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Pré-Modernismo:
O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constitui uma "escola
literária", ou seja, não temos um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário,
seguindo determinadas características.
Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa uma vasta produção literária
que abrangeria os primeiros 20 anos deste século. Aí vamos encontrar as mais variadas
tendências e estilos literários, desde os romancistas da linha realista; passando pelos poetas
parnasianos e simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a
desenvolver um novo regionalismo, além de outros mais preocupados com uma literatura
política e outros, ainda, com propostas realmente inovadoras.
Para efeitos didáticos, é o período que se inicia em 1902 com a publicação de dois importantes
livros - Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha - e se estende até o ano de
1922, com a realização da Semana de Arte Moderna.
Politicamente, vivia-se o período de estabilização do regime republicano e a chamada "política do café-com-leite",
com a hegemonia de dois Estados da federação: São Paulo, em razão de seu poder econômico, e Minas Gerais, por
possuir o maior colégio eleitoral do país. Embora não tivesse absorvido toda a mão-de-obra negra disponível desde a
Abolição, o país recebeu nesse período um grande contingente de imigrantes para trabalhar na lavoura do café e na
indústria.
O Autor:
José Bento Monteiro Lobato nasceu a 18 de abril de 1882 (mas jurava “de pé junto” ter nascido em 1884) na cidade
de Taubaté. Filho do fazendeiro José Bento Marcondes Lobato e de dona Olímpia Augusta Monteiro Lobato, ele foi,
além de inventor e maior escritor da literatura infanto-juvenil brasileira, um dos personagens mais interessantes da
história recente desse país.
Em 1917, Lobato publicou o contundente artigo “ A Respeito da Exposição de Anita Malfatti: Paranóia ou
Mistificação?”, no qual criticou uma exposição de Anita Malfatti e a influência dos ‘futurismos’ nas obras da artista.
Para ele, cada arte, como as ciências, tem suas leis (proporção, simetria etc.), e Malfatti era excelente artista quando as
cumpria, tinha um “talento vigoroso, fora do comum”, porém, o escritor não gostava quando a artista se deixava
seduzir pelas vanguardas européias, assumindo, segundo ele, “uma atitude estética forçada no sentido das
extravagâncias de Picasso & Cia.”.
Nos anos seguintes, Lobato publicou seus primeiros livros: “Urupês”, “Cidades Mortas” e “Negrinha”. Segundo
Marisa Lajolo, Lobato, nestes livros, traz o melhor de sua literatura, principalmente em “Urupês” e “Negrinha”, nos
quais, segundo ela, "comparecem os diferentes brasis que até hoje, sob diferentes formas, assombram as esquinas da
nossa história. Os contos contam do trabalho do menor, do parasitismo da burocracia, da violência contra negros,
imigrantes e mulheres, da empáfia dos que mandam, do crescimento desordenado das cidades, da degradação
progressiva da vida interiorana; enfim, os contos contam do preço alto do surto de modernidade autofágica que
desemboca na crise de 30." Os dois livros mostram a "aguda sintonia de Lobato com um tempo que reclamava novas
linguagens" e marcam a vigorosa entrada no mundo literário brasileiro de um grande escritor que, segundo ele
mesmo disse, "talento não pede passagem, impõe-se ao mundo".
Logo depois ao glorioso início da carreira literária, Lobato viajou para os Estados Unidos, voltando somente em
1931. Lá enfrentou sérios problemas. Seu livro “O Presidente Negro” e o Choque das Raças” — uma história que
narra a vitória de um candidato negro à Presidência dos EUA — não foi muito aceito e acabou por custar-lhe grandes
desgostos, mas aqui, sempre foi um ardoroso defensor daquele país, chegando a afirmar, em carta enviada a Érico
Veríssimo, que considerava os "Estados Unidos como uma dessas famosas composições musicais que são impostas a
todos os grandes executantes a fim de tirar a prova dos noves fora do seu valor real, a rapsódia húngara de Lizt (sic),
certas fugas de Bach". Nessa mesma carta, ao comentar o novo livro de Érico, Lobato afirmou: "Escrever bem é
mijar. É deixar que o pensamento flua com o à vontade da mijada feliz."
Negrinha
A Obra:
O livro de contos/crônicas Negrinha é composto de 22 contos/crônicas (alguns dos
quais, em uma primeira versão, já publicados em jornais em 1918) escritos e publicados
entre 1921 e 1942.
