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(…) essa modificação é mais profunda do que parece à primeira vista e que o processo
de mudanças está longe de terminar: na verdade, promete tornar-se permanente
(LAGE,apud QUEIROGA, 2003, p. 225).
Em suma, os média proporcionaram mudanças nas mais diversas áreas do saber e o
jornalismo não foi diferente, pois a forma de exercer esta atividade sofreu grandes
alterações.
Sabendo que na antiguidade, o jornalismo era feito baseado, essencialmente, na
utilização do texto, com a revolução industrial (novos medias), esta atividade, para além
de sofrer transformações a nível da produção de textos, ganhou um outro elemento que
proporcionou alguma dinâmica no processo de narração da notícia, fazendo com que
ganhasse mais credibilidade e transmitisse mais confiança aos leitores, a fotografia. Commented [A7]: Corregido
De acordo com Martins e Luca (2008) o amplo rol de transformações, aliado aos
artefatos modernos (software ou sistema) e aos novos meios de comunicação que
invadiram o quotidiano urbano como carros, eléctrico, cinema, máquinas fotográficas
portáteis e rádio, delinearam tanto uma paisagem marcada pela presença de objetos
técnicos como configuraram outras sensibilidades, subjetividades e formas de convívio
social. Com isso a eficiência, a pressa, a velocidade e a mobilidade transformaram-se
em marcas distintivas dessa nova sociedade e também do jornalismo, que desde o seu
nascimento está relacionado com as tecnologias da comunicação.
Com o uso das novas tecnologias no jornalismo possibilitou-se o surgimento de
diferentes modalidades, no que tange ao meio de transmissão, como por exemplo:
jornalismo impresso, sendo o mais antigo; radiofónico, televisivo, webjornalismo e
fotojornalismo. É sobre este último que esta investigação irá cingir-se, com vista em
demostrar a situação desta modalidade em Cabo Verde.
Ter conhecimento de fotojornalismo é uma grande vantagem. Pois, possibilita dominar
as linguagens, técnicas e equipamentos fotográficos, bem como permitir a qualquer
profissional da comunicação reconhecer e tirar maior proveito da força da fotografia na
divulgação da informação, usando expressivamente a fotografia, num mundo cada vez
mais exigente. O domínio das técnicas e linguagens de diferentes meios (inclusivamente
devido à concentração das empresas jornalísticas em grandes grupos multimediáticos)
revela ser um fator importante no exercício da profissão. E ainda é de realçar que a
fotografia digital e os progressos nas telecomunicações e na informática trouxeram ao
fotojornalismo grandes potencialidades no que tange à velocidade, à maneabilidade e à
utilização da fotografia em diferentes órgãos de comunicação e contextos.
Para além do que nos meados do século XIX, com o surgimento do telégrafo,
introduziu-se mudanças profundas nos modos de transmissão e recepção de informações
e nas transmissões experimentais do telefone, no final do mesmo século. Esta chamada
“revolução nas comunicações” criou novos hábitos nas práticas profissionais, nas
relações comerciais e no quotidiano das relações sociais (WHITROW apud
FRANCISCATO, 2005, p. 45).
Contudo na perspectiva de Barbosa:
O telégrafo, que aqui chegou em 1874, tornou o mundo mais próximo. Graças à sua
implantação nos periódicos mais importantes era possível noticiar fatos do mundo
ocorridos ontem e transportar até províncias longínquas notícias do fim do “século das
luzes”. O cinematógrafo, o fonógrafo, o gramofone, os daguerreótipos, a linotipo, as
impressoras Marinonis são outras tecnologias que invadem a cena urbana e o imaginário
social na virada do século XIX para o XX, introduzindo amplas transformações no
cenário urbano e nos periódicos (BARBOSA 2007, p. 66). Commented [A9]: visto
A construção da notícia com a introdução de novos media nunca foi a mesma coisa.
Com intuito de melhor se adaptarem aos novos meios de transmissão, os jornalistas
foram obrigados a desenvolver novas competências para poder acompanhar a evolução
tecnológica, para melhor servir a sociedade, com qualidade e em tempo nunca antes
visto. Neste âmbito, Franciscato (2005) argumenta que a utilização do telégrafo como
recurso de transmissão de informações à distância facilitava a produção e transmissão
jornalística, pois possibilitava a cobertura de eventos que ocorriam longe da sede do
jornal, estimulando uma fragmentação das notícias.
