Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO
Patrícia Ribeiro de Oliveira
FAU/UNIEURO, E-mail: pottz_@hotmail.com.
Resumo
Este artigo aborda reflexões resultantes de uma pesquisa sobre os impactos positivos de um
ambiente humanizado na promoção da saúde de seus usuários. Nele buscou-se verificar a
influência que um espaço físico pode exercer no processo de recuperação da saúde de seus
pacientes. Seu objetivo principal é identificar atributos do ambiente construído que são
favoráveis nessa recuperação. Para essa pesquisa, adotou-se como estudo de caso a Rede
SARAH de Hospitais, projetados pelo arquiteto João da gama Filgueiras Lima (Lelé), onde
foi possível por meio de uma pesquisa bibliográfica, buscar informações que ajudassem a
responder as questões em estudo. Isso contribuiu para uma melhor compreensão do
impacto que essa arquitetura produz no edifício e no meio ambiente e apontar pontos
positivos e recomendar atributos essenciais para que todos os espaços de saúde se tornem
mais saudáveis e tenham uma efetiva promoção da saúde e bem-estar de seus usuários,
resultando em espaços humanizados.
Com base nessa definição e através do estudo de caso da Rede SARAH, buscou-se
investigar essas questões e identificar aspectos em sua arquitetura que pudessem exercer
diretamente ou indiretamente no estado de saúde e bem-estar de seus usuários.
A humanização dos espaços de saúde é discutida no Brasil desde a década de 80, desde
então vem ganhando importância passando a ser colocada em prática nos centros de saúde
hospitais, laboratórios, etc cada vez mais. É necessário divulgar essa importância, mostrar
como a implantação da humanização melhora tanto a recuperação dos pacientes, como
também o rendimento dos profissionais, interferindo no seu ambiente e em suas condições
de trabalho.
2
2.0 Humanização nos espaços de saúde
Para Mezzomo (2003), a humanização nos EAS passa pela humanização da sociedade
como um todo, pois é necessário tornar a instituição adequada à pessoa humana e aos seus
direitos. A humanização precisa ter como missão revelar os valores que constituem o ser
humano, como pessoa, de uma forma abrangente e completa.
A arquitetura precisa ser humanizada, com conforto ambiental, bom desempenho, ser um
espaço agradável e acolhedor, lúdico, rico em volumes, cores, flexibilidade, assepsia. Tudo
isso faz com que os profissionais e usuários sintam o bem-estar físico e emocional, dessa
forma contribuindo para a promoção da saúde.
O primeiro hospital no Brasil foi a Santa Casa de Misericórdia de Santos (ver figura 01),
construído em 1543 por Brás Cubas. No Brasil Colônia e Império surgiram outros hospitais
3
dentro da caridade e abrigar pobres e desabrigados, principalmente quando doentes ou por
morrer. (MELLO, 2008)
Em alguns estados surgiram hospitais de grande porte, sendo o maior deles o Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que teve sua construção
iniciada em 1938 e inauguração em 1944. (MELLO, 2008)
4
O Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) foi criado na década de 1970, a partir da
fusão de todos os Institutos de Previdência. Mais tarde, ele foi substituído pelo Instituto
Nacional de Assistência da Previdência Social (INAMPS). A partir da década de 1970
surgiram tentativas de universalizar o acesso à assistência à saúde com os seguintes
programas (MELLO, 2008):
O SUS foi criado pela Constituição Federal de 1988, com o objetivo de garantir a toda
população brasileira o acesso universal às ações e serviços de saúde. Ele foi oficializado
pela Lei Nº8080/90. (MELLO, 2008)
2.2.1 Os Hospitais
É importante observar que ele tornou-se hegemônico na área da saúde no Brasil, com
assistência predominantemente curativa, dentro do modelo médico, ou seja, de enfoque
biológico, técnico e positivista. (MELLO, 2008)
O Ministério da Saúde no Brasil define hospital como todo estabelecimento de saúde dotado
de internação, meios diagnósticos e terapêuticos, com objetivos de prestar assistência
médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de atividades de prevenção, assistência
ambulatorial, atendimento de urgência/ emergência, de ensino e pesquisa. (MELLO, 2008)
5
Quadro I. Mudanças nos objetivos e características do hospital entre o início do século XX e início do
século XXI.
(Fonte: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2004.)
A Constituição Federal de 1988, ao criar o sistema único de saúde (SUS), estabeleceu uma
radical transformação do sistema de saúde. Na época, havia consenso na sociedade
brasileira que o sistema em vigor não atendia às necessidades da população.
