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FISIOLOGIA 2016
Arlindo Ugulino Netto.
FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR
A miosina é um protótipo de uma molécula motora – é uma proteína que converte energia química em forma de
ATP em energia motora, gerando assim força e movimento. As células musculares possuem uma estrutura interna mais
organizada que qualquer outra célula do organismo. Contém centenas de padrões finos e cilíndricos denominados
miofibrilas. Cada miofibrila é constituída de arranjos lineares repetidos de unidades contráteis, denominados
sarcômeros.
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SINCÍCIO MUSCULAR
Diferentemente de qualquer outro órgão, as fibras que compõe o coração devem funcionar de maneira uniforme
e regulada. Dessa maneira, o coração é considerado um sincício, isto é: um conjunto de células que se fundem,
perdendo parte de sua membrana, e formando uma única massa citoplasmática multinucleada. Deste modo, as células
do sincício cardíaco são formadas por várias células musculares cardíacas interconectadas de tal modo que, quando
uma dessas células é excitada, o potencial de ação se propaga para todas as demais, passando de célula para célula
por toda a treliça de interconexões.
Na verdade o coração é formado por dois sincícios: o sincício atrial, que forma as paredes dos dois átrios, e o
sincício ventricular, que forma as paredes dos dois ventrículos. Os átrios estão separados dos ventrículos por um
tecido fibroso que circunda as aberturas das VAV entre os átrios e os ventrículos. Quando o impulso é criado no nodo
sinoatrial (localizado no átrio direito), normalmente, ele não é passado diretamente para o sincício ventricular. Ao
contrário, somente são conduzidos do sincício atrial para o ventricular por meio de um sistema especializado de
condução chamado feixe atrioventricular. Essa divisão permite que os átrios se contraiam pouco antes de acontecer a
contração ventricular, o que é importante para a eficiência do bombeamento cardíaco.
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Em resumo, na despolarização, ocorre a abertura de canais rápidos de sódio, associado à abertura dos canais
lentos de cálcio. O influxo de cálcio inicia após o fechamento dos canais de sódio e perdura por 0,2 a 0,3 segundos. Este
influxo de cálcio inibe a abertura dos canais de potássio retardando a repolarização por 0,2 a 0,3 segundos, que é o
tempo de duração do Platô. Após este tempo, os canais lentos de cálcio se fecham e a repolarização procede
normalmente, através do efluxo de íons potássio. A membrana não se repolariza imediatamente após a despolarização,
permanecendo a despolarização em um platô por alguns milissegundos, antes que se inicie a repolarização (Músculo
atrial platô de 0.2 s; Músculo ventricular platô 0.3 s).
O potencial de platô regula a contração cardíaca fazendo com que os átrios se contraiam antes que os
ventrículos. O platô, em resumo, é responsável por:
Aumentar a duração do tempo da contração muscular de 3 a 15 vezes mais do que no músculo esquelético.
Permitir que os átrios se contraiam antes da contração dos ventrículos.
Manter uma assincronia entre a sístole atrial e a sístole ventricular
VELOCIDADE DE CONDUÇÃO
A velocidade de condução do sinal excitatório do potencial de ação nas fibras musculares atriais e ventriculares
é de cerca de 0,3 a 0,5 m/s, cerca de 1/10 da velocidade nas fibras musculares esqueléticas. A velocidade de condução
no sistema de condução especializado (fibras de Purkinje) é de 4m/s, permitindo a rápida condução do sinal excitatório
pelo coração.
PERÍODO REFRATÁRIO
O período refratário consiste no intervalo de tempo durante o qual um
estímulo elétrico não pode excitar uma área já excitada do músculo cardíaco. O
período refratário normal do ventrículo é de 0,25 a 0,30s, o que corresponde à
duração do potencial de ação. Existe um período refratário relativo de 0,05 s,
durante o qual o músculo fica muito mais difícil de ser excitado do que o normal,
podendo ser excitado por um sinal excitatório muito intenso. O período
refratário absoluto do músculo cardíaco é de 0,25 a 0,30 s.
