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4 CASO DE GLÓRIA TREVI

Glória de Los Angeles Treviño Ruiz, nasceu em 15 de fevereiro de 1968, em


Monterrey, Nuevo León, no México, onde ficou famosa por sua atuação como cantora e
atriz. Viveu um envolvimento romântico com o seu empresário, Sergio Andrade, com
quem foi acusada de envolvimentos com drogas ilícitas e exploração sexual de
menores, pela ex-esposa dele, em 1999. Nesse contexto, surgiu Karina Gómez Yapor,
de 16 anos, alegando estar grávida de Sérgio Andrade.
Diante das acusações Glória Trevi, Sérgio Andrade e uma cantora de apoio
chamada Maria Raquenel Portillo fugiram do México, por uma rota através da Europa,
e acabaram por chegar no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, onde foram
localizados e presos em 2000.
O Estado do México apresentou um pedido de prisão preventiva para fins de
extradição, ao Ministro da Justiça, com base nos artigos 81 e 82 do Estatuto do
Estrangeiro - Lei 6815/1980 vigente à época e, no Tratado de Extradição firmado com o
Brasil, aqui promulgado pelo Decreto nº 2.535, de 22 de março de 1938 e publicado no
Diário Oficial de 2 de abril de 1938.

Art. 81. O Ministério das Relações Exteriores remeterá o pedido ao


Ministério da Justiça, que ordenará a prisão do extraditando colocando-
o à disposição do Supremo Tribunal Federal. (Renumerado
pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

Art. 82. Em caso de urgência, poderá ser ordenada a prisão


preventiva do extraditando desde que pedida, em termos hábeis,
qualquer que seja o meio de comunicação, por autoridade competente,
agente diplomático ou consular do Estado requerente.
(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

O Ministro da Justiça encaminhou ao STF, o pedido de prisão preventiva,


fundamentado nas ordens de prisão, diante do processo instaurado no México para
averiguação dos crimes de corrupção de menores, violação (o estupro, na legislação
brasileira) com penalidade agravada e rapto, com fulcro nas leis penais do mencionado
Estado, e em conformidade ao exigido no artigo IV do Tratado de Extradição acordado
entre o México e o Brasil, a seguir exposto.
ARTIGO IV - O pedido de extradição será feito por via diplomática e
instruído com os seguintes documentos: a) tratando-se de
processados, mandado de prisão ou ato equivalente expedido, um ou
outro, por juiz ou autoridade competente; b) tratando-se de
condenados, sentença condenatória passada em julgado

§ 1º - Essas peças serão juntas em original ou em cópia autêntica e


deverão conter a indicação precisa do fato incriminado, o lugar e a data
em que o mesmo foi cometido, e ser acompanhadas de cópia dos
textos de lei aplicáveis à espécie e dos relativos à prescrição da ação
penal e da condenação.
§ 2º - Sempre que seja possível, a esses documentos acompanharão
os sinais característicos e a fotografia da pessoa reclamada, bem como
quaisquer indicações capazes de facilitar a sua identificação.

§ 3º - As peças justificativas do pedido de extradição serão, quando


possível, acompanhadas de sua tradução na língua do Estado
requerido.

§ 4º - A apresentação, por via diplomática, do pedido de extradição,


constituirá prova suficiente da autenticidade dos documentos
produzidos em seu apoio, os quais, dessa forma, serão havidos por
legalizados.

ARTIGO V - Em caso de urgência, as Partes contratantes poderão


pedir, uma à outra, diretamente, por via postal ou telegráfica, ou por
intermédio de seus respectivos agentes diplomáticos ou consulares, a
prisão provisória do inculpado e a apreensão dos objetos relacionados
com o crime que lhe seja imputado. O pedido de prisão deverá conter
a declaração da existência de um dos documentos enumerados nas
letras a e b do artigo precedente e a indicação de infração que autorize
a extradição segundo este Tratado. Se, dentro em noventa dias
contados daquele em que se houver efetuado a prisão provisória, o
Estado requerido não receber o pedido formal de extradição
devidamente instruído, será o detido posto em liberdade, sem prejuízo
do processo de extradição.

