Sei sulla pagina 1di 20

TV DESTINO

Central Destino de Produção Capítulo 06

MENINAS DO BRASIL
“O REENCONTRO DAS TRÊS MENINAS DO BRASIL”

UMA NOVELA DE
RAMON FERNANDES
IDEIA ORIGINAL
RYNALDO NASCIMENTO

ESCRITA POR
Ramon Fernandes

DIREÇÃO DE
Teresa Lampreia e Carlo Milani

DIREÇÃO GERAL
DENISE SARACENI

Personagens deste capítulo


ALBERTO JANETE MARINA THÉO
BRUNO JULIANO OTÁVIA VICENZO
CLARICE JUVENTINA ROBERTA VIÚVA-NEGRA
FABIANA LAURO RUBRA WANDA
HELENA MANDRAKE TELMA ZENILDA
HÉLIO MARCELA TEREZA

Participação neste capítulo

Atenção
“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA. e por conter informações
confidenciais, não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer
meio, sem o prévio e expresso consentimento da mesma. No caso de violação do sigilo, a parte infratora
estará sujeita às penalidades previstas em lei e/ou contrato.”
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 2

CENA 01. FAVELA. CASA DE JUVENTINA. QUARTO DE HÉLIO.


INTERIOR. TARDE
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. HÉLIO LEVANTA-SE,
JUVENTINA COM OS OLHOS FIXOS NO FILHO.
HÉLIO — Bom, a Irene nunca foi uma pessoa, digamos, “fácil” de se
conviver. Eu fui pesquisando fatos, jornais, colunas políticas
e até mesmo sociais da época e em uma dessas, eu encontrei
dias antes da morte dele, que a Irene tinha discutido com
algumas senhoras “amigas”, esposas de empresários que
estavam na festa.
JUVENTINA — Discutido de sair bordoada?
HÉLIO — (ri) Pelo menos alguns arranhões. Corria a boca miúda,
que ela tinha alguns amantes colunáveis, sempre dava um
jeitinho para sair nas capas de revistas ou notinhas nos
jornais. Futilidades bancadas pelo marido.
JUVENTINA — Eu entendo. Mas você acha que o tal assassino pode ter
errado o alvo ao matar o Sales?
JUVENTINA QUERENDO SABER. HÉLIO DÁ DE OMBROS.
HÉLIO — Quem sabe. Falar em socialites e colunáveis, eu mantenho
contato com a esposa do deputado Humberto que está me
ajudando nessa parte da investigação. Janete tem sido uma
boa colaboradora assim como o marido.
JUVENTINA — E eles são confiáveis? Porque estão te ajudando tanto em
um assunto que não os interessa, meu filho?
HÉLIO — Isso eu ainda não consegui descobrir, mãe. Mas quem
sabe... Para se safar? Afinal, eles também estavam no
apartamento do meu pai naquela noite. Tanto o deputado
quanto a mulher também são suspeitos do crime. Nenhum
fato está descartado.
JUVENTINA ASSENTE.
HÉLIO — Nenhum...
HÉLIO SUSPIRA E SORRI PARA A MÃE, QUE RETRIBUI NERVOSA.
CORTA PARA:

CENA 02. SÃO PAULO. EXTERIOR. DIA/NOITE


MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 3

PONTOS DA CIDADE E DO CENTRO DE SÃO PAULO SÃO MOSTRADOS


RAPIDAMENTE DURANTE O DIA, PASSANDO PELO PERÍODO DA MANHÃ,
TARDE ATÉ CHEGAR À NOITE PAULISTANA. ROLA SONOPLASTIA:
“SWEET CHILD O MINE” – SHERYL CROW. FOCA A VIDA NOTURNA NA
RUA AUGUSTA. MAIS ALGUNS PONTOS E ENFIM A FACHADA DA ONG.
CORTA PARA:

CENA 03. ONG MENINAS DO BRASIL. SALA DE FABIANA.


INTERIOR. NOITE
FABIANA JÁ PEGANDO SUAS COISAS SOBRE A MESA E SE PREPARANDO
PARA SAIR. BATIDAS NA PORTA.
FABIANA — (estranha) Quem será esta hora?
VAI ATENDER. É TELMA.
FABIANA — Olá?
TELMA — Oi, desculpa incomodar a esta hora da noite, mas é aqui a
ONG Meninas do Brasil, não é?
FABIANA — Sim, mas a gente já fechou.
TELMA — Sério? É que eu precisava conversar com a assistente
social, me indicaram uma moça chamada Fabiana Vargas.
FABIANA — Sou eu a Fabiana. (cumprimenta) Assistente social da
ONG.
TELMA — (cumprimenta) Telma Rodrigues.
FABIANA — Olha, se você quiser, nós podemos conversar amanhã./
TELMA COMEÇA A CHORAR QUASE DESESPERADAMENTE. FABIANA SE
ASSUSTA.
FABIANA — Tá, tudo bem. Vem cá, entra.
TELMA ENTRA AMPARADA PELA ASSISTENTE QUE FECHA A PORTA E
DEIXA SUA BOLSA NO SOFÁ. TELMA VAI SE ACALMANDO E SENTA NA
CADEIRA EM FRENTE À FABIANA.
TELMA — (chorosa) Desculpa, mas é que são tantos anos de
sofrimento e de busca que agora que eu cheguei aqui e me
acendeu uma esperança tão grande... Desculpa.
FABIANA — Imagina, eu acho que posso te entender. Me conta, o que
você precisa, Telma?
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 4

