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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

SJAT
Nº 70006900385
2003/CRIME

ACIDENTE DE TRÂNSITO. DELITO DO ART. 302,


“CAPUT”, DA LEI N.º 9.503/97.
A prova produzida nos autos não demonstrou que o réu
estivesse conduzindo o veículo em velocidade excessiva
e nem que os pneus se encontrassem “carecas”,
afastando, portanto, a caracterização de imprudência e
negligência.
APELO MINISTERIAL DESPROVIDO.

APELAÇÃO CRIME PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL

Nº 70006900385 COMARCA DE GETÚLIO VARGAS

MINISTÉRIO PÚBLICO APELANTE

JANDIR LENIR EVANGELISTA APELADO

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Desembargadores integrantes da Primeira Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar
provimento ao apelo.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DES. MANUEL JOSÉ MARTINEZ LUCAS E DES. RANOLFO
VIEIRA (PRESIDENTE).
Porto Alegre, 17 de dezembro de 2003.

DES. SILVESTRE JASSON AYRES TORRES,


Relator.

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R E L AT Ó R I O
DES. SILVESTRE JASSON AYRES TORRES (RELATOR)
O MINISTÉRIO PÚBLICO, na comarca de Getúlio Vargas,
ofereceu denúncia contra JANDIR LENIR EVANGELISTA, por incurso nas
sanções do art. 302, ‘caput’, da Lei n.º 9.503/97.
Conforme narra a denúncia: “No dia 22 de abril de
2001, por volta das 19 horas e 15 minutos, no Km 20 da
RS 450, neste Município, o denunciado, dirigindo um
veículo Volkswagen Apollo GL, placa BGO 0206, de sua
propriedade, matou, culposamente, a vítima Alberto Port,
ocasionando-lhe hemorragia cerebral consecutiva a
traumatismo crânio-encefálico, conforme refere o laudo
de necropsia das folhas 28 e 29.
“Na oportunidade, trafegava o denunciado no sentido
Floriano Peixoto - Getúlio Vargas e, ao tentar fazer uma
curva, nas proximidades do Km 20 da RS 450, perdeu o
controle do veículo, vindo a colidir contra um barranco.
Em virtude do acidente, Alberto Port, que também estava
no automóvel, sofreu as lesões acima descritas, que lhe
causaram a morte.
“O denunciado agiu de forma negligente, pois, conforme
laudo pericial da folha 07, trafegava com os pneus
traseiros em estado precário, e imprudente, haja vista
que, mesmo percebendo que se aproximava de uma
curva, não reduziu a velocidade.”

Juntado laudo de necropsia (fls. 42/43).


Recebida a denúncia em 28.09.2001 (fl. 46), o réu foi citado e
interrogado (fl. 50), apresentando defesa prévia (fls. 51/52).
No curso da instrução, as testemunhas foram ouvidas (fls. 60/62 e
68/69).
Em memoriais, o Ministério Público requereu a condenação do
acusado, nos termos da denúncia (fls. 72/77). A defesa, por sua vez, postulou a
absolvição do réu (fls. 79/80).

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Sobreveio sentença que julgou improcedente a denúncia e


absolveu o acusado JANDIR LENIR EVANGELISTA, forte no art. 386, inciso IV,
do CPP (fls. 82/86).
Inconformado, apela o Ministério Público (fl. 88).Nas razões
apresentadas (fls. 89/95), refere a circunstância de ter o réu agido de forma
negligente – ao trafegar com pneus em mau estado de conservação – e
imprudente, tendo em vista que conduzia o veículo acidentado em velocidade
incompatível com o local suas condições. Postula, assim, a reforma da
sentença absolutória e a condenação do recorrido nos termos da denúncia.
Em contra-razões, a defesa requer a manutenção da sentença
(fls. 98/100).
Subiram os autos.
Nesta instância, o Procurador de Justiça manifesta-se pelo
improvimento do apelo (fls. 103/109).
É o relatório.

VOTOS

DES. SILVESTRE JASSON AYRES TORRES (RELATOR)


A materialidade do delito está comprovada pela certidão de óbito
(fl. 28) e laudo de necropsia (fls. 42/43).
O réu (fls. 22 e 50) relatou que trafegava numa velocidade de 40
ou 60 Km/h, na pista de asfalto, às 18h, quando numa curva furou um pneu e
perdeu o controle do carro, batendo em um barranco com a parte traseira.
Afirmou que os pneus não estavam “carecas e sim meio uso”.
Claudina (fl. 60), ex-esposa do réu, afirmou que trafegavam a 60
Km/h e o acidente ocorreu no início da curva, tendo em vista que o pneu furou.

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Disse que o levantamento (fl. 20) está errado, pois a posição final do carro foi
ao lado da pista. Houve apenas uma colisão, o carro bateu e parou.
Denice (fl. 61), filha da vítima fatal, informou que antes de morrer
seu pai disse que o carro não estava em alta velocidade.
Ademir (fl. 62) declarou que o réu faz revisões periódicas no
carro.
Raquel (fl. 68) esclareceu que estavam numa reta e de repente
surgiu a curva e o réu não conseguiu vencê-la, batendo num barranco. Pelo
que recorda a velocidade não era baixa.
Segundo o levantamento realizado no local (fls. 15/21), a
velocidade permitida era 80 Km/h. A portaria pericial constatou que as
condições do veículo eram regulares, sendo que os pneus traseiros estavam
lisos.
Desse modo, a velocidade imprimida pelo réu se mostrava
compatível com a permitida para o local, afastando a caracterização de
imprudência.
Da mesma forma, a negligência não pode ser imputada à conduta
do acusado, eis que apesar dos pneus estarem lisos não há prova no sentido
de demonstrar o nexo de causalidade com o evento lesivo. Nesse sentido,
Damásio E. de Jesus anota:

Pneu
‘Careca’: por si só, essa circunstância não é suficiente para
indicar culpa. Exige-se nexo de causalidade material (TARS,
ACrim 285.064.499, JTARS, 58:99). (in Crimes de Trânsito,
São Paulo: Editora Saraiva, 1998, p. 104)

Ademais, o réu afirmou que os pneus estavam “meio uso” e não


“carecas”, do que se depreende que possuía consciência das boas condições
do equipamento, desconhecendo qualquer defeito, o que afasta a negligência.
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Nego provimento ao apelo.

DES. MANUEL JOSÉ MARTINEZ LUCAS (REVISOR) - De acordo.

DES. RANOLFO VIEIRA (PRESIDENTE) - De acordo.

Julgadora de 1º Grau: ROSSANA GELAIN SILVEIRA PIRES

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