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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS


CURSO DE DIREITO

SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO E SUA


CONTRIBUIÇÃO NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

LOUISE DE FREITAS ABRAHÃO

Itajaí-SC, novembro de 2008


UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS
CURSO DE DIREITO

SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO E SUA


CONTRIBUIÇÃO NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

LOUISE DE FREITAS ABRAHÃO

Monografia submetida à Universidade


do Vale do Itajaí – UNIVALI, como
requisito parcial à obtenção do grau de
Bacharel em Direito.

Orientador: Professor Esp. Renato Samir de Mello

Itajaí (SC), Novembro de 2008


AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus por tudo o que já


aconteceu e está acontecendo em minha vida, por
me iluminar e estar comigo sempre.

A minha mãe Heloisa, por ser a pessoa


maravilhosa que é, por saber ser minha mãe e
minha melhor amiga, pelos conselhos, puxões de
orelha, carinho, muito obrigada!

A meu pai Abrahão, por ser um ótimo pai e um


profissional brilhante e dedicado, que muito me
ensina todos os dias, e por todos os seus
esforços que fizeram com que eu chegasse onde
estou.

A minha avó Ondina Sacavem de Freitas, in


memoriam, que considero minha segunda mãe, e
foi alguém muito importante em minha vida que
estará para sempre em minha memória.

As minhas amigas Rochelle, Liziane, Karyn e


Luciana, por toda nossa história, por serem
pessoas que fazem parte da minha vida e com
quem posso contar sempre, vocês são sinônimo
de amizade, obrigada por tudo!

A meu amigo Carlos pelas conversas, risadas,


conselhos, brigas e tudo mais que faz nossa
amizade ser tão sincera e especial.

As minhas amigas Kelli e Adriana, pelas tardes


inteiras me “agüentando” falar sobre monografia,
convites de formatura, baile, vestidos, adoro
vocês!

A Ulisses José Dadam, pelo apoio, incentivo,


carinho, amizade e por todos os nossos
momentos juntos.
3

A professora Adriana Spengler, por acreditar em


mim e sempre dizer que posso alcançar meus
objetivos.

A Clóvis Demarchi, pelo excelente professor que


é e por me ajudar na elaboração do projeto de
monografia e na finalização deste trabalho.

Ao professor Renato Samir de Mello, por me


orientar no desenvolvimento deste trabalho.

Aos colegas dos estágios que realizei, os quais


foram grande fonte de conhecimento.

A todos os professores que dividiram seu


conhecimento, às vezes com muita paciência.

A todos os meus amigos que faz meus dias mais


felizes, em especial aqueles que estiveram
comigo durante este cinco anos de curso.
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais Abrahão e


Heloisa, que sempre me apoiaram em minhas
decisões me dando força, sempre acreditando no
meu potencial e me incentivando a buscar o
melhor, essa conquista também é de vocês e eu
os amo demais.
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí (SC), Novembro de 2008

Louise de Freitas Abrahão


Graduando
PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale


do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Louise de Freitas Abrahão, sob o
título Segurança e Medicina do Trabalho e sua Contribuição na Prevenção de
Acidentes, foi submetida em 21 de novembro de 2008 à banca examinadora
composta pelos seguintes professores: Esp. Renato Samir de Mello (Presidente),
e MSc. José Silvio Wolf (membro), aprovada com a nota ( ).

Itajaí (SC), 21 de novembro de 2008

Professor Esp. Renato Samir de Mello


Orientador e Presidente da Banca

Professor Msc. Antonio Augusto Lapa


Coordenação da Monografia
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ART Artigo
AEPS Anuário Estatístico da Previdência Social
ASO Atestado de Saúde Ocupacional
CC Código Civil
CDC Código de Defesa do Consumidor
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas
CRFB Constituição da República Federativa do Brasil
EPI Equipamento de Proteção Individual
MTb Ministério do Trabalho e Emprego
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
NR Norma Regulamentadora
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
Serviço Especializado em Segurança e Medicina do
SESMT
Trabalho
ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à


compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Acidente de Trabalho

“Acontecimento casual e imprevisto que cause dano, produzindo lesão corporal,


doença profissional ou perturbação funcional a empregado, pelo exercício, dentro
ou fora do local e horário de trabalho, de seu ofício a serviço da empresa, que
possa atingir, total ou parcialmente, permanente ou transitoriamente, sua
capacidade laborativa ou acarretar sua morte. Portanto, se houver autolesão, ou
seja, intenção do operário de causar dano a si próprio, descaracterizado estará o
acidente de trabalho.” 1

Benefício

“Auxílio ou vantagem assegurada legalmente a quem couber direito para atender


necessidades vitais, abrangendo prestações pecuniárias e serviços do órgão
previdenciário, especialmente de assistência médico-hospitalar e odontológica.“2

Cipa

"Direito do trabalho. Sigla de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes".3

Contribuição

"Na linguagem jurídica em geral, indica, ainda, subsídio de caráter moral, social,
científico ou literário, para consecução de alguma obra útil".4

Empregado

1
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, 2ed, São Paulo: Saraiva, 2005 vol. 1. p.96
2
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 1. p.476
3
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 1. p. 645
4
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 1. p.660
"Todo aquele que presta serviço de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário."5

Empregador

"Direito do trabalho. empresa individual ou coletiva que, assumindo os riscos da


atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. É,
também, empregador, para efeito de relação empregatícia, o profissional liberal,
instituição de beneficência, associação recreativa ou qualquer outra sem fins
lucrativos, que admite trabalhadores como empregados. É, portanto, o patrão."6

Medicina do Trabalho

“Medicina que visa a prevenção de males ou acidentes oriundos da atividade


laboral e o combate a doenças profissionais.” 7

Meio Ambiente de Trabalho

“Direito Ambiental. Limite físico do local do trabalho, onde se deve tutelar a saúde
e a segurança do trabalhador, protegendo-se o meio ambiente do trabalho de
poluições.”8

Normas de Segurança

“Direito do Trabalho. É a que tem pro objetivo disciplinar os preceitos mínimos a


serem observados na organização e no meio ambiente de trabalho de forma a
tornar compatível o planejamento e desenvolvimento com a busca permanente da
promoção e garantia da segurança e saúde das pessoas.”9

Prevenção de Acidentes

“Direito do Trabalho. Conjunto de medidas de segurança do trabalho, que evitem


danos ao trabalhador.”10

5
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 2. p. 350
6
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 2. p.351
7
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2ed, São Paulo: Saraiva, 2005, vol. 3. p.268
8
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 3. p.365
9
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 3. p.415
10
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 3. p.824
Relação de Emprego

“Vínculo contratual entre empregador e empregado, desde que este venha a


prestar serviços não eventuais, mediante pagamento de um salário.” 11

Relação de Trabalho

“É aquela que se estabelece entre dois sujeitos, onde um pede ao outro a


execução de um trabalho qualquer, mediante um acordo voluntário ou por
imposição coercitiva.”12

Segurança do Trabalho

“Conjunto de medidas, requeridas por lei, a serem tomadas pelo empregador para
assegurar a integridade físico-psíquica e a saúde dos seus empregados no local
onde exercem suas atividades, prevenindo acidentes de trabalho, doenças
profissionais etc.”13

Trabalho

“a) Conjunto de atividades humanas, intelectuais ou braçais que geram uma


utilidade; b) ofício; c) emprego; d) tarefa; e)objeto de um contrato trabalhista; f) ato
ou efeito de trabalhar.”14

11
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 3. p.142
12
ZIMMERMANN NETO, Carlos F. Direito do Trabalho. 3 ed, São Paulo: Saraiva, 2007, p.35-36
13
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico.2005, vol. 3. p.332
14
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico.2005, vol. 3. p.715
SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................... XIII


INTRODUÇÃO ................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 ...................................................................................... 4

DA RELAÇÃO DE TRABALHO E DA RELAÇÃO DE EMPREGO .... 4


1.1 HISTÓRICO ...................................................................................................... 4
1.2 DA RELAÇÃO DE TRABALHO ..................................................................... 13
1.2.1 CONCEITO ...................................................................................................... 13
1.2.2 EXEMPLOS DE RELAÇÃO DE TRABALHO ............................................................ 15
1.3 DA RELAÇÃO DE EMPREGO ....................................................................... 17
1.3.1 CONCEITO ...................................................................................................... 17
1.3.2 CARACTERÍSTICAS .......................................................................................... 18
1.3.2.1 Pessoa Física..................................................................................................... 19
1.3.2.2 Pessoalidade ..................................................................................................... 20
1.3.2.3 Habitualidade ..................................................................................................... 21
1.3.2.4 Subordinação .................................................................................................... 23
1.3.2.5 Onerosidade ...................................................................................................... 26
1.3.3 CONSEQÜÊNCIAS ............................................................................................ 27
CAPÍTULO 2 .................................................................................... 30
DOS ACIDENTES DE TRABALHO .................................................. 30
2.1 CONCEITO ..................................................................................................... 30
2.2 HISTÓRICO .................................................................................................... 32
2.3 TIPOS DE ACIDENTES DE TRABALHO ....................................................... 35
2.4 BENEFÍCIOS AO ACIDENTADO ................................................................... 41
2.4.1 AUXÍLIO-DOENÇA ............................................................................................ 50
2.4.2 AUXÍLIO-ACIDENTE .......................................................................................... 52
2.4.3 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ..................................................................... 54
2.4.4 PENSÃO POR MORTE ....................................................................................... 58
CAPÍTULO 3 .................................................................................... 60

A CONTRIBUIÇÃO DA SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO


NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES .................................................. 60
3.1 ONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DA SEGURANÇA E MEDICINA DO
TRABALHO .......................................................................................................... 60
3.2 ANÁLISE DAS NORMAS DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO 61
3.2.1 DEVERES DO EMPREGADOR E EMPREGADO ....................................................... 61
3.2.2 SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO (SESMT)
.............................................................................................................................. 67
3.2.3 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA) ............................... 70
3.2.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ....................................................... 73
3.2.5 EXAMES MÉDICOS ADMISSIONAL, DEMISSIONAL, PERIÓDICO, RETORNO AO
TRABALHO E MUDANÇA DE FUNÇÃO .......................................................................... 77
3.2.6 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS .......................................... 81
3.2.7 INSALUBRIDADE .............................................................................................. 83
3.2.8 PERICULOSIDADE ........................................................................................... 86
3.2.9 NORMAS COMPLEMENTARES ........................................................................... 88
3.2.10 INFRAÇÕES .................................................................................................. 90
3.2.11 NORMAS REGULAMENTADORAS APLICÁVEIS A SETORES ESPECÍFICOS DA
ECONOMIA .............................................................................................................. 91
3.2.11.1 Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção ......... 91
3.2.11.2 Segurança e saúde no trabalho portuário ..................................................... 92
3.2.11.3 Segurança e saúde no trabalho aquaviário ................................................... 92
3.2.11.4 Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, sivilcultura,
exploração florestal e aquicultura ............................................................................... 93
3.2.11.5 Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde ................................ 93
3.2.11.6 Segurança e saúde em espaços confinados ................................................. 93
3.3 ÍNDICES DE ACIDENTES DE TRABALHO ................................................... 93
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 97

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 99


RESUMO

A presente monografia trata da Segurança e Medicina do


Trabalho e sua Contribuição na Prevenção de Acidentes. O objetivo geral é
verificar como as normas de segurança e medicina do trabalho contribuem para
prevenção de acidentes decorrentes dessa natureza. Têm-se como objetivos
específicos conceituar relação de trabalho e relação de emprego; caracterizar
relação de emprego; identificar os tipos de acidente de trabalho; identificar os
tipos de benefícios acidentários; identificar as normas de segurança e medicina
do trabalho; analisar as normas que tenham mais abrangência a um maior
número de empregados. A monografia está dividida em três capítulos. No
primeiro, trata-se de relação de trabalho e relação de emprego, iniciando-se com
histórico, conceito de relação de trabalho e relação de emprego, exemplos de
relação de trabalho, características e conseqüências da relação de emprego. No
segundo capítulo o estudo se dirige a analise dos acidentes de trabalho,
conceituando acidentes de trabalho, trazendo um breve histórico acerca dos
acidentes de trabalho e legislação prevencionista, tipos de acidentes de trabalho e
benefícios aos acidentados. No terceiro capítulo o estudo o estudo converge para
a análise específica do tema proposto, abordando considerações iniciais como
uma introdução ao assunto, passando a analisar as normas de segurança e
medicina do trabalho de mais impacto a vida de um maior número de
empregados, encerrando-se com os índices de acidentes do trabalho no Brasil.
INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto aprofundar os


conhecimentos sobre a Segurança e Medicina do Trabalho e sua contribuição na
prevenção de acidentes. A realização deste trabalho deve-se ao interesse de
investigar sobre a efetividade, importância e eficácia da Segurança e Medicina do
Trabalho na prevenção de acidentes, decorrentes daquela natureza

O seu objetivo é verificar como a aplicação das normas de


Segurança e Medicina do Trabalho contribuem na prevenção de acidentes
decorrentes da relação de emprego.

Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando de Relação


de Trabalho e Relação de Emprego, tendo por base um sucinto aspecto histórico,
passando-se a falar das diferenças entre as relações, conceituando-se cada um
dos institutos, dando alguns exemplos de Relações de Trabalho e abordando as
características necessárias às relações de emprego, finalizando-se o capítulo com
as conseqüências das Relações de Emprego.

No Capítulo 2, tratando de Acidentes de Trabalho, inicia-se


com o conceito de acidente de trabalho, amparado pela Lei nº8. 213/91, após
traz-se um breve histórico dos acidentes de trabalho e do início da preocupação
com a saúde do empregado. Por fim, analisam-se os tipos de acidente de trabalho
e os benefícios da previdência social para os empregados que vierem a se
acidentar.

No Capítulo 3, tratando da Contribuição da Segurança e


Medicina do Trabalho na Prevenção de Acidentes, o estudo é diretamente voltado
para o tema do trabalho, iniciando-se com algumas considerações acerca da
segurança e medicina do trabalho como uma forma de introdução para a análise
das normas de segurança e medicina do trabalho, finalizando-se com índices
oficiais de acidentes de trabalho no Brasil.
2

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as


Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos
destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões
sobre segurança e medicina do trabalho e sua contribuição na prevenção de
acidentes.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes


hipóteses:

A normalização de Segurança e Medicina do Trabalho


contribui para prevenção de acidentes.

As conseqüências da não aplicação das normas relativas à


Segurança e Medicina do Trabalho são os acréscimos nos acidentes de trabalho.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase


de Investigação15 foi utilizado o Método Indutivo16, na Fase de Tratamento de
Dados o Método Cartesiano17, e, o Relatório dos Resultados expresso na
presente Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as


Técnicas do Referente18, da Categoria19, do Conceito Operacional20 e da
Pesquisa Bibliográfica21.

15
“[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente
estabelecido[...]. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da
pesquisa jurídica. 10 ed. Florianópolis: OAB-SC editora, 2007. p. 101.
16
“[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma
percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e
Metodologia da pesquisa jurídica. p. 104.
17
Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE,
Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p.
22-26.
18
“[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o
alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma
pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa
jurídica. p. 62.
19
“[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD,
Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 31.
20
“[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja
aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa
3

jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 45.


21
“Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD,
Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 239.
CAPÍTULO 1

DA RELAÇÃO DE TRABALHO E DA RELAÇÃO DE EMPREGO

1.1 HISTÓRICO

Para início do estudo cabe realizar uma breve abordagem


histórica, para que se entenda como surgiram as Relações de Trabalho e de
Emprego.

Segundo alguns doutrinadores o trabalho era tido como


castigo, devido à maldição bíblica:

Ensina Saad22:

Consoante a maldição bíblica, o homem sempre teve de trabalhar


para viver.

Diz-se, no Gênese que o Senhor entregou o paraíso ao homem,


mas deu-lhe a missão de conservá-lo com o seu trabalho.

A história, a antropologia e a arqueologia reuniram seus


ensinamentos para demonstrar-nos que, num passado distante,
os homens na disputa de alimentos e de proteção contra as
intempéries, lutavam entre si e, também, com as forças da
natureza.

O trabalho mesmo não sendo considerado mais uma


maldição, ainda era sinônimo de castigo. Havia o predomínio do trabalho escravo,
no qual o trabalhador prestava serviços de forma gratuita, recebendo moradia e

22
SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2000, p.25.
5

alimentação, suficientes apenas para sobreviver. No trabalho escravo o


trabalhador era propriedade do patrão.

Novamente Saad23:

Em tempos recuados, a organização social e econômica não


propiciava condições para o trabalho remunerado. Em Roma, por
exemplo, sua atividade econômica repousa sobre o trabalho
escravo; na Grécia de Aristóteles, a concepção do trabalho
humano não era edificante.

Durante longos séculos, o fator econômico de maior relevância


era a terra. Explorava-se o braço escravo ou servil.

As classes mais elevadas da hierarquia social tinham suas


necessidades de vestuário, roupas, lazer e outras satisfeitas pelo
trabalho artesanal.

Também, Azevedo24:

Na Idade Antiga houve o predomínio do trabalho escravo; o


trabalho livre normalmente era gratuito, sem prejuízo de
recompensas, privilégios e favores, que constituíam uma espécie
de retribuição pelos serviços prestados. Porém, nunca era braçal,
posto que considerado aviltante e, por isso, entregue aos
escravos. O escravo era considerado uma coisa (res), um objeto,
sujeito da vontade de seu proprietário. A relação de trabalho
baseava-se, portanto, em direitos reais.

