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Curso on-line Caminhos da Escrita

Módulo 6

Letramento em sala de aula: no mundo da escola, o mundo do trabalho

Autores: Etelvina Almeida Lima


Shirlei Marly Alves

1. Justificativa

Os estudantes de Ensino Médio estão em uma etapa da vida em que o mundo do


trabalho já se apresenta como uma possibilidade ou como uma necessidade. Em
consonância, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para essa etapa da
escolarização, os alunos devem ser preparados para o mundo do trabalho. Assim, na
escola, as práticas de letramento não podem desconsiderar essa importante esfera
social na qual esses alunos virão a se inserir. Nesse sentido, com este projeto, busca-
se, no âmbito da disciplina Língua Portuguesa, propiciar práticas de leitura e escrita que
possibilitem, de forma sistematizada, o acesso a informações, reflexões, debates e
elaborações de textos, visando a contribuir para uma preparação adequada às
demandas sociais ligadas ao mundo do trabalho.
A escola como instância formadora para as diversas demandas sociais, com
destaque para o mundo do trabalho (PCNEM, 2002) não pode deixar de contemplar,
nas práticas de letramento que desenvolve, aquelas diretamente ligadas à esfera do
trabalho profissional, na qual os alunos podem vir a se inserir. Em conformidade com os
PCN,

As propostas de mudanças qualitativas para o processo de ensino-aprendizagem


no nível médio indicam a sistematização de um conjunto de disposições e
atitudes, como pesquisar, selecionar informações, analisar,sintetizar informações
, negociar significados, cooperar, de forma que o aluno participe do mundo social,
incluindo-se a cidadania, o trabalho e a continuidade do estudo. Como objetivar
tais competências sem um trabalho sistemático e organizado com a linguagem?
(BRASIL, 2000, ênfase adicionada).
Nessa perspectiva, as práticas de letramento do mundo do trabalho são de
fundamental importância para os alunos, visto que lhes permitirão aprender a lidar com
os diversos gêneros de texto com que se efetivam as práticas de linguagem nesse
universo. Desse modo, o aluno estará se preparando para interagir de forma eficiente,
em atividades de escrita e de oralidade.
Com uma organização em forma de oficinas, nas quais os alunos participarão
ativamente da construção de conhecimentos, o projeto viabilizará uma prática
pedagógica dinamizada e participativa, de modo a também incentivar atitudes
necessárias ao trabalhador contemporâneo, o qual é convocado a tomar iniciativas, a
socializar ideias, a fazer propostas, cultivando relacionamentos interpessoais proativos.
Em termos materiais, as condições para o desenvolvimento do projeto são
adequadas, pois a escola conta com datashow, máquina de xérox, necessários para a
exposição e reprodução de materiais de leitura. Além disso, pode-se também contar
com um espaço no qual se realizarão as oficinas previstas neste projeto.

