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3.

VICIOS DA VONTADE

Caso 1

• Erro

Bibliografia Genérica: ANTÓNIO FERRER CORREIA, Erro e Interpretação na Teoria do Negócio


Jurídico, Coimbra , Arnado 1939; ANTONIO MENEZES CORDEIRO, Teoria Geral Direito C1`v1L I,
Lisboa, AAFDL, 1987/88 Direito das Obrigações, II, Lisboa AAFDL, 1980; CASTRO MENDES,
Lições policopiadas, de Teoria Geral de Direito, Civil Lisboa, 1972; HEINRICH HORSTER, A Parte
Geral do Código Civil Português, Teoria Geral do Código Civil, Coimbra, Almedina, 1992;
INOCÊNCIO GALVÃO TELES, Direito das Obrigações, Coimbra Editora, 1989; JOÃO DE MATOS
ANTUNES VARELA, Das Obrigações em Geral Vol. I, 10ª Edição Almedina, 2000; JOSÉ DE
OLIVEIRA ASCENSAO, O Direito 1)·e1't0, Introdução e Teoria Geral Coimbra, Almedina, 1991;
MANUEL DE ANDRADE Teoria Geral da Relação Jurídica, I e II, Coimbra, Almedina, 1974;
ORLANDO DE CARVALHO Teoria Geral da Relação Jurídica, Bibliografia e Sumários
Desenvolvidos, Coimbra, Centelha, 1981: RUI DE ALARCAO, Direito das Obrigações, Coimbra,
1983.WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO – Curso de Direito Civil – Parte Geral – Forense
Editora – Brasil.

Antonino, agricultor, vendeu a Branca um terreno por um valor baixíssimo dada a


proximidade com uma E.T.A.R., que existia já há 20 anos. Todavia, pouco tempo depois do
negócio, Antonino tomou conhecimento de que o presidente da Câmara da sua localidade
teria dado ordens, dias antes, para colocar em prática um projecto que havia enunciado na
sua campanha e que consistia no encerramento e demolição da referida E.T.A.R. e,
subsequente, construção, no mesmo sitio, de um importante lanço de auto-estrada, facto
que iria valorizar em muito todos os terrenos circundantes.

Em função desta nova situação, Antonino sente-se prejudicado com a venda e pretende
anular o negócio.

a) Estará Antonino em condições de recuperar o seu terreno'?

Quid Juris?

Proposta de Resolução:

I. NA GENERALIDADE

a) O caso em apreço coloca-nos perante um caso de vício na formação da vontade, ou seja, um


vicio no seu processo formativo, em que a vontade, embora concordante com a declaração
negocial, é determinada por causas circunstancialmente anormais e valoradas pelo direito

1
como sustentadamente ilegítimas1. Como refere Manuel de Andrade, a vontade não se formou
de um “modo julgado normal e são”2.

De facto, múltiplos vícios podem perturbar o processo de formação de vontade 3 . Na situação


em análise, estamos perante um erro-vício que se consubstancia numa representação sem
exactidão, num conhecimento lacunoso e insuficiente, ou mesmo na total ignorância de uma
qualquer vicissitude de facto ou de direito (anterior ou paralela temporalmente à celebração
do negócio) que foi determinante na decisão de efectuar o contrato. Por outras palavras
estaremos em face da figura do erro-vício, quando aquele que efectua o negócio, se estivesse
esclarecido ou elucidado acerca de determinada circunstância ou se tivesse firme
conhecimento da realidade que a mesma implicava, não o teria celebrado de todo, ou pelo
menos, não haveria contemplado nele o mesmo objecto. Para a doutrina alemã, trata-se,
claramente, de um erro condicionante da vontade e da sua condução na decisão negocial, daí
que lhe atribuam o nome erro-motivo (Motivirrtum)4

Com a substituição do Código de Seabra pelo actual Código Civil, podem nomear-se 3 tipos de
erro: erro sobre a pessoa do declaratário ou objecto do negócio; erro sobre os motivos não