Martins25:

A primeira forma de trabalho foi a escravidão, em que o escravo


era considerado apenas uma coisa, não tendo qualquer direito,

23
SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de Direito do Trabalho. 2000, p.105.
24
AZEVEDO, Jackson Chaves de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2001, p.56
25
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 24 ed, São Paulo: Atlas, 2008, p.04.
6

muito menos trabalhista. O escravo, portanto, não era considerado


sujeito de direito, pois era propriedade do dominus. Nesse
período, constatamos que o trabalho do escravo continuava no
tempo, até de modo indefinido, ou mais precisamente até o
momento em que o escravo viesse ou deixasse de ter essa
condição. Entretanto, não tinha nenhum direito, apenas o
trabalhador.

O trabalho, como é realizado nos dias atuais, teve seu início


em Roma, onde o serviço era prestado em troca de determinada coisa para o
trabalhador. A organização do trabalho era dividida em três formas: locatio
operarum, locatio operis e locatio rei.

Ensina Azevedo26:

Em Roma surgiu o que o foi chamado pelo Prof. João Régis


Teixeira de “semente primitiva rudimentar do Contrato Individual
de Trabalho”, ou seja, a locatio rei (cessão de uso e gozo de uma
coisa em troca de determinada retribuição); locatio operarum
(retribuição em troca de trabalho) e locatio operis (retribuição em
troca do resultado do serviço). As duas últimas modalidades
mencionadas transformaram-se, na Idade Moderna, em locação
de serviços e em empreitada, respectivamente.

Para Martins27:

Em Roma, o trabalho era feito pelos escravos. A Lex Aquilia (284


a.C.) considerava o escravo como coisa. Era visto o trabalho
como desonroso. A locatio conductio tinha por objetivo regular a
atividade de quem se comprometia a locar suas energias ou
resultado do trabalho em troca de pegamento. Estabelecia,
portanto, a organização do trabalho do homem livre. Era dividida
de três formas: (a) locatio conductio rei, que era o arrendamento
de uma coisa; (b) locatio conductio operarum, em que eram
locados serviços mediante pagamento; (c) locatio conductio

26
AZEVEDO, Jackson Chaves de. Curso de Direito do Trabalho.2001, p.56
27
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 2008, p.04.
7

operis, que era a entrega de uma obra ou resultado mediante


pagamento (empreitada).

Na época do feudalismo, encontra-se a servidão, na qual os


senhores feudais davam proteção política e militar aos seus servos, que
prestavam serviços na terra do senhor feudal. Os serviços eram prestados de
forma que os servos tinham a obrigação de entregar parte de sua produção em
troca da proteção recebida e uso da terra. Os nobres não trabalhavam, pois o
trabalho era tido como castigo.

Para Azevedo28:

Na Idade Média passou-se para o regime do colonato, em que


havia a predominância do trabalho agrário e economia
latifundiária, com a fixação do trabalhador no campo, de onde
retirava sua própria subsistência, pagando elevados tributos ao
então senhor feudal, proprietário da terra. A subordinação do
trabalhador era em relação à própria gleba, onde trabalhava em
regime de servidão. O servo vincula-se ao respectivo imóvel
(gleba) e não é mais coisa, passando a ser pessoa. A relação de
trabalho se pessoaliza. O servo passa a gozar de certos direitos,
inclusive de contrair núpcias, desde que, é claro, com permissão
de seu amo e senhor.

Nas corporações de ofício inicialmente existiam dois graus,


os mestres e os aprendizes, posteriormente passou a existir um terceiro grau, o
dos companheiros.

Para Martins29:

Os mestres eram os proprietários das oficinas, que já tinham


passado pela proa da obra-mestra. Os companheiros eram
trabalhadores que percebiam salários dos mestres. Os aprendizes

28
AZEVEDO, Jackson Chaves de. Curso de Direito do Trabalho. 2001, p.56
29
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 2008, p.04.
8

eram os menores que recebiam dos mestres o ensino metódico do


ofício ou profissão. Havia nessa fase da história um pouco mais
de liberdade ao trabalhador; os objetivos, porém, eram os
interesses das corporações mais do que conferir qualquer
proteção aos trabalhadores.

Para Azevedo 30:

Ainda na Idade Média surgem as chamadas Corporações de


Ofício, em razão das associações de artesãos que se formaram
nas cidades, fugindo ao esquema feudal. Elas eram compostas
basicamente de mestre (dono das oficinas), companheiros
(trabalhadores qualificados) e aprendizes (como o nome diz, que
aprendiam o ofício). A organização era rígida. Controlando o
mercado e a concorrência, e os mestres oprimiam seus súditos
(companheiros e aprendizes), garantindo seus próprios privilégios,
os quais eram repassados aos seus filhos e sucessores.

Com a Revolução Francesa, em 1789, foram extintas as


corporações de ofício, por serem consideradas incompatíveis com o ideal de
liberdade humana.

Ensina Martins31:

Dizia-se, na época, que a liberdade individual repele a existência


de corpos intermediários entre o indivíduo e o Estado. Outras
causas da extinção das corporações de ofício foram a liberdade
de comércio e o encarecimento dos produtos das corporações.

Em 1791, logo apões a Revolução Francesa, houve na França o


início da liberdade contratual. O Decreto d’Allarde suprimiu de vez
as corporações de ofício, permitindo a liberação do trabalho. A Lei
Le Chapelier, de 1791, proibia o restabelecimento das
corporações de ofício, o agrupamento de profissionais e as
coalizões, eliminando as corporações de cidadãos.

30
AZEVEDO, Jackson Chaves de. Curso de Direito do Trabalho. 2001, p.57
31
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 2008, p.05.
9

Foi através da Revolução Francesas de 1848 que foi


reconhecido o Direito Social do Trabalho.

Ensina Azevedo32 “As idéias do liberalismo da Revolução


Francesa implicaram a quebra do monopólio dos empresários, fazendo surgir a
livre concorrência e a liberdade do trabalho. (...) Efetivamente, a existência do
trabalho juridicamente livre é que marca o surgimento do trabalho subordinado.”

Martins33 ensina que o liberalismo do século XVIII pregava


um Estado alheio à área econômica, que, quando muito, seria árbitro nas disputas
sociais, consubstanciando na frase clássica laissez faire, laissez passer, laissez
aller.

Com a Revolução Industrial surgiu a Relação de Emprego.


Os trabalhadores trabalhavam por salários. Entretanto, houve a substituição do
trabalho manual pelo trabalho com máquinas, causando o desemprego.

Ensina Martins34:

Daí nasce uma causa jurídica, pois os trabalhadores começaram a


reunir-se, a associar-se, para reivindicar melhores condições de
trabalho e de salários, diminuição das jornadas excessivas (os
trabalhadores prestavam serviços por 12, 14 ou 16 horas diárias)
e contra a exploração de menores e mulheres.

Nessa época não havia preocupação com o trabalhador, a


atividade era exercida em lugares insalubres, sujeito a incêndios, inundações,
explosões, doenças, ocorriam muitos acidentes de trabalho. A família inteira
trabalhava em jornadas que excediam oito horas, inclusive crianças.

Fez-se necessário a elaboração de Lei que promovesse


condições mínimas para a prestação do serviço.

32
AZEVEDO, Jackson Chaves de. Curso de Direito do Trabalho. 2001, p.57
33
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 2008, p.05.
34
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 2008, p.06.
10

Ensina Martins35:

A Lei de Peel, de 1802, na Inglaterra, pretendeu dar amparo aos


trabalhadores, disciplinando o trabalho dos aprendizes
paroquianos nos moinhos e que eram entregues aos donos das
fábricas. A jornada de trabalho foi limitada em 12 horas, excluindo-
se os intervalos para refeição. O trabalho não poderia se iniciar
antes das 6 horas e terminar após às 21 horas. Deveriam ser
observadas normas relativas à educação e higiene. Em 1819, foi
aprovada lei tornando ilegal o emprego de menores de 9 anos. O
horário de trabalho dos menores de 16 era de 12 horas diárias,
nas prensas de algodão.

A igreja passou a se preocupar com o trabalho subordinado,


afirmando ser este o método de prover as necessidades da vida.

Com o término da Primeira Guerra Mundial, surge a inclusão


dos direitos sociais e fundamentais nas Constituições. A Constituição do México
foi a primeira a tratar do tema.

Para Nascimento36:

Denomina-se constitucionalismo social o movimento que,


considerando uma das principais funções do Estado a realização
da Justiça Social, propõe a inclusão de direitos trabalhistas e
sociais fundamentais nos textos das Constituições dos países.

Inicia-se com a Constituição do México de 1917, à qual Trueba


Urbina dedica o estudo La primeira Contitución político-social del
mundo, publicado em 1971 no México, no qual conceitua
Constituição Social como “um conjunto de aspirações e
necessidades dos grupos humanos que como tais integram a
sociedade e traduzem o sentimento da vida coletiva, distintos da
vida política.

35
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 2008, p.07.
36
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 20 ed, São Paulo: Saraiva,
2005, p.31.
11

Ensina Martins37:

A primeira Constituição que tratou do tema foi a do México, em


1917. O art.123 da referida norma estabelecia jornada de oito
horas, proibição de trabalho para menores de 12 anos, limitação
da jornada dos menores de 16 anos a seis horas, jornada máxima
noturna de sete horas, descanso semanal, proteção à
maternidade, salário mínimo, direito de sindicalização e de greve,
indenização de dispensa, seguro social e proteção contra
acidentes do trabalho.

Em 1919 a Constituição de Weimar foi a segunda a tratar


sobre o tema. Novamente, Martins38:

A segunda Constituição a versar sobre o assunto foi a de Weimar,


de 1919. Disciplinava a participação dos trabalhadores nas
empresas, autorizando a liberdade de coalização dos
trabalhadores; tratou, também, da representação dos
trabalhadores na empresa. Criou um sistema de seguros sociais e
também a possibilidade de os trabalhadores colaborarem com os
empregadores na fixação de salários e demais condições de
trabalho.

Para Nascimento39:

Põe o trabalho sob a proteção do Estado. Dispõe-se à


organização de um direito unitário do trabalho. Garante a
liberdade de associação para defesa e melhoria das condições de
trabalho e de produção. Permite a participação do trabalhador no
processo político. Reafirma as normas de seguros sociais.
Promove a integração do trabalhador na empresa e seu direito de
participar na fixação do salário e das demais condições de
trabalho. Institui conselhos de empresa, órgãos de gestão
empresarial. Trata-se, portanto, de um documento no qual o

37
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. p.08.
38
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 2008, p.08.
39
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 2005, p.34.
12

trabalho recebe nova colocação no plano constitucional, daí o seu


maior significado para a história do direito do trabalho.

A partir dessas Constituições, outros países passaram a


tratar do Direito do Trabalho em suas Constituições. Em 1919 surgiu o Tratado de
Versalhes prevendo a criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho),
cujo objetivo é proteger as relações de trabalho no âmbito internacional.

Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos


prevê direitos aos trabalhadores como limitação razoável do trabalho, férias
remuneradas periódicas, repouso e lazer etc.

O Neoliberalismo dispõe que o mercado deve regular as


contratações e salários dos trabalhadores pela lei da oferta e da procura.

Ensina Martins40 que o Estado deve deixar de intervir nas


relações trabalhistas, que seriam reguladas pelas condições econômicas.
Entretanto, o empregado não é igual ao empregador e, portanto, necessita de
proteção.

Na CRFB de 1988 é verificada a nova teoria, que prega a


necessidade de separação entre o econômico e o social, tratando os dois temas
de forma separada. Preconiza-se, então, um Estado neoliberal, com menor
intervenção nas relações entre as pessoas.

Para Martins41:

Há também uma classificação que divide os direitos em gerações.


Os direitos de primeira geração são aqueles que pretendem
valorizar o homem, assegurar liberdades abstratas, que formariam
a sociedade civil. Os direitos da segunda geração são os direitos
econômicos, sociais e culturais, bem como os direitos coletivos e
das coletividades. Os direitos de terceira geração são os que
pretendem proteger, além do interesse do indivíduo, os relativos

40
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 2008, p.09.
41
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 2008, p.09.
13

ao meio ambiente, ao patrimônio comum da humanidade, à


comunicação, à paz. Melhor seria falar em fases, que são
conquistas de direitos.

Ensina Nascimento42:

O direito do trabalho vive atualmente um conflito entre suas


concepções, a protecionista, acusada de hipergarantista, de afetar
o desenvolvimento econômico e a livre iniciativa, e a reformista
que defende a flexibilização das leis e a reavaliação, no plano
teórico, dos seus princípios e funções, podo-se a flexibilização
como uma polêmica reação contrária à rigidez da legislação
tutelar do trabalhador.

Verifica-se, nos dias atuais, uma “superproteção” ao


trabalhador, nos conflitos este tem certa vantagem em relação ao empregador.
Para os civilistas este fato é absurdo, porém justifica-se a proteção ao empregado
por ser considerado vulnerável em relação ao empregador, entretanto, é
necessário analisar cada caso isoladamente antes de formar quaisquer opiniões.

1.2 DA RELAÇÃO DE TRABALHO

1.2.1 Conceito

Entende-se por relação de trabalho toda relação


estabelecida entre dois sujeitos, onde cabe a um deles a execução de
determinada atividade.

Para a caracterização da relação de trabalho não é


necessário que haja pessoalidade, podendo, desta forma, existir relação de
trabalho entre duas pessoas jurídicas.

Zimmermann Neto43 conceitua relação de trabalho:

42
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho.2005, p.60.
14

É aquela que se estabelece entre dois sujeitos, onde um pede ao


outro a execução de um trabalho qualquer, mediante um acordo
voluntário ou por imposição coercitiva. Exemplos: a escravidão; o
trabalho não remunerado de um voluntário em serviços sociais a
pessoas carentes; um emprego público; o cirurgião-dentista que
executa um tratamento num paciente etc.

A relação de trabalho pode surgir de forma coercitiva, como


exposto acima, ou através de um contrato, onde há um acordo de vontades, que
pode ser expresso ou tácito e determinará a forma da prestação do serviço.

Para Maranhão44:

Relação jurídica de trabalho é a que resulta de um contrato de


trabalho, denominando-se de relação de emprego quando se trata
de um contrato de trabalho subordinado. Quando não haja
contrato, teremos uma simples relação de trabalho (de fato).
Partindo dessa distinção, aceitamos a afirmação de Hirosê
Pimpão, de que sem contrato de trabalho – entende stricto sensu
– não há relação de emprego. Pode haver... relação de trabalho.

Podem ser chamadas relações de trabalho aquelas que não


preencham os requisitos da relação de emprego, que serão vistos posteriormente.

Neste sentido, leciona Azevedo45:

A relação de trabalho possui caráter genérico e abarca todo e


qualquer vínculo jurídico que tenha por objeto uma obrigação de
fazer, consubstanciada em trabalho humano. A relação de
trabalho é gênero e engloba, pois, várias espécies, tais como a
relação de emprego, o trabalho autônomo, a empreitada, a
locação de serviços, o trabalho eventual, o trabalho avulso, o
trabalho prestado por profissional liberal, o artífice, o

43
ZIMMERMANN NETO, Carlos F. Direito do Trabalho. 2007, p.35-36.
44
SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas. Instituições de Direito do
Trabalho, v.1, 11ed, São Paulo: LTr, 1991, p.227.
45
AZEVEDO, Jackson Chaves de. Curso de Direito do Trabalho. 2001, p.65
15

representante comercial, a relação de trabalho temporário, entre


outros.

Uma prestação de serviços de forma gratuita também é


considerada relação de trabalho. Considerando o conceito de relação de trabalho
verifica-se a importância da diferenciação de relação de trabalho para relação de
emprego, tendo em vista que a primeira pode ser considerada gênero, e a
segunda espécie.

1.2.2 Exemplos de relação de trabalho

O Código Civil rege alguns tipos de relação de trabalho.


Ensina Nascimento46:

O Código Civil rege os contratos de prestação de serviços de


transporte, de agência ou representação comercial, de
corretagem, de fornecimento, de mandato, de administração e de
cooperados, atividades prestadas por pessoas físicas de modo
continuado ou não. Não são relações de emprego. Mas,
certamente, são quando prestadas por pessoa física,
pessoalmente, profissionalmente, relações de trabalho.

Sobre prestação de serviço dispõem os artigos 593 e 594 do


CC:

Art. 593. A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis


trabalhistas ou a lei especial, reger-se-á pelas disposições deste
Capítulo.

Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou


imaterial, pode ser contratada mediante retribuição.

46
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 2005, p.584.
16

Para Nascimento47: O poder de direção exercido sobre o


trabalho de alguém é fundamental para a definição das duas formas de atividade
profissional, inexistente no trabalho autônomo, que representa a prestação de
serviços do direito civil, presente na relação de emprego do direito do trabalho.

O artigo 730 do CC dispõe sobre contrato de transporte:

Art. 730. Pelo contrato de transporte alguém se obriga, mediante


retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou
coisas.

Ensina Nascimento48:

A finalidade do contrato de transporte é o deslocamento de uma


pessoa ou de uma coisa, e o porte ou frete é o preço do transporte
pago ao transportador. Transportador é a pessoa física que
trabalha por sua conta. Será autônomo e não empregado. Porém,
se trabalhar continuadamente para outrem, sob o seu poder e
direção, sendo por este remunerado, pode configurar-se a relação
de emprego, se houver subordinação. (...) Tudo depende de sua
liberdade em exercer a atividade. O tacógrafo destina-se à
aferição de velocidade, mas, às vezes, é argumento utilizado para
provar subordinação. A liberdade de contratar carga de retorno, ao
contrário, pende para o contrato de transporte.

As relações de consumo de serviços, regidas pelo Código de


Defesa do Consumidor também são consideradas relação de trabalho. Dispõe o
artigo 3º, §2º do CDC:

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no merc ado de


consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista.

47
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 2005, p.584.
48
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 2005, p.585.
17

Existem vários exemplos de relação de trabalho, porém,


pretende-se apenas uma melhor forma de distinguir a relação de trabalho da
relação de emprego.

1.3 DA RELAÇÃO DE EMPREGO

1.3.1 Conceito

Alguns autores conceituam relação de emprego como


espécie do gênero relação de trabalho, haja vista que toda relação de emprego é
relação de trabalho, porém para que se configure a relação de emprego é
necessário que sejam preenchidos os seguintes requisitos: pessoalidade,
onerosidade, subordinação e habitualidade. Desta forma, nem toda relação de
trabalho pode ser considerada relação de emprego.

Zimmermann Neto conceitua relação de emprego como:

É a relação de trabalho entre um contratante específico – o


empregador – e o contratado – o empregado -, onde o segundo
presta, pessoalmente, ao primeiro, um trabalho mediante
subordinação voluntária e contraprestação financeira, de modo
continuado, por tempo determinado ou indeterminado.

Portanto, nem toda relação de trabalho é uma relação de


emprego. Há trabalhadores que não são empregados. Mas todo
empregado está numa relação de emprego e, também, numa
relação de trabalho.

Há certa diversidade de nomenclatura na própria legislação, que


usa ora um termo ora outro para representar a mesma figura
jurídica. É comum, portanto, encontrar as três expressões sendo
usadas para designar uma relação de trabalho subordinado. 49

49
ZIMMERMANN NETO, Carlos F. Direito do Trabalho. 2007, p.36.
18

No mesmo sentido, conceitua Azevedo50:

A relação de emprego é, pois, espécie da relação de trabalho e


corresponde à prestação de trabalho de forma subordinada por
uma determinada pessoa física a um destinatário, que poderá ser
pessoa física ou jurídica.

Em verdade, o traço característico que singulariza a relação de


emprego é, sem dúvida, a subordinação.

Conclui-se que a relação de emprego é a relação de


trabalho que preenche determinados requisitos de forma cumulativa, como será
visto a seguir.

1.3.2 Características

Para a configuração da relação de emprego, necessário se


faz o preenchimento de requisitos.

Para Saad51:

A análise do conceito de contrato de trabalho nos leva às


seguintes conclusões:

A) O prestador do serviço é sempre uma pessoa física. Assume o


empregado uma obrigação de caráter pessoal e não lhe é
permitido transferí-la a um terceiro.

B) O serviço prestado tem de ser remunerado. Se apenas


benévolo, isto é, sem a contraprestação do salário, prefigura a
impossibilidade jurídica de formar-se um contrato de trabalho.

50
AZEVEDO, Jackson Chaves de. Curso de Direito do Trabalho. 2001, p.65
51
SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de Direito do Trabalho.2000, p.109.
19

C) A prestação de serviços não deve ser eventual. Por entender-


se obrigatoriamente aos fins da empresa, o trabalho há de ser
permanente ou pelo menos por tempo determinado nos termos da
lei.

D) O tomador de serviços – o empregador - tanto pode ser


pessoa física como jurídica.

E) A prestação de serviços tem de obedecer às determinações do


empregador. Inexistindo essa subordinação jurídica, fica inviável a
celebração do contrato de trabalho.

Dessa forma faz-se necessário analisar cada uma das


características da relação de emprego, para melhor compreensão e
caracterização.

1.3.2.1 Pessoa Física

Para Valentin Carrion52: Pessoa Física: o direito social


ampara apenas o trabalho humano pessoal; os serviços prestados por pessoa
jurídica não podem ser objeto de um contrato de trabalho.

Para que haja relação de emprego é necessária a existência


de uma pessoa física e uma pessoa jurídica, ou duas pessoas físicas (no caso do
empregado doméstico), não é possível a caracterização da relação de emprego
por uma atividade realizada por uma pessoa jurídica a outra, pois, desta forma
fica impossível a caracterização de outro requisito constitutivo da relação de
emprego a pessoalidade.

Para Martins53: Pessoa física. Não é possível ser o


empregado pessoa jurídica ou animal. A legislação trabalhista tutela a pessoa

52
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 33 ed, São Paulo:
Saraiva, 2008, p.34
53
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 6ed, São Paulo: Atlas, 2003, p.31.
20

física do trabalhador. Os serviços prestados pela pessoa jurídica são regulados


pelo Direito Civil.

1.3.2.2 Pessoalidade

A característica pessoalidade pressupõe que o serviço será


prestado por determinada pessoa, não sendo permitida a sua substituição por
outra qualquer. O empregador fará assinatura na CTPS de pessoa certa de forma
que esta pessoa fica responsável pela realização do trabalho pactuado.

No caso em que o empregado adoeça e se faça substituir


por outra pessoa, mantém-se a relação de emprego, porém, quando a
substituição deixa de ser esporádica e passa a ser habitual tem-se a quebra da
relação de emprego pela ausência de um dos pressupostos essenciais a
pessoalidade.

Ensina Martins54:

Pessoalidade. A prestação de serviços deve ser feita pelo


empregado com pessoalidade ao empregador. O contrato de
trabalho é feito com certa pessoa, daí se dizer que é intuitu
personae. O empregador conta com certa pessoa específica para
lhe prestar serviços. Se o empregado faz-se substituir
constantemente por outra pessoa, como por um parente, inexiste
o elemento pessoalidade na referida relação. Esse elemento é
encontrado na parte final da definição de empregador (art. 2º CLT)
e não no artigo 3º da CLT

Pessoalidade não significa exclusividade, o empregado deve


efetuar a prestação de serviços de forma pessoal, mas isso não significa que
tenha que ser exclusiva.

Ensina Carrion55

54
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.32-33.
55
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho.2008, p.39.
21

Exclusividade: não é condição para reconhecimento da relação de


emprego; é exigível a abstenção de concorrência pelo empregado
ou para empregador concorrente, assim como comunicação de
segredos da empresa (art.482/6). Havendo pluralidade de
empregos haverá pluralidade de anotações na carteira de
trabalho. Cláusula de exclusividade vedada aos artistas e técnicos
em espetáculos (L.6.533/78).

Para Martins56:

Exclusividade. Não é necessária a exclusividade da prestação de


serviços pelo empregado ao empregador para a configuração da
relação de emprego. O obreiro pode Ter mais de um emprego,
visando ao aumento da sua renda mensal. Em cada um dos locais
de trabalho, será considerado empregado.

Sempre que não houver colisão entre horários de trabalho,


ou que não haja interferência entre eles, o empregado poderá trabalhar em mais
de um local. Pode-se citar como exemplo o advogado que trabalha para uma
determinada empresa durante o dia e durante o período noturno trabalha como
professor.

1.3.2.3 Habitualidade

O trabalho realizado deve ser de natureza não-eventual,


para a caracterização da relação de emprego, porém não há a necessidade de
que o trabalho seja diário. Por trabalho não-eventual entende-se aquele prestado
com certa regularidade, devendo ser realizado de modo contínuo.

Para Martins57:

Não eventual. O serviço prestado pelo empregado deve ser feito


em caráter não eventual. Nota-se que o trabalho deve ser de
natureza contínua, não podendo ser episódico, ocasional. Um dos

56
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.33.
57
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.31.
22

requisitos do contrato de trabalho é a continuidade na prestação


de serviços, pois aquele pacto é um contrato de trato sucessivo,
de duração, que não se exaure numa única prestação, como
ocorre com a compra e venda, em que é pago o preço entregue a
coisa. No contrato de trabalho, há a habitualidade na prestação
dos serviços, que na maioria das vezes é feita diariamente, mas
poderia ser de outra forma, por exemplo: bastaria o empregado
trabalhar uma vez ou duas por semana, toda vez no mesmo
horário, para caracterizar a continuidade da prestação de serviços.
Muitas vezes, é o que ocorre com advogados que são contratados
como empregados para dar plantão em sindicatos ou em
hospitais, duas ou três vezes por semana, em certo horário, em
que a pessoa é obrigada a estar naquele local nos períodos
determinados. A CLT não usa a expressão trabalho quotidiano,
diário, mas não eventual, contínuo, habitual. Assim, o trabalho não
precisa ser feito todos os dias, mas necessita ser habitual.

Neste sentido, colhe-se da jurisprudência do Tribunal


Regional do Trabalho da 4ª Região:

VÍNCULO DE EMPREGO. GARÇOM. É empregado o garçom que


labora aos finais de semana em favor de estabelecimento
comercial, tendo em vista a necessidade de seu trabalho para a
consecução da atividade-fim do empreendimento e a
habitualidade da prestação de serviços. (Processo 00008-2007-
019-04-00-3 (RO). Data de Publicação: 08/09/2008 Fonte: Diário
Oficial do Estado do RGS - Justiça. Juiz Relator: BEATRIZ
RENCK)

VÍNCULO DE EMPREGO. Evidenciados os elementos


caracterizadores da relação de cunho empregatício entre as
partes, de natureza doméstica. Recurso desprovido. (Processo
00790-2007-007-04-00-0 (RO) Desembargador(a): JOÃO PEDRO
SILVESTRIN. Data de Publicação:22/08/2008)

Dos julgados acima verifica-se que a caracterização da


relação de emprego não é configurada a partir dos requisitos de forma isolada,
mas do conjunto deles, além de ser analisada cada situação na sua forma
23

concreta. Por isso houve o reconhecimento da relação de emprego para o


indivíduo que laborava como garçom aos finais de semana e para diarista.

Neste sentido ensina Carrion58:

Não eventual: permanente ou por tempo determinado. Eventual:


ocasional, esporádico. Aqui o conceito não é apenas temporal,
pois que não deve ser atribuído o caráter de eventualidade: a)
quando o trabalho tem por objeto necessidade normal da
empresa, que se repete periódica e sistematicamente (ex.
Vendedora de ingressos em teatro, uma hora por dia; músicos de
um clube, dois dias por semana; professor de escola, duas aulas
por semana); b) trabalhador contratado para reforçar a produção
por pouco tempo (deve ser contratado por tempo determinado,
quantas vezes forem necessárias, e não como eventual); a e b
são chamados de adventícios na doutrina estrangeira; c) quando o
tempo de execução dos serviços se alonga, ultrapassando o que
poderia ser considerado “curta duração”.

Nenhum direito laborista protege o verdadeiro trabalhador


eventual perante a empresa; mas é segurado obrigatório da
previdência social (L. 8.212/91, art. 12, IV, a), e quem utilizar seus
serviços deve recolher contribuição sobre a remuneração paga.

1.3.2.4 Subordinação

O requisito subordinação está ligado à hierarquia, representa


o empregado laborando conforme determina o empregador, ou seja, o
empregador estabelece horários, forma de trabalho e o tipo de trabalho a ser
prestado, devendo o empregado “obedecer” ao empregador.

Ensina Sérgio Pinto Martins:

58
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 2008, p.36-37.
24

Dependência. A palavra empregada no artigo em comentário é


dependência. Na prática, entretanto, costuma-se empregar
também a palavra subordinação, que é a mais exata para a
relação em estudo. Subordinação vem do latim sub ordine: estar
sob ordens, sob a direção ou controle de outra pessoa.
Subordinação é o aspecto da relação de emprego visto pelo lado
do empregado, enquanto poder de direção é a mesma direção
vista pelo ângulo do empregador.

Isso quer dizer que o trabalhador empregado é dirigido por


outrem: o empregador. Se o trabalhador não é dirigido pelo
empregador, mas por ele próprio, não se pode falar em
empregado, mas em trabalhador autônomo ou outro tipo de
trabalhador. Subordinação é o estado de sujeição em que se
coloca o empregado em relação ao empregador, aguardando ou
executando suas ordens” 59

Para Carrion60:

Sob dependência: a subordinação do empregado às ordens do


empregador (colocando à disposição deste sua força de trabalho)
de forma não eventual é a mais evidente manifestação de
existência de um contrato de emprego; o poder disciplinar é-lhe
inerente (...). Entretanto, há casos em que essa subordinação de
fato não é visível, restando em estado potencial (trabalho em que
o próprio resultado da atividade evidencia a aceitação das normas
prefixadas e a quantidade de produção; altos empregados). Há
autores que abandonam o critério da subordinação, preferindo
caracterizá-lo simplesmente por “trabalho por conta alheia para
organização ou empresa” (Alonso Olea, Introducion Al Derecho
del trabajo); “o trabalho por conta alheia ou para outrem, que torna
seus direta e imediatamente os frutos materiais ou imateriais do
mesmo trabalho, remunerando-os” (idem, Ltr 38/789, 1974). O
Direito do Trabalho incide sobre trabalhadores cujo vínculo de
subordinação é tênue; trabalhador empregado em domicílio,
comissionista externo, teletrabalho (aquele prestado pelo

59
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.31-32.
60
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 2008, p.38.
25

empregado em sua residência, remetendo o resultado para a


empresa através de meio informatizados).

Cite-se jurisprudência do Tribunal Regional do Trabalho da


4ª Região:

VÍNCULO DE EMPREGO. EMPREGADA DOMÉSTICA. Hipótese


em que demonstrado que a reclamante prestava trabalho uma vez
na semana, como diarista, restando inexistente relação de
emprego, e sim trabalho autônomo. Recurso não-provido.
(Processo 00112-2007-831-04-00-7 (RO) Data de Publicação:
30/07/2008 Juiz Relator: FLÁVIA LORENA PACHECO)

Pelo julgado acima, verifica-se que o trabalhador que labora


da forma que lhe é mais conveniente, estabelecendo seus horários de acordo
com sua disponibilidade, não se enquadra no requisito subordinação, pois não
responde a regras estabelecidas pelo empregador, não ficando caracterizada a
relação de emprego por ausência do requisito subordinação.

Alguns autores colocam o requisito subordinação no sentido


de dependência econômica, de forma que o empregador deve ter rendimentos
superiores ao do emprego. Ocorre que, como visto anteriormente, o requisito
pessoalidade não pressupõe a exclusividade, dessa forma não necessariamente
o empregado terá renda inferior ao empregador.

Neste sentido, ensina Azevedo61·:

A primeira teoria da dependência econômica é que o empregado é


considerado mais fraco que o empregador, dele dependendo
economicamente. Essa teoria, porém, é facilmente refutada, na
medida de que pode o empregado, por qualquer motivo, possuir
renda própria, que o torne independente economicamente do
empregador, e tal fato, por si só, não desnatura a relação de
emprego, tampouco elide a subordinação do empregado em
relação ao empresário. Imaginemos a situação de um advogado

61
AZEVEDO, Jackson Chaves de. Curso de Direito do Trabalho. 2001, p.66
26

que lecione à noite, três vezes por semana, em uma faculdade de


direito, sua empregadora. Assim, o fato de o salário de professor
não ser decisivo para sua subsistência, não afasta a relação de
emprego existente entre as partes.

Portanto, não há necessidade de que o empregado seja


economicamente mais fraco que o empregador, tratando-se este item de
subordinação hierárquica.

1.3.2.5 Onerosidade

Para que o empregador possa exigir o cumprimento dos


requisitos acima mencionados é necessário que exista uma contraprestação, ou
seja, que exista o pagamento de um salário pelo serviço prestado. A relação de
emprego somente se configura no trabalho remunerado, assim tem-se que o
trabalho voluntário nunca poderá ser considerado relação de emprego.

Para Martins62:

Salário. Salário é o conjunto de prestações fornecidas ao


trabalhador pelo empregador em decorrência do contrato de
trabalho, seja em função da contraprestação do trabalho, da
disponibilidade do trabalhador, das interrupções contratuais ou
demais hipóteses previstas em lei. Obreiro é uma pessoa que
recebe salários pela prestação de serviços ao empregador. É da
natureza do contrato de trabalho ser este oneroso. Não existe
contrato de trabalho gratuito. O empregado presta serviços para
receber salário pelo seu mister.

Para Carrion63:

Mediante salário: o salário, basicamente, pode ser por unidade de


tempo (por hora, dia, semana, quinzena ou mês e até parcelas
anuais), por unidade de obra (quantidade de serviço, por
produção) ou misto (por tarefa: combina unidade de tempo e

62
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.32.
63
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 2008, p.38-39.
27

unidade de obra). O pagamento de comissões ou participação nos


lucros não exclui a relação de emprego. Os conceitos de
empregado e sócio se repelem. Entretanto, aquele pode receber
participação social como prêmio ou estímulo; importante é verificar
se a figura de um não absorveu a do outro e se há ou não fraude
para escamotear os ônus legais (v. art. 63). O trabalho gratuito
(por caridade, auxílio, humanidade etc.) não é objeto de contrato
de emprego, nem de proteção do direito do trabalho. A Lei
considera serviço voluntário “a atividade não remunerada,
prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer
natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha
objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos
ou de assistências social, inclusive mutualidade”, não gerando
obrigação trabalhista, previdenciária ou afim e exigindo um termo
de adesão (autoriza o pagamento de auxílio, L. 9.608/98,
regulamentada pelo D. 5.313/04, alterada pela L. 10.748/2003 e
L.10.940/2004, v. apêndice). (...) Haverá necessidade de
pesquisar o elemento subjetivo, a intenção das partes; e também
o elemento objetivo, a admissibilidade ou não da efetiva
voluntariedade de quem, não tendo meios de subsistência, não
pode dar-se ao luxo de trabalhar com o caráter de filantropia e
altruísmo ocupando toda jornada útil de trabalho.

