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ROLAND BARTHES NOVOS ENSAIOS CRITICOS seguidos de O GRAU ZERO DA ESCRITURA Tradusio de Hauovsa pe Lisa Dantas Anwe Ansicuano ¢ Auvano Lomsenst > EDITORA CULTRIX INTRODUG4O Hert munca comesava um niimero de "Pire Duchéne” sem colocar alguns “foutre” ¢ dint “Bowgre”. Estas gross ‘iat nao sgnfcevum nads, mst esinalavam. O qu? “Toda tema vtuarao revoluioniria, Eis, pois, o exeiplo de ame eter: tra ena angio ndo & mais comunicer ou exprinin apenas, mas impor um além da lnguagent que 6, 60 mesmo lene, « Hist tae 0 partido que mela te fone. existe linguazem escrita sem rétulo,€ 0 que & verde dei pore 0 "Pore Dachone”, 0 &igualmente pera a Literatura Esta também deve asinaler ge, diferente de sen cone ¢ de sus forma individual, que € sew prOprio jechamento,preck Seomenteaqulo por que ela te ie como Literatur, Dab Conjunto de sgnos dados sem relagio com a il, com a lings on com o estilo, edestnadoro defini, na erpessara de todos oF todos de exprerigo portlet, «solid de ama linguagen ritual. Bee orden sacral dor Signon exritos etaelece a Literatura como ame instiicio ¢ tende eudentemente a absrata. de stiri, pote nenbum fechamento se funda sem ume ida de perenided; ore, ¢ onde 0 Hite recusade que ee age nnais aramente: podese, portato, trcar wma Bistris del {uagem litedva que mio £ nem a bitOria ds Ungue, nem a dos ‘tor, mas apenas a bstria dos Siqnos da Literatur, « podese brevet que « Batre formal manifete claumente, 2200 modo, su ligstda com a Histni prounda. Tratase, bem entendido, de ume ligase cua forme pode sariar com prSpria Hist, nao € necesirio recorer & um determinona dneto par set « Histns presente mun destine a7 des escrturas: este esplcie de frente nacional que condu os ‘acontecimentos, as stuasSes e a idélaz 40 longo do tempo Bixtrico, propée no caso menos efeter do que limites de una cescolbe. A Historia, entdo, dante do exrtor,¢ como o advento de uma opito necessria entre vdrias mort da linguagen; ela 0 obriga a sigifcer « Literatura segundo possveit que ele nid domina. Veremos, por exemplo, que ¢ unidade ideolbgics da burquesia produzia ume exeritura nica ¢ qie nos tempos bur. aueres (isto 6, clissicos e romdntics), a forma mio podia ser Ailacerada, 8 que a conscitnca noo era; ¢ que, pelo contri, desde 0 momento em que o escritor deisou de ser nina teste- smurka do universal pare tornar-te uma conscituia infec (por volta de 1850), seu primero gesto fol escolber 0 engelamento te forms, seis assumindo, seja recusando a escitura de sew passado, ‘A esritara clésice explodiu entio e toda 4 Literatura, e Flaubert até Boje, torsou-se uma problemstica da linguager. Neste exato momento, « Literature (a pleura nascen pouco ‘tempo antes) foi consagrada definitvamrente como um objeto. A arte cléssica no podia sentinse como uma linguagem, ela eta Finguagem, vale dizer, tronsparénci, cireulacio. sem depésito, concurso ideal de um Espirito universal e de um signo decora ‘vo sem espessura ¢ sem respontablidede; o fechamento desse linguagem era social e nao de naturecs. Sabese que, ples fins ‘do sbeulo XVIII, essa trnsparencia veio a tarvarse; a forme Uierbria desenvolve um poder sequndo, independente de sua economia e de sua eufemia; ela fascing, tensporte, encante, em um peso; « Literature nao & mais tentide como um modo de circlagao socalmenteprivilegado, mat como uma linguager ‘consciente, profunds, chia de segredos, dada eo metmo tempo ‘como sonbo e como amcaca Isto & importne: «forme lerre pode provocr de ore em dane os setimentosexiteciat que eto ligados 0 fondo & ualquer objte: tentdo do indie, jnlardede, Pe