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Rui Santos1
A UE tem vindo a prestar cada vez mais atenção e a dar mais importância à sua relação com
a China. Iniciada em 1975, quando a então Comunidade Europeia estabeleceu relações
diplomáticas com o Estado em questão, a relação Sino-Europeia desenvolveu-se, numa
primeira fase, apenas no domínio económico. Esta fase tem o seu ponto alto com o acordo
de 19852 que vem enquadrar as relações económicas, quer ao nível comercial quer ao nível
da cooperação económica, entre as duas entidades, a UE e a China, vigorando até aos dias
de hoje.
No entanto esta relação é igualmente marcada pelo contexto internacional vigente nas
décadas de 70 e 80 do século XX – esta situação, marcada pela Guerra Fria existente entre
os EUA e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O bipolarismo em que a
Comunidade Internacional estava mergulhada vem enquadrar, segundo as palavras de David
Shambaugh, as relações entre a então Comunidade Europeia e a China nas relações que
ambos desenvolviam com as Superpotências em conflito3.
1
Rui.alexandre.dos.santos@gmail.com
2
“Agreement on Trade and Economic Cooperation between the European Economic Community and the
People's Republic of China – 1985”,
http://www.eu.int/comm/external_relations/china/intro/1985_trade_agreement.htm , 15/08/2005
3
Ver SHAMBAUGH, David, "China and Europe: The Emerging Axis, Current History", Setembro de 2004,
p. 245 in http://www.brookings.edu/views/articles/shambaugh/20040901.pdf, 30/08/2005
4
Ver HUA, Xing, "China-EU Strategic Partnership: Origin and Prospects", p. 1, artigo apresentado na
Conferência da Fundação Oriente, subordinado ao tema “CHINA e EUROPA”, que decorreu entre 15 e 7
de Junho de 2005, no Convento da Arrábida, e na qual o autor do presente texto participou.
marcado por uma maior entusiasmo da CE/UE nesta relação face ao período anterior e tal
deveu-se a uma conjunção de factores dos quais ressaltam: o massacre de Tiananmen, na
China, em 1989, em que o Governo Chinês reprimiu uma manifestação de estudantes pró-
democracia5; as convulsões vividas na Europa como consequência da queda do Muro de
Berlim e da re unificação alemã 6 ; e o Tratado de Maastricht, que vem criar a União Europeia,
dando um novo impulso e uma nova configuração ao Projecto Europeu.
É a partir dos meados dos anos noventa do século XX, mais concretamente desde 1994, que
a China passa a ser vista como um parceiro estratégico pela União Europeia, um Estado com
o qual a União quer aprofundar as suas relações. É a partir desta altura que se começa a
desenhar aquilo que David Shaumbaugh apelida de um eixo emergente das Relações
Internacionais7. Uma relação de enorme importância a nível económico, a nível político e a
nível estratégico, que se baseia em quatro pressupostos básicos:
u A similitude da situação vivida por ambos os actores durante a Guerra Fria que faz
com que exista uma simpatia e vontade mútuas de aprofundar os laços entre si;
5
O massacre de Tiananmen desencadeou medidas enérgicas por pare dos governos ocidentais, sendo
que a mais popular e mais actual é o embargo de venda de armas à China, que tanta tinta tem feito
correr nos últimos tempos, e o qual será alvo de novas referências ao longo do nosso texto.
6
Este acontecimento veio despoletar uma crise económica na Europa, cumprindo a célebre “profecia” de
que quando a economia alemã espirra, a economia europeia constipa-se.
7
Ver SHAMBAUGH, David, "China and Europe: The Emerging Axis", Current History, Setembro de 2004,
p. 248 in http://www.brookings.edu/views/articles/shambaugh/20040901.pdf, 30/08/2005
8
Este ponto não é consensual na literatura que fomos consultando. O debate existente centra-se na
questão de saber até que ponto o multilateralismo é, ou não, um mero instrumento de acção da China
até que esta tenha o poder suficiente para levar a cabo uma acção externa mais ligada à Real Politik.
9
Estes pressupostos encontram-se dispersos na literatura consultada, sendo que devemos destacar dois
artigos que os indicam mais explicitamente: SHAMBAUGH, David, "China and Europe: The Emerging
Axis, Current History", Setembro de 2004, p. 246 in
http://www.brookings.edu/views/articles/shambaugh/20040901.pdf, 30/08/2005; HUA, Xing, “China-
EU Strategic Partnership: Origin and Prospects", p. 1, artigo apresentado na Conferência da Fundação
Oriente, subordinado ao tema “CHINA e EUROPA”, que decorreu entre 15 e 17 de Junho de 2005, no
Convento da Arrábida, e na qual o autor do presente texto participou.
Estes pressupostos estão presentes nas mais variadas acções de cooperação e diálogo que,
desde a primeira comunicação da Comissão sobre as relações Sino-Europeias, têm sido
desenvolvidas entre as partes. Podemos destacar alguns factos que são representativos da
importância que os pressupostos já assinalados, com são exemplo as negociações para a
adesão da China na Organização Mundial de Comércio (OMC), em que a UE demonstrou um
grande empenho e apoio a essa mesma adesão, assim como a recente questão levantada
pelo liberalização do sector dos têxteis, no quadro da mesma organização, que foi resolvida
através do diálogo e da negociação; as questões do Tibete e de Taiwan, em que a União
Europeia só muito recentemente se referiu com maior veemência em prol da resolução,
pacífica, destes dois problemas, tomados pela China como problemas internos nos quais não
permite qualquer tipo de ingerência, sem nunca pôr em questão o princípio de unicidade
deste parceiro; por fim, a cooperação ao nível técnico e científico entre a UE e a China, como
são exemplo Projecto Europeu de Navegação por Satélite – o Projecto GALILEO, e o ITER – o
projecto de cooperação internacional em matéria de fusão termonuclear.
Na procura de uma solução para o problema colocado iremos estudar quais os interesses que
a UE tem nesta relação, reflectindo primeiramente sobre a visão que a União tem deste
parceiro estratégico. Sendo assim, iremos referir os momentos que marcaram a evolução
desta parceria, não esquecendo que esses momentos coincidem, na maioria dos casos, com
as Comunicações da Comissão Europeia sobre o estado da relação Sino-Europeia e sobre os
objectivos que a União pretende atingir com esse relacionamento, assim como pelas
reacções do Governo Chinês em relação a esta parceria estratégica que a China desenvolveu
com a UE. Trataremos igualmente, na segunda parte deste artigo, a posição da China face a
este relacionamento, tentando descortinar a importância que a União Europeia tem na
Política Externa Chinesa e na percepção que a China tem no mundo. Na terceira parte
analisaremos a China como possibilidade de investimento para a Europa, ao nível
comunitário e ao nível bilateral. Para concluir, iremos debater o futuro desta relação,
avançando alguns cenários.
I. A POSIÇÃO DA UE
“(…) the tools which Europe can bring to bear vis à vis China today,
and in the foreseeable future, are those of soft power, of influence
and engagement, rather than forces of hard power with which the
US is singularly well endowed in East Asia.”