Dessa forma, como mencionado anteriormente, verifica-se


que o trabalho voluntário configura-se apenas relação de trabalho e não relação
de emprego, pois é essencial para a relação de emprego uma contraprestação
por parte do empregador.

1.3.3 Conseqüências

Com o reconhecimento do vínculo empregatício, verifica-se


a existência de um contrato individual de trabalho que pode ser expresso ou
tácito.

Ensina Mendonça64:

64
MENDONÇA, Rita de Cássia Tenório. Da Diferença entre Relação de Emprego e
Relação de Trabalho. Disponível em
http://www.vemconcursos.com/opiniao/index.phtml?page_sub=5&page_id=1297. Acesso em 06 de
outubro de 2008.
28

O vínculo entre empregado e empregador é de natureza


contratual, ainda que no ato que lhe dê origem nada tenha sido
ajustado. Ou seja, desde que a prestação de serviço tenha se
iniciado sem oposição do tomador, será considerado existente o
contrato de trabalho. De certo que ninguém será empregado ou
empregador senão em virtude de sua própria vontade. Mesmo
assim, se uma pessoa começar a trabalhar para outra sem que
nada haja sido previamente combinado, mas haja o
consentimento de quem toma o serviço em seu benefício (contrato
tácito), muito bem pode se originar um contrato de trabalho. Ainda
que não exista documento formal de contrato, ou mesmo seja o
contrato nulo por motivos diversos, mas daquela prestação de fato
podem resultar conseqüências jurídicas para as partes.

Para Saad65:

À semelhança do que ocorre com qualquer contrato civil ou


comercial, o contrato individual de trabalho resulta de um acordo
de vontades entre empregado e empregador.

Por esse contrato, o empregado se obriga mediante remuneração,


a prestar serviços não eventuais ao empregador – pessoa física
ou jurídica – sob a autoridade e direção deste.

Desse conceito se extrai, desde logo, a observação de que, em


tese, no contrato de trabalho são, também, detectáveis defeitos
susceptíveis de invalidá-lo. (...)

Aqui nos parece oportuno mencionar exemplos de contratos de


trabalho nulos ou anuláveis: como o dono de estabelecimento que
desenvolve atividade ilegal (jogo do bicho, roleta, etc.); com
pessoa jurídica de Direito Público interno contrariando legislação
específica; com menor não aprendiz, de menos de 18 anos, sem
assistência de seu responsável; de empregado que prova, com
documento falso, sua habilitação para profissão regulamentada.

65
SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de Direito do Trabalho. 2000, p.108.
29

Do exposto, verifica-se que o contrato de trabalho está


sujeito a invalidação quando realizado de forma irregular.

A relação de emprego gera ao empregado o reconhecimento


do vínculo empregatício, e, conseqüentemente a anotação da sua CTPS,
trazendo consigo todos os direitos trabalhistas e previdenciários previstos em Lei,
como férias, 13º salário, auxílio-doença, aposentadoria, entre outros benefícios.
CAPÍTULO 2

DOS ACIDENTES DE TRABALHO

2.1 CONCEITO

Inicialmente, deve-se entender o conceito de acidente de


trabalho, para após estudar seus tipos e aspectos históricos.

Maria Helena Diniz 66 conceitua como acidente de trabalho:

Acontecimento casual e imprevisto que cause dano, produzindo


lesão corporal, doença profissional ou perturbação funcional a
empregado, pelo exercício, dentro ou fora do local e horário de
trabalho, de seu ofício a serviço da empresa, que possa atingir,
total ou parcialmente, permanente ou transitoriamente, sua
capacidade laborativa ou acarretar sua morte. Portanto, se houver
autolesão, ou seja, intenção do operário de causar dano a si
próprio, descaracterizado estará o acidente de trabalho. Será
devido o benefício de auxílio-doença decorrente de acidente de
trabalho aos segurados: empregado, trabalhador avulso, especial
e médico-residente. O presidiário somente fará jus ao benefício de
auxílio doença decorrente de acidente de trabalho, bem como ao
de auxílio acidente, quando exercer atividade remunerada na
condição de empregado, trabalhador avulso, médico-residente ou
segurado especial.

O artigo 19 da Lei nº 9.213 de 24 de julho de 1991, define


como acidente de trabalho:

Art.19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do


trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a

66
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 1. p.96.
31

perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para


o trabalho.

No mesmo sentido, ensina Sérgio Pinto Martins:

Acidente de trabalho. O artigo 19 da Lei nº8. 213 considera


acidente de trabalho o que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente
ou temporária, da capacidade do trabalho. A doença profissional e
a do trabalho também são consideradas como acidente do
trabalho (art. 20 da Lei nº 8.213). O acidente in itinere é
equiparado a acidente do trabalho (art.21, IV, d, da Lei nº8. 213).
67

Desta forma, como bem explicitado pelo artigo 19 da Lei nº8.


213/91, bem como pelos doutrinadores supra citados, acidente de trabalho é todo
aquele ocorrido no exercício das funções laborais ou quando o trabalhador
encontra-se sob a responsabilidade ou subordinação da empresa, gerando lesões
temporárias ou definitivas, redução para capacidade do trabalho ou até mesmo a
morte.

Wladimir Novaes Martinez68 entende como:

O conceito legal de acidente de trabalho, sem dúvida um dos mais


complexos, difíceis e polêmicos do Direito Previdenciário, é
desenvolvido em cinco artigos, aclarados em nada menos do que
trinta e seis dispositivos. A definição não é fácil – nunca se quis
generalizá-la – e, por isso, além da descrição genérica, ou seja, a
do caput do art. 19 seguem-se narrativas da idéia (arts. 20/21)
imprescindivelmente recorríveis, pois elas são instrumentos úteis
de perquirição.

(...)

67
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.40-41.
68
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à Lei básica da previdência social. 6 ed, São Paulo:
Ltr, 2003, p.167-168.
32

Combinado com o art.18, §1º, do caput do art.19 defluem as


linhas gerais do conceito: a) tratar-se de empregado, temporário,
avulso, segurado especial, servidor sem regime próprio (e,
conforme a Lei n.8.138/90, o médico-residente); b) ser decorrente
do trabalho; c) estar o obreiro a serviço da empresa; d) produzir
lesão corporal ou perturbação funcional, capaz de provocar-lhe
redução ou perda, temporária ou permanente para o trabalho.
Perímetro tão impreciso que não é fácil diferenciar conteúdo das
enfermidades ou doenças.

A ocorrência deve provir, portanto, de acontecimento brusco,


traumatizante (acidente), como sendo conseqüência de condições
ambientais da empresa e também do próprio exercício do labor
(doença profissional e do trabalho), estas últimas de
caracterização ainda mais embaraçosa.

Portanto o acidente de trabalho não pode ser causado pelo


empregado, a consciente vontade de provocar lesão em si afasta a configuração
do acidente de trabalho, que deve ser alheio a vontade do empregado.

2.2 HISTÓRICO

Tem-se que, desde o início da história da humanidade, ao


exercer seu trabalho, o homem sofria acidentes, seja na busca por alimentos ou
como forma de proteção da família. Com a evolução os acidentes foram se
tornando mais freqüentes, na medida em que o homem criava e aperfeiçoava
suas invenções.

Neste sentido, ensina Eduardo Gabriel Saad69:

Na busca de alimentos e de proteção contra as intempéries, até o


homem primitivo sofria acidentes.

69
SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de Direito do Trabalho. 2000, p.314.
33

No desfilar dos séculos, foram se aperfeiçoando os meios e


processos utilizados pelo homem para satisfazer aquelas
necessidades.

Em curso a Revolução Industrial, à medida que o ser humano


dominava as forças da natureza para pô-las a seu serviço, os
acidentes por ele sofridos se tornaram mais numerosos porque
suas causas não só se multiplicaram como também, se
sofisticaram.

No mesmo sentido, José Luiz Dias Campos70:

Durante milênios não existiu a mínima preocupação com a


integridade física e psíquica do trabalhador. O homem ou era
destinatário do produto do trabalho ou era apenas o seu
instrumento, todavia, com o passar do tempo notou-se que o êxito
de qualquer atividade ligada ao trabalho era diretamente
proporcional ao fato de se manter sua peça fundamental – o
trabalhador – em condições de saúde.

Observa-se que não existia qualquer preocupação com o


trabalhador, a preocupação era somente com o trabalho que era exercido, porém
após muita “luta” e devido às proporções tomadas houve a necessidade da
criação de legislação preventiva.

Novamente ensina Saad71:

A prevenção de acidentes do trabalho, por meio de normas


baixadas pelo Estado, só se materializou quando o problema
adquiriu dimensões exageradas e, em razão dessa circunstância,
despertou a atenção do homem público.

70
CAMPOS, José Luiz Dias. Acidentes do Trabalho, prevenção e reparação. 3ed, São Paulo: LTr,
1996, p.17.
71
SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de Direito do Trabalho, 2000, p.314.
34

Assim mesmo, nos primeiros tempos de reconhecimento do


acidente do trabalho como um problema social, cabia ao
trabalhador provar a culpa do empregador.

No mesmo passo em que as nações diversificavam a série de


providências tendentes a proteger o trabalhador contra o risco do
acidente, a teoria da culpa cedeu lugar à teoria objetiva do risco
social.

Desta forma, verifica-se que levou muito tempo até que


houvesse algum tipo de preocupação com o trabalhador e a forma com que este
exerce seu trabalho. Somente em 1884 foi promulgada a primeira Lei específica
sobre acidente de trabalho.

Ensina Miguel Augusto Gonçalves de Souza72:

Não só a vida humana estava em risco, pois até mesmo a vida


das empresas sentia que os acidentes de seus operários
poderiam afetar o próprio equilíbrio da indústria, foi então que
Bismark, estadista da escol, através da lei repressiva anti-
socialista de 1884, promulgou a primeira Lei específica sobre
Acidente de Trabalho, que teve repercussão positiva em todos os
países da Europa que acabaram aderindo ao movimento anos
depois.

No Brasil a primeira Lei de Acidentes de Trabalho só teve


lugar no ano de 1919. Para Gonçalves73:

A Lei nº3. 724, de 15-01-1919, é a nossa primeira Lei de Acidente


de Trabalho. Trouxe para o mundo jurídico grande avanço, na
medida em que sua aplicação, não mais se discutia de quem era a
culpa do Acidente de Trabalho. Vale dizer: afastou por completo a

72
SOUZA, Miguel Augusto Gonçalves de. Acidentes do Trabalho. V1, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1963, p.7.
73
GONÇALVES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário. 6ed , São Paulo: Atlas, 1999,
p.175.
35

teoria da responsabilidade subjetiva, adotando a teoria da


responsabilidade objetiva.

A partir dessa Lei foram criadas várias outras normas de


prevenção aos acidentes de trabalho e proteção ao trabalhador, que serão vistas
no próximo capítulo.

2.3 TIPOS DE ACIDENTES DE TRABALHO

O Artigo 19 da Lei 8.213/91 conceitua acidente de trabalho


ao mesmo tempo em que define o acidente de trabalho típico, ou seja, acidente
de trabalho “comum” aquele ocorrido nas imediações do local de trabalho ou
quando o trabalhador encontra-se a serviço da empresa.

Além do acidente típico consideram-se acidente de trabalho


as doenças ocupacionais, com previsão no artigo 20 da Lei 8.213/91:

Art.20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo


anterior, as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou


desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada
atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou


desencadeada em função de condições especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante
da relação mencionada no inciso I.

§ 1ºNão são consideradas como doença do trabalho:

a) a doença degenerativa;
36

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região


em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante
de exposição ou contato direto determinado pela natureza do
trabalho.

§ 2ºEm caso excepcional, constatando-se que a doença não


incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou
das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele
se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la
acidente do trabalho.

A doença ocupacional não tem causa ou efeito imediato,


diferentemente do acidente de trabalho, pode levar anos para ser desencadeada,
e ocorre quando as condições do ambiente e tipo de trabalho proporcionam de
algum modo, transtornos físicos ou psicológicos.

Para Rocha e Baltazar Junior74:

A doença profissional, ou doença do trabalho típica, ou idiopatia, é


própria de determinado tipo de atividade. A doença do trabalho –
ou mesopatia – é uma moléstia comum, que pode atingir qualquer
pessoa, mas é provocada por condições especiais em que o
trabalho é realizado.

É necessário que a doença esteja elencada em relação


elaborada pelo Ministério do Trabalho, e que sua origem seja comprovadamente
relacionada com a atividade laborativa.

Ensina Juang Yuh Yu75:

74
ROCHA, Daniel Machado Da. BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de
Benefícios da Previdência Social. 8Ed, Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2008, p.115.
75
YU, Juang Yuh. Ação Acidentária. 2ed, São Paulo: Atlas, 1999, p. 250.
37

Como se presume que o trabalhador tenha ingressado sadio na


empresa, pois normalmente se exige atestado médico ou se
submete a exame médico da própria empregadora, basta que o
demandante prove que em seu ambiente de trabalho ou em suas
atividades laborativas estava em contato com uma ou mais
dessas matérias elencadas em lei, e que é portador da doença
dela (s) decorrente (s) para ter seu direito reconhecido.

No mesmo sentido Rosni Ferreira76 ensina:

A doença ocupacional não está exclusivamente centrada no


ambiente de trabalho, mas também na forma de realizá-lo.
Podemos encontrar as proteções financeiras através dos
adicionais de insalubridade, periculosidade, horas extras,hora
noturna, ônus estes que levam o empregador a despender mais
valores econômicos durante um determinado tempo, enquanto o
operador do labor arcará com as conseqüências muitas vezes
pelo resto de sua vida. O que ele teve de ganho financeiro
possivelmente não será o suficiente para o custeio do tratamento
da doença instalada, ou mesmo o valor da vida humana que,
ceifada, não tem mais retorno.

Tem-se ainda como tipo de acidente de trabalho aqueles


elencados pelo artigo 21 da Lei 8.213/91, que foram equiparados:

Art. 21.Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para


efeitos desta Lei:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a


causa única, haja contribuído diretamente para a morte do
segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o
trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua
recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do


trabalho, em conseqüência de:

76
FERREIRA, Rosni. Guia Prático da Previdência Social: Comentário e Normas sobre o
Decreto nº2.172/97. 2ed, São Paulo: LTr, 1997, p.173.
38

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por


terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de


disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro


ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou


decorrentes de força maior;

III - a doença proveniente de contaminação acidental do


empregado no exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e


horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a


autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para


lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando


financiada por esta dentro de seus planos para melhor
capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de
locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do
segurado;
39

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste


para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive
veículo de propriedade do segurado.

§1ºNos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por


ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local
do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no
exercício do trabalho.

§2ºNão é considerada agravação ou complicação de acidente do


trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se
associe ou se superponha às conseqüências do anterior.

Estes tipos de acidentes foram equiparados, pois, vê-se a


figura da concausalidade, ou seja, apesar de não ser causa única que contribui
para o acidente, quando associado a outro fator leva ao resultado final, a
incapacidade, lesão ou morte. A concausalidade se subdivide em preexistente,
concomitante e superveniente.

Neste sentido ensinam Rocha e Baltazar Junior77:

A primeira hipótese traz a figura da concausa, ou seja, a situação


na qual o acidente é a causa principal da incapacidade ou morte,
mas aliada a uma concausa, anterior ou superveniente.
Exemplifica-se com a situação do hemofílico que vem a falecer em
virtude de um corte de gravidade relativa ocorrido no trabalho, que
assumiu maiores proporções em virtude de sua doença. Ou do
empregado que, internado em virtude de uma fratura, vem a
falecer em conseqüência de infecção hospitalar.

Dentre os tipos equiparados destaca-se o acidente de


Trajeto ou It Itinere.

Eduardo Gabriel Saad78 define acidente It Itinere como: Há,


também, o acidente in itinere, isto é, aquele que ocorre no percurso normal da

77
ROCHA, Daniel Machado da. BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de Benefícios
da Previdência Social. 2008, p. 117.
40

residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o
meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

Sobre acidente de Trajeto ou It Itinere ensina Maria Helena


Diniz79 que “Acidente de Trajeto. Direito do Trabalho. É o que se pode sofrer o
trabalhador na ida ou na volta do trabalho ou em viagens a serviço da firma,
caracterizando-se como acidente de trabalho.”

Portanto o acidente de trajeto é o ocorrido durante a ida ou


volta ao trabalho, este somente se caracteriza quando existe o nexo de
causalidade indireto, ou seja, a exigência do trajeto para o início da atividade
laboral ou retorno desta. A ocorrência de caso fortuito ou força maior não quebra
o nexo de causalidade indireto, desta forma se o trabalhador é obrigado a tomar
caminho diferente daquele que deveria, por razão diversa de sua vontade e
ocorre o acidente, este ainda considera-se acidente de trabalho.

Para Ferreira80:

(...) A interrupção deve ser em grau que faça desaparecer, por


completo, a etiologia com o trabalho. O fato de entrar em um bar
para beber um refrigerante para refrescar-se, ou ir a uma padaria
comprar pão para levar para casa ou para o lanche não pode ser
considerado como interrupção descaracterizadora do acidente.

Considera-se também, acidente de trabalho o sofrido


durante atividades em que o trabalhador esteja representando a empresa, como
por exemplo, um jogo de futebol em que esteja jogando em favor da empresa e
sofra uma contusão.

