atenuação com a frequência, ou por
diminuição das qualidades acústicas, devendo a escolha ser efectuada após
experiência auditiva.
 Acidentes e perigos para a saúde, por exemplo, compatibilidade deficiente, falta
de higiene, materiais inadequados, etc...
 Insuficiente eficácia de protecção, provocada por escolha ou utilização incorrecta
do protector. Devem ser respeitadas as indicações do fabricante (quanto a classes
de protecção e utilização específica que se destina), e as condições de
conservação, controlo ou substituição em tempo oportuno.

PROTECÇÃO DA CABEÇA

Objectos em queda ou atirados, objectos fixos ou suspensos a baixa altura, espaços


confinados de pé direito baixo ou trabalhos de soldadura são apenas algumas das
situações que podem provocar lesões graves na cabeça e rosto.
A queda de objectos é aliás um dos factores mais responsáveis pela sinistralidade
laboral.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Estes EPI devem de ter capacidade de absorção de choque evitando quaisquer lesões
na cabeça, bem como terem características adequadas de conforto (peso, ventilação,
estanquidade e de isolamento térmico).

Peça rígida que se utiliza para cobrir completamente a cabeça contra agressões e
acidentes. Um capacete é uma forma protectora usada na cabeça e feita geralmente
de metal ou de algum outro material duro, tipicamente para a protecção da cabeça
contra objectos que caem ou colisões a alta velocidade.

O tipo de protecção que proporcione o capacete estará em função da actividade que


se realize. Por exemplo, os pilotos e motociclistas usam capacetes que cobrem toda a
cabeça e incluem estreitas viseiras transparentes.

Os capacetes militares não protegem a cara.

Os capacetes antimotins são parecidos aos militares, mas com viseira articulada,
transparente e ampla para proteger a cara.

O material do capacete também dependerá da actividade prevista.

Características gerais e obrigatórias

Os Capacetes de protecção podem ser de dois tipos (I e II).

Os Capacetes de tipo I diferem dos de tipo II apenas por estes não terem pala e
possuírem aba de dimensão que pode ser variável em toda a periferia do Casco.

Os Capacetes são constituídos, em ambos os tipos, fundamentalmente pelo Casco


(parte exterior resistente que inclui a calote, pala e aba) e pelo Arnês (conjunto de
elementos cuja função principal é de absorção da energia transmitida pelo choque).

As características gerais a serem observadas pelos Capacetes de protecção são


estabelecidas quanto à natureza dos materiais que os constituem e respectiva massa

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

e dimensões dos seus elementos, incluindo folgas exigíveis. Dessas características


salienta-se que é permitido para o Casco qualquer tipo de material desde que
satisfaça as análises e ensaios normalizados que são exigidos. Para o Arnês impõe-se
que o material não seja absorvente nem rígido, bem como não conter cordões. Ao
conjunto estabelece-se que a massa deve estar contida entre 290g e 350g para os do
tipo I e entre 340g e 400g para os do tipo II, bem como a altura de uso ser entre 80mm
e 90mm.

Como características obrigatórias a considerar referem-se as exigidas em relação à


estrutura do Casco, à capacidade de absorção de choque e a resistência à penetração
e à propagação das chamas.

Para a primeira (estrutura do casco), a resistência deve ser mais uniforme possível e
não ter reforços especiais em qualquer ponto, bem como as superfícies exteriores e
interiores, serem cuidadosamente acabados e apresentarem bordos lisos e
arredondados.

Características Opcionais

Os Capacetes podem ainda ser objecto de exigências específicas devido a condições


de utilização mais gravosas, nomeadamente quanto a: capacidade de absorção de
choque; rigidez lateral; resistência à penetração à temperatura e isolamento eléctrico
(protecção até 440v).

Selecção e utilização

Sob o ponto de vista de utilização, os materiais mais aconselháveis para os Capacetes


são os de plástico (reforçados ou não) para trabalhos de montagens de estruturas e
estaleiros de obras. Para combate a incêndios devem utilizar-se os Capacetes de ligas
de alumínio, os quais não são aconselháveis em trabalhos de construção civil devido à
sua condutibilidade eléctrica. Por outro lado, os Capacetes do tipo I são mais utilizados
em trabalhos de construção civil em geral, sendo os do tipo II mais aconselhados em
trabalhos de escavações em galerias ou outros em que se exija maior eficiência na
protecção da nuca aquando da queda de objectos.

Quanto à cor, devem ser adaptadas cores claras para maior reflexão dos raios solares
e conforto térmico no Verão, podendo a entidade empregadora definir um código de
cores específico que permita distinguir a categoria dos seus empregados.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Deve salientar-se ainda que as variações climáticas, e a utilização e


acondicionamentos incorrectos (por exemplo, à luz e calor), provocam o
envelhecimento dos materiais, isto é, alteração das características físicas e mecânicas
dos Capacetes, pelo que devem ser efectuadas revisões e testes periódicos.

Os Capacetes devem satisfazer os requisitos da norma portuguesas NP EN 397:1995,


apresentar de forma legível e indelével a seguinte marcação de garantia:

• Número da norma;
• País de origem;
• Nome do fabricante;
• Mês e ano de fabrico;
• Referência a características opcionais que tenham sido consideradas.

Deve ser exigido ao fabricante um manual de instruções que contenha informação


sobre armazenamento, utilização, limpeza, manutenção, desinfecção, acessórios,
peças sobressalentes e data ou prazo de validade.

PROTECÇÃO DA VISTA

Os riscos a que os trabalhadores são expostos são múltiplos, desde as projecções de


partículas sólidas a alta velocidade, salpicos de produtos químicos, poeiras,
luminosidade excessiva raios UV, etc.

Óculos ULTRAVISION
Óculos I-VO

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Óculos SKYPER Óculos de SOLDADOR


Fonte das fotos catálogo http://www.segtrawear.pt

Os olhos são órgãos muito sensíveis do corpo humano e como tal propícios a
acidentes cujas causas podem ser das mais variadas, nomeadamente as devidas a:

 Projecções de poeiras, provocadas por acção de correntes de ar, vento violento,


operações de polimento;
 De partículas metálicas ou não, provenientes de ferramentas ou de peças
trabalhadas (aço temperado, vidro, porcelana, pedra, betão, etc), ou ainda
devido à natureza das superfícies das peças (calamina, pintura, esmalte, cromo,
etc.);
 Partículas de tinta, líquidos corrosivos, reboco projectado, argamassa e ainda
metal em fusão durante as operações de soldadura.

A acção sobre os olhos de gases e vapores provocados pelo manuseamento de


produtos químicos (por exemplo ácido sulfúrico, ácido clorídrico, amoníaco, etc.) e por
fumos produzidos durante as operações de soldadura, bem como fontes de radiações
diversas devidas por exemplo a luzes parasitas de uma oficina e aos diferentes
métodos de soldadura (com maçarico de gás, oxiacetilénica e por arco eléctrico, são
outras causas também propícias a acidentes que provocam lesões ópticas por vezes
irreversíveis.

Deste modo, quando a protecção dos olhos não puder ser assegurada por dispositivos
de protecção colectiva, as protecções oculares individuais (tais como óculos, viseiras
faciais, máscaras para soldadores e máscaras respiratórias) devem ser objecto de
selecção criteriosa em função dos riscos associados à execução de cada tipo de
trabalho.

Principais definições associadas a estas protecções:

• Protector do olho: todo e qualquer equipamento de protecção que cubra pelo


menos a região do olho;
• Ocular: parte transparente do protector dos olhos que possibilita a visão (lentes
e viseiras);
• Viseira: protector que cobre parte ou a totalidade da face e que permite a visão;
• Óculos: protector dos olhos cujas oculares se encontram inseridas em aros
com hastes (com ou sem protecção lateral);

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

• Óculos isolantes: protector dos olhos, de uma ou duas oculares, que isola a
região orbitaria;
• Filtro: ocular concebida para atenuar a radiação incidente.