wi etch, sor anil Dade totes terre ¢ astm um extra de domestic on de repubio fm face dessa Forma Otto gue 0 ecritor enconts fatdwente ‘0 Seu caminbo, que ele tom de obi, enfentay, ats, © tue ug do pode jamais desis som se detain « si mesmo como len” I Fornats a doe de er’ cons ot ob Iicose'o ue se fear, es & 1m escndle: eplnde eo Iti fort de mae andre, # socal; preatr em elagdo 0 tempo on sor Bose, om tes ex masta & sada. Todo o séeulo XIX vin progredir esse fendmeno dra Heo de concresio. Em Chatecubrisnd, aids ndo pasta de wm pequeno depésito, o peso leve de ume euforia da linguagem, tua expécie de narcsismo em que a escrtura mal 50. sepers de sua funcio instrumental e nada mais fx do que olbarse a mesma, Flaubert — pare assnalar agul apener or momentor Upicos desse processo — consttad definitivamente a Literatura como objeto, pelo advento de un valortrabalbo: a forma tor- nowse 0 lermo de urna "jabricagio", coma uma cerdmica ow sume jbia (sto quer dizer que a fabricagio fot “sigifcada", ou seis, pela primeira vex entree como espeticulo import). Maller, enfin, coroau exta conttragio da Literature Objeto elo aio iltima de todas as objtioages, 0 assestinio: sabee ‘que todo 0 esforgo de Mallarmé re concentrow muma destruisio 4 linguagert, dt qual a Literatur, por asim dlaer, seria apenas caver Portide de um nade onde 0 pentamento poreie algerse ditosamente sobre 0 cenivio das palaoras, a escritura arovetrou ‘assim todas os estados de ume soidificorto progresive: primeira ‘objeto de um olbar, depois de um faze, ¢ enfin de wm asset sinio, ela atinge hoje um iltimo seater, « eusénca: nas etrite- as neutras, agui chamadas de "o grou xaro da ercrture", po- dese factmente discernir 0 préprio movimento de uma negeczo ¢ wimpottncia para reslieélo numa duracio, como ze a Litere- ture, tendendo desde bd woe séeulo 2 transmtar sua superficie ‘una forma ser berediteiedade,s6 encontrase pureza na austy- ia de qualquer signo, propondo enlim a realizacz0 deste sonbo Srfco: um escrtor sem Literatura. A escrture branes, @ de ars, a de Blanchot ou de Cayro! por exemplo, ou a exrtura falada de Quenceu, 4 0 timo epithdio de uma Paixdo da exert ‘ana que compa paso paso 0 discermento de concéel ress. 9 © que pretendemos agui & esborar esse ligardo; afirmar 4 existncia de uma recidade formal independente da lingua ¢ do estilo; tenter mostrar que este trcere dimentto da Forma também liga, ndo sem um trigico suplementar, 0 esrtor 2 sociedade; feter sctir, enfim, que ndo existe Literature som Juma Moral da linguagent. Os limites meterais deste ensio (do ‘qual alqumas.pigivas salam em Combat, em 1947 ¢ 1950) indicam suficientemente que se trota apenss de uma Tntrodugdo 40 que podera ser uma Histéris da Bseriture. © QUE f A ESCRITURA? Sabese que lingua € um compo de prescgSes © de hie tos, comum todos ov eestor deme Goce Tis guet det auc lingua € como vine Netureaa que putt intimin ftivés de fla do srr, se contd darth forma alga SELES ips? co en co ano de ye fort do gual e somente fore dele — compa depot tarae t dende de umn verbo soltine, Ela ener toa © ‘tani tera, anim como cy thio e'ajoyo de ambos ‘senam pact’ o homer ‘um Behit fanian "El & mutta ‘neg vio deal do gum it tum Titec ms parada 0 mcsmo tengo, mom falavay & fxcnio ttangilinaore deme economia’ "Osetra xia nada dis, «rigor: pars ee lagu conta antes um linha coja eangresso. devgned ver ums, sbrenturess de lnguagem: ea rex de ua apo, ¢defiigto espera de um one, Nao € 0 logat de um egynmento toil, unsomente fim reflexo sem exclnn, « propeccde inivn dos homens © ‘io don eotors el penmanee fora Go rel ds Lets, um ebjewo socal