François Heisbourg10
A União Europeia percepciona a China como um parceiro estratégico aos vários níveis
(político, económico e militar), tendo aprofundado a sua relação com esta na última
década11. Com a Comunicação da Comissão em 1995, a União retoma, agora com maior
vigor e num âmbito de acção mais alargado, a sua relação com a China. Esta relação é
marcada pelas várias Comunicações da Comissão1 2 , que marcam os momentos em que a UE
avalia os desenvolvimentos da própria relação, e dos seus intervenientes, assim como
adequa os seus objectivos à evolução da relação e da situação internacional.
10
In HEISBOURG, François, Managing A Rising China: European Options, p. 4,
http://www.brookings.edu/fp/prjects/europe/forumpapers/heisbourg.pdf, 30/08/2005
11
Esta consideração é feita pelo Alto Representante da UE para a PESC, Javier Solana, que afirmou que
a China é um dos seis parceiros estratégicos da UE. Ver HUA, Xing, "China-EU Strategic Partnership:
Origin and Prospects", p. 3, artigo apresentado na Conferência da Fundação Oriente, subordinado ao
tema “CHINA e EUROPA”, que decorreu entre 15 e 17 de Junho de 2005, no Convento da Arrábida, e
na qual o autor do presente texto participou.
12
Building a Comprehensive Partnership with China COM(1998) 181,
http://www.eu.int/comm/external_relations/china/com_98/index.htm; "EU Strategy towards China:
Implementation of the 1998 Communication and Future Steps for a more Effective EU Policy",
COM(2001) 265 final, http://www.eu.int/comm/external_relations/china/com01_265.pdf; A maturing
partnership – shared interests and challenges in EU-China relations, COM(2003) 533 fin,
http://www.eu.int/comm/external_relations/china/com_03_533/com_533_en.pdf
Isto vem evidenciar a importância que a UE confere à sua relação com a China, importância
essa que François Heisbourg considera ser relativa tendo em conta as relações com outros
Estados que em importância, e poder, se poderão colocar no mesmo patamar que a China14.
Este autor defende que a União Europeia deixa, em matéria de PESC, a China para um
segundo plano pois não lhe dedica uma estratégia comum; não tem oportunidade de manter,
com este parceiro estratégico, encontros regulares nos mais prestigiados Fóruns
Internacionais ou Organizações Internacionais (por ausência de um deles), o que é uma
desvantagem; por, último, Heisbourg considera que a UE não dispensa o mesmo nível de
atenção às evoluções na China do que aquele que dispensa à evolução de actores como os
EUA e a Rússia15.
Se podemos concordar com o primeiro motivo apresentado por este autor, os outros
parecem-nos estar já desactualizados. Se tivermos em linha de conta que a UE e a China
colaboram activamente no quadro da OMC e da ASEM (Asia-Europe Meeting), sendo que a
UE ainda participa no ARF (Asia Regional Fórum), do qual a China também faz parte, a não
colaboração em Fóruns o Organizações Internacionais prestigiadas não faz sentido. Por outro
lado, a UE, como foi referido anteriormente, considera a China como um dos seus seis
parceiros estratégicos, estatuto que nos permite afirmar, com alguma segurança, que a
China tem direito ao mesmo grau de atenção que os EUA ou a Rússia, dados como exemplo
por François Heisbourg.
13
Ver SHAMBAUGH, David, "China and Europe: The Emerging Axis", Current History, Setembro de 2004,
p. 247 in http://www.brookings.edu/views/articles/shambaugh/20040901.pdf, 30/08/2005
14
François Heisboug identifica os EUA, a Rússia e o Japão como os actores que estão no mesmo patamar
da China e à evolução dos quais a UE presta a devida atenção.
15
HEISBOURG, François, "Managing A Rising China: European Options", p. 1,
http://www.brookings.edu/fp/prjects/europe/forumpapers/heisbourg.pdf, 30/08/2005
u A herança histórica, como no caso de Portugal e do Reino Unido que mantiveram, até
1997 e 1999, respectivamente, presença na China, nos territórios de Hong Kong e
Macau, mantendo relações de proximidade em relação à China e que marcam decerto
a sua posição face a esta;
u A questão de Taiwan, que é tratada de forma diferenciada pelos EM. Isto pode ser
percepcionado pela China como uma afronta ao princípio de unicidade do seu
território, o qual, segundo a visão do Governo Chinês, compreende o território de
Taiwan17.
u A concorrência em matéria comercial. Apesar de esta ser uma área sob a direcção da
Comissão, através da Política Comercial Comum, os EM não abdicam de lutar por
posições de dominância, absoluta ou relativa, em determinados mercados. No caso do
mercado chinês, de la Batie destaca a ferocidade concorrencial entre os EM,
nomeadamente a França e a Alemanha, no que diz respeito aos bens de equipamento.
Isto vai resultar numa posição mais fragilizada da UE quando comparada com a
posição dos EUA ou do Japão, estes sim concorrentes da União18.
16
Hervé Dejean de la Batie dá como exemplo a situação dos Direitos Humanos na China, sendo que os
Estados do Norte da Europa têm uma posição mais crítica face a este assunto do que os Países
Mediterrânicos. Neste ponto é interessante verificar que o autor analisa individualmente a questão das
sensibilidades políticas da Alemanha, Reino Unido e França, por considerar que estes três Estados
desenvolvem, individualmente, uma política de âmbito mundial. Ver BATIE, Hervé Dejean de la, "La
Politique Chinoise de l’Union Européenne", Abril de 2002, pp. 6-9,
http://www.ifri.org/frontDispatcher/ifri/publications/publications_en_ligne_1044623469287/publi_P_p
ubli_labatie_polit_chin_ue_1075470068419?fromrech=true#
17
Neste ponto, de la Batie aponta como exemplos as posições francesa e alemã. No caso francês, o
autor defende que a França, ao restabelecer as suas relações com Pequim, não ostracizou Taiwan – o
diálogo político “privado” manteve-se e a venda de armamento também, sendo que a França
salvaguardou a sua posição defendendo que o material vendido tinha uma aplicação civil. Já a
Alemanha cortou o abastecimento de material militar, mesmo com aplicação civil, a Taiwan, o que lhe
valeu rasgados elogios por parte do Governo Chinês. Ver BATIE, Hervé Dejean de la, "La Politique
Chinoise de l’Union Européenne", Abril de 2002, pp. 11-13,
http://www.ifri.org/frontDispatcher/ifri/publications/publications_en_ligne_1044623469287/publi_P_p
ubli_labatie_polit_chin_ue_1075470068419?fromrech=true#
18
Ver BATIE, Hervé Dejean de la, "La Politique Chinoise de l’Union Européenne", Abril de 2002, pp.14,
http://www.ifri.org/frontDispatcher/ifri/publications/publications_en_ligne_1044623469287/publi_P_p
ubli_labatie_polit_chin_ue_1075470068419?fromrech=true#
Este autor vem ainda defender que estas diferentes posições dos EM da UE em relação à
China em matéria comercial podem dar a esta última “a tentação de opor os Estados
Membros entre si para fazer prevalecer os seus interesses”19. Esta tentativa de
instrumentalização da UE por parte da China, na linha da política de Richelieu de dividir para
reinar, poderá encontrar o seu contraponto no desejo europeu de normalizar a China. Esta
normalização, que, nas palavras de Michael Merlingen, se refere ao processo pelo qual os
sujeitos são moldados, permite a correcção e o controle do comportamento dos Estados,
através da sua adaptação aos padrões internacionais, com os quais são, recorrentemente,
comparados. É isto que UE visa com a integração da China nas mais variadas instituições
internacionais e fóruns multilaterais – uma aliança entre o comprometimento da China com a
Comunidade Internacional, com a promoção desta e o apoio para que esta desempenhe um
papel activo no seio dessas mesmas instituições, e o constrangimento desta, através do
controle que é exercido por essas mesmas instituições, as quais possuem um quadro
regulatório que tem de ser respeitado. Mas não devemos obliterar que as “disparidades entre
as posturas britânica, francesa e alemã face à China são menores actualmente do que eram
há 10 anos atrás”20.