Esse instrumento, “ao acelerar a velocidade das notícias e tornar possível sua
transmissão contínua, fragmentou o relato de eventos noticiosos em desenvolvimento
em segmentos menores e mais frequentes” (BLONDHEIM apud FRANCISCATO,
2005, p. 45).
O telégrafo muito contribuiu no trabalho dos editores, que conseguiram satisfazer o
público leitor, aumentando a receptividade das notícias. A fragmentação da notícia, por
meio do envio de telegramas, estabeleceu novos padrões para o texto jornalístico,
gerando o chamado lead, parágrafo inicial que resume o relato do fato acontecido.
O jornalista Ricardo Noblat (2003) citado por Martins e Leal (2007) argumenta que essa
técnica tão usada, atualmente, na rotina das redações surgiu durante a Guerra da
Secessão, nos Estados Unidos, onde havia muitos jornalistas e poucas linhas de
telégrafo disponíveis para a transmissão de matérias.
Contudo, pode afirmar-se que a forma como se estrutura hoje uma notícia, obedecendo
à pirâmede invertida, surgiu devido ao uso de transmissão de informação por telegrama.
Para Sthefen Kern (1983) a nova tecnologia trouxe uma nova cultura do presente para o
jornalismo, com base em novas experiências. O autor exemplifica o efeito tecnológico
do telégrafo sobre a escrita jornalística:
O telégrafo obteve maior uso quando a necessidade por reportagens rápidas cresceu. Já
que economia de expressão produzia ganhos monetários, os repórteres eram inclinados
a escrever suas estórias com menos palavras possíveis. O telégrafo também encorajou o
uso de palavras sem ambiguidade, para evitar qualquer confusão, e a linhagem do
jornalismo se tornou mais uniforme, com certas palavras alcançando uso freqüente. (...)
A informação tendeu a ser escrita com o mínimo de pontuação (...) a necessidade de
velocidade, clareza e simplicidade moldou um novo estilo ‘telegráfico’ (Kern apud
FRANCISCATO, 2005, p. 98).
Depois do surgimento do telégrafo, foi o telefone que veio proporcionar um novo ritmo
na transmissão da comunicação. O aparelho começou a ser gradualmente incorporado à
rotina de produção e apuração de notícias, transformando-se numa ferramenta
imprescindível.
Os aspectos tecnológicos condicionaram o ritmo e a velocidade da produção em
diferentes épocas do desenvolvimento do jornalismo. Este condicionamento não se
resume a uma ideia contemporânea de produtividade e eficiência, mas se refere
principalmente às possibilidades que os incipientes recursos técnicos estabeleciam para
que a produção pudesse mesmo cumprir suas etapas, sua regularidade de circulação e
sua busca de garantir o caráter recente das notícias (FRANCISCATO, 2005, p.48).
Sendo que, o trabalho jornalístico sempre foi auxiliado pelas invenções tecnológicas na
busca de uma melhor produtividade e construção das notícias. O avanço da tecnologia
de transmissão de informações e a sua aplicabilidade ao jornalismo criaram, para os
repórteres e editores, novas possibilidades e desafios para a atualização dos jornais.
Além disso, a utilização dessas ferramentas provocou efeitos diretos sobre a prática
jornalística. Commented [A11]: visto
Nascida num ambiente positivista, a fotografia foi encarada quase unicamente como o
registo visual da verdade. Foi nesta condição que foi adoptada pela imprensa, mas
atualmente a fotografia representa e indicia a realidade e não o seu registo fiel.