78
SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de Direito do Trabalho 2000. p.316
79
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2005, vol. 1. p.96
80
FERREIRA, Rosni. Guia Prático da Previdência Social: Comentário e Normas sobre o Decreto
nº2.172/97. 1997, p.180.
41

2.4 BENEFÍCIOS AO ACIDENTADO

Inicialmente deve-se destacar que somente aqueles que são


beneficiários do Regime Geral da Previdência Social terão direito aos benefícios a
seguir, portanto, importante citar os artigos 11 e 16 da Lei nº8. 213/91:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as


seguintes pessoas físicas:

I - como empregado:

a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à


empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e
mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;

b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário,


definida em legislação específica, presta serviço para atender a
necessidade transitória de substituição de pessoal regular e
permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras
empresas;

c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil


para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de
empresa nacional no exterior;

d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a


repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas
subordinados, ou a membros dessas missões e repartições,
excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e
o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da
respectiva missão diplomática ou repartição consular;

e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em


organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil
42

seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo


se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil


para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no
exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa
brasileira de capital nacional;

g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo


efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e
Fundações Públicas Federais.

h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal,


desde que não vinculado a regime próprio de previdência social ;

i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro


em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime
próprio de previdência social;

j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal,


desde que não vinculado a regime próprio de previdência social;

II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de


natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial
desta, em atividades sem fins lucrativos;

V - como contribuinte individual:

a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade


agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou
temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou,
quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou
atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio
de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo;
43

b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de


extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário,
diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio
de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma
não contínua;

c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida


consagrada, de congregação ou de ordem religiosa;

e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial


internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá
domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio
de previdência social;

f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não


empregado e o membro de conselho de administração de
sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio
gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de
seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito
para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de
qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou
administrador eleito para exercer atividade de direção
condominial, desde que recebam remuneração;

g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter


eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego;

h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade


econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não;

VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas,


sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural
definidos no Regulamento;

VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel


rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que,
44

individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que


com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:

a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado,


parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário
rurais, que explore atividade:

1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;

2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas


atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no
9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal
meio de vida;

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca


profissão habitual ou principal meio de vida; e

c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16


(dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de
que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente,
trabalhem com o grupo familiar respectivo.

§ 1o Entende-se como regime de economia familiar a atividade


em que o trabalho dos membros da família é indispensável à
própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do
núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência
e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes.

§ 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma


atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência
Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas.

§ 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–


RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade
abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a
essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei
45

nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da


Seguridade Social.

§ 4º O dirigente sindical mantém, durante o exercício do mandato


eletivo, o mesmo enquadramento no Regime Geral de Previdência
Social-RGPS de antes da investidura.

§ 5o Aplica-se o disposto na alínea g do inciso I do caput ao


ocupante de cargo de Ministro de Estado, de Secretário Estadual,
Distrital ou Municipal, sem vínculo efetivo com a União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, ainda que em
regime especial, e fundações.

§ 6o Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou


companheiro e os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou os a
estes equiparados deverão ter participação ativa nas atividades
rurais do grupo familiar.

§ 7o O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados


contratados por prazo determinado ou de trabalhador de que trata
a alínea g do inciso V do caput deste artigo, em épocas de safra, à
razão de, no máximo, 120 (cento e vinte) pessoas/dia no ano civil,
em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo
equivalente em horas de trabalho.

§ 8o Não descaracteriza a condição de segurado especial:

I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou


comodato, de até 50% (cinqüenta por cento) de imóvel rural cuja
área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde
que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva
atividade, individualmente ou em regime de economia familiar;

II – a exploração da atividade turística da propriedade rural,


inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte)
dias ao ano;
46

III – a participação em plano de previdência complementar


instituído por entidade classista a que seja associado em razão da
condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de
economia familiar; e

IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem


algum componente que seja beneficiário de programa assistencial
oficial de governo;

V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da


atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização
artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da Lei no 8.212, de 24 de
julho de 1991; e

VI – a associação em cooperativa agropecuária.

§ 9o Não é segurado especial o membro de grupo familiar que


possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:

I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-


reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação
continuada da Previdência Social;

II – benefício previdenciário pela participação em plano de


previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do §
8o deste artigo;

III – exercício de atividade remunerada em período de entressafra


ou do defeso, não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou
intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12
da Lei no 8.212, de 24 julho de 1991;

IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de


organização da categoria de trabalhadores rurais;
47

V – exercício de mandato de vereador do Município em que


desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa rural
constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado
o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de
1991;

VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições


estabelecidas no inciso I do § 8o deste artigo;

VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima


produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada
matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida
na atividade não exceda ao menor benefício de prestação
continuada da Previdência Social; e

VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao


menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.

§ 10. O segurado especial fica excluído dessa categoria:

I – a contar do primeiro dia do mês em que:

a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso VII do


caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 15 desta Lei,
ou exceder qualquer dos limites estabelecidos no inciso I do § 8o
deste artigo;

b) se enquadrar em qualquer outra categoria de segurado


obrigatório do Regime Geral de Previdência Social, ressalvado o
disposto nos incisos III, V, VII e VIII do § 9o deste artigo, sem
prejuízo do disposto no art. 15 desta Lei; e c) tornar-se segurado
obrigatório de outro regime previdenciário;

II – a contar do primeiro dia do mês subseqüente ao da


ocorrência, quando o grupo familiar a que pertence exceder o
limite de:
48

a) utilização de terceiros na exploração da atividade a que se


refere o § 7o deste artigo;

b) dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso III do §


9o deste artigo; e

c) dias de hospedagem a que se refere o inciso II do § 8o deste


artigo.

§ 11. Aplica-se o disposto na alínea a do inciso V do caput deste


artigo ao cônjuge ou companheiro do produtor que participe da
atividade rural por este explorada.

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social,


na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não


emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)
anos ou inválido;

II - os pais;

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21


(vinte e um) anos ou inválido;

IV -

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste


artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.

§ 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante


declaração do segurado e desde que comprovada a dependência
econômica na forma estabelecida no Regulamento.
49

§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que,


sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a
segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição
Federal.

§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I


é presumida e a das demais deve ser comprovada.

Cabe ressaltar que o benefício de auxílio-acidente somente


é concedido aos segurados incluídos nos incisos I, VI e VII, do art. 11 da Lei
8.213/91.

Sobre o tema ensina Rodrigo Terza Borges81:

Nota-se, assim, a existência de uma grande desigualdade social,


corroborada por diversos textos legais, em que se nega ao
trabalhador doméstico o direito de ser indenizado em casos de
incapacidade para o trabalho.

Por força do art. 7º, parágrafo único, da Constituição Federal, os


trabalhadores domésticos não tem direito ao seguro contra
acidentes do trabalho previsto no inciso XXVIII do mesmo artigo.

Além disso, o art. 19 da Lei do Benefícios (Lei n.º 8213/91), não


faz nenhuma menção ao trabalhador doméstico, especificando tão
somente "acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VII do art. 11 da mesma Lei".

Ocorre, ainda, que o art. 104 do Decreto n.º 3048/99, exclui de


forma expressa o trabalhador doméstico do recebimento do
auxílio-acidente.

81
BORGES, Rodrigo Trezza. Acidentes de trabalho . Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n.
261, 25 mar. 2004. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4990>. Acesso
em: 22 jul. 2008.
50

Em obra específica a respeito dos acidente do trabalho, o ilustre


membro do Parquet paulista, José de OLIVEIRA, faz o seguinte
comentário a respeito das prestações acidentárias: "As prestações
em razão de acidente de trabalho serão devidas aos segurados e
aos seus dependentes mencionados nos incisos I, VI e VII do art.
11 da Lei n.º 8213/91, bem como aos presidiários que exerçam
atividade remunerada, independentemente do período de
carência" (p. 237, 1994). Esclarece-se que, dentro dos
mencionados incisos, não consta a categoria dos trabalhadores
domésticos, que é citada no inciso II, do mesmo artigo,
configurando, desta forma, uma desigualdade social de cunho
legal.

2.4.1 Auxílio-doença

O auxílio-doença é devido ao segurado, que já tiver


cumprido o período de carência de 12 contribuições mensais, e sobrevier
incapacidade para o seu trabalho ou atividades habituais por mais de 15 dias
consecutivos.

Quando for devido o auxílio-doença por acidente de


qualquer natureza ou causa e doença profissional ou do trabalho, será concedido
independentemente de período de carência, trata-se, pois, de auxílio-doença
acidentário.

Dispõe o artigo 59 da Lei nº8.213/91:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo


cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta
Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que


se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da
doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo
quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou
agravamento dessa doença ou lesão.
51

Ensina Martinez82:

O auxílio-doença é uma das prestações mais solicitadas e, se


tivesse a renda mensal inicial mais próxima da remuneração do
segurado, seria realmente o principal instrumento de proteção do
sistema previdenciário. Substitui a remuneração do obreiro
quando ele não pode auferi-la por incapacidade laborativa.

Eminentemente previdenciário, foi concebido para ter curta


duração (daí o menor valor). Trata-se de benefício de pagamento
continuado reeditável, solicitado quando o segurado não possa
angariar os meios indispensáveis de subsistência por motivo de
enfermidade incapacitante.

O benefício é devido a partir do 16º dia de afastamento,


quando o requerimento for feito em até 30 dias, para o beneficiado empregado,
para os demais beneficiados será devido a partir do início da incapacidade.

Se o requerimento for feito após o 30º dia, o marco inicial


para a concessão do benefício passa a ser a data do requerimento, exceto nos
casos em que o beneficiário não possa fazer o requerimento dentro do prazo.

Os primeiros 15 dias de afastamento são pagos pela


empresa na forma integral do salário, ou seja, como se o empregado tivesse
trabalhado nesse período. Esse primeiro período é de responsabilidade da
empresa, devendo somente após os 15 dias encaminhar o segurado à perícia
médica da Previdência Social.

O valor pago a título de auxílio-doença é o equivalente a


91% do salário-de-benefício. Somente cessará o auxílio-doença quando o
segurado estiver habilitado para o desempenho de sua atividade ou nova
atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando não existir possibilidade de
recuperação, for aposentado por invalidez.

82
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à Lei básica da previdência social. 2003,
p.447.
52

Importante frisar que o auxílio-doença não será devido


quando o empregado, antes da formação do vínculo empregatício, já for portador
da doença. Neste sentido ensinam Rocha e Baltazar Junior83:

Do mesmo modo que a aposentadoria por invalidez, esta


prestação não é devida quando a doença ou lesão for precedente
à filiação, salvo quando a incapacidade resultar do agravamento
ou progressão da lesão. (...) Havendo controvérsia neste ponto,
imprescindível será a realização de perícia.

Em face das notórias dificuldades financeiras dos trabalhadores


de baixa-renda verterem contribuições para o sistema
previdenciário, do desemprego informal e da falta de consciência
da importância da regularidade da vinculação à previdência social,
muitos segurados acabam perdendo essa qualidade, situação que
acarreta a suspensão da proteção previdenciária.

Desta forma, não fará jus ao auxílio-doença o segurado que


tiver doença pré-existente, podendo configurar, em determinados casos, má-fé do
empregado.

2.4.2 Auxílio-acidente

O auxílio-acidente independe de período de carência e será


devido, a título de indenização, ao segurado que após sofrer acidente venha a ter
seqüelas que impliquem na redução da capacidade para seu trabalho habitual.

Ensina Martinez84:

O auxílio-acidente é benefício provisório, não substituidor dos


salários e sem natureza alimentar, devido ao segurado que, vítima
de acidente e após fruir o auxílio-doença acidentário e ter alta
médica, permaneceu com seqüela, como as elencadas no Anexo
III do RPS (com nove quadros), isto é, pessoa portadora de

83
ROCHA, Daniel Machado da. BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de
Benefícios da Previdência Social. 2008, p.271.
84
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à Lei básica da previdência social. 2003, p. 510-
511.
53

diminuição da aptidão laboral, verificada na época da cessação


daquele benefício por incapacidade. Pouco importa se esta
redução do empenho em exercer atividade habitual venha a ser
superada pelo esforço próprio do trabalhador, por processo de
reabilitação profissional ou por qualquer outro tipo de cura ou
recuperação.

Para Rocha e Baltazar Junior85:

Mencionando a lei atualmente acidente de qualquer natureza, em


lugar de acidente de trabalho, como na redação originária,
entende-se que houve uma ampliação das hipóteses f´paticas
para concessão do benefício. O conceito de acidente de trabalho
é legal, sendo, portanto, mais restrito, devendo ser compreendido
à luz dos arts. 19 a 21 da Lei de Benefícios. Por acidente de
qualquer natureza deve ser entendido qualquer evento abrupto
que cause a incapacidade, ainda que não guarde relação com a
atividade laboral do segurado.

O valor pago mensalmente a título de auxílio-acidente será o


correspondente a 50% do salário benefício e será devido a partir do dia seguinte
da cessação do auxílio-doença até a véspera do início de qualquer aposentadoria
ou da data do óbito do segurado.

Novamente, Rocha e Baltazar Junior86:

Em linha de princípio, o benefício deveria ser calculado de acordo


com a lei vigente na data da consolidação das seqüelas,
inexistindo direito à revisão de benefícios concedidos com
coeficiente menor em virtude de acidentes anteriores à lei atual. O
STJ veio, porém, a consolidar o entendimento no sentido que: “em
se tratando de benefício acidentário, a legislação moderna, mais
benéfica ao segurado, tem aplicação imediata. Abrange, inclusive,
os casos já concedidos ou pendentes de concessão. A explicação
deriva da natureza das normas acidentárias. Por conta de seu

85
ROCHA, Daniel Machado da. BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de
Benefícios da Previdência Social. 2008, p.311.
86
ROCHA, Daniel Machado da. BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de
Benefícios da Previdência Social. 2008, p.313.
54

caráter protetivo, incidem, de imediato, aos benefícios pendentes,


ainda que o sinistro tenha ocorrido na vigência de lei anterior. Esta
orientação, segundo o STJ, não traduz retroatividade dos efeitos,
antes da edição do diploma. Assim sendo, o percentual de 50%
previsto na Lei 9.032/95, só passa a valer a partir da sua vigência,
posicionamento que restou mantido pela Corte Federal, mesmo
após a decisão do STF sobre a pensão por morte”.

Portanto, o auxílio-acidente não é acumulável com


aposentadorias, pensão por morte e auxílio-doença.

2.4.3 Aposentadoria por invalidez

A aposentadoria por invalidez é devida ao segurado,


cumprido o período de carência de 12 contribuições mensais, que for considerado
incapaz e insuscetível de reabilitação profissional.

Não se exige período de carência nos casos de acidente de


qualquer natureza ou causa e doença profissional ou do trabalho.

Dispõe o artigo 42 da Lei nº8.213/91:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando


for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,
estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado
incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nesta condição.

§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da


verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-
pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às
suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua
confiança.

§ 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-


se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito
55

à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade


sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa
doença ou lesão.

Ensina Martinez87:

Juntamente com o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez é


benefício de pagamento continuado, de risco imprevisível, devido
à incapacidade presente para o labor. É deferida, sobretudo, se o
segurado está impossibilitado de trabalhar e insuscetível de
reabilitar-se para a atividade garantidora da subsistência. Trata-se
de prestação provisória com nítida tendência à definitividade,
geralmente concedida após a cessação do auxílio-doença (PBPS,
caput do art. 43).

Para a concessão do benefício o segurado deverá passar


por perícia médica que atestará sua incapacidade total e definitiva para o
trabalho.

A aposentadoria por invalidez será concedida ao segurado


empregado a partir do 16º dia de afastamento da atividade, quando requerida em
até 30 dias, quando decorrido esse prazo será devida a partir da data do
requerimento. Para o segurado empregado doméstico, trabalhador avulso,
contribuinte individual, especial e facultativo terá início a prestação do benefício a
partir do início da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, quando
requerido após 30 dias.

O valor do benefício será o equivalente a 100% do salário-


de-benefício. Quando o trabalhador encontrar-se em gozo do benefício de auxílio-
doença o valor da aposentadoria será igual a este, quando for maior que aquele.

O beneficiário que necessitar assistência permanente de


outra pessoa terá seu benefício acrescido de 25%, mesmo que este valor
ultrapasse o teto disposto no artigo 33 da Lei nº 8.213/91.

Ensina Sérgio Pinto Martins88:

87
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à Lei básica da previdência social. 2003, p. 42.
56

O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que


necessitar da assistência permanente de outra pessoa será
acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Mesmo que o valor da
aposentadoria já seja estabelecido no limite máximo legal,
também será devido o adicional. Deve ser recalculado quando o
benefício que lhe der origem for reajustado. No entanto o
acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) cessará com a morte
do aposentado, não sendo incorporado no valor da pensão.

A cessação do benefício se dá quando o aposentado retorna


voluntariamente a sua atividade, nos termos do artigo 47 da Lei nº8.213/91:

Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do


aposentado por invalidez, será observado o seguinte procedimento:

I - quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos,


contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do
auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício
cessará:

a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a


retornar à função que desempenhava na empresa quando se
aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como
documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido
pela Previdência Social; ou

b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do


auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, para os demais
segurados;

II - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do


inciso I, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o
exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a
aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:

a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data


em que for verificada a recuperação da capacidade;

88
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social, custeio da seguridade social, benefícios,
acidente de trabalho, assistência social, saúde. 13 ed, São Paulo: Saraiva, 1999, p.321.
57

b) com redução de 50% (cinqüenta por cento), no período


seguinte de 6 (seis) meses;

c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por


igual período de 6 (seis) meses, ao término do qual cessará
definitivamente.