Podemos então avançar para aqueles que são os objectivos da UE nesta relação com a
China. A primeira definição dos objectivos da UE nesta relação remonta a 1995, aquando da
Comunicação da Comissão21. Os objectivos em questão são:
u Definir o mercado Chinês, previsto por inúmeros analistas como o principal mercado
mundial a médio – prazo, como uma das principais prioridades no que diz respeito ao
desenvolvimento e à expansão da actividade económica da UE.
19
Idem, Ibidem, p. 14, tradução do autor
20
HEISBOURG, François, "Managing A Rising China: European Options", p. 2,
http://www.brookings.edu/fp/prjects/europe/forumpapers/heisbourg.pdf, 30/08/2005
21
"A Long-Term Policy for China Europe Relations", COM(1995) 279 final,
http://europa.eu.int/comm/external_relations/china/com95_279en.pdf, 15/07/2005
Por fim, François Heisbourg define quatro critérios que devem estruturar a posição da UE
face à China: a não instrumentalização da UE pela China; a integração da China na
Comunidade Internacional; o esforço por evitar qualquer conflito estratégico; e, por fim,
assegurar o respeito pelo Estado de Direito22. Destes quatro objectivos, o primeiro, pela sua
originalidade, deve ser destacado. A não instrumentalização é, para este autor, um objectivo
primordial. Heisbourg avança com a hipótese da China instrumentalizar a UE, de forma a
ganhar uma vantagem comparativa em relação aos EUA. Este autor defende que a UE
deverá coordenar as suas políticas em relação à China com os EUA, não numa óptica de
seguidismo, mas de forma construtiva, através do reforço dos pontos em comum e da
negociação de plataformas de entendimento. Este risco de instrumentalização da UE pela
China é visível em assuntos como a Defesa Anti-Míssil e no desejo da UE em construir um
mundo multipolar. Heisbourg afirma ainda que a UE também poderá ser instrumentalizada
pelos EUA. Isto significa que a UE, antes de coordenar as suas políticas chinesas com os
EUA, deverá clarificar os pontos mais ambíguos da sua política chinesa, de forma a não
permitir que os EUA possam explorar as fraquezas e instabilidades europeias em seu próprio
proveito. A UE deve evitar ser o peão numa partida entre EUA e China.
Como foi dito anteriormente, os momentos altos da relação Sino-Europeia são muitas das
vezes mercados pelas Comunicações da Comissão acerca dessa mesma parceria. Apesar de,
ao nível da PESC não existir nenhum documento que defina uma estratégia face a este
parceiro, como já foi notado anteriormente, estas Comunicações, elaboradas pela Comissão
e posteriormente submetidas ao Conselho Europeu, definem objectivos e meios de
abordagem face à China.
A Comunicação de 199523
22
Ver Idem, Ibidem, pp. 4-8. Em relação ao segundo objectivo enunciado, Heisbourg defende que a UE
deveria consubstanciar o seu apoio à integração da China através de um uso mais frequente e efectivo
do princípio da condicionalidade, no espírito mais tradicional da Real Politik de dar e receber.
23
"A Long-Term Policy for China Europe Relations", COM(1995) 279 final,
http://europa.eu.int/comm/external_relations/china/com95_279en.pdf, 15/07/2005
A UE crê numa abordagem muito cuidadosa em relação aos assuntos relacionados com o
tema dos Direitos Humanos, tendo em vista possíveis avanços por parte do Governo Chinês.
A acção da UE neste campo baseia -se em 3 níveis:
u O diálogo sobre Direitos Humanos é alvo de atenção especial, tendo sido lançado,
nesse mesmo um Fórum Sino – Europeu sobre os Direitos Humanos;
A UE consagra muita atenção a estes temas na sua política de cooperação. Sendo assim, a
UE vai apoiar, financeiramente, pro jectos que sirvam a promoção do Estado de Direito e a
sociedade civil e dos Direitos Humanos.
A UE calcula, igualmente em 1995, que tanto o diálogo ao nível dos problemas ecológicos e
ao nível da área de Ciência e Tecnologia poderão ser críticos no desenvolvimento da parceria
sino – europeia.
A Comunicação de 199824
A comunicação de 1998 vem confirmar que o relacionamento sino – europeu assenta numa
estrutura composta pelos quatro vectores já mencionados (as Relações Políticas; os Direitos
Humanos; as Relações Económicas e a Política de Cooperação), sendo que vai ditar as linhas
orientadoras fundamentais não só para 1998 mas também perspectivando os
desenvolvimentos prováveis, e desejáveis, da referida parceria.
Sendo assim, a Comunicação de 1998 da Comissão vem, ao nível político, elevar o nível da
relação, alargar o leque de assuntos debatidos e promover a interacção destes actores em
fóruns multilaterais.
24
COM(1998) 181, http://www.eu.int/comm/external_relations/china/com_98/index.htm
Por fim, a criação da ASEM, Asia – Europe Meetings – veio reforçar não só o diálogo entre a
UE e a China sobre os assuntos asiáticos em geral, mas também permitir que a UE possa,
em sede própria, promover o papel da China no quadro regional assim como envolvê -la
nesse mesmo quadro. Noutro âmbito, o desenvolvimento do ASEAN Regional Forum (ARF)
dá à UE a possibilidade de envolvimento nos problemas regionais de segurança, o que
permitirá que este assunto possa ser mais vezes discutido com a China.
Esta comunicação vem consagrar a autonomização dos Direitos Humanos face às Relações
Políticas no contexto das relações Sino – Europeias. Neste pilar do relacionamento podemos
igualmente assistir à preocupação europeia com a problemática do respeito pelo Estado de
Direito. Este documento vem então salientar que a estratégia da UE neste domínio será
sempre baseada em acções construtivas e sustentadas, em que os projectos de cooperação
terão grande relevância, a par com a pressão em fóruns multilaterais e o diálogo bilateral
totalmente dedicado a este assunto25.
Actuando neste quadro, a UE envidará os mais diversos esforços para que a China estabeleça
compromissos sérios, em relações aos Direitos Humanos, com a Comunidade Internacional,
através de Convenções tidas pela UE como fundamentais, como o são as convenções sobre
direitos económicos, sociais e culturais e sobre os direitos civis e políticos (estas sob alçada
da ONU), e as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre os direitos
mais básicos dos trabalhadores. Os direitos das minorias étnicas são igualmente alvo de
muita atenção por parte da UE que tem discutido este assunto, principalmente no que
concerne à questão Tibetana, nos diálogos bilaterais que tem mantido com a China26.
25
Este diálogo, iniciado em 1996, foi interrompido no início de 1997 e retomado no final do mesmo ano.
A interrupção deveu-se ao facto de alguns países da União, nomeadamente a Dinamarca, avançaram
uma proposta sobre a situação dos Direitos Humanos na China na Comissão dos Direitos Humanos da
Organização das Nações Unidas.
