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Milênio - Algumas Considerações Hermenêuticas

Texto de : Gilson Santos é pastor da Igreja Batista da Graça (SP). Graduado em


História e Teologia, é escritor, articulista, preletor em diversas conferências. Gilson
também é professor do Seminário Martin Bucer.

"E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua
mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou
por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não
mais engane nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto
por um pouco de tempo.
E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas
daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que
não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem
em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros
mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira
ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição;
sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo,
e reinarão com ele mil anos.
E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, e sairá a enganar as
nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é
como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra,
e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e desceu fogo, do céu, e os devorou.
E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e
o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre". (Ap 20.1-
10)
Este é o trecho mais debatido do Apocalipse de João. É, de fato, um dos mais
disputados de toda a Bíblia. A palavra millennium vem do latim mille e annus que
significa mil anos. O termo grego usado na Bíblia é chiliasm (quiliasmo). Agostinho, e
muitos outros ao longo da história da Igreja, têm entendido que este "milênio" é de
natureza espiritual, tendo relação com o intervalo entre a primeira vinda de Cristo até o
fim do mundo, quando Ele virá outra vez. Todavia, muitos têm rejeitado esta
interpretação, entendendo estas palavras como descrevendo um milênio terreno, literal,
físico e visível. Estes, por esta razão, encontram nesta passagem uma prova para um
reinado milenar de Cristo na terra, após sua segunda vinda.
Sugerimos a todo aquele que se propuser a examinar esta passagem mais profundamente
que considere alguns princípios fundamentais para uma boa interpretação.
1. A Bíblia tem autoridade
Alguém já disse que o cristianismo é peculiarmente religião de um só livro.
Desconsidere a Bíblia, e você terá desconsiderado o meio pelo qual Deus decidiu
apresentar sua revelação ao homem através de sucessivas eras. Segue-se, pois, que o
conhecimento da Bíblia é requisito fundamental para o conhecimento de Deus. O nosso
anseio e obrigação, como cristãos, deve ser o de encaixar-se no propósito pleno de Deus
para nós.
"Ele não ficará satisfeito com nada menos do que isto; nós também não devemos nos
satisfazer com algo que esteja aquém disto. Todos nós que dizemos seguir a Cristo
devemos buscar uma compreensão mais clara do propósito de Deus para o seu povo".1
Este propósito de Deus nós devemos descobrir na Bíblia. A vontade de Deus para as
pessoas está na Palavra dele. Nela devemos tomar conhecimento da vontade divina, e
não preferencialmente da experiência particular dos indivíduos ou grupos, por mais
reais e válidas que estas experiências possam ser.
Um pilar que baseou a Reforma foi Sola Scriptura. O cristão fiel considera a Bíblia
como o seu supremo tribunal de recursos, sua única regra de fé e prática.
2. A verdade é objetiva
Vivemos em um tempo quando são usados critérios completamente subjetivos para se
determinar o que é autêntico. A Escritura tem somente um sentido. Em princípio,
nenhuma afirmação da Escritura deve ser considerada como tendo mais de um sentido.
Os cristãos evangélicos estão convictos de que Deus falou histórica e objetivamente,
que sua Palavra culminou em Cristo e no testemunho apostólico a respeito dele, e que a
Escritura é exatamente a Palavra de Deus escrita para nosso aprendizado. Portanto,
todas as nossas tradições, todas as nossas opiniões e todas as nossas experiências
precisam ser submetidas ao exame independente e objetivo da verdade bíblica.
Permaneça fiel às suas convicções, mas assegure-se de que são verdadeiras. No fim,
quem vai triunfar é a verdade. A verdade é sempre forte, não importa quão fraca pareça,
e a falsidade é sempre fraca, não importa quão forte pareça.
As interpretações de quem quer que seja têm autoridade divina somente enquanto estão
em harmonia com os ensinos da Bíblia como um todo. Cada indivíduo, conquanto deva
reconhecer o valor da interpretação partilhada comunitariamente, tem também o direito
de julgá-las por si mesmo.
Sacrifiquem-se, pois, as preocupações, as opiniões preconcebidas e ideias favoritas e
empreenda-se o estudo no espírito de dócil discípulo e tome-se por Mestre a Cristo.