Quando a regra imposta pelo período refratário não é obedecida, o
coração entra em arritmia.
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ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO
O termo “acoplamento excitação-contração” refere-se ao mecanismo pelo qual o potencial de ação faz com que as miofibrilas
do músculo de contraiam. Os túbulos T (transversos) são invaginações da membrana celular para o interior da célula, ao nível da
linha Z. O estímulo que chega na membrana da fibra é transportada para o interior da célula por meio desses túbulos para que haja
uma despolarização do retículo endoplasmático muscular. Os túbulos T do músculo cardíaco têm um diâmetro 5 vezes maior do que
os do músculo esquelético, visto que a maior parte dos íons cálcio para o mecanismo de contração do miocárdio provém do líquido
extra celular. O retículo sarcoplasmático, por sua vez, é menos desenvolvido do que o do músculo esquelético.
O mecanismo de contração do músculo cardíaco é o mesmo do músculo esquelético, diferenciando apenas com relação à
origem dos íons cálcios para o inicio da contração. Além dos íons cálcio que são liberados das cisternas do retículo sarcoplasmático
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(RS) para o sarcoplasma, grande quantidade de íons Ca também se difunde dos túbulos T para o sarcoplasma durante o potencial
de ação, proporcionando uma maior força de contração. Essas duas medidas fisiológicas são o bastante para uma eficácia maior na
contração da fibra cardíaca.
A duração da contração do músculo cardíaco é uma função da duração do potencial de ação da fibra muscular: Músculo
atrial cerca de 0.2 segundos e Músculo ventricular cerca de 0.3 segundos.
AUTOMATISMO
Automatismo é a capacidade da fibra muscular cardíaca de gerar sinais elétricos com um
ritmo determinado. É causado pela permeabilidade natural da membrana da fibra muscular aos íons
sódio pelos canais de vazamento do Na+. Ao atingir o limiar de excitação, ocorre a abertura de canais
lentos de cálcio, iniciando o potencial de ação.
As células capazes de autogerar estímulos estão localizadas no nodo sinoatrial (SA), no
nodo atrioventricular (AV) e nas fibras de Purkinje.
CONDUTIBILIDADE
Condutibilidade é a capacidade da fibra muscular cardíaca em conduzir seu próprio estímulo
elétrico. Ocorre de maneira rápida nas fibras especializadas de condução: vias internodais, feixe AV
(ou Feixe de Hiss) e fibras de Purkinje. A condução também ocorre em todo o músculo atrial e
ventricular, pelos discos intercalares.
CONTRATILIDADE
A contratilidade á a capacidade da fibra muscular cardíaca em se contrair após um estímulo elétrico. Atende ao “princípio do
tudo ou nada”.
EXCITABILIDADE
Excitabilidade é a capacidade da fibra muscular cardíaca em se excitar quando estimulado. No repouso a excitabilidade é
alta. Durante a fase de despolarização e de repolarização, a excitabilidade é muito baixa ou quase nula.
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OBS : Efeito da frequência cardíaca sobre a duração da contração. Quando a frequência cardíaca aumenta, a duração de cada
ciclo cardíaco, incluindo a fase de contração e a fase de relaxamento, diminui. A duração do potencial de ação e o período de
contração (sístole) também diminuem, mas não em grau percentual tão alto como na fase de relaxamento (diástole). Na frequência
cardíaca normal de 72 batimento/min, o período de contração e de cerca de 40% do ciclo total. Com frequência cardíaca três vezes
maior que a normal, esse período é de cerca de 65% do ciclo total, o que significa que o coração, contraindo com frequência muito
rápida, algumas vezes não permanece relaxado por tempo suficiente para permitir o enchimento completo das câmaras cardíacas
antes da contração seguinte.
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Em situações de estresse, o coração sofre ação do sistema nervoso simpático, que aumenta a frequência
cardíaca, aumentando, assim, o aporte sanguíneo para o cérebro (no intuito de permitir uma melhor fluência na fisiologia
cerebral) e para os músculos. Isto acontece ao mesmo tempo em que o sistema nervoso simpático retarda os
movimentos peristalticos e o processo da digestão, desviando o sangue necessário à realização desse processo para
órgãos nobres, como o coração e o cérebro.