Viseiras

Suporte de viseira para colocação nos capacetes, grande


resistência ao calor e resistência
ao impacto. Certificado pela EN
166.

Viseira Regulável em Policarbonato,


certificada pela EN 166 e EN 1731.
Fonte das fotos catálogo http://www.segtrawear.pt

As viseiras são concebidas para protegerem (total ou parcialmente) os olhos e


também o rosto.

As máscaras podem ser seguras com a mão ou mantidas na cabeça por uma correia
ou por um capacete de protecção, sendo esta última situação a indicada quando for
indispensável a utilização das duas mãos na execução do trabalho.

Selecção

Deve-se escolher máscaras adequadas ao trabalho, já que a sua resistência mecânica


e a sua impermeabilidade às radiações são especialmente importantes. Os filtros que
as equipam deverão possuir as características de absorção adaptadas à natureza e à
importância do risco criado pela radiação produzida, isto é, existem escalões que
especificam os seus domínios de utilização.

Em qualquer caso, deve-se procurar o filtro com melhor conforto visual óptico que
proteja contra os riscos de lesões oculares relacionados com o procedimento utilizado.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Utilização e Manutenção

Como recomendações gerais para utilização das protecções dos olhos e da face, além
do objectivo fundamental de serem eficazes na protecção dos utentes quanto aos
riscos que podem surgir no local, salienta-se o seguinte:

 Quando usados sob a influência de temperaturas elevadas devem ser


excluídas partes metálicas que podem contactar com a pele do utilizador, isto é, o
material não deve ser condutor de calor.
 No caso de utilizadores que usem óculos correctivos, deve ser tido em
consideração se os óculos de protecção possuem graduação que aumente a
probabilidade de ocorrência de acidentes.
 Os óculos ou viseiras com uma ou duas oculares ou óculos ajustáveis à face
do utilizador não devem causar dermatoses.
 Devem ser substituídos ou excluídos todos os tipos de protecções que
manifestem cor amarela das oculares, sinais de fissuras ou arranhões superficiais
das oculares.
 Tendo em vista reduzir os inconvenientes devido ao embaciamento das
oculares, recomenda-se a sua limpeza assídua utilizando produtos anti-embaciantes,
devendo-se para o efeito ter em conta as indicações do fabricante.

PROTECÇÃO RESPIRATÓRIA

A respiração é vital à sobrevivência. O limite temporal sem oxigénio é de 3


minutos, antes de sobrevir a morte clínica e quase imediatamente a morte
biológica. Ar respiratório contaminado por químicos ou partículas contribuem de
forma poderosíssima para o desenvolvimento de doenças profissionais,
algumas letais.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Máscara Oro-Nasal

Máscara facial

Fonte das fotos catálogo http://www.segtrawear.pt

Os trabalhadores podem estar sujeitos de um modo frequente ou ocasional a poluição


no seu ambiente de trabalho. As causas desta situação são, muitas vezes, devidas
fundamentalmente: à manipulação ou existência de produtos necessários ou não para
a execução das tarefas; à ausência de colocação em obra de sistemas de aspiração
na fonte de poluição que limitem ou suprimam ao máximo a emissão de poluentes; e
ainda à ausência de ventilação adequada dos locais de trabalho.

Os ambientes de trabalho podem assim ser poluídos essencialmente, quer por falta de
oxigénio, quer pela existência de partículas e/ou por gases e vapores cujos graus de
contaminação podem ser avaliados com base nas propriedades dos contaminantes.
Deste modo, tendo em consideração os agentes poluidores, os aparelhos de
protecção individual podem ser de dois tipos: uns dependem da atmosfera ambiente e
têm a função de purificar o ar recebido pelo trabalhador, sendo designados por
aparelhos filtrantes (máscaras para filtragem física ou química do ar inalado); e outros
são independentes da atmosfera ambiente e têm a função de fornecer o ar ou oxigénio
puro.

Aparelhos filtrantes

Este tipo de aparelhos tem por função filtrar o ar necessário à respiração de um


indivíduo em qualquer ambiente de atmosfera poluída que contenha pelo menos 17%
de oxigénio. Podem ser classificados em: anti-aerossóis ou anti-gases.

Aparelhos filtrantes anti-aerossóis

Estes aparelhos, correntemente designados também por anti-poeiras, são constituídos


por uma máscara de contacto, que tanto pode ser:

60
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

• Semi-máscara, que cobre apenas o nariz, a boca e o queixo;


• Máscara completa que protege toda a face, e de um elemento filtrante que
poderá ser a própria máscara de contacto.

Os filtros anti-aerossóis são marcados com uma faixa branca e a sua duração de
utilização depende da velocidade de colmatagem, isto é, do grau de empoeiramento e
do ritmo de respiração do utilizador.

Selecção e utilização

Para garantir a segurança na sua utilização, qualquer equipamento respiratório deve


responder às seguintes características gerais:

• Devem ser robustos, porque estão destinados a pessoas pouco habituadas a


uma manipulação delicada, todavia com o menor peso possível;
• Devem ser mantidos em bom estado de conservação e de funcionamento
(evitar armazenamento em locais húmidos ou zonas de temperatura elevada);
• Em geral, só se utilizam ocasionalmente devendo assim oferecerem boa
fiabilidade após um longo período de armazenamento;
• Devem ter baixa interferência com a visão e audição, e não causar quaisquer
irritações cutâneas e terem odor agradável ou de preferência, inodoro;
• Devem ser de fácil manutenção, verificação e desinfecção, devendo ser
sempre exigido ao fabricante informações adequadas e completas para cada
aparelho.

Como características particulares e específicas a considerar refere-se que a escolha


de um aparelho deve apenas ser efectuada após um estudo completo das condições
de utilização, devendo assim ser examinado:

• O poluente (sua natureza, concentração de um gás e concentração e


dimensões das partículas de um aerossol);
• O posto de trabalho (actividade física do utilizador, duração e frequência da
exposição ao risco, temperatura e higrometria do meio ambiente e ainda a
localização da zona poluída por ligação à fonte da ar fresco).

Na escolha destes EPI deve também merecer atenção especial, as características


específicas de cada trabalhador que utilizará estes aparelhos, nomeadamente:

• Usar óculos que não se adaptem ao equipamento;

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

• Problemas de circulação sanguínea;


• Uso de medicamentos específicos que podem aumentar o efeito de
substâncias nocivas,
• Problemas psicológicos (claustrofobia, etc);
• Capacidade respiratória reduzida;
• Menoridade;
• Gravidez;
• Informação insuficiente sobre o modo de funcionamento do equipamento;
• Deformações na zona da face e barba.

PROTECÇÃO DAS MÃOS

A protecção das mãos, pulsos e dedos contra riscos químicos, mecânicos,


temperaturas, picadas de objectos contaminados como seringas, vibrações, riscos
eléctricos, etc, é uma necessidade reconhecida para evitar a incapacitação das
pessoas para o desempenho das suas tarefas profissionais e também pessoais.

Luvas Petroben Luvas Camapur

Luvas Welder Luvas pele de vaca


Fonte das fotos catálogo http://www.segtrawear.pt

Os ferimentos nas mãos são os mais frequentes por serem as partes mais vulneráveis
do corpo, pois são elas que manipulam os objectos, utilizam equipamentos e
contactam com produtos agressivos.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

A protecção das mãos é efectuada através do uso de luvas, existindo no mercado


diversos tipos em função do fim a que se destinam. Existem assim luvas para
diferentes tipos de agressões, nomeadamente os devidos a riscos mecânicos,
eléctricos, térmicos, químicos e de origem biológica.

Classificação e características gerais

As agressões às mãos podem ser lentas (provocando dermatoses) ou rápidas


(provocando cortes, arranhões, picadelas, queimaduras, etc.).

