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Educação ambiental:
ecopedagogia e sustentabilidade dos recursos
naturais
Ituiutaba, MG
2017
© Giovanni Seabra (Org.), 2017.
Arte Gráfica e editoração: Alex David Silva de Assis, Claudia Neu, Gabriel de Paiva Cavalcante,
Laciene Karoline Santos de França, Laysa Borba e Silva, Loester Figueirôa de França Filho e Maria
Imaculada de Andrade Morais.
Editor: Anderson Pereira Portuguez
Arte da capa: Gabriel de Paiva Cavalcante
Contatos:
www.cnea.com
ambiental.gs@gmail.com
Editora: Barlavento
Prefixo editorial: 68066
Braço editorial da Sociedade Cultural e Religiosa Ilé Asé Babá Olorigbin.
CNPJ: 19614993000110
Caixa postal nº 9. CEP 38.300-970, Centro, Ituiutaba, MG.
Conselho Editorial:
Mical de Melo Marcelino (Editor-chefe)
Anderson Pereira Potuguez (Editor da Obra)
Antônio de Oliveira Junior
Claudia Neu
Giovanni de Farias Seabra
Hélio Carlos Miranda de Oliveira
Leonor Franco de Araújo
Maria Izabel de Carvalho Pereira
Jean Carlos Vieira Santos
ISBN: 978-85-68066-54-6
Giovanni Seabra
Sumário
Biotecnologia e Fontes Alternativas de Energia.....................................................................14
PRODUÇÃO COMERCIAL DE CLONES DE CAJUEIRO NO SEMIÁRIDO DO ESTADO DO
PIAUÍ ............................................................................................................................................. 15
Biotecnologia e Fontes
Alternativas de Energia
© Giovanni Seabra
RESUMO
A região Nordeste responde por cerca de 97% da produção nacional de caju, com destaque para o
Ceará que se sobressai como maior Estado produtor seguido pelos Estados do Rio Grande do Norte,
Piauí e Maranhão. No Piauí, o município de Pio IX figura como o principal produtor, onde está
localizada a fazenda Planalto, hoje com 22 mil hectares de cajueiro. O presente estudo teve por
objetivo avaliar a produção de oito clones de cajueiro cultivados no semiárido do Estado do Piauí,
em sistema de produção comercial, no período compreendido entre os anos de 2007 a 2012. Os
clones utilizados foram o BRS 226, BRS 265, Embrapa 51, CCP 76, FAGA 11, CAC 38, Lindolfo e
Café-Enilda, sendo estes dois últimos, selecionados na própria fazenda Planalto. Os dados obtidos
foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de
5% de probabilidade. Houve variação na produtividade de castanha dos oito clones de cajueiro
cultivados em condição de produção comercial. O BRS 226 foi o clone que apresentou produção
praticamente crescente entre os anos de avaliação, atingindo uma média de 7,54 Kg de
castanha/planta em 2012 (754 Kg/ha), apesar da precipitação pluviométrica nesse ano ter atingido
apenas 237 mm. Os clones CCP 76, CAC 38 e FAGA 11 foram os genótipos menos produtivos.
Palavras-chaves: Anacardium occidentale, genótipos, produtividade, castanha-de-caju.
ABSTRACT
The North-eastern region of Brazil is responsible by approximately 97.0% of the whole national
production of cashew nuts, with Ceara state being the main producer, followed by Rio Grande do
Norte, Piaui and Maranhao states. At Piaui state, Pio IX county is the principal producer due to the
Planalto farm, with a planted area of 22,000 hectares. The aim the present study was to evaluate the
productivity of eight cashew clones usually cultivated in the semi-arid region of Piaui state, in
commercial system, between the years of 2007 to 2012. The following clones were assessed: BRS
226, BRS 265, EMBRAPA 51, CCP 76, CAC 38, FAGA 11, Lindolfo and Café-Enilda, the last
two clones selected among plants of the Planalto farm. The results obtained were analyzed by
Anova and the means compared by the Tukey test at the level of 5% of probability. Results
exhibited significant variation in nuts productivity, with the clone BRS226 showing crescent
productivity during the evaluation period, with the mean production of 7.54 kh/plant (754 Kg/ha) in
2012, despite the low rain fall of only 237 mm. On the other hand, the clones CCP 76, CAC36 and
FAGA 11 were the least productive.
Keywords: Anacardium occidentale, genotypes, productivity, cashew nut.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela I. Produção de castanha (Kg/planta) de seis clones de cajueiro cultivados no semiárido do Estado do
Piauí entre os anos de 2007 a 2012. Pio IX, PI.
Produção de castanha/ano (ka/planta)
Clones Data de plantio
2007 2008 2010 2011 2012
226 BRS 2003 1,54 1,81 6,78 6,25 7,54
CAFÉ-ENILDA 2003 2,91 5,02 6,83 3,13 2,26
BRS 265 2006 - - 2,29 2,98 3,88
LINDOLFO 2002 1,48 2,24 2,69 1,20 2,06
EMBRAPA 51 2002 0,61 1,81 2,25 1,63 3,20
CCP 76 2004 0,60 0,73 2,14 0,52 1,84
CAC 38 2003 - 0,98 0,89 0,19 0,90
FAGA 11 2003 0,17 0,25 0,48 0,27 1,21
Figura I. Produção média (Kg de castanha/planta) de clones de cajueiro cultivados na fazenda Planalto, Pio
IX, Piauí. Colunas com médias seguidas pela mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey (p = 0,05).
Trabalhos conduzidos na mesma fazenda (Planalto, Pio IX, PI), porem realizados em
parcelas experimentais de menor dimensão, implantados em fevereiro de 1999, demonstraram o
potencial produtivo do clone BRS 226, sobretudo no quarto ano de idade, com produção de
castanha de 469,6 Kg/ha superior 112% em relação à media dos demais clones testados em
espaçamento de 7m x 7m (PAIVA, 2008). Considerando que o espaçamento utilizado na área de
plantio comercial da fazenda Planalto foi de 10 por 10 m (100 plantas/ha), a produtividade média de
castanha, para os anos avaliados foi 478 Kg/ha, a partir do quarto ano após o plantio. Essa
produtividade ainda pode aumentar consideravelmente caso se reduza o espaçamento de plantio
para 204 planta/ha (7m x 7m), já que é o espaçamento recomendado para o cajueiro anão e com
porte semelhante ao do BRS 226. Vale salientar que o BRS 226 foi o clone que apresentou
produção praticamente crescente entre os anos de avaliação, atingindo uma média de 7,54 Kg de
castanha/planta em 2012 (Tabela I), apesar da precipitação pluviométrica nesse ano ter atingido
apenas 237 mm (Figura II). Neste ano, mesmo no espaçamento de 10m x 10m, a produtividade foi
754 Kg de castanha/ha. Isto demonstra que o BRS 226 pode apresentar uma boa tolerância ao
estresse hídrico, atributo considerado de maior relevância para genótipos recomendados para o
semiárido piauiense e regiões similares. Outro aspecto relevante para o clone BRS 226 é que este
genótipo, segundo Lima et al. (2015), por sua composição química das amêndoas pode ser usado
como fonte potencial de óleo vegetal de alta qualidade.
Figura II. Precipitação (mm) média mensal registada na fazenda Planalto (Cione) em Pio IX, PI, nos de 2007
a 2012.
1200
400
1000
Precipitação (mm)
350 800
600
300 400
200
Precipitação (mm)
250 0
2007 2008 2009 2010 2011 2012
Período
200
150
100
50
No mesmo trabalho de Paiva et al. (2008), o CAC 38 foi o genótipo que apresentou os
maiores índices relacionados ao peso da castanha (3,03 g), percentual de amêndoas SLW (Special
Large Whole) (64,9%) e percentual de amêndoas sadias. Além disso, este clone também se destacou
com baixos percentuais de bandas e amêndoas quebradas, seguido do clone BRS 226.
As doenças do cajueiro estão entre os principais entraves à exploração eficiente do caju, seja
pelos danos diretos na fisiologia e na integridade física, seja indiretamente na interação com outros
tipos de estresses. As principais doenças do cajueiro na microrregião dos Baixões Piauienses são
antracnose (Colletrotrichu gloeosporioides Sac.), a resinose (Lasiodiplodia theobromae Griffon) e o
oídio (Oidium anacardii Noack) (MOREIRA et al., 2012). Considerando os resultados de pesquisas
conduzidas na região do Pio IX e outras regiões semiáridas, relativos à reação dos diversos clones
ao ataque das doenças relacionadas acima (CARDOSO et al., 2007; LOPÉZ; LUCAS, 2010;
MOREIRA et. al., 2012; PINTO, 2016; CARDOSO et al. , 2017), chegou-se aos resultados
contidos na tabela 2.
Verifica-se, portanto, que o clone BRS 226 é o único genótipo que apresenta resistência à
resinose, principal doença dos cajueiros anões na região dos baixões piauienses. Os clones FAGA
11 e BRS 265, mostraram-se suscetíveis para as três doenças avaliadas, sendo, portanto,
recomendados com restrição para cultivo na região. Os clones CCP 76 e Lindolfo, apesar de serem
resistentes à antracnose, são suscetíveis à resinose e oídio. O Clone EMBRAPA 51, segundo
Cavalcanti et al. (1999), apresenta alto potencial para exploração comercial na região dos Baixões
Agrícolas Piauienses, porem, mostrou-se apenas moderadamente resistente à resinose e suscetível
ao oídio.
CONCLUSÕES
O clone BRS 226 apresentou o melhor desempenho produtivo para as condições de plantio
em escala comercial na região semiárida do Estado do Piaui. Os clones CCP 76, CAC 38 e FAGA
11 foram os genótipos menos produtivos.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
CARDOSO, J. E.; VIANA, F. M. P.; CYSNE, A. Q.; FARIAS, F. C.; SOUSA, R. N. M. de. Clone
Embrapa 51: uma alternativa para resistênica à resinose-do-cajueiro. Fortaleza: Embrapa
Agroindústria Tropical, 2007. 3 p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Comunicado técnico, 130).
Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/ CNPAT/10571/1/cot_130.pdf>.
Acesso em 07 julho 2017.
CARDOSO, J. E.; VIANA, F. M. P. Impacto potencial das mudanças climáticas sobre as doenças
do cajueiro no Brasil. In: GHINI, R.; HAMADA, E.; BETTIOL, W. (Ed.). Impactos das
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COSTA, C. A. R.; AGUIAR, M. J.N.; LIMA, J. B. de. Uso de sistema de informações geográficas
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Boletim de pesquisa e desenvolvimento, 26).
IBGE. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola - LSPA. Ano 2016. Disponível em:
<http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 17 julho de 2017.
MOREIRA, R, C.; CARDOSO, J. E.; LIMA J. S.; SILVA, L. G. C. da. Resistência de clones de
cajueiro-comum à resinose. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2012. 18 p. (Embrapa
Agroindústria Tropical. Boletim de pesquisa e desenvolvimento, 58).
PINTO, O. R. O. de. Reação de clones comerciais de cajueiro ao oídio. 2016. Tese (Doutorado
em Agronomia/Fitotecnia)- Universidade Federal do Ceara, Fortaleza, 2015. Acessível em;
http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/19266. Acesso em 07 julho 2017.
SOUZA, M. F.; MIRANDA, O. C.; PAIVA, J. R.; BARROS, L. M.; CORREA, M. C. M.;
CAVALCANTI, J. J. V.; MELO, D. S. BRS 253 ou BRS BAHIA 12: clone de cajueiro-anão
precoce para plantio comercial no Município de Ribeira do Pombal-BA, e áreas similares.
Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2004. 26 p. (Embrapa Agroindústria Tropical.
Boletim de pesquisa e desenvolvimento, 17).
Jackson da SILVA
Mestrando em Agronomia-Agricultura UNESP
jackson.silva.batalha@gmail.com
Lucas Alceu Rodrigues de LIMA
Graduando do Curso de Engenharia Agronômica UFAL
lucasalceux2@hotmail.com
Douglas Ferreira dos SANTOS
Graduando do Curso de Engenharia Agronômica UFAL
douglas.agropecuaria2013@gmail.com
Marcelo de Almeida SILVA
Orientador. Professor Dr. UNESP
marcelosilva@fca.unesp.br
RESUMO
Muitos Estados brasileiros apresentam baixas produtividades de milho, o que é reflexo de diversos
fatores, tais como os variados níveis de tecnificação, distribuição pluvial e estresses abióticos, onde
se inclui o estresse hídrico, que é o mais comum entre as regiões produtoras e causa maiores danos
nos processos fisiológicos e metabólicos das plantas, alterando a fenologia e a produtividade.
Assim, o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre a fenologia e a
produtividade do milho sobre o déficit hídrico. Constatou-se que os intervalos entre VE a V6 e VT a
R1 são os mais sensíveis a deficiência hídrica, devido necessidade de água por parte da planta para
emergir e estabelecer o seu sistema radicular primário, como também no intervalo que vai do
pendoamento a polinização dos estilos-estigmas, onde a escassez de água nesse período irá
ocasionar a drástica redução na produtividade.
Palavras-chaves: Zea mays L., comportamento, perda de produtividade, déficit hídrico, escassez de
água.
ABSTRACT
Many Brazilian States have low maize yields, which is a reflection of several factors, such as the
different levels of technification, rainfall distribution and abiotic stresses, which include water
stress, which is the most common among producing regions and causes greater damages in the
physiological and metabolic processes of plants, changing phenology and productivity. Thus, the
objective of the present study was to perform a literature review about phenology and productivity
of maize about water deficit. It was found that the intervals between VE to V6 and VT to R1 are the
most sensitive to water deficiency, due to the need of water by the plant to emerge and to establish
its primary root system, as well as in the interval that goes from tasseling to pollination of styles-
stigmata, where water scarcity in this period will lead to a drastic reduction in productivity.
Key-words: Zea mays L., behavior, loss of productivity, water deficit, water shortage.
INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) tem um papel muito importante na cadeia produtiva de muitos
produtos, o que o leva a ser um dos principais cereais cultivados em todo o mundo, sendo um
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 23
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
O milho possui uma ampla faixa de cultivo, sendo plantado em regiões que a precipitação
pluvial varia de 300 a 5.000 mm anuais, contudo durante todo o seu ciclo o consumo de uma planta
gira por volta de 600 mm. Tendo essa cultura relativa tolerância ao déficit hídrico na fase vegetativa
e bastante sensível na fase reprodutiva (COELHO, 2013).
As necessidades hídricas e a sensibilidade ao déficit hídrico de qualquer cultura são
variáveis ao longo do seu desenvolvimento. Sendo a necessidade hídrica pode ser representada pela
evapotranspiração máxima (ETm), a qual é influenciada pela espécie vegetal, reflexão de luz pelas
plantas, espaçamento e orientação das filas, estatura de planta, profundidade e extensão do sistema
radicular, estádio de desenvolvimento e índice de área foliar (BERGAMASCHI & MATZENAUE,
2014).
O milho por ser uma espécie de metabolismo C4, existe a tendência de expressar sua
elevada produtividade quando a máxima área foliar coincide com a maior disponibilidade de
radiação solar, desde que não haja déficit hídrico, ou seja, a produtividade é extremamente
dependente da fenologia (GUIMARÃES, 2013; ALMEIDA, 2016).
Com o fechamento dos estómatos, ocorre um aumento na resistência da folha à difusão de
vapor, o que resulta no aumento da temperatura da folha, uma vez que o fluxo de calor latente é
reduzido e o calor sensível aumenta, sendo muitas vezes superior a temperatura do ar. Assim, a
diferença entre a temperatura da folha e a temperatura do ar, é um indicador do estresse hídrico,
essa mesma diferença pode ser relacionada com a produtividade das plantas (BERGAMASCHI &
MATZENAUE, 2014). Um exemplo dessa diferença pode ser encontrado no trabalho de Bergonci
et al. (1999), onde os mesmos observaram diferença na temperatura da folha com a temperatura do
ar de até 6 ºC entre os tratamentos com milho irrigado e não irrigado.
Assim, o conhecimento dos períodos críticos da planta ao déficit hídrico no ciclo das
culturas, é importante para um manejo adequado, proporcionando maiores produtividades. Nesse
sentido, diversos estudos relatam que as plantas de hábito de crescimento determinado, são mais
sensíveis ao déficit hídrico durante a iniciação floral, a floração e o desenvolvimento inicial de
frutos e grãos (BERGAMASCHI & MATZENAUE, 2014).
Na cultura do milho os seus estádios fenológicos se dividem em vegetativo (V) e
reprodutivo (R) (Tabela 01), possuindo subdivisões dentre os estádios vegetativos que são
classificados numericamente como VE, V1, V2, V3 até Vn (n representa a última folha emitida
antes do pendoamento) e VT, e os estádios reprodutivos divididos em R1, R2, R3, R4, R5 e R6.
Sendo os estádios VT, R1 e R2 os que ocorrem maior sensibilidade à limitação hídrica
(MAGALHÃES et al., 2002; RITCHIE, 2003).
muito sensível a temperatura e umidade do solo, fazendo com que a disponibilidade de água seja
fundamental para o desenvolvimento da planta, bem como o seu excesso pode matar a planta em
poucos dias. O déficit hídrico também reduz o crescimento do milho pela redução da área foliar e
da biomassa (ALDRICH et al., 1982; RITCHIE & HANWAY, 1989; BERGAMASCHI et al.,
2006).
Já no Estádio V6, o ponto de crescimento e pendão estão acima do nível do solo e o colmo
está iniciando um período de alongamento acelerado. O sistema radicular nodal (fasciculado) está
em pleno funcionamento e em crescimento.
O estádio V8 é caracterizado pelo início da queda das primeiras folhas e pela definição do
número de fileiras de grãos. Verifica-se nesse estádio, a máxima tolerância ao excesso de chuvas e
ao encharcamento. Estresse hídrico nessa fase pode interferir no comprimento de internódios, pela
inibição do alongamento das células em desenvolvimento, fazendo com que haja diminuição da
capacidade de armazenagem de açúcares no colmo. O mesmo estresse pode também resulta em
colmos mais finos, plantas de menor porte e menor área foliar (MAGALHÃES et al., 1998).
No estádio V9, muitas espigas são facilmente visíveis, se for feita uma dissecação da planta.
Nesse estádio, ocorre maior desenvolvimento dos órgãos florais e o caule continua alongando-se.
Após o estádio V10, o intervalo de tempo entre um estádio e outro vai diminuindo, geralmente
ocorrendo a cada dois ou três dias (RITCHIE & HANWAY, 1989; MAGALHÃES et al. 1994).
Perto do estádio V10, a planta dá início um rápido e contínuo crescimento, com maior
acumulação de nutrientes e peso seco, os quais continuarão até os estádios reprodutivos, sendo
necessária uma grande demanda de água para transportar os nutrientes necessários (MAGALHÃES
& JONES, 1990).
Já no Estádio V12, o número de óvulos em cada espiga, os quais uma vez fecundados se
tornaram em grãos, assim como o tamanho da espiga, são definidos em V12, e nesse estádio ainda
ocorre perda de duas a quatro folhas basais. Nessa fase, inicia-se o período mais crítico para a
produção, o qual estende-se até a polinização, requerendo uma atenção especial. Nessa fase o
número de grãos por fileira ainda está indefinido e só será definido cerca de uma semana antes do
florescimento, em torno do estádio V17 (MAGALHÃES et al., 1994).
Assim, a deficiência hídrica ou de nutrientes pode afetar drasticamente o número potencial
de sementes, bem como o tamanho das espigas a serem colhidas. As intensidades desses dois
fatores de produção estão também relacionados com o período de tempo disponível para o
estabelecimento dos mesmos, o qual corresponde ao período de V10 a V17. Tendo genótipos
precoces com isso, geralmente, um período mais curto de tempo e usualmente têm espigas menores
que a dos genótipos tardios (RITCHIE & HANWAY, 1989).
Além de afetar o sincronismo pendão-espiga, a falta de água nesse estádio pode reduzir o
aparecimento de uma segunda espiga em materiais prolíficos. A liberação do pólen dura de uma a
duas semanas (BERGAMASCHI & MATZENAUE, 2014).
Entre VT a R1, a planta de milho é mais vulnerável às intempéries da natureza que qualquer
outro período, devido ao pendão e todas as folhas estarem completamente expostas (MAGALHÃES
et al. 1999; FANCELLI & DOURADO NETO, 2000).
No estádio R1, onde há o embonecamento e a polinização, é iniciado quando os estão
visíveis, para fora das espigas. A polinização ocorre no momento em que o grão de pólen e o estilo-
estigma entram em contato, acontecendo isso o grão de pólen demora cerca de 24 horas para
percorrer o tubo polínico até finalmente poder fertilizar o óvulo, sendo que em dois a três dias todos
os estilos-estigmas em uma espiga estão polinizados (RITCHIE & HANWAY, 1989;
MAGALHÃES et al., 1994).
Com isso, o estresse hídrico, pode ser agente causador de baixa polinização e baixa granação
da espiga, pois os estilos-estigmas e os grãos de pólen tendem à dessecação, além de diminuir a
longevidade do grão de polén. Pode provocar também maior intervalo entre o florescimento
masculino e feminino, abortamento de grãos durante duas a três semanas após o florescimento
feminino, pode reduzir prolificidade de genótipos que apresentam essa característica. Esse estresse
também apresenta estreita correlação entre o número de óvulos fertilizados (MAGALHÃES et al.,
1994; EDMEADES et al. (1999).
No estádio R2, grão leitoso, os grãos apresentam externamente cor branca. O endosperma
exibe uma coloração clara, assim como o seu conteúdo, que é basicamente um fluido que tem em
sua composição açúcares. Embora o embrião esteja ainda desenvolvendo-se vagarosamente nesse
estádio, a radícula, o coleóptilo e a primeira folha embrionária já estão formados. Dentro do
embrião em desenvolvimento já encontra-se uma planta de milho em miniatura (RICHIE &
HANWAY 1989; MAGALHÃES et al., 1994).
Nessa fase inicia-se a acumulação de amido, com rápida acumulação de matéria seca. Esse
rápido desenvolvimento continuará até próximo ao estádio R6. N e P ainda estão sendo absorvidos e
a realocação desses nutrientes das partes vegetativas para a espiga tem início nesse estádio. A
umidade de 85% nos grãos, nessa fase, começa a diminuir gradualmente até a colheita
(MAGALHÃES & JONES, 1990; MAGALHÃES et al., 1994).
Já em R3, grão pastoso, o grão apresenta-se com uma aparência amarela e no seu interior um
fluido de cor leitosa, o qual representa o início da transformação dos açúcares em amido,
contribuindo para o incremento de seu peso seco. Esse incremento acontece pela translocação dos
fotoassimilados presentes nas folhas e no colmo para a espiga e grãos em formação. A eficiência
dessa translocação, além de ser importante para a produção, é extremamente dependente de água
(MAGALHÃES & JONES, 1990; MAGALHÃES et al., 1998). Sendo esse estádio de definição da
densidade dos grãos (MAGALHÃES et al., 1994; FANCELLI & DOURADO NETO, 2000).
A planta de milho no estádio de florescimento, o intervalo de dois dias sob déficit hídrico no
faz com que o rendimento decresça em mais de 20%, enquanto que, quatro a oito dias no estádio de
enchimento de grãos diminuem a produção em torno de 50% (QUEIROZ, 2010). Segundo Bäzinger
et al. (2000), quando o período de déficit hídrico se dá num intervalo entre o início do pendoamento
e o início do enchimento de grãos, pode comprometer a reprodução das plantas, tornando-as
estéreis, Bergonci et al. (2001), Bergamaschi et al. (2004) e Bergamaschi et al. (2006) concordaram
com essa afirmação. Ainda nesse sentido, Magalhães et al. (2002), confirma a importância dessa
fase para o rendimento de grãos, afirmando que o aumento no acúmulo de matéria seca nos grãos
está estreitamente relacionado à fotossíntese, assim, como o déficit hídrico diminui a fotossíntese,
diminui também a matéria seca dos grãos.
Assim um estresse hídrico nessa fase, embora menos crítico que na fase anterior, pode afetar
a produção. Com o processo de maturação dos grãos, o potencial de redução na produção final de
grãos devido ao estresse hídrico vai diminuindo (BERGAMASCHI & MATZENAUE, 2014).
O estádio R4, grão farináceo, o fluido interno dos grãos passa de um estado leitoso para uma
consistência pastosa e as estruturas embrionárias de dentro dos grãos encontram-se já totalmente
diferenciadas. A deposição de amido é bastante acentuada, caracterizando um período
exclusivamente destinado ao ganho de peso por parte do grão. Em condições de campo, tal etapa do
desenvolvimento é prontamente reconhecida, pois, quando os grãos presentes são submetidos à
pressão imposta pelos dedos, mostram-se relativamente consistentes, embora ainda possam
apresentar pequena quantidade de sólidos solúveis, cuja presença em abundância caracteriza o
estádio R3 (grão leitoso) (MAGALHÃES et al., 1994).
Os grãos possuem cerca de 70% de umidade e já acumularam próximo de 50% do peso do
grão na maturidade. Estrese hídrico nessa fase resulta em maior porcentagem de grãos leves e
pequenos.
O estádio R5, grão farináceo-duro, é caracterizado pelo aparecimento de uma concavidade
na parte superior do grão, popularmente chamada de ―dente‖. A separação de R4 e R5 é feita pela
linha do leite, a qual aparece logo após a formação do dente e, com a maturação, vem avançando
em direção à base do grão. Devido à acumulação do amido, acima da linha é duro e abaixo é macio.
Mas, alguns genótipos do tipo ―duro‖ não formam dente, daí ser mais difícil notar esse estádio nos
referidos materiais, podendo ser apenas relacionado ao aumento gradativo da dureza dos grãos
(BERGAMASCHI & MATZENAUE, 2014).
Estresse hídrico, nessa fase, pode antecipar o aparecimento da formação da camada preta, a
qual é indicadora da maturidade fisiológica. Assim, redução na produção, se dá pela redução do
peso dos grãos e não ao número de grãos. Nesse estádio, os grãos têm cerca de 55% de umidade
(MAGALHÃES et al., 1994). Sendo esse momento o indicado para colher materiais destinados a
silagem, pois as plantas apresentam em torno de 33 a 37% de matéria seca (FANCELLI &
DOURADO NETO, 2000).
No estádio R6, maturidade fisiológica, todos os grãos na espiga o máximo de peso seco e
vigor. A linha do amido já avançou até a espiga e a camada preta já foi formada. Essa camada preta
ocorre progressivamente da ponta da espiga para a base. A camada preta é formada com a obstrução
dos vasos, onde o grão perde a ligação com a planta mãe (RITCHIE & HANWAY, 1989;
MAGALHÃES et al. 1994).
O ponto de maturidade fisiológica caracteriza o momento ideal para a colheita, com 30 a
38% de umidade, podendo variar entre genótipos. Contudo, o grão não está ainda em condições de
ser colhido e armazenado com segurança, pois deveria estar com 13 a 15% de umidade. É
recomendado que a colheita seja feita quando os grãos estiverem com cerca de 18 a 25% de
umidade, desde que o produto colhido seja submetido a uma secagem artificial antes de ser
armazenado (BERGAMASCHI & MATZENAUE, 2014).
De modo geral, segundo Wagner (2009) e Mendes & Custodio (2016), o estresse hídrico
pode ocasionar perdas na produção, a depender do estádio fenológico, conforme a Tabela 02.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
O conhecimento da tolerância das plantas à seca é uma ferramenta importante para a escolha de
espécies adequadas ao reflorestamento de áreas degradadas no semiárido. Dalbergia nigra (Vell.)
Fr. All. (jacarandá-da-bahia) é uma espécie com alto potencial para o manejo florestal sustentável
devido à alta taxa de regeneração em florestas alteradas e fácil adaptação em terrenos de baixa
fertilidade. Diante disso, o objetivo foi avaliar a germinação e vigor de sementes de D. nigra em
condições de estresse hídrico simulado. Os potenciais utilizados foram de -0,1; -0,2; -0,3; -0,4 e -0,5
MPa simulados com polietileno glicol (PEG 6000), além do nível zero (0,0 MPa) utilizando apenas
água destilada, em delineamento experimental inteiramente ao acaso. As variáveis analisadas
foram: germinação, primeira contagem e índice de velocidade de germinação de sementes, além do
comprimento e massa seca de raízes e parte aérea de plântulas. Os melhores resultados para todas as
variáveis analisadas foram obtidos na ausência do estresse hídrico (0,0 MPa), com subsequente
redução na germinação e vigor de sementes à medida que os potenciais osmóticos se tornaram mais
negativos. A germinação e o vigor das sementes de D. nigra são osmoticamente afetados pelo
estresse hídrico simulado com soluções de PEG 6000.
Palavras-chave: jacarandá-da-bahia; disponibilidade hídrica; espécie florestal.
ABSTRACT
Knowledge about plant tolerance to drought is an important tool for choosing suitable species for
reforestation of degraded areas in the semiarid. Dalbergia nigra (Vell.) Fr. All. (Jacarandá-da-
bahia) is a species with high potential for sustainable forest management because it presents a high
rate of regeneration in altered forests and easy adaptation in low fertility lands. Therefore, the
objective was to evaluate the germination and vigor of D. nigra seeds under the effect of water
stress. The tests were conducted in B.O.D. at 25 ºC, and the treatments consisted of potentials of -
0.1, -0.2, -0.3, -0.4 and -0.5 MPa simulated with polyethylene glycol (PEG 6000), in addition to the
zero level (0,0MPa) using only distilled water. The experimental design was the completely
randomized design with 4 replicates of 25 seeds. The variables analyzed were: percentage, first
count and seed germination rate index, as well as root length and dry mass of seedlings and shoots.
The best results for all analyzed variables were obtained in the absence of water stress (0.0 MPa)
with subsequent reduction in germination and seed vigor as the osmotic potentials became more
negative. The germination and vigor of D. nigra seeds is osmotically affected by PEG 6000,
however potential up to -0.5 MPa does not drastically inhibit seed germination.
Keywords: jacarandá-da-bahia; water availability; forest species.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
colocadas em sacos de papel tipo kraft e postas em estufa de secagem a 65 ºC por 48 horas.
Decorrido esse período, as amostras foram pesadas em balança analítica com precisão de 0,001g e
os resultados expressos em mg plântula-1.
O delineamento experimental foi o inteiramente ao acaso, com quatro repetições de 25
sementes, cujos dados foram submetidos à análise de variância e regressão polinomial, testando-se
os modelos linear e quadrático, sendo selecionado o significativo de maior R2. As médias foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e, para a análise dos dados utilizou-se o
sistema de análise Sisvar® (FERREIRA, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
100
40
20
0
-0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0,0
Potenciais osmóticos (MPa)
Figura 1. Primeira contagem de germinação de sementes de D. nigra submetidas ao estresse hídrico.
Pela avaliação do vigor, por ocasião da primeira contagem de germinação de sementes, Silva
et al. (2016) verificaram redução acentuada na germinação de sementes de Chorisia glaziovii O.
Kuntze a partir do potencial -0,1 MPa. Para sementes Apeiba tibourbou Aubl., os maiores
porcentuais de germinação na primeira contagem foram obtidos no tratamento controle (0,0 MPa) e
quando os potencias se tornaram mais negativos houve uma redução drástica na germinação
(GUEDES et al., 2013).
Os resultados observados para as sementes de D. nigra corroboram com aqueles descritos na
literatura, uma vez que quanto maior a concentração do agente osmótico no meio de germinação
maior foi a redução ou inibição da absorção de água pelos tecidos, dificultando assim o início da
germinação das sementes. A intensidade da resposta ao estresse hídrico é variável entre as sementes
de diferentes espécies, as quais se comportam de maneira diferenciada à condição de estresse
induzida pela redução no potencial osmótico da solução (PEREZ et al., 1998).
Pelos dados da Figura 2 observa-se que houve redução linear na porcentagem de germinação
das sementes de D. nigra à medida que os potenciais osmóticos se tornaram mais negativos,
obtendo-se germinação máxima de 73% no tratamento controle (0,0 MPa) e mínima de 3% para o
potencial -0,5 MPa.
100
80
y = 75,429 + 139,71x
Germinação (%)
R² = 0,97
60
40
20
0
-0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0,0
Potenciais osmóticos (MPa)
Figura 2. Germinação (%) de sementes de D. nigra submetidas ao estresse hídrico.
Uma das características importantes que deve ser considerada na recomendação de espécies
florestais é a sua capacidade de suportar diferentes condições ecológicas, principalmente a
tolerância a solos salinos e áreas com baixa disponibilidade hídrica (REGO et al., 2011). Algumas
espécies florestais cujas sementes conseguem germinar em condições de estresse hídrico têm
vantagens ecológicas em relação a outras que são sensíveis à seca (ROSA et al., 2005).
Pelos estudos com diferentes espécies florestais tem-se verificado comportamento distinto
quando as sementes são submetidas a estresse hídrico simulado. Nas sementes de Piptadenia
moniliformis Benth. em condição de estresse hídrico simulado com PEG 6000, Azerêdo et al.
(2016) verificaram que o processo germinativo foi comprometido a partir de potenciais hídricos
inferiores a -0,6 MPa nas temperaturas de 25 e 30 °C. Em sementes de Genipa americana L., houve
total inibição da germinação quando submetidas a potenciais hídricos de -0,3 e -0,4 MPa (SANTOS
et al., 2011). Entretanto, sementes de Myracrodruon urundeuva Fr. All. são tolerantes ao estresse
hídrico, com valores elevados de germinação nos potenciais de -0,2 a -0,4 MPa (VIRGENS et al.,
2012).
Na avaliação do vigor de sementes de D. nigra pelo índice de velocidade de germinação,
constatou-se redução à medida que os potenciais osmóticos foram ficando mais negativos,
verificando-se maior velocidade de germinação (2,43) no tratamento controle (Figura 3).
Ìndice de velocidade de
y = 2,4368 + 5,3204x + 1,0179x2
germinação
R² = 0,99
Figura 4. Comprimentos (cm) da raiz primária (A) e parte aérea (B) de plântulas de D. nigra oriundas de
sementes submetidas ao estresse hídrico.
O máximo conteúdo de massa seca (4,3 mg) de raízes de plântulas de D. nigra foi obtido no
tratamento controle (0,0 MPa), com subsequente redução linear à medida que os potenciais
osmóticos se tornaram mais negativos (Figura 6A). Para o comprimento de parte aérea, os dados se
ajustaram ao modelo quadrático, com máximo conteúdo de massa seca de 12,3 mg para o
tratamento controle (0,0 MPa) (Figura 6B).
Figura 5. Massa seca (mg) de raízes (A) e parte aérea (B) de plântulas de D. nigra oriundas de sementes
submetidas ao estresse hídrico.
CONCLUSÃO
LITERATURA CITADA
ANTUNES, C. G. C.; PELACANI, C. R.; RIBEIRO, R. C.; SOUZA, J. V.; SOUZA, C. L. M.;
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REGO, S. S.; FERREIRA, M. M.; NOGUEIRA, A. C.; GROSSI, F.; SOUSA, R. K.; BRONDANI,
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diferentes temperaturas. Ciência Florestal, v. 26, n. 3, p. 999-1007, 2016.
RESUMO
O elevado vigor de sementes é um fator importante para que se tenha uma germinação uniforme,
garantindo um estande ideal de plantas, refletindo na escolha de bons genótipos. Torna-se
necessário avaliar as cultivares previamente, por meio de testes de vigor, que são rápidos e
demandam menor custo. Neste sentido, o trabalho teve como objetivo avaliar as cultivares de
girassol por meio de testes de vigor em condições de laboratório e de campo, em delineamento
inteiramente casualizado, com seis cultivares e quatro repetições. As cultivares de girassol
utilizadas: Hélio 253, Hélio 358, ZENIT, PARAÍSO 65, NTO 30 e NEON. Os testes de vigor
empregados em condições de laboratório foram: germinação, primeira contagem, índice de
velocidade de germinação e condutividade elétrica, e em condições de campo: emergência em
campo, primeira contagem e índice de velocidade de emergência, comprimento e massa seca de
plântulas. Os resultados foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas pelo teste
de Tukey. Em laboratório foi observado que as sementes da cultivar PARAÍSO 65 apresentaram
alto vigor e as da cultivar ZENIT menor vigor, em todos os testes avaliados. Os testes de vigor só
mostraram eficiência em separar as sementes que apresentaram alto e baixo vigor. Em condições de
campo os testes de emergência e o índice de velocidade de emergência de plântulas são eficientes
para separação de sementes de girassol com diferentes potenciais fisiológicos. As sementes das
cultivares Hélio 358 e PARAÍSO 65 apresentaram maior vigor.
Palavras-chave: Helianthus annuus L, Melhoramento Vegetal, Sementes
ABSTRACT
The high vigor of seeds is a have a uniform germination, ensuring an ideal plants box, reflecting on
good genotypes choice. For that, it's necessary to evaluate the cultivars previously, by means of
quick tests. This research has the intention to evaluate sunflower's cultivars by means onf vigor tests
in laboratory and field conditions, completely randomized, at six cultivars and four repetitions.
Sunflower cultivars used: Hélio 253, Hélio 358, ZENIT, PARAÍSO 65, NTO 30 and NEON. The
vigor tests made at laboratory conditions are the following: germination, first count, germination
speed index and electrical conductivity, and in field conditions: field emergency, first count and
emergency velocity index, seedlings length and dry mass. The results were submitted to variance
analysis and compared averages by Tukey test. In laboratory, the cultivar PARAÍSO 65 presented
high vigor and the cultivars of the type ZENIT a low vigor. The vigor tests were efficient only to
separate the seeds with high and low vigor. In field conditions, the tests were efficients to separate
the sunflower seeds with different physiological potential. The seeds of type Hélio 358 e PARAÍSO
65 showed the highest vigor.
Keywords: Helianthus annuus L, Vegetable Improvement, Seeds.
INTRODUÇÃO
plantas selecionadas como vigorosas, pode estar relacionado à sua capacidade de desenvolver um
sistema radicular maior e mais vigoroso.
Um teste rápido de vigor é o da condutividade elétrica, que avalia indiretamente a qualidade
das sementes, baseado na concentração de eletrólitos lixiviados pelas sementes durante o período de
embebição, fornecendo resultados no prazo máximo de 24 horas. ―Os menores valores,
correspondentes à menor liberação de exsudados indicam alto potencial fisiológico (maior vigor),
revelando menor intensidade de desorganização dos sistemas membranais das células‖ (Vieira &
Krzyzanowski, 1999). Albuquerque et al. (2001), empregando a condutividade elétrica e lixiviação
do potássio para avaliar sementes de girassol, concluíram que ―houve efeito do genótipo no teste de
condutividade elétrica e de lixiviação de potássio, com inversão na classificação dos genótipos em
relação aos outros testes de avaliação da qualidade fisiológica‖.
Estudos que viabilizem a separação de genótipos de girassol por meio de testes de
laboratório e de campo podem resultar em redução de tempo e de recursos na seleção e adaptação
de cultivares superiores, principalmente por meio de testes de vigor. Desta forma, o trabalho teve
como objetivo selecionar cultivares de girassol por meio de testes de vigor, em condições de
laboratório e de campo.
MATERIAL E MÉTODOS
Avaliações em laboratório
2,5 vezes o peso do substrato seco, visando adequado umedecimento, e consequente uniformização
do teste. As contagens de plântulas normais foram realizadas aos quatro e 10 dias após a semeadura
(Brasil, 2009).
Testes de vigor
Avaliações em campo
Teste de emergência das plântulas em campo - foi conduzido com quatro repetições de 25
sementes distribuídas em sulcos com 1,0 m de comprimento. A profundidade de instalação foi de
3,0 cm e o espaçamento entre linhas de 0,5 m. A leitura foi realizada no décimo sétimo dia, após o
semeio, computando-se as plântulas emergidas; primeira contagem de emergência em campo - foi
realizado no quarto dia após o semeio, contabilizando as plântulas emergidas como aquelas com o
epicótilo acima da superfície; índice de velocidade de emergência em campo - foi contabilizado o
número de plântulas emersas e o número de dias transcorridos entre o semeio e a emergência. Os
dados foram calculados de acordo com Popinigis (1985); altura de plântulas - foi medida por
ocasião da última contagem da emergência em campo, com o auxílio de régua milimetrada (Ávila et
al., 2007); massa seca - foram colhidas todas as plântulas normais de cada repetição e avaliada a
massa seca em estufa de 65ºC, por período até a verificação de peso constante. As amostras foram
pesadas em balança analítica e o resultado obtido foi dividido pelo número de plântulas normais,
com os resultados expressos em g/plântula.
Os dados obtidos foram analisados por meio do programa estatístico SAEG (Ribeiro Junior,
2001), em que foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade. Posteriormente todas as variáveis foram avaliadas por correlação de
Pearson, a 1 e 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se que houve efeito significativo dos genótipos para todas as características
avaliadas (Tabela 1), a exceção da umidade das sementes, que foi semelhante para as seis cultivares,
variando de 8,22 a 8,5%, com amplitude inferior à amplitude máxima de 1 a 2 pontos percentuais,
aceita para garantir a credibilidade dos resultados obtidos nos testes de vigor (Marcos Filho, 1999).
O dados médios referentes à germinação das sementes de girassol (Tabela 1) foram maiores
nas sementes da cultivar PARAÍSO 65, mas não diferiram estatisticamente das sementes das
cultivares Hélio 253, NTO 30 e NEON. As sementes das cultivares Hélio 358 e ZENIT tiveram os
menores desempenhos em condições controladas de germinação. Entretanto, todas as cultivares
apresentaram germinação média acima de 80%, o que é considerado bom para o plantio comercial
(Brasil, 2005). Ao avaliar as cultivares pelo teste de emergência (Tabela 1) foi observado que as
sementes das cultivares Hélio 253, Hélio 358 e PARAÍSO 65 apresentaram os maiores valores de
vigor, enquanto que as cultivares ZENIT, NTO 30 e NEON, os menores valores. Este fato é
interessante, uma vez que um dos objetivos básicos dos testes de vigor é avaliar ou detectar
diferenças significativas na qualidade fisiológica de lotes com germinação semelhante,
complementando as informações pelo teste de germinação (Marcos Filho, 1999). Pelo exposto, o
teste de emergência possibilitou a separação das cultivares NTO 30 e NEON da cultivar PARAÍSO
65, que haviam apresentado semelhança estatística no teste de germinação. Esses resultados não
estão de acordo com Albuquerque et al. (2001) que estudaram testes de vigor para separar sementes
de girassol e observaram que nos testes de germinação e emergência das plântulas em campo, os
genótipos apresentaram a mesma classificação, em termos de qualidade.
253, ZENIT e NEON, que haviam apresentado as médias estatisticamente semelhantes no mesmo
teste, em condições de laboratório.
Observando-se a Tabela 1, para o índice de velocidade de germinação, constatou-se que as
sementes da cultivar PARAÍSO 65 apresentaram os maiores índices, não diferindo das sementes das
cultivares Hélio 253, Hélio 358 e NEON. Os menores índices foram verificados nas sementes das
cultivares ZENIT e NTO 30. Para o índice de velocidade de emergência, observado na Tabela 1,
constatou-se que a cultivar PARAÍSO 65 se destacou como de melhor qualidade, enquanto que as
cultivares ZENIT e NTO 30 como de vigor inferior, ficando as como intermediárias em vigor as
cultivares NEON, Hélio 253 e Hélio 358, que não diferiram estatisticamente das demais. Para ser
avaliado como eficiente, um teste de vigor deve proporcionar uma classificação dos lotes em
diferentes níveis de vigor, de maneira proporcional à da emergência das plântulas no campo
(Marcos Filho, 1999). Nesse caso, o teste do índice de velocidade de emergência em campo foi
eficiente para separar as cultivares PARAÍSO 65, Hélio 253 e Hélio 358 das demais cultivares,
como foi observado na emergência em campo. Na avaliação do comprimento de plântulas, nas
condições de laboratório (Tabela 1) as plântulas que alcançaram comprimento superior
estatisticamente foram oriundas da cultivar Hélio 358, que diferiu apenas da cultivar Hélio 253. Já o
mesmo teste, conduzido no campo, teve como maior resultado as cultivares Hélio 253 e Hélio 358
com plântulas com comprimentos superiores aos da cultivar NTO 30. Trabalho conduzido por
Albuquerque & Carvalho (2003) com girassol concluiu que o teste de comprimento das plântulas
não foi eficiente em classificar os lotes de sementes em diferentes níveis de vigor.
Pelo teste de massa seca, em condições controladas, foi verificado que as sementes da
cultivar NTO 30 apresentaram valores estatisticamente superiores, o que pode ser decorrência da
menor concorrência no substrato, observado na menor primeira contagem, índice de velocidade de
emergência e da germinação. Em condições de campo, as plântulas das cultivares Hélio 358 e
NEON apresentaram maiores valores da massa seca do que as da cultivar Hélio 253, ZENIT,
PARAÍSO 65, NTO 30. Santos & Paula (2009), realizando testes de vigor, para avaliação da
qualidade fisiológica de sementes de Sebastiania commersoniana (Baill.) Smith e Downs,
concluíram que as massas fresca e seca de plântulas não discriminaram adequadamente os lotes de
sementes avaliados. Já Fernandes et al. (1999), comparando cultivares de pimentão, constatam que
o maior peso de matéria seca, observado nas plantas selecionadas como vigorosas, pode estar
relacionado à sua capacidade de desenvolver um sistema radicular maior e mais vigoroso.
Na Tabela 1 pode-se observar que as cultivares Hélio 358 e NEON são classificadas como
de maior vigor, por apresentarem os menores valores de condutividade elétrica na solução de
embebição, e as cultivares Hélio 253 e PARAÍSO 65 apresentaram valor intermediário.
Albuquerque et al. (2001) também constataram que o teste de condutividade elétrica realizado pelo
sistema de massa permitiu classificar os lotes de sementes de girassol em diferentes níveis de vigor.
Vanzolini & Nakagawa (1999) realizaram o teste de condutividade elétrica para sementes de
amendoim com três horas de embebição e observaram que, à temperatura de 30°C, houve a
possibilidade de separação dos três lotes quanto à qualidade. Em sementes de girassol. As cultivares
ZENIT e NTO 30, ainda na Tabela 1, foram as que apresentaram maior condutividade, contribuindo
para explicar o menor vigor alcançado com a emergência das plântulas, indicando que aumentos
nos dados de condutividade elétrica correspondem à maior lixiviação de solutos e, portanto, à
diminuição na qualidade fisiológica das sementes. Em experimento realizado por Mendes et al.
(2010), o teste de condutividade elétrica não se mostrou adequado para avaliação do potencial
fisiológico das sementes de mamona, já os testes de frio e de envelhecimento acelerado (41ºC/72
horas e 100% UR) foram eficientes para avaliação do potencial fisiológico de sementes de mamona,
permitindo classificação de lotes quanto ao vigor semelhante à emergência de plântulas em campo.
Observando os dados de germinação e os testes de vigor, constata-se que houve eficiência
em separar as sementes que apresentaram alto e baixo vigor, sendo ineficientes para aquelas
cultivares com vigor intermediário. É certo, contudo, que os testes de vigor se prestam para
comparar lotes com germinação semelhantes, pois quando esta já difere entre os tratamentos os
testes de vigor perdem um pouco do seu objetivo.
Observando os resultados obtidos pelos diferentes testes, realizados em campo, verifica-se
que sementes da cultivar Hélio 358 e PARAÍSO 65 apresentam maior potencial fisiológico, pois foi
demonstrado nos diferentes testes estudados. A avaliação da qualidade fisiológica das sementes
deve se basear no conjunto de resultados de diferentes testes, para maior segurança das
informações. De acordo com Marcos Filho (1999) ―o uso de apenas um teste de vigor pode gerar
informações incompletas, assim a tendência predominante é a combinação de testes para se obter
informações mais consistentes‖.
Os resultados da correlação entre as variáveis se encontram na Tabela 2, em que se observa
que a germinação apresentou alta correlação com os testes de primeira contagem de germinação e
índice de velocidade de germinação e correlação negativa com a condutividade elétrica, mostrando
que esse teste não apresentou resultados com respostas semelhantes de vigor para a determinação
das cultivares de girassol. A condutividade elétrica mostrou correlação significativa a 5%, com a
germinação e o comprimento das plântulas. Já com a primeira contagem de germinação a correlação
foi significativa a 1%. Santos (2004) também observou a existência de correlação significativa entre
condutividade elétrica e germinação, em sementes de soja. Já Carvalho et al. (2009), estudando teste
rápido de condutividade elétrica e correlação com outros testes de vigor com sementes de soja,
observaram que os resultados de germinação e primeira contagem da germinação foram os que
menos se correlacionaram com o teste de condutividade, exceto para a cultivar Cristalina que
Tabela 2 - Coeficiente de correlação de Pearson (r) com os resultados dos testes de germinação (GERM), de
primeira contagem (PC), de índice de velocidade de germinação (IVG), de comprimento de plântula
(COMP), de massa seca de plântula (MS), de emergência de plântulas em campo (EM), de primeira
contagem de emergência (PCe), de índice de velocidade de emergência (IVE), de comprimento de plântulas
emergidas (COMPe), de massa seca de plântulas emergidas (MSe), de condutividade elétrica (CE), de teor
de água das sementes (UMID).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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RESUMO
O tamarindo (Tamarindus indica L.) é uma frutífera exótica com grande potencialidade de
exploração na região Nordeste, cuja sua principal forma de propagação é por sementes as quais
apresentam germinação lenta e desuniforme, consequente de uma dormência, o que dificulta a
obtenção de mudas , limitando os cultivos comerciais desta espécie. O presente trabalho teve como
objetivo avaliar diferentes tratamentos pré-germinativos e substratos no crescimento de mudas de
tamarindo. O experimento foi conduzido nas instalações da Universidade Federal de Campina
Grande no campus de Pombal-PB. O delineamento experimental adotado foi inteiramente
casualizado (DIC) no esquema fatorial de 3x4 sendo 3 tratamentos pré-germinativos (T1-
Escarificação mecânica com a lixa + embebição em água por 24 horas, T2- corte do tegumento
distal + embebição em água por 24 horas, T3- embebição em água por 24 horas) x 4 substratos (S1-
100% solo, S2 - solo + substrato comercial basaplant Solaris®. (3:2), S3 - solo + esterco bovino
(3:2), S4 - solo + esterco caprino (3:2)) com 6 repetições. As variáveis analisadas foram: altura da
parte área (APA), diâmetro do caule (DC), comprimento da raiz (CR), número de folhas (NF),
massa fresca da raiz (MFR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da parte aérea
(MSPA) e massa seca da raiz (MSR). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância
com médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Nas condições em que o
presente trabalho foi desenvolvido conclui-se que as misturas de solo com esterco caprino e bovino
são ideais para o desenvolvimento de mudas de tamarindo. Os métodos de escarificação mecânica
mais embebição em água por 24 horas ou apenas embebição em água por 24 horas são eficientes na
produção uniforme de mudas de tamarindo.
Palavras -Chave: Tamarindus indica L. dormência, germinação.
ABSTRACT
The tamarind (Tamarindus indica L.) is a fruit-bearing, exotic with great potential for exploitation
in the Northeast region, whose his main form of spread is by seeds which have germination slow
and unequal, consequent to a numbness, which makes it difficult to obtain seedlings , limiting the
commercial crops of this species. The present work had as objective to evaluate different treatments
pre-germinativos and substrates on the growth of seedlings of tamarind. The experiment was
conducted in the premises of the Federal University of Campina Grande, campus de Pombal-PB.
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 57
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
The experimental design adopted was entirely casualizado (DIC) in the schema factorial 3x4, being
3 treatments pre-germinativos (T1 - mechanical Scarification with sandpaper + soaking in water for
24 hours, T2 - cutting of the integument distal + soaking in water for 24 hours, T3 - soaking in
water for 24 hours) x 4 substrates (S1 - 100% soil S2 - soil + substrate commercial basaplant
Solaris®. (3:2), S3 - soil + manure bovine (3:2), S4 - soil + manure, goat (3:2)) with 6 repetitions.
The variables analyzed were: height of the part area (APA), diameter of the stalk (DC), root length
(CR), number of leaves (NF), weight of fresh root (RFM), fresh pasta of the aerial part (MFPA), dry
mass of aerial part (MSPA) and dry mass of root (MSR). The obtained data were subjected to
analysis of variance, with averages compared by the test of Tukey 5% of probability. In the
conditions under which the present work has been developed it is concluded that the mixtures of the
soil with manure, goat and beef are ideal for the development of seedlings of tamarind. The
methods of mechanical scarification more soaking in water for 24 hours or just soaking in water for
24 hours are efficient in producing uniform seedlings of tamarind.
Keywords: Tamarindus indica L. dormancy, germination.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
água corrente para remoção da polpa e posteriormente colocadas em papel tolha para secar a
sombra por 48 horas.
Após serem submetidas aos tratamentos pré-germinativos as sementes foram semeadas, em
sacolas de polietileno, com dimensões de 15 x 21 cm, colocando-se duas sementes por saco, a uma
profundidade de 2 cm. A emergência iniciou entre os 10 e 20 DAS (dias após a semeadura) e aos 30
DAS foi realizado o desbaste das plântulas, deixando apenas aquela mais vigorosa por recipiente.
Durante a condução do experimento, foi realizado o desbaste manual das plantas daninhas conforme
a necessidade de manutenção da cultura. A irrigação foi realizada diariamente, com o auxilio de um
regador, sendo as mudas irrigadas duas vezes ao dia.
A avaliação foi realizada aos 90 dias, por meio da determinação da altura de parte aérea
(APA), número de folhas (NF) e diâmetro de caule (DC), comprimento da raiz (CR), massa fresca
da raiz (MFR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa seca da raiz (MSR) e massa seca parte
aérea (MSPA). A altura da parte área (cm) foi realiza com uma régua, graduada em centímetro, da
superfície do colo até o topo da muda. Na medição do diâmetro do caule (mm) utilizou-se um
paquímetro digital, sendo a medida realizada 5 cm do colo da muda. Para a medição do
comprimento de raiz (cm plântula-1), utilizou-se uma régua graduada em centímetro. A massa fresca
(g planta-1) foi determinada pela pesagem das plantas a partir da separação de suas partes raiz, caule
e folhas imediatamente após serem retiradas dos substratos, em balança com precisão de 0,001g, e a
matéria seca (g planta-1) foi obtida após secagem em estufa de circulação forçada de ar a 65ºC, por
48 horas, e em seguida pesou-se em balança analítica com precisão de 0,001g.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o software estatístico SISVAR (FERREIRA,
2010).
Tabela 1. Características químicas do solo e substratos usados para avaliar o crescimento de mudas de
tamarindo.
pH C.E P N K Na Ca Mg Al H+Al SB (T) MO
Solo 6,50 0,32 16 1,00 1,39 0,61 2,70 2,50 0,00 0,32 7,20 8,21 16
Esterco 6,47 1,09 98 2,4 3,8 1,54 4,52 2,63 0,00 0,00 12,5 10,9 40
Bovino.
Esterco 7,26 0,74 2,86 3,8 2,68 4,5 2,6 2,93 0,00 0,00 14,5 11,72 42
Caprino.
Substrato 5,8 1,41 315 - 468 6,6 15,6 9,5 0,00 6,6 142 33 8,2
B.S
Nota: SB=soma de bases; CE= condutividade elétrica; T = capacidade de troca de cátions total; M.O=
matéria orgânica; Esterco B.= esterco bovino; Esterco C.= esterco caprino; B.S= Basaplant
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base na analise de variância (Tabela 2) o fator interação se mostrou não significativo
em todas as variáveis analisadas, exceto para variável de massa fresca da raiz que foi significativa
ao nível de 1% de probabilidade. No fator isolado de tratamento pré-germinativo a única variável
que se mostrou significativa foi o diâmetro de caule (Tabela 2) ao nível de 5% de probabilidade.
Para o fator isolado do substrato todas as variáveis foram significativas exceto, as variáveis massa
fresca e seca da raiz (Tabela 2).
Tabela 2: Resumo da analise de variância para número de folhas (NF),diâmetro do caule (DC),altura de parte
aérea (AP), comprimento da raiz (CR),massa fresca da parte aérea(MFPA) e da raiz (MFR),massa seca da parte
aérea (MSPA) e da raiz (MSR) obtidos de plantas de Tamarindus indica L, provenientes de sementes submetidas
a diferentes tratamentos pré-germinativos e diferentes substratos.
Tratamento GL NF DC AP CR MFPA MFR MSPA MSR
Tratamento
Pré- 4 142,11ns 1,1616** 79,090ns 46,9935ns 10,3040* 0,5103ns 1,3727ns 0,2045ns
gerrminativo
Substrato 3 2171,35** 1,1924** 909,800** 130,452* 142,4000** 0,4345ns 14,2230** 0,0894ns
Tratamento
Pré-
12 96,810ns 0,2266ns 55,97ns 20,9084ns 7,7030* 0,3691ns 1,9764ns 0,1999ns
germinativo x
Substrato
CV (%) 28,30 16,23 19,17 22,88 34,14 34,58 40,64 52,71
**Significativo a 5% de probabilidade; * Significativo a 1% de probabilidade; ns não significativo.
Para a variável massa fresca da parte aérea (MFPA) no fator interação (Tabela3) demonstrou
que as maiores médias foram obtidas quando se utilizou o método de escarificação mecânica +
embebição em água por 24 horas, aplicados ao tratamento substrato composto por solo mais esterco
bovino e no tratamento solo mais esterco caprino (8,59; 8,38g), contudo esses resultados não
diferiram estatisticamente dos tratamentos de corte no tegumento + embebição em água por 24
horas e embebição em água por 24 horas, aplicados ao tratamento com substrato solo + esterco
caprino e do tratamento de embebição em água por 24 horas, na mistura de solo + esterco bovino.
Um maior acúmulo de massa fresca da parte aérea é fundamental para um maior suporte a muda
(NADAI et al., 2015).
Tabela 3: Valores médios da interação tratamento pré-germinativo x substrato em plantas de Tamarindus indica L.
submetida a diferentes tratamentos pré-germinativos e substratos para variável da massa fresca da parte aérea(g)
Para a variável diâmetro do caule (TABELA 4) observou-se que a maior média foi obtida
quando utilizou-se escarificação mecânica + embebição em água por 24 horas (3,27mm). O
diâmetro do caule é um dos parâmetros mais importantes, uma vez que se caracteriza por ser uma
estrutura fundamental para a sustentação da planta e é através dele que a planta irá tomar as
direções de crescimento (FREITAS, 2016).
Tabela 4: valores médios do fator tratamento pré-germinativo para a variável de diâmetro de caule(cm), em
sementes de Tamarindus indica L submetidas a diferentes tratamentos pré-germinativos e substratos Pombal
– PB, 2017.
Tratamentos pré- germinativos Diâmetro de caule (cm)
Escarificação + água (24h) 3,27 a
Corte do tegumento + água (24h) 2,76 c
Água por (24h) 2,87 b
Médias seguidas de letras distintas minúscula na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
É possível observa na (Tabela 5) que para as variáveis altura de parte aérea, número de
folhas e massa seca da parte aérea as melhores médias foram obtidas quando utilizou o solo +
esterco bovino e solo + esterco caprino. Isto se deve ao fato de que o esterco caprino e bovino
utilizado apresentou uma elevada concentração de matéria orgânica (Tabela 1). Melo (2008),
estudando diferentes substratos na avaliação de porta-enxertos de tamarindeiro, confirmou que os
substratos compostos pela mistura solo com esterco bovino e esterco caprino promoveram maiores
comprimentos de parte aérea. Porém o mesmo autor demostrou que a mistura de solo com esterco
bovino obtive resultados inferiores para variável de número de folhas e massa seca da parte aérea.
Na variável diâmetro de caule (Tabela 5) a maior média foi obtida com o substrato
composto por solo + esterco caprino (3,22mm). Segundo Henriques, (1997) o esterco de caprino é
mais sólido e muito menos aquoso que o esterco bovinos, tendo a estrutura mais fofa, permitindo
uma maior aeração e por essa razão fermentam rapidamente. O esterco como fonte de nutriente e
matéria orgânica, deve ser utilizado para a obtenção de mudas com diâmetro do caule maior,
favorecendo assim um maior índice de pegamento no campo (SILVA et al., 2010).
Para a variável comprimento da raiz (Tabela 5) a maior média obtida foi no tratamento
composto por solo + basaplant (29,38 cm).A presença de outros materiais e fertilizantes favoreceu
um maior desenvolvimento da raiz, quando comparado aos demais substratos analisados. O
substrato basaplanta contém em sua composição uma adubação inicial com NPK e vermiculita,
contribuindo assim para um maior comprimento da raiz das mudas de tamarindo. A vermiculita é
um mineral que absorve ate cinco vezes do seu volume em água e contém potássio, magnésio
disponível, além de uma elevada CTC (FILGUEIRA, 2003; ALMEIDA, 2008).
Tabela 5: Valores médios do fator substrato, para as variáveis de número de folhas, altura de parte aérea,
comprimento de raiz, diâmetro do caule e massa seca da parte aérea em plantas de Tamarindus indica L.
submetida a diferentes tratamentos pré-germinativos e substratos, Pombal – PB, 2017.
Substratos Número de folhas Altura de parte Comprimento Diâmetro de Massa seca da
(unid. Planta-¹) aérea (cm) da raiz (cm) caule (mm) parte aérea (g)
Solo 21,66 b 31,78 b 25,96 ab 2,85 b 1,55 b
Solo + 22,66 b 28,45 b 29,38 a 2,84 b 1,29 b
B.S
Solo + 40,14 a 38,84 a 24,72 b 3,15 ab 2,47 a
E.B
Solo+ 37,12 a 40,12 a 25,32 ab 3,22 a 2,7 a
E.C.
Médias seguidas de letras distintas minúscula na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
CONCLUSÃO:
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Revista Verde Mossoró v.6, n.2, p. 58 – 63 2011.
RESUMO
A espécie Piptadenia moniliformis é uma Fabaceae, conhecida popularmente como angico-de-
bezerro, possui importância ambiental, medicinal e econômica. O objetivo deste trabalho foi avaliar
a influência de diferentes regimes de luz e temperaturas na germinação e no vigor de sementes de P.
moniliformis Benth. O experimento foi realizado no Laboratório de Análise de Sementes do Centro
de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Areia-PB. As
temperaturas avaliadas foram 25 e 30 °C constantes e 20-30 °C alternada, nos regimes de luz
branca, verde, vermelha, vermelha-distante e escuro contínuo, adotando-se o delineamento
inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 3 x 5 (temperaturas e regimes de luz), em quatro
repetições de 25 sementes cada. As variáveis analisadas foram: porcentagem de germinação,
primeira contagem de germinação, índice de velocidade de germinação, comprimento e massa seca
de raiz e parte aérea das plântulas. As temperaturas constantes de 25 e 30 °C e alternada 20 – 30 °C
no regime de luz vermelho distante e ausência de luz favoreceu o vigor quando avaliados pela
primeira contagem, comprimento e massa seca de raízes de P. moniliformis. As sementes
germinaram em todos os regimes de luz, podendo ser classificadas como fotoblásticas neutras.
Palavras-chave: Espécie florestal, Germinação, Vigor.
ABSTRACT
The species Piptadenia moniliformis is a Fabaceae, popularly known as angico-de-bezerro, has
environmental, medicinal and economic importance. The objective of this work was to evaluate the
influence of different light and temperature regimes on the germination and seed vigor of P.
moniliformis Benth. The experiment was carried out at the Laboratory of Seed Analysis of the
Agricultural Sciences Center (CCA) of the Federal University of Paraíba (UFPB), in Areia-PB. The
evaluated temperatures were 25 and 30 ° C constant and 20-30 ° C alternating in the regimes of
white, green, red, red-distant and dark continuous light, adopting the design completely at random,
in a 3 x 5 factorial scheme (Temperatures and light regimes), in four replicates of 25 seeds each.
The analyzed variables were: percentage of germination, first germination count, germination speed
1
Orientadora: Edna Ursulino Alves/ Engenheira Agrônoma, Dra., Professora Associada, Universidade Federal da
Paraíba, Campus II / ursulinoalves@hotmail.com
index, length and dry mass of root and aerial part of the seedlings. The constant temperatures of 25
and 30 ° C and alternated 20-30 ° C in the regime of red distant and absence of light favored the
vigor when evaluated by the first count, length and dry mass of P. moniliformis roots. The seeds
germinated in all the light regimes, being able to be classified as neutral photoblasts.
Key words: Forest species, Germination, Force.
INTRODUÇÃO
estado fisiológico da semente e das condições ambientais formam um ambiente favorável para o
processo germinativo (BORGES e RENA, 1993).
A temperatura é um fator ambiental decisivo no processo germinativo, pois é responsável
tanto pela velocidade como porcentagem final de germinação (BEWLEY e BLACK, 1994).
Segundo Carvalho e Nakagawa (2012), a temperatura compromete o processo de embebição das
sementes, e as reações metabólicas, essenciais aos processos de mobilização de reservas e a
retomada de crescimento da radícula. A temperatura ideal para uma espécie é aquela que expressa o
máximo potencial de germinação em um menor período de tempo, e sua determinação é
influenciada por fatores como o indivíduo estudado, armazenamento da semente, região de origem e
variedade da espécie (CETNARSKI FILHO e CARVALHO, 2009).
A luz é outro fator que tem implicação positiva ou negativa na germinação das sementes, de
forma que as mesmas podem ser classificadas em fotoblásticas positivas, quando a germinação só
ocorre na presença da luz; fotoblásticas negativas, quando a mesma é diminuída ou inibida na
presença da luz; e fotoblásticas neutras, a germinação ocorre indiferentemente à condição de luz
(MARCOS FILHO, 2015). De acordo com Zaidan e Barbedo (2004), fitocromo é o pigmento
receptor envolvido pela captação dos sinais luminosos do ambiente, e pode ser classificado como
FVe (forma ativa) e FV (forma inativa), onde sua ação é diretamente influenciada pelo o
comprimento de onda (relação vermelho/vermelho-extremo) incidente.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência de diferentes
regimes de luz e temperaturas na germinação e vigor de sementes de Piptadenia moniliformis
Benth.
MATERIAL E MÉTODOS
foi realizada em papel Germitest umedecido com água destilada, na quantidade equivalente a 2,5
vezes a sua massa seca. Em seguida, os mesmos foram organizados em forma de rolos e
acondicionados em sacos transparentes para evitar perda de água para o meio. Os rolos foram
colocados em germinadores do tipo Biological Oxygen Demand (B.O.D) regulados para as
temperaturas de 25 e 30 °C constantes e 20-30 °C alternada com fotoperíodo de 8/16 horas de luz e
escuro, respectivamente, cujos regimes de luz foram: branca (LB), verde (LV), vermelha-distante
(LVD), vermelha (LV) e ausência de luz (A).
Para verificar o efeito dos diferentes tratamentos foram avaliadas as seguintes variáveis:
porcentagem de germinação - foram utilizadas 100 sementes divididas em quatro repetições de 25,
sendo a contagem realizada no décimo quarto dia após a semeadura, e com os resultados expressos
em porcentagem. O critério utilizado nas avaliações foi o de plântulas normais, considerando
aquelas que tinham as estruturas essenciais do embrião desenvolvidas (BRASIL, 2009). Primeira
contagem de germinação - computou-se o número de sementes germinadas no terceiro dia após a
semeadura, sendo os resultados expressos em porcentagem. Índice de velocidade de germinação -
realizado conjuntamente com o teste de germinação, em que se computou o número de sementes
germinadas diariamente, do terceiro até o décimo quarto dia após a semeadura e o índice calculado
de acordo com a fórmula apresentada por Maguire (1962). Comprimento de raízes e parte aérea de
plântulas - ao fim do teste de germinação, as raízes principais e a parte aérea das plântulas normais
de cada repetição foram medidas com o auxílio de uma régua graduada em centímetro, sendo os
resultados expressos em cm. Massa seca de raízes e parte aérea de plântulas as mesmas plântulas
da avaliação anterior foram colocadas separadamente em sacos de papel kraft e levadas à estufa
regulada a 65 ºC por 48 h e, decorrido esse período, as mesmas foram pesadas em balança analítica
com precisão de 0,001 g (NAKAGAWA, 1999).
O delineamento estatístico foi inteiramente ao acaso, com os tratamentos distribuídos em
esquema fatorial 3 x 5 (temperaturas e regimes de luz), em quatro repetições. Os dados foram
submetidos à análise de variância pelo teste F (p< 0,05) e as médias comparadas pelo teste de Scott-
Knott, a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, a interação entre os fatores temperaturas e regime de luz não foi significativa
(p > 0,05) para germinação e para índice de velocidade de germinação. Para essas variáveis, o efeito
isolado desses fatores também não foi significativo até 5% de probabilidade. Com base nas médias
observadas, as quais tiveram valores acima de 92 %, infere-se que não houve efeito negativo sobre a
germinação de sementes de P. moniliformis, quando submetidas aos diferentes regimes de luz e
temperaturas testadas. Para a variável comprimento da parte aérea não foi significativo a interação
entre os fatores de luz e temperatura, contudo, seus efeitos isolados foram significativos até 1% de
probabilidade.
TABELA 1: Resumo da análise de variância referente à germinação (G), primeira contagem de germinação
(PC), índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento de raiz (CR), comprimento de parte aérea
(CPA), massa seca de raiz (MSR), massa seca da parte aérea (MSPA) de plântulas de P. moniliformis
submetidas a diferentes temperaturas e regimes de luz.
ns
Valor de F não significativo a 5 e 1% de probabilidade; **Valor de F significativo a 1% de probabilidade;
* Valor de F significativo a 5% de probabilidade; Trat. = tratamento; FV = fonte de variação; GL = grau de
liberdade; (CV%) = coeficiente de variação.
alternada de 20-30 ºC apenas a ausência de luz diferiu dos demais tratamentos. Em estudo realizado
por Azerêdo et al. (2011), foi constatado que o desenvolvimento das plântulas de P. moniliformis
ocorreu não apenas em áreas abertas, onde as variações de temperaturas entre o dia e a noite são
maiores, mas também em áreas com menores variações de temperatura.
Em plântulas de Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) T.D. Penn. os maiores
comprimentos de raízes foram obtidos na temperatura de 30 °C na luz branca e na temperatura
alternada de 20-30 °C na luz vermelho-distante e escuro (SILVA et al., 2014), enquanto para
plântulas de Aspidosperma tomentosum Mart. as temperaturas de 25 e 30 °C no regime de luz
branca favoreceram o desenvolvimento da raiz (OLIVEIRA et al., 2011).
TABELA 3. Comprimento das raízes de plântulas (cm) oriundas de sementes de Piptadenia moniliformis
Benth. submetidas a diferentes temperaturas e regimes de luz.
Temperatura
Regimes de Luz
25ºC 30ºC 20-30ºC
Branca 3,555Ba 5,236Aa 4,785Aa
Verde 4,545Aa 4,810Aa 4,625Aa
Vermelha 3,725Ba 4,750Aa 5,420Aa
Ausência 4,105Aa 3,895Aa 3,390Ab
Vermelho-distante 4,025Aa 4,485Aa 4,905Aa
Médias seguidas pelas mesmas letras, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem entre si, a
5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.
menores valores de massa seca de raiz, especialmente, sob ausência de luz, seguido do vermelho
distante. A temperatura alternada de 20-30 °C, no regime de luz vermelho-distante, não diferiu
estatisticamente da temperatura de 25 °C.
Para plântulas de Clitoria fairchildiana R. os maiores conteúdos de massa seca de raízes
foram conseguidos na temperatura de 30 °C, independente do regime de luz testado (ALVES et al.,
2012).As maiores proporções de massa seca de raízes de plântulas de Syagrus coronata (Mart.)
Becc. foram obtidas quando cultivadas a pleno sol (CARVALHO et al., 2006).
TABELA 4. Massa seca das raízes (g) de plântulas oriundas de sementes de Piptadenia moniliformis Benth.
submetidas a diferentes temperaturas e regimes de luz.
Temperatura
Regimes de Luz
25 ºC 30 ºC 20-30 ºC
Branca 0,002075Aa 0,001125Ba 0,001425Ba
Verde 0,002050Aa 0,000925Ba 0,001225Ba
Vermelha 0,001900Aa 0,000825Ca 0,001500Ba
Ausência 0,002025Aa 0,000225Cb 0,001000Ba
Vermelho-distante 0,001600Aa 0,000500Bb 0,001225Aa
Médias seguidas pelas mesmas letras, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem entre si, a
5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.
Com base na Tabela 5, a ausência de luz mediante temperatura de 25º C se destacou, por
proporcionar o maior valor de massa seca de parte aérea, diferindo estatisticamente dos demais
tratamentos e do mesmo regime combinada com as demais temperaturas testadas. Os menores
valores de massa seca de parte aérea observado foram na temperatura alternada de 20-30 ºC
combinada com o regime de luz vermelha e luz branca. Verifica-se ainda nesta tabela, que o
vermelho-distante não obteve diferença estatística entre as três temperaturas testadas.
Assim como nesse estudo, Silva et al. (2014), constataram o maior conteúdo de massa seca
da parte aérea das plântulas de S. obtusifolium na temperatura de 25 °C em todos os regimes de luz
testados. Para Calendula officinalis L. maiores teores de massa seca foram encontrados quando se
utilizou temperaturas constantes de 20 e 25 °C independente do regime de luz testado
(KOEFENDER et al., 2009).
TABELA 5. Massa seca da parte aérea (g) de plântulas oriundas de sementes de P. moniliformis submetidas
a diferentes temperaturas e regimes de luz.
Temperatura
Regimes de Luz
25ºC 30ºC 20-30ºC
Branca 0,003150Bc 0,003625Ab 0,002800Bd
Verde 0,004000Ab 0,003175Bb 0,003600Ac
Vermelha 0,004175Ab 0,003550Bb 0,002875Cd
Ausência 0,005550Aa 0,004375Ba 0,004800Ba
Vermelho-distante 0,004150Ab 0,003625Ab 0,004025Ab
Médias seguidas pelas mesmas letras, maiúsculas nas linhas e minúsculas nas colunas, não diferem entre si, a
5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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RESUMO
O juazeiro é uma espécie vegetal de grande importância para a região do semiárido. É uma espécie
bastante utilizada como fonte de alimento por herbívoros, bem como no auxílio ao combate de
várias doenças devido às suas propriedades medicinais. Vários estudos também apontam suas
propriedades repelentes e tóxica para diversas espécies, sendo também bastante visitada por
abelhas. Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo principal avaliar o potencial
tóxico do juazeiro para abelhas da espécie Apis melífera. Foram realizadas visitas ao município de
Rafael Fernandes, situado na Mesorregião do Alto Oeste Potiguar, para coleta da espécie. As
amostras coletadas foram prensadas e levadas ao laboratório do Instituto Federal do Rio Grande do
Norte (IFRN) para serem desidratadas e posteriormente identificadas. Após a desidratação as
amostras foram trituradas a ponto de pó e adicionadas à alimentação das abelhas. Para montagem
dos bioensaios foram utilizadas abelhas do apiário do IFRN as quais foram organizadas em 4
grupos, um controle e 3 tratamentos. Cada gaiola recebeu cerca de 20 operárias que tiveram à sua
disposição, água e alimento proteico além do pó do juazeiro nos grupos tratados. Diariamente o
alimento e a água das abelhas eram repostos seguindo-se a isso a contagem da mortalidade das
mesmas. As leituras eram anotadas em planilhas para posterior análise estatística que baseou-se no
teste não paramétrico Log-Rank Test e o método de Kaplan. Verificou-se q não houve diferença
significativa entre os resultados apresentados para os grupos controle e os tratamentos indicando
que o juazeiro não exerce efeito tóxico sobre as abelhas.
Palavras chave: Toxicidade, abelhas., Juazeiro
ABSTRACT
O juazeiro é uma espécie vegetal de grande importância para a região do semiárido. É uma espécie
bastante utilizada como fonte de alimento por herbívoros, bem como no auxílio ao combate de
várias doenças devido às suas propriedades medicinais. Vários estudos também apontam suas
propriedades repelentes e tóxica para diversas espécies, sendo também bastante visitada por
abelhas. Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo principal avaliar o potencial
tóxico do juazeiro para abelhas da espécie Apis melífera. Foram realizadas visitas ao município de
Rafael Fernandes, situado na Mesorregião do Alto Oeste Potiguar, para coleta da espécie. As
amostras coletadas foram prensadas e levadas ao laboratório do Instituto Federal do Rio Grande do
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
O trabalho teve início com a coleta de espécimes do juazeiro (Figura 01). Foram feitas
visitas à campo no mês de novembro de 2016 na zona rural (Sítio Lanchinha, S°06° 11.613‘ / O
038° 15.726) do município de Rafael Fernandes – Alto Oeste Potiguar, no Estado do Rio Grande do
Norte, onde foram coletadas amostras de partes vegetativas (folhas e galhos) e reprodutivas (flores)
da planta em questão. Ainda em campo os espécimes foram prensados, utilizando prensas de
madeira do tamanho padrão, e conduzidos ao laboratório de Biologia do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN, câmpus Pau dos Ferros, para
secagem e posterior identificação taxonômica. A desidratação das amostras foi feita em estufa de
secagem com ventilação a uma temperatura de 65 graus por 72h, seguindo-se a isso a confecção de
exsicatas (Figura 02).
Identificação botânica
Figura 01: Ziziphus joazeiro Mart. Figura 02: Exsicata do Ziziphus joazeiro Mart.
Parte das amostras vegetais coletadas em campo não foram prensadas, mas acondicionadas
em sacos plásticos e também conduzidas ao laboratório de biologia do IFRN para secagem natural.
Feito isso, as folhas desidratadas da planta foram depositadas no moinho elétrico (Figura 03) para
trituração até chegar em ponto de pó. O pó resultante (Figura 04) foi adicionado à alimentação das
abelhas, que consistia em uma mistura de mel e açúcar (cândi).
Figura 03: Trituração das folhas do Juazeiro Figura 04: Macerado das folhas do juazeiro
Bioensasios
Para montagem dos bioensaios foram utilizadas abelhas coletadas no apiário do IFRN. Estas
foram postas em 8 caixas de madeira, com dimensões de 11 cm de comprimento x 13 cm de largura
x 8 cm de altura. As caixas também possuíam as duas laterais mais largas de vidro, piso e teto
telado, para auxilio da ventilação (Figura 05). Cada gaiola recebeu cerca de 20 operárias que
tiveram à sua disposição, água e alimento proteico (cândi). Foram utilizadas duas repetições para
cada tratamento. O primeiro tratamento era composto por 150 g de cândi acrescido de 7,5 g do
macerado da planta (5%), o segundo por 150 g de cândi mais 15 g do macerado (10%), o terceiro
por 150 g de cândi mais 22,5 g do macerado (15%) enquanto que o grupo controle recebia apenas
água e cândi, conforme a Tabela 01.
Diariamente o alimento e a água das abelhas eram repostos seguindo-se a isso a contagem da
mortalidade das mesmas. As leituras eram anotadas em planilhas para posterior análise estatística
que baseou-se no teste não paramétrico Log-Rank Test e o método de Kaplan-Meier para
comparação e construção do gráfico da curva de sobrevivência, respectivamente. Também
diariamente as abelhas mortas eram retiradas das caixas, sendo sua visualização possível devido as
laterais de vidro transparente das gaiolas.
Tabela 01: Bionensaios: grupos controle e tratamentos a 5%, 10% e 15% de macerado
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise estatística mostra que não houve diferença significativa entre os resultados
apresentados para os grupos controle e os tratamentos. Repara-se que o macerado adicionado ao
cândi não reduziu de forma significativa os dias de sobrevivência das abelhas (figura 06), já que
para os grupos controle a média de dias de sobrevivência foi 10 e para os tratamentos observou-se
algo bem próximo desse valor. Para o tratamento com 5% de macerado a média foi de 8 dias, para
10%, 9 dias e meio e para a concentração de 15% 9 dias, de acordo com o teste Kaplan-meier.
Comparando os tratamentos a 5%, 10% e 15% com o grupo controle através do teste Log-rank
observou-se os seguintes resultados: p= 0,00186 para 5%, p= 0,000338 para 10% e p= 0,529 para
15%, os quais não mostraram significância quando comparados aos resultados obtidos para o grupo
controle (P>0,0001), conforme tabela 01.
Figura 06: Curva de Sobrevivência para teste com folhas do Ziziphus joazeiro Mart.
Desta forma, os resultados sugerem que o efeito tóxico do juazeiro pouco afeta as abelhas da
espécie Apis melífera, embora esse efeito já tenha sido descrito para outras espécies de
invertebrados, como menciona o trabalho de Xavier et al. (2015), mostrando que os repelentes à
base do extrato de Ziziphus joazeiro se revelaram positivos no combate ao ácaro Tetranychusbastosi
Tutler. Silva (2009) também aponta o efeito tóxico, porém moderado, das folhas e cascas do
juazeiro sobre larvas da espécie Artemia salina Leach
Vale salientar, entretanto, que o juazeiro apresenta um enorme potencial alimentar, sendo
comumente utilizado na alimentação de animais de criação. Barros et al. (1991) mostrou que o feno
a base de juazeiro dado a ovinos e caprinos apresentou uma importante resultância no ganho de
peso e no aumento da produção de leite. Dessa forma, o feno a base de juazeiro teve eficiência na
alimentação desses animais. Isso se torna particularmente importante sob o ponto de vista ambiental
porque conforme os resultados apresentados o juazeiro não exerce efeito tóxico sobre as abelhas em
questão, e portanto, serve como uma importante alternativa alimentar, principalmente durante a
época de estiagem. Gariglio et al. (2010) afirma que a grande variedade de espécies de abelhas
presentes na fauna está associada a abundância de fontes de alimentos e locais de nidificação,
fazendo-se necessário que haja maior preservação ambiental e a criação de novos meios de
alimentação para abelhas, para que seja possível manter as variadas espécies vivas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A alimentação feita com o pó das folhas de Ziziphus joazeiro Mart. não se mostrou tóxica
para abelhas da espécie Apis melífera L. Entretanto, devemos ressaltar a necessidade de que outros
estudos sejam realizados nessa área, a fim de conhecer as propriedades fitoquímicas,
principalmente, da flor do juazeiro e de outras espécies da caatinga que servem de alimento para as
abelhas. Tendo sido concluído que as folhas do juazeiro não exercem efeito tóxico significativo
para as abelhas e considerando seu alto teor proteico, sugere-se a utilização dessa espécie como uma
alternativa viável para os apicultores na produção de ração. Com isso, evitaria-se o elevado índice
de mortalidade e/ou migração das colônias em decorrência da escassez de alimento, podendo
acarretar enormes prejuízos para a apicultura.
O presente estudo também pode gerar um alerta à população rural, estimulando-a a preservar
a vegetação nativa, fortemente agredida principalmente pelas queimadas, através do entendimento
mais aprofundado a respeito da forte relação entre as abelhas e o seu ambiente. Esse processo pode
e deve ser orientado por intermédio de alternativas de educação ambiental locais de modo à
promover o surgimento de uma consciência e postura ambientalmente sustentável.
REFERÊNCIAS
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Farmacêutica, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009.
RESUMO
A ação humana, nas últimas décadas, vem causando sérias consequências ao meio ambiente,
possivelmente porque o sistema econômico vigente demanda uma produção em larga escala e,
consequentemente, um maior uso dos recursos naturais. Nesse contexto, este estudo objetivou
avaliar o crescimento inicial de Jucá (L. ferrea) em função do composto orgânico de macrófita
aquática (Eichhornia crassipes). Os tratamentos foram distribuídos em blocos casualizados com três
repetições, sendo as unidades experimentais constituídas por vasos com 2 dm3 de solo e as doses de
composto de aguapé à 0, 5, 10, 20 e 30% do volume de cada vaso. Durante o período de 60 dias
foram realizadas seis leituras (10; 20; 30; 40; 50 e 60 dias) de diâmetro de caule e altura de planta
para a realização da análise de crescimento. A produção de Matéria Seca da Parte Aérea (MSPA) se
elevou com o aumento das doses de composto, bem como, os teores de Fe, Mn e Zn foram
crescentes em relação ao aumento de pH. As Taxas de Crescimento Absoluto(TCA) e Crescimento
Relativo(TCR) foram semelhantes em todos os tratamentos, ressaltando que para a dose de 20 e
30% observou-se maiores alturas e na dose de 20% a TCR do diâmetro apresentou um crescimento
mais uniforme.
Palavras-chave: Crescimento de plantas. Aguapé. Caatinga.
ABSTRACT
Human action in recent decades has caused serious consequences for the environment, possibly
because the current economic system demands large-scale production and, consequently, a greater
use of natural resources. In this context, this study aimed to evaluate the initial growth of Jucá (L.
ferrea) as a function of the organic compound of aquatic macrophyte (Eichhornia crassipes). The
treatments were distributed in randomized blocks with three replicates, the experimental units
consisted of pots with 2 dm3 of soil and the doses of the compound of aguapé at 0, 5, 10, 20 and
30% of the volume of each pot. During the 60 day period, six readings (10; 20; 30; 40; 50 and 60
days) of stem diameter and plant height were made to perform the growth analysis. The production
of Dry Matter of the Aerial Part (MSPA) increased with the increase of the doses of compound, as
well, the contents of Fe, Mn and Zn were increasing in relation to the increase of pH. The Absolute
Growth Rates (TCA) and Relative Growth (TCR) were similar in all treatments, noting that for the
dose of 20 and 30% higher heights were observed and in the dose of 20% the TCR of the diameter
showed a more uniform growth.
Key words: Plant growth. Aguapé. Caatinga.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
O solo foi coletado às margens da RN 011, a escolha do local deu-se em razão de ser uma
jazida de retirada de cascalho ativa, entretanto selecionou-se uma área desativada dentro da jazida,
pois já estava esgotada e iria ser iniciado o processo de recuperação. Inicialmente, realizou-se a
limpeza da área com auxílio de uma pá, em seguida amostras simples foram coletadas iniciando do
topo até uma profundidade 15 cm. As amostras foram acondicionadas em sacos de plásticos limpos
e levadas ao Laboratório de Biotecnologia, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(UFERSA), do Centro de Ciências Agrárias. Posteriormente, o solo foi seco ao ar, homogeneizado e
peneirado em peneira com 2 mm de malha para remover restos de material vegetal e diminuir
grandes torrões de terra, melhorando assim sua homogeneidade. Os aguapés foram coletados na
área urbana do município de Mossoró/RN, mais precisamente nas proximidades da barragem de
baixo, no bairro Barrocas.
Os tratamentos foram distribuídos em blocos casualizados com três repetições, sendo as
unidades experimentais constituídas por vasos com 2 dm3 de solo e as doses de composto de
aguapé à 0, 5, 10, 20 e 30% do volume de cada vaso. Após a mistura da composição solo e
composto equivalente a cada tratamento, esta foi colocada em vasos plásticos, incubados 20 dias e
em seguida realizado o transplantio das mudas de jucá. Para produção das mudas, as sementes
foram escarificadas. As mudas de Jucá (L. ferrea), após escarificadas utilizando-se lixa d‘água nº
100, foram produzidas em bandejas de poliestireno expandido de 128 células, utilizando-se o
substrato à base de fibra de coco, sendo o transplantio realizado dez dias após a semeadura e o
estande corrigido através do replantio das mudas cinco dias após. Após uma semana foi realizada a
primeira medição. O crescimento das plantas passou a ser monitorado a partir dessa data e as
demais medições ocorreram a cada dez dias por um período de dois meses.
Durante o período de 60 dias foram realizadas seis leituras (10; 20; 30; 40; 50 e 60 dias) de
diâmetro de caule e altura de planta para a realização da análise de crescimento. O diâmetro do
caule foi medido usando paquímetro manual e altura de planta régua graduada (cm). Para modelar
as características de crescimento em função dos dias após a semeadura (DAS), para cada dose de
composto foi usado o modelo logístico (Morais e Maia, 2013) conforme Equação 1.
a
Y b c.DAS (1)
1 e
Com base no modelo ajustado aos dados, foram estimados os valores dos índices
fisiológicos, determinando a taxa de crescimento absoluto (TCA) e taxa de crescimento relativo
(TCR). A TCA foi obtida pela derivada primeira do modelo (Equação 2) e a TCR pelo quociente
entre a TCA de cada característica avaliada pelos seus respectivos valores estimados em cada época
de coleta (Equação 3).
a c e b cDAS
TCA (2)
1 e
b c DAS 2
TCA
TCR (3)
Y
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A produção de Matéria Seca da Parte Aérea (MSPA) se elevou com o aumento das doses de
composto (Tabela 1). A esse respeito, Souza et al., (2010) observaram em solos onde foram
utilizados adubos orgânicos uma maior produção de massa seca, explicados pela maior
disponibilidade dos nutrientes. A absorção de Fe, Mn, Cu e Zn diminuíram a partir do aumento das
doses de composto. Sobre isso, Silva et.al (2016) concluíram que a matéria orgânica incorporada no
solo pode atuar na quelação, complexação, formando precipitados de baixa mobilidade dos
micronutrientes Zn, Cu, Fe e Mn, afetando assim sua disponibilidade. Kothari et al. (1991)
observaram que o Mn disponível no substrato diminuiu na mesma ordem que diminui o número de
bactérias redutoras de Mn, indicando o papel da redução biológica de manganês, nesse mesmo
contexto, Marschner et al., (1991), afirmam que a disponibilidade de Mn pode ser aumentada por
fatores que aumentem o número de microrganismos redutores ou diminuam o de oxidantes. Ainda
a respeito dos fatores que influenciam na disponibilidade de micronutrientes para as plantas, Abreu,
Lopes e Santos (2007) afirmam que o pH do solo é um dos mais relevantes na alteração da
disponibilidade de certos elementos, visto que o aumento do pH diminui a presença dos
micronutrientes Fe, Mn, Cu e Zn, reduzindo sua solubilidade no solo e, consequentemente sua
disponibilidade para as plantas. Faquin (2005), afirma que o Cd é absorvido pelas raízes na forma
de Cd2+ e o aumento do pH reduz a sua disponibilidade e a absorção. Essa constatação vale
também para o Pb, que por sua vez apresenta efeito tóxico para as plantas podendo resultar na
diminuição do crescimento.
O modelo logístico se ajustou aos dados das características avaliadas, com coeficientes de
determinação para todas as regressões superiores a 0,92. Para o período de avaliação tem-se que a
altura de planta (AP), diâmetro de caule (DC) e a produção de matéria seca da parte aérea (MSPA)
aumentaram de acordo com a elevação das doses de composto (Figura 2 e 3). Observou-se também,
que as mudas atingiram maiores alturas nas doses de 20 e 30%, e o crescimento estabilizou após os
30 dias. Para o DC, verificou-se que no intervalo de 20 a 30 DAP todos os tratamentos atingiram
diâmetros superiores de 9 mm. No entanto, a dose de 20% diferenciou-se das demais com
crescimento contínuo até os 60 dias, com DC em torno de 12mm.
Para as características avaliadas em função do tempo, verifica-se que houve crescimento
inicial lento aumentado exponencialmente até atingir valor máximo em que, a partir deste houve um
decréscimo. Segundo Pace et al. (1999), esse crescimento inicial lento ocorre porque as plantas
gastam grande parte da energia para a fixação no solo, principalmente com a exploração deste pela
emissão de raízes pela planta, sendo as raízes nesta fase o dreno preferencial dos fotoassimilados,
levando à maior produção de matéria seca de raiz quando comparada com a parte aérea.
A taxa de crescimento absoluto pode ser usada para se ter ideia da velocidade média de
crescimento ao longo do período de observação (BENINCASA, 2004). Para as mudas de jucá, a
TCA para altura de planta (TCAAP) calculada para o período de 60 dias foi semelhante em todos
tratamentos, sendo que cresce, em média, exponencialmente entre 0,08 e 0,10 cm dia-1 (Figura 1).
Para as doses de 0 e 5%, verificou-se declínio após os 10 dias, enquanto que para as doses de 10, 20
e 30%, o declínio ocorreu após os 20 dias.
A TCADC aumentou até atingir um valor máximo, em seguida ocorreu um declínio que para
as doses 0, 5, 10 e 30% estabilizou após os 30 dias. Já para a dose de 20% o máximo valor se deu
após os 30 dias e não havendo estabilidade (Figura 2).
Taxa de crescimento relativo (TCR) relaciona a quantidade de matéria orgânica formada, em
relação ao peso inicial (BENINCASA, 2004). Para a taxa de crescimento relativo verificou-se um
período inicial de rápido acúmulo de material, seguido de uma fase de acúmulo constante, com um
período final de declínio da TCR, ressaltando que para a dose de 20% a TCR DC apresentou um
crescimento mais uniforme ao longo do período analisado (Figura 3). Lima Júnior et al, (2004)
também verificaram este comportamento de queda na taxa de crescimento relativo do melão
submetido a diversos tratamentos. Essa diminuição contínua da TCR pode ser explicada pela
elevação da atividade respiratória e pelo autosombreamento, cuja importância aumenta com a idade
da planta. E, ainda, Segundo Costa et al. (1997), a TCR pode ser afetada principalmente por dois
componentes, sendo o primeiro a quantidade de fotoassimilados armazenados nas folhas em
comparação com o restante da planta e, segundo, pela eficiência dos componentes assimilatórios.
FIGURAS E TABELAS
Composto MSPA Fe Mn Cu Zn Cd Pb
% ---------------------------- mg vaso-1 -------------------------------
0 0,19 0,339 0,295 0,018 0,067 0,001 0,011
5 0,40 0,299 0,060 0,019 0,032 0,001 0,011
AP (cm)
0,9 0,08
AP (cm)
0,9 0,06
0,06
0,6 0,04
0,4 0,04
0,3 0,02
0,02
0,0 0,00
-0,1 0 10 20 30 40 50 60 0,00 0 10 20 30 40 50 60
Dias após o plantio Dias após o plantio
(A) (B)
0,08
AP (cm)
0,9 0,06
0,8 0,04
0,6 0,04
0,4 0,02
0,3 0,02
0,0 0,00
0,0 0,00 0 10 20 30 40 50 60
0 10 20 30 40 50 60 Dias após o plantio
Dias após o plantio
(C) (D)
AP TCA AP
2,00 0,10
TCA AP (cm dia-1)
1,60 0,08
AP (cm)
1,20 0,06
0,80 0,04
0,40 0,02
0,00 0,00
0 10 20 30 40 50 60
Dias após o plantio
(E)
Figura 1 - Valores de Altura de planta (AP) e taxa de crescimento absoluta para altura de planta
(TCAAP) em função de dias após o plantio (DAP) nas doses zero (A), 5% (B), 10% (C), 20% (D) e
30% (E) de composto.
9 0,60
DC (mm)
6 0,30
6 0,40
0,20
3 3 0,20
0,10
0 0,00 0 0,00
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
DAP DAP
(A) (B)
DC TCA DC DC TCA DC
12 0,60 15 0,50
TCA dc (mm dia-1
DC (mm) 9 0,30
6
6 0,20
0,20
3
3 0,10
0 0,00 0 0,00
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
DAP DAP
(C) (D)
DC TCA DC
12 0,60
TCA DC(mm dia-1
10 0,50
DC (mm)
8 0,40
6 0,30
4 0,20
2 0,10
0 0,00
0 10 20 30 40 50 60
DAP
(E)
Figura 2 - Valores de Diâmetro de caule e taxa de crescimento absoluta para diâmetro do caule
(TCADP) em função de dias após o plantio (DAP) nas doses zero (A), 5% (B), 10% (C), 20% (D)
e 30% (E) de composto.
(A) (B)
(C) (D)
TCR AP TCR DC
0,24 0,50
TCR AP (cm dia cm)
TCR DC (mm dia mm)
0,40
0,16 0,30
0,08 0,20
0,10
0,00 0,00
0 10 20 30 40 50 60
DAP
(E)
Figura 3 - Valores da taxa de crescimento relativo para altura de planta (TCR AP) e taxa de
crescimento relativo do diâmetro do caule (TCR DC) em função de dias após o plantio (DAP) nas
doses zero (A), 5% (B), 10% (C), 20% (D) e 30% (E) de composto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A TCA e TCR foram semelhantes em todos os tratamentos, ressaltando que para a dose de
20 e 30% observou-se maiores alturas e na dose de 20% a TCR do diâmetro apresentou um
crescimento mais uniforme. A Matéria Seca da Parte Aérea e teores de Fe, Mn e Zn foram
crescentes em relação ao aumento de pH.
REFERÊNCIAS
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Curso de Pós-Graduação ―Lato Sensu‖ (Especialização) a Distância: Solos e Meio Ambiente.
RESUMO
No processo de produção de hortaliças um dos fatores essenciais é a formação de mudas, o que está
intimamente ligado à utilização de um substrato de alta qualidade que forneça condições
satisfatórias ao desenvolvimento inicial das plantas. Visando-se caracterizar as propriedades físico-
químicas de substratos alternativos a serem utilizados para a produção de mudas de hortaliças,
desenvolveu-se o presente trabalho no campo experimental e no Laboratório de Solos e Nutrição de
Plantas (LSNP) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus de Pombal - PB.
Para isso foram utilizadas as seguintes composições de substratos: Plantmax (substrato comercial);
Esterco caprino + solo + areia (1:1:1 v/v/v); Esterco caprino + barro + areia (1:1:1 v/v/v); Esterco
caprino + solo (3:1 v/v); Composto orgânico + solo + areia (1:1:1 v/v/v); Composto orgânico +
barro + areia (1:1:1 v/v/v); Composto orgânico + solo (3:1 v/v); Composto orgânico + barro (3:1
v/v); Basaplant (substrato comercial). Realizadas as respectivas misturas, foram feitas três coletas
de cada amostra dos substratos para as análises físicas e químicas. Os substratos que apresentaram
os melhores atributos físico-químicos para produção de mudas de hortaliças de maneira geral foram
os substratos comerciais Plantmax® e Basaplant®, havendo, no entanto, a necessidade de
realizarem-se experimentações em culturas específicas, na intenção de se obter resultados mais
precisos, pois os substratos alternativos demostraram características bastante satisfatórias.
Palavras-chave: produção de mudas, fertilidade, nutrição de plantas.
ABSTRACT
Production process changes, which is closely linked to the use of high-quality substrate and
working conditions of the initial development of plants. Aiming to characterize as physical-
chemical agent of alternative substrates to be used for the production of vegetable seedlings, it was
developed in the present work without experimental field and not Laboratory of Soils and Plant
Nutrition (LSNP) of the Federal University of Campina Grande (UFCG), campus of Pombal - PB.
For these composites of substrates: Plantmax (commercial substrate); Goat manure + soil + sand (1:
1: 1 v / v / v); Goat waste + clay + sand (1: 1: 1 v / v / v); Goat manure + soil (3: 1 v / v); Organic
compound + soil + sand (1: 1: 1 v / v / v); Organic compound + clay + sand (1: 1: 1 v / v / v);
Organic compound + soil (3: 1 v / v); Organic compound + clay (3: 1 v / v); Basaplant (commercial
2
Kilson Pinheiro LOPES - Tutor do grupo PET-Agronomia da UFCG/CCTA
substrate). Three samples were collected from each substrate sample for the physical and chemical
analysis. The substrates that present the best physico-chemical attributes for the production of
vegetable seedlings in general the commercial substrates Plantmax® and Basaplant®, there being,
however, a need to carry out experimentations in specific cultures, in order to obtain results more
accurate, for the alternative substrates showed very satisfactory characteristics.
Keywords: seedling production, fertility, plant nutrition.
INTRODUÇÃO
O aumento no cultivo e no consumo de hortaliças nos últimos anos é algo notável, isto
porque a produção desses alimentos, possui um papel crucial para a atividade agrícola,
especialmente a de base familiar. Esta crescente demanda pode ser explicada por tratar-se de uma
prática que permite ser realizada em pequenas extensões de terra e mostra-se economicamente
viável, quando comparada a outras produções agrícolas (FAULLIN; AZEVEDO, 2003).
Um requisito primordial dentro da produção de hortaliças é a formação de mudas de alta
qualidade, pois é nesta fase que se define o sucesso no manejo da cultura, influenciando diretamente
no resultado final (CABRAL et al., 2011). Para se obter uma muda com características desejáveis,
faz-se necessário a utilização de substratos que tenham em sua composição características físicas,
químicas e biológicas apropriadas que possibilitem o pleno desenvolvimento das raízes e da parte
aérea. De acordo com Ensinas et al. (2011) entre os atributos desejáveis podem ser citados:
uniformidade, areação, retenção de umidade, boa agregação das partículas às raízes, o teor e a
disponibilidade de nutrientes e a capacidade de troca de cátions.
No mercado não existe um substrato ideal para uma determinada cultura, ou mesmo,
completo, uma vez que cada espécie possui uma exigência nutricional diferente. Trabalhos
desenvolvidos por Araújo et al. (2010) e Severino et al. (2006), comprovam que nenhum substrato
possuí composição química suficiente para ser utilizado como único componente, pois sempre há
pelo menos um elemento em baixa concentração, de forma que os substratos devem,
preferencialmente, ser formulados com misturas de materiais orgânicos que se complementem,
tanto físico quanto quimicamente.
Para Zorzeto et al. (2014) a caracterização física de substratos para plantas, mesmo sendo de
extrema relevância, no Brasil ainda é elementar, não obstante, apenas com a definição adequada de
métodos confiáveis seja possível padronizar certos insumos, ao tempo em que se possa fornecer as
recomendações necessárias aos produtores. Neste sentido, Negreiros et al. (2004) afirmam que a
qualidade do substrato é resultado da combinação de suas propriedades físicas e químicas, as quais
podem ser adequadas pela formulação de misturas duplas ou triplas.
Na intenção de se obter bons resultados e altas produtividades exige-se do produtor o
investimento em todas as etapas de produção, no entanto, a economicidade deve ser levada em
conta, ou seja, a utilização de insumos próprios e ou que já existam na área é uma opção na busca
por uma maior rentabilidade final. Diante disso, buscou-se com este trabalho caracterizar física e
quimicamente diferentes substratos oriundos de materiais alternativos, com o intuito de verificar
quais deles podem melhor adequar-se na produção de mudas de hortaliças no Sertão Paraibano.
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a porosidade total os maiores valores foram obtidos na composição esterco caprino e
solo (0,72 m3), seguido do substrato comercial Plantmax® (0,66 m3) e o inverso aconteceu com as
combinações que apresentam composto orgânico em sua composição (T6, T7 e T8) que apresentam
porosidade menor e uma maior densidade (Tabela 1), o que corrobora as afirmações de Vence
(2008) e Zorzeto et al. (2014) os quais alegam que a porosidade total de um substrato pode
relacionar-se de forma inversa com a densidade.
Apenas o substrato Plantmax® apresentou pH dentro da faixa ideal (5,7) para o
desenvolvimento da maioria das culturas agrícolas, estando entre 5,5 e 6,5, dando boas condições
para as mudas absorverem os nutrientes do substrato uniformemente. Os demais tratamentos
exibiram valores de pH muito elevados, sendo considerados altamente alcalinos (>7,0) e portanto
prejudiciais a maioria das culturas (TABELA 2). Considerando que o substrato Plantmax não mais
está disponível no mercado e que nesta região a maior disponibilidade é do Basaplanta temos nestes
substratos alternativos características químicas e físicas muito próximas a este, com possibilidade
de uso e redução de custos.
Os resultados encontrados para a Capacidade de Troca de Cátions (CTC) em cada
tratamento são semelhantes aos encontrados para a Soma de Base (SB), uma vez que estas
propriedades estão relacionadas entre si. De acordo com a Tabela 2 os maiores valores para a CTC e
para a SB são verificados no substrato Plantmax®, 41,0 cmolcdm-3 e 31,3 cmolcdm-3,
respectivamente. Esta elevada CTC é explicada pelo alto valor da acidez potencial (H++Al+3) desse
substrato verificado na Tabela 3.
Contudo o substrato alternativo constituído por composto orgânico, solo e areia (T5)
apresentando o segundo maior valor para CTC (20,4 cmolcdm-3) destacar-se do primeiro, por não
possuí acidez potencial, o que pode prejudicar o desenvolvimento das mudas.
pH SB CTC V MO PST
Substratos
(H2O) ....cmolcdm-3.... (%) g kg-1 (%)
A matéria orgânica (M.O.) está ligada a vários atributos do solo, dentre esses, o valor da
densidade do substrato, segundo Zorzeto (2011) pode ser utilizado como um indicativo do
quantitativo de M.O., quanto menor a densidade de partícula maior a quantidade de M.O. Fator
relevante e que pode ser observado nas Tabelas 1 e 2, ao se analisar os teores de matéria orgânica
nos substratos, em que o Plantmax® ao tempo em que apresenta a menor densidade, apresenta
também a maior quantidade de M.O. (121,5 g kg-1) entre os tratamentos avaliados.
No entanto, isso não é uma regra, pois o substrato comercial Basaplant® apresentou
comportamento similar quanto ao quantitativo de matéria orgânica com 114,9 g kg-1 e não
exatamente quanto à densidade real. Dentre os tratamentos estudados os que apresentaram valores
muito baixos quando comparados aos demais foram o T6 (Composto orgânico, argila e areia) e o T7
(Composto orgânico e solo), respectivamente.
Quando analisados os teores de nutrientes presentes nos substratos pode-se verificar (Tabela
3) quec para os macronutrientes primários os tratamentos que se destacaram dos demais foram o T8
(Composto orgânico e argila) e T4 (Esterco caprino e solo) para o Fósforo (P), nessa sequência e o
T5 (Composto orgânico, solo e areia) e T2 (Esterco caprino, solo e areia) também na mesma ordem
para o Potássio (K). São valores aproximados e que podem ser usados de acordo com a exigência
nutricional da cultura a ser cultivada, selecionando-se o substrato que apresente o maior teor do
nutriente mais requerido pela muda específica.
T2 = Esterco caprino, solo e areia 1058 7,47 0,64 7,9 0,7 0,0 0,0
T3 = Esterco caprino, argila e areia 626 4,19 0,73 6,3 1,1 0,0 0,0
T4 = Esterco caprino e solo 1233 6,54 0,73 7,6 2,1 0,0 0,0
T5 = Composto orgânico, solo e 1171 9,77 0,90 6,5 3,2 0,0 0,0
areia
T6 = Composto orgânico, barro e 519 0,38 0,29 7,7 1,4 0,0 0,49
areia
T7 = Composto orgânico e solo 773 0,33 0,35 7,1 1,0 0,0 0,33
T8= Composto orgânico e argila 1319 0,61 0,36 9,9 4,2 0,0 0,82
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOFFMANN, G. Verbindliche methoden zur untersuchung von TKS und gartnerischen erden.
Mitteilungen der VSLUFA, v. 6, n. 1, 1970.
NEGREIROS, J.R.S.; ÁLVARES, V.S.; BRAGA, L.R.; BRUCKNER, C.H. Diferentes substratos
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SEVERINO, L.S.; LIMA, R.L.; BELTRÃO, N.E.M. Composição química de onze materiais
orgânicos utilizados em substratos para produção de mudas. Campina Grande: Embrapa, 2006.
(Comunicado técnico, 278).
VENCE, L.B. Disponibilidad de agua-aire en sustratos para plantas. Ciencia del Suelo, v.26, n. 1,
2008.
RESUMO
A Byrsonima cydoniifolia A. Juss. (murici) é uma frutífera, no qual possui uma germinação lenta e
desuniforme caracterizando a presença de dormência, para a superação existem diversas técnicas
que são empregadas tanto para a tegumentar quanto para a fisiológica em sementes. O presente
trabalho teve como objetivo estudar a caracterização dos frutos e a superação de dormência para a
avaliação da qualidade fisiológica. O experimento foi realizado na UFRPE- UAG, foram utilizados
pirênios oriundos de plantas do Sítio Inhumas do município de Garanhuns – Pernambuco, no qual
foi realizada a biometria e beneficiamento dos frutos, posteriormente realizou-se a biometria de
pirênios, teor de água e o testes de emergência com os seguintes tratamentos: T1- pirênios sem
tratamento pré-germinativo (testemunha); T2, T3 e T4 - imersão dos pirênios em ácido sulfúrico
durante 1h, 2h e 3h respectivamente; T5, T6 e T7 - imersão dos pirênios em ácido sulfúrico durante
1 h, 2h e 3h + embebição em ácido giberélico durante 2 h, respectivamente; T8, T9 e T10- Imersão
dos pirênios em ácido sulfúrico durante 1 h, 2h e 3h + embebição em água destilada durante 2h,
respectivamente e calculada a porcentagem de emergência, índice de velocidade de emergência, o
comprimento de plântulas normais, o comprimento da raiz, o numero de folhas e a massa seca da
parte aérea e da raiz. Os frutos de murici têm um comprimento médio de 6,42mm, já a largura tem
7,25 mm, os pirênios apresentam um comprimento de 5,14 mm e a largura de 5,63 mm, sendo que o
método mais eficiente para acelerar e aumentar a emergência de plântulas de murici foi a
escarificação química feita nos pirênios com ácido sulfúrico, seguida por imersão em solução de
ácido giberélico na concentração de 1000 g L-1.
Palavras chaves: Murici, Biometria, Dormência e Emergência.
ABSTRACT
A Byrsonima cydoniifolia A. Juss. (Murici) is a fruit plant, in which it has a slow and uneven
germination so that characterizing the presence of C, for overcoming there are several techniques
that are employed for both integumentary and physiological dormancy in seeds. The goal of the
present work was to study the characterization of the fruits and the overcoming of dormancy for the
evaluation of the physiological quality. The experiment was carried out at UFRPE-UAG, using
pyrenes of plants from the village of Inhumas in the county of Garanhuns – Pernambuco, in which
the biometry and fruit processing were performed. Afterwards, it was perfomed the pyrene
biometry, water content and the emergence tests with the following treatments: T1 – pyrene without
germinal treatment (control); T2, T3 and T4 - immersion of the pyrenes in sulfuric acid for 1h, 2h
and 3h respectively; T5, T6 and T7 - immersion of the pyrenes in sulfuric acid for 1h, 2h and 3h
respectively, following the imbibition in gibberellic acid for 2h; T8, T9 and T10 - immersion of the
pyrenes in sulfuric acid for 1h, 2h and 3h respectively, following the imbibition in distilled water
for 2h. It was calculated the emergence percentage, emergence speed index, length of normal
seedlings, root length, number of leaves and dry mass of the aerial part and root. The murici fruits
have an average length of 6.42mm and 7.25mm wide, the pyrenes show a length of 5.14mm and
5.63mm wide, wherein the most efficient method to accelerate and increase the emergence of
murici seedlings was the chemical scarification with sulfuric acid in the pyrenes, followed by
immersion in gibberellic acid solution at the concentration of 1000 g L-1.
Keywords: Murici, Biometry, Dormancy and Emergence
INTRODUÇÃO
Existem diversas técnicas que são empregadas para superar a dormência tegumentar em
sementes, dentre elas o uso de ácidos, principalmente o ácido sulfúrico que é utilizado na
degradação química de algumas estruturas morfológicas, aumentando a permeabilidade do
tegumento. Em trabalhos com Colubrina glandulosa Perk. o uso do ácido sulfúrico por 2 e 3 horas,
proporcionou percentuais de germinação de 46,33 e 45,33%, respectivamente. Enquanto que
sementes de Caesalpinia ferrea Mart. Ex Tul.var. ferrea alcançaram 65% de taxa de germinação
(NEGRI et al., 2008). Para Melo et al. (2011) estudando Parkia panurensis Benth. E Parkia
Velutina Benoist. A escarificação química com ácido sulfúrico por 30 minutos é eficaz na superação
da dormência, tanto para emergência quanto para formação de plântula normal.
Para Carvalho e Nakagawa (2000) a dormência em sementes pode ser causada por pelo
menos três mecanismos que funcionam em conjunto com estruturas das sementes, sendo o sistema
de controle de entrada de água na semente, o controle do desenvolvimento do eixo embrionário e o
sistema de equilíbrio das substancia promotores e inibidores do crescimento.
Estudando a superação da dormência de sementes de B. cydoniifolia Murakami et al. (2011)
recomendam a concentração de 1 g L¹ por 24 horas de ácido giberélico para aumentar a germinação
das sementes de murici. Segundo Morais Júnior et al. (2015) os métodos relacionados à ruptura do
tegumento como a esmerilhação superficial da parede dos pirênios, escarificacão através da
imersão em ácido sulfúrico e fragmentação dos pirênios não foram eficiente para superar a
dormência presente no murici. De acordo com Pozos et al. (2013) o endocarpo é o principal
obstáculo para a germinação das sementes de B. cydoniifolia, a escarificação química com ácido
sulfúrico por duas horas se mostrou eficiente para aumentar a germinação.
Diante disso é necessário que pesquisas sejam desenvolvidas para que se possa obter uma
metodologia específica para o murici já que é uma espécie importante para a flora e de grande
potencial comercial, entretanto, apresenta entraves que impedem seu desenvolvimento, como é o
caso dormência tegumentar e fisiológica presente em suas sementes. Assim o presente trabalho teve
como objetivo estudar a biometria de frutos e sementes, métodos de superação de dormência e
avaliar qualidade fisiológica de B. cydoniifolia A. Juss.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O teor de água dos pirênios apresenta uma média de 11,57% de umidade, sendo considerada
uma umidade adequada para a manutenção da qualidade fisiológica das sementes, tendo em vista
que alta umidade acelera o metabolismo celular consequentemente utilizando o material de reserva
e reduzindo o seu vigor.
Na Tabela 1. encontram-se os valores da média, desvio padrão, variância, coeficiente de
variação e valores do máximo e mínimo do comprimento dos frutos de B. cydoniifolia dos 400
frutos amostrados, a média situou-se em 6,42 mm, com valor máximo de 8,92 mm e mínimo de
4,12 cm, com um desvio padrão de 1,09 mm, valores superiores foram encontrados por Silverio e
Fernandes-bulhão(2009) para Byrsonima verbascifolia com os valores máximo de 21,50 mm,
médio 16,26 mm e mínimo de 12,20 mm.
A largura dos frutos encontrada na tabela 1. Obteve uma média de 7,25 mm, como o valor
máximo de 10,88 mm e mínimo de 5,03 mm, e um desvio-padrão de 1,26mm. Silverio e Fernandes-
bulhão (2009) encontraram para B. verbascifolia com os valores máximo de 28,50mm, médio 19,53
mm e mínimo de 15,00mm. Para Gusmão et al. (2006) a variabilidade encontrada para a espécie B.
verbascifolia para os valores de diâmetro, comprimento dos frutos podendo ressaltar a alta
variabilidade encontrada na área ou entre frutos da mesma matriz.
A sementes de murici tem uma média de comprimento de 5,14 mm, tendo um desvio-padrão
de 0,56 mm com os valores máximo de 6,97 mm e mínimo 3,5 mm, já para a largura um valor
médio de 5,63 mm com o desvio padrão de 0,65 mm como os valores máximo os de 7,7 mm e
mínimo de 3,95 mm (Tabela 1). Esses resultados estão de acordo com Barbosa et al. (2015), que
encontrou para essa mesma espécie, pirênios com comprimento médio de 5,23 mm e a largura
média de 5,56 mm, já para Carvalho e Nascimento (2006) estudando murici clone açu encontrou
resultados superiores com comprimento médio de 1,10 cm, e com a largura média 1,02 cm.
Frutos
Parâmetro estatístico Média Desvio padrão Variância CV% Máximo Mínimo
Comprimento (mm) 6,42 mm 1,09 1,19 17,00 8,92 4,12
Largura (mm) 7,25 mm 1,26 1,61 17,49 10,88 5,03
Sementes
Parâmetro estatístico Média Desvio padrão Variância CV% Máximo Mínimo
5,235] mm, [4,789; 5,235] mm, [5,681; 6,128] mm, [6,128; 6,574] mm e [6,574; 7,020] mm com
respectivos porcentagens 21,5%, 29%, 11,5%, 11,5% e 12%. Gusmão et al.(2006) estudando os
frutos de B. verbascifolia encontrou grande variabilidade de tamanhos de frutos, sendo que a
maioria do frutos estudados apresentou comprimento entre 8,4 mm e 9,5mm (27%) e entre 10,6 mm
e 12,8 mm (29%).
A distribuição da frequência relativa dos dados biométricos da largura dos frutos de B.
cydoniifolia encontra-se na Figura 1, as classes variaram de 4,25 mm a 9,05 mm de todos os frutos
analisados, mas as classes de frequência que apresentaram umas maiores quantidades de frutos
foram [5,21; 5,69] mm com (16,5%), [5,69; 6,17] mm com (29%) e [6,17; 6,65] mm com (16%),
correspondendo a 61,5 % dos frutos amostrados. Carvalho e nascimento (2013) encontrou valores
de largura superiores para clone de B. crassifolia, tendo os clone cristo com 0,86 cm, Santarém 2
com 0,79 cm e semelhantes para o clone Tocantins 1 com o,71cm.
Figura 1. Frequência relativa para o comprimentos e a largura dos frutos e pirêniosde Byrsonimacydoniifolia
comprimento de pirênios de B. verbascifolia entre 5,8mm e 6,5 mm. Barbosa et al. (2015)
estudando B. crassifólia encontrou pirênios com valor médio de 5,26 mm, B. verbascifolia 5,233
mm e Byrsonima coccolobifolia com 5,55 mm de comprimento.
A distribuição de frequência relativa para a largura do pirênios encontra-se na figura 1.
verificou-se uma variação acentuada nas classes, as classes mais representativa foi a [5,50; 5,87]
mm com 23,5%, [5,12; 5,50] mm com 23% e [5,87; 6,25]mm com 17,5%ou 128 dos pirênios.