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OBS : Portanto, durante os exercícios físicos, a atividade simpática aumenta o fluxo sanguíneo para o coração
(promovendo aumento da frequência cardíaca e da frequência respiratória), desviando sangue do aparelho digestivo,
para que esta bomba envie suprimento arterial para necessário ao cérebro, permitindo a este centro nervoso a
capacidade de adaptar o restante do corpo a novas taxas de metabolismo. Por esta razão, diz-se que é contra-indicada
a realização de exercícios após as refeições, uma vez que o fluxo sanguíneo seria desviado da circulação entero-
gástrica, predispondo a congestões.
A localização dos gânglios pertencentes ao sistema parassimpático é geralmente perto dos órgãos-alvo,
podendo chegar até a estarem dentro destes órgãos (como ocorre no plexo de Meissner e Auerbach, no trato
gastrointestinal).
As duas fibras do sistema nervoso parassimpático (pré e pós-ganglionar) são colinérgicas (ambas secretam
acetilcolina). Portanto, o neurotransmissor, tanto da fibra pré ganglionar como da pós ganglionar, é a acetilcolina, e os
receptores podem ser nicotínicos ou muscarínicos.
Em situações relaxantes ou de repouiso, a atividade parassimpática reduz a frequência cardíaca (reduzindo a
pressão sanguínea) e a frequência respiratória, reduzindo o metabolismo do corpo, permitindo o desvio de sangue para
o sistema digestório para obtenção contínua de nutrientes na digestão, no intuito de gerar um aporte energético para
uma possível atuação futura do sistema nervoso simpático.
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CICLO CARDÍACO
É o período que decorre entre o início de um batimento cardíaco até o início do batimento seguinte (contração
atrial contração ventricular relaxamento ventricular). É iniciado pela geração de um potencial de ação no nodo
sinoatrial (marca-passo natural do coração) que se propaga por todo o coração. O ciclo cardíaco consiste de um
período de relaxamento em que o coração se enche de sangue seguido por um período de contração, quando o coração
se esvazia:
Sístole: Período de contração da musculatura, durante o qual o coração ejeta o sangue. Dura cerca de 0,15
segundos.
Diástole: Período de relaxamento da musculatura, durante o qual o coração se enche de sangue. Dura cerca de
0,30 segundos.
O ciclo cardíaco inicia-se com a geração espontânea de um potencial de ação no nodo SA. Este estímulo
propaga-se para os átrios (através das junções abertas) e para o nodo AV (através das vias internodais). Os átrios se
contraem, enquanto no nodo AV ocorre um breve atraso na transmissão do estímulo para os ventrículos. Após a
contração atrial, o estímulo propaga-se do nodo AV para os ventrículos através do feixe AV e das fibras de Purkinje,
ocorrendo então a contração ventricular. Após a sístole, o coração relaxa e inicia-se o enchimento dos ventrículos.
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1. Período de contração Isovolumétrica (isométrica): No final da diástole, com o início da contração
ventricular a pressão intraventricular aumenta fechando as valvas atrioventriculares (VAV), porém ainda
não abrindo as semilunares. Eletricamente a sístole ventricular compreende o intervalo entre o início do
QRS e o final da onda T (intervalo QT). Mecanicamente a sístole ventricular compreende o intervalo entre
o fechamento das VAV e a abertura das válvulas semilunares. Portanto, neste período, há um aumento
na tensão ventricular com a contração ventricular, porém não ocorre ejeção de sangue visto que as
válvulas semilunares ainda estão fechadas. As VAV se fecham quando a pressão intraventricular excede
a pressão nos átrios. Nesta fase o volume intraventricular não aumenta, porém, sua pressão aumenta
rapidamente ate atingir a pressão na aorta e pulmonar.