Em, Cabo Verde a fotografia é utilizada ainda apenas como uma prova que incide sobre
a veracidade do texto, ou seja, é utilizada, em todos géneros jornalísticos (notícia,
entrevista, reportagem, etc), apenas como complemento do texto, pois, na pesquisa
efetuada para o desenvolvimento deste artigo, apurou-se que os profissionais não
praticam o fotojornalismo devido à falta de conhecimento de técnicas, como pode
verificar no quadro 1. Commented [A12]: visto
Quadro 1: Aplicação de questionário online. Qual é a sua opinião relativamente a fotojornalismo
em Cabo Verde? (fonte: Elaboração da autora, 2017)
Apesar do potencial informativo da fotografia, houve alguma resistência no seu uso nos
jornais, pois, muitos editores resistiram durante bastante tempo a usar imagens
fotográficas. Estes também, desvalorizavam a seriedade da informação fotográfica e
também consideravam que as fotografias não se enquadravam nas convenções e na
cultura jornalística dominante, impressa, (Hicks, 1952). Porém, em Cabo Verde, esse
episódio não se registou na história do jornalismo, lembrando que as grandes batalhas
do jornalismo não aconteceram no referido país. Em Cabo Verde, o jornalismo entrou
na fase adulta, no que tange à sua história e ao seu desenvolvimento. De acordo com Commented [C13]: visto
com os dados obtidos, em Cabo Verde a fotojornalismo não é explorada por falta de
conhecimento (40%) ou formação técnica na área (quadro 2), consequentemente
acarreta a total desinteresse na escolha de fotojornalismo como exercido profissional
(quadro 3). Commented [C14]: visto
Quadro2: Aplicação de questionário online: Qual é a razão na sua opinião da não utilização da
referida modalidade? (fonte: Elaboração da autora, 2017)
Quadro 3: Aplicação de questionário online: Qual é a área ou modalidade em que mais atou
durante o exercício da sua profissão e porquê (fonte: Elaboração da autora, 2017)
Desta forma, a fotografia deixa de ser encarada apenas como um elemento secundário
no processo da construção de uma notícia. Importante dizer que a fotografia e o texto
acabam por se complementar um ao outro, ambos possuem o seu valor no processo de
transmissão de informação; mas para isso é necessário que os profissionais conheçam
esses dois elementos em todas as suas dimensões, da mesma forma. Commented [C15]: visto
Contudo, é importante realçar que em Cabo Verde, apesar dos feitos acima mencionado,
a fotografia ainda não é totalmente reconhecido o seu real valor ou impato que tem no
processo de transmissão de informação, a ponto de ser vista e utilizada como uma
modalidade ou categoria do jornalismo, usando desta forma, a fotografia para informar,
formar ou opinar sobre algum acontecimento. Sousa (1998, s/p) apresenta o
fotojornalismo como sendo uma:
Para a solidificação da “doutrina do scoop” também contribuiu a utilização do flash de magnésio, cuja
1
utilização nauseabunda, fumarenta e morosa não só impedia que rapidamente se tirasse outra foto como
também afastava rapidamente as pessoas do fotógrafo.
sensíveis e com maior grau de definição da imagem. A convenção da foto única levou
os fotógrafos a procurar conjugar, numa única imagem, os diversos elementos
significativos de um acontecimento (a fotografia como signo condensado), de maneira a
que fossem facilmente identificáveis e lidos (planos frontais, etc.). Para isso, também
terá contribuído o facto de que, no início do século XX, as imagens serem valorizadas
mais pela nitidez e pela reprodutibilidade do que pelo seu valor noticioso intrínseco,
conforme conta Hicks (1952).
Em Cabo Verde, quando esta atividade começou a ser praticada já estava numa fase
avançada, e a partir daí tem-se desenvolvido paulatinamente, mas sem grandes
revoluções ou alterações visíveis no que tange ao processo de produção, transformação
e transmissão de informação.
Neste sentido, pode dizer-se, de uma certa forma, que pelo fato do jornalismo em Cabo
Verde não ter um enraizamento normal, ou seja, o processo de surgimento do
jornalismo em Cabo Verde foi diferente relativamente aos outros países da Europa ou
da América, por diversas razões que pode ser (falta de condições económicos, e
paradigma político e social). Desta forma, estabelecendo uma comparação entre o
jornalismo Europeu e Americano com o jornalismo praticado em Cabo Verde, pode-se
dizer que, ainda, o jornalismo em Cabo Verde está numa fase embrionária do seu
desenvolvimento, pelos seguintes motivos: não entrou no mundo do negócio, ou seja,
não é visto como uma atividade que gera lucro; pratica de um jornalismo romântico,
deste modo não tendo como garantir a sustentabilidade financeira, o que acaba por
obrigar a recorrer parcerias ou à participação do Estado, o que muito vezes pode
influenciar no exercício da profissão.
No início do século XX, quando o fotógrafo entrava num local para fotografar pessoas,
estas paravam, arranjavam-se, olhavam para a câmara e posavam. Hoje, as pessoas
procuram mostrar que estão no seu estado natural, pois as convenções fotojornalísticas
atuais valorizam o espontâneo e o instantâneo. Isto mostra a alteração de convenções,
que ocorreu na viragem do século XIX para o XX. Mas as pessoas aparentam dominar
as convenções da sua época. Trata-se de uma questão de inserção histórico-cultural e de
fotoliteracia.