A prisão preventiva foi decretada em janeiro de 2000 pelo o STF, na pessoa do


Ministro Carlos Velloso, que entendeu que estavam presentes todos os pressupostos legais
para tanto.
Depois de presa na Superintendência da Polícia Federal de Brasília, Gloria Trevi
apresentou agravo regimental, em que foi alegado que a ordem de prisão do México
apresentava tão somente o nomen juris do tipo penal, não mencionando em momento algum
os fatos que lhe eram, então, atribuídos no curso do processo penal, de modo que não tinha
condições de exercer um contraditório e a ampla defesa, que lhe são assegurados pelo
devido processo legal.
O STF negou provimento ao agravo regimental, pois entendeu que havia
correspondência nas leis brasileiras dos crimes que foram imputados à Glória Trevi, sendo,
portanto, possível a extradição, encontrando-se o pedido apoiado em prévio Tratado de
Extradição firmado entre o México e o Brasil, e que seria desnecessário uma discussão
prévia acerca do mérito da extradição, que iria ocorrer momento oportuno, diante da
instrução processual e levando-se em conta o devido processo legal.
Na defesa, seguiu-se alegando falta de informações na documentação
apresentada pelo México e que teria ocorrido ocultação proposital dos textos das definições
legais dos crimes que lhe foram imputados, afirmando que não haveria real correspondência
com os tipos legais da legislação brasileira, e que na verdade estavam tomando por
referência a legislação do Estado de Chihuana, erroneamente já que os fatos que lhes
tentam imputar não teriam ocorrido lá e não teriam qualquer vínculo que pudesse
estabelecer a competência do seu judiciário para julgar. Além disso, alegou que a profusão
das notícias e contorno público dado a causa tornaria impossível um julgamento justo e
imparcial no México, e que, por isso, se extraditada seria uma verdadeira vítima de um
tribunal de exceção. A defesa ainda afirmou ter ocorrido decadência e prescrição dos crimes
que estavam sendo imputados à Glória Trevi.
Com relação à alegação de incompetência dos juízes responsáveis pelo
julgamento de Trevi no México, o STF decidiu, com base na sua jurisprudência, que na
apreciação do pedido de extradição deve-se ater para ao cumprimento das formalidades
exigidas no tratado, por exemplo se a ordem de prisão foi decretada por juiz ou autoridade
competente, também nos termos do art. 80 Lei 8615/80, não sendo cabível analise e decisão
acerca das regras de competência do país, que realiza o requerimento, pois seria
configuraria grosseira invasão em assuntos internos adstritos a sua soberania, além de tonar
a corte uma inadmissível instância recursal da justiça alienígena.
Não obstante, o STF chegou a afirmar que de todo modo a razão não se encontra
com a defesa, pois conforme a ordem de prisão do México, pelo menos a maioria dos fatos
que lhes foram imputados ocorreram no Estado de Chihuahua, cabendo a sua justiça
processor e julgar o caso. E por fim, reiterou, que caberia tão somente ao México decidir
acerca de possível exceção de incompetência.
Sobre a alegação de decadência feita pela defesa, na sentença, o relator do
caso, expôs o parecer do Procurador Geral da República, que entendeu que a ordem de
prisão apresentada trouxe informações minuciosas acerca das datas dos fatos, de modo
que há elementos suficientes para decisão do STF acerca da decadência e prescrição
alegada pela defesa. Asseverou ainda que os delitos apurados, no México, tanto lá quanto
no Brasil, não estavam prescritos ou mesmo sujeitos a decadência, a qual se daria tão
somente no crime de rapto, sendo de ação penal condicionado a reclamação, mas que
mesmo se fosse possível verificar a decadência não havia na Lei 6815/80 qualquer
impedimento à extradição.
Ademais o relator ainda afirmou na sentença que no processo de extradição não
cabe qualquer análise de mérito das acusações, pois sobre a sua procedência ou não dirá,
os juízes competentes nos processos criminais em questão, e ressaltou por fim que as
ordens de prisão foram estão fundamentadas, conforme o exigido, e, inclusive de maneira
exaustiva.
Com relação as alegações da defesa sobre falta das garantias de um julgamento
isento do caso de Glória Trevi no seu país, na sentença asseveraram que não havia
cabimento para por essa questão em dúvida, pois o México é um Estado Democrático de
direito, com pleno funcionamento das instituições eleitorais, e da mesma forma seria o seu
Judiciário, na sua atuação independente.
Diante disso, em 07/12/2000, o plenário do STF decidiu por unanimidade deferir o
pedido de extradição de Glória Trevi, conforme a ementa a seguir:
- Extradição. 2. Pedido formulado pelo Governo dos
Estados Unidos Mexicanos. Invocação do Tratado de
Extradição México-Brasil, arts. IV e V. 3. Custódia preventiva
para extradição mantida pelo Plenário do STF. 4. Ordens de
Prisão, invocando-se o art. 16 da Constituição dos Estados
Mexicanos, em virtude de processos instaurados contra os
extraditandos, por prática de crimes de corrupção de
menores, violação com penalidade agravada e rapto, com
base em dispositivos do Código Penal do Estado de
Chihuahua e normas do Código de Procedimentos Penais
do mesmo Estado. 5. Irrelevância da distinção pretendida
pela defesa, no caso concreto, entre "mandado de
apreensão" e "auto de formal prisão". 6. Condutas
imputadas aos extraditandos que possuem, também, no
Brasil, enquadramento penal típico. 7. Não cabe, em
processo de extradição, discutir o mérito das acusações
contra os extraditandos no Estado de origem. Se são elas
procedentes, ou não, dirão os juízes e tribunais do Estado
requerente. 8. Ordens de prisão emanadas de autoridades
judiciárias competentes, fundamentadas suficientemente. 9.
Inocorrência de extinção de punibilidade pela prescrição,
em face das normas regentes da matéria, do Estado
Chihuahua, e da legislação brasileira. 10. Não cabe acolher
fundamento segundo o qual não haveria julgamento isento
dos extraditandos no Estado requerente, inexistindo dúvida
quanto à independência do Poder Judiciário mexicano e seu
regular funcionamento. 11. Pedido de extradição deferido.
(STF - Ext: 783 ME, Relator: Min. NÉRI DA SILVEIRA,
Data de Julgamento: 07/12/2000, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: DJ 05-10-2001 PP-00039 EMENT VOL-02046-01
PP-00005)