TELMA — A minha história é um pouco grande, eu peço que por


favor, a senhora ouça tudo de coração e por favor me ajude.
FABIANA ASSENTE COM A CABEÇA. TELMA RESPIRA FUNDO E ENCARA
FABIANA PARA COMEÇAR A SUA HISTÓRIA.
TELMA — Eu moro em Juiz de Fora e isso aconteceu há alguns anos,
dez anos mais ou menos. Eu namorava com um moço
escondida da minha mãe e acabei engravidando, não me
cuidei como deveria e foi acontecendo até que esta notícia
chegou pra mim.
FABIANA — Isso acontece com freqüência mesmo.
TELMA — Mas depois que eu contei isso para o meu namorado ele
ficou muito bravo, quase surtou, me ameaçou e desapareceu
no mundo. (controla o choro) Eu tive a minha filha, mas
acabei sendo expulsa de casa pelo meu pai que era um militar
muito bravo. Daqueles antigos.
FABIANA — Puxa, eu imagino como foi pra você.
TELMA — E eu me vendo naquela situação, sem ter para onde ir,
acabei entregando a minha filhinha em um orfanato.
TELMA DEIXA CAIR UMA LÁGRIMA. FABIANA SE SENSIBILIZA. SOBE
TEMA. TELMA CONTINUA A FALAR EM OFF.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:

CENA 04. AEROPORTO SANTOS DUMONT. FRENTE. EXTERIOR.


NOITE
TAKE PARA LOCALIZAR. ENTRA SONOPLASTIA: “THAT I WOULD BE
GOOD” – ALANIS MORISSETTE.
FUNDE PARA:

CENA 05. AEROPORTO SANTOS DUMONT. SAGUÃO. INTERIOR.


NOITE
ENTRE O PESSOAL QUE ESTÁ PARA EMBARCAR, ESTÃO SENTADAS EM
DUAS POLTRONAS: CLARICE E ROBERTA COM SUAS BAGAGENS NOS
CARRINHOS.
ROBERTA — Ai, Clarice. Eu tô eufórica, nervosa, ansiosa...
CLARICE — (ri) Calma, Rô. Vai dar tudo certo, cê vai ver.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 5

ROBERTA — E o endereço dela? Você tem?


CLARICE — Tenho sim. Quem em Porto Alegre não conhece onde
mora a deputada que agora vai ser presidente? Foi fácil. O
que não foi fácil é encarar o mau-humor do Lauro quando eu
disse que vinha pra cá.
ROBERTA — Sério? Ele chiou muito?
CLARICE — Muito, não queria que eu viesse. Na verdade, ele acha que
não vai dar em nada essa nossa viagem.
ROBERTA — A tia também desconfia disso.
ALGUNS SEGUNDOS DE SILÊNCIO.
ROBERTA — Será que eles não tem razão?
CLARICE ENCARA ROBERTA EM SILÊNCIO E SORRI NERVOSA.
CLARICE — Eu odiaria ter que admitir para o Lauro que eu estou
errada em relação à Marina.
ROBERTA — Sinceramente, não estou segura do que estamos fazendo.
Chegar sem avisar, depois de tantos anos na casa dela?
Somos outras mulheres, Clarice.
CLARICE — Se ela continua sendo a nossa amiga Marina de sempre ela
vai abrir os braços e nos acolher na vida dela de novo
Roberta.
ROBERTA — Pelo que você viu dela na vida pública. Acha que ela
mudou muito?
CLARICE — Não dá pra saber.
ROBERTA — Eu sinto ela mais fria, apesar de se intitular “mãe dos
pobres”.
ROBERTA E CLARICE RIEM.
CLARICE — A Marina mãe dos pobres? O cacete!
ROBERTA — Enfim, ela não pode ter mudado tanto assim, né?
CLARICE CONCORDA RETICENTE.
ROBERTA — Vou ao banheiro. Vai comigo?
CLARICE — Vamos, menina. Tô apertada.
ELAS RIEM E SAEM.
CORTA PARA:
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 6

CENA 06. ONG MENINAS DO BRASIL. SALA DE FABIANA.