Barbosa et al. (2015) encontrou valor similares para B. coccolobifolia com um diâmetro médio de
5,64 mm com o máximo de 6,78 mm e o mínimo de 4,32 mm, Silverio e Fernandes-bulhão (2009)
encontrou valor contratantes para Byrsonima orbignyana com uma média da largura de 7,8 mm e
para B. verbascifolia de 8,6 mm.
A aplicação de tratamentos pré-germinativos favoreceu a porcentagem de emergência dos
pirênios. No entanto, respostas de maior magnitude foram obtidas quando os pirênios foram
previamente escarificados em ácido sulfúrico por duas horas e em seguida embebidos em solução
de ácido giberélico por duas horas. A porcentagem final de emergência variou de acordo com os
tratamentos pré-germinativo, tendo o tratamento H2SO4 2H + 2H AG3 com a maior porcentagem
final de emergência com 41%, não diferindo estatisticamente do tratamento no qual os pirênios
foram escarificados em ácido sulfúrico por 1 horas e em seguida embebidos em solução de ácido
giberélico por duas horas 31% (Tabela 2). Os tratamento que sofreram escarificação química,
escarificação química mais embebição em água, e a testemunha não diferiram estatisticamente,
observasse que a emergência oscilou entre 3 e 7%, foi verificado no momento em o experimento
que foi desmontado aos 137 dias, os tratamentos que apresentaram baixa emergência havia pirênios
emitindo radículas e alças cotiledonares, assim reforçando que sementes apresenta algum
mecanismo de dormência que limitou a emergência no período avaliado.
CONCLUSÃO
Os frutos de murici têm um comprimento médio de 6,42mm, já a largura tem 7,25 mm, os
pirênios apresenta um comprimento de 5,14 mm e a largura de 5,63 mm.
A escarificação química com ácido sulfúrico nos pirênios seguida por imersão em solução
de ácido giberélico na concentração de 1000 g L-1 foram os métodos mais eficientes para acelerar e
aumentar a emergência de plântulas murici.
REFERÊNCIAS
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antioxidante e triagem farmacológica de extratos brutos de folhas de Byrsonimacrassifolia e de
Ingaedulis.Acta amazônica, vol. 42(1), 2012: 165 – 172.
RESUMO
Neste trabalho foi realizado um estudo de viabilidade financeira de dimensionamento de um sistema
de aquecimento solar para justificar a substituição do chuveiro elétrico convencional pelo aquecedor
solar de baixo custo. O sistema de aquecimento foi trabalhado através do processo de termossifão,
constituído por uma placa e um reservatório alternativo. A placa foi construída por três placas de
PVC e o reservatório térmico por um recipiente plástico de 40 litros. O dimensionamento foi
simulado para uma casa com três pessoas, levando em consideração os fatores geoclimáticos da
cidade de Garanhuns-PE. Neste contexto, o uso da energia solar é de extrema importância, uma vez
que, o chuveiro elétrico é o principal agente consumidor de energia do sistema elétrico nacional,
representando 10% da capacidade elétrica gerada no Brasil. O estudo tem como objetivo estudar a
viabilidade e analisar através de projeções e números, o real potencial de retorno do investimento,
sendo apresentados dados de eficiência em diferentes horas do dia para mostrar que o sistema de
aquecimento solar de baixo custo apresenta viabilidade econômica, térmica e de materiais.
Palavras-Chaves: aquecimento; baixo custo; energia solar; chuveiro elétrico; viabilidade.
ABSTRACT
In this work was carried out a financial feasibility study of design of a solar heating system to
justify the replacement of the conventional electric shower by the low cost solar heater. The heating
system was worked through the process of thermosyphon, consisting of a plate and an alternative
reservoir. The plate was constructed by three PVC plates and the thermal reservoir by a plastic
container of 40 liters. The sizing was simulated for a house with three people, taking into account
the geoclimatic factors of the city of Garanhuns-PE. In this context, the use of solar energy is
extremely important, since the electric shower is the main energy consuming agent of the national
electricity system, representing 10% of the electric capacity generated in Brazil. The objective of
this study is to study the feasibility and analyze the real potential of return on investment through
projections and numbers. Efficiency data are presented at different times of the day to show that the
low cost solar heating system presents economic, thermal viability And materials.
Key-words: heating; low cost; solar energy; electric shower; viability.
INTRODUÇÃO
O Brasil passou em 2001 por um racionamento de energia elétrica e a partir deste evento,
muitos consumidores perceberam que poderiam reduzir seu consumo de energia elétrica e,
consequentemente, seus custos. Segundo o Plano Decenal de Expansão 2003-2012 (MME, 2002), o
nível de consumo de energia elétrica pelo setor residencial em 2002 não atingiu os patamares
verificados antes do período do racionamento. Em 2002, os níveis dos reservatórios nas regiões
mais críticas estavam expressivamente superiores aos registrados em 2001: Sudeste – 42,9% versus
21,5%; Nordeste: 24,4% contra 15,3% (MME, 2002).
A utilização de sistemas de aquecimento solar em larga escala pode contribuir também para
o desenvolvimento econômico do país, uma vez que a tecnologia já é dominada nacionalmente e
gera muitos empregos na fabricação, nas revendas e na área de projeto e instalação. Graças à
distribuição de empresas em quase todo o Brasil, o aquecedor solar permite o emprego de mão de
obra local, principalmente nas fases de instalação e manutenção (MESQUITA, 1996).
A energia solar e o seu uso data muitos séculos e é de fundamental importância, pois é
responsável pela manutenção da vida no planeta e encontra-se disponível na natureza em grande
quantidade e de forma gratuita (VAZQUES, 2010). Ela tem sido muito utilizada para produção de
energia elétrica e aquecimento de fluidos.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL (2010), no Brasil o
aproveitamento da energia solar para geração de energia elétrica é muito encontrado no Norte e
Nordeste e o aquecimento de fluidos é muito utilizado nas regiões do Sul e Sudeste devido suas
características climáticas.
A Figura abaixo apresenta o índice médio anual de radiação solar no País, em watt-hora por
metro quadrado ao dia (Wh/m2.dia), segundo o Atlas de Irradiação Solar no Brasil. Como pode ser
visto, os maiores índices de radiação são observados na Região Nordeste, com destaque para o Vale
do São Francisco, onde a média anual é de aproximadamente 6 kWh/m2.dia. Os menores índices
são observados no Litoral Sul-Sudeste, incluindo a Serra do Mar, e na Amazônia Ocidental,
respectivamente. No Amapá e Leste do Pará, onde também se observam índices inferiores à média
nacional. (ATLAS, 2002, p. 8).
Figura 1 - Mapa de Radiação solar no Brasil – média anual típica (Wh/m2.dia). Fonte: INMET &
LABSOLAR, 1998 (adaptado).
Apesar de que no Nordeste o aproveitamento é maior para geração de energia elétrica do que
para o aquecimento de fluídos, Garanhuns é uma cidade situada a 08º 53' 25" de latitude sul e 36º
29' 34" de longitude oeste, estando distante cerca de 230km da capital estadual, Recife/PE. O
município de Garanhuns/PE possui características peculiares com relação ao clima frio devido sua
altitude de aproximadamente 900 metros acima do nível do mar que promovem duas situações: alta
demanda por água aquecida e potencial solar. O desafio inicial foi analisar a questão climática de
Garanhuns/PE, uma vez que o município possui peculiaridades geográficas e climáticas que
proporcionam alta incidência solar durante o dia e baixas temperaturas durante a noite e início da
manhã. As baixas temperaturas refletem em alta demanda por água quente para banho e realização
de outras atividades. O aproveitamento da energia termossolar para o aquecimento de água
representa ganho ambiental, redução no desperdício de energia, economia de recurso financeiro e
promoção do desenvolvimento sustentável.
Generalidades
No Brasil existem vários fatores que cooperam para a criação de um aquecedor solar de
custo muito baixo, gerando economias financeiras ao usuário final, ampliando sua cidadania e
reduzindo emissões de gás carbônico das novas usinas térmicas.
Segundo a Sunpower (2002), seis fatores cooperam no Brasil para a criação de um
aquecedor solar de custo menor:
Temperatura
Iluminação solar
O Brasil recebe ao longo do ano, farta iluminação solar bem distribuída por todos os meses.
Esta característica da irradiação solar permite o uso pleno do aquecedor, reduzindo o prazo de
retorno do investimento nele realizado.
Pressão da água:
A casa brasileira tem caixa de água, opção pouco usual em outros países. A norma é o envio
direto da água de rua à distribuição doméstica. A água que vem da rede pública é de alta pressão.
Logo toda a rede doméstica, assim como um eventual reservatório térmico para água quente
também teria esta pressão. A presença de uma caixa de água no forro de uma casa é sinônimo de
baixa pressão, tanto para a rede interna quanto para o reservatório térmico, fatores importantes para
a operação econômica do aquecedor solar de Baixo custo.
Dutos de PVC
Esta tecnologia tem abrangência e uso nacional, pela sua simplicidade e baixo preço. Face às
baixas temperaturas esperadas no pré-aquecimento solar da água de banho, o PVC é um
complemento importante do sistema de aquecimento de baixo custo.
O chuveiro elétrico
A absoluta maioria das casas brasileiras tem o chuveiro elétrico ao contrário do que se vê em
outras nações, onde a água é aquecida com aquecedores a gás de passagem. Este chuveiro pode ser
utilizado como aquecedor de apoio para os dias em que o tempo não permitir elevar a água até a
temperatura desejada de banho, isto a um custo praticamente nulo, pois ele já é parte integrante do
lar brasileiro.
Estratificação
Este fenômeno da física não está ligado a características típicas brasileiras, mas é de
importância para a simplificação do projeto do aquecedor de baixo custo. A água quente é mais leve
do que a água fria, fenômeno que permite a estratificação da água, isto é, permitindo que a água
quente permaneça flutuando na parte superior de uma caixa de água. Esta separação de água quente
e fria se mantém enquanto não houver movimentação (turbulência) da água na caixa. Ao longo do
tempo, mesmo sem turbulência, por um processo chamado de difusão, o calor da parte superior da
caixa irá sendo lentamente entregue à parte inferior, terminando com uma completa
homogeneização da temperatura das massas de água.
O aquecedor solar, pela característica da irradiação solar, não pode ser concebido como
aquecedor de passagem. A energia luminosa do sol só age como elemento aquecedor num período
curto de 5 a 7 horas por dia, não sendo possível evitar a acumulação da água quente, que deve ser
gerada neste curto período. A água porém deve ficar disponível ao usuário durante o período de 24
horas e isto pode ser caracterizado como sinônimo da presença do reservatório térmico, se possível,
bem isolado, minimizando perdas térmicas. (WOELZ & CONTINI, 2002).
O aquecedor deve obrigatoriamente incluir um conjunto de coletores térmicos solares,
(conversores de energia luminosa em calor) com capacidade de aquecer a água até uma temperatura
que nunca deveria estar abaixo de 40º. Também faz parte do sistema de aquecimento um conjunto
de dutos, para circular água entre coletores e reservatório, além do duto que levará a água quente ao
local aonde fica o chuveiro, estes dutos pode ser feito com canos e forro plástico de PVC, com uso
de adesivo para vedação. Todos os materiais são facilmente encontrados no comércio e também é
de grande facilidade a sua construção. (WOELZ & CONTINI, 2002).
Reservatório Térmico
No comércio existem fabricantes especializados destes reservatórios, porém, os custos são elevados
para os padrões da população de baixa renda. É possível fabricar reservatórios domésticos
utilizando materiais isolantes acessíveis. Uma solução economicamente viável é a utilização de
reservatórios em isopor, que deverá ser simultaneamente estrutura mecânica, isolante térmico e
impermeabilizante para a água; ou também pode ser utilizado caixa de água fria para suportar
simultaneamente água fria e quente; que ficara distribuída de acordo com a figura 1 da seguinte
maneira:
Camada de água quente: Seu volume é comandado pela diferença de altura entre saída de
água fria aos coletores B, e o nível da água da caixa. Quanto maior esta diferença, maior o
volume disponível no final de um dia de aquecimento;
Camada de transição: É a camada que interliga a camada de água quente com a camada de
água fria. Ela deve ser estreita para que a energia térmica fornecida à caixa pelos coletores
solares, fique a mais possível concentrada na camada de água quente;
Camada de água fria: Tem a função do reservatório tradicional. Seu volume é a diferença
entre o volume total da caixa e o volume do espaço destinado à água quente. Engloba assim
a camada de transição;
Isolamento térmico da caixa de água: Cobre as áreas da caixa ocupadas pelo volume de
água quente. Evita perda de calor no decorrer do período, dia e noite;
Sistema de "dutos furados": Distribui na caixa de água os fluxos provenientes
respectivamente dos coletores solares. Estas entradas da água na caixa não podem, de forma
alguma, dar origem a turbulências ou movimentos de água que poderiam desfazer a sua
estratificação. (WOELZ & CONTINI, 2002).
O usuário tem o direito de tomar um banho frio. Para que isto seja possível, a água quente
que vem pelo duto G, deverá ser adicionada à água fria do duto H. Com um registro 3, a água
quente será controlada, temperando a água oferecida ao usuário através do duto e do chuveiro
elétrico.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a quantidade de água suficiente para
atender as necessidades básicas de um indivíduo é de 110 litros. Sendo que um banho com duração
de dois minutos consome aproximadamente 12 litros de água.
O dimensionamento e construção do aquecedor alternativo foi realizado a partir dos
seguintes materiais:
Equação 1: Determinar a quantidade de calor (Q) que foi necessária para elevar a
temperatura da água
Q = m c (tf – ti) [1]
Onde,
Q: Quantidade de calor necessária [W/m²];
m: Massa de água em [kg] (1 litro = 1 kg);
c: Calor específico da água [Kcal/kg ºC]; c = 1 Kcal/kg ºC;
ti: Temperatura inicial da água antes do aquecimento [ºC];
tf: Temperatura final da água após o aquecimento [ºC];
O cálculo dos gastos mensais e anuais do uso do chuveiro elétrico foram realizados a partir
dos dados tabelados a seguir:
RESULTADOS
Através dos cálculos realizados a partir das equações acima e dos dados obtidos dos
experimentos 1 e 2, calculamos a área do coletor para aquecimento, no qual, chegou-se à conclusão
de que é necessário 1m² de placa aquecedora para aquecer 100 litros de água por dia. No caso, para
fornecer 72 litros de água aquecida por dia, é necessário uma placa de 0,72m²;
ALTOÉ et al. (2012) Destaca que a vazão média de um chuveiro elétrico em abertura
regular é de 5L/min. Considerando o preço de R$0,72 por KWh da Companhia Energética de
Pernambuco (com impostos), chega-se ao total de R$34,50 ao mês do uso do chuveiro elétrico, o
que significa dizer que, com R$178,00, ao optar pelo aquecedor solar, em cinco meses o
investimento retornará.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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diferentes demandas de água em uma residência unifamiliar. Ambiente Construído, Porto
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RESUMO
Diante do rápido e intenso processo de desmatamento na Chapada do Araripe, se faz necessária a
utilização de procedimentos que permitam o reflorestamento dessa área. O presente trabalho
objetivou determinar o melhor método para superação de dormência em sementes de aroeira
(Myracrodruom urundeuva Allemão) e Timbaúba (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong ),
espécies vegetais ocorrentes na Chapada do Araripe, a fim de utilizá-las para a produção de mudas
visando recuperar áreas degradadas. Os testes foram realizados no Laboratório de Botânica
Aplicada da Universidade Regional do Cariri-URCA. Para Myracrodruom urundeuva foram
utilizados 9 tratamentos para a superação de dormência e em Enterolobium contortisiliquum, 6
tratamentos. Foram avaliados o Índice de Velocidade de Germinação e a Porcentagem de
Germinação. Os dados foram submetidos á análise de variância, utilizando o teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Sementes de Enterolobium contortisiliquum submetidas à ácido sulfúrico durante 30
minutos tiveram os melhores resultados de Índice de Velocidade de Germinação e Porcentagem de
Germinação, apesar de pouco diferir com os demais tratamentos. A escarificação manual com lixa
foi fortemente eficiente na superação de dormência das sementes de aroeira (Myracrodruom
urundeuva). As espécies estudadas podem ser vastamente utilizadas na produção de mudas para
reflorestamento, pois sua dormência pode ser superada em um curto espaço de tempo.
Palavras Chave: Sementes florestais, Timbaúba, Aroeira, reflorestamento.
ABSTRACT
In the face of rapid and intense process of deforestation in the Chapada do Araripe, it is necessary to
utilization procedures for the reforestation of this área. The objective of this study was to determine
the best method for overcoming dormancy in seeds of aroeira (Myracrodruom Urundeuva Allemão)
and Timbaúba (Enterolobium contortisiliquum(Vell.) Morong), plant species occurring in the
Chapada do Araripe, in order to use them for the production of seedlings to recover degraded areas.
The tests were performed in the Laboratory of Botany Applied Regional University of Cariri-
URCA. For Myracrodruom Urundeuva were used 9 treatments for dormancy breaking. In
Enterolobium contortisiliquum were used 6 treatments. Were evaluated the Germination Speed
Index and the Percentage of Germination. The data were submitted to analysis of variance using the
Tukey test at 5% probability. Seeds of Enterolobium contortisiliquum subjected to sulfuric acid for
30 minutes had the best results of germination speed index and percentage of germination, although
little differ with other treatments. The manual scarification with sandpaper was strongly effective in
overcoming seed dormancy of aroeira (Myracrodruom Urundeuva). The species can be widely used
in the production of seedlings for reforestation because their dormancy can be overcome in a short
time.
Keywords: Forest seeds, Timbaúba, Aroeira, reforestation.
INTRODUÇÃO
A Chapada do Araripe é uma área que engloba os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí e
tem uma diversidade florística composta por 474 espécies e 275 gêneros pertencentes a 79 famílias
(LOIOLA et. al., 2015). Desde o início da ocupação de seu território, em 1750, o local sofre pelas
ações antrópicas, e nos dias atuais, mesmo com a criação das Áreas de Proteção Ambiental
(APA‘s), a região é desmatada para especulação imobiliária, pecuária, agricultura, dentre outras
atividades (FILHO, 2005). Para recuperar tais áreas é necessária a implantação de programas de
reflorestamento, com a formação de um banco de sementes e posterior semeadura.
Um dos problemas que está relacionado á produção de mudas para recuperação de áreas
degradadas está no tempo que os vegetais demoram para germinar, caracterizando o estado de
dormência. Cerca de dois terços das espécies arbóreas apresentam algum tipo de dormência em suas
sementes (FACCHINELLO, 2012), o que impede a produção de mudas em um curto espaço de
tempo.
A dormência de sementes é uma estratégia utilizada para manutenção das espécies, onde a
probabilidade de sobrevivência é aumentada, tendo em vista que mesmo com as melhores condições
para crescimento, as sementes não germinam. A causa da dormência pode ser de origem
tegumentar, quando o tegumento torna-se impermeável, gerando um impedimento na germinação,
ou embrionária, quando há a ocorrência de inibição fisiológica (FOWLER & BIANCHETTI, 2000).
Alguns tratamentos são executados antes do plantio das sementes, visando superar a sua dormência
e fazer com que a germinação ocorra de forma rápida.
As espécies Myracrodruom urundeuva e Enterolobium contortisiliquum pertencem á família
das Anacardiaceae e Fabaceae, respectivamente, e estão presentes na flora da Chapada do Araripe.
É recomendada sua utilização para recuperação de áreas degradadas, sendo anteriormente
empregadas para recuperação das margens do Rio Granjeiro, importante flúmen cuja nascente se
encontra na encosta da Chapada do Araripe (DOS SANTOS & SILVA, 2007).
A aroeira (Myracrodruom urundeuva) é uma planta decídua, heliófita, com grande
amplitude ecológica, podendo ocorrer desde a caatinga até o pantanal. É utilizada na medicina
popular contra inflamações, gastrite e diarreias e sua madeira é empregada na construção civil. Por
sua grande aplicação, a aroeira está na lista de espécies ameaçadas de extinção, na categoria
vulnerável, podendo passar á categoria ―em perigo‖ em um futuro próximo (MAIA, 2012).
A Timbaúba (Enterolobium contortisiliquum) é pertinente para reflorestamentos e
recuperação de áreas degradadas, pois é cicladora de nitrogênio do solo e cresce ligeiramente,
criando condições necessárias para o crescimento de espécies mais exigentes (CORADIN;
SIMINSKI; REIS, 2011).
Poucos estudos foram publicados com informações acerca da superação de dormência
nessas espécies, principalmente com o enfoque no reflorestamento de áreas degradadas da Chapada
do Araripe, que até 2009 teve aproximadamente 65% de sua área desmatada, demonstrando a
urgência de ações para a recuperação de sua estrutura vegetacional (HORSTMANN et. al., 2011).
Dessa forma, objetivou-se nesse trabalho, verificar os melhores métodos para quebra de
dormência de sementes em duas espécies vegetais presentes na Chapada do Araripe, a fim de
recuperar as áreas degradadas com a produção de mudas para o reflorestamento.
MATERIAL E MÉTODOS
T3- Escarificação manual com lixa de parede n°80; T4- Embebição em água em temperatura
ambiente por 24 horas; T5- Imersão em ácido sulfúrico por 30 minutos; T6- Imersão em ácido
sulfúrico por 60 minutos. Foram utilizadas 50 sementes por tratamento, com 5 repetições de 10
sementes. O teste foi realizado em casa de vegetação, onde foram utilizadas bandejas plásticas
divididas em células perfuradas no fundo, com substrato areia e vermiculita (na proporção de 1:1),
esterilizadas em autoclave. A irrigação foi feita diariamente, com 5 mL de água destilada para cada
célula, seguindo a capacidade de retenção do substrato. Esta espécie foi acompanhada durante o
período de 7 dias, verificando as sementes que apresentassem cotilédones expandidos.
Foram analisados o Percentual de Emergência (BARTLETT, 1947) e o Índice de Velocidade
de Germinação (MAGUIRE, 1962). Adotou-se um delineamento experimental inteiramente
casualizado. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade (BANZATTO; KRONKA, 2006), com auxílio do programa
ASSISTAT.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1: Índice de Velocidade de Germinação (IVG) das sementes de M. urundeuva submetidas a nove
tratamentos para quebra de dormência: T1-Testemunha (sementes sem nenhum tratamento); T2- Imersão em
água em temperatura de 80°C; T3- Escarificação manual com lixa de parede n°80; T4- Imersão em ácido
giberélico por 24 horas; T5- Embebição em água em temperatura ambiente por 24 horas; T6- Escarificação
manual com lixa seguida de embebição em água por 24 horas; T7- Imersão em Ácido sulfúrico por 5
minutos; T8- Imersão em Ácido sulfúrico por 10 minutos; T9- Imersão em Ácido sulfúrico por 15 minutos.
As médias seguidas pela mesma letra não diferem estaticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade (C.V . 22,07%).
Figura 2: Porcentagem de Germinação das sementes de M. urundeuva submetidas a nove tratamentos para
quebra de dormência: T1-Testemunha (sementes sem nenhum tratamento); T2- Imersão em água em
temperatura de 80°C; T3- Escarificação manual com lixa de parede n°80; T4- Imersão em ácido giberélico
por 24 horas; T5- Embebição em água em temperatura ambiente por 24 horas; T6- Escarificação manual com
lixa seguida de embebição em água por 24 horas; T7- Imersão em Ácido sulfúrico por 5 minutos; T8-
Imersão em Ácido sulfúrico por 10 minutos; T9- Imersão em Ácido sulfúrico por 15 minutos. As médias
seguidas pela mesma letra não diferem estaticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade (C.V .22,65%).
Os resultados encontrados diferem dos apresentados por Guedes et. al (2009), onde o melhor
método para superação de dormência em M. urundeuva foi a escarificação química, com imersão
em ácido sulfúrico por 12 minutos. Essa variação pode estar relacionada a fatores ambientais, tendo
em vista a vasta distribuição geográfica da espécie. O autor confirmou ainda que os tratamentos que
envolviam embebição ou imersão em água apresentaram os menores Percentuais de Germinação,
assim como foi encontrado neste estudo. Isso se deve ao fato de que quando as sementes são
embebidas, podem ser afetadas á nível do sistema de membranas, causando danos e problemas na
germinação (CASTRO et. al., 2004).
O tratamento com água à temperatura de 80°C não favoreceu a germinação, corroborando
com outros autores, que afirmam que em altas temperaturas as sementes são danificadas ou mortas.
Oliveira et. al, 2003 , constatou que sementes de Canafístula (Peltophorum dubium) quando
submetidas a tratamentos em água quente não germinavam. Santarén e Áquila (1995) obtiveram
resultados semelhantes para sementes de Senna macranthera (Pau-fava).
Para outras espécies, a escarificação manual com lixa (T3) também mostrou-se um método
eficiente para quebra de dormência, a exemplo de Zizyphus joazeiro (Juazeiro) (ALVES et. al.,
2008), Sterculia foetida (Chichá-fedorento) (SANTOS;MORAIS;MATOS,2004), Acacia mearnsii
(Acácia-negra) (BIANCHETTI & RAMOS, 1982) e Parkia platycephala (fava-de-boi)
(NASCIMENTO et.al., 2009). Sementes que apresentam dureza em seu tegumento geralmente são
tratadas com esse método, porém ele ainda é reprovado por sua utilização em larga escala ser
inviável.
Para as sementes de E. contortisiliquum o tratamento que obteve a maior Percentagem de
Germinação foi a imersão em ácido sulfúrico por 30 minutos (T3), onde 76% das sementes
germinaram. O aumento do tempo de exposição ao ácido sulfúrico para 60 minutos (T6) reduziu a
Porcentagem de Germinação para 68%. Os tratamentos com imersão em água á 80°C (T2), controle
(T1), escarificação manual com lixa (T3) e imersão em ácido sulfúrico por 60 minutos (T6) não
diferiram estaticamente entre si (Figura 4), apresentando um Percentual de Germinação entre 64% e
70%. A embebição em água em temperatura ambiente por 24 horas (T4) não foi eficiente para a
quebra de dormência nas sementes dessa espécie, quando comparada aos demais tratamentos. O
Índice de Velocidade de Germinação, para todos os tratamentos, não diferenciaram entre si (Figura
3).
Piptadenia moniliformis (Catanduva) (BENEDITO et.al., 2008) e Parkia gigantocarpa (Fava atanã)
(MORBECK DE OLIVEIRA et. al., 2012).
O Índice de Velocidade de Germinação no método de escarificação mecânica com lixa (T3)
foi de 2,79, enquanto na imersão em ácido sulfúrico por 30 minutos (T5) foi de 2,99, verificando-se
uma diferença no IVG de apenas 0,2 entre os dois métodos. Para a Porcentagem de Germinação,
essa diferença foi de 12%. O resultado encontrado reforça o de ALEXANDRE et.al., (2009), o qual
concluiu que a escarificação mecânica com lixa não difere da utilização de ácido sulfúrico na
quebra de dormência da Timbaúba (E. contortisiliquum).
Silva et. al. (2013) obteve resultados semelhantes a este estudo, porém com um tempo
menor de exposição ao ácido (20 minutos), onde foi alcançado o maior Percentual de Germinação
para E. contortisiliquum com este tratamento. O autor ressalta o perigo na utilização desse método,
pelo seu alto poder corrosivo, dificultando o emprego na produção de mudas em larga escala.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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RESUMO
Neste trabalho, foi avaliada a potencialidade do fungo Aspergillus niger como inóculo em reatores
em batelada agitada na remoção de nitrogênio amoniacal em águas residuárias sintéticas. A
pesquisa consiste em algumas etapas: Primeiramente o cultivo e preparo do inóculo do Aspergillus
niger AN 400, depois o preparo da água residuária adicionada do poluente LAS em uma
concentração de 21mg/L, e por fim o preparo dos três reatores em batelada agitada, conduzido em
mesa agitadora com velocidade de 150 rpm, nos tempos de reação de 0h, 24h, 48h, 72h e 96 h. Foi
observado que não ocorreu uma variação brusca de pH no reator PF em relação ao reator de
controle P, variando de 6,5 a 6,9 em todo processo, mas no reator PFG, variou de 7,3 a 4,5. Durante
o teste o reator PFG apresentou maior competência na degradação de amônia com uma eficiência de
aproximadamente 78% durantes os 5 dias de teste. Os resultados obtidos nesta pesquisa mostram a
viabilidade do Aspergillus niger AN 400 na degradação de nitrogênio amoniacal.
Palavras Chaves: Fungos filamentosos; Degradação; Nutriente.
ABSTRACT
In this work, it was evaluated the potential of the fungus Aspergillus niger as inoculum in batch
reactors churning in removing ammoniacal nitrogen in wastewater. The research consists of a few
stages: first the cultivation and preparation of the inoculum of Aspergillus niger AN 400, after the
preparation of wastewater pollutant LAS added at a concentration of 21 milligrams per litre, and
finally the preparation of three batch reactors, conducted in mesa with 150 rpm speed agitator, in
reaction times of 12:00 am, 12:00 am, 48 h, 72 h and 96 h. It was observed that there was a sudden
variation of pH in the reactor PF regarding the control reactor P, ranging from 6.5 to 6.9 in the
whole process but the reactor PFG, ranged from 7.3 to 4.5. During the test the reactor PFG higher
competence in degradation of ammonia with an efficiency of approximately 78% during the 5-day
trial. The results obtained in this research show the viability of Aspergillus niger AN 400 on
degradation of ammoniacal nitrogen.
Keywords: Filamentous fungi; Degradation; Nutrient
INTRODUÇÃO
O uso de reatores com fúngicos para o tratamento de efluentes industriais pode vir a ser uma
tecnologia econômica e eficiente (RODRIGUES, 2006). Segundo Benevides e Marinho (2015), o
uso de fungos em reatores biológicos trouxe respostas satisfatórias na degradação de moléculas
como: fenol, benzeno, tolueno, xileno e xenobióticos.
A presente pesquisa buscou avaliar a capacidade de remoção de nitrogênio em águas
residuárias sintéticas, adicionadas do poluente LAS, através do uso de reatores em batelada agitada,
utilizando o fungo Aspergillus niger AN 400 como inóculo, sob rotação de 150 rpm.
METODOLOGIA
Foi adotada para o cultivo do fungo a metodologia adaptada de Magalhães et al. (2014). De
antemão os esporos foram dispostos cultivados em placa de Petri, acompanhado de meio de cultura
Sabouraud Dextrose Agar. A esterelização do meio de cultura e das placas de Petri foi feita em
autoclave durante 15 minutos, a 121°C. Após esses procedimentos foram armazenadas as placas de
Petri em uma estufa a 30ºC, durante sete dias.
Depois desse período foi realizada a contagem da solução de esporos, que havia sido
preparado com fundamento na apostila Guia Prático para Fungos Fitopatogênicos. Após efetuada a
lavagem das placas de Petri com uma escova de cerdas macias, foi utilizado solução de Tween 20
para homogeneizar a solução de esporos. A concentração para o desenvolvimento da pesquisa foi de
2x106 esporos/mL.
A água residuária utilizada nos reatores foi preparada a partir da adição do LAS junto à água
destilada, com uma concentração de 21mg/L. Essa água residuária sintética simula a concentração
do LAS no meio.
Foram montados 3 reatores, um para controle apenas com o poluente (P), um contendo
fungo e poluente (PF), e um com poluente, fungo e glicose (PFG), sendo esse adicionado uma
concentração de 1g/L de glicose. Foi utilizado erlenmeyers com volume total de 250 mL e volume
útil para o teste de 200 mL, os mesmos foram fechados durante o procedimento com auxílio de
papel alumínio. O experimento foi conduzido em mesa agitadora com velocidade de 150 rpm, nos
tempos de reação de 0h, 24h, 48h, 72h e 96 h.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 01: Variação de pH nos reatores controle (P), com fungo (PF), com fungo e glicose (PFG).
8
7
6
5 P
pH
4
P.F
3
2 P.F.G
1
0
0 24 48 72 96
Horas de Funcionamento
ácidos a neutros (GRIFFIN, 1994). Mazoto et al. (2013) destacaram o controle da amônia exercido
pelo pH e a importância da disponibilidade desta substância no desenvolvimento e produção de
enzimas pelas espécies filamentosas como o Aspergillus niger.
Durante o teste o reator PFG apresentou maior eficiência na degradação de amônia com uma
eficiência de aproximadamente 78% durantes os 5 dias de teste.
Figura 02: Variação de amônia durante o teste realizado com biomassa dispersa de Aspergillus niger AN400.
100,00
Concentração de Amônia (mg/L)
90,00
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00 P
30,00
P.F
20,00
P.F.G
10,00
0,00
0 24 48 72 96
Horas de Funcionamento
CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos nesta pesquisa, é possível concluir que a espécie Aspergillus
niger AN 400 apresenta potencial de degradação de nitrogênio amoniacal, sendo condicionado por
condições favoráveis de pH e presença de fontes de carbono de fácil assimilação como a glicose.
REFERÊNCIAS
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RESUMO
A espécie Dimorphandra gardneriana Tulasne é uma Fabaceae de importância ambiental e
econômica, por isso vem sendo alvo da exploração desordenada, de forma que são imprescindíveis
estudos que visem à obtenção de plantas da espécie. O objetivo neste trabalho foi avaliar a
influência de substratos contendo rejeito de caulim sobre a emergência e o crescimento de plântulas
de D. gardneriana. O experimento foi conduzido em casa de vegetação pertencente ao Laboratório
de Análise de Sementes, do Centro de Ciências Agrárias (CCA), da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), em Areia-PB, Brasil, em delineamento inteiramente ao acaso. Os tratamentos
consistiram de diferentes substratos formulados a partir da mistura de terra de subsolo, areia lavada
e rejeito de caulim, em quantidades que variaram de 25 a 100%. Para a comparação do efeito dos
diferentes substratos avaliou-se as seguintes variáveis: porcentagem e primeira contagem de
emergência, assim como, comprimento de raízes e parte aérea das plântulas. O rejeito de caulim
incorporado tanto à areia quanto à terra de subsolo proporciona aumento na porcentagem de
emergência de plântulas de D. Gardneriana, independente da concentração utilizada.
Palavras-chave: Fava d‘anta, Espécie florestal, Vigor, Mudas.
ABSTRACT
The species Dimorphandra gardneriana Tulasne is a Fabaceae of environmental and economic
importance, so it has been the target of the disordered exploration, so that studies are essential to
obtain the plants of the species. The objective of this work was to evaluate the influence of
substrates containing kaolin reef on emergence and growth of D. gardneriana seedlings. The
experiment was conducted in a greenhouse belonging to the Laboratory of Seed Analysis of the
Agricultural Sciences Center (CCA), Federal University of Paraíba (UFPB), in Areia-PB, Brazil, in
a completely randomized design. The treatments consisted of different substrates formulated from
the mixture of subsoil soil, washed sand and kaolin waste, in amounts ranging from 25 to 100%. In
order to compare the effect of the different substrates, the following variables were evaluated:
percentage and first count of emergence, as well as length of roots and aerial part of the seedlings.
3
Orientadora: Edna Ursulino Alves Engenheira Agrônoma, Dra., Professora Associada, Universidade Federal da
Paraíba, Campus II, ursulinoalves@hotmail.com
The kaolin retention incorporated into both the sand and the subsurface soil provides an increase in
the emergence percentage of D. Gardneriana seedlings, regardless of the concentration used.
Keywords: Fava d‘anta, Forest species, Vigor, Seedlings.
INTRODUÇÃO
O Brasil destaca-se no cenário mundial como o detentor de uma flora arbórea bastante
diversificada, entretanto, a escassez de diretrizes técnicas e a falta de conscientização do uso
racional desse recurso tem ocasionado graves prejuízos ao meio ambiente (CHAVES e USBERTI,
2003). A exploração dos recursos naturais, a exemplo das espécies arbóreas para uso da madeira,
destinação de novas áreas à agropecuária intensiva e avanço dos grandes centros urbanos têm
ocasionado à fragmentação dos ambientes atingidos, reduzindo as florestas nativas a pequenas
porções em relação às suas áreas originais (ANDRADE et al., 2007; REGO et al., 2009).
A espécie Dimorphandra gardneriana Tul., popularmente conhecida como fava d‘anta,
faveiro, entre outros nomes populares é uma Fabaceae, da subfamília Caesalpinioideae (LEWIS et
al., 2005), com ampla ocorrência no Brasil, estando distribuída nos Estados do Piauí, Minas Gerais
e Ceará, podendo ser encontrada em formações primárias e secundárias (LORENZI, 2002). Os seus
frutos são comumente utilizados para a extração da rutina, flavonóide empregado na indústria
farmacêutica (RIBEIRO-SILVA et al., 2012), mas devido ao modelo extrativista de exploração da
espécie, atualmente populações naturais estão cada vez menores (LANDIM e COSTA, 2012),
tornando-se necessários estudos que viabilizem a obtenção de plantas de forma rápida e com
qualidade, de modo que possam ser utilizadas para exploração comercial e recuperação de áreas
degradadas.
A obtenção de mudas é uma atividade fundamental no processo produtivo do setor florestal,
principalmente devido a crescente demanda por espécies arbóreas nativas para fins comerciais e
conservacionistas (DUTRA et al., 2012), uma vez que a produção de mudas está relacionada com o
conhecimento do comportamento germinativo das sementes e também dos substratos ideais para
obtenção de plântulas (ALVES et al., 2011), entretanto, essa produção tem uma série de
dificuldades devido a vários fatores podem comprometê-la (SILVA et al., 2011b).
A escolha do substrato adequado para o crescimento inicial de plantas é de grande
importância, sendo imprescindíveis estudos que permitam verificar quais substratos ou combinação
desses proporcionam resultados satisfatórios, uma vez que as espécies podem ter comportamentos
distintos em função dos materiais utilizados na sua formulação (LAVIOLA et al., 2006). Na
produção de mudas, o substrato interfere diretamente na qualidade das plantas em função de
características físicas (estrutura, textura), químicas e biológicas (RODRIGUES et al., 2007; SILVA
et al., 2011a). Além disso, a disponibilidade de nutrientes, esterilidade, facilidade de aquisição,
baixo custo, entre outros fatores são relevantes para o sucesso do sistema de produção de mudas de
espécies florestais (NOGUEIRA et al., 2003; WENDLING et al., 2006).
Um dos grandes problemas ocasionados pelo setor industrial, nas suas mais variadas linhas
de produção, está sendo a deposição de resíduos em locais impróprios, os quais não dispõem de
estrutura adequada, nem contam com a aplicação de procedimentos que garantam e certifiquem seu
manuseio correto, provocando alterações muitas vezes irreparáveis ao meio ambiente (ALVES et
al., 2012). A avaliação de substratos alternativos para a obtenção de mudas de espécies florestais
resulta em possibilidades de aproveitamento de resíduos industriais, aliando produção e manutenção
do equilíbrio ambiental (GUERRINI e TRIGUEIRO, 2004; BARROSO et al., 2009).
Nesse sentido, Maranho e Paiva (2011) destacaram a importância da utilização de resíduos
de diferentes origens para a produção de mudas de espécies florestais, por contribuir para a
diminuição do descarte dos mesmos em locais inapropriados. Ainda com relação aos resíduos
industriais, Rolim (2003) destacou o rejeito de caulim, que é oriundo da exploração industrial do
caulim, como um dos que mais agride o meio ambiente, por gerar impacto sobre o solo, ar e
mananciais hídricos. Com relação ao uso do referido resíduo para a obtenção de mudas de várias
espécies vegetais existem informações, entretanto não há registros da eficiência de seu uso para D.
gardineriana.
Diante do exposto, o objetivo neste trabalho foi avaliar a influência de substratos contendo
rejeito de caulim sobre a emergência e o crescimento inicial de plântulas de Dimorphandra
gardneriana Tul.
MATERIAL E MÉTODOS
subsolo (T2), rejeito de caulim (T3), areia lavada + terra de subsolo na proporção de 1:1 ( T4), areia
+ rejeito de caulim na proporção de 1:1 (T5), areia + rejeito de caulim na proporção de 1:3 (T6),
areia + rejeito de caulim na proporção de 3:1 (T7), terra + rejeito de caulim na proporção de 1:1
(T8), terra + rejeito de caulim na proporção de 1:3 (T9) e terra + rejeito de caulim na proporção de
3:1 (T10).
Para verificar o efeito dos diferentes tratamentos foram avaliadas as seguintes variáveis:
primeira contagem de emergência - realizado concomitantemente com o teste de emergência, sendo
a contagem das plântulas normais realizadas aos 13 dias após a semeadura; emergência de plântulas
- foram utilizadas quatro repetições de 25 sementes, cuja semeadura foi a uma profundidade de 2
cm, com contagens das plântulas emergidas (cotilédones acima do substrato) realizadas aos 25 dias
após a semeadura, sendo os resultados expressos em porcentagem, com os resultados expressos em
porcentagem; comprimento de raízes e parte aérea das plântulas - após a contagem final do teste de
emergência, as raízes e parte aérea foram separadas e medidas com o auxílio de uma régua
graduada em milímetros, sendo os resultados expressos em centímetro por plântula (cm plântula-1).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F (p<0,05) e as médias
dos tratamentos comparadas pelo teste de agrupamento de Scott-Knott a 5% de probabilidade
através do software SISVAR (FERREIRA, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelos dados da Tabela 1 observa-se que houve efeito significativo pelo teste F para todas as
variáveis avaliadas, a 1% de probabilidade.
FIGURA 1: Primeira contagem (A) e emergência de plântulas (B) de D. gardneriana oriundas de sementes
submetidas a diferentes substratos.
T1 - areia lavada, T2 - terra, T3 - rejeito de caulim, T4 - areia lavada + Terra 1:1, T5 - areia + rejeito de caulim
1:1, T6 - areia + rejeito de caulim 1:3, T7 - areia + rejeito de caulim 3:1, T8 - terra + rejeito de caulim 1:1, T9
- terra + rejeito de caulim 1:3, T10 - terra + rejeito de caulim 3:1.
germinação das sementes. Nesse aspecto, Andrade e Pereira (1994) ressaltaram que a capacidade de
retenção de água de cada substrato associado com suas características específicas que regulam o
fluxo de água para as sementes pode influenciar os resultados de emergência de plântulas das
espécies vegetais.
Embora o substrato areia (T1) tenha proporcionado resultados satisfatórios para as variáveis
relacionadas à emergência de plântulas de D. gardneriana, o mesmo não ocorreu para o
comprimento da raiz e parte aérea, cujo maior comprimento da raiz (7,06 cm plântula-1) foi
constatado no substrato areia lavada + rejeito de caulim 1:1 (T5), diferindo estatisticamente dos
demais tratamentos (Figura 2A). A utilização da terra de subsolo e rejeito de caulim de forma
isolada (T2 e T3, respectivamente) ou a associação entre ambos os materiais nos tratamentos T8
(terra + rejeito de caulim 1:1), T9 (terra + rejeito de caulim 1:3) e T10 (terra + rejeito de caulim 3:1)
resultaram nos menores valores para o comprimento da raiz, o que pode estar relacionado com as
características físico-químicas desses materiais.
FIGURA 2: Comprimento da raiz (A) e parte aérea (B) de plântulas de D. gardneriana oriundas de sementes
submetidas a diferentes substratos.
T1 - areia lavada, T2 - terra de subsolo, T3 - rejeito de caulim, T4 - areia lavada + Terra 1:1, T 5 - areia + rejeito de caulim
1:1, T6 - areia + rejeito de caulim 1:3, T7 - areia + rejeito de caulim 3:1, T 8 - terra + rejeito de caulim 1:1, T 9 - terra +
rejeito de caulim 1:3, T10 - terra + rejeito de caulim 3:1.
mistura de 25% algodão compostado + 25% casca de arroz carbonizada + 25% argila + 25% esterco
bovino.
Para o comprimento da parte aérea (Figura 2B) os substratos areia lavada (T1) e areia +
rejeito de caulim 1:1 (T5) resultaram nos menores valores (4,38 e 4,6 cm plântula-1,
respectivamente), enquanto a mistura terra e areia na proporção 1:1 (T4) foi responsável pelo maior
valor da variável em questão (6,39 cm plântula-1), o qual não diferiu estatisticamente dos valores
obtidos com a incorporação de 75 e 25% de rejeito de caulim à areia lavada (T6 e T7,
respectivamente) e de 75% à terra de subsolo (T9).
O substrato formulado a partir de resíduos da casca de arroz carbonizada e fibra de coco na
proporção de 1:1 promoveu maiores comprimentos da parte aérea de mudas de Eucalyptus
urophylla S.T. Blake e Eucalyptus grandis Hill ex Mainden (SILVA et al., 2012). A incorporação
de 10% de resíduo de pó de fumo ao substrato padrão (50% de terra de subsolo + 30% casca de
arroz + 10% composto de aves + 10% composto bovino) + NPK resultou em maior comprimento da
parte aérea de plantas de Citharexylum myrianthum Cham (FENILLI; SCHORN; NASATO, 2010).
A maior altura de mudas de Capsicum sp. e Celosia cristata L. foi verificado quando o
substrato foi à base de composto de lodo de curtume mais 10% de vermiculita (SILVA et al.,
2011b), enquanto o resíduo de mineração de areia, por sua vez, foi eficiente como componente de
substrato para produção de mudas de Bactris gasipaes Kunth, sendo responsável pelos maiores
comprimentos da haste quando combinado com a casca de arroz carbonizada na proporção de 1:3
(GARCIA et al., 2011).
A utilização de resíduos industriais como componente de substratos além de ser uma
alternativa para obtenção de maiores incrementos de qualidade nas mudas produzidas, a exemplo de
um satisfatório comprimento da parte aérea, é uma alternativa para o uso racional desses materiais e
consequente diminuição dos impactos causados por esses resíduos ao meio ambiente.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
A alelopatia é a capacidade que um vegetal possui em interferir de forma positiva ou negativa no
desenvolvimento e/ou germinação de outro através da liberação de metabólicos secundários no
ambiente. Com o presente estudo objetivou-se identificar a ação alelopática do extrato por infusão
(EI) das folhas de Copaifera langsdorfii Desf. nas concentrações de 25, 50, 75 e 100% na
germinação e desenvolvimento de Calotropis procera (Aiton) W. T. Aiton (papai Noel). O extrato
da espécie doadora não afetou a germinação das sementes da espécie receptora em nenhuma das
concentrações testadas. Ao passo em que o Índice de Velocidade de Germinação foi inibido nas
concentrações de 25 e 100%. Quanto ao desenvolvimento das plântulas, caulículos e radículas,
apresentaram redução no comprimento em todas as concentrações testadas. Tais resultados sugerem
a ocorrência de um aleloquímico que atuando isoladamente ou em associação com outros seja
responsável por tais efeitos. Tal resultado sugere que C. langsdorfii pode vir a ser utilizada como
bioherbicida.
Palavras-chave: Germinação, Aleloquímicos e Bioherbicida.
ABSTRACT
An allelopathy is the ability of a plant to interfere positively or negatively without development and
/or germination of another through the release of secondary metabolites into the environment. The
present study aimed to identify the allelopathic action of extract by infusion (EI) of the leaves of
Copaifera langsdorfii Desf. At concentrations of 25, 50, 75 and 100% in the germination and
development of Calotropis procera (Aiton) W. T. Aiton (Santa Claus). The donor species extract did
not affect the germination of the seeds of the recipient species in any of the tested concentrations.
At the same time as the Rate of Germination Speed for Inhibited at Concentrations of 25 and 100%.
Regarding the development of the seedlings, caulículos and radicles, presented reduction in all
concentrations tested. Such results suggest the occurrence of allelochemical that acting alone or in
association with others is responsible for such effects. This result suggests that C. langsdorfii can be
used as a bioherbicide.
Keywords: Germination, Allelochemicals and Bioherbicide.
INTRODUÇÃO
Espécies invasoras podem acarretar em prejuízo incalculável não somente no que diz
respeito ao problema que causam as lavouras, mas também aos ambientes naturais. Como forma de
evitar tal situação nas últimas décadas pesquisadores têm considerado o uso de determinadas
substâncias advindas dos vegetais. A alelopatia é a capacidade que uma planta apresenta de
interferir sobre a germinação e/ou desenvolvimento de outra, através da liberação de substâncias
(aleloquímicos) produzidas a partir do metabolismo secundário (FERREIRA & ÁQUILA, 2000).
A liberação de tais substâncias no ambiente pode ocorrer de forma direta ou indireta; através
da volatilização, lixiviação, exsudação das raízes ou decomposição (ALVES et al., 2004). Tendo
por efeito a inibição, estímulo e/ou danos ao entrarem em contato com algum ser vivo (FERREIRA
& ÁQUILA, 2000).
Na natureza as diversas espécies vegetais produzem aleloquímicos como forma de defesa.
Quando um ambiente está em equilíbrio as espécies nele presentes atuam umas sobre as outras de
forma a não romper tal situação, entretanto se ocorre alguma alteração e uma espécie passa a
proliferar de forma indiscriminada pode ocorrer um total desequilíbrio colocando em risco o estado
original do ambiente. Copaifera langsdorfii Desf. (Fabaceae) popularmente conhecida como pau-
d‘óleo é uma espécie de grande porte encontrada em áreas de cerrado, matas de galeria, matas secas
e cerradões (RIBEIRO et al., 2001; ALMEIDA et al., 1998) com potencial alelopático (SANTANA
et al., 2006).
Pesquisas voltadas para análise da ação dos compostos do metabolismo secundário têm
aumentado muito nas últimas décadas como uma estratégia, na busca por um bioherbicida para o
controle de ervas daninhas (ALVES et al., 2003). Visto que o uso dos mesmos pode ser mais
específico em sua ação e menos prejudicial ao meio ambiente comparado com os herbicidas
sintéticos (BORELLA & PASTORINI, 2009).
Em vista do exposto, com o presente estudo objetivou-se identificar a influência do Extrato
por Infusão (EI) das folhas frescas de Copaifera langsdorfii sobre a germinação das sementes e o
desenvolvimento de plântulas de Calotropis procera (Aiton) W. T. Aiton (Apocynaceae), conhecida
invasora de pastagens.
MATERIAL E MÉTODOS
A coleta do material botânico foi realizada em uma área de cerrado da Chapada do Araripe
nas proximidades da estrada Crato-CE/ Exu-PE. O material coletado foi conduzido ao Laboratório
de Botânica Aplicada (LBA) da Universidade Regional do Cariri, em dezembro de 2016.
Para a obtenção do Extrato por Infusão (EI) foram utilizadas 30 g de folhas frescas de C.
Onde:
i: n° de dias.
ni: n° de sementes germinadas no dia i.
A medição do comprimento da radícula e do caulículo foi realizada ao final de sete dias com
auxílio de régua milimetrada.
A análise estatística dos dados foi feita através do programa ASSISTAT versão 7.7 beta,
com análise de variância (ANOVA) e comparação das médias pelo Teste de Tukey a 1 e 5% de
probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1: Efeito de diferentes concentrações do extrato por infusão das folhas frescas de C. langsdorffii
em diferentes concentrações sobre a germinação (G), Índice de Velocidade de germinação (IVG),
comprimento do caulículo (C.C) e da radícula (C.R) de plântulas de C. procera.
Extrato por Infusão
Tratamentos G IVG (plant./dia) C.C (cm) C. R. (cm)
Controle 11.2 a ns 3.44 a * 0. 816 a * 1.980 a **
25 % 1.8 a 2.04 b 0.700 ab 1.208 b
50 % 12.4 a 3.28 a 0.468 b 1.088 b
75 % 11.4 a 3.32 a 0.700 ab 1.224 b
100 % 10.4 a 2.00 b 0.512 ab 1.228 b
CV % 21.87 27.16 28.67 23.23
(**) Significância ao nível de 1% de probabilidade (p ˂ 0.01); (*) Significância ao nível de 5% de probabilidade (0.01
≤ p ˂ 0.05); (ns) Não significância (p ≥ 0.05); (CV%) coeficiente de variação em porcentagem. Letras iguais não
diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tais resultados mostram um efeito alelopático inibitório da espécie testada, uma vez que o
extrato nas diversas concentrações atuou inibindo o desenvolvimento de C. procera.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S.P.; PROENÇA, C.E.B; SANO, S. M.; RIBEIRO, J.F. Cerrado: espécies vegetais
úteis. Planaltina, DF: Embrapa, 464p. 1998.
ALVES, C.C.F.; ALVES, J.M.; SILVA, T.M.S.; CARVALHO, M.G.; NETO, J.J. Atividade
alelopática de alcalóides glicosilados de Solanum crinitum Lam. Floresta e Ambiente, v.10, n.1,
p.93-97, 2003.
ALVES, M. C. S.; MEDEIROS FILHO, S.; INNECO, R.; TORRES, S. B. Alelopatia de extratos
voláteis na germinação de sementes e no comprimento da raiz de alface. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v.39, p.1083-1086, 2004.
FERREIRA, A.G.; ÁQUILA, M.E.A. Alelopatia: Uma área emergente da ecofisiologia. Revista
Brasileira de Fisiologia Vegetal, v.12, p.175-204, 2000.
LINHARES NETO, M.V.; SANTANA, F.S.; MALHEIROS, R.S.P.; MACHADO, L.L.; MAPELI,
A.M. Avaliação alelopática de extratos etanólicos de Copaifera sabulicola sobre o
desenvolvimento inicial de Lactuca sativa, Lycopersicum esculentum e Zea mays. Biotemas,
v.27, n.3, p.23-32, 2014.
Monica CARVALHO
Professora do Departamento de Engenharia de Energias Renováveis da UFPB
monica@cear.ufpb.br
RESUMO
O artigo traz a apresentação de um roteiro de dimensionamento de um Sistema de Aquecimento
Solar com foco em aplicações industriais. Trata-se de um roteiro claro e direto que foi elaborado
com base em referências bibliográficas consistentes e que tem como objetivo facilitar o
dimensionamento correto de sistemas de aquecimento solar de água para aplicações não
residenciais, uma vez que na literatura a grande maioria dos trabalhos encontrados nesse âmbito
foram realizados para perfis de consumo residencial. Neste artigo é destacada a importância da
consideração das condições climáticas ao longo do ano, bem como a relevância de se utilizar dados
confiáveis de radiação solar e o potencial deste tipo de aplicação no Brasil para a diversificação da
matriz energética brasileira e racionalização dos recursos energéticos com a contribuição da energia
solar.
Palavras Chaves: Roteiro, Aquecimento de Água, Energia Solar.
ABSTRACT
The article presents a presentation of a sizing guide for a Solar Heating System focused on
industrial applications. This is a clear and direct script that was prepared based on consistent
bibliographical references and whose objective is to facilitate the correct sizing of solar water
heating systems for non-residential applications, since in the literature the great majority misses in
general then, they were made for residential consumption profiles. This article highlights the
importance of consideration of climatic conditions throughout the year, as well as a relevance of the
reliable data of solar radiation and potential of this type of application in Brazil for a diversification
of the Brazilian energy matrix and rationalization of resources with the contribution of solar energy.
Key Words: Script, Water Heating, Solar Energy.
INTRODUÇÃO
também chamado calor de processo. Em grande parte dos processos industriais são necessárias
temperaturas entre 60 a 250°C (SILVA, 2014). Por meio da utilização de tecnologias já bem
consolidadas, coletores e concentradores solares, é possível atingir esses níveis de temperaturas
através do uso da energia solar.
Os sistemas solares térmicos industriais são capazes de suprir total ou parcialmente demanda
de calor dependendo das condições estabelecidas no projeto. O primeiro passo para estabelecer tais
condições é a determinação das temperaturas necessárias seguido da determinação da localização da
instalação, analise das condições climáticas local, área para instalação do sistema, investimento
disponível e escolha da tecnologia (EUROPEAN COMMISSION, 2001).
Para que os sistemas de energia solar apresentem funcionamento adequado e eficiente é
necessário que alguns critérios sejam estabelecidos, portanto, o presente trabalho tem o objetivo de
descrever os métodos utilizados para o desenvolvimento de um Sistema de Aquecimento solar
(SAS), assim como a escolha dos dados de radiação solar empregados considerando o perfil da
demanda de água quente, sua aplicação e as condições climáticas em que o SAS será submetido.
MATERIAIS E METÓDOS
A partir dos elementos mínimos necessários exigidos pela ANBT e utilizando o roteiro
proposto pela ABRAVA (2008), exposto na Figura 1, como um direcionador, a seguir apresenta-se
a metodologia proposta para o projeto e para análise da viabilidade técnica da implantação de um
SAS de água para processos industriais, bem como, as ferramentas necessárias para sua execução.
LEVANTAMENTO DE DADOS
Média
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Anual
Temp. Média
25,8 25,2 28,2 25,5 27 26,2 23,7 25,4 27,5 27,7 27 24,1 26,1
(ºC)
Temp. Máx.
31,8 30,5 30 29,8 29,6 28,3 26,3 27,8 28,3 29,3 29,7 30 29,3
(ºC)
Temp. Mín.
22,8 22,6 21,2 22,9 22,2 21,8 20,3 21,7 18,9 23,3 23,2 23 21,9
(ºC)
Umidade
75 75 81 79 81 81 87 75 67 73 74 74 76,8
Relativa (%)
Nebulosidade
5,6 5,8 6,1 6 6,2 6,1 6 5,2 5,7 5,1 5,4 5,3 5,7
(0-10)
Insolação Total
244 219 209 182 194 181 149 212 235 266,2 273 229 216,1
(horas)
Velocidade do
2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 3,00 2,50 2,50 2,00 2,50
vento (m/s)
DIMENSIONAMENTO DO SAS
A ABNT na NBR 15669 (2008) apresenta em sua metodologia de cálculo duas alternativas
para o dimensionamento de sistemas de aquecimento solar. Para SAS em residências unifamiliares é
indicada a metodologia de cálculo 2, exposta na própria NBR, para demais sistemas é indicada a
metodologia 1, que é a metodologia f-Chart conforme encontrado em DUFFIE & BECKMAN
(2014), no entanto, neste trabalho, será utilizado um método também encontrado em DUFFIE &
BECKMAN (2014), mas bem mais detalhista que o método f-Chart. A escolha dessa metodologia
foi feita com o objetivo de observar as perdas presentes em cada parte do SAS e a identificação dos
motivos, afim de propor possíveis soluções e assim um SAS mais eficiente.
A seguir encontra-se de forma detalhada cada uma das etapas necessárias ao
dimensionamento do SAS:
O volume de armazenamento pode ser calculado pela seguinte equação (ABNT, 2008):
O tanque tende a apresentar uma temperatura estratificada que varia entre a temperatura de
alimentação e a temperatura de consumo. Para considerar este efeito é determinando um coeficiente
adimensional (Earmaz) que será igual a 0 quando Tarmaz = Tambiente e igual a 1 quando Tarmaz = Tconsumo.
Essa estratificação ocorre devido à diferença de densidade da água no tanque, a água mais quente e
menos densa fica na parte superior do tanque enquanto que a águe fria e mais densa fica na parte
inferior.
A variação do coeficiente de estratificação térmica no tanque, ET, pode ser calculada pela
seguinte equação:
Onde mconsumoé igual a vazão mássica da água de alimentação e mc é a vazão nos coletores.
Logo, a temperatura média de armazenamento do tanque pode ser calculada:
A área coletora necessária é determinada pela relação entre a energia solar que é
efetivamente usada para aquecer a água do sistema e a energia necessária para o aquecimento da
água nas condições desejadas, como definida a seguir:
𝑜 𝑜
Onde Atc é a área da cobertura de vido do coletor, também chamada de área transparente.
Das Equações 3 a 9, os seguintes dados são conhecidos: Radiação Incidente no plano
inclinado; Eficiência dos coletores solar usados;Temperatura da água de alimentação
(Tambiente);Temperatura requerida no processo (Tprocesso = 60°C);Vazão de consumo (mcons= 0,12
kg/s);Propriedades do fluido de trabalho (água); Área transparente dos coletores. E tem – se as
seguintes incógnitas: Temperatura de entrada dos coletores (Tc1); Temperatura de saída dos
coletores (Tc2); Vazão mássica necessária no banco de coletores; Temperatura média do tanque de
armazenamento (Tarmaz); Temperatura de consumo (Tconsumo); Área coletora (Ac).
A resolução das equações 3 a 9 é feita a partir de um sistema de equações que pode ser
resolvido no Software Engineering Equation Solver (EES), considerando inicialmente uma fração
solar de 80% e Tc1 20% maior que Tambiente (estratificação térmica no tanque de armazenamento).
Após determinada a primeira estimativa da área coletora, pode-se fazer estimativas da fração
solar para todos os meses do ano, por meio da resolução do mesmo sistema de equações usado
anteriormente no EES.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Tabela 2 mostra valores médios de irradiâncias diárias mensais (W/m²), para cada mês do
ano, calculados a partir dos valores de irradiâncias horarias mensais disponibilizados pelo RadiaSol
2. Estes valores são importantes para a quantificação da radiação incidente na superfície e a sua
variação ao longo do dia. Para o dimensionamento do sistema serão utilizados os valores de
irradiâncias médias horárias mensais em W/m².
Tabela 2 - Valores de Irradiâncias Médias Diárias Mensais (W/m²) no plano inclinado (16°N) para cidade de
João Pessoa.
Irradiâncias médias diárias (W/m²)
Mês Global Direta Difusa Inclinada
(16°)
Jan 297 161 154 316
fev 317 181 141 323
Mar 305 150 145 296
Abr 279 134 118 252
Mai 280 127 111 239
Jun 237 97 99 197
Jul 253 115 94 210
Ago 299 143 118 263
Set 315 165 130 296
Out 356 216 138 355
Nov 367 244 139 383
Dez 351 234 140 375
Anual 302 156 134 296
Figura 3 - Irradiâncias Médias Diárias Mensais no plano inclinado (16°N) em João Pessoa.
DIMENSIONAMENTO DO SAS
O volume de armazenamento calculado foi de 7,70 m³. No entanto como a demanda de água
quente é constante e sem interrupção (24h por dia) e a disponibilidade de energia solar não, o
volume de armazenamento será dobrado, ou seja, consideraremos 16 m³ para garantir uma maior
contribuição do sistema. Os cálculos foram realizados para uma temperatura de armazenamento
igual a 70°C.
Uma estimativa da demanda de energia útil mensal do sistema pode ser obtida multiplicando
o valor calculado com a Equação 2 pelo número de dias do mês em que o sistema está em
funcionamento (Tabela 3). Neste caso, a temperatura ambiente considerada para cada mês é a
temperatura média anual (Tabela 1).
Calculado os valores médios mensais da energia útil, observou-se que a maior demanda de
energia mensal é de 12038,40 kWh/mês (ocorre nos meses de março, maio, julho, agosto e
setembro) e, portanto, para os cálculos seguintes este será o valor de energia útil mensal utilizado.
Como trata-se de um processo continuo de operação, a demanda de energia diária independe
do mês do ano. Dividindo-se os dados mensais da demanda energia útil pelo dia de operação no mês
nota-se que a demanda diária é sempre 401, 28 kWh (60,1920 MJ por hora).
A Figura 4 mostra o comportamento da variação da demanda de energia útil mensal ao
longo do ano.
14000
Energia Útil Mesnal (kWh/mês)
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Figura 4 – Demanda de energia útil mensal para aquecimento da água necessária (10000 litros/dia).
( )
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
f 0,902 0,90 0,83 0,71 0,70 0,56 0,56 0,74 0,88 1,07 1,13 1,02
0 61 03 31 70 90 48 20 91 3 3 00
Tc1(°C) 26,67 26,0 26,0 26,1 27,6 26,7 24,2 26,1 28,3 28,6 28,0 25,1
9 2 9 6 4 8 3 2 8 6 3
Tc2(°C) 63,69 63,9 63,6 55,7 55,6 49,8 48,8 56,9 62,9 70,2 72,9 69,0
3 9 2 6 2 8 3 9 7 2 6
Tarmaz(° 43,02 42,8 41,3 39,2 40,0 36,9 35,1 39,7 43,6 47,0 47,8 44,5
C 0 3 3 3 4 5 3 3 5 7 4
Tcons(°C 56,65 56,7 54,1 50,1 50,3 45,4 44,2 51,0 56,4 62,3 64,3
) 3 0 0 3 3 0 7 0 2 9 58,71
0,8
0,6
0,4
0,2
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BRASIL. ANEEL. Atlas de energia elétrica do Brasil. 3ª Ed. Brasília: ANEEL, 2008. 236 p.
Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/atlas3ed.pdf>. Acesso em: 18 mar.
2016.
BRASIL.EPE. Consumo de energia do Brasil (Análises Setoriais): Nota Técnica DEA 10/14. Rio
de Janeiro: EPE, 2014. 116p. Disponível em:
<http://www.epe.gov.br/mercado/Documents/S%C3%A9rie%20Estudos%20de%20Energia/DE
A%2010-14%20Consumo%20de%20Energia%20no%20Brasil.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2016.
DUFFIE, J. A.; BECKMAN, W. A. Solar engineering of thermal processes. New York etc.: Wiley,
2014.
RESUMO
Com o crescente avanço tecnológico, torna-se necessária uma adaptação dos meios e recursos
educacionais, incorporando formas interativas e que chamem a atenção do aluno para o conteúdo
ministrado e a correspondência deste com a realidade vivenciada pela comunidade na qual o
educando está inserido. Busca-se, desse modo, além da melhoria no aprendizado, a indispensável
participação do educando como protagonista do seu meio. Com essa perspectiva de construção
coletiva da educação ambiental, foram desenvolvidas atividades em torno da temática da escassez e
qualidade da água no semiárido, estendendo ações em comunidades escolares das cidades de Areia,
Alagoa Nova, Baraúna, Lagoa Seca e Riacho de Santo Antônio, situadas no estado da Paraíba. A
primeira etapa da abordagem em cada município contemplou a realização de visitas, coleta de
amostras de água para análises química e microbiológica e aplicação de entrevista/questionário para
reconhecimento dos principais problemas enfrentados pela comunidade local quanto à
disponibilidade de água para consumo humano. Na etapa seguinte, os resultados da verificação
inicial foram socializados na comunidade escolar, transformando a problemática encontrada em
tema motivador para discussão, disseminação de informações e fundamentação de ações em
educação ambiental. Foram utilizados instrumentos educativos apropriados para cada público alvo:
palestras, vídeos, dinâmicas de grupos, experimentos de análise química, adesivos e folhetos
informativos. A aceitação e participação atenta dos estudantes em todas as atividades desenvolvidas
permitiram concluir que houve contribuição efetiva para a aprendizagem de novos conceitos e
incorporação de hábitos de preservação e uso racional dos recursos hídricos, com atenção para as
informações e sugestões para manutenção da qualidade da água consumida. Repercussão que se
espera estender além da sala de aula, cooperando também para saúde e bem estar da população
local.
Palavras chave: Educação Ambiental, Água, Meio Ambiente, Semiárido.
ABSTRACT
With the increase of technological advance, it is necessary to adapt the means and educational
resources, incorporating interactive forms that can draw the student‘s attention to the taught content
and the correspondence of it with the reality lived by the community; and in which the student is
inserted. Thus, in addition to the improvement in learning, it is indispensable the participation of the
student as protagonist of his environment. With this perspective of collective construction of
environmental education, activities were developed around water scarcity and quality in the semi-
arid region, extending actions in school communities in the cities of Areia, Alagoa Nova, Baraúna,
Lagoa Seca and Riacho de Santo Antônio. In the state of Paraíba. The first step of the approach in
each city was to carry out visits, collect water samples for chemical and microbiological analysis
and apply an interview / questionnaire to recognize the main problems faced by the local
community regarding the availability of water for human consumption. In the next stage, the results
of the initial verification were socialized in the school community, having as a mean point to
transform the problems found in a motivating theme for discussion, dissemination of information
and the basis of actions in environmental education. Appropriate educational tools were used for
each target audience: lectures, videos, group dynamics, chemical analysis experiments, adhesives
and information leaflets related with environmental issues and solutions. The observed acceptance
and student‘s participation in all the developed activities allowed to conclude that there was an
effective contribution to the learning of new concepts, incorporation of habits of preservation and
rational use of water resources; with a special attention to the information and suggestions for
maintenance of the quality of the consumed water. It was expected the repercussion to be extend
beyond the classroom, also cooperating for the health and well-being of the local population.
Keywords: Environmental Education, Water, Environment, Semiarid.
INTRODUÇÃO
municípios paraibanos. Foram contempladas escolas nas cidades paraibanas de Riacho de Santo
Antônio, Alagoa Nova, Baraúnas, Lagoa Seca e Areia com o objetivo de abordar as questões
referentes ao meio ambiente, com ênfase para a temática água.
Pode-se entender educação ambiental como um processo pelo qual o educando começa a
obter informações e desenvolver conhecimentos acerca das questões ambientais. Nesse aspecto,
uma nova visão de mundo e da interação do ser com o seu meio passa a ser construída
paulatinamente em direção à concepção do homem como agente transformador e principal
responsável pela conservação ambiental (RUSHEINSKY, 2002). As questões ambientais estão cada
vez mais presentes no cotidiano da sociedade, sendo a educação ambiental essencial em todos os
níveis dos processos educativos e em especial nos anos iniciais da escolarização (MOURA, 2008)
As crianças estão em plena fase de descoberta e encontram-se desprovidas de conceitos pré-
elaborados e hábitos acirrados, diferentemente dos adultos, mostram-se mais sensíveis às questões
ambientais, mais receptivas e mais dispostas a multiplicar as novas ideias e informações na família
e demais pessoas do seu convívio (MENEZES, 2012).
As instituições de ensino já estão conscientes de que precisam trabalhar a problemática
ambiental e muitas iniciativas têm sido desenvolvidas em torno desta questão, incorporando-se a
temática do meio ambiente nos sistemas de ensino como tema transversal dos currículos escolares,
permeando toda prática educacional.
A educação ambiental nas escolas contribui para a formação de cidadãos conscientes, aptos
para decidirem e atuarem na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com
o bem-estar de cada um e da sociedade. Para isso, é importante que, mais do que informações e
conceitos, a escola se disponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores e com mais ações
práticas do que teóricas para que o aluno possa aprender a amar, respeitar e praticar ações voltadas à
conservação ambiental (SEGURA, 2001).
A escola é o lugar onde o aluno irá dar sequência ao seu processo de socialização, no
entanto, comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no decorrer da
vida escolar com o intuito de contribuir para a formação de cidadãos responsáveis, logo, a escola
deve oferecer a seus alunos os conteúdos ambientais de forma contextualizada com sua realidade.
Com as modificações sofridas no sistema educacional ao longo dos anos, tornou-se
imprescindível um sistema que busque estimular o pensamento do aluno ao mesmo tempo em que
leve em consideração a realidade na qual o mesmo encontra-se inserido. A importância do
desenvolvimento de atividades que supram essa necessidade tomou conta dos cursos de formações
e, propiciou o desenvolvimento de diversas técnicas com o intuito de atrair a atenção do aluno das
mais variadas formas (FUNDAMENTAL, 1998).
A educação ambiental objetiva a compreensão dos conceitos relacionados com o meio
ambiente, sustentabilidade, preservação e conservação. Sendo assim, busca a formação de cidadãos
conscientes e críticos, fortalecendo práticas cidadãs. Aliado a isso, trabalha com a inter-relação
entre o ser humano e o meio ambiente, desenvolvendo um espírito cooperativo e comprometido
com o futuro do planeta. Como tal, o processo de educação ambiental deve ser contínuo, integrado e
permanente, conforme descreve a Política Nacional de educação ambiental, Lei 9.795, de 27 de
abril de 1999 (BRASIL, 2017): ―Art. 10 º. A educação ambiental será desenvolvida como uma
prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino
formal.‘
A educação ambiental é de responsabilidade das instituições de ensino, tornando possível
assim a mudança na mentalidade do ser humano (SILVA et.al, 2011). Os conceitos e definições
isolados têm se mostrado inadequados para o aprendizado uma vez que, aprender é diferente de
apenas reproduzir automaticamente o que foi solicitado. Os assuntos abordados devem representar
para os educandos algo de interesse comum. As atividades desenvolvidas devem ser, portanto,
dinâmicas e flexíveis, tendo sua mediação realizada pelo instrutor e sendo adaptada de acordo com
a necessidade (MEC, 1998).
À educação ambiental é atribuído o papel principal de modificar o pensamento da sociedade,
especialmente no tratante às gerações futuras que, precisam entender a importância da preservação
ambiental a fim de garantir a sustentabilidade do planeta (MENEZES, 2012).
Além disso, é importante ressaltar que, de toda água existente no mundo, apenas uma
pequena parcela, referente à água doce, pode ser usada para o consumo humano, após adequação de
suas características, físicas, químicas e biológicas, tornando-a potável. Diante disso, embora a água
pareça um recurso ilimitado, na realidade apresenta um obstáculo, pois à medida que há
crescimento econômico e populacional, menos se respeita o ciclo natural da água e, em
consequência, a qualidade dos corpos superficiais vai se degradando, tornando-os impróprios para o
consumo (BARROS e AMIN, 2008).
A Agência Nacional de Águas (ANA) relata que na última década os índices de cobertura de
água e esgoto no mundo apresentaram grande avanço. Por outro lado, nesse mesmo período de
desenvolvimento, verificou-se que 24 milhões de pessoas continuaram sem acesso adequado a
sistemas de esgoto e 1,1 bilhão sem atendimento com serviços de abastecimento de água. Essa
situação explicita o fato de que o crescimento populacional e a dinâmica da produção e da
distribuição estão diretamente relacionados com o desgaste ambiental. Com relação ao uso da água,
há uma ligação direta com o mau uso, cujos custos terminam por serem internalizados pelo recurso
hídrico e se refletem na escassez e na poluição, entre outros.
O Brasil possui 12% dos recursos hídricos do planeta. Embora essa porcentagem seja
bastante considerável, há também o problema da distribuição irregular entre as diversas regiões do
país. No nordeste brasileiro a situação de escassez é agravada nos períodos de estiagem severa
(PHILIPPI JR.; MARTINS, 2005). Insere-se na região nordeste uma área territorial denominada
―polígono das secas‖, dentro da zona semiárida, apresentando diferentes zonas geográficas com
distintos índices de aridez, indo desde áreas com características estritamente de seca, com paisagem
típica de semideserto a áreas com balanço hídrico positivo. Caracteriza-se basicamente pelo regime
de chuvas, definido pela escassez, irregularidade e concentração das precipitações pluviométricas
num curto período de cerca de três meses, durante o qual ocorrem sob a forma de fortes aguaceiros,
de pequena duração; tem a Caatinga como vegetação predominante e apresenta temperaturas
elevadas (CODEVASF, 2017).
Com relação à poluição dos corpos aquáticos nessas localidades, os maiores vilões são os
agrotóxicos utilizados nas lavouras, seguidos do lixo que é jogado nas águas e margens de rios e
lagos, além das atividades pecuárias como a suinocultura, esterqueiras e currais, construídos
próximos aos corpos d´água (REDES DAS ÀGUAS, 2017). Tendo em vista essa situação, podemos
defini-la como ameaçadora à qualidade de vida básica da população, pois é inegável que a
disponibilidade de água com qualidade para consumo humano tende a diminuir cada vez mais.
Portanto, uma coisa importante a fazer é evitar o desperdício (CONSELHO NACIONAL DA
ÁGUA, 2017).
É preciso também estabelecer uma nova forma de pensar e agir que começa na escola,
através da conscientização ambiental, incentivando a mudança de hábitos, usos e costumes, onde o
objetivo geral seja o crescimento econômico, alicerçado no uso sustentável da água, onde se
promova a proteção dos mananciais que ainda estão conservados e a recuperação daqueles que já
estão prejudicados.
METODOLOGIA
As ações em cada município foram conduzidas em três etapas, descritas a seguir. Na visita
inicial, foram realizadas coletas de água em residências e na escola pública da zona rural, cujo
abastecimento advinha de fontes alternativas. Na ocasião foram tomadas amostras de água para
análises As coletas foram realizadas na cisterna de armazenamento externo e nos recipientes para
consumo humano direto (potes, filtros e baldes, no interior das residências e escolas públicas
locais). Na mesma ocasião da primeira visita, foi estabelecido um contato pessoal com os
moradores tendo como finalidade estreitar relações de parceria e obter informações relevantes
quanto aos cuidados básicos de limpeza, identificação de hábitos de consumo e incidência de
doenças associadas à utilização de água em condições inadequadas. Para tal finalidade, foi proposto
aos moradores responder um questionário composto por 12 questões referentes à origem, ao
tratamento e a qualidade da água consumida.
O método de procedimento utilizado foi o analítico-descritivo e, para as técnicas relativas à
coleta de informações, foi utilizada a observação direta extensiva (GIL, 2002). Foi realizada
também uma observação geral no que diz respeito à localização dos reservatórios de água utilizados
para o consumo direto e aqueles para o consumo indireto, que armazenam a água por um tempo
mais prolongado.
Na etapa seguinte, as amostras de água coletadas foram analisadas nos laboratórios da
Universidade Estadual da Paraíba-UEPB, determinando-se os valores para alguns parâmetros
químicos e físico-químicos (pH, dureza, alcalinidade, turbidez, cloretos), como também
microbiológicos (coliformes totais e termotolerantes, e presença de Escherichia Coli), comparando
os resultados obtidos aos valores referenciais das Normas Brasileiras para água potável.
Na fase posterior, fez-se uma nova visita ao município para socialização dos resultados e
apresentação de forma compartilhada de informações em educação ambiental, sugestões de medidas
simples para manutenção da qualidade da água consumida e cuidados no armazenamento da água
para uso direto. As ações se desenvolveram através de palestras aos estudantes, pais e professores
da escola municipal, com entrega de materiais educativos e realização de dinâmicas ilustrativas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Já na primeira visita feita aos municípios, pôde-se observar a aridez do local e a pouca oferta
de água superficial para suprimento das necessidades básicas da população. As observações locais,
os resultados das análises da água utilizada pelos moradores e os dados obtidos nas
entrevistas/questionários proveram um diagnóstico inicial dos principais problemas vivenciados
pela comunidade referentes ao uso, disponibilidade e qualidade da água na localidade. Esses
elementos serviram de base para a elaboração das ações em educação ambiental que contemplassem
as especificidades de cada comunidade.
Das respostas colhidas nos questionários, foi recorrente a reclamação da ―aparência turva‖ e
do ―gosto ruim‖ da água disponível, características indicativas de qualidade duvidosa. Relatou-se
que não há tratamento da água consumida e foram reportados alguns casos de febre, diarreia,
manchas na pele e mal estar gástrico, principalmente nas crianças. As medidas de economia de água
foram colocadas como prioritárias pelos entrevistados, tendo em vista a pouca disponibilidade do
recurso. Foram apontados os hábitos de reutilização da água do banho, da lavagem de roupas e da
lavagem de pratos para limpeza da casa, rega de plantas e para os animais.
Para o armazenamento de curto período da água destinada ao uso direto (beber e cozinhar), a
maioria da população utiliza potes de barro ou recipientes de plástico. Sobre o armazenamento da
água destinada ao consumo humano, observou-se que em todas as residências se fazia uso de
cisternas ou tanques para o armazenamento da agua por tempo mais prolongado, alocados na parte
externa das residências e com tubulações para captura da água no período das chuvas, conforme se
pode observar na Figura 1.
Figura 1 – Residência com sistema de captação da água de chuva para cisterna externa.
Figura 3 - Imagem do folheto utilizado como instrumentos educativo referente à economia de água.
A abordagem dos temas ambientais diretamente associados aos problemas mais pujantes da
comunidade resultou em maior interesse do público atendido e participação voluntária nas
atividades propostas, por consequência, sensibilização para busca de soluções e maior
internalização dos conceitos trabalhados. Quando se depararam com os conteúdos de seu cotidiano,
os educandos se mostraram identificados, representados nas suas necessidades e ávidos por
descobertas. Nas cidades de Riacho de Santo Antônio, Baraúna, Alagoa Nova, Areia e Lagoa Seca,
a participação também de pessoas externas ao ambiente escolar foi um fator determinante para a
compreensão da importância da educação voltada para a interação do educando com o seu próprio
meio e todas as relações sociais que o compõem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
pontos apontados pela sua ―gente‖, pelo seu ―povo‖. Para os alunos do ensino médio, a
apresentação de análises experimentais com vidrarias e materiais de laboratório foi um diferencial.
No momento da apresentação do experimento, os alunos se mostraram participativos e curiosos
sobre o que viria a ser realizado. Além da participação do aluno no experimento, os demais se
sentiram livres para se envolverem no debate sobre os resultados demonstrados.
Quando o pensamento crítico é despertado, o estudante passa a ser capaz de se envolver não
somente de forma passiva, mas ativa e consciente das problemáticas ambientais. Desse modo, é
aberto o caminho para transformação do pensamento individual em ações de interesse coletivo,
mudando paradigmas e influenciando o seu entorno com transferência do conhecimento formal à
busca de soluções no âmbito social.
O envolvimento da comunidade, representado por pais e professores, reforçou a eficácia das
ações educativas, proporcionando um alcance além dos limites da própria escola. Essa amplitude
satisfaz a necessidade de fortalecimento da parceria da educação com as reais demandas da
comunidade. Apropriadamente, a educação ambiental, colabora para o aprofundamento de
discussões reais e contribui para a busca de soluções que visem o bem estar do ser harmonizado
com o seu meio de vivência.
REFERÊNCIAS
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mundo. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, (4), 75-108.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Política Nacional de Educação Ambiental. Lei 9795/99.
Disponível em:< http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=321>. Acessado
em 21 jul.2017.
Gil, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed- São Paulo: Editora Atlas, 2002.
GOMES, M. A. F. (2011) Água: sem ela seremos o planeta Marte de amanhã. Embrapa, pp 464.
MORAES, D.S.de L.; JORDÃO, B.Q. Degradação de recursos hídricos e seus efeitos sobre a
saúde humana. Revista Saúde Pública. Corumbá, p. 370-374, mar-2002.
PHILIPPI JR. A.; MARTINS, G. (2005) Águas de abastecimento. In: Philippi Jr., A. Saneamento,
Saúde e Ambiente: Fundamentos para um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole. p.
587-598.
REDE DAS ÁGUAS, SOS Mata Atlântica. (2017), Usos e ameaças a água. Disponível em: <
https://www.sosma.org.br/projeto/observando-os-rios/questao-da-agua/usos-da-agua/> Acessado
em: 27 de julho de 2017.
RUSHEINSKY, A. (org.). Educação ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
p.169-173. Disponível em: < https://www.todamateria.com.br/como-citar/> Acessado em: 17 de
julho de 2017.
RESUMO
A barragem Água Fria I, em Barra do Choça (BA), tem importante papel no desenvolvimento
regional, pois faz parte do sistema de barragens que abastece, aproximadamente, 380 mil pessoas
numa região suscetível a estiagens prolongadas, onde a cidade de Vitória da Conquista é a capital
regional e passou, nos últimos anos por um severo racionamento de água. Neste trabalho, objetivou-
se analisar o uso da terra no entorno da barragem Água Fria I, no período 2010/2016, a fim de
verificar se os usos estão coerentes com a legislação aplicável para as áreas de preservação
permanente, uma vez que a substituição da vegetação natural pode ocasionar prejuízos à infiltração
e ao armazenamento de água. Para tanto, foram utilizadas imagens de satélite da plataforma Google
Earth para os dois anos, sendo então transformadas em mapas temáticos através do software
MapViewer 7.0. Constatou-se que o uso atual da terra na área de estudo está em desconformidade
legal, com 75% do total da Área de Preservação Permanente (APP) ocupado por pastagem.
Palavras-chave: Engenharia Florestal; Mata ciliar; Geoprocessamento.
ABSTRACT
The Água Fria I dam in Barra do Choça (BA) plays an important role in regional development, as it
is part of the dam system that supplies approximately 380,000 people in a region susceptible to
prolonged droughts, where the regional capital city of Vitória da Conquista has passed, in recent
years by a severe water rationing. The objective of this study was to analyze the use of land in the
surroundings of the Água Fria I dam, in the period of 2010 to 2016, in order to verify if the uses are
consistent with the applied legislation of the permanent preservation areas, since the substitution of
the natural vegetation can cause damages to the infiltration and storage of water. To do so, satellite
images of the Google Earth platform were used for the two years, and then transformed into
thematic maps through MapViewer 7.0 software. It was verified that current land usage in the
studied area is in legal disagreement, with 75% of the total Permanent Preservation Area (PPA)
occupied by pasture.
Keywords: Evironmental Engeneering; Riparian Woods; Geoprocessing.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Fonte: Mapa produzido pelos autores em outubro/2016, com base na Folhas Topográficas Digitais da
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI-BA.
Por meio de duas imagens de satélite da plataforma Google Earth foi realizado o
mapeamento da bacia de captação da barragem Água Fria I,
No mapeamento, os diversos usos da terra foram determinados a partir das características
comuns apresentadas na paisagem e que aparecem nas imagens de satélite com feições comuns de
textura, tons de cores, rugosidade, espaçamento de copas, etc. A classificação da vegetação para
legenda da interpretação está apresentada a seguir:
• ESPELHO D´ÁGUA – São os reservatórios de água que aparecem nas imagens com grande
homogeneidade textural e cores escuras.
• PASTAGEM – Estas áreas estão caracterizadas, primordialmente, por pastagens para
criação extensiva de gado bovino.
• MATA CILIAR – Estão incluídos nesta categoria os remanescentes florestais com baixa
antropização, evidenciados pelo adensamento da mata e pouco afastamento entre as copas.
• VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA – São áreas com vegetação em processo de regeneração,
com porte variando de herbáceo a arbóreo, destacando-se pela sua uniformidade.
4
A barragem de Água Fria II foi construída na década de 1980 e tem capacidade de armazenamento superior a seis
milhões de metros cúbicos de água.
Após o processo de distinção e separação dos diversos usos, o software Map Viewer 7.0
calcula, automaticamente, as áreas e permite a separação dos usos em camadas (overlayer). Os
dados colhidos nessa etapa resultaram nos mapas de uso da terra apresentados nas Figuras 2 e 3 e os
valores das diversas superfícies (em hectares) aparecem relacionados na Tabela 1.
Fonte: Cálculo realizado pelos autores, utilizando o software MapViewer 7.0, com base em análise de
imagem de satélite do Google Earth, de 25/08/2010.
5
Esta área de cultivo desconhecido apareceu na imagem de 2010 e, durante o trabalho de campo, em contato com o
gerente da fazenda, obtivemos a informação de que a área, na época, era cultivada com capim-elefante, a fim de
produzir ração para o gado. Para o ano de 2016, o cultivo de capim-elefante foi transferido para outra área da fazenda,
sendo a área original destinada a pastagem.
Fonte: Mapa elaborado pelos autores, utilizando o software MapViewer 7.0, com base em análise de imagem
de satélite do Google Earth, de 27/10/2016.
Tabela 1 - Área dos diversos usos da terra na barragem Água Fria I, em Barra do Choça-BA, no período
2010/2016
2010 2016 Taxa de crescimento
CLASSES Área Área 2010/2016 (%)
% %
(ha) (ha)
Espelho d‘água Água Fria I 10,84 22,3 10,84 22,3 0,0
Espelho d‘água Água Fria II 0,48 1,0 0,07 0,1 -85,4
Pastagem 27,21 55,9 29,31 60,2 7,7
Mata 4,31 8,9 4,73 9,7 9,7
Vegetação Secundária 2,72 5,6 2,91 6,0 7,0
Capim-elefante 2,31 4,7 0,00 0,0 -100,0
Café 0,39 0,8 0,39 0,8 0,0
Construções da EMBASA 0,21 0,4 0,22 0,5 4,8
Sede de Fazenda 0,19 0,4 0,19 0,4 0,0
TOTAL 48,66 100,0 48,66 100,0 -
Fonte: Cálculo realizado pelos autores, utilizando o software MapViewer 7.0, com base em análise de
imagens de satélite do Google Earth, de 25/08/2010 e 27/10/2016.
Pela configuração territorial apresentada nos dois mapas de uso da terra (Figuras 2 e 3) é
possível perceber que nos anos de 2010 e 2016 a barragem Água Fria I apresentou-se com seu nível
máximo de armazenamento. Já a barragem Água Fria II, que fica localizada à jusante, para o ano de
2010 também se verificou o espelho d‘água localizado imediatamente após o vertedouro, indicando
que as duas barragens estavam cheias naquele momento. No entanto, para o ano de 2016, houve
modificação desse quadro, uma vez que Água Fria II apresentou um espelho d‘água reduzido,
indicando que sua capacidade de armazenamento não foi alcançada. Notadamente, em função dos
baixos níveis de acumulação de água, a cidade de Vitória da Conquista foi submetida ao
racionamento, sendo somente regularizado em julho/2017, quando os reservatórios ficaram cheios
novamente. A bacia hidráulica da barragem Água Fria I corresponde à 10,8 hectares ou 22,3% da
área de estudo.
O principal uso da terra verificado pela imagem de satélite em 2010 foi a pastagem
extensiva de gado bovino, ocupando 27,2 hectares ou 55,9% do total analisado. Posteriormente,
com o mapa de uso da terra atual baseado na imagem de 27/10/2016 e, concomitantemente, com as
visitas ao campo, constatou-se que a pastagem continua sendo a principal atividade na área de
estudo, inclusive com expansão de 7,7%, passando a ocupar mais de 60% do recorte analisado.
A mata ciliar, elemento fundamental para esta pesquisa, aparece bem representada na porção
superior do mapa, margeando a estrada e se estendendo pela lateral norte do vertedouro até 294
metros seguindo a margem esquerda do lago em direção à nascente. Apenas nesse quadrante a mata
ciliar está bem estruturada em termos quantitativos, apresentando uma faixa média superior a 100
metros lineares. No período 2010/2016 houve um aumento da área de mata ciliar, pois algumas
áreas antes cobertas por pastagens desenvolveram uma vegetação de maior porte, possivelmente
devido ao menor fluxo de gado nesses locais. Somando todos os fragmentos florestais que
margeiam a barragem, o total são 487 metros. Mas, observando o perímetro total da bacia hidráulica
que é de 2.760 metros, isso representa apenas 17,6% do total, de forma que mais de 80% da
barragem Água Fria I está desguarnecida dessa importante proteção natural. Observando o mapa de
uso da terra de 2016 (Figura 3), as áreas de vegetação secundária que margeiam o lago podem ser
convertidas em mata ciliar com um certo grau de facilidade, em função da existência de algum tipo
de vegetação de porte arbóreo e herbáceo.
O cultivo de café ocupa apenas 0,4 hectares na área de estudo e está fora dos limites da mata
ciliar, nas porções superiores do terreno. A variável relevo foi importante para limitar esse cultivo
nas partes mais altas e permitiu a existência da mata ciliar circunscrita à descida do vale, nos dois
lados da estrada, que é bastante íngreme naquele local. Nesse sentido, a lavoura cafeeira, importante
fator para o crescimento da economia do município, não afetou diretamente as áreas de preservação
permanente da barragem Água Fria I, sendo a pastagem a atividade responsável pela ocupação
dessa faixa legal de proteção ambiental.
Os demais usos se referem às construções de edificações, uma da Empresa Baiana de Águas
e Saneamento (EMBASA) para instalação de seus equipamentos de bombeamento de água e outra
relacionada à sede de fazenda de gado bovino, pertencente a proprietário rural do entorno da
barragem Água Fria I.
de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros em área rural, e a faixa mínima de 15
(quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros em área urbana (BRASIL, 2012b)
Nesse contexto, para esta pesquisa serão adotados os parâmetros legais estabelecidos pelas
leis supracitadas, que definem as margens dos reservatórios artificiais como APPs e a largura
mínima de 30 metros, sendo que esta faixa será utilizada como referência para a elaboração do
mapa de uso da terra na APP da barragem Água Fria I.
Com base na imagem de satélite de 27/10/2016, foi possível avaliar o uso atual da terra,
considerando uma faixa de 30 metros no entorno do reservatório da barragem Água Fria I, em seu
nível máximo. Os diversos usos aparecem na Figura 4 e os valores (em hectares) estão
demonstrados na Tabela 2:
Fonte: Mapa produzido pelos autores, utilizando o software MapViewer 7.0, com base em imagem de satélite
do Google Earth, de 27/10/2016.
Tabela 2 - Área dos diversos usos da terra na faixa da APP de 30 metros na barragem Água Fria I, em Barra
do Choça-BA - 2016
CLASSES ÁREA (ha) %
Pastagem 5,91 75,0
Mata 1,44 18,3
Vegetação Secundária 0,53 6,7
Total 7,88 100,0
Fonte: Cálculo realizado pelos autores, utilizando o software MapViewer 7.0, com base em análise de
imagens de satélite do Google Earth, de 27/10/2016.
Percebe-se que a situação da APP da barragem Água Fria I é mais preocupante do que a
existente no recorte analisado (Figura 3; Tabela 1), onde o uso predominante (pastagem) era de
60%, na faixa da APP de 30 metros esse mesmo uso chega a 75% do total. Nesse caso, para
cumprimento da legislação será necessário cercar a área e fazer a recuperação completa da mata
ciliar. O cercamento da área é necessário porque a presença do gado compacta o solo e promove a
degradação da APP em função da dispersão de gramíneas em seu interior, favorecendo a ocorrência
de incêndios nas épocas de seca.
A existência atual da mata ciliar dentro da faixa protegida (1,4 hectares) está restrita ao
quadrante norte, nas proximidades do vertedouro, dentro da propriedade denominada fazenda Ceci.
Na propriedade denominada fazenda Água Fria, que fica no quadrante sul da barragem, não há nem
um metro quadrado de mata ciliar, sendo necessária a recomposição total nesse lado da barragem.
Comparando com a área de estudo total (Figura 3; Tabela 1), a faixa de APP aparece com 18% de
mata ciliar, enquanto que na área total analisada esse valor não chega a 10%, o que evidencia uma
situação um pouco melhor para a faixa protegida.
Apenas meio hectare está coberto com vegetação secundária, que é uma vegetação de menor
porte e com algumas árvores espaçadas, sendo necessário realizar um trabalho de enriquecimento
dessa vegetação para que chegue ao padrão de mata ciliar.
Conforme o item II, do Artigo 3º da Lei n° 12.651/2012, as APPs são fundamentais para
preservar a água, o solo e a biodiversidade, sendo urgente a substituição dos usos inadequados da
terra pela recomposição da mata ciliar. Assim, torna-se necessário o isolamento de toda essa faixa
através de cercamento, bem como a elaboração e execução de um projeto de recomposição da mata
ciliar da barragem Água Fria I.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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ASSAD, E.; SANO, E. (Org.) Sistema de informações geográficas: Aplicações na agricultura.
Brasília: EMBRAPA-CPAC, 1993. p. 173-199.
BRASIL. Congresso Nacional. Lei n. 12.651 de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da
vegetação nativa e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília
DF, 28 maio 2012a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 18 jan. 2017.
______. Congresso Nacional. Lei n. 12.727 de 17 de outubro de 2012. Altera a Lei no 12.651, de 25
de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília DF, 18 out. 2012b. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12727.htm. Acesso em: 18 jan.
2017.
DI LAURO, A.; SILVA, E. O uso atual da terra no entorno das barragens Água Fria I e II.
Monografia (Graduação) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista,
2004.
MELLO, Flavio M. A importância dos reservatórios formados por barragens. 2013. Newsletter
CBDB. Disponível em: <http://www.cbdb.org.br/site_antigo_2013/img/47artigo. pdf>. Acesso
em: 29 mar. 2016.
RESUMO
As microalgas perifíticas são excelentes bioindicadoras da qualidade da água devido à capacidade
de acumular grandes quantidades de substâncias e nutrientes poluentes. O presente estudo teve
como objetivo determinar a composição desta comunidade e sua influência sobre aspectos
qualitativos no Reservatório Rosário localizado no Município de Lavras da Mangabeira-CE. As
coletas foram realizadas manualmente no período de fevereiro a abril de 2017, através de
espremidos e/ou raspagem de partes de macrófitas aquáticas, tais como, folhas, frutos e raízes, em
três pontos distintos do reservatório. As amostras foram acondicionadas em frascos de polietileno,
fixadas com formol a 4%, sendo posteriormente encaminhadas ao acervo do Laboratório de
Botânica da Universidade Regional do Cariri (LaB/URCA), onde foram efetuadas as etapas de
identificação e sistematização dos táxons, utilizando-se de microscópio óptico e bibliografia
especializada. A comunidade perifítica mostrou constituída de 44 táxons distribuídos em quatro
divisões: Chlorophyta (45%), Cyanobacteria (30%), Bacillariophyta (18%) e Euglenophyta (7%).
Registrou-se a predominância de Chlorophyta, com um maior número de táxons, seguida das
divisões Cyanobacteria e Bacillariophyta. Duas espécies de Cyanobacteria potencialmente tóxicas
apresentaram-se como Muito Frequente e Frequente, sendo Aphanocapsa delicatissima West & G.
S. West e Merismopedia punctata Meyen, respectivamente. No geral, a pesquisa apresentou
microalgas perifíticas com preferências ecológicas por ambientes que variam de meso a eutróficos,
sinalizando assim possíveis alterações tróficas, no reservatório em estudo.
Palavras-chave: Perifíton; Substrato natural; Abastecimento.
ABSTRACT
Periphytic microalgae are excellent bioindicators of water quality due to the ability to accumulate
large amounts of polluting substances and nutrients. The present study had as objective to determine
the composition of this community and its influence on qualitative aspects in the Rosario Reservoir
located in the Municipality of Lavras da Mangabeira-CE. The collections were carried out manually
from February to April 2017, by squeezing and / or scraping parts of aquatic macrophytes, such as
leaves, fruits and roots, at three distinct points of the reservoir. The samples were placed in
6
Laboratório de Botânica, Universidade Regional do Cariri – URCA
7
Bolsista FUNCAP
polyethylene bottles, fixed with 4% formaldehyde, and then sent to the Botanic Laboratory of the
Regional University of Cariri (LaB / URCA), where the stages of identification and systematization
of the taxa were carried out, Optic microscope and specialized bibliography. The periphytic
community was composed of 44 taxa distributed in four divisions: Chlorophyta (45%),
Cyanobacteria (30%), Bacillariophyta (18%) and Euglenophyta (7%). The predominance of
Chlorophyta, with a greater number of taxa, was registered, followed by the divisions
Cyanobacteria and Bacillariophyta. Two potentially toxic Cyanobacteria species presented as Very
Frequent and Frequent, being Aphanocapsa delicatissima West & G. S. West and Merismopedia
punctata Meyen, respectively. In general, the research presented peripheral microalgae with
ecological preferences for environments that vary from meso to eutrophic, thus signaling possible
trophic changes in the reservoir under study.
Keywords: Peripheral; Substrate; Supply.
INTRODUÇÃO
O acesso a fontes abundantes de água sempre foi essencial para o desenvolvimento das
grandes civilizações, a água não é apenas um requisito para o ser humano, sendo também de
fundamental importância para o estabelecimento da agricultura e pecuária nacional, a partir disso,
nota-se certa dependência sobre os recursos hídricos, tornando sua utilização de extrema
necessidade (LOWE; PAN, 1996). Baseando-se na perspectiva do elevado uso da água, a escassez
hídrica é uma ameaça à humanidade, visto que a disponibilidade para consumo humano é de 1% do
total da água na Terra (ESTEVES, 2011).
A precipitação pluviométrica do semiárido brasileiro é marcada pela variabilidade espaço-
temporal, que, associada aos baixos totais anuais sobre a região, resulta na frequente ocorrência de
dias sem chuva, ou seja, veranicos, e consequentemente, em eventos de ―seca‖ (COGERH, 2010).
De acordo com Marengo (2006), o semiárido brasileiro sempre foi acometido de grandes eventos de
seca, contudo, não é rara a ocorrência de grandes enchentes.
Com o objetivo de represar água e garantir sua disponibilidade, são construídas represas e
açudes para atender às necessidades da população em relação aos seus múltiplos usos (ESTEVES,
2011). Esses reservatórios são importantes porque desempenham um fator de grande potencial
econômico e social para a região. Nos períodos de estiagem os açudes desempenham a função de
agregar as atividades humanas, como irrigação, dessedentação dos animais, recreação e consumo
humano, dentre outras (ANA, 2016).
Entre as diversas comunidades biológicas que habitam os ecossistemas aquáticos,
encontram-se as microalgas que são seres microscópicos, unicelulares isoladas ou coloniais, que
vivem nos mais diversos ambientes aquáticos (rios, lagos, mares e oceanos) e realizam fotossíntese.
Dentre estas há as que crescem aderidas a algum substrato natural e/ou artificial, e que denominam-
se microalgas perifíticas, e o seu estudo tem cada vez mais ganhado destaque entre os limnólogos,
uma vez que, trata-se de uma comunidade sensível as alterações tróficas que podem ocorrer no
ambiente atuando como bioindicadoras da qualidade da água (ESKINAZI-LEÇA et. al., 1996;
POMPÊO; MOSCHINI-CARLOS, 2003).
A importância da comunidade perifítica reside por ser fonte de matéria orgânica autóctone,
constituir o principal local de deposição de carbono orgânico, atuarem na mineralização da matéria
orgânica dissolvida e na ciclagem de nutrientes (ESTEVES, 2011). Nesse sentido, estudos
envolvendo esta comunidade de organismos são relevantes em reservatórios de abastecimento
público, dando um parecer sobre a qualidade da água em ecossistemas aquáticos continentais.
Com isso, nota-se a necessidade de pesquisas relacionadas às microalgas perifíticas em
ambientes lênticos do Nordeste Brasileiro visto que nessa região são poucos os estudos dessa
natureza. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo determinar a composição dessa
comunidade ocorrente no Reservatório Rosário, localizado no Município de Lavras da Mangabeira-
CE, bem como oportunizar o conhecimento da biodiversidade, fornecendo assim informações que
podem auxiliar no gerenciamento deste sistema.
MATERIAL E METÓDOS
Área de Estudo
chuvoso compreende os meses de janeiro a abril, com pluviosidade de 866,4 mm. O relevo típico é
caracterizado por depressões sertanejas, vegetação caatinga arbustiva aberta, caatinga arbustiva
densa, floresta caducifólia espinhosa e floresta mista dicotillo-palmácea.
A construção deste reservatório mudou a história da região e trouxe desenvolvimento
econômico e social para a população, uma vez que o mesmo tem como finalidade o acúmulo hídrico
para o consumo, tanto humano quanto animal, a piscicultura, o cultivo de subsistência e alguns
projetos de irrigação para perenizar o riacho Rosário ao Rio Salgado, em Lavras da Mangabeira
(BRITO, 2014).
As coletas foram realizadas de forma manual no período de fevereiro a abril de 2017, através
de espremidos e/ou raspagem de partes de macrófitas aquáticas (raízes, folhas e frutos) em pontos
distintos do reservatório (P1: próximo à parede; P2: açude de Dão e P3: riacho de Aninga). O
material obtido foi acondicionado em frascos de polietileno, e fixado com formol a uma
concentração final de 4% (NEWELL; NEWELL, 1968), em seguida, as amostras foram
encaminhadas para o Laboratório de Botânica da Universidade Regional do Cariri (LaB/URCA).
A identificação dos táxons foi realizada com o auxílio de microscópio óptico, Motic BA310
e literaturas especializadas: Desikachary (1959), Prescott (1962), Mizuno (1983), Compère (1976),
Parra et al. (1983), Sant‘Anna (1984), Round, Crawnford e Mann (1992), Bicudo e Menezes (2006),
Sant‘anna et al. (2006), Franceschini et al. (2010).
Considerou-se a riqueza de espécies como sendo o número total de organismos registrados
por amostra, a partir do qual pode-se determinar a frequência de ocorrência dos táxons, de acordo
com a fórmula de Mateucci e Colma (1982) F= a.100/A, expressa em termos de porcentagem e
calculada levando em consideração o número de amostras em que o táxon ocorreu, em relação ao
número total das amostras coletadas, sendo os táxons enquadrados nas seguintes categorias: Muito
Frequente > 70%, Frequente > 40% ≤ 70%, Pouco Frequente > 10% ≤ 40% e Esporádica ≤10%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
7%
18%
45%
30%
variados tipos de ambientes, desde águas oligotróficas até ambientes fortemente poluídos,
possuindo várias estratégias de sobrevivência devido a sua alta diversidade.
Para Reviers (2006), as Cianobactérias, segundo grupo de maior destaque, são encontradas
em habitats extremamente variados, com espécies de água doce e marinha, perifíticas ou
planctônicas, assim como espécies subaéreas, algumas espécies podem viver em ambientes
poluídos. Em ecossistemas de água doce, são consideradas como principais fixadoras de nitrogênio
e importantes componentes de lagos e/ou reservatórios eutróficos (ARAGÃO et al., 2007;
ESTEVES, 2011). Nas florações de cianobactérias, há presença de cianotoxinas e outros compostos,
incluindo substâncias causadoras de gosto e odor (CYBIS et al., 2006).
Com relação à frequência de ocorrência, quatro táxons foram classificados como Muito
Frequente (9%): Staurastrum leptocladum Nordsted (Chlorophyta), Aphanocapsa delicatissima
West & G.S.West (Cyanobacteria), Navicula sp. e Synedra sp.2 (Bacillariophyta); quatro como
Frequentes (9%): Ankistrodesmus densus Korshikov (Chlorophyta), Merismopedia punctata Meyen
(Cyanobacteria), Cymbella sp. (Bacillariophyta) e Trachelomonas volvocinopsis Svirenko
(Euglenophyta) (Figura 3). Os demais táxons apresentaram-se durante o estudo como Pouco
Frequente (24 spp.; 55%) e Esporadicamente (12 spp.; 27%).
CONCLUSÕES
Foi possível observar uma maior riqueza de táxons da divisão Chlorophyta seguida de
Cyanobacteria, evidenciando possíveis alterações tróficas que podem está ocorrendo no
escossistema, uma vez que, a maioria das espécies registradas nesta pesquisa apresenta preferência
por ambientes que variam de meso a eutrófico, mostrando que o Reservatório Rosário pode está
perdendo a qualidade de suas águas.
Com isso, os estudos voltados ao conhecimento da biota algal perifítica são relevantes, tendo
em vista ser um parâmetro biológico que contribui como uma ferramenta de monitoramento hídrico
REFERÊNCIAS
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RESUMO
O Mercosul (bloco economico formado pela Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela) vem
passando por uma grave crise envolvendo os seus principais membros. Criado em 1991, o Mercusul
tem como objetivo primordial a livre cisculação de bens, serviços e fatores produtivos, politicas
macroeconômicas e setoriais, além da harmonização de legislações nas áreas pertinentes. A atual
crise afeta um dos seus bens naturais mais importantes, o Aquífero Guarani. O Aquífero Guarani é
uma reserva de água existente em parte do subsolo da região do Mercosul, com uma área total de
1.194.800 Km2, sendo a maior parte (70% ou 840 mil Km2) no Brasil e o restante distrubuido entre
o nordeste da Argentina, Noroeste do Uruguai e sudeste do Paraguai, constituindo a maior reserva
de água subterrânea da América do Sul. Para a realização deste trabalho, foi realizado um histórico
politico do bloco, além de levantamento das reguralizações e normativas para formulação de uma
gestão compartilhada do aquífero guarani, onde há uma eminente possibilidade de sua privatização.
Palavras-chaves: Aquífero Guarani; Mercosul; Crise Política; Privatização.
ABSTRACT
The Mercosur (economic bloc formed by Argentina, Brazil, Paraguay, Uruguay and Venezuela) has
been experiencing a serious crisis involving its main members. Created in 1991, Mercusul's primary
objective is the free disposal of goods, services and productive factors, macroeconomic and sectoral
policies, as well as the harmonization of legislation in the relevant areas. The current crisis affects
one of its most important natural assets, the Guarani Aquifer. The Guarani aquifer is a reservoir of
water existing in part of the subsoil of the Mercosur region, with a total area of 1,194,800
Km2,where the majority (70% or 840,000 Km2)is in Brazil and the rest is located between the
northeast of Argentina, Northwest of Uruguay and Southeast of Paraguay, constituting the largest
underground water reserve in South America. In order to carry out this work, a political history of
the block was carried out, as well as a survey of reguralizations and regulations to formulate a
shared management of the Guarani aquifer, where there is an eminent possibility of its privatization.
Keywords: Aquifer Guarani; Mercosul; Political Crisis; Privatization.
INTRODUÇÃO
O Aquífero Guarani é uma reserva de água doce subterrânea com mais de 1,2 milhões de
Km2. Está inserido em quatro países integrantes do bloco econômico Mercosul (Argentina, Brasil,
Paraguai e Uruguais), sendo um importante manancial de águas para o desenvolvimento da
indústria, agricultura e, dependendo da qualidade, para o consumo humano desses países.
É esperado que os países envolvidos tenham forte atuação na regulação e produção de
normas, visando a soberania compartilhada por cada estado membro, com atuações especificas em
cada parte de seu ambiente visando o bem do todo. Entretanto, os interesses sepre visam as
vantagens políticas e econômicas, ficando muito abaixo do necessário para a questão do meio
ambiente.
―Como visto a sociedade hoje é globalizada, o que acarreta problemas globalizados, cujo
interesse de solução não é apenas de um. Assim, modernamente busca-se soluções que
conciliem o conceito de soberania com as atuais necessidades de cooperação e integração
entre os Estados. ‖ (LOPES, GALVÃO & SILVA, pag. 8, 2017).
O MERCOSUL
AQUÍFERO GUARANI
O Aquífero Guarani (Figura 01) está inserido na Bacia Geológica Sedimentar do Paraná,
localizada no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, constituindo a principal reserva de água
subterrânea da América do Sul, como salienta Ribeiro (2008):
O Sistema Aqüífero Guarani está distribuído por uma área de cerca de 1.200.000 km².
Situado na porção Centro-Leste do continente sul-americano, distribui-se pelo território de
quatro países do Cone Sul, todos membros do Mercosul: Argentina, com 255 mil km2;
Paraguai, com área de 58,5 mil km2; Uruguai, onde ocupa cerca de 58,5 mil km2 e Brasil
com a maior partem sendo 840 mil km2 (RIBEIRO; pag. 227; 2008).
Pinto (2012) e Ribeiro (2008) salientam que a estrutura do aquífero Guarani é complexa e
heterogênea, onde as águas subterrâneas são controladas por formas tectônicas, pelo tipo de fundo e
por condições e forma do terreno, onde a espessura desse aquífero varia de aproximadamente 100
metros até mais de 400 metros de espessura nas áreas centrais da bacia, onde se encontram
confinadas pelos espessos derrames basálticos, cuja espessura máxima pode ultrapassar os mil
metros. É um aquífero poroso e confinado em aproximadamente 90% de sua área total, formado
principalmente por arenitos, sendo sobreposto pelo derrame basáltico, onde os estratos do trifásico
encontram-se na base do aquífero e os estratos jurássicos encontram-se no topo do aquífero.
Ribeiro (2008) revela que a água existente nas porções confinadas do Aquífero Guarani é
proveniente da infiltração da água que ocorreu há centenas ou milhares de anos nas áreas do
afloramento. Ribeiro (2008) ainda ressalta que ao longo tempo de contato entre a água e as rochas,
espera-se maior mineralização das águas à medida que se distanciam das áreas de recarga.
No âmbito do Mercosul, segundo Villar (2010), a primeira iniciativa para formular uma
gestão compartilhada em 2004, visando formular um projeto de acordo entre os países ao aquífero
Guarani, porém as atividades foram encerradas, sem a divulgação de qualquer resultado. Sendo
retomado em 2007 pelo Parlamento do Mercosul, que propôs a formação de uma comissão de
estudo, análises e comparações das legislações nacionais sobre recursos hídricos com o propósito de
recomendar aos governos nacionais modificações em seus sistemas internos e um acordo para a
gestão sustentável do aquífero, sugerindo também a criação de um Instituto regional de pesquisa e
desenvolvimento da água subterrânea e proteção de aquíferos.
Porém, ainda segundo Villar (2010), somente em 2010 o Mercosul assinou um tratado para a
gestão do aquífero Guarani, mas é considerado muito fraco, pois seu conteúdo foi pautado
prioritariamente pela soberania dos estados sobre sua porção do aquífero, faltando estratégias de
gestão conjunta, deixando a desejar.
anteriormente previstas nas respectivas constituições, sendo os seus direitos não respeitados,
alegando que se tornou uma decisão subjetiva quanto ao cumprimento de certos valores ideológicos.
E isso fez com que fosse criado um ambiente de terror e instabilidade política no Mercosul.
Na Argentina em 2015, houve o início de uma transição política, que após 12 anos se torna
um governo de extrema direita, mudando radicalmente toda a sua forma de governo e
consequentemente, atuação no Mercosul (Turrer, 2015).
Em 2016 o Brasil já enfrentava uma crise política interna, onde já ocorria investigações a
membros do governo da presidente Dilma Rousseff, que era investigado os esquemas da ―Java Jato‖
e do ―Petrolão‖. Porém, somente com as acusações de pedaladas fiscais, foi aberto o processo de
impeachment, que culminou na sua saída em agosto de 2016, mesmo sendo comprovado que não
ocorreu as pedaladas fiscais, por isto foi considerado por estudiosos e críticos como um golpe de
estado.
Segundo Sabin e Abiad (2016) diante dessa situação, a América Latina alterna entre o apoio
e o repúdio ao processo, levando a divisões internas no Mercosul. No primeiro grupo encontra-se a
Argentina, que descreveu o julgamento de Dilma como um ―processo constitucional‖, e no segundo
caso está a Venezuela, que classificou a decisão do Senado brasileiro de golpe de Estado. Enquanto
isso, o Uruguai expressou dúvidas em relação ao processo sem, no entanto, chamá-lo ―golpe‖.
Com o fim do mandato de representação do bloco do Mercosul exercido pelo Uruguai
durante 6 meses, até o final de julho de 2016, ocorreu outro imbróglio político. O sucessor imediato
seria a Venezuela, cumprindo a ordem alfabética estipulada para a rotação da presidência, porém
houve uma denúncia de descumprimento de deveres, sendo questionada a qualidade da democracia
no país e o compromisso de adesão ao bloco, sendo desconsiderado o mandato de condução e a
suspensão de sua vaga no Mercosul. A denúncia foi realizada pelo Brasil, Argentina e Paraguai,
sendo que o Uruguai preferiu se manter neutro.
O Brasil, por conter a maior parte das reservas do aquífero Guarani em seu território, vem
sendo sondado por multinacionais em cima de políticos para que o governo privatize um dos mais
importantes recursos hídricos. Relata-se que representantes de Nestlé e da Coca-Cola têm realizado
encontros reservados com autoridades do atual governo, Michel Temer, no sentido de formular
procedimentos necessários à exploração pelas empresas privadas de mananciais, principalmente no
Aquífero Guarani, em contratos de concessão para mais de 100 anos.
Daher (2016) revela, que há, segundo fontes, essa ligação entre empresas que querem
privatizar o aquífero e o presidente do Brasil, Michel Temer:
A segundo site oficial da Coca-Cola (2017), ela é composta de sedes na América do Sul nos
países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
Um fator que se torna facilitador para as negociações com o presidente do Brasil é possuir um
brasileiro a frente das operações da na América do Sul.
Com relação a Nestle, fator que vai de encontro com as afirmações das negociações da
privatização do aquífero Guarani, é que se tem intensificado nos últimos anos investimentos na
América do Sul. Em entrevista apresentada por Saco (2015), o executivo-chefe da companhia, Paul
Bulcke enfatizou que os investimentos se multiplicam na região, com novas fábricas no Brasil e no
Cone Sul de uma forma geral, o que para ele mostra uma confiança nesta parte do mundo, onde ele
visa o maior crescimento devido a potencialidade da região.
Outro fator, sendo esse muito mais enfático ao tema, é que de acordo com Samson (2016)
em 2013, o presidente da Nestlé afirma que a resposta às questões globais da água é a privatização,
onde acredita que "o acesso à água não é um direito público". Sendo essa questão totalmente
possível de relacionar ao momento atual da América do Sul que relatam a possível privatização do
aquífero Guarani.
A soberania, segundo Mello e Silva (2013), relativizada em função dos efeitos da
cooperação internacional, é também dependente, repartida e diferenciada, onde se destaca:
[...] aquilo que se encontra delineado no art. 2º da Carta da Organização das Nações Unidas
(ONU), qual seja, a igualdade soberana entre os Estados, apenas se efetiva no plano teórico,
uma vez que no plano da prática, se desmantela pela desigualdade entre os Estados e pela
prevalência de interesse dos mais fortes (MELLO & SILVA; pag. 115; 2013).
moderno está desencadeando um rompimento dessa barreira imaginária dos países, ferindo
inclusive a soberania dos Estados. ‖
Baseando em Martínez (2006), outro fator que enfraquece a segurança é que o Mercosul em
todos os seus anos de existência tem se mostrado ineficiente para coordenar medidas de proteção às
águas subterrâneas do aquífero Guarani, mesmo sendo, como foi ressaltado anteriormente,
considerado uma reserva estratégica para o desenvolvimento local e regional do bloco econômico,
onde mostra-se nesta questão ambiental um rotundo fracasso. Questão essa que facilitaria a
privatização, onde possivelmente esse aspecto será salientado, com o objetivo da privatização, de
uma falsa segurança ao bem ambiental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A América do Sul poderia estar hoje muito mais desenvolvidos se as riquezas não fossem
alvo dos ataques das grandes transnacionais da produção de alimentos, produtos de beleza, petróleo
e mineração. Porém na ausência de políticas rígidas que prezem pela soberania nacional sobre os
recursos naturais impede o desenvolvimento e a consolidação como potência econômica.
Os diplomatas Brasileiros, Argentinos e Paraguaios estão mais preocupados em tirar o poder
dos governos contrários com o objetivo de desconstruir e deslegitimar as políticas públicas da
esquerda latino-americana, do que visar a preservação do lado ambiental. O que faz uma barreira a
privatização.
