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Por volta de 1808, foi criado o Banco do Brasil para custear as demais
necessidades, que o empréstimo que fora feito com a Inglaterra não
conseguira suprir. Após 12 anos de existência, pela política adotada
pelo príncipe regente e seus administradores, o banco disponibilizava
moeda sem lastro, ou seja, havia mais emissão de papel-moeda do que
seu correspondente em ouro, trazendo uma desvalorização fatal à
economia da colônia portuguesa.
I. Por traição.
Havia previsão, no art. 113, item 10, que qualquer pessoa poderia
apresentar representação mediante petição aos Poderes Públicos,
denunciando abusos das autoridades, visando a responsabilização dos
mesmos. No mesmo artigo, item 38, a Carta normatizou que qualquer
cidadão seria parte legítima para pleitear a declaração de nulidade ou
anulação dos atos lesivos do patrimônio da União, dos Estados ou dos
Municípios.
Igualmente era assegurado, pelo art. 141, § 37, a quem quer que seja o
direito de representar, mediante petição dirigida aos Poderes Públicos,
contra abusos de autoridades, e promover a responsabilidade delas. No
parágrafo seguinte, tratava sobre a legitimidade de qualquer cidadão
pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos do
patrimônio da União, dos Estados, dos Municípios, das entidades
autárquicas e das sociedades de economia mista.
Discorre Silvio Marques[7], que as duas leis foram pouco aplicadas, pois,
até então, o Ministério Público não tinha o perfil de órgão permanente
de defesa do patrimônio público e de outros interesses difusos e
coletivos, que somente foram outorgados mais tarde, pela Constituição
Cidadã de 1988.
Vale ressaltar que no art. 84, temos a mesma fórmula utilizada na Carta
anterior, no que diz respeito à responsabilização do Presidente da
República. No art. 150, § 30, assegura a qualquer cidadão propor ação
popular, com o de defesa de direitos ou contra abusos de autoridade; e
nesse mesmo artigo, reserva criação de uma lei que disporá sobre o
perdimento de bens por danos causados ao erário ou no caso de
enriquecimento ilícito no exercício de função pública. Mais tarde, por
conta do Ato Institucional nº 12, foi revogado esse dispositivo.
Segundo Silva,
Por isso foi considerado um ato político, e após diversas emendas, foi
convocada uma nova Assembléia Nacional Constituinte que resultou na
Constituição de 1988.
A atual Carta Magna é considerada um dos textos mais completos e
democráticos que o Brasil já teve, segundo diversos doutrinadores. A
Nova República, como cita Vicente Paulo[9], foi iniciada após o ciclo
militar, com a proposta de uma Constituição social-democrata, com a
finalidade de criar um verdadeiro Estado Democrático-Social de Direito,
com a previsão de uma imensa quantidade de obrigações para o Estado,
traduzidas em prestações positivas, passíveis, em tese, de serem
exigidas pela população em geral, muitas como verdadeiros direitos
subjetivos. Por conta disso, que recebeu o título de Constituição
Cidadã.
Apesar desse rol de benefícios, a lei 7.347/85 não foi suficiente para
que houvesse a subtração de bens e dinheiro público, e foi nesse
momento, em que se fez necessária a edição da lei 8.429/92.
Entretanto, após esse vasto estudo sobre as variadas leis criadas com a
finalidade de proteger os princípios de nosso Estado Democrático de
Direito, não é a formalidade pela qual foi aprovada e sancionada a lei,
que tornará a norma mais efetiva ou não.
O art. 11 traz o terceiro e último tipo de ato que atenta à probidade das
relações públicas. Àqueles que ferem os princípios da Administração
Pública por ação ou omissão, que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, e, notadamente,
ferir os incisos abaixo citados, estarão tipificados de acordo com a lei
de improbidade administrativa:
De todos os três atos previstos na lei, este é o que tem o caráter mais
generalista e incerto para fins de qualificação. Isso se deve ao próprio
conceito que “princípio” tem: representa o fundamento principal de um
sistema; o fator nuclear ou o elemento predominante de um
determinado ordenamento; o espírito que norteia a norma.
