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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

FACULDADE DE LETRAS – FALE


MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS

CINTHYA DÉBORA DE ARAÚJO SANTOS

A FLEXÃO DE GÊNERO

MACEIÓ/AL
NOVEMBRO DE 2017
I – INTRODUÇÃO

O tema flexão de gênero está incluído no estudo realizado sobre as desinência


gênero-numeral das palavras variáveis. Portanto, antes de iniciarmos a análise do tema
principal, convém a conceituação destes subtemas: (i) palavras variáveis; (ii) desinência
gênero-numeral.

As palavras variáveis, segundo o NGB (Norma Gramatical Brasileira), são aquelas


que admitem flexão, isto é, são palavras que concordam em gênero, número e grau com
o seu referente. Como ocorre, por exemplo, na oração: “as meninas bonitas usam
vestidos”. Em que o adjetivo bonitas concorda em gênero e número com o seu referente
meninas.

Este processo de “adequação das palavras” não ocorre em todas as classes


gramaticais como, por exemplo, com a classe dos advérbios que mesmo possuindo um
referente (verbo, adjetivo ou outro advérbio) permanecem invariáveis. Na frase “Os
aviões caíram rapidamente” o advérbio rapidamente indica a circunstância de modo do
verbo caíram, entretanto ele permanece invariável não estabelecendo uma relação do
concordância com o seu referente (verbo).

O segundo aspecto a ser abordado como fundamento da análise sobre flexão de


gênero são as desinências. As desinências gênero-numeral são morfemas acrescentados
aos radicais das palavras para indicar tanto o gênero (masculino/feminino) quanto o
número (singular/plural). Deste modo o substantivo alunos (alun-o-s) apresenta a
seguinte estrutura morfológica: (i) alun é o radical do substantivo e a base do significado
da palavra; (ii) o morfema o é a desinência de gênero indicando que o substantivo está
flexionado no masculino; (iii) o morfema s é a desinência de número que indica a flexão
da palavra no plural.

É importante salientarmos a existência de dois processos que causam uma


pequena confusão, são eles: (i) flexão por meio de desinências; (ii) outros processos de
derivação referentes ao gênero. Segundo a NGB a flexão de gênero não constitui um
processo de formação de novas palavras, mas apenas um processo de adaptação por meio
de desinências. Entretanto ela considera como flexão de gênero outros processos de
derivação. Para exemplificar, tomemos dois substantivos: (i) menina que constitui um
mero processo de flexão do substantivo pela desinência a; (ii) mulher que constitui como
um processo de derivação, mas que a gramática tradicional considera como uma flexão
de gênero, entretanto o vocábulo mulher é uma nova palavra de gênero feminino e não a
flexão do substantivo homem, uma vez que não houve a flexão desinencial característico
deste processo. Portanto como processo de derivação permite ao usuário da língua criar
novas palavras.

II – O QUE PROPÕE A GRAMÁTICA

Feitas as considerações iniciais, podemos definir, a grosso modo, o processo de


flexão como o estabelecimento de uma relação de concordância/adaptação pela qual
passam as palavras variáveis para concordarem em gênero, número e grau com o seu
referente ou na leitura de Rocha (1982) sobre Mattosso Câmara:

Segundo Mattoso Câmara, flexão é o "processo de 'flectir', isto é, fazer


variar um vocábulo para nele expressar dadas categorias gramaticais".
3 Nos exemplos abaixo, estamos diante de substantivos" que recebem
flexão, ou seja, nota-se claramente o "processo de flectir", os vocábulos
"variam" para indicar a diferença de gênero:
O aluno estuda as lições de Matemática.
A aluna estuda as lições de Matemática. (ROCHA, 1982, p. 106)

Deste modo, a NGB considera a flexão de gênero com uma espécie de flexão em
que a concordância se dá exclusivamente pelo gênero (masculino/feminino) do referente,
entretanto a proposta apresentada pelas gramáticas normativas torna esse processo de
referenciação muito confuso, uma vez que grande parte das palavras a qual atribuímos
um gênero são, na verdade, assexuadas. Podemos facilmente apontar o gênero do
substantivo panela, mas nos referimos a um objeto assexuado.