26
Alguns autores colocam em causa a abordagem europeia de “constructive engagement” considerando
que esta não promove a efectividade das medidas enunciadas, devido ao seu carácter excessivamente
Por outro lado, a UE aposta forte em projectos de cooperação que promovam a causa dos
Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais na China. Sendo assim, a UE estabeleceu duas
prioridades para a cooperação nesta área: a promoção do estado de direito, através de
programas de cooperação legal e judicial que visam a informação dos cidadãos sobre os seus
direitos e a formação dos recursos humanos afectos a esta área; o fortalecimento da
sociedade civil, através da formação de agentes do poder local, divulgação das acções das
Organizações Não Governamentais (ONG) e a promoção do associativismo entre a população
chinesa.
Ao nível das Relações Económicas, a comunicação de 1998 vem aprofundar os dois vectores
m que estas assentam: a integração da China na Economia Mundial e o apoio ao
processo reformista em curso na China . Nesta comunicação, a UE tem em linha de conta
o triângulo de sucesso chinês, que conjuga, numa combinação muito delicada, o rápido
crescimento económico verificado nesse Estado nos últimos anos; o processo de reformas
encetado no início da década de 80; e, por último, a necessidade de preservar a ténue
coesão social.
passivo. Autores como Matt Burnett, Hervé Dejean de la Batie e François Heisbourg pugnam pela
aplicação do princípio da condicionalidade, em matéria de cooperação técnica e económica, como
forma de emprestar uma maior efectividade à acção da UE nesta matéria. Ver BURNETT, Matt, "The
New Frontier: EU-China Relations", http://www.se.ac.uk/depts/intrel/efpc/papers/burnett.doc,
30/08/2005; HEISBOURG, François, "Managing A Rising China: European Options",
http://www.brookings.edu/fp/prjects/europe/forumpapers/heisbourg.pdf, 30/08/2005; BATIE, Hervé
Dejean de la, "La Politique Chinoise de l’Union Européenne", Abril de 2002, pp. 43-57,
http://www.ifri.org/frontDispatcher/ifri/publications/publications_en_ligne_1044623469287/publi_P_p
ubli_labatie_polit_chin_ue_1075470068419?fromrech=true#
27
COM(1998) 181, http://www.eu.int/comm/external_relations/china/com_98/com_98_c.htm, p. 2,
tradução do autor
Esta comunicação acabou, como foi dito antes, por ser a mais importante comunicação da
União sobre a sua política chinesa, sendo que as comunicações subsequentes apenas vieram
marcar o acompanhamento, por parte, da União, da evolução da cena internacional,
nomeadamente destes actores, e como esta se reflectia na parceria sino–europeia29. Sendo
assim, as comunicações de 2001 e de 2003 vêm dar um novo impulso a esta parceria,
tratando de temas como a maior efectividade, operacionalidade e sucesso do diálogo e das
acções de cooperação entre China e UE; o alargamento da discussão dos Direitos Humanos
para o debate político, do qual se tinha autonomizado em 1996, tornando este tema como
uma constante no diálogo UE–China; as questões de Taiwan e do Tibete, em que pela
primeira vez a UE marca uma posição de força, afirmando o sue comprometimento com
soluções pacíficas baseadas no diálogo entre as partes; o alargamento das parcerias sino–
europeias no âmbito da Ciência e Tecnologia, como o são o caso dos projectos GALILEO, de
navegação por satélite, e o projecto ITER, de investigação no campo da produção de energia
por fusão nuclear; a necessidade de adaptação da política de cooperação da UE face aos
objectivos do 10º Plano Quinquenal Chinês, comandados pela necessidade de adequar a
sustentabilidade ambiental ao rápido ritmo de crescimento económico e de mudança social;
a necessidade de, através da conclusão de um plano estratégico para a China, o Country
Strategy Paper (CSP)30, racionalizar o investimento em cooperação efectuado nesse país; a
transição do sistema político chinês para um sistema mais aberto e democrático, baseado no
estado de direito, a qual a UE apoia fervorosamente; o diálogo Norte–Sul, no qual a UE crê
que a China deverá desempenhar um papel fundamental; as questões derivadas da
emigração ilegal, principalmente no que concerne à questão do repatriamento; as
consequências sócio–económicas da entrada da China na OMC, com a UE a ter um papel
28
“EU Strategy towards China: Implementation of the 1998 Communication and Future Steps for a more
Effective EU Policy”, COM(2001) 265 final,
http://www.eu.int/comm/external_relations/china/com01_265.pdf; “A maturing partnership – shared
interests and challenges in EU–China relations”, COM(2003) 533 fin.,
http://www.eu.int/comm/external_relations/china/com_03_533/com_533_en.pdf
29
Cremos que não deverá ser obliterado que, tanto a Comunicação de 2001 como a de 2003, fazem
referência, logo no seu início, da validade e actualidade das prioridades definidas em 1998. Estas
comunicações são marcados por desenvolvimentos como o Tratado de Nice, a entrada da China na
OMC, o advento do Novo–Terrorismo com os ataques de Nova Iorque, a epidemia SARS, o
lançamento do processo de reforma da ONU, assim como referência a desenvolvimentos futuros,
nomeadamente o alargamento da União a 10 novos membros, em Maio último. Ver “EU Strategy
towards China: Implementation of the 1998 Communication and Future Steps for a more Effective EU
Policy”, COM(2001) 265 final, http://www.eu.int/comm/external_relations/china/com01_265.pdf, p.4;
“A maturing partnership – shared interests and challenges in EU–China relations”, COM(2003) 533
fin., http://www.eu.int/comm/external_relations/china/com_03_533/com_533_en.pdf, p.5
30
Estes documentos são complementados pelos National Indicative Programme, que são planos de
acção que se baseiam nas directrizes constantes no CSP. Os CSP são planos quadrianuais e os NIP
são bianuais. O primeiro CSP data de 2002 e compreende dois NIP.
importante no que diz respeito à monitorização do processo de adopção das regras da OMC
pela China; a discussão de um novo acordo de preferências comerciais, sob a alçada do
Sistema de Preferências Generalizadas, o qual a UE pretende condicionar à observação de
medidas efectivas de protecção ambiental; e, por fim, o reforço da cooperação e
coordenação da Política Comunitária face à China com aquela dos Estados–Membros e a
agenda de outras Organizações Internacionais, nomeadamente o Banco Mundial e o Fundo
Monetário Internacional.
Concluída que está a análise às Comunicações da Comissão, podemos deduzir que o diálogo
e a cooperação técnica são os instrumentos mais utilizados pela UE na sua abordagem a
esta relação31. Isto evidencia o respeito e a confiança que existem entre os dois
intervenientes e não significa, de forma alguma, uma menor eficiência quanto aos objectivos
definidos pois a cooperação, não ditando regras nem ordens, é uma forma de poder
pedagógico, influenciando a mudança social do Estado alvo.
31
SHAMBAUGH, David, “China and Europe: The Emerging Axis”, Current History, Setembro de 2004, p.