INTERIOR. NOITE
CONTINUAÇÃO QUASE QUE IMADIATA DA CENA 03. TELMA SECA SUAS
LÁGRIMAS.
FABIANA — Bom, Telma. Isso tudo que você me contou é realmente de
penalizar qualquer um. Eu mesma me colocando por um
momento na sua situação... Não sei o que faria. Mas calma,
nós vamos te ajudar.
TELMA — Eu me arrependi, Fabiana. Me arrependo até hoje, pode ter
certeza. Se pudesse voltar no tempo e resgatar a minha
filhinha daquela porta onde eu a deixei./
FABIANA — Entendo. Quanto ao seu pedido, eu tenho que conversar
com as donas da ONG. Clarice e Roberta, mas eu tenho
certeza que elas vão aceitar.
TELMA — É um cantinho aqui mesmo entre alguma sala, em algum
dormitório, eu não sou de luxo. Apenas um canto para eu
dormir, contribuir com vocês e tentar encontrar a minha
menina.
FABIANA — Por mim você pode ficar em algum dormitório com as
meninas, mas como te disse a decisão final é das duas e elas
foram viajar hoje para Porto Alegre.
TELMA — Quando elas voltam?
FABIANA — Não sei, mas acho que será uma viagem rápida. É pra
rever uma amiga, não devem abandonar a ONG por muito
tempo. Até lá você fica.
TELMA SE LEVANTA COM UM SORRISO CARENTE. APERTA AS MÃOS DE
FABIANA.
TELMA — Obrigada, muito obrigada mesmo por tudo, Fabiana. Pode
ter certeza que enquanto eu estiver aqui vocês não vão ter
nada pra se queixar de mim.
FABIANA — (sorri) Eu tenho certeza, Telma.
TELMA — Tudo o que eu peço é uma ajuda para achar a minha filha.
FABIANA — Você terá, fica tranquila.
AS DUAS SORRIEM.
CORTA PARA:
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 7

1º INTERVALO COMERCIAL

CENA 07. APARTAMENTO DE BRUNO. SALA DE JANTAR.


INTERIOR. NOITE
FOCAMOS A HORA DO JANTAR. APENAS BRUNO E TEREZA JANTAM, BEM
ÍNTIMOS E DESPOJADOS.
BRUNO — Hoje eu estava mexendo em alguns papéis velhos e
encontrei tanta coisa, Tetê.
TEREZA — O que meu amor?
BRUNO — Ah, papéis, documentos, fotografias... (ri) Acredita que eu
resgatei uma fotografia da nossa lua-de-mel em Brasília?
TEREZA — (ri) Nossa, faz tanto tempo que até parece que isso foi em
outra vida.
BRUNO — Me chamando de velho?!
OS DOIS RIEM. ELA SEGURA A MÃO DO MARIDO.
TEREZA —É claro que não.
BRUNO — Eu encontrei outra coisa também que eu fiquei tocado,
mexido mesmo.
TEREZA — O que?
BRUNO — Você lembra-se do Alberto? Aquele dos tempos em Paris,
78.
TEREZA — É claro. O jornalista, como poderia esquecer? O que terá
acontecido com o pobre Diabo?
BRUNO — Não sei. A última vez que falei por ele foi por telefone e
ele tinha conseguido voltar para o Brasil, para o Rio de
Janeiro. Eu encontrei uma carta que ele me pediu para
entregar quando eu chegasse ao Brasil.
TEREZA — Você comentou desta carta na época, até foi no tal
endereço no Rio, não foi? Em Conservatória, acho.
BRUNO — Isso mesmo, Conservatória. Lembra que eu cheguei ao tal
endereço e não encontrei ninguém? Aliás, encontrei só uma
velhinha que disse que nunca tinha mais tinha visto a tal
Zenilda e muito menos sabia que ela tinha uma filha.
TEREZA — Lembro, mas porque você foi desenterrar isso? Só te faz
mal lembrar.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 8

BRUNO — Eu não me conformo Tereza. Fiz uma promessa ao


Alberto e não pude cumprir.
TEREZA — Você tentou meu amor. Não se culpe por isso.
BRUNO — Falhei Tereza, falhei! Deveria ter tentado procurar a tal
mulher. (pausa) Eu espero que o Alberto onde esteja que me
perdoe por isso, mas eu tenho certeza que eu mesmo nunca
vou me perdoar por não ter entregado a carta nas mãos da
mulher e da filha do meu amigo.
TEREZA APERTA A MÃO DO MARIDO. EM BRUNO.
CORTA PARA:

CENA 08. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE


ENTRE OUTROS PONTOS DA CIDADE É FOCADA A LAGOA RODRIGO DE
FREITAS COM SUA ÁRVORE DE NATAL ESPLENDOROSA JÁ ATIVADA.
ENTRA SONOPLASTIA: “PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES”
– ZÉ RAMALHO. TAKES DO BAIRRO DE SÃO CRISTÓVÃO. TERMINA NA
FRENTE DA CASA DE ALBERTO.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:

CENA 09. CASA DE ALBERTO. COZINHA. INTERIOR. NOITE


WANDA NA COZINHA PREPARA UM CHÁ E SERVE UMA XÍCARA PARA
ALBERTO QUE TOSSE SEM PARAR.
WANDA — Pelo amor de Deus, meu amigo. Toma este chá, os
remédios e cama.
ALBERTO — Eu tô bem, Wanda.
WANDA — Ah, claro, percebe-se a distância ouvindo a sua tosse.
WANDA COLOCA A MÃO NA TESTA DELE.
WANDA — Mais tá ardendo em febre!
ALBERTO — Hei, fica calma. Eu sou velho, velho fica doente por tudo.
WANDA — Velho é uma pinóia. Você é gente acima de tudo.
ALBERTO — (ri) Mereço.
WANDA — Merece sim, vai, toma todo esse chá e vai lá para o quarto
que eu vou preparar o seu remédio e levar lá.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 9

ALBERTO — Ô meu Deus, o que eu fiz para merecer esta mulher no


meu pé?!
WANDA — Para de resmungar, seu Alberto. Se não o cuidado é
redobrado.
ALBERTO RI E TOSSE MAIS UM POUCO. WANDA PREOCUPADA
ACOMPANHA NO CHÁ.
CORTA PARA:

CENA 10. APARTAMENTO DE ZENILDA. SALA. INTERIOR. NOITE


THÉO SURGE COM UMA TAÇA DE VINHO E ENTREGA PARA LAURO ALI
SENTADO. EM OUTRO SOFÁ, MARCELA.
THÉO — Tão bom esses momentos onde temos a família reunida
após um jantar. São raras às vezes! A Clarice nunca aparece
aqui.
LAURO — O senhor sabe como a Clarice é.
THÉO — Eu sei, na verdade ela nunca aceitou o meu casamento
com a mãe dela. Mas eu posso compreender a atitude dela.
MARCELA — Com certeza. Eu acho que também teria a mesma reação,
pelo menos a principio.
THÉO — Só não aceito que a sua mãe ainda carregue com ela esses
sentimentos rancorosos. Não faz bem nem para ela, nem para
a Zenilda. A Zenilda sente falta da filha, sabiam?
LAURO — Eu sei disso. Já tentei falar com a Clarice, convencer ela a
aceitar isso tudo, até porque aconteceu já há muitos anos,
eram outros tempos. Ela é irredutível, é humana, não é seu
Théo? A Clarice não é personagem tirada de nenhum conto
de fadas.
ZENILDA ENTRA COM UMA BANDEJA COM DUAS XÍCARAS DE CAFÉ.
ZENILDA — O que estão conversando, meninos?
ENTREGA UMA XÍCARA PARA MARCELA E PEGA UMA PARA SI. SENTA.
MARCELA — O vovô e o papai aqui conversando com a dona Clarice.
ZENILDA — Falando o que da minha filha, hein? Só eu posso falar dela
(ri).
THÉO — Estava aqui comentando que até hoje a sua filha não me
aceitou como marido da mãe dela.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 10

ZENILDA — (aborrecida) Ah, Théo. Essa conversa de novo não.


LAURO — Relaxa sogrinha. (ri) Na certa é ciúmes do seu Alberto.
THÉO — Eu com ciúmes daquele crápula que abandonou a filha
com medo de ser preso pelos militares? É ruim, hein. Eu sou
mais eu, eu me garanto.
ZENILDA — Por favor, Théo. Vamos parar com este assunto.
MARCELA — Concordo vovó. Não vamos citar quem não está aqui para
se defender.
THÉO — Não, minha neta. Uma coisa nós temos que admitir, este
Alberto foi um idiota ao largar mulher e filha e fugir para a
França. Mesmo naqueles tempos, isso pra mim não é coisa de
homem de verdade, de pai de família.
ZENILDA LEVANTA-SE IRRITADA.
ZENILDA — (p/ Théo) Acho que a quantidade do seu vinho passou um
pouco da conta.
ELA SAI IRRITADA. LAURO E MARCELA SE ENTREOLHAM ENCABULADOS.
THÉO SORRI PARA ELES MEIO ENVERGONHADO, DEIXA A TAÇA DA
BEBIDA SOBRE UM MÓVEL E SAI EM DIREÇÃO A SAÍDA DA MULHER.
CORTA PARA:

CENA 11. APARTAMENTO DE ZENILDA. COZINHA. INTERIOR.


NOITE
ZENILDA ENTRA CONTRARIADA NA COZINHA. THÉO SURGE LOGO ATRÁS.
OS DOIS NÃO SE OLHAM, ELA DE COSTAS.
THÉO — Meu amor./
ZENILDA — Pelo amor de Deus, Théo. Não venha falar comigo, não
fala nada, nenhuma palavra, porque eu não quero falar com
você. Não hoje! Chega!
THÉO — Zenilda, eu não falei nada que não fosse verdade daquele./
ZENILDA SE VIRA PARA ELE. O ENCARA.
ZENILDA — Ele é o meu marido.
THÉO — Eu sou o seu marido!
ZENILDA — (corrige) Ele foi o meu marido, ele é pai da Clarice e você
sempre arruma uma brecha para caluniar quem não tá aqui
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 11