2. Fundamentação teórica

As discussões sobre letramentos e a relação entre esse fenômeno e o ensino na


Educação Básica têm se pautado em variadas perspectivas. Neste projeto de trabalho a
ser executado no âmbito do Ensino Médio, intenta-se tornar os alunos sujeitos mais
habilitados a interagir através da palavra, de modo a ampliarem suas capacidades de
se colocarem como autores e leitores críticos, com ênfase nas práticas linguageiras
ligadas ao universo do trabalho.
Ainda na década de 1980, Street (1984, 1988) previa uma mudança de
perspectiva nos Estudos de Letramento, a qual levaria a um modelo alternativo de
análise da escrita, baseado nos significados das práticas de letramento no cotidiano
das pessoas, ou seja, o letramento não como uma prática universal para todas as
pessoas e/ou grupos sociais, mas, ao contrário, como um processo intrinsecamente
ligado aos interesses dos indivíduos e/ou grupos sociais nele envolvidos, podendo
servir, por isso, a inúmeros fins, como adaptar as convenções trazidas pelas agências
oficiais de letramento (escola, por exemplo) no sentido de se apropriar de um
conhecimento novo e usá-lo com sentido próprio.
Assim, os Estudos de Letramento, antes voltados para os aspectos mentais do
indivíduo, vêm transferindo seu foco de interesse para os processos interacionais
existentes entre os sujeitos, passando a entender que as pessoas se apropriam da
escrita devido a interesses particulares, relacionados ao meio social em que estão
situadas.
Práticas variadas de letramentos permeiam nossas ações cotidianas. Ler notícias
em jornais e revistas; fazer buscas em sites; ler livros literários ou não para diversos
fins; ler letreiros de ônibus e de anúncios em geral; orientar-se pelas placas no trânsito;
buscar informações em bulas de remédio, receitas culinárias; seguir orientações na
utilização de caixas bancários etc. Esses são alguns exemplos de práticas que
constituem formas de utilização social da leitura e da escrita, sendo assim se
constituem como práticas de letramentos.
No Brasil, o termo letramento passou a se fazer presente nos textos acadêmicos
e nos de divulgação mais informais, nas áreas de educação, psicologia e linguística,
principalmente. As definições de letramento costumam ser tão variadas quanto a
formação das pessoas que escrevem sobre a temática. Entretanto, quase todos os que
escrevem sobre a questão atrelam a concepção de letramento aos usos e funções que
os sujeitos fazem da escrita.
Estudos como o de Soares (2000), Kleiman (2005) e Rojo (2009) já não consideram
o letramento e a construção da escrita como fenômenos universais, indeterminados
social e culturalmente e responsáveis pelo progresso, a civilização, o acesso ao
conhecimento e à mobilidade social. Assim, define-se letramentos como práticas sociais
ligadas, de uma ou de outra maneira, à escrita, em contextos específicos, para
objetivos específicos.
As práticas letradas escolares passam então a ser apenas um tipo de prática
social de letramento, que, embora continue sendo, nas sociedades complexas, um tipo
dominante – relativamente majoritário e abrangente -, desenvolve apenas algumas
capacidades e não outras. Ao relacionar os usos e as funções atribuídas à escrita à
organização dos grupos na sociedade, focalizando as consequências socioculturais,
políticas e/ou cognitivas do recurso à palavra escrita, os estudiosos passaram a centrar
sua atenção na interferência dos modos de socialização para a construção, pelos
sujeitos, de uma relação com a palavra escrita (HEATH, 1982). Por essa razão, os
estudos provocaram um deslocamento importante na forma de se conceber o processo
de aprendizagem da escrita e da leitura: o olhar deixa de ser discriminatório, pois o que
se procura compreender é o que o sujeito faz quando recorre à palavra escrita e por
que ele faz o que faz.
Para Rojo (2009, p. 99), o “significado do letramento” varia através dos tempos e
das culturas e dentro de uma mesma cultura. “Por isso, práticas tão diferentes, em
contextos tão diferenciados, são vistas como letramento, embora diferentemente
valorizadas e designando a seus participantes poderes também diversos”.
(Rojo (2009) avança nas discussões, propondo a perspectiva de letramentos
múltiplos:

O conceito de letramentos múltiplos é ainda um conceito complexo e muitas


vezes ambíguo, pois envolve, além da questão da multissemiose ou
multimodalidade das mídias digitais que lhe deu origem, pelo menos duas
facetas: a multiplicidade de práticas de letramento que circulam em diferentes
esferas da sociedade e a multiculturalidade, isto é, o fato de que diferentes
culturas locais vivem essas práticas de maneira diferente (ROJO, 2009, p. 108-
109).

