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FACULDADES INTEGRADAS REGIONAIS DE AVARÉ

Luiz Ricardo Andrade


Jessica Deolin
Fábio

A ILHA PERDIDA

Avaré
2017
A ILHA PERDIDA

Trabalho apresentado à disciplina de Literatura


Infanto-Juvenil ministrado pelo Prof. Emerson
Calil Rossetti, como avaliação parcial do curso
de letras.

Avaré
2017
Resumo

A ilha perdida trata das peripécias vividas pelos irmaos, Henrique e Eduardo, que saem
escondidos da fazenda dos padrinhos, banhada pelo Paraíba, para se aventurar em uma ilha situada
no centro desse rio.
O chamado da aventura acontece por meio da sedução, pois os protagonistas sentem-se
atraídos por aquele espaço proibido pelos adultos. Na ânsia de atingirem-no, encontram por acaso
uma canoa velha que os conduz ao lugar desejado.
Esse espaço apresenta-se como desconhecido, constituído por matas fechadas e labirínticas
de difícil acesso. Nele, os protagonistas passam fome, sentem medo e correm risco de vida. O mais
novo, Henrique, é detido por um ermitão, Simão, morador da ilha há muitos anos. Feito prisioneiro,
o jovem adentra a ilha, enquanto seu irmão permanece em suas margens. Henrique, uma vez liberto,
reúne-se ao irmão e ambos retornam ao espaço domiciliar da fazenda, no qual são bem acolhidos.

Análise da obra

O Narrador:

O texto está narrado em terceira pessoa e tem de ser pensado a partir do interesse adulto, já
que deve atender aos interesses desse mesmo adulto. O narrador ao criar a história aparece como
elemento central da narrativa, estabelecendo organização e estrutura de modo que possa tomar
posição e assim estabelecer relaçoes com o leitor.

O narrador apresenta a história e as personagens de modo que não tenham atuação


autônoma, tornando o texto totalmente linear e de fácil entendimento. Tal aproximação ou
participação do narrador nas acões das personagens empobrece o texto visto que as acões perdem
sua força, pois os personagens deixam de existir como entidades livres. Elas são eliminadas pela
censura do criador.

Apesar de não ficar totalmente claro, o mundo representado não é o mundo das crianças e
sim um universo cultural do adulto enaltecido por uma tradição de amor e respeito a natureza.

O texto demonstra pleno domínio do seu autor. E esse autoritarismo da terceira pessoa
verbal é importante para o narrador, pois essa forma impõe afastamento e, consequentemente,
instaura o respeito da autoridade. Desta forma as açoes são exercidadas pelas personagens, mas
impostas pelo narrador que as interpreta.

Preocupado em apresentar e defender uma tese o narrador toma para si a narrativa e


raramente permite uma intervenção das personagens, que tipificadas permitem o seu livre trânsito
pela história. Consequêntemente, o texto é a narrativa do narrador. E conforme o narrador assume a
narrativa, o texto perde em possibilidades e significação.

O texto ainda estabelece uma oposição entre a fazenda, como continuação da cidade de
Taubaté e a ilha. A opisição se da entre o mundo civilizado e o salvagem; entre o conhecido e o
desconhecido; entre o previsível e o imprevisível.

“ Na fazenda do padrinho, perto de Taubaté, onde Vera e Lúcia gostavam de passar as férias, corre o rio
Paraíba, Rio imenso, silencioso e de águas barrentas. Ao atravessar a fazenda ele fazia uma grande curva para a direita e
desaparecia atrás da mata. (…) a uns dois quilômetros de distância e nesse lugar, bem no meio do rio, via-se uma ilha
que na fazenda chamavam de “Ilha Perdida” solitária e verdejante, parecia mesmo perdida entre as águas volumosas.

Apesar da aparente oposição apresentada pelo autor entre o mundo civilizado e a ilha, e digo
aparente pois na estrutura os mundos se completam em um perfeito equilíbrio, com o mundo da
fazenda sendo nossa realidade, enquanto o mundo da ilha, moralizante e perfeito visto como o ideal.
Daí seu caráter de fantasia.

Os valores morais e pedagógicos contidos na ilha são estruturados pelo narrador na


personagem Simão, que recebe força da natureza e que, ao integrar-se a ilha, intergra-se a própria
natureza.

