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Marcela Ayres, de
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Germano Lüders/EXAME
Os dividendos distribuídos pelas empresas são isentos, mas também devem ser
declarados.
Assim como imóveis e carros, as ações de empresas são consideradas bens, devendo ser
informadas na declaração. Para tanto, o investidor deve acessar o item “Bens e
Direitos”, no menu “Fichas da Declaração” e selecionar o código “31 - Ações”.
“Nos campos indicados, será preciso dizer qual é a empresa que emitiu o papel, seu
CNPJ, a quantidade de ações detidas, o valor de custo e a data de compra”, esclarece
Elaine Varella, sócia da Escola de Negócios Contábeis. Em suma, o contribuinte
informará à Receita qual era a composição da sua carteira até o dia 31 de dezembro.
Portanto, só vão entrar nesta relação os papéis que efetivamente permaneceram no
portfólio do declarante até o fim do ano.
De maneira análoga, quem tiver comprado mais 100 ações no ano passado, irá somar o
valor desembolsado pelos papéis ao montante anteriormente declarado. Isso acontece
porque a Receita não considera as oscilações do mercado: seu objetivo é mensurar
lucros e prejuízos, frutos da diferença entre os valores de compra e venda dos ativos.
Portanto, jamais atualize o preço das ações pela sua cotação no último dia do ano.
Varella aconselha ainda que o investidor some as despesas com a compra ao custo do
papel propriamente dito. Considerando as taxas de corretagem e os emolumentos, o
preço de aquisição declarado fica mais alto. Assim, você pagará menos impostos sobre o
lucro quando se desfizer das ações, já que o rendimento declarado será menor.
Se o investidor vender até 20.000 reais em ações em um único mês, o ganho obtido com
as transações ficará isento de Imposto de Renda. Vem daí a vantagem de não negociar
mais do que esse valor a cada 30 dias. O limite, entretanto, vale para todo o conjunto de
operações. Logo, se negociar 15.000 reais na conta aberta em uma corretora e 15.000
reais em outra, você terá ultrapassado o teto de isenção.
Para declarar a renda obtida em alienações inferiores a 20.000 reais mensais, é preciso
acessar o menu “Rendimentos Isentos e Não-Tributáveis” no programa de declaração da
Receita, e lançar o lucro líquido apurado ao longo do ano no “Item 04 - Lucro na
alienação de bens e/ou direitos de pequeno valor”.
Segundo Elaine Varella, da Escola de Negócios Contábeis, o investidor estará apenas
informando à Receita de onde pode vir o aumento do seu patrimônio. “Esse valor vai ser
computado nos seus ganhos financeiros para efeitos de variação patrimonial, ou seja,
para avaliar se você tinha dinheiro suficiente para adquirir outros bens e direitos.”
Caso tenha optado por preencher o GCap 2011 (Programa de Apuração dos Ganhos de
Capital), o contribuinte verá essas informações serem automaticamente transportadas
para seus devidos campos ao importar os dados para a declaração do IR 2012. Por essa
razão, Elaine indica o uso da ferramenta. “São mais informações para especificar, como
a empresa que emitiu as ações, o preço de custo, o valor da venda e o lucro auferido”,
diz. O detalhamento diminui o risco de erros no cálculo, e, portanto, de o investidor cair
na malha fina.
Justamente por isso a Receita disponibiliza o GCap com muita antecedência. Quem
quiser começar a discriminar as negociações feitas em 2012 (que serão declaradas
apenas no ano que vem), já pode baixar o aplicativo e adiantar o trabalho.
Por outro lado, o investidor que tiver obtido prejuízo na venda das ações deve informar
esse valor para ganhar a possibilidade de compensá-lo no cálculo de um eventual lucro
tributável. O caminho é acessar a aba “Renda Variável”, no menu principal da
declaração, e depois o item “Operações Comuns / Day Trade”. Na tabela “Mercado à
vista” do mês da operação, o declarante deve lançar seu prejuízo líquido, precedido por
um sinal negativo (-).
Na hora de informar esse ganho na declaração de IR, será preciso abrir a aba "Renda
Variável", selecionar o mês da transação e indicar o lucro líquido obtido no campo
"Operações Comuns". É importante reforçar que esse espaço só deve ser preenchido se
a negociação das ações tiver superado o valor de 20.000 mensais. Isso porque o
programa automaticamente considera a incidência de 15% sobre os lucros.
Como os prejuízos não são tributados, devem ser informados no mesmo quadro. Desta
forma, ficarão disponíveis para a compensação nos meses seguintes. Assim, se você
tiver um prejuízo de 5.000 reais em um mês e um lucro de 15.000 no mês seguinte, você
será tributado apenas sobre os 10.000 reais.
Este “crédito” sempre poderá ser abatido de outros lucros, inclusive em anos seguintes.
Basta que o contribuinte tenha informado esse valor na declaração anterior, resgatando-
o na aba de janeiro.
Day Trade
O procedimento para os ganhos com o Day Trade, isto é, com as operações de compra e
venda de ações em um único dia, é exatamente o mesmo que vale para os rendimentos
com vendas mensais superiores a 20.000 reais em ações. A diferença é que ao invés de
15%, a alíquota que incide sobre os ganhos é de 20%. Os rendimentos devem ser
informados mês a mês no item “Operações Comuns / Day Trade”, dentro de "Renda
Variável", com o lucro líquido apontado no campo “Day Trade”.
Dividendos
Os dividendos distribuídos pelas empresas são isentos de IR. Por isso, devem ser
declarados em "Rendimentos Isentos e Não Tributáveis", no item "05. Lucros e
dividendos recebidos pelo titular e pelos dependentes". Neste campo, o contribuinte irá
lançar a soma de todos os dividendos recebidos ao longo de 2010, especificando a fonte
pagadora, o CNPJ e o valor distribuído a título de participação nos lucros. Cada
companhia ganhará uma linha específica.
Juros sobre capital próprio são sujeitos a uma alíquota de 15%. Mas como o IR é retido
na fonte, o contribuinte deverá discriminá-lo em “Rendimentos Sujeitos à Tributação
Exclusiva/Definitiva”, no item "08. Outros rendimentos recebidos pelo Titular". Será
preciso especificar a natureza dessa renda no campo em branco, apontando, em seguida,
a soma de todo valor recebido ao longo de 2011.