Para Rocha e Baltazar Junior89:

É corrente entre os segurados a idéia de que a aposentadoria por


invalidez é definitiva, não podendo ser cassada pelo INSS. Bem
por isso a situação de encostado, como é popularmente chamado
o beneficiário do auxílio-doença, não é confortável para o
segurado, que muitas vezes tenta aposentar-se. Cuida—se,
entretanto, de um equívoco. Considerando-se o fato de o
pressuposto fundamental do deferimento e da manutenção da
aposentadoria por invalidez repousar sobre a ausência da
capacidade laborativa do segurado, pode-se afirmar que a
natureza do benefício é sempre precária. Paradoxalmente, se o
dito estado definitivamente incapacitante vem a ser alterado(seja
pela imprecisão dos exames que atestaram a irrecuperabilidade,
seja pela evolução das ciências médicas que permitam debelar a
moléstia diagnosticada na época como incurável), não subsiste
razão para a manutenção da prestação previdenciária. Daí a
locução presente na parte final do art. 42: e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nessa condição.

Portanto, a aposentadoria por invalidez não é definitiva,


devendo o segurado comunicar imediatamente quando ocorrer a sua
recuperação, sob pena de cometer prática de ilícitos penais e administrativos,
pelo recebimento irregular de benefícios.

89
ROCHA, Daniel Machado da. BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de
Benefícios da Previdência Social. 2008, p.202-203.
58

2.4.4 Pensão por morte

A pensão por morte é o benefício devido aos dependentes


do segurado, acima elencados, que falecer, independentemente de período de
carência, qualquer que seja o motivo da morte.

Para Martinez90

Pensão por morte é benefício de pagamento continuado,


substituidor da remuneração do segurado falecido (provedor),
devido aos seus dependentes. Designada na Lei como pensão
por morte, compreende também a morte presumida, nos casos de
ausência ou desaparecimento (art.78).

O benefício será devido a partir do óbito do segurado


quando requerido em até 30 dias, decorrido esse prazo terá início a partir da data
do requerimento. No caso de morte presumida terá início na data da decisão
judicial.

Será pago a título de pensão por morte o valor equivalente a


100% da aposentadoria percebida pelo segurado ou daquela que teria direito se
estivesse aposentado por invalidez na data do óbito.

A pensão por morte será rateada quando houver mais de um


pensionista e não será protelada pela falta de habilitação de demais dependentes,
ou seja, quaisquer inscrições ou exclusões de dependentes somente produzirão
efeito a contar da data de inscrição ou habilitação.

Ensinam Rocha e Baltazar Junior91:

Levando-se em conta a circunstância de os dependentes estarem


mais fragilizados pela perda do ente querido, evento que além de
afetá-los emocionalmente pode comprometer seriamente a sua
manutenção econômica, buscou o legislador deferir de forma mais

90
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à Lei básica da previdência social. 2003, p. 480.
91
ROCHA, Daniel Machado da. BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à Lei de
Benefícios da Previdência Social. 2008, p.294.
59

célere a prestação previdenciária. Nesse diapasão, a regra


insculpida no art. 76 impede o retardamento da concessão pela
falta de habilitação de outro possível dependente. Qualquer
inscrição ou habilitação posterior, que importe alteração dos
dependentes, só produzirá efeitos a contar da data em que for
efetuada.

Extingui-se o benefício com a morte do pensionista, para o


filho ou irmão pela emancipação ou ao completar 21 anos, exceto quando for
inválido, e, para o pensionista inválido quando cessar a invalidez.
CAPÍTULO 3

A CONTRIBUIÇÃO DA SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO


NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

3.1 ONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DA SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO

Com o advento da revolução industrial começou a existir


uma maior preocupação com a saúde do trabalhador, fazendo-se necessário a
elaboração de normas que tornassem o ambiente de trabalho mais seguro ao
trabalhador. Passaram-se, assim, a estabelecer regras determinadas para
condições mínimas de trabalho, tais condições deviam ser cumpridas pelo
empregador, pois este estava sujeito à fiscalização.

No Brasil, a Constituição de 1934 tratava do direito do


trabalhador à assistência médica e sanitária; na Constituição de 1937 tratava do
direito à assistência médica e higiênica; na Constituição de 1946 tratava do direito
à higiene e segurança do trabalho; a Constituição de 1967 também tratava do
direito à higiene e segurança do trabalho.

Até 1977 a matéria era denominada higiene e segurança do


trabalho, preocupando-se apenas quanto à conservação da saúde do trabalhador,
então, a Lei nº 6.514 deu nova redação aos artigos 154 a 201 da CLT, passando
a tratar o tema como Segurança e Medicina do Trabalho, com a mudança para
medicina teve-se a abrangência das doenças e sua prevenção no trabalho.

A segurança e medicina do trabalho são o ramo do Direito


do Trabalho responsável em oferecer condições de proteção à saúde e a
integridade física do trabalhador no local laboral, bem como propiciar um local de
trabalho seguro.
61

3.2 ANÁLISE DAS NORMAS DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

A matéria segurança e medicina do trabalho pode ser


tratada através de Leis, Normas Regulamentadoras, Convenções Coletivas de
Trabalho e Convenções da Organização Internacional do Trabalho, quando
ratificadas pelo Brasil.

Considerando o grande número de normas relativas à


segurança e medicina do trabalho, serão abordadas aquelas que têm mais
impacto em um maior universo de empregados, haja vista algumas tratarem de
setores econômicos específicos. Portanto serão analisados alguns artigos da
CLT, bem como algumas Normas Regulamentadoras.

3.2.1 Deveres do empregador e empregado

Os artigos 157 e 158 da CLT disciplinados pela NR nº1,


versam sobre os deveres dos empregadores e empregados relativamente às
normas de segurança e medicina do trabalho. Citem-se esses artigos:

Art. 157 - Cabe às empresas:

I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do


trabalho;

II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto


às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho
ou doenças ocupacionais;

III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão


regional competente;

IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade


competente.
62

Art. 158 - Cabe aos empregados:

I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho,


inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior;

Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste


Capítulo.

Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa


injustificada:

a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na


forma do item II do artigo anterior;

b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos


pela empresa.

O empregador deve adotar as medidas relativas à


prevenção de acidentes, considerando que de acordo com a gravidade e
continuidade dos fatos pode acarretar na rescisão indireta do contrato de trabalho,
responsabilidade civil, criminal e administrativa, conforme cada caso concreto.

Somente poderá o empregador repreender o empregado


pelo descumprimento de alguma norma instituída quando o empregado tiver
ciência da conduta que deve ou não ser realizada. Neste sentido:

As instruções expedidas aos empregados devem ser feitas por


escrito, como se denota do inciso II, ao usar a expressão ordens
de serviço. Isso quer dizer também que o empregado só poderá
ser punido se tiver conhecimento da instrução determinada pelo
empregador. O ideal é que a empresa comunique ao empregado
se as instruções pertinentes à segurança e medicina do trabalho
quando da sua admissão. 92

92
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.190.
63

É dever de todo empregado respeitar as normas de


segurança e medicina do trabalho, a partir do momento em que o empregado tem
ciência das condutas que deve ou não praticar no local de trabalho, este pode ser
punido conforme a gravidade de sua conduta. Para Martins93:

A não-observância por parte do empregado das instruções


expedidas pelo empregador, o uso dos EPI’s e as demais normas
de segurança e medicina do trabalho implicam justa causa para a
sua dispensa. Este item poderia ser enquadrado como indisciplina
(art.482, h, da CLT), pois seriam ordens gerais de serviço que o
obreiro não estaria cumprindo, como de usar os EPI’s. De acordo
com a gravidade do ato e a sua reiteração, a justa causa estará
evidenciada.

Se houver recusa justificada para o empregado não cumprir as


determinações do empregador, inexistirá falta grave. Seria o caso,
v.g. de o equipamento estar danificado, com prazo de validade
vencido ou não ser apropriado para a atividade do empregado.

Dessa forma, disciplina a NR nº01:

1.7 Cabe ao empregador:

a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares


sobre segurança e medicina do trabalho;

b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e medicina do


trabalho, dando ciência aos empregados, com os seguintes
objetivos:

I. prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho;

93
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT.2003, 191.
64

II. divulgar as obrigações e proibições que os empregados devam


conhecer e cumprir;

III. dar conhecimento aos empregados de que serão passíveis de


punição, pelo descumprimento das ordens de serviço expedidas;

IV. determinar os procedimentos que deverão ser adotados em


caso de acidente do trabalho e doenças profissionais ou do
trabalho;

V. adotar medidas determinadas pelo MTb;

VI. adotar medidas para eliminar ou neutralizar a insalubridade e


as condições inseguras de trabalho.

c) informar aos trabalhadores:

I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de


trabalho;

II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas


adotadas pela empresa;

III. os resultados dos exames médicos e de exames


complementares de diagnóstico aos quais os próprios
trabalhadores forem submetidos;

IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais


de trabalho.

d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a


fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre
segurança e medicina do trabalho.
65

1.8 Cabe ao empregado:

a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre


segurança e medicina do trabalho, inclusive as ordens de serviço
expedidas pelo empregador;

b) usar o EPI fornecido pelo empregador;

c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas


Regulamentadoras - NR;

d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas


Regulamentadoras - NR;

1.8.1 Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao


cumprimento do disposto no item anterior.

1.9 O não-cumprimento das disposições legais e regulamentares


sobre segurança e medicina do trabalho acarretará ao
empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação
pertinente.

O item 1.7 da NR nº 01, resume as responsabilidades


básicas do empregador quanto à aplicação da legislação. A alegação de
desconhecimento da legislação não isenta o empregador do seu cumprimento.

Ensina Araújo94:

A alínea “a” reforça a necessidade do empregador em se manter


atualizado sobre os documentos legais aplicáveis. (...)

94
ARAUJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas. 6 ed, Rio de
Janeiro: Gerenciamento Verde, 2007, p.49-50.
66

A alínea “b” determina a obrigatoriedade de elaborar “Ordens de


Serviço”. Esta é uma terminologia genérica para identificar os
documentos internos elaborados pelo empregador, denominados
atualmente de procedimentos, padrões, instruções internas ou
qualquer outro nome que se queira dar para explicar os requisitos
de segurança e medicina do trabalho. (...)

A alínea “c” trata da obrigatoriedade dos treinamentos. Vale


lembrar que não são raros os casos em que a empresa não
possui documentação que comprove a realização do mesmo,
como, por exemplo: EPI, Prevenção e Combate a Incêndios,
Operador de Máquinas e Equipamentos, Segurança para
Eletricistas, Transporte e Movimentação de Cargas, Cipa,
Primeiros Socorros, entre outros.

O empregador deve respeitar o disposto na norma de forma


a garantir um ambiente de trabalho mais seguro a fim de evitar acidentes,
instruindo sempre o empregado quanto ao trabalhado a ser exercido, os
equipamentos a serem utilizados e os meios de prevenir acidentes.

O item 1.8 da NR nº01 demonstra a autoridade do


empregador de modo que o empregado deva seguir todas as normas por ele
impostas. É garantido ao empregador formas de disciplinar o empregado que não
respeita as normas instituídas, sendo esta em quatro etapas: advertência oral,
escrita, suspensão sem pagamento e dispensa por justa causa, dependendo do
grau de repetição das infrações. Novamente Araújo95:

Muitas vezes, a advertência pode ser feita verbalmente. Caso o


empregado seja reincidente, poderá ser advertido por escrito e em
seguida suspenso. A suspensão do empregado não poderá
exceder 30 dias sob pena de caracterizar a “dispensa indireta”.

O trabalhador deve ter ciência do risco da atividade a ser


exercida, sendo seu direito se negar a realizar determinada atividade que
considere de risco grave e iminente à sua saúde.
67

3.2.2 Serviços especializados em segurança e medicina do trabalho (SESMT)

O artigo 162 da CLT trata sobre os Serviços Especializados


em Segurança e Medicina do Trabalho nas empresas - SESMT, disciplinado pela
NR nº04. Destaque-se o artigos 162:

Art. 162 - As empresas, de acordo com normas a serem


expedidas pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a
manter serviços especializados em segurança e em medicina do
trabalho.

Parágrafo único - As normas a que se refere este artigo


estabelecerão:

a) classificação das empresas segundo o número de empregados


e a natureza do risco de suas atividades;

b) o numero mínimo de profissionais especializados exigido de


cada empresa, segundo o grupo em que se classifique, na forma
da alínea anterior;

c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu


regime de trabalho;

d)as demais características e atribuições dos serviços


especializados em segurança e em medicina do trabalho, nas
empresas.

Tanto as empresas privadas quanto as públicas, que tenham


empregados regidos pela CLT, deverão ter serviços especializados em segurança
e medicina do trabalho.

95
ARAUJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas, 2007, p.51
68

Ensina Martins96:

O número mínimo de empregado é de 50 em diante, havendo


quatro graus de risco. Os profissionais são: o técnico de
segurança do trabalho, o engenheiro de segurança do trabalho, o
auxiliar de enfermagem do trabalho, o enfermeiro do trabalho e o
médico do trabalho.

A NR nº04 estabelece a obrigatoriedade das empresas


públicas e privadas, que possuam empregados regidos pela CLT, de organizarem
e manterem em funcionamento, Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, com a finalidade de promover a
saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. Citem-se os
itens 4.1, 4.4 e 4.11 da NR nº04:

4.1. As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da


administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e
Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação
das Leis do Trabalho - CLT, manterão, obrigatoriamente, Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a
integridade do trabalhador no local de trabalho. (104.001-4 / I2)

[...]

4.4. Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e


em Medicina do Trabalho deverão ser integrados por médico do
trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, técnico de
segurança do

trabalho, enfermeiro do trabalho e auxiliar de enfermagem do


trabalho, obedecido o Quadro II, anexo. [...]

96
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.195
69

4.11. Ficará por conta exclusiva do empregador todo o ônus


decorrente da instalação e manutenção dos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho. (104.022-7 / I2)

O item 4.1 deixa clara a obrigação das empresas e órgãos


públicos, quando tiverem empregados regidos pela CLT, de formar o serviço
especializado em segurança e medicina do trabalho.

Acerca do item 4.4 ensina Araújo97:

Os médicos do trabalho devem se registrar no Conselho Regional


de Medicina (CRM) e os Enfermeiros do Trabalho e os Técnicos e
Auxiliares em Enfermagem do trabalho no Conselho Regional de
Enfermagem (COREM).

Os engenheiros de segurança do trabalho, portadores de


certificados e registros pelo TEM, que fizeram o curso em nível de
especialização em caráter prioritário, anterior a data da referida
Lei, ficam, da data de promulgação da Lei 7.410/85 e do Decreto
92.530/86, obrigados a se registrar no CREA regional, para
exercer esta atividade.

(...)

Os técnicos de segurança do trabalho, portadores de certificados


e registros emitidos pelo TEM, que fizeram o curso em caráter
prioritário, anterior a data da referida Lei, continuam com seus
registros valendo, sendo opcional, até o momento, o
cadastramento no CREA regional.

Cabe ressaltar que não existe subordinação entre SESMT e


a CIPA, porém faz-se necessária uma colaboração entre os grupos para

97
ARAUJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas, 2007, p. 104-105
70

elaboração de programas prevencionistas conjuntos, como a SIPAT,


investigações de acidentes, campanhas preventivas, entre outros.

3.2.3 Comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA)

Os artigos 163 a 165 tratam sobre a Comissão Interna de


Prevenção de Acidentes- CIPA, disciplinadas pela NR nº05. Destaquem-se os
artigos 163 e 164 da CLT:

Art. 163 - Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de


Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções
expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou
locais de obra nelas especificadas.

Parágrafo único - O Ministério do Trabalho regulamentará as


atribuições, a composição e o funcionamento das CIPA (s).

Art. 164 - Cada CIPA será composta de representantes da


empresa e dos empregados, de acordo com os critérios que
vierem a ser adotados na regulamentação de que trata o
parágrafo único do artigo anterior.

§ 1º - Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes,


serão por eles designados.

§ 2º - Os representantes dos empregados, titulares e suplentes,


serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem,
independentemente de filiação sindical, exclusivamente os
empregados interessados.

§ 3º - O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de


1 (um) ano, permitida uma reeleição.
71

§ 4º - O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao membro


suplente que, durante o seu mandato, tenha participado de menos
da metade do número de reuniões da CIPA.

§ 5º - O empregador designará, anualmente, dentre os seus


representantes, o Presidente da CIPA e os empregados elegerão,
dentre eles, o Vice-Presidente.

Antes de 1977 a constituição de CIPA não era obrigatória


nas empresas. Atualmente existe a obrigatoriedade da constituição de CIPA tanto
para empresas privadas quanto as públicas que possuam empregados regidos
pela CLT, frisando-se a necessidade de pelo menos vinte empregados.

Ensina Carrion98:

As comissões Internas de Prevenção de Acidentes já eram


obrigatórias, não só para as indústrias, como para as demais
atividades; os pavorosos incêndios havidos, vitimando inúmeros
empregados em edifícios de projeção vertical, além de outras
razões, não serão alheios ao fundamento da norma; também já
eram obrigatórias as CIPAs para empresa com mais de 50
empregados.

O número de integrantes da CIPA é proporcional ao número


de funcionários da empresa, havendo paridade entre representantes de
empregados e empregadores. Somente será permitida uma reeleição para CIPA,
porém, o membro suplente da CIPA poderá ter outra reeleição quando não
comparecer a menos da metade de reuniões da CIPA. Ensina Martins99:

Para ser representante dos empregados, não é condição ser


sindicalizado. O empregado pode ou não ser sindicalizado. Nem
poderia ser diferente, pois o inciso V, do artigo 8º da Constituição
dispõe que ninguém está obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado
a sindicato.