Para tanto, o legislador não previu a forma culposa, como no art. 10,
prevendo o grande impasse que causaria na aplicação da norma.
O sujeito ativo será todo aquele que for agente público, em lato sensu,
e terceiros co-autores, partícipes e beneficiários. No art. 2º, a Lei de
Improbidade conceitua o que vem a ser agente público: reputa-se
agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
mencionadas no artigo anterior.
Como visto, o legislador compõe a figura do agente público de diversas
formas, considerando toda a atuação das pessoas investidas para
atividade em prol do serviço público em geral, sendo ela remunerada ou
não.
Com o objetivo de tornar isso cada vez mais questionável, o estudo aqui
produzido tem o interesse de verificar a sanção administrativa que
porventura seja aplicada ao perito oficial, se este culminar com atitude
culposa ou dolosa no procedimento da cadeia de custódia. Acredita-se
que como se trata de perícia oficial, o enfoque desse trabalho tenha
respaldo da Lei de Improbidade Administrativa (lei nº 8.429/92).
Como já estudado no Capítulo II, o sujeito ativo é todo aquele que tem
vínculo direto ou indireto com qualquer uma das pessoas jurídicas
mencionadas no art. 1º, da Lei 8429/92. Por derradeiro, quando o perito
oficial, incluso no conceito de agente público, efetuar qualquer uma das
condutas previstas nos art. 9º ao 11, ele poderá ser punido por
improbidade administrativa, independente das sanções penais e civis
previstas em legislação específica.
Nos termos do art. 5º, inciso II, da Constituição de 1988, “ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei”. A opinião vigente entre os estudiosos é que a lei não se assemelha
a regulamentos, resoluções e portarias. Logo, se a Administração não
proibir ou impor comportamento algum, e a lei necessitar de melhor
esclarecimento que venha a minudenciar norma nova, não serão os
agentes obrigados a cumpri-la.
Enfim, chega-se à conclusão: aquilo que não está normatizado não pode
ser cobrado ou considerado ato delituoso por parte do Estado. Neste
caso específico, o que nos leva a crer, que somente no momento em
que houver norma que regule efetivamente a cadeia de custódia, essa
terá eficácia entre os peritos oficiais, não podendo, no momento,
configurar ato de improbidade administrativa por ato que fira os
princípios da Administração Pública.
5. CONCLUSÃO
O perito que compõe o corpo laboral da perícia oficial por vezes emite
opinião única no processo, sendo que a outra parte não tem a
possiblidade de acompanhar e atuar devidamente dentro do
procedimento de recolhimento das futuras provas. O tema é de grande
importância, devido ao peso que a prova pericial possui no processo,
seja qual for sua natureza. Além disso, resguardar a figura do perito
oficial e sua metodologia de atuação é fator de suma importância.
Nesse sentido, cumpre dizer que não há norma brasileira que proteja o
usuário da perícia e sancione os resultados obtidos através do
procedimento da cadeia de custódia. Por tal razão, e visando resguardar
as garantias constitucionais, se empreendeu este estudo para dirimir
qualquer questionamento sobre o assunto até a presente data, visto que
se trata de questão a ser ainda discutida pelas instituições de perícia no
Brasil.
Notas:
[1] ARMITAGE, John. História do Brasil: desde o período da chegada da
família de Bragança, em 1808, até a abdicação de D. Pedro I, em 1831,
compilada à vista dos documentos públicos e outras fontes originais
formando uma continuação da História do Brasil de Southey. Belo
Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1981, p.32.
[2] GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe
medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a
história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil,
2007.
[3] RUIZ, Manoel. A História da Moeda no Brasil. Sociedade Digital. São
Paulo, 2003. Acesso em: 10/05/2010. Disponível em:
http://www.sociedadedigital.com.br/artigo.php?artigo=110&item=4, p.