A ilha é perfeita, mas o valorizado é o mundo civilizado, visto que os personagens voltam
para a casa. Na segunda excursão temos a invasão e “destruição” da ilha. O deslocamento das
personagens, da fazenda a ilha, tem como significado a passagem do mundo real para o mundo
ideal, utópico. A natureza tão bem estruturada pela autora está sujeita a vontade humana.

A narrativa:

Maria José Dupré apresenta uma narrativa que de início nos proporciona toda a tensão,
mistério e curiosidade que uma obra classificada como aventura deve proporcionar. Com um início
bem elaborado focado nos possíveis segredos da ilha perdida, ela prende a atenção do leitor que
sente necessidade de prosseguir com a leitura.

“Quico e Oscar os dois filhos do padrinho, ficavam horas inteiras sentados no alto do morro e conversando a
respeito da ilha. Quem viveria lá? Seria habitada? Teria algum bicho escondido na mata? Assim à distância, parecia
cheia de mistérios, sob as copas altíssimas das árvores; e as árvores eram tãojuntas umas das outras, que davam a
impressão de que não se poderia caminhar entre elas. Oscar suspirava e dizia:
— Se algum dia eu puder ver a ilha de perto, vou mesmo.
Quico perguntava.
— Não tem medo? E se tiver alguma onça morando lá?
— Onça? Não pode ter. Como é que onça vai parar lá no meio do rio?
— Nadando. Ouvi dizer que onça nada muito bem.
Oscar respondia, pensativo:
— Pode ser. Todos os bichos sabem nadar, só a gente precisa aprender; mas eu queria ver o que há na ilha.
Falam tanta coisa...”
E é com essa mesma pegada que a autora impõe dificuldades as personagens, tornando o
destino de Henrique e Eduardo incertos aos olhos do leitor.

Cada um tomou um gole de água e depois iniciaram a caminhada de regresso. Mas quem diz de encontrar o
caminho? Eduardo dizia que era à direita,Henrique afirmava que era à esquerda. Ficaram assim discutindo durante uns
instantes, depois resolveram caminhar para a direita; andaram uma meia hora e não acharam o caminho por onde
haviam passado. Henrique disse:
— Eu não disse que não era por aqui? É para a esquerda que devemos seguir. Vamos voltar outra vez.
Eduardo espantou-se:
— Nem sei mais onde fica a direita e a esquerda. Onde é a esquerda?
— É por aqui. Eduardo disse:
— Eu me lembro que cortei uns galhos desta árvore com meu canivete. Vamos ver.
A árvore parecia a mesma, mas não havia nem sinal de cortes de canivete;
Henrique falou:
— Você sonhou; nós não passamos por aqui, foi por outro lugar.
— Passamos, disse Eduardo. Juro que passamos. Foi aqui que paramos para ver os serelepes pela primeira vez.
— Que absurdo, disse Henrique. Tenho certeza que não foi aqui; aqui há frutinhas vermelhas e naquele
primeiro lugar onde paramos não havia.
— Você está enganadíssimo.
— Onde estão os cortes de canivete que você fez...?
Eduardo passou a mão pela testa:
— É o que não estou entendendo. Parece que foi aqui, mas não os vejo.

A narrativa chama a atenção pela simplicidade e velocidade com que as coisas acontecem
em um primeiro momento, fazendo com que o leitor leia a próxima página e a seguinte.