A tendência é haver um isolamento do Uruguai, como ocorreu da Venezuela no Mercosul
por terem opiniões divergentes dos demais países, sendo uma prática de afronta aos governos
progressistas. A soberania absoluta, na forma clássica como descrita no direito internacional, apenas
tende a fazer com que se percam todas as prerrogativas destes países sobre o aquífero guarani,
especialmente diante de um cenário de pressão internacional, movido a grandes interesses
econômicos e políticos.
Baseado em Ribeiro (2008), que ressalta que ainda não é de conhecimento técnico todas as
estruturas, o funcionamento, a potencialidade e características hidráulicas do aquífero, despertam
muitas dúvidas e incertezas o futuro do aquífero Guarani, pode se afirmar que a privatização possa
ser um erro ao não saber a real potência do manancial por um todo.
Na visão dos autores desse trabalho a privatização do aquífero Guarani não é a melhor forma
de gerir esse bem natural que, como já foi ressaltado, não há estudos aprofundados sobre o potencial
real. Podendo ser gerido como um bem público voltado para toda a população e não somente para
multinacionais.
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RESUMO
Devido ao uso indiscriminado da água, os mananciais vêm sofrendo alterações na quantidade e
qualidade desse recurso, o que requer um monitoramento constante e efetivo para manter sua vida
útil e evitar riscos à biota. Assim, sendo os organismos fitoplanctônicos importantes bioindicadores
da qualidade hídrica, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a composição de
Cianobactérias e avaliar a sua ocorrência em um reservatório de abastecimento público, localizado
em Lavras da Mangabeira – CE. As coletas foram realizadas, mensalmente, no período de fevereiro
a abril/2017, caracterizando o período chuvoso. As amostras do fitoplâncton foram coletadas
através de arrastos superficiais com rede de plâncton (20 µm), fixadas com formol a 4%, sendo
posteriormente, transportadas para o acervo do Laboratório de Botânica-LaB da Universidade
Regional do Cariri – URCA, onde se efetuou as etapas de identificação por microscopia óptica e
bibliografia especializada. A comunidade de Cianobactérias esteve representada por nove táxons, os
quais mostraram-se distribuídos em quatro ordens e sete famílias, sendo que Chroococcales foi a
ordem que apresentou maior número de representantes (4). Quanto à avaliação da ocorrência dos
táxons, dois (2) foram categorizados como Muito Frequentes sendo, Aphanocapsa delicatissima
West & G. S. West e Merismopedia sp., ambos indicadores de ambientes com importantes
alterações tróficas. Cyanobacteria consiste em um grupo potencialmente tóxico, onde todos os seus
representantes, a princípio, são capazes de produzir algum tipo de substância tóxica, que assim
sendo, merece especial atenção nos programas de controle ambiental de ecossistemas aquáticos,
uma vez que podem ser prejudiciais tanto à biota aquática quanto à saúde humana.
Palavras-chave: Qualidade Hídrica; Composição Fitoplanctônica; Algas Azuis.
ABSTRACT
Due to the indiscriminate use of water, the springs are undergoing changes in the quantity and
quality of this resource, which requires a constant and effective monitoring to maintain its useful
life and to avoid risks to the biota. Thus, as phytoplankton organisms are important bioindicators of
water quality, the present study aimed to characterize the composition of Cyanobacteria and
evaluate their occurrence in a public supply reservoir, located in Lavras of the Mangabeira - CE.
The collections were carried out, monthly, from february to april / 2017, characterizing the rainy
season. The phytoplankton samples were collected by means of surface trawls with plankton net (20
8
Laboratório de Botânica, Universidade Regional do Cariri – URCA
9
Bolsista FUNCAP
μm), fixed with 4% formaldehyde, and then transported to the collection of the Laboratory of
Botany-LaB of the Regional University of Cariri - URCA, where it was carried out The steps of
identification by optical microscopy and specialized bibliography. The Cyanobacteria community
was represented by nine taxa, which were distributed in four orders and seven families, and
Chroococcales was the order that presented the highest number of representatives (4). As for the
evaluation of the occurrence of the taxa, two (2) were categorized as very frequent being
Aphanocapsa delicatissima West & G. S. West and Merismopedia sp., both indicators of
environments with important trophic changes. Cyanobacteria consists of a potentially toxic group,
where all its representatives are, in principle, capable of producing some type of toxic substance,
which therefore deserves special attention in the programs of environmental control of aquatic
ecosystems, since they can be harmful both aquatic biota as to human health.
Keywords: Water Quality; Phytoplankton Composition; Blue Algae.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 – Sistematização e frequência de ocorrência (F. O.) dos táxons de cianobactérias registrados no
Reservatório Rosário - Lavras da Mangabeira/CE, a partir dos pontos amostrados. Classificação: Muito
Frequente (MF), Frequente (F) e Pouco Frequente (PF).
AMOSTRAGEM (2017)
FEVEREIRO MARÇO ABRIL (%) F. O.
P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3
CYANOBACTERIA
CYANOPHYCEAE
CHROOCOCCALES
MERISMOPEDIACEAE
Aphanocapsa delicatissima West & G. S.
X X X X X X X X X 100% MF
West
Merismopedia glauca (Ehrenberg) Kützing X X X X X X X 78% MF
Merismopedia sp. X X X X X X X X 89% MF
MICROCYSTACEAE
Microcystis sp. X X X X 44% F
NOSTOCALES
NOSTOCACEAE
Nostoc sp. X 11% PF
RIVULARIACEAE
Calothrix sp. X 11% PF
OSCILLATORIALES
OSCILLATORIACEAE
Oscillatoria sp. X X X 33% PF
PHORMIDIACEAE
Phormidium sp. X 11% PF
PSEUDANABAENALES
PSEUDANABAENACEAE
Pseudanabaena catenata Lauterborn X X X X X 56% F
bem distribuído em todo o mundo, e assim como Calothrix, tem a maioria das suas espécies
ocorrendo no perifíton (BICUDO; MENEZES, 2006).
Os representantes do gênero Merismopedia são coloniais, cosmopolitas e comumente
encontrados em águas eutrofizadas nos reservatórios brasileiros. Microcystis é um gênero também
colonial de hábito planctônico, encontrado em ambientes que variam de meso ou levemente
eutróficos, sendo capazes de formarem florações nos corpos d‘água quando em condições ideais
para o seu desenvolvimento, e, portanto, há necessidade de maior atenção para a ocorrência desse
táxon, uma vez que o mesmo possui espécies capazes de produzir toxinas (BICUDO; MENEZES,
2006). Este último é conhecido por sintetizar uma hepatotoxina denominada microcistina
(CALIJURI; ALVES; SANTOS, 2006).
O gênero Pseudanabaena pode ser encontrado tanto na comunidade perifítica quanto
planctônica (BICUDO; MENEZES, 2006). E de acordo com Fernandes et al. (2009), já há registros
tóxicos para esse táxon. Com relação ao gênero Aphanocapsa, este é colonial, e ocorre em habitats
variados, mas principalmente no plâncton, estando relacionada com águas ricas em nutrientes
(REYNOLDS et al., 2002). Este último táxon é bem conhecido nos registros de toxicidade
publicados, e segundo Brasil (2015), está envolvido na produção de hepatotoxinas.
Nos trabalhos relativos às florações de Cianobactérias no Brasil, apesar de pouco
numerosos, há evidências de que essas florações estejam associadas a extensos períodos estivais,
nos quais a ausência de chuvas provoca uma alta taxa de retenção da água. Esse fenômeno natural,
associado a um balanço ideal de nutrientes e à elevação da temperatura, pode propiciar condições
favoráveis ao desenvolvimento excessivo desses organismos (JARDIM et al., 2014).
Dessa forma, o conhecimento aprofundado das características desse grupo, assim como o
entendimento da necessidade de controle de sua proliferação, são fatores que devem ser
considerados (LAPOLLI; CORAL; RECIO, 2011).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Conservação. 3ª ed. São Paulo, Escrituras, 2006.
RESUMO
A água é um elemento essencial à vida e sua escassez é um grande problema enfrentado por regiões
como o Semiárido Brasileiro. Surge, diante desse cenário, a necessidade de encontrar formas de
armazenar este recurso. Uma das alternativas para solucionar esse problema é a barragem
subterrânea, que tem a função de armazenar água no subsolo, visando captar água por meio de
processo de baixo custo e alta eficiência. O presente estudo, teve como objetivo avaliar a utilização
de mantas alternativas no barramento da água. Foram analisados, a manta sintética de geotêxtil e a
natural de fibra de Carnaúba, a fim de verificar o comportamento na retenção de água através do
estudo de permeabilidade do conjunto solo-manta. Foi realizada a visita técnica à propriedade rural
Fazenda Serra da Madalena, localizada na cidade São Francisco do Oeste - RN, onde foram
coletadas nove amostras de solos não deformadas consistindo de três tipos: solo argiloso, solo com
maior teor de matéria orgânica e solo arenoso. As amostras foram analisadas no laboratório de
Química Aplicada da UFERSA – Pau dos Ferros. O experimento de condutividade hidráulica foi o
de permeâmetro de carga variável. Verificou-se que a manta de carnaúba apresentou retenção
hídrica devido este material apresentar absorção de água, porém o comportamento da manta
sintética geotêxtil para barrar água em relação à manta natural de fibra de carnaúba foi mais
eficiente, devido ao seu arranjo estrutural. Dessa forma, o estudo foi válido para verificar o
comportamento de mantas que ainda não foram utilizadas para fins de barramento de água.
Palavras-chave: armazenamento de água, semiárido brasileiro, geotêxtil, fibra de carnaúba.
ABSTRACT
Water is an essential element of life and its scarcity is a major problem faced by regions such as the
Brazilian Semi-Arid. This scarcity impairs the coexistence of man with the rural environment, being
this resource essential for human consumption, animal and food production. This scenario presents
the need to find ways to store this resource. One of the alternatives to solve this problem is the
underground dam, which has the function of storing water underground. Aiming to capture water
through a low cost and high efficiency, the present study aimed to evaluate the use of alternative
blankets in the water bus. It was analyzed, as a synthetic blanket of geotextile and a natural blanket
of Carnauba fiber behaved in the water retention through the study of permeability of the soil-
blanket set. A technical visit was made to Fazenda Serra da Madalena farm, located in the city of
São Francisco do Oeste - RN, where nine samples of non-deformed soils were collected. The soils
collected consisted of three types: one more clayey, with higher content of organic matter and one
more sandy. These samples were analyzed together with the blankets in the Laboratory of Applied
Chemistry of UFERSA - Pau dos Ferros. The mechanism used to obtain hydraulic conductivity was
the variable load permeability experiment. As a result, a better performance of the synthetic
geotextile blanket was observed to prevent water relative to the natural blanket of carnauba fiber.
Thus, the study was valid to verify the behavior of blankets that have not yet been used for water
bush purposes, and these could serve as an alternative in water scarcity conditions. The synthetic
blanket due to its structural arrangement ensured greater efficiency.
Keywords: Storage of water, natural and synthetic blankets, semiárido brasileiro, geotextile,
carnauba fiber.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Brito et al. (2007), a eficiência de água juntamente com a escassez de
recursos hídricos no Semiárido brasileiro tem sido objeto de vários estudos realizados pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Uma dessas alternativas é a barragem
subterrânea, tecnologia de captação e armazenamento da água da chuva para produção de
alimentos.
Dessa forma, baseando-se na eficiência do seu armazenamento para o uso desta por um
longo período de tempo, o estudo se caracterizou por fazer uma comparação entre dois tipos de
mantas, geotêxtil e folha de carnaúba, destacando o bom funcionamento através da eficiência do
barramento e qual manta seria mais viável, com o propósito de amenizar o problema de escassez de
água no Semiárido Brasileiro.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo a Geo Brasil (2007), 92% do território brasileiro localiza-se na zona intertropical
com temperaturas superiores à 20ºC. Apresentando climas de características diferentes, onde o
clima equatorial, presente na região Amazônica possui períodos chuvosos com mais de 2.500
mm/ano, enquanto o clima semiárido, presente no interior da região nordeste, apresenta baixa
pluviosidade inferior a 1.000 mm/ano, com longos períodos de estiagem e média de três meses de
chuvas ao ano.
A Barragem subterrânea é uma tecnologia social bastante utilizada pelo homem do campo
para uma melhor interação com o semiárido devido os problemas de escassez de água no meio
rural. Por ser de fácil construção, baixo custo e eficaz nos processos de reter e armazenar água da
chuva. Segundo a Embrapa (apud Silva, 2008), a construção de uma barragem subterrânea consiste
na escavação de uma vala até atingir um solo impermeável, e colocado uma manta ao longo da
parede e logo em seguida a vala é fechada. Na parede da barragem é feito um sangradouro com a
função de fazer escoar o excesso de água da chuva. Essa construção é feita no leito de um rio ou
riacho ou em locais onde está propício o escoamento dessa água, visando o seu armazenamento.
A Figura 1, abaixo, ilustra a Esquematização da barragem subterrânea.
2.3 Geotêxtil
2.4 Carnaúba
Segundo Carvalho (2011), a carnaubeira é uma espécie de palmeira nativa do Brasil com
altura entre 7 e 10 metros e se encontra geralmente próximo a rios, preferindo solos argilosos e
aluviais, possuindo também uma alta capacidade de suportar o calor. De acordo com Cavalcante
(2014), no Rio Grande do Norte, mesmo durante o período de estiagem, o cultivo e a exploração da
Carnaúba oferecem possibilidades de atividades econômicas o que acaba se tornando uma
alternativa para a composição da renda familiar das comunidades rurais.
3. METODOLOGIA
Figura 2: Fluxograma
O estudo foi constituído de duas etapas principais: a primeira etapa ocorreu em campo e a
segunda em laboratório. Dessa forma, foram utilizados vários materiais e equipamentos empregados
em cada etapa.
Bandeja
Castelinho
Papel filme
Marreta
Cilindros de
PVC
Fonte: Autora, 2017. Espátula
Funil para
abastecimento
Bureta
Cilindro com a
amostra
Suporte
A coleta foi realizada na propriedade rural Fazenda Serra da Madalena, localizada na cidade
de São Francisco do Oeste - RN, onde foram retiradas as amostras de três diferentes locais
próximos á barragem, distinguindo-se entre si mediante características macroscópicas, cor, textura e
relevo.
Após a coleta do material, as amostras foram levadas para o laboratório de Química
Aplicada da UFERSA – no campus de Pau dos Ferros, onde foram colocadas numa bandeja com
água para ocorrer a saturação dos poros. A saturação ocorreu em fluxo ascendente por capilaridade,
permanecendo cerca de 24 horas. Para a análise das mantas, foi feito o ensaio da condutividade
hidráulica e analisado o quão permeável era o conjunto solo-manta em cada caso.
Então, baseado em Mello e Silva (2007), foi possível obter a condutividade hidráulica de
cada amostra coletada, por meio da utilização de um permeâmetro de carga variável, em que a
permeabilidade do conjunto solo-manta foi analisada através da medição do tempo em que a água
na bureta leva para baixar da altura inicial (h1) para a altura final (h2), utilizando-se 10 ml de água.
Desse modo foi possível obter o coeficiente de permeabilidade K, e a partir da sua
classificação, indicar a eficiência das mantas em cada amostra, comparando-as. A variação da altura
da água foi cronometrada, até que os tempos ficassem constantes, e então a condutividade
hidráulica foi determinada á partir da equação (1):
( ) (1
)
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 5: Amostras: (1) Solo argiloso; (2) Solo com teor de matéria orgânica; (3) Solo arenoso
1 2 3
Fonte: Autora, 2017.
A tabela 1 apresenta os tempos obtidos em segundos de cada amostra, utilizados para drenar
10 ml de água. Observa-se que os tempos das três amostras são baixos, porém há uma considerável
diferença da amostra 1 em relação as amostras 2 e 3. Isso se deve ao fato do solo da amostra 1 ser
característico de um solo mais argiloso, um solo mais impermeável que consequentemente dificulta
a passagem de água. Observa-se então que o tecido de TNT junto ao solo, quase não apresenta
influência para barrar a passagem de água. Na figura 6, estão os três tipos de amostras de TNT. O
Solo 2 apresentou menor tempo, possivelmente devido a presença de raízes que podem ter formado
caminho preferencial para a drenagem.
1 2 3
Segundo Silva (2016), a folha da carnaúba apresenta grande absorção de umidade após o
processo de ciclagem, mas antes desse processo a folha tem pouca molhabilidade por presença de
cera. Esperava-se então que a manta de folhas de carnaúba apresentasse uma grande retenção de
água. O que pode ter ocasionado esta alta permeabilidade da manta de Carnaúba foi a forma como a
mesma foi tecida, apresentando espaços vazios entre uma folha e outra, que formou um caminho
preferencial da água. Em comparação com a análise realizada na manta de Geotêxtil pôde-se
observar que a manta de Carnaúba obteve uma maior permeabilidade.
Comparando–se a utilização do TNT com as duas mantas, foi possível perceber que o TNT
não teve influência de permeabilidade, desta forma as características de percolação da água
observadas no TNT, foram atribuídas a cada tipo de amostra de solo. Já comparando a manta de
Geotêxtil e a manta de Carnaúba, percebeu-se que o Geotêxtil foi bem mais eficiente no quesito de
impermeabilização que a manta de Carnaúba.
Salienta-se que a maior retenção da água, pode ter ocorrido devido ao fenômeno de
Colmatação (citado anteriormente) do geotêxtil, onde as partículas do solo podem se encaixar nos
poros do geotêxtil, fazendo com que a manta possa barrar a água, consequentemente aumentando o
seu tempo de filtração.
A condutividade hidráulica do solo saturado (K) é uma medida de grande importância, pois
indica a qualidade estrutural do solo, pelo fato de estar diretamente relacionada com a geometria e a
continuidade dos poros preenchidos com água (MESQUITA & MORAES, 2004).
Desse modo, foi possível obter resultados e observações acerca dos tipos de solo e seus
comportamentos perante a utilização das mantas de Geotêxtil e folha de Carnaúba, através da
condutividade hidráulica de cada amostra, podendo comprovar todas as análises citadas
anteriormente por meio de resultados numéricos.
A Tabela 4 apresenta os valores das condutividades hidráulicas de cada amostra. Á partir
dos resultados obtidos pode-se observar que a amostra 2 (sem manta), apresenta maior
condutividade hidráulica e de acordo com a tabela 5 seu tipo de solo é Areia fina á silte grosso.
Comparando a manta de Carnaúba com a manta Geotêxtil, a amostra 2 da Manta de Carnaúba
apresenta maior condutividade, e a que apresenta menor condutividade hidráulica é a amostra 1 de
Geotêxtil. Quando os valores dos expoentes forem menores que 10 7 o solo é considerado
impermeável. Dessa forma chega-se á conclusão que neste estudo seria mais viável utilizar na
barragem subterrânea a amostra 1 com a manta de Geotêxtil, pois este é ovalor que mais se
aproxima da impermeabilidade.
solo coletado em cada localidade. E de acordo com a Tabela 5, a amostra do solo 1, foi classificada
em Areia fina a silte fofo ou silte denso a silte argiloso, e as amostras de solo 2 e 3 em areia fina a
silte fofo. Observa-se dessa forma a influência da manta de Geotêxtil para barrar a água, pois a
condutividade hidráulica com a presença dessa manta no solo 1 diminui o expoente, aumentando a
impermeabilização.
Pedregulho grosso
Pedregulho fino á areia grossa
Areia fina á silte fofo
Silte denso á silte argiloso
Argila siltosa á argila
Fonte: Adaptadas de Soil Survey Staff (1993) apud Silva et al. (2001).
Pode ser observado na Tabela 7 que a amostra do solo 2 sem manta e com a manta de
Carnaúba e a amostra 3 sem manta, foram classificadas como rápidas, portanto essas amostras são
mais permeáveis. Já a amostra do solo 1 com a manta de Geotêxtil foi considerada como Lenta, ou
seja, essa amostra é a mais impermeável.
Tabela 7: Classificação da permeabilidade do solo de acordo com a condutividade hidráulica, proposta pela
Soil Survey (1993).
Sem Manta
Hidráulica (cm/s)
Condutividade 0,02
Manta de
0,01
Carnaúba
0 Manta de
1 2 3 Geotêxtil
Número de amostras Rápida
No Gráfico 1 observa-se que houve uma maior condutividade hidráulica no experimento que
não utilizou nenhuma manta. Dentre as amostras analisadas a amostra de número 2 obteve um
maior coeficiente de condutividade hidráulica. De acordo com os resultados obtidos o uso da manta
de geotêxtil se mostrou mais eficiente do que a manta de carnaúba e do que a não utilização de
manta. A amostra de número 1 utilizado no experimento com manta de geotêxtil apresentou o
menor coeficiente de condutividade hidráulica. Isso ocorre, devido as partículas apresentarem maior
coesão e menos poros com relação aos outros tipos de solo analisados. O gráfico ainda apresenta a
classificação quanto a permeabilidade de acordo com a Tabela 6. As amostras que se encontraram
acima da linha tracejada são classificadas como um solo que tem uma permeabilidade rápida, ou
seja, com elevada permeabilidade. A amostra que está situada entre as linhas tracejadas que é o solo
da amostra de número 2 com manta de geotêxtil é classificado com uma permeabilidade moderada a
rápida de acordo com a Tabela 6.
5. CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos nesse estudo, foi possível determinar os valores de
condutividade hidráulica de cada amostra. Concluiu-se que entre os três tipos de solos analisados,
seriam viáveis à construção de uma barragem subterrânea com o tipo de solo coletado da amostra 1
(silte), por ter se aproximado mais do quesito impermeabilização da água, em relação aos outros
dois tipos.
A Carnaúba apresentou boa retenção de água, porém não em quantidade significativa para
este estudo, isto pode ter sido ocasionado pelos arranjos dos poros presentes na manta, advindos da
tecelagem manual destas fibras.
6. REFERÊNCIAS
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GEO BRASIL: Recursos Hídricos. Brasília: Agência Nacional das Águas, jan. 2017. Anual.
RESUMO
A água é um recurso essencial a vida, além de ser um fator indispensável para o desenvolvimento e
sobrevivência do ser humano. Tal importância, faz com que a água possua um alto valor
socioeconômico, ambiental e cultural. O Brasil é detentor de grande potencial hídrico, mas mesmo
possuindo enorme quantidade de água em seu território possui sérios problemas de gerenciamento
dos seus recursos, o que faz com que a água não seja bem aproveitada, causando assim grandes
problemas socioeconômicos e ambientais. Pensando nisso, com o objetivo de reduzir o desperdício
e o alto custo financeiro referentes ao consumo de água no Campus I, foi elaborado um modelo de
gestão e monitoramento dos recursos hídricos nesta instituição, na qual considera principalmente
duas variáveis relacionadas ao uso da água, os problemas de manutenção dos aparelhos
hidrosanitários e agilidade na resolução dos problemas. Para tal, são indicadas ações que visam o
monitoramento do consumo, a manutenção dos aparelhos que apresentam vazamento e a indicação
de substituição destes, além de práticas que visam a educação ambiental, para que com isso se possa
promover uma gestão completa que vise a interação entre todos os envolvidos. Assim, a execução
deste modelo de forma contínua possibilitará, que dentro de alguns anos ocorra uma brusca redução
das perdas de água na instituição, assim como melhoramento do modelo de gestão atuante.
Palavras-chave: Recursos Hídricos, Consumo, Aparelhos Hidrosanitários e Manutenção .
ABSTRACT
The water is an essential resource for life, besides being an indispensable component for the
development and survival of the human beings. Such importance makes the water an owner of a
high socioeconomic, environmental and cultural value. As we know Brazil is a holder of a great
water potential, but even holding this enormous amount of water in it‘s territory it does have serious
management problems related to it‘s resource, which makes the a water not well used, thereby
causing huge socioeconomic and environmental problems. Thinking about this and in order to
reduce the waste and the high costs that refers to the consumption of water in the campus, it was
elaborated a model of management and monitoring of the water resource in the institution, which
mainly considers two variables related to water use, maintenance problems of the hydrosanitary
equipment and the agility in the solution of the problems. For this purpose, there are indicated
actions that aim the monitoring of consumption, maintenance of the equipment that presents water
leakage and the indication for it substitution, besides practices that aim the environmental education
for the contribution n order to promote a complete management that aim the interaction between all
involved. Therefore, the execution of this model in a continuous way will enable that in a few years
occurs a huge reduction in water losses in the institution, so improving the actual model.
Keywords: Water Resource, Consumption, Hydrosanitary Equipment and Maintenance.
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 235
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
INTRODUÇÃO
Segundo (Araújo, 2013), a água para consumo humano provém essencialmente de duas
fontes: água superficial e água subterrânea. Para fazer face à irregularidade e imprevisibilidade é
necessário dispor destas fontes (aquíferos subterrâneos, lagos, albufeiras , etc.) gerindo-os com
precaução.
Das diversas formas existentes para o uso da água estão entre as principais, geração de
energia elétrica, produção e processamento de alimentos, processos industriais, higienização,
consumo humano e a dessedentação de animais. Além de que, assim como os seres humanos, todas
as outras formas de vida dependem da água para sua sobrevivência.
No entanto, pelas suas mais diversas potencialidades de uso, a água passou a ser um recurso
escasso. As demandas de uso para as mais diversas finalidades, a partir do século XX, passaram a
ter um aumento significativo em relação à disponibilidade (VILLIERS, 2002).
Dessa forma, o controle e a gestão dos recursos hídricos é de extrema importância para a
manutenção da sua contínua disponibilidade, visto que, a água doce em determinadas regiões, está
praticamente indisponível, seja por motivos de quantidade ou de qualidade. Desta forma, os
recursos hídricos necessitam de uma gestão eficiente no intuito de se evitar a escassez, visto que a
água é um bem indispensável a vida.
Cunha (2000) fala que a água doce é um recurso que vem se tornando cada vez mais
escasso. Sendo que em alguns países a falta desse recurso já atinge fortemente a população.
O Brasil, é o quinto maior país do mundo, e é detentor de grande concentração hídrica além
de possuir em seu território o maior rio do mundo, o Rio Amazonas, e uma das maiores lagoas do
planeta, a Lagoa dos Patos. Porém, ainda assim sofre em algumas épocas e regiões com a falta
d‘água por conta da má gestão e distribuição ou pela má qualidade da água.
Diante desse problema, que é recorrente em várias partes do mundo, faz-se necessário o
desenvolvimento de novas práticas de gestão hídrica visando a redução das perdas, uso sustentável
e controle de suas vazões. Pois só assim será possível que se faça o uso desse recurso de maneira
eficaz e duradoura, afim de que se possa utilizar a água disponível de maneira socialmente
responsável, economicamente viável e ecologicamente sustentável.
A sustentabilidade e o uso racional dos recursos naturais é um tema que está em crescente
discussão e tem sido foco de trabalho em muitas instituições (CAMPOS & RAMOS, 2014).
A utilização racional e a conservação da água doce deverá se tornar cada vez mais
importante e, daqui a alguns anos a sua falta será fator decisivo para a continuidade do
funcionamento de várias empresas (CUNHA, 2000).
Vaz (2010) afirma que a Gestão Ambiental vem ganhando um espaço crescente no meio
empresarial. O desenvolvimento da consciência ecológica, em diferentes camadas e setores da
sociedade mundial, acaba por envolver também, o setor da educação e da saúde.
A Universidade Federal da Paraíba – Campus I, apresenta grande extensão territorial, e
consequentemente possui uma extensa malha hidráulica e intensivo uso dos aparelhos
hidrosanitários, tubulações etc., este uso frequente junto a falta de monitoramento acarreta em
grandes perdas hídricas relacionados a vazamentos ou quebra de aparelhos.
Então, diante deste problemas, o presente trabalho teve como objetivo realizar o
monitoramento do consumo de água no Campus I da UFPB, no intuito de corrigir os pontos de
desperdício de forma mais rápida, minimizando assim os custos financeiros e ambientais causados
pelo desperdício, assim como a conscientização para o uso adequado desse recurso.
METODOLOGIA
O Campus I da UFPB ocupa uma área de 185.614,3 m2, e devido sua extensão, possui
grande potencial hídrico, assim como uma alta demanda deste recurso pelos usuários que todos os
dias passam pela universidade, são eles, servidores técnico-administrativos, profissionais
terceirizados de diversas áreas da manutenção, alunos, professores e visitantes que utilizam a água
do campus para fins diversos, como higiene pessoal e consumo.
Com isso para realizar o monitoramento e assim criar um modelo de gestão hídrica no
campus I da UFPB foi necessária a analise de uso e ocupação de toda sua área edificada, fazendo
assim um mapeamento de todas as edificações. Esse mapeamento foi feito a partir de softwares de
geoprocessamento utilizando uma imagem de satélite da área total do campus. Como mostra a
figura a seguir um exemplo de mapeamento da Central de Aulas.
Após o mapeamento vem o processo de coleta de dados para abastecer o Banco de Dados
Espacial que relaciona dados de texto e numéricos a posição geográfica de cada prédio. Esse Banco
de Dados (BDE) contém os dados referentes a tipo de uso de todos os ambientes dos prédios de
cada centro dando enfoque na quantidade, tipo e uso de aparelhos hidrosanitários para assim poder
criar o modelo de gerenciamento baseado na localização de cada aparelho. Os dados são então
dispostos em uma tabela no software de geoprocessamento, chamada de tabela de atributos, e assim
ficam disponíveis para utilização referente a gestão do uso de água do campus I.
Como a Universidade Federal da Paraíba é subdividida em centros o processo de
mapeamento foi iniciado pelo Centro de Tecnologia (CT) e sucessivamente os centros adjacentes
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 238
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
foram sendo mapeados. Em totalidade até o momento existem 4 centros já mapeados, incluindo o
CT, e com o Banco de Dados Espacial abastecidos, são eles: Centro de Ciências Jurídicas(CCJ),
Central de Aulas(CA) e Centro de Ciências Sociais Aplicadas(CCSA). Com isso faz-se possível o
entendimento estrutural de cada centro e assim contribui para a rapidez no acesso georeferenciados
dos dados hidrosanitários.
Com a área mapeada e todos os dados dispostos no software foi utilizada uma ferramenta
online que possibilita o acesso imediato da informação referente aos aparelhos hidrosanitários dos
centros, essa ferramenta é o ―Google Engine Lites‖. Com a ferramenta é possível gerenciar os
chamados de manutenção de vazamentos e problemas com os aparelhos hidrosanitários fazendo
com que a equipe de reparos tenha um acesso rápido e fácil a informação.
Já em relação ao monitoramento de consumo e diagnostico de períodos de pico foram
utilizados dados das contas da CAGEPA disponibilizados pela Prefeitura Universitária. Com o
acesso a esses dados foi possível ver a relação entre consumo e falhas no gerenciamento de água no
campus I e assim junto com o Banco de Dados Espacial proporciona melhor entendimento do
recurso.
RESULTADOS
10
Dados retirados das contas da empresa de abastecimento do estado da Paraíba (CAGEPA) dos anos 2014, 2015 e
2016. Fornecidos pela administração de instituição de ensino.
O BDE contribui para que a gestão tenha acesso as informações necessárias para realizar a
manutenção dos aparelhos defeituosos. Assim, de forma dinâmica e rápida qualquer usuário pode
vir a identificar o defeito de algum aparelho e/ou vazamento, identificar pelo banco de dados sua
localização, e por meio de um formulário online de registro de vazamentos (Fig. 4), é possível que
qualquer membro da comunidade acadêmica denuncie problemas hídricos no Campus, onde através
desse registro os responsáveis pela manutenção tem acesso de maneira imediata a tal informação,
agilizando assim o processo de identificação do problema, localização e resolução do sinistro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implantação desta gestão hídrica gera importantes impactos positivos, não só para a
comunidade acadêmica, mas também para o meio ambiente, além de trazer à tona a importância em
se conservar o recurso hídrico.
Várias são as dificuldades para se aplicar um projeto de gestão de recursos hídricos em uma
instituição com o porte do Campus I da Universidade Federal da Paraíba, visto o número elevado de
usuários. Mas, o maior desafio está na gestão de pessoas, principalmente da equipe responsável pela
manutenção do Campus I que é terceirizada, ocorrendo grade rotatividade dos funcionários,
acarretando em sérios problemas em todo processo.
Mesmo diante das dificuldades, a proposta mostrou resultados satisfatórios em relação a
aplicação de medidas de educação ambiental e em relação a redução gradativa do consumo e dos
custos financeiros do uso de água.
Assim, este modelo de gestão está embasado nos pilares da sustentabilidade, onde a água
passará a ser usada de maneira socialmente responsável, economicamente viável e ecologicamente
sustentável.
A gestão proposta é pioneira dentro do Campus I da UFPB, desta forma ainda está em
processo de aprimoramento e implantação.
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RESUMO
O trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a qualidade da água subterrânea e a intrusão
salina na Bacia Hidrográfica do Rio Paciência na Ilha do Maranhão. Foram analisadas as águas
subterrâneas de 39 (trinta e nove) poços tubulares, sendo 11 (onze) poços tubulares pertencentes ao
Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) e 28 (vinte oito) poços tubulares particulares. Estas
águas são utilizadas para consumo humano. As análises físico-químicas foram analisadas com base
na Portaria MS Nº 2914/2011, Resolução CONAMA nº 396/2008, dentre outras normas. Os teores
de ferro, salinidade, cor, turbidez e magnésio apresentaram valores acima dos preconizados nas
referidas normas de referência. Os parâmetros de cloreto, dureza total, sólidos totais dissolvidos e
cálcio obtidos apresentam-se dentro dos princípios preconizados. A relação Mg/Ca é uma razão
iônica indicadora da presença da cunha salina sendo detectado um índice de (2,5) no poço tubular
P-9, indicando a água salobra. Através dos mapas de tendência foi possível observar que os maiores
índices de condutividade elétrica e os de salinidade se apresentam principalmente nas áreas
próximas ao contato com a orla marinha na porção inferior e os maiores valores de nível estático
estão na porção do médio curso da bacia. A água doce de boa qualidade promove a saúde da
população, por esse motivo é necessário um monitoramento eficaz na qualidade da água utilizada
para abastecimento público. Ressalta-se a necessidade da implantação de políticas públicas na área
da Bacia do Rio Paciência e um maior controle sanitário nas diversas atividades de saneamento que
compõem desde da extração da água, distribuição e abastecimento público com água de qualidade,
além de ações preventivas em relação a entrada da cunha salina.
Palavras chaves: Água Subterrânea. Qualidade da água. Cunha Salina. Bacia Hidrográfica. Rio
Paciência.
ABSTRACT
The work was carried out with the objective of evaluating the groundwater quality and saline
intrusion in the Paciência River Basin. The groundwater of 39 (thirty-nine) tubular wells was
analyzed, of which 11 (eleven) were tubular wells belonging to the Serviço Autônomo de Água e
Esgoto (SAAE) and 28 (twenty eight) private tubular wells that are used for human consumption.
The physicochemical analyzes were analyzed based on MS Ordinance No. 2914/2011, CONAMA
Resolution No. 396/2008, among other standards. The iron, salinity, color, turbidity and magnesium
contents presented values above those recommended in the mentioned reference standards. The
parameters of chloride, total hardness, total dissolved solids, dissolved oxygen and calcium
obtained are within the recommended principles. Samples of below-average pH are not considered a
negative factor because the results are termed transient to groundwater. The Mg / Ca ratio is an
ionic ratio indicating the presence of the salt wedge and an index of (2.5) is detected in the P-9
tubular well, indicating the brackish water. Through the maps, it was possible to observe that the
highest indices of electrical conductivity and those of salinity are present mainly in the areas near
the contact with the marine border (lower portion), while the highest values of static level are in the
middle portion of the basin. Good quality fresh water promotes the health of the population, so
effective monitoring of the quality of water used for public supply is necessary. The need to
implement public policies in the area of the Patient River Basin and greater sanitary control in the
various sanitation activities that compose from the extraction of water, distribution and public
supply with quality water, as well as preventive actions regarding the entrance of the salt wedge.
Keywords: Subterranean water. Water quality. Salt wedge. Hydrographic Basin. River Paciência
River.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
A Bacia Hidrográfica do Rio Paciência com uma área de 145,7 Km², padrão dendrítico e de
4ª ordem, e situa-se nos municípios de São Luís, São José de Ribamar e Paço do Lumiar na porção
central da Ilha do Maranhão, entre as coordenadas Universal Transversa de Mercator – Projeção
UTMs, fuso 23S; 9690000/9730000 mS e 560000/610000 mE (Figura 01). O acesso pode ser
realizado pelas vias terrestres MA-201 e MA-203, e via marítima através de pequenos portos ao
longo da desembocadura do rio principal.
Figura 1: Mapa de Localização da Bacia do Rio Paciência – MA. Fonte: RIBEIRO, 2017.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A poluição das águas têm sido um problema para a sociedade, e as formas de poluição são
variadas, de princípio natural ou como consequência das atividades humanas. E a qualidade da água
afeta de forma direta ou indireta a saúde ou bem‐estar do homem, por isso vale ressaltar a
importância deste estudo.
As análises físico‐químicas das águas subterrâneas de 11 (onze) poços tubulares do SAAE
(15/08/16 – maré baixa) (P – 29, P – 20, P – 21, P – 23, P – 54, P – 26, P – 07, P – 08, P – 09, P –
10 e P – 11) e as 5 (cinco) de poços tubulares particulares (AP1 – 13, AP2 – 18, AP3 – 19, AP4 –
23 e AP5 - 21) (01/07/17 – maré em preamar) presentes na Bacia do Rio Paciência indicaram os
seguintes resultados (Tabela 01) e as análises físicas das águas subterrâneas de 23 (vinte e três)
poços tubulares particulares (17/06/17 – maré alta, 26/06/17- maré alta, 01/07/17- maré em
preamar) presentes na Bacia do Rio Paciência indicaram os seguintes resultados (Tabela 02).
Tabela 04: Análises físico‐química das amostras de água subterrânea da Bacia do Rio Paciência – MA,
2016/17. Fonte: Dados da pesquisa, 2016/17.
Tabela 02: Análises físico‐química das amostras de água subterrânea da Bacia do Rio Paciência – MA,
2016/17. Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
seco e a subsequente dissolução dos mesmos no período chuvoso durante a recarga do Aquífero
Barreiras, este por sua vez possui suas águas cloretadas.
Os poços P-7 e P-10 apresentaram valores superiores (0,439 e 0,479) ao permitido pela
Resolução MS Nº 2914/2011, sendo de 0,3 mg/L na água. Estes valores estão associados à
contaminação natural proveniente da Formação Barreiras e Formação Itapecuru presente no
substrato geológico da bacia. Segundo Delvin, et al (1998), essas altas concentrações de ferro nas
águas subterrâneas para consumo humano provocam o acúmulo de ferro no fígado, no pâncreas e no
coração, podendo levar à cirrose e tumores hepáticos, diabetes e insuficiência cardíaca. As águas
com elevada presença de ferro contribuem para gerar quantidades excessivas de radicais livres que
atacam as moléculas celulares, aumentando o número de moléculas potencialmente carcinogênicas
(MAHAN, 2000).
A condutividade elétrica se refere à capacidade que uma solução aquosa possui em conduzir
corrente elétrica. Esta capacidade depende basicamente da presença de íons, da concentração total,
mobilidade, valência, concentrações relativas e medidas de temperatura. Soluções da maior parte
dos ácidos, bases e sais inorgânicos são relativamente boas condutoras. Já as moléculas de
compostos orgânicos que não dissociam em solução aquosa, em sua maioria, conduzem pouca
corrente elétrica. A condutividade é medida por condutivímetro e é expressa em μS cm-1 ou mS
cm-1. As aplicações práticas para a tomada da medida da condutividade são: indicação do grau de
mineralização da água e indicação rápida de variações nas concentrações de minerais dissolvidos
(CLESCERI et al, 1998).
Algumas faixas de condutividade elétrica (uS/cm): água deionizada 0,5-3, pura água da
chuva <15, rios de água doce 0-800, água do rio marginal 800-1600, água salobra 1600-4800, Água
salina > 4.800, água do mar 51.500, águas industriais 100-10.000 (Ag Solve Monitoramento
Ambiental, 2013). As condutividades elétricas das águas subterrâneas dos poços indicaram valores
de 43,6 a 747 uS/cm. O poço P-54 apresentou valor anômalo de 747uS/cm, indicando alta
salinidade. Este poço tubular encontra-se na margem direita do Rio Paciência e a aproximadamente
6 km da foz em linha reta.
Na análise do pH os resultados variaram de 04.05 a 7,63 sendo os padrões de
permissibilidade para o parâmetro pH varia em torno de 5,5 e 8,5. Todavia, as amostragens abaixo
da média não são consideradas fator negativo, pois os resultados são designados transitórios para as
águas subterrâneas. Esses baixos valores de pH também foram encontrados e discutidos por Pereira
et al, (2004) no qual confirma que o pH médio do Aquífero Barreiras está em torno de 4,6 e as suas
recargas são provenientes de chuvas regionais. Rodrigues et al (1994) quando trata do Aquífero
Barreiras, esclarece que na sua grande maioria as análises apresentaram valores de pH extrapolando
Figura 02: Mapa de isolinhas de condutividade elétrica da porção média e inferior da Bacia Hidrográfica do
Rio Paciência – MA. Fonte: RIBEIRO, 2017.
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 250
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
Figura 03: Mapa de isolinhas de salinidade da porção média e inferior da Bacia Hidrográfica do Rio
Paciência – MA. Fonte: RIBEIRO, 2017.
Figura 04: Mapa de NE da porção média e inferior da Bacia Hidrográfica do Rio Paciência – MA. Fonte:
RIBEIRO, 2017.
―Nível Estático (NE) é a profundidade do nível da água dentro do poço, quando não está em
bombeamento por um bom período de tempo. Medido geralmente em metros (m) em relação à boca
do poço‖ (CPRM, 1998, p. 7).
Os valores de potencial de oxidação/redução nos poços variam de +102.3 a +743.7 mV
indicando um ambiente de médio a fortemente oxidante, as condições de um rio não poluído são
fracamente oxidantes. A resolução Nº 396 CONAMA (BRASIL, 2008) não define limite de
temperatura para o consumo humano. Os valores variam de 25 a 33.60 ºC. Segundo a portaria MS
Nº 2914/2011 a cor aparente deve possui o padrão de 15 uH, e nos poços os valores variam de 0 a
27 uH.
Chachadi e Lobo Ferreira (2001) recomendam a utilização da razão Cl-/[HCO3- + CO32] ou
a razão iônica entre o cálcio e o magnésio (rMg+2/rCa+2) fornece uma imediata indicação do
fenômeno da intrusão salina. Os valores mais elevados desta razão estão associados ao acréscimo
dos teores de cloretos. Esta razão possui um valor compreendido entre 0,3 e 1,5 em águas doces, e
da ordem de 5, para a água do mar. As concentrações do íon cálcio variaram de 3,01 a 52,26 mg/L,
as do íon magnésio de 8,04 a 77,80 mg/L. De acordo com a Resolução RDC nº 274, de 22 de
setembro de 2005 da ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, não deve exceder, em
100 ml, os limites máximos estabelecidos para: Cálcio: 25 mg/l e Magnésio: 6,5 mg/l.
Segundo Custódio e Llamas (1976), a Dureza Total (DT) é o conteúdo total em cálcio e
magnésio e a Dureza Temporária só é a quantidade total de cálcio e magnésio associados ao
bicarbonato e carbonato. De acordo com a classificação de Dureza Total destes autores, águas das
fontes das regiões de filitos e quartzitos são brandas, e as águas das fontes das regiões carbonáticas
são moderadamente duras a muito duras. Os valores de dureza total variaram de 10,05 a 123,68
mg/L, e encontram-se dentro dos padrões da Portaria MS Nº 2914/2011 que é de 500 mg/.
Na porção média e inferior do curso da bacia hidrográfica do Rio Paciência indicou que o
fenômeno da intrusão salina, conforme as razões Mg/Ca está afetando as águas subterrâneas do P-9
(2,5), indicando a água salobra. Destaca-se que os poços tubulares situados na margem esquerda do
Rio Paciência P-20, P-21, P-54, AP1/P-13, AP2/P-18, AP4/P-23 e pela margem direita P- 26,
apresentaram razões Mg/Ca entre 0,61 a 0,78, indicando um certo risco a ser atingida pela cunha
salina (Tabela 03 e Figura 05).
Tabela 03: Mg/Ca dos poços da Bacia do Rio Paciência-MA, 2016/17. Fonte: Dados da pesquisa, 2016/17.
Figura 05: Mapa de amostragem de água subterrânea da Bacia Hidrográfica do Rio Paciência – MA. Fonte:
RIBEIRO, 2017.
CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
A água doce de boa qualidade promove a saúde da população, por esse motivo são
necessários cuidados especiais no saneamento básico nas áreas das bacias hidrográfica,
consideradas como áreas de planejamento territorial. A água subterrânea dos poços tubulares da
porção média e inferior da bacia do Rio Paciência apresentaram as seguintes características físico-
químicas:
Os teores de ferro, salinidade, cor, turbidez e magnésio apresentaram valores acima dos
preconizados nas referidas normas de referência. Os parâmetros de cloreto, dureza total, sólidos
totais dissolvidos, oxigênio dissolvido e cálcio obtidos apresentam-se dentro dos princípios
preconizados. As amostragens de pH abaixo da média não são consideradas fator negativo, pois os
resultados são designados transitórios para as águas subterrâneas. O poço P-54 apresentou valor
anômalo de 747uS/cm, indicando alta salinidade. Este poço tubular encontra-se na margem direita
do Rio Paciência e a aproximadamente 6 km da foz em linha reta.
Através dos mapas de tendência foi possível observar que os maiores índices de
condutividade elétrica e os de salinidade se apresentam principalmente nas áreas próximas ao
contato com a orla marinha na porção inferior e os maiores valores de nível estático estão na porção
do médio curso da bacia. Na porção média e inferior do curso da bacia hidrográfica do Rio
Paciência indicou que o fenômeno da intrusão salina, conforme as razões Mg/Ca está afetando as
águas subterrâneas do P-9 (2,5) indicando a água salobra. Destaca-se que os poços tubulares P-20,
P-21, P-54, AP1/P-13, AP2/P-18, AP4/P-23 situados na margem esquerda do Rio Paciência e pela
margem direita P-26, apresentaram razões Mg/Ca entre 0,61 a 0,78, indicando um certo risco a ser
atingida pela cunha salina.
Recomenda-se a implantação de políticas públicas e ressalta-se a necessidade urgente do
controle da potabilidade das águas subterrâneas pelos gestores responsáveis, pois essas águas
subterrâneas dos poços tubulares analisados são utilizadas para consumo humano pela população
residente na área da bacia hidrográfica do Rio Paciência e que correm risco de serem contaminadas
pelo risco da entrada da cunha salina.
REFERÊNCIAS
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CLESCERI, L. S.; GREENBERG, A. E.; EATON, A. D. Standard methods for the examination of
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DELVIN T. M. et al. Manual de Bioquímica com correlações clínicas. 4.ed., São Paulo: Edgard:
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TUCCI, C.E.M. (Org.) Hidrologia: ciência e aplicação. 2.ed. Porto Alegre: Editora da
Universidade: ABRH, 1997.(Coleção ABRH de Recursos Hídricos; v.4).
RESUMO
A gestão de bacias hidrográficas é um instrumento importante para a manutenção da qualidade e
quantidade dos recursos hídricos de uma região. O presente estudo tem como objetivo caracterizar
morfometricamente e avaliar o efeito da espacialização da precipitação na bacia hidrográfica do Rio
Acará. Para isso gerou-se o Modelo Digital de Elevação Hidrologicamente Consistente (MDEHC)
através do uso do software ArcGIS 10.3/ArcMAP® do ESRI. A partir do MDEHC foram
calculados alguns parâmetros morfométricos e realizada a espacialização da precipitação pelo
método IDW para o estudo do comportamento hidrológico. A área de drenagem encontrada foi de
138,55 Km² e o perímetro de 70,97 Km. A bacia do Rio Acará apresentou altitude média de 624 m,
maior parte do terreno na classe de declividade de 20 a 45%, coeficiente de compacidade de 1,69,
fator de forma de 0,44, índice de circularidade de 0,34 e densidade de drenagem de 0,72 Km/Km².
A bacia possui forma irregular, baixa possibilidade de ocorrência de enchentes em condições
normais de precipitação e densidade de drenagem baixa. A espacialização da precipitação indicou
valores de precipitação mínima de 866,75 mm, máxima de 888,81 mm e média de 874,36 mm,
indicando que existe pouca variação média anual da lâmina precipitada na região da bacia
hidrográfica do Rio Acará.
Palavras-chave: geoprocessamento, morfometria, recursos hídricos
ABSTRACT
Watershed management is an important tool for maintaining the quality and quantity of water
resources in a region. The present study aimed to characterize morphometrically and to evaluate the
effect of precipitation spatialization on the Acará River watershed. In order to do so, a
Hydrologically Consistent Digital Elevation Model (MDEHC) was generated using the ESRI's
ArcGIS 10.3 / ArcMAP® software. From the MDEHC, some morphometric parameters were
calculated and the precipitation spatialization was performed by the IDW method to study the
hydrological behavior. The drainage area was 138.55 km² and the perimeter was 70.97 km. The
Acará River watershed had a mean elevation of 624 m, most of the terrain in the slope class from
20% to 45%, a compactness coefficient of 1.69, a shape factor of 0.44, a roundness index of 0.34,
and a drainage density of 0.72 Km / Km². The watershed has an irregular shape, low possibility of
flooding under normal precipitation conditions and low drainage density. The precipitation
spatialization indicated minimum precipitation value of 888.75 mm, maximum value of 888.81 mm
and mean value of 874.36 mm, indicating that there is little average annual variation of the
precipitated leaf in the Acará River watershed region.
Keywords: geoprocessing, morphometry, water resources
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
Mercator (UTM), está contida na zona 24, localizada na região sudoeste do estado da Bahia. O Rio
Acará nasce no município de Nova Canaã e deságua no Rio Catolé Grande na altura no município
de Caatiba.
A classificação climática para a região segundo Köppen é o tropical com estação seca de
inverno (Aw) apresentando inverno seco e verão chuvoso. Segundo os mapas climatológicos do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), para um período entre 1961 a 2009, o mês de
fevereiro apresentou as temperaturas mais elevadas, 21°C, enquanto no mês de julho foram
observadas as menores temperaturas, 18°C. Com relação à precipitação, o mês de dezembro
apresenta os maiores índices de pluviosidade, com 132 mm, enquanto que no mês de agosto esse
valor não ultrapassou 17 mm.
De acordo com a Embrapa Solos (2006), há predominância de solos do tipo latossolo
vermelho amarelo, podzólico vermelho amarelo e brunizem vermelhado, caracterizando ambientes
bem drenados, muito intemperizados e com pequena reserva de nutrientes para as plantas.
A região está inserida no bioma da Caatinga, cuja classificação fitogeográfica é Savana-
Estépica (VELLOSO et al,. 1991) com imensa diversidade em sua paisagem, possibilitando a
distinção dos ecossistemas baseada nas diferenças de pluviometria, fertilidade e tipo de solos e
relevo.
A caracterização morfométrica da bacia foi iniciada com a obtenção do MDEHC a partir das
imagens SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), com resolução 30 x 30 m, SD-24Y-A, SD-
24Y-B, SD-24Y-C e SD-24Y-D disponível em MIRANDA et. al. (2017). Após a obtenção das
imagens realizou-se o pré-processamento dos dados digitais de elevação e drenagem no software
ArcGIS 10.3/ArcMAP® produzido pela ESRI - Environmental Systems Research Institute.
Para a geração do modelo digital de elevação, os softwares que realizam esses
processamentos necessitam que os dados digitais de entrada possuam qualidade e estrutura
aceitáveis. Dessa forma, realizou-se o preenchimento das depressões espúrias, foi definida a direção
do escoamento e do fluxo acumulado, em ambiente de SIG. Posteriormente foram realizados
procedimentos para a geração de arquivos individuais contendo somente os limites da bacia,
condicionando o MDE à hidrografia, assim como diversos processamentos para a obtenção de um
modelo digital de elevação hidrologicamente condicionado.
Sendo: F o fator de forma, A a área de drenagem (km²) e L o comprimento axial da bacia (km).
O índice de circularidade (IC) tende para unidade à medida que a bacia aproxima-se do
formato de um círculo e quanto mais alongada for a bacia menor será o valor do índice de
circularidade. Ele foi calculado pela equação:
O sistema de drenagem da bacia é formado pelo rio principal e seus tributários. Seu estudo
indica a maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica. A densidade de
drenagem (Dd) é uma boa indicação do grau de desenvolvimento de um sistema de drenagem.
Expressa a relação entre o comprimento total dos cursos d‘água (sejam eles efêmeros, intermitentes
ou perenes) de uma bacia e a sua área total. O seu valor foi determinado através da equação:
Dd (km/km²) Denominação
< 0,50 Baixa
0,50 – 2,00 Mediana
2,01 – 3,50 Alta
> 3,50 Muito Alta
Tabela 1. Classificação da densidade de drenagem (Dd) de uma bacia (BELTRAME, 1994)
Espacialização da Precipitação
Sendo: Ym = precipitação média do posto que apresenta falha, mm; X1, X2, X3 = precipitação do mês dos
postos vizinhos, mm; e Xm1, Xm2, Xm3 = precipitação média das 3 estações vizinhas, mm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Características Geométricas
Área de drenagem (Km²) 138,55
Perímetro (Km) 70,97
Comprimento axial da bacia (Km) 17,72
Coeficiente de compacidade – Kc 1,69
Fator de forma – F 0,44
Índice de circularidade – IC 0,34
Características do Relevo
Altitude máxima (m) 962
Altitude média (m) 624
Altitude mínima (m) 285
Características da Rede de Drenagem
Comprimento Total de todos os canais (Km) 99,92
Comprimento do canal principal (Km) 26,45
Densidade de drenagem (Km/Km²) 0,72
Ordem 4
Tabela 3 – Características da bacia hidrográfica do Rio Acará, BA, 2017
A área de drenagem encontrada na bacia foi de 138,5 km² e seu perímetro, de 71 km. A área
da bacia tem fundamental importância para definir a sua resposta hidrológica e sua potencialidade
hídrica, pois quanto maior a bacia, menor será a tendência de ocorrer picos de enchentes, já que
maior será o tempo para que toda a bacia contribua de uma só vez (TUCCI, 2009).
De acordo com os resultados morfométricos, pode-se afirmar que a bacia hidrográfica do
Rio Acará mostra-se pouco suscetível a enchentes em condições normais de precipitação, ou seja,
excluindo-se eventos de intensidades anormais, pelo fato do coeficiente de compacidade apresentar
valor afastado da unidade (1,69), o fator de forma exibir um valor baixo (0,44) e o índice de
circularidade (0,34) também. Assim, há uma indicação de que a bacia não possui forma circular,
possuindo, portanto, uma tendência a ter forma alongada. Bacias com valores de IC inferiores a
0,51 sugerem o favorecimento do processo de escoamento.
A densidade de drenagem obtida foi de 0,72 km/km². De acordo com Villela & Mattos
(1975), esse índice pode variar entre 0,5 km/km² em bacias com drenagem pobre a 3,5 km/km² ou
mais nas bacias excepcionalmente bem drenadas. O valor encontrado indica baixa capacidade de
drenagem da bacia em estudo. Valores baixos de densidade de drenagem estão geralmente
associados a regiões de rochas permeáveis e de regime pluviométrico caracterizado por chuvas de
baixa intensidade ou pouca concentração da precipitação (TONELLO, 2006).
O sistema de drenagem, segundo a hierarquia de Strahler (1957), apresentou grau de
ramificação de quarta ordem, o que demonstra significativa ramificação com relação à área da
bacia. Considera-se que quanto mais ramificada for a rede, mais eficiente será o sistema de
drenagem.
A Figura 1 ilustra a distribuição das altitudes na bacia, evidenciando uma altitude média de
624 m, com altitude mínima de 285 m e máxima de 962 m. Para Duarte et al. (2007), a variação da
altitude e a altitude média de uma bacia hidrográfica está fortemente relacionada com a temperatura
e a precipitação. Grandes variações de altitude numa bacia ocasionam diferenças significativas na
temperatura média, a qual, por sua vez, causa variações na evapotranspiração e precipitação anual
(CARDOSO et al., 2006). Devido à significativa variação de elevação, a bacia é sujeita a variações
de temperatura e precipitação.
A maior parcela do terreno (56,71%) corresponde aos valores de declividade entre 20 e 45%,
caracterizado como relevo fortemente ondulado. Na figura 2 verifica-se a variação da declividade
sobre o terreno da bacia. A declividade média de uma bacia hidrográfica é relevante no
cumprimento da legislação e na garantia da eficiência das intervenções antrópicas (SILVA, 2014).
Figura 2 – Distribuição espacial das classes de declividade na bacia hidrográfica do Rio Acará.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos conclui-se que a caracterização morfométrica da bacia
hidrográfica do Rio Acará indica uma bacia de formato irregular, sendo comprovado pelo
coeficiente de compacidade, fator de forma e índice de circularidade, o que leva ao maior tempo de
concentração das águas da chuva, sendo pouco sujeita a enchentes em condições normais de
precipitação anual.
A bacia do Rio Acará possui baixa densidade de drenagem e é classificada como de quarta
ordem, apontando que o sistema de drenagem da bacia possui significativa ramificação.
O relevo da bacia também contribui para a menor probabilidade de ocorrência de enchentes
por possui a maior parte de sua área em terreno fortemente ondulado. A associação entre os
elevados valores de declividade e altitude da bacia favorecem o escoamento superficial, que por sua
vez poderão ocasionar processos erosivos intensos em condições de cobertura vegetal
desfavoráveis.
A espacialização da precipitação média anual para a bacia mostrou-se satisfatória, podendo
auxiliar na execução de projetos para melhor gestão dos recursos hídricos da bacia hidrográfica do
Rio Acará.
REFERÊNCIAS
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245p.
RESUMO
A escassez de água é um dos principais desafios enfrentados pela população do semiárido
brasileiro. Diante desse cenário surgiram diversas tecnologias para a captação e armazenamento
desse recurso, de modo há garantir o abastecimento humano e a manutenção das atividades
econômicas da região, em especial, no meio rural. Considerando a importância de se propor e
avaliar alternativas de convivência com o semiárido, o presente trabalho buscou analisar as
tecnologias disponíveis para a captação de água por meio de pesquisa bibliográfica para auxiliar na
adequação da tecnologia a realidade social, econômica, e ambiental da região. A partir da análise
qualitativa das tecnologias, constatou-se que a cisterna de cal e a barragem subterrânea
apresentaram melhor adaptação ás condições do semiárido brasileiro.
Palavras Chave: Recursos hídricos, Seca, Adaptação.
ABSTRACT
A shortage of water is one of the main challenges faced by the Brazilian semi-arid population. In
the face of the scenario, several technologies emerged for the capture and storage of resources, in a
constant way, human supply and maintenance of economic activities in the region, especially in
rural areas. The purpose of this study is to find a research database. From the qualitative analysis of
the technologies, it was verified that the lime cistern and the underground dam presented better
adaptation to the Brazilian semi-arid conditions.
Keywords: Water resources, Drought, Adaptation
INTRODUÇÃO
O acesso à água das populações rurais é um problema significativo, mesmo com a imigração
de algumas dessas populações para centros urbanos, visto que, é existente uma maior facilidade de
obtenção desse recurso (MEDEIROS ET AL., 2011). Por haver descontrole na distribuição das
águas de chuvas no semiárido, buscam-se alternativas que proporcionem seu melhor
aproveitamento. Dessa forma, a retenção dessa água irá permitir a produção de alimentos,
preservação de rebanho caprino, suíno, bovino e ovino, além de produção de energia elétrica e
navegação fluvial (JATOBÁ, L. & SILVA, A. F, 2015).
Algumas tecnologias estão sendo implementadas para auxiliar na captação de água
(MEDEIROS ET AL., 2011). Essas podem ser classificadas como de grande, médio e pequeno
porte. São exemplos de ações de grande porte a construção de amplos açudes, que apresentam
capacidade de armazenar grandes volumes de água. As ações de médio porte correspondem a
açudes menores, que tem como prioridade o abastecimento de comunidades locais. Nas ações de
pequeno porte têm-se, por exemplo, pequenas barragens, poços e cisternas (JATOBÁ, L. &
SILVA, A. F, 2015).
Muitas tecnologias estão sendo desenvolvidas para melhor convivência com a seca e para o
desenvolvimento sustentável no semiárido brasileiro (FURTADO ET AL., 2014). Na maioria
dessas aplicações tecnológicas existe a necessidade da água como parte integrada dessas inovações.
Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo apresentar tecnologias alternativas de
captação dos recursos hídricos, considerando a viabilidade ambiental, sociais e econômicas das
mesmas através de revisão bibliográfica e análise qualitativa.
O espaço geográfico do Semiárido brasileiro estende-se por oito Estados da região Nordeste,
sendo eles: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Além da região Norte, com o Estado de Minas Gerais, totaliza-se uma extensão territorial de
980.133.079 Km2. Um levantamento da população total residente no semiárido aponta que 61,97%
de seus habitantes residem no meio urbano e 38,03% no meio rural (MEDEIROS ET AL., 2012).
Segundo Medeiros (2012) a extensão semiárida engloba 1.135 municípios assimetricamente
distribuídos nos nove Estados do Brasil. Sendo representados por 37,25% dos municípios de
Alagoas, 63,79% da Bahia, 81,52% do Ceará, 76,23% da Paraíba, 65,95% de Pernambuco, 57,14%
do Piauí, 88,02% do Rio Grande do Norte, 38,67% de Sergipe e 9,96% de Minas Gerais, conforme
é apresentado na figura abaixo:
TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS
captação e armazenamento de água de chuva para consumo humano é uma das mais utilizadas na
região semiárida do Nordeste, onde esse recurso hídrico é reservado em cisternas (PORTO, 1999).
O barreiro apresenta-se como outra tecnologia alternativa, visto que, a partir da sua
implantação a água que infiltrar no solo, será posteriormente ―barrada‖ e armazenada para
posteriores usos (ANDRADE ET AL., 2010). A criação de poços é uma significante alternativa,
porém arriscada, pois a água é obtida no nível em que o lençol se encontra, dessa forma, poderão
ser obtidas pequenas vazões (CIRILO, 2003).
As cisternas podem ser classificadas de acordo com o material utilizado para sua confecção,
sendo elas de: placas de cimento, tela-cimento, tijolos, ferro cimento, cal e plástico
(GNADLINGER, 1997). Os poços são classificados de acordo com suas características: amazonas,
profundo, raso, artesiano, entre outros (VASCONCELOS, 2015). As barragens são de acordo com
sua aplicação, em ambientes superficiais ou subterrâneos. Algumas destas tecnologias serão
apresentadas a seguir.
CISTERNA DE PLACA
Os materiais para fabricação de uma cisterna de placas são facilmente encontrados, além de
apresentar baixo custo na produção. São indicadas para projetos de pequeno porte, com curto prazo
e apresenta facilidade na remoção de água. Porém sua construção requer mão de obra qualificada,
pois a elaboração da placa é complexa e um conserto de vazamentos é impossível na maioria nas
vezes (GNADLINGER, 1997).
O teto da cisterna pode ser fabricado também com a ajuda da forma de aço. Nos intervalos
da confecção da cisterna, deve haver recobrimento da mesma com uma lona para evitar o
ressecamento prematuro da parede de concreto fina, podendo gerar pequenas rachaduras
(VERDADE, 2012).
Esse método de fabricação é rápido, apropriado para construções de pequeno e grande porte,
não necessita de escavação, eventuais vazamentos são facilmente detectados e consertados, pouca
matéria-prima necessária. Porém as chapas de aço não são de fácil acesso, as paredes não devem
ressecar, a água esquenta com facilidade por ser uma cisterna externa ao solo e por ser alta, a
retirada de água é mais complicada (GNADLINGER, 1997).
CISTERNA DE CAL
POÇO PROFUNDO
Os poços profundos são normalmente aqueles que precisam de uma maior extensão para
captação de água, pela provável distância do lençol freático do solo. A perfuração do poço é feita
verticalmente por meio de sonda, atinge uma profundidade até 2000 metros. Eles podem apresentar
3 constituições diferentes: sem filtros, com filtros ou misto, tais características estão diretamente
envolvidas com o perfil do solo em que será perfurando, onde o filtro é indicado para barrar os
sedimentos dos solos sedimentares, já os cristalinos não necessitam de filtro, esquema indicado na
figura 5 (VASCONCELOS, 2015).
Figura 5: A) Poço sem filtro; B) Poço com filtro; C) Poço misto. Fonte: ABAS.
POÇO AMAZONAS
É definido como poço amazonas, todos aqueles poços escavados que possuírem diâmetros
superiores a 5 m e apresentem revestimento parcial ou total em sua parede, diferenciando-se de
poços tipo cacimba apenas pelo diâmetro. Também é constituído com um pré-filtro que atua como
filtro (VASCONCELOS, 2015).
Quando construído à montante de uma barragem, será permitida grande captação de água,
como indicada na figura 5. A barreira retém a água que escoa e infiltra para que o poço seja
abastecido com maior volume e para que o recurso hídrico não seja desperdiçado durante o fluxo de
escoamento (BRITO ET AL., 1999).
Figura 5: Representação de poço amazonas com o auxílio de barreira para melhor eficiência de captação de
água. Fonte: BRITO ET AL., 1999.
CACIMBA
As cacimbas são consideradas como poços escavados, sem revestimento, sendo bastante
comuns em leitos de rios sazonais ou em margens de reservatórios de águas superficiais, como
representado na figura 6. Suas características de dimensões são variadas, tanto em profundidade
como em diâmetro. Podem ser revestidas com tijolos ou pedras, possuindo diâmetro variável desde
1 m até 5m (VASCONCELOS, 2015).
Figura 6: A) Cacimba (corte lateral); B) cacimba (vista superior). Fonte: SCHISTEK, 2002.
Para que a obtenção de água doce seja feita com sucesso, deve-se verificar anteriormente à
escavação se a água é de boa qualidade, além de ter cuidado na abertura, para evitar possíveis
misturas com areia. A cacimba possui vantagens como: fonte de água segura, custo acessível, difícil
evaporação. Mas também há desvantagens: leito do rio, muitas vezes longe das residências e perigo
de contaminação pela proximidade de animais, com possíveis contaminações fecais (SCHISTEK,
2002).
BARRAGEM SUPERFICIAL
superficial não apresenta proteção do solo em si, estando totalmente exposta a possíveis situações
negativas.
BARRAGEM SUBTERRÂNEA
Barragem subterrânea é toda estrutura que tem como objetivo barrar o fluxo subterrâneo de
um aquífero preexistente ou criado junto à construção de uma barreira impermeável (SANTOS,
1978). A barragem submersa tem sua parede totalmente no aluvião, ficando a água armazenada no
perfil do solo (Figura 8).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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RESUMO
A água produzida é o principal efluente da indústria do petróleo e devido ao seu alto teor de
contaminantes precisa passar por tratamentos adequados a fim de enquadrá-la o dentro das
legislações vigentes ao seu destino. A utilização de sistemas microemulsionados vem se mostrando
uma técnica eficiente nos estudos de tratamento desses efluentes. O objetivo deste trabalho foi
avaliar a qualidade da água produzida tratada por sistema microemulsionado para uso em irrigação,
utilizando como parâmetros de estudo: concentrações de metais pesados, pH, Condutividade
Elétrica e a Razão de Adsorção de Sódio (RAS). O sistema utilizado no tratamento da água
produzida consistiu de óleo de coco saponificado como tensoativo, n-butanol como cotensoativo, e
n-hexano como como fase orgânica, sendo escolhido o ponto 5% C/T, 10% FO, 85% FA, localizado
na região de Winsor II no diagrama pseudoternário. Os parâmetros foram estudados na mistura da
água de torneira com a água produzida tratada nas proporções de 4:1 e 2:1, além dessas misturas
foram utilizadas para efeito de comparação a água produzida sem tratamento e a água de torneira. O
ponto de Winsor II utilizado conseguiu uma ótima remoção de metais pesados, com cerca de 90%
de extração para a maioria deles. As combinações da água de torneira com água tratada
apresentaram concentração de metais dentro do permitido e do ideal considerado pelo
CONAMA/396 e por parâmetros da literatura, além de pH, condutividade elétrica e RAS dentro do
ideal para água de irrigação. Os resultados se mostraram como se mostraram como uma ótima
alternativa para reúso da água produzida tratada por sistema microemulsionado.
Palavras-Chave: Água Produzida, Microemulsão, Irrigação
ABSTRACT
The produced water is the main efluent from the oil industry and due to its high content of
contaminants, it needs to go through adequate treatments in order to fit the effluent into the
legislation in force at its destination. The treatment of effluents with microemulsion systems has
proved to be an efficient technique in the studies in which the method is applied. The purpose of
this work was to evaluate the quality of the produced water by the microemulsion system for use in
irrigation using as study parameters: heavy metals concentrations, pH, Electrical Conductivity and
Sodium Adsorption Ratio (RAS). The system used in the study consisted of saponified coconut oil
as surfactant, n-butanol as cosurfactant, and hexane as the organic phase, being chosen the point 5%
C/T, 10% FO, 85% FA, located in the Winsor region II in the pseudoternary diagram. The
parameters were studied in the mixing of tap water with the produced water treated in the ratios of
4: 1 and 2: 1, in addition to the produced water without treatment and tap water. The point of
Winsor II used has achieved a great removal of heavy metals, with about 90% extraction for most of
them. The combinations of tap water with treated water presented a concentration of metals within
the allowed and ideal by CONAMA/396 and by parameters of the literature, in addition to pH,
electrical conductivity and RAS within the ideal for irrigation water, showing itself an excellent
alternative for reuse of produced water treated by microemulsified system.
Keywords: Produced water, microemulsion, irrigation
INTRODUÇÃO
apresenta a região de microemulsão em equilíbrio com a fase óleo, Winsor II, com a região de
microemulsão em equilíbrio com a fase aquosa, Winsor III, que tem a região de microemulsão em
equilíbrio com a fase aquosa e oleosa, e o Winsor IV, que é constituída só por uma fase de
microemulsão (MENESES, 2011).
Diante do contexto apresentado este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da água
tratada por sistema microemulsão para a irrigação.
MATERIAL E METÓDOS
O preparo da água produzida sintética foi feito tendo como basea as concentrações de metais
da água produzida de Campos (NASCIMENTO, 2014). Inicialmente foi feita uma solução salina
(10L) de NaCl à 2000 ppm e as soluções de cada sal de metal foram preparadas separadamente:
100mL de uma solução padrão de MnSO4.H2O (vetec, 98%) e Li2SO4(vetec, 98%), 250mL de
solução padrão contendo CrCl3.6H2O (Dinâmica, 99%), FeCl3.6H2O (Vetec, 98%), SrSO4
(Êxodo,99%), BaCl2 (Vetec, 99%), 1L de solução padrão de K2SO4 (Vetec, 99%), e 1L de solução
padrão de contendo CaCl2 (Vetec, 99%) e MgCl2.6H2O (Vetec, 99%). Em seguida, todas as
soluções foram misturadas em uma bombona de 10 litros e foi feita a adição de 20g de petróleo do
Campo Marítimo de Ubarana – Macau/RN, sob agitação constante de 4000rpm, utilizando o
homogeneizador (TECNAL TE-102), para ocorrer a emulsificação do óleo (OLIVEIRA, 2016).
Foi utilizado água de torneira (AT) como controle positivo, água produzida sintética (AP)
como controle negativo, e misturas da água de torneira com água tratada na proporção de 2:1 (2:1
APT) e 4:1 (4:1 APT). É importante ressaltar que a água produzida só foi utilizada como um
parâmetro de comparação, pois se sabe que não pode ser utilizada em irrigação sem o tratamento
Figura 1 - Fórmula para o cálculo da razão de adsorção de sódio (RAS). (ALMEIDA, 2010)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
produzida tratada (APT) pelo sistema microemulsionado, bem como os percentuais de extração dos
metais, estão apresentadas na tabela 1.
O sistema apresentou alta porcentagem de extração para todos os metais no ponto estudado
(5% C/T, 85% de FA e 10% FO), obtendo em torno de 90% de remoção para a maioria dos metais,
a eficiência da extração se dá pelas cargas dos metais já que os cátions se associam
eletrostaticamente às membranas que envolvem as gotículas de água presentes na fase da
microemulsão (BELLOCQ, 1980; OLIVEIRA, 2014).
Foi constatado um aumento na concentração de sódio e potássio na água produzida tratada.
O aumento na concentração de sódio se deve a troca iônica entre o tensoativo e o meio aquoso,
onde o tensoativo libera Na+ para o meio e é substituído pelos íons metálicos da solução aquosa que
são atraídos eletrostaticamente (CARVALHIDO et al, 2001; NASCIMENTO, 2014). Já o
acréscimo na concentração do potássio pode ter sido provocado por alguma interferência durante a
síntese do OCS.
Devido ao aumento na concentração do sódio na água produzida tratada para o estudo que
foi utilizado apenas misturas da água de torneira com a água produzida tratada na proporção de 2:1
e 4:1, foram escolhidas essas proporções com base no estudo de Lewis (2015), que trabalhou com
as mesmas proporções, mas com a mistura de água subterrânea com água produzida tratada após
processo de remoção de óleos e graxas, remoção de compostos orgânicos, metais, inorgânicos,
sólidos suspensos, cloro e sódio.
Figura 4 - Relação das concentrações de Li, Ba, Mn, Cr e Fe pela Legislação e dos tratamentos utilizados.
600
400
200
0
Conama/Embrapa AP 2:1 APT 4:1 APT AT
Figura 5 - Relação das concentrações de Na, K, Mg e Ca pela Legislação e dos tratamentos utilizados.
Ayers e Scott (1999) classificam as águas com CE maior que 3 dS.m-1 de grau de restrição a
uso severo na irrigação, entre 0,7-3,0 dS.m-1 de restrição leve a moderado e menor que 0,7 dS.m-1
não possuem grau de restrição.
A água produzida apresentou condutividade de 8,98 dS.m-1, se enquadrando na classificação
de grau de restrição severo ao uso. A alta condutividade dessa água está associada a grande
quantidade de íons presentes na sua composição.
As misturas da água produzida tratada e a água de torneira apresentam valores de CE na
faixa de 0,7-3,0 dS.m-1, portanto possuem um grau de restrição de leve a moderado, não
apresentando então um alto risco em relação a salinidade do solo, principalmente a água de torneira
que apresentou o valor mais baixo.
Devido à alta quantidade de sódio nas misturas da água tratada, foi calculada a razão de
adsorção de sódio (RAS) que ajuda na avaliação de possíveis problemas que as águas podem causar
em relação a sodificação e infiltração do solo. O cálculo utilizado para obter a RAS está descrito na
página 4 e os resultados mostrados na tabela 4.
RAS
Tipos de água
(mmolc.L-1)0,5
AT 2,1
AP 3,33
2:1 APT 9,07
4:1 APT 6,7
Tabela 8 - Razão de adsorção de sódio (RAS) das águas utilizadas no experimento
pH
Tipos de água pH
AT 6,89
AP 4
2:1 APT 6,79
4:1 APT 6,87
Tabela 9 - Valores de pH das águas uttilizadas no experimento.
Para Ayers e Scott (1999), o valor ideal de pH da água para ser utilizada na irrigação situa-se
entre 6,5 e 8,4, nesse caso, a água produzida apresentou valor fora dessa faixa, sendo uma água com
pH ácido. Essa característica da água produzida vai em concordância com Almeida (2010) que
descreve que águas que possuem pH fora da faixa ideal é um indicador da presença de íons tóxicos,
que, como já relatado nesse trabalho, são encontrados em alta quantidade na água produzida.
A água de torneira e as misturas dá agua tratada se apresentaram dentro da faixa ideal de pH,
não possuindo nenhum tipo de restrição a uso.
CONCLUSÕES
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RESUMO
A água é um recurso natural indispensável à qualquer forma de vida. Em função da sua qualidade,
ela propicia diversas formas de uso, que se classificam de acordo com a sua origem, composição e
finalidade. Tendo em vista a caracterização do clima semiárido do Nordeste brasileiro, a população
enfrenta graves problemas hídricos devido aos constantes períodos de seca, o que motiva o poder
público a investir na construção de açudes e barragens a fim de minimizar a escassez de água. Em
virtude dos fatos mencionados, este trabalho tem como principal objetivo analisar a qualidade da
água do Açude Mendubim tendo em vista a sua importância, uma vez que, o mesmo, é capaz de
abastecer a população circunvizinha que utilizam dessa água para as demais atividade, sejam elas de
uso doméstico, irrigação, dessedentação animal, lazer, entre outros. Os parâmetros analisados nesta
pesquisa foram os físicos (condutividade elétrica e sólidos totais dissolvidos) e os químicos
(temperatura, ph e oxigênio dissolvido). As coletas foram realizadas durante cinco meses, no
período de outubro/2016 a fevereiro/2017. A metodologia adotada foi a análise dos parâmetros de
acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005, recomendações da CEBESP e outros artigos. A
partir das análises realizadas, concluiu-se portanto que o corpo hídrico apresenta boa qualidade,
tendo todos os parâmetros em acordo com a portaria vigente.
Palavras Chave: Recursos hídricos, qualidade de água, análise limnológica.
ABSTRACT
Water is a natural resource indispensable to any form of life. Due to its quality, it provides various
forms of use, which are classified according to their origin, composition and purpose. Considering
the characterization of the semi-arid climate of the Brazilian Northeast, the population faces serious
water problems due to the constant drought periods, which motivates the public power to invest in
the construction of dams and dams in order to minimize water shortages. Due to the mentioned
facts, this work has as main objective to analyze the quality of the water of the Mendubim Açu in
view of its importance, since it is able to supply the surrounding population that use this water for
the other activities, Be they of domestic use, irrigation, animal watering, leisure, among others. The
parameters analyzed in this research were the physical (electrical conductivity and solids total
dissolved) and the chemical (temperature, pH and dissolved oxygen). The collections were carried
out during five months, from October / 2016 to February / 2017. The methodology adopted was the
analysis of the parameters according to CONAMA Resolution nº 357/2005, CEBESP
recommendations and other articles. From the analyzes carried out, it was concluded that the water
body presents good quality, all parameters being in agreement with the current ordinance.
Keywords: Water resources, water quality, limnological analysis.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Área de estudo
O município de Açu está situado no estado do Rio Grande do Norte, região Nordeste do
Brasil. O mesmo se enquadra no Vale do Açu, ocupando uma área de 1.303.442 km². Sua
população segundo o IBGE, 2016 é de 57.743 habitantes e o acesso ao município se dá pela BR 304
e pelas RN 118 e 016.
Açu é abastecida pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN),
com captação a partir do principal reservatório do Vale, a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves.
Ainda no município, existe um outro reservatório muito importante, o açude Mendubim (figura 1),
que serve para suprir a necessidade da população local. Este açude é alvo de estudo neste trabalho,
pois até a presente data não existem dados oficiais sobre o mesmo. O açude compreende uma
grande área territorial e suas águas, além de servir para consumo animal são retiradas, diariamente
para abastecimento humano.
Procedimentos Metodológicos
Amostragens e análises
Ipanguaçu/RN, onde as mesmas foram analisadas com a ajuda de uma sonda multiparâmetrica da
marca Horiba, modelo U-5000.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para o enquadramento da água em Classes, foi utilizada a Resolução CONAMA nº 375/05, anexo
que dispõe os limites de águas doces de classe 2, no qual se enquadra o Açude Mendubim. Além de
outras referências que discutem os parâmetros físicos, químicos e biológicos, como as
recomendações da CEBESP e citações de artigos científicos na área. A seguir, serão apresentados
os resultados obtidos através dos procedimentos analíticos realizados ao longo desta pesquisa.
Parâmetros analisados
Temperatura da água
Temperatura (°C)
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5
28,54 28,35
27,26 27,72 27,26
29,22 29,87
27,27 27,76 27,27
30,4 29,42
27,29 27,87 27,29
Ph da água
Ph
P1 P2 P3 P4 P5
6,73
5,96 5,71 5,97
5,54
6,49 5,57
5,86 5,67 5,58
5,94 5,62 5,12 5,04
5,22
5,36 4,85 4,75
5,34 3,23
6,24 6,34 5,74
4,95 4,33
Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro
Condutividade elétrica
0,727 0,747
0,677
0,596 0,738 0,778 0,703
0,673
0,596
0,679 0,718 0,723 0,345
0,602 0,407
0,676 0,73 0,742 0,661
0,594
0,598 0,696 0,726 0,728 0,724
A condutividade elétrica é a capacidade que a água tem de conduzir corrente elétrica, ou seja
a quantidade de sais dissolvidos na água (SALES, 2012).
De acordo com o gráfico, os valores da condutividade elétrica da água oscilaram entre 0,345
µs/cm e 0,778 µs/cm. O menor valor foi encontrado no P4 em fevereiro e o maior no P4 em Janeiro,
ambos em 2017. Assim, conclui-se que os valores acima descritos são permitidos. Para a CETESB
(1999), limites superiores a 100 µs/cm indicam ambientes impactados.
Oxigênio dissolvido
7,06 7,09
8,03
6,05 7,75 7,24 P5
7,05
7,92 7,98
7,04
10,89 10,65 P4
7,56 7,85 P3
7,61
10,94 8,94
8,73 8,01 P2
7,09
10,03 P1
6,9 8,03 8,12
6,14
Segundo Sales (2012), o oxigênio dissolvido está presente no corpo aquático para que os
peixes e microrganismos aeróbios possam sobreviver.
O gráfico abaixo apresenta as concentrações de oxigênio dissolvido. Analisando o mesmo,
constatou-se que os valores de OD variaram de 6,14mg/L a 10,94mg/L. Sendo o menor valor
encontrado no P1 de outubro e o maior, encontrado no P2 de dezembro. Assim, todos os pontos e
análises estão de acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, que determina o valor mínimo
exigido de 5mg/L.
0
0,465
0
0,433 0
0,435
0
0,381 0,469 0
0,45
0,431 0,462
0,381
0,434 0,46 0,438 0,225
0,385 0,265
0,433 0,467 0,437 0,423
0,38
0,382 0,446 0,465 0,425 0,464
Segundo Lima (2008), as impurezas contidas na água, com exceção dos gases dissolvidos,
contribuem para a quantidade de sólidos na água.
No açude, as concentrações de sólidos totais variou de 0,225 a 0, 469 mg/L, onde o menor
valor foi identificado no P4 em fevereiro e o maior no P4 em dezembro. Nota-se portanto, que os
valores estão de acordo com a recomendação de SILVA (2014), que é de 0-500 mg/L para águas
doces de classe 2.
CONCLUSÃO
O presente trabalho teve como objetivo geral, caracterizar através de parâmetros físicos e
químicos, a qualidade da água do açude Mendubim, localizado no município de Açu/RN. As coletas
e análises foram realizadas no período de outubro de 2016 a fevereiro de 2017. Afim de identificar
se o uso do corpo hídrico pela população (lavagem de roupas, pesca, dessedentação animal, etc.)
está afetando as suas propriedades.
De acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005, o açude é enquadrado na Classe 2,
caracterizando águas que podem ser destinadas: ao abastecimento para consumo humano, após
tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário,
tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº274, de 2000; à
irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os
quais o público possa vir a ter contato direto; e à aquicultura e à atividade de pesca.
A partir das análises e resultados obtidos, nota-se que a água do açude é considerada de boa
qualidade, pois responde a todas as recomendações da Portaria acima citada e da CETESB. Nenhum
dos parâmetros apresentou alteração quando comparados ao valor máximo/mínimo permitidos.
Dessa forma, conclui-se que o corpo hídrico e seu ecossistema não sofrem danos antrópicos.
A geração de dados atuais, um dos produtos desse trabalho, foi útil para caracterizar a real
situação da qualidade hídrica do açude. Todas essas informações serão úteis para um melhor
entendimento da população e servirão também como fonte de pesquisa para outros estudos que
poderão surgir posteriormente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SALES, Ádla Maria de Jesus. Avaliação da qualidade de água do açude com Cumbe, no município
do Barro - CE. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. 2012.
SILVA, Hileane Barbosa. Qualidade da água do açude Grandena cidade de Campo Maior/PI. XII
Congresso Nacional de Meio Ambiente de Poços de Caldas. 2014
VON SPERLING, Marcos. Introdução à qualidade das águas e tratamentos de esgotos. 2. Ed. Belo
Horizonte: UFMG, 1996.
RESUMO
A importância da água na vida do planeta é de tamanha proporção, posto que é um elemento
essencial para a sobrevivência na Terra. Embora este recurso seja encontrado em abundância em
nosso planeta (cerca de 70% da superfície é composto por água), somente 4% da água é doce, ou
seja, própria para o consumo. Com isso, o atual trabalho tem como objetivo analisar a qualidade da
água do rio Caracabu Rio Tinto-PB, a fim de garantir a preservação do meio ambiente e para a
utilização pelos moradores locais e turistas. Para a realização desse trabalho foram coletadas a
mostras com o auxilio de recipientes plásticos tri-lavadas com água destilada, câmera fotográfica
para realizar os registros fotográficos da área, além de GPS para a demarcação das coordenadas
geográficas. Os valores de pH dos poços variaram entre 4,7 a 5,7 assim revelando uma alta acidez
na água do rio Caracabu. A condutividade elétrica apresentou o maior valor de 222,7µS/cm e o
menor de 95,2 µS/cm. A análise de alcalinidade de hidróxido apresentou valores variantes entre 68
e 80 mg/L de CaCO3. Os dados relacionados às concentrações de cloreto também estão dentro dos
limites admitidos, onde o maior valor foi de 100,6 mg/L e o menor de 43,9 mg/L. A dureza total
apresentou uma baixa concentração desses sais presentes com concentração de 56 mg/L CaCO3 a 40
mg/L CaCO3. Com relação aos parâmetros analisados, fica evidente que a qualidade da água do rio
Caracabu na comunidade de Praia de Oiteiro em Rio Tinto/PB não apresenta graves impactos
ambientais, assim apresentando uma boa qualidade, de acordo com os parâmetros analisados,
exceto a variável pH em que apresenta níveis de acidez elevados.
Palavras–Chave: Qualidade da água, Preservação, impactos ambientais.
ABSTRACT
The importance of water in the life of the planet is of such proportions, since it is an essential
element for survival on Earth. Although this resource is found in abundance on our planet (about
70% of the surface is composed of water), only 4% of the water is sweet, that is, suitable for
consumption. Therefore, the present work aims to analyze the water quality of the Rio Tinto-Rio
Caracabu river, in order to guarantee the preservation of the environment and for the use by local
residents and tourists. For the accomplishment of this work the samples were collected with the aid
of plastic containers tri-washed with distilled water, photographic camera to realize the
photographic records of the area, besides GPS for the demarcation of the geographical coordinates.
The pH values of the wells ranged from 4.7 to 5.7, thus revealing a high acidity in the water of the
Caracabu river. The electrical conductivity had the highest value of 222.7μS/cm and the lowest of
95.2 μS/cm. The alkalinity analysis of hydroxide showed values varying between 68 and 80 mg/L
of CaCO3. Data related to chloride concentrations are also within the limits allowed, where the
highest value was 100.6 mg/L and the lowest was 43.9 mg/L. The total hardness presented a low
concentration of these salts present with concentration of 56 mg/L CaCO3 at 40 mg/L CaCO3.
Regarding the analyzed parameters, it is evident that the water quality of the Caracabu River in the
community of Praia de Oiteiro in Rio Tinto/PB does not present serious environmental impacts,
thus presenting a good quality, according to the parameters analyzed, except for the pH variable in
which it has high acidity levels.
Keywords: Waterquality, Preservation, environmentalimpacts.
INTRODUÇÃO
Os rios, ou cursos fluviais, sempre foram, e são até hoje, um dos mais importantes recursos
para a sobrevivência da humanidade. São eles que nos fornecem grande parte da água que
consumimos. A água doce de extrema importância para os seres humanos tendo como principais
usos: funcionamento e manutenção do corpo humano, irrigação na agricultura (produção de
alimentos para os seres humanos), uso também na pecuária (criação de gado), funcionamento dos
ecossistemas (fauna e flora), tanto aquáticos quanto terrestres, uso da água na produção industrial
(bens materiais, medicamentos, alimentos industrializados, etc.), geração de energia nas usinas
hidrelétricas e a evaporação da água doce das principais fontes hídricas (rios, lagos, açudes e
represas) são importantes na formação de chuvas e da umidade do ar. A qualidade da água
requerida está bem definida nas concentrações máximas permitidas para determinadas substâncias,
conforme especificado nas Resoluções CONAMA 357/05, 410/09 e 430/2011, que dispõem sobre a
classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e superficiais e
estabelecem às condições e padrões de lançamento de efluentes, entretanto, os principais
indicadores da qualidade da água são separados sob os aspectos físicos, químicos e biológicos
(Brasil, 2013). O monitoramento e a manutenção da qualidade dos corpos d‘água são de vital
importância em virtude de seu papel fundamental para o abastecimento dos ecossistemas naturais e
artificiais (ALLEN et al., 1974). A utilização incorreta e não sustentada que conduzem à
deteriorização dos recursos hídricos ocasionam diversos impactos, com destaque para a
contaminação de populações dependentes da pesca, modificação da qualidade e quantidade da água
destinada ao abastecimento dos ecossistemas naturais e artificiais, alterações dos padrões de vazão
devido a assoreamento, modificação da geomorfologia fluvial e a destruição de áreas de recarga de
aqüíferos e de habitats marginais (SILVA, 2011). Os diversos processos que controlam a qualidade
da água fazem parte de um frágil equilíbrio, motivo pelo qual quaisquer alterações de ordem física,
química ou climática na bacia hidrográfica podem modificar a sua qualidade (ARCOVAET et al.,
1998).
MATERIAL E MÉTODOS
foi coletada manualmente uma amostra na superfície de cada ponto, totalizando quatro amostras. O
material foi encaminhado para o Laboratório de Ecologia Química da Universidade Federal da
Paraíba – Campus IV onde foi realizadas as análises químicas dos parâmetros de cloreto, salinidade,
dureza total, alcalinidade, pH e condutividade, dureza total, seguindo a metodologia de Standard
Methods (2012).
Identificação Caracterização
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 2 apresentam os resultados das análises químicas das amostras do rio Caracabu
Rio Tinto-PB.
O potencial hidrogênio (pH) é uma variável em que indica as condições de acidez de uma
amostra, representando a concentração de íons de hidrogênio. No entanto com os dados obtidos foi
observado que as amostras apresentaram valores abaixo do máximo permitido pelo CONAMA –
Resolução 357/05, variando entre 5,7 a 4,7 (amostra 1 e 4) assim revelando uma alta acidez na água
do rio Caracabu (tabela 2). Corroborando com o trabalho de Vaz e Orlando (2012) que também
encontraram pH ácido em duas nascentes, diz que o fator que pode explicar essa acidez na água se
dar possivelmente através da decomposição da matéria orgânica e a constituição do solo da região e
ao passar do curso do rio, ocorreu à diluição da acidez na água.
Em relação à condutividade elétrica apresentou o maior valor de 202,7 μS/cm (ponto 4) e o
menor de 95,25 μS/cm (ponto 1), respectivamente, valores estes que estão adequados de acordo a
FUNASA (2014) (Tabela 2). No entanto isso ocorreu pela grande quantidade de matéria orgânica
em decomposição existente no corpo hídrico, pois a água tem um grande poder de dissolução e
pode separar o material dissolvido em íons carregados eletricamente, aumentando a condutividade
CONCLUSÃO
Com relação aos parâmetros analisados, fica evidente que a qualidade da água do rio
Caracabu na comunidade de Praia de Oiteiro Rio Tinto/PB não apresenta graves impactos
ambientais, assim apresentando uma boa qualidade, de acordo com os parâmetros analisado, exceto
a variável pH em que apresenta níveis de acidez elevados. Levando-se em consideração novas
análises físico-químicas e microbiológicas que não abordado nessa pesquisa, deverão ser realizadas
para atestar a qualidade de potabilidade da água.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BAIRD, R. B., CLESCERI, L. Standard Methods for examination of water and wastewater, Ed. 22.
Estados Unidos da América: Amer Public Health. 1496 p., 2012.
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. 2 ed. Campinas: Átomo, 443 p.,
2008.
VAZ, L., ORLANDO, P. H. K. Importância das matas ciliares para manutenção da qualidade das
águas de nascentes: diagnóstico do ribeirão Vai-Vem de Ipameri-GO. XXI Encontro Nacional
de Geografia Agrária Territórios em disputa: Os desafios da geografia agrária nas contradições
do desenvolvimento brasileiro. Uberlândia-MG, 15 a 19 de Outubro de 2012.
RESUMO
Nos últimos anos os recursos hídricos vêm sendo cada vez mais explorados pelo homem causando
impactos negativos nos rios, lagos e riachos. Para entender melhor os processos que causam alguma
perturbação aos recursos hídricos, é necessário conhecer os elementos e os parâmetros que
compõem a paisagem, sendo assim, os rios são elementos integradores de extrema importância,
pois, refletem a situação atual das bacias hidrográficas. Entendendo a importância da configuração
espacial da rede hidrográfica e das bacias, sub-bacias e microbacias hidrográficas como unidade
básica do planejamento ambiental, o presente trabalho objetivou analisar as características
hidrológicas da microbacia dos rios Velho e Açu e sua interação com o mangue situado no interior
da Área de Proteção Ambiental-APA da Barra do Rio Mamanguape. Para isso, foram aplicadas
técnicas de Geoprocessamento aliadas a Análise Morfométrica. A caracterização morfométrica
revelou que a microbacia em estudo possui uma área de 29,49km² e comprimento de 8,93km,
apresenta uma hierarquia fluvial de 5ª ordem, possuindo 295 canais, sendo 162 canais de drenagem
de 1ª ordem indicando ser muito ramificada; o índice de circularidade foi de 0,54 indicando que a
microbacia não têm forma circular, o índice de forma foi de 0,38 configurando a forma triangular,
sendo menos propicia a enchentes; a densidade de rios foi alta com 10,0 canais/km2 ou seja, uma
grande quantidade de cursos de água existentes em uma área; a densidade de drenagem é de
2,91km/km2, caracterizando uma baixa capacidade de drenagem; o comprimento do rio principal é
25,97km e a extensão do percurso superficial foi de 0,118 e o gradiente dos canais têm
aproximadamente 31,14m. Conclui-se que a microbacia dos rios Velho e Açu têm grande
capacidade de escoamento superficial e, consequentemente, de gerar novos cursos de água e não é
propicia a enchentes mesmo apresentando baixa densidade da drenagem.
Palavras-chaves: Recursos hídricos, Morfométria, Geotecnologia
ABSTRACT
In recent years, water resources have been increasingly exploited and degraded through anthropic
actions in rivers, lakes and streams. In addition, their beds have been preferably inhabited and
occupied by man, due to the availability of resources that these water bodies offer. In order to better
understand the processes that make up or cause some disturbance to water resources, it is necessary
to know the integrating elements of this landscape, thus, rivers and river basins are integrating
elements of extreme importance, as they reflect the current situation of the environment. The
present work aimed to analyze the hydrological characteristics of the microbasin of the Velho and
Açu rivers and their interaction with the mangrove within the Environmental Protection Area
(APA) of Barra do Rio Mamanguape. For this, Geoprocessing and Morphometric Analysis
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 308
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
techniques were applied. In the morphometric characterization, the 5th and 5th river microbasin
was found for the microbasin of the Velho and Açu rivers, having 295 channels, 162 channels of 1st
order drainage indicating a very branched, with an area of 29.49 km² and a length of 8, 93km; The
circularity index was 0.54 indicating that the microbasin did not have a circular shape, the shape
index was 0.38, forming the triangular shape, being less conducive to flooding; The density of
rivers was high with 10.0 channels / km2 ie a large number of existing watercourses in one area;
The drainage density is 2.91 km / km2, with a low drainage capacity; The length of the main river is
25.97km and the extension of the surface course was 0.118 and the gradient of the channels are
approximately 31.14m. It is concluded that the microbasin of the Velho and Açu rivers, deserves
special attention due to the springs that are outside the limits of the APA, since everything that
occurs in its springs and in any point of the basin will reflect in its mouth, Within the APA.
Keywords: Water Resources, Morphometry, Geotechnology
INTRODUÇÃO
sub-bacias hidrográficas ―são áreas de drenagem dos tributários do curso d‘água principal‖. Para
definir sua área vários autores utilizaram-se de diferentes unidades, mas para Faustino (1996), as
sub-bacias possuem áreas maiores que 100 km² e menores que 700 km². Ainda para o mesmo autor,
uma sub-bacia é formada por várias microbacias, que possui uma área inferior a 100 km². Botelho
(1999, p. 273) diz que uma microbacia ―é uma unidade espacial mínima, que deve ser
suficientemente grande para identificar as inter-relações existente e pequena o suficiente para estar
compatível com os recursos disponíveis‖.
O planejamento ambiental juntamente com as geotecnologias nos permite analisar e apoiar a
identificação das formas e das inter-relações existentes. A geotecnologia e o uso do Sensoriamento
Remoto nos auxiliam a obter dados precisos e atuais com maior agilidade. Diante do exposto, o
objetivo da pesquisa foi analisar as características hidrológicas da microbacia dos Rios Velho e Açu
na APA da Barra do Rio Mamanguape.
METODOLOGIA
Área de estudo
A microbacia dos rios Velho e Açu está inserida parcialmente na APA da Barra do Rio
Mamanguape que está situada na mesorregião da Mata Paraibana e na microrregião do Litoral Norte
do Estado da Paraíba a qual se limita com os municípios de Marcação, Baía da Traição, Rio Tinto e
Lucena, localiza-se a cerca de 70 km da cidade de João Pessoa, capital do Estado (ICMBIO, 2015).
A área estudada, a microbacia dos rios Velho e Açu, está inserida totalmente no município
de Rio Tinto, que possui uma área territorial de 465,666 (km2) e uma população estimada de 24.023
habitantes (IBGE, 2010) (fig. 1).
Figura 1. Localização da Sub-bacia dos Rios Velho e Açu, Rio Tinto-PB, Brasil.
MATERIAIS
Para a realização do presente trabalho foi necessário o uso de alguns materiais, tais como:
carta topográfica do ano de 1974 da Barra do Rio Mamanguape (Folha: SB-25-Y-A-VI-3-NO)
elaborada pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) na escala de
1:25.000 (SUDENE,1974), imagem SRTM- Shuttle Radar Topography Mission (folha SB-25-Y-A)
com resolução espacial de 30 x 30m adquirida no website da TOPODATA 11, câmera fotográfica e o
GPS - Global Positioning System.
PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
11
Banco de dados Geomorfométricos do Brasil.
inicia da nascente a junção com o próximo canal; os de segunda ordem é a união de dois canais de
primeira ordem e assim sucessivamente.
Após a realização da hierarquia dos rios, o primeiro passo para a análise morfométrica, é o
processo da análise dos aspectos lineares e areal.
Gradiente dos canais: é a diferença máxima de altitude entre o ponto de origem e o término
com o comprimento do respectivo segmento fluvial. Obsevando a tabela de atributos da rede de
drenagem, foi analisado o valor de altitude das nascentes e da foz de cada ordem fluvial.
ANÁLISE AREAL
De acordo com Christofoletti (1980, p, 113) ―Análise Areal das bacias hidrográficas é a
reunião de vários índices nos quais ocorre interferência de medições planimétricas, além de
medições lineares‖. Assim, serão analisados os seguintes índices: área da bacia (A); comprimento
da bacia (L); Índice de circularidade, índice de forma, densidade de rios e densidade da drenagem.
Horton (1945 apud CHRISTOFOLETTI 1980) fez a seguinte classificação:
Área da bacia (A): É toda área drenada pelo conjunto do sistema fluvial, projetada em plano
horizontal. A área da bacia foi calculada através da ferramenta calculate areas.
Comprimento da bacia (L): Distância medida em linha reta acompanhando paralelamente o
rio principal. O comprimento da bacia foi realizado através da ferramenta measure.
(2)
(3)
na qual:
If é o índice de forma; K é a área da bacia; L é a área da figura geométrica; ( éa
interseção da área da sub-bacia; é a união das duas áreas.
Quanto menor for o índice, mais próxima da figura geométrica respectiva estará à forma da
bacia.
A densidade de rios: É a relação entre o número de rios e a área da bacia hidrográfica.
Calculado pela seguinte fórmula:
(4)
(5)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Microbacia dos rios Velho e Açu são do tipo exorréica. No baixo curso do rio Açu
apresenta drenagem do tipo meândrica (fig.2). De acordo com a classificação de Dury (1969 apud
CHRISTOFOLETTI, 1980), um canal do tipo meândrico ―são canais sinuosos, com curvas largas,
harmoniosas e semelhantes entre si‖. No médio e alto curso dos rios Açu e velho apresentam
drenagem dendrítica que é designada como arborescente, pois o seu formato assemelha-se a uma
árvore (CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 103).
Figura 2. Rede de Drenagem da microbacia dos Rios Velho e Açu, Rio Tinto-PB, Brasil.
ASPECTOS MORFOMÉTRICOS
A microbacia dos rios Velho e Açu possui uma área de 29,49 km² e seu comprimento é de
8,93 km (Fig. 3 e Tab.1). Foi classificada como de 5ª ordem, possuindo 295 canais, sendo 162
canais de drenagem de 1ª ordem (Quadro.1) indicando ser muito ramificada,
Figura 3. Hierarquia Fluvial da microbacia dos Rios Velho e Açu. Rio Tinto-PB, Brasil.
O índice de circularidade é de 0,54 indicando que a microbacia não têm forma circular. O
índice de forma é de 0,38 tem a forma de um triângulo. Esses dois índices indicam que a microbacia
é menos propicia a enchentes, pois como afirma Rocha (1997, p.78) as formas retangulares,
trapezoidais ou triangulares ―são menos susceptíveis a enchentes que as circulares, ovais ou
quadradas‖.
A densidade de rios foi alta com 10,0 canais/km2, ou seja, uma grande quantidade de cursos
de água existentes em uma área. De acordo com Horton (1945, apud CHRISTOFOLETTI, 1980)
esse valor indica uma grande magnitude da bacia, ressaltando que é de grande ―importância porque
representa o comportamento hidrográfico de determinada área, em um de seus aspectos
fundamentais: a capacidade de gerar novos cursos de água‖. Como consequência dessa
característica natural, tem-se maior capacidade de escoamento superficial, e se não houver cobertura
vegetal natural para proteger o solo da ação abrasiva das gotas da chuva os processos erosivos
(laminar e ravinamento), são intensificados, carreando sedimentos para o leito dos rios causando o
assoreamento dos canais.
A microbacia apresenta o valor médio de densidade de drenagem de 2,91km/km2,
apresentando o valor mínimo 1,3 Km² e valor máximo de 5,3Km² indicando uma baixa capacidade
de drenagem (FLORENZANO, 2008, p.119), (Fig. 4). Estes valores de mínimo e máximo podem
ser explicados pelo fato da microbacia possuir dois rios principais localizados no centro da
microbacia e a maior concentração dos cursos d‘água que vão das margens para o centro. Carvalho
& Silva (2006, p. 21), afirmam que a densidade de drenagem ―é uma boa indicação do grau de
desenvolvimento de um sistema de drenagem, que expressa à relação entre o comprimento total dos
cursos d‘água (sejam eles efêmeros, intermitentes ou perenes) de uma bacia e a sua área total‖.
Figura 4- Densidade de Drenagem da microbacia dos Rios Velho e Açu. Rio Tinto-PB, Brasil.
Figura 5- Médio curso do rio Velho. Inserido fora Figura 6- Médio curso do rio Açu. Inserido na APA
dos limites da APA da Barra do Rio Mamanguape. da Barra do Rio Mamanguape. Data: 02/08/2016
Data: 02/08/2016
mais rasos e com maior turbulência do fluxo. Estas alterações refletem em alternância de processos
de transporte e deposição de sedimentos‖.
Os resultados da caracterização morfométrica da microbacia dos Rios Velho e Açu estão
apresentados na tabela 2.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a microbacia dos rios Velho e Açu têm grande capacidade de escoamento
superficial e, consequentemente, de gerar novos cursos de água e não é propicia a enchentes mesmo
apresentando baixa densidade da drenagem.
É fundamental maior fiscalização nas áreas das nascentes, as quais se encontram fora dos
limites da APA da Barra do Rio Mamanguape, estando susceptíveis a degradação, assoreamento,
erosão e perda da mata ciliar, principalmente porque o seu entorno é ocupado pelo cultivo de cana-
de-açúcar, provocando impactos negativos na mata ciliar (Área de Proteção Permanente-APP) dos
rios Velho e Açu. Diante disso, é extremamente importante a preservação e a inserção das nascentes
dentro dos limites da Área de Proteção Ambiental (APA).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUERRA, A. J. T. & CUNHA, S. B. Geomorfologia e meio ambiente, 10ª 318T. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2011.
NUNES, F. G., RIBEIRO, N. C., FIORI, A.P. Propriedades morfométricas e aspectos físicos da
bacia hidrográfica do rio atuba: Curitiba-Paraná. VI Simpósio Nacional de Geomorfologia/
Regional Conference on Geomorphology, Goiânia, 6 a 10 de Setembro de 2006- Brasil.
PÉRICO, E., CEMIN, G., AREND, Ú. REMPEL, C. & ECKHARDT, R. R. Análise fisiográfica da
bacia do rio Forqueta, RS. Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto-SBSR,
Curitiba, PR, Brasil, 30 de Abril a 05 de maio de 2011, INPE p.1200.
TEODORO, V. L. I.; TEIXEIRA, D.; COSTA, D. J. L.; FULLER, B. B.; O conceito de bacia
hidrográfica e a importância da caracterização morfométrica para o entendimento da dinâmica
ambiente local. Revista Uniara, n. 20. São Paulo. 2007.
VILLELA, S.M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGRAWHill do Brasil, 1975.
245p.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo, relatar as condições ambientais apresentados atualmente na bacia
do Córrego do Marimbondo, sendo analisados seus aspectos geológicos, pedológicos, seus recursos
hídricos, e principalmente suas atividades de uso e ocupação do solo. Sendo este trabalho realizado
através das observações acerca da Paisagem desta bacia.
Palavras-chaves: Bacia, solo, água, vegetação.
SUMMARY
The objective of this work is to report on the environmental conditions currently presented in the
Córrego do Marimbondo basin, being analyzed its geological, pedological, water resources, and
mainly its land use and occupation activities. This work is carried out through observations about
the landscape of this basin.
Keywords: Basin, soil, water, vegetation.
INTRODUÇÃO
Esta presente na bacia, na porção do município de Uberlândia, os bairros Dom Almir, Joana
D'árc, Mansões Aeroporto e Alvorada na área urbana do mesmo. Os bairros Dom Almir e Joana
D'árc foram construídos através de invasões, com início de suas atividades aproximadamente de 15
a 25 anos. Nestes bairros residem pessoas de baixa renda, onde apresentava todas as suas ruas
formadas de terra batida, posteriormente, a Prefeitura de Uberlândia providenciou asfalto para todas
as ruas. Estes bairros já são considerados independentes das atividades características do centro do
município, por possuírem as diversas formas de recursos e serviços em sua área.
Estes bairros possuem sua localização em algumas das porções de topo da bacia, estando
assim presentes em alguns dos divisores de água da mesma, e não apresentando cursos d'água
nestas porções. Mesmo estando nestas localidades, o relevo plano da região dificulta o escoamento
superficial e infiltração do solo, o qual é agravado com os processos de impermeabilização do solo
com o desenvolvimento e crescimento dos bairros, foram construídos bolsões para auxiliar a
drenagem, concentrando os volumes de precipitação destas áreas.
Os bolsões se apresentam em estado de má conservação, não possuindo sua limpeza.
Embora tenham sido construídos justamente para a captação das águas pluviais, eles foram mal
calculados, ocorrendo com frequência a inundação dos bairros nos períodos de chuva, por não
suportarem o volume total da precipitação nestas áreas.
O esgoto da região é bombeado para o Rio Uberabinha e não para o Rio Araguari. Tem-se
uma estação elevatória do DMAE, onde o esgoto das casas é captado e lançado na ETE (Estação de
Tratamento e Esgoto) por ser um terreno muito plano, sem nenhuma declividade.
As áreas de topo da bacia são compostas pela Formação Marília, arenito com cobertura
detrítico laterítico e o latossolo vermelho-amarelo, podendo o solo chegar a 40 metros de
profundidade. À medida em que se vai em direção aos vales da bacia a sua geologia e o solo
mudam, apresentando com a diminuição da altitude afloramentos do basalto Serra Geral, o qual
pode ser observado pela mudança de cor do solo, sendo este, um latossolo de tonalidade mais
escura, também apresentando localidades de terra roxa e nitossolo. À medida que o Córrego do
Marimbondo segue em direção ao Rio Araguari, pode ser encontradas algumas parcelas do Grupo
Araxá, possuindo em sua foz terrenos sedimentares.
Em algumas localidades da bacia, é possível a visualização dos patamares da Formação do
grupo Serra Geral, com os derramamentos de basalto. O Córrego do Marimbondo cortou o
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DEL GROSSI, S. R.; SOARES, A. M.; OLIVEIRA, H.L.P.R. Agricultura Familiar e Recursos
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decorrentes da ocupação da Bacia do Córrego do Marimbondo, 2017.
RESUMO
A água subterrânea é uma das fontes mais utilizadas para consumo humano, trazendo consigo um
enorme potencial de transmissão de doenças, tornando-se inevitável uma averiguação e um
acompanhamento de sua potabilidade. Este estudo teve como objetivo avaliar, mediante
caracterização microbiológica, a qualidade da água que abastece os moradores da comunidade do
bairro Timbuba no município de Paço do Lumiar no Estado do Maranhão, quanto à presença de
coliformes totais e fecais e correlacioná-las com o esgotamento sanitário da comunidade. Foram
analisadas amostras de três poços tubulares, os resultados revelaram que um dos poços não está apto
para consumo humano sem tratamento, apresentou parâmetros de qualidade acima do estabelecido
pela Portaria do MS n°2914/11.
Palavras-Chaves: Poços. Qualidade da água. Coliforme.
ABSTRACT
The underground water is one of the main water sources for human consumption, along with an
enormous potential for disease transmission, becoming inevitable the investigation and the
monitoring of its potability. This study aimed to evaluate, by microbiological characterization, the
quality of the water that supplies the residents of the Timbuba neighborhood community in the
municipality of Paço do Lumiar in the State of Maranhão, for the presence of total and fecal
coliforms and relate them to the sanitation of the community. Samples were analyzed in three wells.
The results revealed that one of the wells is not fit for human consumption without treatment
provided quality parameters set up by the MS Order No. 2914/11.
Keywords: Wells. Water quality. Coliforms.
INTRODUÇÃO
Do total de água existente no globo terrestre, cerca de 97% é constituído de água salgada dos
oceanos, 2% está nas calotas polares e apenas 1% é representado por água doce sob a forma líquida.
Desse total de água doce disponível para uso da humanidade, cerca de 97% encontra-se no subsolo
na forma de água subterrânea (UNESCO,2002). Segundo Hirata et al. (2010), as águas subterrâneas
são de grande importância na gestão de recursos hídricos, pois começaram a desempenhar papel
fundamental no abastecimento das 7 bilhões de pessoas no mundo. No Brasil, os aquíferos
subterrâneos abastecem 6.549.363 domicílios, (19% do total) e destes, 68,78% localizados na área
rural, abrangendo 11,94% de toda população nacional (IBGE, 1994).
Os padrões de uso do solo têm importante influência sobre a qualidade da água (superficial e
subterrânea) e os ecossistemas aquáticos (LEE et al., 2009; TRAN et al., 2010; ROTHWELL et al.,
2010; BU et al., 2014, MENEZES et al., 2014; DUPASA et al., 2015; FIA et al., 2015). As
características microbiológicas das águas subterrâneas são variáveis, de acordo com a presença de
microrganismos aquáticos autóctones ou de trânsito, provenientes dos efluentes industriais e
domésticos, do deflúvio superficial agrícola ou mesmo do ar (CETESB, 1995).
A água potável deve ser isenta de microrganismos patogênicos e de bactérias que indicam
contaminação fecal. Tradicionalmente os indicadores de contaminação fecal estão no grupo de
bactérias denominadas coliformes, onde a principal representante desse grupo de bactérias é
conhecida de Escherichia coli. Os coliformes são geralmente obtidos através da ingestão de água, e
serão eliminados pelos seres humanos, facilmente visualizados quando realizado testes
parasitológicos (BETTEGA, 2006).
De acordo com Black (2002), coliformes são micro-organismos que habitam no intestino de
animais de sangue quente, entre eles o homem, e estão presentes em suas excretas. Em contato com
a água, as fezes humanas e até mesmo as de outros animais podem encontrar. A presença deles na
água não representa por si só um perigo à saúde, mas indica a de outros organismos causadores de
problemas à saúde. Por exemplo, as bactérias coliformes, em especial a Escherichia coli,
representam contaminação fecal recente e indica a possível presença de bactérias patogênicas, vírus
entéricos ou parasitas intestinais (AMARAL et al.,2005, p. 43).
Os coliformes totais são um grupo de bactérias que contem bacilos gram-negativos, aeróbios
ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase-negativa, capazes de crescer na
presença de sais biliares ou outros compostos ativos de superfície, com propriedades similares de
inibição de crescimento, e que fermentam a lactose com produção de ácidos, aldeídos e gás a 35ºC
em 24-48 horas. Este grupo contém os seguintes gêneros: Escherichia, Citrobacter, Enterobacter e
Klebisiela (BETTEGA, 2006).
Coliformes fecais ou coliformes termotolerantes são bactérias capazes de desenvolver e/ou
fermentar a lactose com produção de gás a 44ºC em 24 horas. A principal espécie dentro desse
grupo é a Escherichia coli. Essa avaliação microbiológica da água tem um papel destacado, em
visto da grande variedade de microrganismos patogênicos, em sua maioria de origem fecal, que
pode estar presente na água (BETTEGA, 2006).
Segundo os registros do Ministério da Saúde, no ano de 2004 foram registrados cerca de 2,4
milhões de casos de diarréia no Brasil, e considera-se que a água seja responsável por 60% das
internações por diarréia no país. O custo gerado para o tratamento de doenças transmitidas ou
causadas por águas contaminadas, segundo o Ministério da Saúde, é equivalente a US$ 2,7 bilhões
por ano (ADEODATO, 2006). Encarregar o próprio consumidor de controlar a qualidade da água é
uma postura incorreta, uma vez que o seu conhecimento quanto aos riscos que a água pode oferecer
à saúde é praticamente inexistente (AMARAL et al., 2003).
Embora a água seja necessária para praticamente todas as atividades humanas, atualmente
encontramos problemas relacionados à quantidade e qualidade desse precioso recurso natural. Nesse
contexto, o povoado Timbuba, localizado no município de Paço do Lumiar não foge à regra:
enfrenta problemas de infraestrutura, e isso tem impulsionado a ocorrência de problemas
relacionados à falta de recursos hídricos em condições adequadas. Devido à insuficiência de
políticas públicas, uma das alternativas da população para usufruir de água foi à abertura de poços
tubulares. Outro agravante é a falta de rede coletora de esgotos, obrigando a população local a
construir fossas negras e sépticas dentro de seus terrenos para a deposição de efluentes. Essa prática
pode contaminar as águas subterrâneas possibilitando consequências drásticas na saúde coletiva.
Este artigo busca analisar a interferência da falta de saneamento básico no povoado
Timbuba, na possível contaminação do lençol freático. Objetivou-se realizar a análise
microbiológica da qualidade da água consumida pelos habitantes do povoado Timbuba através das
amostras de água coletadas de 3 poços artesianos da comunidade, com o intuito de verificar a
relação entre as fossas sépticas e negras e a possível contaminação do lençol freático que alimenta
os poços artesianos utilizados pela comunidade.
MÉTODOS
Com base nos procedimentos técnicos adotados a metodologia de pesquisa será em 3 fases,
com a primeira tendo como objetivo adquirir dados bibliográficos por meio de acesso à internet aos
sítios das bibliotecas digitais de teses e dissertações de outras relevantes universidades brasileiras,
esses trabalhos serão lidos e fichados e suas idéias principais serão referenciadas. A segunda fase
objetivou-se a coleta de amostras de água de 3 poços tubulares da comunidade Timbuba para
análises microbiológicas e a terceira na medição das distâncias entre os poços e as fossas, assim
como checagem das condições do entorno dos mesmos. Dessa forma, a pesquisa assume um caráter
descritivo na qual o método misto (quantitativo e qualitativo) nos permitiu, após a obtenção dos
dados, informações necessárias e análises, discorrendo sobre os fatores sustentadores década dado,
relacionando-os continuamente teoria e prática.
A comunidade do povoado Timbuba localiza-se na região do Paço do Lumiar, Maranhão, as
margens do Rio Paciência. O povoado está localizado a 2º31‘26,66‖ S e 44º04‘08,46‖ O. O clima é
tropical mesotérmico e úmido, com duas estações bem-definidas, a chuvosa de janeiro a junho, que
concentra cerca de 94% do total anual das chuvas; a estação seca, de junho a dezembro, que
concentra apenas 6%. O total pluviométrico médio é de 1.900 mm anuais. As temperaturas são
elevadas durante o ano todo(média de 26° C) com variação anual pequena,principalmente nos
meses de abril, maio e junho (IBGE, 1984).De acordo com a carta de solos do Instituto Maranhense
de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos - IMESC, a microrregião é caracterizada como areia
quartzosa distrófica latossolica (AQ1) e Podzólico vermelho amarelo concrecionado (PVcf). São
solos que apresentam alta permeabilidade, o que favorece a contaminação do lençol freático
prejudicando o consumo de água pela comunidade.