Sempre deve ter-se presente que a obscuridade e aparente contradição que se possam
encontrar não residem no Mestre, nem em seu infalível livro de texto, mas no pouco
alcance do discípulo.2
3. A Bíblia é seu intérprete: a Escritura explica melhor a Escritura
Este é um princípio fundamental para a correta interpretação bíblica. A Escritura
explicada pela Escritura, ou seja, a Bíblia é sua própria intérprete. O perigo de um falso
método é mais real do que a particular questão relacionada ao milênio. É muito perigoso
isolar um texto ou uma ideia e construir um sistema em torno dessa ideia ou desse texto.
Agir assim é tomar um atalho perigoso. Por outro lado, a melhor maneira de se lidar
com textos mais difíceis é comparar a Escritura com a Escritura. Enfatizamos que este
princípio não é só conveniente e muito factível, mas absolutamente necessário e
indispensável. A história nos adverte que muitos erros e heresias resultaram de uma
interpretação particulare atomizadadas Escrituras. Erros funestos teriam sido evitados se
houvesse a sensatez de permitir à Bíblia que se explicasse a si mesma.
Por exemplo: Sob a luz deste princípio, é bom examinar a expressão "mil anos" que
aparece nos primeiros versos de Apocalipse capítulo 20. Ela aparece apenas nove vezes
na Bíblia; destas nove ocorrências, seis se encontram neste capítulo 20 de Apocalipse.
Nunca aparece na Bíblia a expressão mil semanas, nem mil meses. O numeral mil ou
seus múltiplos aparecem num sentido figurado, denotando um grande espaço de tempo.
(Cf. Sl 90.4; Ec 6.6; 2 Pe 3.8; cf. também Sl 84.10; Dt 7.9; 1 Cr 16.15; Sl 105.8).
Quando se procede a uma análise das ocorrências do numeral mil em muitos outros
textos da Bíblia, mesmo quando não se refere a tempo, constata-se que a ideia não é
definir ou especificar uma quantidade rigorosamente delimitada, mas transmitir
enfaticamente a ideia de um grandenúmero.
4. O simbolismo do Apocalipse deve ser interpretado à luz de seus antecedentes
bíblicos
William Hendriksen propôs assim este princípio:
Devemos interpretar este livro à luz de seus antecedentes (....). O Apocalipse está
firmemente arraigado neste subsolo. Referimo-nos às Sagradas Escrituras! A mente
do profeta estava, por assim dizer, imersa nestas Escrituras. Ele as conhecia a fundo. Ele
as vivia. Elas estavam plenificadas no âmago de seu coração. Sustentamos, pois, que o
Apocalipse tem suas raízes não somente no solo superficial de eventos contemporâneos,
mas também, e especialmente, no subsolo das Sagradas Escrituras (...). Devemos
explicar este livro à luz (...) também de toda a herança religiosa, considerada com
reverência pelos crentes que viviam no tempo em que estas visões foram vistas e
registradas.3
O Apocalipse culmina os muitos pensamentos e ideias do Antigo Testamento. Wescott e
Hort "apresentam aproximadamente quatrocentas referências ou alusões ao Antigo
Testamento, e um estudo intensivo de qualquer capítulo do Apocalipse logo revelará
que esta lista de quatrocentas referências ainda está incompleta." 4
É sobre a base das Escrituras Sagradas que devemos interpretar o Apocalipse. Este livro
é, no Novo Testamento, o mais difícil de ser interpretado, basicamente por causa do uso
elaborado e extensivo de simbolismo. O último livro da Bíblia integra um gênero de
literatura bíblica que faz uso de símbolos, utilizado para consolação aos ouvintes
imediatos e também posteriores, e nutrir-lhes esperança escatológica. Um bom princípio
hermenêutico é interpretar literalmente aquilo que é literal, e simbolicamente aquilo que
é simbólico. Se por um lado o intérprete das Escrituras deverá acautelar-se da tendência
alegorizante da escola alexandrina (influenciada pela tradição platônica), por outro, e
especificamente no que diz respeito às interpretações quiliastas, o Novo Testamento não
favorece a literalismos extravagantes e absurdos.
5. É necessário considerar o livro de Apocalipse no seu todo
O objetivo ou desígnio de um livro ou passagem se adquire, sobretudo, lendo-o e
estudando-o com atenção e repetidas vezes, tendo em conta em que ocasião e a que
pessoas originalmente foi escrito. Isto oferece auxílio admirável para a explicação de
pontos obscuros, para a aclaração de textos que parecem contraditórios e para conseguir
um conhecimento mais profundo de passagens em si claras.