1
Distinta será a noção de vício na formulação da vontade em que a normal relação de concordância entre o
elemento interno (vontade) e o elemento externo (declaração em causa) é afastada, sendo cambiada por uma
relação patológica ou viciada. Ou seja haverá uma distonia ou divergência notória entre a vontade e a declaração.
Finalmente, refira-se que os regimes jurídicos associados ao vício de formulação e formação de vontade são
diferentes inter se e, portanto, acarretam implicações legais heterogéneas.
2
In MANUEL DE ANDRADE, ob.cit., Vol II. pág. 227.
3
Entre os vícios de vontade que têm enquadramento jurídico-legal no nosso direito destacam-se o erro-vício, o dolo,
a coação moral, a incapacidade acidental, o estado de necessidade, e outras circunstâncias previstas,
nomeadamente, no artº 282º do Código civil.
4
__________________________________________________

Na análise desta temática convém estabelecer a diferença entre erro-vício e o erro na declaração negocial ou erro
absoluto, primeiro é um vício na formação da vontade, já o segundo constitui um vício na formulação da vontade.
Outra figura próxima do erro-vício mas com características distintas é a pressuposição., que traduz a convicção
plena e inequívoca por parte do declarante, fundamental para a sua decisão em efectuar o negócio, de que certa
circunstância se verificará no futuro ou que se manterá certo estado de coisas (a falta de uma pressuposição
denomina-se na terminologia jurídica, de imprevisão). A nível civil, nos termos do artº 437º, do Código Civil, a
alteração anormal das circunstâncias implica a resolução ou modificação do contrato, desde que o perdurar do
contrato inciso contraria a boa-fé e esta não se encontra devidamente ressalvada (assegurada) em sede de riscos
próprios do contrato. A grande diferença entre este instituto e o do erro-vício é que o primeiro refere-se a uma
circunstância superveniente que vem alterar algo que anteriormente se previa, ao passo que o segundo traduz o
desconhecimento total ou o conhecimento inexacto de qualquer circunstância passada ou contemporânea à
celebração do contrato.

Ora no caso em causa, é líquido que não estamos perante uma pressuposição, já que as alterações relativas à zona
envolvente do terreno do António estavam planeadas desde a campanha de eleição do presidente da câmara e,
objectivamente, foram iniciadas dias antes de Antonino efectuar o negócio. Portanto são circunstâncias passadas e
não futuras ou supervenientes.
2
referentes às pessoas do declaratário ou ao objecto do negócio (Cfr. arts.251.° e 252. °, n.º 1 do
Código Civil) e, finalmente, erro sobre a base negocial (Cfr. art. ° 252. °, n.º 2 do Código Civil) 5 .

Na análise em estudo, encontramo-nos perante um erro sobre a base negocial (Cfr art.° 252.°,
n.° 2). A Escola de Lisboa, no seu ensino, entende que a base do negócio encerra a ideia de
uma representação de uma das partes, do conhecimento da outra, relativa a certa
circunstância respectiva ao próprio contrato, que foi peremptória para a decisão de efectua-lo.
Desta feita, destacar-se-iam, objectivamente, como erros sobre a base negocial aqueles em
que a contraparte, atentos os princípios básicos de boa fé, aceitaria ou deveria aceitar um
condicionamento do negócio à verificação do elemento circunstancial sobre que incidiu o erro,
se esse mesmo condicionamento tivesse sido objecto de proposta pelo errante, já que houve
representação simultânea de ambas as partes da existência de certa vicissitude, sobre a qual
ambas consolidaram, de maneira crucial, a sua vontade negocial. Na perspectiva de Castro
Mendes, o artº 252, nº 2, traduz plenamente a noção de um “erro bilateral sobre as condições
patentemente fundamentais do negócio jurídico " 6. Já Menezes Cordeiro 7 contesta esta
posição, afirmando que nada na lei exige ou implica bilateralidade, ou seja, o erro é,
necessariamente, do declarante, recaindo, porém, sobre um elemento decisivo do negócio
jurídico, que é do conhecimento da outra parte, a qual, sobre ele, poderia não ter qualquer
opinião.