por Uekniio, fo por lego. Ningue eds, sem prepreio, inser son iberdace de stvor ne op dade de Unga, prs anes del et nse mnt, completa e wnide"s sinc de una Nonste Atsin, pt tscrtor, «ling penn om horsonse fino. que fala te pop ‘usa ea foie compleunente min et Sint ine que Camus e Queneas fala a mesma lingua, € wt ‘ste modificar a Natueza é ama deur; no € uma stisude de concigocia as um ato de coco. “Tal, pelo Meno, linguagem dos poeta modeimos que vio até 0 fim de sea, de signe esumen 2 Poesia, nfo somo um exerco. esta, tum ead del ou up tad de on asm cone oveplendore o fescor do-uma linguagem sochada, Part tlt Postts, € tio inal falar de escrtura quanto de scatimento Dotted. A Poesia moderna, no seu absolute, sum Char, pot remplo, ed além dese tom dso, dena stra precios, Que So, eles Sim, una crtora, aos Guan se chame geraimente scien "obico. "Nid mconyerente en fat de ue ‘Serius poten a propsio don clisicos © de seus eplgonon, ‘ou ainda da pros odtcn s0 gost das Nouritares Terezres, nde a Poesia €retiment una ceria tes de linguagem. Em {ibos os cass, « riers abvowveo silo, epoderse magnet sue, para os homens do século XVI, aio’ ext Hel extabeecer lund diferenge iedata ¢ sobrerudo'de crdem poédcs, entre icine ¢ Pradon, assim como no € facil, pas um leitor mo. demo, fugit os poets ‘eontemperiaeos ‘que usam mesma fgetturh oven, uiforme e indacn, porque, part cle, ¢ Poesia é tim lima, vale dizer, essendalmente am coovengio da lingugem, Mas quando « lingugem podsce pie adi ‘pente om qucstio a Natures, pelo simples elit de sus ext ts, sem reorer go conteido'do_dicuro.e sem fener ‘numa ‘idclopa, nfo hf mais escitra, 96 bi estar, seavés dbs ut haem c vol complements «ete 9 mun evo sem pss por nenhuma das figura da Hise ou da sociablidade Secunpa Panre TRIUNFO E RUPTURA DA ESCRITURA BURGUESA. Hid na Litérarra préelésice «, apeéncia de_uma plural- dade das escrturas; mat esta variedade parece bem menor se Colocarmos os problemas de litguagem em termor de extruturs, no mais em termos de arte. Esteticamente,o século XVI 0 ‘omeso do século XVIT mosttam uma abundiacia bastante live de Tinguagens litréias, porque os homens estdo ainda enpe- fnhados num conecimenco da Natureza e so numa ex da esséncia humana; a ese culo, a ecriture encielopédica de Rabelais, ou a esritrs preciosa de Corneille — para cit penas momentos tipicos’— ttm como forma comum ums Engage em qu oeoancnto no € tnd sia, as cost por sium processo de investigasio aplicado a toda a extensio dy mundo. Eo que df-a essa eetiture précssca o especto mesmo da nuanga © euforia de uma Iiberdade, Para um leitor modern, « impressio de variedade tanto mais force quanto a lingua’ parece ainda enssar estrurras instivels © no fixou defintivamente o espsto de sun sintaxe ea leis de aumento de seu voeabulitio. Pata retomar a dstingio entre “lingua” © "escitura”, podese dizer que até por volta de 1650, a Lite ratura francesa nfo tinha ultrapassado ainda uma problemética “7 di Ungua equ, por isto mesma, ignorava ainda a cscritr Com feito, eaquanto s ingus hese quanto 8 sat prépria tctruars, ima mora dx linguagem € imposivel; « exctura 8 aparece no momento em que lingua, constitlda nacional inet orang ple dengan, un Re ou fepara'o que € probido do que € permitdo, sem se introgst tas acerch das Grigens ou det justiengdes dese tabu. Cran ‘ua ras intemporal da linguo, os gramticos cscs liveeram for frances de qualquer problema, linge, cna. Hngun depunada sornou se ‘ums exttrs, eto €,um valor de linguagem Gedo inedinuente como univer! cmvtods meu ds jamture hist. ‘A diversidade dos “géneros” ¢ 0 movimento dos exlos dentro Jo