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OBS : O impulso elétrico se propaga do NAV pelo feixe de HIS e seus ramos até o sistema de Purkinje, permitindo que os ventrículos
se contraiam da ponta (ápice do coração) para a base. No ECG, essa fase é representada pelo QRS, que significa a despolarização e
contração ventricular, caracterizando o início da sístole.
2. Período de ejeção: Com o aumento da pressão intraventricular, as válvulas semilunares se abrem nesta
fase e o sangue é ejetado durante a contração ventricular. Com a contração ventricular, a pressão
intraventricular ultrapassa a pressão das grandes artérias, abrindo as válvulas semilunares. Grande
quantidade de sangue flui dos ventrículos para as grandes artérias, com rápida diminuição do volume e
pressão intraventricular. Com a saída de sangue para as grandes artérias, a pressão intraventricular
reduz até torna-se menor que a pressão diastólica das grandes artérias, resultando no fechamento das
válvulas semilunares. Depois de atingir o pico de pressão ventricular, o fluxo sanguíneo de saída dos
ventrículos diminui ainda mais, com diminuição do volume intraventricular (volume sistólico final).
Quando a pressão intraventricular fica menor que o gradiente nas grandes artérias, o fluxo de retorno das
grandes artérias fecha as válvulas semilunares.
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OBS : No ECG, o período de ejeção compreende o intervalo entre o final do QRS e o término da onda T.
3. Período de relaxamento isovolumétrico (isométrico): No início desta fase as válvulas AV estão fechadas
e as válvulas semilunares estão fechadas. As válvulas AV ainda estão fechadas, porém os átrios estão com
pressão aumentada. A pressão intraventricular continua caindo bruscamente até atingir um valor próximo
da pressão atrial. O volume intraventricular diminui um mínimo (volume sistólico final).
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OBS : No ECG, não existe deflexão no ECG. O período de relaxamento isovolumétrico é representado pelo final da
onda T.
1. Fase de Enchimento rápido: ao final da sístole, após a fase de ejeção, há uma diminuição da pressão
intraventricular com o fechamento das válvulas semilunares. Com VAV aberta, o sangue acumulado no
átrio flui rapidamente para o ventrículo. Representa o primeiro 1/3 da diástole. O volume sanguíneo
dentro do ventrículo aumenta rapidamente, porém a pressão não se eleva o bastante para abrir VS.
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OBS : No ECG, é representado pelo inicio da linha isoelétrica após a onda T.
2. Diastase: Pequena quantidade de sangue acumulado no átrio flui lentamente para o ventrículo, durante o 1/3 médio da
diastole. O volume sanguíneo dentro do ventrículo aumenta lentamente, porém a pressão não se eleva o bastante para abrir
VS. É uma fase de enchimento lento dos ventrículos, onde o sangue flui diretamente das veias para os ventrículos.
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OBS : No ECG, corresponde ao término da linha isoelétrica após a onda T.
3. Sístole Atrial: Antes da sístole atrial o sangue fluiu passivamente dos átrios para os ventrículos pelas
válvulas AV abertas. Os átrios se contraem para encher os ventrículos antes da contração ventricular.
Ocorre no 1/3 final da diástole. O volume sanguíneo dentro dos ventrículos aumenta, bem como a
pressão, porém não o bastante para abrir as válvulas semilunares. Representa o volume diastólico final.
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OBS : O impulso elétrico chegando ao nodo sinoatrial resulta em despolarização e contração dos átrios. A onda P
representa a despolarização atrial. O segmento PR representa um atraso na despolarização do NAV. Este atraso
na condução permite o enchimento completo dos ventrículos com a contração atrial.
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As válvulas semilunares pulmonar e aórtica funcionam de modo muito diferente das válvulas A-V. Primeiro,
as pressões altas nas artérias, ao fim da sístole, provocam o fechamento abrupto das válvulas semilunares, quando
comparadas com o fechamento bem mais suave das válvulas A-V. Segundo, em razão de seus orifícios menores, a
velocidade de ejeção do sangue, pelas válvulas aórtica e pulmonar, é muito maior que pelas válvulas A-V, com orifícios
maiores. Além disso, as válvulas A-V estão fixadas por cordas tendíneas, o que não ocorre com as semilunares. Estas
se abrem quando o sangue, que foi ejetado do coração, tende a voltar por gravidade.