Além disso, como a língua é viva e está ininterruptamente se transformando


diversas palavras passaram pelo processo de mudança de gênero.

As aproximações semânticas entre palavras (sinônimos, antônimos), a


influência da terminação, o contexto léxico em que a palavra funciona
e a própria fantasia que moldura o universo do falante, tudo isto
representa alguns dos fatores que determinam a mudança do gênero
gramatical dos substantivos. Na variedade diacrônica, do português
antigo ao contemporâneo, muitos substantivos passaram a ter gêneros
diferentes, alguns sem deixar vestígios, outros como mar, hoje
masculino, onde o antigo gênero continua presente em preamar (prea
= plena, cheia) e baixa-mar.

Já foram femininos fim, planeta, cometa, mapa, tigre, fantasma, entre


muitos outros; já foram usados como masculinos: árvore, tribo,
catástrofe, hipérbole, linguagem, linhagem. (SILVA, 2004).

Outro ponto obscuro proposto pela NGB é a divisão das palavras variáveis em
apenas dois gêneros: o gênero masculino e o gênero feminino. A distinção entre eles,
pode ser feita, na maioria dos casos, através da desinência de gênero da palavra, uma vez
que palavras terminadas com a desinência o, tendem a pertencer ao gênero masculino, já
as palavras terminadas com a desinência a são, em sua maioria, femininas. Entretanto,
apenas esse recurso não é suficiente para abarca todo o universo de palavras que admitem
flexão de gênero. Entretanto, nem toda palavra encerrada com tais vogais (o/a) serão
respectivamente masculina-feminina, pois como aponta Silva (2004) estes morfemas não
são exclusivamente desinências de gênero.

máquina, caneta, criatura e sacola, o [a] final não constitui desinência


de gênero, mas vogal temática. Será erro considerar o morfema zero
como traço desinencial opositivo do gênero das palavras citadas. O zero
deve ser usado sempre na ausência de morfema, jamais na inexistência
de morfema.
Com relação a formas do tipo cavalo, pasta, casa e carteira, também não
se fala em desinência de gênero, embora haja as formas cavala, pasto,
caso e carteiro. É que falta a correspondência semântica, fundamental
na caracterização do gênero. (SILVA, 2004).

Além disso, segundo a NGB, as palavras podem ser classificadas como biformes,
isto é, possui uma forma especifica para cada gênero (menino/menina) ou uniformes em
que possui uma única forma para ambos gêneros. Dentre a classe das palavras ditas
uniformes ainda é possível subdividi-las em três grupos, a saber, (i) comuns de dois
gêneros que mesmo sendo uniforme podem ser distinto os gêneros pela interposição de
um determinante; (ii) epicenos que são utilizados geralmente para os animais e são
distintos pela expressão macho/fêmea; (iii) sobrecomuns que não podem ser distinguidos
os gêneros.
III- O QUE PROPÕE AS PEQUISAS LINGUÍSTICAS

Em se tratando de flexão de gênero, os resultados obtidos pelas pesquisas


linguísticas vão ao encontro de diversos pontos defendidos pelas gramáticas normativas,
dentre eles destacaremos neste trabalho três: (i) o gênero dos seres assexuados; (ii)
distinção entre derivação e flexão; (iii) classificação proposta pela gramática normativa.
Os linguistas, em sua maioria, consideram tais aspectos como demasiadamente obscuros
e não os aceitam.

Segundo Margotti e Margotti (2008), a flexão de gênero, morfologicamente, dá-


se através de morfemas flexionais, tais morfemas, segundo o autor, “constituem uma
classe fechada, obrigatória, e se prestam para representar noções gramaticais de gênero,
número, modo, tempo e pessoa” (MARGOTTI; MARGOTTI, 2008, p. 61). Entretanto,
os morfemas flexionais podem ser divididos em dois tipos, a saber, flexionais nominais
e flexionais verbais cuja distinção baseia-se na noção gramatica expressa pelo morfema.

As desinências nominais classificam-se em: desinências de gênero


(masculino e feminino) e desinências de número (singular e plural).
As desinências verbais classificam-se em: desinências modo-
temporais (tempo e modo do verbo) e desinências número-pessoais
(número e pessoa da forma verbal) (MARGOTTI; MARGOTTI, 2008,
p. 61).