dopa clistico sia dados etdcor, nfo de estat teabum dor dois devem iudienor: fo de wma escitara dice, fo mesmo tempo instrumental € ornamental, que = sociedade ances dspos Garant todo 0 tempo em que 4 ideologia bar fqcsa tunica, Enciturs instrumemal, pol forma ert cons Setada'a seeigo do fondo, como uma egoaslo algeria ext a Servigo de" um ato opertdro, ornamental, poi esse str mento cia decorado com.acicenter extrorer A sia fungio, omados em esrdpulos 8 Trad, ou elas ers cectrs but fuss, efomade por exsitores dilerntes, nfo provocava nunca Pel su heredtriedade, sndo spent im eento flit re o dal oe clevava 0 ato do pensamento, Semv divids, of settee clisicon também conbeceram ue probleme’ da forms, mas 0 debae ndo dina respeito 3 varicde e 40 sentido dis evcitar,senos nda 2 estrture da lingungem, 36 extava Em cauin a ei isto, ordem do dscuse pens segundo tina fnalidade de persas¥o, A tngolardade da escreara bar futsa corespenda entio « plorldade dav retins;invers fence, € no momento exato em que os ttados de rete ciusim de iment, peor mesdor do silo XIX, que ‘Scrtore clinica detzou de ser universal € gue aascersm st ex piciniogher ini Essa cacritura cfssce & evidentemente uma eseitura de classe. Naseida no séeulo XVII, no grupo que se mantinha dliretamente em torno do poder, formada a golpes de decisses opmdccas, depurada rapidamente de todos os procestos grams. ticais que a subjetividade espontinen do homem popular puders 8 chins «dyn eal p wtb de ft, some. ato map mt cepa tec Ls sig Spine Ss lt, range ce soe: pcs oa if Varia some ses GE ome ence Ei Set tritio, ramética de Port-Royal, por exemplo, a lingua clissica fore nti Pte emo lige dig RELE Soar fries aernettacte Reve Sept ceca prem rats ol aoe, pl es em So eater Stee Hl apace inom pee min ome re eee toasts 2eipe epstunmt once seco ct bevel bee reorient ie ee ee cee ee Si Re te ae ee me ea seh su Fee og de el se a os cepa pal ae Sel rere A ee a « See i ne tel ae oe ica ie eae dado naa ta ects hangs gue tae ae zene mo el es en ee ee PER aoe Mine se geet en ee Se Be, etgbtie Tanase tmaee ine Poe Nace de a ra ec a ae ee age aa i sale ot see a Sec «sat ope eo Eo Soyer coy aera bse SS eater Shs irae riers See os a ae eee aeons See aes Ah ee ee ena ree ce pepe a, Senay Ste adanes st a se scree en ae oe ies, erent ye par a cnid cnet oot & me Tee 0 9 set lida na perspectiva de uma tradigio, mas somente por refe- réncia ao avesso formidvel de sua propria existéncia — s6 Hugo, pelo peso de seu estilo, péde fazer pressio sobre a escri- tura cléssica e levéla as vésperas de uma explosio. Por isso, © desprezo de Hugo cauciona ainda a mesma mitologia formal, ao abrigo da qual é ainda a mesma escritura oitocentista, teste- munha dos fatos burgueses, que continua sendo a norma do francés de lei, essa linguagem bem fechada, separada da socie- dade por toda a espessura do mito literfrio, espécie de escritura sagrada retomada indiferentemente pelos esctitores mais dispares, a titulo de lei austera ou de prazer guloso, taberndculo deste mistétio prestigioso: a Literatura francesa. ‘Ora, os anos situados em torno de 1850 trazem a conjun- gio de trés grandes fatos hist6ricos novos: a modificagio da democracia européia; a substituigo da indistria téxtil pela inddstria metalirgica, ou seja, o nascimento do: capitalismo mo- demo; a secessio (consumada pelas jomadas de junho de 48) da sociedade francesa em trés classes inimigas, isto é, a ruina definitiva das ilusées do liberalismo. Tais conjunturas langam a burguesia numa situago histérica nova. Até entdo, era a prépria ideologia burguesa que dava a medida do universal, preenchendo-o