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Glossário

• Nastell – cidade localizada na ilha Jan Mayen, fundada em 2120


após a 3º guerra mundial. Capital global, a terra sagrada do
mundo onde apenas pessoas merecidas podem viver.
• Anterito – Energia que pode assumir qualquer elemento.
Existente no corpo de seres não terrestres.
• Temporalq – Planeta dos Ant-humanos localizado em uma
galáxia desconhecida.
• Desterrer –Planeta dos Verdals localizando em uma galáxia
desconhecida.
• Ant-humano – Humano não terrestre e que não seja verdal.
• Verdal – Nome dado a raça de humanos que vivem no planeta
Desterrer.
• Guerra Anter – Guerra ocorrida em 2195 devido a chegada do
primeiro Verdal na terra que tentou tomar o planeta sozinho (Sem
sucesso) e causou graves estragos.
Prólogo
Planeta Terra, 2092
Depois das guerras convencionais vieram as guerras cibernéticas, após
um longo tempo da ausência de embates, chegou uma grande era de
estabilidade se quebrando da forma menos imaginável.
A humanidade conquistou a paz no ano de 2092. Foi notado por
especialistas que a utopia não estava enquadrada nesse conjunto; os humanos
não eram tão racionais e tinham a total capacidade de amar, evidenciando
riscos para si mesmos, criando quase sempre, situações desagradáveis e
prejudiciais.
A ideia do mundo perfeito foi botada em prática. Com o fim da última
guerra relatada, foi criada a cidade de Nastell devido a um grande trato
envolvendo as maiores potências econômicas. Localizada na ilha de Jan
Mayen, no extremo sul do planeta, a capital mundial foi construída sobre uma
plataforma totalmente sustentável e inovadora.
Foi feita uma seleção global convidando habitantes para morar em
Nastell com o filtro imensamente proporcional. Selecionaram vários grupos
distintos com ideias e personalidades complementares, afim de formar o núcleo
social magnifico.
A cidade foi crescendo, e as expectativas eram como o esperado, mas
faltava mais um mecanismo de controle único. No ano de 2156 foi desenvolvido
e obrigado por fim, o uso do autoscan.
Era alocado um aparelho no interior do corpo de cada pessoa a partir de
seu nascimento. Esse aparelho seria o ponto de controle para um dispositivo
móvel que era dado após certa idade. O perfil único do cidadão, com
estatísticas severamente precisas além de medir a porcentagem em que o qual
diz mentiras ou verdades decorrentes em cada situação.
As empresas poderiam ver o índice de veracidade antes de contratar
algum funcionário, pessoas visualizavam o perfil de cada uma ao se aproximar,
além de usá-lo para vários outros tipos de operações adicionais. O autoscan
substituía todos os antigos documentos. Ano após ano, o uso do autoscan foi
se assegurando e se tornando uma obrigação global.
A tecnologia estava no ápice por fim, e a paz estabilizada. Mas e se todo
esse patamar fosse destruído por motivos extremamente imprevisíveis?
A humanidade não esperava por eles ou melhor, os Terráqueos não
esperavam. Demoraram anos para vencer a si próprios, e não imaginavam que
existia mais uma camada para superar, ou conhecer.
- O mundo foi feito para ser justo? – Dizia a voz sobre eles. Era algo
além da compreensão. Um único invasor surgiu no ano de 2196, possuía o
dom da destruição e proclamava ódio e dor com as palavras conhecidas por
nós.
As informações sobre ele eram mínimas. Mas sabiam que ele absorvia o
conhecimento de quem o tocava, suas motivações eram vagas e misteriosas.
Em menos de 1 dia, todas as usinas nucleares foram destruídas, menos uma.
A evacuação do último local foi feita, e vários exércitos foram locomovidos para
o campo de batalha.
O mundo encontrou o medo novamente e descobriu um novo nível de
preocupação. A guerra anter durou poucas semanas, recebeu esse nome com
base no novo tipo de matéria descoberto, o anterito. O desfecho é
desconhecido, porém era dito que o invasor foi eliminado.
A utopia estava novamente, além do alcance, e o mundo precisava ser
reorganizado. A verdade sobre o início dos tempos podia estar próxima quando
a Terra recebeu mais uma visita nos dias seguintes.
1 ano depois
Episódio 1: O Sequestro
Nastell 29 de junho de 2197

Era um dia incrivelmente chuvoso em um berçário no hospital da cidade.


Vários recém-nascidos estavam colocados em uma sala vigiada por câmeras e
sensores de movimento. Existia uma ordem de proteção que seria acionada caso
ocorresse algum movimento suspeito em qualquer local do distrito. Essa ordem
consistia no encaminhamento de 9 guardas que ficariam de vigia na sala
protegendo todos os 5 bebês presentes.
Durante maior parte daquele dia a serenidade foi mantida intacta. Apenas
médicos e enfermeiras entravam e saiam do quarto, nenhuma visita era
permitida.
Ao tardar, uma complicação surgiu. O alarme de segurança foi disparado
no primeiro andar do edifício, e a ordem de proteção foi realizada.
As câmeras não deixavam pontos cegos e os guardas estavam formando
uma ronda muito eficaz. Horas passaram e nenhum comunicado era dado pelos
superiores. Um dos guardas estava fora de sincronia.
Todas imagens das câmeras eram emitidas para a sala de segurança,
que a mesma passava os comandos. Certo guarda em questão não estava
respondendo os avisos que se repetiam simultaneamente. O pior da situação era
a dúvida em que todos os presentes na sala tinham, eles não sabiam o que era
tão importante proteger e nem se uma parada para descansar traria algum
problema já que estavam rondando por muitas horas.
Depois de quase 17 horas de ronda, um guarda um pouco exausto
resolveu ajoelhar em frente à janela. Após fazer isso uma ação muito rápida que
poderia ter durado 5 segundos ocorreu. O vidro de uma das janelas se trincou
abrindo uma pequena passagem, um dos guardas havia tirado de suas mangas
algum objeto desconhecido e logo em seguida saltou do alto do prédio.
Foi um choque, todos foram até a janela ver o paradeiro do fugitivo, o
alarme soava um som muito alto e o prédio começou a trancar todas as
portas. Por fim foi percebido que o recém-nascido número 6 havia sido
sequestrado.
O fugitivo entrou em uma pequena fenda escondida entre moitas no jardim
do hospital. A queda não o esmagou devido a um mecanismo em suas mãos
que o permitia escorregar na descida efetuando atrito com a parede do prédio.
Algo que já estava planejado a muito tempo era finalmente botado em prática.
Ele corria por alguns tubos subterrâneos que o levaria no lugar desejado.
Carregava o bebê entre suas vestes.
Quaisquer mecanismos de segurança eram incapazes de detectar o
caminho pelo qual ele passava. A rota já estaria sendo desvinculada por uma
equipe especializada. No fim ele chegou no subterrâneo de um edifício de
pesquisa muito conceituado na cidade o Huntalo's Search.
Alocado em um pequeno berço, o garoto ficou a cuidados de uma
enfermeira, várias pessoas já estavam aguardando ansiosamente para a
chegada dessa criança, cujo era dito que traria a inovação para a empresa,
porém essa compania não se tratava apenas de pesquisas.
Os olhos do fugitivo se encontraram com o do poderoso chefe, Holystalker
Huntalo.
- Eis seu desejo senhor. – Apontava o fugitivo de maneira ofegante – Tudo
foi feito como planejado. – As pessoas se entre olharam, mas com um
movimentar de mãos do maior homem da sala, eles se retiraram. - Eu ganharei
minha liberdade como recompensa? – Perguntou agora com um olhar mais
tremulo. Holystalker olhou para ele e disse:
- Eu não trarei sua liberdade. – Os quase 2 metros de altura de Holystalker
não estavam mais ameaçadores que o olhar fixo que ele tinha naquela criança.
- Não seremos livres nesse mundo meu caro. – Agora ele olhava diretamente
para o fugitivo em sua frente. – Se um dia você desejar sua liberdade. É esse
garoto que vai traze-la para você.
- Mas...você disse que se eu trouxesse ele, eu e meus irmãos nos
tornaríamos livres. Porque me enganou?
- Não. Você se enganou. Trazer essa criança, é um passo para nossa
liberdade. Por hora, ela ainda deve crescer a aprender a se tornar um de nós.
- Você me enganou Holystalker! – Gritava o sujeito que já estava sendoi
retirado da sala.
Com uma inigualável herança nas costas, Huntalo's Search foi fundada
por Holystalker, filho de um bancário famoso, Olav Huntalo, que trabalhou
arduamente na construção da cidade utópica, e morreu com a decepção de ver
seus esforços serem esmagados por essa nova realidade. Holystalker formou o
edifico para criar uma organização secreta que buscaria informações e tomaria
atitudes que iriam tornar o sonho paternal em realidade. Mas de uma visão frontal
e comercial, não passava de uma grande empresa de pesquisas espaciais, para
enganar seus ocultos objetivos.
Holystalker estava sozinho com o garoto. Olhou para os olhos dele e viu
nele o olhar de seu falecido pai, nesse momento ele imaginou que a sua
presença era a coisa mais valiosa como uma espécie de déjà vu nostálgica, uma
sensação familiar e intensa, ele decidiu então dar a essa criança uma vida alegre
para que ele cresça valorizando a empresa e tudo em sua volta, e só assim
conseguir viver por futuros objetivos impessoais.
Episódio 2: Qual é o meu nome?
Nastell 5 de novembro de 2207

Os dias foram passando e o garoto cresceu isolado. Sem conhecimentos


sobre mundo fora daquele prédio, ele se tornou uma criança muito curiosa, aliás,
já havia completado 10 anos, tinha um cabelo castanho extremamente escuro e
os olhos também. Se relacionava com uma única babá desde que se conhecia,
mas antes mesmo de criar um laço, ela era trocada por outra, seus passatempos
era ver filmes e jogar alguns jogos que tinha no computador de seu quarto.
Apenas Holystalker o visitava com alguma frequência para notar suas
mudanças físicas e mentais. Ele fazia perguntas e o tratava de maneira
amigável, mas nunca parecia levar tão a sério a amizade.
Como todas as crianças que estão aprendendo sobre a vida, o garoto
tinha perguntas e essas perguntas não eram respondidas, isso criava uma
situação duvidosa em sua mente o fazendo a criticar sobre o mundo. Dentro das
perguntas mais frequentes, estavam:
- Por que não posso sair desse prédio?
- Por que a gente existe?
E uma das mais comuns e respectivamente a mais ignorada:
- Qual é o meu nome?
Holystalker sempre se livrava dessas questões com uma frase bem
consistente:
- Seu nome não é importante, você não deve se apegar a nada aqui,
quanto menos conhecer sobre o mundo, melhor, aliás você é uma criança -
Assim foi levada a vida do garoto por muitos anos, em uma insuportável onda de
dúvidas.
Todas as terças-feiras, ele assistia uma curta aula sobre elétrica que se
mesclava com robótica e programação, a aula era dada por um único professor
já idoso, e não tinha ninguém na sala com ele. Sempre teve vergonha em
conversar com as pessoas desconhecidas que raramente via.
Na saída de certa aula, o garoto estava voltando para seu dormitório e se
deparou com Holystalker tendo uma grande discussão com um funcionario.
Chegou mais perto e começou a ouvir sem ser notado:
- Eu não vou aceitar que inicie o treinamento dele da forma bruta que
tínhamos antes! – Berrou Holystalker para o homem em sua frente. – Isso não
vai criar a pessoa que eu espero dele.
- Mas senhor, todas as outras gerações se destacaram muito bem em
questão de rendimento quando trabalhamos dessa forma. O medo de morrer,
mesmo sendo mentira, fez com que as motivações crescessem se
prometêssemos dar o tratamento necessário– Debatia o homem de costas.
- Não! – Retrucou. – Ele é mais especial que os outros meros peões. Se
o rendimento foi tão bom assim, a que se deve aqueles 3 que fugiram uma vez?
- Foi um dos únicos... casos. Conseguimos cuidar dessa situação
também, você se lembra bem.
- Matar eles não foi cuidar da situação. – O garoto se horrorizou,
Holystalker puxou o homem pelos ombros e falou: – Esse garoto não pode querer
fugir, não podemos mata-lo, ele é a nossa única esperança! – Ao dizer isso,
Holystalker notou o garoto observando e ficou sem reação.
A criança assustada, correu para seu dormitório e passou a ficar
imaginando sobre o ocorrido. Holystalker ficou as próximas semanas sem o
visitar. Estava sozinho novamente. Pensava no que devia sua vida, ele não se
aguentava em tantas duvidas. A maior visão que ele tinha do mundo, era uma
janela que existia no corredor para a sala de aula. Via as nuvens e e outros
prédios, mas nunca viu o que tinha por baixo.
Nastell 21 de dezembro de 2207

Era sábado a noite quando Holystalker apareceu para falar:


- Tenho um presente para você. – Dizia. – Vou te levar para fora desse
edificio pela primeira vez em uma reunião eventual, acredito que lá tenha
crianças para você brincar.
- Que legal. – O garoto sorria e saltava, pois, estava extremamente feliz
fato que o fez esquecer as duvidas e o medo passado. Recebeu um terno
pequeno para vestir e logo então seguiu Holystalker até o elevador, local que
ele era totalmente proibido de se aproximar até então.
- Se perguntarem lá quem é você, diremos que é meu filho – Avisou
Holystalker enquanto se elevavam. – Por humilde coincidência, eu tenho um
filho da sua idade também.
- Mas e se perguntarem meu nome? – Questionou o garoto.
- O nome de meu filho é Tomy, se quiser, pode realmente se identificar
como ele. Fica melhor assim. – Respondeu. O garoto não queria se passar por
outra pessoa, o que ele mais queria era ter uma identificação, mas confirmou
mesmo assim.
O elevador ao chegar no penúltimo andar, se transformou em um veiculo
sem rodas que seguiu uma via que interligava todos os prédios da cidade. Era
uma visão fantástica, se locomoviam em uma velocidade bem rápida e o garoto
se divertia.
- Faremos assim. – Começou a falar Holystalker. – Todo dia 21 de
dezembro, prometo trazer você nesse evento, se você se comportar
corretamente não ouvindo coisas desnecessárias. – A criança se deixou levar
pela felicidade, concordando com a proposta. Pelo menos uma vez ao ano ele
poderia ter essa sensação novamente e conhecer essas coisas novas. – Um
dia garoto – voltou a falar Holystalker - você poderá andar por essa cidade
inteira. Nastell é um lugar maravilhoso, mas esconde coisas ruins também. –
Antes de ter percebido, eles haviam chegado ao destino.
Uma grande mansão com varias luzes. O ponto de chegada para eles,
era uma gigantesca torre com forma espiral que interligava as vias dos
arranha-céus. Desceram e foram em direção a porta de entrada, muitas
pessoas estavam andando. Alegria era vivenciada, pela primeira vez ele viu o
chão e também sentiu o ar puro.
Holystalker falou com varias pessoas que o interrogavam sem parar, e
varias fotos eram retiradas, mas o garoto ignorou tudo olhando para uma flor
que tinha no canteiro. Estava maravilhado com a natureza, tantas coisas
desconhecidas para conhecer que ele nem conseguia se dar conta. Holystalker
o chamou para entrar. Viu dentro da mansão varias pessoas se servindo e
conversando. Não se passava de uma grande confraternização. Sem perceber,
o garoto se afastou.
Andou por todos os lugares da grande casa, viu muitas pessoas
diferentes e observou todos os quadros. Um deles era sobre dois homens
encostando os dedos, ele achou um tanto quanto bizarro ao observar essa
obra. Foi quando ao lado dele, escutou uma risada divertida de uma menina
alegre que tinha mais ou menos a idade dele.
-Porque está rindo de mim? – Perguntou se virando rapidamente e
olhando para uma pequena garota.
-Porque você é engraçado e fica olhando para as coisas com essa cara –
Respondeu ela com um grande sorriso. Como antes a timidez já estava presente,
agora as coisas não ajudavam. Era impossível para ele não notar a beleza da
menina, um olhar puro e sorriso alegre com o cabelo rosado e olhos castanhos,
em questão de alguns segundos ele conseguiu pensar em uma resposta.
- Sua cara também é engraçada – Disse ele.
- O que? Está me chamando de estranha? – A menina ficou triste e se
afastou. O garoto pensou que devia ir atrás, não era isso que ele quis dizer. Ao
se aproximar ela disse: - É brincadeira eu não fiquei mal não. – Voltava a dar
risadas. Ela se apresentou, seu nome era Lavíne e tinha 10 anos assim como
ele.
Quando mal percebia, Lavíne o puxava pelo braço e os dois passaram a
caminhar juntos conversando, não havia tido contato com meninas de sua idade
antes, e aquela talvez foi a primeira que ele se sentiu atraído. Fez varias
perguntas de coisas cotidianas, e ela se sentia muito feliz ao responder.
Conversaram e brincaram rindo juntos por horas, no fim ele se deu conta que
estava perto do momento de ir embora e uma grande tristeza despertou.
-Antes de ir embora, me diga seu nome - Exigiu Lavíne.
-Bem... meu nome? – Ele não queria dar um nome falso, ou o nome de
uma pessoa que ele não era. -Não quero falar sobre isso. – Afirmou.
- Se você não falar seu nome, eu vou te dar um nome que eu escolher –
Disse a garota exalando um lindo sorriso.
- Não posso falar... eu... não me chame de nada, estou acostumado com
isso mesmo. – Disse de uma forma desconfortável.
- Seu nome será... – Lavíne estava pensando bastante olhando o garoto
e trocando os dedos das mãos rapidamente. - Gyorai!
- Gyorai? – Perguntou. Havia se surpreendido muito com isso.
- Sim, o nome de um personagem que eu gosto. Ele tem esse nome!
Gyorai!
O nome dado por uma garota recém conhecida, mas no fundo foi sua
primeira identificação. Estava muito feliz e animado com isso, pensou que esse
deveria realmente ser seu nome.
- Gyorai! Pode me chamar assim então! – Ao dizer isso, Gyorai viu
Holystalker se aproximando no fundo do salão, e notou em como o tempo havia
passado tão rápido. Estava triste por deixar a menina sem previsão de revê-la
novamente e feliz por ter uma identificação. – Acho que tenho que ir embora... –
Disse ele tristemente olhando para o chão.
- Ano que vem, você estará aqui para podermos nos reencontrar? –
Perguntou ela.
- Sim, vamos nos ver ano que vem então. – Combinou Gyorai com Lavíne.
- Não esqueça tá? – Perguntou Lavíne.
- Nunca esquecerei! – Prometeu Gyorai. Assim foi a despedida dos dois,
Holystalker o puxou pelo braço e o forçou a retornar.
Voltou para o dirigível com pensamentos fixos nessa menina. Holystalker
nunca iria saber desse novo nome adquirido. O próximo ano deveria ser
vivenciado sem problemas de comportamento em Huntalo's Search para poder
retornar a esse evento e reencontra-la. Gyorai passou a sonhar com Lavíne com
frequência sentindo fortes sensações.
Episódio 3: O conhecimento
Gyorai

Nastell 15 de fevereiro de 2208

Não era tarde demais para descobrir coisas novas no edifício que passou
a vida inteira. No decorrer daquele mês, Gyorai foi levado para o andar que se
localizava no subsolo do edifício. Um novo quarto foi dado, dessa vez, deveria
dividir com um jovem um pouco mais velho que ele. Seu nome era Wise, cabelos
loiros e muito antipático. Passava horas trabalhando com equipamentos elétricos
e nunca falava nada.
Esse dia era muito aguardado. Holystalker havia deixado claro que o
treinamento mais abrangente seria dado a partir de agora e que as pessoas o
chamariam de DX225. Gyorai apenas arrumou suas coisas no novo quarto
sabendo que deveria ir para o salão principal em alguns minutos.
- Vou deixar algo claro para você. – Disse Wise de uma forma inesperada
enquanto segurava vários fios que enrolava com a mão esquerda e chegavam
de um grande aparelho que tinha forma curiosa. – Não mexa nas minhas coisas
e nem fale comigo.
- Tudo bem. – Afirmou Gyorai tentando entrosar e garantir uma amizade.
- Não quero que você atrapalhe meu maravilhoso projeto. – Wise
focalizava seu olhar no que estava fazendo com as mãos durante a fala.
- Do que se trata o projeto? – Perguntou curiosamente. Era visto vários
televisores usados jogados no quarto e todos pareciam conectados entre si.
Alguns computadores antigos também estavam entrelaçados, parecia um
sistema feito em meio de varias gambiarras.
- Algo que sua mente não pode compreender. – Respondeu Wise sem
demonstrar muita atenção.
- Eu posso te ajudar, vamos dividir o quarto, seria legal ter algo diferente
para fazer. – Sugeriu Gyorai. – Aprendi muita coisa sobre elétrica quando vivia
lá em cima. – Completou.
- Você viveu lá em cima? – Perguntou Wise. – Não quero sua ajuda. Deve
ser um preferido mimado igual aquela menina. Esse projeto é meu, não seu e
muito menos nosso. Entendeu?
- Só queria ajudar. – Disse um pouco desanimado com a situação.
- Quer ajudar mesmo? – Perguntou Wise. – Cale a boca, e finja que não
existe.
Gyorai se surpreendeu com a grosseria do sujeito. Se retirou do quarto e
se dirigiu ao salão principal. A região do subsolo era muito mais suja e escura do
que o local que havia vivido. Atravessou um enorme corredor que continha várias
portas de provável outros quartos e no fim desceu por uma curta escada. No
local havia muitas crianças como ele, que se enontravam observando o
ambiente. O salão principal era largo no centro havia uma arquibancada onde
dava para ver Holystalker. Nas laterais existia vários guardas com capacetes e
roupas escuras. Acima dava para ver uma travessa onde passava algumas
pessoas, todos mais velhos, com excessão de uma pequena garota que ficava
encarando Gyorai de longe.
- Finalmente vocês estão aqui. – Disse Holystalker. Sua voz estava
extremamente alta, provavelmente devido a algum objeto eletrônico. – Vocês
farão parte da maior revolução conhecida nesse mundo. – Holystalker levantava
seus braços e falava com muita empolgação. – Todos aqui presentes podem ser
chamados de qualquer coisa, mas para mim, a melhor forma de denomina-los é
de futuro, o nosso futuro e de toda a humanidade.
- Você não acha isso estranho? – Disse uma voz por trás de Gyorai.
- Eu? – Gyorai se virou rapidamente. Um garoto moreno de olhos puxados
e cabelo bem liso havia falado com ele no meio do discurso. – Bom eu acho
sempre confuso já que não sei de muita coisa.
- Isso mesmo – Disse o garoto. – Como seremos o futuro se muitos aqui
nem sabem sobre o passado? – Afirmou ele dando uma risada.
- A partir de hoje. –Holystalker continuou a falar. – Vocês serão
submetidos a uma rotina de estudos e treinos muito rígida. Alguns não sabem a
resposta para tudo, mas... – Ele dizia essas palavras olhando para os olhos de
Gyorai. – Agora terão as respostas que querem. Informação será necessária,
quero que desenvolvam algo muito mais precioso que apenas conhecimento
puro. Quero que vocês desenvolvam sabedoria e demonstrem para mim.
Quando a hora certa chegar, vocês estarão prontos para o mundo lá fora. –
Holystalker saiu da arquibancada e todos ficaram meio perdidos sobre o que
fazer.
- Você sabe o que devemos fazer agora? – Perguntou Gyorai para o
garoto.
- Sim. – Respondeu ele. – Aquele Hunter ali, com um capacete de luzes
verdes. Temos que seguir ele.
- Hunter? – Questionou Gyorai.
- É o nome desses soldados cara. Você não sabe de muita coisa também,
não é? – Questionou. - De onde você veio?
- Bom... Eu vim lá de cima. – Disse Gyorai.
- Como assim? Lá de cima você quer dizer Nastell né? Eu só queria saber
o bairro.
- Não... eu morava nesse prédio, só que lá em cima. – Especificou.
- Mas... então você é o único que conheço assim. Você deve ser alguma
das exceções.
- Quem? Mas como assim? – Gyorai e o garoto começaram a seguir o
fluxo que andavam em direção ao guarda enquanto conversavam. – De onde
você veio?
- Eu fui vendido. Sou da região pobre de Nastell, eles queriam o filho mais
jovem, acabei chegando faz uns 5 meses.
- Nossa. – Se impressionou Gyorai. – Você deve saber várias coisas né.
Deve ter até um nome.
- Sim. – Respondeu ele. – Meu nome é Nick.
- Prazer Nick. – Gyorai cumprimentou o garoto. Estava muito contente por
ter feito uma amizade.
- E o seu? – Perguntou Nick.
- Bem. É... Gyorai. – Disse ele meio confuso.
- Nome legal, é em homenagem a alguém? – Questionou Nick.
- Sim, eu acho... tenho que lembrar de perguntar isso para minha amiga.
Gyorai seguiu Nick junto da multidão de crianças. Várias salas foram
apresentadas a eles. A maioria eram laboratórios de informática com um grande
espaço central. O local que mais chamava atenção era um comôdo gigantesco
que dentro continha imensos blocos. Era a sala de treino de escalada.
Basicamente uma espécie de aula de parkuour. Nick e Gyorai desenvolveram
bem a amizade deles nos dias que seguiram. Gyorai se encontrou em uma dura
rotina. Não se dava muito bem com o companheiro de quarto, a pressão nas
matérias que aprendia era grande e também não recebia mais visitas de
Holystalker. Durante as noites, o garoto tinha muita saudade de Lavíne e ficava
pensando se reencontraria ela novamente no evento daquele ano.

Data..

Todos receberam um dispositivo chamado autoscan. Gyorai entrou para


a aula de sistemas internos e observou que era o único da sala que ainda não
havia recebido um.
- Nick, quem te deu esse aparelho? – Perguntou Gyorai se sentando ao
computador que ficava ao lado de seu amigo.
- Todos receberam visita de um Hunter essa manhã. Você não?
- Não. – Gyorai estava desmotivado. – Esse é o aparelho que todo ser
humano deveria ter, não é? Você que era de Nastell não tinha um já? Vulgo...
dizem que recebem assim que nascem.
- Sim – Respondeu Nick. – Eles tiraram o meu, provavelmente forjaram a
morte do meu autoscan e deram esse alterado. Ouvi falar que esse que
recebemos aqui não pode ser detectado por ninguém. – Os dois foram
interrompidos pelo professor que estava prestes a iniciar a aula. Gyorai tinha
mais dúvidas, porém as deixou em silêncio.
No fim do dia estava em seu quarto fazendo suas tarefas no computador
quando Holystalker apareceu.
- Aqui está. – Dizia ele entregando um aparelho transparente com 3
botões apenas.
- Obrigado... – Agradeceu o garoto. Começou a observar seu autoscan.
Era bem bonito e fácil de carregar, pensou.
- Você sabe. – Começou a falar Holystalker. – É um aparelho que simula
o verdadeiro. Não tem o chip integrado que calcula taxas de veracidade nem
nada desse tipo. Mas é bem útil para comunicação e futuramente para integrar
aplicações.
- Entendo – Disse Gyorai. – Mas porquê resolveu vir aqui só hoje?
- Eu queria fazer essa entrega pessoalmente. Percebi de longe que você
estava ansioso para receber o seu. Você tem que saber de algo antes, é proibido
que passe o código de acesso do seu autoscan para qualquer pessoa que não
seja desse prédio entendido?
- Sim – Gyorai ouviu a informação que ele já temia.
- Certo, não se esqueça disso. - Holystalker estava olhando para porta
desde que havia entrado no quarto. – Entre. – Disse ele. Uma garota loira de
olhos azuis bem claros entrou. Estava com os braços cruzados, e um pouco
emburrada. – Essa é Ellis, queria lhe apresenta-la a algum tempo.
- Olá. – Disse ele. A garota estava bem séria e parecia irritada com algo.
Não respondeu nada.
- Ela vai passar por uma cirurgia amanhã. Quando retornar quero que
vocês trabalhem juntos. Serão uma dupla forte por aqui. - De longe Wise
observava as coisas com um olhar de desprezo. Estava pendurado no teto
conectando algum cabo, mas havia parado para ouvir a conversa.
- Não olhe com essa cara nojenta Wise. – Disse Holystalker. - Você
preferiu se dedicar a esse projeto patético ao invez de seguir a rotina dos outros.
Apenas veja aonde seu companheiro vai chegar. – Wise ficou furioso, mas
ignorou. – Bom, vamos indo Ellis. Até mais Gyorai.
- Nós iremos no evento de fim de ano ainda né? – Perguntou Gyorai
enquanto Holystalker se retirava.
- Claro. – Respondeu ele. – Você esta cumprindo o que prometeu e se
manteve longe de problemas. Minha palavra é valiosa – Gyorai sorriu e
Holystalker saiu da sala.
- Maldito – Disse Wise fechando os punhos e jogando uma chave de fenda
no chão com muita força. – Eu irei jogar a primeira pedra que se elevancara em
uma avalanche sobre aqueles que me disseram que seria impossível.
- Eu acredito em você Wise. – Disse Gyorai tentando acalmar o
companheiro.
- Só eu acredito nisso. – Respondeu ele. –Vá para o inferno seu muleque,
você e esse Hollystalker idiotas. Um dia vocês verão...
Gyorai se deitou procurando esquecer as provacações de Wise. Estava
muito alegre com a confirmação. Voltou a estudar com muito empenho nos dias
que se sucederam. Estava ansioso para ver Lavíne novamente. Nick o ensinou
a usar o autoscan. Agora conversavam com muita facilidade pelo aparelho.
Gyorai perguntou tudo sobre a antiga vida de Nick em Nastell. Todos os dias
descobria pequenas informações novas que eram muito uteis.