Este é o período anterior e posterior à viagem de Lobato aos Estados Unidos, e é por
conta disso que podemos encontrar contos tão distintos entre si na linguagem e na
temática. Alguns dos contos mais importantes da literatura adulta de Monteiro Lobato
estão reunidos nesta obra, entre eles o conto que dá nome ao volume: “Negrinha” (um
dos que mais emocionam), além do “O jardineiro Timóteo”, “O Colocador de
Pronomes” e “A Facada Imortal”.
Um fato curioso é que nesta obra, Monteiro deixa transparecer várias passagens de sua
vida como a Campanha pelo Petróleo, em “Quero Ajudar o Brasil”.
O Estilo:
Monteiro Lobato está situado em um período eclético denominado Pré-Modernismo. No entanto, é possível
encontrarmos no autor características realistas (análise psicológica e crítica social); acadêmicas, na linguagem bem
elaborada e “afrancesada” de alguns contos e mesmo anti-acadêmicas (o livro conta com um prefácio intitulado
“Monteiro Lobato e a Academia”, que expõe a relação do autor com a ABL. Teria se candidatado - sem vencer - em
1925, e teria recusado a indicação anos mais tarde, em 1944.
Contos:
Publicado inicialmente em 1920, hoje o livro tem 22 contos:
Negrinha (3ª pessoa) A Facada Imortal (1ª pessoa)
As Fitas da Vida (1ª pessoa) A Policitemia de Dona Lindoca (3ª
O Drama da Geada (1ª pessoa) pessoa)
Bugio Moqueado (1ª pessoa) Duas Cavalgaduras (1ª pessoa)
O jardineiro Timóteo (3ª pessoa) O Bom Marido (3ª pessoa)
O Fisco (3ª pessoa) Marabá (roteiro de cinema)
Os Negros (1ª pessoa) Fatia de Vida (3ª pessoa)
Barba Azul (1ª pessoa) A Morte do Camicego (3ª pessoa)
O Colocador de Pronomes (3ª “Quero ajudar o Brasil” (1ª pessoa)
pessoa) Sorte Grande (3ª pessoa)
Uma História de mil anos (3ª Dona Expedita (3ª pessoa)
pessoa) Herdeiro de si Mesmo (3ª pessoa)
Os pequeninos (1ª pessoa)
Análise dos Contos:
Negrinha (3ª pessoa)
Considerado um dos contos mais bonitos e tristes de toda a literatura brasileira, faz parte de várias antologias. O
conto segue a linha iniciada pelo Realismo, criticando a hipocrisia, a falsa moral dominante e a igreja, na postura do
padre que vê o que se faz na fazenda e não critica, pelo contrário, elogia a dona.
Uma menina de sete anos sem nome (Negrinha, órfã aos quatro), é criada pela patroa (Dona Inácia) que não gosta
de crianças e vive a dar “cocres” na menina. Perceba a ironia de Monteiro Lobato ao descrever a dona da fazenda:
“Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e
camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali
bordava, recebia as amigas, o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma –
“dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o
reverendo.”
Já fora apelidada de tudo pelas outras empregadas: “Que idéia faria de si
essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho? Pestinha, diabo,
coruja, barata descascada, bruxa, pata-choca, pinto gorado, mosca-morta,
sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa-ruim, lixo...”(...) até chegar na
“bubônica”, que ela gostou e que logo foi suprimido, pois“Estava escrito que
não teria um gostinho só na vida – nem esse de personalizar a peste...” Um
dia, ao chamar outra empregada de peste, foi obrigada a “esfriar um ovo cozido
na boca” como castigo.
Certo dezembro, duas sobrinhas da sinhá vieram passar férias. Ao perceber
que as sobrinhas não apanhavam Negrinha tentou se aproximar e foi rechaçada.
Chegaram os brinquedos e pela primeira vez na vida a pobre viu uma boneca.
As sobrinhas de Dona Inácia riam dela e foi o seu olhar de felicidade para a
boneca que amoleceu a patroa. Pela primeira vez descobriu-se humana...tinha uma alma. Brincaram as férias, as
meninas partiram, Negrinha começou a definhar e morreu. “Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como
um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas
louras, de olhos azuis. E de anjos....E bonecas e anjos remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu. Sentia-
se agarrada por aquelas mãozinhas de louça – abraçada, rodopiada.(...) Depois, vala comum. A terra papou com
indiferença aquela carnezinha de terceira – uma miséria, trinta quilos mal pesados...”