Assim também são apresentadas denominações até então ainda não


discutidas: letramentos multissemióticos, letramentos críticos e protagonistas e
letramentos múltiplos, pois, mediante a diversidade de práticas culturais e sociais de
leitura e escrita que se fazem presentes na sociedade atual, mais do que letramento ou
letramentos, o termo que abarca melhor essa complexidade é letramentos múltiplos.
Geralmente, só as pessoas efetivamente alfabetizadas podem dispor de algumas
informações só acessíveis àqueles que conseguem fazer uso da leitura e da escrita.
Conceber a língua como, dentre outros aspectos, o principal instrumento de interação
entre as pessoas é algo que deve nortear a concepção de língua escrita presente nas
práticas de ensino-aprendizagem escolares.
·
3. Pré-projeto de práticas de letramento em sala de aula

3.1 – Discussão dos aspectos culturais e sociolinguísticos implicados no projeto

As práticas de letramento previstas neste projeto envolvem culturas diferentes,


pois implicam num encontro entre o mundo da escola e o mundo das atividades
profissionais, no qual as ações são sistematizadas com vistas ao alcance de objetivos
diversos daqueles presentes na instituição escolar.
O projeto visa estabelecer uma relação de convergência entre essas esferas
(escola, trabalho), a fim de que o aluno vivencie, nas atividades de ensino-
aprendizagem, as rotinas do mundo do trabalho, no qual já pode estar inserido ou vir a
se inserir.
A abordagem da variação linguística será fundamental, pois o projeto prevê o
estudo de textos pertencentes aos gêneros textuais anúncio de emprego, carta de
apresentação, currículo e entrevista de emprego, gêneros que diretamente relacionados
com práticas de letramento típicas da esfera do trabalho, no qual a produção de textos
orais e escritos precisa ser adequada às relações profissionais. Desse modo, uma
reflexão sobre a importância do uso da variedade culta e da linguagem técnica será
necessária, consolidando-se os conhecimentos sobre as relações entre a adequação
da linguagem ao contexto de interação social. Desse modo, possibilita-se uma melhor
compreensão sobre a importância do domínio das gramática da norma culta, em função
das esferas de comunicação que a valorizam, desfazendo o mito de que essa
variedade é melhor ou mais correta em si mesma.

3.2 – Estratégias gerais para promover a motivação e a adesão dos alunos ao


projeto

As estratégias previstas são as seguintes:

* Pesquisa na internet sobre profissões almejadas pelos alunos e apresentação


dos dados em uma roda de conversa sobre as aspirações e projetos dos alunos em
relação ao campo profissional, com a criação de um mapa que demonstre, no conjunto,
essas visões.
* Dramatização de depoimentos sobre profissões, em que os alunos assumem o
papel dos profissionais da área que pesquisaram e falam, desse lugar, sobre a
profissão.
* Exibição de vídeo sobre jovens no mercado de trabalho: Reportagem, com
discussão sobre o conteúdo da matéria.
* Convite a três pessoas da comunidade, de diferentes campos profissionais,
para um bate-papo sobre o mundo do trabalho.

3.3 – Definição do tratamento a ser dado aos gêneros envolvidos na prática:

Serão trabalhados, como já citado, os seguintes gêneros textuais: anúncio de


emprego, carta de apresentação, currículo e entrevista de emprego. O diagnóstico
sobre o conhecimento dos alunos acerca desses gêneros será feito com a exposição de
exemplares de textos, com questões dirigidas acerca das experiências dos alunos,
enfocando o que é comum entre os gêneros e o que é específico de cada um,
oralmente e em trabalho escrito. (cf. Anexo 1).
Na sequência didática a ser elaborada para a apropriação das características
dos gêneros, serão seguidos os passos de diagnóstico, produção inicial, estudo do
gênero a partir de modelos de referência e do diagnóstico na produção inicial, e a
produção final.
Outros gêneros, como reportagem, entrevista oral, documentário, entre outros,
serão usados como atividades meio, para alimentação temática e/ou levantamento de
dados e/ou como estratégias de leitura, estudo e produção de textos etc.

3.3 – Levantamento da multimodalidade a que a prática de letramento submete


todos estes textos

Além da linguagem verbal, predominante nos gêneros a serem trabalhados nas


oficinas, a multimodalidade será considerada em função das seguintes características
dos gêneros:
* o anúncio de emprego, de acordo com o veículo, é composto com imagens que
participam do sentido do texto.
* a entrevista de emprego requer também um cuidado com o gesto, o visual, a
postura do corpo, o tom de voz, elementos geralmente observados como pertinentes na
avaliação dos candidatos.
* o currículo, com a inclusão da foto do autor, requer também uma reflexão sobre
os sentidos que a imagem contribui para construir.