sem contestagaio; o escritor burgués, tinico juiz da infelicidade dos outros homens, néo tendo diante de si nenhum outrem para olhé-lo, nfo se via dilacerado entre sua condiggo social e sua vocagéo intelectual. Def por diante, essa mesma ideologia s6 aparece como uma ideologia entre outras posstveis; 0 universal escapethe, ela s6 pode ultrapassar-se con- denando-se a si mesma; o escritor torns-se presa de uma ambi- sitidade, de vez que sua conscitncia jf nfo lhe abrange exata- mente a‘condigio, Assim nasce um trégico da Literatura. H entio que as escrituras comecam a multiplicarse. Do- ravante, cada uma deles, a trabalhada, a populista, a neutra, a falada, quer ser o ato inicial pelo qual o escritor assume ou renega sua condicio burguesa. Cada uma é uma tentativa de resposta a esta problemética érfica da Forma moderna: escri- tores sem Literatura. Desde hé cem anos, Flaubert, Mallarmé, Rimbaud, ‘os Goncourt, os Surrealistas, Queneau, Sartre, Blan- chot ou Camus, tragaram — tracam ainda — certas vias de 150 integragio, de explosio ou de naturalizagio da linguagem lite- rétia; mas o que est4 em jogo, nfo é tal aventura da forma, tal @xito do trabalho retérico ou tal audécia do vocabulétio. Cada vez que o esctitor traga um complexo de palavras, é a prépria existéncia da Literatura que se poe em questo; 0 que a mo- deridade permite ler, na pluralidade de sua; esctituras, € 0 impasse de sua prdpria Histéria. 11 O ARTESANATO DO ESTILO “A forma custa caro”, dia Valéry quando Ihe, pergunts- yam por que io publicva seus cursos do Colégio de Franca No entunto, fouve todo um periodo, da escrtura burguesa tslunfante, em que a forma custava aproximadamente o prego ensamento; culdavase de sua economia, de-sua cufemis, fem divide, mas 2 forma custava menos porque 0 eseitor wavs tum instrumesto ji formado, cujos mecanismos se transmitiam ines em oman ceo de avd fm fo et 9 objeto de ume propriedade; «universal inguagem ‘lisice provinha de que a lingussem ers. um bem com de que 6 0 pensamento era atingido pela ateridade. Poderseia dizer que, darante todo esse tempo, a forma tinha um valor Ora, vimos que, por volta de 1850 comesa a surgit para 4 Literatra tm probleme de jurficagior e escritura Wal pro: ‘crardliis paras; justamente porque comers a epazecer uma Sombra de divide’ quanto 40 ae uso, ume clase inteea de tsettores preocupados em assumir a fando a responssbilidade ‘de tadiglo, vai tubsttur o valosuso da escrivura por um Wilortrabatho, A" eseitara seed salva nfo em vittude de sua Aestinasio, mae gresae 20 ttbalho due diver custado, Comore ‘entio a elaboracse' ume imagétca do ceectorartrio que. se fecha num lugar lendéio, como um opetirio na oficina, © des basta, tah, pole e engasta sua forma, exatamente como um lapidivio extral arte da matéra, pasando neste trabalho horas regalaes de solcio e esforgo: esritores como Gautier (mestre 132 lippecvel das BelasLetras), Flaubert (polindo suas foases em Grosset), Valéry (no seu quarto, de madrugida), ou Gide (de pé, danse da esrivaninha como dante de uma banca de taba: ‘he), formam oma expéce. de stsocasio. de trabalhadares das Letrisfeancesas, nn gual o labor da forma constitu o igno © ¢ propriedade de uma corporacio, Esse valor-trabalho subsite eer manera 0 valrgnioy Mua eva vadade on det ae se tae arate longamente a formes ves, nse ft po cu (our vs mya Cg Baroco (o de Corneil: por exemplo; um expine un cone Gimeno da Nevers que testes um sarpmento de Lingus fem out, tentando produit um estlo ltr axstoctitn, {stale ascoacgSe dima re Hina que comes no fm. gue uma findidads ence io. for tis sfieme pare fisliar t