A norma EN-420 estabelece as exigências gerais para todas as luvas de protecção,


excepto para as de trabalhos eléctricos e cirúrgicos. Esta norma define em especial os
requisitos quanto à ergonomia, inocuidade, limpeza, conforto e eficácia, marcação e
informação aplicável. Para cada tipo de protecção são ainda aplicadas normas
europeias específicas, onde estão estabelecidos os níveis de desempenho contra os
riscos que devem proteger, nomeadamente, os riscos mecânicos, de corte por
impacto, electricidade estática, químicos, bacteriológicos, por frio, por calor e fogo e
por radiações ionizantes e contaminação radioactiva.

Uma luva é definida como um EPI que protege a mão ou parte dela contra riscos,
podendo em alguns casos cobrir também parte do antebraço e o braço. Como
características gerais a considerar salientam-se as seguintes:

• Quando usadas segundo instruções do fabricante, devem exercer a protecção


sem afectar a saúde do utente, nomeadamente ter em consideração a natureza
dos materiais que as constituem e que podem ser causadores de alergia
devendo especificar todas as substâncias contidas nas luvas;
• O pH deve aproximar-se o mais possível da neutralidade, devendo estar
compreendido entre 3.5 e 9.5.
• Os materiais devem permitir a respiração da pele, devendo assim, quando
possível, oferecer fraca resistência à passagem do vapor de água (5
mg/(cm2.h)). Se forem estanques as luvas devem inibir reduzir, o mais
possível, o efeito da transpiração. A capacidade de absorção da transpiração
deverá ser de, pelo menos, 8 mg/cm2 para 8h;.
• A luva deve permitir a maior destreza possível, de acordo com o seu objectivo;

63
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Selecção e utilização

Para a selecção e utilização das luvas devem ser fundamentalmente consideradas as


características gerais e particulares de cada luva, uma vez que podem ser de
diferentes tipos de materiais e não serão naturalmente capazes de proteger contra
todos os riscos e em todas as circunstâncias.

Na selecção de uma luva deve-se ter em consideração o tipo de tarefa a desempenhar


e suas características (riscos existentes, produtos manuseados, etc….), as
características do utilizador (tamanho da mão) e a marcação existente no equipamento
e embalagem.

É admissível relacionar o tipo de material das luvas com a utilização indicada para as
mesmas, como se exemplifica a seguir:

• Luvas em tecido de algodão recoberto (palma da mão e dedos) por um


revestimento sintético mais ou menos espesso e rugoso e eventualmente
reforçados, utilizados para a manutenção e manipulação de peças secas,
polidas e ligeiramente cortantes como por exemplo chapas metálicas, perfis,
produtos de vidro, correntes, tijolos, madeira (riscos mecânicos);
• Luvas em couro utilizar em manutenções ligeiras, manipulação de objectos não
cortantes, na condução de máquinas (riscos mecânicos);
• Luvas em material sintético utilizadas em ladrilhagem, cerâmica, produtos em
vidro (riscos mecânicos);
• Luvas em couro, eventualmente reforçadas, para manutenção, colocação em
obra de asfalto e betume (riscos térmicos);
• Luvas tricotadas muito resistentes ao corte e permitindo boa destreza manual,
utilizadas para manutenção de chapas metálicas secas, de peças quentes
(riscos térmicos);
• Luvas com punhos em tecido de algodão, inteiramente revestidos com material
sintético para manipulação de produtos corrosivos, irritantes ou tóxicos devido
a cimentos, pinturas, solventes, e ácidos (riscos químicos);
• Luvas com punhos de 15 a 20cm em couro tratado, contra os efeitos do calor
para trabalhos de soldadura, de oxi-corte (riscos m ecânicos e térmicos);
• As luvas não devem obstruir o livre movimento das mãos.

A marcação das luvas deve ser constituída por dois grupos de informação em que
uma deve ser aplicada na luva de um modo legível e indelével, durante toda a vida útil
do produto, e outra na sua embalagem.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

A marcação na luva é constituída pelas seguintes indicações:

• Identificação do fabricante;
• Designação da luva (nome comercial);
• Tamanho;
• Período de validade (se as funções protectoras são afectadas pelo
envelhecimento);
• Pictograma apropriado aos riscos que a luva visa proteger;

Caso não seja possível efectuar marcação directamente na luva, esta deve ser
efectuada na embalagem.

A embalagem que contém a luva deve ainda ser marcada de uma forma legível com a
seguinte informação:

• Nome e morada do fabricante;


• Designação da luva (nome comercial);
• Tamanho;
• Período de validade (se as funções protectoras são afectadas pelo
envelhecimento);
• Se a luva se destinar à protecção de riscos mínimos, deve conter a afirmação
“Apenas para riscos mínimos”.

As luvas devem ser utilizadas dentro do prazo de validade e durante o período de


duração estimado pelo fabricante, devendo ser aplicadas para o fim a que se
destinam, tendo em consideração as suas propriedades e características, depois de
usadas, devem ser limpas e seguidamente secas. Os materiais sintéticos e borracha
natural que compreendam ou não um suporte em algodão, devem ser lavadas
regularmente com água e sabão a fim de evitar as dermatoses e infecções.

Sempre que seja detectado algum defeito aquando da utilização deste equipamento,
deve proceder-se à sua imediata substituição.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

PROTECÇÃO DA PELE

As doenças da pele das mãos, nomeadamente as dermatoses ou dermatites


adquiridas no âmbito do trabalho, são consideradas uma doença profissional.
Obrigando a tratamentos muito prolongados e onerosos, a Directiva Europeia
relativa à Higiene e Segurança, preconiza a adopção de programas preventivos
para permitir a regressão da sua incidência.
O objectivo é a prevenção deste tipo de doenças - mantendo saudável a pele -
as quais afectam a produtividade das empresas e cuja cura se revela muito
dispendiosa. De notar ainda que o desenvolvimento de alergias ao contacto
com determinadas substâncias, as quais são memorizadas de forma perene
pelas nossas células, pode obrigar técnicos com alta qualificação a mudar de
profissão.

Doseador Creme

CALÇADO DE SEGURANÇA

Nas suas tarefas quotidianas, em ambientes agrestes, os trabalhadores usam calçado


de segurança durante 8 ou 10 horas (o CCT para a Segurança Privada permite até 10
horas diárias). Muito mais do que usam o seu calçado para passeio. Muitos dos
acidentes reportados indevidamente como quebra de membros ou cabeça, tem de
facto origem nos pés, pois resultam de escorregadelas. Ninguém produz se estiver

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

preocupado com os seus pés. A perda de um dedo do pé impede que a pessoa se


locomova de forma natural. As dermatoses nos pés, deformações na coluna vertebral
e muito problemas a nível lombar - por exemplo as lombalgias - têm origem no
calçado. Mas este normalmente não é objecto de análise e selecção cuidada, sendo
entendido apenas como de "segurança" porque dispõe de palmilha ou ponteira de
protecção. A ergonomia das suas formas, materiais usados para os seus rastos, peles
ou tecidos técnicos usados para sua confecção, forros anti-micóticos ou anti-
bacterianos, inserções anti-entorse e tantos outros pormenores, não são valorizados.
Um erro, porque é estes os únicos atributos que contribuem para o bem -estar dos
portadores e de forma significativa para a produtividade e redução da sinistralidade
laboral. Trata-se de um produto técnico e como tal passível de especificação.

Bota de Borracha resistente a


óleos e hidrocarbonetos. Com
sola Anti-derrapante, resistente
até 300º C

Bota Malta

Bota Black Hiker Sapato Outdoor

Fonte das fotos catálogo http://www.segtrawear.pt

Os membros inferiores, por estarem fora do alcance do campo de visão, são


susceptíveis a acidentes causados, fundamentalmente, por riscos de origem
mecânica, química, eléctrica e de queda por escorregamento. Destes riscos podem
surgir diferentes danos, desde esmagamento, a fracturas, bem como queimaduras,
perfurações e electrocussão.