para se defender. Eu não admito que você fale coisas que não
sabe Théo.
THÉO — Defendendo o falecido agora porque, Zenilda?
ZENILDA — Não estou defendendo ninguém. Só peço que respeite a
memória do Alberto, se ele estiver morto ou vivo não
importa. Eu só peço que respeite o sentimento que a Clarice
tem por ele e que a Marcela venha a ter também.
THÉO — (debochado) Por favor, a Marcela nem conheceu este
homem. Ela é minha neta, só conhece a mim como avô dela.
ZENILDA — Chega. Eu já disse que não quero falar com você hoje e
não vou falar. Deixa a minha raiva passar.
ZENILDA VAI SE ACALMANDO. THÉO VAI SE APROXIMANDO DELA E A
TOCA NO OMBRO.
THÉO — Zenildinha./
ZENILDA — (grita) Sai daqui!
THÉO SE ASSUSTA E SAI. ZENILDA SE VIRA E COMEÇA A CHORAR.
CORTA PARA:

CENA 12. CASA DE ALBERTO. QUARTO DE ALBERTO. INTERIOR.


NOITE
ALBERTO DEITADO NA CAMA. WANDA AO SEU LADO. CONVERSA JÁ
INICIADA.
WANDA — Mesmo depois de todos esses anos você não tem raiva
dela?
ALBERTO — (nega) Não, Wanda. Eu não consigo ter raiva da mulher
que eu tanto amei. Mesmo ela mentindo para mim, dizendo
que foi para um lugar e ter fugido com a minha filha sabe lá
Deus pra onde. Eu só tenho a esperança de um dia encontrar
as duas e perguntar para a Zenilda o porquê dela ter feito isso
comigo.
WANDA — Você não desconfiou que ela tivesse outro?
ALBERTO — Acho que não. Aqueles tempos eram outros, ela vivia para
a casa, para a filha, para o nosso casamento. Mesmo que ela
fosse infeliz, acho que a Zenilda não seria capaz de ter algum
caso ao mesmo tempo com outro homem.
WANDA — Cê falou desse tal Bruno, né?
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 12

ALBERTO — (sorri saudoso) Meu amigo dos tempos de exílio. Foi ele
quem me disse da Zenilda e da Clarice. Você sabia que o
filho dele casou com uma moça com o mesmo nome da
minha filha? Bem que poderia ser a minha Clarice... (ri)
Saudades do meu amigo. Saudade.
EM ALBERTO.
CORTA PARA:

CENA 13. SÃO PAULO. PRÉDIO DE HUMBERTO. FRENTE.


EXTERIOR. NOITE
UM TÁXI ESTACIONA EM FRENTE AO PRÉDIO ONDE MORA HUMBERTO E
JANETE. DELE DESEMBARCA HÉLIO. O TÁXI VAI EMBORA. HÉLIO OLHA
PARA O PRÉDIO E ENTRA FIRME.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:

CENA 14. APARTAMENTO DE HUMBERTO. SALA. INTERIOR.


NOITE
JANETE SENTADA NO SOFÁ FOLHEIA UMA REVISTA, IMPACIENTE. A
CAMPAINHA TOCA. LEVANTA NERVOSA E VAI ATENDER. É HÉLIO.
JANETE — Boa noite. Hélio?
HÉLIO — (cumprimenta) Hélio Lopes.
JANETE — Janete Pitangueira. Entra.
HÉLIO ENTRA E JANETE FECHA A PORTA.
JANETE — Quando você me ligou dizendo que estava no Brasil, eu
mal pude acreditar.
HÉLIO — Cheguei ontem à noite. O Humberto está em casa?
JANETE — Em Brasília. Você está hospedado onde?
HÉLIO — Na casa da minha mãe... Na favela do Urubu.
JANETE — (assustada) Mas esse lugar é muito perigoso, pelo que eu
ouço falar.
HÉLIO — Fazer o que?! A dona Juventina gosta de morar lá, já falei
para ela se mudar de lá, mas ela é irredutível quanto a isso.
JANETE — Quer um café, uma água?
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 13

HÉLIO — Não Janete. Obrigado. Eu vim aqui conversar com você


sobre aquele assunto. (pausa) Eu quero a sua ajuda e a do
Humberto para saber como eu devo proceder a minha
investigação.
JANETE CONCORDA NERVOSA COM A CABEÇA.
CORTA PARA:

2º INTERVALO COMERCIAL

CENA 15. ONG MENINAS DO BRASIL. DORMITÓRIO I.


INTERIOR. NOITE
FABIANA ENTRA COM TELMA EM UM DORMITÓRIO DA ONG. TELMA
OBSERVA TUDO.
FABIANA — É um espaço grande, com várias camas, tem algumas
vagas no final que você pode deixar as suas coisas e dormir
lá.
TELMA — Obrigada.
TELMA PEGA SUAS POUCAS MALAS E SEGUE PARA SUA CAMA QUE FICA
NO FIM DO QAURTO. FABIANA OBSERVA TUDO ALI E TAMBÉM SAI.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:

CENA 16. ONG MENINAS DO BRASIL. DORMITÓRIO II.