conveneio dev linggem aneriic, on sey 20 Siem que w Ha tooret ua dajunao events care 4 wocfo sect do estore @insramen gue he € tens ‘do pele Trdg Flaubert, com 0 muior rigor, fundos es cetuta ate sana. “Antes dle, 0 ato buguts ere de orem do pore tat do exétio, a Lesoga burgesa dive a medida 43 waiver Sls clmejando a exitncia de um homem puro, pod efork Samente conaierat 0 burputs como um, etic ncomenm el pen lay Tbs ends eam Incorfel gpe 10 gro so ccttn, © que le af. pode tat ‘rumindoo na leider — 9 que € crteistico de um seth testo tigi, Essa Necesldade burgess, que perence Frédeic More, # Ena Bovary, 2 House « Pecset, exige, quando son fronalment um arte iguslmente por tadora de uma necessidad, armada deme Le laber fron Sims excrtern normativa qu contin parsdoro as rents Aiea de um pethor Por wm ado, ee contr a aacatea por suetsfes de eefacias, © nao segundo uma orem fenome- felpca (como 9 fad Prout); foe os tempos verbs sum fmpepo fonvenconal, de mantra » qo eet fencer come Titers, aexomplo de win ste que aerie de ea nny ito, io, iy, de a spate de encntameno. qe, Tonge as termes de loghénds a a's eal, putinete et, tear st 13 st 0 i np ae i ee Sea i a crcl ie be en ore SVS es Fcc ng anette manta MAES SESE GEE pce ie nee Set fies ener ars See EN cgi Sarin eB oho Ey lee ct he Sc Sah Si ee Se “ek Pelee sere on tesco Soke hate eae atl Sehr ee mes rec tee RAMEE En in at We Een EELS Se oe ee fa ie mer ree ae pt seus tonbor, mar seus merodo. Ja gut a Lieatre fo pod Scouse oe, ea pole nce ae tanec, copdoadn « com pio itera seals aca "am fom atator? Astin, facerssxso da cnt 0 rege rd eo go mee gnc ase ear a la sem problemas, te porave o® ma pos Yl 8 cla como ao recohecimento de un condsto fea. ESCRITURA E REVOLUGAO © artesanato do estilo produsiu uma subesritura, derivada de Flaubert, mas adaptadn aos desenhos da escola naturalist A scritara de Maupassant, de Zola e de Dandet, que se poderia amar de csritura tealrta, € um combinado de signs formals 4a Literatura (passedo simples, estilo indreto, ritmo escrito) f¢ de signos nda menos formals do realismo (transposgdes da linguagem popular, palavras fortes, daletais, etc), de tal modo ‘que neaburna escitura € mais ariel do que aquela que pre- fendeu pintar de mais perio a Natureza. Sem dvida o fracas ‘ido esth apenas 0 nivel da form, mas também da tori: hi na estétice naturalists uma convengso do teal cma hé uma fabet tagdo da estura, O paradoxo € que « humilhagio dos sssuntos ‘nfo scarretou nenhuma retagio da forma. A escritura neutza € um fato tardio, 26 sert inventade bem depois do realismo, ‘Por autores como Camus, menog sob o efeito de um estétiea { vehigio do que pela procurs de una esrtura enfim inocente. ‘A escritura realista est longe de ser neuts; pelo contririo, std curregada dos sigaos mais espetacslares da fbricato ‘Assim, depradandose, abundonando a exigéncia de uma verbal francamente abel ao real, sem contudo pre- fender eecontar a fingugem de Natt social como © fat Q aturalista produsiy paradoxalmente ‘mecinica que significou a conveagio literiia com uma fostentagdo desconhecida até ene, A escrtuta fluberians ela a 205 poucos um encantamento: ainda € possvel alguém perderse muma leiturs de Flaubert como name natirezs chela ws 4 vores segundas, onde os signos mais persuadem do que expt- meme estitura realists, 20 contitio, aunca pode convencer; sth condenada a descever apenas, em virtode do dogma dust Tista que presccve sempre wma dnics forma dima para " sie uma realidade inerte como um objeto, sobre a. gu tito 66 teria poder por via de sus arte de dispor of signos. ses autores sem estilo — Maupassant, Zola, Daudet € seus epigosos — pratcaram wma escritura que foi. para eles © refigio e a exposigio das operssdes artesanais que julgavsm ter expulsado de uma estétice meramente passva.” So conhe- cides as declaragbes de Maupassant sobre 0 wabaiho da forma, «todos os processosinginuos da Escola, gracas eos quas a frase ‘tural se transforma em fave artifical destinada a dat ceste- ‘munho de sua finalidade purameate literéria, vale dizer, do tr batho que eustou, Sabese que, na estilstica de Maupassant, a intengio de arte fica reserveda 2 sintaxe, 0 Iéxico deve perma necer aguém da Literaura, Escrever bem — dal por dante, ‘iso Signo do ato literitio — € ingenuamente ‘dat om ‘omplemento de lugar, € pdr “em relevo™ wna palavra, pensando bier assim um ciumo “expressive”. Ora, a expresividade, tum mito: ela nada mais é que a canvengio da exprestividade ssa escriturn convencional sempre foi um lugar de pred- lego arn a cca escola, gue avala 0 peso de um texto pla evidenca do trabalho que custou. Or, naa bi de mais expe tacilit do. ue experimenter combinaydes de. complementor ‘como um opersio que cloca no lugar una Pest deiceda, © ‘que « exole admire na exciture de um Maupassant ou de um Bindet € tm signe Herrio enfin sepurdo’ de. seu conte ‘gsc, sem ambipudade, plea Literature como ums categoria ‘Ee nenhonon flop com cuttes Haguegsns, tetinndo cm fu ‘oteligfbliede Meal dap eoltus’ Eare tam proetaade ‘xculdo de toda cultta ema intligeniia sue i comeyou « prem gusto © prdpia Literature,» clietela media. das Gscolisprimdvie © seconde, Ito” & de tances get, « ppequena burguesia, vat encontnt na exritarsartstcorealita ‘Sion a gual ae fart bo paste do romances comercsit —y a inner privegieda de une Liteteice que tem tod. o0 sips brant inteligvels de mia Identidade. Agu, « funsSo do 16 “x. cscttor nfo ¢ tanto ciar uma obra quanto fornecer wma Lite ature que seve de longs. Za its peru fi sols pln ec prlearado nfo podem ser diferentes dar da pesuena bungusa {ato ais, confome 2 douttina), e porque 0 proprio dogma do realismo socialists obriga fatalmente w vn escitur convene ona, escraad de ela deo hem viel um con teido'incapae de mporse. sem uma forma que o identfigue CComprcendese, entio, 0 paredowo segunda o qual escitra comune mpl oe algooe may etdets Uy iter < le romper com uma forma alinal de conta tpt camente burgcta ~~ ao menor no pasado —y continua 4 a mir sem reservas as preocuparies formals da’ are de escever Peueno-burguesa (lis acreditads fonto 20 pablico comunita pols redabes da escola primi) O realsmo socalista francs retomou, portant, a eseitura do reaismo burgués, mecanzando indiseriminadamente todos os Signor intenconas da arte, Els, por exemplo, algunas lnhas de um romance de Garaudy: "9 busto inlinado, impeno: samentelangado sobre 0 telado de finotipo....legria can- tavathe nos. misculs, seus dedos dangavam, leves e podero- so... 0 vapor envenenado de anvimGnio..., fara latejadbe 1 dno marlin ei, tind rs dete sua forge, sua eélera ¢ sua exalteio,"” VEse que aqui nada € ado sem metlore, pas € precio suialarInsstentemeate pect © leitor que “é bem eset" (ou vje, que o que ele consome € Excrtug) Ta mea, ug wae @ ener veh, fo latdade Ge tuna tengo, mis ejenes una Jiterisa que itor ‘uma linguagem, ‘exttamente como tuma ctiqueta informa de um prego. “Bater a méquina”, “leer” (falando do sengue) ox “ser feliz pla primeira veo" €linguegem real, nfo linguager realist; para que baja Litrstur, € prec, ecrver!