Frente a isso foi proposto um sistema único de saúde com as seguintes características
(MELLO, 2008):
6
- Sob a responsabilidade das três esferas autônomas de governo: federal, estadual e
municipal.
O modelo de sistema único de saúde (SUS) proposto para o nosso meio é universal,
humanizado e de qualidade, tendo recebido elogios de inúmeros países, porém desde que
foi criado, enfrenta grandes dificuldades para efetivar sua total implantação. (MELLO, 2008)
- Trabalhadores da saúde;
- Usuários e profissionais;
- Hospitais e comunidade.
7
transversal e favorecer, entre outros, a troca e a construção de saberes, o diálogo entre
profissionais, o trabalho em equipe e a consideração às necessidades, desejos e interesses
dos diferentes atores do campo da saúde. A humanização da assistência é entendida pelo
Ministério da Saúde (MS) como “o aumento do grau de corresponsabilidade na produção de
saúde e de sujeitos” e “mudança na cultura da atenção dos usuários e da gestão dos
processos de trabalho”. (MELLO, 2008)
8
Figura 02: Ginásio Infantil- Sarah Lago Norte
(Fonte: http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/expo_lele_album.htm )
Ambiência na Saúde refere-se ao tratamento dado ao espaço físico entendido como espaço
social, profissional e de relações interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora,
humana e resolutiva. (Ministério da Saúde, 2010)
9
. O espaço usado como ferramenta facilitadora do processo de trabalho,
favorecendo a otimização de recursos, o atendimento humanizado, acolhedor
e resolutivo.
3.1 A Instituição
Essa associação ganhou status nacional e passou a ser responsável pelos hospitais
públicos de atendimento as pessoas carentes, isso, devido à nomeação de Juscelino
Kubitscheck à presidência. Suas funções foram se modificando, até que foi instituída a Lei nº
10
8.246 de 22 de outubro de 1991 que criou a APS – Associação das Pioneiras Sociais que é
a gestora da Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor.
O objetivo desta associação é retornar o imposto pago por qualquer cidadão prestando-lhe
assistência médica de qualidade e gratuita, formando e qualificando profissionais de saúde,
desenvolvendo pesquisa científica e gerando tecnologia. O caráter autônomo da gestão
desse serviço faz da APS a primeira instituição pública não estatal brasileira. (LIMA, 1999)
A APS administra a Rede Sarah por meio de um instrumento inovador: o contrato de gestão,
que conferiu a APS a possibilidade de gerir recursos repassados pela União, oferecendo à
população de todas as camadas sociais, assistência médica de qualidade e gratuita.
Hoje no Brasil, existem oito hospitais da Rede Sarah, três centros de reabilitação, dois
centros de tecnologia e um centro comunitário. Os recursos financeiros que mantêm todas
as unidades da Rede Sarah, provêm exclusivamente do Orçamento da União e a Rede não
recebe recursos advindos do número de complexidade dos serviços prestados, da forma
como ocorre com instituições de saúde subordinadas ao SUS – Sistema único de Saúde.
Nenhum outro recurso resultante da prestação de serviços de assistência médica – também
por uma questão de princípios – contribui para o orçamento da Rede. (LIMA, 1999)
Num depoimento de Aloysio Campos da Paz Júnior em um livro de Lelé mostra claramente
a preocupação e a necessidade de estabelecimentos mais humanizados no Brasil:
No projeto dos hospitais, Lelé sempre teve uma abordagem profundamente humanista,
olhava para as necessidades do incapacitado físico, fazendo o que a medicina tentou e
quase nunca conseguiu fazer. Os hospitais, ao contrário de espaços constrangedores de
11
sofrimento, tornaram-se locais amenos, generosos, ricos em volumes e cores: a própria
expressão da palavra Reabilitação. (LIMA, 1999)
Sarah Brasília foi o hospital que deu origem à criação da Rede SARAH. Nele foram
introduzidas pela primeira vez as técnicas de terapia baseadas na grande mobilidade do
paciente. O projeto foi iniciado em 1975 e a obra concluída em 1980. (LIMA, 1999)
Nesse projeto não foi possível explorar convenientemente as técnicas de terapia ao ar livre,
pelo fato de estar implantado na área urbana de Brasília, em um lote relativamente pequeno
situado no Setor Hospitalar Sul. (LIMA, 1999)
13
Figura 08: Edifício SARAH Lago Norte/ Brasília- Esportes náuticos
(Fonte: http://gesporte.blogspot.com.br/2010/09/17-revezamento-aquatico-25-horas.html)
Figura 09: Edifício SARAH Rio de Janeiro- Reabilitação Infantil- Painéis coloridos por Atos Bulcão
(Fonte: http://gesporte.blogspot.com.br/2010/09/17-revezamento-aquatico-25-horas.html)
14
Figura 10: Ginásio Infantil- Sarah Lago Norte
Fonte: http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/expo_lele_album.htm
O SARAH Salvador inaugurado em 1994 foi o primeiro hospital da Rede em que as galerias
de manutenção e instalações foram utilizadas também como jutos para a distribuição de ar
fresco à maioria dos ambientes do edifício.