Cerca de 70% da população rural da ilha de São Luís (São José de Ribamar, Raposa e Paço
do Lumiar) não possui nenhum tipo de esgotamento sanitário, e algumas ainda utilizam fossas
rudimentares construídas sem controle (IMESC, 2007). A Organização Mundial da Saúde afirma
que cerca de 80% das doenças que ocorrem em países em desenvolvimento são veiculadas pela
água contaminada por microrganismos patogênicos (COELHO et al., 2007). As análises
microbiológicas reforçam e constatam a poluição do aquífero freático por fossas sépticas e negras.
O grupo coliforme é normalmente usado como indicador da ausência ou da precariedade de um
sistema de saneamento (VIEIRA & OLIVEIRA, 2001).
Para as análises bacteriológicas da água foram selecionados 3 poços tubulares, P1, P2 e P3,
localizados no povoado Timbuba. A coleta das amostras se deu no dia 08 de maio de 2017, sendo
cada uma localizada em uma propriedade diferente. As amostras foram coletadas, em frascos de
vidros estéreis, de 500 mL, e foram transportadas em caixas de isopor até o laboratório para análise.
Todas as atividades que envolveram a coleta e a preservação das amostras foram procedidas
de acordo com o ―Guia de coleta e preservação de amostras de água‖ (CETESB, 1977). As análises
microbiológicas foram realizadas pelo Laboratório de Oceanografia Química e de Controle de
Qualidade de Água, do Departamento de Oceanografia e Limnologia – DEOLI, na Universidade
Federal do Maranhão – UFMA. Para atestar a provável contaminação das águas subterrâneas pelas
fossas sépticas e negras de três residências da comunidade do Timbuba, baseados nos parâmetros
estabelecidos pela Portaria MS N° 2917 de 12 de dezembro de 2011, do MINISTÉRIO DA
SAÚDE.
Dessa forma, segundo Reetz (2002) para medição de parâmetros microbiológicos serão
analisadas as quantidades de Coliformes Totais e Termotolerantes. De acordo com a Portaria
2.914/2011 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), uma amostra de 100 mL de água deverá
apresentar ausência de bactérias do grupo coliformes (NMP 100 mL-1), e as bactérias heterotróficas
não deveriam ultrapassar 500 UFC. 100 mL. Essa análise será necessária para avaliar de forma
indireta o potencial de contaminação da água por patogênicos de origem fecal provenientes das
fossas sépticas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
COLIFORMES
POÇO DISTANCIA (M) COLIFORMES TOTAIS
TERMOTOLERANTES
P1 43 Ausente Ausente
P2 26 240 240
P3 154 Ausente Ausente
Tabela 1– Distancias poço-fossa e Resultados das Análises Bacteriológicas.
Fonte: Acervo da Pesquisa, 2017.
As análises de campo indicaram que as concentrações de coliformes totais e fecais nas águas
do poço tubular P2 devem-se aos problemas de saneamento básico da região (grande quantidade de
fossas sépticas e sumidouros), este poço está localizado em uma região imprópria, próximo a um
córrego com grandes indícios de contaminação, aliadas a alta permeabilidade do solo dessa região.
Relacionando-se o distanciamento existente entre os poços tubulares e as possíveis fontes de
contaminação, verificou-se que a qualidade bacteriológica da água foi influenciada pelo tipo de
fonte contaminante e pelo posicionamento das mesmas. De acordo com os resultados, nos casos em
que se aumentava a distância entre o poço e as possíveis fontes de contaminação, as amostras foram
consideradas adequadas para consumo humano. Quando a distância entre poço e fossa foi superior a
26 metros amostras de água coletadas atenderam aos padrões de potabilidade.
A água quando não tratada corretamente se torna uma importante fonte de transmissão de
doenças, principalmente as doenças que afetam o trato intestinal, sendo capaz de agir como meio de
cultura para microrganismos patogênicos e assim causar doenças àqueles que a ingerem
principalmente crianças com menos de cinco anos, pois essa ainda não tem hábitos de higiene que
possam evitar tais doenças. Segundo a Organização Mundial da Saúde cerca de 80% das doenças
que ocorrem em países em desenvolvimento são veiculadas pela água contaminada por
microrganismos patogênicos (COELHO et al., 2007).
Todavia, a maioria das doenças de veiculação hídrica pode ser reduzida, controlada, desde
que se possibilite o acesso à água potável. Entretanto, um dos maiores problemas das fontes de água
é a ausência ou a irregularidade de monitoramento da qualidade (CAPPI et al., 2011, p.2).
CONCLUSÕES
Através das análises realizadas nas amostras coletadas em poços tubulares do município de
Paço do Lumiar, apontam apenas a água do poço P1 e P3 estão aptas para o consumo humano. A
água do poço P2 não pode ser consumida pela população sem tratamento prévio, pois apresentou
parâmetros de qualidade acima dos VMP estabelecidos pela Portaria MS nº 2914/11. Segundo
Cardoso et al (2003), a presença de E. Colina água indica contaminação recente, já que eles não se
multiplicam nem persistem por um longo período, possuindo sobrevivência similar à das bactérias
patogênicas, caracterizando-a como imprópria para consumo humano sem tratamento prévio. Os
coliformes são os microrganismos mais utilizados para indicar contaminação fecal de humanos ou
animais em água, o que a torna imprópria para o consumo humano (MICHELINA et al., 2006).
Muitas pessoas acreditam que saneamento básico está apenas relacionado ao abastecimento
de água e rede de esgoto, porém algumas medidas como, coleta de lixo, saneamento e controle de
alimentos também podem ser considerados (COPASAD, 1995). Para se promover a saúde e garantir
a qualidade ambiental de uma comunidade é imprescindível socializar as informações. Pessoas
REFERÊNCIAS
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RESUMO
Objetivou-se com esse trabalho fornecer elementos para aprimorar a gestão dos recursos hídricos
do estado do Ceará por meio de geotecnologias. O geoprocessamento aplicado aos recursos
naturais apareceu pela necessidade de reduzir os efeitos das ações antrópicas e da escassez hídrica
ocasionadas pela gestão pouco eficiente dos recursos hídricos. Seu maior objetivo é ser utilizado
como uma ferramenta útil e eficaz, na gestão sustentável dos recursos naturais, a fim de atender as
demandas múltiplas de água no semiárido brasileiro, principalmente para garantir o abastecimento
humano e dessedentação de animais.
Palavras Chave: Geoprocessamento, Recursos Naturais, Semiárido.
ABSTRACT
It aimed at this work to provide elements to improve the water management by geotechnological
tools in the state of Ceara, Brazil. The Geoprocessing applying on water resources emerged from
the need to reduce the effects of anthropogenic actions and water shortage caused by innefective
water resources management. The article´s goal is to show the Geographic Information System
(GIS) as a powerful and helpful solution tool to assist the water management. So, it will be possible
to attend multiple demands from Brazilian semiarid, manly to human and animal supply.
Keywords: Geoprocessing, Natural Resources, Semiarid.
INTRODUÇÃO
O semiárido brasileiro tem como maior característica o regime irregular das chuvas. O
sertanejo, homem que vive nessa região, desde muito tempo sofre com escassez de água. Ao longo
dos anos, foram sendo discutidas e implantadas diversas medidas para contornar a situação.
Segundo Pomponet (2009), as medidas adotadas pelos governos foram a construção de açudes pelo
Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) – as obras da seca de 1970 foram se
decompondo logo depois de concluídas – e as frentes de trabalho, nas quais se alistaram 1,5 milhão
de flagelados. A política dos açudes possibilitou ao longo do território cearense a construção 153
açudes públicos. Além dos açudes, em 2008 o DNOCS se preparou para gestão de obras da
transposição do Rio São Francisco, projeto que traria o abastecimento de água para grande parte do
semiárido brasileiro, abrangendo estados como Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e
Ceará.
O Ceará, particularmente, vem sofrendo a pior crise hídrica de todos os tempos. Medições
apontam que já faz 5 anos consecutivos de chuvas abaixo da média, e isto é um problema que
assola a vida de milhares de cearenses que vivem no sertão e com o passar do tempo trará
problemas de falta de água para a população da Região Metropolitana de Fortaleza, que
normalmente é a última a sentir os efeitos da seca.
Portanto, por conta da gestão pouco eficiente de muitos anos, o trabalho que envolve o uso
de geotecnologias para uma melhor gestão dos recursos hídricos é de extrema importância. O uso
da plataforma livre, QGis, se mostra como uma ferramenta que auxilia na forma de se desenvolver
um mapa que busque facilitar a localização dos recursos naturais que o estado possui e obras que
foram desenvolvidas durante anos para combater a seca.
Segundo Instituto de Pesquisa e Estratégica Econômica do Ceará, IPECE (2011), no prisma
de recursos hídricos e convivência com o fenômeno da seca e combate à desertificação, ao passo
que alguns dos principais problemas do semiárido brasileiro cabem referenciar a definição e
caracterização das principais funções, com as respectivas subfunções em termos da gestão, oferta e
conservação das águas das bacias hidrográficas cearenses.
MATERIAL E MÉTODOS
O artigo foi desenvolvido com apoio de dados e materiais disponibilizados pela Companhia
de Água e Esgoto do Estado do Ceará (CAGECE), Agência Nacional de Águas (ANA), Companhia
de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e Secretária de Recursos Hídricos (SRH). Os principais arquivos utilizados como base do
projeto são os arquivos SIG, que estão em formato de shapefile (.shp) ou Keyhole Markup
Language (.kml), também chamados de camadas, após entrarem nos mapas. Estes dão o formato ao
mapa e são os materiais que formam os polígonos, se for representar os municípios do estado do
Ceará; as linhas, caso a representação seja de adutoras ou canais de água; e os pontos, como foi
feito na representação dos açudes monitorados (vide resultados e discussão).
Além da caracterização física no mapa, eles possuem uma tabela de atributos, que pode ser
definida como um banco de dados que contém diversos tipos de informações, das mais simples as
mais complexas, e ainda pode executar cálculos. Na parte de ―resultados e discussão‖ do trabalho,
estão alguns mapas criados com o apoio de dados disponibilizados no site do IBGE, arquivos
shapefile dos Limites Municipais do Ceará. Da mesma forma foi possível obter shapefiles do site
da ANA, os arquivos de Hidrografia com escala de 1:250.000 e as Bacias Hidrográficas da região
(Atlântico, Trecho Norte e Nordeste).
Algumas camadas foram criadas pelo próprio autor do trabalho, que adquiriu dados online
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os mapas que foram confeccionados são definidos de acordo com sua origem de estilo:
existem os mapas de calor, que intensificam pontos de acordo com seu valor numérico da tabela de
atributos, no caso do mapa da figura I, que mostra a atual situação do volume dos açudes no Ceará;
os mapas categorizados, que relacionam símbolos de acordo com uma coluna específica da tabela
de atributos, como ocorre na figura III a qual representa o mapa da obra hídrica que está sendo
implementada no Estado, o CAC; e por fim os mapas que são baseados em regra, que definem um
padrão no qual o mapa vai se basear a sua classificação, a figura IV mostra as ETAs de todo o
Ceará, sendo classificadas como cadastradas e não cadastradas.
Na figura I, o mapa de calor foi confeccionado de acordo com dados obtidos no Portal
Hidrológico da COGERH, que apresenta diariamente boletins a respeito da situação hídrica do
Estado, como dados das bacias hidrográficas do Ceará e seus açudes, por exemplo suas
capacidades, volumes armazenados e a percentagem desses volumes.
Os dados utilizados para criar o mapa de calor foram os volumes percentuais de cada açude,
retirados do boletim do dia 14 de Fevereiro de 2017. Percebe-se que existe uma maior incidência
nas bacias Metropolitana, Litoral e Coreaú, o que significa que os reservatórios estão mais cheios
nessas regiões. Enquanto as bacias que pertencem completamente a região do semiárido,
representada no mapa em tom amarelado, estão sofrendo graves problemas de falta de água,
principalmente a bacia Médio Jaguaribe, Banabuiú e Curu, como pode ser verificado na figura I.
Na figura II mostra um comparativo dos volumes das bacias Metropolitana e Médio Jaguaribe.
Figura I. Mapa de calor do volume percentual dos açudes. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura III. Mapa categorizado da obra hídrica Cinturão das Águas. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura IV. Mapa baseado em regra das ETAs cadastradas e não cadastradas no banco de dados da Cagece.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura V. Print Screen da tela do QGis para validação do cadastramento das ETAs.
CONCLUSÕES
canal na internet, Portal Hidrológico da Cogerh, e ainda há disponibilidade de dados para outros
que trabalham e fazem pesquisas na área. No que diz respeito a obras futuras, as ferramentas de
Sistema de Informação Geográfica (SIG) facilitaram o desenvolvimento de projetos como o CAC,
que necessitou das geotecnologias para a escolha de um percurso mais viável.
Por fim, o geoprocessamento foi de extrema importância para organização de dados das
ETAs da Cagece, a fim de conhecer suas localizações e principais atributos. Portanto, reafirma-se o
potencial do geoprocessamento como uma ferramenta fundamental para a gestão, e seu avanço nas
últimas décadas está contribuindo para o aprimoramento da gestão de recursos hídricos no Estado
do Ceará. A partir desse estudo sugere-se a ampliação do uso das geotecnologias na política de
gestão integrada dos recursos hídricos, a fim de disponibilizar o abastecimento de água para as
regiões do semiárido brasileiro e combater a escassez hídrica.
REFERÊNCIAS
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Revista Geoambiente On-line, v. 27, 2016.
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo realizar uma análise ambiental do alto e médio curso superior da
Bacia Hidrográfica do rio Apodi-Mossoró/RN (BHRAM/RN). Como procedimento metodológico
foi utilizado um Check-List, com coleta dos seguintes dados da caracterização da área; descrição
das influências das atividades produtivas humanas na área (levantamento teórico e pesquisa em
campo) e determinação in loco dos impactos ambientais. Constatou-se que o alto e médio curso
superior da BHRAM/RN vem sendo utilizado para múltiplos usos, com ênfase na preservação da
fauna e flora local; recreação com atividades de esportes radicais; dessedentação de animais;
harmonia paisagística; pesca; segurança hídrica; navegação; abastecimento humano; recreação
secundária; aquicultura; irrigação; diluição de efluentes, plantações nas margens do rio, destino de
resíduos sólidos, retirada de areia e, abastecimento industrial. Observou-se a possibilidade de
existência de fontes difusas e pontuais de origem natural, urbana e a agropastoril, oriundos do
escoamento de sendimentos corrente de processos de iintempéries, da geração de resíduos sólidos e
efluentes líquidos. Portanto, para atenuar a referida problemática sugere-se a adoção das ações:
estabelecimento dos componentes de saneamento ambiental na área de estudo, recuperação das
matas ciliares, maior fiscalização ambiental, legalização dos usos deste ambiente e, implementação
de programas de educação ambiental e sanitária.
Palavras-chave: Degradação dos recursos hídricos; Semiárido; Sustentabilidade;
ABSTRACT
This work aims to carry out an environmental analysis of the medium and high degree of
BHRAM/RN. As methodological procedure was used a checklist, with collection of the following
data: theoretical survey of the characterization of the area; description of the influences of
productive activities in the area (theoretical and field research survey) and on-site determination of
environmental impacts. It was noted that the medium and high degree of BHRAM/RN has been
used for multiple uses, with emphasis on the preservation of local fauna and flora; extreme sports
activities recreation; watering of animals; landscape harmony; fishing; water security; Navigation;
human supply; secondary recreation; aquaculture; irrigation; dilution of effluents, plantations on the
banks of the River, destination of solid waste, removal of sand and industrial supply. There was the
possibility of existence of diffuse sources and point sources of natural origin, urban and agricultural,
from the escarreament of sediments of weather processes, the generation of solid residues and liquid
effluents. Therefore, to alleviate this problem suggests the actions: establishment of environmental
components in the study area, recovery of riparian forests, greater environmental oversight,
legalization of the uses of this environment, and implementing environmental and health education
programs.
Keywords: Degradation of water resources; Semi-arid; Sustainability;
INTRODUÇÃO
A água é um importante recurso natural que se encontra presente na maioria dos processos
metabólicos, tornando-se indispensável para a vida, devido a sua dependência cada vez maior em
praticamente todas as atividades (ATHAYDE JÚNIOR ET AL, 2008).
Sendo que a água pode ser utilizada para diversos fins: consumo humano; atividades
agrícolas e pecuárias; geração de energia; transporte; abastecimento industrial; pesca e aqüicultura e
turismo e lazer (DERÍSIO, 2012). Ainda conforme Von Sperling (2005) acrescenta usos na:
preservação da flora e fauna; harmonia paisagística e diluição de efluentes.
Esses diversos tipos de usos podem resultar em alterações das suas características através de
processos de poluição hídrica, sendo definida por Von Sperling (2005) a adição de substâncias ou
de formas de energia que, direta ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d‘água de tal
maneira que prejudique os legítimos usos que dele são feitos. Classificando dessa forma a poluição
hídrica em: poluição natural, poluição urbana, poluição agropastorial e, poluição industrial (SPIRO;
STIGLIANI, 2009).
Diante desse cenário de poluição hídrica inúmeras conseqüências são desencadeadas,
principalmente, relacionadas com as dimensões: sanitária; ambiental; econômica; social, e; saúde
(DERÍSIO, 2012).
Os efeitos sanitários da poluição das águas estão ligados na diminuição do oxigênio
dissolvido, salinização das águas, aumento da temperatura e presença de substâncias orgânicas
tóxicas (SPIRO; STIGLIANI, 2009). As alterações ambientais referem-se à impropriedade da água
para banhos, envenenamentos e diminuição da fauna e da flora (MACEDO, 2002). Já as
consequências socioeconômicas relacionam-se com a desvalorização das terras marginais, a
eliminação da possibilidade de novas indústrias se instalarem e a elevação de custos do tratamento
(MACEDO, 2002). Os maléficos para saúde consistem na água poluída ser considerado um veículo
de contaminação de doenças entre os seres vivos quando esta estiver com agentes microbianos ou
poluída por agentes químicos (CARVALHO; OLIVEIRA, 2003).
Na região Oeste do Estado do Rio Grande do Norte, localiza-se a Bacia Hidrográfica do Rio
Apodi-Mossoró/RN – (BHRAM/RN), que ocupa uma área de 14.276 km² (26,8% do território
estadual), sendo composta por quatro unidades: alto curso, médio curso superior, médio curso
inferior e, baixo curso (SEMARH, 2015).
Essa bacia hidrográfica foi utilizada como recorte para os estudos de Santos (2004); Araújo,
Santos e Araújo (2007); Pinto Filho e Oliveira (2008); Oliveira, Souza e Castro (2009); Pinto Filho
e Araújo (2010); Souza, Silva e Dias (2012) e; Bezerra et al. (2013). Entretanto, estes artigos não
direcionaram para identificar os tipos de usos das águas na bacia hidrográfica investigada
juntamente com suas possíveis fontes de poluição e efeitos.
Diante dessa situação, verifica-se a relevância de investigar os principais usos da água no
alto e médio curso superior da BHRAM/RN, bem como apontar seus possíveis aspectos ambientais
e suas fontes de poluição. Ressalta o interesse em investigar essa área de estudo devida ser situada
no Semiárido Brasileiro próxima de intervenção antrópica, o que resulta no cenário de deficiências
nas condições de saneamento ambiental, restrições climáticas e, pressão urbana.
Portanto, o objetivo desse estudo foi realizar uma análise ambiental do alto e médio curso
superior da BHRAM/RN. Para isso, elencaram-se como objetivos específicos: a) identificar os tipos
de usos múltiplos dos recursos hídricos na região; b) apontar as possíveis formas de poluição
hídrica na bacia e; c) realizar correlação dos efeitos da poluição.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
A partir da classificação das quatro unidades da BHRAM/RN alto curso, médio curso
superior, médio curso inferior e, baixo curso, delimita-se a área de estudo desta pesquisa a qual
abordará o trecho entre os municípios de Luís Gomes (ponto Ap1), até a Barragem de Santa Cruz,
Apodi (ponto Ap9), ver figura 2.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
atividades produtivas humanas na área (pesquisa em campo) e determinação in loco dos impactos
ambientais.
Para subsidiar o levantamento dos impactos ambientais utilizou-se o método Check-List em
visita no dia 27/06/2016 com a finalidade de identificar as fontes de poluição da área de estudo, por
ser um método rápido e conciso (SÁNCHEZ, 2012). Esta metodologia quando utilizada
isoladamente deve desenvolver a Avaliação de Impacto Ambiental de forma simples, de fácil
interpretação e de maneira dissertativa, sendo utilizada em um curto espaço de tempo.
As variáveis abordadas no Check-List foram embasadas em Derísio (2012), sendo as
seguintes: localização da área de estudo; localização dos usuários dos recursos naturais; tipos de
usos dos recursos naturais; possíveis fontes potenciais ou efetivamente poluidoras da área de
estudo; efeitos da poluição ambiental e técnicas de controle da poluição ambiental.
Os dados primários e secundários obtidos foram expostos através de uma matriz de interação
(SÁNCHEZ, 2012) e analisados através discussão com estudos dos impactos ambientais em
recursos hídricos no Semiárido, no Brasil e no mundo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 3 – Ponto 01: preservação da fauna e flora Figura 4 – Ponto 01: local para recreação de
local na nascente do rio Apodi-Mossoró/RN. esportes na nascente do rio Apodi-Mossoró/RN.
No ponto 02 os tipos de usos encontrados foram: pesca (Figura 5); segurança hídrica (Figura
6); navegação; abastecimento humano; recreação; aquicultura; irrigação; diluição de efluentes e;
preservação da fauna e flora. Diante destes usos, constatou-se poluição por fontes natural, urbana e
a agropastoril. Este cenário assemelhasse ao determinado por Souza, Silva e Dias (2012) que
investigaram também o Rio Apodi-Mossoró/RN e constataram impactos provenientes da: lixiviação
de fertilizantes e pesticidas de diversas atividades agrícolas e; da expansão urbana. Desta forma,
observa-se que as formas de impactos ambientais no ambiente investigado vão ampliando
concomitantemente a maior diversidade de ocorrência em seus usos.
Figura 5 – Ponto 02: pesca no açude de Major Figura 6 – Ponto 02: obra de segurança hídrica no
Sales no rio Apodi-Mossoró/RN. rio Apodi-Mossoró/RN.
No ponto 03 os tipos de usos da água notados foram preservação da fauna e flora local
(Figura 7), dessedentação animal e irrigação das plantações (Figura 8), atividades de recreação,
navegação, práticas de aquicultura, e diluição de despejos. A partir destas utilizações, pode-se
inferir possíveis emissões de poluentes relacionadas com fontes naturais e agrícola. A poluição
agropastoril no Rio Apodi-Mossoró/RN também foi identificada por Pinto Filho e Oliveira (2008);
Oliveira, Souza e Castro (2009); Souza, Silva e Dias (2012) e, Bezerra et al. (2013). Desta forma,
aponta-se a necessidade de investigar a qualidade da água do referido ambiente, na perspectiva de
conhecer possíveis poluentes que limitem os seus usos.
Figura 7 – Ponto 03: fauna e flora local no Açude Figura 8 – Ponto 03: dessedentação animal no
em José da Penha/ RN. Açude em José da Penha/ RN
Figura 9 – Ponto 04: barragem de Pau dos Ferros Figura 10 – Ponto 10: fauna e flora na barragem
no rio Apodi-Mossoró/RN. de Pau dos Ferros no rio Apodi-Mossoró/RN.
Figura 11 – Ponto 05: Dessedentação animal: Figura 12 – Ponto 05: Destinação de resíduos na
trecho urbano do rio Apodi-Mossoró/RN em Pau área urbana do rio Apodi-Mossoró/RN, Pau dos
dos Ferros. Ferros.
Para o ponto 06 os usos relacionam-se diretamente com os serviços e bens ambientais desse
ambiente aquático, com a harmonia paisagística (Figura 13) e a manutenção da fauna e flora (Figura
14). Com relação às possíveis fontes de poluição para essa seção, pode-se inferir que são os esgotos
domésticos oriundos do município de Pau dos Ferros, haja visto que se encontra a montante. Tais
resultados são confirmados também por Souza, Silva e Dias (2012) ao afirmarem que a
BHRAM/RN compreendida como um sistema ecológico. Diante desse contexto, é necessário em
estudos sobre referida bacia, realizar abordagem sistêmica, já que Santos (2004) define a bacia
hidrográfica como unidade de planejamento, uma vez que esta se constitui num sistema natural bem
delimitado geograficamente, onde os fenômenos e interações podem ser integrados, onde os
recursos naturais se integram.
Figura 13 – Ponto 06: harmonia paisagística no Figura 14 – Ponto 06: manutenção da fauna e
trecho rural do rio Apodi-Mossoró/RN em Pau Flora na área rural do rio Apodi-Mossoró/RN,
dos Ferros. Pau dos Ferros.
No ponto 07, evidenciou-se usos relacionados com a manutenção da fauna e flora local
(Figura 15) e retirada da areia para fins de construção civil (Figura 16). As possíveis fontes de
poluição relacionando-se com processos naturais e atividades industriais. O processo de extração de
areia do rio Apodi-Mossoró/RN também foi apurado por Souza, Silva e Dias (2012). Estes autores
ainda acrescentam que na retirada da vegetação das matas ciliares inicia o processo de impedimento
do fluxo natural do rio através da formação de bancos de areias. Portanto, ao longo da BHRAM/RN
as matas ciliares possuem importância imprescindível na manutenção da qualidade ambiental da
área investigada, já que permite a regularização do regime hídrico deste ambiente aquático.
Figura 15 – Ponto 07: Matas ciliares no trecho do Figura 16 – Ponto 07: Bancos de areias no rio
rio Apodi-Mossoró/RN em Taboleiro Grande. Apodi-Mossoró/RN em Taboleiro Grande.
Figura 17 – Ponto 08: preservação da fauna e Figura 18 – Ponto 08: atividade pesqueira na
flora no Barragem de santa cruz, rio Apodi- Barragem de santa cruz no rio Apodi-
Mossoró/RN, Itaú. Mossoró/RN em Itaú.
Figura 19 – Ponto 09: Espelho dágua da Figura 20 – Ponto 09: atividade de lazer na
Barragem de Santa Cruz no rio Apodi- Barragem de Santa Cruz, rio Apodi-
Mossoró/RN. Mossoró/RN.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa através de um enfoque qualitativo constatou que o alto e médio curso superior da
BHRAM/RN vem sendo utilizado para múltiplos usos, com ênfase na preservação da fauna e flora
local; recreação com atividades de esportes radicais; dessedentação de animais; harmonia
paisagística; pesca; segurança hídrica; navegação; abastecimento humano; recreação secundária;
aquicultura; irrigação; diluição de efluentes, plantações nas margens do rio, destino de resíduos
sólidos, retirada de areia e, abastecimento industrial.
Diante destes usos, encontra-se possibilidade de existência de fontes difusas e pontuais de
origem natural, urbana e a agropastoril, oriundos dos escoamentos de sendimentos de processos
intempéries, da geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos.
A partir desses processos de poluição pode gerar conseqüências negativas relacionadas com
as dimensões: econômica (desvalorização das terras e, maiores custos para recuperação ambiental),
social (diminuição dos usos tradicionais do ambiente aquático), ambiental (comprometimento dos
bens, e serviços e qualidade ambientais), sanitária (alteração da qualidade hídrica), político
(conflitos ambientais pelo uso), saúde (proliferação de vetores de doenças por veiculação hídrica) e,
territorial (redução no desenvolvimento regional).
Assim, sugere que ações de gestão ambiental precisam ser efetivadas com a finalidade de
prevenir e controlar os efeitos da poluição: estabelecimento dos componentes de saneamento
ambiental na área de estudo, recuperação das matas ciliares, maior fiscalização ambiental,
legalização dos usos deste ambiente e, implementação de programas de educação ambiental e
sanitária.
Para acompanhar a evolução deste cenário faz se necessárias novas abordagens científicas,
principalmente relacionadas com o monitoramento da qualidade de água, solo e, sedimento deste
ambiente; diagnóstico da degradação ambiental; identificação da percepção ambiental dos usuários
do rio, propostas de recuperação de matas ciliares; planejamento e gestão ambiental dos usos deste
ecossistema e, levantamento da capacidade de suporte do ambiente investigado.
REFERÊNCIAS
ATHAYDE JÚNIOR, G. B. et al. Principais usos da água do rio Sanhauá na área de influência do
antigo lixão do Roger: proposta de revisão de enquadramento do rio. Ambiente & Água – An
Interdisciplinary Journal of Applied Science, Taubaté, v. 3, n. 3, p. 128-142. 2008.
BEZERRA, J. M. et al. Análise dos indicadores de qualidade da água no trecho urbano do rio
apodi-mossoró em Mossoró-RN, Brasil. Semina: ciências agrárias, Londrina, v. 34, n. 6, p.
3443-3454, ago./mar. 2013.
DERÍSIO, J. C. Introdução ao controle da poluição ambiental. 4. ed. São Paulo. Editora: Oficina de
Textos, 2012, 224.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.
MACEDO, J.A. 2002. Introdução à química ambiental – química e meio ambiente e sociedade, 1ª
ed. Juiz de Fora: CRQ-MG.
SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de textos, 2004.
184p.
SEMARH. Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Banco de dados – SEMARH.
Disponível
em:http://servicos.searh.rn.gov.br/semarh/sistemadeinformacoes/consulta/cBaciaDetalhe.asp?Co
digoEstadual=01. Acesso em: 30/06/2017.
SPIRO, T.G; STIGLIANI, W. M. Química Ambiental. 2 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2009.
RESUMO
O trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar as condições geoambientais das principais
nascentes da bacia do Rio Paciência situada no município de São Luís na porção central da Ilha do
Maranhão. Para o levantamento das principais nascentes utilizou-se o SIG – Sistema de
Informações Geográficas e, a partir da imagem Pleiade (ONU Habitat, 2014) disponível para a área
do curso superior da bacia e do Google Earth (2017), foram selecionadas dez nascentes e estudadas
no raio de 50m para diagnóstico do seu estado de conservação. Seguindo a classificação de (PINTO
et al., 2003), quanto ao estado de conservação destas nascentes: 3 (três) encontram-se preservadas,
1 (uma) perturbada e 6 (seis) avaliadas como degradadas por sofrerem influências antrópicas, foram
avaliadas ainda as classes de uso e cobertura do solo nos quais foram constatadas uma variação de
5,42 a 32,15% de áreas urbanizadas; 8,57 a 100% de áreas com vegetação e 34,14 a 74,35% de
áreas que apresentaram solo exposto. Em relação aos impactos negativos observados nas áreas das
nascentes os principais foram o lançamento de esgoto in natura, resíduos sólidos;
impermeabilização do solo: construções em concretos e ruas asfaltadas; presença de vegetação de
capoeira e a canalização de córregos. Diante do levantamento das principais nascentes do Rio
Paciência é notório a necessidade de adoção de medidas urgentes de recuperação dessas áreas,
tendo em vista que estas são relevantes para a conservação dos mananciais hídricos de água doce na
ilha do Maranhão tornando-se indispensável para a perenização das águas utilizadas para o
abastecimento público da sociedade ludovicense.
Palavras chaves: Bacia hidrográfica, Rio Paciência, Nascentes, Condições geoambientais.
RESUMEN
El trabajo se realizo com el objetivo de evaluar las condiciones geoambientales de la cuenca de río
Paciência situada em el município de São Luís em la porción central de la isla del Maranhão. Para
el levantamento de las principlaes nacientes se utilizo el SIG – Sistema de Informaciones
Geográficas y a partir de la imagen Pleiade (ONU Habitat, 2014) disponible para el área del curso
superior de la cuenca y de Google Earth (2017) fueron selecionadas 10(diez) nascientes y
estudiadas em el radio de 50m para diagnóstico de su estado de conservación. Seguiendo la
clasificación de (PINTO et al, 2003). Em cuanto al estado de conservación de estas nacientes: 3
(tres) se encuentran preservadas, 1 (una) perturbada y 6 (seis) evaluadas como degradadas por sufrir
influencias antrópicas, se evaluaron las clases de uso y cobertura del suelo que se constató una
variación de 5,42 a 32,15% de áreas urbanizadas; 8,57 a 100% de áreas com vegetación y 34,14 a
74,35% de áreas que presentaron suelo expuesto. Em cuanto a los impactos negativos observados
em las áreas de las nacientes, los principales fueron el vertido de aguas residuales in natura,
resíduos sólidos, impermeabilización del suelo: construciones em concretos y calles asfaltados,
presencia de vegetación de capoeira y la canalización de arroyos. Ante el levantamento de las
principales nacientes del río Paciência es notorio la necessidade de adopción de medidas urgéntes
de recuperación de essas áreas, teniendo en cuenta que éstas son relevantes para la conservación de
los manantiales hídricos de agua dulce en la isla del Maranhão, siendo indispensable para la
perennización de las aguas utilizadas para el abastecimento público de la sociedad ludovicense.
Palavras clave: Cuenca hidrográfica, Río Paciência, Nacientes, Condiciones geoambientales.
INTRODUÇÃO
Ressalta-se que as nascentes são áreas estratégicas para o manejo de bacias hidrográficas
devido as suas funções hidrológicas e ecológicas, importantes na produção de água, e que a
supressão da vegetação, as atividades agrícolas e o uso inadequado do solo vêm contribuindo para o
processo de degradação de nascentes e cursos d`água interferindo na qualidade e quantidade da
água produzida na bacia. Todas essas atividades desenvolvidas nas áreas de nascentes infringem o
que está previsto na legislação brasileira, pois essas áreas são consideradas Áreas de Preservação
Permanentes (APP`s) pelo Código Florestal Brasileiro.
O levantamento das condições geoambientais das nascentes do Rio Paciência, é de extrema
importância, visto que a conservação dos mananciais hídricos de água doce na Ilha do Maranhão é
indispensável para o abastecimento público da sociedade ludovicense, e que a intensa urbanização
ameaça a conservação das nascentes.
Portanto, faz-se necessário pensar sobre o uso racional e a conservação da água,
principalmente nas nascentes, no que diz respeito a este recurso, os conflitos mais graves surgem e
permanecem, de forma cada vez mais preocupante, trazendo consigo a necessidade de soluções que
estão intimamente vinculadas ao sistema legal e organizacional brasileiro.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
A porção superior da bacia hidrográfica do Rio Paciência situa-se nos municípios de São
Luís, São José de Ribamar e Paço do Lumiar na porção central da Ilha do Maranhão, entre as
coordenadas Universal Transversa de Mercator – Projeção UTMs, fuso 23S; 9711000/9723000 mN
e 583000/585000 mE (Figura 01).
O acesso pode ser realizado pelas vias terrestres MA-201 e MA-203, e via marítima através
de pequenos portos ao longo da desembocadura do rio principal.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Bacia do Rio Paciência com uma área de 145,7 Km² situa-se na porção centro-oriental da
Ilha do Maranhão, limitada pelos divisores da bacia oceânica ao norte, Bacia Anil a oeste e Bacia
Jeniparana ao sul. Sua principal nascente está localizada no tabuleiro do Tirirical com direção
preferencial de nordeste e desembocando na Baía de São José, próximo à Ilha de Curupu.
As atividades humanas representam fator decisivo na modificação da dinâmica da água na
bacia hidrográfica, o uso e ocupação sem considerar a vulnerabilidade e a potencialidade da área
podem provocar danos irreparáveis ao ambiente dinamizando os processos do meio físico, dentre os
quais se destaca a perda de nascentes. O adensamento urbano tem provocado o aterramentos das
principais nascentes e gerado impactos ambientais direto no curso dos rios, tais impactos possuem
natureza negativa e certo grau de dificuldade para reversão, sendo agravados por estarem presentes
de maneira contínua e progressiva ao longo da bacia do Rio Paciência (Figura 2), em especial no
seu curso superior, onde foram estudadas as 10 nascentes representando um fator decisivo na
modificação da dinâmica da água na bacia, as ocupações nessa área resultaram em danos
irreparáveis ao ambiente dinamizando os processos do meio físico, destacando-se as perdas das
nascentes e/ou migração.
Tabela 10 – Estado de Conservação das Nascentes e Uso e Ocupação das áreas – Bacia do Rio Paciência –
MA.
Nascentes Georeferências Grau de Uso e Ocupação
Conservação
Vegetação Solo Urbanização
Exposto
A -2.59637519675, Degradada 19,82% 47,51% 32,65%
-44.1965325716
B -2.571444873611, Degradada 20,21% 74,35% 5,42%
-44.2060273062
C -2.58647411722, Preservada 100% - -
-44.2216636827
D -2.59763107627, Degradada 41,41% 34,88% 23,70%
-44.1960521584
E -2.57142222689, Preservada 100% - -
-44.2083762619
F -2.5759455773, Degradada 8,57% 61,69% 29,73%
-44.2215347159
G -2.58584653438, Preservada 100% - -
-44.2284332493
H -2.55896227848, Degradada 24,28% 61,99% 13,72%
-44.2230899564
I -2.53383941201, Degradada 53,64% 34,14% 12,20%
-44.2195882139
J -2.52534772474, Perturbada 93,83% - 6,16%
-44.2247721665
Pesquisa 2017.
Figura 3 – Vista das nascentes do Rio Paciência classificadas como Preservadas. Fonte: Acervo de Pesquisa.
A nascente que apresentou grau de conservação Perturbada, está localizada na porção norte
do curso superior da bacia (Figura 4), sofre pequenas influências antrópicas, todavia, a substituição
em partes da vegetação nativa pelo cultivo agrícola na área (Figura 5), pode ser altamente
contaminante, por gerar resíduos químicos que podem ser levado à nascente nos períodos chuvosos,
infiltrando no solo e consequentemente ao lençol subterrâneo, gerando possíveis contaminação.
Figura 4 – Vista parcial da nascente (J), classificada como Perturbada. Fonte: Acervo de Pesquisa.
Das 6 (seis) nascentes avaliadas como Degradadas observou-se que estas estão inseridas
totalmente em área urbana, sofrendo ao longo de toda sua calha pressões antrópicas e
descaracterização de suas margens. Destaca-se no local a presença de resíduos sólidos e o
lançamento de esgoto junto à rede fluvial (Figura 6), apresentando ainda poucas espécies vegetais, a
ocorrência de asfalto, casas e pavimentos dentro da área de APP geraram percentuais altos na classe
de uso do solo, ―urbanização‖.
Figura 7 – Vista parcial do córrego de uma nascente degradada. Fonte: Acervo de Pesquisa.
Figura 8 – Carta Geoambiental das nascentes do curso superior da bacia do Paciência – MA.
Dos impactos negativos observados nas áreas das nascentes os principais foram o
lançamento de esgoto in natura, resíduos sólidos, impermeabilização do solo: construções em
concretos e ruas asfaltadas, presença de vegetação de capoeira e a canalização de córregos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos dados obtidos, constatou-se com relação às dez nascentes avaliadas no curso
superior da bacia do Rio Paciência – MA, que apenas três encontram-se conservadas, e as sete
encontram-se perturbadas e degradadas não sendo respeitado o raio mínimo de 50m (cinquenta
metros) da Área de Preservação Permanente- APP, ocasionando pela perda da mata ciliar migração
ou desaparecimento da nascente, ou diminuição de sua área brejada onde conforme registros dos
moradores habitavam jacarés e área era visitada por vários pássaros.
A conservação dos mananciais hídricos de água doce na ilha do Maranhão é indispensável
para o abastecimento público da sociedade ludovicense, sendo notória a necessidade de adoção de
medidas urgentes de recuperação dessas áreas, tendo em vista que estas são relevantes para a
conservação e preservação dos mananciais hídricos de água doce, tornando-se indispensável para a
perenização das águas utilizadas para abastecimento, sendo relevantes portanto, estudos e medidas
que orientem a ocupação humana respeitando as fragilidades e potencialidades ambientais, fazendo
necessário pensar ainda sobre o uso racional e a conservação destas nascentes.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 mai. 2012. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm >. Acesso em: 07
jun. 2017.
PINTO, L.V.A. Caracterização física da bacia do ribeirão Santa Cruz, Lavras, MG, e propostas de
recuperação de suas nascentes. (Dissertação Mestrado em engenharia Florestal) – Universidade
Federal de Lavras, Lavras, MG. 165p, 2003.
PORTO, R.; Zahed, K. F.; Tucci, C. Bidone, F. Drenagem Urbana. In: TUCCI, C.E.M. (org.).
Hidrologia: ciência e aplicação. Porto Alegre: Editora UFRGS. 943 p, 2002.
VITTE, Antonio Carlos; GUERRA Antonio José Teixeira. Reflexões sobre a geografia física no
Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. 280p.
© Giovanni Seabra
RESUMO
O ecoturismo é uma atividade que se iniciou no final dos anos 80 e início dos anos 90 e com o
passar do tempo ganhou maior visibilidade, impulsionando um mercado promissor. Constitui-se em
um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural,
bem como incentiva sua conservação. O objetivo desse trabalho foi, através de uma pesquisa
bibliográfica, explanar sobre o ecoturismo e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável,
gerando uma reflexão sobre o tema. Assim, foram analisados livros, revistas e relatórios que
serviram de aporte para a sua elaboração. Diante dessa análise verificou-se que existem vários tipos
de atividades ecoturísticas como tirolesa, cavalgada, passeios a pé, boia-cross, cicloturismo
trekking, parapente, asa-delta, balonismo e rafting, os quais podem ser praticados por diferentes
pessoas com os mais variados perfis. O ecoturismo proporciona aos indivíduos que vivem tais
experiências a ampliação de uma consciência crítica. Também, o ecoturismo se apresenta como
uma alternativa diretamente associada com a preservação ambiental, contribuindo com as
comunidades envolvidas, levando ao desenvolvimento sem grandes danos ao meio ambiente.
Palavras chave: Ecoturismo, Turismo, Desenvolvimento Sustentável.
ABSTRACT
Ecotourism is an activity that has started in the late 80's and early 90's and over time got further
visibility, boosting a promising market. It is a segment of tourism that uses, in a sustainable way,
the natural and cultural heritage, as well as encourages its conservation. The objective of this work
was, by means of a systematic literature review, to explain about ecotourism and its contribution to
sustainable development, getting a reflection on the theme. Thus, books, journals, magazines and
reports were analyzed and they served as subsides for its elaboration. In the face of this analysis, it
has been verified that there are several kinds of ecotourism activities such as ziplining, horseback
riding, walking, buoy-cross, cycloturism, trekking, paragliding, hang gliding, ballooning and
rafting, which can be practiced by people with the most different profiles. Ecotourism provides to
people that experience that activities above the expansion of a critical awareness. Also, ecotourism
appears as an alternative directly associated with environmental preservation, contributing to the
communities involved, leading to development without greater damage to the environment.
Keywords: Ecotourism, Tourism, Sustained Development.
INTRODUÇÃO
O turismo destaca-se como uma das atividades econômicas mais importantes dos últimos
anos, seja em ambientes de montanha, ecossistemas costeiros, ilhas, ou mesmo em ambientes
urbanos, estando a atividade turística amplamente difundida pelo globo terrestre, de modo que não
existe praticamente um lugar de nossa geografia onde não se observe a influência desse
fenômeno (BARRETO,1995).
Durante muito tempo a ênfase sobre a atividade turística direcionou-se, quase que
exclusivamente, aos aspectos econômicos e aos benefícios que o turismo poderia desempenhar para
a economia, o que gerou a ideia de indústria do turismo, mas recentemente observa-se a necessidade
de outro tipo de visão, que seja socialmente mais justa, ecologicamente prudente e economicamente
eficiente e fortemente ligada a fatores ambientais e sociais, ou seja, um turismo voltado para a
sustentabilidade (MARULO, 2012).
Neste contexto, o turismo sustentável surge como uma das formas para se alcançar o
desenvolvimento sustentável, a fim de evitar danos ao meio turístico, minimizando custos sociais e
otimizando os benefícios desse desenvolvimento (SOUZA, 2011). Ainda, conforme Souza (2011),
essa perspectiva de turismo tem apresentado um crescimento contínuo no mundo e no Brasil, com
destaque para o ecoturismo, que surge nessa vertente como um dos mais inteligentes instrumentos
de viabilização e gerenciamento dos recursos naturais, além de contribuir para o resgate da
conscientização ecológica da população envolvida e suas unidades receptoras que tem sido
negligenciada pela prática de turismos de massa, ampliando assim o debate em prol do meio
ambiente e sua preservação.
Por fim, na sequência desse artigo, se explanará sobre o ecoturismo e sua contribuição para
o desenvolvimento sustentável, a partir de uma pesquisa bibliográfica, onde foram analisados,
livros, periódicos, revistas, relatos, que serviram de aporte para a sua elaboração, gerando uma
reflexão sobre o tema.
DEFINIÇÃO DE TURISMO
A origem da palavra turismo vem do vocábulo tour que é de origem francesa e significa
―volta‖ (BARRETO, 1995). A matriz do radical tour é do latim tourns, do verbo tornare, cujo
significado é giro, volta, viagem ou movimento de sair e retornar ao local de partida (ANDRADE,
1992).
Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT, 2007), turismo é a atividade do viajante
que visita uma localidade fora de seu entorno habitual, por período inferior a um ano, e com
propósito principal diferente do exercício de atividade remunerada por entidades do local
visitado. Em diversas partes do mundo o turismo tem crescido e contribuído direta e indiretamente
pela geração de 195 milhões de empregos, equivalente a 7,6% da mão de obra no ramo turístico
(EMBRATUR, 2010).
De acordo com Leiper (1979) o turismo pode ser pensado como uma gama de indivíduos, de
negócios, de organizações e lugares, que de alguma forma se combinam para proporcionar uma
experiência de viagem, influenciando muitas vidas e atividades econômicas diferentes. Essa ideia é
motivada por necessidades como lazer, recreação, férias, práticas de esportes, turismo cultural,
turismo de saúde, conferências, dentre outras (OMT, 2007).
Ainda segundo Leiper (1979) o turismo pode ser classificado em duas categorias relacionada
a natureza de suas viagens: doméstico e internacional. O turismo doméstico refere-se a viagens
realizadas pelas pessoas dentro de seu próprio país de residência; já o internacional envolve viagens
que podem cruzar fronteiras, gerando implicações quanto a questões de moeda, idioma e
procedimentos legais como o visto.
Por fim, o turismo pode ser compreendido como uma atividade complexa originada pela
necessidade de deslocamento das populações dentro do espaço físico mundial passando a ocupar
espaço considerável nas relações econômicas, podendo vir a ser uma das mais importantes em
termos de oferta de empregos e geração de receita e renda (SCÓTOLO e PANOSSO NETTO,
2015).
ECOTURISMO
patrimônio natural e cultural, bem como incentiva sua conservação. Sendo assim, essa prática
necessita de um ambiente pouco alterado pelo homem. Para que uma atividade seja entendida
como ecoturística ela precisa propor ações para que o turista seja informado e sensibilizado para a
conservação e importância das áreas visitadas, além de proporcionar o envolvimento da
comunidade local nas decisões de implantação de atividades e serviços do turismo. Dessa forma, o
ecoturismo constitui-se num conjunto de princípios de respeito à natureza e à cultura local, onde
para ser seu praticante, também se faz necessário compreender e respeitar essas dimensões.
O PERFIL DO ECOTURISTA
Conforme Costa (2008) as novas preferências dos turistas em relação aos seus destinos tem
evidenciado, ao longo dos tempos, uma acentuada mudança, onde se pode perceber um consumidor
com critérios mais refinados, que se recusam integrar grupos massificados. Assim o turismo
convencional perde muitos dos seus adeptos, que passam a manifestar a sensibilidade pelo meio
ambiente e o despertar para a consciência ecológica e a sustentabilidade de seus destinos turísticos
(PORTUGUEZ et al., 2012). Nesse novo cenário surge então a figura do ecoturista caracterizada
por pessoas oriundas de grandes centros urbanos, de cotidiano agitado, com alto grau de stress,
geralmente com formação universitária, com médio e alto poder de compra, com idade de 20 a 40
anos, ávidos por um contato positivo com a natureza e atividades que proporcionem lazer,
relaxamento e contemplação. São pessoas preocupadas com que a cultura permaneça viva e que os
recursos naturais sejam preservados (BRITO, 2010).
bicicleta como meio de transporte enquanto que trekking são passeios que duram mais de um dia,
ou seja, inclui uma noite no meio da natureza. O parapente é uma modalidade de voo livre
semelhante a um paraquedas onde o participante pode controlar a direção em que voa. A asa-delta é
um estilo de voo livre, onde o participante é atrelado a uma estrutura rígida feita de tubos de
alumínio presa a uma vela feita de tecido num formato semelhante a um triângulo. O balonismo é
uma atividade praticada com um balão de ar quente. Por fim, o rafting é uma atividade em que os
participantes montam um grupo para descer corredeiras utilizando um bote inflável. (ABETA,
2011).
Observa-se a oferta de várias opções que o ecoturismo pode proporcionar ao turista,
permitindo a este a escolha da atividade que mais se enquadra ao seu perfil, seja ele aventureiro,
pacato ou que busca adrenalina, além de conceder um contato direto com a natureza,
proporcionando-lhes bem estar.
ecoturismo pode ser entendido como as atividades turísticas baseadas na relação sustentável com a
natureza, comprometidas com a conservação e a educação ambiental (BRASIL, 2008).
O ecoturismo é considerado por alguns autores como a indústria não poluidora, apontado
como a atividade capaz de promover o desenvolvimento sustentável (ARAÚJO, 2003). Além de ser
considerado o reencontro do homem com a natureza, sendo uma alternativa diretamente associada a
preservação do meio ambiente, contribuindo com as comunidades envolvidas, levando ao
desenvolvimento sem grandes danos ao meio ambiente (SOUZA, 2011).
O Governo Federal, temendo que esta modalidade pudesse deixar de gerar os benefícios
sócio-econômicos esperados, criou uma política especialmente voltada para o ecoturismo, as
Diretrizes para uma política nacional do Ecoturismo publicada em 1994, com a preocupação de não
comprometer o conceito deste segmento, em relação aos consumidores do mercado interno e
externo (BRASIL, 2008).
No ecoturismo é importante saber quando e como utilizar uma área natural e essa
questão pode variar de acordo com as características de cada local e o que se espera dessa utilização
(PEDROSO e NERY JÚNIOR, 2014). De acordo com Machado e Conto (2013), mesmo que o
ecoturismo possua premissas sustentáveis, a sua prática requer o consumo de energia, de água e
demais recursos naturais, o que pode ocasionar a produção de resíduos sólidos, emissões
atmosféricas e substâncias poluentes que levem danos ao ecossistema. Por isso Pedroso e Nery
Júnior (2014) frisam a necessidade do planejamento do ecoturismo e seu constante monitoramento
como uma preocupação cotidiana de todos os profissionais interessados em seu desenvolvimento
sustentável, pois quando concebido e planejado levando em consideração a dimensão ambiental,
o ecoturismo colabora com a diminuição dos impactos ambientais nos destinos, o desenvolvimento
sustentável das comunidades locais, tudo isso propiciando a manutenção dos recursos naturais e
ecossistemas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma sociedade sustentável só poderá ser atingida a partir do momento que as pessoas
passarem a pensar a sociedade em que vivem e se conscientizarem em relação ao futuro do planeta
e o desenvolvimento sustentável de forma consciente e com a menor degradação ambiental
possível.
Tem se observado que o setor de turismo é capaz de racionalizar a atividade para a obtenção
de lucro, de modo que a sustentabilidade encontre espaço de destaque no turismo. E é justamente no
ecoturismo que o viés sustentável do turismo se sobressai, já que este possibilita promover a
economia, sobretudo local, em harmonia com a natureza.
O ecoturismo proporciona aos indivíduos que vivem tais experiências a ampliação de uma
consciência crítica em favor da formação de uma consciência ambiental, considerando que as
atividades ecoturísticas são desenvolvidas em contato direto com comunidades locais e com a
natureza, além de proporcionar equilíbrio entre ser humano e natureza, fortalecendo a
sustentabilidade e a sua conservação.
Por fim, a temática sobre ecoturismo vem dando sinais de maturidade com o crescimento
das pesquisas a ele dedicada, com um número cada vez maior de artigos, periódicos e livros.
Mesmo sendo uma área de estudo considerada jovem, acarreta um vasto cenário para pesquisas,
ensino e estudos.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, C. V. F. de. Ecoturismo, sua prática, seu espaço. 2003, (Dissertação Mestrado em
Geografia) -Instituto de Geociências, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2003. 107p.
BARRETO, M. Manual de iniciação ao estudo do Turismo. Campinas, SP: Papirus, 1995. 164p.
BELL, S.; MORSE, S. Sustainability indicators: Measuring the immeasurable. Earthscan: London,
2000. 759p.
LEIPER, N. The framework of tourism: towards a definition of tourism, tourist, and the tourist
industry. Annals of Tourism Research, v. 6, p. 390-407, 1979.
MARULO, A. M. Turismo e meio ambiente: uma análise do ecoturismo e sua contribuição sócio-
ambiental no distrito matutuine: caso da reserva especial de Maputo – Moçambique/ Artur
Manuel Marulo. Natal, RN, 2012. 123p. Disponível em:
arquivos.info.ufrn.br/arquivos/.../Artur_Manuel_Marulo.pdf, Acesso em: 08.07.2017
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO (OMT). Datos Esenciales del Turismo. 2007. 96p.
VEIGA, J. E.da. Cidades Imaginárias – o Brasil é menos urbano do que se calcula. Campinas:
Editora da Unicamp, 2005. 77p.
WTTC. Agenda 21 for the Travel & Tourism Industry: Towards Environmentally Sustainable
Development Progress. Report Nº 1 (1998). WTTC: London, 1998. 83p.
RESUMO
O turismo ambiental busca desenvolver atividades de lazer, recreação ou entretenimento que
promove o contato com os recursos naturais e a valoração dos mesmos. Neste sentido, o município
de Aracaju abrange diversos atributos naturais que possuem um relevante potencial ambiental para
atividades voltadas ao turismo. Portanto, este trabalho tem como finalidade averiguar os recursos
naturais presente em Aracaju, para assim, avaliar o potencial turístico ambiental do munícipio a
partir de um planejamento estratégico. Assim, foram elaborados mapas destes recursos ambientais,
que estão presentes na cidade, como rios, unidades de conservação, áreas florestais, entre outros.
Com esse mapeamento foi permitido traçar um planejamento estratégico a partir da matriz Ansoff,
que verifica oportunidades de crescimento e surgimento de negócios. Diante disto, pode-se
constatar que o potencial de turismo ambiental do munícipio de Aracaju é relevante, porém poucos
explorado em algumas áreas. Os locais próximos à foz do rio Sergipe e as praias concentram os
maiores investimentos e preocupações. Dessa forma, percebe-se que é necessário traçar um
planejamento que leve em consideração outras áreas relevantes, como os parques existentes na
cidade, as áreas florestais, entre outras, delineando os atributos ambientais com mais diversidade
para serem úteis na exploração do turismo ambiental. Desta maneira, percebe-se que o potencial de
Aracaju em relação ao turismo ambiental é relevante e com um planejamento estratégico poderá
trazer mais benefícios socioeconômicos e ambientais para a região.
Palavras Chave: Turismo ambiental, Gestão estratégica, Atributos Ambientais.
ABSTRACT
The environmental tourism looks to develop activities of leisure, recreation or entertainment that
promotes the contact with the natural resources and the valoração of same. In this sense, the local
authority of Aracaju includes several environmental attributes that have a relevant environmental
potential for activities turned to the tourism. So, this work has as finality checks the environmental
resources present in Aracaju, for so, to value the environmental tourist potential of the munícipio
from a strategic projection. So, there were prepared maps of these environmental resources, which
are present in the city, like rivers, unities of conservation, forest areas, between others. With this
mapeamento it was allowed to draw a strategic projection from the womb Ansoff, which checks
opportunities of growth and business appearance. Before this, it is possible to note that the potential
of environmental tourism of the munícipio of Aracaju is relevant, however few ones explored in
some areas. The places near to a deságue of the river Sergipe and the beaches concentrate bigger
investments and preoccupations. In this form, it is seen that it is necessary to draw a projection that
takes into account other relevant areas, like the existent parks in the city, the forest areas, between
others, outlining the environmental attributes with more diversity to be useful in the exploration of
the environmental tourism. In this way, it is seen that the potential of Aracaju regarding the
environmental tourism is relevant and with a strategic projection it will be able to bring more
benefits socioeconômicos and environmental for the region.
Keywords: Environmental tourism, Strategic management, Environmental Attributes.
INTRODUÇÃO
O turismo pode ser definido como o conjunto de atividades que envolvem o deslocamento
de pessoas de um lugar, para fins de entretenimento, recreação ou lazer. Além disto, pode-se
afirmar que as atividades de turismo são práticas crescentes no mundo todo, o que promove uma
relevante contribuição para a melhoria das condições socioeconômicas de uma determinada região
ou país. Neste sentido, é indispensável que programas de implementação de atrativos turísticos
sejam adequadamente planejados, em razão de evitar o uso impróprio e os possíveis impactos sobre
os recursos naturais e sociais. Particularmente, existe um setor que se refere ao chamado turismo
ambiental, que inclui o ecoturismo e pode ser entendido como uma procura por conveniências que
promovem contato com espaços naturais ou simplesmente com a natureza e recursos naturais.
(YÁZIGI, 2002).
Para um melhor desempenho do turismo ambiental, inicialmente se deve conhecer o
potencial e a capacidade de uma localidade no que tange as suas atividades turísticas, a fim de
respeitar a aptidão de suporte e a fragilidade do meio, pois, caso contrário, projetos turísticos serão
apenas ambientalmente danosos e economicamente insustentáveis. (RUSCHMANN, 2000). Com
isso, pode-se inserir a cidade de Aracaju, capital do estado de Sergipe, que abrange recursos
naturais notáveis, dispondo de um potencial turístico relevante. Assim, é necessário a elaboração de
um planejamento turístico ambiental adequado para averiguar a potencialidade e recursos do local,
para que assim, seja possível traçar metas de maneira e objetivos apropriados.
Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo realizar um estudo acerca do potencial
turístico de Aracaju com embasamento no planejamento estratégico de seus recursos naturais. Para
assim, averiguar a capacidade do munícipio de investir em atrativos turístico e atividade de cunho
socioambiental envolvendo lazer e recreação.
ÁREA DE ESTUDO
O município de Aracaju foi fundado em 17 de março de 1855, sendo uma cidade criada pelo
governo provincial da época para ser a capital da província em substituição ao município de São
Cristóvão. A partir de então, Aracaju passa a ser capital do estado de Sergipe, sendo que em meados
da década de 90 sofreu um crescimento populacional exorbitante. Em 2014, de acordo com
estimativa do IBGE, a cidade de possuía em torno de 623.766 habitantes, com região metropolitana
em volta de 912.647 habitantes. Este município litorâneo, está situado ao leste do estado, limitando-
se com o município de São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro, Santo Amaro das Brotas, Barra
dos Coqueiros e Itaporanga D‘ajuda, com uma faixa territorial de 181, 857 km² e uma densidade
demográfica de 3.140,65 hab/km². (IBGE, 2010).
De acordo com o Ministério do Turismo (2008), Aracaju possui uma infraestrutura positiva,
no que tange ao apoio existente em atrativos naturais, preocupação com a conservação urbanística e
ambiental no entorno destes atrativos naturais e culturais e pela existência de eventos programados
típicos que atraem turistas. Assim, se percebe que o município em estudo abrange recursos
ambientais que possuem potencial para serem atrativos turísticos, para assim, auxiliarem no
desenvolvimento socioeconômico da área em conjunto com a conservação de bens naturais.
MATERIAL E MÉTODOS
Mapeamento dos recursos naturais e áreas naturais notáveis de Aracajú com base no software
Spring
O espaço físico-geográfico que a cidade de Aracaju ocupa, possui áreas naturais de beleza
cênica relevantes, refletindo a presença de componentes naturais de alta valoração. Deste modo, o
município revela possuir localidades de significativa potencialidade turística, levando em
consideração recursos como rios, manguezais, praias, áreas florestais, unidades de conservação,
entre outros.
Os materiais utilizados consistem em dados cartográficos cedidos pela Secretaria de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos de Sergipe (SEMARH) e no software SPRING.
Os procedimentos se iniciaram com a criação de um banco de dados no SPIRNG, onde é
permitido que dados de interesse para análises fiquem armazenados. Para esse bando de dados
foram importados os seguintes dados de recursos naturais: hidrografia, unidades de conservação,
rios federais, afluentes, diagnóstico florestal e áreas naturais notáveis. Nas avaliações foi adotada a
escala de 1/100.000. No módulo SCARTA do SPRING foram realizadas as edições, e assim, foram
geradas as cartas imagens que possuem o mapeamento geoturístico de Aracaju.
Avaliação do potencial turístico ambiental com base na matriz de planejamento estratégico ansoff
Para a realização de um estudo do potencial turístico com base nos recursos naturais
presentes na cidade de Aracaju, foi utilizado um modelo de planejamento estratégico, denominado
matriz de Ansoff. Esta ferramenta pode ser entendida como um instrumento que avalia
oportunidades de expansão de negócios em um determinado mercado. Nesta conjuntura, as decisões
estratégicas, de acordo com Ansoff (1990), devem ser direcionadas especificamente para a seleção
de produtos ou serviços que serão introduzidos em mercados que estão com certa defasagem ou
necessidade, além de permitir estruturar e definir as táticas para crescimento.
Diante do exposto, a matriz Ansoff possui relevância em planejamentos estratégicos, pois
analisa os mercados e produtos ou serviços novos e existentes para preparar uma avaliação e
programação futura. Além disto, esta ferramenta também é conhecida como Matriz
Produto/Mercado, pois consiste em um quadrante composto por duas dimensões, produtos e
mercados (Figura 01). Assim, do lado direito de cada dimensão estão situados os
produtos/mercados novos, e do lado esquerdo, os produtos/mercados existentes.
A partir desta combinação, são formadas quatro estratégias para o crescimento e o
desenvolvimento de uma organização, sendo que estas mesmas estratégias são:
Diante disto, entende-se que a Matriz de Ansoff pode ser utilizada uma ferramenta útil na
determinação de oportunidades de crescimento para uma empresa ou organização, e é de grande
relevância as manifestações de produtos e mercados novos ou existentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Mapeamento
Com a elaboração de um mapa dos recursos naturais da cidade de Aracaju (Figura 02) pode-
se visualizar que existe no município dois rios federais, um afluente, unidade de conservação e
áreas florestais.
Com base nas informações do mapa (Figura 02), é possível observar que Aracaju possui
duas unidades de conservação: Parque Ecológico do Tramandaí e Área de Proteção Ambiental
(APA) Morro do Urubu.
No local onde existe a APA Morro do Urubu, há uma das últimas localidades da Mata
Atlântica do município. Esta unidade de conservação foi criada pelo Decreto nº 13.713, de 1993 e,
de acordo com este decreto, o local compreende aproximadamente 214 hectares, constituídos por
áreas públicas e também privadas. Dentro do seu território estão implantados o Parque Estadual
José Rollemberg Leite ou Parque da Cidade e o Zoológico de Aracaju. A área é administrada pela
Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (EMDAGRO).
É possível perceber que a APA Morro do Urubu compõe uma importante área de relevância
ambiental que necessita ser conservada para resguardar os componentes ambientais como a fauna e
a flora. Com isso, o local atua como um recurso de atividade turística importante para Aracaju.
Além disto, também existe em Aracaju, o Parque Ecológico do Tramandaí, que foi
implementado com a criação do Bairro Jardins, pela Lei Municipal nº 2.666 de 1998. Isto ocorreu
devido as construções que estimulariam o crescimento populacional na área, e posteriormente, o
desmatamento de áreas verdes e manguezais.
Nesta perspectiva, o Tramandaí foi criado pelo decreto municipal n° 112 de 1996, surgindo
em um contexto de rápido crescimento e valorização da região no entorno do bairro Jardins. Nesta
época, houve o desmatamento para construção de prédios e de um shopping, acarretando problemas
urbanísticos, em razão de não existir um sistema efetivo de drenagem ou planejamento de
esgotamento sanitário. Assim, perante a falta de um planejamento geoambiental e urbanístico, o
Parque Ecológico do Tramandaí é palco de contaminação por efluentes domésticos, ocasionando
perda da sua beleza cênica, morte da fauna e incidência de mal odores. Mesmo diante destes fatos,
ainda é possível encontrar no Tramandaí crustáceos e pássaros, demonstrando vida no bioma.
Com estas ocorrências, se percebe que a área necessita de ações mitigadoras para cumprir
seu objetivo de resguardar a fauna e a flora local. Inicialmente, se deve retirar todo o despejo de
efluentes do local para recuperar a área do parque. A partir disto, estas ações mitigadoras também
promoveriam maior valoração da área, em específico, o bairro do Jardins, que é um dos mais nobres
da cidade. Assim, o potencial turístico do Tramandaí que está sendo defasado, seria mais valorizado
e atenderia a população com recreação e lazer.
Ainda pode-se outras citar áreas em Aracaju, que possuem beleza cênica relevante, como
por exemplo: (i) o Parque dos Cajueiros na foz do rio Poxim que é o afluente do rio Sergipe, os (ii)
manguezais do rio Poxim na parte oeste e um pouco na parte sul de Aracaju, e os manguezal
localizados mais ao sul e na zona de expansão do Município.
Desta maneira, é possível perceber a cidade tem muito a oferecer de atividades turísticas
com base em recursos naturais, porém grande parte não são conservados, e com isso, não são
explorados. Então, é válido ressaltar, que Aracaju tem muito ainda a melhorar neste fator, uma vez
que estes atrativos ambientais e naturais são as bases para o desenvolvimento da atividade turística.
O município de Aracaju também possui um litoral que dispõe de praias com uma coloração
mais escura em razão da alta presença de sedimentos e de matéria orgânica, além disto, a orla de
Aracaju possui uma faixa de areia extremamente cumprida. Devido a estes fatores, a orla da cidade,
conhecida como orla de Atalaia possui um vasto arsenal de atrações e cartões postais, evidenciando
o potencial turístico da região.
A Figura 03 revela áreas naturais notáveis no município em estudo. A Lei nº 2.825 de 30 de
julho de 1990, define como "Paisagem Natural Notável" a área de especial proteção ambiental,
durante todo o trecho do rio Sergipe. Esse trecho que serve de divisa entre os municípios de Aracaju
e Barra dos Coqueiros, compreendendo as margens e todo o leito do rio Sergipe, tanto na parte
permanente coberta pelas águas, tanto naquela que somente o é por efeito dos movimentos de maré,
tanto no segmento que se estende até o mar, quanto naquele que sai em demanda do rio Poxim.
A área de paisagem natural notável que abrange a localidade do deságue do rio Sergipe no
mar, abriga uma grande área de manguezal e concentra pontos turísticos, como o calçadão da Praia
Formosa, além de abranger a Av. Beira-Mar, uma das mais famosas e tradicionais de Aracaju, que
dispõe de pistas de caminhas, ciclovias, área de playground e quadras.
Desta forma, a área possui capacidade de recepcionar turistas e habitantes do local para a
realização de atividades de recreação e lazer, cumprindo assim, o papel da área de conter
alternativas socioeconômicas viáveis para usufruir do potencial paisagístico notável.
Com base nos recursos naturais evidenciais nos mapas referentes as Figuras 02 e 03, se pode
listar os principais elementos naturais que compõem a cidade de Aracaju e possuem potencialidade
turística.
Assim, foi aplicada a metodologia Ansoff (Quadro 1), evidenciando estratégicas de
penetração de mercado, desenvolvimento de mercado, desenvolvimento de produto e diversificação.
PRODUTOS/SERVIÇOS/ATRAÇÕES
Existentes Novos
Implementação de ecoturismo
Implementação de ecoturismo, lazer e
com atrativos ambientais em volta
recreação com atrativos ambientais em
Novos
A atividade turística apresenta um expressivo crescimento mundial, por ser uma atividade
que de forma direta ou indireta oportuniza postos de trabalho, favorece o desenvolvimento local,
gera renda e contribui significativamente para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. No
entanto, em todos os locais onde há utilização de recursos naturais, assim como em Aracaju, deve-
se evidenciar que esta atividade tem seus impactos, sejam eles negativos e positivos. Neste
contexto, é visto que a Aracaju possui aspectos ambientais de grandes belezas cênicas, envolvendo
o rio Sergipe e seus afluentes, unidades de conservação, manguezais, entre outros.
Desta maneira, o potencial turístico ambiental está sendo voltado e concentrado apenas nas
praias ou em locais próximo ao deságue do rio Sergipe no mar, onde se considera área de paisagem
natural notável. Sendo assim, é válido ressaltar que outras áreas da cidade necessitam de atenção
para suas belezas cênicas e feições paisagísticas.
As áreas de diagnostico florestal mostradas na Figura 02 são locais de relevante atributos e
possuem potencial para se tornarem áreas turísticas. Áreas do afluente do rio Sergipe, o rio Poxim
também merecem atenção tanto na construção de praças, como áreas de lazer ou de recreação.
Por fim, se deve destacar que é necessário traçar metas estratégicas para cumprir o papel de
conservação dos recursos naturais, para assim, usufruir do potencial turístico de Aracaju e das
paisagens notáveis.
CONCLUSÕES
A partir do exposto, se pode averiguar que a cidade de Aracaju possui um vasto potencial
turístico com base em recursos naturais. Assim, esta potencialidade necessita de um planejamento
estratégico que leve em consideração, questões como:
1 – Incentivo do turismo ambiental e do ecoturismo em áreas ao longo dos manguezais e do
rio Poxim, sendo assim, uma alternativa oposta aos atrativos já existentes ao longo do rio Sergipe e
da área de Paisagem Natural Notável que está presente no entorno do seu deságue.
2 – Medidas de conservação para o incentivo e lançamento de novas atrações turísticas em
locais já existentes, como o Parque Ecológico do Tramandaí.
REFERÊNCIAS
SERGIPE. Decreto nº 13.713 de 16 de junho de 1996, que institui a Área de Proteção Ambiental do
Morro do Urubu, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.semarh.se.gov.br/biodiversidade/modules/tinyd0/index.php?id=11>. Acesso em:
Novembro de 2016.
SERGIPE. Lei nº 2.825 de 23 de julho de 1990, que delimita espaço físico como área constitutiva
de ―paisagem natural notável‖ e de especial proteção ambiental. Disponível em:
<http://www.semarh.se.gov.br/biodiversidade/modules/tinyd0/index.php?id=11>. Acesso em:
Novembro de 2016.
SERGIPE. Lei nº 2.795 de 30 de março de 1990, que define áreas de proteção ambiental da foz do
Rio Vaza-Barris, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.semarh.se.gov.br/biodiversidade/modules/tinyd0/index.php?id=11>. Acesso em:
Novembro de 2016.
YÁZIGI, E.C. Turismo, espaço, paisagem e cultura. São Paulo: Hucitec, 2002.
RESUMO
Sendo fenômeno social transformador de realidades locais, o turismo tem como objeto de consumo
o espaço geográfico, e como protagonista principal, o turista. Buscando sempre por novos espaços a
serem consumidos, o turismo alcançou outros cenários e possibilitou a inclusão de comunidades
tradicionais onde as trocas de experiências ocorrem através das vivências diárias, além dos
discursões acerca da importância da resistência, da valorização de suas raízes culturais, lutas e
planos de melhorias. Este trabalho buscou compreender o papel desenvolvido pela Escola Popular
de Turismo Comunitário (EPTC) da Rede Cearense de Turismo Comunitário (Rede Tucum) na
comunidade de Caetanos de Cima, localizada no município de Amontada-Ce, no litoral oeste do
Estado. Para alcançar o objetivo proposto foram feitos levantamentos bibliográficos, entrevistas
com responsáveis pelo projeto, acompanhamento de um encontro realizado com os jovens das
comunidades ligadas à rede Tucum e trabalhos de campo.
Palavras-Chaves: Turismo. Turismo Comunitário. Educação.
ABSTRACT
As a transformative social phenomenon of local realities, tourism has as its object of consumption
the geographical space, and as the main protagonist, the tourist. Always looking for new spaces to
be consumed, tourism has reached other scenarios and allowed the inclusion of traditional
communities where the exchange of experiences occur through daily experiences, as well as
discussions about the importance of resistance, appreciation of their cultural roots, struggles and
plans for improvements. This work sought to understand the role played by the Popular School of
Community Tourism (PSCT) of the Cearense Network of Community Tourism (Tucum Network)
in the community of Caetanos de Cima, located in the municipality of Amontada-Ce, on the west
coast of the State. In order to reach the proposed objective, bibliographical surveys, follow-up of a
meeting with the young people of the communities connected to the Tucum network and fieldwork
were carried out.
Keywords: Tourism. Community Tourism. Education.
INTRODUÇÃO
Segundo Rodrigues 2002, o turismo está para além do campo técnico, pois seu estudo não
fica apenas centrado em funções e cargos operacionais. Transcende para o campo humano já que o
turismo, atualmente, é entendido como um fenômeno social.
Sendo um fenômeno social, transformador, o turismo tem como seu objeto de consumo o
espaço geográfico, e como protagonista principal, o turista, que busca usar de todas as formas
possíveis os espaços que lhes são pensados e seletos, tendo como critérios a localização, a
acessibilidade, os meios de transportes, hospedagem, os atrativos culturais, paisagísticos e etc.
Dessa forma o turismo é, consequentemente, cultural, político e econômico.
Atualmente, o turismo, é uma nova forma de modalidade do processo de acumulação de
capital e isso resulta em uma versão contraditória da configuração do espaço geográfico, deixando,
em maior evidência, as desigualdades sociais.
BARBOSA (2011) defende que a apropriação dos territórios não se dá apenas por aqueles
que priorizam a reprodução ampliada do capital, reforçando o modo de produzir desigual e
combinado, mas realiza-se também pelas classes pobres e, às vezes, por meio de participação
comunitária e solidária. No qual, ainda segundo a autora, toda essa produção está ligada ao
sentimento de pertencimento, resistência e luta daqueles que, de alguma forma, se sentem excluídos
dos resultados obtidos e desejam inclui-se na cadeia produtiva do turismo. Neste contexto, o
turismo comunitário revela ―formas diferentes de apropriação territorial, que por meio da atividade
turística conseguem resistir ao modelo econômico consumista e fortalecer o poder, a identidade e a
solidariedade de territórios periféricos ao capital.‖ (BARBOSA, 2011).
Nessas apropriações de territórios solidários se desenvolve a escola popular de turismo
comunitário, que busca uma interdisciplinaridade do aluno na construção e vivencia do local de
resistência que o mesmo recria a partir da educação participativa e decisiva, que corrobora na
formação do sujeito social.
A zona costeira Cearense apresenta um grande potencial para a prática turística, tornando-se
alvo de inúmeras transformações nas últimas décadas. Na lógica do turismo alternativo de base
comunitária, como forma de acompanhar o desenvolvimento, foi escolhido um município cearense
que faz parte da rede Tucum, objetivando compreender como se processam as transformações, e as
inclusão de novas formas de resistência, como a escola popular de turismo comunitário.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 9- Mapa de localização do município de Amontada (CE). Fonte: Elaborado pelos autores.
Caetanos de Cima se destaca por ser umas das primeiras comunidades a aderir a Rede
Tucum, por contar com a participação de uma jovem na vice-presidência de seu grupo de turismo
local, por sua bagagem cultural e pela forte presença das mulheres na frente das lutas e debates
sociais. Dentre as principais atividades desenvolvidas pela comunidade estão a agricultura de
subsistência, na qual se destaca o cultivo da mandioca; a pesca tradicional que é realizada através de
canoas; a produção de doces de acordo com a estação da fruta e o artesanato.
Os grandes desafios enfrentados pela comunidade, atualmente, são referentes a privatização
de suas terras; que envolve conflitos diretos e indiretos com empresários do mercado imobiliário; a
redução dos espaços de moradia e trabalho para a população local, a ocupação indevida de suas
terras por parte dos posseiros/grileiros; a perda da diversidade nos usufrutos tradicionais e
ancestrais dos ambientes marinhos-costeiros e o êxodo da juventude para a metrópole, causando
assim, o enfraquecimento dos movimentos de lutas e organização da comunidade. E nessa
realidade que é desenvolvida a EPTC.
A Escola Popular de Turismo Comunitário é uma iniciativa do Instituto Terramar e da Rede
Cearense de Turismo Comunitário que visa a formação e participação da juventude das
comunidades da Zona Costeira do Ceará para o desenvolvimento de atividades turísticas
comunitárias. Tendo como base a Educação Popular situando-o como atividade estratégica na
defesa dos direitos das populações tradicionais costeiras do Ceará, o projeto tem o objetivo de
robustecer o turismo comunitário da Rede Tucum como uma ação social e atuante na defesa dos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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o desenvolvimento local no Ceará. / Luciana Maciel Barbosa.— Fortaleza, 2011. 160p. ; il.
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UFPB, 2012. 396p.
RESUMO
O turismo rural tem sido visto como uma boa opção de geração de renda para as famílias rurais e
com condições de manter essas pessoas no meio em que vivem, possibilitando assim a diminuição
do êxodo rural que na maioria das vezes é causado pela falta de opções no campo. Contudo, o
turismo rural pode provocar danos ao meio ambiente se não for considerada a dimensão ambiental
como fator fundamental na sustentabilidade desta atividade. Dessa forma é necessário a realização
de práticas para a conscientização do cuidado com o meio ambiente e a sua preservação.
Palavras-chaves: Turismo rural, meio ambiente, sustentabilidade
ABSTRACT
Rural tourism has been seen as a good option for generating income for rural families and able to
keep these people in the environment in which they live, thus enabling the decrease of the rural
exodus, which is most often caused by the lack of Options in the field. However, rural tourism can
cause damage to the environment if the environmental dimension is not considered as a
fundamental factor in the sustainability of this activity. In this way it is necessary to carry out
practices to raise awareness about the environment and its preservation.
Keywords: Rural tourism, environment, sustainability
INTRODUÇÃO
Neste artigo empreendemos um estudo tendo como foco principal compreender a relação do
turismo rural com a Educação Ambiental visando a sustentabilidade ambiental, econômica e
cultural. Dessa forma, conhecendo os princípios das técnicas de sensibilização e interpretação
ambiental que podem ser usadas nas atividades turísticas. O turismo rural se apresenta como uma
nova forma produtiva no meio rural sendo um caminho de renda familiar e introduzindo o setor de
serviços interno à propriedade rural. A realização de práticas de conscientização ajudam a garantir
uma sustentabilidade ambiental da atividade turística. A sustentabilidade no meio rural garante que
o desenvolvimento seja compatível com a manutenção dos processos ecológicos essenciais, da
diversidade biológica e dos recursos biológicos. A conservação e proteção dos recursos naturais são
de interesses de todos.
O turismo rural não é um fenômeno novo no Brasil, o interesse crescente pelas atividades
recreativas no meio já se manifestava no século XIX, na Europa. Esse crescimento no país é originário
das classes média e alta que atribuem grande importância aos valores e identidade cultural locais e, ao
mesmo tempo, possibilidade de desenvolvimento econômico regional.
O turismo rural é diferente de outros como o turismo verde, turismo ecológico, agroturismo,
ecoturismo, etc. Porém, alguns destes podem apresentar características semelhantes, como pequenas
escalas ao ar livre, proporcionando ao visitante o contato com a natureza, com a herança cultural das
comunidades do campo. Há inúmeras características relacionadas a quem busca o turismo rural, dentre
elas estão a busca do simples e autêntico, como uma reação ao estresse promovido pelos meio urbanos
decorrente, sobretudo, da expansão industrial nas cidades. Sendo assim, o turista de forma geral busca
tranquilidade, paz e relaxamento que o meio rural proporciona. Além dessas características, existem
outras como o retorno da pessoa a seu habitat de origem, após anos, decorrente, principalmente, do
―êxodo rural‖.
Do turismo rural se esperam diversas contribuições importantes na revitalização econômica
e social dos territórios rurais, na valorização dos patrimônios e produtos locais, além do importante
papel que pode desempenhar na conservação do meio ambiente e na gestão da diversidade das
paisagens. Entretanto, para que esse tipo de turismo possa, de fato, se constituir em um fator de
desenvolvimento, são necessárias ações de estruturação e caracterização para que essa tendência
não ocorra desordenadamente, de modo a consolidar o Turismo Rural como uma opção de lazer
para o turista e uma importante e viável oportunidade de renda para o empreendedor rural.
Turismo rural é conhecido como atividade turística que ocorre na zona rural, integrando a
atividade agrícola pecuária à atividade turística, surge como alternativas para proprietários
rurais na atual crise fundiária, atrelada a falta de incentivos ao homem do campo.
ALMEIDA E RIEDL (2000:07)
O Turismo rural é uma modalidade do turismo que tem por objetivo permitir a todos um
contato mais direto e genuíno com a natureza, a agricultura e as tradições locais, através da
hospedagem domiciliar em ambiente rural e familiar.
Desde a década de 70, como resposta ao aumento e diversificação da procura turística, assim
como a procura de soluções para o declínio e desagregação das sociedades rurais, assiste-se ao
desenvolvimento do turismo em espaço rural, constituindo-se estas como um meio privilegiado de
promoção dos recursos existentes nos territórios rurais, um fator de revitalização do tecido
econômico e social e uma oportunidade para o desenvolvimento destes territórios. Alguns autores
se referem ao turismo rural como:
Sendo assim, ele prefere dizer que o turismo rural possui características próprias e bem
definidas. O Turismo no Espaço Rural constitui uma atividade geradora de desenvolvimento
econômico para o mundo rural quer por si só, quer através da dinamização de muitas outras
atividades econômicas que dele são tributárias e que com ele interagem.
O conceito de Turismo Rural que foi adotada pelo Ministério do turismo fundamente-se em
aspectos que se referem ao turismo, ao território, a base econômica, aos recursos naturais e
culturais e a sociedade. Com base nesses aspectos, define-se que:
Esse conceito revela uma lógica de valorização das particularidades do Turismo Rural e
pode ser compreendido a partir de detalhes das ideias nela sintetizada, tais como: as atividades
turísticas no meio rural, o meio rural, o comprometimento com a produção agropecuária, a
agregação de valor a produtos e serviços e o resgate e promoção do patrimônio cultural e natural.
As atividades do turismo no meio rural, para que ele se efetive, deve estar de acordo com
alguns pilares que são fundamental, tais como: ser ecologicamente correto ser economicamente
viável, ser socialmente justo e ser verdadeiramente rural. Além disso, deve ser observadas que a
propriedade e suas instalações devem ser totalmente adaptadas para receberem os turistas.
Afinal, não se deve esquecer que os componentes naturais da paisagem, isto é, ar puro, o
sol, as montanhas (...) são inteiramente gratuitos. Eles estão a livre disposição de todos ou
quase. Eles não têm preço. De certa forma são o bônus do pacote. É pôr esta razão que
muitas regiões liquidam seus recursos, sem se dar conta do que estão perdendo, cada vez
mais a própria independência (KRIPPENDORF,1989: 96).
O contato com a natureza e a cultura local funciona como uma fuga para os turistas, pois
seu maior desejo é justamente sair da realidade estressante da vida cotidiana dos grandes
centros urbanos motivados pôr uma nova opção de lazer, proporcionando a interação com o
modus vivendi rural, incorporando elementos carregados de uma simplicidade peculiar a
este meio, inserida em um contexto de uma paisagem cênica remetendo o indivíduo a
exercer um olhar contemplativo. CAVACO (1996:111).
Embora baseado no contato com a natureza, em que o turista busca no campo sossego, paz,
tranquilidade e integração do meio ambiente e as atividades rurais, este não abre mão de algumas
condições de conforto que encontra na cidade. O que acarreta maiores custos no preço de
hospedagem, tornando caro este tipo de turismo, pois devem ser também contabilizados os
deslocamentos. Portanto, é necessário salientar que o turismo rural em virtude dessas
características que apresenta, não pode ser tratado como um fenômeno de massa.
É importante manter um equilíbrio entre lazer e meio ambiente satisfazendo os turistas,
para que haja sucesso no empreendimento. Dessa forma é fundamental a valorização do homem do
campo, sua autenticidade, e a estabilidade ecológica do meio natural, buscando soluções para a
economia local e preparando a comunidade para as possibilidades de exploração dessa atividade
com sustentabilidade.
Engenho Santa Fé: está localizado junto a cidade, distante apenas 0,7 km, tem um acesso
fácil e rápido. Já funciona como espaço receptivo de hospedagem, com açude de pesque-
pague e outros equipamentos de apoio. O conjunto do engenho, de valor arquitetônico
pouco significativo, é formado pela casa grande, construída em meados do século XX, é
uma edificação de único pavimento com cobertura de quatro águas. Elemento de destaque
no conjunto, a casa de purgar ainda preserva sua estrutura.
Engenho Cueirinha: o lugar é excelente para quem busca tranquilidade, contato com a
natureza e vivenciar um pouco da história dos engenhos da zona da mata pernambucana.
Com piscina, muito verde e uma linda paisagem de fazenda, o lugar respira tranquilidade e
tem uma gastronomia de pratos regionais fantásticos.
Após a visita aos engenhos, foi observado que o turismo rural foi implantado nos locais de
forma planejada proporcionando alguns benefícios, tais como:
Geração de empregos, procurando o empreendedor garantir a manutenção das
atividades, oportunizando a manutenção da família rural no campo utilizando a mão de obra local;
Preservação do patrimônio natural, promovendo a preservação e recuperação ambiental
no espaço rural, criando oportunidades tanto no visitante quanto na população local de aumentar a
consciência ambiental;
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O turismo é o setor que mais cresceu nos últimos anos. O turismo rural é uma modalidade
relativamente nova no Brasil e ainda pouco explorada, mas que se demonstra como uma atividade
de grande potencial, pois proporciona o resgate do regionalismo cultural e valoriza e preserva o
meio ambiente, isto quando há um planejamento que tenha como prioridade o desenvolvimento
sustentável.
O desenvolvimento de um turismo rural sustentável deve efetivamente refletir as questões
ambientais, sociais, culturais e econômicas. Entretanto, é a ambiental que domina qualquer um dos
debates. Porém, é necessário que se adotem critérios de sustentabilidade e se decida que é possível
um desenvolvimento continuado, ao mesmo tempo em que se preservam os recursos naturais
existentes. Assim, deve-se desenvolver o turismo em áreas rurais com uma importância redobrada,
nutrindo e enriquecendo o desenvolvimento da atividade turística e ao mesmo tempo em que se
cuide da matéria- prima da atividade, o meio rural, bem como dos próprios recursos que favorecem
e influenciam na demanda para esse meio, conscientizando os proprietários rurais, os
colaboradores e os turistas, que também devem fazer a sua parte nesse processo, preocupando-se
com a minimização dos impactos ambientais e culturais negativos que a atividade possa provocar.
Finalmente, a sustentabilidade ambiental no turismo deve refletir o desenvolvimento de
políticas, de estratégias e ações contínuas, que promovam a preservação do meio ambiente,
evitando assim a degradação dos recursos naturais, cuja base e qualidade dependem da
manutenção e desenvolvimento deste setor. E a conquista da sustentabilidade deve estar atrelada ao
envolvimento e à participação de cada segmento, instituição e entidade que constituem a
sociedade.
REFERÊNCIAS
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desenvolvimento do turismo rural em Nazaré da Mata. Monografia: UPE- FFPNM. Nazaré da
Mata.
SOARES, Silvana Gomes de. 2003, 69 fls. O desenvolvimento do turismo em Nazaré da Mata-PE.
Monografia: UPE-FFPNM. Nazaré da Mata.
RESUMO
O objetivo deste trabalho é identificar os recursos turísticos potenciais na Serra de Santa Catarina, a
fim de propor formas alternativas de uso e ocupação da área agregando valor turístico ao município
de São José da Lagoa Tapada-PB, e futuramente a outros municípios que se limitam com a serra,
uma nova atividade econômica complementar as já existentes, que promoveria seu reconhecimento
e geraria renda para a população local, sem agressões maiores ao meio ambiente, e de modo
particular, a serra, que sofre com os efeitos das atividades agrícolas, pecuárias e do corte ilegal e
predatório da madeira. O estudo tem caráter descritivo-exploratório, e utilizou como procedimentos
metodológicos pesquisa bibliográfica, observação, pesquisa de campo, registro fotográfico e
história oral, para conhecimento da temática e atingir o objetivo. Os resultados dessa análise
mostram, em um primeiro momento, os pontos na serra com potencial para uso turístico, e em um
segundo momento, a proposta de agregar os princípios do ecoturismo, com a finalidade de
promover a: conservação ambiental da área; educação ambiental, do visitante e do morador; e
inclusão da comunidade local.
Palavras-chaves: Ecoturismo, Sustentabilidade, Turismo, Turismo de Base Local.
ABSTRACT
The objective of this work is to identify the potential tourist resources in the Serra de Santa
Catarina, in order to propose alternative forms of use and occupation of the area adding tourist
value to the municipality of São José da Lagoa Tapada-PB, and in the future to other municipalities
that are limited With the mountain range, a new economic activity complementing those already
existing, which would promote their recognition and generate income for the local population,
without major environmental aggressions, and in particular, the mountain range, which suffers from
the effects of agricultural activities, livestock And illegal and predatory logging. The study has a
descriptive-exploratory character, and used as methodological procedures bibliographic research,
observation, field research, photographic record and oral history, to know the subject and reach the
objective. The results of this analysis show, in a first moment, the points in the mountain range with
potential for tourist use, and in a second moment, the proposal to add the principles of ecotourism,
with the purpose of promoting the: environmental conservation of the area; Environmental
education, of the visitor and of the resident; And inclusion of the local community.
Keywords: Ecotourism, Sustainability, Tourism, Local Base Tourism.
INTRODUÇÃO
O turismo é uma atividade econômica que vem assumindo importante papel no contexto
mundial, chegando a ser comparado a outros setores mais rentáveis, como a indústria
O turismo é uma atividade econômica geradora de renda e empregos, formal e informal, que
vem se destacando no cenário nacional e internacional como um dos setores mais rentáveis e mais
significativos do mundo. Os principais motivos para a expansão do turismo estão associados à
12
Geodiversidade é, em linhas gerais, o conjunto de elementos geológicos e geomorfológicos da paisagem envolvendo
os aspectos abióticos da Terra, que por sua vez, são evidências dos processos passados e atuais. Assim, a
geodiversidade é o resultado da interação de diversos fatores como as rochas, o clima, os seres vivos, entre outros,
possibilitando o aparecimento de paisagens distintas em todo o mundo. (BRILHA, 2005, apud MOURA-FÉ, 2015, p.
55)
evolução nos meios de transporte, da telecomunicação, aumento no poder aquisitivo, melhorias nos
direitos trabalhistas, como férias, e a necessidade de conhecer lugares novos, para descanso e lazer,
longe do estresse de longas jornadas de trabalho, da vida agitada das grandes cidades, e entre outros
motivos.
De acordo com o Anuário Estatístico do Turismo (2017), o turismo é definido como:
Atividades realizadas pelos visitantes durante sua viagem a um destino fora de seu entorno
habitual, por uma duração inferior a um ano, com qualquer finalidade (lazer, negócios ou
outro motivo) que não seja empregado por uma entidade (empresa/instituição) residente no
país ou lugar visitado. (RIET 2008 - Ver p.10, § 2.9)
O turismo não pode ser confundido com os movimentos migratórios ou com os movimentos
do cotidiano. Barretto (1995), explica que três elementos importantes devem ser levados em
consideração ao definir seu conceito: tempo de permanência, o caráter não lucrativo e o lazer. O
turista tem a noção do tempo mínimo e máximo que permanecerá fora de seu domicílio, e ele
sempre tem a intenção de retornar à sua casa. Este deslocamento não tem caráter lucrativo, visto
que o objetivo está na busca por lazer. Neste caso, o turista irá gastar o dinheiro que ganhou em
outro lugar, em lugares que lhe proporcionem sensação de bem estar físico e espiritual, recreação,
paz, contentamento, descanso, cultura, informação, aventura, entre outros, durante algum tempo
livre.
Como forma de diversificar a atividade, o Ministério do Turismo13 definiu alguns segmentos
turísticos prioritários para o Brasil, entre os quais destaca-se o ecoturismo com suas práticas
ecológicas que mais se enquadram às ideias de sustentabilidade.
Ecoturismo é um segmento do turismo que vem se destacando no Brasil quando os
movimentos ambientalistas e os debates sobre a importância de conservar e preservar nossa riqueza
natural alcançou a atividade turística. Nesta mesma época, o modelo de turismo de massa 14 era
apontado como importante agressor e gerador de impactos negativos na esfera social, cultural,
econômica, e principalmente, na ambiental (BRASIL, 2010)15.
As Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo (1994, p. 18) define o ecoturismo
como ―segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e
cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através
da interpretação dos ambientes, promovendo o bem estar das populações envolvidas.‖
Diante das leituras sobre o assunto, entende-se por ecoturismo como uma modalidade
desenvolvida em ambientes naturais, que aplica práticas da conservação, informação e inclusão nas
13
BRASIL, Ministério do Turismo. Segmentação do Turismo: Marcos Conceituais. Brasília: Ministério do Turismo,
2006.
14
Turismo de massa é caracterizado por ―oferecer serviços e produtos homogeneizados, para uma demanda turística
inexperiente e motivada [principalmente] pela oferta de sol e praia, a preços muito baixos, sem maiores preocupações
com as questões ambientais e culturais‖ (BRASILEIRO, 2012, p. 89).
15
Brasil. Ministério do Turismo. Ecoturismo: orientações básicas. Brasília: Ministério do Turismo, 2010.
localidades receptoras, apoiando-se nos princípios básicos da gestão ambiental16. Assim, todas as
atividades, projetos e ações desenvolvidas são baseados na capacidade e no limite da natureza, para
que desta forma ocorra à conservação e proteção das áreas e o bem-estar da população local.
Outra característica importante é a harmonia entre o homem e a natureza, onde o homem é
inserindo no ecossistema, costume e história local a partir da prática da educação ambiental. Deste
modo, tanto o visitante como o turista são orientados e sensibilizados sobre a importância de
conservar o patrimônio natural e cultural e o valor da área visitada.
Por último, está a inclusão na comunidade local nas decisões de implantação das atividades
e serviços turísticos. Nesta parte enquadra-se o conceito de Turismo de Base Local, que segundo
Bursztyn, Bartholo e Delamaro (2009, apud CARVALHO, 2012, p. 4) ―é uma nova modalidade do
turismo, que requer menor densidade de infraestrutura e serviços, visando à exploração dos recursos
naturais e culturais locais, por meio da inclusão da comunidade no desenvolvimento e planejamento
da atividade‖.
O turismo de base local é um segmento que incentiva a participação da comunidade na
tomada de decisões, abrindo espaço para que suas ideias, opiniões, medos, anseios e expectativas
sejam ouvidos e, deste modo, o turismo aconteça de forma responsável e dentro dos seus limites.
Deve-se também desenvolver planos e ações que valorizem a mão de obra local e promova a
capacitação da comunidade para gerenciar seus próprios negócios no setor, a fim de que a riqueza
gerada pela atividade turística, ainda que em longo prazo e lucros reduzidos, mantenha-se no
próprio local e promova a qualidade de vida da população receptora (BALDISSERA; BAHL, 2012,
GOMES, 2012).
16
A gestão ambiental utiliza instrumentos como fiscalização, licenciamento, monitoramento e educação ambiental
(COIMBRA, 1999, apud GOMES, 2012).
Figura 10: Mapa de localização da Serra de Santa Catarina. Fonte: Araújo et al (2016)
ZA Serra de Santa Catarina é rica de elementos naturais que lhe atribui particularidades em
relação a outras áreas e não há duvidas que exista uma riqueza ecológica, geológica e ambiental
incalculável, principalmente para o ponto de vista estético e científico. Considerando essa riqueza
florística, faunísticas, paisagísticas e a geodiversidade da área, foram identificados, até o presente
momento, alguns pontos com potencial e de interesse ao turismo, os quais foram classificados em
dois grupos: os recursos naturais – Riachos, Ponte de Pedra, Escadaria de Micaxisto, Diversidade na
Cobertura Vegetal, Apertado da Hora, -; e os possíveis lugares para uso culturais – Cruz do Nego,
Pedra Branca. As figuras a seguir mostram um pouco do potencial desta área:
A Serra de Santa Catarina é um divisor de águas com rios que deságuam na Bacia
Hidrográfica do Rio Piranhas. Os riachos da serra são temporários, típicos de clima semiárido, e por
isso normalmente apresentam bastante água no seu curso nos períodos chuvosos, e secam nos
períodos de estiagem. Nos períodos chuvosos, os riachos constituem importante recurso natural para
região, por contribuírem com o abastecimento de açudes e barreiros, utilizados pelos habitantes da
zona rural e urbana nos períodos de estiagem.
A Ponte de Pedra é uma forma de relevo resultante do processo de erosão diferencial, ao
longo de milhões de anos. Neste processo a ação dos agentes do intemperismo nas rochas será
determinada pelo o grau de resistências dos minerais. Assim, alguns minerais podem ser mais
suscetíveis à erosão do que outros, resultando em diferentes geoformas esculpidas no relevo, como
é o caso da Ponte de Pedra. Além de sua beleza cênica, o local ainda é contemplado pela passagem
de um curso d‘água nos períodos chuvosos.
A Escadaria de Micaxisto é um nome utilizado para caracterizar uma área parecida com uma
espécie de rampa, formada de micaxisto, uma rocha metamórfica que se caracteriza por um brilho
significativo, devido à forte presença de micas de cores cinza á preta (minerais sob a forma de
pequenas placas, semelhantes às escamas de peixes, conhecidos popularmente como malacacheta);
e pela presença de uma forte foliação (estrutura planar originada durante os processos metamórficos
e esforços tectônicos), conhecida como xistosidade e evidenciada pelo resfriamento de seus
minerais sobre um plano (NASCIMENTO; SANTOS, 2013). A beleza cênica desta área está
relacionada com a reflexão de seu brilho quando os raios solares incidem nesta área, tornando-a
resplandecente.
A área está inserida no Domínio Morfoclimático da Caatinga, logo a vegetação
predominante será caatinga. As espécies vegetais do tipo caatinga identificadas na serra
apresentam-se em três estratos: Caatinga Arbustiva, Caatinga Arbóreo-arbustiva e Caatinga
Arbustivo-arbórea.
Além destas espécies vegetais, também foram coletadas, classificadas e fotografadas
espécies vegetais típicas das áreas de restingas e mata atlântica (clima mais úmido), como por
exemplo, Malpighiaceae (Murici de praia), Rubiaceae (Jenipapo), Bignoniaceae (Ipê- Roxo),
Leguminosae (Jatobá), espécies das famílias Celastraceae e Myrtaceae (Goiabinha da Serra), e a
ocorrência de pteridófitas (BRANDÃO et al, 2009). São espécies vegetais que não suportariam as
características edafoclimáticas dos sertões semiáridos, e por isso a Serra de Santa Catarina pode ser
entendida como um enclave subúmido (SOUZA, 2006, apud BRANDÃO et al, 2009), cuja
explicação mais aceita para o desenvolvimento e manutenção desta flora diferenciada está na Teoria
dos Redutos e Refúgios Florestais (BRANDÃO et al, 2009; SOUSA, 2011; ARAUJO, 2013,
ARAÚJO et al, 2016). Este é um importante fator para valorização da área, visto que em um curto
espaço, é possível visualizar diferentes formações vegetais.
O Apertado da Hora é o nome utilizado para caracterizar uma área composta basicamente
por Colúvio pedogeneisado (BRANDÃO et al, 2009), formado por material intemperizado de outras
partes do relevo – áreas mais elevadas-, transportadas principalmente pelo efeito da gravidade.
Esses tipos de solo atuam como uma espécie de esponja, absolvendo a umidade e liberando-a
durante os períodos secos, garantindo a manutenção de uma vegetação de grande porte. Este é o
elemento que distingue a Serra de Santa Catarina das demais serras na região, e proporciona a
existência de uma vegetação diferenciada.
A Cruz do Nego é um local histórico que existe há mais de 300 anos, cuja lenda era contada
pela morada mais antiga do local, com idade superior a 90 anos - hoje falecida-, que ouvia a história
do seu avô, sobre essa cruz. A lenda que os moradores conhecem é que a cruz teria sido de um
homem que morava na proximidade da serra que foi morto por ataque de onça. Os motivos pouco se
sabem, mas o fato é que o local mexe com o imaginário de todos que desejam conhecer uma
história que já perpassa três séculos de existência.
A Pedra Branca é um nome popularmente utilizado para caracterizar um afloramento
rochoso situado na unidade geoambiental denominada de piemonte, onde foi construído um
cruzeiro. O local é conhecido pelas romarias realizadas pelos os moradores locais durante a Semana
Santa do calendário Cristão, desde 1998. O acesso à área é realizado a pé por um percurso que
muitas das vezes apresentam obstáculos, como mata fechada, cercas e riachos, além da própria
inclinação do relevo, no sopé da vertente. Segundo os moradores locais, o acesso a Pedra Branca
caminhando não está ligado diretamente a esses desafios do percurso, mas é entendido como
símbolo de penitência da fé cristã.
A Serra de Santa Catarina é uma área ambientalmente vulnerável à ameaça humana. A prova
disso é o manejo inadequado do solo para atividades agropecuárias, e a extração predatória da
madeira, que são visivelmente percebidos na visitação do local. Entretendo, ainda existem áreas que
estão relativamente conservadas, e por isso, novas medidas poderão ser tomadas para evitar,
futuramente, a possível degradação total da área.
Identificando, inicialmente, os possíveis pontos de interesse ao turismo e, aplicando os
princípios da sustentabilidade, poderá ser desenvolvido o turismo alternativo, caminhando pelas
ideias e princípios básicos do ecoturismo. Deste modo, as práticas iniciais que deverão ser
desenvolvidas considerando a proposta de turismo e sustentabilidade, apoiado no ecoturismo,
precisam estar sustentadas em três quesitos básicos:
Neste ponto, a comunidade deve estar presente em todas as fases de planejamento, que vão
desde a decisão inicial de implantação das atividades e serviços turísticos, até o conhecimento de
todas as mudanças que poderão ocorrer, inclusive, os possíveis impactos positivos ou negativos.
Para que isso aconteça, poderá ser realizada a capacitação da mão de obra local; o estimulo ao
artesanato e a gastronomia local; hospedagem em casa de moradores ou em casas direcionadas a
turistas (albergues); instalação de Centro de visitantes; incentivo a eventos culturais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
turismo camuflado, capaz de maquiar todo o lado negativo da atividade, mas atribuir uma nova
forma de uso e ocupação da área de modo a não causar impactos maiores dos quais ela já vem
sofrendo.
É importante o entendimento que toda atividade, prática ou ação vai desencadear um
conjunto de impactos negativos de diferentes graus. Mas, aplicando os princípios do ecoturismo, é
possível desenvolver um conjunto de medidas que poderão amenizar esses impactos negativos,
desde que o seu planejamento envolva o compromisso de: conservação ambiental da área; promover
a educação ambiental, do visitante e do morador; inclusão a comunidade local;
Este segmento exige atitudes e comportamento que remetem a necessidade de mudanças dos
padrões ofertados, para que o manejo dos recursos naturais seja ambientalmente responsável. Por
isso que as acomodações e serviços turísticos são mesmo sofisticados que em outros segmentos,
porque os participantes do ecoturismo visão o contato com a natureza e a cultura local de forma
sustentável.
Um ponto importante é envolvimento da comunidade como protagonista no processo de
desenvolvimento da região, e não apenas como expectadores das atividades turísticas organizadas
externamente. A comunidade conhece perfeitamente suas potencialidades e, ofertando um serviço
de qualidade, garante a satisfação do turista e sua possível volta. Contudo, a formação de uma
consciência ecológica e de reconhecimento da importância da serra deve ser direcionada
primeiramente aos moradores, para que este por sua vez possa transmitir para os visitantes. Isso se
torna necessário porque se os próprios moradores não valorizar a Serra, quem irá? Daí entra a
importância da educação ambiental e da divulgação da área.
Vale destacar que como o turismo é uma atividade que se alimenta daquilo que é
diferente/exótico, foi identificado que o local apresenta potencialidades para atrair diversos perfis
de turista, desde os que buscam o contato com a natureza (Turismo ecológico), do convivo com o
homem do campo (Turismo Rural), os que procuram realizar esportes radicais, com os devidos
regulamentos e usos de equipamentos, (Turismo de Aventura), estudos a nível didáticos ou
acadêmicos na área da geologia, geomorfologia e ecologia (Turismo Educacional), até os que são
movidos pela fé cristã (Turismo Religioso).
A realização desta pesquisa para o município de São Jose da Lagoa Tapada-PB é de grande
valia, visto que expõem a importância ecológica, geológica e paisagística da Serra de Santa
Catarina, e contribui com possíveis ações e medidas que poderão direcionar o olhar dos gestores
públicos, comunidade local e até as entidades religiosas por seu valor estético, ambiental, cientifico
e econômico, além de incentivar e estimular dois importantes pontos: a educação ambiental e a
criação de áreas, programas e entidades (governamentais ou não) de proteção.
REFERÊNCIAS
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paraibano e a proposta de criação de uma unidade de conservação. Dissertação. Mestrado em
Geografia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2011. 87 p.
RESUMO
O fenômeno do Turismo consome cada vez mais novos espaços e áreas, e dessa forma os elementos
naturais se tornam de grande importância para o desenvolvimento de uma determinada região que
possui suas peculiaridades. Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento do turismo em
Portalegre/RN, principalmente as paisagens do município, onde a beleza cênica, o clima e a
gastronomia se constituem em atrativos turísticos. Torna-se evidente que cada vez mais o homem
transforma e altera seu meio, modificando também as paisagens que o cerca. O turismo em
Portalegre surge como uma alternativa ao turismo de mar e praia que, em todo o litoral do estado
encontra-se saturado, constituindo-se como uma modalidade, em função da localização geográfica,
para o turismo sertanejo, pois proporciona o consumo do turismo de contemplação, turismo de
natureza, ecoturismo, turismo pedagógico e turismo de aventura. Ao analisar a realidade e as
potencialidades de desenvolvimento do turismo que tem como atrativo não só o clima, mas
principalmente a paisagem, entende-se que o mesmo deverá incluir a população local com base nos
pressupostos do turismo de base local e do turismo sustentável, promovendo assim, a ideia de
conservação do patrimônio natural do município podendo gerar cada vez mais benefícios para a
própria população.
Palavras-Chave: Turismo. Portalegre/RN. Paisagem.
ABSTRACT
The phenomenon of tourism consumes more and more new spaces and areas, and in this way the
natural elements become of great importance for the development of a certain region that has its
peculiarities. Several factors contribute to the development of tourism in Portalegre / RN, mainly
the landscapes of the municipality, where the scenic beauty, the climate and the gastronomy
constitute tourist attractions. It becomes evident that more and more man transforms and alters his
environment, also modifying the landscapes that surround him. Tourism in Portalegre emerges as an
alternative to the tourism of sea and beach in the entire coast of the state that already saturated,
constituting itself as a modality, due to the geographic location, for the sertanejo tourism, since it
provides the consumption of contemplation tourism , Nature tourism, ecotourism, educational
tourism and adventure tourism. In analyzing the reality and the development potential of tourism
that attracts not only the climate, but mainly the landscape, it is understood that it should include the
local population based on the assumptions of local tourism and sustainable tourism, Thus promoting
the idea of conservation of the natural heritage of the municipality and can generate more and more
benefits for the population itself.
Keywords: Tourism. Portalegre/RN. Landscape.
INTRODUÇÃO
As atividades turísticas vêm cada vez mais ganhando espaço no mundo como uma fonte de
geração de emprego e renda para aqueles que dispõem – principalmente em suas respectivas cidades
– de locais com potenciais naturais para o desenvolvimento do turismo. No início do processo de
desenvolvimento do turismo, as paisagens naturais são modificadas para melhor atender aos turistas
e visitantes que colaborarão para que o local se torne um destino turístico.
Neste artigo, procuramos tecer algumas considerações sobre a importância do uso da
paisagem no desenvolvimento do turismo, sabendo que, para o turista definir um local para ser
visitado, a paisagem é um dos principais fatores que colaboram para a escolha do destino turístico.
Seja através de fotos, vídeos ou indicações orais.
O discurso sobre a paisagem como atrativo turístico surgiu a partir de observações
relacionadas ao município de Portalegre-RN que é uma cidade serrana que se localiza no Oeste
potiguar, contida na microrregião de Pau dos Ferros/RN e tem como municípios limítrofes ao Norte,
Tabuleiro Grande e Riacho da Cruz; ao Sul, Serrinha dos Pintos; ao Leste, Viçosa e Martins; e ao
Oeste o município de Francisco Dantas, todos dentro do território potiguar. A localização da cidade
é privilegiada, pois se encontra relativamente próxima as principais cidades das microrregiões, do
Alto Oeste, Médio Oeste, Oeste, Vale do Açu e a região do Seridó do Rio Grande do Norte. O
município Possui uma população estimada em 2016 de 7.861 habitantes, sendo que a população no
último senso (2010) era de 7.320 habitantes.
Durante o desenvolvimento deste trabalho, foram utilizadas metodologias que tiveram bases
em pesquisas bibliográficas e trabalhos de campo. Durante a pesquisa na área de estudo foram
utilizados equipamentos como: Computador, Notebook, Celulares, câmera GoPro, prancheta para
anotações e os aplicativos GPS Status e C7 GPS Dados, no qual o segundo foi utilizado para a
marcação de pontos cardeais e o traçado de rotas para a elaboração e manipulação das imagens,
enquanto o primeiro foi utilizado para uma maior precisão da marcação dos pontos. Esses
aplicativos foram instalados em celulares e a cada ponto marcado, era observado o grau de precisão
de cada um dos aplicativos. Ao iniciar o processo de manipulação das imagens, foram utilizados
Softwares como o Google Maps, Google Earth Pro e o QGis versão 2.14.6, que foram essenciais
para a qualidade da pesquisa.
Durante o campo, foi possível a observação das paisagens locais e o fluxo de pessoas que
transitavam no município, sejam elas turistas ou residentes locais. Assim, através de uma pesquisa
qualitativa, foi possível mostrar as características populacionais, culturais e os fenômenos que
ocorrem no município, que são formadores de vários atrativos turísticos.
Estes atrativos colaboram diretamente para a interiorização do Turismo, o que é de total
importância, já que a maior parte de turistas que visitam o estado são turistas de mar e praia que,
estão sempre buscando o litoral do estado; mas esquecendo da diversidade paisagística com o
potencial elevado para o turismo que os municípios do interior do estado possuem.
A paisagem é tudo aquilo que nós vemos, o que a nossa visão alcança, é o domínio do
visível, e a nossa visão depende da localização em que se está e a paisagem toma escalas
diferentes. A dimensão da paisagem é a dimensão da percepção, o que chega aos sentidos.
(SANTOS, 1997. p. 61-62).
FIGURA 1: Localização da Unidade Planalto (R2b3), no estado do Rio Grande do Norte. Com ênfase para a
localização do município de Portalegre. FONTE: Adaptado de DANTAS, Marcelo Eduardo; FERREIRA,
Rogério Valença. Relevo. In: Geodiversidade do estado do Rio Grande do Norte.
Esse planalto na qual está inserido o município de Portalegre é a formação da Serra dos
Martins que conta com uma elevação que varia entre 700 e 800 m de altitude. Essa elevação
contribui diretamente para as baixas temperaturas que podem chegar aos 15°C em alguns meses do
ano, como em junho, julho e agosto, sendo possível caracterizar o clima de Portalegre como Sub
Úmido, devido a algumas observações in loco, levando em consideração a temperatura média e a
vegetação que muda de acordo com a elevação da serra.
18
O mesmo que planalto (vide).
Referindo-se a questões da altitude da serra, Torres e Machado (2008, p. 72), afirmam que:
Esse processo de aplainamento criou condições necessárias, para que hoje o município de
Portalegre possua um grande potencial turístico, resultante de sua altitude e seu clima que
interferem diretamente na formação das paisagens.
Ao humanizar o meio natural de Portalegre, a paisagem foi modificada; construções foram
erguidas e novos espaços foram criados. Estes espaços foram construídos para atender as
necessidades daqueles que passavam a habitar a nova vila19 e, hoje, essas construções são
responsáveis por atrair os olhares de turistas de todo o estado, de todo o Brasil e também de todo o
mundo. A Potencialidade turística de Portalegre, a proximidade com Martins e as semelhanças entre
os municípios foram importantes para o desenvolvimento do turismo local. Tendo a paisagem como
mais um atrativo, incentivando o turista a passar mais tempo nos municípios.
A partir dessas construções e da alteração do meio ambienta, é possível utilizar as estruturas
antigas do município e o patrimônio natural para o desenvolvimento do turismo pedagógico, que
segundo Braga (2014), se baseia em viagens programadas por instituições de ensino, estando dentro
do calendário escolar e tendo como principal objetivo notas de trabalhos e provas, além de mostrar
para o aluno a interação entre o homem e o meio e seus respectivos impactos na paisagem.
Paisagem que nem sempre é a natural, já que ―Uma das principais estratégias no
empresariamento de cidades, é a construção de paisagens que atraiam eventos, turistas e negócios, o
que neste trabalho se denomina, genericamente, de ―paisagens turísticas‖‖ (BESSA; ÁLAVARES,
2014. p. 24).
A paisagem que foi modificada, em Portalegre para a construção de casas e prédios públicos
no início de seu povoamento, hoje, 255 anos depois, são responsáveis por atrair um novo público,
turistas que se encantam e ficam fascinados com a beleza das estruturas antigas. Duque e Mendes
(2006, p. 17), citam que ―O turismo é responsável por atrair a atenção de profissionais e
pesquisadores com diversas motivações e propósitos‖. Essas motivações e propósitos fazem das
estruturas antigas de Portalegre, um roteiro importante para o turismo pedagógico, turismo de
contemplação e também para sediar alguns eventos que são programados para atrair um público
alternativo dos turistas que se encontram na cidade.
Beni (1998) refere-se ao turismo como um produto turístico que é o resultado da soma de
recursos naturais e culturais e serviços produzidos por uma pluralidade de empresas. Esse produto
19
Categoria que foi adotada após a colonização daquela região.
turístico possui uma característica marcante, pois ele é produzido e consumido no seu local de
origem, sendo que o consumidor (turista) se desloca para a área de consumo.
Para que o turismo de uma determinada região possa se desenvolver, é necessário que possa
haver uma interação entre os recursos naturais, mão-de-obra, capital financeiro, tecnologia e outros
fatores que contribuam para o desenvolvimento do local possivelmente ele possa se tornar um
destino turístico.
Partindo do pressuposto dos recursos naturais, o município que foi utilizado como base para
o desenvolvimento deste trabalho, possui uma rica diversidade de recursos que foram utilizados
para o desenvolvimento do Ecoturismo. De acordo com Serrano e Brunhs (2000, apud LEME;
NEVES, 2007. p. 213), o ecoturismo ―[...] é toda atividade turística realizada em área natural com o
objetivo de observação e conhecimento da flora, fauna e dos aspectos cênicos, com ou sem sentido
de aventura; práticas de esportes e realização de pesquisas cientificas‖.
A partir do momento em que um local possui alguns recursos naturais, os outros fatores
acima citados, servem para agregar valo a paisagem e seus recursos.
De acordo com essa interação e agregação de valor a paisagem é possível ainda o
desenvolvimento do turismo de base local cita por Rodrigues (2007, p. 16-19), como sendo uma
relação entre o turismo e o patrimônio valorizando ainda mais a identidade cultural, gerando renda
para a sociedade em geral.
Buscando o desenvolvimento do turismo em Portalegre, com o passar do tempo, parcerias
foram feitas entre grupos de empresários conhecidos em todo o estado para que a interiorização do
turismo fosse possível, tendo Martins e Portalegre como as bases para o desenvolvimento do
turismo no interior do Rio Grande do Norte. Essa interiorização do turismo, iniciou-se pelo
município de Martins, pois possuía um maior potencial turístico. Alguns anos depois, parcerias
foram feitas, visando em Portalegre um destino a mais para aqueles que visitavam o interior do
estado.
Estruturas físicas foram construídas para a recepção e acomodação dos turistas, e hoje
Portalegre dispõe para o consumo do Turismo, vários atrativos que se encontram na própria sede do
município e em outros locais um pouco mais distantes. Entre os principais atrativos estão: A trilha
até a formação rochosa das Torres; os Mirantes (Boa vista e Recanto Alto da Serra); o terminal
turístico da Bica; a Cachoeira do Pinga; a Casa de Câmara e Cadeia que foi reaberta depois de
passar por uma reforma.