247 in http://www.brookings.edu/views/articles/shambaugh/20040901.pdf, 30/08/2005
A Política Externa da China (PEC) tem sofrido uma marcada evolução desde a subida ao
poder de Deng Xiaoping, em 1978. Até esse momento, a PEC era marcada pela pelos
ditames revolucionários de Mao, em que a negação das superpotências, a preferência por
ligações aos Países em Vias de Desenvolvimento e a negação da estrutura, bipolar, do
sistema internacional eram algumas das características básicas da PEC33. Com a subida de
Deng ao poder, a integração da China na Comunidade Internacional passa a ser o grande
objectivo. Sendo assim, durante a década de 80 do século XX, a China passa a dar
prioridade às relações com os países desenvolvidos, nomeadamente com os EUA, o Japão e
com os Estados Europeus34, tal como a aderir, e participar nas discussões, de Instituições
Internacionais. Já na década de 90, a China, numa tentativa de limpar a sua imagem
internacional, muito danificada com os acontecimentos de 1989 na Praça de Tiananmen,
começa a desenvolver uma Politica Externa mais proactiva, baseada numa visão mais
moderada (e menos adepta de teorias da conspiração(, do ambiente estratégico regional e
internacional. Estas mudanças vão ser visíveis através da expansão das suas relações
bilaterais, nomeadamente com países daquela região; do seu maior envolvimento e
comprometimento com as Organizações Internacionais, quer no quadro global (por exemplo,
na ONU), quer no quadro regional (ASEAN, ARF, SCO, ASEM); da sua preocupação com as
32
BATIE, Hervé Dejean de la, “La Politique Chinoise de l’Union Européenne“, Abril de 2002, p. 19,
http://www.ifri.org/frontDispatcher/ifri/publications/publications_en_ligne_1044623469287/publi_P_p
ubli_labatie_polit_chin_ue_1075470068419?fromrech=true#
33
GOMPERT, David C. et all, “China on the Move: A Franco-American Analysis of Emerging Chinese
Strategic Policies and Their Consequences for Transatlantic Relations”, p. 27,
http://www.rand.org/pubs/conf_proceedings/2005/RAND_CF199.pdf, 05/08/2005
34
De acordo com David Gompert e seus pares, esta deriva para os países de matriz ocidental tem como
principais objectivos o balanço de poderes com a URSS, o acesso a mercados de exportação e
importação e a captação de Investimento Directo Estrangeiro. Ver GOMPERT, David C., “China on the
Move: A Franco-American Analysis of Emerging Chinese Strategic Policies and Their Consequences for
Transatlantic Relations”, p. 28, http://www.rand.org/pubs/conf_proceedings/2005/RAND_CF199.pdf,
05/08/2005
u A prioridade das relações com os Estados mais poderosos numa lógica de great power
relations37I face às relações com os países em desenvolvimento;
35
Idem, Ibidem, p. 33
36
Idem, Ibidem, p. 35
37
idem, Ibidem, p. 35
38
David Gompert e seus pares dão como exemplos desta mudança o interesse da China em assuntos
como o narcotráfico, conflito Israelo-Palestiniano e a aceitação de um convite para que o Presidente
Hu Jintao assista a uma Cimeira do G8. Ver idem, Ibidem, p. 36.
39
BATIE, Hervé Dejean de la, “L’Union Europénne vue de la Chine: un partenaire majeure“, Dezembro
de 2003,p.2,
http://www.ifri.org/frontD ispatcher/ifri/publications/publications_en_ligne_1044623469287/publi_P_p
ubli_pp_labatie_chine_ue_1071047513955
isto apesar de existirem, pontualmente, questões mais sensíveis, as quais dão origem a
momentos de maior tensão entre os actores em questão40.
Apesar disto, o projecto europeu foi, desde início, visto como um peão a jogar, e a explorar,
pela China, na sua relação com as Superpotências que se degladiaram durante a Guerra Fria
– isto significa que a China concebia a Europa como uma reserva estratégica no seu quadro
relacional, que seria recuperada sempre que as relações com a URSS ou com os EUA se
deteriorasse. Este quadro verificou-se ainda durante a década de 90, apenas no caso dos
EUA, como é óbvio, comprovando o risco de instrumentalização que Heisbourg deseja ver
evitado e ao qual já nos referimos (ver Supra).
40
De la BATIE exemplifica esses momentos de tensão com a Guerra o Kosovo, em 1999, e,
anteriormente, com a proposta sobre os abusos dos Direitos Humanos na China, elaborada pela
Dinamarca e apresentada à respectiva Comissão da Organização das Nações Unidas. Ver BATIE,
Hervé Dejean de la, “L’Union Europénne vue de la Chine: un partenaire majeure“, Dezembro de 2003, p.3,
http://www.ifri.org/frontDispatcher/ifri/publications/publications_en_ligne_1044623469287/publi_P_p
ubli_pp_labatie_chine_ue_1071047513955
41
BATIE, Hervé Dejean de la, “La Politique Chinoise de l’Union Européenne“, Abril de 2002, p. 19,
http://www.ifri.org/frontDispatcher/ifri/publications/publications_en_ligne_1044623469287/publi_P_p
ubli_labatie_polit_chin_ue_1075470068419?fromrech=true#
42
Idem, “L’Union Europénne vue de la Chine: un partenaire majeure“, Dezembro de 2003, p.6,
http://www.ifri.org/frontDispatcher/ifri/publications/publications_en_ligne_1044623469287/publi_P_
publi_pp_labatie_chine_ue_1071047513955
u O processo negocial que culmino com a adesão da China à OMC, durante o qual a
China ficou muito surpreendida pela coesão e firmeza da posição europeia, o que
ajudou a China a perceber que a UE é um actor a ter em conta;
u A importância de estabelecer relações estáveis com a UE, vista pela China como um
actor importante e estável, tendo em conta o quadro de conflitualidade latente em que
estão mergulhadas as relações da China tanto com os EUA e com o Japão43.
Gostaríamos ainda de fazer referência ao Professor Doutor Heitor Barras Romana, que na
sua prelecção no Seminário “CHINA e EUROPA”, promovido pela Fundação Oriente, refere
que a China, na senda de atingir o estatuto de potência económica mundial e de potência
supra regional, a nível militar, tem de fazer passar a mensagem que o confronto bipolar que
marcou a Guerra Fria deu lugar a um sistema policêntrico ou multipolar, em que o reforço da
parceria Sino-Europeia é da maior importância44.
Por fim, desejaríamos ainda referir que, em Outubro de 2003, Governo Chinês publicou, pela
primeira vez, um documento em que define a sua Política Europeia 45. Este documento, que
tem por objectivo formalizar a Política Chinesa face à UE, vem reafirmar a posição da China
sobre aquele que será o papel da UE na cena internacional – “a UE desempenhará um dos
mais importantes papéis tanto na cena regional como na cena internacional” –, e
sublinhando que “esta relação pode prosperar apesar da persistência de algumas
divergências”46.
43
Idem, Ibidem, pp. 7-9
44
Ver ROMANA, Heitor Barras, “The EU in China’s World Perception”, artigo apresentado na Conferência
da Fundação Oriente, subordinado ao tema “CHINA e EUROPA”, que decorreu entre 15 e 17 de Junho
de 2005, no Convento da Arrábida, e na qual o autor do presente texto participou.
45
Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, “China’s EU Policy Paper”,
Outubro de 2003, disponível através de http://www.fmprc.gov.cn. Este documento serve ainda para
que a China reafirmar, de forma subterfugiosa, quais os assuntos nos quais não permite qualquer tipo
de intervenção externa, nomeadamente, as questões de Taiwan e do Tibete e as questões
relacionadas com o estabelecimento de restrições comerciais.