O livro de Apocalipse é essencialmente simbólico e está repleto de números simbólicos.
E, naturalmente, nenhuma análise deve prescindir de considerá-los. Por exemplo, em
todo o livro o vocábulo mil aparece vinte e sete vezes, incluindo as seis ocorrências em
Apocalipse 20, o texto em pauta. É recomendável analisar as demais vinte e uma
ocorrências. Nos demais textos onde o vocábulo mil (ou múltiplos) aparece no livro de
Apocalipse, as tentativas de uma interpretação literal soçobram no rochedo do caráter
patentemente simbólico de muito do seu conteúdo.
6. Na análise do contexto, deve-se buscar o tema central e distinguir, no
simbolismo, entre o principal e o detalhe
Ao lermos o texto devemos nos perguntar: Qual é o significado deste símbolo como um
todo? Que lição central ensina? Ao encararmos os símbolos do Apocalipse não devemos
enfatizar com demasia os detalhes. "Não devemos dissecar o símbolo e perder a sua
unidade."5Os detalhes pertencem ao quadro todo. Deve-se perguntar primeiro: O que
significa o quadro como um todo? Os detalhes que pertencem ao quadro devem ser
interpretados em harmonia com o seu pensamento central. Formulamos duas perguntas:
Qual é o quadro inteiro? E: Qual é a sua ideia predominante?
Como regra, os detalhes pertencem ao quadro, ao símbolo. Não devemos tentar dar
uma interpretação "mais profunda" dos detalhes, senão até onde a interpretação deles
seja necessária para que se descubra o pleno significado da idéia central do símbolo (...).
O que queremos é a impressão total, a ideia central de cada símbolo completo. Como
nas parábolas, também aqui: o contexto nos ajuda a entender o significado do quadro.
Um estudo criterioso de todos os detalhes é também necessário para poder determinar
qual é o pensamento central.6
Uma leitura e análise de Apocalipse 20.1-10, inclusive com consulta ao texto original,
sugere que o contexto imediato abrange também os versos de 11 a 15. O contexto
mais amplo inclui também os capítulos 21 e 22. Assim, uma leitura cuidadosa do
contexto deve ser empreendida.
O que o Apocalipse apresenta é o grande drama do conflito entre Cristo e o seu povo de
um lado, e Satanás e seus seguidores do outro. Compreende o desenrolar de toda a
história do reino de Cristo do princípio da era cristã ao grandioso clímax da segunda
vinda. E se o livro for interpretado como consistindo de sete seções que se desenrolam
paralelamente entre si, cada uma delas retratando a Igreja e o mundo desde a época da
primeira vinda de Cristo até o tempo de sua segunda vinda7, esta seção compreendida
pelos dois últimos capítulos será, então, a sétima.
7. A prudência de passar do didático para o descritivo, do explicado para o
simbólico, do mais claro para o mais obscuro e do simples para o difícil
Este é um princípio hermenêutico que recomenda a prudência. Para o estudo proveitoso
das Escrituras necessita-se, ao menos da prudência de saber iniciar a leitura pelo mais
simples e prosseguir para o mais difícil. O contrário parece ser a tendência da
imaturidade, e alguns têm feito justamente isso.
Esta prudência revelou-se de forma característica nos discípulos de Jesus nos momentos
em que não compreenderam suas palavras: Perguntaram-lhe pelo significado, pediram
explicação. E lemos: "Tudo, porém, explicava em particular aos seus próprios
discípulos" (Mc 4.34).
"Toda Escritura é inspirada por Deus e útil" (2 Tm 3.16). Todavia, o descritivo tem
valor somente até o ponto em que é interpretado pelo que é didático. É certo que alguns
textos simbólicos e algumas narrativas bíblicas que descrevem acontecimentos
interpretam a si mesmas, porque incluem um conteúdo explicativo. No entanto, outras já
não podem ser interpretadas isoladamente, mas somente à luz do ensino doutrinário ou
ético oferecido em outras passagens. Por exemplo, podemos aprender da história de
Ananias e Safira em Atos 5 que mentir desagrada muito a Deus, porque Pedro o diz.