98
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, 2008, p..175
99
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.196
72

A cada ano haverá designação do presidente da Cipa por parte do


empregador. Como o representante do empregador não é eleito,
muito menos reeleito, mas indicado, poderá ser indicado mais de
uma vez pelo empregador, inclusive sucessivamente.

A NR nº 05 Estabelece a obrigatoriedade das empresas


públicas e privadas organizarem e manterem em funcionamento, por
estabelecimento, uma comissão constituída exclusivamente por empregados com
o objetivo de prevenir infortúnios laborais, através da apresentação de sugestões
e recomendações ao empregador para que melhore as condições de trabalho,
eliminando as possíveis causas de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais.
Citem-se os itens 5.1, 5.6, 5.6.1 e 5.6.2 da NR nº05.

5.1 A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA - tem


como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes
do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o
trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do
trabalhador. [...]

5.6 A CIPA será composta de representantes do empregador e


dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no
Quadro I desta NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em
atos normativos para setores econômicos específicos.

5.6.1 Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes,


serão por eles designados.

5.6.2 Os representantes dos empregados, titulares e suplentes,


serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem,
independentemente de filiação sindical, exclusivamente os
empregados interessados.

Tem-se no item 5.1 o objeto da CIPA, sendo a observação e


relato de condições de riscos a que são submetidas o empregado para que
possam ser tomadas medidas que visem sua redução ou neutralização.
73

A CIPA será composta de representantes do empregador e


dos empregados, essa composição é importante, pois será uma instância de
análise negociação das questões referente à segurança e medicina do trabalho
na empresa.

Ensina Araújo com relação ao item 5.6100:

Este item apresenta a grande novidade nesta nova redação.


A CIPA não segue mais o critério do Grau de Risco. Para efeitos de
dimensionamento, passa a valer a classificação por “agrupamento de setores
econômicos pela CNAE”. (...)

A utilização do conceito de Grau de Risco ainda é utilizada


na NR4, por exemplo, durante o processo de dimensionamento do SESMT.

Os itens 5.6.1 e 5.6.2 versam sobre as indicações dos


representantes da CIPA, o representante do empregador é indicado por este
sendo reconduzido quantas vezes o empregador desejar. O representante dos
empregados será eleito através de voto secreto e individual.

3.2.4 Equipamentos de proteção individual

Os artigos 166 e 167 da CLT tratam sobre os equipamentos


de proteção individual e a NR nº6 disciplina essa matéria. Cite-se o artigo 166:

Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados,


gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao
risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento,
sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa
proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos
empregados.

100
ARAUJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas, 2007, p.152-153
74

As empresas têm a obrigação de fornecer de maneira


gratuita os equipamentos de proteção individual aos empregados, estes devem
ter certificado de aprovação do MTv, devendo estar em perfeito estado de
conservação e funcionamento.

O EPI deve ser adequado a atividade exercida pelo


empregado, sendo dever do empregador instruir o empregado acerca do uso do
equipamento. Para Martins101:

A NR6 da Portaria nº3.214/78 trata dos equipamentos de proteção


individual (EPI’s). Estes são todos os dispositivos de uso
individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinados a
proteger a saúde e a integridade física do trabalhador.

É vedado ao empregador cobrar do empregado o EPI. Deve,


portanto ser fornecido gratuitamente ao empregado. O EPI
fornecido ao empregado para a prestação dos serviços não é
considerado salário (§2º do art. 458 da CLT).

A NR nº06 estabelece e define os tipos de EPI's a que as


empresas estão obrigadas a fornecer a seus empregados, sempre que as
condições de trabalho o exigir, a fim de resguardar a saúde e a integridade física
dos trabalhadores. Citem-se os itens 6.1, 6.1.1, 6.6, 6.6.1, 6.7 e 6.7.1 da NRnº06:

6.1. Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora -


NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho.

6.1.1. Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção


Individual, todo aquele composto por vários dispositivos, que o
fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam

101
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.199
75

ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a


segurança e a saúde no trabalho.

6.6. Cabe ao empregador

6.6.1. Cabe ao empregador quanto ao EPI :

a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;

b) exigir seu uso;

c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão


nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho;

d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda


e conservação;

e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;

f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,

g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

6.7. Cabe ao empregado

6.7.1. Cabe ao empregado quanto ao EPI:

a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;

b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;


76

c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne


impróprio para uso; e,

d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso


adequado.

Os itens 6.1 e 6.1.1 trazem a definição de EPI e EPI


conjugado, cabe destacar aqui a necessidade dos EPIs possuírem Certificado de
Aprovação (CA) aprovado pelo MTE, os EPIs que não possuírem este certificado
não são considerados EPI para fins desta NR, estando a empresa sujeita às
infrações da DRT.

O EPI é de uso individual e intransferível e deve ter por


finalidade proteger ou atenuar lesões provenientes dos agentes no ambiente de
trabalho.

Os itens 6.6 e 6.7 trazem os deveres do empregador e


empregado com relação ao EPI. Ensina Araújo102:

Antes de optar pela adoção do EPI, a empresa deverá adotar


medidas de prevenção coletiva que possam eliminar, ou
neutralizar, as ações dos riscos ou agentes ambientais presentes
nos locais de trabalho. Caberá ao empregador comprovar a
inviabilidade técnica que justifique a opção pelo EPI.

(...)

Caberá ao empregado atender, em complemente às exigências


desta NR, as normas internas da companhia. Ao aceitar o
trabalho, estes documentos passam a fazer parte do contrato de
trabalho do empregado. Não caberá a ele escolher se deve ou
não seguir os procedimentos da empresa.

Caso o empregado, sem uma razão técnica justificável, insista em


não cumprir os requisitos de segurança, complementado pelas
77

normas internas da companhia, poderá ser advertido e, até


mesmo, dispensando por justa causa.

Destaca-se, ainda, que o empregado deverá assinar termo


de responsabilidade pelo EPI, cabendo a ele sua guarda e conservação, devendo
notificar o empregador quando alguma eventualidade impossibilitar o uso.

3.2.5 Exames médicos admissional, demissional, periódico, retorno ao


trabalho e mudança de função

Os artigos 168 e 169 da CLT tratam sobre os exames


médicos admissional, demissional e periódico, a NR nº07 disciplina a matéria
acrescentando os exames de retorno ao trabalho e mudança de função. Citem-se
os artigos 167 e 168 da CLT:

Art. 168 - Será obrigatório exame médico, por conta do


empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas
instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do
Trabalho:

I - a admissão;

II - na demissão;

III - periodicamente.

§ 1º - O Ministério do Trabalho baixará instruções relativas aos


casos em que serão exigíveis exames:

a) por ocasião da demissão;

102
ARAUJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas, 2007, p. 209 -210.
78

b) complementares.

§ 2º - Outros exames complementares poderão ser exigidos, a


critério médico, para apuração da capacidade ou aptidão física e
mental do empregado para a função que deva exercer.

§ 3º - O Ministério do Trabalho estabelecerá, de acordo com o


risco da atividade e o tempo de exposição, a periodicidade dos
exames médicos.

§ 4º - O empregador manterá, no estabelecimento, o material


necessário à prestação de primeiros socorros médicos, de acordo
com o risco da atividade.

§ 5º - O resultado dos exames médicos, inclusive o exame


complementar, será comunicado ao trabalhador, observados os
preceitos da ética médica

Art. 169 - Será obrigatória a notificação das doenças profissionais


e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho,
comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as
instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho.

Tem-se o exame médico como medida preventiva da


medicina do trabalho que é obrigatório e sempre a cargo do empregador, devendo
oferecê-lo de forma gratuita ao empregado. Ensina Martins103:

O empregador está sujeito, quando solicitado, a apresentar ao


agente de inspeção do trabalho os comprovantes de custeio de
todas as despesas com exames médicos. Assim, deve ser feito:
(a) na admissão; (b) na demissão e periodicamente. O Ministério
do Trabalho é que determinará quando serão exigíveis os exames
médicos por ocasião da dispensa e os complementares.

103
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.168
79

Além da obrigatoriedade do exame médico, todo


estabelecimento deverá ser equipado com materiais necessários a primeiros
socorros. Novamente Martins104:

O material de primeiros socorros é obrigatório não apenas nas


indústrias, mas também no comércio, nas empresas de serviço
etc. Deverá ser mantido em cada estabelecimento do empregador,
se este tiver mais de um.

A partir da constatação de doença ocupacional deverá o


empregador encaminhar o empregado ao INSS.

A NR nº07 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e


implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do
conjunto dos seus trabalhadores. Citem-se os itens 7.1.1, 7.4.3.1, 7.4.3.2, 7.4.3.3,
7.4.3.4 e 7.44:

7.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a


obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de
todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores
como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e
preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.

7.4.3.1 no exame médico admissional, deverá ser realizada antes


que o trabalhador assuma suas atividades;

7.4.3.2 no exame médico periódico, de acordo com os intervalos


mínimos de tempo abaixo discriminados:

104
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.169
80

a) para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de


trabalho que impliquem o desencadeamento ou agravamento de
doença ocupacional, ou, ainda, para aqueles que sejam
portadores de doenças crônicas, os exames deverão ser
repetidos:

a.1) a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico


encarregado, ou se notificado pelo médico agente da inspeção do
trabalho, ou, ainda, como resultado de negociação coletiva de
trabalho;

a.2) de acordo com à periodicidade especificada no Anexo n.º 6


da NR 15, para os trabalhadores expostos a condições
hiperbáricas;

b) para os demais trabalhadores:

b.1) anual, quando menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 45


(quarenta e cinco) anos de idade;

b.2) a cada dois anos, para os trabalhadores entre 18 (dezoito)


anos e 45 (quarenta e cinco) anos de idade.

7.4.3.3 No exame médico de retorno ao trabalho, deverá ser


realizada obrigatoriamente no primeiro dia da volta ao trabalho de
trabalhador ausente por período igual ou superior a 30 (trinta) dias
por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou
não, ou parto.

7.4.3.4 No exame médico de mudança de função, será


obrigatoriamente realizada antes da data da mudança.

7.4.4 Para cada exame médico realizado, previsto no item 7.4.1, o


médico emitirá o Atestado de Saúde Ocupacional - ASO, em 2
(duas) vias.
81

Os itens 7.4.3.1, 7.4.3.2, 7.4.3.3 e 7.4.3.4 disciplinam


quando o exame médico deve ser realizado, conforme o tipo de exame a ser
realizado. O exame admissional será sempre realizado antes de o empregado
iniciar suas atividades na empresa, o exame médico de retorno ao trabalho será
feito no primeiro dia em que o empregado voltar à empresa.

O exame de mudança de função somente será necessário


quando ocorrer alteração de risco na função do empregado. A simples mudança
de função não obriga o exame médico.

Os exames médicos periódicos serão realizados na forma


das alíneas do item 7.4.3.2.

Ensina Araújo105 sobre o item 7.4.4:

A instrução técnica da SSST sobre preenchimento da ASO orienta


para que seja registrado no mesmo o risco ambiental específico e
não o genérico. Assim devemos registrar o agente específico,
ruído, e não o genérico “risco físico”. Esta mesma instrução
determina que não serão colocados no ASO “riscos ergonômicos”
ou “de acidente”, independentemente da sua importância para o
exercício da atividade do trabalhador.

Portanto, o atestado de saúde ocupacional deve ser


preenchido de forma mais completa, de modo a não deixar dúvidas quanto ao
risco existente.

3.2.6 Programa de prevenção de riscos ambientais

A NR nº09 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e


implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade física dos

105
ARAUJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas, 2007, p.239
82

trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente


controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos
recursos naturais. Citem-se os itens 9.1.1 e 9.1.5 da NR nº09:

9.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a


obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de
todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores
como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da
integridade dos trabalhadores, através da antecipação,
reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência
de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio
ambiente e dos recursos naturais.

9.1.5 Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os


agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes
de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos
à saúde do trabalhador.

O item 9.11 versa sobre o objeto e o campo de aplicação do


PPRA. O PPRA é um programa de higiene ocupacional que deve ser elaborado
para servir de base ao PCMSO, pode ser usado para implementação de ações
que visem à eliminação ou neutralização da insalubridade.

Ensina Araújo106 sobre o item 9.1.5:

Os agentes ambientais químicos, físicos e biológicos estão


relacionados nos anexos da NR 15. Abaixo, confira alguns
exemplos de trabalhos que expõem os trabalhadores a estes
agentes:

106
ARAUJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas, 2007, p.265
83

a) Agentes químicos: pintura à pistola com esmaltes, tintas,


vernizes e solventes contendo hidrocarboneto aromáticos;
fundições; (...)

b) Agentes físicos: atividades em pátio de aeroportos, atividades


metalúrgicas, (...)

c) Agentes biológicos: atividades em hospitais e laboratórios,


curtumes (...).

3.2.7 Insalubridade

Os artigos 189 a 197 da CLT tratam sobre a insalubridade e


a NR nº 15 disciplina essa matéria. Citem-se os artigos 189 e 191 da CLT:

Art . 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres


aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho,
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos
limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

Art . 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade


ocorrerá:

I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de


trabalho dentro dos limites de tolerância;

II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao


trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a
limites de tolerância.

Parágrafo único - Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho,


comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando
prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste
artigo.
84

O artigo 189 traz o conceito de atividades insalubres,


enquanto o artigo 191 traz meios de eliminar ou diminuir o grau de insalubridade.
Ensina Martins107:

Estará evidenciada a insalubridade quando o empregado estiver


exposto a agentes nocivos à sua saúde. As atividades insalubres
estão caracterizadas na NR 15, da Portaria nº3.214/78,
descrevendo agentes químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à
saúde do trabalhador.

Existe uma preocupação com o trabalhador de forma a


determinar que as empresas tomem medidas para adequar a atividade de
maneira que esta ofereça o menor risco possível ao trabalhador. Para Martins108:

A neutralização ocorre quando o EPI traz a insalubridade a níveis


toleráveis, de acordo com a NR 15 da Portaria nº3.214/78. A
eliminação ocorre quando o EPI anula integralmente a
insalubridade existente em certo local.

Os trabalhadores que laboram em atividades insalubres têm


direito a perceber adicional de insalubridade, este a ser fixado de acordo com o
grau da atividade exercida, independentemente de medida que diminua o risco,
considerando ser dever do empregador propiciar melhores condições ao
trabalhador. Cabe destacar a Súmula 289 do TST:

O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador


não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-
lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação,
entre as quais relativas ao uso efetivo do equipamento pelo
empregado.

A NR nº 15 descreve as atividades, operações e agentes


insalubres, inclusive seus limites de tolerância, definindo, assim, as situações que,

107
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p.207
85

quando vivenciadas nos ambientes de trabalho pelos trabalhadores, ensejam a


caracterização do exercício insalubre, e também os meios de proteger os
trabalhadores de tais exposições nocivas à sua saúde. Citem-se os itens 15.1,
15.1.115.1.3, 15.1.4 e 15.1.5 da NR nº15:

15.1 São consideradas atividades ou operações insalubres as que


se desenvolvem:

15.1.1 Acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos n.º 1,


2, 3, 5, 11 e 12;

15.1.3 Nas atividades mencionadas nos Anexos n.º 6, 13 e 14;

15.1.4 Comprovadas através de laudo de inspeção do local de


trabalho, constantes dos Anexos n.º 7, 8, 9 e 10.

15.1.5 Entende-se por "Limite de Tolerância", para os fins desta


Norma, a concentração ou intensidade máxima ou mínima,
relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente,
que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida
laboral.

Os itens 15.1, 15.1.1, 15.1.3 e 15.1.4, trazem quando


determinadas atividades serão consideradas insalubres.

O item 15.1.5 fixa o limite de tolerância, que são aqueles


considerados para fins de exposição do trabalhador. Além dos limites de
tolerância existem os limites de exposição ocupacional, no limite de exposição é
observada a quantidade de tempo em que o empregado pode ficar a determinado
risco.

108
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p. 209
86

3.2.8 Periculosidade

Os artigos 189 a 197 da CLT tratam sobre a periculosidade e


a NR nº 16 disciplina essa matéria. Cite-se o artigo 193 da CLT:

Art . 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas,


na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do
Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho,
impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos
em condições de risco acentuado.

§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao


empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário
sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa.

§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade


que porventura lhe seja devido.

O artigo citado traz o conceito de atividades e operações


perigosas. A periculosidade diferencia da insalubridade, pois nesta há um fator
biológica ao qual o trabalhador está exposto, naquele há um risco relativo à
atividade exercida. Ensina Martins109:

O adicional de periculosidade é devido para quem tenha contato


permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco
acentuado. A regulamentação que trata das condições perigosas
no local de trabalho é a NR 16 da Portaria nº3.214/78.

(...)

Entende-se por contato permanente aquele que é diário, ainda


que por poucos minutos, pois o empregado pode perder a vida

109
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 2003, p. 214
87

numa fração de segundos ao trabalhar com inflamáveis,


explosivos ou energia elétrica. Mesmo que o trabalho seja
intermitente, o adicional é devido integralmente, desde que a
exposição seja diária.

Ao trabalhador sujeito a atividades perigosas é concedido


um adicional de periculosidade, este é fixado na base de 30% do salário
contratual do empregado.