3.4 – Investigação sobre as possibilidades de integração do projeto com outras


disciplinas

O trabalho poderá se articular com a Sociologia, a Filosofia e a História,


disciplinas que tratam das relações com o meio ambiente político, econômico, social, no
qual tem uma grande preponderância as atividades de trabalho.
Poderá também ser articulado à disciplina de Geografia já que muitos alunos têm
sua família proveniente do Nordeste e pretendem retornar à terra natal. Sendo assim, a
Geografia os auxiliaria a identificar as diferenças de interesses de regiões tão diversas
tanto na cultura quanto nas indústrias e possibilidades de trabalho.
Ao ser apresentado na reunião pedagógica, o projeto poderá ser apreciado pelos
professores dessas disciplinas, os quais poderão sugerir formas de participação que
colaborem para uma melhoria do projeto inicial, ao se estabelecerem relações
interdisciplinares.

3.5 – Eventos de letramento decorrentes do trabalho dentro e/ou fora do ambiente


escolar

O projeto prevê:

● Eventos fora da escola: visita a empresas, a fim de os alunos obterem uma visão
mais contextualizada sobre como ocorrem as relações entre os trabalhadores,
via escrita ou via oralidade. As parcerias serão feitas com empresas que se
dispuserem a receber os alunos e a alocar profissionais para as explicações
sobre as formas de comunicação de que participam.
Também se prevê pesquisa individual com profissionais, focando-se os seguintes
aspectos: dados sobre a profissão - curso necessário (nível médio ou superior);
características específicas da atividade profissional da área; espaço de atuação;
aspectos interessantes da profissão; desafios; dificuldades.

● Eventos na escola: pesquisa sobre o próprio ambiente da escola como local de


trabalho, focando o modo como se dão as interações e os usos da linguagem.
Mural da Profissão: composto dos resultados das pesquisas, a fim de que todos
os demais alunos da escola possam tomar ciência dos dados sobre as várias
profissões pesquisadas.

3.5 – Avaliação dos trabalhos

Os alunos serão avaliados ao longo das atividades que desenvolverão no


projeto, porém a avaliação final poderá ser uma Feira de Profissões, para a qual serão
convidados profissionais e estudantes de várias profissões. Dessa forma os alunos do
projeto terão oportunidade de conversar com pessoas que já atuam nas profissões e
com estudantes que cursam a faculdade com vistas a se tornarem profissionais. Terão
então uma visão prática das dificuldades e desafios que determinada profissão traz e
poderão comparar a todo processo percorrido pelo projeto.
Os stands da Feira serão montados pelos alunos participantes do projeto, sendo
avaliados pelos convidados, através de check list , que será depositado em urnas.
Posteriormente, essas respostas serão computadas e socializadas nas salas de aula.
Ao final do processo, os alunos produzirão um Relato de Experiência, a fim de
fazerem uma reflexão sobre as experiências vivenciadas e os aprendizados
construídos. Esses relatos serão avaliados pela professora e, se necessário, solicitada
reescrita, a fim de se compor uma coletânea em forma de caderno, que figurará com um
componente importante de arquivo da experiência.
4. Referências

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Média e


Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília, 2000.

HEATH, S. B. Protean shapes in literacy events: ever-shifting oral and literate traditions.
In: TANNEN, Deborah. (ed.). Spoken and written language: exploring orality and
literacy. Norwood, N. J.: Ablex, 1982.

KLEIMAN, A. B. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática


social da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 1995.

ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo:


Parábola Editorial, 2009.

STREET, B. V. Literacy in theory and practice. Cambridge: Cambridge University


Press, 1984.

______. Cross-cultural approaches to literacy. Cambridge: Cambridge University


Press, 1993.

SOARES, M. B. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte:


Autêntica, 2000.

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