Em Cabo Verde, apesar da prática do jornalismo ser uma atividade utilizada e que tem
dado o seu contributo no desenvolvimento do país, ainda não é explorado na sua
totalidade, ou seja, em todas as vertentes.
O Fotojornalismo em Cabo Verde é uma área muito pouco explorada ou praticada. Sob
as seguintes hipóteses: os jornalistas não fazem fotojornalismo porque os profissionais
dos órgãos da comunicação social no país não conhecem a vertente; os jornalistas não
reconhecem a importância ou valor da fotografia na divulgação de informação; os
jornalistas não conhecem e nem dominam as técnicas e linguagens do fotojornalismo;
os jornalistas não veem o jornalismo/fotojornalismo como fonte de rendimento e de
investimento, é sobre estas hipóteses que esta pesquisa irá singrar com intuito de dar
conhecer a situação desta modalidade no seio da comunidade jornalística do país e dos
estudantes de jornalismo.
Ciente de que o fotojornalismo é uma profissão que tem a capacidade de fornecer aos
homens a possibilidade de se reverem a si mesmos e de contemplar as representações do
mundo através de imagens chocantes, irónicas, denunciantes, empáticas ou
simplesmente informativas. Em especial, é dedicado aos estudantes de jornalismo e
ciências da comunicação, pois entre eles estão os jornalistas e fotojornalistas de amanhã,
com objetivo de lhes chamar a atenção para uma forma de comunicar sem fala ou com
poucas palavras, onde o que prevalece é a foto e o texto complementa. É também
objetivo desta investigação contribuir não só para valorizar o fotojornalismo na
Academia, mas também para compensar as lacunas existentes no panorama do
jornalismo em Cabo Verde.
Pode-se, assim, classificar como injusto que uma atividade tão interessante,
multifacetada e com tanto impacto como é o fotojornalismo não adquira um relevo
correspondente, quer nas universidades, quer entre os editores. Esta investigação servirá
como uma chamada de atenção dos profissionais para explorar esta modalidade, e aos
estudantes para quererem aprender mais sobre o assunto e ter mais opção de escolha no
ramo de jornalismo.
Contudo, importa realçar que em Cabo Verde ainda se pratica um tipo de jornalismo
que alguns investigadores denominaram de Jornalismo Romântico, que tem como
principal objetivo informar a “sociedade” tentando garantir a formação de uma opinião
pública de qualidade em vez de seguir ou acompanhar a evolução desta atividade,
praticando jornalismo industrializado, um jornalismo que faz o casamento entre o
romantismo com a sociedade e sustentabilidade financeira do órgão, crendo que esta
parte permitiria o funcionamento da melhor forma da primeira parte.
Consideração final
No processo da realização desta investigação dei conta que falar de fotojornalismo,
referindo as técnicas e linguagens, o assunto por si só daria um livro, mas como o
objetivo deste artigo é abrir o apetite para essa modalidade, fica aqui uma pequena
contribuição para todos os profissionais da área. Este artigo poderá ser um instrumento
de apoio para os jornalistas que pretendem seguir o ramo e um pontapé de saída para
uma investigação mais profunda que prometo continuar visando a elaboração de um
guia de apoio (livro) para os profissionais que pretenderem seguir essa modalidade.
O Fotojornalismo é um ramo dentro do jornalismo que tem muito para dar e que falar
em Cabo Verde e que corresponde a um campo virgem que tem uma grande
potencialidade, podendo vir a ser uma mais valia para o desenvolvimento da área e até
mesmo para Cabo Verde.
Importante realçar que as informações recolhidas através dos inquéritos aplicados online
apresenta discrepância, pois, dos vintes profissionais da área com um tempo de trabalho
entre 3 há 30 anos de serviço, assumiram que em Cabo Verde não se aplica o
fotojornalismo, conforme se pode verificar no Quadro 3, no entanto perguntando sobre
a prática deste exercício já assumem que é pouco praticado, Quadro 1 por falta de
conhecimento Quadro 2. Questionado sobre a linguagem e técnica assumem que
conhecem técnica e linguagem de fotojornalismo.
Bibliografias
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