data

O tempo havia realmente passado rápido. Gyorai acordou com um


lembrete em seu autoscan despertando com muita força.
- Me deixe dormir seu inútil. – Gritou Wise do outro lado do quarto.
- Finalmente – Disse Gyorai se deitando com um grande sorriso no rosto.
Era o dia de ir para o tão aguardado evento.
Episódio 4: Interior obscuro
Nastell 21 de dezembro de 2208

Vendo aquele caminho que seguia pelo horizonte dando uma curta visão
da vasta cidade de Nastell, Gyorai estava extasiado por rever uma garota que
conheceu ano passado. As perguntas não paravam de ecoar em sua mente:
Será que ela vai estar lá? Será que ela ainda se lembra? Chegando na base
que interligava os arranhas-ceus ele finalmente desceu e foi direto para o
interior da mansão.
Estava mais velho, tinha mais conhecimento do que a 1 ano atrás, não
se sentia mais burro e ignorante. Deu uma curta volta pela mansão inteira,
passando por mesas, obras de arte e várias pessoas, mas não estava
encontrando Lavíne, sentia seu coração bater muito rápido, era o medo e
ansiedade trabalhando em união, medo de não a encontrar, mas se encontar o
medo era de sentir vergonha.
Parou um pouco para se acalmar, sentia o peito borbulhar, se serviu
com um dos aperitivos que estavam oferecendo, andou mais devagar até
chegar no local dos quadros, foi ali, 1 ano atrás o local onde havia encontrado
a garota.
- Oie tudo bom? – A voz familiar ressoava por trás dele, logo se virou e
viu Lavíne. Ficou nervoso, ela usava um vestido preto muito bonito, só de ouvir
aquela voz tão antiga lembrou da felicidade daquele dia que a conheceu, o
nervosismo aumentou, porém se concentrou para responder.
- Oi... estou bem sim... e com você?
- Maravilhosamente bem, achei que não te veria aqui Gyo.
- Mas... eu que achava que você não ia lembrar da nossa promessa... –
Ele estava muito contente por ela ter lembrado disso e principalmente do nome
dado.
- Como eu não iria lembrar? – Lavíne puxou Gyorai pela manga da blusa
e o abraçou. Ele percebeu que os dois tinham a mesma altura aparentemente.
Após o abraço, ela chamou para brincar fora da mansão, eles correram até lá,
ficaram andando pelo campo, conversaram sobre suas vidas, Gyorai sempre
tentando esconder que vivia praticamente em um cativeiro, e Lavíne contava
fantásticas histórias de uma vida divertida indo em uma escola normal com
amigos legais e voltando para casa com sua família.
- Minha mãe está trabalhando em Huntalo Search. – Disse ela enquanto
eles davam a centésima volta no pequeno lago.
- O que ela faz por lá? – Perguntou Gyorai preocupado, não queria ela
envolvida com essa gente.
- Ela disse que pesquisa sobre os anter-humanos, mas nunca conta
sobre o trabalho.
- Ata. Eu nem sei o que é isso... parece ser um trabalho legal.
- É sim, tudo veio dando certo em nossa família depois disso. – Lavíne
deu um lindo sorriso, Gyorai retribuiu fazendo o mesmo, logo uma mensagem
em seu autoscan chegou dizendo: “Vamos embora, se despeça logo”.
- Tenho que ir... – Disse ele, queria pensar em uma forma de tornar a
despedida valer a pena, mas não tinha coragem para algo grandioso como um
beijo.
- Tudo bem... me diga, tem como você me passar seu código de acesso
do autoscan? Podemos conversar durante o ano. – Lavíne levantou seu
autoscan era praticamente transparente e muito pequeno.
- Bem... – Gyorai ficou chocado, aquilo era algo que ele queria evitar,
não podia passar um código de acesso, era realmente proibido, logo então
sentiu lagrimas escorrendo no seu rosto. – Desculpe... eu não posso. – Disse
de forma extramente triste.
Lavíne parecia ter entendido e colocou a mão no rosto do garoto. – Tudo
bem, não fique assim. – Ela deu uma gargalhada leve tentando anima-lo.
- Um ano demora muito... eu gostei muito de te ver, nunca me senti...
assim... queria pular o espaço de 1 ano da minha vida agora para te ver aqui
mais uma vez.
- Aconteceu muita coisa nesse tempo, é difícil ignorar – Dizia ela. Lávine
puxou o laço que segurava seu vestido e o retirou. – Toma, para você se
lembrar de mim. – Gyorai segurou o laço, sentiu nele o cheiro da garota. Queria
ter dito algo a mais, porém não conseguiu.
- Adeus. – Disse se movendo lentamente. Havia visto Holystalker saindo
da mansão então tinha que se apressar.
- Não se esqueça de mim. – Pediu Lavíne enquanto ele estava se
retirando, Gyorai apenas sorriu e acenou.
Holystalker estava triste no caminho de volta, Gyorai perguntou porque
estava assim, logo ele disse:
- Aquela linda garota... Ellis não sobreviveu a cirurgia.

Nastell 14 de março de 2209

Aquele ano havia começado numa frequência agradável. Gyorai


aprendeu inúmeras coisas nas aulas que se decorriam. Com o tempo mais
sites eram liberados para que ele acessasse. Certa vez, ele acordou num
domingo e percebeu Wise desmaiado no centro do quarto.
- Wise, tudo bem cara? – Perguntou. Não havia tido resposta. Com uma
pequena observação viu que ele desmaiou em trabalho, havia cabos elétricos
em suas mãos, ambos complexos. Pelo monitor notou que ele havia
energizado os cabos para alguma função, ou seja, aquilo era uma situação de
risco para ele, talvez algum movimento enquanto dormia podia se decorrer em
um grave acidente. Gyorai tirou os cabos da mão de Wise e o empurrou para
que não se machucasse.
- O que? – Disse Wise assustado com o ocorrido acordando
inesperadamente. – Que merda você fez comigo?
- Você desmaiou com esses cabos na mão, acho que te salvei, não é?
- Seu maldito! Maldito, porque me acordou, por que não cuida da sua
vida?
- Caramba Wise, eu te ajudei cara.
- Não ajudou, já falei que você só ajuda calando a boca e ficando na sua
sendo um inútil de merda. – Wise levantou furiosamente dando um empurrão
em Gyorai que caiu no chão batendo com a cabeça na parede próximo a uma
liga de um metal especial. Wise riu.
- Você é um saco, devia se tratar. – Gritou Gyorai que saiu do quarto
com muita raiva, estava com a cabeça sangrando, provavelmente machucou
nas pontas soltas de ferro grudadads na parede. Lembrou que no domingo
todo o edifício ficava fechado em um modo de segurança. Não tinha
Holystalker por lá e nenhum outro atendimento médico para socorrer ele.
Pensou em falar com Nick, logo fez uma chamada em seu autoscan.
- Você pode me ajudar Nick? – Perguntou.
- Pode falar Gyo. – Respondeu ele.
- Acho que me machuquei, estou com a cabeça sangrando e tem
ninguém para me ajudar agora.
- Venha aqui! – Avisou Nick com um tom sério. – Minha amiga vai te
ajudar ela tem bastante conhecimento sobre medicina.
- Ta... ok... estou indo. – Gyorai pensou três vezes sobre isso. Ele nunca
havia ido na zona inferior onde estava, o dormitório de todos os outros
estudantes era proibido para ele. Mas não tinha nada impedindo naquele dia.
Havia uns 2 hunters rondando e eles nem iriam perceber. Aquele ponto Gyorai
percebia que não seria punido tão gravemente quebrando apenas aquela regra
pois, nesse caso envolvia sua saúde.
Desceu 4 andares pelas escadas. O local que ele passava fedia muito.
Sentiu vontade de vomitar ao ver musgo pelo corrimão do local, as luzes eram
amarelas dando um ar totalmente negativo para aquele lugar. Ao chegar no
andar dos dormitórios ele ficou horrorizado com o que via. Parecia um presidio
ou algo totalmente nojento para se viver. Os quartos eram celas, uma de frente
para outra, com roupas penduradas sobre as grades e várias pessoas
amuntuadas conversando nas camas ou deitadas no chão. Andou calmamente
procurando seu amigo e percebeu todos o encaravam com um olhar de ódio.
- Venha aqui. – Disse Nick puxando pela mão no seu lado esquerdo.
Nem havia visto que tinha passado por ele. Entrou no quarto onde tinha uma
mulher mais velha. – Essa é Luisa, cuida das pessoas aqui com frequência, ela
estava próxima quando vc me ligou.
- Oi Luisa. – Se enturmou acenando. Ela vestia uma roupa bem suja e
tinha o cabelo castanho claro. Parecia ser uma mulher muito experiente.
- O que aconteceu com você? – Disse ela olhando o corte na cabeça. –
Parece que não é uma fratura profunda, sorte.
- Sim, eu caí e bati em algum ferro, nem vi direito.
- Ferro? – ela se intrigou. – Vamos vacinar você então. Pode correr o
risco de pegar tétano, isso seria bem prejudicial.
- Me vacinar? – Questionou. – Para que? Holystalker me disse que eu
não preciso disso.
- Como não? – Disse Nick sentado na cama. – Você nunca se vacinou
antes?
- Acho que não... não que eu me lembre na verdade. – Eles esperaram
alguns minutos até que Luisa chegou com uma seringa.
- Vem aqui. – Disse ela. – Todos precisam se vacinar, isso é muito
importante. – Ela procurou a veia no braço de Gyorai e logo injetou a agulha, a
pele foi perfurada e nada ocorreu. – Como assim? – Disse ela.
- O que foi? – Perguntou Gyorai.
- Eu não consigo passar da sua pele. – Disse Luisa. Um pouco de
sangue escorria e ela fazia mais força.
- Que merda é essa cara. – Disse Nick olhando de perto para tentar
entender. A agulha da seringa não perfurava nada mais além da pele, a carne
do corpo parecia ser impenetrável.
- Você nunca se machucou gravemente? – Perguntou ela.
- Como vou me machucar se nunca saio desse lugar? – Respondeu ele.
Ela se assustou. Uma troca de olhar entre ela e Nick foi feita. Logo depois um
alarme disparou. Um som bem agonizante foi tocado.
- Droga. – Disse Nick. – Venha aqui sente-se agachado e coloque a
cabeça na grade – Avisou ele.
- Certo – Gyorai se agachou. Olhou no inicio do corredor 2 Hunters
negros entrarem. Os hunters negros era uma patente mais alta, raramente via
esses soldados por lá. Eles entraram e todos nas celas ficaram agachados e
com a cabeça encostada.
- Um dois... um dois... três... quatro... – Ficava repetindo um dos hunters
contando as pessoas dentro das celas. Quando passou na cela onde eles
estavam que foi dito. – Um... dois... espera. Aqui.
- Aqui está ele. – Disse o segundo Hunter.
- Como se atreve a sair do seu quarto e vir até aqui DX225? – Berrou um
deles. – Foram esses merdas que o trouxeram aqui. – Disse enquanto dava um
grande soco na grade com suas luvas metálicas. – Vem aqui logo. – Disse ele
puxando Gyorai e colocando ao seu lado. – Tomem isso vocês – Deu mais um
soco na grade, mas dessa vez descarregou uma quantidade elétrica dando
choque em todos ali presentes. Todos se agonizaram e pareciam ter
desmaiado. Gyorai ficou com muita raiva, olhou para Nick desmaiado e pensou
que aquilo não era justo, aquelas pessoas não mereciam aquilo.
Gyorai foi levado para seu quarto. Passou a pensar no ocorrido, aquelas
pessoas viviam naquele inferno, eram tratados como prisioneiros de fato. Ele
pensava que já era um priosioneiro, mas notou que tinha mais sorte do que
pensava. Mas o seu corpo? Se ele não era normal, o que ele era? Tinha que
resolver essas duvidas o mais rápido possível.
Nastell 23 de março de 2209

No decorrer das aulas, os outros estudantes estavam com raiva de


Gyorai, e apenas Nick conversava com ele.
- Nunca mais vá na nossa casa seu imundo. – Disse um garoto qualquer
no final de uma aula de Redes de computadores. Isso ocorria com frequência,
todos sentiam raiva, mas nunca tentaram algo violento como agressão física, o
medo das regras era nítido.
- Gyo. – Disse Nick quando eles arrumavam as matérias para se retirar.
– Luisa disse que quer falar com você, tem que procurar ela.
- Você acha que vou lá denovo? – Respondeu de forma séria. – Eles vão
querer me matar, não quero causar problemas.
- Certo... vou falar com ela sobre isso.
O tempo se passou e Gyorai sentia-se mal por ser visto com tanto ódio
pelas pessoas. Foi no final da tarde que Luisa o contatou pelo autoscan com
uma mensagem de texto, dizendo: “ Usei um resíduo de seu sangue que ficou
na minha agulha para alguns testes e descobri. Anter-humano, é isso que você
é”.
- Anter... humano? -Gyorai não sabia o que era, tentou pesquisar sobre
o assunto, mas era uma palavra chave bloqueada em seu acesso. Lembrou
que Lavíne havia dito, que era isso que sua mãe trabalhava nessa empresa.
Estava preocupado com tal fato.
Nastell 6 de setembro de 2209

Holystalker visitou Gyorai depois de muito tempo. Entrou no quarto


interrompendo o trabalho de Wise que se irritava como sempre.
- Estive trabalhando em algo para você. – Afirmou ele se sentando ao
lado na cama.
- Alguma forma de esconder mais sobre mim mesmo? – Perguntou
alfinetando, já que ele imaginava que a esse ponto Holystalker já teria visto os
históricos de busca sobre a palavra anter-humano.
- Você está realmente evoluindo. – Holystalker parecia que iria iniciar um
dos seus clássicos discursos, Gyorai não queria ouvir aquilo. – É justamente o
contrário que venho trazer a você hoje. – Isso conquistou a atenção de Gyorai
que ficou esperando ele falar o que realmente tinha a oferecer.
- Primeiro, pegue isso. – Holystalker puxou um colar que tinha no bolso e
entregou. Existia nesse colar uma espécie de talismã, objeto triangular
pequeno de cor azul claro.
- O que é isso? – Perguntou.
- Algo que estudei durante anos. Um algoritmo intenso criado sobre uma
placa magnifica que trabalha numa velocidade incrível, é chamado de Oblyton.
– Holystalker puxou sobre seu peito e tinha o mesmo colar, na verdade era a
metade do colar que estava com Gyorai. – São peças gêmeas, o algoritimo
trabalha como uma forma de detecção de alto processamento. É uma
ferramente que pode ser estudada durante anos. Queria entregar a você, como
representação de que o vejo como um filho, uma pessoa que confio meu futuro.
- Obrigado..., mas... – Gyorai não estava contente com aquilo no fim,
parecia mais uma das intenções de tentar ser amigável. Estava farto de tudo
aquilo. – Isso não é uma resposta para nada que quero. Recentemente,
descobri que sou um anter-humano. Por que o senhor não me fala sobre isso?
Presentinho não vai me ensinar nada, quero que me conte.
- Eu disse, que vou te dar tudo. – Afirmou Holystalker. – Tem 12 anos...
você já merece saber mais sobre si. Me dê seu autoscan.
- Toma. – Gyorai entregou jogando com um pouco de revolta.
- Você vai receber uma companhia, alguém que vai estar com você em
todos os momentos e que poderá lhe dar todas as respostas que você quer.
- Como assim? – Perguntou ele. Lembrou da garota Ellis mas parecia
que ela havia morrido na cirurgia. Ela que iria ser a parceira que ele havia
ouvido.
- Adriss é o nome dela. Desenvolvi durante esse ano com ajuda de
especialistas, uma inteligência artificial única para você. Ela é a maior
tecnologia que temos, e é apenas sua. – Holystalker entregou o autoscan.
Gyorai sentiu um som ressoando em seu ouvido.
- Olá, trabalharemos juntos daqui em diante, meu nome é Adriss, farei
tudo que você pedir.
- Incrivel... – Gyorai estava fascinado, ela responderia tudo para ele?
Será que ela teria permissão para fazer pesquisas mais profundas sobre o que
ele queria saber? Estava muito ansioso para descobrir isso. – Obrigado... acho
que era isso que eu sempre quis... – Parecia ter esquecido os motivos com os
quais ele estava irritado.
- Muito bem Dx. – Disse Holystalker se levantando. – Mas quero algo em
troca.
Sentiu que estava bom demais para ser verdade. – O que? –
Perguntou.
- Desenvolva algo para mim utilizando a tecnologia que te dei hoje. Você
tem 5 anos. Até antes de você se formar em um Hunter, quero isso, algo
relevante, grandioso, que faça a diferença.
- Certo... – informou ele. Não parecia uma tarefa fácil, mas ele tinha
tempo livre para isso, e motivação também. Certamente conseguiria realizar. -
Holystalker se retirou do quarto, e logo após Gyorai conheceu sua mais nova
amiga, parecia uma pessoa com sentimentos, Adriss falava de formas e tons
de vozes diferentes, e estava sempre a disposição.
- Então, você quer saber o que é um anter-humano? – Disse ela.
- Sim.
Episódio 5: Tempo sombrio
Nastell 21 de dezembro de 2209

Gyorai sabia o que era um anter-humano agora, porém isso não


significava nada uma vez que ele não entendia sua própria origem. Parou de se
perguntar naquele dia, era um momento sagrado onde guardava suas dúvidas
para depois. Passou o dia ansioso para encontrar Lávine.
- O senhor ficou com o coração extremamente acelarado hoje, devo me
preocupar? – Perguntou Adriss. O som saia em um pequeno dispositivo
alocado em seu ouvido que não era auditivo a pessoas próximas.
- Eu já te falei... estou ansioso para encontar aquela garota. –
Respondeu ele sussurrando deitado na cama, Wise o olhou com uma cara
irritada enquanto trabalhava na bagunça de seu projeto.
- Acho que o certo era tomar distancia de coisas que prejudicam seu
rendimento. – Disse ela, parecia fria.
- Mas tem momentos que eu quero que meu rendimento seja
prejudicado... é por um bom motivo, não é?
- Essa é apenas mais uma de suas desculpas.
- Talvez... – Gyorai sabia que era verdade. Não havia nem tentado
começar a criar algo que surpreendesse Holystalker, apenas se acomodou em
sua rotina sem atitudes que mudariam alguma coisa, mas que motivação ele
teria para isso?
- Acho que depois de hoje terei um animo para seguir em frente Adriss.
- Espero que sim... – Respondeu ela. – É tedioso acompanhar alguém
que vive uma vida chata.
- Acho que sim... - Consentiu
Holystalker o chamou quando estava anoitecendo. Seguiu pelo caminho
de sempre para encaminhar pelo trilho que o levaria na mansão como de
costume. De longe se deu conta que a cada ano era uma luz diferente que
iluminava a entrada, os enfeites de natal continuavam iguais.
- Hey cuidado como sempre. – Disse Holystalker. – Não vá procurar
chamar muita atenção.
- Tudo bem. – Confirmou. Seguiu seu caminho em busca da garota que
era apaixonado. Não estava tão nervoso como da ultima vez, aprendeu a
controlar isso, pelo menos, era um avanço. Chegando na sala dos quadros ele
parou por lá e ficou na espera.
Demorou um tempo até perceber que talvez o ponto de encontro dos
dois pudesse ter mudado para o lago, local que se encontraram da ultima vez,
então ele foi até lá. Não tinha ninguém. Resolveu esperar ali mesmo olhando
as pessoas que chegavam.
- Ela não vai vir – Disse Adriss.
- Possivelmente está atrasada. Tenho certeza que virá.
- Então talvez seja melhor procurar lá dentro denovo. – Sugeriu ela. ‘
Gyorai seguiu até o interior da mansão, observou os adultos que
estavam por lá, sem encontrar um rosto familiar, não tinha outras pessoas de
sua idade. Com o tempo seu coração começou a apertar, foi um pequeno
choque começar a considerar a possível realidade onde ela não iria mesmo
aparecer.
- Será que ela se perdeu – Disse ele rindo tentando acalmar buscando
uma desculpa.
- Seria improvável os país dessa Lavíne se perderem depois de tantos
anos vindo aqui. – Adriss era literalmente fria.
- Não, mas... eu não sei... por que eu não encontro ela então?
- Já disse... ela não veio.
- Você não entende Adriss. Temos um trato de todos os anos vir aqui. É
por isso que obedeço sempre Holystalker, para poder ver ela. – Gyorai estava
começando a falar alto com Adriss, saindo da mansão mais uma vez para
tomar ar fresco.
- O senhor que não entende. Ela é uma criança assim como você. Esse
trato não tem relevância nenhuma se os país dela resolverem não vir. É uma
decisão bastante plausível, as pessoas as vezes não vão para os lugares.
- Mas... eu espero o ano todo por isso... achei que ela também... –
Gyorai estava sentado na grama nesse momento, ninguém mais parecia
chegar na festa, seu medo era real, e seu desespero aparente.
- As coisas são assim. Nada é para sempre. – Sussurou Adriss.
Gyorai não suportava ouvir aquilo. Quando se deu conta estava
transborando de lagrimas, Adriss percebeu.
- Desculpe... eu não queria fazer mau. – Ele ignorou, estava
inconsolável. O tempo passou e a situação não mudou. Holystalker veio busca-
lo e quando menos esperava, já estava voltando para seu “lar”.
Nastell 14 de fevereiro de 2209

- Tenho uma informação. – Disserá Adriss naquela manhã.


- Bom dia... O que é? – Perguntou ele se levantando e indo tomar seu
café da manhã que estava em uma gaveta do armário.
- Pesquisei sobre Lávine. – Gyorai sentiu um aperto no coração por ouvir
esse nome, passou os últimos meses se lamentando e sentindo uma saudade
insurdecedora, via ela nos sonhos e tinha sempre um momento do dia que
ficava triste se lembrando dela.
- O que encontrou?
- Bom... nada.
- Como assim? – Perguntou ele.
- Não tem ninguém aqui em Huntalo’s Search que tem uma filha com
esse nome, logo, podemos assumir que a mãe dela foi demitida. Por isso ela
não aparecerá mais nessa reunião.
Gyorai ficou sem resposta. Pensou sobre isso o dia todo. Comeu sua
barra de cereais pela manhã, estudou com Nick pela tarde, treinou na sala de
parkuor a noite, isso se repetia todas as semanas. Estava prestes a decidir o
que fazer. O sofrimento da saudade e da perda estava acabando com ele. Era
ridículo ter que suportar tudo aquilo. No final daquela noite Gyorai chamou
Adriss.
- Faça um favor para mim Adriss.
- O que o senhor desejar.
- Não me chame mais de “senhor”. Meu nome é Gyorai para você
também.
- Gyorai? Acho... que podemos trabalhar assim então senhor, vulgo,
Gyorai.
- Obrigado... sinto que posso ter você como minha amiga... isso me
ajudaria a superar ela.
- Fico extremamente grata de ajuda-lo a supera-la Gyorai. Embora seja
lamentável sua amiga ser uma inteligência artificial. – Gyorai ficou feliz e
pensativo por um instante. - Mas o que você realmente precisa? – Perguntou
ela.
- Quero entender minha origem, entender por que sou um anter-humano.
Sim. O conhecimento era algo que ele almejava com todas as forças.
Não podia confiar no que tinha em sua volta. Adriss o ajudou a descobrir sobre
uma entidade que visitou o planeta Terra nos últimos anos, e também na
destruição que isso trouxe para o mundo. Na tentativa desesperadora de criar
algum tipo de oponente para o inimigo que semeava o caos, várias operações
de criação de um super-soldado com o DNA do invasor foram financiadas.
Segundo Adriss, Gyorai definitivamente foi a tentativa que deu certo, aliás,
praticamente nenhuma havia funcionado até então.
- Você talvez seja o único anter-humano na Terra Gyorai, entende o
quanto você é valioso?
- Sim... – Pensava com grande intensidade no assunto antes de
responder. – Acho que Holystalker só tem interesse por mim...
- Você foi sequestrado quando ainda era um bebê. Acho que isso
sempre foi óbvio.
- Obrigado Adriss.
Gyorai já sabia que uma responsabilidade estaria surgindo em suas
costas. Seu sonho de encontrar Lavíne nunca será realizado se ele
continuasse na mesmice.
Nastell 8 de julho de 2212
Esses anos se passaram muito rápido. Gyorai treinou seu corpo suas
habilidades como Hunter. Aprendeu muito sobre o mundo que vivia, desvendou
segredos. Lávine nunca mais apareceu na reunião do final do ano, e sua
amizade com Adriss cresceu bastante. Esse dia ele acordou com um chamado
de seu melhor amigo Nick.
- Venha me ver hoje. Preciso lhe contar algo importante.
O quarto onde vivia estava cada vez mais bagunçado. O projeto de Wise
era algo grandioso inovador além de complexo. Gyorai as vezes o ajudava,
mas o orgulho dele só crescia cada vez mais, tornando uma amizade entre eles
totalmente inviavel.
- Vai encontrar com seu amiguinho inútil hoje também Gyorai? –
Perguntou Wise quando o viu abrindo a porta do quarto.
- Pelo menos eu tenho amigo. – Respondeu olhando nos olhos dele.
Apenas ouviu um sussurro dele dizendo algo parecido como “patético”.
O caminho para o dormitório inferior ainda estava em uma situação
decadente. As pessoas haviam parado de implicar com Gyorai andando por lá,
até mesmo os guardas agora não estavam sendo tão rígidos.
- Bom dia Nick, eai? – Perguntou ele abrindo a grade do quarto de Nick.
- Acho que vou bem.
- Luisa ainda não voltou? – Questionou olhando sua volta, ele já sabia a
resposta.
- Não, como todos dizem, não voltaremos a vê-la. – Nick estava olhando
atentamente para seu Insta-book digitando algumas linhas de código. Gyorai
não conseguia acreditar no boato das pessoas que simplesmente sumiam do
edífico sem nenhuma notícia.
- O que você tinha para me contar?
- Acho que estou conseguindo aquela conexão que sempre queríamos,
sem chance de sermos detectados e tudo.
- Sério? – Gyorai se exaltou. – Isso é tudo que precisávamos para fazer
a revolução que queríamos.
- Revolução? – Nick riu. – É algo exagerado, talvez seja questão de
tempo até sermos detectados.
- Não seremos. Adriss vai nos ajudar, assim que conectarmos ela nisso,
teremos acesso a muita coisa fora desse lugar de merda.
- Bom... se você acredita tanto, podemos fazer essa conexão agora. –
Ele pegou o autoscan de Gyorai e conectou pelo cabo no seu Insta-book. –
Que nome você quer dar para essa revolução?
- Bom... criar nomes tem alguma regra? – Perguntou.
- Não sei cara. Não sou bom com isso.
- Nem eu... tem coisas que não fazem sentido para mim. – Ele deu uma
analisada no código escrito por Nick. – O que é isso? Essa linha aqui. –
Apontou para uma parte do código.
- Essa senha eu decifrei depois de horas para realizar a conexão.
21G3RUD332. Incrivel essa combinação aleatória né?
- Claro que sim, pois esse será o nome de nossa revolução.
- O que? Um código?
- Não... olha, troca esse 3 pela letra E. Gerude, revolução gerude. –
Disse Gyorai orgulhoso pela sua tentativa criativa.
Perfeito – Riu Nick. – Pronto, a conexão está aberta no seu autoscan.
Confira com Adriss depois.
- Obrigado Nick, você é o melhor.
- E lembre-se. Se eu for descoberto já era para mim, você
provavelmente será absolvido. Faça valer a pena.
- Relaxa. Vou sempre ajudar você. – Gyorai se levantou para ir embora.
- Não precisa se esforçar tanto. Eu já não tenho muito proposito... a cada
dia que ajudo esse suplexo me sinto mais inútil e errado. Não gosto de ajudar
esses criminosos.
- Vamos mudar isso Nick. Continuaremos com o combinado, segue o
plano que eu havia te falado. Vamos descobrir tudo de errado que acontece
aqui e na cidade e tentar parar antes que aconteça.
- Certo Gyo.
Aquela semana Gyorai tentou realizar algumas buscas. Descobriu que
existia um grupo de pessoas na cidade que combatia Huntalo’s Search. Não
era um grupo qualquer, tinha muita informação complicada sobre eles, eram os
Ludouz. Outra descoberta feita, era uma associação entre Holystalker e outra
entidade, uma organização confusa, não tinha nenhuma informação sobre isso,
mas era ligado fortemente ao invasor que esteve na Terra no passado. Adriss
forçou busca sobre eles no interior mais obscuro da internet mas isso trouxe
alguns problemas.
- A conexão foi cortada. – Disse Adriss o acordando na manhã seguinte -
Não temos mais acesso a informação adicional que tínhamos. Acho que isso é
culpa dessa nossa ultima pesquisa.
- Qual pesquisa? – Perguntou tentando se lembrar, sua cabeça ainda
despertando.
- Sobre aquele grupo associado a Huntalo. Acho que tinha uma
segurança mais especifica para esse assunto. Holystalker já deve saber a essa
altura...
Gyorai tentou não se abalar e manter a calma. Sabia que seu amigo
poderia precisar de sua ajuda a partir de agora. Pediu para Adriss ficar ligada e
monitorar ele.
Nastell 15 de julho de 2212

No final nada parecia ter acontecido. Como nas aulas de rotina era difícil
ter uma conversa sobre o assunto, resolveu visitar seu amigo no final daquela
tarde.
- Nick, precisamos falar sobre aquilo.
- Sim... cancelaram a conexão. – Ele estava novamente mexendo em
seu Insta-book, muito focado.
- Você não parece estar preocupado com isso. Por que? – Gyorai tentou
se aproximar para ver sua expressão, deparando-se com um sorriso maligno.
- Eu consegui contato com alguém de fora! – Berrou ele segurando nos
ombros de Gyorai. – Um contato anônimo que está me ajudando a ter
informações que preciso. CARA!
- Nossa Nick, isso é incrível, como funciona?
- Eu não sei direito. Ele entra em contato quando ele quer, hackeando
sempre, não terei que me preocupar mais, foi ele que incubriu tudo sobre
nossa conexão.
- Isso é possível? Alguma pessoa pode fazer isso?
- Ele pode. – Nick parecia bastante animado, nunca tinha se sentido tão
animado.
- Como chamamos ele?
- Elliptic. É o usuário dele... Estou muito feliz Gyo, você não tem ideia.
Aquilo era muito satisfatório de ouvir. Gyorai suspeitava que seu amigo
sofria de depressão, estava sempre desmotivado e triste, mas agora era
diferente, ele estava feliz.
- Vamos fazer essa revolução, ver você feliz me inspira também! – Disse
Gyorai apertando seus punhos.
- Seu projeto? Como ele vai indo?
- Bom... estou quase decifrando aquele código ridículo do algoritmo do
colar que Holystalker me entregou. Em breve posso lhe contar melhor o que
planejo criar. – Informou ele.
- Acho que poderemos fugir desse lugar um dia! – Disse Nick com brilho
nos olhos.
- Fugir? – Gyorai pensou sobre isso. Por mais que fugir seja algo que ele
sempre cogitou, ainda tinha dúvidas. Huntalo era seu lar, o único lugar que ele
conheceu praticamente. Mas se fugir era uma chance de encontrar Lavíne e
parar de trabalhar por uma causa errada, esse era seu objetivo. – Sim Nick!
Vamos conseguir.
Episódio 6: Hunter
Nastell 14 de janeiro de 2215

Foram 2 anos muito longos para Gyorai que já havia completado 17. Seu
amigo Nick trabalhou escondido durante muito tempo com o contato de Ellipitc,
porém nada acabava dando certo. Foi descoberto algo interessantíssimo
estudando o colar que recebeu de presente de Holystalker. Uma espécie de
formula de explosivo muito sutil. Com anos estudando o dispositivo se deu
conta que talvez o próprio colar sempre foi um explosivo com formulas
extremamente difíceis embutidas, praticamente enigmáticas. Ele já tinha
decorado todos os sinais e enigmas que estavam codificados no colar devido
milhares de vezes que leu aquilo.
- O que você ta fazendo seu lixo? – Perguntou Wise naquela
manhã visto que Gyorai estava utilizando alguns aparelhos de solda fazendo
barulho, usava uma mascára de proteção contra as faíscas e um colete para
não sujar seu moletom azul que acabará de ganhar.
- Você sempre me atormenta com suas coisas e nem dá
satisfação. – Respondeu. Estava muito concentrado no que criava. Sua ideia
inicial era criar um explosivo minúsculo que seria teleguiado pelo seu autoscan
utilizando a fórmula encontrada no colar.
- Parece ser alguma coisa lixo igual a você. – Disse Wise se
aproximando e observando.
- Não preciso te dar satisfação... me deixa em paz cara. – Tentou
empurrar Wise que estava prestes a tocar na microplaca que continha o
algoritmo do colar. Ele tocou mesmo assim dando um tapa na mão de Gyorai.
- Sempre me perguntei sobre o que você ficava lendo e estudando o dia
todo.... – Dizia observando o objeto. – Parecia ser uma perda de tempo total,
mas... olhando agora de perto fiquei impressionado... Parabéns.
- Obrigado, agora coloque de volt...
- ISSO é a maior merda que eu já vi, tipo, nenhuma perda de tempo é
tão inútil quanto isso, você me surpreendeu na capacidade de ser lixo,
parabéns mesmo, você merece. – Disse ele jogando a placa para cima e
pegando com a outra mão.
- Sai daqui – Gritou Gyorai empurrando-o, e pegando a placa, Wise
sentiu que a força de Gyorai era muito desequilibrida, uma vez que ele estava
jogado do outro lado da sala, derrubando alguns de seus aparelhos.
- Desgraçado... – Pronunciou enquanto se levantava, logo ele pegou
algo em sua mesa e enrolou na sua mão, partindo para cima de Gyorai.
– Está vendo isso? - Perguntou apontando para um pequeno circulo
energizado no centro de sua mão. – Se eu ativar e tocar em você, já era... você
morre com o maior choque que existe no mundo, feito da minha energia a base
de anterito... posso fazer parecer um acidente com muita facilidade... – Antes
de Wise terminar de falar a porta se abriu, era Holystalker.
- Tudo certo aqui? – Perguntou ele.
- Sim... – Respondeu Wise rindo. – Estou mostrando para ele o poder
que minha eletricidade tem.
- Você devia se concentrar naquilo que eu te falei Wise. – Informou
Holystalker. – E você Dx?
- Bom... tem um problema sim... queria uma sala para projetar minhas
coisas em paz, nesse quarto é impossível com ele.
- Certo. Vou te dar meu próprio escritório, faz tempos que não preciso
usa-lo, e acho que você merece isso. – Disse observando a bagunça que havia
no quarto.
- Desculpe Gyo, chamei Holystalker para cá pois me preocupei com sua
segurança. – Disse Adriss no seu ouvido.
- Obrigado – Respondeu Gyorai dizendo de uma forma que a resposta
servia para os dois. Se intrigou em como o Holystalker chegou lá tão rápido.
A sala era no topo do edifício, fazia tempo que Gyorai não ia para lá,
tinha muito espaço para criar seu explosivo, e assim ele iniciou seu trabalho
com grande motivação.
Nastell 4 de abril de 2215

Nick estava muito pra baixo ultimamente. Gyorai temia que era sua
depressão atacando novamente, tinha que fazer uma visita, mas estava sem
tempo para isso. Finalmente havia criado o explosivo. Ele desenvolveu primeiro
uma capsula que continha a tecnologia para viajar em alta velocidade até seu
alvo, os fatores para explosão eram a parte mais revolucionarias, podendo ser
ativados com precisão em relação a temperatuda, densidade etc.
A nova ideia que ele teve era moldar essa capsula em um formato de
garra com ponta. O tamanho era de uma tampa de caneta, o metal utilizado era
do melhor que havia no complexo, já que tinha anterito na composição,
podendo ferir até ele próprio que era um anter-humano.
- Deixa eu ver se eu entendi. – Disse Adriss enquanto Gyorai terminava
de criar a 26º capsula. – Você ta fazendo esses mísseis...
- Torpedos. – Corrigiu Gyorai.
- Torpedos não são os que operam apenas abaixo da linha da agua?
- São? Você que devia saber...
- É... – Adriss parecia ter dado uma espécie de erro.
- Vai se chamar torpedo de qualquer forma, eu gosto desse nome.
- Ok, esses torpedos que você criou, vão ser disparados apenas? O
formato deles feito com esse metal parece um disperdicio ao meu ponto de
vista.
- Você realmente não entendeu ainda. – Disse ele pegando um par de
luvas que estava no chão.
- Vou disparar eles, a partir dessas luvas. Vou acoplar 3 deles em cada,
vão ser uma espécie da garras-torpedos, uma arma de curto e longo alcance.
- Entendi...- Adriss parecia ter ficado interessada - Se eles serão
teleguiados pelo autoscan, eu posso realizar o trabalho por você uma vez
criado um aplicativo para isso.
- Sim Adriss, agora sim você entendeu, esse era o plano desde o ínicio.
– Gyorai estava realmente feliz enquanto falava. De súbito, um barulho
estranho veio pela janela, partindo ela ao meio. Um homem desconhecido saiu
dela.
- Pai? – Disse o sujeito. – Você está aqui?
- Quem... é você? – Perguntou Gyorai intrigado com a situação. O rapaz
parecia ter a mesma idade que ele, cabelos castanhos escuros e usava uma
roupa preta com uma caveira, tinha um olhar assustador.
- Nossa, que hílário. Olhá quem está aqui no escritório do meu pai!! O
filho de mentira dele. Bem que ele disse que eramos parecidos. – O rapaz
abraçou Gyorai. Lembrou de Tomy, o nome do filho de Holystalker que ele
havia pedido pra Gyorai fingir ser.
- Eu sempre quis te conhecer na verdade. – Disse Gyorai, estava feliz no
fundo por conhecer o garoto.
- Eu sabia que iria te conhecer, aliás você viu meu pai? – Tomy estava
olhando para as caixas no chão com coisas de Holystalker, essas que haviam
sido bagunçadas por Gyo assim que ele chegou. Tomy parecia procurar algo,
estava extremamente ofegante e soando muito.
- Não... ele não vem muito aqui. – Tomy se aproximou de Gyorai, estava
encarando ele com uma cara estranha.
- Cara... que sorte você tem, que benção é você.
- O que você ta dizendo?
- Você é o único que pode mudar alguma coisa nesse planeta cara! Nem
aqueles idiotas dos Ludouz tem alguém como você, só aberrações com pele
verde.
- Os Ludouz? Você sabe muita coisa sobre o mundo de fora daqui? –
Perguntou Gyorai.
- Bom... Eu estava do outro lado da janela, não é? – Disse Tomy
apontando os cascos de vidro no chão
- Me conte tudo! Eu não sei nada... praticamente...
- Você sabe o que é esse lugar, não é? – Perguntou apontando para o
logotipo da empresa que estava na porta.
- Sempre imaginei que fossemos uma organização criminosa que realiza
operações nessa cidade em segredo... – Depois de dizer isso pensou em como
a segurança do local estava horrível a ponto de um simples sujeito conseguir
invandir pela janela.
- E por que fazem isso? – Questionou o garoto. – Já percebeu a fortuna
que é gasta com manutenção e para sustentar vocês? É praticamente uma
motivação irracional...
- Onde você quer chegar?
- E os Verdalz? – Perguntou ele. – O que você sabe sobre eles?
- Aqueles que invadiram a Terra? Ninguém sabe se ainda estão aqui.
- Eles estão aqui. – Respondeu bem rápido. – Ou melhor, meu pai
trabalha ajudando eles.
- Como? – Questionou Gyorai.
- Já percebeu que algumas pessoas desaparecem com o tempo? –
Luisa logo veio na cabeça de Gyorai. – Essas pessoas são oferendas para
eles. Precisam de forças humanas nossas para conseguirem sobreviver aqui,
aliás, precisam de muitas coisas... muitas tarefas especificas.
- Isso nem faz sentido Tomy – Gyorai se irritou. – Por que ele faria algo
tão idiota?
- É a verdade meu caro. Mas já te dou a maior dica que você vai
receber. Nada na vida vale a pena, eu to cagando para tudo nessa cidade e
para meu pai. Quero viver minhas próprias aventuras, inesperadamente Tomy
apontou uma arma na cabeça de Gyorai.
- O que você ta fazendo?
- Essa é a Milenium-20k. A única arma de fogo que pode te matar. Única
não... já devem ter criado algo parecido.
- Fascinante? – Contra argumentou.
- Sim... eu acabei de encontrar, estava naquela caixa. Fiquei sabendo
que meu pai era péssimo em guardar essas coisas. – Gyorai observou a caixa
que estava no chão, parecia que Holystalker queria que ela fosse encontrada,
mas não pelo seu filho. Tomy colocou a arma no bolso. – Essa coisa pode
disparar centenas de balas por segundo cara... foi utilizada na guerra anter.
- Guerra anter... – Gyorai lembrou que havia lido algumas coisas sobre
isso, a batalha contra o invasor a muitos anos atrás.
- Foi um prazer te conhecer. Tenho algumas coisas para fazer. – Tomy
pegou ainda na caixa um pacote e saltou pela janela. Gyorai se aproximou para
ver, mas não tinha o que enxergar, ele já havia desaparecido.
A confusão que isso trouxe para o complexo foi inimaginável. Holystalker
nem comentava sobre o assunto depois que foi informado, apenas triplicou a
segurança. Gyorai passou a tratar o que ouviu como um boato sem sombra de
verdade.
Nastell 12 de março de 2215