Para garantir a protecção dos membros inferiores, deve-se garantir a utilização de


calçado confortável, eficaz e resistente, tendo em consideração as condições
particulares de uso.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Classificação e exigências

Existem vários tipos de calçado:

- Sapato - Utilizado para resguardar o pé abaixo do artelho

- Bota - Utilizado para resguardar o pé e parte da perna ao nível do artelho

- Botim - Utilizado para resguardar o pé e parte da perna acima do artelho

Selecção e utilização

O calçado deve apresentar de forma legível e indelével, uma marcação com as


seguintes informações:

 Tamanho do calçado
 Nome ou marca do fabricante
 Data de fabrico
 País de fabrico
 Número da EN correspondente
 Símbolos apropriados as exigências específicas

VESTUÁRIO DE PROTECÇÃO

A protecção do corpo contra os efeitos indesejáveis que resultam dos diferentes riscos
conduz à confecção de diferentes tipos de vestuário que podem ou não proteger o
corpo inteiro, como por exemplo batas, aventais, fatos de uma ou duas peças.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Protecção Chuva
Protecção Térmica

Fato de protecção Quimica Fato de protecção a altas temperaturas

Fonte das fotos catálogo http://www.segtrawear.pt

O vestuário de protecção protege contra agressões mecânicas e químicas, contra o


calor e o frio, contra a transpiração, alergias, etc. Deve satisfazer as seguintes
exigências:

• Nível de desempenho – Designa uma categoria particular relativa aos


resultados de ensaios que avaliam os efeitos de um risco, sendo quantificado
por um número. Os níveis de desempenho são graduados de 1 a 5, no entanto
estes níveis resultam de ensaios em laboratório, a que não corresponde
necessariamente ás condições em que o utilizador vai estar sujeito no local de
trabalho. Deve assim ter-se em atenção esta situação, aquando da análise dos
dados fornecidos pelo fabricante quanto ao desempenho do vestuário de
protecção em função do risco ou riscos em questão.
• Envelhecimento – Traduz-se como sendo a alteração de uma ou mais
propriedades dos materiais que constituem o vestuário de protecção. Esta
alteração de propriedades pode ser provoca por vários factores e leva à
alteração dos níveis de desempenho.
• Ergonomia – As roupas de protecção devem ser adequadas e confortáveis, de
tal modo que o trabalhador possa sentir-se à vontade quando utiliza essa com

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

a roupa. Devem possuir baixa resistência ao vapor, e permitir a ventilação


necessária às exigências fisiológicas do trabalhador.
• Dimensões – A roupa de protecção deve ser justa ao corpo, mas sem dificultar
os movimentos do trabalhador, de acordo com o estabelecido na norma ISO
3635:1981.
• Pictogramas – O vestuário deve possuir símbolos simples e de fácil
compreensão relativos aos riscos a que esse vestuário visa proteger.
• Marcação – Cada peça de vestuário deve possuir uma marcação, a qual deve
ser constituída por:

• Identificação do fabricante ou seu representante autorizado;


• Designação do tipo de produto ou nome comercial ou código;
• Designação das dimensões
• Número da EN específica;
• Pictograma relativo ao risco a proteger e se aplicável o nível de
desempenho;
• Instruções de limpeza.

Selecção e utilização

Para selecção e utilização do vestuário de protecção mais adequado, é necessário ter


em atenção, para além das exigências já referidas, o seguinte:

• A roupa deve reter o calor, desde que permita o transporte de suor e um


arejamento satisfatório para evitar riscos de irritação na pele, inflamações e
inclusive dermatoses;
• Deve ser adquirido em função do tipo ou tipos de risco, tendo sempre em
consideração a informação fornecida pelo fabricante;
• Deve ser escolhido para protecção contra radiações térmicas, vestuário
fabricado com tecido de fibras metalizadas, que também pode ser utilizado
para protecção a chamas num curto período de tempo;
• Os fatos de protecção destinados a soldadores devem possuir, na sua
constituição fibras ignifugadas ou couro resistente ao calor;
• É aconselhável o uso de materiais lisos e espessos, no manuseamento de
óleos e gorduras;

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

• Quando expostos a radiações ultravioletas, o vestuário com sinalização


fluorescente, perde a capacidade de reflectir luz, pelo que é essencial substituir
a camada fluorescente, quando esta estiver amarelada;
• Os factos de protecção atmosférica, que protegem contra o vento, o frio, a
precipitação e humidade, devem ser fabricados com materiais que permitam
passar a humidade de dentro para fora e não de fora para dentro;
• O vestuário de protecção deve ser utilizado somente no local de trabalho, para
evitar contaminação de outros ambientes.

EQUIPAMENTO ANTI-QUEDAS

Os trabalhos desenvolvidos em altura - seja a quotas positivas ou negativas - obrigam


à adopção de medidas adequadas para prevenir quedas, ascensões, descensões,
evacuações, ou resgates.
Acidentes que ocorram nestas tarefas, por falta do uso de equipamentos adequados e
práticas incorrectas, são normalmente de extrema gravidade, cujo grau pode variar da
morte à quebra de membros, passando por estados de paralisia crónicos, com as
consequentes responsabilidades civis, criminais ou simplesmente morais. O uso de
equipamentos ajustados à tarefa, da melhor qualidade disponível e o treino das
pessoas no seu uso, é pois prioritário.

Arnês com três pontos de


ancoragem, ideal para Electricista.
Rotação 180 graus p/facilitar a
intervenção lateral. Certificado pela
EN 358 e EN 361

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Cinto Posicionamento c/ 2 anéis


Arnês de Segurança Engate Dorsal ancoragem anatómico. Certificado pela EN
358.

Sistema anti-quedas

Fonte das fotos catálogo http://www.segtrawear.pt

Sistemas de adaptação ao trabalho (cintos de trabalho)

Este tipo de protecção deve ser sempre colocado à disposição dos trabalhadores em
casos excepcionais de curta duração, de modo a evitar quedas livres superiores a
1metro. No entanto deve ser sempre preferível a utilização de protecção colectiva
através de barreiras protectoras.

Estas protecções devem ser utilizadas em trabalhos de montagem de estruturas


metálica, ou outros que ofereçam perigo de queda, devendo no entanto ser tomadas
todas as medidas necessárias para que sejam realmente utilizados em boas
condições de modo a exercerem plena protecção

São constituídas por dois sistemas distintos: sistemas pára-quedas e sistemas de


adaptação ao trabalho (cintos de trabalho).

Sistemas pára-quedas

Os sistemas de pára-quedas podem ser de vários tipos, no entanto todos eles


possuem os seguintes elementos:

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

• Acessórios – Permitem a ligação entre as diferentes partes que compõem o


sistema. Estes acessórios devem estar protegidos contra a oxidação.
• Ancoragens estruturais – Sistemas de ligação a um elemento estrutural, estes
dispositivos podem ser de vários tipos.
• Arnêses – São elementos de suporte constituídos por correias principais e
secundárias, devem ser adaptados à morfologia do corpo humano e não
provocar incómodo, sendo de material sintético, com largura não inferior a 40
mm para as correias primárias e 20 mm para as secundárias.

Estes elementos quando associados, constituem sistemas de pára-quedas designados


por:

• Sistema pára-quedas de encravamento automático;


• Sistema pára-quedas sobre suporte de segurança rígido;
• Sistema pára-quedas sobre suporte de segurança flexível;
• Sistema pára-quedas com amortecedor.

Modo de utilização

Para utilizar correctamente este equipamento e prevenir acidentes, resultantes de


queda livre do trabalhador, é necessário ter em atenção algumas regras:

• Utilizar sempre e permanentemente o equipamento de protecção durante a


duração do trabalho a efectuar;
• Nunca modificar o equipamento e a sua instalação, este procedimento deve ser
efectuado por um funcionário qualificado;
• Respeitar as regras de utilização próprias do equipamento a empregar;
• Evitar, durante a utilização, que o equipamento se enrede ou se misture com os
diversos obstáculos, para que o desempenho do equipamento não seja
afectado;
• Evitar contacto do equipamento com:

Arestas vivas
Superfícies rugosas
Pontos quentes
Matérias corrosivas

• Assinalar todas as anomalias ou defeitos do equipamento à pessoa


responsável pelo material;
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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

• Nunca reutilizar um equipamento que tenha sofrido uma queda;


• O sistema de pára-quedas como equipamento de protecção individual que é só
deve ser utilizado por um único trabalhador.

Manutenção

Estes sistemas devem ser instalados e mantidos de acordo com regras precisas, pois
só assim permitem a realização dos trabalhos em segurança:

• Pontos de ancoragem – Os pontos de ancoragem, sobre os quais é necessário


fixar o equipamento, deverão ser seguros, acessíveis. Devem suportar, para as
condições de utilização, uma força estática de 10 KN durante 3 minutos sem
deformação permanente.
• Componentes – Os exames devem se efectuados antes da colocação ou
retirada em serviço dos componentes, compreendendo a sua instalação e
todas as vezes que tal for necessário, especialmente na sequência de qualquer
falha, reparação ou paragem de uma queda. As verificações gerais periódicas
devem ser realizadas sobre todos os componentes que estejam em serviço ou
em stock, tendo em vista a detecção de anomalias nos seus elementos.

Os diversos sistemas devem ser alvo de verificações periódicas aos seus


componentes, sendo essa verificação diferente de sistema para sistema, assim :

• Para os arneses pára-quedas deve ser verificado o bom estado e solidez


aparente do dispositivo de engate incorporado e das fivelas de aperto, bem
como o bom funcionamento dos dispositivos que impedem qualquer
deslizamento apreciável das correias no interior das fivelas de aperto;
• Para os sistemas pára-quedas móveis sob suporte flexível deve ser verificada a
facilidade de deslizamento da corrediça sob o suporte e a existência de batente
em bom estado no final do suporte;
• Para os sistemas pára-quedas de encravamento automático deve ser verificada
a tenção de encravamento automático exercido ao longo do comprimento do
cabo, a facilidade de deslizamento da corrediça ao longo do comprimento
interior da caixa e o bom funcionamento do sistema de bloqueio aquando da
aceleração do tambor de enrolamento / desenrolamento;
• Instalação – Antes da instalação de sistema deve ser verificado que não existe
qualquer obstáculo permanente ou ocasional, susceptível de ser adverso quer
para o utilizador quer para o sistema, ao longo da queda ou do movimento
pendular que se origina após a queda.
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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Sistemas de adaptação ao trabalho (cintos de trabalho)

Estes sistemas são compostos por componentes que são interligados de formas a
constituírem um EPI. É um sistema utilizado para diversos trabalhos, nomeadamente,
trabalhos em altura em que seja essencial uma posição apoiada, na qual as mãos
estejam livres para executar as seguintes tarefas.

O componente principal é o cinto de trabalho que envolve o corpo e liga o corpo do


trabalhador à estrutura. Compreende outros elementos que combinados e ligados,
suportam o utilizador durante o trabalho em altura.

Exigências

As principais exigências para estes equipamentos de protecção são as seguintes:

• O tecido e os fios empregues devem ser feitos em fibras sintéticas com


características idênticas às da poliamida e poliéster;
• Os fios que são cosidos ao tecido deverão ser compatíveis e de qualidade
semelhante a este; Devem ser de cor contrastante ao tecido de modo a
facilitarem a inspecção visual;
• Um cinto de trabalho deve ter como mínimo dois elementos de ligação ou então
uma amarração integral e um elemento de ligação para a prender;
• O cinto de trabalho pode ser equipado com correias ajustáveis quer para os
ombros quer para formar um acento. Os elementos de ligação não devem ser
posicionados nos ombros nem nas correias que formam os acentos;
• O cinto de trabalho deve ser construído de modo a que não possa ser
desmanchado à mão;
• A fivela do cinto deve ser concebida e construída de maneira a que quando
estiver correctamente afivelado, não se possa abrir involuntariamente.

Utilização e manutenção

Devem ser fornecidas indicações claras na língua nacional sobre o ajuste de cada um
dos cintos e amarrações, bem como da seguinte informação:

• Nome do fabricante;
• Aviso de que o equipamento não é indicado para sistema pára-quedas
• Instruções de posicionamento da amarração à estrutura ou ancoragem, para
que uma eventual queda seja limitada a 0,5 metros no máximo;

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

• Aviso da não utilização de diferentes combinações de componentes;


• Instruções de armazenamento e manutenção;

Manutenção de Equipamentos de Protecção Individual

Descrição de cuidados a seguir na manutenção e utilização de Equipamentos de


Protecção Individual

Ao usar o equipamento de protecção individual o trabalhador deve seguir algumas


regras práticas, no que respeita à sua utilização, conservação, acomodação e
armazenagem.

• Antes de utilizar o EPI, o trabalhador deverá verificar sempre o seu estado de


conservação e limpeza e respectivos prazos de validade;
• Se o EPI apresentar alguma deficiência que altere as suas características
protectoras, deverá a sua utilização ser evitada e a chefia directa informada de
tal acto, por escrito;
• Os EPI são de uso individual, a fim de se adaptarem às medidas do utilizador e
também por razões higiénicas;
• O trabalhador deverá limpar cuidadosamente os EPI após cada utilização.
• Após a utilização dos EPI em presença de produtos tóxicos, deverão os
mesmos ser desinfectados com materiais adequados que não alterem as suas
características;
• Os EPI deverão ser guardados em recipiente ou armário próprio, isento de
poeiras, produtos tóxicos ou abrasivos, utilizando embalagem própria e nas
melhore condições de higiene;
• Os EPI não deverão nunca estar em contacto directo com ferramentas e outros
materiais ou equipamentos.

Equipamentos de Protecção Colectiva (EPC)

A implementação da protecção colectiva consiste numa acção estabelecida de


preferência ao nível da fonte do risco, ou seja, envolvendo as componentes materiais
do trabalho e meio envolvente, e que, como tal, estabelece uma protecção de
considerável eficácia face aos trabalhadores a ela expostos. Deste modo, as
intervenções deverão desenrolar-se no âmbito da escolha de materiais e
equipamentos que disponham de protecção integrada e do envolvimento do risco,
através de sistemas de protecção aplicados na sua fonte.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

No que concerne à protecção individual, esta será uma opção que resultará de não se
conseguir controlar eficazmente o risco, pelo que se torna apenas possível proteger o
homem. Ou seja, uma vez que não foi possível realizar a verdadeira prevenção, isto é,
adaptar o trabalho ao homem, tenta-se adaptar o homem ao trabalho.

A protecção individual deverá assim adoptar, face à prevenção, uma natureza


supletiva e apenas nas situações em que as soluções de protecção colectiva são
tecnicamente impossíveis, ou complementar, sempre que aquelas sejam insuficientes.
Por último, a protecção individual pode justificar-se enquanto medida de reforço da
prevenção face a um risco residual que seja totalmente imprevisível ou inevitável.

Para aplicar as soluções de protecção colectiva é necessário ter em conta três


critérios:
• A estabilidade dos seus elementos;
• A resistência dos materiais;
• A permanência no espaço e no tempo.

Já no que respeita à protecção individual, os equipamentos terão que ser adequados


ao homem, ao risco em causa e ao trabalho em desenvolvimento.

As acções a empreender para a prevenção de riscos compreendem assim a adopção


de medidas de prevenção colectivas, como solução prioritária sobre as medidas de
protecção individual.
Na fase de desenvolvimento das actividades, serão definidos os equipamentos de
protecção colectiva a utilizar.

Sem prejuízo de qualquer outro equipamento que se verificar necessário para a


realização dos trabalhos, os Equipamentos de Protecção Colectiva identificados são
constituídos por:
• Sinalização de Emergência/Segurança;
• Extintores de incêndio;
• Sistema de exaustão que elimina gases, vapores ou poeiras contaminantes do
local de trabalho.

Para ventilar um local pelo sistema de Ventilação Geral ou Ambiental o primeiro que
deve ser considerado é o tipo de actividade dos ocupantes do mesmo. Num escritório

77
CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

moderno, espaçoso, com baixo índice de ocupação, não é igual a um café, uma sala
de festas, uma oficina de confecção ou de pintura.

A razão de ventilar os habitáculos para pessoas é o de proporcionar um ambiente


higiénico e confortável aos ocupantes já que se estima que noventa por cento do
nosso tempo é passado dentro de edifícios. É preciso diluir o cheiro corporal, controlar
a humidade, o calor, e a poluição que emana dos móveis, alcatifas, solos e paredes
dos edifícios, além das resultantes das eventuais actividades industriais.

• Enclausuramento de máquina ruidosa para livrar o ambiente do ruído


excessivo;

• Comando bimanual, que mantém as mãos ocupadas, fora da zona de perigo,


durante o ciclo de uma máquina, evitando-se assim possíveis acidentes, Deve
ainda prevenir e preservar o operador e sistema contra possíveis falhas nos
blocos de contacto e instalações dos botões de accionamento e emergência;

• Cabos de segurança para conter equipamentos suspensos sujeitos a esforços,


caso venham a se desprender.

• Sistemas AVAC;

• Linhas de vida.

Extintores Pó Quimico Extintores CO2

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Rede anti-intrusão

Exaustor de gases

Comando bimanual

Exaustor de fumos pesados, vapores e poeiras não


explosivas

Gancho de segurança automático


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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

Equipamentos de medição

Sonómetro
Luxímetro

Analisador da qualidade do ar, mede:


Temperatura; velocidade; humidade; CO2 e CO
Alcoolímetro

Medidor portátil de radiação do campo Medidor de vibração


electromagnético

Anemómetro mede a velocidade do vento ou de


outros fluidos em movimento Radiómetro – detector de radiação nuclear

Fonte das fotos catálogo http://www.segtrawear.pt

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

MEDIDAS DE PREVENÇÃO
PLANOS DE SEGURANÇA

Medidas de Auto Protecção

1º Passo: Identificar a utilização tipo do edifício (ex. tipo I - habitacionais e tipo


VIII - comerciais);

2º Passo: Identificar o tipo de local de risco consoante o nº de pessoas, efectivo


de público ou tipo de riscos existentes;

3º Passo: Identificar a categoria de risco a que pertence cada local identificado


(em principio será 2ª - mais de 9 metros de altura e menos de 28metros, e 3 ou
menos pisos abaixo do plano de referência nos habitacionais e 1ª nos
comerciais).

NOTA: Plano de referência é o patamar onde é possível o acesso de um


veículo de socorro.

Temos então:
Áreas de comércio: UT VIII, local do tipo B? (é necessários mais dados para
confirmar este), 1ª categoria
Áreas de habitação: UT I, local do tipo A?´, 2ª categoria

vamos cruzar com a tabela XXXIX da portaria e temos as medidas de auto


protecção a implementar:
Áreas habitacionais não é necessário implementar medidas
Áreas comerciais é necessário Registos de segurança e procedimento de
prevenção

Quanto aos extintores existem critérios mínimos que têm de ser cumpridos (art.
163º):
18 L de Agente extintor padrão por 500m2 do piso em que se situem
1 por cada 200 m2 de piso
2 por piso no mínimo

Vem a isto a propósito da publicação do Regulamento Jurídico de Segurança


Contra Incêndio em Edifícios (RJ-SCIE), DL 220/2008 de 12 de Novembro [3],
e demais portarias que completam o pacote jurídico, como o Regulamento
Técnico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (RT-SCIE), Portaria
1532/2008 de 29 de Dezembro [4], que obriga todos os edifícios, incluindo os
existentes a implementar medidas de Auto-protecção, designadamente
estabelecimentos de ensino, creches, lares de idosos e outros edifícios que
não exclusivamente dedicados à habitação.

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CEDS: Módulo 7 - Avaliação e Gestão de Riscos

RJ-SCIE – Um regulamento único, 12 Utilizações-Tipo

Com o objectivo de agregar legislação dispersa e a condensar num documento


único, o RJ-SCIE divide os edifícios em 12 Utilizações -Tipo (UT): I - Habitação;
II - Estacionamento; III - Administrativo e Serviços; IV - Escolar; V - Hospitalar e
Lares de idosos; ... versando as medidas a tomar no projecto e construção de
edifícios, novos ou a remodelar, mas também implementando a novidade de
regular a exploração em segurança, cobrindo desta forma, todo o ciclo de vida
da construção.

Um edifício pode conter no seu interior mais do que uma UT. Pode ter uma
utilização mista como estacionamento na cave (UT II), lojas no rés-do-chão (UT
VIII Comerciais), um restaurante (UT VII Hoteleiros e restauração), um lar de
idosos no primeiro e segundo pisos (UT V) e habitação no último andar (UT I).

A cada UT corresponde uma categoria de risco, numa escala de 1 a 4, sendo a


1ª categoria de risco a menos gravosa e a 4ª a de maior perigosidade.
Consoante a combinação de UT e categorias de risco, assim serão
determinadas as medidas de segurança a prever.

Por exemplo, num edifício UT V (Hospitalar e Lares de idosos) os factores de


risco a considerar para sua classificação, são: a altura do edifício, o efectivo
(lotação), o efectivo em locais de risco D ou E (locais com camas e / ou
pessoas de mobilidade reduzida ou acamadas).

Medidas de Auto-protecção – o que é isso?

As medidas de Auto-protecção consistem num conjunto de documentos,


procedimentos e formação, que visam a Organização e Gestão da Segurança
(OGS).

Passam pela implementação de medidas de prevenção (ou Planos de


Prevenção que incluem também a manutenção e testes aos sistemas e
equipamentos de segurança), Plano de Emergência Interno, Plano de
Evacuação, entre outras, como os Registos de Segurança (documentos com
todas as ocorrências relacionadas com a segurança: registos de acções de
manutenção, inspecções, acções de formação, simulacros, etc.).

Estes documentos devem ser elaborados pelo Responsável de Segurança ou


por entidade externa contratada para o efeito.

O RJ-SCIE estipula que as medidas de Auto-protecção devem ser validadas


pela ANPC, postas em prática imediatamente após a entrada em
funcionamento dos edifícios novos ou no prazo máximo de um ano após a sua
publicação para os restantes. Notar que, como a publicação do DL 220/2008
ocorreu a 12 de Novembro de 2008, quem ainda não implementou estas
medidas, já está em incumprimento desde 12/11/2009…

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As coimas previstas na lei, vão desde 370€ para pessoas singulares, até um
máximo de 44.000€ para pessoas colectivas (art.º 25º do DL 220/2008).

As medidas de Auto-protecção variam consoante a UT e a categoria de risco,


conforme se pode visualizar na Tabela 1.

Tabela 1 – Medidas de Auto-protecção exigíveis por UT

Prevenção – como?

Para além dos meios materiais, é o comportamento humano que separa a


ténue linha do sucesso ou insucesso (nesta e noutras situações). No caso da
segurança contra incêndio, é fundamental a formação dos indivíduos, bem
como a adequada manutenção dos sistemas e equipamentos – é necessário
garantir a sua operacionalidade/funcionalidade a 100%, quando solicitados.

Muitos dos nossos edifícios encontram-se equipados com modernos sistemas


de detecção e combate ao incêndio. Mas de pouco servem se não forem
mantidos em condições de perfeita operacionalidade. Os extintores, fruto de
uma etiqueta com a data da última revisão e a data de validade, ainda vão
sendo mantidos. Já o mesmo não se poderá dizer dos Sistemas Automáticos
de Detecção de Incêndio (SADI), bocas-de-incêndio, por vezes alimentadas por
um sistema com a cisterna vazia ou com água lamacenta e um grupo
hidropressor inoperacional. Igualmente os sistemas de controlo de fumo, como
os que existem nos parques de estacionamento (e não só!), dificilmente serão
testados com a regularidade requerida, acabando por não funcionar em caso
de necessidade. É dinheiro que foi gasto na construção, com o objectivo de
obter a licença de utilização e cumprir a legislação, que nunca mais será
recuperado na efectiva protecção do edifício, e do seu conteúdo, em bens e
pessoas.

É por isso da maior importância conservar os equipamentos e sistemas afectos


à segurança contra incêndio, em boas condições de funcionamento e pugnar
pela formação dos utentes para que saibam utilizá-los em caso de necessidade
[2].

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Responsável de Segurança

O Responsável de Segurança (RS) é definido no Artº 194º da portaria n.º


1532/2008, correspondendo «ao proprietário do edifício ou recinto, ou ao seu
órgão máximo de administração». É também «responsável por zelar pela
manutenção das condições de segurança contra incêndio, designadamente
através da operacionalidade das instalações e dos equipamentos a ela afectos,
bem como pela adopção das necessárias medidas de Auto-protecção e de
organização de segurança contra incêndio».

Na fase de utilização e exploração do edifício ou recinto, o RS pode delegar


competências no delegado de segurança contra incêndio.

A Tabela 2 discrimina a quem corresponde essa responsabilidade consoante a


UT.

UT Ocupação Responsável de Segurança (RS)


Interior das habitações Proprietário
I (Habitação)
Espaços comuns Proprietário ou Administração do condomínio
Cada UT Entidade exploradora da UT
II a XII
Espaços comuns a várias UT Administração do edifício

Tabela 2 – Responsáveis de Segurança por UT

Formação – de que modo?

O artigo 206º do RT-SCIE diz claramente que todos os funcionários e


colaboradores das UT devem possuir formação no domínio da segurança
contra incêndio, em particular os que tiverem atribuições previstas nas
actividades de Auto-protecção.

Esta formação passará necessariamente por vários níveis diferenciados


consoante as funções desempenhadas na UT, sendo apenas a frequência de
acções de sensibilização aos riscos de incêndio e uso de meios de primeira
intervenção para a generalidade dos utentes, até um programa mais avançado
que inclua a direcção das operações de emergência, para os responsáveis e
delegados de segurança.

A concretização deste desiderato passará pela contratação de especialistas ou


empresas formadoras na área para colmatar estas necessidades.

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Simulacros – quando e com que periodicidade?

Nos edifícios que possuam UT com plano de emergência, devem ser


realizados exercícios tendo por objectivo a criação de rotinas de
comportamento e actuação, bem como o aperfeiçoamento dos procedimentos
definidos. A periodicidade que consta do RT-SCIE é a que se encontra na
Tabela 3.

Período
máximo entre
UT Descrição Categoria de risco
exercícios (em
anos)
I Habitação 4ª 2
II Parques de estacionamento 3ª e 4ª 2
VI e IX Espectáculos / Desportivos e lazer 2ª e 3ª 2
VI e IX Espectáculos / Desportivos e lazer 4ª 1
III, VIII, X, Administrativos / Comerciais e gares /
2ª e 3ª 2
XI e XII Museus / Bibliotecas / Industriais
III, VIII, X, Administrativos / Comerciais e gares /
4ª 1
XI e XII Museus / Bibliotecas / Industriais
2ª (com locais de
IV, V e VII Escolares / Hospitalares / Hoteleiros risco D ou E), 3ª e 1

Tabela 3 – Periodicidade da Realização de Exercícios de Simulação

Conclusões e Recomendações

A legislação em vigor estabelece as medidas de Auto-protecção consoante as


Utilizações-Tipo e classes de risco existentes nos edifícios. Para além dos
novos, os existentes também são obrigados a adoptar estas medidas, sob pena
de pesadas coimas, passado já o ano de carência após publicação do diploma
legal.

Os Responsáveis de Segurança devem pugnar para desenvolver as medidas


de Auto -protecção adequadas aos edifícios à sua guarda, promover a formação
dos utentes, criar e formar as equipas de segurança, e organizar simulacros
com a periodicidade mínima requerida na lei.

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Estudo de Caso
RESENHA HISTÓRICA
O início da actividade da ITD deu-se em 2000. A empresa começou por implementar soluções
integradas na área das redes e das infra-estruturas de comunicação.

De modo a acompanhar as necessidades do mercado, a ITD passou a actuar em novas áreas de


negócio, nomeadamente, no âmbito da informática organizacional, dos sistemas de
atendimento ao público, sistemas de gestão de parques de estacionamento e software de
gestão à medida.

A partir de 2005 a ITD inicia uma nova etapa, com especial enfoque na área das soluções para
a actividade Aeronáutica, com participação efectiva na criação de módulos específicos para
controlo de aeronaves comerciais, tendo como principais clientes as empresas EADS, Boeing e
Embraer.

No início de 2008, depois da aquisição da empresa Security Defense and Research, a ITD ganha
competências ao nível dos sistemas de telecomunicações, sistemas de guiamento de mísseis,
sistemas de controlo de aviões não tripulados e sistemas de navegação e controlo de satélites.

Em finais de 2009, a ITD criou um departamento de R&D, com cerca de 20 colaboradores,


sendo constituído maioritariamente por matemáticos, físicos e engenheiros (informática e
telecomunicações). Com o realinhamento estratégico e a definição no foco de negócio, a ITD
passou a contar com um conjunto de entidades para as quais presta serviços, destacando-se,
organizações como a NATO, US DoD, US Homeland Security.

SITUAÇÃO ACTUAL
Com o crescente desenvolvimento verificado nos últimos anos (facturação e colaboradores), a
ITD mudou de instalações, situando-se actualmente nos arredores de Freeland - Portugal, num
terreno adquirido para o efeito.

O sucesso alcançado pela ITD nestes últimos anos tem vindo a provocar nas empresas
concorrentes algum desconforto e intriga, relativamente ao modelo e estratégia de negócio
seguida, pelo que não é de descurar abordagens pouco éticas (ou ilegais) das empresas
concorrentes de modo a obter detalhes das metodologias e alguns segredos comerciais em
uso na ITD.

Actualmente, a ITD prepara-se para responder a um caderno de encargos de um concurso


público internacional lançado pela Agencia Espacial Europeia para o projecto Gallileu. A
apresentação de proposta está limitada a empresas credenciadas, uma vez que um dos
módulos do sistema a desenvolver é informação classificada (ESA SECRET).

O CEO da ITD, preocupado com a situação, decidiu criar um departamento de segurança e


contratar um profissional com reconhecida experiência, de modo a poder auxiliar a empresa a

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organizar-se (em te rmos de segurança), a poder ser credenciada e poder fazer face à previsão
de ser alvo de acções de espionagem industrial e económica.

Assim, com recurso aos serviços de uma conceituada empresa de gestão de recursos humanos,
lançou uma oferta de trabalho.

O PROCESSO DE RECRUTAMENTO
Depois de recebidas 38 candidaturas, a empresa de recurso humanos, após 5 fases (entre teste
e entrevistas), seleccionou 2 candidatos: um português e um angolano.

