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De propósito
empregamos a expressão “valeria a pena”. Embora nem todos os livros incluídos na lista sejam
“grandes” em qualquer dos sentidos comumente aceitos do termo, todos compensam o
esforço que você fizer para os ler. Todos esses livros são difíceis demais para a maioria das
pessoas – suficientemente difíceis, pelo menos, para forçar a maior parte dos leitores a alargar
a inteligência a fim de entendê-los e apreciá-los. E esse, naturalmente, é o tipo de livro que
você deve procurar se quiser melhorar sua capacidade de ler e ao mesmo tempo descobrir o
que de melhor se pensou e escreveu em nossa tradição literária.
Alguns livros são grandes no sentido especial do termo que empregamos no último capítulo.
Relendo-os, você encontrará sempre alguma coisa nova, frequentemente muitas coisas.
Podem ser relidos inúmeras vezes. Dito de outro modo: tais livros – não diremos exatamente
quantos, nem tentaremos identifica-los, já que até certo ponto isso é um juízo pessoal – são
difíceis demais para todos os leitores, seja qual for a sua habilidade. Como frisamos no último
capítulo, essas são as obras que todos devem fazer um esforço especial para ler. São livros
verdadeiramente grandes; são os livros que a pessoa deve escolher para levar consigo para sua
ilha deserta.
A lista é longa e talvez pareça um pouco esmagadora. Não se deixe embaraçar por ela. Em
primeiro lugar, é provável que você reconheça os nomes da maioria dos autores. Nada aqui é
tão obscuro a ponto de ser esotérico. Mais importante: queremos lembrar-lhe que é prudente
começar pelos livros que mais lhe interessam, por esta ou aquela razão. Conforme salientamos
várias vezes, o objetivo básico é ler bem, e não muito. Não se sinta frustrado se não puder ler
mais do que um punhado desses livros num ano. A lista não é algo que precise ser cumprido
num determinado lapso de tempo. Não é um desafio a que só se possa responder lento todos
os volumes.
Pelo contrário, é um convite que se pode aceitar amavelmente começando por onde a pessoa
se sentir mais à vontade.Os autores estão arrolados cronologicamente, de acordo com a data
de nascimento conhecida ou presumida. Quando aparecem várias obras do mesmo autor,
também estas seguem uma ordem cronológica, sempre que possível. Os entendidos nem
sempre concordam quanto à data da primeira edição de um livro, mas isso não deve
preocupar o leitor. O importante é ter em mente que a lista toda avança pelo tempo afora.
Isso não significa forçosamente que você deve lê-la na sequência cronológica, é claro. Você
poderá até começar pelo fim da relação e ir recuando no tempo até Homero e o Antigo
Testamento.
Não incluímos todas as obras de cada autor. Em geral citamos somente os títulos mais
importantes, escolhendo-os, no caso de obras expositivas, com o fim de mostrar a diversidade
da contribuição de um autor para vários campos do saber. Em certos casos, arrolamos as obras
de um autor e especificamos, entre parênteses, os títulos que são especialmente importantes
ou úteis.
No preparo de uma relação dessa natureza a maior dificuldade surge sempre com respeito aos
títulos relativamente contemporâneos. Quanto mais próximo do nosso tempo é um autor,
mais árduo é julgá-lo com imparcialidade.
É acertado que dizermos que o tempo decidirá, mas talvez não estejamos dispostos a esperar.
Assim, no tocante aos escritores e livros mais recentes, há bastante motivo para divergências
de opiniões, e não reivindicaremos para os últimos títulos da nossa relação o grau de
justificativa que reclamáramos para os primeiros.
Poderá haver divergência de opinião também acerca de alguns dos primeiros títulos, e talvez
nos acusem de alimentarmos preconceitos contra alguns autores que não figuram na relação.
Estamos inclinados a admitir que isto pode ser verdade em um ou outro caso. Esta é a nossa
lista, que poderá diferir em certos aspectos das listas organizadas por outros. Mas não diferirá
significativamente se todos convierem a sério no objetivo de organizar um programa de leitura
a cuja execução gale a pena dedicar uma vida inteira. Em última análise, está claro, faça você
mesmo a sua lista e trate de cumpri-la. É prudente, porém, ler um bom número de livros que
foram unanimemente aclamados antes de organizar a sua. Esta lista é um ponto de partida.
Queremos mencionar uma omissão que poderá parecer infeliz aos olhos de alguns leitores.
