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Figura 1
Posição de repouso (Fig. 1): para considerar a primeira posição postural neste estudo, imagina-
se uma pessoa em pé ou sentada olhando para frente e para longe, com os lábios em leve
contacto e a mandíbula relaxada, sem tensão. É esta a posição de repouso da mandíbula, na
qual os músculos mandibulares estão em contracção mínima, contraídos apenas o suficiente
para manter a postura. Os dentes superiores e inferiores não estão em contacto e o espaço
entre eles é chamado espaço livre ou interoclusal.
É claro que certos factores podem interferir na constância dessa posição; por exemplo, a dor, o
stress físico e emocional e a postura. Se a cabeça for inclinada para trás, a relação maxila–
mandíbula se modificará, aumentando o espaço livre. Por outro lado, se a cabeça for inclinada
para frente, poderá mesmo eliminar completamente o espaço livre. A posição de repouso é
importante para o descanso muscular e alívio das estruturas de suporte dental.
Figura 2
Oclusão central (Fig. 2): a partir da posição de repouso, a mandíbula pode ser elevada até o
contacto máximo dos dentes inferiores com os superiores. Ela fica, assim, na chamada posição
de oclusão central, que é a posição de maior número de contactos entre os dentes. A pessoa
despende esforço para manter seus maxilares fechados nessa posição por algum tempo, pois
os músculos elevadores da mandíbula devem permanecer contraídos.
Figura 3
Relação central (Fig. 3): a partir da oclusão central, os dentes podem ser mantidos apenas em
ligeiro contacto e, então, a mandíbula pode ser movida para trás, em um movimento de
retrusão da ordem de 1 a 2mm (1,25 em média). Mas há um ponto além do qual a mandíbula
não pode ir. Nesse ponto, ela alcança sua posição mais retrusiva, que é a posição de relação
central na dimensão vertical de oclusão.
Apesar de a mandíbula estar na posição mais posterior ou retrusiva que ela possa adotar, há
um espaço entre o côndilo e o processo retroarticular. Obviamente, então, o movimento
posterior não é limitado pelo contacto direto de superfícies ósseas, mas por músculos e
ligamentos. O mesmo acontece nas limitações dos movimentos de abertura, protrusão e
lateralidade. Deve-se lembrar de que o coxim retrodiscal é ricamente inervado, o que produz
estímulos sensitivos gerais e proprioceptivos, impedindo de maneira normal sua compressão.
Esta ocorre somente quando existe desvio nessa engrenagem, levando a mandíbula (e o
côndilo) a se deslocar para um dos lados.
Figura 4
Figura 5
Se a boca continuar a ser aberta, chega-se a um ponto onde o movimento condilar muda de
rotação em charneira pura, para movimento de deslizamento anterior, conhecido como
translação. Separando-se os maxilares o máximo possível, chega-se à abertura máxima,
posição que não pode ser ultrapassada (Fig. 5).
Figura 6
Da posição de abertura máxima, a mandíbula pode ser deslocada para frente e para cima, isto
é, movimentos de protrusão e elevação concomitantes, o máximo possível. Alcança, assim, a
mandíbula sua posição mais protrusiva. Nessa posição, a borda incisal do incisivo inferior fica
em um nível mais alto que a borda incisal do incisivo superior (Fig. 6).
Figura 7
O gráfico traçado é um esquema dos limites extremos dos movimentos mandibulares normais,
os movimentos bordejantes da mandíbula (Fig. 7). Esse gráfico sagital foi descrito pela
primeira vez por Posselt. É claro que a mandíbula não se movimenta rotineiramente nas
bordas extremas do gráfico. Ela se move livre e fácil dentro do gráfico, em movimentos
intrabordejantes, nas funções de falar, mastigar etc. Destes, o movimento mais reprodutível é
o que ocorre quando se abre bem a boca, inconscientemente, e a fecha directamente em
oclusão central. Esse movimento é conhecido por fechamento habitual.
Movimentos no plano frontal
Figuras 8 e 9
Os movimentos mandibulares podem ser vistos de frente, isto é, tendo-se como referência o
plano frontal.
No movimento lateral direito, a partir da oclusão central (Fig. 8), o côndilo esquerdo desloca-
se para baixo e para frente (e ligeiramente para medial), enquanto o direito permanece em
posição na fossa mandibular (Fig. 9).
Figura 10
Se desta translação unilateral direita a mandíbula for movida a uma posição de abertura
máxima, o côndilo direito desliza para frente. Enquanto ele vai para frente, ambos os côndilos
também entram em rotação até seus limites máximos (translação e rotação condilar bilateral)
(Fig. 10).
Figura 11
O fechamento da boca iniciado na posição de abertura máxima e terminado na posição lateral
esquerda é conseguido pela translação posterior do côndilo esquerdo, enquanto o côndilo
direito permanece na posição avançada. Alguma rotação ocorre em ambos os côndilos (Fig.
11).
Figura 12
Da posição lateral esquerda, um movimento para trás até a oclusão central envolve a
translação posterior do côndilo direito e a rotação de ambos os côndilos, até que os dentes
entrem em oclusão central (Fig. 12). O gráfico de movimento traçado pelo incisivo inferior
representa as bordas dos movimentos mandibulares máximos no plano frontal, ou
movimentos bordejantes. Movimentos normais dos actos de mastigar e de falar são
intrabordejantes.
Para se examinar os movimentos mandibulares no plano horizontal, prende-se uma ponta nos
dentes inferiores que gravará traços em uma placa ligada aos dentes superiores. O gráfico
assim traçado corresponderá aos seguintes movimentos, a partir da posição de relação central.
Primeiro um movimento lateral para a direita. Dessa posição, a mandíbula é projetada ao
máximo para frente, enquanto os dentes são mantidos em contato; para tal, o côndilo direito
simplesmente desliza para frente. Em seguida, o côndilo esquerdo é retruído de tal modo que
a mandíbula se mova para a posição lateral esquerda. Daí, o outro côndilo é retruído para a
mandíbula mover-se para trás, até a posição de relação central.
O grau de movimento de Bennett que ocorre varia de pessoa para pessoa, e os articuladores
podem ser ajustados para possibilitar isso. É importante esse ajustamento porque os caminhos
pelos quais as cúspides opostas superiores e inferiores deslizam em movimentos laterais são
afectados por presença ou ausência do movimento de Bennett.