46
BATIE, Hervé Dejean de la, “L’Union Europénne vue de la Chine: un partenaire majeure“, Dezembro
de 2003, p. 10,
http://www.ifri.org/frontDispatcher/ifri/publications/publications_en_ligne_1044623469287/publi_P_p
ubli_pp_labatie_chine_ue_1071047513955, tradução do autor
Sendo assim, começaremos por apresentar a análise do conjunto dos dois indicadores,
comércio externo e Investimento Directo Estrangeiro (IDE), no que concerne à União
Europeia, no seu conjunto, e tendo a China como destino. Seguidamente apresentaremos a
análise às relações dos Estados supracitados com a China, principalmente no que concerne à
actividade de empresas nacionais desses países na China.
1. A União Europeia
A China representa uma parte importante do crescimento do comércio externo da UE, sendo
que o comércio da EU para com esta cresceu cerca 15% desde 2000, e o desta para com a
UE cerca de 17%. Isto leva a que a China seja o segundo maior parceiro comercial da UE, e
vice-versa, logo atrás dos EUA. A china representa assim 8,8% do comércio externo da UE,
representando esta 16,4% do comércio internacional da China, de acordo com os dados da
Direcção Geral de Comércio da União Europeia.
Conforme é visível nos gráficos abaixo apresentados, a China tem um superavit comercial,
ao nível do comércio de mercadorias, face à EU, que rondava os 78 mil milhões de euros em
2004, o que representa um crescimento de perto de 50% face ao ano anterior. Esta situação
é sustentada, principalmente, pelo comércio de maquinaria, destacando-se a maquinaria
ligeira (material de escritório e telecomunicações), os artigos têxteis e outros artigos
manufacturados.
Gráfico 1
Fonte – Eurostat
Gráfico 2
Fonte: Eurostat
Gráfico 3
Fonte: Eurostat
Gráfico 4
Fonte: Eurostat
2. A Alemanha
As relações económicas entre a Alemanha e a China são marcadas pelas mudanças ocorridas
nesta última a partir do ano de 1978. É desde essa data que as relações entre estes dois
países se desenvolvem mais rapidamente. Não obstante a esse rápido desenvolvimento, as
relações entre a Alemanha e a China têm vivido, ao longo dos últimos 28 anos, uma série de
altos e baixos, dos quais destacaremos os momentos mais importantes.
O final da década de 1980 é marcado por uma sucessão rápida de altos e baixos que começa
com o desenvolvimento, por parte do Governo Chinês, da sua estratégia de desenvolvimento
das zonas costeiras, promovendo a expansão do modelo das zonas económicas especiais,
47
Ver TAUBE, Markus, “Economic Relations Between Germany and Mainland China”, 1979-2000, p. 7
desenvolvido no início dessa mesma década, para conjunto da sua costa 48. Isto não impediu
o declínio das exportações alemãs para a China logo desde 1987 declínio esse que se viria a
agravar até 1992, em consequência dos acontecimentos de 1989 na praça de Tiananmen, a
qual resultou numa série de sanções impostas pela Comunidade Internacional à China, e à
queda do muro de Berlim e consequente abertura dos mercados do leste europeu,
tradicionalmente muito apetecidos pela Alemanha, o que levou à diminuição do fluxo de
exportações da Alemanha para a China. Por outro lado, este período marca igualmente a
consolidação das importações alemãs a partir da China, o que resultou da maior
competitividade do mercado chinês, principalmente no que diz respeito à variável custo, face
aos seus concorrentes directos, os denominados tigres asiáticos.
O ano de 1992 marca então um ponto de viragem através da vitória da corrente reformista
do Partido Comunista Chinês, que retomou o processo de reformas económicas, que tinha
sido abandonado nos finais da década anterior. A este facto junta -se levantamento das
sanções que a Alemanha tinha imposto à China desde o massacre de Tiananmen e,
igualmente, o cumprimento, por parte da Alemanha, uma “exigência” chinesa: o corte no
abastecimento de material militar a Taiwan. Apesar de tudo, a retoma das exportações
alemãs com destino à China é condicionada posteriormente, e de forma negativa, pelo facto
do dólar americano ter estado depreciado entre 1993 e 1996, o que representava uma
desvantagem das empresas alemãs comparativamente às suas adversárias americanas; pela
crise asiática de 1997 e, por último, ela entrada da China na OMC. No que concerne às
importações, estas continuaram a crescer durante toda a década de 1990, resultado,
principalmente, do Sistema de Preferências Generalizadas da UE que, em 1995, abarcava
perto de 54% das importações chinesas para a UE. Sendo assim, o equilíbrio que
caracterizou as relações comerciais entre os dois países nas décadas de 1970/80 acabou.
Esta situação de défice comercial da Alemanha face à China é resultado da estratégia
comercial externa chinesa, orientada para a exportação, e a consequente aproximação da
economia chinesa aos parâmetros da economia de mercado. Por outro lado, as exportações
alemãs foram substituídas, parcialmente, pela produção das empresas alemãs em território
chinês, o que fornece uma outra explicação para o declínio das exportações alemãs.
No que diz respeito ao IDE, a década de 1990 representa a data de charneira pois é durante
esta que a China se torna realmente num pólo de atracção deste tipo de investimento. É a
partir dos meados da referida década que as empresas alemãs começas a investir mais
agressivamente na China, pois é nessa altura que as condições político-económicas se
tornam mais favoráveis. Segundo dados da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento da Europa (OCDE), o IDE alemão na Chin a representava, em 2002 6,6%
48
De toda esta imensa área, que compreende 320000 km de costa e 220 milhões de habitantes,
destaca-se o delta do rio das Pérolas, como motor do desenvolvimento do Sul da China,
principalmente da província de Guangdong e igualmente as zonas contíguas a Shangai e a Pequim.
do total de IDE recebido por esta. De acordo com dados do Bundesbank e do Deutsche
Bank49, a grande parte do IDE alemão na China tem como destino o sector industrial, no
qual se destacam as indústrias automóvel, química e das engenharias eléctrica e mecânica
(ver gráfico 5).
Gráfico 5
O IDE alemão para a China destina-se a três zonas principais: a grande Shangai; o Nordeste
industrializado; e o Delta do Rio das Pérolas50.
Segundo Tamara Trinh, os alemães representam um dos mais fortes grupos de investidores
em Shangai, pois esta cidade tem óptimas infra-estruturas, das quais se destaca um grande
porto; um grande mercado com algum poder de compra; uma imagem bastante positiva;
alberga alguns dos clusters mais importantes da China; e, last but not least, Shangai, onde a
49
Ver TAUBE, Markus, op. cit., p. 21, TRINH, Tamara, “Foreign direct investment in China – good
prospects for German companies – China Special”, Agosto de 2004, p. 3
http://www.bdreseach.com/PROD/DBR_INTERNET_EN-PROD/PROD00000000017856.pdf
50
Ver TRINH, Tamara, op. cit., p. 3
O Nordeste da China deve a preferência alemã pelas suas terras devido ao facto de ser a
localização tradicional da indústria pesada e de inúmeras empresas estatais, algumas das
quais têm joint-ventures com empresas alemãs. Por outro lado, o acesso fácil a algumas
matérias-primas indispensáveis à laboração de alguns sectores da economia (como são o
exemplo do petróleo e do carvão) explica o magnetismo desta região.