Portanto, tendo em vista que a flexão de gênero é o nosso tema principal, nossas
atenções se voltarão para as desinências nominais, especificamente, as desinências de
gênero, na NGB existem apenas dois gêneros (masculino/feminino) e, por conseguinte,
duas principais desinências de gênero, são elas: desinência o para o gênero masculino e a
desinência a para o gênero feminino. Entretanto, como é possível depreender da leitura
de Rocha, tal classificação apoiada unicamente na vogal final do vocábulo, tende a ser
falaciosa, uma vez que “o gênero masculino (apresentado pela desinência - o) pode ser
empregado para denotar não apenas seres do sexo masculino, mas também seres dos dois
sexos, quando o uso é indefinido.” (ROCHA, 1982, p. 103). Outro aspecto importante é
que a classe de vocábulos passiveis de flexão de gênero é designada pelos linguistas como
a classe dos nomes (substantivos, adjetivos, pronomes, artigos e numerais).
A primeira crítica formulada pelos linguistas ao tratamento dado pelas gramaticas
tradicionais para a flexão de gênero é, justamente, a confusão entre gênero e sexo.
Segundo Margotti e Margotti (2008) existe uma distinção entre gênero e sexo, uma vez
que aquele se trata de uma noção gramatical, enquanto este se refere a configuração
biológica do aparelho reprodutor.

gênero significa bem mais do que sexo. Trata-se de uma noção


gramatical que se atribui a todos os substantivos, que são ou masculinos
ou femininos, independentemente de se referirem a seres sexuados ou
não. Assim e que lápis, computador, relógio, cabelo, assoalho são
masculinos mesmo não tendo sexo; e, ao contrário, nas mesmas
condições, caneta, cebola, viola, mare, agua são femininos
(MARGOTTI; MARGOTTI, 2008, p. 65).

Portanto, qualquer tentativa de explicar o gênero dos vocábulos através de noções


baseadas, exclusivamente, no sexo dos referentes está fadada ao fracasso. Isso, segundo
Ferreira (2015, p. 146), pode ser facilmente ilustrado quando percebemos que todos os
substantivos da língua portuguesa possuem gênero, mas nem todos se referem a seres
sexuados.

O gênero é muito mais amplo que o sexo e, portanto, não pode ser reduzido a este,
mas poderá ou não está relacionado com o sexo. Deste modo, o gênero passa a ser definido
como uma noção gramatical, isto é, definido como um elemento da estrutura mórfica dos
nomes em geral e, portanto, desvinculado da noção de sexualidade.

Na realidade, o gênero é uma distribuição em classes mórficas, para os


nomes, da mesma sorte que o são as conjugações para os verbos. A
única diferença é que a oposição masculino-feminino serve
frequentemente para em oposição entre si distinguir os seres por certas
qualidades semânticas, como para as coisas as distinções como jarro –
jarra, barco – barca, etc. e para os animais e as pessoas a distinção de
sexo, como em urso – ursa, menino – menina. (FERREIRA, 2015, p.
146).

O segundo aspecto criticado pelos linguistas é a confusão que a gramatica


tradicional realiza ao classificar os vocábulos de forma superficial como biformes,
uniformes, epicenos, comum de dois gêneros e sobrecomuns, pois, segundo eles, está
classificação cria uma confusão entre dois processos distintos, a saber, a flexão de
gênero e a derivação por aspectos de gênero.
A NGB e consequentemente as gramáticas normativas designam erroneamente
como flexão de gênero qualquer processo capaz de originar nomes femininos e
masculinos, criando uma confusão entre flexão (baseada na mudança na desinência de
gênero) e derivação (processo de formação de novas palavras).