A periculosidade será atestada mediante perícia, pelo


engenheiro ou médico do trabalho. Importante salientar que o empregado que
fizer jus aos adicionais de insalubridade e periculosidade deverá optar por um
deles somente.

A NR nº16 regulamenta as atividades e as operações


legalmente consideradas perigosas, estipulando as recomendações
prevencionistas correspondentes. Especificamente no que diz respeito ao Anexo
n° 01: Atividades e Operações Perigosas com Explosi vos, e ao anexo n° 02:
Atividades e Operações Perigosas com Inflamáveis. Citem-se os itens 16.1, 16.5
e 16.7 da NR nº16:

16.1. São consideradas atividades e operações perigosas as


constantes dos Anexos números 1 e 2 desta Norma
Regulamentadora-NR.

16.5. Para os fins desta Norma Regulamentadora - NR são


consideradas atividades ou operações perigosas as executadas
com explosivos sujeitos a:

a) degradação química ou autocatalítica;

b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, faíscas,


fogo, fenômenos sísmicos, choque e atritos.
88

16.7. Para efeito desta Norma Regulamentadora - NR considera-


se líquido combustível todo aquele que possua ponto de fulgor
igual ou superior a 70ºC (setenta graus centígrados) e inferior a
93,3ºC (noventa e três graus e três décimos de graus
centígrados).

O item 16.1 define as atividades consideradas perigosas, já


o item 16.5 define quais os tipos de materiais considerados perigosos para fins do
item 16.1.

É importante ressaltar que a caracterização da


periculosidade de determinada atividade deve seguir o disposto na NR 16, bem
como demais disposições legais.

Ensina Araújo110:

As atividades perigosas estão diretamente ligadas à identificação


da área de risco. A NR 16 apresenta no Anexo 1 (explosivos),
Anexo 2 (inflamáveis) e Anexo Complementar (radiações
ionizantes) estas atividades e operações exercidas em áreas de
risco que se caracterizam como perigosas. Não podemos
esquecer da periculosidade por eletricidade que não possui uma
abordagem específica nesta NR.

Foi acrescentado a presente NR, pela Portaria nº3.393 de


17-12-1977, o anexo que também considera como atividade e operação perigosa
aquelas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas.

A Lei nº7. 369 de 20-09-1985 considerou os empregados no


setor de energia elétrica, em condições de periculosidade.

3.2.9 Normas complementares

110
ARAUJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas, 2007, p.616.
89

A CLT, em seu artigo 200 prevê a criação de disposições


complementares, específicas para atividades específicas:

Art . 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer


disposições complementares às normas de que trata este
Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou
setor de trabalho, especialmente sobre:

I - medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de


proteção individual em obras de construção, demolição ou
reparos;

II - depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis,


inflamáveis e explosivos, bem como trânsito e permanência nas
áreas respectivas;

III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras,


sobretudo quanto à prevenção de explosões, incêndios,
desmoronamentos e soterramentos, eliminação de poeiras, gases,
etc. e facilidades de rápida saída dos empregados;

IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas


adequadas, com exigências ao especial revestimento de portas e
paredes, construção de paredes contra-fogo, diques e outros
anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação,
corredores de acesso e saídas amplas e protegidas, com
suficiente sinalização; (nr23)

V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos,


sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este,
de água potável, alojamento profilaxia de endemias; (nr 20)

VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas


nocivas, radiações ionizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e
trepidações ou pressões anormais ao ambiente de trabalho, com
especificação das medidas cabíveis para eliminação ou atenuação
desses efeitos limites máximos quanto ao tempo de exposição, à
90

intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do


trabalhador, exames médicos obrigatórios, limites de idade
controle permanente dos locais de trabalho e das demais
exigências que se façam necessárias; (nr 15 e 16)

VII - higiene nos locais de trabalho, com discriminação das


exigências, instalações sanitárias, com separação de sexos,
chuveiros, lavatórios, vestiários e armários individuais, refeitórios
ou condições de conforto por ocasião das refeições, fornecimento
de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e
modo de sua execução, tratamento de resíduos industriais; (nr 24)

VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas


sinalizações de perigo. (nr26)

Parágrafo único - Tratando-se de radiações ionizantes e


explosivos, as normas a que se referem este artigo serão
expedidas de acordo com as resoluções a respeito adotadas pelo
órgão técnico.

Do artigo verifica-se que para cada um de seus incisos


existe uma Norma Regulamentadora aplicável: para o inciso I existe a NR nº18;
inciso II, NR nº20; inciso III, NR nº19 e 22; inciso IV, NR nº23; inciso V, NR nº20;
inciso VI, NR nº15 e 16; inciso VII, NR nº24; inciso VIII, NR nº26.

3.2.10 Infrações

O artigo 201 da CLT dispõe sobre as infrações quando do


não cumprimento do disposto no capítulo relativo à segurança e medicina do
trabalho:

Art . 201 - As infrações ao disposto neste Capítulo relativas à


medicina do trabalho serão punidas com multa de 3 (três) a 30
(trinta) vezes o valor de referência previsto no artigo 2º, parágrafo
único, da Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975, e as concernentes
à segurança do trabalho com multa de 5 (cinco) a 50 (cinqüenta)
vezes o mesmo valor.
91

Parágrafo único - Em caso de reincidência, embaraço ou


resistência à fiscalização, emprego de artifício ou simulação com o
objetivo de fraudar a lei, a multa será aplicada em seu valor
máximo.

A NR nº 28 estabelece os procedimentos a serem adotados


pela fiscalização trabalhista de Segurança e Medicina do Trabalho, tanto no que
diz respeito à concessão de prazos às empresas para a correção das
irregularidades técnicas, como também, no que concerne ao procedimento de
autuação por infração às Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do
Trabalho. Citem-se os itens 28.1.1 e 28.1.3 da NR nº28:

28.1.1 A fiscalização do cumprimento das disposições legais e/ou


regulamentares sobre segurança e saúde do trabalhador será
efetuada obedecendo ao disposto nos Decretos nº 55.841, de
15/03/65, e nº 97.995, de 26/07/89, no Título VII da CLT e no § 3º
do art. 6º da Lei nº 7.855, de 24/10/89, e nesta Norma
Regulamentadora - NR.

28.1.3 O agente da inspeção do trabalho deverá lavrar o


respectivo auto de infração à vista de descumprimento dos
preceitos legais e/ou regulamentares contidos nas Normas
Regulamentadoras Urbanas e Rurais, considerando o critério da
dupla visita, elencados no Decreto nº 55.841, de 15/03/65, no
Título VII da CLT e no § 3º do art. 6º da Lei nº 7.855, de 24/10/89.

Cabe ressaltar que o disposto na NR 28 é referente às


demais Normas Regulamentadoras, enquanto o artigo 201 da CLT diz respeito ao
capítulo sobre segurança e medicina do trabalho.

3.2.11 Normas regulamentadoras aplicáveis a setores específicos da


economia

3.2.11.1 Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção


92

A NR nº18 estabelece diretrizes de ordem administrativa, de


planejamento de organização, que objetivam implementar medidas de controle e
sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no ambiente
de trabalho da indústria da construção civil.

Alguns doutrinadores entendem como embasamento legal


da NR nº18 o artigo 200, I da CLT.

3.2.11.2 Segurança e saúde no trabalho portuário

A NR nº29 tem como objetivo regular a proteção obrigatória


contra acidentes e doenças profissionais, facilitar primeiros socorros a
acidentados e alcançar as melhores condições possíveis de segurança e saúde
aos trabalhadores portuários.

3.2.11.3 Segurança e saúde no trabalho aquaviário

A NR nº30 aplica-se aos trabalhadores de toda embarcação


comercial utilizada no transporte de mercadorias ou de passageiros, na
navegação marítima de longo curso, na cabotagem, na navegação interior, no
serviço de reboque em alto-mar, bem como em plataformas marítimas e fluviais,
quando em deslocamento, e embarcações de apoio marítimo e portuário.

Cabe salientar que esta NR não se aplica a atividades de


pesca.

A observância dessa NR não desobriga as empresas do


cumprimento de outras disposições legais com relação à matéria e outras
oriundas de convenções, acordos e contratos coletivos de trabalho.
93

3.2.11.4 Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária,


sivilcultura, exploração florestal e aquicultura

A NR nº31 Estabelece os preceitos a serem observados na


organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o
planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária,
silvicultura, exploração florestal e aqüicultura com a segurança e saúde e meio
ambiente do trabalho. A sua existência jurídica é assegurada por meio do artigo
13 da Lei nº. 5.889, de 8 de junho de 1973.

3.2.11.5 Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde

A NR nº32 tem por finalidade estabelecer as diretrizes


básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde
dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem
atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

3.2.11.6 Segurança e saúde em espaços confinados

A NR nº33 tem como objetivo estabelecer os requisitos


mínimos para identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação,
monitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir
permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem direta
ou indiretamente nestes espaços.

3.3 ÍNDICES DE ACIDENTES DE TRABALHO

A previdência social todos os anos elabora o AEPS. No


AEPS/2007 a seção IV trata sobre acidentes de trabalho, trazendo índices dos
acidentes ocorridos no ano, para este estudo serão demonstrados os acidentes
ocorridos nos anos de 2006 e 2007, por situação do registro e motivo, bem como
os liquidados, por conseqüência.
94

Citem-se os índices de acidentes de trabalho referidos111:

CAPÍTULO 30 - ACIDENTES DO TRABALHO


30.1 - Quantidade mensal de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo -
2006/2007
MESES QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO
Anos

Total Com CAT Registrada Sem CAT


Registrada
Total Motivo
Típico Trajeto Doença do
Trabalho
TOTAL...... 2006 512.232 512.232 407.426 74.636 30.170 –
2007 653.090 514.135 414.785 78.564 20.786 138.955

Janeiro....... 2006 42.564 42.564 34.155 5.675 2.734 –


2007 42.255 42.255 34.086 6.104 2.065 –

Fevereiro... 2006 38.625 38.625 30.769 5.284 2.572 –


2007 38.511 38.511 30.872 5.859 1.780 –

Março........ 2006 46.697 46.697 37.081 6.633 2.983 –


2007 61.014 47.410 37.960 7.279 2.171 13.604

Abril........... 2006 38.230 38.230 30.038 5.763 2.429 –


2007 55.283 40.922 32.623 6.420 1.879 14.361

Maio........... 2006 44.601 44.601 35.070 6.665 2.866 –


2007 60.644 45.340 36.486 6.990 1.864 15.304

Junho......... 2006 42.201 42.201 33.303 6.509 2.389 –


2007 55.485 41.238 33.102 6.446 1.690 14.247

Julho.......... 2006 44.377 44.377 35.332 6.424 2.621 –


2007 58.562 43.970 35.300 6.969 1.701 14.592

Agosto....... 2006 47.306 47.306 37.588 6.932 2.786 –


2007 62.524 47.144 38.020 7.137 1.987 15.380

Setembro... 2006 41.960 41.960 33.382 6.217 2.361 –


2007 56.244 42.531 34.415 6.574 1.542 13.713

Outubro..... 2006 44.949 44.949 36.075 6.433 2.441 –

111
Dados extraídos do Ministério da Previdência Social, disponíveis em:
http://www.previdenciasocial.gov.br/aeps2007
95

2007 61.561 47.431 38.848 6.954 1.629 14.130

Novembro.. 2006 42.617 42.617 34.265 6.164 2.188 –


2007 54.100 41.322 33.814 6.187 1.321 12.778

Dezembro.. 2006 38.105 38.105 30.368 5.937 1.800 –


2007 46.907 36.061 29.259 5.645 1.157 10.846
FONTE: DATAPREV, CAT.
NOTA: Os dados são preliminares, estando sujeitos a correções.

CAPÍTULO 30 - ACIDENTES DO TRABALHO

30.13 - Quantidade mensal de acidentes do trabalho liquidados, por conseqüência -


2006/2007

MESES Anos QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO LIQUIDADOS


Conseqüência
Total Assistência Incapacidade Temporária Incapacidade Óbito
Permanente
Médica Total Menos de Mais de
15 dias 15 dias
TOTAL... 2006 559.109 87.483 459.625 309.681 149.944 9.203 2.798
2007 688.693 96.793 580.592 298.896 281.696 8.504 2.804

Janeiro... 2006 46.148 7.240 37.897 24.267 13.630 800 211


2007 46.463 7.715 38.001 25.334 12.667 531 216

Fevereiro 2006 41.907 6.640 34.243 22.199 12.044 840 184


2007 44.210 7.173 36.384 22.534 13.850 454 199

Março..... 2006 50.665 7.861 41.419 26.994 14.425 1.114 271


2007 63.698 8.769 54.094 27.502 26.592 585 250

Abril........ 2006 41.529 6.565 33.884 21.951 11.933 888 192


2007 57.446 8.027 48.615 22.810 25.805 577 227

Maio....... 2006 48.337 7.419 39.751 26.183 13.568 927 240


2007 63.122 8.545 53.715 25.781 27.934 630 232

Junho..... 2006 45.874 7.006 37.852 25.199 12.653 764 252


2007 57.841 7.558 49.468 23.561 25.907 568 247

Julho....... 2006 48.283 7.230 40.118 27.621 12.497 668 267


2007 61.270 8.155 52.209 25.750 26.459 611 295

Agosto.... 2006 51.804 8.004 42.770 30.101 12.669 774 256


96

2007 65.307 9.162 55.098 27.149 27.949 801 246

Setembro 2006 46.461 7.321 38.267 26.249 12.018 613 260


2007 58.921 7.908 49.897 24.913 24.984 881 235

Outubro.. 2006 49.597 7.731 40.933 28.715 12.218 689 244


2007 64.478 8.944 54.267 28.257 26.010 1.026 241

Novembro 2006 46.745 7.511 38.440 26.926 11.514 586 208


2007 56.783 7.841 47.706 24.461 23.245 1.025 211

Dezembro 2006 41.759 6.955 34.051 23.276 10.775 540 213


2007 49.154 6.996 41.138 20.844 20.294 815 205
FONTE: DATAPREV, SUB e CAT.
NOTA: Os dados são preliminares, estando sujeitos a correções.

Importante salientar que os índices aqui expostos têm como


base os benefícios previdenciários concedidos, considerando o grande números
de trabalhadores que exercem suas profissões de forma irregular, não
registrados, tem-se que os índices apesar de oficias não representam o total
número de acidentes de trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa descrita nesta monografia demonstrou a


contribuição da segurança e medicina do trabalho na prevenção de acidentes
desta natureza.

No desenvolvimento da pesquisa, o primeiro capítulo


apresenta a relação de trabalho e relação de emprego, explanando sobre o
aspecto histórico, conceitos, características e conseqüências, observando-se que
muitos autores mencionam que a relação de emprego pode ser considerada uma
espécie do gênero relação de trabalho, de forma que toda relação de trabalho que
preencha os requisitos de pessoalidade, onerosidade, subordinação,
pessoalidade e habitualidade podem ser consideradas relação de emprego.

Na seqüência, no segundo capítulo, além de um breve


enfoque do histórico dos acidentes de trabalho, tratou-se mais especificadamente
sobre o conceito de acidente de trabalho, juntamente com seus tipos, finalizando
o capitulo com os benefícios concedidos aos acidentados, atentando ao período
de carência necessário a alguns benefícios, bem como quais trabalhadores têm
direito a percepção destes. Verificou-se, também, os tipos de acidente de
trabalho, como o típico, as doenças ocupacionais, os equiparados pelo artigo 21
da Lei nº8.213/91, incluindo-se o acidente de trajeto ou it itinere.

Já na última parte do trabalho, o terceiro capítulo voltou-se


unicamente para a questão tema, ou seja, a contribuição da segurança e
medicina do trabalho na prevenção de acidentes, fazendo-se a análise de
algumas normas, consideradas de mais aplicação em um maior número de
trabalhadores, como a referente à CIPA, a insalubridade, periculosidade,
utilização de equipamentos de proteção individual, finalizando o capítulo com os
índices atualizados de acidentes de trabalho, extraídos do site do Ministério da
Previdência Social.
98

Por fim observa-se que as duas hipóteses levantadas foram


confirmadas no terceiro capítulo, no qual através da análise das “principais”
normas de segurança e medicina do trabalho verificou-se as medidas preventivas
acerca dos acidentes de trabalho, tornando o descumprimento dessas medidas o
acréscimo dos acidentes ocorridos.

Dessa forma, apesar da pesquisa não ter esgotado o


assunto, tendo em vista a grande quantidade de normas referentes à segurança e
medicina do trabalho, espera-se que o presente trabalho tenha alcançado o efeito
que se pretendia inicialmente, ou seja, discorrer sobre a contribuição da
segurança e medicina do trabalho na prevenção de acidentes.
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

ARAUJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas. 6 ed,


Rio de Janeiro: Gerenciamento Verde, 2007.

AZEVEDO, Jackson Chaves de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr,
2001.

BORGES, Rodrigo Trezza. Acidentes de trabalho. Jus Navigandi, Teresina, ano


8, n. 261, 25 mar. 2004. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4990>. Acesso em: 22 jul. 2008.

BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Brasília, DF: Congresso Nacional,


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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado,


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BRASIL. Código Civil. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2002.

BRASIL. Lei nº8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de


benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União.
Brasília, DF, 1991.

CAMPOS, José Luiz Dias. Acidentes do Trabalho, prevenção e reparação.


3ed, São Paulo: LTr, 1996.

CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 33


ed, São Paulo: Saraiva, 2008.

DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2ed, São Paulo: Saraiva, 2005, 1 v.

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