Mas não podemos concluir que todos os mentirosos cairão mortos ao chão como eles.
No que diz respeito ao texto de Apocalipse 20.1-10 este princípio é frequentemente
abandonado. Tem havido quem interprete muito do conteúdo aparentementedifícil dos
Evangelhos e das Epístolas à luz do simbolismo apocalíptico. E não apenas isso. Criam
a partir disso toda uma filosofia da História, e todo um crivo rigoroso de interpretação
bíblica. Isto é avesso à prudência. O caminho deve ser ao contrário. Leia-se o conteúdo
didático dos sermões de Jesus, bem como do ensino apostólico às igrejas, e submeta-se
o simbolismo do Apocalipse aos mesmos. Esta é a regra.
Uma leitura histórica dos atos de Deus em toda Bíblia revela que o Senhor da História,
num plano perfeito e que se revelou gradualmente, fez da pessoa de Cristo como que a
parte mais estreita de um funil. E a partir de Cristo, o seu plano é revelado de forma
final e abrangente. É preciso, portanto, que se esteja fundamentado numa filosofia cristã
da História que parta da base para o ápice, do terreno para o celeste, do material para o
espiritual, da sombra para a realidade. É assim que nós lidamos com os nossos filhos.
Este é o processo do amadurecimento. Passa-se da simplicidade da infância, da
estreiteza e particularidade da meninice, da descoberta da juventude, para a amplitude e
abrangência da maturidade. Deus parece lidar da mesma forma com o homem ao longo
da história.
O Novo Testamento indica que Cristo e os apóstolos são os intérpretes autorizados do
Antigo Testamento. O livro de Hebreus dá a chave deste princípio da
revelação: "Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos
pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo filho" (Hb 1.1). Salientamos a
necessidade de que a Bíblia seja interpretada como um todo, e que o Antigo e o Novo
Testamento constituem uma unidade. Salientamos ainda que o conteúdo do Novo
Testamento é o fruto de longo e prévio desenvolvimento. O conhecimento do Antigo
Testamento é pré-requisito essencial para a correta interpretação do Novo. Entretanto,
as realidades espirituais que o Antigo Testamento introduz, o Novo as apresenta à
perfeita luz. Um contém tipos; o outro, antítipos. Um contém profecia; o outro,
cumprimento. A mais perfeita revelação do Novo Testamento ilumina as páginas do
Antigo.
8. Uma compreensão bíblico-teológica acerca das dispensações da aliança
As grandes doutrinas e princípios do cristianismo estão expostos com clareza nas
Escrituras. E estas só são bíblicas e exatas quando expressam tudo quanto dizem as
Escrituras em relação a elas. Para a aclaração e correta interpretação de determinadas
passagens, os paralelos de palavras e ideias são fundamentais. Todavia, é preciso
recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras. É, de fato, importante
consultar o teor ou doutrina geral da Escritura que trata do assunto. Se a interpretação
contraria por inteiro o espírito ou desígnio do Evangelho, observa-se que essa
interpretação está equivocada. É um erro chegar a conclusões a respeito de determinada
doutrina antes de estudar tudo que a Bíblia diz sobre o assunto. É aqui onde um estudo
tópico da Bíblia se mostra útil. E isto inclui tópicos sobre as grandes doutrinas da
Bíblia. Os estudos doutrinários constituem a espinha dorsal das convicções espirituais,
e, por sua vez, só se pode chegar a estas estudando tudo o que a Bíblia diz sobre um
determinado assunto.
A teologia reformada vê na aliança a chave hermenêutica da Bíblia. As promessas
outorgadas aos filhos raciais de Abraão passaram a ser herança do povo salvo pela
redenção de Cristo. Assim, as profecias do Antigo Testamento que não foram
cumpridas no passado bíblico, se cumprirão somente na nova realidade que é a Igreja,
também conhecida como o "Israel de Deus" e "Raça Eleita" e "Sacerdócio Real" e
"Nação Santa" e "Povo Adquirido". A barreira da separação foi quebrada, e hoje, quer
judeus, quer gentios, são um em Cristo.