No que toca ao caso em estudo, a circunstância errónea é o desconhecimento pelo errante do


projecto de construção, nos terrenos adjacentes ao dele, de um troço de auto-estrada, que
viria substituir a E.T.A.R., valorizando, consequentemente toda a área em causa. Entendemos
ser um erro sobre a base negocial, na medida em que Antonino só vendeu o terreno por baixo
preço a Branca em virtude da proximidade da E.T.A.R., que era poluidora e prejudicial para a
sua actividade agrícola. Ora, acreditamos plenamente que Branca teria conhecimento de tal
motivo, já que era compreensível que Antonino só lhe estava a fazer esse preço por razões
óbvias, intrínsecas à presença da referida E.T.A.R. Claro que a leitura de cada situação em
5
Por erro sobre a pessoa do declaratário entendemos ser um erro sobre a identidade e sobre as qualidades de um
negócio, por ex., A doa a B um imóvel porque julgava erradamente que B era filho de C, seu amigo de infância. Já
o erro sobre o objecto do negócio pode incidir sobre o objecto mediato, relativo às qualidades intrínsecas do negócio
(por ex. situação em que A compra um imóvel por catálogo julgando que teria 3 andares mas, afinal só tinha 2),
sobre o elemento imediato do objecto negocial ou natureza propriamente dita do negócio (A faz um contrato
pensando que tem determinados efeitos jurídicos que são próprios de outro tipo de contrato ou de contratos de
natureza diversa).

Os erros por motivos não referentes à pessoa do declaratário nem o objecto do negócio, dizem respeito a erros
sobre a causa factual ou jurídica correspondente a legislação anterior ou proveniente de erro de pessoa de terceiro.

O erro sobre a base negocial, perspectivado no artº 252º, nº2 do Código Civil, consagra um erro relativo a uma
circunstância exterior ao objecto contratual, que alteraria os contornos totais do contrato ou impediria a sua
realização se o errante tivesse conhecimento dela.
6
In CASTRO MENDES, ob.cit .Vol II, pág. 107
7
V. MENEZES CORDEIRO, Da Boa Fé, Vol II, pág. 1032 e ss.; Alteração das circunstâncias, separata, págs. 27 e
ss., .
3
concreto deverá ser realizada sempre como se disse supra, tendo por base um contexto geral
de boa fé dos contraentes.

A nível geral, para ser fundamento de pretensão anulatória, o erro-vício tem de obedecer a
alguns requisitos de relevância.

A posição da Escola de Coimbra, na linha de Manuel de Andrade 8 , considera ser relevante


apenas o erro dito essencial, isto é, aquele que levou o errante a considerar e finalizar o
negócio per se e não unicamente nos moldes em que foi estabelecido. Se o errante soubesse
do erro, provavelmente o negócio não seria realizado, seria de um outro tipo, ou implicaria
outro objecto ou pessoa negocial. Carvalho Fernandes atribui uma terminologia diferente para
a noção de essencialidade, que é a da causalidade 9, ou seja, o erro será causador do dano
("error causam dans")10.

Por oposição à essencialidade, destaca-se a incidentalidade. O erro incidental é aquele que


influi apenas nos termos do negócio, pois o errante concluiria invariavelmente este último,
todavia em condições heterogéneas e certamente mais favoráveis, mantendo o tipo, objecto e
a pessoa do negócio. Segundo esta vertente da jurisprudência, só o erro essencial produzirá,
uma vez verificado os outros requisitos de relevância, a anulabilidade do negócio. O erro
incidental não será, todavia, irrelevante: veritas, nestas circunstâncias, o negócio deverá fazer-
se valer nos termos em que teria sido concluído caso não ocorresse erro (para este efeito pode
aplicar-se, através da figura da analogia, o disposto no art.° 911.° do Código Civil).

O segundo requisito geral que fundamenta a pretensão anulatória de um contrato envolto num
erro- vício é a propriedade. Neste sentido, um erro é próprio quando incide sobre uma
circunstância alheia a qualquer elemento legal ou formal do negócio.

Durante a vigência do Código Seabra discutia-se, ainda, a verificação de um terceiro e quarto


requisitos, que hoje são dispensáveis face ao novo Código Civil. Referimo-nos à noção de
escusabilidade e individualidade do erro. Quanto ao primeiro, Cabral de Moncada 11 e Galvão
Teles12 defendiam que, para haver anulação do contrato motivado por erro, era fundamental
haver ausência de culpa errante. Esta tese foi retirada por outra vertente da doutrina, da qual
se destacam nomes como os de Manuel Andrade 13 e Ferrer Correia14 . No que concerne ao
pressuposto de individualidade ou singularidade, entendia-se que o erro deveria ser sempre
exclusivo do errante (Cfr. artº 664º do Código de Seabra).