BOX: Memória
A madrugada do dia 18 de julho foi de perplexidade. Nas horas mais frias os termômetros despencaram e de repente nada mais restou
Geada negra fez surgir um novo cenário agrícola no Norte do PR
16/04/2008
“Um verdadeiro cataclisma”. Assim noticiaram os jornais da época a respeito da geada negra que se abateu sobre o Norte do Paraná,
dizimando cerca de 850 milhões de pés de café e mudando definitivamente as configurações econômicas de Londrina e região.
Era dia 16 de julho de 1975. A geada chegou sinistra, disfarçada de chuva. No dia seguinte, em Curitiba, a neve caiu e o vento gelado cortou
todo o Paraná. Sem aviso, a geada queimou o “ouro verde” do Norte do Estado, esteio da cafeicultura brasileira.
No final da tarde o céu azul ficou marcado por manchas vermelhas que anunciavam a tragédia que ninguém queria aceitar. A madrugada do
dia 18, sexta-feira, foi de perplexidade. Nas horas mais frias os termômetros despencaram e de repente nada mais restou.
Diferente da geada normal, que em anos anteriores atingiu somente algumas áreas e permitiu que os pés de café rebrotassem, a geada
negra foi destruidora e torrou o pé de café das folhas até a raiz, sem chance de recuperação.
O Norte do Estado amanheceu, literalmente, coberto por uma mancha negra, que rapidamente se decompôs sob os raios do sol. Tudo o que
era verde morreu – não apenas o café, mas toda a vegetação que recobria a região.
No meio desse cenário, o então governador Jayme Canet Júnior desembarcou pesaroso no aeroporto de Londrina. Ele já havia sobrevoado –
durante cinco horas – toda a região do Norte do Estado e se dirigiu à sede imponente do Instituto Brasileiro do Café (IBC) para trazer a
confirmação daquilo que ninguém queria aceitar.
Londrina, que já ostentara com orgulho o título de “capital mundial do café”, depois da terrível geada era pura desolação.
No entanto, não demorou para a Cidade começar a se reorganizar dentro de uma nova realidade. Os agricultores substituíram o café pela
soja e o trigo, preferindo as lavouras mecanizadas, e dispensaram toda a mão-de-obra necessária que antes cultivava o café.
Logo no segundo semestre de 1975, a Transparaná, uma das principais revendedoras de maquinário agrícola, bateu recorde nas vendas de
tratores – não tinha nem como atender todos os pedidos.
Do dia para a noite, trabalhadores do campo ficaram sem trabalho.
Segundo especialistas, a geada de 1975 foi a responsável pela mecanização da agricultura no Paraná e também um dos motivos do rápido
crescimento de Londrina, que se transformaria nas décadas seguintes num dos mais importantes municípios do Sul do Brasil.
O Fisco
Conto que tem início mostrando um São Paulo em transformação (início do século XX). Nele há registro da
chegada dos imigrantes e o surgimento dos bairros operários: “O Brás trabalha de dia e à noite gesta. Aos
domingos fandanga ao som do bandolim. Nos dias de festa nacional (destes tem predileção pelo 21 de abril:
vagamente o Brás desconfia que o barbeiro da Inconfidência, porque barbeiro, havia de ser um patrício), nos dias
feriados o Brás vem a São Paulo. Entope os bondes no travessio da Várzea e cá ensardinha-se nos autos: o pai, a
mãe, a sogra, o genro e a filha casada no banco de trás; o tio, a cunhada, o sobrino e o Pepino escoteiro no da
frente; filhos miúdos por entremeio; filhos mais taludos ao lado do motorista; filhos engatinhantes debaixo dos
bancos; filhos em estado fetal no ventre bojudo das matronas. Vergado de molas, o carro geme sob a carga e
arrasta-se a meia velocidade, exibindo a Paulicéia aos olhos arregalados daquele exuberante cacho humano.”
Descrições sobre as transformações na arte e no processo de
urbanização, além da influência cientificista.
Passando por uma avenida o narrador vê uma cena e faz a relação
biológica:“Fagocitose, pensei. A rua é a artéria; os passantes, o
sangue. O desordeiro, o bêbado, o gatuna são os micróbios maléficos,
perturbadores do ritmos circulatório.” Tratava-se de um menino
maltrapilho com uma caixa de engraxate feita com as própria mãos,
com os olhos cheios de lágrimas e desesperado. Não tinha licença para
trabalhar. Note que o conto começa pela prisão do menino e volta ao momento em que o pequeno nasce, após
reflexões sobre a cidade.