INTERIOR. NOITE
EM CLIMA DE SUSPENSE QUE PERDURA ATÉ O FIM DA SEQUÊNCIA, A
CAM VEM EM TRAVELLING ATÉ A CAMA DE RUBRA. A GAROTA ARRUMA
ALGUMAS POUCAS ROUPAS EM UMA TROUXA. OLHA TUDO ALI E VAI
SAINDO PÉ ANTE PÉ. SAIU DO DORMITÓRIO.
CORTA PARA:

CENA 17. ONG MENINAS DO BRASIL. PÁTIO. EXTERIOR. NOITE


RUBRA ANDA RAPIDAMENTE COM SUA TROUXA DE ROUPAS. OLHA NO
PÁTIO QUE ESTÁ VAZIO. CHEGA PERTO DE ALGUMAS FOLHAGENS E
COMEÇA A ESCALAR O MURO. CORTA PARA FABIANA QUE PASSA AO
LONGE. PEGA O SEU CARRO E VAI SAINDO DA ONG. RUBRA SE ESCONDE
ATRÁS DAS FOLHAGENS. QUANDO VÊ QUE A MOÇA SAIU, VOLTA PARA O
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 14

MURO ONDE JOGA A SUA TROUXA DE ROUPAS PARA O LADO DE FORA E


TAMBÉM ESCAPA DALI.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:

CENA 18. SÃO PAULO. RUA. EXTERIOR. NOITE


EM ALGUMA RUA PERTO DA ONG, RUBRA ANDA DESNORTEADA. ALGUNS
CARROS AINDA CIRCULAM E ELA NÃO LIGA PARA O MOVIMENTO.
QUANDO VAI ATRAVESSAR, UM VEÍCULO QUASE A ATROPELA. ELA SAI
CORRENDO PELA RUA.
CORTA PARA:

CENA 19. SÃO PAULO. EXTERIOR. DIA


AMANHECE RAPIDAMENTE EM SÃO PAULO. SEM SONOPLASTIA.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:

CENA 20. ONG MENINAS DO BRASIL. DORMITÓRIO II.


INTERIOR. MANHÃ
FABIANA E TELMA DE FRENTE PARA A CAMA DE RUBRA, DESARRUMADA
E SEM AS ROUPAS DELA.
FABIANA — Esta garota aproveitou a ausência da Clarice e da Roberta
e fugiu da ONG.
TELMA — Será que ela fugiu mesmo?
FABIANA — Procuramos por toda a parte e ela não está. É claro que ela
fugiu. Droga!
EM FABIANA FRUSTRADA.
CORTA PARA:

CENA 21. FAVELA DO URUBU. EXTERIOR. MANHÃ


ENTRE AS VIELAS E OS BARRACOS, RUBRA VEM ANDANDO
COMPLETAMENTE DESCONTROLADA POR ALI. PASSA POR ALGUNS
MORADORES QUE OLHAM TORTO PARA A GAROTA. CORTES
DESCONTÍNUOS DE RUBRA SE ARRASTANDO PELAS VIELAS E BECOS.
CHEGA A UMA ÁREA DOMINADA POR TRAFICANTES. CORTA PARA
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 15

VIÚVA-NEGRA QUE FALA COM ALGUNS CAMARADAS. RUBRA O ENCARA.


VIÚVA RI E VAI PARA UM BARRACO. LOGO SURGE COM MANDRAKE.
VIÚVA-NEGRA — Ó lá mermão. A mina tá mó chapada, cara.
MANDRAKE — Tô sacando que ela precisa é de um bom trato, hein
Viúva?!
VIÚVA-NEGRA — (ri) Demorô chefia.
MANDRAKE VAI ATÉ RUBRA E A PEGA PELO CANGOTE. ELA O ENCARA
AINDA BEM SELVAGEM. OLHOS ARREGALADOS. MANDRAKE RI. OS
OUTROS TRAFICANTES LOGO ATRÁS, NÃO SE MOVEM DE SEUS LUGARES.
RUBRA — Eu quero um lugar brow!
MANDRAKE — (sorri) Acabô de encontrar, princesa!
MANDRAKE RI. RUBRA RI MEIO QUE SEM SABER O QUE ESTÁ FAZENDO.
NELA.
CORTA PARA:

CENA 22. PORTO ALEGRE. EXTERIOR. MANHÃ


A CAPITAL GAÚCHA ILUMINADA PELOS RAIOS DA MANHÃ. ALGUNS
PONTOS DA CIDADE SÃO MOSTRADOS, O TRÂNSITO, O COMÉRCIO
POPULAR NO CENTRO DA CIDADE. TUDO AO SOM DE: “HIM” – LILY
ALLEN. O AEROPORTO TAMBÉM É MOSTRADO, ONDE UM AVIÃO POUSA
NA PISTA.
FUNDE PARA:

CENA 23. PORTO ALEGRE. PRÉDIO DE MARINA. FRENTE.