AS TORRES - A Trilha das Torres é uma trilha para aqueles que gostam de uma
combinação que tem aventura, conhecimento e aprendizagem sobre a história local. O Percurso tem
pouco mais de 6 km de extensão e se trata de uma trilha com um percurso leve e em uma escala de
0 a 10, a trilha possui um nível de dificuldade 320, onde é possível perceber mudanças na elevação
do relevo, mudança na vegetação e também no solo. Durante a caminhada, é possível encontrar
inscrições rupestres antes de chegar no final do percurso e se deparar com uma bela paisagem que
tem como base fixa uma formação rochosa, mas o turista deve redobrar sua atenção pelo perigo
recorrente, já que no local não existe nenhum tipo de sinalização. Durante alguns meses do ano essa
trilha aumenta o seu nível de dificuldade, chegando até mesmo ficar impossibilitada de receber o
transito de turistas, devido a se adentra por algumas propriedades privadas e a abertura de veredas
fica impossibilitada, já que alguns donos não permitem. E as dificuldades para fazer essa trilha
continuam quando se tem apenas duas pessoas no município responsáveis por levar os grupos até
As Torres, e essas pessoas possuem outros trabalhos além do de guias, limitando o seu tempo para
atender os turistas.
melhorias, como por exemplo, a construção de alguns apartamentos para serem reservados por
turistas que desejam a hospedagem no mirante e, aproveitar assim de toda a sua estrutura. A
previsão para o término dessas melhorias e construções é o mês de outubro deste ano (2017).
Infelizmente o local não tem uma estrutura de banheiros própria para que os turistas possam
se trocar após se banhar na bica, sendo que os banheiros pertencem a um Bar/Restaurante que existe
dentro do terminal; mas após ser autorizado pelo responsável, os visitantes podem utilizar os
banheiros.
ver objetos originais da época e, ainda conhecer um pouco sobre a história da família na qual os
objetos pertenciam.
Grande parte da estrutura é original, sendo que passou por constantes reformas. Devido ao
péssimo estado de conservação todo o piso superior do prédio teve de ser trocado para que o prédio
voltasse a funcionar.
Mas, por ser um museu local, com todas as técnicas hoje existentes, seria de grande
importância que um esforço fosse feito para que ao menos uma pequena parte do piso, telhado e
outros componentes fossem conservados, preservando ainda mais a originalidade da história local.
Ao longo da pesquisa de campo, foram observadas algumas paisagens com um potencial
cênico que podem ser georreferenciadas compondo um mapa turístico de Portalegre, favorecendo
todos aqueles que visitam o município. Pois assim, o acesso aos pontos turísticos seriam facilitados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em função das análises feitas após o trabalho de campo, entende-se que o município
estudado se constitui numa alternativa turística que busca a interioriza o turismo, sendo uma opção
a mais para aqueles que praticam o turismo nas praias do estado, principalmente pela proximidade
com algumas das mais visitadas do estado do Rio grande do Norte, como é o caso de Tibau e Areia
Branca, que possuem um turismo de praia e mar já consolidados no mercado.
Em suma, Portalegre tem o seu clima como um atrativo importante para o turismo e
desenvolvimento local, assim como outras cidades serranas do Nordeste Brasileiro. Dessa forma, as
paisagens naturais preservadas funcionam como um atrativo importante pela sua beleza cênica
contemplativa, que surge como um diferencial para atrair os turistas para o município. Assim, com
algumas iniciativas de melhorias na sua infraestrutura, com apoio de empresários locais e através do
Projeto Circuito das Serras Potiguares (Projeto que tem como principal objetivo o desenvolvimento
Turismo no Alto Oeste Potiguar), o município pode se tornar um produto turístico mais conceituado
juntamente com o município de Martins, que serviram como um fator primordial para a
interiorização do turismo potiguar. Onde, através dessa interiorização do turismo, haveria a
complementação na renda da população residente no município de Portalegre.
REFERÊNCIAS
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Geographica, 2008. 234 p.
RESUMO
O estudo realizado parte do interesse de verificar a importância da atividade turística, interpretada
assim pela geografia do turismo, no intuito principalmente de envolver a comunidade local.
Buscando assim fazer ponte com as categorias geográficas como e o espaço vivido dos sujeitos. A
metodologia aplicada pauta-se na revisão bibliográfica, além da análise empírica do lugar, que
contribuiu significativamente para o desenvolvimento do trabalho. Levanta-se, por tanto, algumas
das potencialidades que o Município de Macaparana- PE apresenta, sendo que os investimentos
realizados tanto pelo poder público como privado não satisfazem as reais necessidades, deixando a
desejar quanto à organização, manejo sustentável dos recursos naturais, segurança e até mesmo
acessibilidade á alguns dos espaços, como por exemplo, no Maciço de Pirauá (Pedra do Bico), a
Pedra da Mascarenhas, Pedra da Goiana, entre outros. E como forma de organizar a pesquisa, foi
dividida em três subtemas que, respectivamente, realiza uma abordagem sobre as características
geográficas e históricas da região de estudo, em seguida discuti-se a apropriação dos lugares pela
atividade turística, e por fim o turismo como ferramenta de uso consciente dos recursos naturais e
imateriais da região, destacando ainda que é um desafia levando em conta o atual modelo de
consumo. Por fim, nas conclusões propõe- se estratégias de organização e investimentos para que
seja possível estruturar- se uma atividade turística sócio-econômica favorável e ambientalmente
sustentável, que inclusive envolva a população local, tornando assim possível o Turismo de Base
Comunitário.
Palavras Chaves: Ecoturismo, Turismo Rural, Macaparana- PE, Desenvolvimento Local.
RESUMEN
Estimado local de verificación la importancia de la actividad turística, interpretada así por la
geografía del turismo, no intuida principalmente de involucrar a la comunidad local. Buscando así
hacer puente con como categorías geográficas como el espacio vivido de los sujetos. Una
metodología aplicada se pauta en la revisión bibliográfica, además del análisis empírico del lugar,
que contribuye al desarrollo del trabajo. Se plantean, por tanto, algunas de las potencialidades que el
Municipio de Macaparana-PE presentadas, siendo que son inversiones realizadas tanto como poder
público como privado no satisfacen como retales, dejando a desear para la organización, gestión
sostenible de los recursos naturales, seguridad E Por muy poco accesible, como por ejemplo, en el
Macizo de Pirauá (Piedra del Bico), Piedra de la Mascarenhas, Pedra da Goiana, entre otros. Y
como forma de organizar una investigación, fue dividido en tres subtemas que, respectivamente,
realice un abordaje sobre las características geográficas e históricas de la región de estudio, se
discute la apropiación de los lugares para la piscina, y por fin el turismo como A Información
contenida en la página 3 del Reglamento. La información de este artículo se aplica. Por último, en
las conclusiones se propone estrategia de organización e inversiones para que sea posible
estructurar una actividad turística socioeconómica favorable y ambientalmente sostenible
sostenible, que incluya a la población local, haciendo así disponible el Turismo de Base
Comunitario.
Palabras Clave: Ecoturismo, Turismo Rural, Macaparana- PE, El Desarrollo Local.
INTRODUÇÃO
No mundo moderno, palco de grandes mudanças, que perpassam por todas as esferas
humanas, o turismo vem se manifestando de maneira cada vez mais intensa como atividade
econômica e que abrange uma boa parcela da população a incluindo no mercado de trabalho.
O estudo tem caráter analítico, partindo de uma análise geográfica, buscando interligar as
categorias Geográficas e o espaço vivido pelos sujeitos, por meio de uma metodologia pautada em
revisões bibliográficas, como também pela ótica da pesquisa empírica, sendo está de muita
relevância para o desenvolvimento do trabalho, com destaque ainda por ser um pesquisador e ex-
morador dessa região.
Portanto, buscou-se estruturar essa abordagem em um primeiro momento realizando uma
apresentação do objeto de estudo, contextualizando-o com os atrativos turísticos que o mesmo
apresenta, tratando em síntese sua história, dados demográficos e localização, ou seja, de maneira
resumida localizar o leitor a cerda do objeto de estudo. No segundo momento discute-se a
apropriação dos lugares pelo turismo, que muitas vezes acomete-se de ocorrer à descaracterização
da cultura local em detrimento de satisfazer as vontades dos visitantes. Em seguida é abordada a
importância de uma atividade econômica que busca o uso consciente dos recursos naturais, sendo
que esta seja ecologicamente correta e economicamente viável critério esse considerado um dos
maiores desafios que a humanidade vem enfrentando nesses últimos tempos.
Por fim, apresentam-se algumas reflexões acerca do potencial turístico do Município de
Macaparana-PE, trazendo algumas discussões referente as necessidades de infraestruturas dos
possíveis destinos turísticos. Colocando como proposta a participação direta do morador da
comunidade na atividade turística, ou seja, trabalhando em função de uma atividade turística de
base local.
Assim Silva (2014) coloca que a origem da cidade se deve as usinas, fazendas sítios, vilas e
povoados denominados por Nova Esperança, Pirauá e Poço Comprido. Sendo importante destacar
que a maior porção das terras dessa região, faz parte dos engenhos, que atualmente se encontram
desativados, desempenhado assim novas funções como é o caso, por exemplo, do Engenho Rincão
(Imagem02) utilizado durante todo o ano para atividades religiosas pela Igreja Católica, enquanto
isso outros desativados e sem uso ou com outras finalidades.
Fonte: Google.
Dessa forma, busca-se utilizar esses equipamentos (engenhos) dando-lhes novas funções, de
maneira que preserve o patrimônio histórico e fortaleça a cultura local através de incentivos a
manifestações folclóricas do patrimônio imaterial. Eles, portanto, podem ser modificados e
transformados em pontos de hospedagens, como também de visitação turística. E dessa forma
contribuir economicamente e culturalmente para ambas as partes, moradores e visitantes.
Portanto, é nesse cenário que se consolida aspirações que dizem respeito aos investimentos
públicos e privados, possibilitando a organização dos espaços e as atividades possíveis de serem
desenvolvidas nos destinos que apresentam potencial turístico. Logo, verificou-se que até o
momento não se tem investimentos pelo Trade Turístico, como também não se verificam cobranças
pela população local reivindicado investimentos a fim de desenvolver as potencialidades que o
município apresenta.
É inegável que o turismo se torna a cada dia uma atividade que contribui com a vida dos
sujeitos, no entanto, ele também deforma os lugares na perspectiva do morador. Dessa forma,
busca-se uma atividade turística local que preserve suas características primárias. E como
identificado anteriormente, não se verifica que haja investimentos nem do poder público nem do
privado para o desenvolvimento dos destinos turísticos no município de Macaparana.
Impossibilitando que a própria comunidade local possa também se desenvolver nessa atividade que
também é econômica, como bem identifica Rodrigues (1999, p. 17) ao dizer que o turismo é um
fenômeno econômico, político, social e cultural dos mais expressivos das sociedades ditas pós-
industriais.
Entretanto, verifica-se que algumas empresas se utilizam das belezas cênicas existentes, para
atividades publicitárias, sendo estas divulgadas em redes sociais na internet, como Facebook, com
páginas intituladas como Macaparana em Foco ou Macaparana Turística, por exemplo.
E ainda no que corresponde à apropriação dos lugares pelo turismo, Rodrigues (1999, p.17)
afirma que:
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 428
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
A autora destaca muito bem o poder de abrangência que o turismo tem em suas mais
distintas áreas e modalidades, no caso do Brasil, sendo este privilegiado pelas riquezas naturais é
palco para muitas das categorias turísticas. Seja dos campos às florestas, seja do litoral ao sertão, as
potencialidades podem ser direcionadas ao desenvolvimento desses possíveis destinos.
E tendo em vista esse domínio proporcionado pelo turismo Bessa (2014), ao refletir destaca que:
turismo acaba por ser caracterizado como um fenômeno social complexo e diversificado,
envolvendo todas as esferas da sociedade.
Dessa forma, Macaparana apresenta um patrimônio cultural significativo, no que diz
respeito à boa parte do casario antigo bem preservado, como também pelas crenças e as tradições
culturais que se manifestam nas danças folclóricas, lendas e no artesanato que embora não seja
atualmente muito incentivado, apresenta um potencial de desenvolvimento em função de tradições
culturais relatadas pelos moradores mais antigos. Agregado a isso se tem as belezas cênicas
encontradas na paisagem natural do município e claro com a gastronomia local.
Portanto é de fundamental importância à presença da comunidade local nesse processo de
organização dos destinos turísticos do município, se claro, o objetivo for desenvolver uma atividade
que forneça benefícios positivos para os sujeitos, entendidos aqui como os moradores.
Nesse sentido Coriolano (2013), aponta que o desenvolvimento ocorre apenas quando há um
beneficio de todos os sujeitos em volta, atingindo a escala humana, dessa forma assegurando uma
existência digna, garantindo assim um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde,
bem-estar, alimentação, vestuário, habitação entre outros.
Por isso então, propõe-se uma atividade turística de base comunitária, onde se tem a
interação principalmente da comunidade na gestão dos espaços destinados a atividade turística,
admitindo-se as políticas defendidas pela atividade ecoturística. Gerando assim possibilidades de
emprego, motivação por parte do visitante a ir e permanecer por mais tempo no destino, além da
própria valorização do lugar por meio principalmente do morador e claro, o manejo sustentável dos
recursos existentes.
É possível utilizar-se das práticas turísticas para promover o manejo sustentável dos
ecossistemas, filosofia essa trazida na abordagem do Ecoturismo. No entanto, admiti-se que é um
desafio discutir essa temática e as reflexões feitas sobre, muitas vezes não conseguem manterem-se
em virtude de interesses de instituições privadas que se beneficiam.
O município de Macaparana possui um potencial extraordinário para atividades turísticas
que envolvem as categorias como de experiência, o ecoturismo, do tipo base comunitária, o
referente à aventura e até mesmo o religioso e cultural. Sendo que, todas essas categorias
necessitam de investimentos, tanto pelo poder público, quanto principalmente pela ação da
comunidade local.
Verifica-se que o crescimento da cidade e de seus distritos possibilitou o desenvolvimento
de algumas áreas específicas que apresentam potencial significativo para exploração turística,
entretanto, a falta de investimentos na área de lazer, religião, cultura e gastronomia, entre outros
dificulta o próprio desenvolvimento local. Mesmo com um casario que apresenta um arcabouço
histórico (Imagens 03 e 04) de grande valor para a região, não é explorado corretamente. Há uma
série de engenhos e casas antigas que poderiam ser integradas na atividade turística.
Imagem 03: Engenho Monte Alegre-PE. Imagem 04: Engenho Monte Alegre-PE.
Dessa forma, todos sairiam beneficiados, pois haveria de um lado a preservação desses
espaços e um reconhecimento histórico e subjetivo do lugar, que poderia ser abordado de diferentes
maneiras, ora, resgatando elementos culturais, ora fortalecendo os fatos históricos e mitológicos da
região, mergulhando assim o turista dentro do espaço cultural da comunidade.
Com isso é possível proporcionar ao turista uma experiência exótica do que vivencia no dia
a dia. Dessa forma, Rodrigues (2006), ao refletir sobre o como, o porquê e como se configura a
busca pelo lazer na atividade turística diz que, formaram-se novos produtos (turísticos) nesse novo
cenário da sociedade, com características contrárias aos tempos de pressa, ofertando dessa forma
um serviço baseado na cultura e tradições locais, entendendo que inclui um tratamento caseiro,
artesanal, ou seja, de maneira familiar, se colocando agora de maneira bastante expressiva sobre o
modelo dominante de praia e sol.
Verifica-se que locais como a Pedra do Bico, ou como é chamada cientificamente Maciço do
Pirauá, por exemplo, pode oferecer alguns dos elementos identificados anteriormente, no entanto,
mesmo apresentando forte potencial não há investimentos, sendo que apenas neste destino poderia
ser explorado além do turismo de aventura o de lazer e o religioso, destacando ainda a importância
do envolvimento da comunidade local. A área que corresponde a esse ponto turístico faz parte
inclusive de uma proposta criada em 2014 que propusera a criação de uma Área de Proteção
Ambiental- APA, denominada Serra do Mascarenhas, englobando assim o Maciço do Pirauá. Neste
caso, aderindo aos termos que correspondem a APA a SEMAS- Secretaria de Meio Ambiente e
Sustentabilidade define segundo o Artigo 15 da Lei Estadual 13.787/2009 / § 1º ao 4º, que:
A Área de Proteção Ambiental – APA é uma área, em geral, extensa, com certo grau de
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem estar das populações humanas;
Além desse destino, é importante destacar a cachoeira (imagem 08) que fica ao Norte do
Município de Macaparana, sendo está intermitente e que mesmo assim acaba por atrair a atenção de
um número significativo de pessoas em períodos de chuva, principalmente os moradores dos sítios
circo-vizinhos e até mesmo da própria cidade.
Ainda ao Norte, pode ser encontrado outro destino conhecido na região de Pedra da Goaina
(Imagem07), localizando-se basicamente na divisa entre os dois Estados, Paraíba e Pernambuco. O
local possui uma beleza cênica, com uma paisagem que chega a surpreender. E agregado a isso se
tem os rituais que ocorrem da Igreja Católica em uma capela construída no afloramento rochoso. Ou
seja, além de todo o atrativo natural, paisagístico, se tem as curiosidades e tradições locais acerca do
lugar.
Diante disso, é notório pela imagem que não se verifica investimentos no que se refere à
acessibilidade ao local, nem tão pouco no requisito de proteção. Como a Capela foi construída no
afloramento rochoso, deveria ter uma barra de proteção em todo seu entorno, identificando ao
turista até onde pode ser acessível, no entanto, tem apenas essa barra para descer. Atrelado a isso,
tem a precariedade no que diz respeito de sinalização que não se tem em nem uma das vias de
acesso.
Agregando ao já exposto, destaca-se que a culinária da região, com áreas em sítios que
servem um cardápio exótico, podendo o turista desfrutar ao mesmo tempo de uma bela paisagem.
Como exemplos, pode-se citar o Restaurante de Jesus, na região de Paquevira, próximo a Pedra do
Bico já explorada anteriormente, ofertando uma comida regional saborosa. Embora que se verifica a
necessidade de promovê-lo para que mais pessoas possam saber de sua existência.
Como também no Sitio Piacas, onde é possível deliciar-se com a degustação de peixes,
como Tilápia e Trairá, criadas em reservatórios, servidos a moda da casa e a critério do visitante,
acompanhando verduras em volta do prato, além de servirem refeições completas. Logo, não muito
diferente de outros espaços, como a exemplo o Restaurante do Jesus falado anteriormente, precisa
ser mais divulgado e sinalizado, já que muitos moradores inclusive não sabem de sua existência. Na
cidade alguns estabelecimentos destacam-se como a Churrascaria do Lalai, disponibilizando uma
oferta diversificada de pratos regionais, além dos famosos caldinhos, como também Pizzarias e
lanchonetes para os mais distintos gostos e paladares, entre outros ambientes.
Dessa maneira, fica claro que a cidade dispõe de alguns elementos importantes para a
recepção de visitantes, no entanto, salienta-se que é de fundamental importância buscar trazer novas
concepções a cerca do real potencial local para essa atividade, pois ainda há muito que ser feito.
Ainda como elemento que pode ser buscado como ponto turístico tem a Serra da
Mascarenhas, que segundo a SEMAS (2014), está localizada exatamente na divisa entre Vicência e
Macaparana e a Serra de Pirauá, oscilando em altitude entre 450m a 500m em seu ponto mais alto
(Pedra da Mascarenhas). Podendo assim ser introduzida como atrativo turístico por meio da
construção de um mirante, por exemplo.
E como elemento singular, destaca-se a importância da feira local, que como ferramenta de
atrativo é um espaço diversificado e que mostra um pouco de todas as áreas ciro-vizinho do
Município de Macaparana, como aponta (LIMA, 2016).
A foto mostra o Mercado Público da cidade onde no qual todos os fins de semana seu
entorno é ocupado por bancas de diversas mercadorias, como verificado do lado direito, que vai
desde os produtos naturais como os alimentos: Macaxeira, beterraba, jerimum, milho, feijão,
manga, coco, uvas, Inhame, banana, jaca, tomate, coentro, cebola, alface, entre outros itens, a
produtos industrializados como venda de aparelhos eletroeletrônicos, além de variados serviços,
como conserto de relógios, celulares (além das lojas já permanentes) e barracas para lanches rápidos
como cachorro quente, Misto quente, macaxeira ou inhame com carne de gado bovino ou de frango
cozida.
Além dos pontos destacados existem outros que também poderiam ser incorporados nessa
abordagem como o Cruzeiro (Imagem10), onde no qual aprecia-se a beleza da cidade por estar
localizado em uma área mais alta, sendo que esse espaço é bastante depredado sem que haja um
manejo e cuidado com o ambiente físico e natural, pois ver-se muito lixo jogado, além de não ter
serviços como quiosques ou barracas de lanches para os visitantes.
Na cidade encontra-se a Casa de Dona Nita de Moraes (Imagem11), onde se tem peças
riquíssimas de valor histórico para a região, sendo esta por sua vez utilizada para visitas escolares e
ou de historiadores junto à Prefeitura e também Museu da cidade, que dispõe de um riquíssimo
acervo histórico e cultural do município. Estes por sua vez, precisariam ser mais bem divulgados e
colocados ao público de maneira que os incentivasse a querer buscar conhecer a historicidade da
cidade, da região, do lugar dos mesmos e dos que pela cidade passam.
Imagem 10: Igreja de São Francisco no Alto do Imagem 11: Casa de Dona Nita de Moraes.
Cruzeiro.
E por todos esses elementos apontados, verifica-se que há forte potencial para a exploração
turística, faltando apenas que haja investimentos junto à comunidade pelo Trade turístico. Todavia
que possibilite o desenvolvimento da própria comunidade, pois os investimentos são primordiais
para a execução e sucesso dessa aspiração que é desenvolver uma atividade turística pautada na
filosofia de um ecoturismo de base local e comunitária.
CONCLUSÕES
Conclui-se, portanto que a partir da pesquisa foi possível identificar os pontos turísticos
existentes no município, além de como os mesmos se encontram. Colocando como proposta uma
atividade turística partindo do seguimento referente ao turismo rural de base comunitário, trazendo
os objetivos propostos pelo Ecoturismo. Busca-se por meio do turismo uma atividade que seja
economicamente viável e ambientalmente sustentável, sendo que quando bem planejada não agride
o meio ambiente, como outras que acabam por trazer grandes prejuízos à biodiversidade local.
Diante disso, verificou-se que os investimentos direcionados às potencialidades do turismo rural de
base comunitária nesse município não satisfazem as reais necessidades. Devendo-se, buscar uma
prática socioambiental válida, incentivando tanto para o manejo sustentável dos recursos finitos da
região como fornecer a possibilidade de divisas financeiras para os envolvidos e a própria
valorização do lugar pelo morador. Dessa forma traria uma segunda renda as famílias que
estivessem envolvidas direta e indiretamente com a atividade turística. Sendo positiva a realização
de novos estudos da região possibilitando um manejo mais consciente em relação aos recursos
naturais e culturais. Destacando ainda que não se devem descaracterizar os costumes locais para
satisfazer os visitantes, pois entende-se que nesse tipo de turismo o visitante deve se adaptar às
características locais, pois só assim acontece a real magia do Turismo Rural de Base Comunitária.
REFERÊNCIAS
BARRETO, Margarida. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 8°Ed; Campinas, SP: Papiros
Editora, 1995.
BESSA, Altamiro Sérgio Mol; ÁLVARES, Lúcia Capanema. A Construção do Turismo e outras
Estratégias de Venda das Cidades. Belo Horizonte. C/Arte, 2014.
LIMA. Alberto Anderson de Araújo. Trabalho de conclusão de curso. A dinâmica espacial da feira
de Macaparana – PE. Graduado no curso de Licenciatura em Geografia pela UFCG-
Universidade Federal de Campina Grande. Campus de Campina Grande, 2016.
SANTOS, Lourinaldo Bezerra dos. IBGE. Historia de Macaparana. Ache Tudo e Região.
Disponível em http://www.achetudoeregiao.com.br/pe/macaparana/historia.htm. Revisado em:
27 de maio, 2015. Acessado em 10 de Dezembro de 2016.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único a consciência. Universal. 19ª
Ed; Rio de Janeiro: Record, 2010.
SEMAS. Proposta para criação da Área de Proteção Ambiental APA Serra do Mascarenhas –
PERNAMBUCO. Disponível em:
http://www.semas.pe.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=74587437-27fc-4d4f-9c71-
355bfe6aa826&groupId=709017. Fevereiro de 2014. Acessado em 22 de Janeiro de 2017.
SILVA, Arnaldo Tranquilino da, 1962. Revelando os segredos da princesa/ Arnaldo Tranquilino da
Silva. Recife: Printer, 2014.
RESUMO
Estudo sobre o povoado de Serra Negra situada a pouco mais de 9 km do município de Bezerros
onde o caminho se dá por uma estrada que começa pouco depois da ponte da ferrovia e mescla
trechos de terra com trechos de paralelepípedos. Durante o caminho, observamos algumas serras e
grandes pedras esculpidas pelo tempo, que embelezam e impressionam os viajantes. O povoado
ainda não é tão conhecido, mas a especulação imobiliária elevou muito o valor das terras da região.
Observamos muitas casas de campo e pequenos sítios de fins de semana. Em pouco mais de 10
minutos, chegamos ao tranquilo povoado, que tem algumas casas adaptadas para pequenos
restaurantes e a pequena Igreja de São Francisco Xavier. No frontispício consta a data de sua
fundação, 1949. Segundo os moradores, a Igreja só abre para casamentos ou uma vez por mês para
uma missa. Na frente dela tem uma pequena lagoa formada pela água da chuva que se acumula na
pedra. A menos de 1 km da Igreja, fica o Pólo de Eventos de Serra Negra. Nesse local, há um teatro
ao ar livre que também serve como mirante. A vista é deslumbrante. No pólo ainda há um bom
restaurante que proporciona, além de boa comida e bom atendimento, degustarem uma boa cerveja
ou um bom vinho, a depender da temperatura do dia, curtindo a vista. Também há um centro de
artesanato, onde encontramos vários itens da cultura local, sobretudo os relacionados aos Papangus,
além de informações turísticas da região.
Palavras chaves: Bezerros, povoado, serra.
ABSTRACT
Study about the village of Serra Negra, located a little more than 9 km from the municipality of
Bezerros where the road takes a road that starts shortly after the railway bridge and mixes stretches
of land with stretches of cobblestone. Along the way, we observe some mountain ranges and large
stones carved by time, which embellish and impress travelers. The village is not yet so well known,
but real estate speculation has greatly raised the value of the region's land. We observed many
cottages and small week-end sites. In just over 10 minutes, we reach the quiet village, which has
some houses adapted for small restaurants and the small Church of St. Francis Xavier. In the
frontispiece is the date of its foundation, 1949. According to the residents, the Church only opens
for weddings or once a month for a mass. In front of it is a small lagoon formed by rainwater that
accumulates in the stone. Less than 1 km from the Church, is the Serra Negra Event Center. In this
place, there is an open-air theater that also serves as a gazebo. The view is breathtaking. In the pole
there is also a good restaurant that provides, besides good food and good service, to taste a good
beer or a good wine, depending on the temperature of the day, enjoying the view. There is also a
handicraft center, where we find various items of local culture, especially those related to the
Papangus, as well as tourist information of the region.
Keywords: Calves, village, sierra.
INTRODUÇÃO
Figura 1
Figura 2
Serra Negra está localizada a 110 km do Recife e situada entre as coordenadas geográficas
8.24262‘S e -35.7852 8° 14′W possui uma paisagem exuberante e nos proporciona um contato
direto com a natureza, o parque ecológico e o mirante são umas das atrações de Serra Negra. Quem
chega a Serra Negra pode desfrutar ainda das trilhas ecológicas, as visitas às cavernas os mirantes e
o parque ecológico. O distrito conta com a vila ao seu redor e a igreja de São Francisco Xavier e um
pequeno povoado. O nome Serra Negra é denominado a formação de nuvens que sombreiam a
paisagem e mantém um clima sempre agradável durante o dia e frio durante a noite. O mirante do
parque ecológico possibilita uma visão privilegiada do planalto da Borborema e do divisor de águas
dos rios Capibaribe e Ipojuca (vale do Ipojuca). O mirante possui aproximadamente 900m de
altitude sendo um dos pontos mais altos da Serra onde é possível observar também à vila de Serra
Negra, trechos de Bezerros, a leste a cidade de Gravatá.
CARACTERÍSTICAS DA TERRA
Serra Negra, seu nome têm duas versões, uma historicamente comprovada que é a origem da
expressão dos colonizadores do Norte, que, passando pelo Rio Capibaribe, situavam-se
geograficamente com ―aquela serra negra‖, que vista de longe, apresenta-se de cor escura, passando
a ser um marco de orientação aos viajantes; a outra, tendendo mais para o lado da lenda, da
imaginação popular, referindo-se a uma escrava que, fugindo da perseguição do seu senhor, pulou
do penhasco ali existente, sendo fugitiva seria alcançada facilmente pelo Capitão do Mato, o que
faria nascer outra versão, a qual teria sido estuprada e morta pelo perseguidor e seu corpo, sacudido
no penhasco.
Figura 3
A Serra Negra faz parte do maciço da Borborema, possuindo terra fértil o que determina
uma agricultura diversificada, do café – que já fez época -, até as de subsistência, como a mandioca,
tomate, frutas diversas, flores, e sendo o maior produtor de mel de abelha do estado, de
internacional prestígio. Observamos as cidades de Cumaru e Passira que ao limitam ao Norte, São
Joaquim do Monte e Agrestina que limitam ao Sul, Riacho das Almas e Caruaru que limitam ao
Oeste e Gravatá, Sairé e Camocim de São Félix que limitam ao Leste. Seu clima é semiárido,
porém, com alguns trechos de tropical de altitude, estando inserida nas bacias do Rio Ipojuca. O
município de Bezerros é composto por um Distrito-sede, Boas Novas, Sapucarana, Encruzilhada e
os povoados de Cajazeiras, Fazendinha, Jurema, Poção, Serra Negra e o Sítio dos Remédios.
Figura 4
Figura 5
destacam-se suas fábricas de bolos. Bezerro destaca-se também nas fabricas de doces. Além disso,
Bezerros é uma das cidades pernambucanas que mais se destaca na produção de granito.
Na gastronomia uma boa pedida são os restaurantes do Distrito de Encruzilhada, onde o principal
atrativo é a carne de sol.
Figura 6
MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo foi realizado através de duas visitas in loco na região de Serra Negra no mês de
novembro de 2016 e também através de pesquisa bibliográfica e consultas a diversos artigos
científicos da área.
RESULTADOS
DISCUSSÃO
Os levantamentos florísticos que consideram que a área pesquisada é muito rica em flora
específica, caracterizada como Brejo de Altitude ou Floresta Serrana, a área estudada apresenta
vegetação semiárida que a cerca, por isso os Brejos de Altitude, principalmente o de Serra Negra de
Bezerros, estão sofrendo acelerado processo de devastação.
CONCLUSÕES
De acordo com o estudo realizado, observou-se que a área pesquisada é muito rica
principalmente em flora específica com uma biodiversidade local, com um clima Tropical de
Altitude bastante diferenciado e sendo também um importante Polo Turístico para o Estado de
Pernambuco, necessita urgente de uma política de preservação ambiental mais rigorosa visando
desta forma a preservação desta área.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela sabedoria e por iluminar as nossas jornadas. Aos familiares, e amigos que
contribuíram de alguma forma para a realização desse trabalho. A Professora Mestra Elizabeth
Rodrigues da Fonseca Dias, pela orientação na pesquisa, a Professora Doutora Aline Alves Barbosa
da Silveira Coordenadora do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Guararapes –
UNIFG – Piedade – Jaboatão dos Guararapes, pelo o apoio constante e a todos que direta ou
indiretamente participaram da composição deste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IBGE (10 de outubro de 2002). Área territorial oficial. Resolução da Presidência do IBGE de n° 5
(R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010.
Ambientes Urbanos e
Qualidade de Vida
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo avaliar a percepção ambiental dos moradores da cidade de Doutor
Severiano, RN acerca da arborização urbana. Atentando para sua importância para a qualidade
ambiental da cidade e consequentemente para a qualidade de vida dos seus habitantes. A pesquisa
baseou-se em estudo bibliográfico sobre a temática e ainda na aplicação de questionário com
moradores da referida cidade. Constatamos com este estudo que os moradores são conscientes da
importância e dos benefícios proporcionados pela arborização aos espaços urbanos, no entanto, a
política de planejamento voltada à arborização do município é negligenciada pelo poder
administrativo, o papel de implementação e manutenção da arborização do município é transferido
quase que exclusivamente aos munícipes.
Palavras-chave: Arborização Urbana. Qualidade de vida. Percepção Ambiental.
ABSTRACT
This work aims to evaluate the environmental perception of the residents of the city of Doutor
Severiano, RN about the urban afforestation. Taking into account its importance for the
environmental quality of the city and consequently for the quality of life of its inhabitants. The
research was based on a bibliographic study on the subject and also on the application of a
questionnaire with residents of that city. We verified with this study that the residents are aware of
the importance and the benefits provided by the afforestation to the urban spaces, however, the
planning policy directed to the afforestation of the municipality is neglected by the administrative
power, the role of implementation and maintenance of the afforestation of the municipality is
Transferred almost exclusively to the residents.
Keywords: Urban Arborization. Quality of life. Environmental Perception.
INTRODUÇÃO
Conforme Lima e Amorim (2006) o meio urbano é composto pelo sistema natural (meio
físico e biológico) e ainda pelo sistema antrópico (sociedade e suas atividades). Configurando-se,
assim, em um sistema aberto no qual a sociedade necessita dos recursos do meio ambiente para
sobreviver. E a arborização é um dos componentes bióticos mais importantes do meio urbano
porque está diretamente relacionado com o conforto ambiental (BIONDI 2008 citado por MARTINI
2013). Este é um elemento imprescindível na constituição do espaço das cidades, uma vez que
contribui diretamente para a qualidade de vida de seus residentes.
Referido-se a qualidade de vida urbana Loboda e Angelis (2005) afirmam estar a mesma,
diretamente atrelada a vários fatores como: infra-estrutura, ao desenvolvimento econômico social e
à questão ambiental. E no caso do ambiente, as áreas verdes públicas constituem-se elementos
imprescindíveis para o bem estar da população, pois influencia diretamente a saúde física e mental
da população.
São vários os benefícios que a vegetação pode proporcionar para as nossas cidades, pois
serve de equilíbrio entre a vida urbana e o meio ambiente, dentre estas funções Nucci; Cavalheiro
(1999, p. 30) apontam:
No entanto, geralmente, o processo de implantação das cidades é responsável por uma série
de prejuízos socioambientais, pois, sua formação está atrelada às alterações do meio natural, uma
vez que, sua construção passa pela retirada da cobertura vegetal para dar lugar aos equipamentos de
infra-estrutura urbana, o que na maioria das vezes ocorre sem o devido planejamento.
E o desconforto térmico, é uma dessas problemáticas relacionadas ao uso e ocupação
indevidos e sem planejamento do solo para a construção do ambiente artificial. Isso ocorre de
acordo com Peixoto (1995), Castro (1999) e Bueno (2003) citados por Shams, Giacomeli e
Sucomine (2009, p.3):
[...] pelas alterações climáticas decorrentes das mudanças das características térmicas das
superfícies, das taxas de evaporação, da grande impermeabilização do solo decorrentes de
construções e pavimentações, aumento da concentração de poluentes, fruto das atividades
humanas, novos padrões de circulação do ar e principalmente devido à ausência de
vegetação, causando uma incidência direta da radiação solar nas construções, que retorna
ao meio externo sob a forma de calor; este, por sua vez, tem sua dissipação reduzida devido
às condições do ambiente, transformando as cidades em verdadeiras estufas, tendo como
efeito denunciador o surgimento das chamadas ilhas de calor.
METODOLOGIA
O município de Doutor Severiano faz parte da Mesorregião Alto Oeste do Estado do Rio
Grande do Norte, estando a 446 km da capital do Estado, Natal. Tem no seu território, 108,28 km²
de extensão. A sede do município tem uma altitude de 370m e coordenadas 06º05‘38‘‘ de latitude
sul e 38º22‘30‘‘ de longitude oeste.
Em termos de população o município conta com 6.492 habitantes, sendo 3.709 na zona rural
distribuídos em 32 comunidades e 2.783 na zona urbana (IBGE 2010).
Na região o clima é tropical quente, úmido e sub-úmido, com períodos chuvosos que variam
entre os meses de janeiro a junho, tendo aproximadamente 2700 horas de insolação.
A agricultura é atividade econômica que se destaca, principalmente, na produção de feijão,
milho, arroz, batata-doce e mandioca. A pecuária, embora com menos potencial que a agricultura,
aparece também como importante fonte de renda no município, aí se destacando a criação de
bovinos, caprinos e suínos (PREFEITURA MUNICIPAL DE DOUTOR SEVERIANO 2017).
Figura 01: Localização do Município de Doutor Severiano, RN. Fonte: IBGE, 2016.
Procedimentos e Métodos
Para efeito de realização da pesquisa os dados foram coletados por meio de procedimentos
metodológicos do tipo revisão bibliográfica, e coleta de dados em campo, com um questionário
semi-estruturado, contendo questões objetivas e do tipo aberta, aplicado aos moradores de Doutor
Severiano.
Foram aplicados 54 questionários, distribuídos pelos moradores da cidade de forma
sistemática, tentando abranger a maior parte do local. Este questionário tem o objetivo de analisar a
percepção dos moradores quanto à importância de arborização no local onde vivem.
A pesquisa foi realizada em junho de 2017 e baseou-se no tema Arborização urbana e
qualidade de vida. Propondo aos moradores refletirem sobre a importância das árvores no espaço da
cidade.
A primeira parte do questionário buscou coletar dados referentes ao perfil dos entrevistados
atentando para o grau de escolaridade dos mesmos. A segunda parte visou abordar a compreensão
dos questionados relacionados aos aspectos de arborização da cidade e a compreensão dos mesmos
a respeito da importância da arborização para a qualidade ambiental urbana e de vida dos
moradores. Perguntou-se aos moradores se os mesmos conheciam praças, áreas verdes e jardins no
espaço da cidade. Isso devido a grande importância destes locais para sociabilidade e/ou ainda
utilização pelos moradores como espaço de lazer, para a prática de atividades físicas como a
caminhada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto ao grau de escolaridade dos moradores, 40,74% possuem ensino médio completo,
29,63% apresentam ensino superior incompleto, 11,11% correspondem aos que possuem ensino
superior completo e ensino médio incompleto respectivamente e ainda 7,41% os que possuem
ensino fundamental incompleto.
No que se refere a arborização das vias públicas de Doutor Severiano, os moradores
consideram como relevante a distribuição de árvores nos espaços da cidade, já que apenas 7,41%
dos questinados a classificaram como ruim, concentrando as respostas entre bom, regular e ótimo
(figura 02).
50%
44,44%
45%
40% 37,04%
35%
30%
25%
20%
15% 11,11% 7,41%
10%
5%
0%
Boa Regular Ótima Ruim
Figura 02 - Classificação da arborização da cidade de Doutor Severiano, RN, indicada pelos entrevistados.
da poluição sonora 8,47%, a opção nenhum benefício não foi votada. Diante das afirmações
podemos avaliar na figura 03 que a população tem consciência que as árvores trazem benefícios.
40% 37,29%
33,90%
35%
30%
25%
20%
15%
10,17% 10,17% 8,47%
10%
5%
0%
Redução de Sombra Produção de Outros Redução de
calor flores e frutos poluição
sonora
50%
44,44%
45%
40%
35%
30% 25,93%
25%
18,52%
20%
15%
7,41%
10%
3,70%
5%
0%
Regular Agradável Desagradável Muito Agradável Muito
desagradável
Figura 04 - Sensação térmica ao caminhar pelas ruas da cidade de Doutor Severiano, RN.
porém estas possuem poucas árvores e geralmente as poucas árvores presentes são de baixo porte
apenas com função paisagística e ornamental. Sobre a arborização das praças podemos constatar a
confirmação das respostas dadas pelos moradores ao analisarmos a figura 05. O que para Schuch
(2006, p. 12):
Sobre as possíveis desvantagens que a arborização poderia trazer para as ruas da cidade
31,43% atribuiu a redução da iluminação pública, 25,71% a problemas nas calçadas, 22,86% a
sujeira de ruas e calçadas, 17,14% a problemas com a rede elétrica, e 2,86%, sujeira provocada
pelos pássaros que habitam as árvores (figura 06).
35%
31,43%
30%
25,71%
25% 22,86%
20% 17,14%
15%
10%
5% 2,86%
0%
Redução da Problemas na Sujeira das ruas Problemas com a Sujeira
iluminação calçada e calçadas rede elétrica ou provocada pelos
pública telefônica pássaros
Figura 06 - Desvantagens da arborização para as ruas da cidade de Doutor Severiano, RN de acordo com os
moradores.
A problemática que pode ser ocasionada pelas árvores nos centros urbanos é decorrente da
falta de planejamento urbano e paisagístico, o que de acordo com a CEMIG (2011. p. 37):
O planejamento da arborização deve passar pela gestão pública em sua mais ampla
concepção. O órgão gestor da arborização deve trabalhar em acordo com políticas
comprometidas com um manejo que reconheça não somente a importância da presença das
árvores na cidade, mas que efetivamente respalde as práticas necessárias à sua boa
condução.
Este planejamento deve envolver desde a escolha das espécies mais adequadas para cada
localidade, plantio, manutenção até aspectos paisagísticos que vise à harmonia desse elemento com
os demais que compõem do espaço urbano, e assim evitar os possíveis problemas que podem vir a
surgir como os citados, relacionados a problemas nas calçadas e na rede elétrica. O que nota-se é
que não houve a preocupação quanto a escolha das espécies mais adequadas para o contexto
semiárido, assim como, quanto a manutenção das árvores presentes no município. Como podemos
ver no que se refere à poda na figura 07.
Para melhorar a arborização no local 37,04% dos entrevistados declararam ser necessário
plantar mais árvores, 35,18% afirmaram achar necessário se fazer a manutenção e realizar podas de
forma e em época correta e, 27,78% disseram se fazer necessário a realização de um trabalho de
conscientização sobre a arborização no local.
Quanto a identificação representada na tabela 1, das principais espécies que compõem a
arborização da cidade de Doutor Severiano, 85,19% disseram identificar algumas espécies e
14,81% declaram não identificar.
Das espécies florestais a Castanhola, Ficcus e o Nin foram as mais citadas respectivamente,
também a Algaroba, Mangueira, Canafistula e Limoeiro e em menor quantidade de vezes, ainda
foram citados Pau Brasil, Algodão do Pará, Hibisco, Gravioleira, Coqueiro, Pseudo Pinus e a
Laranjeira.
Tabela 01: Espécies que compõe a arborização urbana identificadas pela população de Doutor Severiano,
RN.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esta pesquisa conclui-se que a população em estudo tem consciência da importância e
dos benefícios da arborização para o espaço urbano.
Embora os moradores avaliem a arborização da cidade de forma geral como regular e boa,
percebe-se que assim como na maioria dos municípios brasileiros a missão de arborizar a cidade
ficou por conta dos próprios moradores, que muitas vezes sem o devido conhecimento técnico
acabam por adotar as espécies sem levar em consideração as características locais o que pode gerar
problemas futuros quanto à harmonia da arborização, como da infraestrutura da cidade em
decorrência da escolha menos apropriada para a localidade.
A arborização urbana é um importante fator condicionante para o conforto térmico e
qualidade de vida a população, portanto, deve compor a pauta de discussão e a política de
planejamento da gestão municipal no intuito de construirmos cidades mais sustentáveis e que
priorizem a melhoria de vida dos seus habitantes.
REFERÊNCIAS
LIMA, V.; AMORIM, M. C. de C. T. A Importância das Áreas Verdes para a Qualidade Ambiental
das Cidades. Revista Formação, nº13, 2006, p.139–165. Disponível
em:<revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/view/835/849> Acesso em 16 de jul.2017
LOBODA, C.R.; ANGELIS, B. L. D. Áreas Verdes Públicas Urbanas: Conceitos, Usos e Funções.
Ambiência, V. 1, n.1, p. 125-139. jan./jun 2005. Disponível em:<
http://200.201.10.18/index.php/ambiencia/article/view/157> acesso em 13 de julho OK
RESUMO
Ao longo dos anos, diversos estudos utilizando distintos bioindicadores foram feitos, no qual se
concluiu que os líquens são ótimos indicadores para detectar determinados poluentes no campo
atmosférico. Por conseguinte, em regiões com altos índices de poluição no ar geralmente encontra-
se uma escassa presença de líquens. O trabalho teve como objetivo comparar as condições da
qualidade do ar nos anos de 2016 e 2017, através da análise da quantidade de líquens presentes nas
árvores do Parque Portugal de Campinas, SP. Utilizou-se o método de Helmut Troppmair 1977,
com a coleta de dados com o uso de uma tela quadriculada dividida em 100 partes, contagem dos
líquens observados e cálculo da porcentagem de cobertura liquênica corrigida de acordo com o grau
de rugosidade dos troncos das árvores. Ao todo foram analisadas 75 árvores de espécies variadas,
em cada ano, na mesma região. Constatou-se que a qualidade do ar quando comparado os resultados
de 2016 com o de 2017, neste último ano aumentou as classificações menores que Classe III o que
representa menores quantidades de líquens na área e maior poluição no ar. Pode se inferir que o
principal motivo foi o aumento do número de veículos que circulam no Parque Portugal (Lagoa do
Taquaral) e que por consequência aumentou a quantidade de emissores poluentes na região. O uso
dos líquens é bastante útil, uma vez permite observar as mudanças em relação a qualidade do ar de
maneira fácil, econômica e ao mesmo tempo proporciona uma melhor compreensão de como os
poluentes agem nos seres vivos.
Palavras Chave: Bioindicadores de qualidade do ar, Líquens, Troppmair, Poluição.
ABSTRACT
Over the years, several studies using different bioindicators have been made, not which it has been
concluded that liquids are great indicators for certain pollutants experts in the atmospheric field.
Therefore, in regions with high pollution rates are not more complex. Scarce broadcasting presence.
The objective of this study was to compare air quality conditions in the years 2016 and 2017 by
analyzing the amount of liquids present in the trees of the. We used the method Helmut Troppmair
1977 with a data collection using a checkered screen divided into 100 parts count of observed liquid
and calculating the lichen coverage percentage adjusted according to the degree of roughness of the
tree trunks. In total, 75 trees of different species were analyzed each year in the same region. It was
verified that the quality is when compared the results of 2016 with the one of 2017, in the last year
of creation of mine positions that Class III which represents smaller amounts of resources in the
area and greater air pollution. It can be inferred that the main reason was the increase in the number
of vehicles that circulate in the Park Portugal (Lagoa do Taquaral) and consequently an increasing
number of polluting emitters in the region. The use of the media is quite useful as you want to
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 456
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
observe how changes in air quality with the easy, economical way and at the same time to a better
understanding of how the pollutants act on living things.
Keywords: Air quality bioindicators, Lichens, Troppmair, Pollution.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O local escolhido foi o Parque Portugal (Figura 1), mais conhecido como Taquaral, fundado
em 1972 e hoje abriga uma grande área verde, atraindo diversos visitantes nos finais de semana e
está localizado na região leste de Campinas, SP.
Figura 1 – Entrada do Parque Portugal (Taquaral), Campinas, SP. (Imagem disponível na internet)
Para a contagem dos bioindicadores, foram selecionadas 75 árvores para cada ano, todas
com 40 cm ou mais de diâmetro. Utilizou-se uma tela quadriculada, para estimar a porcentagem de
líquens em cada árvore, na altura de aproximadamente um metro do chão (Figura 2).
O georreferenciamento do parque foi feito via satélite a partir do programa Google Earth
(figura 4), e o georreferenciamento das árvores foi feito com o auxilio do aplicativo de celular
MyLocation (Android).
A contagem dos veículos foi realizada no final de semana e durante a semana para obter uma
média geral da quantidade de carros que passam no local por dia. Nos dias, 30 de abril de 2016 e 15
de julho de 2017, foram feitos os cálculos do final de semana. A contagem durante a semana na
terça feira, 03 de maio de 2016 e 03 de junho de 2017.
Para o cálculo real de cobertura liquênica das árvores foi utilizado a seguinte formula de
correção:
%Y = %X.100
I
Sendo:
%Y = Grau de cobertura corrigido, conforme a rugosidade da casca; %X = Grau de cobertura lida
na casca; i = Índice de correção da espécie em estudo (Tabela 2).
Figura 2 - Tela quadriculada, utilizada na contagem de líquens, a um metro do chão. Foto: Maisa de Mattos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o estudo escolheu se as árvores com 40 cm ou mais de diâmetro e a tela foi fixada a 1m
do chão. Foi observado que neste parque as árvores mais comuns encontradas foram a de
rugosidade média e muito rugosa (Figura 3 e Figura 5), que possuem índices de correção da espécie
de 155 e 300 respectivamente, grau de cobertura médio de 20,4 % e de 34,8%.
Figura 3 - Árvore de casca muito rugosa, espécie mais encontrada no Parque Portugal (taquaral), Campinas.
Foto: Gabriel Vieira.
Os índices de poluição foram mais altos no ano de 2017, onde se teve maior elevação em
número de deserto de líquens, Classe I. Os resultados de classificação a cada 5 árvores e seus
respectivos índices podem ser observados na Tabela 3.
Notou-se nos pontos 9 e 10 um menor índice de cobertura de líquens do que nos pontos de 1
a 8 (Figura 4), esse evento pode ser explicado pela taxa de trafego de carros nesses pontos ser
maior, como também observado por Soares et al. (2016) em Três Rios, RJ.
Figura 4. Georreferenciamento da localização das árvores do Parque Portugal de Campinas, SP. Sendo que
cada ponto representa 7,5 árvores totalizando 75 árvores. Fonte: Google Earth
As árvores mais encontradas no parque são as de casca muito rugosa e rugosidade média e
as menos encontradas são as de casca lisa (Figura 5), essas informações são fundamentais para os
cálculos da cobertura liquênica, pois, cada espécie de planta reage de uma forma quando se trata de
poluição atmosférica, como afirma Gonçalves et al. (2007). De acordo com Santos et al. (2015),
essa reação se dá devido ao fator da superfície do tronco das árvores, uma vez que, os líquens se
desenvolvem com mais facilidade em árvores com troncos ásperos e rugosos.
Em 2016, grande parte das árvores foi classificada como Classe IV, na zona fracamente
poluída, porém no ano de 2017 a maior quantidade delas passou para a Classe I, classificada como
deserto de líquens (grau de cobertura inferior a 6%) (Figura 6), o resultado de 2017 foi semelhante
ao estudo de Ferreira (1984) em Cubatão, SP.
I - Deserto de líquens
2017
II - Zona de poluição
alta
III - Zona de poluição
média
2016
IV - Zona fracamente
poluída
V - Zona não poluída
0 20 40 60 80
Figura 6. Análise das classes nos dois anos de estudos.
Se comparado os resultados de 2016 com o de 2017 é perceptível que neste último ano
houve um aumento nas classificações menor que Classe III, o que representa menores quantidades
de líquens na área (Figura 6), portanto é fundamental a redução de emissores poluentes no ar, uma
vez que ao longo de aproximadamente um ano, observou-se a diminuição da porcentagem de
líquens.
A quantidade de carros que passam em frente ao parque, aumentou cerca de 90% do ano de
2016 para 2017, passando de 16.752 para 31.776 carros por dia (Tabela 4). Houve uma mudança
significativa entre os dois anos, o índice de poluição foi maior no ano de 2017, um dos motivos,
provavelmente foi devido ao aumento do fluxo de veículos ao redor do Parque Portugal (Lagoa do
Taquaral). Estes dados podem contribuir, ainda que forma bastante modesta, para se repensar e
estudar alguma maneira de diminuir a poluição do ar local. Para Miller Jr (2012) a principal ameaça
da poluição do ar, atualmente vem dos poluentes emitidos por veículos motorizados.
descarga de produtos voláteis, construção civil; as indústrias podem emitir alguns poluentes no ar,
como por exemplo, os óxidos de enxofre, hidrocarbonetos, poeiras e fuligem (VALLE, 2012).
Para melhorar as condições da qualidade do ar, seria desejável que, iniciativas como o
programa ―Verão Vivo‖ da secretaria municipal de Transportes e da presidência da Empresa
Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que ocorreu no período de 16 de outubro de
2016 a 18 de fevereiro de 2017, quando fecharam uma das pistas de circulação de carro entorno do
Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), durante duas vezes nos dias de semana à noite e algumas
horas nos finais de semana (PREFEITURA DE CAMPINAS, 2016) tivessem continuidade para
ajudar a diminuir o nível de poluição do ar do local.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AQUINO, S.M.F. et al. Bioindicadores vegetais: Uma alternativa para monitorar a poluição
atmosférica. Revista Internacional de Ciências (RIC). 2011. Disponível em: <http://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/ric/article/view/3629/2533>. Acesso em: 27 abr. 2016.
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Química, v. 22, n. 1, p. 110-125, 1999. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/26373>.
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MILLER Jr, G.T. Ciência Ambiental. 1 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 501p.
MILLER Jr, G.T.; SPOOLMAN, S.E. Ciência Ambiental. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning,
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MOTA, S.. Introdução a engenharia ambiental. 3. ed. ampl. Rio de Janeiro, RJ: ABES, 2003. 419
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RJ. 2016. Disponível em: <http://www.itr.ufrrj.br/sigabi/wp-
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%20USO%20DOS%20LIQUENS%20COMO%20BIOINDICADORES%20DA%20QUALIDA
DE%20DO%20AR%20EM%20TR%C3%8AS%20RIOS,%20RJ.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2017.
TROPPMAIR, H. Estudo biogeográfico dos liquens como vegetais indicadores de poluição aérea
da cidade de Campinas – SP. Geografia, vol. 2, n. 4, pp. 1-38, 1977.
TROPPMAIR, H. Metodologias simples para pesquisar o meio ambiente. Rio Claro: GRAFF SET,
1988.
VALLE, C.E. do. Qualidade ambiental: ISO 14000. 12 ed. São Paulo, SP: SENAC, 2012. 207 p.
RESUMO
Grande parte das cidades brasileiras estão passando por processo de urbanização, em sua maioria
sem planejamento adequado, que considere a importância dos elementos naturais. Contudo, sabe-se
que a qualidade de vida urbana está diretamente associada a vários fatores reunidos na
infraestrutura, o desenvolvimento econômico-social e aqueles ligados à questão ambiental. No caso
do ambiente, destaca-se a importância das áreas verdes públicas, que se constituem de elementos
imprescindíveis para o bem-estar da população. Dentre esses espaços, destacam-se as praças que
são locais públicos com função social, destinadas ao lazer, socialização e realização de atividades
cívico-religiosas, com função também de embelezamento da cidade, por ter aspectos ornamentais.
Com isso, objetivou com este estudo, analisar o papel das praças públicas da cidade de Crato-CE.
Foram realizadas consultas bibliográficas sobre a temática, além do levantamento de campo com
aplicação de questionário. Os resultados apontaram para diversificação do público frequentador das
praças, em diferentes horários, assim como diversas motivações que influenciam diretamente na
permanência e na circulação de pessoas nesses espaços. Observa-se as sensações descritas pelos
indivíduos ao estarem nesses ambientes como o sentimento de felicidade descrito por 46% dos
entrevistados, de liberdade por 30% e de contato com natureza por 15%. Evidenciando a
importância das praças públicas da cidade para o bem-estar da população local.
Palavras-chaves: Praças públicas; Qualidade de vida; Conforto ambiental; Crato-CE.
ABSTRACT
Most Brazilian cities are undergoing urbanization, mostly without adequate planning, that consider
the importance of natural resources. However, it is known that an urban quality of life is directly
associated with several factors gathered in infrastructure, economic-social development and their
languages. In the case of the environment, the importance of public green areas, which are essential
elements for the well-being of the population, stands out. Among these places, stand out as squares
that are public places with social function, the accomplishment and activities of civic-religious
activities, with also function of beautification of the city, for having. With this aim, this study
analyzes the role of the public squares of the city of Crato-CE, for a life of its users with the
intention of showing an element of the preservation and maintenance of the spaces. Bibliographical
consultations were carried out on the subject, besides a field survey with questionnaire application.
The results pointed to the diversification of the public attending the squares, at different times, as
well as several motivations that influence the presence in the stay and circulation of people spaces.
It is observed how the sensations described by the users when being in these environments as the
feeling of happiness described by 46% of the interviewees, of freedom by 30% and of contact with
nature by 15%. Evidenciating the importance of the public squares of the city for the well-being of
the local population.
Keywords: Public squares; Quality of life; Environmental comfort; Crato-CE.
INTRODUÇÃO
A maioria das cidades brasileiras estão passando por um período de urbanização acentuada,
fato que tem refletido de forma negativa na qualidade de vida dos moradores das cidades. A falta de
planejamento urbano que considere a importância dos elementos naturais é o principal agravante
desta situação (LOBODA, 2009).
Diversos autores abordam que a qualidade de vida urbana está diretamente associada a
vários fatores reunidos na infraestrutura, no desenvolvimento econômico-social e nos aspectos
ligados à questão ambiental. No caso do ambiente, destaca-se a importância das áreas verdes
públicas, que constituem-se de elementos imprescindíveis para o bem estar da população, por
influenciar diretamente na sua saúde física e mental.
Áreas verdes é um tipo especial de espaços livres, onde se tem a vegetação como principal
elemento compositor. Essas áreas devem satisfazer três requisitos principais: ecológico-ambiental,
estético e de lazer. Devendo servir a população e proporcionar um uso com condições adequadas
para recreação (NUCCI, 2016).
Benini (2011) trabalha as áreas verdes urbanas, como sendo espaços livres, áreas verdes e de
lazer, que possuem um uso comum e apresentam algum tipo de vegetação, seja ela espontânea ou
plantada, que possam contribuir para os processos de fotossíntese, evapotranspiração,
sombreamento, permeabilidade, conservação da biodiversidade e mitigue os efeitos da poluição
sonora e atmosférica e também desempenham um papel social, ecológico, científico e cultural.
Como exemplo desses ambientes temos as praças, parques, canteiros, jardins entre outros.
Destacando, entre esses as praças, as que se caracterizam como locais totalmente públicos, com
função social, destinadas ao lazer, socialização, realização de atividades cívico-religiosas e
embelezamento da cidade, por ter aspectos ornamentais (SILVA, 2008).
De acordo com Lee (2011), às praças se mostram tão importantes exemplos de áreas verdes,
devido ao tamanho limitado das mesmas, o que permite que sejam espalhadas por diferentes bairros
de grandes cidades, isso sem comprometer as funcionalidades e contribuindo diretamente para
melhoria da qualidade de vida local, permitindo uma melhora da saúde física e mental da
população.
METODOLOGIA
Nome do entrevistado
Sexo dos entrevistados
Frequência de utilização dos espaços
Motivação de frequência às praças
Sentimentos proporcionados pelos espaços a seus frequentadores
Sugestões para melhoria dos ambientes
Figura 01: Localização das praças pesquisadas. Base de dados: IBGE, 2016. Fonte: Adaptado por autores,
2017.
RESULTADOS
Dentre as pessoas entrevistadas, 80% eram do sexo masculino e 20% feminino, dos quais
38% estão na faixa etária acima dos 61 anos, 24% de 26 a 35 e 22% de 16 a 25, conforme os dados
são expostos no gráfico 01. Os dados revelam, então, a maior participação de pessoas mais idosas
como frequentadores desses logradouros públicos.
Em relação ao horário e permanência dessas pessoas nas praças, percebemos que o durante
todo o dia temos movimento nesses espaços, sendo o público de cada faixa de horário diversificado,
com finalidades em comuns.
40% 38%
35%
30%
25% 24%
22%
20%
16%
15%
10%
5%
0%
16 a 25 anos 26 a 35 anos 46 a 60 anos Acima de 61 anos
Gráfico 1: Idade dos Frequentadores de Praças, Crato-CE, 2017. Fonte: Autores, 2017
Em relação aos dados do gráfico 02, no período matutino de 7:00 às 8:00, 13% dos
frequentadores costumam realizar caminhadas e exercícios físicos. Os horários que apresentam
maior número de frequentadores, são os intervalos das 8:00 às 12:00 horas (26%), e 14:00 às 16:00
(18%), sendo justificado por esse ser horário de maior movimento no comércio local.
Outras duas faixas de horários que se destacam são das 12:00 às 14:00 (13%), por costumar
ser o horário de almoço, o que torna as praças ambientes de descanso da população. Chegando ao
fim da tarde e adentrando a noite na faixa das 16:00 às 18:00 (15%), vamos ter novamente um
público adepto a práticas de exercícios (Figura 3)
30%
26%
25%
20% 18%
15%
15%
13% 13%
10%
7%
6%
5%
3%
0%
6–7 7–8 8 – 12 12 – 14 14-16 16- 18 18- 20 20- 24
Ao analisar a frequência de utilização das praças constatou-se, uma boa visitação a nível
semanal, onde 38% do entrevistado frequentam a praça mais de duas vezes na semana, 22% de 3 a 4
vezes e apenas 6% vai de duas a três vezes ao mês (Figura 4). A frequência a esses ambientes é
justificada devido à localização das praças, que se encontram no centro da cidade, sendo esses
locais de fácil acesso. Os 6% que frequentam a praça de duas a três vezes ao mês, são pessoas que
residem fora da cidade e em outros municípios vizinhos.
2 a 3 vezes no mês 6%
1 a 2 vez na semana 8%
Gráfico 03: Frequência de utilização das praças do Crato-CE, 2017. Fonte: Autores, 2017
30%
27%
25%
20%
17%
16%
15%
15%
10%
7% 7%
6%
5% 2% 2%
0%
0%
Gráfico 04: Motivação na frequência das praças públicas no Crato-CE, 2017. Fonte: Autores, 2017
50% 46%
45%
40%
35%
30%
30%
25%
20%
15%
15%
10% 7%
5% 3%
0%
Contato com a Liberdade Felicidade Aventura Conforto
natureza
Gráfico 05: ―Sensações‖ produzidas pelas praças públicas no Crato, 2017. Fonte: Autores, 2017
Para tornar esses espaços mais agradáveis ao público, 33% dos entrevistados sugeriram
melhorias na manutenção e limpeza das praças, como também, ajuste nos equipamentos (29%), de
práticas esportivas. Outra sugestão feita por 17% dos entrevistados é um aumento na segurança
pública, dentro e no entorno das praças, fato que contribuiria para maior permanência nesses
35% 33%
29%
30%
25%
20% 18%
17%
15%
10%
5%
1% 1%
0%
Segurança Equipamentos Manutenção Vegetação Dimensão Sanitários
Gráfico 06: Demandas de melhorias nas praças públicas do Crato-CE, 2017. Fonte: Autores, 2017
CONCLUSÃO
A partir deste estudo podemos observar claramente a importância das praças públicas da
cidade de Crato-CE. Esses espaços não se restringem apenas a parte estética, e do embelezamento
da cidade, mas influenciam diretamente na qualidade de vida da população, sendo áreas com grau
elevado de importância nos setores sociais e econômicos da cidade.
Devido à localização privilegiada, no centro da cidade, é possível observar um grande
frequentamento desses locais, por públicos diversificados e em horários diferenciados. Observando
que não somente a parte estrutural, mas o entorno dessas praças aumenta significativamente a
circulação de pessoas nesses espaços. Dentre as motivações que fazem as pessoas frequentarem
esses ambientes destacamos a procura do local para relaxar, isso devido à composição ambiental,
que acaba proporcionando conforto térmico e contato com natureza para os indivíduos.
Contudo observamos alterações simples sugeridas pelos entrevistados, como melhoria na
manutenção e limpeza e aumento da segurança. Acredita-se que quando acatadas estas sugestões
contribuirá diretamente para maior permanência das pessoas nesse ambiente.
Com isso sugerimos que as entidades públicas do município trabalhem para a ampliação da
potencialidade e do uso destas praças, assim como investimento em uma política voltada para
fiscalização e manutenção das praças públicas de toda a cidade.
REFERÊNCIAS
BARROS, M. V. F., & VIRGILIO, H. (2003). Praças: espaços verdes na cidade de Londrina.
Geografia, 12(1), 533-44.
BENINI, S. M. (2011). Encarnita Salas. Decifrando as áreas verdes públicas. Formação (Online),
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Disponível em :<http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=contato-natureza-bem-
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LEE, A. C. K., MAHESWARAN, R. (2011). The health benefits of urban green spaces: a review of
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LOBODA, C. R.; DE ANGELIS, B. L.D. Áreas verdes públicas urbanas: conceitos, usos e funções.
Ambiência, v. 1, n. 1, p. 125-139, 2009.
SILVA, J. A. (2008). Direito Urbanístico Brasileiro. 5. ed. rev. São Paulo: Malheiros. p.476.
RESUMO
Essa pesquisa trata-se de um assunto atual: a Dengue. Doença que tem atingido não só a classe
baixa como também a média e a alta. Este trabalho busca fazer um levantamento dos casos
notificados de dengue no município de Camaçari-BA (municipio localizado na Região
Metropolitana de Salvador) e buscar responder quais fatores tem influenciado para o aparecimento
da doença. Uma vez que os vírus dessa doença são transmitidos pela fêmea do Aedes aegypti,
quando pica uma pessoa, após isso há manifestação da doença. Os dados foram retirados do site do
SINAN ( Sistema de Informação de Agravos e Notificações) referente aos anos de 2007 a 2012.
Este trabalho trata-se de uma pesquisa de caráter quantitativo e documental, servindo para manter a
população e a comunidade acadêmica atualizados sobre a doença. Os resultados indicaram que há
uma maior prevalência da doença em pessoas do sexo feminino. Quanto ao grau de instrução, os
mais afetados foram pessoas de 1ª a 4ª e pessoas do ensino médio. Na classificação por raça os mais
afetados foram os Pardos sendo um numero de 751 pessoas pertencentes ao universo de 1174
pessoas notificadas. A idade que mais apresentou taxa entre crianças de 1 a 9 anos e entre jovens de
20 a 39 anos de idade.
Palavras-Chave: Aedes aegypti.Camaçari. SINAN.
ABSTRACT
This research is a current subject: Dengue. Disease that has reached not only the lower class but
also the average and the high class. This work aims to survey the reported cases of dengue in the
municipality of Camaçari-BA (municipality located in the Metropolitan Region of Salvador) and
seek to answer which factors have influenced the onset of the disease. Since the viruses of this
disease are transmitted by the female Aedes aegypti, when a person bites, there is a manifestation of
the disease. The data were taken from the SINAN website (Sistema de Informação de Agravos e
Notificações) for the years 2007 to 2012. This work is a quantitative and documentary research,
serving to keep the population and the academic community updated about the disease. The results
indicated that there is a higher prevalence of the disease in females. Regarding the level of
education, the most affected were people from 1st to 4th and high school students. In the
classification by race the most affected were the Pardos being a number of 751 people belonging to
the universe of 1174 people notified. The age that presented the highest rate among children from 1
to 9 years and among young people from 20 to 39 years of age.
Keywords: Aedes aegypti.Camaçari. SINAN.
INTRODUÇÃO
durante sua vida, podendo colocar mais de 100 ovos de cada vez, em locais preferencialmente com
água limpa e parada. O Aedes aegypti costuma picar as pessoas durante o dia.
O ciclo se inicia quando a fêmea do Aedes aegypti pica uma pessoa com dengue. O tempo
necessário para o vírus se reproduzir no organismo do mosquito é de 8 a 12 dias. Após isso, ele
começa a transmitir o vírus causador da doença. Esse mesmo mosquito, ao picar um ser humano
sadio, transmite o vírus para o sangue dessa pessoa. Dentro de um tempo, que varia de 3 a 15 dias, a
doença começa a se manifestar. A partir daí o ciclo pode voltar a se repetir, caso essa segunda
pessoa seja picada por outro Aedes aegypti. O ciclo do mosquito transmissor apresenta quatro fases:
ovo, larva, pupa e adulto.
É indispensável que as ações para o controle dessas doenças garantam a participação efetiva
de cada morador da comunidade na abolição de criadouros já existentes ou de possíveis locais para
reprodução do mosquito. É seguro que atitudes simples de educação ambiental, podem ajudar no
controle e combate do mosquito. Para tanto, atitudes devem ser analisadas pela população para que
assim possam ajudar a reduzir a incidência de casos de doenças. Atentando-se aos detalhes, como
por exemplo: descartar o lixo em locais corretos; cuidar diariamente dos vasos de plantas; tampar
corretamente as caixas d'água; limpar terrenos baldios e os quintais das residências abandonadas,
entre outras ações.
Este assunto tem gerado discussão e tem causado um maior impacto na saúde pública. O
controle destas doenças tipicamente urbanas são complexas, envolvendo, além do setor saúde,
fatores como, infraestrutura das cidades, transporte de pessoas e cargas, o meio ambiente, entre
outros.
Segundo Chiaravalloti Neto (1997) as ―atividades de eliminação de criadouros (...) não têm
se mostrado suficientes para diminuir os níveis de infestação do mosquito, já que os recipientes
eliminados têm sido sistematicamente substituídos‖. A explosão de número de recipientes
artificiais, tais como plásticos em geral, pneus e o hábito de cultivar plantas em vasos com água
vem corroborando este acúmulo indevido de materiais passíveis de se tornarem criadouros do
mosquito.
Compreende-se que as ações públicas para o combate do problema aumentaram, agrupando
procedimentos que estão voltados á mobilização social e também ações voltadas ao controle
químico do vetor. Há o reconhecimento que ações educativas podem diminuir significativamente os
focos do mosquito. Informando a população que as suas mudanças de atitudes são de extrema
importância para o combate a essas doenças.
DESENVOLVIMENTO:
Doença
O dengue é uma enfermidade causada por um vírus de genoma RNA pertencente ao grupo B
dos arbovírus, família Flaviviridae, gênero Flavivirus (BASTOS 2001). Este vírus é transmitido
para uma pessoa saudável através da picada da fêmea contaminada do mosquito Aedes Aegypti.
Clinicamente, as manifestações variam de uma síndrome viral, inespecífica e benigna, até um
quadro grave e fatal de doença hemorrágica com choque. São fatores de risco para casos graves: a
cepa do sorotipo do vírus infectante, o estado imunitário e genético do paciente, a concomitância
com outras doenças e a infecção prévia por outro sorotipo viral da doença. (TRAVASSOS DA
ROSA et al., 1998 apud BASTOS 2004).
Sabe-se que os 4 tipos conhecidos de vírus da Dengue são potencialmente graves e fatais.
Esse potencial de gravidade aumenta, expressivamente, em uma segunda infecção por novo sorotipo
que, eventualmente, penetre na mesma comunidade, concomitante ou sucedendo ao primeiro
(MARZOCHI).
Esta doença pode se manifestar de duas maneiras: a dengue clássica e a dengue hemorrágica.
Na Dengue Clássica, os sintomas são mais leves. O doente tem febre alta, dores de cabeça, nas
costas e na região atrás dos olhos. A febre começa a baixar a partir do quinto dia e os sintomas, a
partir do décimo dia. Na forma clássica, dificilmente ocorrem complicações, porém alguns doentes
podem apresentar quadros de hemorragias leves na boca e também no nariz. Já no caso de dengue
hemorrágica a enfermidade apresenta-se de forma mais grave. Nos cinco dias iniciais, os sintomas
são semelhantes ao do tipo clássico. Contudo, a partir do quinto dia, alguns doentes podem
apresentar hemorragias (sangramentos) em vários órgãos do corpo e choque circulatório. Podem
ocorrer também vômitos, tontura, dificuldades de respiração, dores abdominais fortes e contínuas e
presença de sangue nas fezes. Não acontecendo um acompanhamento médico e tratamento
adequado, a pessoa doente pode falecer.
Vírus
Os vírus são entidades que possuem um único tipo de ácido nucléico, DNA ou RNA e uma
cobertura protéica (ás vezes recoberta por um envelope de lipídeos, proteínas e carboidratos)
envolvendo o ácido nucléico. Multiplicam-se dentro de células vivas usando maquinaria de síntese
das células e induzem a síntese de estruturas especializadas capazes de transferir o ácido nucléico
viral para outras células.(TORTORA, 2005)
Os vírus do dengue, bem como todos os flavivírus, são esféricos, possuem envelope, medem
entre 40-60nm de diâmetro. O genoma é constituído por uma fita simples de RNA de polaridade
Vetor
Imunidade
Existem dois padrões de respostas imunológicas à infecção pelo vírus do dengue: primária e
secundária.
A resposta primária ocorre em indivíduos que não são imunes aos flavivírus, que ainda não
tinham sido infectados por flavivírus ou não tinham sido inoculados com a vacina da febre amarela
ou da encefalite japonesa. Neste tipo de infecção os anticorpos são monoespecíficos (mais altos
contra o sorotipo infectante que contra os outros).
A resposta secundária é observada em indivíduos com infecção por dengue que já tiveram
infecção prévia por flavivírus. Pode apresentar-se como resultado à imunidade a algum sorotipo
diferente do vírus dengue, que é o mais freqüente, ou por vacinação prévia contra outros flavivírus.
Monócitos circulantes e células dendríticas têm sido considerados como as principais células
alvo para a replicação viral do Dengue. Vírus são isolados de monócitos circulantes ou células
dendríticas da pele SIGProj - Página 7 de 17após a infecção humana. Os vírus ativam as células
alvo, induzindo a liberação de monocinas, derivados do ácido aracdônico, óxido nítrico, entre
outros. Citocinas pró-inflamatórias, TNF-a, IL-1 e IL-6 têm sido encontradas em pacientes com
dengue na Ásia, e também no Brasil, e seus níveis circulantes têm correlação com as manifestações
hemorrágicas e uma maior incidência de dengue hemorrágico.
A imunopatogenia do vírus do dengue já vem sendo discutida há mais de 30 anos, algumas
hipóteses tentam explicar a ocorrência de formas graves (FHD/SCD), como a hipótese da infecção
seqüencial postulada por Halstead (1970, 1980 e 1982), e a da virulência de determinadas cepas do
vírus, defendida por Rosen (1977). Estudos epidemiológicos e sorológicos realizados em Cuba e na
Tailândia são bons exemplos da importância da infecção secundária como fator de risco para FHD
(Guzmán & Kourí, 2002). Desde as primeiras observações feitas por Halstead em1970, a FHD tem
estado presente em situações onde há circulação de mais de um sorotipo do vírus (PAHO, 1994;
Guzmán et al., 2000; Guzmán et al., 1990).
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
F M
32,5
67,5
Quanto ao grau de instrução das pessoas que tiveram casos de dengue confirmados, houve
uma predominância em todas as instruções no ano 2009, totalizando 296 pessoas, sendo o ano com
maior registro. Seguindo-se no ano de 2010, onde houve predominância entre pessoas de 1ª a 4
incompleta e 1ª a 4ª serie completa. No ano de 2011 houve predominância entre Ing/Branco e Não
se aplica. No ano de 2012 houve predominância em pessoas do ensino médio, seguido por
Ing/Branco. Como é possível observar no Tabela 1. abaixo.
Quanto ao numero de pessoas que tiveram dengue classificadas por raça, temos um numero
exorbitante nas pessoas Pardas em todos os anos, sendo mais alto nos de 2009 e 2012, como
podemos observar na tabela 2. Muitas dessas pessoas moram em áreas carentes, sem saneamento ou
possui um nível de escolaridade baixo, tem má alimentação o que favorece para o aumento destes
casos. Segundo Johansen(2014) ―No Brasil, a cor da pele, a situação socioeconômica e o perfil
epidemiológico estão intimamente associados. Á proporção de pessoas não brancas: o acréscimo de
1% nesta população conflui para a elevação da taxa de dengue em mais de quatro vezes‖.
A Dengue é uma doença que acomete todas as faixas etárias, neste presente estudo não foi
diferente. A maior números de casos da doença ocorreu no ano de 2009 entre as idades de 1 a 9
anos e 20 a 39 anos. Seguido pelo ano de 2010 com índice maior entre crianças de 1 a 9 ano. No
ano de 2011 o maior registro foi com pessoas de 10 a 19 anos e em 2012 foi entre pessoas de 20 a
39 anos. Como pode ser observado na tabela 3. O deslocamento da doença para idades entre
menores de 15 anos no Brasil e em outros países pode estar associado ao aumento da incidência de
casos graves da dengue como demonstra Halstead et al. (2006), Cordeiro et al. (2007).
Idade
Ano Total
Abaixo de 1 1a9 10 a 19 20 a 39 40 a 59
2007 0 11 8 11 8 38
2008 8 31 29 41 13 120
2009 11 91 63 93 35 296
2010 6 73 59 42 34 214
2011 11 57 63 75 24 231
2012 1 37 49 104 56 251
Tabela 3: Classificação por idade
Segundo Teixeira (2012), a dengue tem acometido pessoas de todas as idades, entretanto
crianças e imunodeficientes apresentam risco aumentado para as formas graves da infecção,
dependendo do nível de imunidade estabelecido para cada idade e do sorotipo que é mais circulante,
a resposta imunológica pode ser menos eficiente levando ao agravamento dos sinais e sintomas da
doença.
CONCLUSÃO
aegypti queira ficar por perto para farantir sua reprodução. Por conta disso é essencial por parte de
todos uma conscientização quanto aos seus hábitos de combate ao mosquito.
É de extrema importância preparar as comunidades mais humildes para combater o
mosquito, verificar onde pode ter focos em sua residência, e saber quais atitudes tomar se algum
familiar tiver a doença. Utilizar todos os meios de combate é interessante, pois o meio mais
eficiente contra a dengue é o combate a proliferação da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
REFERÊNCIAS
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RESUMO
A avaliação da arborização de ruas é essencial para o planejamento e manutenção das cidades de
modo a maximizar os benefícios proporcionados pelas árvores. Assim, o trabalho objetivou
descrever como é a arborização urbana do centro de Pedra Branca - PB. A coleta de dados foi
realizada nos meses de dezembro de 2016 e junho de 2017. A metodologia empregada consiste no
levantamento de todos os indivíduos arbóreos nas ruas. Para a identificação das espécies botânicas e
seus caracteres ecológicos foi utilizada literatura especializada. Foram encontrados 328 indivíduos
arbóreos, distribuídas em 19 espécies pertencentes a 10 famílias. Das 19 espécies encontradas, 84%
são de origem exótica e apenas três Caesalpinia echinata, Bougainvillea spectabilis, Morinda
citrifolia identificadas como nativas (16%). As espécies mais frequentes foram: Azadirachta indica,
Senna siamea, Ficcus benjamina e Albizia lebbeck perfazendo um total de 86% das árvores do
centro de Pedra Branca – PB. É necessário a realização de programas educação ambiental a fim de
evitar práticas de plantios aleatórios e sensibilizar a população quanto à importância da arborização
com árvores nativas.
Palavras Chaves: Ecologia, Urbana, Árvores Urbanas, Semiárido.
RESUMÉN
Assessing street afforestation is essential for planning and maintaining cities in order to maximize
the benefits provided by trees. Thus, the objective of this work was to describe the urban
afforestation of the center of Pedra Branca - PB. Data collection was carried out in the months of
December 2016 and June 2017. The methodology employed is the survey of all tree individuals in
the streets. For the identification of the species and their ecological characters it was used
specialized literature. There were 328 arboreal individuals, distributed in 19 species belonging to 10
families. Of the 19 species found, 84% are of exotic origin and only three identified as native
(Caesalpinia echinata, Bougainvillea spectabilis, Morinda citrifolia). The most frequent species
were Azadirachta indica, Senna siamea, Ficcus benjamina e Albizia lebbeck, making a total of 86%
of the trees in the center of Pedra Branca - PB. It is necessary to carry out environmental education
programs in order to avoid practices of random plantations and raise awareness of the importance of
afforestation with native trees.
Keywords: Urban Ecology, Urban Trees, Semi-Arid.
INTRODUÇÃO
A arborização de ruas, além de ser um serviço público, é um patrimônio que deve ser
conhecido e conservado, estando associada a manutenção da qualidade ambiental nas cidades e ao
bem estar, saúde física e mental da população. Às árvores urbanas são de caráter indispensável, pois
a presença da cobertura vegetal na área urbana proporciona inúmeros benefícios, tais como:
melhoramento na qualidade do ar, regulação das condições microclimáticas, redução da poluição
atmosférica, barreira acústica, abrigo para animais, além de caracterizarem a beleza das cidades
(AQUA e MULLER, 2014; DAMO et al., 2015).
A implantação inadequada da arborização urbana pela falta de planejamento ambiental pode
causar conflitos. Podemos observar nas interferências e danos causados aos equipamentos e
estruturas urbanas, tais como: fiações elétricas, encanamentos, calçamentos, muros, postes de
iluminação e sinalização (SANTOS et al, 2015). Por outro lado, para que a presença da árvore no
espaço urbano não venha trazer transtornos futuros, é necessário ter um conhecimento das suas
características morfológicas e fisiológicas visando uma maior eficiência das múltiplas contribuições
trazidas por estas ao ambiente (ZAMPRONI et al, 2016). A escolha da espécie deve ser criteriosa,
optando aquelas que são adequadas para cada rua ou cidade (AQUA e MULLER, 2014). De acordo
com Souza et al. (2013), ainda é comum o fracasso dos plantios ou da manutenção dessas áreas
urbanas, isso se deve, principalmente, à ausência de conscientização sobre a sua importância, cuja
conservação pode ser feita através do conhecimento da biodiversidade (SILVA et al, 2012).
As cidades do semiárido brasileiro estão submetidas a um clima quente e seco, com até nove
meses de estiagem. Com isso necessitam da presença de uma massa arbórea que lhes proporcione
alterações no padrão ambiental, proporcionando-lhe uma melhoria de vida das populações nelas
inseridas. Nas cidades de pequeno porte do Sertão paraibano, o planejamento da arborização não faz
parte das práticas da gestão ambiental. Com este trabalho objetiva-se analisar as condições da
arborização da cidade de Pedra Branca – PB, com intuito de contribuir com informações que
possam ser utilizadas em planos de ampliação de áreas verdes.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no perímetro urbano do município de Pedra Branca, situada na região
semiárida do Nordeste brasileiro, no Estado da Paraíba, a 444,6 km da capital, João Pessoa (Figura
tal 1). O município foi criado pela lei nº 3152 de 30 de Janeiro de 1964 e instalado no dia 17 de
maio do mesmo ano (BELTRÃO et al, 2005). Encontra-se a cerca de 239m de altitude, entre
coordenadas geográficas de 38° 04‘ 04‘‘ longitude oeste e 07° 25‘ 37‘‘ de latitude sul e apresenta
área total de 112,932 Km². De acordo com o censo de 2016 do IBGE, a população é constituída por
3.800 habitantes. A densidade demográfica em 2010 era de 32,95 hab/km2.
Em termos climatológicos, o município de Pedra Branca se encontra inserido no
denominado ―Polígono das Secas‖, constituindo o tipo BSh semiárido, quente e seco, segundo a
classificação de Koppen, atualizada por Alvares et al (2013). As temperaturas são elevadas durante
o dia, amenizando à noite, com variações anuais de 23° a 30º C, com ocasionais picos mais
elevados, principalmente durante a estação seca. O regime pluviométrico é baixo e irregular com
médias anuais em torno de 800mm/ano (BELTRÃO et al, 2005). No geral, caracteriza-se pela
presença de apenas duas estações: uma seca, que constitui o verão, de setembro a dezembro, e uma
estação chuvosa, de fevereiro a maio (AESA, 2017).
Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada nos meses de dezembro de 2016 e junho de 2017. A
metodologia empregada consiste no levantamento de todos os indivíduos arbóreos nas ruas do
centro da cidade (BORTOLETO et al, 2007; COLETTO et al, 2008; MIRANDA et al, 2015).
A análise de campo foi efetuada com o auxílio de uma planilha de levantamento de dados de
acordo com Silva Filho et al (2002) e Lacerda et al (2011), adaptada para as condições locais. Em
relação aos indivíduos vegetais inventariados foram coletados informações: espécie, nome popular,
altura, síndromes de dispersão e interações com o meio urbano. A identificação das espécies e seus
caracteres ecológicos ocorreu com consulta bibliográfica em Lorenzi (2002) e Flora do Brasil
(2017).
A medição da altura das árvores foi feita através do aplicativo telemóvel Smart Measure
(versão 1.6) de acordo com Brito Neto et al (2016), e a classificação seguiu o método adaptado de
Santos e Teixeira (2001), considerando como: árvores de pequeno porte aquelas que atingiram até
2,5 m; médio porte – 2,5 a 4m e as de grande porte maior que – 6 m de altura.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Até o momento, nas ruas analisadas na cidade de Pedra Branca – PB foram encontrados 328
indivíduos arbóreos, distribuídos em 19 espécies pertencentes a 10 famílias, como mostra a (Tabela
1).
Tabela 1. Relação das famílias, espécies, número de indivíduos, frequência, e síndromes de dispersão dos
indivíduos arbóreos registrados na arborização de cinco vias públicas da cidade de Pedra Branca – PB.
FAMÍLIA Nome Popular Número Freq. % Síndromes de Presença nas ruas
Nome científico de Indiv. dispersão
ANACARDIACEAE
Mangifera indica L. mangueira 5 1.52 zoocórica I, III e V
Observou-se que as vias de Pedra Branca – PB que tiveram o maior número de indivíduos
foram José Teotônio dos Santos (108 ind.), Manoel Claudino da Silva (82 ind.) e Solidônio Leite de
Oliveira (58) (Figura 2). Essas ruas, em sua maioria, são compostas por residências, escolas, bares e
comércios. É comum a prática de plantios aleatórios realizados pelos próprios moradores, os quais
acontecem sem orientação e observação de alguns critérios essenciais. Isto pode ser comprovado
pela irregularidade da distribuição das espécies. Nas ruas Manoel Claudino da Silva, José Teotônio
dos Santos e Solidônio Leite de Oliveira foi possível observar a existência de algumas espécies com
apenas um exemplar.
Figura 2. Número de indivíduos e número de espécies registradas nas ruas do centro de cidade de Pedra
Branca – PB.
A predominância de poucas espécies na arborização das ruas traz efeitos negativos para a
biodiversidade do ecossistema urbano, considerando-se que a variedade da vegetação é de suma
importância para a ampliação, fixação e a conservação do equilíbrio biológico (PEREIRA et al,
2005). Segundo Santamour-Júnior (2002), a diversidade de espécies no panorama urbano faz-se
necessária justamente para garantir uma melhor estética, maior disponibilidade de recursos para a
fauna urbana e o máximo de proteção contra pragas e doenças, evitando assim, o desaparecimento
de espécies.
A partir dos dados inventariados das ruas do centro de Pedra Branca – PB, calculou-se o
índice de indivíduos por quilometragem de rua (Tabela 2), obtendo-se um índice médio de 122,12
indivíduos/km. Santos et al (2012) obtiveram em um bairro da cidade de Natal – RN o índice médio
de 70 indivíduos/km. Bortoleto (2004), em Estância de Águas de São Pedro – SP, obteve um índice
médio de 130 indivíduos/km de rua. Portanto, pode-se concluir até o momento, que Pedra Branca –
PB se enquadra bem nas recomendações de Paiva et al (2010), que consideram como ideal o índice
de 100 árvores por quilômetro de calçada, com exceção apenas da rua Solidônio Leite de Oliveira.
Tabela 2. Comprimento, número total de indivíduos e índice de indivíduos por quilômetro de cada via
pública do centro de Pedra Branca – PB.
Nome da rua Comp. da rua (m) N° de indiv. Índice de indiv./Km
I -Manoel Claudino da Silva 694 82 118,1
II - Antônio de Sousa Oliveira 324 34 104,9
III - José Teotônio dos Santos 609 108 177,3
IV - Balduino de Carvalho 342 46 134,5
V - Solidônio Leite de Oliveira 765 58 75,8
Médias 546,8 65,5 122,12
Das 19 espécies encontradas, cerca de 84% são de origem exótica e apenas três (Caesalpinia
echinata, Bougainvillea spectabilis, Morinda citrifolia) identificadas como nativas (16%). Apesar
das pesquisas de reintrodução da flora nativa na arborização nos centros urbanos, ainda se constata
que a maioria das cidades brasileiras possuem flora exótica. Um estudo realizado por Hoppen et al
(2014), nas vias públicas da cidade de Farol - PR, observa que o número de espécies exóticas supera
o número de espécies nativas. O mesmo foi observado por Aqua e Muller (2014) no levantamento
da arborização em vias de Santa Rosa – RS, onde o número de espécies exóticas foi 62%. Isso
mostra que esse problema não é apenas encontrado nas ruas de Pedra Branca, mas também em
outras cidades brasileiras.
A família Fabaceae destacou-se em relação as demais no presente trabalho. Ela possui uma
ampla distribuição geográfica e é comumente utilizada na ornamentação por possuírem folhas e
flores vistosas, sendo uma das principais famílias empregadas na arborização urbana das cidades
brasileiras (SOUZA e LORENZI, 2005).
Dentre as espécies mais frequente estão: Azadirachta indica (nim indiano), Senna siamea
(canafístula), Ficcus benjamina (figueira) e Albizia lebbeck (albízia), que juntas perfazem um total
de 86% das árvores do centro de Pedra Branca - PB. Essas espécies são bastante encontradas na
arborização das cidades nordestinas. Resultados semelhantes foram observados nas cidades de Patos
e Pombal, no Sertão da Paraíba (MELO et al, 2007; RODOLFO JÚNIOR et al, 2008). A
comparação destes dados indica uma grande homogeneidade na flora arbórea da cidade de Pedra
Branca – PB e regiões circunvizinhas como município de Patos – PB, evidenciando a prevalência de
exóticas com relação às nativas.
De acordo com Kramer e Krupek (2012), a maior parte das cidades brasileiras apresenta a
composição arbórea pouco diversificada, constituindo-se muitas vezes de espécies exóticas. Além
disso, estes autores alertam que a homogeneização da vegetação pode colaborar para a perda do
equilíbrio ecológico.
Pode-se observar que A. indica (nim indiano) apresenta uma grande frequência, sendo
predominante na composição da arborização analisada até o momento. Essa espécie é de origem das
regiões áridas da Índia, e no Brasil vem sendo muito utilizada devido ao seu desenvolvimento
rápido (VALE et al. 2011). No entanto, embora apresente o crescimento acelerado e bom
sombreamento, poderá contribuir negativamente causando grandes alterações ecológicas na região
(MORAES e MACHADO, 2014). Desta forma, A. indica exerce grande impacto na arborização de
Pedra Branca - PB, tendo sido introduzida recentemente, pela boa adaptação ao ambiente urbano e o
desconhecimento da população a respeito da biologia da espécie.
A espécie S. siamea (canafístula) foi a segunda com maior frequência de indivíduos
(18,6%), estando presente também em todas as ruas, porém, não é indicada para a arborização
urbana por possuir madeira de baixa resistência mecânica, quebrando com facilidade, o que pode
causar prejuízos à população (ROCHA et al., 2004).
Ficcus benjamina (figueira) e Albizia lebbeck (albízia) também foram muito comuns nas
ruas analisadas, caracterizando-se por apresentarem crescimento rápido e pelo seu grande valor
ornamental. Tais espécies não são recomendadas, pois de acordo com os autores Albertin et al.
(2011), Moraes e Machado, (2014), o seu sistema radicular prejudica drasticamente calçadas, ruas e
avenidas.
Quanto ao modo de dispersão das espécies encontradas nas ruas do centro de Pedra Branca –
PB, teve predominância a zoocórica, com 53% do total, seguida da autocórica, com 42% e da
anemocórica com 5% (Tabela 1). Esses dados foram compilados a partir da observação dos
caracteres dos frutos, os quais foram descritos baseados em informações preexistentes em
literaturas. Embora essa característica não seja considerada na maioria dos trabalhos de arborização,
ela é importante, pois indica os tipos de animais que podem estar sendo atraídos para se alimentar,
bem como fatores como o acúmulo de material vegetal nas ruas. Pode-se observar que a maioria
das árvores do presente trabalho são dispersas por animais, podendo-se favorecer destes para a sua
disseminação e estabelecimento, tornando-se invasoras em alguns casos.
Com relação os dados de altura das espécies utilizadas na arborização de Pedra Branca - PB,
15% apresentaram altura inferior a 2,5m, 58% apresentou-se entre 2,5m e 4m e 27% entre 4,1m e
6m (Figura 3). Assim, a maioria dos exemplares encontrados na categoria de médio porte.
Observou-se que todos os indivíduos passaram por podas de rebaixamento, com objetivo de evitar
os conflitos com a fiação, indiretamente seguindo as indicações de Souza et al (2014), onde
recomendam que as espécies não ultrapassem os 5m de altura.
Figura 3. – Número de indivíduos em diferentes classes de altura da arborização das ruas do centro de Pedra
Branca – PB.
No presente estudo, de modo geral verificou-se pouca interferência das árvores com os
elementos urbanos: Fiação (11%), Posteamento (2,1%) e Iluminação (2,4%). Tais ações são
constituídas principalmente de podas de conformação e de limpeza que, em alguns casos, são
realizadas também pelos moradores, constituindo um risco não só para eles como para os vegetais.
Nesse caso, se faz necessária a implantação de programas de educação ambiental com foco
na arborização, que visem a disseminação de informações sobre espécies arbóreas e a suas
adaptações ao ambiente urbano. Assim como as melhores formas de cuidado, para que a população
possa servir de parceria junto com os órgãos responsáveis, e evitar práticas de plantios e
intervenções aleatórios.
Deve-se enfatizar ainda, a importância do planejamento da arborização para a região de
Caatinga, uma vez que, apesar de apresentar um dos maiores biomas brasileiros, algumas espécies
ainda são desconhecidas. Em meio a um cenário com clima semiárido, com temperaturas bastante
elevadas e um estresse hídrico, a Caatinga assume diferentes mecanismos de sobrevivência como
resposta às hostilidades do meio ambiente (ALVAREZ et al, 2012). Segundo o autor, a arborização
tem um caráter fundamental nessa região, especialmente por atuar na melhoria do microclima e das
condições ecológicas.
CONCLUSÃO
Recomenda-se que sejam utilizadas mais espécies do bioma, e que sejam implantados
programas de planejamento e educação ambiental para a ampliação e melhoria das áreas verdes da
cidade.
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RESUMO
Diversos impactos antrópicos sobre os ecossistemas aquáticos têm sido responsáveis pela
deterioração da qualidade ambiental. Avaliações rápidas têm-se tornado um método popular para
avaliar esses ambientes, sendo que um dos motivos para esta popularidade é a facilidade de
operação e redução de especialidade técnica requerida para fazer uma avaliação. O estudo tem
como objetivo avaliar através de protocolo o impacto ambiental em lagoa urbana da cidade de
Campo Maior-PI. O presente trabalho foi realizado em uma lagoa urbana localizada na cidade de
Campo Maior no estado do Piauí (Lat.4°50‘00.47‖S Long. 42°45‘51.69‖O) no dia 05 de setembro
de 2014, no período da manhã, em três pontos distintos. O estudo foi realizado através do protocolo
de avaliação rápida de impactos ambientais para açudes proposto por Melo Júnior, Feitosa & Santos
(2013). O protocolo de avaliação foi dividido em matriz in Lócus (campo) e análise de imagens de
satélite (utilizando o Google Earth).Com os dados obtidos foram produzidas duas matrizes de
classificação quantitativa e qualitativa para melhor avaliar o ambiente, onde a partir dessa
classificação poderemos concluir o nível de impacto que o ambiente vem sofrendo. O Ponto
Amostral 1 obteve uma pontuação total de 17 pontos, os Pontos amostrais 2 e 3 resultaram em 20
pontos. A média da classificação quantitativa foi de 19 pontos classificando qualitativamente a
matriz in lócus como Ambiente Impactado seguido do mesmo resultado na imagem de satélite. Os
resultados demonstram que o ambiente aquático encontra-se impactado.
Palavras chave: Impactos; Avaliação rápida; Qualidade Ambiental.
ABSTRACT
Various anthropic impacts on aquatic ecosystems have been responsible for the deterioration of
environmental quality. Rapid reviews have become a popular method for evaluating such
environments, and one of the reasons for this popularity is the ease of operation and reduction of
technical expertise required to make an assessment. The objective of this study was to evaluate the
environmental impact of the urban lagoon in the city of Campo Maior-PI. This work was carried out
in an urban lagoon located in the city of Campo Maior in the state of Piauí (Lat.4 ° 50'00.47 "S
Long. 42 ° 45'51.69" W) on September 5, 2014, during the Morning in three different places. The
study was carried out through the protocol of rapid evaluation of environmental impacts for dams
proposed by MELO JÚNIOR, FEITOSA AND SANTOS (2013) to obtain data about the
environmental impacts present in the study environment. The evaluation protocol was divided in
matrix in Locus (field) and analysis of satellite images (using Google Earth). With the data obtained
were produced two matrices of quantitative and qualitative classification to better evaluate the
environment, where from this classification we can conclude the level of impact that the
environment has been suffering. Sample Point 1 scored 17 points, Sample Points 2 and 3 resulted in
20 points. The average of the quantitative classification was 19 points, qualitatively classifying the
in situ matrix as Impact Environment followed by the same result in the satellite image. The results
demonstrate that the aquatic environment is impacted.
Keywords: Impacts; Rapid assessment; Environmental Quality.
INTRODUÇÃO
A água é considerada em algumas regiões do Brasil um recurso escasso, mas de elevada
importância para todas as atividades humanas e fundamental á manutenção da vida em todo o
planeta. De acordo com Oliveira & Nunes (2015), os impactos causados pelo homem ao ambiente
natural vêm, com o passar do tempo, dificultando sua utilização do ponto de vista sustentável,
levando a diminuição da sua disponibilidade. Segundo Brito et al (2016), na região semiárida, onde
a seca caracteriza-se como um fenômeno contínuo os reservatórios artificiais são ecossistemas de
suprema importância ecológica e social.
Para Fernandez (2004) as alterações ambientais ocorrem por infindas causas, muitas
denominadas naturais e outras provindas de interferência antrópica, consideradas não naturais.
Segundo Radtke (2015), em menos de uma geração o Brasil, um país predominantemente
agrário, tornou-se rapidamente e intensamente urbanizado, tendo as atividades humanas
impulsionada por fatores socioeconômicos responsáveis pela degradação da qualidade ambiental.
Contudo, a intercessão contínua das atividades humanas interfere nas condições naturais dos
sistemas aquáticos continentais do Brasil, e isto está relacionado principalmente com a urbanização
e uso do solo para a agricultura e pecuária.
Segundo Mucelin (2008), a criação das cidades e a crescente expansão das áreas urbanas
têm contribuído para o contínuo aumento de impactos ambientais negativos. Também segundo o
mesmo autor os hábitos e costumes para com o uso da água e a produção de resíduos pelo
exacerbado consumo de materiais são responsáveis por parte das alterações e impactos ambientais.
Segundo Oliveira & Nunes (2015), ―o uso e ocupação do solo de uma bacia hidrográfica,
como também, os usos múltiplos da água alteram as características físico-químicas e ambientais não
somente dos corpos hídricos, mas também de suas margens e do seu entorno‖. Sendo assim, Vargas
& Júnior (2012), indagam que são poucos os cursos fluviais que ainda mantêm suas condições
naturais preservadas.
Porém, segundo Figueirêdo et al. ( 2007); Lodi et al. (2011) e Barbosa et al. (2012), além da
atividade humana, reservatórios expostos a condições climáticas extremas, como temperaturas
elevadas, resultando em evaporação intensa e precipitações irregulares, reduzindo o volume hídrico,
chegando a tornar-se eutrofizados, dificultando a utilização deste recurso.
Diante deste fato, Rodrigues, Castro & Malafaia (2010) relatam que se torna de fundamental
importância o monitoramento das alterações ambientais, seja realizado através de métodos
METODOLOGIA
A lagoa urbana ou Açude Grande como é popularmente chamado, está inserido dentro do
perímetro urbano do município Campo Maior no Estado do Piauí (Lat.4°50‘00.47‖S Long.
42°45‘51.69‖O) e nas margens da BR 343 (Figura 1). De acordo com Silva, (2003) o lago possui
até 2,5 metros de profundidade, ausência de mata ciliar e com margem que chega em torno de dois
metros anteposta a passarela que é utilizada para caminhadas.
O estudo foi realizado no dia 05 de setembro de 2014, pela manhã no período seco, em três
pontos distintos (P1, P2 e P3) o qual foi executado através do Protocolo de Avaliação Rápida de
Impactos Ambientais para Açudes proposto por Melo Júnior, Feitosa & Santos (2013) (Quadro 1).
Figura 1. (A) Localização da Lagoa Urbana de Campo Maior-PI. (B) Imagem de satélite da Lagoa Urbana e
localização dos pontos de avaliação (P1, P2 e P3). (C) Imagem Fotográfica da Lagoa Urbana de campo
maior.
Quadro1. Protocolo de avaliação ambiental para açudes urbanos e periurbanos, proposto por Melo Junior,
Feitosa e Santos (2013).
Protocolo de Avaliação Ambiental para Açudes Urbanos e Periurbanos
Identificação do Ambiente
Nome do Ambiente: Localização Geográfica Lat.:
Long.:
Data: ___/___/___ Hora ___:___
Tempo (situação do dia):_________________________
Parâmetros Pontuação
5 Pontos 3 Pontos 2 Pontos 0 Pontos
Ausente Origem rural (criação Origem urbana Origem Urbana –
Antrópicas
Alterações
da Mata
Vegetal
05
mata ciliar). com remanescentes
de mata Ciliar).
Pequenos bancos Macrófitas distribuídas Macrófitas Cobertura total do
macrófitas no açude.
pouco material tons claros da cor verde coloração turva de cor verde
em suspensão, ou marrom. Água com esverdeada ou escuro ou marrom
quando observado pouco material em amarronzada, escuro, devido a
suspensão (orgânica e/ou inorgânica)
O protocolo de avaliação foi aplicado in Locus (campo) e verificado por imagens do software
Google Earth, sendo estes utilizados para comparar os resultados quantitativos. Os parâmetros
considerados no protocolo foram pontuados com os números 5, 3, 2 e 0 com base na observação das
condições do ambiente. O somatório dos resultados obtidos foram enquadrados respectivamente nas
matrizes de classificação quantitativa e qualitativa (Quadro 02), das quais foi possível classificar o
nível de qualidade ambiental do ecossistema.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quadro 3.Resultado Quantitativo das Análisesdos Parâmetros avaliados para a Lagoa Urbana (Açude
Grande) - Campo Maior – Piauí – setembro 2014.
PONTUAÇÃO
LAGOA URBANA
IMAGEM DE SATÉLITE
(Açude Grande)
P1 P2 P3 P1 P2 P3
1 2 2 2 0 0 0
2 2 2 2 2 2 2
3 2 2 2 0 0 0
4 0 0 0 0 0 0
5 0 0 0 0 0 0
6 2 3 3 3 3 3
7 2 2 2 2 2 2
8 2 2 2 2 2 2
9 5 5 5 - - -
10 0 2 2 - - -
Total 17 20 20 9 9 9
Trabalhos realizados por Nogueira (2014); Melo Júnior, Feitosa & Santos (2013), em açudes
do Ceará e da Paraíba, obtiveram resultados semelhantes para as observações em campo, onde a
classificação do nível de impacto ambiental variou entre ambiente alterado e impactado.
CONCLUSÃO
Os resultados demonstram que o ambiente aquático encontra-se impactado, bem como, que
a urbanização é fator de risco para a manutenção da qualidade ecológica dos ecossistemas,
especialmente, pela quebra das interações do corpo aquático com sua bacia de captação e,
especialmente, o aporte de efluentes urbanos, o qual representa a principal fonte pontual de
impactos nessas lagoas, causando o desenvolvimento de eutrofização artificial, alterando
rapidamente a qualidade ecológica do ambiente.
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RESUMO
É notório que a taxa de urbanização nas últimas décadas tem crescido exponencialmente. Isso pode
ser explicado pelo êxodo rural atrelado às vantagens encontradas em um centro urbano, como
educação superior, oportunidades de emprego, entretenimentos e melhores serviços de saúde.
Devido a esses e outros motivos, a busca por moradias fez o mercado imobiliário ter um rápido
crescimento, que ocorre muitas vezes sem considerar a importância do meio ambiente e de
infraestruturas básicas de uma cidade, como a drenagem urbana. A partir desse contexto, o presente
artigo tem o intuito de analisar os impactos ambientais urbanos que um loteamento instalado na
cidade de Quixadá-CE causou na drenagem urbana dos bairros Alto São Francisco e Baviera.
Foram realizadas visitas ao local, conversas com moradores, registros fotográficos, análise temporal
de imagens de satélite e utilização da ferramenta de perfil de elevação topográfico disponível pelo
software Google Earth PRO (2017). O empreendimento instalou-se próximo ao rio Sitiá, em uma
área que no período chuvoso servia como amortecimento de águas pluviais urbanas. Para isso, toda
a área de amortecimento foi soterrada e não houve o nivelamento do solo para fins de drenagem, o
que fez com que as águas pluviais oriundas dos bairros próximos não conseguirem mais escoar até o
rio Sitiá, causando diversos alagamentos e transtornos aos moradores. Foi constatada a necessidade
de novas obras de infraestrutura hídrica e de saneamento nos dois bairros, bem como um maior
controle da expansão imobiliária sobre áreas de interesse ambiental.
Palavras Chave: Águas Pluviais, Crescimento Populacional, Planejamento Ambiental Urbano.
ABSTRACT
It is notorious that the rate of urbanization in the last decades has grown exponentially. This can be
explained by the rural exodus tied to the advantages found in an urban center, such as higher
education, employment opportunities, entertainment and better health services. Due to these and
other reasons, the search for dwelling has made the real estate market have a rapid growth where it
grows often without regard to the importance of the environment and basic infrastructure of a city
such as urban drainage. From this context, the present article aimed to analyze the urban
environmental impacts that a settlement, located in the city of Quixadá-CE, caused in the urban
drainage of the Upper São Francisco and Baviera neighborhoods. Visits, conversations with
residents, photographic records, temporal analysis of satellite images and use of the topographic
elevation profile tool available by Google Earth PRO software (2017) were carried out. The
enterprise was installed near the river Sitiá, in an area that during the rainy season served as
rainwater cushioning. In order to do so, the entire damping area was buried and there was no
leveling of the ground for drainage purposes, which caused the rainwater coming from the
neighboring districts to no longer flow to the river Sitiá, causing several floods and disturbances to
the residents . Therefore, it was noticed that there was no concern on the part of the city hall that the
area used for the subdivision served as cushioning in the rainy season as well as there was no
inspection for soil leveling, and now new infrastructure and water infrastructure works are needed
In the two neighborhoods, as well as greater control of real estate expansion over areas of
environmental interest.
Keywords: Rainwater, Population Growth, Urban Environmental Planning.
INTRODUÇÃO
Admitindo a complexidade do que é cidade e todas as interações que a fazem, nos últimos
anos cresceu rapidamente o interesse quanto as questões de caráter ambiental e sanitário. Em
especial àquelas referentes à drenagem urbana, sendo diretamente ligada a problemas cada vez mais
recorrentes como alagamentos e inundações, muitas vezes causados pelo crescimento urbano
desordenado (TUCCI, 2002).
Tem-se a partir da metade do século XX o desenvolvimento urbano acelerado e deficiente de
ações de controle do espaço urbano, gerando diversos impactos ambientais nos ecossistemas
terrestre e aquático. A população urbana é afetada por meio de inundações, enfermidades e a perca
da qualidade de vida (TUCCI, 2005).
Trazendo a questão dos problemas de drenagem urbana para as cidades do semiárido
brasileiro, em que o regime pluviométrico se concentra em apenas quatro meses do ano
(MARENGO et al., 2011), a escassez encontrada na maior parte do ano contrasta com as ocasionais
inundações urbanas, o que juntamente com situações de racionamento de água potável forma um
dos grandes paradigmas das cidades brasileiras (MORUZZI, 2007).
No entanto, torna-se impossível deter ou desacelerar o crescimento de uma cidade em franco
desenvolvimento. O que pode ser feito é o devido planejamento, ambiental e urbano, evitando que a
urbanização aconteça de maneira inadequada, através de medidas preventivas e organizacionais em
um plano diretor participativo coerente com as legislações vigentes, como a Lei 11.445 de 2007,
que estabelece as diretrizes para o saneamento básico, a qual engloba a drenagem urbana (BRASIL,
2007; TUCCI & COLLISCHONN, 1998; SOUZA et al., 2005).
O centro urbano de Quixadá, não diferente de outras cidades brasileiras, enfrenta diversos
desafios quanto à drenagem urbana. Uma vez que o afloramento rochoso de grande parte da cidade
é próximo à superfície, destacando-se os denominados Monólitos, bem como tendo a presença de
lagoas e de um rio urbano, a implantação de novos loteamentos que empregam aterramento para
nivelamento de solo tem alterado a dinâmica da microdrenagem local.
Quixadá é um município brasileiro pertencente ao Sertão Central do estado do Ceará, que
possui uma população estimada para o ano de 2017 de 86.605 habitantes, e densidade demográfica
de 39,91 hab/km² (IBGE, Censo 2010). Segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do
Ceará (IPECE, 2016), a cidade possuía uma taxa de urbanização no ano de 2010 de 71,32%, porém
nos dias atuais esse número provavelmente ainda é maior, visto Quixadá ser conhecida como uma
cidade universitária, onde recebe diversos estudantes do estado do Ceará. Quanto ao seu regime
pluviométrico, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME,
2016), as chuvas estão concentradas nos meses de fevereiro a abril com média anual de 838,1
milímetros.
O presente trabalho teve como objetivo analisar o impacto da expansão imobiliária na
drenagem urbana de Quixadá. Foi usado como referência um loteamento no bairro Baviera que foi
instalado em uma área de lagoas, na qual serviam de amortecimento de águas pluviais urbanas.
METODOLOGIA
Figura 1: Em branco: Poligonal da Área Diretamente Afetada (ADA); Em azul: Poligonal da Área de
Influência Direta (AID). Fonte: Adaptado do Google Earth PRO, 2017.
Nesta AID foram considerados também os aspectos ambientais presentes, visto que é uma
área protegida por lei devido a presença do corpo hídrico, bem como sua proximidade com a ADA.
RESULTADOS
Figura 2: Evolução da ocupação urbana ao longo do tempo: Presença de lagoas no ano de 2008 na área de
estudo (A); Início da separação de lotes na parte Norte do empreendimento no ano de 2009 (B); Residências
construídas na zona Nordeste do empreendimento no ano de 2013 (C); Atual desaparecimento de todas as
lagoas na área empreendida para a construção de residências (D). Fonte: Adaptado do Google Earth PRO,
2017.
Figura 3: Aterramento parcial das lagoas próximas ao rio Sitiá. Fonte: Autor, 2016.
As AAC estão cercadas de zonas de cotas altimétricos maiores, o que favorece a formação
dos acúmulos de água. Ainda, existe outro fator desfavorável à AAC, que é a inexistência de
calçamento das ruas, onde as mesmas são em areia prensada. Devido ao acúmulo das águas pluviais
e as péssimas condições de drenagem, o tempo de detenção hidráulica nas ruas é maior,
favorecendo o desprendimento do solo, o que tem favorecido a presença de buracos, veículos
atolados em solo desprendido e presença contínua de poças de água, impossibilitando trânsito na
mesma.
Após levantados estes fatores, foram cruzados os dados com o perfil de elevação disponível
pelo Google Earth PRO, comprovando a real existência da AAC, como representa a Figura 5.
Figura 5: Perfil de elevação do solo em uma Área de Alagamentos Críticos. Fonte: Adaptado do Google
Earth PRO, 2017.
ocasionando um aumento na vazão sujeita à drenagem. Essa vazão cria zonas de águas inertes, ou
seja, não possuem locais para escoar, formando ―lagoas‖ nas ruas. Esse aspecto ambiental gera
vários impactos nas moradias da AAC, como: retorno de efluente líquido pelas instalações
sanitárias, invasão de água pluvial nas casas, ocorrência de agentes patogênicos e ruas
intransitáveis.
Como relatado anteriormente, a construção de residências no empreendimento bem como
sua expansão total sobre as lagoas ocorreu dos anos de 2013 a 2017, anos estes que fazem parte de
uma das maiores secas no estado do Ceará, ou seja, devido ao rio Sitiá ser intermitente e a
ocorrência de poucas precipitações nestes anos, houve a seca total do rio e lagoas, o que facilitou a
expansão do empreendimento sobre as áreas de interesse ambiental.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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RESUMO
Os vazios urbanos vêm ocasionando uma série de impactos ambientais que para serem solucionados
ou minimizados necessitam de mecanismos que possam realizar uma organização espacial da
cidade. O presente trabalho busca apresentar uma alternativa democrática para um espaço vazio
localizado no centro de Quixeramobim, cidade em expansão no Sertão Central Cearense, de forma
que seu uso cumpra a função social de espaço urbano. A cidade de Quixeramobim é a segunda
maior cidade do sertão central, com uma área de 3.275,628 km² (IPECE, 2016). Segundo dados do
IBGE (2010), possui uma população estimada em 2016 de 77.931 habitantes, onde
aproximadamente 60% encontram-se em área urbana. Nos últimos anos vem havendo um progresso
econômico com a chegada de indústrias no município. Por consequência desse crescimento houve
uma expansão da população para áreas fora da poligonal urbana. O loteamento compreendia uma
antiga área verde. O aparecimento de voçorocas ao longo do terreno ameaça atingir as vias de
transportes e comprometer a mobilidade urbana da área. As OUC se configuram como a melhor
alternativa de intervenção que busca a resolução dos problemas urbanos. A pesquisa se deu a partir
da vistoria in loco da área, juntamente com o levantamento das características gerais da
propriedade, sendo realizado um diagnóstico ambiental com foco no perfil socioeconômico da
vizinhança. Foi realizado um prognostico como proposta de intervenção para a área. A OUC que
visa construir moradia popular para de abater parte do déficit habitacional de Quixeramobim, que
segundo dados censitários, gira em torno de 1,8%, e minimizar os impactos ambientais urbanos,
além de satisfazer os interesses do proprietário, contribuem de maneira positiva no desenvolvimento
urbano. Diante do cenário que se encontra a área de estudo, é possível identificar a viabilidade da
aplicação do instrumento do estatuto da cidade como forma de garantir a função social da cidade.
Palavras-chave: Estatuto da Cidade; Planejamento Ambiental Urbano; Vazio Urbano; Função
Social.
ABSTRACT
The urban voids have been causing a series of environmental impacts that, in order to be solved or
minimized, need mechanisms that can perform a spatial organization of the city. The present work
seeks to present a democratic alternative to an void space located in the center of Quixeramobim, a
city in expansion in the Central Sertão Cearense, so that its use fulfills the social function of urban
space. The city of Quixeramobim is the second largest city in the central sertão, with an area of
3,275,628 km² (IPECE, 2016). According to data from IBGE (2010), it has a population estimated
in 2016 of 77,931 inhabitants, where approximately 60% are in urban area. In recent years there has
been economic progress with the arrival of industries in the municipality. As a consequence of this
growth there was an expansion of the population to areas outside the urban polygon. The lot
comprised an old green area. The appearance of gullies along the terrain threatens to reach the
transport routes and jeopardize the urban mobility of the area. The OUC are the best intervention
alternative that seeks to solve urban problems. The research was based on the on-site survey of the
area, together with the survey of the general characteristics of the property, being carried out an
environmental diagnosis focusing on the socioeconomic profile of the neighborhood. A prognosis
was proposed as an intervention proposal for the area. The OUC, which aims to build a popular
housing to reduce part of the housing deficit of Quixeramobim, which according to census data, is
around 1.8%, and to minimize urban environmental impacts, besides satisfying the interests of the
owner, contribute positively in urban development. Given the scenario that is the study area, it is
possible to identify the feasibility of applying the instrument of the city statute as a way of
guaranteeing the social function of the city.
Keywords: Statute of the City; Urban Environmental Planning; Urban Voids; Social Function.
INTRODUÇÃO
O Brasil tem vivido nas últimas décadas um acentuado fluxo migratório, em detrimento das
condições naturais, sociais e financeiras dos habitantes. Inicialmente esses movimentos
populacionais se deram da zona rural para as regiões metropolitanas, acelerando o processo de
urbanização nas cidades, tornando-as populosas e desordenadas. O processo de concentração da
produção e da riqueza e as consequentes migrações, impulsionaram a mudança das migrações
internas para as cidades de pequeno e médio porte, através da elaboração de políticas de
desconcentração urbano-regional (CLEMENTINO; DANTAS, 2012). Por consequência, o
crescimento populacional se tornou maior nos municípios do que o observado nas capitais e
metrópoles, processo denominado por Santos (1993) de desconcentração metropolitana.
Esse crescimento acelerado pegou as cidades despreparadas para suprir as necessidades
básicas de sobrevivência dos migrantes, causando uma série de problemas sociais e ambientais.
Aliado ao fator da urbanização intensa está à carência de planejamento na área de uso e ocupação
do solo, gerando a segregação social, uso informal e irregular do solo, surgimento de vazios
urbanos, problemas de saneamento básico, gerenciamento precário das áreas de risco, entre outros,
que por sua vez ocasiona uma serie de impactos ambientais urbanos.
A presença de mecanismos que delimitem o uso de terras de forma apropriada se faz
necessário para proporcionar o equilíbrio do meio ambiente e bem-estar dos cidadãos. Resultante
desta iniciativa está o Estatuto da Cidade, Lei Federal nº 10.257/2001 sobre desenvolvimento e
expansão urbana, que surgiu para assegurar a organização espacial da cidade e garantir o
desenvolvimento socioeconômico, constituindo-se como um dos maiores avanços da legislação
brasileira nessa área. Entre os instrumentos que o Estatuto enumera estão as Zonas Especiais de
Interesse Social – ZEIS de Vazios Urbanos, que são estratégicos para baratear e viabilizar a
produção habitacional para famílias de média e baixa renda.