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Efeito dos íons Potássio: o excesso de potássio nos líquidos extracelulares faz com que o coração fique
dilatado e flácido, reduzindo a frequência cardíaca. Grande quantidade, também, pode bloquear a condução do
impulso cardíaco dos átrios para os ventrículos pelo feixe A-V. Esses efeitos resultam, em parte, do fato de a alta
concentração de potássio, nos líquidos extracelulares, diminuir o potencial de repouso da membrana das fibras
cardíacas. À medida que o potencial de membrana diminui, a intensidade do potencial também diminui, tornando
a contração cardíaca progressivamente mais fraca.
Efeito dos íons Cálcio: o excesso de íons cálcio causa efeitos quase exatamente opostos aos íons potássio,
fazendo com que o coração entre em contração espástica. Isso é causado pelo efeito direto dos íons cálcio na
excitação do processo contrátil cardíaco. Inversamente, a deficiência de cálcio causa flacidez cardíaca, similar
ao efeito do excesso de potássio. Entretanto, afortunadamente, os níveis de íon cálcio no sangue, normalmente,
são regulados dentro de uma faixa estreita pelo organismo.
DÉBITO CARDÍACO
Débito cardíaco (DC) é o volume total de sangue bombeado pelo coração por unidade de tempo. É expresso em
litros/minuto. Seus valores dependem de dois fatores: volume de sangue e número de batimentos do coração por
minuto. É proporcional a superfície corpórea.
Débito Cardíaco = Débito Sistólico x Frequência Cardíaca
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O débito cardíaco varia muito com o nível da atividade do corpo. Portanto, os seguintes fatores, entre outros,
afetam diretamente o débito: o nível do metabolismo do corpo, o exercício, a idade da pessoa e o tamanho corporal.
Para jovens sadios, o DC é, em média, de 5,6 litros/min.
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OBS : Para indivíduos obesos com insuficiência cardíaca, é recomendável a eles perder peso para não sobrecarregar o
coração: com o excesso de tecido adiposo, o coração deverá trabalhar mais para oxigenar esse tecido adequadamente
(além do efeito aterogênico nas artérias de uma dieta hipercalórica).
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OBS : Na insuficiência da câmara cardíaca esquerda (↓débito sistólico), para compensar a redução do débito cardíaco,
há um aumento da frequência cardíaca.
VOUME SISTÓLICO
Volume sistólico é o volume de sangue que o coração ejeta a cada batimento. O volume ejetado no coração
humano varia em torno de 70 ml (mililitros). O valor do volume sistólico resulta de uma interação complexa entre a força
com que a fibra se contrai (contratilidade cardíaca), o volume de sangue que chega previamente à contração (pré-
carga) e a resistência que o sistema circulatório impõe à ejeção do sangue (pós-carga). Este mecanismo particiopa de
um sistema mais amplo, que estabelece o controle do débito cardíaco (o volume de sangue que o coração ejeta a cada
minuto).
Volume Sistólico = VDF - VSF
VDF Volume Diastólico Final. Quantidade de sangue no ventrículo no final da diástole. O enchimento
ventricular é função do retorno venoso e da condução da diástole. Se um ou ambos os fatores aumentam, a VDF
também aumenta.
VSF Volume Sistólico Final. Quantidade de sangue no ventrículo após a sístole. O esvaziamento do ventrículo
é função da força de contração ventricular.
O volume sistólico é influenciado por três fatores: quantidade de sangue que retorna ao coração (pré-carga); a
pressão (força) que o ventrículo tem que vencer para ejetar o sangue (pós-carga); a contratilidade miocardica.
Pré-carga: corresponde ao comprimento das fibras do miocárdio no fim da diástole e logo antes da sístole.