Por fim, o Delta do Rio das Pérolas, nomeadamente a região de Guangdong, é uma
localização ainda pouco explorada pelos alemães, pois é, historicamente, uma zona de forte
implementação de Pequenas e Médias Empresas (PMEs), com origem fundamentalmente em
Taiwan e Hong-Kong.
As empresas alemãs consideram que o mercado chinês tem como principais pólos de
atracção o potencial do seu mercado, o baixo custo do factor trabalho e as oportunidades
advindas da adesão da China à OMC.52 Como obstáculos, podemos identificar a pouca
transparência do mercado chinês, as suas disparidades regionais, ao nível do enquadramento
legal e ao nível linguístico; os preços elevados das matérias-primas e da energia eléctrica,
essenciais à actividade industrial; a enorme competitividade que se assiste pelo
estabelecimento no e domínio do mercado chinês, principalmente no sector das
53
manufacturas, “que absorve dois terços dos investimentos estrangeiros” , nos produtos que
visam os mercados de massas, em que a concorrência, ao contrário da caso anterior, será,
no médio prazo, principalmente chinesa, o que conduz já a um certo sobreinvestimento em
alguns sectores económicos.
u As empresas para as quais a China representa uma peça essencial para a sua
estratégia comercial;
u As empresas que consideram a China como um alvo das suas estratégias comercia is,
mas que não estão disposta a assumir um risco desmedido;
51
Idem, Ibidem, p. 4
52
O estudo de Tamara Trinh aponta, com base em dados da Câmara de Comércio Alemã na China que o
mercado chinês evolua dos 76 milhões de consumidores em 2001 para os 700 milhões em 2015. Esta
autora defende ainda que a entrada da China na OMC representa um incentivo para as empresas
alemãs investirem, através de IDE, na China.
53
Ver TRINH, Tamara, op. cit., p. 6
u As empresas que não consideram, presentemente, a China uma aposta importante das
suas estratégias comerciais 54.
Não obstante a crescente importância da China nas vendas da generalidade das empresas
alemãs que actuam no mercado chinês e do aumento de número de empresas alemãs a
investirem naquele país, subsistem ainda alguns problemas que podem obstar ao
crescimento do IDE alemão na China. Entre esses problemas encontramos a lentidão na
adopção de e
l gislação compatível com os parâmetros da OMC; o sobrecapacidade que se
sente em alguns sectores da economia, como por exemplo o sector automóvel; e as dúvidas
relativamente à capacidade da China de absorver quantidades cada vez maiores de IDE.
Por último, é importante referir que em 2003 foi assinado um Tratado Sino-Alemão de
promoção e de protecção do investimento, aquando da visita do Chanceler Alemão Gerard
Schröder, no qual foram delineadas regras para a regulação do investimento estrangeiro, de
acord o com os standards internacionais, assim como foram feitas algumas chamadas de
atenção para problemas como as disparidades e incerteza a nível legal e regulamentar, ao
nível da liberdade contratual e da melhor distribuição das informações necessárias aos
investidores alemães para poderem apostar mercado chinês.
Considerando tudo o que atrás se afirmou, faremos agora um pequeno apontamento sobre a
actividade de três das maiores empresas alemãs na China: a Siemens, a Volkswagen, e a
BASF.
A Siemens considera a China como um mercado essencial na sua estratégia para a região da
Ásia-Pacífico e, igualmente, como um mercado com crescente importância a nível global,
tendo instalado, para o efeito, todos os seus segmentos produtivos na China. Sendo assim
esta empresa multinacional alemã está presente em áreas de negócio como as tecnologias
de informação e comunicações; as engenharias de automação; as tecnologias ligadas aos
sectores de produção e distribuição de energia; os transportes; as tecnologias ligadas à
medicina, nomeadamente às áreas de diagnóstico e de tratamento; à iluminação; e, por fim,
aos electrodomésticos. Em todas estas áreas, a Siemens investe, igualmente na China, em
Investigação e Desenvolvimento, como forma de adequar alguns produtos às normas
chinesas mas também de criar novos produtos de raiz. Para conseguir desenvolver-se e
competir num mercado cada vez mais competitivo, a Siemens dispersa a sua actividade por
grande parte da costa chinesa, com especial atenção para a cintura do Golfo de Bohai, em
especial a capital Pequim, e para a área do delta do Yangtze e conta com o trabalho de cerca
de 31000 colaboradores, cotando-se como uma das maiores empresas estrangeiras
radicadas na China, a este nível55. Ao nível do investimento, a Siemens investiu, desde o
54
Ver TRINH, Tamara, op. cit., p. 7
55
Como curiosidade regista -se o facto das empresas da Siemens afectas à área da iluminação se
situarem na província de Guangdong, a qual, como vimos anteriormente, não era a principal
destinatária de IDE alemão.
início do processo de reformas na China do final da década de 1970 até 2004, perto de 8,5
milhões de RMB, tendo atingindo um montante de receitas, provenientes das vendas, de
cerca de 38,4 mil milhões de RMB.
Por seu lado, a Volkswagen marca presença no mercado chinês desde Março de 1985,
quando constitui uma joint venture com investidores chineses (50% para cada parte) e
fundou a Shangai Volkswagen Automotive Company, Ltd. (SVW), baseada num contracto
com a duração de 45 anos, que foi prolongado entretanto por mais 20 anos. Com base nos
arredores de Shangai, a SVW produz, em média, 450000 unidades por ano, em três fábricas
para produção dos veículos, que possuem, como estruturas complementares, uma fábrica de
motores e um centro técnico. Os modelos produzidos são o Volkswagen Santana, o
Volkswagen Passat, o Volkswagen Polo, o Volkswagen Gol e o Volkswagen Touran. Tendo já
atingido a marca dos 3 milhões de carros produzidos em solo chinês, a Volkswagen é já uma
marca de enorme prestígio junto dos consumidores chineses, tendo estendido a sua rede de
estações de serviço por todo o território chinês. Esta empresa investiu, numa primeira fase,
cerca de 250 milhões dos já desaparecidos Marcos Alemães. Em 1991, o investimento foi de
2,5 mil milhões de RMB; de 1,1 mil milhões de RMB, em 1995; e de 2 mil milhões de RMB,
em 1997. Actualmente o capital registado da SVW é de 10 mil milhões de RMB.
A BASF está presente na China desde 1982, quando estabeleceu, em Hong Kong, a BASF
China Ltd., que estava responsável pelo serviço de vendas, marketing e distribuição dos
produtos em Hong Kong e na China. Actualmente, esta empresa alemã, cotada como a maior
empresa do sector químico no mundo, actua na China através da sua subsidiária, BASF
(China) Company Ltd., que é uma holding que gere todos os negócios da BASF na China. A
presença desta empresa na China reparte -se por dois tipos de subsidiárias: aquelas que são
detidas na totalidade pela multinacional alemã (como são os exemplos da BACC e da BACH)
e as que resultam de joint ventures (como a BYC ou a BSC). Gostaríamos apenas de referir
que BYC resulta de uma joint venture entre a BASF e a China National Petrochemical
Corporation, mais conhecida como SINOPEC, uma das maiores empresas chinesa do sector
petroquímico. A BASF opera em várias áreas de negócios: desde os químicos até aos
produtos para os sectores farmacêutico e de cosmética, passando pelos sectores dos
plásticos e fibras, dos produtos de alta qualidade e dos produtos para o sector agrícola e
alimentício. A BASF concentra a sua actividade na área do delta do Yangtze, tendo também
presença no nordeste do país (em Jilin e Shenyang) e na província de Guangdong. A BASF
conta actualmente com a colaboração de cerca de 4000 colaboradores na China.