O presente trabalho apresenta o município de Quixeramobim, localizado no Sertão Central
Cearense, que está passando por uma expansão territorial aonde sua área urbana está crescendo para
fora do perímetro determinado pelo Plano Diretor. Este, por sua vez, é um exemplo significativo de
cidade que possui vazios urbanos, que segundo Dittmar (2006) consistem em áreas ociosas ou ainda
conforme Freitas e Negrão (2014) são terrenos vagos ou espaços vazios encontrados no perímetro
urbano, onde são frutos da especulação imobiliária, formando um paradoxo entre grandes glebas e
pessoas sem moradia.
A área de média extensão a ser analisada dentro do município de Quixeramobim constitui-se
como um vazio urbano no Centro da cidade, onde não há nenhuma construção. Essa propriedade
torna-se um desserviço, pois acabou ficando em detrimento da valorização, do lucro, da especulação
imobiliária, fazendo com que o local perca sua função social. Em contrapartida a existência de
locais no qual há um adensamento demográfico indica a carência na gestão democrática urbana.
Sendo assim, o principal objetivo do artigo é apresentar uma alternativa democrática para um
espaço vazio localizado no Centro de Quixeramobim, de forma que seu uso cumpra a função social
de espaço urbano, assegurando assim uma sustentabilidade econômica, social e ambiental da
cidade.
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
caracterizado como levemente ondulado, apresentando pouca vegetação nativa ao norte, pois a
maior parte do terreno se encontra desmatado devido a construção de um loteamento, como é
apresentado na Figura 01. A supressão da vegetação, possibilita que ocorram intempéries, ou seja,
ações naturais diretamente sobre o solo descoberto, como insolação e erosão; fragilizando e
reduzindo a resistência dele.
Figura 01. Vazio Urbano no Centro da cidade de Quixeramobim. Fonte: Google Earth adaptado pelo autor.
Quanto ao uso do solo no entorno, em sua maior parte compreende moradias, localizadas
mais nas direções leste e sul. Por meio de uma observação visual as casas caracterizam-se como de
médio ou baixo porte, onde a maioria possui antenas parabólicas ou assinadas indicando também
renda média das famílias. Existe num raio menor que 500 metros a presença de pequenos
comércios, igrejas, restaurantes, posto de abastecimento, hotel, dentre outros estabelecimentos;
possibilitando o lazer, a crença e o tráfego de transportes. Analisando os equipamentos urbanos
próximos a área pode-se destacar escolas (escola profissionalizante, liceu), serviços de saúde (samu,
posto), serviço de transporte (rodoviária) e delegacia. Além disso há a presença de algumas
fábricas, principalmente a de calçados ao norte, que gera a maior parte dos empregos da cidade. O
terreno definido como um vazio urbano, devido possuir grande número de estabelecimentos e
equipamentos urbanos no seu entorno, além dos conjuntos habitacionais, conta com uma
infraestrutura de água, esgoto e energia que agrega valor em todo a sua extensão, consequentemente
favorecendo a especulação imobiliária local.
Tendo em vista a complexidade de definir o termo meio ambiente e que qualquer atividade,
antrópica ou não, gera impactos dos mais variados tipos no meio ambiente, os impactos que serão
descritos aqui serão aqueles de maior significância e que serão objeto dessa pesquisa.
O loteamento que corresponde a área de estudo, compreendia uma antiga área verde
próximo a um açude de pequeno porte. Com a retirada da vegetação e a compactação do solo para
torna-lo próprio para a construção civil, o solo tornou-se incapaz de sustentar uma vegetação de
grande porte, o que minimiza a possibilidade de recuperar a área uma vez provida de vegetação.
Dessa forma, o solo nú encontra-se sujeito as ações ambientais, insolação e erosão por carreamento
do material mineral nos períodos de chuva.
Os aspectos ambientais descrito induzem a formação de voçorocas que já se encontram em
estágio intermediário. A perda do material mineral é direcionada para região mais baixa do terreno,
onde fica localizado o açude, o que pode provocar seu consequente assoreamento.
O aparecimento de voçorocas ao longo do terreno, se não recuperadas a tempo, pode atingir
as vias de transportes e comprometer a mobilidade urbana da área.
Os impactos ambientais urbanos no meio socioeconômico variam em função da forma como
o meio físico interage dentro do contexto social: Na identificação e avaliação desses impactos, um
dos parâmetros mais importantes analisados foi o déficit habitacional da cidade de Quixeramobim.
Segundo a Fundação João Pinheiro (2013), o déficit habitacional é obtido a partir do somatório de
quatro componentes: o número de domicílios precários, coabitação familiar, ônus excessivo com
aluguel urbano e adensamento excessivo de domicílios alugados.
Segundo dados censitários do IBGE (2000), o déficit habitacional de Quixeramobim gira em
torno de 1,8%, o que chega a mais de 13% no déficit relativo. A existência de áreas vazias no centro
das cidades com alto valor especulativo contribui para manter esse déficit, uma vez que o mesmo é
compreendido, principalmente, pela população de menor poder aquisitivo. Dessa forma, com preço
da terra servida caro, o grupo da população que corresponde a esse déficit investe na terra não
servida, que possui menor valor.
O problema das terras não servidas é que estas encontram-se, geralmente, nas periferias,
longe dos postos de trabalho da maioria da população e dos equipamentos urbanos públicos e
infraestrutura.
Se por um lado essa lógica encarece o estilo de vida da população que vive em terras não
servidas, por outro o governo também se ver fadado a investir em obras que levem até essas terras
os serviços básicos necessários para garantir condições de vida adequada a população.
O que fica nesse meio termo vai bem além de entraves econômicos, a falta de serviços como
educação, saúde, moradia de qualidades, saneamento básico entre outros, deixa a população as
margens de seus direitos. Os índices de mortalidade infantil, ocorrências policiais e violência são
aumentados na precariedade desses serviços e podem afetar a cidade como um todo, prejudicando a
economia local de determinadas regiões e impedindo o progresso da cidade.
Diante do cenário atua que se encontra a área de estudo, é possível idealizar um conjunto de
cenários ideais que se mostram solução para os impactos descritos. Cada proposta possui suas
peculiaridades e interesses mútuos que iram gerar ações em prol de um benefício para todos.
Tendo em vista que a área consiste em um vazio urbano, levando em consideração os
instrumentos de planejamento do estatuto da cidade, e partindo de um senso comum, a aplicação do
parcelamento, edificação ou utilização compulsória criaria um cenário ideal para resolver os
impactos existentes na área. No entanto este instrumento obriga o proprietário a dividir o terreno em
glebas, construir, vender ou utilizar de alguma forma. O problema para a aplicação deste
instrumento encontra-se no contexto geral da situação, pois a área já está parcelada em forma de
lotes disponíveis para a venda, mas continuam vazios pelas condições intrínsecas da própria área,
do interesse e o poder aquisitivo do público alvo.
A utilização do imposto progressivo no tempo e a desapropriação também se tornam
ineficiente quando os aspectos ambientais físicos são levados em consideração. A aplicação desses
instrumentos prevê um determinado tempo de aplicação que excede a capacidade do ambiente de se
manter recebendo impactos ambientais como o da erosão. O período de 5 anos é suficiente para
elevar o grau de degradação da área até valores irrecuperáveis. A formação de voçorocas pela
erosão hídrica do solo pode tornar o espaço improprio para qualquer tipo de atividade humana e
ainda trazer riscos a população que mora na vizinhança.
As operações urbanas consorciadas, nesse caso, se configuram como a melhor alternativa de
intervenção que busca a resolução dos problemas ambientai urbanos e o benefício mútuo da
população. Com esse instrumento é possível propor alguns cenários de interesse coletivo.
As operações urbanas consorciadas fazem parte dos instrumentos de planejamento e
desenvolvimento urbano do estatuto da cidade. Com esse instrumento é possível elaborar
intervenções e medidas, através do poder público municipal, com o propósito de preservar,
recuperar, ou transformar áreas urbanas. Essas medidas são tomadas em conjunto com o
METODOLOGIA
A pesquisa se deu a partir da vistoria in loco da área afetada, onde foi possível identificar os
principais impactos ambientais no meio natural físico. Juntamente à essa análise, foi realizado um
levantamento das características gerais da propriedade, sendo realizado um diagnóstico ambiental
com foco no perfil socioeconômico da vizinhança.
Tendo como apoio o Estatuto da Cidade e legislações pertinentes, foi realizado um
prognostico como proposta de intervenção democrática para a área, através de um instrumento de
desenvolvimento urbano, de forma que seu uso cumpra a função social de espaço urbano,
assegurando a sustentabilidade econômica, social e ambiental da cidade.
RESULTADOS
CONCLUSÃO
Diante do atual cenário que se encontra a área de estudo, é possível identificar a viabilidade
da aplicação do instrumento do estatuto da cidade como forma de garantir a função social da cidade.
A Operação Urbana Consorciada pode ser considerada uma potencial alternativa de intervenção à
problemas urbanos que se encontram com inviabilidade de solução, pois garante a satisfação dos
interesses mútuos.
Dessa forma, a OUC que visa instalar moradia popular no vazio urbano no centro da cidade
de Quixeramobim é uma proposta que busca conciliar o interesse privado do proprietário do terreno
com as necessidades da sociedade de baixa renda que vive às margens de seu direito de moradia,
além de contribuir para o desenvolvimento sustentável da cidade, minimizando os impactos
ambientais urbanos e garantindo a função social da cidade.
REFERÊNCIAS
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Oliveira, Isabel Cristina Eiras de. Estatuto da cidade para compreender. Rio de Janeiro:
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RESUMO
A arborização é um importante componente para o ambiente urbano, esta é responsável por
proporcionar condições microclimáticas agradáveis através da diminuição da temperatura e
manutenção da umidade relativa do ar, no entanto muitas vezes as espécies escolhidas para tal são
exóticas e até invasoras, o que se torna um problema. Este artigo tem por objetivo discutir a
importância da educação ambiental como ferramentas para melhor escolha e manejo de espécies
exóticas na arborização urbana. Observou-se através de revisão bibliográfica que diferentes autores
defenderam o uso da educação ambiental como elemento principal para reverter a problemática de
espécies exóticas e que a questão custo-benefício evidencia que os gastos com prevenção são
menores que os com controle e erradicação dos impactos causados.
Palavras-chave: Espécies Alienígenas, Planejamento Urbano, Impacto ambiental.
ABSTRACT
Arborization is an important component for the urban environment, which is responsible for
providing pleasant microclimatic conditions by decreasing the temperature and maintaining the
relative humidity of the air, however often the species chosen for this purpose are exotic and even
invasive making it a problem. This article aims to discuss the importance of environmental
education as tools for better choice and management of exotic species in urban afforestation. It was
observed through a bibliographic review that different authors defended the use of environmental
education as the main element to revert the problem of exotic species and that the cost-benefit issue
shows that the expenses with prevention are smaller than those with control and eradication of the
impacts caused.
Keywords: Alien Species, Urban Planning, Environmental Impact.
INTRODUÇÃO
Silva e outros (2016) apontam que a escolha para espécies para a arborização urbana deve
seguir uma série de preceitos, integrando questões culturais, sociais e históricas. No entanto,
diferentes levantamentos florísticos (LUNDGREN et al., 2013; SOUSA et al., 2015; BEZERRA et
al., 2017; BIONDI & PEDROSA-MACEDO, 2007; FABRICANTE et al., 2017; CALIXTO
JUNIOR et al., 2009) evidenciam a predominância no uso de exóticas, ou alienígenas, que são
aquelas que se encontram fora de sua área natural de distribuição geográfica e com isso podem
causar uma variedade de mudanças significativas no ecossistema receptor (BLACKBURN et al.,
2014; BRASIL, 2011).
O uso de espécies exóticas torna-se um problema, pois, independentemente do objetivo de
introdução destas, seja para alimentação, fibras e/ou ornamentação (PIMENTEL et al., 2010) a
invasão pode ocasionar alterações em componentes ecológicos como a ciclagem de nutrientes,
interações entre planta e polinizador e a estrutura da comunidade vegetal (HOPPEN et al., 2014).
Mwebaze e outros (2010) citam que a introdução de espécies exóticas invasoras ocupa o segundo
lugar das maiores ameaças a biodiversidade depois da degradação direta de um habitat.
O presente artigo, através de uma revisão bibliográfica, tem por objetivo discutir sobre como
a educação ambiental e a valoração de espécies nativas podem ser utilizadas como ferramentas para
diminuir o avanço no uso de espécies exóticas na arborização urbana.
A definição de espécies exóticas contrasta com a de espécies nativas, o que são definidas
pela Resolução Nº 429 de 28 de fevereiro de 2011 do CONAMA, como sendo espécies que
apresentam suas populações naturais dentro dos limites de distribuição geográfica, participando de
ecossistemas onde apresenta seus níveis de interação e controle demográficos (BRASIL, 2011).
Ao falarem sobre a cobertura de espécies exóticas arbóreas na cidade de Serra Talhada no
estado de Pernambuco Lundgren e outros (2013) comentam que o plantio destas começou durante o
período de colonização, quando portugueses traziam árvores que eram comumente plantadas em
Portugal. Em sua pesquisa Lundgren e outros (2013) mostraram ainda que boa parte da arborização
da cidade é composta por espécies exóticas e não-nativas da Caatinga.
Em levantamento semelhante Sousa e outros (2015) identificaram que três quartos das
árvores encontradas no campus oeste da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, na cidade de
Mossoró-RN, são exóticas. A justificativa para tal foi o acompanhamento da tendência histórica e a
falta de informação e disponibilidade de mudas nativas no mercado (SOUSA et al., 2015).
Analisando vias públicas Bezerra e colegas (2017) e Hoppen e outros (2014) identificaram
que mais de 90% das espécies de seus levantamentos não eram nativas das regiões geográficas em
questão o estado do Ceará criou no ano de 2016 uma legislação específica para a valorização de
espécies nativas (CEARÁ, 2016).
A questão econômica é tratada por Pimentel e outros (2010), estes consideram que a fração
maligna, representada por espécies exóticas invasoras, não precisa ser grande para promover
impactos consideráveis em um ecossistema. Os autores consideram ainda que fatores como
ambientes que proporcionam condições favoráveis ou espécies altamente adaptáveis podem fazer
com que invasoras se tornem abundantes e persistentes (PIMENTEL et al., 2010).
A valoração ambiental pode ser definida como um conjunto de técnicas que objetivam
calcular o valor econômico dos recursos ambientais como um bem que pode ou não estar no
mercado (LIPTON, 1995 apud SOUZA, 2011). Esta é uma importante ferramenta para a tomada de
decisão de gestores públicos principalmente no que diz respeito a elaboração de punições, na forma
de multa, de acordo com o dano ambiental provocado (CARVALHO, 2009 apud SOUZA, 2011).
Em seu trabalho Souza (2011) traz como exemplo de cálculo de o método de valoração
conhecido como fator ambiental que considera a degradação ambiental como uma alteração
negativa da qualidade ambiental e o valor deste dado é dado a partir do somatório dos custos das
atividades de recuperação (KASKANTZIS NETO, 2005 apud SOUSA, 2011).
McIntosh e outros (2010) consideram que a melhor compreensão dos custos e benefícios
associados à proteção contra espécies invasoras pode levar a resultados mais eficientes. A exemplo
Silayo & Kiwango (2010) analisando diferentes formas de controle de Azadirachta indica,
popularmente conhecido como ―nim‖ ou ―neem‖, comentam que restaurar comunidades de plantas
nativas é dispendioso, no entanto os custos controlando e erradicando exóticas são ainda maiores.
Hoppen e outros (2014) consideram ainda os danos a estrutura física dos municípios por meio de
transtornos com a fiação elétrica, ruas, calçadas.
Embora a abordagem para atribuir um valor para a biodiversidade e/ou espécies isoladas
precise melhorar, há de se considerar o valor dos serviços que estes promovem como padrão de
comparação com os gastos atribuídos aos impactos gerados por espécies exóticas invasoras
(KONTOGIANNI et al., 2012; HOPPEN et al., 2014). Sop e outros (2012) discorrem que a
percepção da população sobre espécies vegetais também são fontes importantes para a valoração da
importância destas.
De forma geral, analisar o custo-benefício, assim como Mwebaze e outros (2010) ponderam,
mostra que políticas de prevenção se mostram mais eficientes quando comparadas a erradicação e
controle. Em concordância outros autores atribuem estratégias e investimentos na prevenção ou
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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RESUMO
O presente artigo tem por objetivo relatar as ações promovidas em parceria com a ONG A4
(Associação de Amigos dos Animais Abandonados) no município de Campina Grande/PB, com o
intuito de promover a adoção de cães e gatos, além de traçar o perfil dos adotantes e orientá-los
quanto aos cuidados básicos dos animais e guarda responsável. Para que essa ação fosse efetivada,
fez-se necessário, a priori, o contato direto com a ONG onde foi realizado processos da
higienização, vermifugação e aplicações de carrapaticidas nos animais a fim de preparar os mesmos
para os eventos de adoção ocorridos nos dias 08 de julho e 05 de agosto de 2017. No momento das
feiras de adoção foram aplicados questionários semiestruturados a fim de obter dados relativos ao
perfil dos adotantes, como também dados relacionados aos animais. Os adotantes foram orientados
sobre a importância da guarda responsável, os benefícios da castração, bem como sobre as
necessidades básicas dos animais. Os dados obtidos a partir da aplicação dos questionários
apontaram que a maior parte dos adotantes eram mulheres (60%) e maior parte dos adotados eram
felinos (61,90%). Todos os animais adotados eram sem raça definida e ocorreram 21 adoções ao
total. As ações voltadas para a guarda responsável, como a realização de eventos de adoção e
conscientização da população, proporcionam melhorias para o bem estar animal e podem ajudar no
controle da taxa de natalidade dos mesmos e reduzir o número de animais abandonados nas ruas. Os
dados adquiridos em relação ao perfil dos adotantes podem colaborar para o planejamento de
campanhas em prol do bem estar animal e de futuros eventos de adoção, aumentando as chances de
sucesso na adaptação do animal na nova família.
Palavras-chave: Castração, cães; gatos, perfil de adotantes; saúde.
ABSTRACT
The objective of this article is to report promoted actions in partnership with NGO A4 (Association
of Friends of Abandoned Animals) in Campina Grande/ PB city, with the purpose of promoting the
adoption of dogs and cats, and determine the profile adopters and guide them on basic animal care
and responsible care. For this action to take place, it was necessary, direct contact with the ONG
where we are actively involved in the hygienization, vermifugation and applications of
carrapaticides in the animals to prepare them for the adoption fairs that took place in the days July 8
and August 5, 2017. At the time of the adoption, semi-structured questions were applied in order to
obtain data regarding the adopters' profile, as well as the date related to the animals. Adoption was
explained to adopters about the importance of responsible custody, the benefits of castration as well
as the basic needs of animals. After completing the fairs, the data obtained indicated that most of
the adopters were women (60%); Most of the adopted were felines (61.90%). All adopted animals
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 535
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
were non-breed, and there were 21 adoptions to the total. Responsible guarding actions, such as
adoption events and population awareness, provide improvements in animal welfare and can help
control their birth rate and reduce the number of abandoned animals on the streets. The data
acquired in relation to the profile of the adopters can collaborate in the planning of campaigns for
animal welfare and future adoption events, increasing the chances of success in the adaptation of the
animal to the new family.
Keywords: Castration; cats; dogs; health, profile of adopters.
INTRODUÇÃO
Desde os primórdios o homem tem uma relação intrínseca com os animais, o que perdura até
os dias atuais (SINGER, 2013). Ao longo do tempo ocorreram algumas mudanças nessa relação, o
animal deixou de ser apenas um objeto de exploração e passou a ser tratado como um companheiro.
Atualmente eles são vistos como seres sencientes, capazes de experimentar sentimentos e sensações
de forma consciente como nós, humanos. Tal raciocínio corrobora com o pensamento de Tom
Regan (2006), defensor da igualdade dos animais humanos com os animais não humanos, uma vez
que este afirma que os animais não humanos têm a capacidade de sentir dor e prazer, além de ter a
percepção do que os rodeia, por este motivo têm direitos tais como a espécie humana. O mesmo
autor alega ainda que pertencemos todos, animais humanos e animais não humanos, a uma
comunidade moral na qual os interesses de uma espécie não são mais importantes que os de outra.
De acordo com o pensamento do filósofo Singer (2013), os animais são seres sencientes e
desta forma, não haveria como distanciá-los de seus direitos, sendo essencial realizar ações para
promover seu bem estar.
A Declaração Universal dos Direito dos Animais, proclamada pela UNESCO em 1978, em
sessão realizada em Bruxelas, na Bélgica, preza pelo respeito aos direitos dos animais. Em seu Art.
6º, o documento diz que ―todo o animal que o homem escolheu para ser seu companheiro tem
direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural‖, e ainda, ―o abandono de um
animal é um ato cruel e degradante‖. No Art. 12, fica assegurado que ―todo o ato que implique a
morte de um grande número de animais é um genocídio‖, isto é, um crime contra a espécie. Por fim,
no Art.14, tem-se que os direitos dos animais devem ser defendidos pela lei, assim como os direitos
dos homens (JOFFILY et al., 2013). No Brasil, a lei nº 9.605 de 1998 afirma que praticar ato de
abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou
exóticos é crime passível de pena (PLANALTO, 1998). Contudo, a taxa de abandono e maus tratos
ainda é alta e por este motivo, é necessário a disseminação da ideia de guarda responsável. A luta
contra o abandono animal pode ser considerada um verdadeiro fator social urbano, devido à
constância e permanência dos problemas das cidades devido ao grande número de animais de rua
(SORDI, 2011).
MATERIAL E MÉTODOS
Além disso, também foi conversado sobre a guarda responsável, inclusive acobertada pelo art. 32 da
lei 9.605/98.
Os dados colhidos com a aplicação dos questionários foram computados e tabulados em
planilha Excel para posterior análise descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Perfil dos adotantes de animais (cães e gatos) em eventos de adoção na cidade de Campina
Grande/PB. A. Sexo. B. Idade. C. Ocupação. D. Estado civil. E. Escolaridade. F. Renda
A respeito do estado civil dos adotantes, 46,66% eram solteiros e 53,33% eram casados
(Figura 1D). Em relação ao grau de escolaridade, 26,66% cursaram até o ensino fundamental I,
6,66% até o ensino fundamental II, 33,33% até o ensino médio, 26,66% até o superior e 6,66%
cursaram até a pós-graduação (Figura 1E). Foi constatado também que a renda parcial dos adotantes
variava de 1 a mais de 4 salários mínimos, sendo 26,66% um salário mínimo, 33,33% dois salários,
26,66% três salários e 13,33% quatro ou mais salários mínimos (Figura 1F). Por sua vez, a renda
por pessoa que morava na residência dos adotantes oscilava de 234$ até mais de 1 mil reais,
correspondendo 33,33% de 234 a 400 reais, 26,66% de 401 a 600 reais, 13,33% de 601 a 1 mil reais
e 26,66% acima de 1 mil reais.
Em relação à quantidade de moradores na residência a qual os animais adotados foram
destinados, 20% apresentava de uma a duas pessoas, 60% de três a quatro pessoas e 20%
apresentava cinco ou acima de cinco moradores. Nestas, 40% não possuíam crianças e 60%
possuíam de um a três crianças até 12 anos. No que diz respeito à quantidade de idosos, 93,33% das
residências não apresentavam idosos acima de 65 anos, e apenas 6,66% das residências possuíam de
um a dois idosos.
Dos animais adotados 61,90% eram gatos e 38,09% eram cães (Figura 2A), destes 76,19%
eram fêmeas e 23,80% eram machos (Figura 2B). Em relação ao porte dos adotados, 33,33% dos
animais apresentavam pequeno porte e 66,66% apresentava porte médio (Figura 2C). Em relação à
idade dos animais, 42,85% eram filhotes, 52,38% eram adolescentes e 4,76% eram adultos (Figura
2D). Todos os animais adotados eram sem raça definida.
Em uma pesquisa realizada a fim de traçar o perfil de adotantes de cães em Botucatu/SP por
Paploski et al. (2012), foi observado que a maioria dos entrevistados buscava cães sem raça definida
(65,5%) e quanto à idade mais procurada, 68,9% buscavam filhotes, classificados como animais
com menos de três meses de idade.
Figura 2. Perfil dos animais adotados em eventos de adoção na cidade de Campina Grande/PB. A. Espécie.
B. Sexo. C. Porte. D. Idade aproximada.
De acordo com Nogueira (2009) cães e gatos podem ser classificados em relação aos seus
hábitos de vida, podendo ser domiciliados, pois são aqueles animais que dependem totalmente dos
tutores e só saem de casa acompanhados de seus donos; semi-domiciliados também apresenta
dependência, recebem vacinas, mas permanecem fora da residência por tempo indeterminado;
animais comunitários, são independentes, que vivem nas ruas, porém recebem alimentação e
cuidados da vizinhança; não domiciliados, estes animais vivem totalmente soltos nas ruas e não
recebem nenhum tipo de cuidado.
Em respeito à tutela de outros animais, 57,14% dos adotantes declararam que possuía outros
animais em casa e 42,85% não possuía (Figura 3A). Dos que afirmaram possuir outros animais,
19,04% alegaram ter gatos, 23,80%, cães, 4,76%, pássaros e 9,52% afirmaram ter cães e gatos
(Figura 3B). Quando questionados sobre o motivo da adoção, os entrevistados alegaram que
adotaram por gostar de animais (28,09%), adotaram para companhia (28,57%), para guarda (4,76%)
e alguns não responderam (28,57%) (Figura 3C). De acordo com um estudo realizado por
Azevedo et al. (2015) com 100 pessoas da Comunidade Vila Florestal no município de Lagoa
Seca/PB, 54,41% dos entrevistados afirmaram que possuíam cães, 10,29% possuíam gatos, 30,88%
possuíam cães e gatos e 4,41% possuíam outros animais.
Figura 3. Dados relacionados aos adotantes de animais (cães e gatos) em eventos de adoção na cidade de
Campina Grande/PB. A. Tem outros animais em casa? B. Espécie e quantidade dos outros que tem em casa.
C. Motivo de ter adotado.
No momento da adoção, 14,28% dos animais estavam vacinados (Figura 4A) e 33,33%
estavam vermifugados. (Figura 4B). Alguns animais ainda não tinham sido vacinados e
vermifugados devido à idade, uma vez que a maioria era adolescentes ou filhotes.
Figura 4. Dados de vacinação e vermifugação dos animais adotados em eventos de adoção na cidade de
Campina Grande/PB. A. Animais vacinados. B. Animais vermifugados.
Nos últimos 120 anos foi demonstrado que a vacinação é o método mais eficiente no
controle de doenças infectocontagiosas, sendo recomendada a qualquer animal desde filhote,
respeitado o período em que a imunidade passiva ocorre para torná-lo eficientemente imune a
possíveis infecções (TIZARD, 2002)
De acordo com Silvano et al. (2010), em uma pesquisa realizada com o intuito de analisar a
percepção de proprietários de animais sobre a importância da vacinação, os entrevistados disseram
que a vacinação é de grande valia, tanto para cães, quanto para gatos, assim como a esterilização,
pois é uma forma de promover saúde e bem-estar aos animais. Babboni et al. (2013), afirma que é
necessário vacinar os animais anualmente contra raiva, a partir dos quatro meses de idade e as
demais doenças a partir dos sessenta dias de vida.
Do total de animais adotados, 4,77% estavam castrados no momento da adoção e 95,23%
não estavam castrados. A alta quantidade de animais não castrados se deu devido à maioria dos
animais ainda não está na idade correta para que fosse feita a castração. Quando perguntado aos
entrevistados se os mesmos castrariam seus animais, 52,38% responderam que castrariam, 19,04%
afirmaram que não castrariam e 28,57% não responderam (Figura 5A). Dos adotantes que
afirmaram que castrariam, 44,06% afirmaram que castrariam para controlar a natalidade, 18,17%
alegaram que castrariam devido a saúde do animal, 18,17% castrariam para evitar fugas e 18,17%
não responderam (Figura 5B). Já os entrevistados que declararam não terem interesse em castrar os
animais, 50% afirmaram não querer intervir na saúde do animal, 25% alegaram usar métodos
anticoncepcionais e 25% afirmaram que só castraria se houvesse necessidade (Figura 5C).
A castração de animais está ligada diretamente ao bem estar dos mesmos, pois ela previne
doenças gerando uma melhor qualidade de vida e reduz os abandonos, já que controla a natalidade,
e ainda surge como uma forma de reduzir os maus tratos (BORTOLOTI e D‘ AGOSTINHO, 2007).
Figura 5. Dados referentes à visão do adotante de animais em eventos de adoção na cidade de Campina
Grande/PB em relação à castração. A. Castraria seu animal? B. Por que castraria? C. Por que não castraria?
Quando questionados sobre a eutanásia, 57,14% dos adotantes afirmaram que não
eutanasiariam seu animal, 9,52% alegaram que eutanasiaria seu animal e 33,33% não responderam
(Figura 6A). Dos entrevistados que afirmaram que não eutanasiariam seu animal, 15,58% alegaram
que não eutanasiaria seu animal por gostar deles, 10,38% cuidaria até o fim, 15,58% não querem
intervir na causa da morte e 15,58% alegaram que é uma vida (Figura 6B). Dos que alegaram que
eutanasiaria seu animal, todos afirmaram que só realizaria esse processo se animal estivesse
sofrendo (Figura 6).
Figura 6. Dados referentes à visão do adotante de animais em eventos de adoção na cidade de Campina
Grande/PB em relação à eutanásia. A. Eutanasiaria seu animal? B. Por que não eutanasiaria?
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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TIZARD, Ian R. Imunologia Veterinária. 6 ed. São Paulo, SP: ROCA LTDA, 2002.
Laís BARBOSA
Graduanda do Curso de Bach. Ciências Biológicas da UFPB
bio.laisbarbosa@gmail.com
Antonia Arisdelia Fonseca Matias Aguiar FEITOSA
Professora Adjunta da UFPB (Orientadora)
arisdelfeitosa@gmail.com
RESUMO
Construções civis em áreas de proteção ambiental constituem uma problemática para a gestão
pública. Situações de conflitos são mobilizadas por causas e consequências variadas. Esta pesquisa
teve como finalidade analisar uma situação de conflito pela construção de um condomínio em área
litorânea urbana de João Pessoa-PB e compreender a percepção de moradores e estudantes de
Educação Ambiental acerca da problemática em estudo. A pesquisa ocorreu entre os meses de
fevereiro e julho de 2017, mediada pela abordagem qualitativa e os dados foram obtidos por meio
da aplicação de questionários junto à comunidade envolvida. O contexto envolve um condomínio
construído próximo a praia e a um mangue. Os moradores pagam impostos desde sua construção,
onde compraram imóveis legalmente sem que houvesse nenhuma intervenção ambiental por parte
de qualquer órgão de direito, até o momento. O Ministério Ambiental solicitou a demolição de mais
da metade do condomínio e o pagamento de uma multa de alto valor por parte de todos os
moradores. O órgão ambiental alega que desde a construção do condomínio, o curso do mangue foi
desviado sofrendo algumas alterações. Neste cenário de conflito, moradores entendem injustiçados,
consideram viáveis projetos de recuperação da área e se dispõem a assumir novas posturas. Os
estudantes manifestam olhares mais profissionais, enfatizando as incoerências, porém evidenciam a
necessidade de disciplinamento com base na legislação. A problemática vai além da conservação do
mesmo, abrange os vínculos sociais e emocionais, criados pelos moradores e ainda monetário, pois
todo o terreno foi comprado antes das leis vigorarem e a legalidade da compra e venda das casas foi
assegurada.
Palavras-Chave: Ocupação urbana e conflitos; legislação ambiental; educação ambiental crítica.
ABSTRACT
Civil constructions in areas of environmental protection constitute a problem for public
management. Conflict situations are mobilized for various causes and consequences. This research
had as purpose the analyzes of a situation of conflict by the construction of a condominium in urban
coastal area of João Pessoa-PB and understand the perception of residents and students of
Environmental Education about the problematic under study. The research was conducted between
February and July 2017, mediated by the qualitative approach and the data were obtained through
the application of questionnaires to the community involved. The context involves a condominium
built near the beach and a mangrove. Residents pay taxes since the construction, where they have
legally acquired real estate without any environmental intervention by any body of law, so far. The
Environmental Ministry requested the demolition of more than half of the condominium and the
payment of a fine of high value by all the residents. The environmental body claims that since the
construction of the condominium, the course of the mangrove has been diverted undergoing some
changes. In this scenario of conflict, residents feel wronged, consider feasible projects of recovery
of the area and are willing to assume new positions. The students show more professional looks,
emphasizing the inconsistencies, but they highlight the need for discipline based on the legislation.
The problem goes beyond the conservation of the same, encompasses the social and emotional
bonds, created by the residents and still monetary, because all the land was bought before the laws
were in force and the legality of the purchase and sale of the houses was ensured.
Keywords: Urban occupation and conflicts; environmental legislation; Critical environmental
education.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
todos os demandados tendo em vista os danos causados. Além de solicitar que tanto a União como o
Município de João Pessoa se coloquem presentes na elaboração de um plano de recuperação de área
degradada e remoção da construção irregular. A mesma ação civil também consta para outras
ocupações irregulares como a Associação dos Fiscais de Rendas e dos Agentes Fiscais do Estado da
Paraíba (AFRAFEP), à Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) e à proprietária de uma
residência próxima.
humano na natureza sem planejamento e sem medir consequências e, assim percebem que toda e
qualquer ação que altere o meio ambiente traz consequências para a qualidade de vida.
A respeito da Ação Civil Pública, os moradores do Condomínio Village Atlântico Sul
revelaram ciência ou não do processo indicando a seguinte distribuição: 19 entrevistados disseram
ter ciência do processo. Destes, 10 pessoas conhecem o teor do processo e acompanha, de certa
forma o desdobramento da ação; 09 pessoas têm dúvidas acerca da essência e do desdobramento do
processo. Apenas uma pessoa informou que não tem ciência. Indagados sobre a possibilidade de
deslocamento e indenizações, se posicionaram: 07 aceitariam a indenização (lutando, em lugar com
as mesmas condições e dependendo do valor indenizado) 10 pessoas não aceitariam; 01 disse que
seria um caso a se pensar. Os discursos foram na direção de defesa ao condomínio:
Estavam na legalidade na época; São bens civis próprios e o estado não pode retirar seu
único bem, está na lei. Quando foi construído obedeceu as leis; Constituição na época da
construção foi liberada dentro da lei; O Ministério alega que não deveria estar aqui algo que
foi autorizado pelo governo, devendo haver ao menos uma indenização; A construção
respeita a constituição vigente e não foi apreciado pelo juiz que a maior parte apresentado
pelo processo são riscos e não impactos; Os moradores não têm culpa do Ministério ter
permitido a obra que foi comprada legalmente e agora eles querem tirar as pessoas sem
indenizar; Não foi o condomínio que retirou o curso natural do Rio Cabelo; Estamos sendo
penalizados por uma situação que não provocamos dentro de uma escala de penalidades
fomos classificados como um crime gravíssimo relacionado ao aterramento do mangue;
Porque é a única moradia de muitos que não tem onde morar se foram despejados e não
recebem indenização (Pesquisados, 2016).
Entendem que a ação civil pública traz penalidades drásticas, como por exemplo, a
demolição de uma área considerável do condomínio e afirma que o mesmo praticou ilegalidades e
se manifestaram:
Não é culpa dos moradores – (que não deveriam ser despejados sem idenização); não se
torna necessário despejar famílias honestas simplesmente por morarem em um lugar que a
construção foi permitida pelo governo na época; Não se pode mover várias famílias para a
rua sem dar nenhum apoio ou retorno financeiro já que é o único imóvel de alguns; Não se
constitui como um balneário e sim um lugar urbanizado que não apresenta o luxo citado no
processo (Pesquisados, 2016).
Ao serem abordados sobre algumas atitudes corretivas frente aos impactos identificados
pelos próprios moradores, estes revelaram que se fazem necessárias medidas educativas que visem
melhorar as condições ambientais do local, especialmente em relação ao rio e aos impactos na área
costeira. E sugeriram alguns mecanismos de ações ambientais mitigadoras dos impactos ambientais
vigentes. Foram apontadas medidas a serem tomadas pelo poder público, como:
O estudo envolveu vinte e sete (27) estudantes dos cursos de Ciências Biológicas (11)
Engenharia Ambiental (14) e Matemática Computacional (02). O objetivo foi identificar a
percepção destes estudantes acerca dos casos de conflitos por ocupações urbanas e suas tomadas de
decisão como atores sociais e futuros profissionais na área ambiental. Foi tomado como caso a
refletir, o conflito que envolve o Condomínio Village Atlântico Sul, situação apresentada aos
estudantes (envolvendo o contexto legal da construção e as percepções manifestadas pelo
moradores). Investigou-se o perfil dos discentes, percepção acerca da legislação ambiental e
conhecimentos gerais sobre o tema discutido, percepção da educação ambiental crítica, percepção
pessoal sobre o tema relacionado ao caso abordado.
Os discentes investigados foram estudantes entre 20 e 34 anos e se autodenominam brancos,
negras e pardos. Entre alguns foi evidenciada a ausência de conhecimento sobre a legislação com
ênfase no Novo Código Florestal sobre Ocupações em áreas de Preservação Permanente. Muitos
dos que tiveram acesso a esse conhecimento citaram atividades da universidade sobre o meio
ambiente e legislação, seminário sobre o Shopping Manaíra e pesquisas acadêmicas sobre o Novo
código como procedência dessa percepção. De modo específico, os estudantes do curso de
engenharia ambiental demonstraram conhecimento sobre o Novo Código Florestal em relação a
Ocupações em áreas de Preservação Permanente, devido as disciplinas ofertadas no seu curso, como
Direito Ambiental, citam também pesquisas acadêmicas, leituras em revistas e jornais, divulgação
na internet e televisão, e cursos técnicos.
A maioria dos investigados (vinculados aos cursos envolvidos) elencou que a legislação
sobre conflitos em áreas costeiras impõe medidas necessárias devido ao impacto da interferência
antrópica no meio natural, as áreas em risco ambiental, precisam ser protegias; como por exemplo,
as construções que são feitas em áreas onde existe a nascente de rios‖, diz um dos entrevistados. A
complexidade ambiental e a aplicabilidade pura da lei apareceram em uma resposta com o devido
recorte: ―A legislação não compreende o contexto das variadas situações que irão cair na sua
competência, fazendo com eu sua aplicabilidade pura seja dificultada‖ (Pesquisados, 2017).
Dentre os casos citados pelos estudantes sobre situações de conflito por ocupação urbana,
estão os barzinhos na orla de João Pessoa e de Cabedelo; o caso do Farol de Cabo Branco, o Hotel
Tambaú, o bairro Rua do Rio em torno das margens do Rio Paraíba em Santa Rita e o Shopping
Manaíra. Somente dois discentes revelaram não ter conhecimento. Ademais, quando questionados
sobre a situação do condomínio Village Atlântico Sul, com exceção de um discente que considerou
que os moradores não possuem culpa, apesar de ser necessária uma intervenção, todos afirmam que
as ações tomadas pelo Ministério Público Federal sobre o condomínio são justas. Os argumentos se
incorporam no contexto da perspectiva técnica ambiental:
Justas. Porque é claro o impacto gerado pelo meio ambiente com a ocupação do
condomínio. O tempo de existência não justifica as atrocidades cometidas. A medida
tomada é de médio custo, comparada à perda em termos de biodiversidade e função
ecológica do rio pela existência do condomínio. Embora haja a justificativa de que a obra
foi permitida, o condomínio de forma geral, vem contribuindo cotidianamente com o
aumento de danos ambientais; Ele está edificado irregularmente (Pesquisados, 2016).
Os construtores foram indicados como principais sujeitos aos quais refletem a culpabilidade
da situação conflito em questão. Os moradores que vivem no condomínio, assim como o
proprietário do condomínio foram indicados apenas duas vezes. Perdura em poucas respostas uma
reflexão sobre a dificuldade de elencar culpados nessa situação.
Em tese, a relação do condomínio com o meio ambiente é percebida como impactante,
citando principalmente as interferências no curso do Rio Cabelo e no ambiente costeiro; a geração
de resíduos dos moradores para o ambiente e despejo de resíduos sólidos nas proximidades do Rio,
como atividades de maior impacto. Por conseguinte, boa parte dos entrevistados considerara que um
trabalho de Educação Ambiental auxiliaria na harmonização desta situação-conflito no sentido de
sensibilizar os moradores sobre o impacto que estão causando.
Os estudantes apresentaram posicionamentos divergentes quanto às medidas requeridas pelo
MPF serem coerentes com o que a preceitua a Educação Ambiental. Dos que acreditam que o
Ministério Público Federal não está coerente com os conceitos da Educação Ambiental, alegam:
A relação com o espaço. As pessoas mantem uma forte relação com o ambiente onde elas
vivem, associando sempre a um local de conforto e segurança, atribuindo sentimento ao
lugar. Aliado a isso, as regiões litorâneas proporcionam uma situação de bem-estar pelas
particularidades do local. Acredito que essas são as maiores causas de resistência
(Pesquisados, 2016)
A fiscalização e o cuidado com o local onde se deve construir moradia, também foram
citadas como medidas preventivas. Por fim, uma resposta citou o deslocamento dos(as)
moradores(as) da área de conflito como medida preventiva.
A ausência de imóveis em áreas costeiras foi a manifestação mais evidente (informaram que
não possuem imóveis em áreas costeiras e afirmaram que possuem). Porém, um pouco mais da
metade afirma que compraria um imóvel em construção em um bairro litorâneo com financiamento
facilitado, próximo ao mar e com todos os documentos legalizados. Entre os argumentos, o fato do
imóvel está devidamente legalizado é o mais citado, porém ainda há dúvidas quanto a forma de
aquisição pelos moradores.
Definir o zoneamento ambiental mostrando as áreas que podem ser construídas e definir as
limitações.‖; ―Educação Ambiental com a população local; Fiscalização mais efetiva,
processos de licenciamento mais rigorosos, educação ambiental com a população local.‖;
―Deveria haver um planejamento prévio de onde poderá construir as habitações e
empreendimentos, isso evitaria a ocupação em locais indevidos e seus possíveis impactos.‖;
―Planejamento urbano é a melhor solução para questões de ocupação urbana desordenada.‖;
―Melhor distribuição do solo, trabalhando com o potencial econômico e cultural, das áreas
ocupadas e intervindo na adequada revitalização de bairros menos estruturados da cidade,
respeitando as condicionantes legais (Pesquisados, 2016)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção do espaço urbano é resultado reflexo direto da sociedade que o produz. Assim,
a expansão urbana é edificada em meio às contradições sociais, onde construções de grande porte e
que visam o consumo da classe mais abastada da sociedade são seguidas de ocupações por parte das
esferas mais pobre da população. De um lado vislumbramos alicerce da riqueza, do consumo e
produção em massa, argumentos utilizados para a sustentação dessas obras, embora irregulares. De
outro lado, falta de infraestrutura, saneamento, água potável, energia.
Situações de conflito decorrentes de ocupações desordenadas são recorrentes e causam
constrangimentos e perdas irreparáveis às comunidades e ao ambiente. As percepções apreendidas
demonstram que estamos sempre vinculados às demandas do nosso cotidiano, fato evidenciado nas
perspectivas apresentadas pelos moradores do condomínio e os estudantes. Estes últimos, menos
envolvidos emocionalmente, e mais acadêmicos, se posicionaram com argumentos e bases legais, e,
embora reconheçam o ―sofrimento‖ dos envolvidos na ação, fortalecem seus discursos amparados
nas bases teóricas em defesa ambiental.
Porém, para compreender os processos de conflitos de ocupação urbana, é necessária uma
leitura integrada e interseccional do mundo que não se limite a lente naturalista do saber
reducionista e do cientificismo dos conhecimentos técnicos da natureza (CARVALHO, 2008) mas,
que dialogue com a complexidade e multiplicidade dos saberes. A educação ambiental, nesse
sentido, faz valer o conceito de sujeito ecológico, de responsabilidade coletiva, propondo a troca do
mundo do Ego, da desconexão com a natureza, da superioridade e da satisfação do ser humano
frente ao meio ambiente. filosofia do descartável e do moderno, para o mundo do Eco.
REFERÊNCIAS
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Cortez, 2008.
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Monografia (Bacharelado em Geografia) Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016.
Disponível em:
<http://rei.biblioteca.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/1060/1/VDP19082016.pdf>. Acesso
em: 29 ago. 2017.
RESUMO
O artigo tem como principal objetivo avaliar a qualidade ambiental da mata ciliar do trecho urbano
do rio Sitiá, através da análise dos fatores que influenciam o processo de degradação ambiental da
mata ciliar as margens do rio Sitiá no município de Quixadá–CE, localizado na região do sertão
central cearense, uma área semiárida. A metodologia utilizada foi composta por visitas in loco onde
foram selecionados inicialmente, pontos estratégicos do rio para avaliação da degradação ambiental,
isso através de registros fotográficos e listagem dos impactos. Os primeiros resultados evidenciados
é que o rio Sitiá, no trecho que corta o município de Quixadá-CE, recebe uma grande carga
poluidora, pois é receptor direto de aporte de águas residuárias e assoreamento tanto em pontos
difusos quanto pontuais, decorrente principalmente da destruição da mata ciliar. Com isso conclui-
se que é necessária uma revitalização urgente em todo trecho urbano do rio Sitiá, como limpeza,
reposição da vegetação ciliares, por meio de programas de recuperação de áreas degradadas e
adoção de ações de educação ambiental, visando a melhoria da qualidade ambiental do rio.
Palavras chave: Degradação, Mata ciliar e Assoreamento.
ABSTRACT
The article has as main objective to evaluate the environmental quality of the riparian forest
stretches from rio Sitiá, through the analysis of factors influencing the process of environmental
degradation of riparian forest on the banks of the Rio Sitiá in the municipality of Quixadá - EC,
located in the region of the sertão central Ceara, a semi-arid. The methodology used was composed
of visits in loco where they were initially selected, strategic points of the river to evaluate the
environmental degradation, this through photographic records and the listing of impacts. The first
results show that the river Sitiá, in the section that cuts the municipality of Quixadá-CE, receives a
great pollutant load, since it is a direct receiver of waste water supply and material from
sedimentation in both diffuse and punctual points, mainly due to Degradation of the riparian forest.
With this, it is concluded that an urgent revitalization is necessary in all urban segments of the river
Sitiá, such as cleaning, restoration of riparian vegetation, by means of programs for the recovery of
gravel areas and adoption of environmental education actions, aiming at the improvement of quality
Environment of the river.
Keywords: Degradation, Riparian Forest and Sedimentation.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com o Código Florestal Brasileiro (2012), a margem de cursos de água deve ser
considerada como uma Área de Preservação Permanente (APP), tanto em zonas rurais como em
zonas urbanas. A lei atribui ainda que cursos d‘água de menos de 10 (dez) metros de largura, a APP
a suas margens deverá ser de 30 (trinta) metros.
A margem do Rio Sitiá encontra-se com alguns trechos totalmente urbanizados como já
estacado anteriormente, a cidade de Quixadá-CE praticamente cresceu em entorno do rio, sendo que
algumas áreas antes alagáveis foram aterradas para construção civil, como é o caso do bairro
Rodoviária, que atualmente enfrenta sérios problemas durante a quadra chuvosa pela dificuldade de
escoamento das águas pluviais.
A ocupação de áreas marginais de rios, na grande maioria dos casos, ocorre sem o
planejamento adequado, fato que consequentemente expõe a população a inúmeros riscos, além de
ser responsável pelo desencadeamento de inúmeros problemas ambientais. Entre os riscos mais
comuns perpassados pelas populações estão: inundações, bem como outros processos de dinâmica
superficial, basicamente movimentos de massa, erosão e assoreamento (Frederice, 2010).
Outros trechos onde não existem aterramento do leito do rio, também não há presença de
mata ciliar o que prejudica mais ainda o curso do rio, como é o caso do trecho próximo a
ACOCECE (Figura 3), que fica localizado logo após o açude Cedro em área de Proteção do
Governo Federal. Na margem direita do Rio são construídos o Instituto Federal do Ceará, a
Universidade Federal do Ceará e a ACOCECE. Com o alto fluxo de pessoas o espaço acaba sendo
impactado com ações de desmatamento que influencia na alteração do habitat de espécies nativas da
região e na predominância de vegetação pioneira.
Nesta área foi identificada a maior falta de cobertura do solo que acarreta na abertura de
ravinas que logo evoluem para sulcos, podendo chegar a voçorocas. Este fenômeno acaba sendo
amenizado pela falta de grandes precipitações, pois não é característica daregião grandes volumes
de chuvas.
Após passar ao lado do matadouro o rio corre para o centro da cidade e passa ao lado da
Universidade Católica de Quixadá. Ao longo desse percurso ele recebe contribuição constante de
águas residuárias e resíduos sólidos. A figura 4 mostra o descaso com o rio e consequentemente
com a saúde pública, pois o rio passa a ter uma quantidade maior esgoto que sua própria vazão.
Segundo Leite (2007) os aglomerados populacionais e a expansão urbana trouxeram consigo
grandes alterações ambientais, dentre elas, pode-se destacar a perda da qualidade da água para
abastecimento e a precariedade ou ausência de saneamento básico.
Seguindo seu curso, o rio passa próximo ao bairro Boto. Localidade de maior
vulnerabilidade social, entregue ao descaso público que vem a acrescentar mais carga de poluentes
ao rio. A figura 6, mostra que existe uma pequena mancha de vegetação pioneira resultante da
degradação constante e sucessão ecológica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Rio Sitiá, no trecho que corta o município de Quixadá-CE, recebe uma grande carga
poluidora, pois é receptor direto de aporte de águas residuarias e assoreamento tanto em pontos
difusos quanto pontuais, decorrente principalmente da destruição da mata ciliar.
Assim, foram identificados pontos escolhidos dentro da área estudada evidenciam a
devastação da mata ciliar com níveis hierárquicos de degradação. Assim, o ponto próximo ao
Matadouro o solo não apresenta cobertura vegetal, assim considerado o mais crítico. O ponto
próximo a UNICATOLICA, também considerado um ponto crítico, pois o acúmulo de água no leito
proporciona substratos abertos.
Percebe-se que dos pontos analisados o que apresenta melhor condição de conservação da
mata ciliar é o ponto próximo a ACOCECE, pois apresenta menor trafico de pessoas e as
instituições lá instaladas não poluem diretamente o rio, o que favorece a reestruturação da
vegetação.
Diante dos resultados apresentado, observa-se a necessidade uma revitalização urgente em
todo trecho urbano do rio Sitiá, como limpeza, reposição da vegetação ciliares, por meio de
programas de recuperação de áreas de gradadas e adoção de ações de educação ambiental, visando a
melhoria da qualidade ambienta do rio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Água Taubaté, vol. 11 n. 3, p. 650-664, 2016.
RESUMO
A Cobertura Vegetal apresenta relevância para a qualidade de vida nas cidades. Conhecer sua
distribuição é um passo importante em direção ao aprimoramento do seu uso e, por consequência, a
qualidade de vida dos cidadãos. Desta forma, este trabalho tem por objetivo mapear a Cobertura
Vegetal em dois bairros da cidade de Natal (Igapó e Petrópolis) por meio de duas técnicas de
geoprocessamento. A primeira sem classificação, para indicar o arranjo espacial da Cobertura
Vegetal e a segunda fazendo a classificação entre Arborização de Praça, Viária e Outros ( que
envolve as áreas particulares). No desenvolvimento dessas técnicas foram utilizadas imagens de
satélite do Google Earth PRO para os anos de 2012 e 2013 e para o processamento os SIGs
QGIS2.8.9 e ArcGIS 10.4.1. Foi feito o comparativo dos resultados obtidos nas duas técnicas com
os dados populacionais dos dois bairros, através da aplicação do ICVH (Índice de Cobertura
Vegetal por Habitante). Constatou-se que a Cobertura Vegetal nos dois bairros é baixa, em relação à
área, 11,83%, encontrada em Petrópolis e 10,68 % em Igapó, em relação a população 16,80 m²/hab
e 8,16 m²/hab, em Petrópolis e Igapó, respectivamente. No resultado da segunda técnica de
mapeamento, observou-se no bairro de Petrópolis a classe Arborização Viária com maior
representatividade, 53,28%. No bairro de Igapó, os menores valores de Arborização de Praça e
Viária, sendo a predominância da classe Outros com 92,02%. No que se relaciona com a população
Petrópolis apresenta maior ocorrência de Cobertura Vegetal de acesso público, representado na
tipologia pelas classes Arborização de Praça e Viária, 0,77 m²/hab e 8,95 m²/hab respectivamente.
No bairro de Igapó a tipologia Outros é a mais representativa, 7,51 m²/hab. Foi verificada a
necessidade de aumentar a Cobertura Vegetal viária e de praças, sobretudo em Igapó.
Palavras-chave: Cobertura Vegetal. Geoprocessamento. Arborização urbana.
ABSTRACT
Plant cover is relevant to the quality of life in cities. Knowing your distribution is an important step
towards improving your business and, consequently, the quality of life of citizens. In this way, this
work has the objective of mapping the Plant Cover in two neighborhoods of the city of Natal (Igapó
and Petrópolis) by means of two techniques of geoprocessing. The first one without classification,
to indicate the spatial arrangement of the Plant Cover and the second one to make the classification
between Arborization of square, road and Other (that involves the particular areas). In the
development of these techniques, Google Earth PRO satellite images were used for the years 2012
and 2013 and for the processing of the SIGs QGIS2.8.9 and ArcGIS 10.4.1. The results obtained in
the two techniques were compared with the population data of the two neighborhoods, through the
application of ICVH (Index of Plant Cover by Inhabitant). It was verified that the Plant Cover in the
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Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
two neighborhoods is low, in relation to the area, 11.83%, found in Petrópolis and 10.68% in Igapó,
in relation to the population 16,80 m² / hab and 8,16 m² / Hab, in Petrópolis and Igapó, respectively.
In the result of the second mapping technique, it was observed in the district of Petrópolis the class
Arborization road with greater representativity, 53,28%. In the district of Igapó, the lowest values of
Arborization of Square and Road, being the predominance of Class Others with 92.02%. In relation
to the Petrópolis population, there is a greater occurrence of vegetation cover with public access,
represented in the typology by Arborização de Square and Road, 0.77 m² / hab and 8.95 m² / hab
respectively. In the district of Igapó the typology Others is the most representative, 7.51 m² / hab. It
was verified the need to increase the Plant cover Road and squares, especially in Igapó.
Keywords: Plant cover. Geoprocessing. Urban greening.
INTRODUÇÃO
O crescimento das cidades tem sido um fenômeno de grande expressividade na atualidade
que vem promovendo, na maioria das vezes, expansão urbana sem um planejamento adequado. Os
espaços de lazer, a harmonia da paisagem e a qualidade do ambiente público, em suma não são
considerados, estes elementos somente recebem atenção, quando muito, depois de estabelecidos os
bairros. E isso não ocorrendo de forma homogênea entre eles, preservando uma segregação social e
espacial, comum nas cidades brasileiras (QUEIROZ, 2010).
O município de Natal, localizado na mesorregião do leste potiguar, capital do Estado do Rio
Grande do Norte, com população de 803 mil habitantes (IBGE,2010), teve seu processo de
urbanização intensificado a partir do início do século XX, em decorrência da Segunda Guerra
Mundial, que atraiu muitos militares, além de pessoas do interior do Estado, fugidas da seca que
assolava o interior, conforme Santos (1998, p. 33 apud MEDEIROS, 2007, p 51).
Até o início do século XX a cidade contava apenas com dois bairros consolidados, Ribeira e
Cidade Alta. O plano Polidelli (1901), é o primeiro plano que objetiva o planejamento e
ordenamento dos espaços, através da criação de novos bairros, no entanto apenas em 1929 com
plano Palumbo, como ficou conhecido, que a malha então definida é ampliada, executando
propriamente os primeiros passos para a formação do bairro de ―Cidade nova‖. O atual bairro de
Petrópolis é resultado do desmembramento em dois deste bairro (CARVALHO, 2007). O
crescimento acelerado da cidade resulta na apropriação de áreas sem o planejamento urbano
necessário, principalmente nas regiões mais periféricas da cidade, o bairro de Igapó é um exemplo
desse processo.
Nas cidades tropicais, como Natal, a vegetação exerce um impacto significativo na vida dos
habitantes e ecossistemas em geral, tendo em vista a quantidade de insolação que absorve, com
grande influência sobre o clima urbano. Com a perda da Cobertura Vegetal o processo de
evapotranspiração diminui, contribuindo para o aumento da temperatura na cidade. Além disso, a
Cobertura Vegetal urbana é responsável pela redução de ruídos, purificação do ar, absorção de
A Cobertura Vegetal em ambiente urbano traz benefícios como conforto térmico, redução da
poluição, sombra, dentre outros, estes que ajudam no equilíbrio fisíco-ambiental das cidades como
nos garante Schuch (2006). Sobre a regulação do equilíbrio físico ambiental, Fálcon (2007 apud
ÁVILA e PANCHER, 2016) afirma que ―os benefícios da Cobertura Vegetal são vários, como a
redução da contaminação atmosférica, por conseguir absorver parte do gás carbônico (CO2) emitido
pela combustão de combustíveis fósseis‖. A vegetação consegue fixar nas folhas partículas de
chumbo, flúor e ácido sulfúrico suspensas no ar. Também contribui para a regulação da umidade e
da temperatura, amenizando os efeitos das ilhas de calor. A vegetação evita o impacto da chuva e a
influência dos ventos sobre o solo, reduzindo os processos erosivos.
Os benefícios sociais da Cobertura Vegetal são descritos por Alves (2012), que aponta a
influência de espaços exteriores, como jardins e pátios, para o crescimento da interação social e
interação entre vizinhos, e mesmo o prolongamento da expectativa de vida dos idosos nas cidades.
Os serviços da Cobertura Vegetal não são restritos à vida humana, pois também prestam
serviços para as espécies silvestres. Para Douglas (1983 apud CAVALHEIRO; NUCCI, 1999), a
Cobertura Vegetal exerce a função de suporte para a vida silvestre nas cidades, onde os espaços
livres não mais se referem apenas à disponibilidade de recreação para a população, mas também
servem aos animais silvestres que a habitam.
MATERIAIS E MÉTODOS
Neste estudo foram escolhidos dois bairros, Petrópolis e Igapó, os critérios de escolha foram
localização e processo de formação dos bairros, com objetivo de escolher bairros com
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Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
Em seguida foi feita a seleção por atributos para cada uma das classes e uma verificação da
área total de cada classe em ―estatísticas‖, na tabela de atributos do SIG ArcGIS, que transportada
para o programa Excel, permitiu a manipulação e síntese de dados (totais e por classe), tornando-se
possível qualificar a Cobertura Vegetal nas classes acima descritas, concluindo a segunda
técnica.Também foi calculado o ICV (Índice de Cobertura Vegetal) para cada bairro, gerado a partir
da multiplicação do total de Cobertura Vegetal em metros quadrados, multiplicado por 100 e
dividido pela total da área urbanizada, adaptado de Melazo e Nishiyama (2010).
Para verificar a relação da Cobertura Vegetal com a população de cada bairro foi calculado o
ICVH (Índice de Cobertura Vegetal por habitante), com base em Melazo e Nishiyama (2010),
dividindo-se o total de área coberta por Cobertura Vegetal pelo número de habitantes, segundo
dados do IBGE, 2010.
Os mapas finais de Cobertura Vegetal dos quatro bairros foram confeccionados na escala de
1:25.000, no SIG ArcGIS. Essa convenção foi estabelecida para que fosse possível realizar a
comparação entre as proporções reais dos bairros e a Cobertura Vegetal.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Bairro
Parâmetro
Igapó Petrópolis
Cobertura Vegetal (m²) 235.234,71 92.771,48
quadras, como pode ser visto na Figura 1, em seguida, a classe mais extensa é Arborização Viária,
nota-se que, mesmo sendo a segunda maior classe, esta é muito menos expressiva no bairro que a
classe Outros. A classe Arborização de Praça aparece com a menor expressividade, isso ocorre
devido à pouca quantidade de praças no bairro, apenas 4 praças públicas reconhecidas (SEMURB,
2009).
Figura 13: Mapa da Cobertura Vegetal de Igapó e Petrópolis e localização de Natal no Brasil. Fonte:
Elaboração própria (2017).
Petrópolis é o bairro que apresenta o maior equilíbrio entre as três classes de arborização
utilizadas. A classe Arborização Viária é a classe predominante como podemos constatar na
representação da Figura 1. A classe Arborização Viária é a mais bem representativa no bairro, em
seguida a classe Outros e a classe Arborização de Praça, como a menos expressiva.
Diante do exposto, podemos encontrar a classe Outros com maior relevância indicando que
a maior parte da Cobertura Vegetal não está disponível para toda população, restringindo assim o
acesso aos benefícios que proporciona, sobretudo no que se refere ao lazer e ao sombreamento. A
Tabela 2 traz os valores obtidos para cada classe nos dois bairros.
Petrópolis Igapó
Parâmetros
(m²) (%) (m²) (%)
Arborização de Praça 4.249,79 4,58 1.297,94 0,55
Arborização Viária 49.425 53,28 17.455 7,42
Outros 39.096 42,14 216.462 92,02
Total CV 92.771 100 235.234 100
Área do Bairro 784.291 2.202.000
Tabela 2 - Descrição da Cobertura Vegetal total. Fonte: Elaboração própria (2017).
O bairro de Igapó merece maior preocupação quanto à Cobertura Vegetal urbana, devido à
vulnerabilidade em que essa Cobertura Vegetal está sujeita, tendo 92,02% da classe Outros, em sua
maioria pertencendo a particulares. A classe Arborização de Praça poderia ser mais representativa
para o bairro, tendo em vista que possui quatro praças públicas, mas apenas duas delas são
vegetadas. O Bairro de Petrópolis ganha destaque por apresentar maior representatividade de
Cobertura Vegetal pertencente à classe de Arborização Viária. Por se tratar de uma classe de acesso
público, nesse bairro podemos perceber maior relevância na qualidade de vida, tendo em vista a
influência dessa vegetação no microclima, no provimento de sombra e embelezamento paisagístico,
dentre outros benefícios.
Diante dos dados da Cobertura Vegetal obtidos dos quatro bairros, buscou-se saber quantos
metros quadrados de Cobertura Vegetal estão disponíveis para cada habitante do bairro. Por meio
do cruzamento dos dados do total de Cobertura Vegetal sobre o total de habitante por bairro,
obteve-se o Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (ICVH). Foram constatadas algumas
diferenciações entre eles, como descriminado na Tabela 3.
Na Tabela 4 é apresentado o ICVH de cada classe, o bairro Petrópolis destaca-se por ser o
que apresenta o maior valor de Arborização Viária por habitante. O singular na classe Outros é a
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Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
proximidade entre os valores para os bairros de Igapó e Petrópolis, indicando o maior acesso por
parte da população de Petrópolis à Cobertura vegetal.
O Índice de Cobertura Vegetal por Habitante aplicado nos bairros, representado na Tabela 4,
nos mostra uma diferenciação entre eles, sendo Igapó o que apresenta os menores valores em todas
as classes. Aponta assim a relação entre Cobertura Vegetal e planejamento urbano na cidade de
Natal, principalmente no que diz respeito à ocorrência de Cobertura Vegetal de acesso público. A
partir do exposto, deve-se fazer uso do planejamento e utilização inteligente dos espaços livres dos
bairros para possibilitar melhorias, quanto à vegetação urbana e os benefícios que a mesma
possibilita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALVES, Daniel B. Cobertura Vegetal e qualidade ambiental na área urbana de Santa Maria (RS).
2012. 155 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Geografia e Geociências, Geografia,
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria/RS, 2012.
CARVALHO, Heliana Lima de. Cidade Nova: Petrópolis e Tirol, bairros em constante
transformação. Disponível em <
http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/arquivos_publicacoes/TFG_HelianaLimadeCarvalho.pd
f>. Acesso em: 10 jul. 2017.
MEDEIROS, Sara R. F. Q. de. A casa própria: sonho ou realidade? Um olhar sobre os conjuntos
habitacionais em Natal. 2007. 113 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Sociais,
Departamento de Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2007.
RESUMO
As bruscas transformações socioambientais pelas quais o mundo vem passando, caracterizadas
pelas rápidas expansões desordenadas das áreas urbanas, vem proporcionando aparecimento e/ou
ressurgimento de doenças. Neste estudo apresentamos uma análise da relação entre os casos de
dengue no município de Nossa Senhora do Socorro/SE e sua correlação com as sazonalidades das
precipitações, além de compreender os condicionantes socioambientais que potencializam a
proliferação do vetor transmissor (Aedes aegypti), no recorte temporal de 2007 a 2015. Este
trabalho apoiou-se em metodologias quali-quantitativas, baseadas na pesquisa
bibliográfica/documental e trabalho de campo na área de estudo. As análises dos dados sobre a
dengue indicam moderada correlação entre os registros de casos dessa doença e os meses de maior
precipitação no município, desta forma atribui-se a proliferação do mosquito também a fatores
sociais, culturais e econômicos, justificando a maior ocorrência da doença em áreas de alta
vulnerabilidade socioambiental, onde o planejamento urbano ocorre de forma deficitária.
Palavras-chave: Dengue, condicionantes socioambientais, Planejamento urbano.
SUMMARY
The sharp socioenvironmental transformations in which the world has been suffering, characterized
by the fast disordered expansion of urban areas, has been provided the emergence and / or
resurgence of diseases. In this study we present an analysis of the relationship between dengue
cases from Nossa Senhora do Socorro district and its correlation with the seasonality of
precipitation, in addition to understood the socioenvironmental constraints that potentiate the
proliferation of the transmitter vector (Aedes aegypti), from 2007 to 2015. This assignment was
based on qualitative-quantitative methodologies, based on bibliographical / documentary and field
search which was performed in the studied area. The analysis of the data about the dengue indicate
a moderate correlation between the records of cases of this disease and the biggest months of
precipitation in that district, in this way the mosquito proliferation is also attributed to social,
cultural and economic factors, justifying the largest occurrence this disease in areas of high
socioenvironmental vulnerability, where the urban planning occurs in a deficit way.
Keywords: Dengue, socialenvironmental constraints, Urban planning.
INTRODUÇÃO
Muito se tem debatido a respeito dos aspectos saúde/doença das diversas sociedades ao
longo do tempo e na atualidade essas discussões tornam-se ainda mais enfáticas devido às bruscas
transformações socioambientais pelas quais o mundo vem passando, caracterizado pelas rápidas
expansões desordenadas das áreas urbanas, sem um acompanhamento no mesmo ritmo, das
melhorias no saneamento básico.
No Brasil, inúmeros centros urbanos deixaram de assegurar qualidade de vida e tornaram-se
ambientes insalubres, onde as preocupações se multiplicam, devido à incapacidade financeira e
administrativa dos governos em prover infraestrutura e serviços essenciais como água, saneamento,
coleta e destinação adequada do lixo, serviços de saúde, além de empregos e moradias. Nesta
perspectiva, a urbanização acentuada, o aumento da densidade populacional e a situação de pobreza
nestes espaços, proporcionam o aparecimento de doenças, oferecendo riscos imediatos às
populações residentes (GOUVEIA, 1999; OLIVEIRA, 2006).
Dentre um quadro vasto de doenças presentes nos espaços urbanos, a dengue tornou-se foco
de combate e controle pela vigilância epidemiológica nacional e internacional, devido a ser uma das
doenças virais transmitidas por mosquitos que mais vitimam a humanidade, tornando-se um
problema de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde estima que entre 50 a 100 milhões de
pessoas se infectem com a dengue anualmente, em mais de 100 países; cerca de 550 mil doentes
carecem de hospitalização e 20 mil notificam óbito em consequência da doença (AQUINO JÚNIOR
e MENDONÇA, 2012).
Neste sentido a ausência de investimentos em saneamento básico, o aumento da pobreza
urbana, a suspensão ou limitação de programas de prevenção e controle, influenciam a incidência da
dengue nos espaços urbanos, bem como fatores climáticos, como a intensidade e regime
pluviométricos e térmicos (OLIVEIRA, 2006; MENDONÇA, SOUZA E DUTRA, 2009).
Este estudo busca analisar a relação entre os casos de dengue no município de Nossa
Senhora do Socorro/SE e sua correlação com as sazonalidades das precipitações, além de
compreender os condicionantes socioambientais que potencializam a proliferação do vetor
transmissor (Aedes aegypti) no recorte temporal de 2007 a 2015. Os resultados alcançados
possibilitam subsídios para planejamentos da área pesquisada, bem como oferece contribuições para
direcionamentos de políticas públicas efetivas para a população de Nossa Senhora do Socorro.
METODOLOGIA
secundários como indicadores sociais, econômicos e ambientais num recorte temporal de nove anos
(2007/2015).
Seguida da pesquisa bibliográfica, realizou-se a caracterização socioambiental do referido
município, bem como o levantamento e análise dos índices de precipitação mensais para a série
temporal em estudo, coletados no Centro de Meteorologia de Sergipe (CEMESE). Os dados
pluviométricos para Nossa Senhora do Socorro/SE foram construídos através da técnica de
interpolação de dados, tomando por base as estações presentes nos municípios de Aracaju,
Laranjeiras e Santo Amaro das Brotas, os quais limitam-se com o território em análise.
O levantamento do número de casos de dengue para série temporal de 2007-2015 do Brasil,
região nordeste e Sergipe foram adquiridos no site do Ministério da Saúde (SES/SINAN), já os
dados das notificações de dengue de Nossa Senhora do Socorro foram adquiridos na Secretaria de
Saúde do município. Para construção do banco de dados, gráficos e tabelas utilizou-se o
Excel/Windows/07, já para a construção dos mapas utilizou-se o ArcGis 10.1 como software e a
base de dados do Atlas da Superintendência de Recursos Hídricos do Estado de Sergipe. Para
construção do mapa de localização dos casos notificados de dengue, os dados foram obtidos na
Secretaria de Saúde de Nossa Senhora do Socorro, porém devido ao não registro das localizações de
várias notificações nos anos de 2007 a 2010 a série temporal de mapeamento se restringiu aos anos
de 2011 a 2015.
A análise estatística, a fim de identificar a relação entre os eventos de precipitação
pluviométrica e a ocorrência da doença, procedeu-se com base no Coeficiente de Correlação de
Pearson, a partir da qual os dados de precipitação foram considerados como variável independente e
os casos de dengue como variável dependente e cujo resultado de acordo com categorização de
Dancey e Reidy (2006): 0 a 0.30 indica fraca correlação; 0.40 a 0.6 (positivo ou negativo) indica
correlação moderada; 0.70 a 1 (positiva ou negativa) indica forte correlação.
Diante das análises prévias, efetuaram-se trabalhos de campo no bairro Parque dos Faróis
que registrou o maior número de casos do município, além de entrevistas com a população local.
Nesse sentido a análise realizou-se de forma integrada, buscando identificar as relações existentes
entre as variáveis ambientais e sociais no condicionamento do número de casos de dengue
levantados, especialmente no que se refere à sazonalidade climática e à gestão dos ambientes
urbanos.
Nossa Senhora do Socorro está situada no território da Grande Aracaju, sendo um dos quatro
municípios que compõem a região metropolitana (Figura 01). Ocupa o segundo lugar em população
absoluta do Estado totalizando 160.827 habitantes, sendo que, destes 155.823 residem na zona
urbana e 5.004 na zona rural. Abrange uma área total de 156,771 Km² correspondendo a 0,71% do
território estadual e uma densidade demográfica de 1.025,87 (hab./km²) (IBGE, 2010).
pecuária. Merece destaque também, a aquicultura, que apesar de ainda ser realizada de forma
artesanal, transforma o município em um dos maiores produtores de pescado do estado
(EMDAGRO, 2009).
Verifica-se que essas intensas transformações urbanísticas em Nossa Senhora do Socorro
são resultados das pressões antrópicas devido ao crescimento populacional acelerado nas últimas
décadas, sendo maiores que as taxas de Sergipe e do Brasil, duplicando os números de habitantes de
1991 a 2010 e totalizando segundo estimativas de 2015 uma população de 177,827 habitantes
(Figura 02) (IBGE, 2010).
Figura 02 - Números de habitantes de 1991 a 2015. Fonte: IBGE. Organização: Rafael Andrade.
O crescimento populacional acelerado nas últimas décadas tem se dado de forma pouco
ordenada, com o surgimento de periferias sem a infraestrutura adequada de vias, transportes
e logicamente, águas urbanas, considerando neste último, o abastecimento doméstico,
saneamento, drenagem e coleta de resíduos sólidos (Gestão Integrada das Águas Urbanas
em Aracaju - SE/Brasil 2010, p. 5).
fixando o valor de R$379,98 em 2010, entretanto bem abaixo do valor de Sergipe R$523,53 e do
Brasil R$793,87 (Tabela 01).
A evolução no IDHM de Nossa Senhora do Socorro é resultado das melhorias nas três
dimensões básicas que o compõem, decorrente de políticas públicas efetivas. Destas, merece
destaque a educação que passou segundo o PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento) de uma classificação muito baixa (0,195) no ano de 1991 para baixa (0,581) em
2010, lembrando que O IDHM é um número que varia entre 0 e 1 e quanto mais próximo de 1,
maior o desenvolvimento humano de uma unidade federativa, município, região metropolitana.
Segundo dados do IBGE-Observatório de Sergipe censo (1991, 2000, 2010)21 confirmam a
diminuição da taxa de analfabetismo para o grupo de 15 anos ou mais do município, que em
1991apresentava taxas em torno de 23,85%, diminuindo em 2000 para 14,64% e em 2010 chegando
ao número de 10,69%, o que equivale respectivamente 17.192 pessoas que não sabem ler nem
escrever, número relativamente alto, logo que o Plano Nacional de Educação (PNE) prevê a
erradicação do analfabetismo absoluto até 2024.
Em relação ao saneamento básico entre 2010 e 2012, 96,2% dos domicílios tinham rede de
abastecimento de água, 90,01% tinham tratamento de esgoto, 94,6% recebiam coleta seletiva e
99,81% tinham energia elétrica (Deepask, 2015, Observatório de Sergipe, Atlas de Saneamento
21
Dados retirados do Observatório do Estado de Sergipe. Fonte: http://www.observatorio.se.gov.br/geografia-e-
cartografia/2015-08-24-13-25-14/2013-01-31-07-25-04
TOTAL DE POPULAÇÃO
AGLOMERADOS SUBNORMAIS
RESIDENTE
Areal/Mangabeira - Nossa Senhora do Socorro – SE 1.403
Palmares - Nossa Senhora do Socorro – SE 309
Novo Horizonte - Nossa Senhora do Socorro – SE 4.745
Invasão da Taiçoca de Fora - Nossa Senhora do Socorro – SE 1.278
Invasão Beira Rio - Fernando Collor - Nossa Senhora do Socorro –SE 863
Alto da Bela Vista - Nossa Senhora do Socorro – SE 1.573
Invasão da Perimetral I - Marcos Freire 3 - Nossa Senhora do Socorro – SE 1.706
Invasão da Perimetral H - Nossa Senhora do Socorro – SE 899
Invasão Beira Rio - Parque dos Faróis - Nossa Senhora do Socorro –SE 873
Itacanema II - Nossa Senhora do Socorro – SE 681
Rosa de Maio - Guajará - Nossa Senhora do Socorro – SE 220
Pai André - Nossa Senhora do Socorro – SE 789
Santo Inácio - Nossa Senhora do Socorro – SE 1.224
Parque São José - Loteamento Esperança - Nossa Senhora do Socorro – SE 972
Tabela 03 -Aglomerados Subnormais-Nossa Senhora do Socorro/SE. Fonte: IBGE 2010. Organização:
Rafael Andrade.
22
Dados da Agência de Notícias de Socorro (ANS), site de vinculação local mantido pela prefeitura.
http://www.ansocorro.se.gov.br/noticias/11220157223712333/prefeitura-de-socorro-alerta-sobre-descarte-irregular-do-
lixo.html
23
Conjunto constituído por 51 ou mais unidades habitacionais caracterizadas por ausência de título de propriedade e
pelo menos uma das características abaixo: - irregularidade das vias de circulação e do tamanho e forma dos lotes e/ou-
carência de serviços públicos essenciais (como coleta de lixo, rede de esgoto, rede de água, energia elétrica e
iluminação pública). (IBGE, senso 2010 – aglomerados subnormais – Informações Territoriais)
A dengue é uma doença viral, transmitida para o homem através da picada da fêmea do
Aedes aegypti, principal mosquito vetor. Atualmente, no Brasil se encontra quatro tipos diferentes
desse vírus, o sorotipo DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4.
Nos dias atuais a doença é a mais preocupante arbovirose que afeta o homem, pois se
constitui em um problema de saúde pública no mundo, principalmente em países tropicais, onde as
condições ambientais tornam-se favoráveis para a proliferação e desenvolvimento do mosquito
vetor. (Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde, 2002)
O Aedes aegypti é um mosquito antropofílico, de hábitos urbanos, cuja infestação é mais
intensa em regiões com alta densidade populacional e principalmente, de ocupação desordenada,
onde as fêmeas têm mais oportunidades para alimentação e dispõem de mais locais para desova,
principalmente em caixas d´água, galões e tonéis (Instituto Osvaldo Cruz, 2008).
Os aspectos clínicos incluem infecções inaparentes, quadro de febre alta, dor de cabeça,
dores musculares, vermelhidão no corpo e coceira, podendo evoluir para quadros hemorrágicos
com sangramento nasal, gengival, entre outros e a Síndrome do choque associado à dengue, que
vem acompanhado de complicações neurológicas e sintomas cardiorrespiratórios, entre outros.
De acordo com dados do Ministério da Saúde (SES/SINAN) em um recorte temporal de
nove anos (2007-2015), os números de notificações confirmadas de dengue para o Brasil foram de
7.529.719 casos. No Nordeste, para o mesmo período, foi confirmado um total de 1.588.964
notificações, o que corresponde a 21,10% dos casos nacionais. Em Sergipe, de 2007 a 2015, os
números de notificações confirmadas chegaram a 52.697, o que corresponde a 3,31% em relação
ao Nordeste. Para Nossa Senhora do Socorro os dados adquiridos através da Secretaria de Saúde
do município para a série de 2007 a 2015 revelam um total de 3.908 casos, correspondendo a
7,41% em relação ao total registrado no Estado de Sergipe.
Aplicando-se o Coeficiente de Pearson, observa-se que a relação entre a precipitação e os
números de casos da doença é da ordem de 0,465 o que segundo a categorização de Dancey e
Reidy (2006) indica correlação moderada. (Figura 03).
Figura 04- Local de ocorrência de dengue em Nossa Senhora do Socorro/SE - 2011 a 2015. Fonte: Secretaria
de Saúde de Nossa Senhora do Socorro
Além destas três localidades Nossa Senhora do Socorro apresentou ocorrência de Dengue
no mesmo recorte temporal nas seguintes localidades: Palestina (35 casos), Santa Cecília (30
casos), Marcos Freire II (25 casos), João Alves Filho (22 casos), Fernando Collor (19 casos),
Taiçoca de Fora, Piabeta (15casos), Marcos Freire III, Lavandeira (13 casos), Parque São José, Pai
André (09 casos), Taboca, Guarujá (07 casos), Jardim, Jardim Lamarão (05 casos), Conjunto
Albano Franco, Sobrado, Porto Grande, Nossa Senhora do Socorro-sede (04 casos), Nossa
Senhora de Fátima, Marcos Freire I (03 casos), Novo Horizonte, Bita, Mutirão, São Braz
Coqueiral, Oiteiros, Veneza (01 caso).
As espacializações dos casos de dengue indicam que o bairro com maiores casos
confirmados foi o Parque dos Faróis, num total de 118 casos em cinco anos, totalizando quase o
dobro do segundo bairro com maior índice, Taiçoca de Dentro (68) casos. Trabalhos de campo
realizados no Parque dos Faróis permitiram constatar que este bairro passa por grandes problemas
principalmente relacionados ao saneamento básico, marcado pela ineficiência da rede de esgoto e
coleta de lixo, além das moradias precárias e próximas a córregos, que são locais de acúmulo de
lixo, tornando-se reservatórios/criadouros potenciais. (Figura 05).
Todos esses fatores atrelados a desinformação da população, precipitação pluviométrica, e o
baixo poder aquisitivo da população que acaba habitando áreas vulneráveis são contribuintes para a
concentração da doença no bairro.
Figura 05- Parques do Faróis – Nossa Senhora do Socorro/SE Fonte: autor (2016)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos dados sobre dengue em Nossa Senhora do Socorro, indica moderada
correlação entre os registros de casos dessa doença e os meses de maior precipitação no município.
Destacando a ocorrência da doença em áreas de alta vulnerabilidade socioambiental, onde o
planejamento urbano ocorre de forma deficitária, expondo a população à falta de saneamento
básico, ao convívio com os resíduos sólidos, e à criação de situações potencializadoras para
expansão da dengue, que se tornou uma doença que afeta principalmente grupos populacionais que
habitam áreas esquecidas pelo poder público.
A dengue se tornou um problema de saúde pública que necessita ser entendida diante da
multidimensionalidade que a produz. Nesse sentido a adoção de medidas que visem diminuir os
casos de dengue exigem a compreensão dos aspectos sociais, econômicos, culturais, políticos,
educacionais e naturais (clima, precipitação, temperatura), logo que a interrelação entre essas
dimensões criam condições ideias para a propagação do mosquito que a causa dengue. Dessa forma
em Nossa Senhora do Socorro, o processo histórico de ocupação do espaço urbano sem
planejamento e o acelerado crescimento populacional nas últimas décadas, criou áreas sem
infraestruturas adequadas para a ocupação humana, com ausência de saneamento básico, moradias
precárias e carência de serviços de saúde, o que pode ser visualizado a partir dos 14 territórios de
aglomerados subnormais elencadas pelo IBGE -2010, enquadrando-se enquanto área de surto de
dengue, devido às suas condições socioespaciais.
Deste modo, compreende-se que melhorar a gestão urbana está estreitamente ligada à
melhoria da qualidade de vida da população e à diminuição de condicionantes para o
desenvolvimento do mosquito transmissor da dengue. Nesse sentido a identificação de áreas e
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. (1986). VIII Conferência Nacional de Saúde: relatório final. Brasília: Ministério da
Saúde. Disponível
em:http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/relatorios/relatorio_8.pdfAcesso:26/06/2016.
BOMFIM, Luiz Fernando Costa; COSTA, Ivanaldo Vieira Gomes da BENVENUTI, Sara Maria
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do Município de Nossa Senhora do Socorro. Aracaju: CPRM, 2002.
DANCEY, C.; REIDY, J. Estatística sem Matemática: usando SPSS para Windows. Porto Alegre,
Artmed, 2006.
GOUVEIA, N. Saúde e meio ambiente nas cidades: os desafios da saúde ambiental. Saúde e
sociedade, v. 8, n. 1, p. 49-61, 1999.
IOC – Instituto Osvaldo Cruz. Conheça o comportamento do mosquito Aedes aegypti. 2008.
Disponível em: http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=571&sid=32
Acesso: 15/07/2017.
RESUMO
Este artigo teve como objetivo analisar a realidade do transporte público do terminal Lauro de
Freitas na cidade de Vitória da Conquista-BA e suas possíveis implicações para os usuários.
Acredita-se que os resultados poderão elucidar a realidade do transporte público em Vitória da
Conquista e, com isto, poder fomentar novos planejamentos urbanos no que tange à estrutura de
mobilidade urbana, assim como também apresentar os aspectos deste serviço na cidade para a
população. Na execução da pesquisa com aplicação de questionários para os usuários do Sistema de
Transporte Público, verificou-se que 96% das pessoas entrevistadas apontam algum problema no
terminal, dentre o maior problema, 30% dos entrevistados alegam que o espaço do terminal é
pequeno para a grande quantidade de ônibus. Outra situação foi em relação à movimentação nesta
área, 73% dos usuários afirmaram que o terminal é muito tumultuado. Neste contexto, avaliando o
fluxo de pessoas por turno, observou-se que, consideravelmente, todos os turnos têm grande
movimentação de pessoas no terminal. Em se tratando à pontualidade ou atrasos dos ônibus, 50%
dos usuários do transporte público urbano apontam que os ônibus têm sempre atrasos, outros 43%
afirmaram que o atraso é relativo. A partir dos resultados alcançados, constatou-se que a realidade
do transporte público em Vitória da Conquista-BA, tendo como base o terminal Lauro de Freitas, é
preocupante. Esta situação se faz devido a maior parte das linhas dos ônibus, 46 de 55, serem via
terminal considerando que possui uma área consideravelmente pequena. Diante dos resultados é
possível comprovar a urgência de novos planejamentos e medidas para resolver estes problemas,
para que melhores condições sejam fornecidas aos usuários do Sistema de Transporte Publico de
Vitória da Conquista.
Palavras-chave: Transporte Público. Terminal de Ônibus. Mobilidade Urbana.
ABSTRACT
The article has as main point analyses the public collective transport reality in the Lauro de Freitas
Station in Vitória da Conquista – BA and its possible implications for users. The results would
allow the elucidation of the public transport reality of Vitória da Conquista and it shall support new
urban planning for the development of the urban mobility, as also to show the aspects from this
service for the city and population. The research had as a method the aplication of a form where the
users filled the form up. 96% pointed out any kind of problem in the Lauro de Freitas Station,
among the biggest problem, 30% said that the Lauro de Freitas Station has a small structure for the
huge number of buses. Another question pointed out was about the site flow, 73% of the users
confirmed as being a crowded site. In this context, evaluating the people flow per day-shift, it was
observed that, considerably, all the day-shifts have great movement of people in the terminal.
Checking the punctuality or delays of the buses, 50% of urban public transport users point out that
buses always have delays, another 43% said that the delay is relative. From the achieved results, it
was found that the reality of public transport in Vitória da Conquista - BA, based on the Lauro de
Freitas Station, is a cause for concern. This situation happens in most of the bus lines, where 46 of
55 bus lines have it trajectory via the Lauro de Freitas Station which has been considered with a
small area. Given the results it is possible to prove the urgency of new plans and measures to solve
these problems, to improve the conditions for users of the Public Transport System of Vitória da
Conquista.
Keywords: Public Transport. Bus Station. Urban Mobility.
INRTODUÇÃO
A realidade do transporte público no Brasil vem sendo alvo de diversas pesquisas, pois com
o crescimento populacional houve uma demanda de transportes mais eficientes, mas a realidade é
outra. A situação do transporte público em muitas cidades brasileiras, atualmente, é de bastante
precariedade, pois os ônibus atrasam e estão em péssimas condições, podendo oferecer riscos à
população local. Em Vitória da Conquista, este problema também ocorre. Os ônibus apresentam
sérios problemas e o terminal, local de parada dos ônibus, apresenta uma infraestrutura
insatisfatória, pois é pequeno e inseguro. Estes problemas são alvo de críticas por parte da maioria
dos usuários, que estão insatisfeitos com a condição em que os ônibus e o terminal Lauro de Freitas
se encontram. Diante disso, este artigo tem como objetivo analisar a realidade do transporte público
do terminal Lauro de Freitas e suas possíveis implicações para os usuários na cidade de Vitória da
Conquista-BA. Entretanto, a priori, é necessário abarcar uma discussão acerca do processo de
estruturação do referido espaço urbano.
A cidade de Vitória da Conquista (Figura 1) está situada no interior do Estado da Bahia e
atualmente, segundo o IBGE (Censo 2010), possui uma população estimada para 2016 de 346.000
habitantes, aproximadamente, e uma densidade demográfica de 91,41 hab/km², ocupando a sexta
posição no Produto Interno Bruto das cidades baianas.
Figura 1- Localização de Vitória da Conquista-BA. Fonte: Conceição, R.S.; Pereira, L.B.; Veiga, A. J. P.
(2016).
Estes aspectos e dentre outros, caracterizam Vitória da Conquista como uma capital
regional, uma vez que também é considerada como um polo educacional, haja vista que são muitas
as universidades presentes, as públicas: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB),
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Instituto Federal Baiano (IFBA). Ainda com algumas
faculdades privadas: Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR), Faculdade Santo Agostinho,
Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), Mauricio de Nassau, entre outras. São muitos os
aspectos (educação, saúde, comércio, entre outros) que tornam Vitória da Conquista como uma
capital regional e também como a terceira maior cidade do Estado. Segundo Ferraz (2001) a partir
da década de 40 Vitória da Conquista passou a expandir sua malha urbana num processo crescente,
que se intensificou, especialmente nas ultimas décadas, em decorrência de abertura de loteamentos
e do incremento populacional vivenciado pela zona urbana do Município.
Com o crescimento urbano e populacional, Vitória da Conquista se tornou uma cidade
atrativa e, dessa forma se mantém num crescimento, sendo também a cidade que atrai grandes
indústrias, intensificando ainda mais o processo de urbanização e crescimento populacional. Ferraz
(2001) ainda acrescenta que o desenvolvimento do comércio e a abertura de estradas como Ilhéus -
Lapa (BA 415) e a Rio – Bahia (BR 116), cujas fazem entroncamento em Vitória da Conquista,
também intensificaram o crescimento da zona urbana.
Para Casimiro (1992), diante do crescimento urbano de Vitória da Conquista:
Estes processos, ocupação e expansão urbana, contornam Vitória da Conquista como uma
cidade com vários subcentros, isto é, devido a sua extensa expansão, não cabe mais a centralização
em apenas uma área. Porém esta conjuntura, além de fragmentar o espaço urbano, faz-se, também,
uma necessidade em planejamentos urbanos que visem estruturas de melhorias para os citadinos e,
principalmente, para a mobilidade urbana, uma vez que os diversos tipos de estabelecimentos,
necessários à manutenção da vida (hospitais, clínicas, farmácias, supermercados, locais de trabalho,
escolas, universidades), podem está distantes de seus habitantes, necessitando do uso do transporte
coletivo urbano. Para Passos (2009):
Frente a isto, é de suma importância avaliar o transporte urbano na referida cidade, para
verificar a realidade e possíveis implicações aos usuários, haja vista que, a priori, observa-se
problemas no transporte publico urbano, com necessidades de planejamentos para facilitar a
mobilidade dos citadinos em Vitória da Conquista.
Acredita-se que os resultados deste trabalho poderá elucidar a realidade do transporte
público em Vitória da Conquista e, com isto, poder fomentar novos planejamentos urbanos no que
tange à estrutura de mobilidade urbana, assim como também apresentar os aspectos deste serviço na
cidade para a população.
METODOLOGIA EXECUTADA
Para a realização desta pesquisa, foram necessários sete etapas com procedimentos
interligados:
Estudos referentes ao processo de ocupação e urbanização de Vitória da Conquista, tendo
como base as obras de Ferraz (2001) e Casimiro (1992).
Elaboração de questionários com perguntas objetivas, e em seguida aplicados a trinta
usuários do transporte público em Vitória da Conquista, tendo como pesquisa de campo o terminal
Lauro de Freitas. Os questionários foram aplicados em forma de entrevistas com uma estratégia de
melhores resultados e coesão dos mesmos.
Tabulação dos resultados por meio do Software Excel e, em seguida, geração de gráficos
para exposição dos resultados.
Interpretação dos questionários aplicados, tendo como base a conversa informal realizada no
momento de aplicação dos mesmos.
Mapeamento do terminal Lauro de Freitas e das ruas adjacentes por meio do programa
MapViewer (versão 7) utilizando a malha urbana de Vitória da Conquista. Este procedimento foi
necessário para verificar a realidade do terminal (tamanho e vias de acessos).
Análise das linhas e dos trajetos dos ônibus que fazem parte do transporte público urbano da
cidade.
Na ultima etapa, visou-se interpretar os dados e resultados obtidos, correlacionando-os, para
averiguar os seus possíveis efeitos sob os usuários. A realização do trabalho segue com descrição
dos resultados em forma de texto, mapas, tabelas e gráficos visando uma melhor compreensão dos
resultados, assim como sua coesão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para adentrar nos resultados, é preciso esclarecer que, justifica-se analisar o transporte
público de Vitória da Conquista, tendo como base o terminal Lauro de Freitas porque a maioria das
linhas dos ônibus são via terminal, das 55 linhas de ônibus 46 passam no centro e apenas 9 linhas
não são via terminal. Como pode ser observado na tabela 1.
Tabela 1. Relação das linhas dos ônibus que passam no centro, Vitória da Conquista, 2016. Fonte: Pesquisa
de campo, 2016.
Atualmente duas empresas fornecem serviços aos usuários do transporte público na cidade, a
frota da Cidade Verde e da Vitória, dispondo de 86 ônibus cada (sendo que seis ônibus, para cada
empresa, são reservados para os horários de maior movimento), totalizando um total de 172 ônibus.
O percurso que estes ônibus fazem para atender a população é dividido em quatro classes: linha D,
R, E e P. A linha D possui 14 ônibus que fazem o percurso Bairro-Centro-Bairro. A linha R possui
32 ônibus e atende os passageiros do centro para determinado bairro (Centro-Bairro), são os ônibus
diretos. A linha E, são os ônibus específicos para atender a empresa Dass e UESB (CEMAE x
UESB). A linha P faz o trajeto Bairro-Bairro, sem passar pelo Terminal de ônibus.
Por conseguinte, avaliando as linhas de ônibus que são via centro, na figura 2 pode observar
como o terminal em alguns horários do dia pode ter um fluxo muito grande pessoas e de ônibus.
Isto porque as linhas que veem das principais ruas e avenidas da cidade são via terminal Lauro de
Freitas.
Figura 2. Terminal Lauro de Freitas e ruas adjacentes, Vitória da Conquista, 2016. Fonte: Elaborado Por
Altemar Amaral Rocha com base em dados da pesquisa de campo, 2016.
Cabe ressaltar que como se observa no traçado denominado de número 2, é um dos trajetos
de maior fluxo, isso porque o mesmo é o percurso diário de muitos estudantes do ensino básico e da
maioria dos universitários, uma vez que este trajeto conduz às principais universidades do
município. Frisa-se também que os outros dois traçados (1 e 3), também conduzem os estudantes às
escolas e universidades, porém ambos veem de outros bairros, param no terminal e seguem para às
universidades e escolas. Os traçados 1 e 3 ainda têm outras grandes funções, traçado 1: acesso à
rodoviária, hospitais, escolas e ao Instituto Federal Baiano (IFBA), e traçado 3, acesso ao shopping,
hospitais, Assaí Atacadista, escolas e entre outros.
Diante destes resultados é possível avaliar que são muitos os problemas que podem ser
realidade do quotidiano dos usuários do transporte público no Terminal Lauro de Freitas.
Entrevistando os usuários constatou-se que o maior problema do terminal é o espaço
pequeno, 30% dos entrevistados afirmam que o terminal é pequeno para a grande quantidade de
ônibus. Os outros problemas foram insegurança com 22%, atraso dos ônibus também com 22% e
ainda com esse mesmo percentual aparece o tumulto como um problema também presente no
terminal, apenas 4% afirmaram não ver nenhum problema no terminal, esta relação pode ser
verificada na figura 3.
Figura 3. Percentual dos problemas do terminal Lauro de Freitas, Vitória da Conquista, 2016. Fonte:
Pesquisa de campo, 2016.
Assim, avaliando a relação do percentual dos problemas apontados, verifica-se que 96% das
pessoas entrevistadas apontam algum problema no terminal, o que faz dessa situação uma realidade
preocupante, uma vez que, como abarcado anteriormente, Vitória da Conquista é um espaço com
malha urbana extensa, com subcentros e com um grande contingente populacional. Logo, verifica-
se a urgência em resolver estes problemas. Por conseguinte, uma situação preocupante se faz nos
atrasos dos ônibus, haja vista que a maioria dos usuários utiliza o transporte publico para o trabalho
e/ou estudar.
Figura 4. Realidade do terminal Lauro de Freitas, Vitória da Conquista, 2016. Fonte: Pesquisa de campo,
2016.
Neste contexto, avaliando o fluxo de pessoas por turno (figura 5) observa-se que,
consideravelmente, todos os turnos têm significativa movimentação de pessoas no terminal, o
vespertino se apresenta como o turno mais movimentado, com 37 %, seguido da noite com 35% e
manhã com 28%.
Figura 5. Relação do fluxo de pessoas por turno no terminal Lauro de Freitas, Vitória da Conquista, 2016.
Fonte: Pesquisa de campo, 2016.
Com a tentativa de verificar a pontualidade ou atrasos dos ônibus (figura 6), optou-se em
realizar uma questão separada para avaliar esta situação, 50% dos usuários do transporte público
urbano apontam que os ônibus têm sempre atrasos, 43% afirmaram que o atraso é às vezes e 7%
que os ônibus raramente atrasam.
Figura 6. Percentual dos usuários que afirmaram atraso dos ônibus, Vitória da Conquista, 2016. Fonte:
Pesquisa de campo, 2016.
É importante salientar que estes atrasos dos ônibus se acentuam ainda mais nos finais de
semana e feriados, isto porque as frotas são reduzidas, uma entrevistada afirmou que muitas vezes
precisou optar por utilizar o serviço de táxi particular para chegar ao seu trabalho, porque os ônibus
atrasam muito e algumas vezes não passam em alguns horários.
Diante do processo de urbanização de Vitória da Conquista, considerando que esta é tida
como uma cidade média, com um espaço urbano extenso e fragmentado, assim como dos resultados
alcançados na análise do transporte publico urbano. É possível verificar a urgência em
planejamentos para o transporte público de Vitória da Conquista. Fica evidente que o terminal
Lauro de Freitas recebe um quantitativo exacerbado de ônibus, o que causa muito tumulto e,
consequentemente, atraso dos ônibus. Dessa forma, novos estudos são necessários para possíveis
planejamentos de reestruturação deste serviço, como desvinculação de algumas linhas com via
terminal Lauro de Freitas para outras áreas da cidade, isto tirando apenas o terminal do trajeto, para
não prejudicar os usuários.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Comprovou-se também que 96% dos entrevistados apontam algum tipo de problema no
terminal, 30% aponta que o maior problema é consequência do espaço pequeno, 22% insegurança,
com o mesmo percentual aparece os problemas de ser muito tumultuado e atrasos dos ônibus. Esta
conjuntura da maioria dos ônibus serem via centro, faz com que o terminal sempre tenha fluxo de
pessoas, o vespertino foi o turno mais apontado pelos usuários como de maior movimentação.
Em outro aspecto, verificou-se que novos estudos referentes ao transporte publico urbano de
Vitória da Conquista são necessários e que novos planejamentos para melhorias aos usuários destes
serviços são de extrema importância e urgência.
REFERÊNCIAS
RESUMO
O presente trabalho possui como objetivo principal realizar uma análise no tocante as condições de
saneamento básico apresentadas em dois bairros, São José e Manaíra, localizados na cidade de João
Pessoa – PB, os quais apresentam nítidas disparidades sociais. Diante disto, utilizou-se como
procedimentos metodológicos a operacionalização de mapas temáticos e tabelas, com base em
indicadores concernentes a assistência básica da população, obtidos junto ao censo demográfico por
setor censitário do IBGE (2010) agregado a dados adquiridos junto a AESA (2015); onde dentre os
indicadores utilizados estão a coleta de lixo, o esgotamento sanitário, o fornecimento de água,
dentre outros. Por meio da análise dos produtos gerados observou-se uma grande discrepância entre
os dois bairros analisados, o bairro de São José apresenta os piores indicadores quando comparado
com o bairro de Manaíra, essa diferenciação encontrada em bairros tão próximos, deve proporcionar
um questionamento no que diz respeito a efetivação das políticas sociais e de saúde que são
propostas nesta área, e principalmente a forma como o planejamento e a gestão dessas áreas estão
sendo desenvolvidas.
Palavras Chave: Saneamento Básico; Planejamento Urbano; Geoprocessamento;
ABSTRACT
The main objective of this study is to analyze the conditions of basic sanitation in two
neighborhoods, São José and Manaíra, located in the city of João Pessoa - PB, which show clear
social disparities. In view of this, thematic maps and tables were used as a methodological
procedure, based on indicators concerning the basic assistance of the population, obtained from the
demographic census by IBGE's census section (2010), added to data acquired from the AESA
(2015); where among the indicators used are garbage collection, sanitary sewage, water supply,
among others. By means of the analysis of the products generated a great discrepancy was observed
between the two neighborhoos analyzed, the São José neighborhood presents the worst indicators
when compared to the neighborhood of Manaíra, this differentiation found in neighborhoods so
close, should provide a questioning in what refers to the effectiveness of the social and health
policies that are proposals in this area, and especially the way in which the planning and
management of these areas are being developed.
Keywords: Basic Sanitation; Urban Planning; Geoprocessing;
INTRODUÇÃO
O crescimento urbano acelerado ocorrido a partir das últimas décadas na cidade de João
Pessoa – PB, trouxe consigo não apenas uma contínua crescente população, mas também as
consequências que essa combinação acarreta ao meio ambiente. Chamados de problemas ambientais
urbanos, essas consequências são pontos marcantes na sociedade atual, ocasionadas devido uma
urbanização sem planejamento nem gestão, acabam ocasionando transtornos para população.
Esse crescimento desordenado das cidades, ou seja, a macrocefalia urbana, faz com que elas
se tornem incapazes de absorver a população e fornecer moradia e renda, propiciando as instalações
de famílias em áreas precárias, constituindo as comunidades carentes, caracterizadas por serem
qualquer área de habitações irregulares, com carência em infraestruturas básicas como água, luz,
saneamento, esgoto, coleta de lixo e os demais serviços.
Levar em consideração a dinâmica ambiental é de suma importância na compreensão do
espaço urbano de modo que seja possível entender a problemática ambiental, quanto a natureza e o
espaço urbano, como afirma Souza (2002), quando acrescenta dizendo que raramente a cidade é
pensada como parte do meio ambiente natural, visto que isso se dá pela forma que a sociedade se
apropria da natureza, transformando-a.
Podendo ser definidas como a maior expressão das desigualdades sociais presentes no
espaço geográfico, onde a população carente passa a morar em áreas precárias para garantir o
mínimo de condições de vida, as instalações nessas áreas inadequadas causam alterações nessas
condições socioambientais. Em concordância, Silva e Travassos (2008) afirmam que as mudanças
nos padrões produtivos e nas dinâmicas populacionais alteram a natureza desses impactos e,
consequentemente, as condições socioambientais das aglomerações urbanas.
Diante disso, foi escolhido como recorte espacial dois bairros da cidade (Figura 1), sendo
eles os bairros São José e Manaíra. Esses bairros estão separados pelo curso do rio Jaguaribe,
importante rio urbano que corta toda cidade. Esse recorte foi escolhido devido às disparidades
sociais encontradas entre os dois bairros, visto que o bairro São José é uma comunidade carente,
construída de forma desordenada, sem estrutura e/ou planejamento, diferentemente do bairro
Manaíra, considerado um bairro de classe alta, a beira-mar, com grandes construções civis e centros
econômicos.
DESENVOLVIMENTO
Fazendo uso dos dados da base de informações do Censo Demográfico 2010 por setor
censitário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, publicado em 2011, em
combinação com dados oriundos de levantamentos feitos pela Agência Executiva de Gestão das
Águas da Paraíba – AESA, de 2015, foram construidos mapas temáticos, além de tabelas para
acréscimo de informações e dados, que tratam dos indicadores da assistência básica a população
dentro dos parâmetros do saneamento básico, como fornecimento de água, coleta de lixo e
esgotamento sanitário.
Para conceituação de saneamento é necessário ter em mente que ela assume distinções a
cada classe social, visto que a relação existente entre sua cultura, condições materiais, níveis de
conhecimento e acesso a informação, é capaz de transformar o entendimento de cada indivíduo a
esse conceito.
Segundo Moraes (1993), o saneamento pode ser definido como um conjunto de ações que
tem como busca a melhoria da salubridade ambiental, com o objetivo de prevenir doenças e a
promoção da saúde; ou seja, a noção de saneamento ligado ao entendimento da saúde, direito de
todo cidadão.
Tal qual Benjamin (2003), ao fazer análise dos componentes jurídicos que estão regendo o
direito ao saneamento, é possível constatar que segundo a Constituição Federal de 1988, o
saneamento é tido como um direito à saúde, sendo dessa forma, parte integrante do Sistema Único
de Saúde – SUS.
Esse entendimento da saúde como direito surge por volta dos anos 80, em meio a pressão
popular em movimentos sociais e políticos, e no debate sobre Reforma Sanitária existente, como
afirmam Borja e Moraes (2005). Com a Conferência Nacional da Saúde, ocorrida em 1986, seu
relatório ficou marcado como influenciador das mudanças teóricas e conceituais sobre a área de
saneamento, que posteriormente inspirou a delimitação dos princípios da política pública de
saneamento. Os debates dessa época, em conjunto com a política levaram a promulgação da
Constituição de 1988, onde a Saúde passa a ser um direito de todos e dever do Estado, obrigando-se
a ser igualitário e universal, como descrito no artigo 196 da Constituição: ―A saúde é um direito de
todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais e econômicas, que visem à redução do
risco de doença‖.
É importante também se atentar as diferenças entre o saneamento, e o saneamento
ambiental, o que conforme Meneses (1984) o saneamento se restringe apenas ao controle de
patogênese, ou seja, o que provoca direta, ou indiretamente, uma doença; por outro lado o
saneamento ambiental está ligado diretamente ao equilíbrio a administração dos recursos
ambientais, como também econômicos, culturais, sociais e principalmente populacionais.
Apesar dessa variância quanto ao seu entendimento, muito do que se compreende sobre
saneamento está ligado a infraestrutura, o que gera um distanciamento do saneamento ao que tange
a área da saúde, onde o Estado tem a sua obrigação de forma mais ampla e efetiva.
Em confirmação a isso, no Plano Municipal de Saneamento Básico de João Pessoa – PMSB-
JP, utilizando-se dos termos da lei, afirma que o saneamento é um marco no exercício de planejar,
corroborando ao Plano Diretor de João Pessoa – PDJP, estabelecido pela Lei Complementar N°
03/1992, sendo este o maior instrumento de planejamento, bem como políticas públicas de saúde,
meio ambiente, habitação e recursos hídricos do município em questão.
Como se sabe, o planejamento urbano nem sempre é favorável a todos os cidadãos, visto que
muitas vezes, contrariamente ao esperado, reafirma a segregação espacial, levando a população
carente cada vez mais longe dos centros urbanos, e da infraestrutura adequada.
Como é possível perceber, as ações de saneamento vêm sendo tratadas como política social,
em sua maioria, dessa forma, como direito social; e em outras vezes como política pública,
submetendo-se assim à lógica de mercado (Borja e Moraes, 2005), onde as desigualdades que
deveriam ser extintas, se agravam ainda mais.
Ainda no PMSB-JP, é citado o Estatuto das Cidades, de Lei N° 10.257/2001, que refere-se
ao direito a cidade sustentável. Essa lei definiu o Saneamento Básico como um conjunto de
serviços, infraestruturas e instalações operacionais relacionadas a processos de: 1. Abastecimento
de água potável; 2. Esgotamento sanitário; 3. Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas; e 4.
Manejo de resíduos sólidos.
Com isso em mente, serão analizados mapas sobre o abastecimento de água por rede geral,
esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos do bairro São José (Figura 2) e do bairro
Manaíra (Figura 3), organizados em prancha, deixando a drenagem e manejo das águas pluviais
urbanas, quarto e último pilar do saneamento, de fora, devido a indisponibilidade dos dados para
efetivação comparativa.
Nos mapas foram utilizados para classificação o ―Quintil‖, método estatístico que divide os
valores de uma amostragem em cinco partes iguais, destacando a mediana; ou seja, essa mediana
passa a ser representada pela classe média, central, de ocorrência daquele fenômeno, onde as classes
inferiores, ou quintis inferiores, representam a ocorrência abaixo da média, e as classes, ou quintis
superiores, representam a ocorrência superior a média do fenômeno em questão.
Foram utilizados os dados em setor censitário, visto que é a menor unidade territorial,
formada por área contínua, integralmente contida em área urbana ou rural, com dimensão adequada
à operação de pesquisas e cujo conjunto esgota a totalidade do Território Nacional, o que permite
assegurar a plena cobertura do País (IBGE, 2011). Assim, compreende os dados mais precisos
realizados no Brasil.
Tabela 1 – Domicílios com abastecimento de água Tabela 2 – Domicílios com outra forma de de
de poço ou nascente na propriedade; Organização: abastecimento água; Organização: Vinícius
Vinícius Genuino, 2017. Genuino, 2017.
Tabela 5 – Domicílios com lixo jogado em terreno baldio Tabela 6 – Domicílios com lixo jogado em de rio,
ou logradouro. Organização: Vinícius Genuino, 2017. lago ou mar; Organização: Vinícius
Com as tabelas 5 e 6 é concebível deduzir que apenas no bairro São José ainda exista o descarte do
lixo em terreno baldio, ou logradouro, mostrando o quanto o bairro ainda está aquém das políticas
de assistência quanto a coleta adequada do lixo, além da poluição marcante do Rio Jaguaribe, já
citado, ficando bem aparente graças a Tabela 6, onde demonstra que ainda 10 domicílios do bairro
jogam seu lixo no rio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que a Prefeitura de João Pessoa, nos últimos anos, tem buscado implementar uma
política de revitalização da área no bairro São José, o que entre propostas está a melhoria das
condições de saneamento básico desse bairro. Assim, será possível uma comparação entre os dados
utilizados na construção desses trabalho, com novos dados junto ao novo Censo que acontecerá em
2020.
Foi possível perceber as disparidades presentes entre os dois bairros analisados, o que nos
remete a efetivamente cobrar do Estado mais atuação nessa área, tanto nas condições de
saneamento, mas também no tocante ao rio Jaguaribe que vem sofrendo durante anos com o despejo
inadequado de esgoto e lixo em seu leito.
Muitas questões se levantam sobre a efetivação das políticas sociais e de saúde, e
principalmente quanto a efetivação desse planejamento, tanto no Plano Diretor, quanto no Plano
Municipal de Saneamento Básico, deixando interrogações sobre até que ponto essas políticas
governamentais estão a serviço da população, e não apenas do mercado imobiliário ou da
espacialização da mão de obra.
O saneamento é um direito de todo cidadão e deve ser exigido e construído de forma
conjunta, visto que a atuação cooperativa do orgãos gestores com a população torna a problemática
mais clara e passível de uma atuação mais rápida e efetiva. Em concordância, Ricão, et al (1987)
afirmam que um conjunto de ações sobre saúde pública, intrisecamente relacionadas a
infraestrutura, responsabilidade do Estado e coordenação e gestão de setores do governo, possuem
uma extrema necessidade da participação da população, com a identificação dos problemas,
planejamento, acompanhamento e análise do que está sendo feito.
Estar presente no contexto da cidade é consumar o direito a cidade, tornando-se visto,
mostrar que está presente e que aquela população merece, além de tudo por direito, ser assistida
pelo Estado, em qualquer área das políticas públicas e serviços quanto qualquer outro morador,
sejam eles de qualquer classe social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Walton Vieira de; FORMIGLE, Vera Lúcia de Almeida; SÁ, Marilene Castilhos; LEAL, Luiz
Maria Camacho. Reforma Sanitária e Saneamento: Algumas Contribuições e Propostas para
Discussão. Rio de Janeiro: FSESP/ABES, 1987. Não Publicado.
Tratamento de Resíduos,
Saneamento e Reciclagem
© Giovanni Seabra
RESUMO
O gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil, sobretudo no tocante à agricultura familiar, é
demasiadamente precário. O descarte desses materiais é um grande problema no país por ainda ser
utilizado um apanhado de técnicas usuais e inapropriadas, tal como a incineração, o aterramento, o
descarte irregular e demais modos de destinação de resíduos sólidos severamente impactantes.
Dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil dos últimos anos confirmam a crescente
produção de resíduos sólidos urbanos no Brasil, que no ano de 2015 chegou a cerca de 79,9 milhões
de toneladas, sendo cerca de 57% compostos por resíduos orgânicos. Esse ascendente cenário revela
a necessidade cada vez maior do Estado e da população de se fazer o manuseio menos impactante
ao meio ambiente. Sabendo-se do crítico cenário ambiental mundial, comumente associado ao
consumismo desenfreado da ordem capitalista de produção, faz-se necessário a busca por
alternativas de gerenciamento dos resíduos sólidos. Através disso, a pesquisa se apresenta a partir
de uma discussão fundamentada em pesquisa bibliográfica e documental, assim como o
levantamento de dados secundários, que permitem a análise da destinação dos resíduos sólidos.
Dessa forma, é apresentado, dando enfoque na agricultura familiar, um apanhado de alternativas
para o manuseio desses resíduos sólidos, especificados e trazidos em lei específica, tais como:
reutilização, reciclagem e compostagem.
Palavras-chave: Resíduos Sólidos; Educação Ambiental; Agricultura Familiar.
ABSTRACT
The solid waste management in Brazil, especially in relation to family agriculture, is very
precarious. The disposal of these materials is a major problem in the country because still of the use
of usual and inappropriate techniques, such as incineration, grounding, irregular disposal and other
solid waste disposal impactful techniques. Data from the Solid Waste Panorama in Brazil in recent
years confirm the growing production of urban solid waste in Brazil, which in the year 2015
reached about 79.9 million tons, of which about 57% are composed of organic waste. This
ascending scenario reveals the growing need for the State and the population to make the least
impactful handling of the environment. Knowing the critical environmental scenario that the planet
has suffered, commonly associated with the unbridled consumerism of the capitalist order of
production, it is necessary to search for alternatives to solid waste management. Through this, the
research presents itself from a discussion based on bibliographical and documentary research, as
24
Trabalho orientado pelo Professor Doutor Edson Vicente da Silva, Departamento de Geografia, Universidade Federal
do Ceará, Fortaleza, Ceará.
well as the collection of secondary data, which allow the analysis of the solid waste‘s destination. In
this way, it is presented, focusing on family agriculture, a collection of alternatives for the handling
of solid waste, specified and brought into specific law, such as: reuse, recycling and composting.
Keywords: Solid Waste; Environmental Education; Family Agriculture.
INTRODUÇÃO
Com o atual modo de vida no qual o homem encontra-se inserido, caracterizado pelo sistema
capitalista e pelo consumismo, intimamente ligado a produção, tem-se como fruto das atividades
humanas a produção de resíduos sólidos, lixos ou rejeitos, onde o que não é de interesse da indústria
nem do consumidor é assim reconhecido. Os resíduos sólidos se tornaram um dos grandes
problemas enfrentados pela sociedade contemporânea, principalmente devido sua disposição
inadequada, a qual está entre as principais ações antrópicas que resultam na poluição do ambiente
do qual fazemos parte.
Resíduos sólidos são definidos, segundo o Art. 3° da Lei Federal 12.305/10, que trata a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, como:
Grande parte dos resíduos produzidos são dispostos inadequadamente, ou seja, não é dada a
destinação final considerada ambientalmente adequada, o que inclui ―reutilização, reciclagem,
compostagem, recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos
órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa‖ (Art. 3° da Lei Federal 12.305/10).
Diante disso, o objetivo do presente artigo configura-se numa discussão teórica sobre como
a destinação adequada dos resíduos sólidos podem resultar numa melhoria ambiental, tendo como
foco especial a destinação na agricultura familiar. Tendo como intuito elucidar alternativas para o
descarte correto desses resíduos, são apresentadas algumas possibilidades a partir do gerenciamento
de resíduos sólidos, fáceis de serem aplicadas e de baixo custo, efetivas na minimização dos
impactos ambientais, sociais e econômicos.
METODOLOGIA
Conforme a NBR 10.004 da ABNT (2004), os resíduos sólidos urbanos podem ser definidos
como, resíduos no estado sólido e semi-sólido, que resultam da atividade da comunidade de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, serviços e varrição. Segundo o Panorama dos
Resíduos Sólidos no Brasil apresentado pela ABRELPE (2015), o Brasil produziu cerca de 79,9
milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos no ano de 2015, o que indica um crescimento em
relação ao ano anterior, como se pode observar na figura 1:
Figura 1 – Geração de resíduos sólidos urbanos por dia no Brasil no ano de 2014 e 2015.
(ABRELPE, 2015, p. 19).
Pode-se analisar ainda que, desse total, cerca de 72,5 milhões de toneladas são coletados, o
que faz com que cerca de 7,3 milhões de toneladas de resíduos não sejam coletados e
consequentemente tenham uma destinação imprópria. Percebe-se na figura 2, que assim como a
quantidade de resíduos sólidos produzidos cresceu em relação ao ano anterior, o mesmo também
ocorreu com os resíduos coletados. Sendo a região Sudeste a responsável por quase 53% do total
dos serviços de coleta do país, como se pode observar na figura 3 (ABRELPE, 2015).
Figura 2 - Coleta de resíduos sólidos urbanos por dia no Brasil no ano de 2014 e 2015. (ABRELPE,
2015, p. 19).
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 614
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
Figura 3 – Resíduos sólidos urbanos coletados por região. (ABRELPE, 2015, p. 20).
Acerca da disposição final dos resíduos sólidos, dos que foram coletados em 2015, por volta
de 42,6 milhões de toneladas seguiram para aterros sanitários. Porém, aproximadamente 30 milhões
de toneladas de resíduos foram dispostos em lixões ou aterros controlados, que recebem em torno
de 82.000 toneladas de resíduos por dia, com grande potencial de poluição ambiental, como
demonstra a figura 4 Sendo esses, ausentes de medidas necessárias para a proteção do meio
ambiente contra danos e degradações, e por isso considerado impróprios. É importante ressaltar, que
essa prática ainda ocorre em 3.326 municípios dispostos em todos os estados brasileiros
(ABRELPE, 2015).
Figura 4 – Disposição final de resíduos sólidos urbanos no Brasil por tipo de destinação (t/dia).
(ABRELPE, 2015, p. 23).