O processo de flexão ocorre, exclusivamente, pela mudança da desinência gênero-


numeral. Deste modo, ocorre a flexão de gênero, por exemplo, na formação do
substantivo: menina que é a flexão feminina do substantivo menino através da mudança
na desinência. Tais constatações levaram Rocha (1982) a concluir que uma pequena
parcela de vocábulos sofre flexão de gênero, segundo ele, cerca de 4,5 % dos vocábulos
sofrem flexão de gênero (ROCHA, 1982, p. 109). Entretanto, as gramáticas tradicionais
consideram, erroneamente, a formação dos substantivos heterônimos também como um
processo de flexão de gênero, isto é, consideram o substantivo mulher como o feminino
do substantivo homem. Entretanto nós temos, na situação em tela, vocábulos distintos
originados pelo processo de derivação, pois se tratam de substantivos com radicais
distintos (heterônimos), portanto, cada qual possui sua estrutura mórfica e gênero
próprios.

É comum lermos nas nossas gramáticas que mulher é o feminino de


homem. A descrição exata é dizer que o substantivo mulher é sempre
feminino, ao passo que outro substantivo, a ele semanticamente
relacionado, é sempre do gênero masculino. Na descrição da flexão do
gênero em português não há lugar para os chamados “nomes que variam
em gênero por heteronímia”. O que há são substantivos privativamente
masculinos, e outros, a eles semanticamente relacionados,
privativamente femininos. Tal interpretação, a única objetiva e
coerentemente certa, se estende aos casos em que um sufixo
derivacional se restringe a um substantivo em determinado gênero, e
outro sufixo, ou a ausência de sufixo, em forma nominal não-derivada,
só se aplica ao mesmo substantivo em outro gênero. Assim, imperador
se caracteriza, não flexionalmente, pelo sufixo derivacional -dor, e
imperatriz, analogamente, pelo sufixo derivacional -triz. Da mesma
sorte galinha é um diminutivo de galo, que passa a designar as fêmeas
em geral da espécie “galo”, como perdigão é um aumentativo limitado
aos machos da “perdiz”. Dizer que -triz, -inha ou -ão são aí flexões de
gênero é confundir flexão com derivação. (FERREIRA, 2015, p. 146-
7)

Portanto, na formação dos substantivos heterônimos não se deve falar em flexão,


pois não há um processo de mudança desinencial. Sendo assim, trata-se, efetivamente, de
um processo de derivação, ou seja, um processo de formação de novas palavras com
intuito de expandir o léxico, tais palavras originadas neste processo possuem relação
semântica, mas não mórfica.

Além dessa falha a divisão proposta para os nomes em uniformes, biformes,


epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros apresenta outras falhas, pois em sua
maioria não se tratam de fato de uma flexão de gênero, mas de outro processo similar
como, por exemplo, “substantivos ‘epicenos’, referentes a certos animais, falar numa
distinção de gênero expressa pelas palavras macho e fêmea” (FERREIRA, 2015, p. 147),
é um equívoco, pois além de não ser obrigatório a interposição do determinante de sexo,
o substantivo permanece com o mesmo gênero. Sendo assim, podemos concluir que todo
vocábulo variável em gênero pode ser classificado em masculino ou feminino, mas nem
todos são passiveis de flexão.

Mas como todos os substantivos da Língua Portuguesa estão


enquadrados entre os masculinos ou os femininos e a quase totalidade
não recebe flexão, parece-nos que a solução para o problema é a de
desvincular o conceito de gênero do conceito de flexão. Há substantivos
que recebem flexão de gênero e há os que não recebem. Mas todos,
repetimos, são masculinos ou feminino (ROCHA, 1982, pp. 110-11).