EXTERIOR. MANHÃ
CLARICE E ROBERTA SAEM DE UM TÁXI NA FRENTE DO PRÉDIO DE
MARINA. ENTRAM.
CORTA PARA:

CENA 24. APARTAMENTO DE MARINA. SALA. INTERIOR. MANHÃ


MARINA TRABALHA EM SEU LAPTOP. O INTERFONE TOCA. ELA VAI
ATENDER.
MARINA — [off] Fala Jair. (pausa) Me procurando? Não, eu disse que
não quero que me interrompam, eu estou muito ocupada.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 16

(pausa/ surpresa) Amigas do passado? (pausa) Espera, espera


um pouco.
MARINA FICA PENSATIVA TAMPANDO O BOCAL DO INTERFONE.
MARINA — A Clarice e a Roberta aqui?!
VOLTA PARA O APARELHO.
MARINA — Pode mandar subir, mas fica atento. Não quero mais
ninguém, ouviu bem? Ninguém me interrompendo!
MARINA DESLIGA O INTERFONE E VOLTA PARA O SOFÁ. FICA PENSATIVA
DURANTE ALGUNS SEGUNDOS ATÉ QUE A CAMPAINHA TOCA. ENTRA
SONOPLASTIA: “MENINAS DO BRASIL” – TRÊS MENINAS DO BRASIL.
ELA VAI ATENDER. EM SLOW-MOTION: MARINA ABRE A PORTA. CLARICE
E ROBERTA NA PORTA SORRIEM TIMIDAMENTE. MARINA NÃO ESBOÇA
NENHUMA REAÇÃO.
CORTA PARA:

CENA 25. CASA DE JULIANO. SALA DE JANTAR. INTERIOR.


MANHÃ
HELENA, JULIANO, OTÁVIA E VICENZO TOMAM CAFÉ DA MANHÃ JUNTOS
E CALADOS.
VICENZO — (quebra o silêncio) Hoje lá na faculdade vai ir um cara, um
ex-alcoólatra contar sobre a experiência dele, a vivência dele
durante esse tempo.
OTÁVIA — O bom é que você não precisa nem fazer workshop não é
maninho? Convive com um exemplo vivo.
JULIANO — (incomodado) Otávia, hoje não! Sem ironias no café da
manhã, por favor.
HELENA SORRI PARA DISFARÇAR O MAL-ESTAR.
HELENA — Mas porque isso, meu amor? Aqui em casa nós não temos
ninguém passando pela mesma experiência desse homem que
o Vicenzo citou.
OTÁVIA OLHA PARA OS LADOS IRÔNICA.
OTÁVIA — Quebraram os espelhos dessa casa?
JULIANO — (tom) Chega Otávia!
NESTA HORA, BRUNO E TEREZA CHEGAM AO LOCAL.
JULIANO — (levanta-se) Eu vou trabalhar.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 17

BRUNO — Bom dia para todos.


HELENA — (aborrecida) Bom dia papai.
TEREZA — Nós demos uma passadinha aqui, porque o seu pai vai me
levar na ONG. Agora sem a Clarice lá para resolver as
coisas... (percebe) Chegamos em má hora?
VICENZO — Não vovó. Só as mesmas discussões de sempre.
OTÁVIA LEVANTA JUNTO COM O PAI.
OTÁVIA — Eu vou aproveitar a carona. Pai me leva para o curso de
Inglês?
JULIANO — Vamos.
OTÁVIA — Só vou pegar minha bolsa e já volto.
HELENA SE LEVANTA DETERMINADA.
HELENA — (tom) Espera. Espera que eu quero falar um negócio para
todos aqui, aproveitando a presença dos meus pais.
JULIANO — Helena, eu estou atrasado. Tenho hora.
HELENA — Por favor. (pausa) Eu quero fazer uma promessa aqui
diante de todos. Eu sei que eu dou muito trabalho para todos,
eu tenho olhos, eu enxergo tudo o que se passa a minha volta.
Pois bem, eu quero dizer na frente da minha família que de
hoje em diante não vou mais beber.
BRUNO, TEREZA E VICENZO SORRIEM. JULIANO E OTÁVIA COM CARAS DE
DEBOCHE.
HELENA — Eu juro que de hoje em diante nenhuma gota mais de
álcool, nenhuma! (pausa) Então o que me dizem?
JULIANO — Esse ano tem eleição?
OTÁVIA — Bom, pelo menos as promessas políticas já começaram,
não é? Vou pegar minha bolsa, beijos.
OTÁVIA SAI DALI CORRENDO. JULIANO TAMBÉM SAI. HELENA SENTA-SE
HORRORIZADA COM AS ATITUDES DO MARIDO E DA FILHA E COMEÇA A
CHORAR.
TEREZA — Ô minha filha.
TEREZA ABRAÇA HELENA. VICENZO E BRUNO TAMBÉM SE APROXIMAM
CHATEADOS.
BRUNO — O Juliano e a Otávia passam da medida.
VICENZO — Eles não tem o direito de agirem assim.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 18