Clinicamente, está relacionado ao volume de sangue no ventrículo antes da sístole. Pré-cargas elevadas indicam
possíveis insuficiências cardíacas ou hipervolemia. Redução da pré-carga pode significar hipovolemia. Fatores
que aumentam a pré-carga: constrição venosa, contração muscular, ingestão de líquidos, posição de
Trendelenburg (posição em que a cabeça está em nível mais baixo que as pernas), transfusão de sangue,
albumina, calças MAST (meias-calças de compressão pneumática que aumentam a pressão nos membros
inferiores). Fatores que diminuem a pré-carga: diuréticos, flebotomia (causa sangramento), desidratação,
dilatação venosa (estocando sangue na periferia), aumento da pressão intratorácica.
Pós-carga: corresponde a tensão que a parede do ventrículo exerce contra a resistência encontrada pelo
sangue para deixar o coração durante a sístole. A pós-carga é influenciada pela pressão aórtica e diastólica,
complacência do sistema arterial, resistência vascular periférica, volume de sangue circulante, a integridade da
valva aórtica. Fatores que aumentam a pré-carga: estenose aórtica, vasoconstrição, hipertensão, epinefrina,
norepinefrina. Fatores que diminuem a pós-carga: anti-hipertensivos (inibidores de ACE e α-adrenérgicos
antagonistas).
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OBS : A viscosidade do sangue aumenta a pós-carga, dificultando o débito cardíaco. Este é um dos motivos que faz
com que o cigarro seja contraindicado aos cardiopatas, uma vez que o cigarro aumenta o hematócrito (como um meio
que o organismo encontra para suprir a dificuldade de transporte de O 2), além do fato de que a nicotina causa
vasoconstricção.
O centro cardíaco regulatório possui dois subcentros: o centro inibitório que reduz a frequência cardíaca (por
meio do nervo vago); e o centro acelerador que aumenta a frequência cardíaca (por meio da divisão simpática do SNA).
AGENTES VASOCONSTRICTORES
Norepinefrina e Epinefrina: a norepinefrina é um hormônio vasoconstritor particularmente poderoso. A
epinefrina tem menor potência e, em alguns casos, provoca ligeira vasodilatação (como o que ocorre para dilatar
as artérias coronárias durante aumento da atividade física). Quando o SNA simpático é estimulado, durante um
estresse ou exercício físico, as terminações nervosas liberam norepinefrina, que excita o coração, as veias e
artérias. Além disso, fazem com que a glândula suprarrenal secrete tanto norepinefrina quanto epinefrina no
sangue.
Angiotensina: é uma das mais potentes substâncias vasoconstrictoras conhecidas. O seu efeito consiste em
contrair, fortemente, as pequenas arteríolas, aumentando a resistência periférica total, com consequente
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elevação da pressão arterial. Devido a esse efeito, além de vários efeitos da angiotensina sobre os rins e o
córtex da suprarrenal, esse hormônio desempenha papel fundamental na regulação da pressão arterial por meio
do sistema renina-angiotensina.
Vasopressina: também denominado de hormônio antidiurético, é ligeiramente mais poderosa que a
angiotensina como constritora. A vasopressina é formada no hipotálamo, mas transportada à corrente sanguínea
pela hipófise posterior. Ela é secretada, principalmente, após quadros de hemorragias graves, na tentativa de
restabelecer a pressão arterial perdida devido à hipovolemia. Além disso, a vasopressina desempenha função de
suma importância para aumentar, acentuadamente, a reabsorção de água no sangue, a partir dos túbulos renais.
Endotelina: é outra substância de elevado poder constritor. Após graves lesões do vaso sanguíneo, é,
provavelmente, a subsequente liberação local de endotelina e a vasoconstricão que impede a ocorrência de
sangramento extenso em determinadas artérias de pequeno calibre.
AGENTES VASODILATADOES
Bradicinina: substâncias denominadas cininas, que causam poderosa vasodilatação, são formadas no sangue e
nos líquidos teciduais de alguns órgãos. São pequenos peptídeos que provocam intensa dilatação arteriolar,
bem como aumento da permeabilidade capilar.