Os elementos condicionais e transitórios da antiga dispensação da aliança foram
alterados. Na nova dispensação os favores outorgados são preeminentemente espirituais
e, além disso, são concedidos de acordo com a graça de Deus, não presumindo
privilégios fundamentados em relacionamentos físicos ou étnicos.A bênção virá aos
judeus apenas por uma forma: através da fé em Cristo (Rm 11.23). Eles só poderão ser
salvos por meio do evangelho da graça soberana (Rm 11.32; At 4.12). Não existe
esperança alguma para um judeu simplesmente por ser judeu. Ele precisa, como o
pecador gentio, se arrepender e ser convertido, para que seus pecados possam ser
apagados (At 3.19). Não há distinção entre judeu e grego (Rm 10-12). Ambos têm de
ser salvos pelo sacrifício expiatório de Cristo. Também os filhos dos judeus e dos
cristãos são iguais neste aspecto: precisam ser salvos mediante arrependimento e fé.
Não há outro evangelho do reino (Gl 1.8).
Já mesmo o profeta Ezequiel libertou-nos deste medo: "Veio a mim a palavra do
Senhor, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este
provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que
embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, jamaisdireis este provérbio em
Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho
é minha; a alma que pecar, essa morrerá" (Ez 18.1-4). Assim, a alma do filho, no
terreno de religião, é propriedade divina, não patrimônio do pai, ou da pátria, ou da
família, ou da casta sacerdotal, ou da sociedade humana em qualquer aspecto. Deus
reserva para si todos os direitos na alma imortal de cada uma de suas criaturas. Esta foi
uma das notas mais elevadas a que chegou a mente profética até os dias de João Batista.
Nenhuma alma está presa a uma religião falsa por conta de casta, família, estado,
hereditariedade ou sistema sacerdotal ou eclesiástico.
A nova aliança declara com clareza que o povo de Deus é, assim, um povo
sobrenaturalmente constituído, de corações iluminados e transformados, de
conhecimento pessoal no seu Redentor, um povo regenerado e perdoado. Graça divina
não é hereditária, nem se subordina a sacerdotes, clérigos, pais ou governos. O apóstolo
Paulo, que "bem poderia confiar na carne... circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de
Israel... hebreu de hebreus"(Fp 3.4-11), expressou isto em termos bem claros em suas
epístolas (Rm 2.28- 29; Fp 3.3; Gl 6.15-16; Rm 9.6-8). Este é um tempo de graça tanto
para judeus e gentios. É tempo da oportunidade para ação missionária da igreja em todo
o mundo.
"Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido. Pois não há
distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com
todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele
de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se
não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam
cousas boas!"(Rm 10.11-15).

1 - John R. W. Stott. Batismo e Plenitude do Espírito Santo. 2a. edição, Edições Vida
Nova, 1986, SP, p. 12.
2 - E. Lund. Hermenêutica: Regras de Interpretação das Sagradas Escrituras. 2 a.
edição,Editora Vida, 1981, Miami (EUA), pp. 14,15.
3 - William Hendriksen. Mais Que Vencedores; interpretação do livro de
Apocalipse. São Paulo, Casa Ed. Presbiteriana, 1987, p. 62.
4 - B. F. Westcott & F. J. A. Hort - The New Testament in the Original Greek (O Novo
Testamento no Grego Original) apud Hendriksen, Op. cit. pp. 64-65.
5 - Ibid. p. 55
6 - Ibidem.
7 - Este sistema é denominado de paralelismo progressivo. A divisão do Apocalipse em
sete seções é favorecida por muitos autores, não havendo, contudo, unanimidade acerca
das delimitações de cada seção. Entre os comentaristas que adotam sistemas de divisões
em sete seções serão encontrados L. Berkhof, H. B. Swete, P. Mauro, W. Milligan, S. L.
Morris, M. F. Sadler, C. F. Wishart, B. B. Warfield e W. Hendriksen. Veja-se
Hendriksen, Op. cit. ; e Anthony A. Hoekema - A Bíblia e o Futuro. São Paulo: Casa
Editora Presbiteriana, 1989, 461 pp. Hendriksen é do ponto de vista que estas sete
seções descrevem, sob aspectos diferentes e complementares, este período entre a
primeira e a segunda vinda de Cristo, cada seção avançando em profundidade ou
intensidade do conflito espiritual, revelando um certo progresso gradual em ênfase
escatológica. A última seção, por exemplo, nos leva mais longe, no futuro, do que as
outras seções.

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