56
PERLITZ, Uwe, “Chemical industry in China: Overtaking the competition”, 25 de Outubro de 2005,
http://www.bdreseach.com/PROD/DBR_INTERNET_EN-PROD/PROD0000000000191318.pdf
mercado do mundo. De acordo com este autor, as indústrias químicas beneficiarão, a médio
prazo, de dois tipos de vantagens para aumentarem a sua actividade na China: o bom
desempenho das indústrias que precisam de produtos provenientes da indústria química para
a sua própria produção, como são os casos do sector automóvel e do sector da construção);
e do potencial de crescimento do consumo privado na China57. Este estudo avança ainda que
as receitas das empresas químicas que actuam no mercado chinês deverão aumentar dos
actuais 137 mil milhões de euros em 2004 para 392 mil milhões de euros em 2015, a um
ritmo anual de 10%, e que o mercado chinês deverá representar, por essa mesma altura,
13% do mercado global nesse sector, contrastando com os 8% que detém actualmente58.
3. A França
As relações Sino-Francesas são marcadas por um dilema: o facto das relações económicas
entre ambos não estarem a acompanhar o grau de desenvolvimento da forte ligação política
entre Paris e Pequim. Na visita que protagonizou a França em 2004, o Presidente da China,
Hu Jintao, apelou ao maior envolvimento dos empresários franceses no mercado chinês,
tendo em conta a adesão deste país à OMC, em 2001, e as vantagens que isso acarretava
para os IDE, assim como fez referência à necessidade que a China ainda tem de IDE.
Segundo os dados de 2002 da OCDE, a França posicionava -se em terceiro lugar no que dizia
respeito ao IDE dos países europeus na China, tendo por sua conta apenas 2,5% do total do
IDE recebido pela China.
A Alcatel está presente no mercado chinês desde 1983, quando decidiu investir na Shangai
Bell , uma companhia chinesa de telecomunicações, sendo esta a primeira empresa do sector
das telecomunicações na China a receber investimento por parte de uma empresa
estrangeira. É já no ano de 2000, que a Alcatel se torna na primeira empresa multinacional a
estabelecer em Shangai o seu centro de operações para a região da Ásia -Pacífico. Em 2002,
a Alcatel conclui, com o Governo Chinês, o acordo que permite transformar a Shangai Bell na
Alcatel Shangai Bell, “uma empresa totalmente chinesa na qual a Alcatel detém uma
participação de 50%59. Esta empresa, que emprega 5800 pessoas, encontra-se a actuar no
mercado das telecomunicações e das novas tecnologias de informação, nomeadamente ao
nível do acesso de banda larga à Internet. A Alcatel tem ainda uma joint venture com a TLC
57
Ver PERLITZ, Uwe, op. cit., p.5
58
Ver PERLITZ, Uwe, op. cit., p.7
59
Informação traduzida do site da Alcatel Shangai Bell na internet em http://www.alcatel-
sbell.com.cn/alcatel_china/index_english.htm
A ALSTOM actua na China desde 1979, quando instalou um escritório em Pequim, mas só em
1992 é que decide apostar em força no mercado chinês, ao nível do IDE, quando estabelece
a sua primeira joint venture a Suzhou ALSTOM T&D Switchgear Company Ltd. Actualmente a
ALSTOM está presente no mercado Chinês através de duas empresas totalmente suas, a
ALSTOM Investment Company Ltd., fundada em 1999 com um capita inicial de 30 milhões de
dólares (USD), e a ALSTOM Technical Services (Shangai) Company Ltd., fundada em 2000
com um capital inicial de 1 milhão de dólares (USD), operando na áreas da engenharia e do
serviço de importação e exportação de produtos ALSTOM; e de sete joint ventures que
actuam em dois sectores de mercado distintos: o sector da energia e o sector dos
transportes. No sector da energia a ALSTOM detêm participações na Beijing ALSTOM
Engineering Consultancy Services Company Ltd. (80%), que opera no ramo da consultadoria
nas áreas comercial e de engenharia; e na Tianjin ALSTOM Hydro Company Ltd. − TAH
(77%), que actua no mercado da concepção e produção de equipamento para o sector da
energia hidroeléctrica60, estando a participar activamente no projecto das Três Gargantas.
No sector dos transportes destacam-se a ALSTOM Qingdao Railway Equipment Company
Ltd., a Shangai ALSTOM Transport Electric Equipment Company Ltd. e a ALSTOM Hong Kong
Ltd. Trabalham para esta multinacional mais de 1500 pessoas por toda a China.
4. A Finlândia
A China tem-se tornado, ao longo do tempo, num parceiro cada vez mais importante para a
Finlândia e para as suas empresas. Ao nível do comércio externo, a China é um dos destinos
mais importantes para as exportações finlandesas. Ao nível do IDE, a evolução tem sido
razoável, sendo que em 2002 1% do IDE finlandês tinha como destino na China e em 2004
esse indicador já estava nos 2%. O esforço do governo finlandês para a implementação das
empresas finlandesas na China tem sido apreciável, devendo ser enaltecida a criação do
Centro de Inovação Finlândia-China (FinChi), uma organização fundada com dinheiros
públicos (é apoiada pelo Ministério do Comércio e Indústria da Finlândia, pela Finpro e pela
Agência Nacional para a Tecnologia da Finlândia (TEKES)) e que tem como principais
objectivos prestar apoio às empresas e organizações finlandesas que pretendam investir na
China, através da prestação de ajuda para descobrir oportunidade de negócio na China, para
60
Segundo dados da própria ALSTOM, a TAH detém 19% da quota de mercado. Ver
http://www.alstom.com.cn/en/business/b_profile.asp?name=en001
se iniciar a actividade e para reduzir os riscos inerentes à entrada num novo mercado. Ao
mesmo tempo, o FinChi funciona igualmente como promotor das práticas empresariais e
académicas finlandesas junto do público chinês. A actividade deste centro baseia-se no
estabelecimento de uma rede de contactos com as mais diversas instituições que operam na
China e na divulgação de informação sobre possíveis investimentos finlandeses na China.
61
Ver “Nokia Sees Large Increase in Mobile Phone Sales”, China Daily, 24/02/2005, in
http://www.china.org.cn/english/BAT/121032.htm , 15/11/2005
Figura 1
Segundo este modelo, vislumbram-se 4 horizontes para o futuro das relações Sino-
Europeias:
u Por último, a concretização das configurações A2 e B2, com um Estado Chinês forte e
assertivo na defesa dos seus interesses opondo-se a uma UE enfraquecida e
paralisada, resultaria na maior instrumentalização, por parte da China, das rivalidades
entre os Estados Europeus, numa linha muito aproximada do paradigma de Richelieu
de dividir para reinar.
62
Ver SHAMBAUGH, David, “China and Europe: The Emerging Axis”, Current History, Setembro de 2004,
p. 245 in http://www.brookings.edu/views/articles/shambaugh/20040901.pdf, 30/08/2005