15
Figura 12: Edifício SARAH Salvador - Sheds
(Fonte: http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/expo_lele_album.htm)
16
4.0 Considerações finais
Os objetivos desta pesquisa foram atingidos, pois, conforme observamos no primeiro
capítulo de desenvolvimento, foram abordadas reflexões resultantes sobre os impactos
positivos de um ambiente humanizado na promoção da saúde de seus usuários. Buscou-se
mostrar a influência que um espaço físico pode exercer no processo de recuperação da
saúde de seus pacientes. Os questionamentos sobre métodos e práticas dos espaços de
saúde vem crescendo cada vez mais e esse fato vem contribuindo para o desenvolvimento
de soluções que colaboram com o processo de humanização nos espaços de saúde.
Para uma melhor compreensão do assunto foi abordado um breve histórico da humanização
no Brasil, um panorama de evolução desde o primeiro hospital até os dias de hoje, de como
os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) vêm passando por um processo de
evolução nos últimos anos, em várias áreas. O sistema único de saúde (SUS), que
estabeleceu uma radical transformação do sistema de saúde, a Política Nacional de
Humanização (PNH), que deve estar presente em todas as ações da saúde como diretriz
transversal e favorecer, entre outros, a troca e a construção de saberes, o diálogo entre
profissionais, o trabalho em equipe e a consideração às necessidades, desejos e interesses
dos diferentes atores do campo da saúde e por final a Ambiência na Saúde que se refere ao
tratamento dado ao espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações
interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora, humana e resolutiva.
Seu objetivo principal foi identificar atributos do ambiente construído que são favoráveis
nessa recuperação. Com o estudo de caso da Rede SARAH de hospitais, analisado no
capítulo quatro, foi possível por meio de uma pesquisa bibliográfica, buscar informações que
ajudassem a responder as questões em estudo.
Através do estudo de caso da rede SARAH, criado pelo arquiteto João da Gama Filgueiras
Lima (Lelé) buscou-se compreender esses conceitos e práticas de humanização e como
elas colaboram e influenciam nessa melhoria, resultando produtividade e promoção da
saúde.
17
Com as análises dos hospitais da rede SARAH pode-se ter com clareza uma melhor
compreensão do impacto que essa arquitetura produz no edifício, no meio ambiente e
principalmente na reabilitação dos seus pacientes. Como mostrado nas análises de alguns
hospitais da rede SARAH, podemos apontar pontos positivos e recomendar atributos
essenciais, como o uso da ventilação e iluminação natural, cores, espaços integrados a
vegetação.
18
5.0 Referências Bibliográficas
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Normas para projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde, 2ª edição. Brasília: editora ANVISA,
2004.
BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de atenção à saúde. Ambiência. Brasília,
2010.
GOES, Ronald de. Manual Prático de Arquitetura Hospitalar. São Paulo: Edgard
Blücher, 2004.
LIMA, F. J. CTRS – Centro de Tecnologia da Rede Sarah. São Paulo: Fundação
Bienal/ProEditores, 1999.
LIMEIRA, F. M. Arquitetura e integridade em saúde: uma análise do sistema
normativo para projetos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília, 2006.
191p. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade de Brasília.
MELLO, M. I. Humanização da Assistência Hospitalar no Brasil: conhecimentos
básicos para estudantes e profissionais. São Paulo, 2008.
PENNA, A., RHEINGANTZ, P. Ambiente construído e promoção da saúde: o
caso do centro de saúde Escola Germano Silva Faria, Fiocruz/RJ. Rio de Janeiro,
2004. 10p. Artigo. Pós- Graduação em Arquitetura, Universidade Federal do rio de
Janeiro.
RIBEIRO, P. G. Conforto Ambiental, sustentabilidade, tecnologia e meio
ambiente: Estudo de caso Hospital Sarah Kubitschek – Brasília. São Paulo, 2007.
13p. Doutorado do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
ROMERO, B. A. M. Tecnologia e Sustentabilidade para a humanização dos
edifícios de saúde. 1ª Edição. Brasília, 2011.
19