Ocorre que a situação da extraditando restou complicada, pois aproximadamente


um ano após a sua prisão, Glória Trevi estava grávida. À época muito se discutiu sobre
como ela teria engravidado, visto que era proibida de receber visitas íntimas. Alguns
agentes foram acusados de a terem estuprado dentro das dependências da
Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal. Enquanto que em entrevistas
Trevi sempre se negou em informar sobre o modo como engravidou e quem seria o pai do
bebê, e se negou também a realizar qualquer tipo de exame que pudesse esclarecer a
questão.
Glória Trevi ainda tentou obter o status de refugiada no Brasil, perante Conselho
Nacional dos Refugiados (Conare), em Fevereiro de 2001, para dessa forma evitar o
prosseguimento do processo de extradição, em conformidade com a Lei 9474/97, que trata
sobre refugiadas, e em seu artigo 33 veda qualquer pedido de extradição baseado nos
fatos que fundamentaram a concessão de refúgio ou no mínimo retardar o processo de
extradição nos termos do artigo 34 da mesma lei. Contudo, o pedido que foi negado pelo
Conare, e também no recurso administrativo decidido pelo Ministro da Justiça, à época
Paulo de Tarso.
Nesse contexto, houve uma decisão de um juiz federal mandado que fosse feita a
coleta de material de genético da placenta de Glória Trevi para confirmar a paternidade,
contudo tal decisão foi parcialmente reformada pelo STF, que entendeu só a Corte teria
competência para tal decisão.
Os policiais federais acusados de abusarem sexualmente de Trevi interpelaram o
processo de extradição, solicitando que a questão da paternidade fosse esclarecida antes
da saída mesma do país, para que tivessem condições de ter sua honra e fama
restauradas.
O STF decidiu em plenário, no dia 21/02/2002, por maioria, com 10 votos a 1,
pela realização de exame de DNA na placenta de Glória Trevi para esclarecer a
paternidade do seu filho, Angel Gabriel, nascido em 18/02/2002. Na decisão o STF
entendeu pela prevalência do interesse pública em face ao direito a intimidade de Trevi,
diante das circunstâncias do caso concreto, em que ela alegou ter sido violada
sexualmente quando presa, mas não prestou queixa para tornar apto a elaboração de
ação penal com relação ao crime que alegou ser vítima e se recusou a todo momento
colaborar com a investigação, colocando em cheque a imagem, honra e moral de vários
dos servidores da Superintendência da Polícia Federal de Brasília, onde estava presa, e
mesmo das instituições brasileiras e do próprio país, visto que aqui estava sob sua guarda
e tutela. Além disso, como o exame de DNA seria realizado na placenta já descartada
após o parto, não haveria qualquer violação da integridade física de Glória Trevi.
Com o resultado do DNA comparado com mais de 60 pessoas que atuavam
como servidores da Superintendência da Polícia Federal de Brasília, foi comprovado que
nenhum deles é responsável pela paternidade. E foi comprovado que o pai do bebê na
verdade era Sergio Andrade, seu empresário. Especulou-se, então, que arquitetaram uma
inseminação artificial artesanal utilizando uma caneta.
Ressalte-se que mesmo que o responsável pela paternidade fosse brasileiro, a
extradição não poderia ser evitada por tal argumento, visto que conforme o entendimento
do STF consolidado na Súmula 421 não impede a extradição a circunstância de ser o
extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro. Desse modo, apesar de Angel
Gabriel ser brasileiro nato, por ter nascido em território brasileiro, não podendo assim ser
extraditado, não resta impedida a extradição de Glória Trevi por tal fato.
O processo de extradição seguia a passos lentos devido aos recursos propostos
pela defesa de Glória Trevi. Contudo, em 28/11/2002, realizaram um pedido de desistência
de todos os recursos e, que, então fosse efetivada a extradição para o México, conforme
havia sido decido, pelo STF no acordão proferido em dezembro de 2000. Com a retomada
o do andamento processual, o pedido foi acatado e foi remetido ao Ministério da Justiça
para que tomasse as medidas cabíveis para efetivar o retorno de Trevi ao seu país de
origem.
Em 19/12/2002, Glória Trevi retornou ao México juntamente com o seu filho, onde
respondeu pelas acusações de corrupção de menores e violação (estupro) agravado por
rapto. Por fim, em 21/09/2014, foi inocentada de todos os crimes, pois não encontram
elementos que os provassem, sendo então liberada depois de passar quase 5 anos na
prisão. Ainda em 2004 retomou sua carreira musical, na qual teve muito sucesso.

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