Ficaram imóveis, sem poder tirar os olhos do Paraíba; viram passar tábuas, sapatos, roupas, a metade de uma
cadeira, troncos de árvore e, derepente, uma cabra morta. Eduardo estendeu o braço:
— Veja! Uma cabra!
Voltou-se para Henrique, pálido de susto:
— Henrique! Como vamos voltar agora?
O irmão sacudiu os ombros, fingindo-se corajoso:
— Pois não viemos até aqui? Podemos voltar também. Vamos procurar a canoa já, já. (…) Henrique, nervoso,
tornou a prender a canoa com as duas mãos enquanto Eduardo foi tentar amarrar a corda, mas esta estava tão velha que
arrebentou duas vezes entre as mãos de Eduardo. Henrique ficou aflito:
— Dobre a corda! Dobre a corda em duas, senão ela arrebenta. Bem Nhô Quim disse que a corda era velha.
Eduardo dobrou a corda, passou pela argola da canoa e conseguiu prendê-la na margem. Com um suspiro de
alívio, Henrique correu para auxiliá-lo.
Passaram a corda pelo tronco de uma árvore próxima e amarraram fortemente.
Quando terminaram o serviço, estavam suados e cansados. Eduardo observou:
— Você está vermelho como uma pimenta.
— E você está como um pimentão. (...) De repente viram uma árvore inteira que também vinha vindo em
direção à ilha; ficaram tão admirados que se levantaram para ver melhor; era uma árvore com flores amarelas e raízes à
mostra. Ela rodopiou e foi para mais longe fazendo redemoinhos, depois a correnteza empurrou-a outra vez para o lado
da ilha; nesse instante os dois meninos deram um grito de susto: a árvore vinha em direção à canoa!!
Em dois pulos, Henrique correu para salvar a canoa; conseguiu segurá-la com as duas mãos, mas era tarde!
A árvore passou dando voltas e arrastou a canoa para o meio do rio; a corda era velha, não resistiu.

Aqui temos um trecho onde Henrique encontra Simão pela primeira vez.
“De repente percebeu uma sombra que se aproximava; voltou-se de lado pensando que era o irmão e já ia
perguntar: Já voltou?, quando viu um homem desconhecido diante dele; tinha barbas compridas, cabelos pelos ombros,
estava quase nu. Sobre seu ombro esquerdo carregava um lindo papagaio que olhava fixamente para Henrique. O
homem também olhava Henrique sem dizernada. Espantadíssimo, Henrique também não falava, parecia mudo. De
súbito, o homem perguntou:
— O que está fazendo aqui? Não sabe que esta ilha é minha?
Henrique levantou-se um pouco amedrontado:
— Não sabia, não senhor.
O homem deu uma volta examinando o menino, depois continuou a falar:
— Vivo nesta ilha há muitos anos e não gosto de ser importunado; todos os que vêm aqui, vêm por maldade:
para caçar os bichos que são meus amigos. Eu não gosto disso .”

Embora eficiente em seu início, a trama carregada de emoção perde força ao longo da
história abrindo espaço para uma narrativa mais lenta e educativa, mas ainda assim funcional aos
olhos da autora.

Moral Pedagógica:

Pode-se observar na narrativa que a intenção pedagógica transforma a aventura em pretexto


para a transmissão de normas. Como o ingresso na aventura é proviniente de uma transgressão a
ordem, o espaço que a representa se transforma em lição aos desobedientes. Assim, a experiência
propiciada pela aventura leva os protagonistas a aceitação das regras referentes a obediência com
consequente reclusão no âmbito familiar.

Após o retorno dos heróis, o padrinho decide levá-los juntamente com os primos mais
jovens, a uma exploração na ilha. Em todas as referências a esse passeio não há menção ao sol,
antes a chuvas e tempestades que obrigam os protagonistas a acatar a decisão do padrinho a
retornarem para a fazenda.

Esse regresso a ilha é também marcado pela frustração, pois eles não conseguem encontrar
Simão e assim, provar a veracidade de seus relatos. Desse modo, o espaço externo da aventura
representante da liberdade, apresenta somente frio, escuridão e desconforto. Somente o lar, espaço
interno, atendendo o modelo familiar é representante da luz e do conforto proporcionado pela
família.

A narrativa tem como um de seus objetivos produzir no seu leitor sonhos, estímulos e ideais
como a liberdade, natureza e a força, mas todos com carater escapista e não emancipatório.

Apesar da obra ser atraente por expressar os desejos do jovem leitor que assim como as
personagens, entediados com a clausura doméstica, anseia por ingressar em uma aventura por
lugares desconhecidos; por possuir intenção pedagógica, ridiculariza esses anseios, apresentando-os
como infantis e infundados. Justamente por isso há uma desvalorização na emoção, praticamente
não existindo conflitos entre as personagens.
Ao término da aventura, os adultos não acreditam na veracidade dos relatos e pensam que
eles deliraram ou imaginaram. A manifestação dessa desconfiança, associada a falta de provas no
retorno da ilha, faz com que esses jovens se conformem com as suspeitas. Assim, a fantasia não
ilumina a realidade e muito menos emancipa o seu leitor. Mesmo o desejo de Henrique em retornar
um dia a ilha sozinho para não afugentar Simão, só poderá ser concretizado quando ele for adulto.
Como não provas de que Simão exista, esse desejo é infundado.