As garras-torpedo de Gyorai estavam prontas, ou melhor, uma única


luva estava. Faltava iniciar os testes, porém ele não tinha onde testar as
explosões. Nick mandou uma mensagem de emergência naquela manhã.
“Venha aqui logo, é a coisa mais séria que poderia acontecer”. Gyorai se dirigiu
para o dormitório do seu amigo.
- O que aconteceu? – Perguntou.
- Ellipitc me mandou coordenadas de um prédio já tem uma semana. Um
prédio aqui de Nastell, Oberum Tier.
- E aí?
- Esse prédio é um alvo terrorista... parece que vai ser explodido
destruído algo assim por alguém... daqui de Huntalo. – Gyorai ficou chocado.
- O que vamos fazer?
- Calma... a merda piora porque eu fui hackeado... quem descobriu está
me ameaçando me entregar, a não ser que...
- O que? – Gyorai estava angustiado
- Que eu me mate... ele diz que se eu me matar não irá me entregar e
tentará salvar quem puder sobre o ataque. – Nick estava com um olhar tremulo.
- Quem está fazendo isso? Vamos descobrir Nick é fácil.
- Eu já tentei. – Disse ele. – Não dá.
- Eu consegui – Disse Adriss. – Descobri quem hackeou ele.
- Ela conseguiu! – Contou para Nick. – Adriss estava sendo mais do que
útil naqueles últimos dias.
- Ela quem? – Perguntou ele.
- Adriss...
- E quem foi? – Perguntou Nick e Gyorai juntos.
- Wise. – Respondeu ela.
- Aquele cretino. – Gyorai partiu furioso para seu quarto disposto a
confronta-lo.
- Espera Gyo, vou com você
Os dois subiram as escadas juntos. Nick estava assustado com a
expressão raivosa que Gyorai carregava.
- Ele se acha o cara mais perfeito, mas na verdade é um idiota
arrogante. – Disse ele. Assim que chegaram Gyorai abriu a porta com muita
força, mas em questão de um milésimo de segundo sentiu seu corpo formigar e
doer, ficou inconsciente.
Acordou após uns 5 minutos. Ainda estava no mesmo lugar que caiu.
Olhou para frente, Nick estava amarrado em uma cadeira e Wise mexendo em
uma de suas máquinas na frente dele, parecia aquele disparador elétrico, mas
muito maior.
- O que você... esta fazendo...? – Tentou pronunciar mas estava com
dificuldade. A dor que sentia no corpo era muito intensa.
- Já acordou? – Disse Wise sorrindo. – Agora sim estou impressionado.
Tomou uma quantidade considerável e não morreu nem entrou em coma. – É
por que você não é um humano normal é claro... o primeiro teste foi realizado.
– Ele começou a anotar um pequeno bloco de anotação. – 4 Minutos desmaido
com um choque de 80 miliampères.
- Solta... ele. – Pediu Gyorai tentando juntar forças para se levantar.
- Calma... foi o trato que fiz com ele. Vou testar nele também, quem sabe
ele sobrevive? Tenho que ter anotações sobre um humano normal também. –
Wise estava ajeitando o dispositivo que exalava fios elétricos. – Soube que
você é bom com nomes, não é? Acabei de criar um para isso, se chama
Ultimate Shocker, o que acha?
- Solta ele... não faça isso. – Gyorai conseguiu se ajoelhar.
- Ele não é útil para ninguém aqui. Aposto que não estou fazendo nada
além de um favor. – Wise parecia ter ligado a máquina. Nick estava olhando
para baixo todo esse tempo. – Ultimate Shocker! – Berrou Wise. Disparou uma
rajada elétrica azul em Nick que o derrubou da cadeira, ele começou a ter uma
espécie de convulsão, parecia estar todo queimado e até as cordas que o
amarravam derreteram.
- NÃO! – Gyorai não conseguia fazer nada. Quando olhou para Wise
percebeu que ele ia disparar mais uma vez. – Já fez seu teste, me deixe pedir
para levarem-no a enfermaria. – Wise parecia ignorar. Não havia outra escolha,
Gyorai não conseguia se mover ainda. Apertou em seu pulso, ativou suas
garras-torpedo e mirou em Wise.
- Dispare Adriss. – Sussurrou ele, se levantndo segurando para disparar
- Que nível de explosão? – Ela perguntou.
- Explosão leve.
A garra se soltou e disparou em direção a Wise que assustou
instantaneamente, logo em seguida explodiu destruindo a maquina e o chão a
baixo de Wise. Um pequeno extrondo ocorreu. Um grito de dor também.
- Desculpe Gyorai. – Disse Adriss. – Eu havia chamado Holystalker no
momento que você havia desmaido. – Assim que ela disse, a porta se abriu,
era ele.
- O que é isso? – Perguntou Holystalker. Puxou Gyorai pelo braço. –
Acho que é hora de você se mudar daqui.
- Nick... Salve o Nick. – Disse Gyorai apontando para o garoto caído no
chão enquanto tentava andar.
- Já ordenei que buscassem. – Respondeu Holystalker.
Surgindo das fumaças, uma cena dolorosa apareceu. Wise de pé com
lagrimas nos olhos e sangue em todo seu corpo. Sua mão direita havia sido
despedaçada, havia apenas sangue no lugar dela, ele estava desesperado.
- Você vai pagar... por isso. – Berrou ele enquanto Holystalker puxava
Gyorai da sala.
- Precisamos de equipamento para tratar alguém que acabou de perder
parte do braço direito. – Disse Holystalker em seu autoscan.
- VOCÊ VAI PAGAR! – O grito saiu da sala enquanto já estavam no
corredor.
- Vou arrumar um novo quarto para você. A partir de agora eu nomeio
você como um Hunter. Poderá realizar as missões mais importantes do
complexo. – Informou Holystalker enquanto subiam o elevador. Gyorai estava
atordoado demais para absorver tudo que havia acontecido.
Episódio 7: Vida Noturna
Nastell 14 de março de 2215

Gyorai voltou a morar no seu antigo quarto na área superior do edifício.


Holystalker começou a conviver com mais frequência ajudando no treinamento
e com o equipamento do garoto.
- Já temos 123 capsulas de garras torpedo Gyo – Disse Adriss. Eles já
haviam criados muitos tipos, alguns torpedos de luz e outros até de explosão
de fumaça
- Sim, estou vendo qual a capacidade máxima que esse uniforme vai
suportar.... – O uniforme hunter era uma roupa preta bem tecnológica, tinha
muitos bolsos e dispositivos que ele não tinha ideia de como usar, mas sabia
que Adriss iria ajuda-lo com isso. - Talvez devêssemos criar um bolso extra.
- Você está ansioso? – Perguntou ela cortando o assunto.
- Sim... primeira vez que sairei daqui sozinho... eu poderia ir para todos
os lugares. – Respondeu maravilhado com um lindo sorriso no rosto, mas
sempre que ficava feliz lembrava de algo muito triste. – Alguma notícia do
Nick?
- Não. – Adriss parecia cansada de ouvir aquilo todos os dias. – Ele
ainda está inconsciente de acordo com a área hospitalar.
Holystalker apareceu no final daquela tarde. Trouxe com ele o item final
do uniforme.
- Cuidado Dx. – Afirmou entregando um pacote. – Melhor você praticar
bastante antes da missão. A chance de você se matar usando isso é bem alta,
tanto que meus outros homens desistiram.
Gyorai segurou o pacote e sentiu um peso enorme. Quando abriu se
deparou com 2 botas de aço.
- O que elas fazem de tão arriscado? – Perguntou tirando-as do pacote.
- Essas botas carregam um impulso eletromagnético nas solas que o
empurra de forma brutal. É usada para saltar longas distancias, ou melhor, os
longos prédios de Nastell.
- Saltar? – Questionou.
- Na verdade. Dizem que ela pode até fazer voar se ativada
constantemente..., mas ninguém aqui do complexo quis morrer testando isso. A
velocidade que empurra é absurda.
- Entendo... – Gyorai guardou as botas no pacote para testar mais tarde.
Nelas estava escrito “Botas Aeres, cuidado para não morrer”.
No final daquele dia tentou praticar na sala de parkuor, mas não deu
muito certo. Quebrou o teto na primeira tentativa batendo com a cabeça. A dor
foi bem forte então ele decidiu deixar para o espaço aberto mesmo. O dia da
missão estava próximo.
Nastell 27 de março de 2215

Holystalker iria aparecer a qualquer momento para passar os detalhes


que por algum tipo de regra, não poderia ser passado com antecedência.
- Adriss, será que você consegue uma conexão livre quando cruzarmos
as janelas desse lugar? – Perguntou ele.
- Acho que sim Gyo... embora seja arriscado, pois eles podem descobrir.
- Você pode lidar com o risco... – Estava pensativo sobre algumas
ideias. - Enquanto ele não chega vou começar a me vestir com essa roupa.
O uniforme tinha capacidade para 15 capsulas de torpedo em cada
bolso das pernas. Colocou um óculos tecnológico muito ridículo na opinião de
Adriss, teve que fazer uma espécie de gambiarra para conseguir vestir 2 luvas
em cada mão. Uma com dispositivo de atrito e outra com as garras-torpedos.
Holystalker entrou no quarto depois de algum tempo.
- A noite esta densa... você está pronto Dx? – Perguntou ele
- Sim... sempre esperei por isso. – No fundo não entendeu o motivo dele
ter citado que a noite estava densa.
- Meu garoto... tantos anos cuidando e criando você... finalmente
conseguiu desenvolver algo com o colar que te dei... finalmente está se
tornando um Hunter.
- E finalmente poderei sair do castigo de ficar aqui. – Disse Gyorai
ironicamente.
- Castigo seria você ter uma vida que estavam dispostos a te dar...
vamos para missão.
- Finalmente. – Gyorai queria perguntar sobre aquilo, mas sua prioridade
era outra.
- Você deve ir até o edifício Altar da Nação e instalar um vírus no
computador do laboratório de informática que existe por lá.
- Que vírus?
- Estou enviando para Adriss o executável desse vírus, ela saberá como
introduzir. A única coisa que você deve fazer é se aproximar o suficiente para
que ela consiga hackear.
- Parece simples... eu acho.
- É simples aliás, é sua primeira missão... estarei monitorando tudo, e
como você viu nas aulas... cuidado absoluto para não ser visto.
- Tudo bem. Por onde eu saio?
- Aqui. – Holystalker abriu a janela do quarto, destravou a grade de aço.
Era a primeira vez que estava vendo aquela brecha.
- Aqui vamos nós... – Disse Adriss em seu ouvido. – Você está pronto? –
Perguntou ela
- Você está? – Respondeu se jogando pela janela. Escorregou pela
parede utilizando as luvas de atrito, estava se concentrando para ativar as
botas, elas funcionavam com a contrações dos nervos de seus dedos dos pés.
- Nossa NOSSA. – Gritou ele enquanto era jogado metros de distância
para cima em uma velocidade inacreditável.
- Estamos a uns 100 quilômetros por hora – Disse Adriss. Se
encontravam em uma altitude absurda, depois que desativou as botas
começou a cair, se desesperou um pouco.
- Como eu faço para não cair tão rápido? – Perguntou.
- Ativa elas de novo! – Gritou Adriss. Assim que ativou, conseguiu parar
no ar. Viu um prédio um pouco a frente, se jogou levemente naquela direção e
caiu rolando na extremidade superior do prédio.
- Caramba o que foi isso? – Berrou ele. Estava extremamente extasiado.
Olhou para baixo. Sentiu o vento frio o segurar, se não estivesse tão chocado
com tudo estaria congelando naquele momento. O céu estava extremamente
nublado, não havia uma estrela.
- Está sentindo pela primeira vez o frio da cidade de Nastell né? – Adriss
parecia contente também.
- Sim... isso é incrível demais.
- Não esqueça da missão. Você está muito tempo parado em local
aberto, fique na furtividade.
- Certo... – Gyorai se colocou na sombra do canto da parede.
- O caminho é para sua esquerda. É um prédio verde, bem menor que
esse. Avisarei sobre quais caminhos é mais seguro ir.
O percurso começou a ser realizado. Com o tempo começou a entender
o funcionamento das botas, o segredo era agir sem medo de bater de cara em
uma parede. Cruzou a distância inteira voando na altitude das nuvens, o
problema era se controlar quando cair, mas conseguiu parar a onda de impacto
se colidindo bem acima do prédio da missão. O resultado foi um sucesso.
Adriss hackeou com muita facilidade e instalou o vírus. Gyorai estava
maravilhado olhando as ruas, os automóveis, as pessoas. Era o mundo real,
gigantesco.
Voltou para Huntalo’s Search depois de breves minutos. Holystalker
estava contente. Por mais que Gyorai tentasse negar, sentia feliz em vê-lo
assim, era difícil aceitar que a figura paterna exercida por Holystalker nunca
deixava de existir.
Nastell 4 de maio de 2215