Usando a linguagem em “flash”, a mesma técnica que posteriormente seria usada por Oswald de Andrade em
Memórias Sentimentais de João Miramar, o autor descreve os motivos do nascimento de Pedrinho:
“Viram-se ele e ela. Namoraram-se. Casaram.Casados, proliferaram. Eram dois. O amor transformou-se em três.
Depois em quatro, em cinco, em seis... Chamava-se Pedrinho o filho mais velho.”
Pois é esse Pedrinho que vai preso por não ter licença para trabalhar como engraxate. Ele, ao nove anos, após
tentar comprar pão, percebe a pobreza dos pais e resolve ajudar. O pai se chama José, “perdeu aos poucos a
coragem, o gosto de viver, a alegria. Vegetava, recorrendo ao álcool para alívio de uma situação sem remédio.” E a
mãe, Mariana, tem 27 anos, mas aparenta o dobro. “A labuta permanente, os partos sucessivos, a chiadeira da
filharada, a canseira sem fim, o serviço emendado com o serviço, sem folga outra além da que o sono força,
fizeram da bonita moça que fora a escanzelada besta de carga que era”.
Pedrinho constrói uma tosca caixa de engraxate e sai pelas ruas disposto a ganhar dinheiro. É preso sem licença
por um fiscal que cobra multa de vinte mil réis. A mãe só tem dezoito, guardados para uma emergência. Dá o
dinheiro todo com lágrimas nos olhos. O fiscal – corrupto – vai beber toda reserva da pobre família em cerveja na
venda mais próxima.
“ Enquanto isso, no fundo do quintal, o pai batia furiosamente no menino.”
Exercícios:
01. (UEL) Nas duas primeiras décadas de nosso século, as obras de Euclides da Cunha, de Monteiro Lobato e de Lima
Barreto, tão diferentes entre si, têm como elemento comum:
02. Sobre o conto Negrinha, de Monteiro Lobato, pode-se assinalar como correta:
a) Considerado um dos contos mais bonitos e tristes de toda a literatura brasileira, faz parte de várias antologias. O
conto segue a linha iniciada pelo Realismo, criticando a hipocrisia, a falsa moral dominante e a igreja, na postura do
padre que vê o que se faz na fazenda e não critica, pelo contrário, elogia a dona.
b) Uma menina de sete anos sem nome (Negrinha, órfã aos quatro), é criada pela patroa (Dona Inácia) que não gosta
de crianças e vive a dar “cocres” na menina
c) Há uma postura irônica que lembra o realismo em:“Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo,
amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono
(uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas, o vigário, dando audiências, discutindo o
tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o
reverendo.”
d) O narrador faz várias interferências no correr do conto, como em: “Que idéia faria de si essa criança que nunca
ouvira uma palavra de carinho? Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata-choca, pinto gorado, mosca-
morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa-ruim, lixo...”(...) até chegar na “bubônica”, que ela gostou e que logo
foi suprimido, pois “Estava escrito que não teria um gostinho só na vida – nem esse de personalizar a peste...”
e) Certo dezembro, duas sobrinhas da sinhá vieram passar férias. Ao perceber que as sobrinhas não apanhavam
Negrinha tentou se aproximar e foi rechaçada pelas meninas. Não agüentando o preconceito, começou a definhar e
morreu. “Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém
morreu com maior beleza.”
03. Hábil contista, Monteiro Lobato prossegue, em Negrinha, a linha iniciada com Urupês, acentuando sua verve de
“contador de causos”. Sobre Negrinha e seus contos, pode-se afirmar que:
(01) o conto que dá nome ao livro de Monteiro Lobato é extremamente lírico, triste e conta a história de uma menina
que nunca teve a felicidade de brincar. Morre após ter passado um “dezembro” em companhia de duas sobrinhas da
dona da fazenda e de uma boneca.
(02) no conto O Jardineiro Timóteo, o velho jardineiro faz do jardim uma espécie de história botânica dos
acontecimentos da fazenda. Após a propriedade ser vendida ele aceita placidamente a transformação do jardim de
flores “caipiras” em um jardim mais vistoso.
(04) no conto O Colocador de Pronomes, Aldrovando Cantagalo é um fanático pelo uso da gramática da língua
portuguesa. Sofre muito com isso, pois é desprezado e ridicularizado, mas faz publicar um livro.com um erro de
colocação pronominal que custa sua vida.
(08) em Herdeiro de si mesmo, o Coronel Lupércio Moura enriqueceu após os 36 anos, impulsionado por uma “força”
(comprou um casco da navio e vendeu o ferro durante a guerra). Após os 60 anos passou a estudar o espiritismo, pois
queria entender a reencarnação, para deixar a herança para si mesmo.