Vale lembrar que a agonia dos adultos no aguardo por notícias serve também como lição
exemplar e aviso para quem pretende ausentar-se do espaço domiciliar: o leitor implícito.
A história acaba por ser uma verdade fechada. É como se fosse um quadro, pois suas açoes
se plastificam e ao leitor não cabe recriá-las, mas apenas observá-las.

Personagens:

As personagens estão divididas em dois grupos diferentes. Um grupo vive na fazenda, é real
e como tal está caracterizado. O outro tem como palco a ilha fantástica e misteriosa a qual reflete
suas características as personagens exiistentes.

A caracterização dos personagens, tendo em vista a significação histórica dos nomes, é a


seguinte:

DA FORMAÇÃO E SIGNIFICADO DOS NOMES


FAZENDA
Padrinho Derivado de pater/patrini
forma de diminutivo
significa pai espiritual, protetor, patrono
Madrinha Derivado de mater/matrina
forma de diminutivo
significa mãe espiritual
Eufrosina Significa alegre, jovial, alegria na alma
é uma das Três Graças, deusas gregas encarregadas
de presidir aos doces prpósitos dos homens
Bento Derivado de benedictu
É a forma do particípio passado de benzer
Como adjetivo significa consagrado por bençãos
eclesiástiicas. Figurativamente signifca admirar-se
muito.
DA ILHA
Simão De Simeão – hebraico – Gênesis, 29-33
Signfica ser ouvido, ser atendido
Bonifácio De bonus, genitivo boni – do bom
Lucas Do latim lux (luz)
Um-Dois-Três- Significa resultado da comparação da unidade com
Quatro- a quantodade. Harmonia, cadência regularidade.
Cinco(números)

Além dos grupos apresentados, existem as personagens Henrique e Eduardo. As duas


personagens unem a fazenda a ilha, ocupando o espaço vazio entre os dois extremos físicos da
história. Na realidade não são extremos, mas a ilha é a continuação da própria fazenda.

Com excecão de Henrique e Eduardo, as demais personagens foram aqui caracterizadas de


acordo com a tradição histórica que possui cada nome próprio. Os agentes são sempre nomes
próprios ideais. São nomes no sentido próprio. São particularizados.

O levantamento formal dos nomes é externo ao texto. São elementos que, num primeiro
momento, nada tem a ver com a semântica textual, já que representam aspectos de cultura e não da
ambiência apresentada no texto. Examinando-se as personagens verticalmente, sentir-se-á que os
próprios designativos, se não foram escolhidos com propósitos intencionais, oferecem elementos
importantes para se afirmar pela sua coincidência. Pois assim se comportam na narrativa.

Conclusão:

A obra agrada adultos por seu caráter ideológico e conforta o jovem leitor por atender seu
horizonte de expectativa e evitar um complexo exercício de raciocínio e interpretação, geralmente
exigido por obras críticas e provocadoras, facilitando aqueles não habituados ao esforço e que
buscam na literatura entreterimento e consumo fácil.

A consequência de um texto fechado quanto a sua interpretação, estruturado de modo que o


leitor não tenha condiçoes para projetar uma nova realidade aquela apresentada, é a de aceitação ou
rejeição das normas e valores expressos na narrativa. E ao subordinar seu texto ao horizonte de
expectativa de seus leitores, que esperam ser guiados sem esforço algum por um narrador,
mesmo precisando aceitar seus julgamentos e comentários didáticos, objetivou que eles também se
subordinassem ao ponto de vista da obra. Consciente de que a narrativa perderia qualidade ao eleger
o narrador como controlador, o fez assim mesmo em favor da pedagogia.

A ilha perdida, o paraíso de Maria José Dupré, incorporada por Simão, a si se basta. É a
natureza que tudo oferece ao homem sem exigir imposto algum para ser amada e,
consequentemente, respeitada. O narrador através de Simão, faz com que a ilha devolva Henrique
ao mundo da realidade, saindo então do mundo da ficção, ainda mais quando é usada com caráter
educativo.

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