8
Cfr. MANUEL DE ANDRADE, ob.cit.Vol.II, pág.237.
9
Cfr. CARVALHO FERNANDES, Teoria Geral do Direito Civil Vol. II, 2ª Edição, Lex Editora, 1996, pág.126.
10
A este propósito, Castro Mendes, in ob. cit. págs.88 e 89, subdivide o requisito da essencialidade numa série de
termos que configuram várias hipóteses: o erro essencial absoluto, relativo, parcial, incidental ou indiferente.
11
Cfr. CABRAL DE MONCADA, Lições de Direito Civil (Parte Geral), Vol. II, 1939.págs.291
12
Cfr. GALVÃO TELLES, ob.cit .Direito das Obrigações, pág.80.
13
Cfr. MANUEL DE ANDRADE, ob. cit., Vol.II, págs. 239 a 240.

14
Cfr. FERRER CORREIA, ob. cit págs.300 e ss.
4
Relativamente aos requisitos especiais exigidos para que a pretensão anulatória do erro tenha
procedência, analisaremos pausadamente a situação condensada no artº 251º do Código Civil
(erro sobre a pessoa do declaratário e objecto do negócio) e nos arts 252.°,ns. 1. e 2 do
Código Civil (erro sobre os motivos).

Assim, nos casos de erro sobre a pessoa do declaratário e objecto do negócio, o requisito vem
preceituado taxativamente no artº 251º do Código Civil, ou seja, o erro terá que atingir “ … os
motivos determinantes da vontade”. Porém, este artigo apressa-se a chamar à colação o art.º
247. °, que acrescenta que , para que esse negócio seja anulável , é obrigatório, igualmente,
que o declaratário conheça ou não deva ignorar "... a essencialidade, para o declarante do
elemento sobre que incidiu o erro".

Já no caso de erro sobe os motivos, mas que não se refira à pessoa do declaratário, nem ao
objecto negocial, para além do erro ter que recair sobre os motivos determinantes da vontade,
deverá também haver, por ambas as partes, um acordo que reconheça a essencialidade do
erro. Por acordo subentende-se uma cláusula, expressa ou não, e firmada com o sentido de
que a validade do negócio dependerá da circunstância sobre que incide o erro. Diga-se, de
modo franco, qu0 esta cláusula é totalmente coerente com a segurança das partes na liberdade
de contratar, visto que seria irrazoável anular um negócio apenas com base na convicção,
conhecimento ou simples cognoscibilidade da contraparte do erro em causa, pois tal daria
lugar a enormes litígios e querelas.

A grande particularidade do regime do erro - vício, no tocante ao requisito especial exigido


para procedência de um requerimento de anulação de negócio jurídico, ocorre, mais
concretamente, no caso de erros sobre a base negocial. Segundo a maioria da doutrina, o
artigo 252.°, n.° 2 é algo vago quanto à remissão feita para o regime da resolução e modificarão
dos contratos, bem como quanto aos verdadeiros efeitos jurídicos que este último possa
operar no negocio em causa.

A questão prende-se em saber qual o sentido que se pode retirar da remissão do art.° 252.°, n.°
2 para os arts. 437º a 439.°, (resolução ou modificação do contrato por alteração das
circunstâncias).

Para a vertente doutrinária, compreendida entre outros, por Mota Pinto 15, Menezes Cordeiro16
e Oliveira Ascensão17 , o erro sobre a base negocial arrastara, incomensuravelmente, a
anulabilidade do negócio, pelo que a hipótese prevista no art." 252.°, n.“ 2, deverá considerar-
se um “vício genético”18, temporalmente coincidente com a edificarão do negócio. Segundo
esta linha doutrinaria, a remissão para o regime dos art." 437.° a 439.° do Código Civil serve
apenas para indicar os requisitos especiais de anulabilidade, e que, no fundo, são três: haver
uma alteração anormal das circunstâncias, que a exigência do cumprimento das obrigações
assumidas pelo lesado afecte gravemente os princípios da boa fé, e que o cumprimento das
15
Cfr. MOTA PINTO, ob.cit.., pág.515, nota 2