(16) No conto Dona Expedita, uma empregada de quase 60 anos insiste em dizer que tem 36 e quer um emprego com
ótimas acomodações e salário. Uma moça aparece para falar sobre o trabalho e as duas se entendem perfeitamente
bem...pela primeira vez uma patroa respeitava as empregadas. Ledo engano, a moça viera enganada, era uma criada
também.
(01) é narrado em 1ª pessoa por um “hóspede” que conta uma história de geada (tão comum na época do café, por São
Paulo e Paraná), misturando estilo acadêmico com descrições da roça.
(02) após uma descrição da fazenda, Quincas (Joaquim) diz que tudo é obra sua e conta como tudo foi sendo feito
desde a derrubada da mata até o momento em que nos encontramos: um ano antes da primeira colheita, quando o café
ainda é frágil e as esperanças são muitas.
(04) Monteiro Lobato, filho e neto de fazendeiros de café e conhecedor daquela realidade, faz reflexões sobre o papel
do fazendeiro na fazenda e no Brasil: “O fazendeiro paulista é alguma coisa séria no mundo. Cada fazenda é uma
vitória sobre a fereza retrátil dos elementos brutos, coligados na defesa da virgindade agredida Seu esforço de gigante
paciente nunca foi cantado pelos poetas, mas muita epopéia há por aí que não vale a destes heróis do trabalho
silencioso. Tirar uma fazenda do nada é façanha formidável. Alterar a ordem da natureza, vencê-la, impor-lhe uma
vontade, canalizar-lhe as forças de acordo com um plano preestabelecido...”
(08) a geada é percebida na descrição perfeita do autor: “O relento estava de cortar as carnes – mas que maravilhoso
espetáculo! Brancuras por toda parte. Chão, árvores, gramados e pastos eram, de ponta a ponta, um só atoalhado
branco. As árvores imóveis, inteiriçadas de frio, pareciam emersas dum banho de cal. Rebrilhos de gelo pelo chão.
Águas envidradas. As roupas dos varais, tesas, como endurecidas em goma forte.”
(16) Quincas consegue se recuperar e vence as adversidades impostas pelos judeus que hipotecaram a fazenda, afinal a
geada nunca foi páreo para o fazendeiro, comparado a um herói desbravador.
05. Sobre os contos “Bugio moqueado” e “O colocador de pronomes”, integrantes da coletânea Negrinha, de
Monteiro Lobato, assinale o que for correto.
Moquear: assar ou tostar em uma espécie de grelha de paus apropriada para preparar carne ou peixe.
(01) O conto “O colocador de pronomes”, ambientado na segunda metade do século XIX, ocupa-se da história de
Aldrovando Cantagalo, um professor de gramática, obcecado por detectar erros de colocação pronominal nos jornais
da época.
(02) No que diz respeito à linguagem, o narrador do conto “O colocador de pronomes” utiliza, em uma espécie de
estratégia narrativa, dois estilos diferentes. Um, bem ao gosto de alguns escritores pré-modernistas, como Lima
Barreto, apresenta-se próximo ao falar culto urbano, coloquial e desafetado; o outro, grandiloqüente, é marcado pelo
rebuscamento e pelo purismo da língua e se aproxima do modo de falar do protagonista Aldrovando Cantagalo.
(04) Dentre as funções assumidas pelo narrador do conto “O colocador de pronomes” está a de contar, ou de
documentar, a história de vida de Aldrovando Cantagalo, a fim de que ele possa, um dia, ser canonizado como o
primeiro santo da gramática, o mártir da colocação pronominal.
(08) O conto “Bugio moqueado” é construído a partir da estratégia da narrativa enquadrada, ou seja, a da história
dentro de outra história. A primeira história focaliza um jogo de pelota em que o narrador do conto se interessa pela
conversa de dois outros torcedores, tendo em vista a admiração e o espanto demonstrado por um deles em relação ao
que o outro contava. A segunda história é a principal e gira em torno da morte de um rapaz, a rabo de tatu, depois
moqueado e comido por uma mulher.
(16) O conto “Bugio moqueado” é narrado em primeira pessoa por um narrador testemunha que confere ao texto um
tom de brincadeira e de descontração, visivelmente contrastante com a matéria narrada. O leitor, em determinada
altura da narrativa, é levado a crer que se trata de uma espécie de brincadeira ou de piada, quando, na verdade, trata-se
de uma história de violência e de sadismo.
Gabarito: