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RESENHA CRÍTICA: Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo,

preconceito e discriminação na educação infantil

16quinta-feiraFEV 2017

POSTED BY LAÍSE TELES IN PEDAGOGIA&CIA


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CAVALLEIRO, Eliane dos Santos. Do silêncio do lar ao silêncio escolar:
racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. 3. Ed. – São Paulo:
Contexto, 2003.
Sobre a autora: Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em
Educação do Pré-escolar, e mestra em Educação pela Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo, onde faz seu doutorado. Desenvolve pesquisas
nas áreas de socialização de populações afro-descendentes. Atua em
organização não-governamental colaborando com a educação de crianças e
adolescentes da Zona Leste de São Paulo. Tem artigos publicados na
imprensa nacional sobre diversos temas relacionados à educação.
Resenha Crítica
Laíse Almeida Teles¹
Inicialmente é necessário registrar que tal obra possui como tema central uma
discussão em torno das relações étnicas e promoção da educação igualitária
em nosso país, tendo como foco a investigação do negro no sistema de ensino.
A escrita foi desenvolvida a partir de uma pesquisa, realizada pela autora com
parceria com o Núcleo de Pesquisa e Estudos Interdisciplinares do Negro
Brasileiro – NEINB, da Universidade de São Paulo – USP.

O nome da obra “Do silêncio do lar ao silêncio escolar” surgiu a partir da


problematização feita pela autora, ao observar a relação diária com crianças de
4 a 6 anos que apresentavam identidade negativa em relação ao seu grupo
étnico, gerando questionamentos acerca do silêncio do professor, o silêncio da
criança e o silêncio do contexto da família frente a situações discriminatórias. O
livro se divide em 4 (quatro) grandes capítulos, intitulados: 1 – Educação
Infantil – socialização: família, escola e sociedade; 2 – Relações étnicas no
Brasil; 3 – Família, escola – socialização e as diferenças étnicas; e 4 – Família,
escola e sociedade: a construção do silêncio e da submissão na socialização.
No capítulo 1 (um) a autora discute a socialização como etapa fundamental
para o desenvolvimento humano e futuro sujeito social, onde a criança como
novo membro da sociedade tende a interiorizar o mundo já posto, sendo a
família responsável pela socialização primária e a escola em segundo plano
possibilitando o contato com outras crianças da mesma idade e novas leituras
do mundo. Apresenta a Constituição como lei que reconhece o direito a
educação para todas as crianças menores de 7 (setes) anos, lei esta, que
assegura igualdade de condições para o acesso e permanência na escola,
assim como, o direito ao respeito, aos valores, assim como, assegura o direito
à liberdade de criação e acesso à cultura. Diante deste panorama, nos mostra
a família e escola como responsáveis pela aprendizagem da vida social, porém
com notórios conflitos entre ambas partes relacionados ao modo habitual da
vida em grupo e ao modo como as creches recepcionam os alunos, como se as
crianças houvessem nascido na escola. Mas é sabido que o indivíduo se
identifica reconhecendo seu próprio corpo, localizado em um meio que o
reconhece como ser humano e social, porém em nossa sociedade fora
construída uma imagem negativa do sujeito negro e uma imagem positiva do
sujeito branco, o que gerou inúmeros estereótipos e dificuldades no processo
de socialização. Gerando também um grande conflito dicotômico entre
diferença como desigualdade e o negro como desigual ou inferior, e junto a
isso, o fortalecimento e propagação do racismo, preconceito e discriminação,
os quais a autora traz à baila com apoio de referenciais teóricos para justificar a
proliferação de estereótipos e dificuldades de socialização para as crianças
estigmatizadas. O capítulo é finalizado sinalizando o compromisso da
Educação Infantil deve manter em preparar o indivíduo para existência de
diferenças étnicas.

O capítulo 2 (dois) que leva o título “Relações étnicas no Brasil”, a autora faz
um panorama sobre o negro na sociedade brasileira. Fez um breve resumo
sobre o respaldo da história do negro no Brasil, desde a libertação dos
escravos negros ao patamar atual de conflitos étnicos, onde ainda se
encontram segregados social e economicamente, mesmo ocupando mais de
40% da população brasileira, sendo que a maior parte destes ocupa a base da
pirâmide social. Apresenta posição definição diferente ao que chamam de
democracia racial, pois há uma hegemonia que mascara a realidade do
racismo, a qual isenta diversas responsabilidades da sociedade para com o os
negros: condições de moradia, acesso à educação, saúde e emprego, por
exemplo. Afirma que o racismo a cada dia que passa vem aprofundando a
desigualdades econômicas e deixando os negros expostos a uma dominação
de classes. Já na perspectiva da educação, a escola é o local onde mais aflora
o racismo de diversas formas, sendo que o alunado negro sofre mais
reprovação e exclusão em relação ao alunado brancos. As situações de
discriminações vividas na escola ocorrem frente aos olhos dos professores, os
quais preferem omitir as situações vivenciadas pelos alunos negros e ignoram
as relações étnicas no ambiente da escola e tais circunstâncias só reforçam a
exclusão de crianças negras que já sofrem discriminação vinculadas aos livros
didáticos, meios de comunicação e etc. Frente a este problema firma-se mais
uma vez a necessidade de discussões com a temática étnica no campo da
educação infantil, pois os professores precisam estar preparados para lidar
com situações cotidianas, tais como o racismo, de forma adequada.

O terceiro capítulo “Família, Escola – Socialização e as diferenças étnicas”


revela detalhes da pesquisa de campo que mostram claramente a presença do
racismo e discriminação na escola e nas demais relações tidas pelos sujeitos
do processo educativo em análise. Inicialmente é apresentada a relação da
pesquisadora com a tema e também o corpo docente da escola onde
aconteceu a pesquisa, que é composto por mais docentes brancas do que
negras. O campo de pesquisa apresenta à pesquisadora um local harmonioso
entre adultos e crianças e vice versa, as docentes mantem uma relação
assistencialista e maternal com as crianças, os quais apontam um
desenvolvimento diferenciado das crianças que não frequentam a educação
infantil. Apesar de toda a harmonia do local, também é notado na escola
tratamento diferenciado entre os educandos, o que pode ser associado a
origem étnica de cada um.
As professoras não percebem diferenças étnicas entre as crianças, assim
como, não percebem as influências do material dos livros didáticos na
construção da identidade da criança. Já frente aos conflitos, situações de
agressões ou relacionamento entre os alunos na escola, estes, são tratados
apenas como um momento em que pode ser trabalhado o auto respeito, e as
diferenças étnicas não são verbalizadas de maneira elabora pelas professoras,
pois em suma, as educadoras não conseguem identificar em seus próprios atos
ou nos dos alunos o racismo explícito, preferindo deixa-lo a parte. As
rotulações, as agressões, as discriminações, os apelidos, os silêncios, os
direitos negados, os deboches, a ridicularização, o desprezo, os xingamentos
referentes a cor da pele que geram nas crianças negras o silêncio, a dor, o
medo e impotência não são considerados problemas que devem ser discutidos
e problematizados na escola, pois são rotulados como problemas de cunho
pessoal. O silêncio da gestão escolar e das professoras é usado como
mecanismo de exclusão do problema. A partir deste posicionamento a autora
do seguimento ao texto apresentando diversas situações de discriminação e
racismo vivenciados por ela durante a pesquisa, estas, embasadas não apenas
em falas das professoras durante entrevistas, mas também em fatos
presenciados por ela durante observação. As colocações nos mostram de
forma clara como tem sido perverso o preconceito racial no âmbito escolar,
onde as próprias professoras se mostram opressoras, quando deveriam estar
preparadas para lidar com problemas étnicos. O que percebe-se através do
ponto de vista da pesquisadora é que a escola tenta se isentar da
responsabilidade para com as crianças ao culpar a família pelo racismo
disseminado, pois para a escola o racismo emerge única e exclusivamente a
partir das experiências vividas na família, mesmo a escola exercendo
tratamento afetivo diferenciados entre crianças brancas e negras, ela não se
percebe desigual e muito menos percebem a existência do preconceito e da
discriminação dentro do espaço escolar de modo geral entre professor-aluno,
aluno-aluno, funcionário-aluno e vice versa. Quando a pesquisa voltou-se para
o ponto de vista dos familiares, as famílias brancas se expressaram afirmando
existir o racismo intrínseco as pessoas, mas eles não sabiam explicar de forma
concreta, tal como as famílias compostas por negros que viveram situações
discriminatórias e consequências que os seguem até hoje. Na intercessão no
relacionamento família-escola, foi notado também tratamento diferenciado em
famílias brancas e negras, mesmo que de forma camuflada, posto que as
famílias negras percebem o tratamento diferenciado e as brancas não. As
famílias vêm que a socialização das crianças é realizada levando em conta as
diversas etnias, mas as famílias vêm a escola como instituição responsável por
instruir a compreensão dessa questão, devido ao seu dever de forma cidadãos,
o que após análise é proposto aos familiares que também ocupem o seu lugar
de responsáveis por discutir questões relacionadas a conflitos étnicos para
que as crianças possam se ver como sujeitos de sua história e principalmente
como sujeitos positivos de identidades positivas.

No último capítulo, “Família, escola e Sociedade: A construção do silêncio e da


submissão na socialização” a autora apontas os posicionamentos que
significam o que ela vem a chamar de silêncio do lar a escola, relacionando-os
as situações discriminatórias de racismos sofridas por crianças na pré-escola,
equiparando-as aos mesmos conflitos étnicos vividos na sociedade. E neste
panorama macro onde a escola está inserida a autora faz uma ressalva, nos
mostrando que ainda não há um espaço de fato pertencente a criança negra
que de fato legitime a sua inclusão, ou seja, uma preparação dos professores
para a inclusão da criança negra exceda a sua presença física. Por fim, a
autora conclui apontando a omissão da escola quanto ao reconhecimento
positivo da criança negra no cotidiano, e propõe que os professores sejam mais
críticos neste processo, objetivando uma inclusão positiva da criança negra no
sistema educacional.

Esse livro é uma ótima referência para àqueles que pesquisam sobre conflitos
étnicos, negro e a educação no Brasil, negro e a educação Infantil, entre
outros.

¹Laíse Almeida Teles, graduanda do 8º semestre do curso de licenciatura Plena


em Pedagogia na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia –
FACED/UFBA.

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