16
Cfr. MENEZES CORDEIRO, ob.cit. Da Boa Fé, VolII, pág. 1091.
17
Cfr. OLIVEIRA ASCENÇÃO, ob. cit. Vol.II, pág.139,
18
In. CARVALHO FERNANDES, ob.cit., Vol II, pág. 139
5
respectivas obrigações a ele impostas não esteja coberta pelos riscos próprios do contrato.
Desta feita, a remissão do art.° 252.°, n.° 2 do Código Civil destaca apenas os pressupostos de
relevância e já não a solução directamente disposta no art." 437.°, n.°1, ou seja, a resolução ou
modificação do contrato. Na verdade, estando um contrato em processo de execução, não
seria correcto atingi-lo no passado e na sua totalidade, dado que as partes poderiam ter
realizado enormes investimentos na expectativa/garantia do seu cumprimento. Assim, no erro
sobre a base do negocial há que aplicar-se o regime comum do erro: a anulabilidade.

Posição diferente tem, nomeadamente, Heinrich Horster 19 , que defende parafraseando, que o
n.° 2 do art.° 252.° e o art.° 437.°, n.°1l dizem respeito à mesma figura jurídica, isto é, a base
negocial e seu tratamento jurídico, olhando o primeiro para o presente e o segundo para o
futuro. Adianta, inclusive, que as situações consideradas nestes preceitos legais são,
simplesmente, dois aspectos do mesmo fenómeno jurídico, embora diferidos no tempo.

Neste sentido, aqueles que partilham da posição de Heinrich Horster referem que, uma vez que
a principal preocupação dos art.° 437.° a 439.° do Código Civil é garantir a manutenção do
contrato, embora de modo adaptado, actualizado ou modificado, aquela remissão deverá ser
entendida no sentido de os efeitos do art." 252.", n.° 2 terem, de igual modo, as consequências
previstas no art.° 437.º, ou seja, a resolução ou modificação do negócio, mas nunca a sua
anulação.

II. NA ESPECIALIDADE

Volvendo ao caso em análise, e atentando que estamos perante um caso de erro sobre a base
negocial, há que verificar o cumprimento dos respectivos requisitos gerais (essencialidade e
propriedade) e do requisito especial previsto no art.° 252.° do Código Civil respeitante a estas
situações.

Em bom rigor, entendemos que a valorização do terreno, por força da construção do novo
troço de estrada, é de tal maneira relevante para o negócio em questão, que, se tivesse sido do
conhecimento do errante Antonino, este provavelmente não o teria celebrado, ou não haveria
contratado com Branca, ou mantido as mesmas condições e tipo negociais. Assim sendo, temes
que o erro é essencial e não incidental. Quanto ao requisito da propriedade, está igualmente
verificado, já que o erro não incidiu sobre qualquer exigência legal de validade do negócio, mas
somente sobre a base negocial. Finalmente, os requisitos previstos nos arts. 437.° a 439, por
remissão do art.° 252.° do Código Civil, que enumerámos acima, enco0ntram-se ,
sensatamente, preenchidos.

Dado que estão verificados todos os pressupostos necessários, refira-se que no caso de
adoptarmos a posição, que, de mais a mais, nos parece mais adequada, e, segundo a qual,
nestas situações, o negócio deverá ser ferido de anulabilidade, por força do erro sobre a base
negocial, temos que Antonino poderá arguir a anulabilidade do negócio, com fundamento nos
arts 437. ° a 439º , remetidos pelo artº 252.°, nº ° 2, e nos termos e prazos estabelecidos no
artº 287º, nº 2 todos do Código Civil.

19
Cfr. HENRICH HORSTER,- A Parte Geral do Código Civil Português, Teoria Geral do direito Civil, Coimbra
Almedina, 1992, págs. 547e ss.
6
Por outro lado, se seguirmos a posição contrária (que não parece o nosso acolhimento por
atentar manifestamente contra os princípios básicos que garantem o equilíbrio e segurança no
tráfico jurídico) para, a qual, nos casos do erro sobre a base negocial, deve ser operada a
resolução ou modificação do contrato nos termos taxativamente previstos nos arts. 437º a
439º , Antonino não obteria procedência na sua pretensão anulatória, podendo apenas, dentro
dos limites dos arts. 437º a 439º garantir a modificação ou resolução do negócio.

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