Tais constatações levou aos linguistas a proporem uma nova classificação das
palavras em relação ao gênero que esteja de acordo com o que fora analisado. Nesta nova
classificação os vocábulos pertencem a três grupos distintos, são eles: (i) os vocábulos de
dois gêneros com uma flexão abundante, neste grupo estão os vocábulos que realizam
flexão de gênero, isto é, ocorre o processo de mudança desinencial; (ii) os vocábulos de
dois gêneros sem flexão aparente, neste grupo se encontram os vocábulos que não se
flexionam, mas que admitem a flexão do artigo que o acompanha; (iii) os vocábulos de
gênero único que correspondem aos vocábulos que não se flexiona, nem permite flexão
do artigo.
Nesta nova divisão o artigo admite certa importância, pois é só através dele, ou de
outro determinante ou modificador que “palavras como artista, colega, estudante, cliente,
sem flexão, têm o gênero determinado: (o, a) artista, (o, a) colega, (o, a) estudante e (o,
a) cliente” (FERREIRA, 2015, p. 148).
As gramáticas poderiam ensinar o gênero dos substantivos a partir da
descrição proposta, baseando-se, em primeiro lugar, na forma
masculina ou feminina do artigo e considerando, em segundo lugar, a
seguinte divisão em três grupos:
1. nomes substantivos de dois gêneros com uma flexão redundante:
(o) lobo – (a)loba; (o) mestre – (a) mestra; (o) pintor – (a) pintora;
2. nomes substantivos de dois gêneros sem flexão aparente: (o, a)
camarada; (o,a) selvagem; (o,a) mártir;
3. nomes substantivos de gênero único:
- (a) pessoa; (a) testemunha; (o) algoz; (a) mosca; (o) besouro; (a)
mesa; (a) tábua; (o) disco; (o) livro;
- (o) homem; (a) mulher; (o) bode; (a) cabra; (o) príncipe; (a)
princesa; (o) sacerdote; (a) sacerdotisa. (FERREIRA, 2015, p. 149)

IV- O ENSINO DE FLEXÃO DE GÊNERO

O ensino de temas referentes a gramática para alunos da educação básica é um


verdadeiro desafio para qualquer docente, tendo em vista que além da dificuldade inerente
da disciplina, existe hoje uma série de críticas e divergências entre a norma gramatical
brasileira (NGB) e os ensinamentos extraídos das pesquisas linguistas, tal situação
dificulta ainda mais o ensino desta disciplina.

Sendo assim, o profissional deverá estar capacitado para lidar com essas diversas
situações em sua prática docente, para isto não basta o conhecimento da NGB, tampouco
o conhecimento das teorias linguistas, mas apenas o conhecimento destes dois âmbitos
poderá capacitar o professor para o ensino da língua materna.

Portanto, ensinar normais gramaticais não deve ser confundido com o ensino cego
da gramática tradicional, isto é, o ensino da “língua através de atividades mecânicas e
descontextualizadas, voltadas para as regras da variedade escrita padrão” (JUNQUEIRA,
2003, p. 63). Mas, professor deve conceber o ensino de normais gramaticais como o
ensino de um sistema regulador que não exclui a variedade linguística, mas que surge em
cada variedade linguísticas como elemento essencial.

Para uma melhor redefinição do ensino de língua portuguesa, urge que


a gramática seja entendida como um componente do sistema
lingüístico, constituído por regras que estabelecem o funcionamento de
uma determinada língua. Sua função reguladora aplica-se a toda e
qualquer variedade lingüística, ou seja, tanto a variedade padrão (ou de
prestígio) como as demais variedades apresentam uma gramática
específica (JUNQUEIRA, 2003, p. 63).
Tal concepção de gramática só é possível se além do conhecimento da norma
gramatical brasileira o professor domine as teorias linguísticas fruto de diversas pesquisas
linguísticas.

Deste modo, o grande desafio do ensino da flexão de gênero é superar a mera


reprodução de normas gramaticais vazias de significado. Para isso o ensino deve ser
pautado não apenas nas regras extraídas da NGB, mas na contraposição desta com as
teorias linguísticas, uma vez que a partir desta contraposição o ensino da língua materna
poderá se tornar uma interiorização das normas gramaticais socialmente construídas, e
não mais a mera repetição mecânica de regras, normas e diretrizes. Além disso, o ensino
deste tema depende da criação de um espaço comunicativo que permita aos alunos a
efetiva participação na construção do conhecimento, tornando estes autores neste
processo e não meros reprodutores.

V- CONCLUSÃO

Em síntese, a flexão de gênero é um tema extremamente complexo e que depende


do conhecimento prévio da estrutura mórfica das palavras, em especial, das desinências
de gênero. Além disso, o tratamento dado a este tema pelas gramáticas normativas é
confuso e tende a obscurecer ainda mais este tema, na medida em que: (i) associa o gênero
ao sexo; (ii) não destingiu flexão da derivação; (iii) clássica os vocábulos de forma
confusa. Tais constatações levaram os linguistas a tecerem uma série de críticas às
gramáticas tradicionais.
VI- ANEXO: PLANO DE AULA

TEMA DA AULA: O GÊNERO E O SEXO

I – RECURSO DITÁTICO: Charge, Cinthya Débora.