Segundo a ABRELPE (2015), dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil cerca de
57% são compostos por resíduos orgânicos, comumente associados aos restos de alimentos,
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 615
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
seguidos de 17% constituídos por plástico, 13% por papel, 2% por vidro, 2% por metal e 9% por
outros materiais. Com isso, é possível perceber que há destinação adequada de objetos compostos
por alumínio, plástico, entre outros, antes de chegar a disposição final, no entanto, o mesmo não
ocorre com os resíduos orgânicos. Resíduos orgânicos esses que podem ser transformados em
excelentes fontes de nutrientes para o solo e para a produção advinda da agricultura familiar.
DISCUSSÃO
Figura 5 – Sistematização dos passos para disposição adequada de resíduos sólidos. (Adaptado de
KONDOGEORGOS, 2017).
Quando essa disposição correta não ocorre, diversos problemas ambientais são
desencadeados, como a degradação do solo, a poluição de rios e aquíferos subterrâneos pela
percolação do chorume; poluição atmosférica pelas emissões de gases tóxicos quando os resíduos
são queimados; agravamento do aquecimento global; aumento da proliferação de fauna relacionada
à transmissão de doenças por vetores; além de poluição visual através da deterioração da paisagem.
Dessa forma, apresentam-se algumas alternativas como métodos de gerenciamento de
resíduos sólidos, aplicáveis por qualquer pessoa em qualquer ambiente. São elas, a saber:
reutilização, reciclagem e compostagem.
A reutilização de resíduos sólidos se dá no prolongamento da vida útil de determinado bem,
conservando suas características iniciais a fim de exercer a mesma função sem prejuízo final de seu
produto. Ressalta-se que a reutilização de resíduos sólidos ―[...] como insumo nos processos
produtivos gera benefícios diretos, tanto na redução da poluição ambiental causada pelos aterros e
depósitos de lixo como em benefícios indiretos relacionados à conservação de energia‖
(GOUVEIA, 2012).
Esse método já é amplamente utilizado na produção brasileira no que condiz a indústria de
bebidas que adota a reutilização a partir de garrafas retornáveis. Isso faz com que o resíduo sólido
seja reutilizado algumas vezes antes mesmo de ser reciclado, o que barateia o valor do produto
final, tanto para produtores como para consumidores, assim como utiliza da vida útil possível que o
material tem a oferecer antes de ser descartado por completo ou reciclado.
Dentro do âmbito doméstico isso se evidencia, por exemplo, na reutilização das embalagens
de plásticos e vidros destinados ao acondicionamento de alimentos e bebidas, função inicial que
esse material exercera antes de ser resíduo para reutilização e que pode ser aplicado também no
acondicionamento de sementes na agricultura familiar ou reutilização de caixa de ovos para
germinação de sementes, por exemplo.
Outra alternativa é a reciclagem. A própria Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010,
define em seu texto que o termo reciclagem se refere ao
A destinação a partir da reciclagem pode ainda ser feita por qualquer pessoa, como em
comunidades rurais, na confecção de composteiras utilizando garrafões de água, na construção de
hortas verticais com garrafas PET‘s, entre outras.
O terceiro método aqui exposto é o de compostagem. Ferreira, Borba e Wizniewsky (2013),
Podemos evidenciar que esse método é facilmente providenciado através dos resíduos
orgânicos provenientes do próprio lixo doméstico. Já para os agricultores familiares, a técnica é
interessante porque muitos dos restos das próprias culturas podem ser utilizados na compostagem.
Cria-se um adubo natural e barato para a fertilização dos solos, sobretudo os solos com baixa
fertilidade natural.
Seus benefícios são dos mais variados, desde o aumento do número de minhocas no solo, de
insetos e microrganismos, ―até o que se chama de ―adubação de disponibilidade controlada‖, onde a
planta retira apenas os nutrientes que necessita, diferentemente do que se é proposto por adubos
sintéticos‖ (FERREIRA; BORBA; WIZNIEWSKY, 2013, p. 308).
De forma geral, a ―compostagem transforma os diferentes tipos de resíduos orgânicos em
adubo, que adicionado ao solo, melhora suas características física, físico-químicas e biológicas‖
(OLIVEIRA; AQUINO; NETO, 2005). Sendo assim, restringe-se aos materiais orgânicos, o que
revela que os demais resíduos sólidos que não se enquadram nessa categoria sejam gerenciados com
outras formas e métodos, sobretudo os anteriormente falados.
Salienta-se, mais uma vez, que todos os métodos aqui citados estão diretamente ligados para
a população no âmbito familiar e da agricultura familiar, de forma a ser um componente diário de
manuseio e gerenciamento de resíduos sólidos produzidos por eles. Estratégias essas atreladas à
educação ambiental e a conscientização do uso dos recursos naturais, de forma a contribuir para a
nossa discussão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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sobre as possibilidades de reaproveitamento do lixo de propriedades hortícolas. XLIV
CONGRESSO DA SOBER, Fortaleza, Sociedade Brasileira de Sociologia Rural, 2006.
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Altera A Lei no 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998; e Dá Outras Providências.
DAROLT, Moacir Roberto. Lixo Rural: Entraves, estratégias e oportunidades. Ponta Grossa: 2002.
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OLIVEIRA, Arlene Maria Gomes; AQUINO, Adriana Maria; NETO, Manoel Teixeira de Casto.
Compostagem Caseira de Lixo Orgânico Doméstico. Embrapa, Circular Técnica 76. Bahia,
2005.
RESUMO
Desde os primórdios, a relação entre a sociedade e os resíduos produzidos pela mesma é
conflituosa. Apesar da busca atual por uma relação equilibrada entre as partes, ainda existem muitas
fragilidades no sistema de produção x consumo x responsabilidade ambiental na destinação dos
resíduos sólidos a serem melhoradas. Diante da premissa, da escola como espaço de aprendizado e
construção do conhecimento, este trabalho buscou conhecer e diagnosticar a situação atual do
gerenciamento de resíduos sólidos em uma instituição de ensino privado do município de Pau dos
Ferros - RN. Para tanto, foram identificadas as características do estabelecimento escolar como as
iniciativas e os trabalhos ambientais desempenhados na mesma, apresentadas as principais
problemáticas relacionadas à gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos e analisada a estrutura da
instituição para o acondicionamento dos resíduos. Verificou-se que há práticas que carecem de
adequação ambiental, entre elas, a necessidade da implantação de trabalhos ambientais relacionados
à gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, tais como, a técnica da coleta seletiva. Nesse sentido,
também foi indicada a criação e adoção de mecanismos que promovam a sensibilização ambiental
na comunidade escolar (alunos e colaboradores), essencial para o correto gerenciamento dos
resíduos gerados.
Palavras-chave: Escola, Coleta Seletiva, Educação Ambiental, Política Nacional de Resíduos
Sólidos.
ABSTRACT
From the beginning, the relationship between society and the waste produced by it is conflicting.
Despite the current search for a balanced relationship between the parties, there are still many
weaknesses in the system of production x consumption x environmental responsibility in the
destination of solid waste to be improved. Given the premise of the school as a space for learning
and knowledge construction, this work sought to know and diagnose the current situation of solid
waste management in a private educational institution of the municipality of Pau dos Ferros - RN.
For that, the characteristics of the school were identified as the initiatives and environmental work
carried out in it, presented the main problems related to the management and management of solid
waste and analyzed the structure of the institution for the packaging of waste. It was verified that
there are practices that lack environmental adequacy, among them, the need to implement
environmental works related to solid waste management and management, such as the selective
collection technique. In this sense, it was also indicated the creation and adoption of mechanisms
that promote environmental awareness in the school community (students and employees), essential
for the correct management of waste generated.
Keywords: School, Selective Collection, Environmental Education, National Policy on Solid
Waste.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
O objeto de estudo desta pesquisa foi uma escola de ensino privado que funciona de segunda
a sexta-feira, oferece os ensinos infantil e fundamental I e II, possui quadro de funcionários
composto por 48 colaboradores distribuídos nos cargos de Auxiliar de Serviços Gerais – ASG,
Auxiliar de Serviços Diversos – ASD, Professor, Auxiliar de Professor, Coordenação Pedagógica e
Direção Administrativa, e tem uma comunidade estudantil com aproximadamente 360 alunos da
faixa etária de 1 aos 15 anos de idade. O estabelecimento escolar também possui uma cantina em
que são ofertados lanches para os discentes e docentes, e está localizado na cidade de Pau dos
Ferros – RN (6º06‘45.9‖S; 38º12‘29.5‖W). Esta escola está contabilizada nas 16 instituições de
ensino, incluindo as públicas e privadas que estão inseridas no município do alto oeste potiguar.
O presente trabalho apresenta um caráter descritivo, pois buscou o levantamento das
características da instituição de ensino privada e a identificação dos problemas na gestão dos
resíduos sólidos, bem como, a proposição de medidas ambientais apropriadas e em acordo com a
legislação vigente, para a realidade local.
Métodos exploratórios foram utilizados na realização de visitas in loco, observação direta,
realização de entrevistas, registros fotográficos e identificação dos locais de acondicionamento dos
resíduos sólidos, permitindo a execução de uma análise preliminar e configurando o trabalho como
um estudo de campo conforme Gil (2008). O embasamento teórico-científico também norteou a
realização e discussão dos dados obtidos com a pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Esses resíduos são coletados diariamente no fim do expediente diurno pelos ASGs e
transportados para o armazenamento externo (Figura 02) localizado aos fundos da escola, em que é
recolhido pelos responsáveis pela limpeza urbana municipal três vezes por semana. Esse não possui
nenhuma proteção contra fatores climáticos e nem contra vetores. Por conta do pequeno porte deste,
grande parte dos resíduos gerados pela escola são alocados ao lado do armazenamento, facilitando
assim o contato dos resíduos com animais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gestão dos resíduos sólidos no Brasil atualmente apresenta uma situação precária e
desafiadora. Com a deficiência do saneamento básico do país, compromete-se a saúde da população
e a qualidade dos recursos naturais. Nesse sentido, percebe-se que embora haja inciativas
ambientais importantes, ainda ocorre a carência de uma cultura sustentável nas práticas ambientais
da instituição educacional analisada, no que se refere à Gestão e Gerenciamento de Resíduos
Sólidos, tais como a redução e a hábito de reutilização do papel (resíduo mais produzido na escola).
Além dessa ausência, a técnica da coleta seletiva torna-se essencial para um bom
gerenciamento dos resíduos, necessitando-se da utilização de contêineres devidamente
identificados. Com isso, pode-se também buscar parcerias com catadores a fim de destinar os
resíduos com potencial para a reciclagem.
REFERÊNCIAS
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Health, v. 1385 (1386), 2013.
RESUMO
Este estudo objetiva analisar a gestão dos resíduos sólidos dos municípios de Aracaju(SE) e João
Pessoa(PB), localizados na região nordeste do Brasil, focando nas formas de disposição final e
problemas enfrentados para o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal
nº 12.305/2010), de modo a promover a compreensão e sensibilização para futuras ações. Para o
desenvolvimento do trabalho utilizou-se a pesquisa de campo e coleta de dados secundária. A
pesquisa caracteriza-se como exploratória, cuja tabulação dos dados foi realizada por meio do
arquivo no formato XLSX (Excel 2003/2007). Verificou-se que ambos municípios possuem
características socioeconômicas semelhantes e enfrentam dificuldades orçamentárias para o
cumprimento das metas estabelecidas na PNRS, o que comprova a insustentabilidade do atual
sistema de gestão e gerenciamento de resíduos, sendo à taxação e tarifas para os resíduos sólidos
uma possibilidade de cenário futuro.
Palavras-Chave: Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disposição final de resíduos. Nordeste
Brasileiro. Déficit orçamentário. Taxa de Resíduos.
ABSTRACT
This study aims to analyze the solid waste management of the municipalities of Aracaju (SE) and
João Pessoa (PB), located in the northeastern region of Brazil, focusing on the forms of final
disposal and problems faced to comply with the National Solid Waste Policy Federal No. 12,305 /
2010), in order to promote understanding and awareness for future actions. Field research and
secondary data collection were used for the development of the work. The research is characterized
as exploratory, whose tabulation of the data was done through the XLSX format file (Excel
2003/2007). It was verified that both municipalities have similar socioeconomic characteristics and
face budgetary difficulties to the fulfillment of the goals established in the PNRS, which proves the
unsustainability of the current waste management and management system, being the taxation and
tariffs for solid waste a possibility of Future scenario.
Keywords: National Policy on Solid Waste. Final disposal of waste. Brazilian Northeast. Budgetary
deficit. Waste Rate
INTRODUÇÃO
Como equacionar a gestão de resíduos sólidos urbanos - RSU - diante de uma sociedade
com crescimento vertiginoso em um cenário de galopante aumento populacional, progressivo,
aperfeiçoamento produtivo e fetichismo tecnológico? É possível diminuir a geração desses resíduos
e os custos atribuídos aos sistemas de gerenciamento municipal? Como atingir as metas impostas
pela Lei Federal 12.305/2010 (Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos-PNRS)? Qual é o papel
do cidadão brasileiro dentro desse contexto atual dos resíduos sólidos urbanos e mudança de
cenários para a sustentabilidade do sistema? Há respostas para tais indagações?
O Brasil enfrenta desafios, considerados por muitos, como quase inalcançáveis com relação
à gestão de seus resíduos sólidos urbanos. Grande parte das cidades brasileiras apresenta um
panorama complexo em relação aos modelos de gestão/gerenciamento de resíduos sólidos adotados,
revelando uma diversidade de problemas na sua execução (JACOBI, 2004).
De acordo com a ABRELE (2015) no Brasil houve aumento em números absolutos e no
índice de disposição adequada em 2015: cerca de 42,6 milhões de toneladas de RSU, ou 58,7% do
coletado, seguiram para aterros sanitários. Por outro lado, registrou-se aumento também no volume
de resíduos enviados para destinação inadequada, com quase 30 milhões de toneladas de resíduos
dispostas em lixões ou aterros controlados, que não possuem o conjunto de sistemas e medidas
necessários para proteção do meio ambiente contra danos e degradações (ABRELPE, 2015).
Justifica-se tal realidade pela falta de projetos bem elaborados, simples, eficientes, com
flexibilidade técnica-operacional e compatíveis com a realidade socioeconômica dos municípios
brasileiros, o que se constituem um entrave para o equacionamento dos problemas relacionados aos
resíduos sólidos (BORDIGNON et. al, 2011).
Também, segundo o Tribunal de Contas da União – TCU, há desperdício gerado pela má
aplicação de recursos financeiros, obtidos por meio de convênios, para construção de aterros
sanitários. De acordo com o TCU (2011) o valor total de convênios para construção de aterros
sanitários foi de cerca de R$ 20 milhões (U$ 6.31 milhões25) ou 31% do valor transferido pelo
órgão para tal fim no período de janeiro/2000 a abril/2011. A conjectura para esta realidade pode ter
ocorrido, provavelmente, por problemas como desvio de finalidade, abandono de obra parcialmente
realizada, ausência de operacionalização correta de aterro sanitário concluído, levando-o à condição
de lixão, etc (TCU, 2011).
Destaca-se que que o mercado de limpeza urbana é de extrema relevância no cenário
econômico do país, a exemplo, superou a casa dos R$ 27,5 bilhões ($ 8,68 bilhões) em 2015
(ABRELPE, 2016). Sendo o Nordeste do país responsável por 5.952 milhões/ano ($1.9 milhões) em
25
Considerada cotação do dólar R$ 3,16 (três reais e dezesseis centavos).
2014 e 6.158 milhões/ano ($1.94 milhões) em 2015. Já em relação a despesa total com o manejo
dos resíduos sólidos, quando rateada pela população urbana, resulta em um valor médio anual de
R$110 ($34,74) por habitante, partindo de um patamar inferior médio de R$78,71 ($ 24,86) para
municípios até 100 mil habitantes (SNIS, 2014).
Salienta-se que o panorama de geração per capita de resíduos nas regiões Centro-Oeste,
Nordeste e Norte do Brasil corresponde a 1,63kg/hab./dia (Brasília (DF)), 2,23kg/hab./dia
(Fortaleza(CE)), e 1,33kg/hab./dia (Manaus (AM)), respectivamente, no ano de 2014
(MCIDADES/SNSA, 2016).
No contexto, visualiza-se que os programas executados pelos estados e municípios
brasileiros, são mais paliativos do que preventivos, o que aponta a falta de racionalidade política
com relação à gestão de resíduos sólidos municipais.
Pelo posto, pode-se observar que a Política Nacional de Resíduos Sólidos ("PNRS"),
instituída pela Lei nº. 12.305/2010 e regulamentada pelo Decreto nº. 7.404/2010, que estabeleceu
prazo para ações como a eliminação de lixões e a, consequente, disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos, é um marco histórico na gestão ambiental do País. Contudo, os desafios por
soluções diante dos cenários municipais envolvem estruturação estratégica para que se sejam
revertidas as problemáticas quanto as: limitações de ordem financeira municipais; deficiência no
quadro técnico, no que tange ao quantitativo de funcionários e eficiência do quadro;
descontinuidade política e administrativa, entre outros (SILVA, 2014).
Assim, compreender o cenário atual de gestão e gerenciamento de resíduos, a exemplo, na
região nordeste do país que somatiza uma população urbana de 56.915.936 milhões de habitantes e
que possuem uma taxa de urbanização superior a 90% nas capitais e média de PIB per capita, base
ano 2014, de R$ 22.835,86 (vinte e dois mil, oitocentos e trinta e cinco reais e oitenta e seis
centavos) (IBGE, 2016) torna-se imprescindível para o planejamento de estratégias regionais.
Então, a partir do cenário descrito o objetivo principal do estudo foi compreender o
planejamento executado na gestão dos resíduos sólidos urbanos nas capitais nordestinas Aracaju
(SE) e João Pessoa (PB), que foram escolhidos pela possibilidade de comparação devido às
características socioeconômicas semelhantes, porém com discrepância nas ações de gerenciamento
de resíduos sólidos, o que vem a propiciar o entendimento das realidades locais com destaque para
as potencialidades e ameaças enfrentadas no sistema.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada de forma indutiva, partindo-se da realidade para a formulação de
hipóteses explicativas e de planificação de políticas públicas visando a gestão adequada dos
resíduos sólidos urbanos (ALMEIDA, 2012).
Na região nordeste do país cuja densidade demográfica apresentada foi de 34,1 hab/Km² e o
crescimento demográfico de 1,3% ao ano, conforme dados do Censo Demográfico (IBGE, 2010), é
de grande valia observar o crescimento populacional, a exemplo, das capitais de modo a possibilitar
projeções na gestão dos resíduos a longo prazo. Para tanto, foi analisado o período de 2010 a 2016 e
neste observa-se que a capital regional Aracaju (SE) apresentou o maior crescimento populacional
no período, com aumento de 12,32% de sua população, passando de 571.149 hab. para 641.523
hab., o oposto da capital regional Teresina (PI) que apresentou um menor crescimento populacional
entre as capitais, correspondendo a 4% de aumento, 0,57% ao ano, conforme Gráfico 1.
Gráfco 1: Crescimento populacional das capitais do nordeste brasileiro de 2010 para 2016.
Quanto aos dados econômicos das capitais, analisou-se os valores de rendimento per capita
dos anos de 2015 e 2016 de modo a identificar a variação do crescimento econômico nos ultimos
anos nas cidades, como apresentado no Gráfico 2.
Gráfico 2: Rendimento Per Capita anos 2015 e 2016 das capitais do nordeste brasileiro.
R$ 2.000,00 0,00%
-10,00%
R$ 0,00 -20,00%
A partir da análise do Gráfico 2 é possível identificar que houve queda dos valores dos
redimentos per capita do ano de 2015 para 2016 na maioria das capitais nordestinas, com destaque
para Natal que obteve -13% no período. Salienta-se que o crescimento nos rendimentos foi
observado apenas nas cidades de Recife (10%), João Pessoa (8%) e Aracaju (9%). Entende-se que o
cenário apresentado esta correlacionado com a crise econômica vivenciada no país. Fechando o
panorama socioeconomico das capitais foi feito comparativo entre a variação da desocupação e
rendimentos dos anos de 2015 e 2016, Gráfico 3.
Gráfico 3: Relação crescimento dos rendimentos per capita e crescimento desocupação nos 2015 e 2016 das
capitais do nordeste brasileiro.
0,00%
%
-100,00%
Capitais do nordeste brasileiro
As capitais da região Nordeste do país somatizam 6.293.155 t/ano (SNIS, 2016) depositadas
em aterros sanitários, tendo em vista a regularização de todas as capitais para na disposição final de
resíduos, Tabela 1.
Legenda:
a) Tanque de chorume;
b) Célula de disposição de resíduos;
c) Flare enclausurado – queima de biogás;
d) Galpão de resíduos inertes.
O CGR foi instalado no Estado de Sergipe no ano de 2011 e foi projetado para receber os
resíduos de 17 municípios do estado, não revelados pela empresa responsável, mas principalmente
do município de Aracaju devido ao maior quantitativo gerado. Entretanto, a negociação junto à
Prefeitura Municipal de Aracaju foi dificultada pela alegação de inviabilidade financeira de
remoção dos resíduos coletados para o aterro sanitário, devido à distância a ser percorrida (SILVA,
2014)
Desde então, a empresa Estre Ambiental tentou viabilizar a negociação e, para reverter a
alegação no que refere a inviabilidade por distância, construiu uma Unidade de Transbordo no
município de Nossa Senhora do Socorro, localizada no quilômetro 9, na BR 235, distante 11km do
centro de massa da capital Aracaju (os cálculos da distância foram feitos tendo como referência o
centro do município). Assim, os resíduos ali dispostos, posteriormente, são enviados para o Centro
de Gerenciamento de Resíduos - CGR - no município de Rosário do Catete pela referida empresa.
Segundo Silva (2014) a regularização quanto à disposição final dos resíduos sólidos
praticada pelo município de Aracaju, ocorrida no ano de 2013, obedece a Lei Federal nº
12.305/2010, que determina a finalização dos lixões até 2014. Tem-se então, com relação ao antigo
Lixão da Terra Dura, a necessidade de monitorar e recuperar toda a área degradada de forma que
possa ser possível seu posterior reaproveitamento conforme preconiza o Decreto nº 7.217/2010 da
Política Nacional de Saneamento Básico - PNSB.
Bayeux, Cabedelo, Conde, Cruz do Espírito Santo, Lucena e Santa Rita. Entretanto, vale salientar,
que os municípios de Cruz do Espírito Santo e Lucena ainda não dispõem seus resíduos no referido
aterro (SILVA, 2014). A Figura 2 mostra uma célula de disposição de resíduos do Aterro
Metropolitano de João Pessoa.
Figura 2: Célula de disposição de resíduos no aterro metropolitano do município de João Pessoa/ PB.
Fonte: Silva, 2014.
Gráfico 4: Total de resíduos urbanos domiciliares coletados nos municípios de Aracaju e João Pessoa (t/ano)
toneladas/ano
500.000,00
400.000,00
300.000,00
200.000,00
100.000,00
0,00
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
No Quadro 1 pode-se observar o cenário dos municípios em relação aos resíduos sólidos e as
possíveis dificuldades a serem enfrentadas para implementação da PNRS. A análise proposta do
Quadro 1 é vista como complexa, pois discute-se planejamento, processo de decisão,
funcionalidade da gestão aplicada, alcance de tal da gestão no município, dados de produção de
resíduos e eficiência no gerenciamento destes
Quadro 1: Elementos de identificação dos serviços prestados em relação aos resíduos sólidos nos municípios
de Aracaju - SE e João Pessoa – PB, no período de 2003 à 2012
para que sejam possibilitadas as atividades operacionais do gerenciamento correto dos resíduos nos
municípios, principalmente os de pequeno porte.
No que se refere à cobrança da taxa para a execução dos serviços que englobam os resíduos
sólidos, o município de João Pessoa/PB cobra uma taxa específica anual. Já em Aracaju essa taxa
não é cobrada, pois, embute-se, como na maioria dos municípios brasileiros, no Imposto Predial
Territorial Urbano (IPTU). No entanto, o valor irrisório cobrado pelo município de João Pessoa,
conforme informações repassadas pelo gerente responsável, não cobre o valor das despesas com o
serviço.
O montante arrecadado com a cobrança da taxa de resíduos no município de João Pessoa
fica em torno de R$ 12 milhões por ano (U$4.969.355,64), o que representa 1/7 (um sétimo) dos
custos municipais com limpeza urbana, tendo em vista que os custos anuais do município com
limpeza urbana são de aproximadamente R$ 69 milhões (U$28.573.794,93), segundo informações
do gestor responsável. Soma-se a esses fatores o alto índice de inadimplência da taxa de resíduos,
mais de 50% (SILVA, 2014)
Segundo informações do gestor responsável, no município de Aracaju não se justifica a
cobrança de taxa específica para os resíduos produzidos sem, no entanto, explicar tal fato.
Evidencia-se que, a ausência de tarifário para a coleta e disposição final de resíduos pode
representar um empecilho à sustentabilidade dos sistemas em face da limitação orçamentária dos
municípios para arcar com os custos de operação e manutenção desses sistemas. A taxa de
resíduos, constante na PNRS, pode ser vista como uma forma de estratégia na gestão integrada de
resíduos sólidos, possibilitando a tarifação individual como pagamento pelo benefício do tratamento
visando à proteção ambiental. Por outro lado, atrelar tarifas ou taxas individuais para resíduos
sólidos, não é uma questão fácil de ser absorvida pela população, principalmente por se tratar de
resíduos sólidos e pela cultura de disposição irregular.
Dessa forma, reflexões com relação à taxação e tarifas para os resíduos sólidos são
importantes, principalmente, porque as experiências existentes no Brasil têm encontrado muitas
barreiras, notadamente, pelo tipo de serviço oferecido, isto é, a população não consegue perceber o
benefício ambiental que está comprando. Isto decorre de vários fatores, como: distribuição desigual
de renda no País com a não satisfação das necessidades básicas, falta de acesso aos serviços de
infraestrutura pública, carga tributária elevada e a não integração da educação ambiental como fator
primordial de conscientização para preservação do meio ambiente como um todo.
CONCLUSÃO
O estudo reforçou o desafio a ser enfrentado e a complexidade das ações necessárias para o
alcance da Lei Federal nº 12.305/2010, pelos municípios, mesmo naqueles com estrutura básica
para possíveis mudanças, com gestores conscientes e verbas federais disponíveis para a
implementação das ações.
Faz-se necessária mão de obra qualificada e maior comprometimento político independente
da continuidade administrativa e de interesses políticos diretos e indiretos para a viabilidade do
gerenciamento dos resíduos sólidos, além de maior esclarecimento das diretrizes e aplicação dos
instrumentos pelo Governo Federal.
O município de Aracaju por ser de pequena dimensão, quando comparado a outros
nacionais, torna-se potencialmente favorável para aplicação dos instrumentos da PNRS. No entanto,
percebem-se na capital fortes entraves por parte de lideranças políticas, o que implica no
retardamento dos processos legais e necessários para mudança do cenário. Também se percebe que,
as tomadas de decisões na adoção de soluções de gerenciamento de resíduos sólidos realizada, de
maneira geral, de forma empírica e sem critérios técnicos bem definidos, tornam-se um obstáculo
ainda maior para a implementação das ações mínimas necessárias para o alcance da Política
Nacional de Resíduos e que implica no não cumprimento dos prazos pré-estabelecidos na
legislação.
Em João Pessoa, capital da Paraíba, o cumprimento das normativas da PNRS parece estar
alcançável. O município já atende a algumas das exigências determinadas pela Lei Federal, como
exemplo, Aterro Sanitário Metropolitano, Plano de Recuperação de Área Degradada do antigo
lixão, contratação das empresas de limpeza urbana realizada sob regimes de licitação, efetua a
reciclagem de parte dos resíduos da construção civil, entre outros.
Apesar dos municípios estarem de acordo com a PNRS, no que diz respeito ao Aterro
Sanitário, observa-se que não ocorre um gerenciamento correto desses resíduos, de modo que venha
a ser reduzido o quantitativo disposto no aterro, ou seja, maximizar a disposição apenas de rejeitos,
conforme preconiza a PNRS.
Os resultados mostraram também que a ausência de informações consistentes e
sistematização parametrizada de dados sobre quantidades, composições de resíduos sólidos e de
indicadores de qualidade de eficiência destes sistemas inviabilizam o planejamento estratégico de
ações.
REFERÊNCIAS
BORDIGNON. L.P.; BORDIGNON, S. M.; SOUZA, M.A.; SILVA, C.A. Coleta de resíduos
sólidos como fator de gestão ambiental e fonte de geração de renda para catadores: um estudo
de caso na associação de catadores de medianeira – paraná. In: Engenharia Ambiental -
Espírito Santo do Pinhal, v. 8, n. 4, p. 091-099, 2011.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2010. Rio de
Janeiro, 2010. Rio de Janeiro, IBGE, 2010.
SILVA, A.C. Análise da Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos em Capitais do Nordeste Brasileiro:
O Caso de Aracaju/SE e João Pessoa/PB. 2014. 158p. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Urbana e Ambiental) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.
SILVA, A.C; JUCÁ, J.F.T; ALMEIDA, K.V. Estudo do Fluxo Comercial dos Materias Secos
Recicláveis nas Capitais do Nordeste Brasileiro. 8º Fórum Internacional de Resíduos Sólidos,
2017. Disponível em: http://institutoventuri.org.br/ojs/index.php/firs/article/view/350. Acesso:
ago. 2017.
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Dados municipais. Disponível em:
http://www.snis.gov.br Acesso em: Dez, 2016
RESUMO
O município de Marcação situado no litoral setentrional da Paraíba apesar de ser considerado de
pequeno porte devido sua demografia e economia, produz uma quantidade de resíduos significativa.
Neste sentido torna-se necessária a realização de um estudo a fim de definir a melhor forma de
tratamento e destinação final dos mesmos. A metodologia utilizada para a realização desse estudo
foi a composição gravimétrica através do método de quarteamento, onde os resíduos oriundos das
atividades humanas realizadas no município passaram por um processo de segregação,
caracterização e análise. Verificou-se que quando analisado separadamente o componente
encontrado em maior quantidade durante a caracterização dos resíduos foi o lixo eletrônico, embora
possua em sua composição metais pesados que quando liberados podem ocasionar impactos
negativos a saúde e ao meio ambiente. Quando analisados em grupos, os resíduos que apresentaram
maior quantidade foram os recicláveis. Deste modo, conclui-se que este estudo foi importante, pois
verificou-se o potencial de reciclagem, além de fornecer informações consideradas cruciais para
definir a melhor forma de tratamento e destinação final dos resíduos sólidos produzidos no
município.
Palavras Chave: Composição Gravimétrica, Resíduos Sólidos, Marcação.
RESUMÉN
El municipio de Marcação situado en el litoral septentrional de Paraíba a pesar de ser considerado
de pequeño porte debido a su demografía y economía, produce una cantidad de residuos
significativa. En este sentido se hace necesaria la realización de un estudio para definir la mejor
forma de tratamiento y destino final de los mismos. La metodología utilizada para la realización de
este estudio fue la composición gravimétrica a través del método de cuadra, donde los residuos
oriundos de las actividades humanas realizadas en el municipio pasaron por un proceso de
segregación, caracterización y análisis. Se verificó que cuando analizado separadamente el
componente encontrado en mayor cantidad durante la caracterización de los residuos fue la basura
electrónica, aunque posea en su composición metales pesados que cuando liberados pueden
ocasionar impactos negativos a la salud y al medio ambiente. Cuando se analizaron en grupos, los
residuos que presentaron mayor cantidad fueron los reciclables. De este modo, se concluye que este
estudio fue importante, pues se verificó el potencial de reciclaje, además de proporcionar
informaciones consideradas cruciales para definir la mejor forma de tratamiento y destino final de
los residuos sólidos producidos en el municipio.
Palabras Clave: Composición Gravimétrica, Residuos sólidos, Marcação.
INTRODUÇÃO
Os resíduos sólidos tem sido alvo de uma série de questionamentos e debates devido os
impactos negativos que o mal gerenciamento dos mesmos ocasiona na sociedade. Um dos fatores
que atenuam esta preocupação em relação a esta problemática é o costume existente na sociedade
de forma geral, de tratar os materiais resultantes de suas atividades como algo inútil, não desejado,
que deve apenas ser recolhido pelo serviço de limpeza urbano e destinado a um determinado local.
Deste modo, nota-se que há uma distorção do real sentido do conceito de gerenciamento
integrado dos resíduos sólidos, descartando muitas vezes estes resíduos de maneira incorreta no
meio ambiente, esquecendo-se das práticas de redução na origem de produção e eliminação destes
resíduos. Como também do reaproveitamento dos materiais, de forma que contribua para o
aproveitamento máximo do tempo de vida útil destes materiais.
Logo, tornou-se uma das grandes preocupações a nível nacional, uma vez que,
caracteriza-se como um desafio aos gestores públicos ajustar-se e dar cumprimento à Lei
12.305/2010 que dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cuja finalidade é priorizar a
gestão dos resíduos sólidos, a reciclagem, a reutilização, a redução da geração dos resíduos,
tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, como
também, a valorização dos catadores de materiais recicláveis, de modo que este possa ser
reintegrado à sociedade.
Evidenciando, a importância dos municípios em elaborar e pôr em pratica o plano de
Gerenciamento integrado de Resíduos sólidos dos respectivos municípios. Tendo em vista que o
gerenciamento integrado dos resíduos sólidos deve buscar soluções operacionais que sejam capazes
de atuar tecnicamente de forma adequada e econômica, beneficiando o meio ambiente e a
população.
De modo que promovam a participação efetiva da população nestas questões, e assim haja
a conscientização dos mesmos em relação ao seu papel como consumidor e gerador, como também,
sobre a importância de sua participação na tomada de decisões e soluções referente à problemática.
Neste sentido, o gerenciamento integrado dos resíduos sólidos urbanos, é uma ferramenta
que visa os objetivos mais importantes referentes a esta problemática, buscando não somente a
limpeza urbana, mas uma interação efetiva entre a população e o sistema de gerenciamento
proposto pela gestão pública.
O Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (GIRSU) requer que haja
articulação entre o poder público e privado, envolvendo aqueles que procedem dos setores públicos,
bem como, das empresas de iniciativa privada, da sociedade civil e das organizações de terceiro
setor. Mediante esta afirmação, entende-se que a realização de parcerias entre a população, o poder
público e as lideranças da sociedade, são possíveis criar programas que englobem estas questões
supracitadas, além da disposição final dos resíduos de maneira sanitária e ambientalmente
adequadas proporcionando benefícios econômicos, ambientais e sociais a população.
Todavia, vale ressaltar que para o bom funcionamento do gerenciamento integrado dos
resíduos sólidos é necessário que além das instalações, de equipamentos, mão-de-obra e
tecnologias, haja a participação e o compromisso de todos os geradores de resíduos em relação a
esta problemática, dentre as quais destacam-se:
Em relação ao sistema de limpeza urbana, este deve englobar métodos que sejam capazes de
proporcionar:
De modo geral, além das questões supracitadas o gerenciamento integrado dos resíduos
sólidos deve buscar soluções operacionais que sejam capazes de atuar tecnicamente de forma
adequada e econômica, beneficiando o meio ambiente e a população. De modo que promovam a
participação efetiva da população nestas questões, e assim, haja a conscientização dos mesmos em
relação ao seu papel como consumidor e gerador, como também, sobre a importância de sua
participação na tomada de decisões e soluções referente a esta problemática.
Contudo, o bom funcionamento deste gerenciamento, não envolve apenas a participação
populacional, embora esta seja a peça fundamental para o bom andamento do mesmo. Mas, é a
partir da adoção e implantação de bons programas de gerenciamento integrado do município, que
priorizem o sistema de limpeza urbana e rural de modo regular e pontual, da criação de programas
orçamentários e de geração de emprego e renda por meio de associações de catadores e materiais
recicláveis, da criação de regulamentação municipal que estabeleçam posturas obrigatórias a
sociedade, que resulte em multas e infrações, caso a mesma não cumpra a referida regulamentação,
como também, deve-se promover a fiscalização, e manutenção dos programas municipais a fim de
garantir o sucesso e bom funcionamento do gerenciamento.
É a partir destas iniciativas, e do envolvimento efetivo da população com a Educação
Ambiental que poderão ser somadas parcerias entre a gestão pública, as lideranças municipais e a
população. Resultando assim, em um gerenciamento integrado destes resíduos de maneira mais
eficiente e duradoura.
Neste sentido o presente plano tem por objetivos, diagnosticar a situação atual dos resíduos
sólidos do município de Marcação-PB; caracterizar os resíduos, e apresentar propostas de
gerenciamento integrado dos mesmos, de forma que a gestão pública ajuste-se e dê cumprimento à
lei 12.305/10 que dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, contribuindo com o bem-
estar da coletividade.
CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO
METODOLOGIA
Como partes iniciais para o levantamento dos dados do estudo gravimétrico realizado no
município de Marcação foram realizadas visitas na área rural do mesmo, que é composta por 15
(quinze) aldeias.
Estas visitam aconteceram de acordo com uma tabela, estabelecida pela equipe responsável
pela elaboração do plano, sem que houvesse interferência da equipe nas atividades realizadas pelos
moradores das referidas aldeias.
Durante as visitas que foram realizadas em todas as aldeias em dias distintos foram
observados os tipos de resíduos existentes, bem como aqueles que são encontrados em quantidade
significativa ou não. Além disso, observou-se o tipo de tratamento que são adotados pelos
moradores de cada aldeia.
Diante disto, ressalta-se que esta etapa inicial foi realizada por meio de observações e
anotações sistemáticas em cada aldeia seguida de fotografia dos pontos com maior acumulo de
resíduos ao longo das aldeias, de modo que possibilitasse a identificação e caracterização tanto dos
resíduos quanto das formas de tratamento utilizadas. Deste modo, foi realizado o diagnóstico da
zona rural do município.
CG (%) = Mc X 100
___
Mt
Onde:
MÉTODO DE QUARTEAMENTO
do topo e 04 (quatro) das laterais. Depois de cheios os tambores foram pesados novamente para se
obter o peso existente em cada um.
Em seguida os tambores contendo os resíduos foram esvaziados sobre uma lona de
plástico, onde passaram por uma triagem e foram acondicionados em sacolas e caixas de papelão de
capacidade diferentes, separadamente, de acordo com os componentes analisados de plástico mole,
plástico duro, papelão, papel, metal, vidro, borracha, madeira, fraldas, papel higiênico, absorvente,
roupa e tecido, isopor, lixo eletrônico e matéria orgânica, conforme mencionado anteriormente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (2004). Resíduos Sólidos - Classificação. NBR
10004. São Paulo.
MONTEIRO, José H. P.; FIGUEIREDO, Carlos E. P.; MAGALHÃES, Antonio F.; MELO, Marco
Antonio F.; BRITO, João Carlos X.; ALMEIDA, Tarquínio P. F., MANSUR, Gilson L. Manual
de Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos. Coordenação técnica Victor Zular Zveibil. Rio
de Janeiro: IBAM, 2001.
SILVA, Sidnei Felipe da. Educação Ambiental em Terras Indígenas Potiguara: concepções e
possibilidades na educação de jovens e adultos nas escolas estaduais indígenas do município de
Rio Tinto-PB. Saarbrücken, Deutshland:OmniScripitium GmbH & CO. KG, 2015.
VIEIRA, Denise da Silva. Estudo Gravimétrico dos Resíduos Sólidos do Município de Marcação,
Paraíba (Monografia de Graduação em Ecologia-UFPB), 2016.
RESUMO
O presente trabalho objetivou contribuir para a discussão sobre as problemáticas existentes acerca
do saneamento ambiental no território brasileiro, verificando seus impactos na saúde das
populações, contribuindo para a proliferação do mosquito vetor Aedes aegypti e consequentemente,
provocando elevada incidência dos casos de dengue. Trata-se de uma pesquisa qualitativa,
desenvolvida através do levantamento bibliográfico e leitura de artigos publicados que tratavam da
mesma temática a que este trabalho se refere, sendo esta: dengue; fatores de incidência e
proliferação do mosquito vetor; aspectos socioambientais; saneamento ambiental; políticas públicas,
dentre outras abordagens relativas ao assunto. Analisou-se a partir do levantamento realizado de
trabalhos desenvolvidos sobre a temática, que as ações em saneamento ambiental são de grande
importância para o controle e a proliferação do mosquito e consequentemente dos casos de dengue e
demais doenças no Brasil, dentre outras ações realizadas em conjunto (tais como infraestrutura dos
bairros, políticas públicas de saúde, dentre outras).
Palavras-Chave: Saneamento Ambiental. Saúde Pública. Urbanização. Dengue.
ABSTRACT
The objective of this work was to contribute to the discussion about the existing problems regarding
environmental sanitation in the Brazilian territory, verifying its impacts on the health of the
populations, contributing to the proliferation of the mosquito vector Aedes aegypti, causing a high
incidence of dengue cases. It is a qualitative research, developed through the bibliographical survey
and reading of published articles that deal with the same theme to which this work refers, being this:
dengue; Occurrence and proliferation factors; Social and environmental aspects; environmental
sanitation; Public policies, among other approaches related to the subject. It was analyzed from the
survey carried out on the research carried out on the theme of the present research, that the actions
in environmental sanitation are of great importance for the control and proliferation of the mosquito
and consequently of the cases of dengue and other diseases in Brazil, among others Joint actions
(such as neighborhood infrastructure, public health policies, among others).
Keywords: Environmental sanitation. Public health. Urbanization.
INTRODUÇÃO
A dengue é uma doença viral de ampla incidência, transmitida pelo mosquito (vetor) do
gênero Aedes (Aedes aegypti) e considerada como um problema de saúde pública. É uma "[...]
doença infecciosa febril aguda, que pode ser de curso benigno ou grave, dependendo da forma
como se apresente" (BRASIL, 2005, p. 131).
A primeira manifestação de sua infecção é a "[...] febre geralmente alta (39ºC a 40ºC), de
início abrupto, associada à cefaleia, adinamia, mialgias, atralgias, dor retroorbitária, com presença
ou não de exantema e/ou prurido". Sintomas como "[...] anoxia, náuseas, vômitos e diarréia podem
ser observados por 2 a 6 dias, [...] com quatro sorotipos conhecidos, sendo estes: DENV1, DENV2,
DENV3 e DENV4" (BRASIL, 2005, p.131).
O modo de transmissão se dá "[...] pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, no ciclo
homem -> Ae. aegypti -> homem. Após um repasto de sangue infectado, o mosquito está apto a
transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação extrínseca". Há também a transmissão
mecânica, "[...] quando o repasto é interrompido e o mosquito, imediatamente se alimenta em um
hospedeiro susceptível próximo. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas
secreções com uma pessoa sadia, nem por fontes de água ou alimento" (BRASIL, 2005, p.132).
Considerada uma doença transmissível, observou-se que sua incidência aumentou 30 vezes
nos últimos 50 anos, expandindo para novos países, cidades de pequeno porte e áreas rurais.
Estima-se que 50 milhões de infecções por dengue aconteçam e que, por volta de 2,5 bilhões de
pessoas morem em países em que a dengue é uma doença endêmica (BRASIL, 2017).
Conforme Aquino Júnior e Mendonça (2012, p.158), "[...] para as questões ligadas às
doenças transmissíveis por vetores, como a dengue, deve-se ter a compreensão sobre a relação das
enfermidades com o meio, que é de essencial importância, pois a existência da primeira se deve à
complexidade da segunda". Desta forma, fazem-se necessários diversos estudos que busquem
compreender e abarcar a gama de fatores tanto geográficos, quanto de ordem biótica e social que
são condicionantes ao aparecimento da dengue (AQUINO JÚNIOR; MENDONÇA, 2012).
O fenômeno da expansão demográfica e surgimento de áreas urbanizadas dotadas de pouco
planejamento, oriundas de restritos espaços e recursos naturais para abrigar todo o volume de
pessoas, estimulou a adoção de medidas que visassem à preservação ou correção de possíveis danos
à saúde e ao meio ambiente. Logo, avaliar e planejar as implicações provenientes da eficácia dos
sistemas de saneamento ambiental tornou-se elemento fundamental, dado que este adquire papel de
suma importância associado à saúde humana, pois abarca o bem-estar social e o cuidado com o
meio ambiente, questões estreitamente relacionadas.
Conforme afirma Sperandio (2006, p.4) sobre a segregação sócio-espacial urbana existente,
É comum encontrar nas cidades, de um lado, ambientes precários, sem saneamento básico,
com infra-estrutura urbana deficitária e moradias mal concebidas, que atestam contra a
saúde e conforto das pessoas, onde a qualidade ambiental e de vida humana é
comprometida, e, de outro lado, um ambiente urbano opulento, com residências luxuosas,
onde há eficientes serviços públicos e onde não faltam equipamentos urbanos de lazer e
saúde. Isso irá proporcionar ambientes urbanos desiguais, com distintos níveis de qualidade
de vida (SPERANDIO, 2006, p.4).
METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa qualitativa. De acordo com Godoy (1995), a
pesquisa qualitativa pode ser caracterizada por três caminhos, sendo estes: pesquisa documental, o
estudo de caso e a etnografia. A pesquisa documental foi escolhida para ser desenvolvida através do
presente trabalho, pois ―(...) representa uma forma que pode se revestir de um caráter inovador,
trazendo contribuições importantes no estudo de alguns temas‖ (GODOY, 1995, p.21).
Deste modo, buscando-se contribuir para a discussão a respeito da dengue, foi desenvolvido
um levantamento bibliográfico e leitura de artigos, entrevistas e demais publicações que tratavam
sobre seus fatores de incidência e proliferação do mosquito vetor Aedes aegytpi; aspectos
socioambientais; saneamento ambiental; políticas públicas, dentre outras abordagens relativas ao
assunto. Logo após, elaborou-se um quadro com as publicações selecionadas e analisadas, e por
fim, as conclusões e demais apontamentos foram realizados.
DESENVOLVIMENTO
boom imobiliário se expandiu mais ainda. Esquecemos das políticas públicas de saneamento e
habitação. Construíram casas sem olhar onde é local de habitação‖ (REDE BRASIL ATUAL,
2016).
Sobre a proliferação do mosquito, a professora trata que ―[...] não vamos resolver só
pedindo para as pessoas tirarem água do pratinho‖, compreendendo que esta é uma problemática
muito complexa, dependente de diversos fatores (políticas públicas efetivas que incluam a
população menos favorecida, saneamento ambiental) que estão em um patamar superior ao simples
ato citado, mas que também contribui para a erradicação do mosquito (REDE BRASIL ATUAL,
2016).
Ainda conforme afirma a professora Ermínia Maricato nesta entrevista,
Vemos nas periferias quatro problemas seríssimos na área do saneamento: água, esgoto,
drenagem de águas fluviais e coleta de resíduos sólidos, que vão formando barreiras.
Córrego não é mais córrego. É área de descarte de lixo. Ali se tem a condição perfeita
para a produção de mosquito. Estou falando de casos de São Paulo, Belo Horizonte,
Curitiba, Porto Alegre. Em cidades praianas, o problema é ainda mais grave: tem as
palafitas, os mangues. Mas a política urbana foi reduzida. É voltada para o mercado
imobiliário com o (Programa) Minha Casa, Minha Vida, expulsando os pobres para os
conjuntos habitacionais fora da cidade. Foi assim (que ocorreu) o fomento de uma
especulação imobiliária fantástica (REDE BRASIL ATUAL, 2016).
A professora aponta que o saneamento deveria ser a prioridade, em que a falta de drenagem
de águas fluviais proporciona o criatório dos mosquitos, sendo preciso ações que visem a
recuperação dos rios, córregos e demais recursos hídricos. "A questão do saneamento é fundamental
e básica nessa discussão sobre o combate à malária, febre amarela, dengue e à febre do zika e do
chikungunya (REDE BRASIL ATUAL, 2016). Ela ainda trata que, ―Nós temos hoje mais de 2
milhões de pessoas em áreas de proteção de mananciais na Região Metropolitana de São Paulo.
Não é um problema de um prefeito, mas de muitos prefeitos e do governador" (REDE BRASIL
ATUAL, 2016).
Sobre a necessidade de reforma urbana, a professora Maricato aborda na entrevista,
"Em São Paulo, aproximadamente 2 milhões de pessoas moram nas APM. E isso não se dá
por falta de leis de proteção ambiental. Essas áreas não interessam ao mercado
imobiliário devido à legislação proibitiva. São as áreas que sobram para os que não têm
lugar na cidade formal: áreas de proteção ambiental e áreas de risco de desmoronamento.
Outros aspectos do desastre ambiental, decorrentes desse predatório padrão de uso e
ocupação do solo, estão na impermeabilização contínua da superfície da terra, incluindo o
tamponamento de córregos, o que acarreta frequentes enchentes, poluição acentuada do ar
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
AQUINO JUNIOR, José. A dengue na área urbana contínua de Maringá/PR: uma abordagem
socioambiental da epidemia de 2006/07. 2010. 190 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
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junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978;
e dá outras providências. Publicado no DOU de 8.1.2007 e retificado no DOU de 11.1.2007.
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na proliferação do mosquito Aedes aegypti em Jataí (GO), na perspectiva da Geografia Médica.
H geia: Revista Brasileira de Geografia M dica e da Saúde, Uberlândia-mg, v. 3, n. 1, p.33-49,
2007. Quadrimestral. Disponível em:
<http://search.proquest.com/openview/f31a84f85f1dda53b8f2971f7cc5b1ef/1?pq-
origsite=gscholar>. Acesso em: 19 ago. 2017.
RESUMO
Este trabalho teve o objetivo de sensibilizar a comunidade acadêmica quanto a descarte correto dos
resíduos sólidos (papel) gerados no ambiente de trabalho. Foi desenvolvido através de proposta de
extensão, desenvolvida no Campus Paulo VI da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) nos
setores administrativos. Para tanto foram visitados os setores administrativos da instiuiçao e pro
meio de conversas informais, palestras, realizou-se a sensibilização dos servidores destes setores.
Os resíduos (papel) depositados em caixas de papelão e são encaminhados a um posto de
reciclagem do projeto Ecocemar, que tem a proposta a conversão de certa quantidade de resíduos
sólidos, em descontos nas contas de energia elétrica. Ação de recolhimento dos resíduos sólidos
(papel) ao longo de seis meses possibilitou a destinação correta de mais 299,89 kg de papel.
Educação ambiental por meio de políticas socioambiental em IES é uma ferramenta essencial para o
desenvolvimento ambiental no que se referi a preservação do ambiente. Desta forma, a educação
ambiental por meio de políticas socioambiental em IES é uma ferramenta essencial para o
desenvolvimento ambiental no que se referi à preservação do ambiente.
Palavras chave: Educação ambiental, sensibilizações, resíduos sólidos.
RESUMEN
Este trabajo tuvo el objetivo de sensibilizar a la comunidad académica en cuanto a la eliminación
correcta de los residuos sólidos (papel) generados en el ambiente de trabajo. Fue desarrollado a
través de una propuesta de extensión, desarrollada en el Campus Pablo VI de la Universidad
Estadual de Maranhão (UEMA) en los sectores administrativos. Para ello se visitaron los sectores
administrativos de la instiuación y pro forma de conversaciones informales, conferencias, se realizó
la sensibilización de los servidores de estos sectores. Los residuos (papel) depositados en cajas de
cartón y son encaminados a un puesto de reciclaje del proyecto Ecocemar, que tiene la propuesta la
conversión de cierta cantidad de residuos sólidos, en descuentos en las cuentas de energía eléctrica.
La acción de recogida de los residuos sólidos (papel) a lo largo de seis meses posibilitó el destino
correcto de más 299,89 kg de papel. La educación ambiental a través de políticas socioambientales
en IES es una herramienta esencial para el desarrollo ambiental en lo que se refiere a la
preservación del ambiente.
De esta forma, la educación ambiental a través de políticas socioambientales en IES es una
herramienta esencial para el desarrollo ambiental en lo que se refiere a la preservación del ambiente.
Palabras clave: Educación ambiental, sensibilización, residuos sólidos.
INTRODUÇÃO
26
Doutora em Geografia.
―... processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade‖ (PNEA, art.1.1999).
Sendo assim a educação ambiental não formal deve esta inserida nas Instituições de Ensino
Superior (IES) e se estabelecendo como complemento da educação institucionalizada. A proposta é
propagar a educação ambiental por meio de ações participativas permanentes, no intuito de
incentivar a comunidade acadêmica a construírem uma consciência sensível e critica as questões
ambientais que os cercam.
Nesse sentido é de suma importância dá continuidade às articulações que envolvam os mais
variados atores do universo educativo, com a capacidade de potencializar as Instituições de Ensino
Superior (IES) de forma interdisciplinar no que tange a gestão ambiental. Para Jacobi (2003) o
conhecimento crescente gera uma inter-relação entre o social e o meio, sendo este determinante na
concretização das ações sustentáveis para o ensino.
Desta forma a abordagem das causas ambientais atuais e ações que possam minimizar os
impactos gerados por tais problemas são de suma relevância para composição educacional das IES,
tanto as presentes como as que estão por vir.
―A educação não se constitui como resposta absoluta para todos os problemas, mas, em seu
sentido mais amplo deve ser entendido como parte vital de esforços que se façam para criar
relações novas entre as pessoas e para fortalecer maior respeito pelas necessidades
ambientais. A educação é, em síntese, a melhor esperança para o meio mais eficaz que a
humanidade tem para alcançar a sustentabilidade ambiental‖ (IBAMA, 1991).
Por meio da educação ambiental em IES, o que se pretende é formar multiplicadores que
possam se sentir desafiados a serem sensibilizadores ambientais em quaisquer ambiente que possam
encontrar-se, pois o objetivo é que as ações efetivadas no campus universitário ultrapassem seus
muros, sendo estas, conduzidas pela Política dos 5R‘s e a Agenda Ambiental na Administração
Pública (A3P).
Essa modelagem atual de um ambiente acadêmico sustentável é um compromisso assumido
pela Universidade Estadual do Maranhão, proporcionando o direito a educação de saber, discernir,
questionar, e propor; é a chamada para formação de autores que se disponibilizem a serem
executores, e transmissores dessa educação para a geração presente, assim como a vindoura. E a
educação ambiental é uma ferramenta necessária para as reflexões e os desafios da sustentabilidade
das instituições de ensino acadêmico.
Este trabalho teve o objetivo de sensibilizar a comunidade acadêmica quanto a descarte
correto dos resíduos sólidos (papel) gerados no ambiente de trabalho. Foi desenvolvido através de
proposta de extensão, desenvolvida no Campus Paulo VI da Universidade Estadual do Maranhão
(UEMA) nos prédios do Centro de Educações Ciências Exatas e Naturais (CECEN), Protocolo,
Letras, e Programa Darcy Ribeiro e Assessorias, contabilizando 91 funcionários.
A concretização deste trabalho deu-se pelo principio da urgência cada vez mais presente no
que se refere à mudança de hábito quanto ao acelerado processo de geração de resíduos sem ter a
deposição final adequada do mesmo, visando desta forma o uso consciente deste resíduo sem que
haja desperdício e a adoção de ações sustentáveis. Sendo assim promove-se com este trabalho a
distribuição de hábitos sustentáveis na universidade e ações de sensibilização por meio da
importância da redução dos resíduos nas salas dos setores administrativos, assim como em suas
residências.
Segundo Jacobi e Teixeira (1998) ,o resíduos, na realidade, constituem matéria prima
proveniente principalmente de recursos não renováveis, cuja produção provoca custos financeiros e
energéticos, e podem causar impactos negativos ao ambiente. O ser humano se livra do resíduo,
jogando-o fora de seu alcance, mas não do ambiente em que vive.
A definição de resíduos sólidos segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT, que os resíduos são os "restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como
inúteis, indesejáveis ou descartáveis, podendo apresentar se no estado sólido, semissólido ou
líquido, desde que não seja passível de tratamento convencional" (ABNT, 2004).
A Lei 12305/10 classifica os resíduos sólidos como sendo: resíduos domiciliares, de limpeza
urbana, de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço, industriais, de serviços da saúde,
da construção civil e de mineração. Os resíduos também podem ser classificados quanto as suas
peculiaridades que são: os resíduos úmidos e secos, orgânicos e inorgânicos e perigosos e não
perigosos.
Somente no final do século XX a sociedade começou a demonstrar maior interesse sobre a
deposição dos resíduos, que na atualidade em muitos ambientes ainda são lançados inatura no
ambiente, causando com isto impactos ambientais. Cunha (2013) justifica este processo pela
explosão demográfica das ultimas décadas, assim como o desenvolvimento das indústrias e da
tecnologia, que acabam por impulsionar a criação de novas opções de consumo à sociedade,
acarretando problemas ao ambiente, decorrente da geração de resíduos.
Para minimizar os problemas relacionados aos resíduos sólidos pode-se usar o caminho da
gestão, gerenciamento e reaproveitamento destes. Esse processo se dá no controle da geração de
resíduos, armazenamento adequado, transporte e aproveitamento dos resíduos gerados. Para (Dias;
BRAGA, 2008) esse olhar para a preservação não só da estética, mas da saúde pública e do
ambiente ocorre por meio das considerações voltadas às mudanças de atitudes e hábitos das
comunidades.
Neste cenário de transformações é que a UEMA assume uma politica interna colaborativa
em contribuir para com o processo de reciclagem dos resíduos gerados no ambiente universitário. O
trabalho relaciona-se com a sensibilização e adequação dos resíduos sólidos (papel) que são gerados
nos setores administrativos da universidade
METODOLOGIA
Com a finalidade de estabelecer com mais eficácia as ações propostas por este trabalho
foram feitos levantamento bibliográficos, assim como a observação inicial em cada setor sobre a
perspectiva da realidade socioambiental por estes vivenciados. Partindo desta análise foram
realizadas sensibilizações explicativas através de conversas e palestras sobre a temática dos 5R‘s
(reciclar, repensar, reutilizar, recusar, reaproveitar), assim como a importância de adequação dos
resíduos produzidos em cada setor. As sensibilizações ocorreram de forma continua de acordo com
as necessidades que foram surgindo no desenvolvimento do trabalho. As sensibilizações se
desenvolveram da seguinte forma:
1) Para o desenvolvimento da sensibilizaçao primeiro foi caracterizado a rotina dos setores
pre definidos no qual foi executado as conversas informais visando preparar o ambiente
para desenvolvimento das açoes previamente planejadas.
2) Os objetivos do projeto foram apresentados após a fase de caracterização.
3) Sensibilizaçoes atráves de palestras enfatizando: ―o descarte correto dos resíduos
sólidos, conceitos sobre a sustentabilidade‖, ― Os 5R‘s presentes em nossa vida‖,
―resíduos em lugares errados geram problemas a saúde ( Dengue)‖.
4) Adequaçao dos residuos nas salas, seguidos por recolhimentos quinzenal , ação está
realizada em conjunto com a Assessoria de Gestao Ambiental/ UEMA, e a Prefeitura de
Campus.
RESULTADOS
No decorrer de seis meses de trabalho por meio de sensibilizações informais nos setores
administrativos, salas de aula, através de palestras obteve-se avanços com a comunidade
universitária no que se refere ao descarte e desperdício dos resíduos (papel).
A ação de sensibilização e coleta de resíduos ocorreu junto a diretores de cursos;
coordenadores setoriais; professores; técnicos administrativos; secretários; estagiários. O
quantitativo de funcionários e o horário de funcionamento estão listados na tabela 1.
Fonte: Cruz,2017
Após a realização da coleta foram feitos controle por meio de tabela quantitativa para pode
identificar se estava ocorrendo redução da geração de resíduos (papel) nos setores. Segue
demonstrativo no gráfico resultado das coletas dos meses de setembro de 2016 a fevereiro de 2017.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CUNHA, Rogério. Sistema de Gestão Ambiental para Resíduos Sólidos Orgânicos. Alfenas, p.2,
2013.
JACOBI, Pedro; TEIXEIRA. M.A.C. Resíduos Sólidos e Educação Ambiental: Quando a vontade
influi nas políticas públicas. Educação Ambiental Meio Ambiente e Cidadania: reflexões e
experiências. São Paulo : SMA/ CEAM, 1998.
RECIFE. Manual de práticas A3P. Diretoria de Políticas Ambientais. Secretaria de Meio Ambiente
de Recife: Prefeitura do Recife, 2012.
TAUCHEN, J.; BRANDLI, L. A gestão ambiental em Instituições de Ensino Superior: modelo para
implantação em Campus Universitário. 2006.
RESUMO
O presente trabalho objetivou avaliar as variáveis de crescimento de mudas de mangue branco
(Laguncularia racemosa (L.) C.F.Gaertn, 1807) irrigadas com reuso de água hipersalina. Realizou-
se produção de mudas de mangue branco em substrato oriundo de áreas de restinga com adição de
fibra de coco nas proporções de 0, 25 e 50%, sendo submetidas a irrigação com uso de água
hipersalinas nas concentrações de 0, 5 e 10% diluídas em água de abastecimento urbano e foram
avaliadas as seguintes variáveis de crescimento: número de folhas (NF), diâmetro do caule (DC),
altura da planta (AP) e comprimento da raiz (CR). As variáveis de crescimento NF, DC e AP foram
influenciadas significativamente de forma negativa pelo uso da água hipersalina, ou seja,
influenciou até mesmo indivíduos naturalmente adaptados às condições de salinidade. O melhor
tratamento quanto as variáveis avaliadas foi o que utilizou 100% solo de restinga com substrato e
somente água de abastecimento na irrigação, mas ao considerar-se o reuso de água e uma melhor
adaptação das mudas ao ambiente natural o tratamento com 100% solo de restinga e 5% de água
hipersalina obtiveram resultados com diferença significativa ao nível de 5 % probabilidade pelo
teste de tukey para as variáveis supracitadas.
Palavras-Chave: Manguezal, Reuso de água, Água hipersalina, produção de mudas.
ABSTRACT
The objective of this work was to evaluate the growth variables of white mangrove (Laguncularia
racemosa (L.) C.F.Gaertn, 1807) seedlings irrigated with hypersaline water reuse. Production of
white mangrove seedlings was carried out in substrate from areas of restinga with addition of
coconut fiber in proportions of 0, 25 and 50%, being submitted to irrigation with the use of
hypersaline water in the concentrations of 0, 5 and 10% Diluted in urban water supply and the
following growth variables were evaluated: leaf number (LF), stem diameter (SD), plant height
(PH) and root length (RL). The growth variables LF, SD and PH were significantly influenced
negatively by the use of hypersaline water, that is, it influenced even individuals naturally adapted
to salinity conditions. The best treatment as the evaluated variables for 100% soil use with substrate
and water supply in irrigation, but considering the reuse of water and a better adaptation of the
seedlings to the natural environment, the treatment with 100% soil De Restinga and 5% of
hypersaline water obtained results with volume difference of 5% probability by the tukey test for
the aforementioned variables.
Keywords: Mangrove, Water reuse, Hypersaline water, seedling production.
INTRODUÇÃO
disso, existem grupos de plantas associadas ao manguezal em suas margens ou borda interior, que
possuem tolerância a diferentes teores de salinidade. Como exemplos tem-se samambaia do
mangue, gênero Acrostichum, Hibiscus sp. e Spartina sp.
Estes gêneros se distribuem de acordo com suas características morfofisiológicas, assim
Melo (2008) relata que é possível observar um padrão de zonação, ou seja, a existência de zonas
formadas pelas espécies arbóreas dos mangues (Figura 1), e ainda acrescenta que um dos principais
fatores determinantes é a salinidade, por sua vez, dá em função das condições climáticas, pelo
aporte fluvial e pela oscilação das marés.
(Figura 01): Zonação horizontal da vegetação num ecossistema de manguezal. Fonte: Livro Ecossistemas
Marinhos: recifes, praias e manguezais.
As águas residuais da produção de sal também são denominadas de água-mãe, por sua vez
podem ser classificadas como hipersalinas27. A água-mãe possui grande quantidade de magnésio,
potássio e outros elementos (SILVA, 2001) que na agricultura têm ampla utilidade como
fertilizantes (BLANCHET et al. 2017; BASAK et al. 2017; BOCIANOWSKI et al. 2015;
PANHWAR et al. 2014).
A produção de mudas para recomposição de áreas de manguezais degradados ainda é a ação
mais utilizada no Estado do Rio Grande do Norte, porém apresentam alto índice de mortalidade ou
serem transplantadas para o campo. O fato de se utilizar em todo o processo produtivo, águas com
condutividade elétrica (CE) muito baixa pode ser possivelmente a causa de tal situação, visto que
em ambiente natural pode passar de 30dS.m-1 .
Em trabalho realizado por Costa (2015), com o objetivo de produzir mudas de mangue
branco (Laguncularia racemosa (L.) C. F. Gaertn, 1807) com diferentes salinidades (S1 = 0,5;
S2=24; S3 =53; S4 =77; S5 =101e S6=124 dS m-1) oriundas da mistura de água-mãe com água de
27
? Água hipersalinas são águas que possuem mais de 36g de sal por litro em sua composição; água-mãe é o
subproduto da produção de sal marinho, esta água não gera mais cristais de sal; salmoura é nome dado ao ponto de
concentração da água que vai para os cristalizadores de sal.
abastecimento, verificou-se que, após o transplantio para o campo, as plantas irrigadas com as
salinidades S3= 55 dS.m-1 e S4= 77 dS.m-1 foram as de melhor crescimento.
Nesse contexto, O presente trabalho objetivou avaliar as variáveis de crescimento de mudas
de mangue branco (Laguncularia racemosa(L.) C.F.Gaertn, 1807) irrigadas com reuso de água
hipersalina em diferentes substratos.
METODOLOGIA
Espécie Estudada
A pesquisa foi realizada por meio de um experimento para avaliação do uso de águas
hipersalinas na produção de mudas de Laguncularia racemosa (L.) C.F.Gaertn, 1807 ( Figura 7) em
diferentes substratos. Foram utilizadas sementes (Figura 2) de Laguncularia racemosa (L.)
C.F.Gaertn, 1807 provenientes de manguezais dos municípios Grossos-RN e Icapuí-CE, optando-se
por indivíduos que mantêm a vegetação mais próxima das condições originais, seguindo a
metodologia proposta por Fernandes (2012).
A Laguncularia racemosa (L.) C.F.Gaertn, 1807 são árvores com altura variando de 4 a 5
m, cujas folhas têm pecíolo vermelho, com duas glândulas em sua parte superior, próximas à lamina
foliar (COSTA, 2015). O sistema radicular é menos desenvolvido com relação às outras espécies de
mangue.
pluviométrica anual bastante irregular, com média de 672,9 mm e umidade relativa de 68,9%
(CARMO FILHO; OLIVEIRA, 1995).
Substrato e Recipiente
Tabela 01 - Caracterização química e física dos substratos. Fonte: Elaborado pelos autores com base na
pesquisa, 2017.
pH CEes Na+ K+ Ca2+ Mg2+ Areias Silte Argila Silte/Argila
Sub Granulometria (kg/kg -
(água) dS.m-1 cmolc.kg-1 1 Relação
)
S 1 8,3 1,65 309,6 43,2 6.66 33,5 0,94 0,02 0,04 0,4
S 2 7,5 2,64 518 2289 10.5 1543 0,84 0,13 0,04 3,4
S 3 7,7 2,65 669,6 729 12.96 483 0,93 0,03 0,04 0,8
Nota: Para se obter os valores de pH, CE(condutividade elétrica), Na+(sódio), Ca2+(cálcio), Mg2+ (magnésio),
primeiro se obteve o extrato da pasta de saturação. O pH obtido direto da pasta; A CE Na +, K+, Ca2+ e Mg2+
foram obtidos a partir do extrato de saturação; A CE em condutivímetro de bancada; Na +, K+, Ca2+ em
fotômetro de chama e Mg2+ foi por absorção atômica; A granulometria foi determinada pelo método da
pipeta (DONAGEMA, 2011).
Tabela 02 - Caracterização química das águas. Fonte: Elaborado pelos autores com base na pesquisa, 2017.
Águas AP AH pH CE Baumé Na+ K+ Ca2+ Mg2+
dS.m-1 Grau ----------mg.L-1-----------
AH 0% 100% 6,99 411 29º 45750 8000 1700 75,67
0º 79,01
A1 100% 0% 8,60 0,5
88 27,37 20,04 4
A2 95% 5% 7,60 29,6 2º 2527.5 430 64 283
A3 90% 10% 7,54 54,2 4º 4675 850 132.5 675
Nota: Para se obter os valores de pH, CE(condutividade elétrica), Na+(sódio), Ca2+ (cálcio), Mg2+
(magnésio), primeiro se obteve o extrato da pasta de saturação. O pH obtido direto da pasta; A CE Na+, K+,
Ca2+ e Mg2+ foram obtidos a partir do extrato de saturação; A CE, em condutivímetro de bancada; Na +, K+,
Ca2+ em fotômetro de chama e Mg2+ foi por absorção atômica. (DONAGEMA et al, 2011).
A água hipersalina estava com aproximadamente 29° graus Baumé parâmetro mensurado no
momento da coleta. Coletou-se um volume de 1,0 m3, sendo transportado até o campus leste da
UFERSA, em Mossoró-RN.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O tratamento testemunho (A1S1), o substrato com areia de restinga e com a água de baixa
salinidade, observou-se desenvolvimento das folhas alto, no as demais variáveis de crescimento
devem ser observadas antes de indicar essa combinação como melhor para a produção das mudas de
mangue, pois os resultados foram obtidos em casa de vegetação, num ambiente climaticamente
diferente do manguezal.
Gráfico 01–Valores médios do número de folhas (NF) das mudas de mangue (Laguncularia racemosa (L.)
C.F.Gaertn, 1807), cultivadas com uso de água hipersalina e substratos ao longo do tempo
14,0
Aa
12,0
Aa
10,0 Ba
Aa
Número de folhas - (uni)
8,0 Ba
Aa Ba
6,0 Aa
Ab Ab Ab Aa Ca
Aa Aa Aa Aa Ab Ab
Ab
Ab
Ab Ab
Ab
AabCa
4,0 ABabAa Aa Ab Ab Ab Ab Aa
Ab Aa Ba Aa Aa Ca Aa
Aa Ab Bb Aa
2,0
0,0
21 DAT 42 DAT 63 DAT 84 DAT 105 DAT
A1S1 A1S2 A1S3 A2S1 A2S2 A2S3 A3S1 A3S2 A3S3
Nota: A1 corresponde a 0% de água hipersalina com 100% de areia de restinga (A1S1), 50% de areia de restinga + 50%
de fibra de coco (A1S2) e 75% de areia de restinga + 25% de fibra de coco (A1S3).
A2 corresponde a 5% de água hipersalina com 100% de areia de restinga (A2S1), 50% de areia de restinga + 50% de
fibra de coco (A2S2) e 75% de areia de restinga + 25% de fibra de coco (A2S3).
A3 corresponde a 10% de água hipersalina com 100% de areia de restinga (A3S1), 50% de areia de restinga + 50% de
fibra de coco (A3S2) e 75% de areia de restinga + 25% de fibra de coco (A2S3).
Para comparação pelo teste de média em cada data de avaliação, deve-se ver se o fator substrato(S) em cada nível de
água está representado pela cor da barra, as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey
ao nível de 5% de probabilidade; o fator água(A), em cada nível do fator substrato, está representado pelo
preenchimento da barra, as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade.
Ao final do estudo (105 DAT), o uso da fibra nas interações com S2 e S3 não reduziu os efeitos negativos dos
tratamentos com as águas hipersalinas (A2 e A3). Esses resultados podem estar relacionados às características
intrínsecas da planta, propõe-se que essa queda de folhas, provocada pelos altos níveis de sais na rizosfera da planta,
seja pelo efeito osmótico, provocado pelo excesso de sal.
É importante mencionar o tratamento A2S1 ao termino do estudo (105 DAT), pois, mesmo
sendo inferior estatisticamente à testemunha (A1S1), teve número médio de nove folhas/planta,
sendo superior aos demais tratamentos. Esse resultado é importante, pois pelo fato de essas mudas
terem sido produzidas com água hipersalina (29 dS.m-1), ao serem transplantadas para o campo,
possivelmente terão maiores chances de sobreviverem nos ambientes hipersalinos do que as mudas
produzidas com água de baixa salinidade.
Diâmetro do caule (DC)
No geral, a média do DC teve comportamento crescente ao longo do estudo, praticamente
em todas as combinações (Gráfico 2). As combinações com uso de água hipersalina (A3) tiveram
maior variação ao longo do tempo.
Assim como para a variável NF, o DC, nas combinações A1S1 e A2S1, obteve as maiores
médias aos 105, com valores de 3,00 e 2,82 mm, respectivamente. Constatou-se, ainda, que, na
combinação A3S1, houve pequena amplitude média dos diâmetros, sendo de 1,55 mm, aos 21 DAT,
para 1,98 mm aos 105 DAT (Gráfico 2).
Gráfico 02–Valores médios de diâmetro do caule (DC) das mudas de mangue (Laguncularia racemosa (L.)
C.F.Gaertn, 1807), cultivadas com uso de água hipersalina e substratos ao longo do tempo.
3,50
Aa
3,00 Aa Aa
Aa
Diâmetro do caule (mm)
Aa Aa Aa Aa
2,50 Aa Aa Aab Aab Ab Ab Ab Ab
Ab Ab Ab
Aa ABaABa ABaBa Aa ABb Ba
Aa Aa Aa Ba Ba Ba
Ba Ba Ba Bb
Ba Ba
2,00 Aa ABa Ba
Aa Aa Ba
1,50
1,00
0,50
0,00
21 DAT 42 DAT 63 DAT 84 DAT 105 DAT
Nota: A1 corresponde a 0% de água hipersalina com 100% de areia de restinga (A1S1), 50% de areia de restinga + 50%
de fibra de coco (A1S2) e 75% de areia de restinga + 25% de fibra de coco (A1S3).
A2 corresponde a 5% de água hipersalina com 100% de areia de restinga (A2S1), 50% de areia de restinga + 50% de
fibra de coco (A2S2) e 75% de areia de restinga + 25% de fibra de coco (A2S3).
A3 corresponde a 10% de água hipersalina com 100% de areia de restinga (A3S1), 50% de areia de restinga + 50% de
fibra de coco (A3S2) e 75% de areia de restinga + 25% de fibra de coco (A2S3).
Para comparação pelo teste de média em cada data de avaliação deve-se ver se o fator substrato (S) em cada nível de água está representado pela cor
da barra, as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade; o fator água (A) em cada
nível do fator substrato está representado pelo preenchimento da barra, as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey
ao nível de 5% de probabilidade.
Comportamento contrário foi observado por Silva et al.(2008), onde a salinidade da água de
irrigação(4,7 dS.m-1) para duas cultivares, BRS Paraguaçu e BRS Energia de mamoneira
(Ricinuscommunis L.), interferiu no DC aos 80 e 100 DAS, observando diminuição do DC ao longo
do tempo. Pode-se atribuir esse comportamento contrário a esse experimento o fato de as plantas de
mangue já serem espécie adaptada a ambientes hipersalinos.
Altura da planta (AP)
O crescimento do caule, verificado no Gráfico 3, assim como o DC e NF, também
destacaram as combinações A1S1 e A2S1, aos 105 DAT. Essas combinações chegaram a valores
médios de 12,8 e 11,4 cm, praticamente o dobro dos valores médios das outras combinações que
tiveram amplitude de 0,7 cm. Já na combinação de salinidade (A2 e A3) com substrato composto
por fibra (S2 e S3) resultou em plantas que praticamente não cresceram, todas as reservas foram
provavelmente destinadas para manutenção de folhas e atividades fisiológicas.
Gráfico 03–Valores médios da altura de planta (AP) das mudas de mangue (Laguncularia racemosa (L.)
C.F.Gaertn, 1807), cultivadas com uso de água hipersalina e substratos ao longo do tempo.
14,0 Aa
Aa Aa
12,0
Altura da planta (cm
10,0
Aa Ba
ABa
8,0 Aa Aa Aa Aa Aa
Aa Aa Aa Aa Aa Aa Aa Aa Aa Aa Ab Ba Aa Ab Ab Ab Ca Aa Aa Ab Ab Ab Ab Ba Aa Aa
Aa Aa Aa Ab Aa
Ab Ab Ab
6,0
4,0
2,0
0,0
21 DAT 42 DAT 63 DAT 84 DAT 105 DAT
Nota: A1 corresponde a 0% de água hipersalina com 100% de areia de restinga (A1S1), 50% de areia de restinga + 50%
de fibra de coco (A1S2) e 75% de areia de restinga + 25% de fibra de coco (A1S3).
A2 corresponde a 5% de água hipersalina com 100% de areia de restinga (A2S1), 50% de areia de restinga + 50% de
fibra de coco (A2S2) e 75% de areia de restinga + 25% de fibra de coco (A2S3).
A3 corresponde a 10% de água hipersalina com 100% de areia de restinga (A3S1), 50% de areia de restinga + 50% de
fibra de coco (A3S2) e 75% de areia de restinga + 25% de fibra de coco (A2S3).
Para comparação pelo teste de média em cada data de avaliação, deve-se ver se o fator substrato (S) em cada nível de
água está representado pela cor da barra, as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey
ao nível de 5% de probabilidade; o fator água (A) em cada nível do fator substrato está representado pelo
preenchimento da barra, as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade.
Resultados semelhantes para a variável AP foi observado por Pedro et al. (2016) que
estudaram a tolerância à salinidade de cultivares de algodoeiro (Gossypiumhirsutum L.) com
condutividade elétrica da água de irrigação (0,0; 2,5; 5,0, 10,0 e 20,0 dS m–1), verificando que a
altura das plântulas de algodão foi afetada negativamente pelos níveis de salinidade mais altos.
Pelo fato de a variável comprimento da maior raiz ter comportamento estatisticamente não
significativo na última avaliação, preferiu-se apresentar o Gráfico 4 para cada fator em separado: o
da água e outro para o do substrato. No geral o aumento no crescimento da raiz se deu em
praticamente todos os tratamentos. Nos tratamentos em que se aplicou A3 (10% de água
hipersalina) o crescimento da raiz foi pouco perceptível, passando de 16,86 cm, aos 21 DAT, para
16,92 cm aos 105 DAT, variando apenas 0,06 cm.
Esse crescimento limitado pode ter ocorrido pela alta concentração de sais na A3, salinidade
em torno de 56 dSm-1. Nessa salinidade é possível que as plantas tenham paralisado o crescimento
das raízes e de outras partes, a exemplo da altura da planta, para evitar mais gasto de energia.
Epstein e Bloom (2006) relataram que sais na solução do substrato provocam a redução do
potencial hídrico externo, dificultando a absorção de nutriente e consequentemente a formação de
novas células.
Gráfico 04–Valores médios de comprimento da raiz das mudas de mangue (Laguncularia racemosa (L.) C.
F. Gaertn, 1807), cultivadas com uso de água hipersalina e substratos ao longo do tempo- Fator água 4A e a
fator substrato 4B.
Nota: A1: água com salinidade 0,5 dS.m-1 ou 0º baumé, 0% de água hipersalina; A2: água com salinidade 29 dS.m -1 ou
2º baumé, 5% de água hipersalina; A3: água com salinidade 54 dS.m-1 ou 4º baumé, 10% de água hipersalina. S1:
substrato com 100% de areia de restinga; S2 substrato com 50% de areia de restinga + 50% de fibra de coco, S3:
substrato com 75% de areia de restinga + 25 % de fibra de coco. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As variáveis de crescimento Diâmetro do caule (D), Número de folhas (NF) bem como
Altura da planta (AP) foram influenciadas significativamente pelo uso da água hipersalina em
interação com os diferentes substratos utilizados nos tratamentos, sendo maiores, as variáveis
associadas aos indivíduos submetidos ao tratamento com menores níveis de salinidade, ou seja, os
altos níveis de salinidade podem influenciar negativamente até mesmo indivíduos naturalmente
adaptado a condições de salinidade. No caso de se considerar o reuso de água e uma melhor
adaptação das mudas ao ambiente natural o tratamento com 100% solo de restinga e 5% de água
hipersalina obtiveram resultados com diferença significativa ao nível de 5 % probabilidade pelo
teste de tukey para as variáveis supracitadas.
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Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 12, n. 4, p. 335-342, 2008.
RESUMO
O carvão ativado têm sido amplamente utilizados no controle de efluentes, seja ele doméstico ou
industrial. O interesse nesse material se deve a sua alta capacidade de remover íons metálicos, além
disso, sua porosidade que fornece uma boa área superficial de contato colaborando na adsorção de
poluentes. A aplicação de carvão ativado tem se mostrado promissora, menos em relação aos altos
custos de sua produção e ativação. Por esse motivo, tem-se aumentado os esforços referentes a
estudos de novas matérias primas de fabricação que torne menos oneroso todo esse processo. Esse
contexto mostra a importância do referido estudo análise do potencial de fabricação de carvão
ativado a partir de sementes de sabonete (Sapindus saponária). Muitas sementes da Caatinga tem
demonstrado bons potenciais adsortivos ao serem utilizadas como matéria prima para a produção de
carvão ativado, apontando resultados satisfatórios quanto a adsorção de substâncias presentes em
água. Com isso, pode-se perceber que a semente Sapindus saponária, assim como de outras
espécies nativas da caatinga apresenta potencial de adsorção que vale a pena ser investigado.
Palavras-chave: Resíduos florestais, Efluentes, Filtração.
ABSTRACT
Activated carbons have been widely used in effluent control, be it domestic or industrial. This
material has been widely used because of its high ability to remove metallic ions and its porosity
which provides a good contact surface area. The application of activated carbon has shown to be
promising, less in relation to the high costs of its production and activation. For this reason, efforts
have been made to study new raw materials and manufacturing, which will make the whole process
feasible and less costly, which shows the importance of this study of the coal production from soap
seeds (Sapindus saponaria). Many Caatinga seeds have shown good adsorptive potentials when
used the raw material for the production of activated carbon. Thus, Sapindus saponaria, as well as
other native species of the caatinga, has an adsorption potential that is worth investigating.
Keywords: Forest residues, Effluents, Filtration.
INTRODUÇÃO
Uma solução viável para efluentes seja ele doméstico ou industrial, para uso agrícola ou da
piscicultura e até para o processo de filtragem da água usada para fins humanos é o carvão ativado.
Esse material é amplamente utilizado devido sua alta capacidade de remover íons metálicos devido
sua porosidade que fornece uma alta área superficial e sua afinidade com compostos orgânicos,
agrotóxicos, cobre, cromo, cádmio, chumbo, entre outros (Peruzzo, 2003; Chen & Wu, 2004;
Lyubchik et al, 2004; Youssef et al, 2003).
Outro ponto válido em relação a utilização de carvão ativado é sua susceptibilidade de
modificação de superfície que fornece uma variabilidade maior de aplicações, podendo ser alterado
dependendo da substância no qual irá adsorver. Além disso, suas características variam de acordo
com o tamanho, volume e distribuição dos poros e a presença de diferentes grupos funcionais em
sua superfície (OCAMPO-PEREZ, 2010).
A aplicação de carvão ativado tem se mostrado promissora, menos em relação aos altos
custos de sua produção e ativação. Por esse motivo, tem se aumentado os esforços referentes a
estudos de novas matérias primas e de fabricação, que tornem mais viável e menos oneroso todo
esse processo, o que mostra a importância do referido estudo de fabricação de carvão a partir de
sementes de Sapindus saponaria.
CARVÃO ATIVADO
O carvão ativado (CA) é um material rico em carbono, com estrutura altamente porosa onde
ocorre a maior parte do processo de adsorção. Devido a sua porosidade elevada, o CA oferece uma
grande superfície de contato colaborando com a adsorção de moléculas tanto em fase líquida quanto
gasosa. Suas propriedades variam de acordo com a matéria-prima utilizada, do processo e do tempo
de ativação utilizados, além da forma final do carvão.
Os carvões ativados podem ser usados para purificar, desintoxicar, desodorizar, filtrar,
descolorir, declorificar, remover ou modificar sabor e concentração de uma infinidade de materiais
líquidos e gasosos. Além disso podem ser fabricados por uma grande variedade de matérias primas
contanto que sejam substâncias altamente carbônicas como madeira, endocarpo de coco,
sementes, ossos de animais, petróleo, carvões minerais, plástico, pneus, lignita e material
betuminoso (FERNANDES, 2010).
A produção de carvão ativado é realizada em duas etapas: a carbonização da matéria-prima e
a ativação do material carbonizado (MOLETTA, 2011). Na primeira etapa é realizada a
carbonização processo onde o material é submetendo à elevadas temperaturas (acima de 400ºC)
onde ocorre a remoção de compostos voláteis e gases leves como CO, H2, CO2 e CH4 (Claudino
2003, Mohan e Pittman, 2006). Sobram os elementos minerais e um esqueleto carbonizado,
com massa fixa de carbono, com área superficial específica pequena (algumas dezenas de
m2 g-1), pois possui estrutura porosa rudimentar (FERNANDES, 2010).
Na segunda fase ocorre a ativação, com o intuito de garantir o aumento da porosidade do
carvão ativado, podendo a mesma ser de natureza física ou química (MOLETTA, 2011). Na
ativação física são usados agentes oxidantes de gases como o vapor de água, CO2 ou uma mistura
destes dois gases, após a carbonização. Com isso são formadas estruturas porosas e finas que
tornam os carvões produzidos, apropriados para o uso em processo de adsorção gasosa. A ativação
química consiste no uso de cloreto de zinco (ZnCl2) e ácido fosfórico (H3PO4) no material
ainda não carbonizado, gerando carvões com poros maiores, mais apropriados a aplicações em
fase líquida (OCAMPO-PEREZ, 2010)
O sabonete (Sapindus saponaria) ocorre da Região Amazônica até Goiás e Mato Grosso,
nas florestas pluviais e semidecíduas e também na caatinga. O sabonete é uma árvore que não tolera
sombreamento, possuindo pequeno porte, atingindo até 8 m de altura (Pereira, 2011), a planta tem
período de floração entre abril e junho e a maturação dos frutos ocorrendo entre setembro e outubro.
A semente de Sapindus saponaria é rígida e de difícil decomposição podendo passar até
anos para sua decomposição completa na natureza, pensando nisso e na problemática da qualidade
de água para consumo humano principalmente por compostos orgânicos acredita-se no potencial de
adsorção do carvão ativado feito das sementes de sabonete.
Muitas sementes da Caatinga tem demonstrado bons potenciais adsortivos ao serem
utilizadas como matéria prima para a produção de carvão ativado. No trabalho de Guerra et. al.,
(2015) o carvão ativado produzido a partir de sementes de Juá mostraram-se eficientes na remoção
de corante têxtil em solução, com percentual de remoção observado de 75%.
O estudo de Neres et. al. 2014 sobre produção de CA a partir de sementes apresentou como
resultado remoção de 25,74% de resíduos presentes em água. Assim como esse trabalho, a pesquisa
de Postai, 2013, utilizando carvão ativado obtido de resíduos florestais de Aleurites moluccana para
adsorção de corantes que mostrou que o material utilizado além de apresentar baixo custo, é eficaz
na remoção de corantes catiônicos em águas residuais.
Rocha et. al., (2006) realizou testes adsortivos com carvão ativado proveniente de sementes
de goiaba onde foram demonstrados resultados que comprovaram a aplicabilidade desse material
gerado como adsorvente, sendo que os dados obtidos para a semente de goiaba foram próximos ao
da capacidade adsortiva do carvão ativado industrial.
Todos esses estudos demonstram a grande diversidade de materiais provenientes de resíduos
florestais aptos de produzir carvão ativado, devido as características vegetais de propensas a
adsorverem uma grande variedade de gases e líquidos poluentes, isso confirma que a Sapindus
saponária pode ter grande potencial de adsorção e ser utilizada como material de baixo custo para
produção de CA (Neres et. al. 2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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com epicloridrina e impregnadas heparina, Florianópolis, 2006, p 24.
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de coco no tratamento de água. Salão de Iniciação Científica PUCRS, XI, p. 3, 2010.
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Neres, Nathana Gomes Cardoso et. al. Produção de carvão ativado a partir de cascas de sementes
de seringueira e de castanha do Pará. Manaus: Universidade Federal de Tocantis, 2014.
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Chemical Engineering Journal, v. 165, n. 1, p. 133-141, 2010.
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hidróxido de sódio (NaOH) e sua eficiência no tratamento de água para o consumo, Moju, 2013.
ROCHA, Welca Duarte da et al. Adsorção de cobre por carvões ativados de endocarpo de noz
macadâmia e de semente de goiaba. Rem: Revista Escola de Minas, v. 59, n. 4, p. 409-414,
2006.
RESUMO
Pouco têm sido estudado sobre o gerenciamento adequado e a produção de resíduos de serviços de
saúde no semiárido potiguar, inclusive acerca da exponencial elevação da procura e demanda por
tais serviços (que multiplicou o números de laboratórios e serviços correlatos no município), como
também, os riscos inerentes ao manejo inadequado e a legislação vigente que estabelece que todo
gerador deve se responsabilizar pelo resíduo que gera. Diante do exposto, a presente pesquisa
buscou realizar um diagnóstico com base no manejo, segregação e acondicionamento dos resíduos
gerados em um laboratório de análises clínicas de Pau dos Ferros, afim de verificar a
compatibilidade da disposição final com base nos parâmetros definidos pela RDC ANVISA nº 306
de 2004. Trata-se de estudo descritivo, cujos dados foram coletados por meio de observação. A
partir dos resultados obtidos, verificou-se pontos de adequação e inadequação do laboratório quanto
ao gerenciamento dos resíduos gerados.
Palavras-chave: Resíduos Sólidos da Saúde, Gerenciamento, Disposição Adequada, Semiárido
Potiguar.
ABSTRACT
Little has been studied about the adequate management and production of waste health services in
the semi-arid region, including the exponential increase in demand and demand for such services
(which multiplied the number of laboratories and related services in the municipality) The inherent
risks of inadequate management and the current legislation that establishes that all generators
should be responsible for the waste they generate. In view of the above, the present research sought
to make a diagnosis based on the management, segregation and conditioning of the waste generated
in a laboratory of clinical analyzes of Pau dos Ferros, in order to verify the compatibility of the final
disposal based on the parameters defined by the RDC ANVISA nº 306 of 2004. This is a descriptive
study, whose data were collected through observation. From the obtained results, it was verified
points of adequacy and inadequacy of the laboratory regarding the management of the generated
residues.
Keywords: Solid Waste of Health, Management, Adequate Disposal, Semi-Arid Potiguar.
INTRODUÇÃO
há um manejo adequado dos Resíduos Sólidos (RS). Segundo o Manual de Gerenciamento dos
Resíduos de Serviços de Saúde da ANVISA (2006), o descarte de forma inadequada dos Resíduos
dos Serviços de Saúde (RSS), representam um dos maiores riscos de potenciais de contaminação no
meio ambiente, bem como, a saúde da população em geral.
Severo apud. Rizzon (2015, p.41) diz que os Resíduos dos Serviços de Saúde, são
compostos por diferentes divisões, sendo elas desde material perfurocortante, contaminado com
agentes biológicos; produtos químicos, tóxicos e materiais perigosos até resíduos alimentares. Com
base na RDC ANVISA nº 306 de 2004, o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de
Saúde deve atender as normas locais da coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados
pelos órgãos locais, dando ênfase no manejo desse material, ou seja, ao gerenciamento dos resíduos
tanto externamente quanto internamento dos seus locais de estabelecimentos, bem como a geração e
disposição final, que acaba englobando as etapas de segregação, que é a separação dos resíduos de
acordo com suas características, sejam elas físicas, químicas, biológicas, e a parte de
acondicionamento que consiste na embalagem dos resíduos segregados, sejam em sacos, caixas ou
em recipientes que evitem vazamentos dos mesmos.
Com isso, objetivou-se com este estudo, realizar um diagnóstico com base no manejo,
segregação e acondicionamento dos resíduos gerados em um laboratório de análises clínicas de Pau
dos Ferros, afim de verificar a compatibilidade da disposição final com base nos parâmetros
definidos pela RDC ANVISA nº 306 de 2004.
METODOLOGIA
Segundo Gil (2008), a pesquisa apresenta caráter: hipotético dedutivo, pois há a criação de
uma hipótese, que busca por fim uma comprovação e de com o objetivo exploratório, ou seja, expor
um conhecimento sobre um determinado fato, ou acontecimento, envolvendo levantamento
bibliográfico, documental e entrevistas não padronizadas.
que eram realizados mensalmente, sejam exames de sangue ou de urina, como também
disponibilização dos dados referentes ao manejo e quantidade de resíduos gerados pelo laboratório
pelo responsável da manutenção e limpeza dos setores do órgão local, assim como a pesquisa com
os funcionários que realizam a limpeza do setor supracitado.
Com a coleta de dados foi feito uma análise de todo material, afim de uma fundamentação
que buscasse comparar a atual situação de disposição do laboratório com a situação exigida pelos
órgãos da Saúde e Meio Ambiente.
O Laboratório de Análises Clínicas (Figura 01) funciona na cidade de Pau dos Ferros/RN
desde o ano de 1989, atendendo todas as cidades circunvizinhas da região. São realizados exames
de sangue, como: ácido úrico, amilase, creatina, hemograma, glicose, BETA HCG, VDRL,
plaquetas, dentre outros, bem como o SUMÁRIO/EAS, referente ao exame de urina. É classificado
como de grande porte, do segmento público e possui quadro de funcionários constituído por 08
(oito) bioquímicos, e 22 (vinte e dois) técnicos operantes em patologia, análises clinicas, ou
enfermagem. O laboratório é caracterizado, segundo a CONEMA Nº 04/2006 de Potencial Poluidor
/ Degradador: MÉDIO.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A definição quanto à condição ou não de recuperação dos resíduos gerados, bem como, sua
separação foi baseada a partir da classificação estabelecida pela ANVISA acerca dos RSS (Tabela
01); diante da categorização realizada buscou-se tomar decisões referente ao tratamento e/ou
disposição final adequados (RÊGO, 2014).
O laboratório gera resíduos dos grupos A, B, D e E (Figura 02), produzidos pela realização
de exames de sangue e de urina. Com base no levantamento do mês de julho de 2017, foram
realizados 14.132 exames de sangue e 150 coletas de urina. Esta quantidade de exames não refere-
se a quantidade de coleta, no qual uma coleta de sangue, poderá servir para a realização de diversos
exames, entretanto para a obtenção dos resultados dos exames nem sempre são utilizados as
mesmas placas e tubos, podendo uma coleta resultar em até 08 exames, segundo uma técnica
presente durante o levantamento dos dados.
Após o levantamento da quantidade de exames realizados, foi questionado quanto ao manejo
dos materiais após a sua utilização, no qual foi dito que os materiais do grupo A e B são
acondicionados sacos plásticos especiais, tratados como materiais infectantes; o grupo D, são
acondicionados em sacos plásticos pretos e o grupo E são acondicionados em caixas que após
atingirem a capacidade estabelecida na embalagem, são vedadas e destinadas para os pontos de
coleta do órgão local.
Os resíduos dos grupos A, B e E (Figura 03 e 04), são coletados duas vezes por semana por
uma empresa terceirizada, especializada em resíduos hospitalares, já os do grupo B são coletados 3
vezes por semana por uma empresa terceirizada pela prefeitura da cidade em coletar resíduos do
mesmo grupo em todo o município. Os resíduos A, B e E necessitam de tratamento específico,
assim como destinação, já os resíduos do grupo D podem ser destinados ao lixão da cidade.
Figura 04: Caixa para acondicionamento de materiais do grupo E. Fonte: Própria, 2017.
O laboratório é limpo 01(uma) vez ao dia, e o material é recolhido 02 vezes ao dia, não foi
possível informar a quantidade de lixo gerada pelo laboratório, entretanto, no hospital no qual o
laboratório opera, são gerados aproximadamente 1.200kg por semana.
O RSS é coletado em diversos pontos do laboratório, tendo em vista o local de descarte
específico para cada um dentro do setor. Os resíduos do grupo D, são colocados em sacos plásticos
pretos de 100L (Figura 05); os resíduos do grupo A e B, são colocados em sacos plásticos brancos
com a descrição ―lixo infectante‖ na sua embalagem, alertando assim as pessoas que o transportam
e os resíduos do grupo E, são colocados em caixas de papelão grosso, com tonalidade amarela e
descrição em suas laterais do tipo do material, com capacidade de 7L.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise dos dados, podemos perceber que a segregação dos materiais de grupos
A,B, D e E, são feitos de maneiras exigidas pela RESOLUÇÃO RDC Nº 306, DE 7 DE
DEZEMBRO DE 2004, entretanto o seu acondicionamento para coleta, apresenta algumas
divergências, tais como os pontos de coleta dos materiais de grupo A e B, nas quais os depósitos
deveriam estar fechados, entretanto, com a visita in loco, pode se perceber, que os recipientes de
acondicionamentos desses materiais estavam abertos, bem como parte destes materiais estavam
dispersos nas localidades dos recipientes, o que representa uma forma tanto de periculosidade para
o meio ambiente quanto para as pessoas que ali trabalham, ouro fator no acondicionamento desses
materiais foi a presença de resíduos líquidos no chão, supostamente vazados dos recipientes, o que
mostra a sua fragilidade e descuido dos responsáveis pela manutenção desses resíduos.
Quanto a suposta deposição do resíduo do grupo D, no lixão a céu aberto da cidade,
podemos constatar também, a inadequação desta disposição, o qual seria recomendado após o
tratamento dos resíduos deste grupo suscetíveis a reutilização ou reciclagem, o que não atendem os
padrões destes tipos de reuso, fossem depositados em aterro controlados, pois o gerenciamento dos
RSS, não está relacionado apenas as empresas de coleta e disposição final, mas sim na participação
da comunidade quanto a idealização e execução de uma gestão ambiental, não apenas relacionado
aos RSSS, mas sim em relação à produção de todos os tipos de resíduos (RIZZON,2015).
Diante disso, é de suma importância a educação ambiental nos currículos de todo cidadãos,
despertando assim, um discernimento ecológico para que possa haver transformações significativas
na forma como cada um lida com o meio ambiente, e para que os limites com o manejo dos
Resíduos de Serviços de Saúde, possam ser respeitados e sua produção minimizada, além de que, o
manejo desses instrumentos se dá por etapas, na qual se necessita de prudência e conhecimento para
a realização de cada um dos procedimentos do processo (BORGES,2017).
REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
RESUMO
Concomitante ao crescimento populacional, a geração de resíduos sólidos avança como uma
progressão geométrica, acarretando assim, muitas vezes, em impactos irreversíveis, tanto ao meio
ambiente, quanto à saúde humana. Desta forma, objetivou-se analisar a partir do modelo
matemático de Verhulst, como a população tende a crescer exponencialmente e de que modo isto
está associado à geração de resíduos sólidos. A partir das observações, verificou-se que a má
disposição de resíduos sólidos, em virtude da expansão populacional, ocasiona mau cheiro,
desvalorização de imóveis, proliferação de vetores e contribuem para a ampliação do efeito estufa.
Com isso, por meio de conferências, acordos e criação de novas tecnologias, podem-se minimizar
os impactos oriundos do descarte inadequado dos resíduos sólidos, bem como promover planos e
propostas que visem o desenvolvimento sustentável.
Palavras chave: Resíduos Sólidos, Modelagem Matemática, Impactos ambientais.
ABSTRACT
Concomitant with population growth, a generation of solid waste advances as a geometric
progression, often leading to irreversible impacts on both the environment and human health. In this
way, we aimed to analyze from the mathematical model of Verhulst, as a population tends to grow
exponentially and that is a stage for solid waste generation. From the observations, it was verified
that it is a disposal of solid residues, due to population expansion, occasion of bad smell, property
devaluation, proliferation of vectors and contributions to a greenhouse expansion. With this,
through conferences, Classification and creation of new technologies, the impacts from solid waste
disposal can be minimized, as well as the promotion of plans and proposals for sustainable
development.
Keywords: Solid Waste, Mathematical Modeling, Environmental Impacts.
INTRODUÇÃO
afetados, tendo perdido 60% da fauna e flora originais. Com relação aos Resíduos sólidos, o grau
dos impactos pode ser analisado a partir dos volumes de geração, associados ao nível de eficácia da
sua gestão e aos malefícios que podem acarretar.
A baixa eficácia da Geração de resíduos brasileira fica comprovada na comparação com
países desenvolvidos, a exemplo da Holanda, onde 39% dos resíduos são reciclados, 7% são
aproveitados pela compostagem e outros 42% são utilizados para recuperação energética, restando
apenas à fração de 12% para disposição em aterros sanitários. No Brasil, 11% dos resíduos gerados
sequer são coletados. Da parcela coletada, aproximadamente 43% são destinados a lixões ou
aterros.
Segundo dados da ABRELPE, o total mundial de resíduos sólidos produzidos nas cidades é
de 1,3 bilhões de toneladas por ano, ou 1,2 kg por dia para cada habitante. Cerca de metade dessa
quantidade é produzida nos países da OCSE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico, que inclui 34 países). Estima-se que em 2025 esses valores alcancem 2,2 bilhões de
toneladas, com a China que vai aumentar de três vezes a sua quantidade (de 520 milhões de
toneladas para 1,4 bilhões).
Os Estados Unidos da América ficam em primeiro lugar neste ranking nada sustentável, produzindo
mais de 2,5 kg de resíduos, em média, para cada habitante diariamente. Na Noruega também é alcançado
estes níveis. A Itália produz cerca de 89.000 toneladas de resíduos por dia, 2,23 kg per capita (considerando
apenas a população urbana, cerca de 40 milhões de pessoas), com a previsão de uma leve redução (86.500
toneladas) em 2025.
Por conseguinte, faz-se necessário uma avaliação do ritmo de crescimento populacional em razão do
modelo matemático de Verhulst, levando em conta a sua relação com a geração de resíduos sólidos e o modo
como isto interferirá de maneira negativa no meio e suas consequências.
METODOLOGIA
Para (Tavoni, 2013), um dos modelos de crescimento populacionais mais conhecidos é do
economista inglês Thomas Malthus, que foi apresentado em 1798. O modelo admitia que a
proporção em que a população qualquer cresce em um instante t é relacionada com o número da
mesma população naquele presente t0.
A afirmação de Malthus era que a variação do número de indivíduos N(t) estaria relacionada
com a subtração do número de nascimentos e o número de mortes em um instante t.
Onde,
Quando o dt→0,
Pode-se obter a solução da equação diferencial ordinária acima pelo método de separação de
A solução para essa equação depende de valores de e e seu gráfico terá a mesma
forma que o gráfico da função , porém este modelo não apresenta uma situação real, visto
que não leva em consideração a influência de fatores que interferem na sobrevivência e
crescimento.
Em 1837, Verhulst modificou o modelo de Malthus e adicionou esse fator limitante,
chamado de população limite L, que seria uma quantidade máxima de habitantes de uma população,
levando em conta a quantidade máxima de alimentos que se pode produzir, , alimentos
A taxa de variação deve ser proporcional à fração da população ainda não utilizada,
chamada fator de crescimento.
Sendo classificada como não-Linear, visto que N=N(t) aparece com expoente diferente de 1.
Ainda pelo método de substituição de variáveis pode-se solucionar a EDO, notando que:
* ( )+
∫ ∫ ∫
( )
Quando
( )
( )
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O gráfico da equação gerado pelo estudo de Verhults, uma assíntota horizontal para curva
sigmoide, como o modelo da figura abaixo, de uma cultura de bactérias criada em placa de petri.
Figura 2: Crescimento populacional ao longo dos anos e projeção até 2100. Fonte: Autoria Própria
Para o presidente da Iswa, David Newman, a população, além de crescer rapidamente desde
o século passado, também tem cada vez mais acesso à renda, o que aumenta o consumo e a
produção de lixo. Os Países desenvolvidos produzem uma quantidade de resíduos maior, porque
tem níveis mais elevados de consumo. À medida que os países vão se tornando mais ricos, há uma
redução gradual dos componentes orgânicos no lixo. A proporção de plásticos, metais e papel no
lixo doméstico fica maior.
Godecke, 2012 cita o mau cheiro, redução do bem-estar, desvalorização dos imóveis e o
desgabo da paisagem como resultados decorrentes da acumulação em locais inapropriados. A
absorção de metais pesados provenientes do descarte de lixo eletrônico, pilhas, baterias, lâmpadas
fluorescentes, etc, são causadoras de desordem na saúde humana, bem como macro e microvetores
que se proliferam nos lixões, além dos materiais particulados e gases cancerígenos emitidos nas
incinerações dos resíduos.
A atmosfera também é impactada pela concentração de gases provenientes da decomposição da
matéria orgânica presente no lixo, dando procedência ao efeito estufa, causando mudanças climáticas
drásticas, onde lugares de temperaturas extremamente frias sofrem elevações e áreas úmidas enfrentam
períodos de estiagem; Calotas de gelo localizadas nos polos sofrem derretimento e, consequentemente,
provocam uma elevação global nos níveis dos oceanos. Além disso, o fenômeno pode levar áreas cultiváveis
e férteis a entrar em um processo de desertificação. Há o aumento significativo na incidência de grandes
tempestades, furacões ou tufões e tornados. A fauna e a flora em domínios distintos do planeta são perdidas
com o desequilíbrio dos ecossistemas.
CONCLUSÃO
Diversos estudos, teorias, análises e o dia a dia areiam as nossas caras com as consequências
da geração descontrolada e descarte inadequado de resíduos. Felizmente, com as conferências,
encontros, acordos e consciência ambiental que está surgindo, a população e os governantes estão
buscando maneiras de amenizar esses efeitos, como programas de descarte correto e a reciclagem e
reutilização de materiais descartados. Cerca de 1,5 mil usinas térmicas estão espalhadas pelo mundo
atualmente, elas utilizam o lixo para gerar energia ou calor em 35 países. Japão, alguns países da
Europa, China e EUA são líderes na lista dos produtores deste tipo de energia, reduzindo em torno
de 10% o volume do lixo que entra, transformado em cinzas que podem ser aproveitadas como base
de asfalto ou na construção civil. No processo, produzem energia elétrica, vapor, água gelada e
combustível. Já a compostagem tem sido incentivada principalmente na Europa Ocidental. No
Brasil, há o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que Institui a responsabilidade compartilhada dos
geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e
titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e
embalagens pré-consumo e pós-consumo.
REFERÊNCIAS
ABRELPE. PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL 2015. 2015. Disponível em:
<http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2015.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2017.
<http://www.ufjf.br/ladem/2013/09/28/enxame-humano-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/>.
Acesso em: 15 mar. 2017.
GALEFFI, Carlo. Quem produz mais lixo no mundo. 2013. Disponível em:
<http://www.portalresiduossolidos.com/quem-produz-mais-lixo-no-mundo/>. Acesso em: 20
mar. 2017.
GODECKE, Marcos Vinicius; NAIME, Roberto Harb; FIGUEIREDO, João Alcione Sganderla. O
CONSUMISMO E A GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL. 2012.
Disponível em: <http://web-resol.org/textos/6380-33840-2-pb-2.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2017.
SENADO FEDERAL. Aumento da produção de lixo tem custo ambiental. 2014. Disponível em:
<http://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/residuos-solidos/mundo-rumo-a-4-bilhoes-
de-toneladas-por-ano>. Acesso em: 24 mar. 2017.
SOARES, Débora da Silva. Biologia e Matemática: uma relação de contribuição mútua. 2013.
Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/biosferas/Art0060.html>. Acesso em: 17 mar. 2017.
RESUMO
Os impactos ambientais gerados em torno da produção de resíduo é atualmente um dos principais
temas discutidos em relação ao meio ambiente por ambientalistas e políticos, pois esta atividade é
vista como ameaça para futuras gerações e a qualidade de vida das atuais. Dado isso, pesquisas
científicas estão constantemente buscando analisar alternativas para o reaproveitamento de
materiais não convencionais com intuito de reduzir a degradação ambiental, devido ao alto consumo
de materiais. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar a possibilidade de aproveitamento do
resíduo de construção e demolição (RCD) para produção de concreto. Foram moldados corpos de
prova cilíndricos nas dimensões de 10 cm x 20 cm para o concreto de referência e para o concreto
contendo RCD. Nesta pesquisa, utiliza-se o RCD como filler em substituição a 10% de cimento
Portland objetivando avaliar a resistência à compressão simples para as idades de 3, 7 e 28 dias,
conforme especificações da NBR 5739: 2007. Verificou-se que não ocorreu diferença significativa
obtida para a resistência à compressão simples do concreto de referência-CR e a resistência obtida
para o concreto com incorporação do RCD, sendo justificado pela ação do RCD em preencher os
espaços vazios existentes entre os agregados. Desta forma, há uma contribuição significativa para
reduzir os impactos ambientais gerados pela disposição dos RCD´s ao meio ambiente.
Palavras Chave: Impactos Ambientais, Construção Civil, Resíduos, Concreto.
RESUMÉN
Los impactos ambientales generados en torno a la producción de residuos son hoy uno de los
principales temas discutidos en relación al medio ambiente por ambientalistas y políticos, pues está
actividad es vista como amenaza para futuras generaciones y la calidad de vida de las actuales. Por
eso, investigaciones científicas están constantemente buscando analizar alternativas para el
reaprovechamiento de materiales no convencionales con el fin de reducir la degradación ambiental,
debido al alto consumo de materiales. La construcción civil es uno de los sectores que más se
destaca en el consumo de materiales, al que objetivó nuestro trabajo en evaluar la aplicación del
residuo de construcción y demolición (RCD) para producción de concreto. Así, fueron moldeados
cuerpos de prueba cilíndricos de 10 cm x 20 cm para evaluar la resistencia a la compresión simple
del hormigón incorporado con RCD en comparación al de referencia, siendo realizado esos ensayos
de acuerdo con la NBR 5739: 2007 en las edades de 3, 7 Y 28 días de curación. Indicando así, que
no hubo diferencia significativa entre las resistencias a la compresión simple del concreto de
referencia-CR en relación al concreto con RCD, siendo eso justificado debido a la acción del RCD
en llenar los espacios vacíos existentes entre los agregados y el cemento e incluso La reducción de
cemento se compensará parcialmente. De esta forma, a una contribución significativa para reducir
los impactos ambientales generados por la disposición de los RCD's al medio ambiente.
Palabras Clave: Impactos Ambientales, Construcción Civil, Residuos y Concreto.
INTRODUÇÃO
Diante da ameaça ao meio ambiente e escassez dos recursos naturais a uma preocupação
constante para inserção de materiais alternativos, aos quais exerçam a mesma função com qualidade
que o material convencional. Aliado a isso, pesquisas estão sendo constantemente desenvolvidas
para buscar uma aplicação viável de resíduos gerados pela população. Assim, o setor construtivo é
um dos principais em estudo, pois a indústria da construção civil é uma das maiores consumidoras
de matérias-primas naturais, sendo responsável por um consumo em torno de 50% dos recursos
naturais utilizados (AGOPYAN & JOHN 2011).
córregos e represas, eleva o seu leito (assoreamento) culminando com enchentes e riscos de
desabamento de residências próximas ao rio.
Conforme Elias (2008), para se ter uma ideia do dano que os RCD´S pode causar, mais da
metade dos lagos de Fortaleza foram aterrados pelos mesmos e os riachos Pajeú e Maceió foram
transformados em galerias de esgotos por estarem contidos em canais fechados.
Analisados sob aspectos técnicos, os impactos gerados pela construção civil se agravam pelo
uso e desenvolvimento insuficiente de novas tecnologias mais racionalizadas, desperdício de
materiais e baixa qualificação profissional, de acordo com Malta et al (2013). Isto porque, em vários
canteiros de obra à falta de uma aplicação eficiente de um planejamento e controle, pois ao se
inserir essas duas variáveis podemos evitar custo superior ao esperado e reduzir os RCD´s
produzidos.
Conforme Malta et al (2013), a geração de resíduos sólidos municipais, notadamente os de
construção e demolição (RCD), tem sido um dos grandes problemas enfrentados pelas
municipalidades e pelo setor da construção civil, visto que a Resolução CONAMA n. 307/2002,
obriga, por parte dos geradores, à correta destinação e beneficiamento dos RCD, os quais não
poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas,
lotes vagos e em áreas protegidas por Lei. Segundo essa mesma resolução a uma classificação para
os resíduos de construção e demolição, a qual divide-se em classes sendo: A (resíduos reutilizáveis
ou recicláveis como agregados e concreto), B (resíduos recicláveis para destinações como plásticos
e vidros), C (resíduos ao qual não se tem uma aplicação economicamente viável que permita sua
reciclagem/recuperação, tais como produtos oriundos do gesso) e D (resíduos perigosos como tintas
e solventes).
Na concepção de Oliveira e Mendes (2008), os elevados gastos por parte da Administração
Pública na limpeza e remoção desses resíduos de locais inadequados, bem como da construção de
um local apropriado para receber os mesmos, é hoje um dos grandes problemas enfrentados pelos
governantes, o que acaba gerando um ciclo vicioso de disposição inadequada e remoção dos
mesmos pelas companhias de limpeza pública. Os grandes geradores de resíduos por serem
facilmente identificáveis e fiscalizados, preferem optar pelos procedimentos adequados, mesmo que
tais procedimentos sejam mais onerosos. Além do mais, as grandes construtoras buscam as
certificações ambientais usando-as como diferencial em suas campanhas de marketing na promoção
de seus lançamentos de acordo com Oliveira (2015). Por outro lado, as pequenas construções são as
que mais contribuem na questão de impactos ambientas, devido o município não ter um controle ou
fiscalização suficiente para evitar que metralhas não sejam colocadas em determinados locais.
Segundo a ABRECON, uma característica vital para a reciclagem de RCD no país é o
entrosamento com as questões ambientais e a abordagem preservacionista que a atividade agrega.
Com isso, segundo Oliveira (2015) ser sustentável garante ao setor um crescimento acima do
esperado e ainda facilita as negociações com órgãos públicos, iniciativa privada e com potenciais
parceiros.
Conforme Brito & Evangelista (2010) ; Reis (2009), para o uso em argamassas e concretos,
alguns estudos ainda precisam ser desenvolvidos para sua viabilidade técnica, pois os agregados
produzidos a partir do RCD apresentam características específicas, tais como: a) composição
definida a partir da composição do RCD (fases de cerâmica, concreto, rocha e argamassa); b) o
processo de britagem (tipo de britador e classificação granulométrica) define a granulometria do
agregado reciclado (AR) e teor de finos; c) elevada porosidade e absorção; d) forma lamelar e
textura mais áspera; e e) massa específica em média 14% a menos na condição seca e 9% a menos
na condição saturado superfície seca, em relação aos agregados convencionais.
A construção civil é uma atividade importantíssima em todo mundo, pois está intimamente
ligada ao desenvolvimento socioeconômico de um país. Aliado a isso, a uma busca incessante para
utilização de resíduo de construção e demolição (RCD) nesse setor, pois o mesmo pode substituir
matérias primas convencionais dada a composição ser equivalente.
Na concepção de Neves et al., (2011) pesquisas de novos materiais e métodos construtivos
vêm sendo realizados com o intuito de aumentar a eficiência e o desempenho das edificações,
buscando adequar a indústria da construção civil aos conceitos de sustentabilidade. Com isso, ao
utilizar o RCD na construção civil estamos diminuindo os danos ambientais, consequentemente,
atribuindo valor econômico ao qual sua disposição em lixões é uma possível fonte de renda para as
pessoas que trabalham nesses locais.
As aplicações na construção civil dos RCD´s se dá em diversos setores, aos quais podemos
destacar: a utilização em misturas a asfaltos quentes, fabricação de argamassa de assentamento,
revestimento, pré-moldados e blocos. Leite (2001) indicou em seu estudo que uso de agregado
reciclados é perfeitamente viável para a produção de concreto considerando as propriedades
mecânicas avaliadas, resistência à compressão, resistência à tração, resistência à tração na flexão e
módulo de deformação.
METODOLOGIA
Na pesquisa foram utilizados dois tipos de concretos para efeito comparativo. Um concreto
de referência CR composto com concreções lateríticas como agregados graúdos, areia como
agregados miúdos, cimento e água e, outro concreto composto de concreções lateríticas como
agregados graúdos, areia como agregados miúdos, cimento, e resíduo de construção civil moído,
como filler, substituindo 10% da massa de cimento, e água.
A metodologia utilizada na pesquisa foi dividida em quatro etapas:
O resíduo utilizado nesta pesquisa foi proveniente de uma reforma realizada em bloco do
Departamento de Engenharia Civil. Inicialmente foram retirados da amostra, pedaços de ferro,
plástico, papel e madeira. Para determinar a composição do RCD foram colhidas 5 amostras de 1kg
cada. As amostras foram separadas manualmente, segundo a classificação adotada por Zordan
(1997):
Beneficiamento do RCD
RESULTADOS E DISCUSSÕES
45
40
35
30
25 52
20 26
15
10
12 10
5
0
yss6,3mm = 1,46 g /
cm3
yss12,5mm = 1,54 g /
DNER-ME
Massa unitária cm3
152/95
yss19mm = 1,50 g /
cm3
Abs6,3mm=6,04%
DNER – ME
Absorção Abs12,5mm=7,48%
081/98
Abs19mm=5,34%
ABNT NBR
Teor de materiais
7219:1987 MP=6,67%
pulverulentos
As médias das concreções lateríticas ilustrado na Tabela 1 pela análise granulométrica para:
massa específica foi de ys = 3,15 g / cm3, posteriormente o de massa unitária encontrado de yss = 1,50
g / cm3, dada essa diferença devido a última considerar vazios permeáveis do material. Por
conseguinte, os resultados obtidos para o ensaio de absorção apresentaram valor médio de 6,29%,
significando assim, que a amostra sofreu um aumento de 6,29%, devido o preenchimento de seus
poros por água, e em seguida, para observação do teor de materiais pulverulentos encontrou-se o
valor de 6,67%.