1.
[4] PAULO, Vicente. Direito Constitucional descomplicado. Vicente
Paulo e Marcelo Alexandrino – Rio de Janeiro: Impetus, 2007, p. 28.
[5] SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25
ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p.80.
[6] SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25
ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p.85.
[7] MARQUES, Silvio Antonio. Improbidade Administrativa: ação civil e
cooperação jurídico internacional. São Paulo: Saraiva, 2010, p.33.
[8] SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25
ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p.87.
[9] PAULO, Vicente. Direito Constitucional descomplicado. Vicente
Paulo e Marcelo Alexandrino – Rio de Janeiro: Impetus, 2007, p.30.
[10] SANTOS, Carlos Frederico Brito dos. Improbidade administrativa:
reflexões sobre a Lei nº 8429/92. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009,
nota XIII.
[11] MARQUES, Silvio Antonio. Improbidade Administrativa: ação civil e
cooperação jurídico internacional. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 35.
[12] MARQUES, Silvio Antonio. Improbidade Administrativa: ação civil e
cooperação jurídico internacional. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 41.
[13] MARQUES, Silvio Antonio. Improbidade Administrativa: ação civil e
cooperação jurídico internacional. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 38.
[14] MARQUES, Silvio Antonio. Improbidade Administrativa: ação civil e
cooperação jurídico internacional. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 86.
[15] FIGUEIREDO, Marcelo. Probidade administrativa. São Paulo:
Malheiros, 1997, p. 60.
[16] MARTINS, Wallace Paiva. Probidade administrativa. São Paulo:
Saraiva, 2001, p. 224.
[17] MARQUES, Silvio Antonio. Improbidade Administrativa: ação civil e
cooperação jurídico internacional. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 56.
[18] SANTOS, Carlos Frederico Brito dos. Improbidade administrativa:
reflexões sobre a Lei nº 8429/92. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009,
p. 183.
[19] SILVA, Ivan Luís Marques da. A reforma processual penal de
2008:Lei 1.719/2008, procedimentos penais:Lei
11.690/2008/,provas:Lei11.689/2008, júri:comentadas artigos por
artigos.São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 68.
[20] ESPÍNDULA, Alberi. Perícia criminal e cível: uma visão geral para
peritos e usuários da perícia. 3ª ed. Campinas, São Paulo: Millennium
Editora, 2009, p. 163.
[21] ESPÍNDULA, Alberi. Perícia criminal e cível: uma visão geral para
peritos e usuários da perícia. 3ª ed. Campinas, São Paulo: Millennium
Editora, 2009, p. 164.
[22] ESPÍNDULA, Alberi. Perícia criminal e cível: uma visão geral para
peritos e usuários da perícia. 3ª ed. Campinas, São Paulo: Millennium
Editora, 2009, p. 166-171.
[23] FERREIRA, Luiz Alexandre Cruz. Falso testemunho e falsa perícia.
Campinas, São Paulo: Millennium Editora, 2005, p. 53.
[24] DOREA, Luiz Eduardo Carvalho, Victor Paulo Stumvoll, Victor
Quintela. Criminalística. 4ª ed. Campinas, São Paulo: Millennium
Editora, 2010, p. 74.
[25] DOREA, Luiz Eduardo Carvalho, Victor Paulo Stumvoll, Victor
Quintela. Criminalística. 4ª ed. Campinas, São Paulo: Millennium
Editora, 2010, p. 75.
[26] ESPÍNDULA, Alberi. Perícia criminal e cível: uma visão geral para
peritos e usuários da perícia. 3ª ed. Campinas, São Paulo: Millennium
Editora, 2009, p. 174.
[27] MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo.
Ed. Malheiros, SP, 25 ed. 2007, p. 99-100.
[28] MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo.
Ed. Malheiros, SP, 25 ed. 2007, p.101.
[29] MARQUES, Silvio Antonio. Improbidade Administrativa: ação civil e
cooperação jurídico internacional. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 114.