Já havia completado 8 missões. Todas com semelhanças uma da outra


desativando alguns alarmes de segurança e instalando vírus. Estava feliz em
fazer aquilo, era a sensação de liberdade que ele sempre quis ter. No meio da
9º missão, uma dor sufocante o tocou. Parou no topo do Oberum Tier, o maior
edifício da cidade.
- Você está bem Gyorai? – Perguntou Adriss.
- Foi mais um ataque de ansiedade... – Respondeu. – Eu me lembrei
dela novamente...
- Lavíne? – Adriss se preocupou. – Está realmente impossível deixa-la
no passado.
- É meio ridículo... é como se ela existisse no meu sangue, ela reside em
minha mente, não sei, não dá para esquecer.
- Isso é meio irracional... quantos anos já não se passaram. – Afirmou
Adriss. – Continuar alimentando isso vai te destruir.
- Eu já estou destruído por dentro... mas você está certa. Vamos. –
Gyorai sentia-se atacado com frequência, denominava isso com uma presença
de um demônio do passado.
Mais uma missão havia sido completada. Holystalker tinha outra
extremamente importante para ser realizada, tinha que ser no dia certo. Era a
parte chave, onde a falha nos sistemas que ele instalou iriam torna-la possível.
- Me diga uma coisa Holystalker. – Pediu Gyorai. – Quais são esses
fatores que você utiliza para definir hora e dia da missão?
- Já falei que você não tem o direito de me questionar nada. –
Respondeu se virando e retirando-se do quarto.
- Eu não sou mais criança. Você antes sempre falava isso, uma coisa
irritante, seja direto, fala a verdade, ou você acha que nunca vou descobrir? –
Gyorai talvez sentiu que foi grosso, mas no fundo sabia que era necessário.
Holystalker deu um grunido de incomodo, mas começou a falar.
- A essa altura já ouviu falar dos Ludouz, não é?
- Sim... ouvi.
- Existe uma pessoa com eles... que não é daqui.
- Um anter-humano também?
- Digamos que sim... desde que ele apareceu no nosso planeta... tudo
que a luz toca... ele consegue tocar também.
- O que? – Gyorai tinha entendido nada.
- As missões são de noite, com tempo nublado sempre, a luz do sol e da
lua são como os braços dele, e se essa luz te tocar, ele estará te segurando
pelo pescoço podendo te enforcar quando quiser.
- Ok... estranho – Parecia confuso mas achou que se perguntasse mais
iria piorar.
O dia da próxima missão continuava um mistério. Gyorai ficou sabendo
que Nick teria uma possível alta no final daquele mês. Estava ansioso para
rever seu amigo, pedir desculpas também.
Nastell 02 de junho de 2215

Não havia mais notícias sobre o Nick, mas isso mudou naquela manhã
quando Adriss comunicou:
- Sério Gyo, vá lá em baixo, está acontecendo alguma coisa com Nick,
não estou entendendo direito.
Ele desceu rapidamente pelo elevador passou pela enfermaria e notou
que ele não estava mais lá. Andou até a escadaria e desceu para os
dormitórios reparou que seus antigos amigos de sala estavam tristes alguns
chorando. Viu alguns hunters no final do corredor, resolveu segui-los. Estavam
segurando uma porta.
- Me deixem passar! – Exigiu. Eles pareciam dispostos a impedir
qualquer um.
- Você não pode Dx. Fique aqui sem reclamar.
- Eu também sou um Hunter! Saiam da frente.
- Não faça isso... Holystalker nos deu ordens de...
Gyorai os derrubou com um soco no estomago em cada. Estava
desesperado e com um mal pressentimento. Atrás da porta tinha um corredor
vazio. Chegou até o fim dele e não tinha nada.
- Em baixo. – Disse Adriss.
Tinha uma tampa de bueiro no chão. Gyorai a puxou e viu uma entrada
bem suja. Se jogou lá em baixo, estava tudo escuro e as paredes eram terra
cavada sem nenhum aspecto de modernidade. Uma porta de aço se
encontrava alí. Nada parecia abrir, ele tomou distância.
- Explosão média. – Sussurrou para Adriss enquanto disparava o
torpedo. A explosão foi grande, caiu muita terra, a porta estava no chão e havia
um túnel adiante.
- Tem algumas pessoas em frente. – Informou ela. Gyorai correu. Logo
encontrou vários Hunters segurando velas, um deles carregando uma maca
com Nick deitado, havia várias outras pessoas sendo levadas também umas
ainda crianças.
- Hey. Onde estão indo? – Perguntou. – Os guardas se viraram e
partiram para ataca-lo.
- Não nos impeça de cumprir essa ordem! – Berrou um deles. Enquanto
dois partiram para cima de Gyorai outros dois continuaram a levar as pessoas
para o interior do túnel. Estava muito escuro para ver direito e até se mover,
tentou se livrar deles e seguir os outros. Sabia que explodir um torpedo ali seria
uma má ideia, causaria algum desmoronamento, então socou cegamente os 2,
mas algo aconteceu. Uma descarga elétrica o atingiu pelas costas. A sua frente
viu Nick estendendo a mão, quando olhou para trás viu um dos hunters usando
a arma de Wise. Gyorai ficou inconsciente.
Nastell 06 de junho de 2215

Passados 4 dias, Gyorai já havia se recuperado. Estava triste se


sentindo um lixo pois possivelmente jamais veria Nick novamente, assim como
nunca mais viu Lavíne. Existia uma raiva interior gritante crescendo nele.
Percebia que quanto mais pensava sobre, mais irritado ficava e quando estava
irritado seu corpo soava muito exalando fumaças, Adriss sempre dizia que era
normal.
Holystalker apareceu para dar informações sobre a missão.
- Para onde levaram ele? – Perguntou gritando. A muito tempo atrás
sentia medo de discutir, mas agora não tinha muito o que perder.
- Ele está bem... só levamos para um lugar melhor para tratarem dele. -
Respondeu Holystalker.
- Mentira! – Começou a soar com sua raiva. – Seu filho psicopata falou
comigo aquele dia... disse que eram sacrifícios para Verdalz! Todos que
somem aqui foram oferendas!
- Calma... você não sabe o que está falando...
Gyorai segurou Holystalker pelo braço, estava enfurecido demais para
pensar.
- Se você continuar com esse comportamento vou desqualifica-lo para a
missão. – Informou Holystalker olhando para os seus olhos.
- Desculpe... – Gyorai o soltou. Se acalmou depois de um tempo e fez de
tudo para Holystalker não o desqualificar.
Por fim, a missão foi dada, devia ser feita naquele dia mesmo, o dia do
seu aniversário de 18 anos. O objetivo era roubar um artefato que acabou
chegar no museu Okstars, uma pedra valiosa com um poder desconhecido.
- Eu estarei com você sempre. – Afirmou Adriss. Gyorai estava
motivado, não respondeu e nem falou mais nada durante toda aquela tarde.
Sabia o que deveria fazer. No seu quarto se vestiu com o uniforme, pegou
todas as capsulas que sobraram que guardou em um bolso adicional que havia
criado. Dentro do guarda-roupa ainda tinha o laço que Lavíne havia dado.
Ficou em frente a janela, segurou o laço e tentou sentir o cheiro da garota mais
uma vez, aquele cheiro talvez era existente nas primeiras 100 vezes que ele
fez aquilo. Amarrou o laço no gancho da calça do uniforme e se jogou da
janela.
- Essa noite não voltaremos mais Adriss. O plano Gerude vai entrar em
ação.
Episódio 8: A máquina e o humano
Nastell 7 de junho de 2215

Já havia passado da meia noite. Gyorai estava correndo e saltando


grandes prédios da gigantesca cidade de Nastell rodeada por nuvens que
transformava os lugares que ele passava em verdadeiras tenumbras.
- Até quando devo correr nessa direção? – Perguntou. Estava ensopado
com a chuva que havia começado a pouco.
- Não vamos poder fazer o que havíamos planjeado... – Disse Adriss.
Ele estava exausto, se sentou em uma espécie de gárgula.
- O que aconteceu? – Questionou.
- Estamos sendo seguidos... por alguém... – Respondeu ela.
- Polícia? – Gyorai pareceu não levar tanto a sério. – Devo ser muito
descuidado mesmo... Acho que fui visto quando passei próximo a janela do
Oberum Tier.
- Não. É um Huntalo.... Holystalker colocou alguém para fiscalizar a
missão. E... – Ela travou no meio.
- E o que? – Gyorai já havia retomado o folêgo.
- É o Wise...
- Entendo... – Estava pensativo. Lembrou da mão de Wise decepado no
chão aquele dia. Por mais que ele era detestaval, como havia saído daquela?
Ele queria muito se livrar daquela culpa.
- Já sei o que você deve fazer... – Anunciou Adriss, mas ela foi cortada
com Gyorai saltando do prédio e se deslocando para direção de um outro
arranha-céu com impulso das botas. – Para onde você ta indo? – Perguntou
ela.
- Eu já sei o que fazer, apenas observe Adriss, vamos enganar esse
otário. - Estava se movendo muito rápido, possuído por adrenalina, mesmo se
Adriss tivesse falado algo ele não teria ouvido em um frenesi que durou uns 8
minutos.
- Aqui estamos. - Disse ele. Estavam diante do museu Okstars, local da
missão. Ele sabia o ponto onde devia entrar, a segurança já estava desativada
antes mesmo de eles terem saído de Huntalo.
- Me ouça Gyo, não faç...
- Não... relaxa. Wise vai ver que entrei para fazer a missão e vai embora,
estou certo disso. – Gyorai saltou e se pendurou no prédio. Começou a
escorregar até chegar no local que desejava. Pensava que mesmo se tudo
desse errado, talvez ele poderia confirmar que não fez um mal tão grande,
seria um alívio de consciência ver Wise recuperado em missão.
Utilizando um lazer inserido na luva de atrito, uma passagem circular
bem pequena foi aberta no vidro que ele estava de frente. Entrou no museu e
andou lentamente.
- Preciso saber qual objeto Holystalker tem tanto interesse também...
não vou roubo-lo. – Cochichou para Adriss, ela que parecia bastante irritada.
Andando até a coordenada da missão, lá estava o objeto tão misterioso. Era
apenas uma pedra dentro de uma capsula. Ele a observou, notou que a pedra
se assemelhava muito a um cristal, porém marrom.
- Por que você acha que escolheram uma inteligência artificial para te
ajudar Gyo? – Perguntou ela inesperadamente.
- Boa pergunta. Por que?
- Lide com essa consequência primeiro. – Avisou ela. Uma luz azul se
acendeu atrás deles.
- DE XIS -Gritou alto e lentamente. A voz familiar que ele logo
identificou.
- Wise. – Gyorai se virou e correu em direção a ele. – Você está bem?
Uma leve gargalhada foi dada.
- Você só pode estar de brincadeira... – Wise estava vestido com um
uniforme diferente. Era azul tinha alguma estampa branca difícil de decifrar,
vários fios saindo pelas vestes, e no lugar da antiga mão havia uma pequena
esfera bem misteriosa.
- Eu não queria te machucar seriamente... – Se explicou tentando tocar
na esfera do braço direito de Wise com cautela a fim de entender o que era tal
objeto.
- Ultimate Shocker! – Uma descarga elétrica azul se disparou como uma
rajada corrosiva que bateu no peito de Gyorai e impactou toda a sala do museu
quebrando todos os vidros ali presentes.