Histamina: é liberada praticamente em todos os tecidos do corpo quando eles estão lesados ou sofrem
inflamação ou reação alérgica. A maior parte da histamina liberada provém dos mastócitos nos tecidos lesados e
dos basófilos no sangue. A histamina tem potente efeito vasodilatador sobre as arteríolas e, como a bradicinina,
tem a capacidade de aumentar, acentuadamente, a porosidade capilar, permitindo o extravasamento de liquido e
de proteínas plasmáticas no tecido. Em casos patológicos, a dilatação arteriolar e o aumento da porosidade
capilar, produzidos por efeitos da histamina, desencadeiam na formação de edemas.
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Isso é causa da resistência ao movimento do sangue nos vasos (pequena quantidade de sangue tem que fluir
para diante à frente da onda do pulso) e da complacência do vaso (maior a quantidade de sangue a frente da onda do
pulso).
A pressão sistólica é a pressão máxima, cujo valor normal nas artérias é de 120mmHg e a pressão
diastólica é a pressão mínima, período em que os ventrículos relaxam, cujo valor normal é de 80mmHg. Segundo
critérios da Organização Mundial da Saúde, quando a pressão sistólica é maior ou igual a 140mmHg e a diastólica
estando maior ou igual a 90mmHg, já estamos diante de um quadro de hipertensão.
A PA média corresponde à média de todas as pressões por um determinado intervalo de tempo. A PA média é
mais próxima da pressão diastólica. 60% da PA média determinada pela PAD e 40% pela PAS.
Em outras palavras, a PAM nada mais é que o acréscimo de 1/3 da diferença entre as pressões sistólica e
diastólica ao valor da PAD. Portanto, a pressão de perfusão normal (para o nosso exemplo) é de 93,3 mmHg (isto é, a
pressão média).
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Quando a PVC está acima de 0 mmHg, significa acúmulo de sangue no átrio direito. Esse acúmulo é transmitido
retrogradamente para as veias com distensão das mesmas e aumento da pressão. Com isso, a pressão venosa
periférica aumenta: PAD 4-6 mmHg.
MICROCIRCULAÇÃO
É na microcirculação onde ocorrem as mais importantes funções da circulação: transporte de nutrientes pra os
tecidos; remoção dos produtos de excreção celular; troca de nutrientes; e a coleta de catabólitos.
Arteríola Metarteríola Capilares Vênulas
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Quando a pressão arterial está abaixo do ponto de equilíbrio, como, por exemplo, com 70 mmHg, o débito
urinário é menor que a ingestão. Isso acontece para que haja uma retenção de líquido e um aumento do volume
circulante. Por balanço positivo, há um aumento da PA, a qual retorna ao ponto de equilíbrio.
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OBS : Ganho Infinito: a volta da pressão arterial ao ponto de equilíbrio é o princípio do ganho infinito para o controle
da pressão arterial pelo mecanismo renal-líquido corporal.
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Em resumo, o SRAA é um sistema hipertensivo (que trabalha a favor de um balanço positivo), aumentado à
resistência periférica, aumentando a sede, aumentando a reabsorção de água e Na+. Esse é o motivo de se usar
medicamentos que bloqueiam o SRAA para prevenção da hipertensão (como por exemplo: inibidores da ECA, como o
Captopril; bloqueadores de angiotensina II, como a Losartana).
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OBS : Peptídeo Natriurético Atrial (ANP): É um agente antagonista
do SRAA (com efeito natriurético), isto é: que não trabalha a favor da
hipertensão. É produzido a partir de uma distensão da parede atrial por
estimulação simpática ou por angiotensina II.
Atuação indireta: promove excreção de sódio na urina
(natriurese); diminui a secreção de renina pelos rins; diminui a
sensibilidade das células da zona glomerulosa; diminui a
atividade simpática.
Atuação direta: relaxa arteríolas aferentes e constringe as
eferentes no corpúsculo glomerular, aumentando a FG, que
resulta numa maior perda de sódio pela urina, no sistema
cardiovascular, diminui pressão arterial pela vasodilatação e
diminuição da resistência periférica.
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