No entanto, o candidato angolano foi eliminado, por ser estrangeiro e (não haver nenhum
acordo bilateral de segurança entre Portugal e Angola para o tratamento de matérias
classificadas), uma vez que não poderia ser credenciado, sendo este um dos requisitos
fundamentais para a credenciação da ITD nos grau e marcas requeridas.

Tendo sido o respectivo auditor recrutado para a empresa ITD para o cargo de Director do
Departamento de Segurança.

ORGANOGRAMA DA ITD

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Briefing do CEO ao Director do Departamento de Segurança


Caro (…), as minhas principais preocupações neste momento, estão centradas nas instalações
do nosso departamento de R&D.

Este departamento e a zona circundante não tem implementada qualquer medida de


segurança, relembro que actualmente este departamento assume vital importância para a ITD,
tendo em conta os projectos em curso e que se trata de tecnologia proprietária de cariz
inovador que ainda não está patenteada e que não pode cair nas mãos dos nossos
concorrentes.

Para além desta situação, que é o foco principal, estou bastante preocupado com a atenção
que os nossos concorrentes têm dedicado às nossas actividades, pois um dos guardas
informou-me que há três dias atrás foram vistas pessoas junto à vedação no local onde se situa
a zona dos lixos e zona dos Geradores.

Pretendo ainda, que verifique todo o siste ma de evacuação de emergência, necessidades de


segurança e estimativa de orçamento para os anos seguintes. Este ano tem garantido um
Budget de 400.000,00€.

DESIGNAÇÃO DO PRODUTO/SISTEMA PREÇO (EUR)


Perímetro:
Vedação de 2,5 m (por metro): 100
Concertina de arame farpado (por metro): 50
Blocos de cimento anti-viatura: 2500
Alvenaria (por m2) 500
Dispositivo de feixes Infravermelho (par) 5000
Luzes de segurança - Poste de iluminação 1500
Gradeamento de janelas (cada) 1000
Sistemas de detenção e extinção de incêndios
Sistema de detecção de incêndios 7500
Detectores de incêndio (fumos) 100
Detectores de incêndio (calor) 75
Sistema de extinção de incêndios 7500
Central de extinção
Gás extintor
Sistema de vídeo vigilância
SW para Vídeo vigilância 5000
Câmaras TV (Dia) 1500
Câmaras TV (Noite/Dia) 2500
Sistemas de detecção de intrusos:
Central de detecção de intrusos 7500
Sensor quebra de vidros 100
Detector de movimentos 75
Sistemas para controlo de ponto 15000
Controlo de acessos / Controlo de visitantes
SW para controlo acessos 25000
Leitores RFID 150
Leitor PIN 75
Cartão RF 10

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Cartão Magnético 10
Leitor biométrico (impressão digital): 400
Leitor biométrico (Íris): 5000
Outros:
Trituradora de papel (duplo corte) 2500
Trituradora de papel (corte simples) 500
Destruidor de suportes informáticos (desmagnetização) 1500
Cofre para suportes magnéticos 4000
Porta de segurança 7500
Cofres para Suportes magnéticos 4000
Porta de segurança 7000
Câmara de Segurança modular (por m2) 2500
Protecção TEMPEST (por m2) 2000

DESCRIÇÃO DO COMPLEXO E ENVOLVENTES


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A ITD localizada em Freeland - Portugal, é constituída por 3 edifícios: Um frontal onde esta
localizada a área de Human Resources (HR), a área de Comunication and Information System
(CIS) e Research and Development (R&D). As áreas de CIS e R&D, estão separadas da área de
HR por parede de betão, sem qualquer porta de ligação;

Um lateral direito onde está localizado uma área de expediente e arquivo (de material e
informação não sensível) e um armazém de material informático;

Um lateral esquerdo, onde se encontra um ginásio, biblioteca e cantina.

O perímetro dos edifícios é circundado por uma rede metálica plastificada.

O parque industrial é responsável pela manutenção paisagística, (incluindo o corte da relva,


plantio de flores, o corte de árvores, limpeza do parque de estacionamento, e de reboque de
veículos não autorizados).

O Serviço de recolha do lixo é da responsabilidade dos serviços municipalizados.

A ITD tem um contentor de lixo localizado na parte traseira da área de cais de carga/descarga,
a aproximadamente 50 metros do edifício.

A ITD recebe correspondência e volumes / pacotes na recepção do escritório

As grandes embalagens e equipamentos são entregues no parque de carga / descarga do


edifício.

A recepção é responsável pela triagem da correspondência (CLASS e N/CLASS);

O parque empresarial é adjacente a uma grande rodovia e há um número de edifícios de


armazenamento e produção e outras propriedades comerciais em toda a zona circundante;

As estradas secundárias são de dupla via (tipo SCUT), sujeitas a congestionamentos de


tráfego rodoviário.

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TESTES REALIZADOS
Testes efectuados, permitem concluir que uma pequena explosão de um carro-bomba em
frente da entrada principal, no interior da ITD provocaria danos estruturais significativos na
frontaria e áreas adjacentes, mas provavelmente o edifício não iria ruir. A fachada frontal do
edifício é de aproximadamente 75 por cento de vidro temperado, sendo o terreno em redor do
estacionamento junto à entrada principal ajardinado (com canteiros e árvores). A área de
Recursos Humanos e Administrativa, situadas na frontaria do edifício e a área da cantina,
ginásio e biblioteca situadas na zona esquerda seriam as mais atingidas com grande
probabilidade de destruição total. O Centro de Informática e Comunicações e a área de R&D
permaneceriam sem danos significativos.

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TESTES REALIZADOS
A explosão de um carro-bomba na rodovia principal (exterior da ITD) provocaria danos
estruturais significativos num raio de 30 metros.

A fachada frontal do edifício (HR) de superfície vidrada, em redor do estacionamento junto à


entrada principal seria fortemente atingida. Se o carro-bomba detonar na zona dos tanques de
combustível, a explosão poderá ter um impacto significativo na estrutura da ITD.

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ESTUDO DE CASO

Pedido n.º 1
O Auditor assume a função Director do Departamento de Segurança, deve elaborar um Plano
de Segurança Global de acordo com o nível da ameaça.

Pedido n.º 2
Deve planear e dotar as novas instalações e os elementos humanos da ITD de condições de
segurança adequadas, de modo a poder garantir o correcto funcionamento (em
segurança) das actividades da empresa.

Pedido n.º 3
Deve elaborar um plano de evacuação de emergência

Pedido n.º 4
Avalie os riscos para os trabalhadores e colaboradores que ocupam o Edifício utilizando as
matrizes mais apropriadas e proponha as respectivas medidas correctivas.

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Bibliografia

- CABRAL, F. [et al.] – Higiene, Segurança, Saúde e Prevenção de Acidentes


de Trabalho. Lisboa: Verlag Dashöfer Edições Profissionais, Lda., 2006.

- CABRAL, F. [et al.] – Segurança e Saúde no Trabalho: Legislação Anotada.


Coimbra: Livraria Almedina - Coimbra, 2000.

- CARDELLA, B. – Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes: Uma


Abordagem Holística. Brasil: Editora Atlas, SA, 1999.

- MIGUEL, A. – Manual de Higiene e Segurança do Trabalho. 6ª ed. Porto:


Porto Editora, 2002.

- FREITAS, L. – Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho. Volume 1. 4.ª ed.


Edições Universitárias Lusófonas, 2006.

- FREITAS, L. – Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho. Volume 2. 1.ª ed.


Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas, 2003.

- ROXO, M. – Segurança e Saúde do Trabalho: Avaliação e Controlo de


Riscos. 2.ª ed. Coimbra: Livraria Almedina - Coimbra, 2004.

- OLIVEIRA, L. - Segurança e Saúde do Trabalho: Manual de Apoio. Porto:


Vida Económica, 2006.

- UVA, A. – Diagnóstico e Gestão do Risco em Saúde Ocupacional. Lisboa:


Instituto da Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho, 2006.

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