- Acorda! Acorda! – Gritava Adriss. Gyorai olhou para cima e viu Wise se
preparando para sair.
- Você acordou... sempre acordando tarde... para ser inútil. – Pronunciou
Wise de maneira ameaçadora.
- Por...que? – A voz do Gyorai não saia direito.
- Porque... eu queria te machucar, eu quero te ver sofrer muito... Eu não
vim aqui, perder meu precioso tempo dando moral para uma escória ridícula –
Wise segurou a pedra com a mão esquerda e a levantou. – Isso... é o que falta
para eu terminar meu projeto... uma forma autentica para armazenar anterito
elétrico... meu sonho vai ser real... – Wise estava com os olhos brilhando. –
Holystalker não vai encostar um dedo nisso... e você... – Uma leve gargalhada
foi dada novamente.
- Agora você tem que me escutar Gyorai, não temos tempo. – Adriss
estava desesperada.
- Será capturado pela policia aqui... – Disse Wise. - Holy vai achar que a
pedra foi escondida e não vão suspeitar de mim, e você vai virar mais uma
experiência deles. Você merece sofrer mais que isso... – Várias luzes surgiram
atrás das janelas e um barulho também. – O tempo acabou... quando eu estiver
pronto irei atrás de você – Wise passou pisando na cara de Gyorai e sumiu da
vista.
- Tem 3 helicopteros ali fora... você não tem muitas chances de
escapar... já consegue se mexer? – Adriss tentava animar e falava muito
rapidamente.
- Nã...o – Tentou grunir a resposta que saiu com grande dificuldade.
Estava jogado no chão, apenas observava. Viu entrar 4 pessoas. Eram
soldados segurando rifles prontos para disparar. Ele não conseguia fazer nada
nem ao menos falar, era questão de tempo até encontrarem ele.
- Stra..ards – Gruniu de forma confusa. Adriss se pronunciou.
- Desculpe. Vou considerar isso como um sinal – Uma explosão foi feita.
Vários segundos se passaram, e o local havia se tornado em uma zona de
guerra.
- Que dor... – Gyorai se levantou em meio a escombos daquele mesmo
lugar, uns 4 andares abaixo. A forma que Adriss encontrou para salva-lo foi
nada saudável, explodiu 3 dos torpedos ao mesmo tempo, o seu corpo não
havia sido tão danificado, mas o trage sim. Ele estava sangrando bastante.
- Corra, se dispare contra a janela e ative o impulso eletromagnético por
49 segundos. E não discuta! – Naquele ponto não tinha como discutir.
Se jogou contra a parede e começou a contar em voz alta os segundos.
Naquela direção o impulso foi perdendo a força com o tempo e cada vez mais
ele caia para o solo. Começou a ver a rua... e depois algumas casas... e depois
pessoas e quando se deu conta estava jogado em um gramado verde.
- Onde estou? – Perguntou se levantado, não estava acreditando na
quantidade de dor que sentia no corpo. Olhou para cima e viu várias torres que
tinham em sua volta, estava muito distante do museu. – Não matamos ninguém
né?
- Você não tem tempo. Aqui é um campo de Airball, corra na direção da
porta, faça apenas o que eu digo, estão atrás de você e essa é nossa única
chance de fugir de todos.
Gyorai correu, seguiu o caminho que Adriss informava. Se livrou de
metade do trage ficando só com a roupa que usava por baixo e com os largos
bolsos, do lado da porta tinha um tanque, ele lavou o rosto disfarçando os
cortes que ganhou. Passando pela porta viu as pessoas andando, a chuva já
havia acabado. Tinha três grandes ruas distintas naquela cidade. Por uma,
passava alguns automóveis que pareciam planar, na outra no canto extremo do
local passavam algumas crianças andando em um objeto estranho, e na que
ele estava, a maior, ficavam milhares de pedestres seguindo por várias
direções.
- Vá por essa rua. – Avisava Adriss. – Vire na esquerda e entre no
condomínio. – Ele seguiu as ordens.
- Me sinto um criminoso foragido. – Susurrou ele. Estava morrendo de
frio. Começou a andar com os braços cruzados. – Aquelas pessoas não
mereciam aquilo...
- Você não fez nada tão errado. – Afirmou ela. – Ninguém morreu.
- Nada sério? – Gyorai estava muito nervoso, não sabia o que fazer
entrando naquele lugar lotado de pessoas olhando para ele.
- Vá na recepcionista e peça o quarto 1249.
- O que? Como que eu peço o quarto? – Gyorai parecia falar sozinho
para todos os outros.
- Chega na mulher e diz: “moça vim buscar meu quarto sou Julia
Moretiz”.
- O que? Julia Moretiz é nome de mulher? Eu não sou né... Adriss ajuda
direito o que eu faço?
- Posso ajudar? – Perguntou a recepcionista, mal percebeu ele que já
tinha se movido até ela.
- Vim buscar meu quarto... 12...
- 1249 – Completou Adriss.
- 1249... Sou Julia... Moretiz. – Gyorai estava humilhado. Sentia muita
dor no corpo e vergonha ao mesmo tempo.
- Posso ver seu autoscan? – Perguntou a recepcionista. Ele ficou em
choque.
- Mostra para ela, vai em frente. – Avisou Adriss.
A principio as coisas deram certo. Foi recebido a chave do quarto, subiu
nos elevadores, entrou no apartamento e se jogou no chão.
- Ótimo... agora roubamos um apartamento... fizemos nada de errado né
Adriss?
- Sim... era o único jeito para você.
- Já passou nessa sua cabeça de inteligência artificial que a tal da Julia
pode voltar para casa?
- Já...
- Voce não é tão genial assim Adriss.
- Julia saiu de férias para Amsterdã, partiria de volta hoje daqui uns 50
minutos. Talvez devido a um pedido que fiz a um amigo hacker chamado
Ellipitc, a nave particular de Julia explodiu antes de ela entrar e as férias foram
prolongadas, a casa está livre apenas para você, nós.
- ... – Gyorai não conseguia pensar no que falar. – E você tem coragem
de dizer que fizemos nada de errado...
Os dois discutiram por muito tempo. Após tudo isso, descobriu coisas
simples de como era uma casa de família normal. Conheceu os cômodos,
tomou um banho e logo se sentou na mesa da cozinha comendo cereal com
leite.
- Volto com minha pergunta. – Informou Adriss. – Por que você acha que
esclheram uma máquina para ser sua parcera?
- Diga então para a gente...
- É simples... por que eu não sou patética como você. Eu não tenho
erros e não tomo atitudes iguais aquela de ir para o museu quando já
estávamos fugindo.
- Mas tem necessidades humanas que você não compreende Adriss.
Não seja ignorante. É igual você não entender minha relação com a Lavíne.
- Necessidades humanas? Lavíne? Você não pode estar usando isso
como argumento...
- Estou sim. Um dia farei você me entender... eu amo ela, farei de tudo
para encontra-la. As vezes não posso deixar minhas emoções de lado.
- Se com relação você quer dizer obcessão irracional que você insiste
usando a desculpa de paixão ou amor, mas na verdade é apenas um buraco
na sua cabeça.... – Adriss estava enfurecida naquele dia. - Então... vamos para
outra pergunta, qual a diferença da memória humana para a memória digital?
- Bom... – A pergunta era difícil, e o dia também era, Gyorai tomou
cuidado com as palavras dessa vez. – Na memória de um computador
salvamos as coisas que achamos importantes... na humana também, mas na
humana isso é feito de forma mais rápida, e não é limitada. – Gyorai
respondeu, pensou depois que respondeu e pensou que foi uma resposta
horrível. – Mas na verdade... a digital é feita de forma que possamos buscar as
coisas que precisamos depois, na humana nem sempre lembramos tudo.
- Não existe memória humana. – Informou Adriss. – Os humanos não
lembram das coisas, eles recriam as coisas. Quando você tenta lembrar da
garota que conheceu anos atrás, você ta ativando neuronios que te dão a
sensação de recriar tudo o que ocorreu. Em outras palavras, a memória
humana não passa de uma falsa verdade, e quanto mais você tenta lembrar,
mais vezes a memória é recriada, mais aquela lembraça é alterada, se
tornando o que você quer lembrar.
- Isso é algo que você também não pode saber... – Sussurou Gyorai se
deitando na cama, era muito confortável e ele estava exausto.
- Dizendo de uma melhor forma... você é cheio de defeitos, e eu sou a
cura para isso. Você tem que colaborar mais comigo.
- Talvez eu consiga fazer você me entender com o tempo... – Disse
pegando no sono. Aquela noite tinha sido muito difícil, e ele sabia que tinha
muito pela frente.
Episódio 9: A escolha
Nastell 7 de junho de 2215

Gyorai acordou bem tarde. Abriu as janelas e deu de cara com um sol
bem iluminado. Se olhou no espelho sem camisa tentando identificar suas
feridas, mas eram todas superficiais, nada sério, porém ele sentia um grande
dor no abdômen. Abriu a geladeira em busca de comida, mas encontrou nada.
- O que será que vamos comer hoje Adriss? Não tem nada aqui.
- Eu não como nada. – Afirmou ela.
- Engraçadinha... ainda está irritada?
- Não... pedi uma pizza para você já faz um tempinho, vai chegar a
qualquer momento.
- Obrigado Adriss, eu não como pizza desde...
- Aquela vez que Holy pediu na época que faltou comida no complexo...
eu lembro, e você gostou muito
- Sim! Eu gostei demais daquilo, descobri o quanto eu gosto de
pepperoni...
- Foi dessa mesmo que eu pedi. – Avisou ela.
- Como que eu faço para te abraçar? – Gyorai estava muito feliz. A pizza
chegou depois de alguns minutos ele comeu 5 fatias e meia enquanto assistia
um filme pela tv de teto.
- Será que dá para viver assim o resto da vida? – Perguntou deitado na
cama, havia transfomado o lugar em uma bagunça gigante.
- Acho que você tem apenas alguns dias para aproveitar isso...
Aquele dia não durou muito. Gyorai arrumou seu equipamento, ainda
tinha 118 capsulas de torpedo, 2 háviam se perdido quando ele jogou o
uniforme fora. Procurou algum agasalho para vestir no armário do quarto, para
sorte dele, nem todas as roupas eram femininas, tinha um moletom azul muito
confortável que serviu perfeitamente. Depois de deixar todo o equipamento
alinhado em cima da mesa ele foi dormir.
Nastell 8 de junho de 2215

- Acorda! – Despertou Adriss.


- O que foi?
- Tem alguém prestes a bater na porta... eu ainda não consegui
identificar quem.
Gyorai se levantou, vestiu o agasalho e andou até a porta. Olhou pelo
visor que mostrava a pessoa atrás e viu um homem extramemente alto com
cabelo loiro quase laranja, não tinha um olhar muito bom.
- Essa pessoa... não tem autoscan... – Avisou ela de forma assustada.
- Mas não são todas as pessoas do planeta que tem essa coisa?
- Sim... desse planeta...
Gyorai se assustou também quando percebeu que tinha falado alto
demais e que o sujeito não tinha apertado campainha ainda, estava apenas
observando a porta. Os olhos dele eram amarelos como fogo.
- Isso não está certo... – Informou Adriss preocupada.
- O que será que devo fazer? – Perguntou enquanto guardava o máximo
de capsulas que conseguia nos bolsos. Pelo visor era visto mais um homem
chegando, esse tinha um olhar frio, era mais velho e vestia um terno.
- Ele está aqui. – Disse o sujeito.
- Óbvio que está... estou sentindo. – Respondeu o de cabelos loiros.
- Sai dai agora!... Essa outra pessoa que chegou é conhecida por.... –
Adriss parou no meio da fala. Uma sensação de desespero tomou posse dos
dois naquele momento.
Gyorai estava irritado. Era um lugar calmo e tranquilo, algo que ele não
sentia a anos. Vestiu as botas e correu para janela.
- Para onde eu vou? – Perguntou
- Tem esse lugar... vá pelo caminho que eu te guiar. – Respondeu ela.
Pulou do prédio e subiu. Voou para cima em linha reta até ouvir alguma
instrução da Adriss, logo ela informou o caminho e ele seguiu chegando bem
rapidamente. Era um lugar morto, tinha casas e tubulações abandonadas e
nenhuma pessoa.
- Estamos no bairro proibido da cidade. Costumava ser chamado de
Villlage Stadium.
- Lembro de ter estudado sobre... é proibido por que mesmo?
- Contaminado por radiação atômica... se você fosse um humano normal
não poderia ficar aqui...
- Legal... mas... não tem nada aqui. – Gyorai olhou em sua volta. Estava
em cima dos destroços de uma pequena casa e não tinha absolutamente nada
relevante em sua volta apenas entulhos e casas destruídas.
- Mas por enquanto sugiro que você fique aqui... eles conseguiram nos
identificar, preciso testar umas suspeitas...
- Que suspeitas? – No momento que Gyorai perguntou uma lámina
passou a um milímetro de distância de seus olhos, olhou para trás e viu ela
perfurar um tanque vazio. A sua frente tinha um homem vestido em uma
armadura dourada exalando um brilho muito forte.
- Eu não achei que tinha alguém aqui... – Disse Adriss sem voz, ela
estava em choque assim como Gyorai.
- Quem é você? – Perguntou.
- Estou aqui para leva-lo de volta Dx. Sou um Hunter de busca de
fugitivos e desertores.
- Nunca soube que existia esse tipo de Hunter... – Sussurrou Adriss.
- Mentira! – Gritou Gyorai. – Até onde eu sei, Hunters não saem de dia...
O homem levantou o punho e a lâmina que estava perfurada no tanque
retornou entrando em um mecanismo que ficava nas costas dele.
- Essa armadura possibilita esse ato... se o deus do sol tentar algo,
posso refletir tudo para você. O sujeito se posicionou de uma forma que
sugeria um ataque.
- Acho que vamos ter que lutar Gyo...
- Lembra do que eu disse quando eu não conseguia falar e você
praticamente deduziu? – Perguntou para Adriss bem baixo.
- Sim... mas...
Não deu tempo de terminar. Duas lâminas voaram em sua direção.
Ativou as botas e subiu com extrema velocidade, quando olhou para baixo viu
as lâminas o seguindo.
- Droga. – Disse ele, percebeu que teria que tentar desviar, socou uma
delas com as garras, porêm as garras se partiram ao meio e um corte foi feito
em seu punho esquerdo, a lâmina seguiu rodopiando para cima e fez outro
corte nas pernas de Gyorai, a outra lâmina se desviou do alvo.
- É agora Adriss... Strards! – Gritou ele disparando 3 torpedos da mão
direita. Não havia tempo para comunicar a Adriss o plano para explosão, cabia
apenas confiar.
O Hunter saltou tentou desviar, porêm os torpedos foram implacáveis,
atingiram nas articulações, dois no braço e uma no joelho. A explosão ocorrida
jogou pedras e fumaça por toda direção, Gyorai caiu rolando no chão.
- Deu certo – Avisou Adriss. Gyorai se levantou, o sujeito estava fugindo,
a armadura estava soltando fumaça, mas não parecia totalmente danificada.
- Eu não vou atrás dele... – Afirmou, estava exausto e com muita dor.
- Você vai ficar parado aí? – Perguntou ela. – Agora que eles sabem sua
localização.
Gyorai começou a andar, cambaleando pelos lados, estava procurando
distancia, talvez um lugar para se esconder. Depois de um tempo encontrou
uma espécie de porão de uma casa destruída. Ele entrou lá, com ajuda de
Adriss fez um curativo caseiro para sua perna, evitando vazar muito sangue.
Ficou por lá durante várias horas. Começou a refletir no que se
encaminhava sua vida. Nada estava indo bem, era muita novidade disfarçada
de riscos enormes. Ficar escondido no porão com fome e vários machucados
não era algo que ele queria. Quando Lávine surgia em sua mente, uma névoa
de ansiedade tomava conta e só cabia a ele evitar aquilo, pelo menos naquele
momento.
- Minhas suspeitas só aumentaram... – Afirmou Adriss.
- Suspeitas de quem? – Gyorai estava sentado atrás de vários caixotes.
- Elliptic... só ele sabia que estávamos naquele apartamento... talvez ele
não seja uma pessoa confiável.
Ele ficou em dúvidas sobre o que acreditar. Dormiu ali mesmo, com o
tempo se acostumou com a dor. Pensou que devia ter trazido o restante da
pizza.
Nastell 9 de junho de 2215

Acordou no momento que sentiu o brilho do sol. Adriss estava


esperando para falar algo.
- Tem algo que eu queria debater. – Disse ela.
- O que?
- Lembra quando conseguimos a informação de um prédio que seria alvo
de um atentado terrorista?
- Sim... Ellipitc informou para Nick.
- Esse atentado tinha hora... Elliptic mandou um lembrete avisando que
será hoje pela manhã, prédio Kingsburns... será em 20 minutos.
- Você está suspeitando dele né? – Gyorai buscou forças para se
levantar e sair do porão.
- Eu não posso tomar uma decisão dessas, então deixo você decidir o
que fazer. Segundo ele, só nós sabemos isso e só nós podemos fazer algo a
respeito, ele não pode se expor mais do que já está.
- Bom... – Gyorai se sentou em uma pedra e olhou para o céu. Começou
a lembrar de motivos que ele tinha. Por que ele acordava todos os dias? Quais
eram as reais obrigações que ele tinha que assumir? Pareciam perguntas sem
respostas, mas a decisão que ele tinha que tomar poderia mudar a vida dele
para sempre... poderia ser uma emboscada, mas e se não fosse?
Essas escolhas podiam ser mais simples, pensou ele. Uma decisão
errada iria descaminhar tudo, todo seu sonho morreria e nenhuma resposta ele
teria. Seria resumido no final como uma vida infeliz. Mas se ele desse as
costas para isso, muitas pessoas poderiam morrer, pessoas que ele nunca
conheceu, mas também tinham sonhos. Após várias reflexões ele enxergou o
que estava nítido, não era algo tão complicado assim.
- Você podia ter decidido sozinha Adriss. – Disse ele. – A escolha é
óbvia. Precisamos salvar essas pessoas.
- Você precisaria ir para lá agora... posso tentar pedir uma evacuação,
mas não acho que conseguiria a tempo.
- Faça isso, vou para lá caso as coisas não terminem bem... seria legal
se Lavíne ficasse sabendo que eu morri para salvar tantas pessoas né?
- Isso é estupidamente egoísta Gyo. Não morra.

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