II – TEXTO(S) DIDÁTICO(S):

Na língua portuguesa há dois gêneros: o masculino, antecedido pelo artigo "o"; e


o feminino, antecedido pelo artigo "a".

Os substantivos podem ser biformes e uniformes.

a) substantivos biformes – são aqueles que possuem duas formas para indicar o
gênero. Abaixo, mostramos algumas formações do feminino nos substantivos biformes.

Grande parte dos substantivos terminados em -o (forma masculina), mudam para -a


(forma feminina).

 menino – menina
Na categoria dos substantivos biformes, também temos aqueles que possuem palavras
diferentes para o masculino e feminino.

 Bode – cabra
 boi – vaca
 carneiro – ovelha

b) Substantivos uniformes: são aqueles que possuem apenas uma forma para os dois
gêneros. Eles podem ser comuns-de-dois, epicenos e sobrecomuns.

Comuns-de-dois: São aqueles que diferenciam o gênero através da anteposição do


artigo o (masculino) e do artigo a (feminino)

 o capitalista – a capitalista

Epicenos: são os nomes de animais e plantas que diferenciam os gêneros acrescentando


as palavras macho e fêmea

 cobra macho – cobra fêmea

Sobrecomuns: são aqueles que possuem apenas uma forma, tanto para o masculino
quanto para o feminino.

a criança
INFOESCOLA. Flexão de Gênero no Substantivo. Disponível em: <
https://www.infoescola.com/portugues/flexao-de-genero-nos-substantivos/> data de
acesso: 03/11/2017.

III – TRECHO DE TEXTO PESQUISA LINGUÍSTICA:

Os nomes, diferentemente do que sugere a NGB e as

gramaticas escolares, se distribuem em três grupos (cf. CAMARA JR.,

1979, p. 92):

1) nomes substantivos de gênero único: (a) flor, (o) livro, (o) carro,

2) nomes substantivos de dois gêneros sem flexão: (o, a) artista,

3) nomes substantivos de dois gêneros com flexão: (o) menino

A determinação de gênero se faz, na maioria dos casos, pela concordância que se impõe aos
determinantes (adjetivo, pronome adjetivo, numeral ou principalmente artigo).
Secundariamente, e somente para os nomes substantivos do terceiro grupo, a determinação do
gênero se faz pela flexão, com adição da desinência [a] para o feminino. Nesses

casos, a desinência e a concordância tornam-se redundantes na função de explicitar o gênero.

Dito isso, cabe esclarecer que a classificação da NGB em i) comuns de dois gêneros, ii)
sobrecomuns e iii) epicenos pouco contribui para o assunto. Na verdade, não são casos de
flexão. Os primeiros pertencem ao grupo 2 anteriormente exposto; os outros incluem-se entre
os do grupo 1, com a ressalva de que os sobrecomuns referem-se a homens e mulheres, e os
epicenos a animais.

MARGOTTI; MARGOTTI, Morfologia do português. Florianópolis, 2009

VII – REFERÊNCIAS

FERREIRA, Lobato, Morfologia. Belém: AEDI, 2015


INFOESCOLA. Flexão de Gênero no Substantivo. Disponível em: <
https://www.infoescola.com/portugues/flexao-de-genero-nos-substantivos/> data de
acesso: 03/11/2017.
JUNQUEIRA, Fernanda Gomes Coelho. Confronto de vozes discursivas no contexto
escolar: percepções sobre o ensino de gramática da língua portuguesa. Rio de Janeiro,
2003

MARGOTTI; MARGOTTI, Morfologia do português. Florianópolis, 2009

ROCHA, Luís Carlos de Assis, O gênero do substantivo em português: por que flexão e
por que Morfologia?. UFMG, 1982.

SILVA, José Pereira. O caso da flexão de gênero e outras inadequações na moderna


terminologia gramatical.
Disponível em: http://www.filologia.org.br/abf/volume2/numero2/06.htm. Data de
acesso: 03/11/2017.

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