Nossa lista contém apenas autores e livros ocidentais; nela não figuram obras chinesas,
japonesas ou hindus. Há várias razões para isto. Uma delas é não estarmos particularmente
informados sobre o que se passa fora da tradição literária ocidental, de modo que nossas
recomendações teriam pouco peso. Outra é não haver no Oriente apenas uma tradição, como
no Ocidente, de sorte que teríamos de conhecer todas as tradições orientais para apresentar
um trabalho bem feito. São pouquíssimos os eruditos que conhecem bem todas as obras do
Oriente. Em terceiro lugar, há algo a dizer em favor de conhecermos a nossa própria tradição
antes de procurarmos entender a de outras partes do mundo. Muitas pessoas que hoje tentam
ler livros como I Ching ou o Bhagavad-Gita sentem-se frustradas, não só por causa da
dificuldade inerente a essas mesmas obras, mas também porque não aprenderam a ler bem
praticando nos livros mais acessíveis – mais acessíveis para elas – de sua própria cultura. E
finalmente, a lista como está é suficientemente longa.
Outra omissão exige um comentário. A lista, por ser de livros, abrange poucos nomes de
pessoas conhecidas fundamentalmente como poetas líricos. Alguns dos escritores da lista
escreveram poemas líricos, evidentemente, mas são mais conhecidos por outros trabalhos
mais longos. Não se tome este fato como reflexo de preconceito da nossa parte contra a
poesia lírica. Mas recomendamos que se comece por uma boa antologia de poesia e não pelas
obras reunidas de um só autor. The Golden Treasury, de Palgrave, e the Oxford Book of English
Verse são excelentes pontos de partida. Essas antologias mais antigas devem ser
complementadas por outras mais modernas – por exemplo, One Hundred Modern Poems, de
Selden Rodman, coletânea que estende a noção de poemas líricos de vários modos. Como a
leitura de poesia lírica requer habilidade especial, também recomendamos qualquer um dos
vários manuais sobre o assunto – por exemplo, An Introduction to Poetry, de Mark van Doren,
antologia que contém ainda breves comentários sobre como ler muitos poemas famosos.
Arrolamos os livros por autor e título, mas não tentamos indicar um editor ou uma edição em
particular. Quase todas as obras da lista encontram-se em livrarias e bibliotecas, e de muitas
existem várias edições, tanto encadernadas como em brochura. Todavia, indicamos que
autores e títulos figuram nas duas coleções editadas sob nossa direção. Os títulos incluídos em
Great Books of the Western World são identificados por um asterisco; os autores apresentados
em Gateway to Great Looks são identificados por dois asteriscos.
1.1.*Ilíada;
1.2.*Odisseia.
2. O Antigo Testamento
3.1. *Tragédias
4.1. *Tragédias
*Tragédias
*Comédias
*Diálogos
*Obras
*Obras
arenário)
15. Apolônio de Perga (fl. c. 240 a.C.)
Obras
*Obras
*Obras
Obras
(esp. As metamorfoses)
23.1. *Histórias;
23.2. *Anais;
25.1. *Dissertações;
26.1. *Almagesto
Obras
leilão)
28.1. *Meditações
29. Galeno (c. 130-200)
31.1. *Enéadas
Obras
Obras
Obras
40. Maquiavel
40.1. *O príncipe
43.1. Utopia
47.1. *Ensaios
50.1. Prothalamion
51.1. Ensaios
Obras
53. **Galileu Galilei (1564-1642)
56.1. *O Leviatã
57.3. *Geometria
Obras
Agonistes)
59. **Moliére (1622-1673)
Comédias
Tartufo)
60.2. *Pensamentos
62.1. *Ética
Tragédias
65.2. *Óptica
66.3. Monadologia
73.2. Cândido
75.2. Dictionary
75.3. Rasselas
75.4. The Lives of the Poets (esp. Os ensaios sobre Milton e Pope)
77.3. Emílio
81.2. Autobiography
82.1. Journal
(1757-1804)
86.1. *Fausto
Poemas
Poemas
Biographia Literária
91.2. Emma
92.1. Da guerra
93.3. Do amor
100.2. Ensaios
100.3. Diário
103.4. *Utilitarismo
103.6. Autobiografia
104.3. Autobiografia
Obras
107.2. Walden
*O capital
109.2. Middlemarch
111.2. O idiota
Peças
116.3. Pragmatismo
117.1. O americano
117.2. Os embaixadores
Peças (e Prefácios)
132.3. Ulisses
134.1. O processo
134.2. O castelo
136.1. A náusea