“dedlbas™ « Lino tipo, Nas artévas martclvam” ou “abrpava © primero mito fel de sus vida" A esreure sella 6 pode desembocar, portato, nn Precision. Garaudy ecreve: PApés cada nba, © braro esguio da linotipo rerava seu punhedo de mateizes langntes” ou ainda: “Cada cavfela de seus dedos despera © wy fx esremecer o crilbio alegre das mattzes de cobre, que caem, nos ences moma chuva de notas agudas". Ese jargio @'0'de Cathos e de Magdelon. wemente, deveve levar_em conta a. mediocidade; 10 caso de Garaudy, € imensa. Em André Si, encontramse processos muito mais disretos, que, todavia, no escapam as ogra da eociuma artsticoaliste, “Aqui a metfora no pretende ser mais que tm chavfo quise completamente inte jada na Linguagem teal ¢ que assnal a Literatura sem muito into: “Clare como dg”, “mfos apetgaminhadas pelo fio", ‘eo preciosamo € desocado do lice para a ‘montagem arifidal dot complementos, como em Maupassant, {qu imp 4 Literatrn (com a mio, ea Levanta os jclos, dobradt a0 meio”), Essa linguagem strurda de convengio #6 a pale px rae rc popu, one 1 descudadas em meio. a uma. sintaxepuramente’ Inertia: EReaimente, es um vento dansdo”, ou melhor ainda: "Ao vento, boinas.e bons axcudidos acima dos olhog, ces se fam com ma citfosiade louca” (o familar “lovee sucede a um partciplo sbioluo, figura sotalmente desconhecida da lingur fem falda). Bem enendido, devest resalvar 0 caso de ‘rsgon, cujahereitaiedade literdria € completamente diferente, fe que prefer tinge a escritumaredista de uma leve cor olto eats, misturindo um poco Lacs com Zal “Talver ja, nesa esrtura bem comportada. dos revo. cionfros,o sentimento de uma inpotécia para eran dese ji tum esctcara lve. Talverseja também porque somente oF ‘Sertores burgueses podem sentir 0 comprometinento da sci tora burguesa: « explosio da lingvagem lteréia foi um fato de ‘onscléaea, nfo um fato de revelao, O que € extio & que # {Bcologa extainista impde terror de qualquer problemitics, ‘esate sobretdo tevolicionira: cscrtrs borguesa € oh fale tna de cnt meno perio ses proses inn econ conn oo Unc tan, ng toresburguses coodenaram hi “inulto tempo,"ne. momento sito gm go fram eomponia com ngs Sut pdpriaideologia, 0, sea, no momento exato em que © tmardamo se vit jestifendo we A ESCRITURA E O SILENCIO A csritura anesanal, situada no interior do pattiménio borg, nfo peeurba neniuma ondem, pivado de opts com Its, o exctor posul uma pedo. que basta para jusific lo: orp di forma Se le etc bert den Hogue tem liters nove, pode, pelo menos, enriquece: antgs, Car Foglia de iaengde, de preciorsmon, de eplendores, de ara sno, cia uma Hngua flea e morta, Eva. prande exeriura trader, 4'de Ge, Vay, Monten, «emo Bro, Sipnifice que a forme,’ com sia pesader,s08 roupagem excep: ‘Sonal, € um valor que trengende'a Hiséia, como a pode tan endet linguagem ritual dos padies Outcos escitores pensram que 26 podiam exorcinar esa escrirura soprada deslecandoa, inarameatlo linguagen teria, Gaetan exploit a cada instante © envolSrio rena cenie dos chuves, dos hiites, do pasado formal do escitor to cvos dat formas, no deverto des palavtas, pensatan aint tim objeto abrlvtamente privado de Tlstérin, reencontrat © fresor de um estado novo da Lnguagem. Mat esas pecturbe ses scabam por abrir suas prépane tia, Frias Tels, Ao BelayLetesaeapam haloes io sta putemente baseada na fala soci Fogindo cada er tale de ute satere da dasordem, a deinegrggo da Unguagen 4 pode lear a um sldaco du eaxitre, A aprtia terminal de Rimbwod ou de cron surelises “—endon’ poe isp mcmo ol ccbccinento — eae tas panic Lier, tosis que, pata ctrtos ecritotes, a nguaget,_ pinta ¢ ‘hina sade do mito Inerdro, mcompbe alia! agulo de que Dretendie fugit, que fo hi eocrnua que se manteahe fevokr 19

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