HELENA — (chorosa) Deixa meu filho. Eles nunca acreditam na minha


palavra.
TEREZA — Mas nós acreditamos minha filha. Isso é que importa.
HELENA CHORA ABRAÇADA AOS PAIS E A VICENZO.
CORTA PARA:

CENA 26. APARTAMENTO DE MARINA. SALA. INTERIOR. MANHÃ


CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 24. MARINA SE PÕE À FRENTE DA
PORTA.
MARINA — (fria) O que poderia ajudar vocês?
CLARICE — (estranha) Marina, você não se lembra de nós? Clarice,
Roberta, suas amigas de infância. São Paulo.
MARINA — Desculpem, mas eu realmente não conheço vocês, nunca
as vi. Dêem-me licença, mas eu tenho muitas coisas a fazer,
como devem saber eu sou deputada e agora estou
concorrendo à presidência. (sorri amarelo) Espero que votem
em mim nas próximas eleições.
ROBERTA — Marina... (pausa) Tudo bem, nos desculpe. Nós vamos
embora.
ROBERTA PEGA A SUA BOLSA, FUÇA LÁ DENTRO E PEGA UM CARTÃO.
ROBERTA — Se você lembrar-se de nós duas, nos procure nesse
endereço.
MARINA — (pega o cartão) Tenho certeza que não vou precisar, mas
obrigada. Agora eu tenho que trabalhar./
CLARICE — (corta) Hei. Marina, quer dizer deputada, você tem certeza
mesmo que não nos conhece?
MARINA EM ALGUNS SEGUNDOS CALADA. SORRI IRONICAMENTE.
MARINA — Como eu falei, tenho que voltar para o trabalho. Licença.
MARINA VOLTA PARA O APARTAMENTO E FECHA A PORTA. CLARICE E
ROBERTA SE OLHAM EMBASBACADAS.
CORTA PARA:

CENA 27. APARTAMENTO DE ZENILDA. SALA. INTERIOR. MANHÃ


MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 19

THÉO ANDA DE UM LADO PARA O OUTRO, APARENTEMENTE NERVOSO.


ZENILDA ENTRA DA RUA.
THÉO — Zenildinha, onde você estava meu amor? Fiquei
preocupado!
ZENILDA — Não lhe dei motivos, Théo. Fui tratar de alguns assuntos
na rua, não me pergunte o que.
THÉO — (estranha) Porque você não quer me dizer, hein?
ZENILDA — Agora não. Depois falamos.
THÉO SEGURA A ESPOSA PELO BRAÇO.
THÉO — Ainda tá brava comigo por causa de ontem?
ZENILDA — Me solta.
THÉO — Meu amor./
ZENILDA SE DESVENCILHA DO MARIDO.
ZENILDA — Desconhecia este seu lado possessivo.
THÉO — A nossa relação não anda boa algum tempo, Zenilda. Eu
tive uma ideia para melhorar o nosso casamento. Que tal uma
viagem? Aquela viagem para Paris que você sempre me
pediu, hein? O que acha?
ZENILDA — Não vai ter viagem para Paris, coisa nenhuma. Pelo menos
não com você.
THÉO — Como assim? Do que você está falando, meu amor?
ZENILDA — Você quer saber mesmo onde eu estava? Pois bem, eu fui
falar com o doutor Teodoro.
THÉO — Teodoro? Quem é doutor Teodoro? Você está doente?
ZENILDA — Doente não... Saturada. O doutor Teodoro é um advogado
amigo meu de anos. (pausa) Eu fui falar sobre a nossa
separação, Théo.
THÉO ARREGALA OS OLHOS APAVORADO.
THÉO — Separação?!
ZENILDA CONFIRMA COM A CABEÇA. THÉO NERVOSO. ZENILDA
DECIDIDA.
THÉO — Não diz isso, meu amor. Eu não quero me separar de ti, eu
te amo mais que tudo.
ZENILDA — O problema é esse Théo. Eu não sei se te amo mais.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 06 PÁG.: 20

THÉO — Pelo amor de Cristo, por tudo que há de mais sagrado


nessa vida, Zenildinha, não faz isso comigo./
ZENILDA — (irritada) Para de me chamar de Zenildinha. Que coisa
mais depreciativa Théo.
THÉO — (continua) Se você se separar de mim eu morro, ou pior,
eu me mato!
THÉO PEGA UMA ESTATUETA E COLOCA CONTRA A CABEÇA. CLIMA DE
TENSÃO. ZENILDA ENCARA THÉO QUE APONTA O OBJETO PARA A
CABEÇA.
THÉO — Eu me mato agora!
CLOSES ALTERNADOS DOS DOIS. EM THÉO. CONGELA.
CORTA PARA:

EFEITO FINAL: O ROSTO DE THÉO FICA CINZA, ENQUANTO O PLANO


DE FUNDO É PREENCHIDO COM AS CORES DA BANDEIRA DO BRASIL.

FIM DO CAPÍTULO 06

Créditos sobem ao som de: “Amnésia – Ke$ha”.

Potrebbero piacerti anche