O agregado miúdo utilizado neste estudo apresentou massa específica de 2,60 g/cm3 e
equivalente em areia de 77,00%, ou seja, 77,00% da amostra é formado por grãos de areia e o
restante por materiais pulverulentos.
No filler RCD analisado os resultados obtidos para pesquisa foi em relação a massa
específica, a qual apresentou o valor de 2,48g/cm3, que segundo estudos realizados por Ângulo
(2005), agregados inseridos no intervalo de densidade d > 2,2 possuem teores elevados de rocha e
teores baixos de cerâmica vermelha, resultando em concretos com comportamento mecânico
semelhante aos agregados naturais analisados.
A Figura 2 ilustra os resultados obtidos para a resistência a compressão do concreto
incorporado com RCD.
35
31,32
Resistência a compressão (MPa)
CREF
30 CRCD 26,87 30,13
25 21,32 25,78
20 21,38
15
10
0
3 dias 7 dias 28 dias
Tempo de cura
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
_____. NBR 5738: Concreto- Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de
Janeiro, 1994.
_____. ME 152: Agregado em estado solto. – Determinação da massa unitária. Rio de Janeiro,
1995.
_____. NBR 5738: Concreto- Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de
Janeiro, 1994.
BRITO, J.; EVANGELISTA, L. Durability performance of concrete made with fine recycled
concrete aggregates. Cement & Concrete Composites, v. 32, p. 9-14, 2010.
KARPINSK. Luisete Andreis. [et al.]. Gestão diferenciada de resíduos da construção civil: uma
abordagem ambiental [recurso eletrônico] /... [et al.]. – Dados eletrônicos. –Porto Alegre:
Edipucrs, 2009.163 p.
RESUMO
A geração de resíduos sólidos nos mercados públicos de São Luís/MA têm causado diversos
impactos negativos pelo seu descarte incorreto, como por exemplo, proliferação de insetos, mau
cheiro, poluição visual, entre outros. Objetivou-se neste estudo, analisar a correlação entre as
doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e o volume dos resíduos sólidos gerados nos
mercados públicos de São Luís. Em vista disso, utilizaram-se dados obtidos a partir das visitas in
loco nos mercados públicos e entrevistas aplicadas aos feirantes e medição das dimensões dos locais
de armazenamento de resíduos sólidos de cada mercado pesquisado.
Palavras-chave: Epidemiologia; Saneamento; Salubridade.
ABSTRACT
The generation of solid waste in the public markets of São Luís / MA has caused several negative
impacts due to its incorrect disposal, such as insect proliferation, bad smell, visual pollution, among
others. The objective of this study was to analyze the correlation between the diseases transmitted
by the Aedes aegypti mosquito and the volume of solid waste generated in São Luís public markets.
In this way, data obtained from on-site visits in public markets and Interviews applied to merchants
and measurement of the dimensions of the solid waste storage sites of each researched market.
Key-words: Epidemiology; Sanitation; Salubrity;
INTRODUÇÃO
O Município de São Luís capital do Estado do Maranhão possui vinte e nove mercados
públicos, entre portes grandes e pequenos que geram em torno de seis toneladas de resíduos sólidos
orgânicos/dia cada uma delas, segundo coordenação destes mercados (SEMAPA, 2016).
A geração de resíduos sólidos nestes mercados tem causado diversos impactos negativos
pelo seu descarte incorreto, como por exemplo, proliferação de insetos, mau cheiro, poluição visual,
entre outros.
O mau acondicionamento desses materiais possibilita o desenvolvimento de insetos e
pequenos animais hospedeiros como o mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças importantes como
a dengue, à febre chikungunya e a zika, uma vez que neste ambiente esses vetores encontram
condições adequadas para sua proliferação (água, alimento e abrigo).
No que tange a relação resíduo-saúde estudos do Ministério da Saúde (BRASIL, 2015),
ressaltam que a presença da larva do mosquito Aedes aegypti pode estar relacionada à destinação
incorreta de resíduos na ordem de 5,0% a 50,0%, destacando a importância da eliminação dos lixões
e depósitos clandestinos de resíduos.
No Município os resíduos sólidos correspondem a 6,0% dos abrigos de lavar do mosquito,
segundo dados apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde de São Luís (SEMUS), através do
Levantamento de Infestação Rápido de Aedes aegypti (LIRAa), realizado em junho de 2016.
Portanto, o manejo adequado dos resíduos é uma importante estratégia de preservação do meio
ambiente, assim como de promoção e proteção da saúde do homem.
Nesse contexto, escolheram-se os mercados públicos de São Luís como local de estudo
dessa pesquisa por consistirem em ambientes com grande contingente de pessoas (feirantes e
consumidores) que ficam expostas diariamente a diversos riscos biológicos. Geralmente os
mercados públicos caracterizam-se pela produção constante de resíduos sólidos nos seus setores de
venda, e que são gerados desde sua chegada e organização dos alimentos nas bancas até o seu
consumo/compra. Objetivou-se neste estudo, analisar a correlação entre as doenças transmitidas
pelo mosquito Aedes aegypti e os resíduos sólidos gerados nos mercados públicos de São Luís.
METODOLOGIA
O presente trabalho teve como base de pesquisa os mercados públicos de São Luís, ambiente
no qual se praticam a venda de produtos alimentícios e diferem-se das feiras livres por possuírem
estruturas físicas e fixa e seu comercio ocorre durante toda a semana. Em São Luís há atualmente 29
mercados públicos (de grande, médio e pequeno porte), que são administrados pela Secretaria
Municipal de Abastecimento, Agricultura e Pesca (SEMAPA). Para realização desse trabalho
estudou-se oito (08) mercados públicos do município, escolhidos aletoriamente, onde procurou
entender se alguma variação das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti (dengue, zika e
chikungunya) nos feirantes infectados é explicada pela formação de pequenos lixões irregulares
nesses estabelecimentos.
Coleta de dados
Os dados para execução deste trabalho foram coletados a partir de visita in loco em oito (08)
mercados públicos do Município de São Luís, nos períodos de julho a setembro de 2016, ocasião
em que se observaram as condições higiênico-sanitárias do local.
Com as visitas também foi possível aplicação de um questionário com os feirantes usando-se
um questionário previamente estruturado com 19 questões, tomou-se por base o mercado como
unidade amostral, entrevistou-se o feirante responsável pela banca ou boxe, contabilizando um total
de 270 feirantes entrevistados, o questionário aplicado contemplou dados, como: identificação,
situação socioeconômica, grau de escolaridade, acometimento das doenças transmitidas pelo
mosquito Aedes aegypti, entre outras. Foram assegurados o conhecimento e a concordância dos
entrevistados, assim como a confidencialidade das informações.
Para a obtenção de dados referente ao volume (m3) de resíduos sólidos gerados por dia nos
mercados de São Luís, foram feitas medições dos locais de armazenamento desses materiais
(contêineres estacionários e casas coletoras), para tal utilizou-se uma Trena a Laser Bosch GLM30.
Como os reservatórios de acondicionamento dos resíduos sólidos gerados nos mercado
tinham formato geométrico de um retângulo, mediram-se as seguintes dimensões necessárias para
aplicação da equação do volume para um sólido retângulo: comprimento (m), altura (m) e largura
(m). A equação utilizada para calcular o volume de um sólido retangular, consiste na multiplicação
das dimensões supracitadas:
Foi formulada a hipótese de que os resíduos sólidos gerados nos mercados públicos de São
Luís repercute de maneira inversamente proporcional sobre a taxa de casos positivos de dengue,
zika e chikungunya nos feirantes.
Analise de dados
Para a realização das análises estatísticas do estudo, foram utilizadas variáveis para a
correlação entre os sistemas em estudo. A análise de correlação servirá para estimar o grau de
associação entra a taxa de casos das doenças transmitidas pelo mosquito e a acumulação de resíduos
sólidos nos mercados públicos do Município de São Luís.
Para a apuração dos dados e suas observações foi necessário determinar a variável sobre a
qual se deseja fazer uma estimativa, conhecida como variável dependente, e a variável sobre a qual
é condição que explica a estimativa proposta na variável dependente, essa recebe o nome de
variável independente.
A partir disso, três variáveis foram identificadas como variável independente, quais foram:
Volume (m3) de resíduos sólidos produzidos por dia nos mercados (VRM); Proporção da frequência
de limpeza (varrição) por dia dos mercados (FLM) e; Proporção da frequência (por semana) da
coleta do lixo realizada pela Prefeitura (FCL). E uma variável foi determinada como variável
dependente, sendo: Taxa de Casos Positivos de Dengue, Zika e/ou Chikungunya (CP-
DENV/ZIKV/CHIKV) entre os feirantes dos mercados públicos pesquisados.
Os dados foram armazenados, tabulados e analisados no Excel mediante a correlação
estatística das variáveis estudadas, através do coeficiente de correlação linear de Pearson (r), que
indica a força da correlação entre as duas variáveis estudadas, verificou-se se há ou não
confirmação da hipótese formulada em relação ao impacto da acumulação dos resíduos nos
mercados públicos de São Luís sobre a condição de saúde do feirante.
RESULTADOS
FLM (%)
MERCADOS
01 vez ao De 02 a 03 vezes ao Até 04 vezes ao Mais de 05 vezes ao
dia dia dia dia
Cohab 31 50 4 15
Primavera 52 48 - -
Anil - 36 27 37
João Paulo 21 74 2 3
Tirirical 26 61 4 9
Ipem São 79 21 - -
Cristovão
Central - 43 12 45
Liberdade 21 64 10 5
MÉDIA 38% 50% 10% 19%
Quadro 1: Proporção da frequência de varrição por dia nos mercados públicos de São Luís.
Fonte: Autores da pesquisa, 2017.
Proporção da frequência (por semana) da coleta do lixo realizada pela Prefeitura (FCL)
FCL (%)
MERCADOS
02 vezes por 03 vezes por Todos os Não sabe
semana semana dias informar
Cohab 19 12 56 13
Primavera 4 22 41 33
Anil 10 13 37 40
João Paulo 10 10 45 35
Tirirical - 17 52 31
Ipem São
3 16 68 13
Cristovão
Central 7 9 57 27
Liberdade 7 7 43 43
MÉDIA 9% 13% 50% 29%
Quadro 2: Proporção da frequência (por semana) da coleta do lixo realizada pela Prefeitura.
Fonte: Autores da pesquisa, 2017.
Identifica-se que a metade dos feirantes entrevistados, 50%, declararam haver a coleta
regular dos resíduos, realizada todos os dias, nota-se também que uma grande porção de feirantes,
em média 29% não sabem informar a frequência em que é realizado a coleta de lixo, influenciando
diretamente na limpeza dos mercados, pois acredita-se que estes feirantes não contribuem de forma
efetiva para a manutenção do seu local de trabalho.
Volume dos resíduos sólidos produzidos por dia nos mercados públicos estudados (VRM)
O volume de resíduos sólidos dos mercados públicos representa a capacidade dos recipientes
utilizados em cada mercado pesquisado para o armazenamento dos resíduos, esses espaços
ponderam a quantidade de lixo gerada por dia durante o período de funcionamento desses locais.
Como foi verificado que os reservatórios de acondicionamento dos resíduos sólidos gerados
nos mercado, são contêineres e casas coletoras, logo esses possuem formato geométrico de um
retângulo, assim para aplicação da equação do volume, foi necessário realizar a medida das
seguintes dimensões: altura (m), comprimento (m) e largura (m).
Destaca-se que nos mercados estudados o armazenamento dos resíduos sólidos gerados não
está em conformidade com a NBR 11.174 (1990) que define as regras gerais para o armazenamento
de resíduos classes II - não inertes e III – inertes.
Notou-se durante a pesquisa o armazenamento temporário dos resíduos gerados nos
mercados em contato direto sobre o piso, tornando-se sujeito a alteração de sua classificação e a
riscos de danos ambientais.
Vale ressaltar que, no caso de armazenamento em contêineres, tanques e/ou tambores,
devem-se prever medidas para contenção de vazamentos acidentais, o que não foi percebível
durante as visitas aos mercados públicos de São Luís.
O Quadro 3 apresenta os valores para as dimensões medidas em cada mercado, necessárias
para o calculo do volume de um sólido retângulo, bem como seu volume final, o tipo de
armazenamento adotado por cada um e a quantidade de recipientes em cada um dos mercados
(Quant.).
MERCADOS
Tipo de Altura Comp. Larg. Volume
Quant.
PÚBLICOS Armazenamento (m) (m) (m) (m3)
Cohab Contêiner 02 1,49 2,84 1,92 8,12 m3
perímetro) pelo mosquito Aedes aegypti. Nessas áreas, o IIP chega aproximadamente 4,6%, o que é
categorizado como grave por essa secretaria (SEMUS, 2016).
Portanto, acredita-se que a incidência de contaminação nesses mercados é maior porque eles
estarem localizados em bairros que podem possuir um vulnerável serviço de atendimento ao
saneamento.
O Quadro 4 apresenta, para melhor visualização dos dados, os valores dos casos positivos
(%) para cada uma das arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti nos mercados
pesquisados, contabilizado a partir dos entrevistados que responderam ―sim‖ para o acometimento
das doenças, a quantidade total de casos registrados, além do número de feirantes entrevistados em
cada mercado (n).
Correlação
Para análise do coeficiente de correlação de Pearson (r), foi adotada a classificação da tabela
1, proposta por Dancey e Reidy (2006).
VARIÁVEIS Valor de r
TC-D/Z/CHIKV x FLM (até 03 vezes ao dia) 0,592
TC-D/Z/CHIKV x FCL (03 vezes por semana) -0,548
TC-D/Z/CHIKV x VRM 0,477
TABELA 2: Correlação linear de Pearson (r) entre a taxa de casos positivos para as doenças transmitidas
pelo Aedes Aegypti e a presença de resíduos sólidos e frequência de limpeza dos mercados.
Fonte: Autores da pesquisa, 2017.
CONCLUSÕES
A correlação linear de Pearson (r) encontrada entre a variável resposta e suas preditoras
findaram-se como moderada, valores entre 0,40 a 0,69, de acordo com o grau de correlação
estabelecido por Dancey e Reidy (2006), variando apenas entre positivas e negativas.
O Brasil apresenta um grave e complexo quadro epidemiológico, onde doenças da pobreza,
como doenças infecciosas tais como a dengue e a febre Chikungunya, esta última mais
recentemente introduzida no país, se misturam às doenças do desenvolvimento, como doenças do
aparelho circulatório, neoplasias, obesidade, entre outras. A cidade estudada, São Luís, no Estado
do Maranhão, apresenta Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) alto, 0,768, com
elevados índices de cobertura por serviços de saneamento básico, com 91% de cobertura por serviço
de abastecimento de água, com 38,6% de cobertura por serviços de esgotamento sanitário e 92% de
cobertura por serviços de coleta de lixo, o que pode explicar o fato de que o indicador
epidemiológico estudado tenha apresentado correlação com os indicadores de saneamento básico.
Assim, o desafio do Município de São Luís é manter e melhorar continuamente os serviços
de saneamento básico prestados à população, ampliando a sua cobertura principalmente nas áreas de
expansão da cidade.
REFERÊNCIAS
DANCEY, Christine; REIDY, John. Estatística Sem Matemática para Psicologia: Usando SPSS
para Windows. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
NETO, Hélio Cavalcanti Albuquerque; MARQUES, Charles Cavalcante; Araújo, Paulo Gustavo
Coutinho de; GONÇALVES, Wherllyson Patrício; MAIA, Rafaella; BARBOSA, Edimar Alves.
Caracterização de resíduos sólidos orgânicos produzidos no restaurante universitário de uma
instituição pública (estudo de caso). In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Foz do
Iguaçu. Anais... . Foz do Iguaçu: ABEPRO, 2007.
OLIVEIRA, Claúdia Renate Trojahn; LINK, Dionísio. A educação ambiental como estratégia de
prevenção á dengue nas comunidades rurais de Mata Grande e São Rafael, Município de Sepé –
RS. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Catarina. Revista Eletrônica em Gestão,
Educação e Tecnologia Ambiental. Vol. 4. Número 4, p 618-629, 2011.
OLIVEIRA, Eliane Gurjão. Qualificação dos resíduos sólidos gerados em uma feira livre na cidade
de Campina Grande – PB. 2012. TCC (Graduação) – Universidade Estadual da Paraíba. 2012
SÃO LUÍS. Secretaria Municipal de Saúde – SEMUS. Relatório Técnico. São Luís, 2016.
SOUZA, C. M. N.; FREITAS, C. M. de. A produção científica sobre saneamento: uma análise na
perspectiva da promoção da saúde e da prevenção de doenças. Artigo Técnico, Belém, v.15, n.1,
p.65-74, Fev. 2010.
VAZ, L. M. S.; COSTA, B. N.; GUSMÃO, O. S.; AZEVEDO, L. S.. Diagnóstico dos resíduos
sólidos produzidos em uma feira livre: o caso da feira do Tomba. Sitientibus, Feira de Santana –
BA, n.28, p. 145-159, Jan. /Jun. 2003.
RESUMO
Os coagulantes são amplamente utilizados no tratamento de água. Porém, vem ocorrendo um
aumento no número de estudos da substituição dos coagulantes sintéticos pelos orgânicos, devido às
várias vantagens dos naturais sobre os químicos, se destacando a biodegradabilidade e a sua baixa
toxicidade. Assim, este trabalho propõe comparar a eficiência do coagulante natural quitosana com
o coagulante inorgânico sulfato de alumínio, em diferentes dosagens e pHs de coagulação, por meio
da utilização de diagramas de coagulação no tratamento de água superficial. Os ensaios foram
realizados em Jar Test nas seguintes condições de operação: TMR 100 rpm/3 min, TML 30 rpm/15
min e TD 30 min, com água superficial proveniente da bacia do Rio Apodi-Mossoró, em 3 pontos
distintos localizados no município de Mossoró-RN, variando-se o pH de coagulação e floculação
até encontrar a faixa ótima para cada coagulante e as dosagens dos coagulantes, a fim de verificar a
concentração de maior eficiência de remoção dos parâmetros de qualidade, cor aparente (mg L -1
Pt/Co), turbidez (NTU) e pH para ambos os coagulantes. Após os ensaios de coagulação/floculação
e sedimentação, amostras de água tratada foram coletadas para avaliar a eficiência do processo. Foi
observado que a utilização da quitosana pôde substituir satisfatoriamente o coagulante sintético
utilizada no tratamento da água do efluente analisado, além de ser mais compatível com as questões
ambientais atuais.
Palavras-chave: Coagulante orgânico e inorgânico; tratamento de água; Rio Apodi/Mossoró.
ABSTRACT:
Coagulants are widely used in water treatment. However, there has been an increase in the number
of studies on the substitution of synthetic coagulants for organic compounds, due to the natural
advantages of organic coagulants over chemicals, with emphasis on biodegradability and low
toxicity. Thus, this work proposes to compare the efficiency of the chitosan natural coagulant with
the inorganic aluminum sulfate coagulant, in different dosages of pHs and coagulation, through the
use of coagulation diagrams in the treatment of surface water. The tests were performed in Jar Test
under the following operating conditions: TMR 100 rpm / 3 min, TML 30 rpm / 15 min and TD 30
min, with surface water from the Apodi-Mossoró River basin, in 3 distinct points located in the
municipality Of Mossoró-RN, varying the pH of coagulation and flocculation until finding the
optimum range for each coagulant and the dosages of the coagulants, in order to verify the
concentration of greater efficiency of removal of the parameters of quality, apparent color (mg L -1
Pt / Co), turbidity (NTU) and pH for both coagulants. After the coagulation / flocculation and
sedimentation tests, treated water samples were collected to evaluate the efficiency of the process. It
was observed that the use of chitosan was able to satisfactorily replace the synthetic coagulant used
in the water treatment of the analyzed effluent, besides being more compatible with current
environmental issues.
Keywords: Organic and inorganic coagulant; water treatment; River Apodi/ Mossoró.
INTRODUÇÃO
A água é o mais importante recurso natural do mundo e sem ela a vida não poderia existir.
Contudo, as ações antrópicas estão alterando os componentes físico, químico e biológico da água,
são muitos os poluentes que podem prejudicar a qualidade das águas dos rios, lagos e águas
costeiras e marinhas. A poluição aquática pode ser causada por matérias orgânicas, nutrientes e um
grande número de substâncias químicas que ou são produzidas para utilização deliberada (como os
pesticidas), e também grande quantidade de resíduos sólidos que são descartados de forma
inadequada (FERNANDES, 2010).
Nos últimos anos a preocupação com a qualidade da água é notório, por essa razão,
estudiosos buscam tecnologias para a recuperação da água, que envolvam um baixo custo financeiro
e uma oferta de tecnologia apropriada, simples e acessível. Uma técnica que esta sendo bastante
disseminada é a utilização de coagulantes orgânicos nas etapas de
coagulação/floculação/decantação/filtração em processo de tratamento de efluentes, para a remoção
de turbidez e cor (COUTO JUNIOR et al., 2012; MORETI et al., 2013). Entre os principais
coagulantes orgânicos em estudo utilizados para tratar efluentes estão a Moringa oleifera Lam,
Tanino vegetal e Quitosana; e os inorgânicos sulfato de alumínio e cloreto férrico (CAPELETE,
2011).
Em relação aos coagulantes inorgânicos, como o sulfato de alumínio e o cloreto férrico, são
os mais utilizados em processos de tratamentos de efluentes, pois é comprovado seu grau de
eficiência na remoção dos parâmetros (cor e turbidez) em tratamentos de água e efluentes e ao seu
baixo custo, porém são ambientalmente indesejáveis, pois os lodos produzidos podem disponibilizar
íons solúveis que comprometem a saúde humana e o meio ambiente (VAZ, et al., 2010).
Porém, tem-se a ascensão de pesquisas pela utilização de produtos naturais no tratamento de
efluentes, produtos estes que contribuem de maneira significativa para a preservação não só do
recurso água mais também dos recursos solo e ar. Um desses coagulantes é a quitosana que de
acordo com Monteiro et al (2009) se destaca com inúmeras vantagens com relação aos coagulantes
químicos, principalmente quanto à biodegradabilidade, à baixa toxicidade, ao baixo índice de
produção de lodo residual e ao grande número de cargas superficiais que favorecem o aumento da
eficiência do processo de coagulação.
Mossoró está situado no Estado do Rio Grande do Norte, ocupa uma área de
aproximadamente 2.099,333 km² e possui 291.937 habitantes (IBGE, 2015; CPRM - Serviço
Geológico do Brasil, 2005), sendo limítrofe ao Norte por Grossos e Tibau, ao Sul por Governador
Dix-Sept Rosado e Upanema ao Leste, Serra do Mel, Areia Branca, Assu e Grossos e a Oeste,
Baraúna e Governador Dix-Sept Rosado (LUCAS et al, 2016).
O município é cortado pelo rio Mossoró, que faz parte da bacia hidrográfica Apodi/Mossoró,
a segunda maior do Estado com sua nascente na Serra de Luiz Gomes (RN), passando por 51
municípios desde a nascente até a foz, localizada entre os municípios de Areia Branca e Grossos.
Do ponto de vista histórico o rio Apodi-Mossoró continua sendo de grande importância para o
Estado do Rio Grande do Norte. O povoamento do oeste potiguar se deu a partir de suas margens,
onde se situavam os currais de gado que se direcionavam para o interior dessa região, dando origem
a importantes núcleos urbanos como Mossoró, Areia Branca, Felipe Guerra, Apodi, Pau dos Ferros,
dentre outros (OLIVEIRA e QUEIROZ, 2008).
O Rio Apodi-Mossoró tem passado ao longo dos anos por forte degradação ambiental desde
a sua nascente á sua foz. No município de Mossoró essa degradação tem se intensificado devido ao
rápido e desordenado crescimento do município, onde ações antrópicas como o lançamento de
efluentes domésticos, industriais e a prática de atividades de subsistência desenvolvidas em toda a
sua extensão tem comprometido a qualidade das águas, interferindo no equilíbrio da fauna e flora,
representando uma fonte potencial de risco à saúde pública.
MATERIAIS E MÉTODOS
Classificação da Pesquisa
dados sobre comportamentos que se desejam conhecer para obter conclusões (GIL, 2008).
No que diz respeito aos procedimentos da pesquisa, segundo Prodanov (2013) se define
quando, a primeira é elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de:
livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias,
dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objetivo de colocar o pesquisador em
contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa. E a segunda se concretiza
quando definimos um objeto de estudo, selecionamos as variáveis que seriam capazes de influenciá-
lo, definimos as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
Foram feitos registros fotográficos e observações ―in loco‖, sobre a situação atual do Rio Mossoró.
Procedimento Experimental
As amostras do efluente utilizadas nos ensaios foram coletadas em três pontos distintos do
rio Mossoró que corta a área urbana do município, o primeiro foi depois da barragem de Genésio
sentido montante, sob a ponte da BR-304, este foi selecionado para que pudéssemos observar com
quais características este efluente chega até a área urbana do município. O segundo foi sob a ponte
da Av. Presidente Dutra no Centro da cidade, este foi escolhido, pois faz parte de um trecho do rio
que sofre diretamente com as ações antrópicas (descarte de resíduos sólidos e líquidos, ineficiência
do saneamento básico), por ser uma área comercial que diariamente tem um grande número de
pessoas passando por esta. E o terceiro, foi depois da barragem de baixo sentido jusante localizado
no bairro Barrocas, este foi seleto para analisamos com quais características o efluente sai e chega a
jusante do rio.
Após a coleta, foi realizada a caracterização do efluente de acordo com os parâmetros
descritos na Tabela 1.
auxílio do Agitador Magnético Modelo D1-01 por 15 minutos. A solução foi preparada momentos
antes dos ensaios para garantir maior eficiência.
Ajuste de pH
Ensaios de Coagulação/Floculação
TMR TML TD
100 rpm por 3 min 30 rpm por 15 min 30 mim
Essas condições foram utilizadas por que segundo Valverde et al., (2015), são condições
caracterizadas como ótimas na determinação das etapas de coagulação/floculação e sedimentação
em processos de tratamento de águas, por serem mais viáveis economicamente e por constituírem as
condições padrão normalmente usadas em ETAs (Estação de Tratamento de Água), além de
apresentar vantagem, por se tratar das menores condições de operação aplicadas aos processos, o
que está diretamente relacionado com a diminuição de gastos com energia.
Após o tempo de decantação de cada ensaio, coletou-se 50 mL do sobrenadante dos ensaios
para ser filtrado em papel-filtro com porosidade de 7 μm e realizada as analises definidas.
Análise Estatística
A análise estatística da porcentagem de remoção dos parâmetros cor, turbidez e pH, foram
definidas conforme Equação 1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O rio Mossoró passa por um processo de poluição alarmante, é visível pela grande
quantidade de materiais em suspensão causada pelo resíduo sólido (Figura 1) e líquido descartado
impropriamente, pois o município não possuir sistema de coleta de resíduos sólidos e saneamento
básico eficiente.
Conforme o CONAMA 357/05 (BRASIL, 2005) que estabelece a classificação dos corpos
de água e diretrizes em relação aos parâmetros e condições de lançamento de efluentes, os
parâmetros turbidez e pH analisados nos três pontos de coleta antes do processo de tratamento
apresentaram-se dentro das condições estabelecidos pela Resolução. Diferente da cor que
apresentou valor superior ao limite máximo permitido, devido em geral à presença de uma grande
quantidade de matéria orgânica e/ou inorgânica, observadas na área e estudo (Tabela 4).
Tabela 5: pH do efluente antes e após o tratamento com a Solução Coagulante Quitosana com pH ótimo.
O pH das amostras do efluente tratado com a solução coagulante sulfato de alumínio após o
processo de tratamento não apresentou mudanças significativas, onde que está representando na
tabela 6.
Tabela 6: pH do efluente antes e após o tratamento com a Solução Coagulante Sulfato de Alumínio no pH
ótimo.
verificar que a solução coagulante quitosana foi mais eficiente que o sulfato de alumínio na
remoção da cor e turbidez com a dosagem 1500ppm chegando a remover, após o tratamento,
94,57% da cor e 95,08% da turbidez. A solução coagulante sulfato de alumínio removeu 82 % da
cor e 91,42% da turbidez. Portanto, a solução coagulante quitosana se mostrou mais eficiente que o
sulfato para as duas dosagens, neste setor.
remover 99,60% com a dosagem 1500 ppm, e com a solução coagulante quitosana conseguiu
remover 97,04% da turbidez com a dosagem 2250ppm, conforme a tabela 9.
Carvalho (2008) realizou ensaios de coagulação/floculação, sedimentação e filtração, com o
objetivo de aperfeiçoar o processo de produção de água potável, a partir da água do Rio Pirapó -
PR, utilizando como coagulantes a quitosana e o sulfato de alumínio e a associação entre esses dois
coagulantes. O volume do lodo e a concentração de metais provenientes do tratamento com
quitosana foram inferiores ao lodo gerado pelo tratamento com sulfato de alumínio, tanto para
águas com baixa ou alta cor e turbidez.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. M todos e T cnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São Paulo: Scipione, 2008.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mossoró (RN). In: IBGE cidades, 2015.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 18 Jan.
2016.
Politécnica, 2013.
VALVERDE, K. C.; COLDEBELLA, P. F.; SANTOS, T. R. T.; NISHI, L.; MORETI, L. O. R.;
CAMACHO, F. P.; BONGIOVANI, M. C.; FAGUNDES-KLEN, M. R.; SANTOS, O. A. A.;
BERGAMASCO, R. Otimização dos parâmetros de mistura e sedimentação empregando a
combinação dos coagulantes Moringa oleífera lam e cloreto f rrico no tratamento de água
superficial. Anais do III Encontro Paranaense de Engenharia e Ciência. Toledo–PR, 2013.
VAZ, L. G. L.; KLEN, M. R. F.; VEIT, M. T.; SILVA, E. A. da S.; BARBIERO, T. A.;
BERGAMASCO, R. B. Avaliação da eficiência de diferentes agentes coagulantes na remoção
de cor e turbidez em efluente de galvanoplastia. Eclet. Quím. vol.35 n.4 São Paulo 2010.
RESUMO
Uma das formas de se conservar água é utilizando fontes alternativas de suprimento de recursos
hídricos, de modo a aumentar a oferta desse bem e consequentemente reduzir desperdícios. O reúso
de águas cinza para fins não-potáveis, tais como lavagem de veículos, rega de jardins e descarga de
vasos sanitários, são apenas alguns exemplos. O presente estudo teve como principal objetivo
analisar a situação de lava-jatos localizados no município de Pombal – PB, com relação à aplicação
de um modelo de tratamento de águas cinza no estabelecimento. Foi realizado uma descrição da
área de estudo, posteriormente foi levantada uma definição para a tecnologia utilizada no tratamento
e reaproveitamento de águas cinza, realizado através de pesquisa bibliográfica especializada na
área, as informações adicionais para dimensionamento do sistema de tratamento proposto foram
realizadas através de pesquisa técnica a empreendimentos de lava-jato.
Palavras Chave: Reuso de Água; Poluição; Atividades Antrópicas.
ABSTRACT
One way to conserve water is by using alternative sources of water supply, in order to increase the
supply of water and consequently reduce waste. The reuse of gray water for non-potable purposes,
such as car wash, garden watering and toilet flushing are just a few examples. The present study had
as main objective to analyze the situation of jet wash located in the city of Pombal - PB, in relation
to the application of a model of treatment of gray water in the establishment. A description of the
study area was carried out, later a definition was established for the technology used in the
treatment and reuse of gray water, carried out through specialized bibliographic research in the area,
additional information for designing the proposed treatment system was carried out through
research Technical assistance to jet-launder ventures.
Keywords: Water Reuse; Pollution; Anthropic Activities.
INTRODUÇÃO
A água é um bem indispensável a todas as formas de vida na terra e avaliada como sendo o
recurso natural mais abundante, ocupando cerca de 75 % da sua superfície, porém a maior parte da
água disponível é salgada ou encontra-se congelada, restando apenas uma pequena parcela para os
diversos usos. Em muitos países a escassez hídrica torna-se um fator limitante, fazendo com que
metade da população sofra com a falta d‘água (FIORIN, 2005).Para Silva et al.(2010), o problema
se agrava com o aumento da demanda hídrica para o consumo humano e agrícola devido ao
crescimento populacional e também pelo desperdício, que poderá levar a um déficit na quantidade e
qualidade da água, resultando em vários problemas para o homem, animais e ao meio ambiente,
tornando-se evidente a necessidade da sua preservação, uma vez que a sua falta poderá levar a
morte das espécies que habitam a Terra.
DESCHEEMAEKER et al. (2010) consideram a escassez hídrica como um dos principais
entraves para o desenvolvimento econômico da região semiárida do Nordeste brasileiro, tendo em
vista que a falta deste recurso impede a instalação e a expansão do setor industrial, a geração de
emprego e renda e a melhoria da qualidade de vida da população.O aumento da demanda hídrica
decorrente do crescimento populacional, tem incentivado a busca de novas tecnologias, além de
aperfeiçoar as que já existem e principalmente difundir essas técnicas para melhor aproveitamento
da água (SILVA et al., 2010). Sob a ótica empresarial, é imprescindível a prática da adoção de
novas tecnologias relacionadas às águas, pois elas podem trazer vários benefícios como diminuição
de custos e riscos, redução de desperdícios e geração de lucro e melhorias no relacionamento com
os consumidores. Assim, é mister que as empresas inovem cada vez mais e com maior frequência e
intensidade (FREEMAN; SOETE, 2008).Com a nova visão de sustentabilidade, optar por não
inovar pode significar o fim de uma empresa, principalmente em setores intensivos em
conhecimento e tecnologia (MOWERY; ROSENBERG, 2005).
Partindo do princípio de que é mister o desenvolvimento de novas tecnologias e soluções
alternativas para diminuir o consumo de água potável para usos não nobres, é que este estudo
buscou encontrar uma solução viável para melhor destinação final das águas cinza originadas em
lava jatos da cidade de Pombal-PB verificando a viabilidade econômica e técnica da aplicação de
um sistema de captação e tratamento das águas cinza produzidas nesses estabelecimentos, a serem
utilizadas para usos não nobres, tais como: irrigações de jardins; lavagens de pisos, calçadas e
banheiros; descargas de vaso sanitário; dentre outros.
Levando em consideração o contexto do assunto, esse trabalho tem como principal objetivo
analisar a situação de empreendimentos de lava-jatos localizados no município de Pombal – PB,
com relação à aplicação de um sistema de tratamento de águas cinza no estabelecimento,
ocasionando, por isso, o seu reuso.
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 742
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
MATERIAIS E MÉTODOS
constituintes dos efluentes, com isso é grande também a variedade de sistemas possíveis de serem
concedidos para fazer o tratamento.O efluente gerado pela lavagem de veículos pode conter
quantidades significativas de óleos e graxas, sólidos em suspensão, metais pesados, dentre outros
elementos (TEXEIRA, 2003).
Na Figura 2 é apresentado um layout da proposta do sistema de reuso de água cinza no lava-
jato, as etapas resultantes deste sistema encontram-se descritas a seguir.
Etapa 1:
Etapa 2:
Em seguida, tem-se a caixa d‘água com capacidade de 500 litros (Reservatório 1) para a
filtração descendente FIG. 3.
Nesse tipo de filtração tem-se primeiro a areia fina, em seguida, a areia grossa e o
pedregulho, ocasionando, desta forma, uma melhor clarificação do efluente. Dentro deste recipiente
tem uma canalização em formato de ‗‘espinha de peixe‖, para que haja uma melhor distribuição da
água durante a filtração, contribuindo com uma maior vida útil do sistema. A filtração descendente
remove as impurezas presentes na água bruta pela passagem destas em um meio granular poroso,
constituído de camadas de pedregulho e areia. Tem-se uma diminuição da turbidez e da cor
aparente, pois retirando os sólidos em suspensão ocorre uma clarificação da água, ocasionando,
assim, uma melhor aparência da mesma.
Etapa 3:
estejam presentes após as etapas anteriores, para isso deve-se introduzir o cloro e deixar um tempo
de contato. A etapa de desinfecção é extremamente importante para evitar o crescimento
microbiano e odores desagradáveis. Após a desinfecção, a água está pronta para ser reutilizada para
a lavagem de veículos, pisos, calçadas, rega de jardim e uso nas descargas sanitárias,
proporcionando, de tal forma, diversos benefícios para o proprietário e o meio ambiente.
RESULTADOS
A água cinza seguirá por um tanque de alvenaria para separação de água e óleo, formado por
três câmaras, cujo volume total é de 750 litros. Posteriormente, é conduzida por um filtro (caixa de
500 litros) composto de areia e pedregulho. Desta unidade, a água clarificada é conduzida para a
última unidade. Por fim, a água tratada é armazenada em um reservatório de 1000 litros para
posterior uso. Nesta unidade a água poderá passar pelo processo de desinfecção para garantir a
eliminação de microrganismos nela presentes e após um período estará pronta para o uso. Na Tabela
1 estão dispostas as especificações dos materiais que compõem o sistema de tratamento proposto e
os seus respectivos quantitativos; já na Tabela 2 são apresentados os valores referentes aos custos
de implantação do sistema.
A presente proposta contribuirá para a redução do consumo de água através da prática do
reúso de água, além de minimizar os impactos decorrentes das atividades desenvolvidas em lava
jato.
Tabela 1 – Especificações do sistema estudado
Altura 1
Tanque de separação de água e óleo Largura 0,5
Comprimento 1,5
Altura 0,72
Caixa d'água (500 litros) Diâmetro com tampa 1,24
Diâmetro da base 0,95
Altura 0,94
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
DESCHEEMAEKER,K.;MAPEDZA, E.;AMEDE,
T.;AYALNEH,W.Effectsofintegratedwatershedmanagementonlivestockwaterproductivity in
water scarce areasinEthiopia.PhysicsandChemistryoftheEarth,Oxford,v.35,n.13-14,p.723-729,
2010.
FIORIN, J.V. Reutilização das águas cinza e pluviais em edificações residenciais – estudo de caso:
edifício São Paulo, Ijuí, RS. Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Engenharia Civil do
Departamento de Tecnologia – DETEC da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul – UNIJUÍ. 72p.
METCALF e EDDY, Wastewater engineering: treatmed and reuse, McGraw-Hill – Boston, 2003.
1819p.
SILVA, W. M.; SOUZA, L. O.; REGO, L. H. A.; ANJOS, T. C. Avaliação da reutilização de águas
cinzas em edificações, construções verdes e sustentáveis. In: ENCICLOPÉDIA BIOSFERA,
Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.6, N.11; 2010.
RESUMO
Com o aumento da população mundial, o consumo dos recursos naturais também tem aumentado
para suprir as necessidades básicas da população. Entre os recursos naturais o que se pode destacar
é o hídrico, recurso base utilizado em toda e qualquer atividade, após ser utilizado acaba gerando
efluentes com alta carga poluente que, se não forem devidamente tratados, podem acarretar grandes
problemas ambientais. Assim, este trabalho apresenta como objetivos a caracterização do efluente
do sistema de resfriamento de uma industrial alimentícia, localizada no município de Mossoró,
Estado do Rio Grande do Norte; e o estudo em laboratório para avaliar a eficiência do coagulante
natural Quitosana como alternativa ao industrial Cloreto Férrico nas etapas de
Coagulação/Floculação/Sedimentação e Filtração do tratamento deste efluente. Com base nos
estudos experimentais realizados foi observado que a utilização do coagulante Quitosana mostrou
eficiência na redução dos parâmetros físico-químicos analisados do efluente obtido das torres de
resfriamento de uma indústria alimentícia, sendo assim considerados viáveis, vantajosos e
promissores no processo de tratamento, para a obtenção de água com boa qualidade, para reuso no
sistema de refrigeração da empresa ou descarte no meio ambiente, já que após o tratamento do
efluente com o coagulante natural, este obedeceu aos padrões exigidos pela Resolução CONAMA
357/2005. Portanto, pode-se concluir que a Quitosana é uma alternativa promissora no tratamento
de efluentes das torres de resfriamento de indústrias alimentícias, assim como para tratamento de
outros efluentes.
Palavras Chave: Quitosana, Cloreto Férrico, Efluente de Refrigeração, Saneamento.
ABSTRACT
With the increase in world population, the consumption of natural resources has also increased to
meet the basic needs of the population. Among the natural resources that can be highlighted is
water, the basic resource used in any and every activity, after being used ends up generating
effluents with high pollutant load that, if not properly treated, can lead to major environmental
problems. Thus, this work presents as objectives the characterization of the effluent of the cooling
system of a food industry, located in the municipality of Mossoró, State of Rio Grande do Norte;
And the laboratory study to evaluate the efficiency of the natural coagulant Chitosan as an
alternative to the industrial Ferric Chloride in the Coagulation / Flocculation / Sedimentation and
Filtration phases of the treatment of this effluent. Based on the experimental studies, it was
observed that the use of the coagulant Chitosan showed efficiency in the reduction of the physical-
chemical parameters analyzed of the effluent obtained from the cooling towers of a food industry,
being considered viable, advantageous and promising in the treatment process, for The extraction of
water with good quality, for reuse in the company's refrigeration system or disposal in the
environment, since after treatment of the effluent with the natural coagulant, it obeyed the standards
required by CONAMA Resolution 357/2005. Therefore, it can be concluded that Chitosan is a
promising alternative in the treatment of effluents from cooling towers of food industries, as well as
for treatment of other effluents.
Keywords: Chitosan, Ferric Chloride, Cooling Effluent, Sanitation.
INTRODUÇÃO
Com o aumento da população mundial, o consumo dos recursos naturais também tem
aumentado para suprir as necessidades básicas da população. Entre os recursos naturais o que se
pode destacar é o hídrico, recurso base utilizado em toda e qualquer atividade, após ser utilizado
acaba gerando efluentes com alta carga poluente que, se não forem devidamente tratados, podem
acarretar grandes problemas ambientais.
As indústrias tem necessidade da utilização de grande quantidade de água para a realização
das suas operações, isto acontece na adição ao produto; lavagens de maquinas, tubulações e
pisos; e torres de resfriamento. As torres de resfriamento são uma fonte representativa do uso de
água, o efluente gerado desse processo apresenta uma alta carga poluidora, pois este sistema
utiliza grande volume de água potável, perde parte desse recurso por evaporação e gera
volume considerável de efluentes descartados com altas concentrações de nutrientes, carga
orgânica e sólidos em suspensão (VIEIRA, 2011; HESPANHOL, 2002; SILVA FILHO, 2009;
PONTREMOLEZ, 2009).
Para minimizar esse problema, faz-se o tratamento deste efluente, e um dos mecanismos
utilizados é a coagulação. Os agentes coagulantes podem ser de origem química, como alumínio
ou ferro, ou de origem natural, também chamados de polieletrólitos, como moringa, quitosana e
tanino (FERRARI; GENENA; LENHARD, 2016).
Os coagulantes são espécies químicas capazes de promover a desestabilização de
partículas. Após a desestabilização das partículas ocorre a floculação, quando então as partículas
desestabilizadas são submetidas a choques entre si, unindo-se umas às outras e formando
flocos passíveis de remoção por sedimentação e/ou filtração (DI BERNARDO, DANTAS
2005; LIBÂNIO, 2008).
As vantagens da utilização dos polieletrólitos são inúmeras, pois podem ser utilizadas em
tratamento de efluentes de vários segmentos da indústria (ARRUDA et al., 2015; LO
MONACO et al., 2012; STROHER et al., 2013), tratamento de esgotos domésticos (LO
MONACO et al., 2013, LO MONACO et al., 2014; BERTONCINI, 2008) e até mesmo para
tratamento de água potável (MORETI et al., 2013; BONGIOVANI et al., 2010; MADRONA et
al., 2012), além de apresentarem menor custo, maior eficiência e menor volume de lodo gerado,
comparado com os coagulantes de origem química, além de menor toxicidade, podendo ser
descartado mais facilmente e, até mesmo, ser utilizado na agricultura como fertilizante
(ARATES, 2015; FERRARI; GENENA; LENHARD, 2016).
Assim, este trabalho apresenta como objetivos a caracterização do efluente do sistema de
resfriamento de uma industrial alimentícia, localizada no município de Mossoró, Estado do Rio
Grande do Norte; e o estudo em laboratório para avaliar a eficiência do coagulante natural
Quitosana como alternativa ao industrial Cloreto Férrico nas etapas de
Coagulação/Floculação/Sedimentação e Filtração do tratamento deste efluente.
MATERIAIS E MÉTODOS
Quitosana
Cloreto Férrico
Ajuste de pH
Ensaios de Coagulação/Floculação
Figura 1 – Realização dos ensaios de coagulação/floculação. Fonte: Acervo do Projeto de Pesquisa, 2017.
Condições de Operação
As condições de operação utilizadas no Jar Test para propiciar o Tempo de Mistura Rápida-
TMR, Tempo de Mistura Lenta-TML e Tempo de Decantação-TD, são abordados na Tabela 2.
TMR TML TD
100 rpm por 3 min 30 rpm por 15 min 15 mim
Tabela 2 – Condições de operação utilizadas no Jar Test.
Essas condições foram utilizadas por que segundo Valverde et al., (2015), são condições
caracterizadas como ótimas na determinação das etapas de coagulação/floculação e sedimentação
em processos de tratamento de águas, por serem mais viáveis economicamente e por constituírem as
condições padrão normalmente usadas em ETAs, além de apresentar vantagem, por se tratar das
menores condições de operação aplicadas aos processos, o que está diretamente relacionado com a
diminuição de gastos com energia.
Após o tempo de decantação de cada ensaio, coletou-se 50 mL do sobrenadante dos ensaios
para ser filtrado em papel-filtro com porosidade de 7 μm (Figura 2) e realizada as análises
definidas.
Análise Estatística
(1)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, observa-se que os valores dos parâmetros cor, turbidez e condutividade da água
bruta estão acima dos valores limites estipulados. O que caracteriza este efluente como inviável
para descarte direto em corpos hídricos ou para reuso, por apresentarem padrões irregulares
estabelecidos pelo CONAMA CETESB. Apenas o pH e a temperatura encontram-se de acordo com
os padrões estipulados.
Se este efluente sem nenhum tipo de tratamento preliminar chegar a ser lançado em corpos
hídricos ou reusado, no primeiro ocasionará diversos problemas como modificação da qualidade do
corpo receptor assim como na sua dinâmica ambiental, e no segundo comprometera toda a estrutura
de maquinários, o que elevará ainda mais os gastos financeiros, que poderiam ter sido evitadas com
a adoção medidas preventivas.
Figura 1: Redução de cor em %, tratamento realizado com os coagulantes e suas respectivas dosagens.
Figura 2: Redução de turbidez em %, tratamento realizado com os coagulantes e suas respectivas dosagens.
Figura 3: Redução de condutividade em %, tratamento realizado com todos os coagulantes e suas respectivas
dosagens.
É importante ressaltar que os coagulantes naturais não possuem metais pesados em sua
composição, ao contrario dos coagulantes químicos, desta forma, constatou-se que a utilização de
agentes coagulantes orgânicos biodegradáveis é, portanto, uma alternativa técnica aos coagulantes
convencionais no tratamento do efluente da indústria alimentícia, possuindo benefícios de saúde
pública além de preservação ambiental (BONGIOVANI et al., 2010; STRÔHER et al., 2013)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos estudos experimentais realizados foi observado que a utilização do
coagulante Quitosana mostrou eficiência na redução dos parâmetros físico-químicos analisados do
efluente obtido das torres de resfriamento de uma indústria alimentícia, sendo assim considerados
viáveis, vantajosos e promissores no processo de tratamento, para a obtenção de água com boa
qualidade, para reuso no sistema de refrigeração da empresa ou descarte no meio ambiente, já que
após o tratamento do efluente com o coagulante natural, este obedeceu aos padrões exigidos pela
Resolução CONAMA 357/2005.
A Quitosana apresentou a mesma eficiência que o coagulante industrial, sendo possível
então ser utilizado como alternativa, pois além de oferecer uma água de boa qualidade, é
uma alternativa em benefício do meio ambiente (MORETI et al., 2013), que ao contrario dos
coagulantes químicos, não possui metais pesados em sua composição e é biodegradável.
Com isso a substituição do coagulante industrial (Cloreto Férrico) nos processos de
tratamento de efluentes, pelo coagulante orgânico (Quitosana) pode representar redução nos custos
com o tratamento e permitir geração de lodo com menor concentração de metais.
Portanto, pode-se concluir que a Quitosana é uma alternativa promissora no tratamento de
efluentes das torres de resfriamento de indústrias alimentícias, assim como para tratamento de
outros efluentes.
REFERÊNCIAS
BORBA, L.R. Viabilidade do uso da Moringa oleifera Lam no tratamento simplificado de água
para pequenas comunidades. 2001. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente) - Universidade Federal da Paraíba, Fortaleza, 2001.
BRANCO, S. M. Água e o homem. In. Hidrologia Ambiental. v. 3, São Paulo: Edusp. 1991.
DI BERNARDO, L.; DANTAS, A.D.B. Métodos e técnicas de tratamento de água. 2. ed. v. 1. São
Carlos: RiMa, 2005.
MADRONA, G. S. et al. Evaluation of extracts of Moringa oleifera Lam seeds obtained with NaCl
and their effects on water treatment. Acta Scientiarum. Technology Maringá, v. 34, n. 3, p. 289-
293, July-Sept., 2012.
NKURUNZIZA, T. et al. The effect of turbidity levels and Moringa oleifera concentration on the
effectiveness of coagulation in water treatment. Water Science and Technology, v. 59, n. 8, p.
1551-1558, 2009.
RESUMO
Este trabalho propõe um alerta para o descaso com os resíduos sólidos em ambientes costeiros,
viabilizado através de uma ação organizada pelo Ecomuseu Natural do Mangue em parceria com
órgãos públicos visando à limpeza no estuário do Rio Cocó, localizado no bairro da Sabiaguaba,
Fortaleza (CE). Simultaneamente, utiliza-se da educação ambiental como ferramenta para alertar a
importância da qualidade ambiental principalmente em áreas de preservação na qual o recorte está
inserido, este por sua vez deve ser protegido das intervenções antrópicas oriundas do cotidiano
urbano. A metodologia abordada consistiu em organizar uma ação de limpeza nas áreas de
preservação da Sabiaguaba, onde a partir de uma amostragem dos resíduos sólidos coletados nas
redondezas foram triados, e, analisados suas possíveis origens, para assim levantar alguns
questionamentos pertinentes. A gestão de resíduos sólidos local é efetiva? E a conscientização dos
frequentadores? Além disso, a ação é um marco inicial para uma integração entre a participação de
órgãos públicos e as áreas de preservação agregando comprometimento.
Palavras-chaves: Resíduos sólidos, Educação Ambiental, Áreas de Preservação.
ABSTRACT
This work proposes an alert for the disregard for solid waste in coastal environments, made possible
through an action organized by the Natural Mangrove Ecomuseum in partnership with public
agencies aiming at the cleaning of solid waste in the Cocó River estuary, located in the Sabiaguaba
neighborhood, Fortaleza-CE. Simultaneously, environmental education is used as a tool to alert the
importance of environmental quality mainly in areas of preservation in which the clipping is
inserted, which in turn must be protected from anthropic interventions originating from urban
everyday life. The methodology used consisted in organizing a cleaning action in the Sabiaguaba
preservation areas, where from a sampling of the solid wastes collected in the vicinity were
screened, and their possible origins analyzed, in order to raise some pertinent questions. Is local
solid waste management effective? And the awareness of the regulars? In addition, the action is an
initial milestone for an integration between the participation of public agencies and the preservation
areas adding commitment.
Keywords: Solid waste, Environmental Education, Preservation Areas.
INTRODUÇÃO
No contexto das grandes cidades, Pimenta, Filho e Picoli (2013) inserem a discussão dos
ecossistemas urbanos a partir das relações do homem com a natureza e as mudanças promovidas no
meio ambiente, onde a cidade pode ser considerada como um ecossistema que dispõe de
organismos consumidores (ser humano), ambiente físico em constante transformação e fluxos de
energia, matéria e informação que fazem o ecossistema se dinamizar. Assim, áreas urbanas
promovem interferências com o meio relacionadas com a degradação ambiental, porém, a
necessidade de preservação dos espaços naturais em meio ao crescimento das cidades também é
inserida nesse contexto.
Nessa perspectiva, os ecossistemas urbanos se destacam pela sua elevada suscetibilidade a
poluição, dado o elevado grau de antropização dos ambientes naturais e a elevada produção de lixo,
que tem em sua maior parte um manejo inadequado. De acordo com a Lei 6.938/1981 (Art.3º,
inciso III) que institui a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), entende-se por poluição:
Destarte, observa-se que o desequilíbrio ambiental está articulado a uma problemática mais
ampla, vinculada ao próprio bem-estar da sociedade, haja vista que a própria natureza fornece
recursos necessários ao desenvolvimento humano, bem como fornece serviços essenciais a sua
qualidade de vida. Segundo Mucelin e Bellini (2008), as práticas de disposição inadequada de
resíduos sólidos estão entre os impactos ambientais negativos28 originados do lixo urbano e, dentre
eles, destacam-se a contaminação de corpos hídricos, assoreamento, enchentes, proliferação de
vetores transmissores de doenças etc.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (ABRELPE, 2013), o Brasil é o quinto maior produtor de lixo do mundo, e a deficiência
na gestão de resíduos sólidos no território brasileiro está diretamente associada à coleta e destinação
final do lixo que a população produz: em todo o país, apenas 58,3% dos resíduos sólidos urbanos
recolhidos possuem rumo apropriado.
Também incorporada na discussão da elevada produção de resíduos sólidos, destaca-se a
cidade de Fortaleza (capital do Ceará), com seus 2.452.185 habitantes (IBGE, 2010). O presente
município conta com o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), definido por um
documento onde se indicam e descrevem as ações relativas ao manejo dos materiais descartados,
observadas suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos geradores de resíduos das
diversas atividades, contemplando os aspectos referentes à segregação, coleta, manipulação, o
acondicionamento, o transporte, armazenamento, tratamento a reciclagem e a disposição final do
lixo.
De acordo com o Souza (2009), os corpos d‘água da cidade de Fortaleza encontram-se em
elevado estado de degradação ambiental e, associado a isso, parte da periferia fortalezense está
inserida as margens de rios nas quais foram ocupadas por moradias de baixa renda. Com o
saneamento básico ineficiente, as águas dos rios, lagos e lagoas recebem efluentes sem qualquer
tipo de tratamento, além da elevada quantidade de lixo doméstico que é depositado em suas
margens.
O recorte espacial do presente trabalho é referido no estuário do rio Cocó, situado no bairro
da Sabiaguaba, Regional IV, no município de Fortaleza. Zanella et al. (2013) afirma que o baixo
curso da bacia do Cocó apresenta o processo de apropriação do espaço bastante complexa,
remetendo a ocupação de populações socialmente menos favorecidas, confrontando-se ainda com o
processo atual de expansão urbana voltada para a parcela mais abastada da cidade.
28
Entende-se por Impacto Ambiental Negativo, de acordo com o art. 1° da Resolução n. 001/96 do CONAMA, como
qualquer alteração adversa das propriedades do meio ambiente, resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais (CONAMA, 1986).
METODOLOGIA
Para a concretização do objetivo geral deste estudo, sintetizou-se quatro etapas constituintes
do processo metodológico: 1) Ação de limpeza – levantamento de dados qualitativos e
quantitativos; 2) Levantamento bibliográfico, documental e cartográfico; 3) Elaboração e
interpretação de bancos de dados, imagens e materiais cartográficos; 4) Sistematização de
resultados e conclusões.
1) O caráter metodológico da ação de limpeza é descrito no próximo tópico do presente
trabalho. A saber, dados qualitativos distribuição do lixo e disposição nos ambientes e quantitativos
equivalentes à quantidade de resíduos por material e por área foram levantados nos momentos finais
da ação através anotações e contribuições do ambientalista do Projeto Limpando o Mundo, bem
como registros através de fotografias digitais e vídeos.
2) O levantamento bibliográfico-documental abordou acerca da busca e leitura de livros e
materiais acadêmicos direcionados à temática de estudo, bem como da apropriação de materiais
legais e documentos disponibilizados em meio digital. Destacam-se autores como Mucelin e Bellini
(2008) na discussão das problemáticas relacionadas a distribuição inadequada dos resíduos sólidos,
Pimenta, Filho e Picoli (2013) no debate relacionado aos ecossistemas urbanos e Souza (2009) e
Zanella et.al (2013) abordando questões em um contexto local.
Salienta-se, também, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (ABRELPE, 2013) que, com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil do ano de 2013,
serviu como base a obtenção de alguns dados em escala nacional. E, por fim, algumas leis e
resoluções foram utilizadas como base à definição de determinados conceitos. Podemos citar a Lei
12.305/2010 referente à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a Lei 6.938/1981 relativa à
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e a Resolução CONAMA n° 1 concerne nos critérios
básicos e diretrizes gerais, para a avaliação de impactos ambientais. Além disso, enfatiza-se também
o levantamento de imagens de satélites disponíveis no software Google Earth Pro.
3) Dado o recolhimento de todos os dados, os mesmos foram organizados com vistas a
formar um banco de dados direto e prático. Submeteu-se também, na presente etapa, a elaboração
de um mapa de localização para a indicação das áreas alcançadas na ação de limpeza. Nesta etapa
foi possível a preparação do conteúdo para a elaboração do presente artigo, visto às interpretações
que foram analisadas no decorrer do estudo.
4) Por fim, com a sistematização dos resultados e conclusões, foi possível assimilar e
recapitular de maneira geral tudo o que foi abordado no trabalho, ademais propor alguns
questionamentos e subsídios para possíveis análises decorrentes sobre a temática, além de
perspectivas para futuras ações de limpeza na presente área.
RESULTADOS
Figura 1: mapa de localização das áreas de coletas. Fonte: elaborado pelos autores.
Assim sendo, foram separadas três equipes para facilitar a abrangência da coleta. A equipe 1
fez o percurso pela desembocadura do rio onde ficam situadas as barracas de praia, com o objetivo
de além da coleta do lixo conscientizar os consumidores e os banhistas à respeito da disposição final
dos resíduos. Liderada pelo educador ambiental do Projeto Limpando O Mundo, a equipe abordou
cerca de 30 pessoas onde foi explicada a campanha de limpeza de rio e do manguezal.
Dessa maneira foi feito o alerta para as pessoas não descartarem o seu resíduo na areia ou no
rio. Nas mesas das barracas de praia onde os consumidores abordados foram alertados, receberam
sacolas para que pudessem exercer a conscientização de recolher o próprio lixo ou até ao redor. Em
suma os principais tipos de lixos encontrados nesta área foram os descartáveis em geral, além de
pormenores como tampas de garrafa e lacre de latinhas (figura 2).
Figura 2: resíduos pormenores coletados principalmente pelas crianças. Fonte: elaborada pelos autores.
A coleta destes pormenores ficou a cargo das crianças que estavam envolvidas na ação
juntamente com algumas outras que estavam usufruindo da praia no seu momento de lazer com seus
familiares, dai a importância de que uma ação como esta se mantenha, pois as crianças aprendem a
lição logo cedo e podem até propagar a conscientização ambiental.
As equipes 2 e 3 fizeram o percurso ao redor e no interior dos manguezais. O diferencial
entre elas foram os meios: enquanto a equipe 2 fez o trajeto a pé nas proximidades da ponte, na qual
concentra-se um volume maior de lixo por apresentar uma quantidade considerável de banhistas, a
equipe 3 fez o roteiro pelo rio facilitado pelo projeto Canoagem Ambiental e Cidadã29 a procura de
fazer a coleta do lixo flutuante principalmente na margem esquerda (veja figura 3).
Nestas áreas, quatro tipos de mangues30 foram constatados. Vale ressaltar que a ação foi
promovida em menção ao dia internacional de proteção aos manguezais (26/07). Os manguezais
são ecossistemas que exercem funções e serviços essenciais ao bem-estar social, pois apresentam
condições determinantes ao desenvolvimento social e econômico, sobretudo nas comunidades que
dependem diretamente da extração de recursos naturais para sua sobrevivência.
Nesse contexto, Thiers et al. (2013) destaca algumas funções e serviços ecossistêmicos
associados ao ecossistema como: produção e regulação de gases; regulação do clima; refúgio de
vida silvestre; controle da erosão e retenção de sedimentos; proteção da costa contra extremos
climáticos; deslizamentos, enchentes; controle biológico; produção de alimento; produção primária;
recreação; cultura; amortecimento das consequências previstas pelo aquecimento global; entre
outros.
29
Canoagem Ambiental e Cidadã é um projeto do Ecomunam, no qual procura efetivar ações de limpeza através da
utilização de caiaques para coleta de resíduos sólidos no estuário do Rio Cocó, visando assim à conscientização e
sensibilização dos visitantes e moradores que avistam a ação.
30
Existem quatro tipos no local: Rhizophora mangle (mangue vermelho); Laguncularia racemosa (mangue branco);
Avicennia schaueriana (mangue preto) e Conocarpus erecta (mangue de botão).
Durante a ação foi possível observar a maneira como o lixo é distribuído e seus diferentes
tipos de decomposição. Entre os galhos e raízes dos manguezais havia principalmente sacolas
plásticas.
A ação durou cerca de uma hora e meia, onde todos se dispersaram já acordado o horário do
retorno para concluirmos a última etapa, a triagem do resíduo recolhido, este último momento foi
bastante simbólico, consistiu na separação dos resíduos sólidos em categorias: plásticos em geral,
metais, vidros, e diversos.
O processo de triagem foi simbólico no sentido da quantidade recolhida que foram no total
de 36 sacos plásticos de 50 litros, apenas 15 foram triados (veja figura 4). Estes sacos processados
foram quantificados com o auxílio do educador ambiental especialista em resíduos sólidos em áreas
costeiras, logo bom investigador quanto à origem dos materiais.
Figura 4: os 15 sacos de lixos que passaram pelo processo de triagem. Fonte: elaborada pelos autores.
31
Embalagem cartonadas, em formato de tetraedro (quatro faces, triangular, com base horizontal).
Figura 5: garrafa pet que apresenta indícios de consumo por algum animal marinho.
Fonte: elaborada pelos autores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, confirma-se que a demanda de resíduos na foz do rio Cocó encontra-se
em uma situação caótica. O Ecomunan cumpre seu papel através da educação ambiental, praticando
a conscientização e a sensibilização sempre de forma descontraída há 16 anos através de um
trabalho voluntário em defensa dos manguezais.
Por isso, os esforços do Ecomunan são primordiais para dar continuidade em futuras ações
de limpeza, que possam correr periodicamente, com a finalidade de chamar atenção para a
conscientização da qualidade ambiental nos manguezais e na intenção de expandir para outras
instâncias, agregando ainda mais o apoio de órgãos públicos vinculados ao meio ambiente.
Para a continuidade da ação, faz-se necessário propostas mitigadoras com o apoio e
visibilidade tanto da sociedade civil como de órgão públicos. Durante a ação, identificamos que os
resíduos sólidos poderiam ser aproveitados para reciclagem. Além disso, foi proposta a ideia de
entrar em contato, para além da Ecofor, com alguma associação de catadores de resíduos sólidos
recicláveis, e assim tornar o ciclo cada vez mais amplo e sustentável.
REFERÊNCIAS
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urbanos e a conservação da biodiversidade: benefícios sociais e ambientais do Parque de Uso
Múltiplo da Asa Sul. In: Anais do IV Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. Salvador/BA.
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Ambiental Brasileira. 1. Ed. Fortaleza: UFC/LABOMAR/NAVE, 2014. V. 01. 232p.
THIERS, Paulo Roberto Lopes et al. Manguezais na costa oeste cearense preservação permeada de
meias verdades.. Imprensa Universitária. Fortaleza, 2016, 111 p.
RESUMO
A utilização de resíduos é uma das formas de melhorar a oferta de materiais de construção,
tornando possível à redução do valor dos insumos gerando benefícios sociais por meio da política
habitacional. Estes benefícios podem surgir devido aos incentivos dados à produção de habitações
de baixa renda, empregando-se produtos de desempenho comprovado. O PET é um material
bastante utilizado para produção de garrafas para bebidas, água, refrigerante, sendo bastante
empregadas na atualidade. No entanto, a garrafa PET pós-consumo, tem gerado sérios problemas
ambientais devido ao volume destas descartados no meio ambiente, gerando problemas como
enchentes, entupimento de bueiros, ocupação de espaços extensos em lixões, etc. Assim este estudo
tem como objetivo principal a utilização de garrafas PET pós-consumo na forma triturada em
composições de concreto, substituindo o agregado miúdo convencional por PET triturado nos teores
de 5% e 7,5%, para produção de blocos. Foram moldados corpos de prova nas dimensões de
14cmx19cmx29cm e foi determinada a resistência à compressão e a absorção da água para as idades
de 3,7 e 28 dias. Verificou-se que os resultados obtidos para os blocos com 5% e 7,5% de PET
foram inferiores aos obtidos para o concreto de referencia, no entanto os resultados obtidos
permitem classifica-los como Classe C, com função estrutural para uso acima do nível do solo,
indicando que é possível obter propriedades desejáveis utilizando o PET em substituição ao
agregado miúdo convencional, contribuindo desta forma para redução do passivo ambiental causado
pelo descarte da garrafa no meio ambiente.
Palavras Chave: Meio Ambiente, Reaproveitamento, Material Alternativo, Construção Civil.
RESUMÉN
Una utilización de los residuos es una forma de mejorar la oferta de materiales de construcción,
tornando posible la reducción de valor de los insumos gerando beneficios sociales por medio de la
política habitacional. Estas ventajas pueden surgir a los incentivos dados a la producción de bajos
ingresos, empleando-se productos de rendimiento comprovado. O PET es un material bastante
utilizado para la producción de botellas para bebidas, agua, refrigerante, que se utiliza en la
actualidad. Sin embargo, una garrafa PET post-consumo, una serie de problemas relacionados con
el volumen de los desechos no medio ambiente, un problema de enchentes, un entupimento de
bueiros, una ocupación de espacios extensos en un lixo, etc. Uso de las botellas PET en el
INTRODUÇÃO
inesgotáveis. Atualmente, porém constata-se que essa postura é insuficiente para permitir o
equilíbrio entre homem e natureza. A visão de que tudo e todos no planeta estão interligados exige
um novo modo de produzir e reproduzir o desenvolvimento humano, seja ele econômico, social ou
ambiental.
A partir desse contexto, surge a ideia de desenvolvimento sustentável. O marco inicial para
o debate sobre esse tema foi a Conferência Internacional das Nações Unidas sobre o Ambiente
Humano (United Nations Conference on the Human Environment), realizada em 1972, em
Estocolmo, na Suécia. O conceito de desenvolvimento sustentável foi consagrado no relatório "O
Nosso Futuro Comum", como o que "satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades" (BRUNDTLAND, 1987).
A educação ambiental tem fundamental papel, consubstanciando-se em uma necessidade do
mundo moderno, existindo cada vez mais o desafio, enquanto prática dialógica, no sentido de serem
criadas condições para a participação dos diferentes segmentos sociais nas esferas das atividades
humanas, sejam elas de cunho formal ou informal.
A educação ambiental é um instrumento capaz de possibilitar transformações nos diversos
segmentos econômicos, dentre eles, a construção civil.
A construção civil é uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento
econômico e social da humanidade. É também um dos maiores impactantes ambientais, seja por
modificações de grandes áreas, consumo exagerado de matéria-prima ou pela geração de grandes
volumes de resíduos. A proposta desafiadora para o setor é unir o desenvolvimento econômico à
preservação ambiental tornando possível o desenvolvimento sustentável (CRUZ et al., 2016).
É importante enfatizar que para construção de práticas que busquem o equilíbrio entre as
atividades humanas e a preservação do meio ambiente, é imprescindível o papel da educação
ambiental como mecanismo de conscientização e transformação. Por isso, ela deve estar inserida no
cotidiano dos trabalhadores em diferentes atividades econômicas, principalmente, aquelas com o
alto poder de impacto ambiental, a exemplo da construção civil.
Diante desse quadro a utilização de ferramentas de educação ambiental para conscientização
dos trabalhadores da construção civil aliado a instrumentos de gestão ambiental constituem
alicerces fundamentais para a sustentabilidade da atividade de construção civil. O Plano de
Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil surge como uma proposta para minimizar os
problemas relacionados aos resíduos. A Política Nacional dos Resíduos Sólidos ratifica a
responsabilidade dos geradores pela busca de soluções de reciclagem dos resíduos gerados pelos
seus setores. A Resolução Conama 307/2002 torna obrigatório à elaboração e implantação do
PGRCC para os empreendimentos com grande potencial gerador.
METODOLOGIA
Agregado graúdo: Brita de origem granítica, apresentando diâmetro máximo padronizado para brita
0, apresentando massa específica seca de 2,63g/cm3 , massa específica na condição SSS de 2,64
g/cm3, massa específica aparente igual a 2,67g/cm3, finura de 6,19 e diâmetro máximo 6,3mm.
Agregado miúdo: O agregado miúdo, utilizado na pesquisa, foi do tipo natural proveniente de jazida
do leito do Rio Paraíba, apresentando diâmetro máximo de 2,36mm, finura igual a 2,42%, massa
específica de 2,618g/cm3, massa unitária solta igual a 1,429g/cm3, e teor de materiais pulverulentos
de 0,07%.
Cimento CPV –ARI: Cimento Portland CP V ARI de alta resistência inicial, apresentando massa
específica de 3,10g/cm³ e índice de finura de 1,40%.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
8
CREF
Resistência à compressão simples (MPa)
6,85
7 CPET5%
CPET7,5%
5,51
6
4,93
5 4,2 4,4
4
2,6
3 3,46
3,16
2 2,6
0
3 dias 7 dias 28 dias
3,5
Absorção de água (%)
3 3,3 3,4
2,5
2 1,91
1,5
0,5
0
CREF CPET5% CPET7,5%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BANNACH, Gilbert et al. Efeitos da história térmica nas propriedades do polímero PET: um
experimento para ensino de análise térmica. In International Year Chemistry. São Paulo, SP.
2011
CRUZ, I.S.; ANDRADE, I. C. B.; CRUZ, I.S. Educação ambiental para sustentabilidade da
construção civil: o enfoque na conscientização ambiental dos colaboradores dos canteiros de
obras. 10° Encontro Internacional de Formação de Professores, 2016.
GORNI, Antônio Augusto. Introdução aos plásticos. Revista Eletrônica Plástico Industrial. 2013.
MARTINS, Geruza Beatriz Henriques. Práticas limpas aplicadas às indústrias têxteis de Santa
Cataria. Dissertação (mestrado). Universidade Federal de Santa Cataria. Florianópolis, SC.
2012.
SILVESTRE, T. Brasil descarta 53% de garrafas PET na natureza. In: Revista Meio Ambiente.
Ed. 103. Mai/Jun-2013.
RESUMO
Toda a produtividade do setor de construção leva ao ligeiro decréscimo dos recursos naturais e
simultaneamente, à geração de grandes quantidades de resíduos e subprodutos que em sua maioria,
não são reciclados diretamente. A construção civil é responsável por uma grande parcela da
produção de resíduos, podendo este setor diminuir consideravelmente o aumento do consumo de
matéria prima utilizando seus próprios rejeitos. A produção de cerâmicas tradicionais, como
revestimentos, telhas e blocos cerâmicos, geralmente, apresentam considerável variação
composicional o que viabiliza uma grande tolerância para a incorporação de resíduos inorgânicos.
Com isso, neste estudo utilizaram-se teores de resíduo de granito nas porcentagens de 16,6% e 20%
incorporados no delineamento de misturas da fabricação de blocos cerâmicos, contendo argila,
resíduo de granito e caulim. Em seguida, os corpos de prova foram queimados nas temperaturas de
800ºC e 1000ºC. Após o processo total de fabricação, foram analisados a absorção de agua e
resistência à compressão dos corpos de prova, observando que o molde com composição
modificada atende aos parâmetros normativos, indicando que é possível utilizar o resíduo como
matéria-prima alternativa, permitindo a minimização dos impactos ambientais gerados pelo seu
descarte no meio ambiente e redução dos custos dos produtos de fabricação dos blocos,
apresentando um grande potencial para ser utilizado como em composições cerâmicas para
produção de revestimentos.
Palavras-chave: construção civil, resíduos, materiais cerâmicos, educação ambiental.
RESUMEN
Toda la productividad del sector de la construcción lleva al ligero descenso de los recursos naturales
y simultáneamente, a la generación de grandes cantidades de residuos y subproductos que en su
mayoría no se reciclan directamente. La construcción civil es responsable de una gran parte de la
producción de residuos, pudiendo este sector disminuir considerablemente el aumento del consumo
de materia prima utilizando sus propios desechos. La producción de cerámicas tradicionales, como
revestimientos, tejas y bloques cerámicos, generalmente, presentan considerable variación
composicional lo que viabiliza una gran tolerancia para la incorporación de residuos inorgánicos.
Con ello, en este estudio se utilizaron contenidos de residuo de granito en los porcentajes de 16,6%
y 20% incorporados en el delineamiento de mezclas de la fabricación de bloques cerámicos,
conteniendo arcilla, residuo de granito y caolín. A continuación, los cuerpos de prueba se quemaron
a temperaturas de 800ºC y 1000ºC. Después del proceso total de fabricación, se analizaron la
absorción de agua y la resistencia a la compresión de los cuerpos de prueba, observando que el
molde con composición modificada atiende a los parámetros normativos, indicando que es posible
utilizar el residuo como materia prima alternativa, permitiendo la minimización De los impactos
ambientales generados por su descarte en el medio ambiente y reducción de los costos de los
productos de fabricación de los bloques, presentando un gran potencial para ser utilizado como en
composiciones cerámicas para producción de revestimientos.
Palabras clave: construcción civil, residuos, materiales cerámicos, educación ambiental.
INTRODUÇÃO
RESÍDUOS DE GRANITO
BLOCOS CERÂMICOS
Conforme a NBR 13816 (1997), placas cerâmicas para revestimento são materiais
compostos de argilas e outras matérias-primas inorgânicas. ―A sequência normal para a fabricação
de revestimentos cerâmicos consiste basicamente em: dosagem, preparação da massa, conformação,
secagem, esmaltação e queima‖ (SOUSA, 2003; CABRAL, 2009). De acordo com Van Vlack
(1973) as matérias-primas fundamentais à fabricação dos produtos cerâmicos originam-se da
natureza. Algumas são acrescentadas aos produtos em sua forma natural, outras são
antecipadamente beneficiadas e processadas.
Cerâmicas tradicionais, como revestimentos, telhas e blocos cerâmicos, geralmente,
apresentam considerável variação composicional, em virtude do largo intervalo de composições das
argilas utilizadas como matérias-primas para sua fabricação, o que viabiliza uma grande tolerância
para a incorporação de resíduos inorgânicos. ―O potencial de incorporação de resíduos, nas
formulações de cerâmicas tradicionais, aliado as elevadas quantidades de recursos naturais
consumidos a cada dia por esse segmento industrial, ressalta a importância da reutilização de
resíduos como matérias-primas cerâmicas alternativas‖ (TORRES et al., 2004; MENEZES et al.,
2005; RAUPP-PEREIRA et al., 2006).
METODOLOGIA
Para realização desta pesquisa foram realizadas as etapas, a saber: na primeira foi realizada a
seleção dos materiais utilizados para o desenvolvimento da pesquisa. Na segunda etapa procedeu-se
com a caracterização das matérias primas objetivando verificar suas propriedades químicas, físicas
e mineralógicas. Na terceira etapa foram definidas as composições utilizando-se planejamento
experimental através da metodologia de delineamento de misturas, em seguida, foram formuladas
composições contendo argila, resíduo de granito e caulim para avaliar a viabilidade da mistura
dessas matérias-primas para produção de blocos cerâmicos. As matérias primas foram extrudadas
em extrusora (marca Verdes, modelo 51) sendo confeccionados corpos de prova com as dimensões
de 10 cm x 2 cm x 1 cm (comprimento x largura x espessura) para determinação das propriedades
físico-mecânicas. Foram utilizados teores de resíduo de granito nos teores de 16,6% e 20%. Após
conformação os corpos de prova foram queimados (Forno INTI Flyever) nas temperaturas de 800ºC
e 1000ºC, sob taxa de aquecimento de 10°/min., para os blocos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 1 ilustra os resultados obtidos para a absorção de água dos corpos de prova para
blocos cerâmicos produzidos com 16,6% e 20% de resíduo de granito.
14
13,2 Comp. 20% Res. Granito
13
Comp. 16,6% Res. Granito
12
11,5
Absorção de água (%)
11
10
9
8
7
6,4
6
6,2
5
4
800°C 1000°C
Figura 1: Absorção de água dos corpos de prova para blocos cerâmicos produzidos
com 16,6% e 20% de resíduo de granito.
30
Comp. 20% Res. Granito
24,5
20
18,6
15
10 7,04
7,02
5
0
800°C 1000°C
Com base com resultados obtidos, observa-se que composições cerâmicas contendo resíduo
de granito nos teores de 16,6% e 20% apresentam resultados de resistência à compressão que
atendem as normas técnicas.
Conforme os resultados obtidos, verifica-se que os melhores resultados foram obtidos para
composição contendo 20% de resíduo de granito a temperatura de 1000°C.
Os resultados obtidos permitem verificar que a utilização de resíduo de granito em
composições cerâmicas permite obter resultados de resistência à compressão que atendem as
normalizações da ABNT, desta forma é possível utilizá-lo como componente de formulações
cerâmicas, contribuindo desta forma para a redução do impacto ambiental causado pelo descarte
deste no meio ambiente, visto que o resíduo gera danos à fauna, a flora e a saúde das pessoas. A
incorporação do resíduo de granito ainda possibilita a redução do consumo e extração de matérias-
primas convencionais utilizadas para produção de blocos cerâmicos.
Assim, a utilização do resíduo de granito oferece benefícios ambientais, econômicos e de
ordem publica, sendo, portanto necessário um maior incentivo das empresas geradores do resíduo,
do poder publico e de órgãos ambientais em busca da reutilização, reaproveitamento e da
reciclagem do mesmo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AR, I. M. The impact of green product innovation on firm performance and competitive capability:
the moderating role of managerial environmental concern. Procedia Social and Behavioral
Sciences, n. 62, n. 4, p.854-864, 2012.
HANUS, M. J.; HARRIS, A. T. Nanotechnology innovations for the construction industry. Progress
in Materials Science, v. 58, n. 7, p. 1056-1102, 2013.
LIMA, R. C. O., Neves, G. A., Carvalho. Durabilidade de tijolos de solo-cimento produzidos com
resíduo de corte de granito. REMAP, vol. 5, n.2, 24-25, 2010.
MENEZES, R.R, NEVES, G.A., FERREIRA, H.C.,et al., "Recycling of Granite Industry Waste
from the Northeast Region of Brazil". Environmental Management and Health, v. 13, pp. 134-
141, 2002.
MENEZES, R.R., FERREIRA, H.S., NEVES, G.A., et al., "Use of Granite Sawing Wastes in the
Production of Ceramic Bricks and Tiles", Journal of the European Ceramic Society, v. 25, pp.
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RAUPP-PEREIRA, F., HOTZA, D., SEGADÃES, A.M., et al., "Ceramic Formulations Prepared
with Industrial Wastes and Natural sub-products", Ceramics International, v. 32, n. 2, pp 173-
179, 2006.
TYKKA, S.; MCCLUSKEY, D.; NORD, T.; OOLONQVIST, P.; HUGOSSON, M.; ROOS, A.;
UKRAINSKI, K.; NYRUD, A. Q.; BAJRIC, F. Development of timber framed firms in the
construction sector – Is EU policy one source of their innovation? Forest Policy and Economics,
v.12, n. 19, p. 199-206, 2010.
TORRES, P. et al. Incorporation of granite cutting sludge in industrial porcelain tile formulations.
Journal of the European Ceramic Society, v. 27, p. 4649-4655, 2007.
VAN VLACK, L. H. Propriedades dos Materiais Cerâmicos. São Paulo: Edgard Blucher, 1973.
RESUMO
A exploração dos recursos naturais desencadeia um processo de contínua degradação, visto que são
produzidos resíduos não aproveitados lançados indiscriminadamente ao meio ambiente. O setor
mineral gera grandes quantidades de resíduos de diversos tipos e níveis de periculosidade, como por
exemplo, a indústria de beneficiamento do caulim, a qual produz resíduos à base de sílica, mica e
caulinita em grandes quantidades. Estes resíduos apresentam uma composição muito semelhante
aos materiais utilizados na indústria cerâmica, desta forma apresentam um grande potencial para ser
utilizado como material alternativo em composições cerâmicas para produção de revestimentos.
Assim, este estudo tem como objetivo o reaproveitamento do resíduo de caulim em composições
cerâmicas para produção de revestimento cerâmico. Foram definidas composições contendo: 80%
argila, 20% resíduo de granito e 10% resíduo de caulim – Composição A e 60% argila, 10% resíduo
de granito e 30% resíduo de caulim – Composição B, e foram moldados corpos de prova nas
dimensões de 60 mm x 20 m x 5 mm por prensagem uniaxial a 27MPa e posteriormente foram
sinterizados a temperatura de 1000°C. Observou-se que a composição com maior percentual de
resíduo de caulim apresentou melhor resultados aceitáveis para as propriedades físicas e mecânicas,
podendo ser classificada de acordo com a norma da ABNT NBR 13818 (1997) como BIII - porosos.
Indicando que há possibilidades de incorporar o resíduo de caulim a composições cerâmicas para
produção de revestimentos, minimizando desta forma o impacto ambiental devido a redução do
volume de resíduo a ser descartado no meio ambiente, dando uma destinação ambientalmente
correta ao mesmo.
Palavras Chave: Resíduo, Cerâmicos, Reciclagem, Educação Ambiental, Meio Ambiente.
RESUMÉN
La explotación de los recursos naturales desencadena un proceso de continua degradación, ya que
se producen residuos no aprovechados lanzados indiscriminadamente al medio ambiente. El sector
mineral genera grandes cantidades de residuos de diversos tipos y niveles de peligrosidad, como por
ejemplo, la industria de beneficiamiento del caolín, la cual produce residuos a base de sílice, mica y
caulinita en grandes cantidades. Estos residuos presentan una composición muy similar a los
materiales utilizados en la industria cerámica, de esta forma presentan un gran potencial para ser
INTRODUÇÃO
O termo caulim é empregado para denominar a rocha que contém a caulinita, seu principal
componente, assim como, o produto obtido do seu beneficiamento (LUZ, 2016). É um dos seis
minerais mais abundantes da crosta terrestre e pode ser encontrado com até 10 metros de
profundidade, apresenta como característica a granulometria fina, que permite maior plasticidade e
a cor branca ou quase branca, devido ao baixo teor de ferro. Em função de suas propriedades, pode
ser utilizado na fabricação de diversos produtos, como produtos farmacêuticos, materiais cerâmicos,
esmaltes para revestimento cerâmico, tintas, papéis, dentre outros, sendo assim, a extração desse
mineral contribui diretamente com a economia do país. Cerca de 28% das reservas mundiais de
caulim são encontradas no Brasil, sendo 8% destas localizadas na região do nordeste brasileiro, nos
estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia, estes se destacam quanto as suas reservas (LUZ,
2016).
Para obtenção do caulim, com as propriedades e características utilizadas pelas indústrias, é
necessário que este seja submetido ao processo de beneficiamento, que segundo Lima (2011)
consiste na separação do minério de suas impurezas, tais como mica, óxidos de ferro, feldspato,
titânio, dentre outros que interferem na sua alvura, comprometendo sua qualidade do produto final.
Entretanto, o processo de beneficiamento do caulim é um dos responsáveis por gerar inúmeros
impactos ambientais, provenientes da queima em fornos que por vezes podem ser alimentados por
mata nativa e pela geração de milhares de toneladas de resíduo do beneficiamento, também
chamado de rejeitos de produção, que se caracterizam por ser um material que fica retido no
peneiramento do caulim, inerte e granular que correspondem a 80 % de todo o material extraído.
A exploração dos recursos naturais desencadeia um processo de contínua degradação, visto
que são produzidos resíduos não aproveitados lançados indiscriminadamente ao meio ambiente. O
setor mineral gera grandes quantidades de resíduos de diversos tipos e níveis de periculosidade,
como por exemplo, a indústria de beneficiamento do caulim, a qual produz resíduos à base de sílica,
mica e caulinita em grandes quantidades. A extração desse minério produz um percentual de
resíduos correspondente a 80 a 90% do volume total explorado, representando, assim, um grande
impacto ambiental (MENEZES, 2007).
Apesar da grande importância tecnológica do caulim, sua extração e beneficiamento
produzem enorme quantidade de resíduos, em virtude de seu processamento ter um aproveitamento
de, aproximadamente, 30% do total extraído (TULYAGANOV, 2002; NOBREGA, 2007;
MORAES, 2013).
No processamento do caulim primário, são gerados dois tipos de resíduos, a saber: o
primeiro é o resíduo grosso, originário da separação do quartzo do minério, gerado logo após a
extração e que representa cerca de 70% do total de resíduo produzido; o segundo é o resíduo fino,
que provém da segunda etapa do beneficiamento, etapa em que o caulim é purificado. A disposição
desse material é realizada a céu aberto, causando danos a saúde de animais e pessoas.
O maior percentual do rejeito gerado é, em geral, descartado em campo aberto e em várzeas
de riachos e rios, o que causa agressão à fauna, flora e à saúde da população. Essa atitude por parte
das empresas produtoras de caulim levou a severas fiscalizações dos órgãos de proteção ambiental,
fazendo com que o resíduo gerado se torne fonte de custos para as empresas e, por vezes, um
limitante no aumento de suas produções (LEITE,2007). No Nordeste do Brasil, as principais
indústrias mineradoras de caulim estão localizadas nos municípios de Equador (RN) e Junco do
Seridó (PB) (CABRAL, 2009).
Os resíduos provenientes das indústrias de mineração e beneficiamento de caulim
apresentam um grande potencial mineral, visto que são constituídos por caulim, mica moscovita e
um pequeno percentual de quartzo. A minimização do impacto ambiental negativo, provocado pelo
descarte deste resíduo tem motivado estudos visando desenvolver tecnologias de aproveitamento do
mesmo em diversas áreas.
A construção civil é um dos setores que contribui efetivamente com a economia do país,
logo, está diretamente ligado ao PIB nacional, portanto seu crescimento ou estagnação podem
refletir a atual situação financeira do país. Entretanto, estas contribuições diretas a economia não
revelam outro aspecto, segundo o Ministério do Meio Ambiente (2016) a construção civil é uma das
atividades humanas que mais consome recursos naturais e uma das que mais consome energia de
forma intensiva. No Brasil cerca de 35% do que é extraído da natureza anualmente, como areia,
madeira, pedras, dentre outros, é utilizado pelo setor, afirma Veronezzi (2016), sendo portanto um
setor que possibilita a inserção de matérias primas alternativas.
A utilização dos resíduos da extração e do beneficiamento mineral em produtos para
construção civil tem-se mostrado uma ótima alternativa para diversificar a oferta de matérias-primas
e para a economia de recursos naturais, onde a reutilização é uma das principais alternativas para o
desenvolvimento sustentável (BARBOSA, 2006). Essas ações visam reduzir os impactos
ambientais e também atuam para que um maior valor seja agregado ao material, gerando além de
uma melhora na qualidade de vida dos moradores da região, emprego e desenvolvimento para a
comunidade local (NOBREGA, 2007). Na construção civil, o resíduo de caulim vem sendo
utilizado na produção de materiais alternativos de custo reduzido em relação aos convencionais.
Na busca pela redução de tais impactos, surge o que se denomina construção sustentável,
que segundo o Ministério do Meio Ambiente (2016) consiste em um processo holístico que aspira a
restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e construído, e a criação de
assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equidade econômica. Com a
propagação da necessidade da implantação de medidas sustentáveis em todos os setores, a
construção civil adotou providências para se adequar a esta nova realidade. A sustentabilidade deste
setor deve passar por todos os estágios da construção da edificação, uma das medidas que podem
ser adotadas é a utilização de materiais ecológicos, que podem contar com a utilização de materiais
alternativos com a incorporação de resíduos.
Dentre os estudos realizados, visando a incorporação do resíduo de caulim em produtos da
construção civil, pode-se destacar, o estudo realizado por Rezende (2006), visando a introdução de
resíduo de caulim como substituição da areia em blocos de concreto nas proporções de 40%, 70% e
100%, obtendo valores de resistência à compressão simples dentro das especificações estabelecidas
pelas normas (REZENDE, 2006).
Mendonça (2012) avaliou propriedades físicas e mecânicas de blocos e revestimentos
cerâmicos incorporados com resíduo de granito e caulim, e verificou que os resultados obtidos
atendem as especificações normativas.
Barbosa et al., (2016), realizou estudo visando o aproveitamento do resíduo de caulim na
produção de blocos concreto não estrutural, o observou que é possível utilizar o resíduo de caulim
em substituição ao agregado miúdo e obter blocos de concreto dentro dos parâmetros estabelecidos
pela norma.
REVESTIMENTOS CERÂMICOS
Conforme a NBR 13816 (1997), placas cerâmicas para revestimento são materiais
compostos de argilas e outras matérias-primas inorgânicas, geralmente utilizadas para revestir pisos
e paredes, sendo conformadas por extrusão, prensagem, entre outros processos de conformação. As
placas são então secadas e sinterizadas.
De acordo com Van Vlack (1973) as matérias-primas necessárias à fabricação dos produtos
cerâmicos originam-se da natureza. Algumas são incorporadas aos produtos em sua forma natural,
outras são previamente beneficiadas e processadas. De uma forma generalizada, pode-se afirmar
que as matérias-primas utilizadas na fabricação de produtos de larga aplicação e baixo custo
(tijolos, telhas, concretos) recebem pouco ou nenhum processamento prévio, ao passo que as
matérias-primas para os produtos produzidos em baixa escala para aplicações tecnológicas
(cerâmicas para eletrônica ou eletrotécnica, ferramentas de corte, vidro ópticos) são intensamente
beneficiadas, o que justifica o seu maior custo.
A composição de uma massa cerâmica é tri-axial, sendo os seus componentes a argila, o
quartzo e o feldspato. De acordo com Moraes (2007) as matérias-primas cerâmicas podem ser
classificadas como plásticas (argila, caulim e filito) e não plásticas (quartzo, calcita, dolomita, talco,
feldspato, feldspatóide). Embora ambas exerçam funções ao longo de todo o processo produtivo, as
plásticas são essenciais na fase de conformação, enquanto as não plásticas atuam mais na fase de
processamento térmico; logo, a cerâmica é composta exclusivamente por materiais inorgânicos, ou
mais especificamente, de uma mistura de óxidos. Por meio de um processamento adequado, as
propriedades dessas matérias-primas podem ser alteradas na sua composição química, na sua
estrutura cristalina e no arranjo das diversas fases (SANTOS, 1989).
Segundo Van Vlack (1973), o limite para as adições de materiais não-plásticos, tais como o
quartzo e o feldspato, é normalmente a trabalhabilidade da matéria-prima nas operações de
conformação. A adição de um componente grosseiro e não-plástico a um produto cerâmico plástico
introduz a possibilidade de se formar microfissuras, pois estes funcionam como uma fonte de
tensões quando os materiais plásticos se contraem ao seu redor. As microfissuras interferem nas
propriedades mecânicas do produto final, a menos que a queima permita a ―cicatrização‖ das
fissuras.
Pode-se ainda, fazer o uso de aditivos, com o objetivo de melhorar as propriedades
reológicas (reologia é a ciência que estuda a deformação e o escoamento da matéria) das suspensões
aquosas, podendo esses serem inorgânicos ou orgânicos. Os aditivos são adicionados à massa em
pequenas quantidades, geralmente inferior a 1%.
Os revestimentos cerâmicos são utilizados em larga escala pelo setor de construção civil.
Sua aplicação com esses fins teve início com as civilizações do Oriente Próximo e da Ásia, por
volta de 500 a.C., sendo seu uso justificado pelo apelo decorativo, durabilidade e facilidade de
higienização, porém limitado pelo fator custo.
A qualidade do produto final é fortemente influenciada pela matéria-prima. As diversas
possibilidades de combinação dessas implicam em uma vasta variedade de tipos de placas
cerâmicas. A fabricação de placas para revestimentos cerâmicos compreende diversas etapas, as
quais requerem um rigoroso controle das variáveis envolvidas, a fim de se obter produtos de acordo
com as especificações técnicas do mercado. A sequência normal para a fabricação de revestimentos
METODOLOGIA
Inicialmente foram realizados ensaios de caracterização para determinação das características das
matérias primas utilizadas neste trabalho, dentre eles:
Análise Química: As matérias-primas foram beneficiadas em peneira ABNT Nº 200 (0,074 mm) e
posteriormente caracterizadas quanto à composição química através do Equipamento EDX-900 da
marca Shimadzu, pelo método de Espectrofotometria Fluorescente de Raio-X.
Difração de Raios X: As análises por difração de raios X das amostras estudadas nesta pesquisa
foram realizadas em um equipamento modelo XRD 6000 da Shimadzu, operando com radiação Cu
kα (30kV/40mA), com varredura entre 2θ(3°) e 2θ(60°) e com velocidade de varredura de 2o /min.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
óxido fundente (K2O= 5,72 %). O óxido de potássio irá atuar como agente fundente, ajudando na
sinterização das peças cerâmicas.
O resíduo de granito apresenta teor elevado de sílica superior a 60% e elevados teores de
Fe2O3 e CaO. A presença de óxido de cálcio e óxido de ferro (CaO e Fe2O3) encontrados na amostra
de granito é oriunda principalmente da granalha e da cal utilizados como abrasivo e lubrificante no
processo de beneficiamento de granito. Os óxidos de ferro (Fe2O3), cálcio (CaO), sódio e potássio
(Na2O e K2O) presentes no resíduo são agentes fundentes. Com relação ao uso cerâmico o teor de
ferro (Fe2O3) superior a 6% presente no resíduo de granito, conduzirá, provavelmente após
sinterização, a colorações avermelhadas. Em relação à argila, os teores de sílica, alumina e ferro são
típicos de argila para cerâmica vermelha.
A Figura 1, ilustra os resultados obtidos para a difração de raios-X das matérias primas em
estudo.
A Figura 2 ilustra os resultados obtidos para o módulo de ruptura a flexão dos corpos de
prova de revestimentos cerâmicos incorporados com resíduo de caulim nos teores de 10% e 30%.
5,5
Módulo de ruptura a flexão (MPa) 5,4
5,36
5,3
5,2
5,1
5
4,9
4,8
4,76
4,7
4,6
4,5
4,4
Comp. A - 80A/10RG/10RC Comp. B - 60A/10RG/30RC
Composições cerâmicas
Figura 2: Módulo de ruptura a flexão dos corpos de prova das composições em estudo
Observa-se de forma geral, que a composição com maior teor de resíduo de caulim e menor
teor de argila apresentou melhor resultado para o módulo de ruptura, indicando que é possível
maximizar o teor de resíduo de caulim e obter propriedades mecânicas que atendem aos parâmetros
normativos.
Este comportamento pode ser justificado pela composição química e mineralógica do
resíduo, que possibilitou um empacotamento perfeito das partículas, permitindo uma melhoria na
resistência mecânica.
A caracterização química e mineralógica deste resíduo indica a possibilidade de sua
utilização também como agregado alternativo em blocos de vedação (REZENDE, 2007),
argamassas (ROCHA et al., 2008) e concreto para pavimentação.
A Figura 3 ilustra a absorção de água dos corpos de prova de revestimentos cerâmicos
incorporados com resíduo de caulim nos teores de 10% e 30%.
15,1
15,03
15
14,9
14,7
14,6
14,5 14,49
14,4
14,3
14,2
Composição A - 80% A/10% RG/ Composição A - 60% A/10% RG/
10% RC 30% RC
Figura 3: Absorção de água dos corpos de prova de revestimentos cerâmicos incorporados com resíduo de
caulim nos teores de 10% e 30%.
De acordo com os resultados obtidos, pôde-se verificar que ocorreu um leve aumento da
absorção de água para os corpos de prova com incorporação de 30% de resíduo de caulim, em
relação à absorção obtida para o teor de 10% de incorporação de resíduo de caulim, no entanto os
valores de absorção obtidos permitem classificá-los como BIII- porosos, com absorção de água
acima de 10%.
Assim, a utilização do resíduo de caulim em composições cerâmicas, na indústria da
construção civil, na produção de blocos de vedação, pisos intertravados, argamassa, etc,
possibilitará minimizar o quantitativo a ser descartado no meio ambiente, gerando desta forma
benefícios econômicos e ambientais, visto que será dado um destino ambientalmente correto,
reduzindo os custos da empresa geradora do resíduo com a disposição do mesmo, agregará valor a
um material indesejável e reduzirá o impacto ambiental causado pela exposição do mesmo no meio
ambiente.
Devido a sua composição química do resíduo de caulim ao atingir a fauna e a flora acarreta
danos à saúde dos animais e extinção de plantas nativas, além de gerar danos à saúde humana como
doenças de pele, doenças respiratórias, etc.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. A.; SÁ, C. S. F.; BARROSO, J. V.; LIMA, R. C. O.; LEAL, J. P. C.;
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Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental – ConGeA, Campina Grande-PB, 2016.
LEITE, J. Y. P.; VERAS; M. M.; SANTOS, E.P.; LIMA, R.F.S.; PAULO, J.B.A.; Mineração de
caulim de pequena escala em APL de Base Mineral – Novo layout para sua otimização. In:
XXII ENTMME/VII MSHMT – Ouro Preto, MG, 2007.
REZENDE, M.L.S. et al. Gerência de resíduos de caulim: estudo da viabilidade para produção de
blocos de concreto. In: Simpósio de Engenharia de Produção, 2006, Bauru, SP. Anais. 2006.
SANTOS, P. Sousa. Ciência e Tecnologia de Argilas, São Paulo: editora Edgard Blucher Ltda,
1989.
VAN VLACK, L. H. Propriedades dos Materiais Cerâmicos. São Paulo: Edgard Blucher, 1973.
RESUMO
Os sistemas anaeróbios de tratamento de esgotos, notadamente os UASB, passaram a ocupar uma
posição de destaque, não só em nível mundial, mas principalmente no Brasil, face às favoráveis
condições de temperatura. Essa trajetória de aceitação passou de um estágio de descrédito, até o
início dos anos 80, para na fase atual de grande aceitação. Neste sentido, este estudo objetivou
monitorar o desempenho de um reator tipo UASB, em escala real, que trata esgoto sanitário no
semiárido nordestino. As variáveis analisadas, no período de 33 dias, foram: Vazão, Tempo de
Detenção Hidráulica (TDH), Carga Orgânica Volumétrica (COV), Carga Hidráulica Volumétrica
(CHV), Velocidade Ascensional, Sólidos Suspensos (SS), Taxa de Carregamento Orgânico (TCO),
Demanda Química de Oxigênio (DQO) e Sólidos Totais (ST). De acordo com os resultados obtidos,
pode-se concluir que no período monitorado, o reator UASB funcionou de modo estável na faixa
mesófila de temperatura, com pH próximo de 7,0, além de uma excelente percentagem de
conversão de DQO, como também ótima remoção de ST. Neste contexto, pode-se afirmar que não
houve diminuição da taxa de metanogênese.
Palavras-chave: Tratamento de efluente, digestão anaeróbia, reator UASB.
ABSTRACT
Anaerobic sewage treatment systems, notably the UASB, it came to occupy a prominent position,
not mainly in the world, but mainly in Brazil, due to the favorable temperature conditions. This
trajectory of acceptance changed from a stage of discrediting, until the beginning of the 1980s, to a
current phase of great acceptance. In this sense, this study aims to monitor the performance of a
real-scale UASB-type reactor that treats northeastern northeastern sanitary sewage. The following
variables were analyzed: Flow, Hydraulic Retention Time (HRT), Volumetric Organic Load (VOL),
Loading Organic Rate (LOR), Ascent Velocity, Suspended Solids (SS), Chemical Oxygen Demand
(COD) and Total Solids (TS). According to the results obtained, it can be concluded that it has not
been monitored, the UASB reactor operated in a stable way in the temperature range, with pH close
to 7.0, besides an excellent percentage of COD conversion, as well as good Removal of ST. In this
context, it can be affirmed that there was no decrease in methanogenesis rates.
Key words: Effluent treatment, anaerobic digestion, UASB reactor.
INTRODUÇÃO
Ao longo dos últimos 35 anos, constatou-se que os reatores UASB oferecem muitos
beneficios para as estações de tratamento de esgoto, visto que, que esse reator pode substituir
(conjuntamente) decantadores primários, adensadores e digestores de lodo, além de remover cerca
de 60% a 75% da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) presente no esgoto sanitário bruto
(SILVA, 2015).
Os principais fatores que influenciam a eficiência do UASB são: temperatura, configuração
física do reator, composição do afluente, grau de mistura, pH, Carregamento Orgânico Volumétrico
(COV), toxicidade do efluente, velocidade ascensional, tamanho e composição das partículas do
lodo, atividade bacteriana, etc ( LETTINGA e HULSHOFF POL, 1991). Noyola (2004) levantou os
dados dos primeiros reatores UASB utilizados para tartar esgoto sanitário. Esses reatores foram
construídos na Colômbia, no Brasil e na Índia entre os anos de 1983 e 1990.
Neste sentido, este estudo objetivou monitorar o desempenho de um reator tipo UASB, em
escala real, que trata esgoto sanitário no semiárido nordestino.
METODOLOGIA
Este estudo refere-se ao monitoramento que realizou-se, no que diz respeito a um reator tipo
UASB que trata esgoto sanitário no semiárido nordestino, totalizando 33 dias de verificação.
Realizou-se tratamento anaeróbio do esgoto sanitário por meio de um reator anaeróbio de
manta de lodo tipo UASB. O reator, em escala real como mostra a Figura 1, fabricado em material
Plástico Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV), tem 5 m de diâmetro, 5,2 m de altura total, sendo
4,5 m de altura útil, e volume de 88,31 m3.
Figura 1: Vista do reator UASB, em escala real. Fonte: Acervo pessoal (2014).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
pH e Temperatura
De acordo com o resultados das análises realizadas, verificou-se valor médio para a
variável pH de 6,81 ± 0,37 no afluente e 7,01 ± 0,11 no efluente. Observou-se valor máximo e
mínimo de 7,39 e 5,76 no afluente respectivamente, e valor máximo e mínimo de 7,38 e 6,81 no
efluente respectivamente. A Figura 1 ilustra os dados do monitoramento realizado.
Uma alta taxa de metanogênese ocorre somente quando o pH se mantém em uma faixa
próxima do valor neutro. Por isso o controle do pH nos reatores anaeróbios é de estrema
importância. Um pH menor que 6,3 ou maior que 7,8, provoca uma diminuição da taxa de
No que diz respeito a variável temperatura, verificou-se valor médio de 29,4 ± 0,8 no
afluente e 29,5 ± 0,9 no efluente. Observou-se valor máximo e mínimo de 31°C e 28°C no afluente
respectivamente, e valor máximo e mínimo de 31°C e 27°C no efluente respectivamente. A Figura
2 esclarece os dados do monitoramento realizado.
A digestão anaeróbia depende fortemente da temperatura, pois influencia a seleção das
espécies que não possuem meios de controlar a temperatura interna. Três faixas de temperatura
podem estar associadas à digestão anaeróbia, uma na faixa psicrófila (0 a 20°C) faixa mesófila (20
a 45°C) e a outra na faixa termófila (45 a 70°C). A operação de reatores anaeróbios próximos à
temperatura ótima pode levar a uma considerável redução nas dimensões do reator. No entanto,
mudanças bruscas de temperatura podem levar a um desbalanceamento entre as bactérias
acidogênicas e bactérias metanogênicas (CHERNICHARO, 1997).
Além de influenciar as taxas de digestão, a temperatura vai afetar a fração de sólidos
orgânicos que podem ser metabolizados no processo de digestão anaeróbia. A fração digerida
diminui consideravelmente com a temperatura, o que pode ser atribuída a uma baixa taxa de
hidrólise, fazendo com que as grandes partículas sólidas não sejam quebradas. Apesar disso, é
possível que o material orgânico particulado seja incorporado à manta de lodo através da adsorção,
decantação ou floculação (VAN HAANDEL e LETTINGA, 1994).
Vazão e TDH
Notou-se valor máximo de 21 m3/h e mínimo de 8,52 m3/h. De acordo com o resultados das
observações realizadas, tendo em vista os dados de vazão, pôde-se equacionar os valores de TDH
em horas, onde observou-se um valor médio de 6,02 ± 1,15. Notou-se valor, em horas, máximo de
10,36 e mínimo de 4,37. Segundo Chernicharo (1997), para temperaturas maiores de 25°C
necessita-se TDH médio acima de 6 horas. A Figura 3 explana os dados do monitoramento
realizado.
Verificou-se valor médio de CHV de 4,1 m3/m3.dia ± 0,7. Observou-se valor máximo de
5,49 m3/m3.dia e mínimo de 2,32 m3/m3.dia. Estudos demostram que a CHV não deve ultrapassar
o valor de 5 m3/m3.dia, equivalente a um TDH mínimo de 4,8 horas (CAMPOS, 1999). Projetos
de reatores com valores superiores de CHV ou inferiores de TDH podem levar o arraste do lodo
com o efluente e/ou redução do tempo de residência celular e consequentemente diminuição do
grau de estabilidade dos sólidos.
A Carga Hidráulica Volumétrica (CHV) é o volume de resíduos aplicados diariamente no
reator, por unidade de volume. O Tempo de Detenção Hidráulico (TDH) é o inverso da CHV.
Geralmente o TDH em reatores UASB é entre 4h e 8h. A Figura 4 expõe os dados do
monitoramento realizado.
Obteve-se um valor médio de substrato afluente de 0,8 Kg DQO/m3 ± 0,1, tendo em vista
que, segundo Campos (1999), no caso de esgotos domésticos, a carga orgânica volumétrica
situam-se na faixa entre 2,5 e 3,5 Kg DQO/m3.d, utilizando uma média de 3 Kg DQO/m3.d.
verificou-se valor máximo de 1,30 Kg DQO/m3 e valor mínimo de 0,53 Kg DQO/m3. A Carga
Orgânica Volumétrica (COV) é a quantidade (massa) de matéria orgânica aplicada diariamente ao
reator por unidade de volume. A Figura 5 exibe os dados do monitoramento realizado.
Velocidade Ascensional
No que diz respeito a velocidade ascensional, notou-se valor médio de 0,8 m/h ± 0,1.
Notou-se valor máximo de 1,07 m/h e valor mínimo de 0,43 m/h. Segundo Campos (1999), a
velocidade ascensional máxima no reator depende do tipo de lodo e das cargas hidráulicas
aplicadas. Para reatores operando com lodo tipo floculento e com cargas orgânicas de até 6 kg
DQO/m3.dia, as velocidades ascensionais médias devem ser da ordem de 0,5 a 0,7 m/h, sendo
tolerados picos temporários, durante 2 a 4 horas, de no máximo 2 m/h. para reatores operando com
lodo granular, as velocidades superficiais podem ser significativamente maiores, chegando à
ordem de 10 m/h.
A velocidade ascensional do fluxo é calculada a partir da relação entre a vazão efluente e a
seção transversal do reator. A Figura 6 ilustra os dados do monitoramento realizado.
Sólidos Suspensos
Lettinga (1996) apud Oliva (1997) obtiveram uma equação que representa a concentração
de sólidos esperada para o efluente a qual foi obtida através de diversos resultados operacionais
dos reatores UASB, que segue: SS = (250/TDH) + 10. Os números 250 e 10 são constantes
empíricas. SS é dado em mg/L e TDH em horas.
Em relação aos sólidos suspensos analisados com base no TDH do reator, verificou-se
valor médio de 52,8 mg/L ± 7,3. Observou-se valor máximo de 69,44 mg/L e valor mínimo de
34,13 mg/L. A Figura 7 ilustra os dados do monitoramento realizado.
1ª coleta
DQO Afluente = 906,25 mg/L ST Afluente = 4.226,00 mg/L
DQO Efluente = 237,50 mg/L ST Efluente = 695,00 mg/L
2ª coleta
DQO Afluente = 843,75 mg/L
DQO Efluente = 156,25 mg/L
A Taxa de Carregamento Orgânico (TCO) é dada pela diferença entre a DQO do afluente
média de TDH de 0,25 dias, como também a média da DQO de 875 mg/L (0,875 kg/m3). De
inferior a 25 Kg DQO/m3.dia.
CONCLUSÃO
No período monitorado, o reator UASB funcionou de modo estável na faixa mesófila, com
pH próximo de 7,0 e temperatura próxima de 30°C. Portanto, não houve diminuição da taxa de
metanogênese.
Tratando-se de vazão e TDH, notou-se o valor médio aceitável, quando relacionada a
temperatura na faixa mesófila.
No que diz respeito a CHV de 4,1 m3/m3.dia, a mesma relaciona-se com o TDH mínimo
de 4,37, enquadrando-se no valor limite.
em vista TCO teórica de 3 Kg DQO/m3.dia, tais créditos relacionam-se com a TCO medida de 3,5
REFERÊNCIAS
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DI BERNARDO, L. et al. Emprego de reator anaeróbio de fluxo ascendente com manto de lodo
para tratamento de despejos líquidos provenientes de laticínios. Revista Dae, São Paulo, Vol.
51, N°. 161, p. 19-24, jul/ago. 1991.
LETTINGA, G.; HULSHOFF POL, L. W. UASB-process desing for various types of wastewaster.
Water Science and Technology. V. 24, n. 8, p.87-107, 1991.
RESUMO
A coleta seletiva e o estímulo à inclusão social dos catadores de resíduos recicláveis são
importantes instrumentos previstos na Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei
Federal nº 12.305/2010. Entretanto, uma parte expressiva dos municípios brasileiros não destina
adequadamente os seus resíduos, bem como mantém o trabalho dos catadores de recicláveis em
uma condição informal e invisível. Realidade ainda mais significativa nos municípios de pequeno
porte. O presente trabalho teve como objetivo identificar a atuação dos catadores de resíduos
sólidos em uma cidade potiguar de pequeno porte a fim de compor o perfil socioeconômico,
identificar as suas formas de atuação e a percepção dos mesmos quanto ao seu trabalho. Foram
identificados no período da pesquisa oito catadores atuando de maneira informal, individual ou em
dupla, no lixão e nas ruas da cidade. O perfil socioeconômico foi similar a média nacional para
catadores, com a ressalva que os catadores atuantes nas ruas apresentaram idade mais avançada,
menor nível de escolaridade e menor renda. O trabalho desempenhado pelos catadores atuantes nas
ruas destacou-se pela existência de coleta porta a porta. A atuação no lixão, além das dificuldades
próprias do local de trabalho, destacou-se pela característica de liderança de alguns catadores, úteis
para uma futura organização formal. Identificou-se também o anseio dos catadores pela organização
formal do trabalho. Nesse sentido, considera-se oportuno que o poder público e a sociedade locais,
de forma contextualizada, dinamizem ações para a promoção de programas de coleta seletiva,
incentivo à organização formal dos catadores, bem como o desenvolvimento de atividades voltadas
à Educação Ambiental para que se implante e, por conseguinte, consolide a coleta seletiva na cidade
em estudo.
Palavras-chave: Coleta seletiva. Lixão. Reciclagem. Trabalho informal.
ABSTRACT
Selective collection and encouraging social inclusion of recyclable waste pickers are important
waste management instruments, as outlined in Federal Law No. 12,305/2010, which instituted the
National Solid on Waste Policy. However, a significant part of Brazilian cities does not adequately
allocate their waste, as well as keeps the work of recyclable waste pickers under informal and
invisible conditions, being such reality even more concerning in small towns. Tus this study aimed
to identify the performance of waste pickers in a small town, in order to picture their socioeconomic
profile as well as their ways of acting and their self-perceived work. Throughout data collection,
eight waste pickers working informally, individually or as a couple, were identified in the dumping
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 813
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
ground and on the streets. The socioeconomic profile was similar to the national average for
pickers, with the exception that the street pickers showed a more advanced age, lower level of
schooling and lower income. The work performed by the waste pickers on the streets was
highlighted by the existence of door-to-door collection. The work in the dumping ground, besides
the difficulties associated to the workplace, was highlighted by the leadership characteristic of some
pickers, which is useful for a future formal organization. The desire of having a formal work
organization was also expressed by the pickers. Therefore, is considered opportune that the public
power and local society, in a contextualized way, streamline actions for the promotion of selective
collection programs, incentive to the formal organization of waste collectors, as well as the
development of activities related to Environmental Education thus consolidating the waste selective
collection in the city under study.
Keywords: Selective collection. Dumping ground. Recycling. Informal job.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No que se refere à fonte de renda, a maioria dos catadores (seis do total de oito catadores)
classificou a coleta de recicláveis como uma atividade complementar. Um possuía trabalho fixo e os
demais recebiam auxílio do Programa Bolsa Família, identificado por alguns catadores ―como o
dinheiro certo do mês‖ para as despesas domésticas, ou realizavam ―bicos‖ (atividades
temporárias) de pedreiro, doceira e limpeza de terrenos. Os catadores não souberam quantificar a
renda oriunda dessas atividades. Apenas um catador em cada grupo, rua e lixão, não recebia o
benefício do governo.
Os catadores que classificaram o trabalho de coleta como complementar justificaram esse
fato como decorrente da baixa renda obtida da venda do material coletado. Segundo os catadores,
isso se devia ao pequeno volume coletado e ao tempo necessário para alcançar a quantidade exigida
para a venda. Alguns levavam até dois meses para completar o que chamam de ―uma carrada‖ que,
segundo os próprios catadores, comportava cerca de 800 kg de material.
A dificuldade de obter bons preços, de acordo com os catadores, encontra-se atrelada ao
mercado e a existência de atravessadores. Conforme Silva, Goes e Alvarez (2013a, p. 20), de fato,
os atravessadores ―determinam por imposição o valor a ser pago e as condições exigidas pelo
material coletado‖. Nesse contexto, Pinheiro e Francischetto (2016) identificam o catador como o
elo mais frágil do processo da reciclagem. Conforme os autores, pode ser visto como ―recorrente a
disparidade entre os benefícios extraídos da atividade para o grupo dos empresários e para o grupo
dos catadores, os quais enfrentam situações de completa ausência de direitos para conseguirem o
próprio sustento e de sua família.‖. (PINHEIRO; FRANCISCHETTO, 2016, p. 08).
Ainda nesse contexto, tem-se que essa realidade é mais grave na região Nordeste do país
onde o índice de extrema pobreza entre as famílias de catadores é de 8,4%, bem acima da média
nacional (4,5%). Tais dados indicam a necessidade de investimento em programas de apoio, que
ajudem a aumentar a produção na coleta e organização dos catadores com vistas à melhoria da
renda e ao combate à extrema pobreza entre os catadores de recicláveis (SILVA; GOES;
ALVAREZ, 2013).
Observou-se que todos os catadores atuavam de maneira informal, ou seja, não participavam
de associações ou cooperativas e que desempenhavam a atividade individualmente ou em dupla. No
que se refere ao tempo em que desempenhavam a coleta de recicláveis, metade dos catadores
apresentaram adesão à atividade entre três e quatro anos e os demais, com atuação mais antiga,
entre quinze e vinte e cinco anos.
No tocante à motivação de adesão ao trabalho, entre os catadores atuantes nas ruas, três
apontaram o desemprego como a principal causa, especialmente, por estarem em idade avançada e
não terem mais ―saúde para trabalhar‖ e um apresentou a necessidade de aumentar a renda. No
grupo atuante no lixão, foi identificado como agente motivador a intenção de se tornar autônomo,
para metade dos atuantes nesse grupo, e o desemprego e a necessidade de aumento da renda para os
demais.
Quanto ao trabalho desempenhado pelos catadores atuantes nas ruas, esse ocorria em bairros
próximos às suas residências, por exigir menos esforço no transporte do material coletado, ou em
bairros onde havia predominância de estabelecimentos comerciais. A coleta era geralmente feita de
duas formas: retirando-se os resíduos recicláveis entre os rejeitos dispostos nas lixeiras das
residências antes da coleta urbana e, obtendo-se, uma vez por semana, o resíduo reciclável por meio
da doação de vizinhos. Essa forma de coleta seletiva é caracterizada como coleta porta a porta e era
realizada por três em quatro catadores atuantes nas ruas.
O Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2010b, p. 39) destaca que a coleta seletiva porta
a porta, ou seja, aquela em que os resíduos são separados pela população e coletados em cada
domicílio pela prestadora de serviço de limpeza ou por catadores, apresenta inúmeras vantagens,
entre elas: não altera o que é habitual, ou seja, é mantida a ideia de dias e horários para a disposição
dos resíduos pela população; ―dispensa o transporte por parte do usuário dos resíduos até o local da
coleta, permitindo maior participação‖; permite medir as adesões; e é importante para o processo
educativo da população.
No lixão, a coleta era realizada pelos catadores após a chegada do caminhão de coleta
urbana da Prefeitura. Os resíduos recicláveis eram recolhidos e colocados nos chamados bags
(grandes sacos usados para armazenamento).
Em relação ao tempo dedicado à atividade de coleta, os catadores dedicavam mais de quatro
horas ao referido trabalho, quatro a sete dias por semana (sete do total de oito catadores) e apenas
um trabalhava esporadicamente. Observou-se que os catadores atuantes no lixão dedicavam mais
tempo à atividade, trabalhando cerca de oito horas, enquanto os catadores atuantes nas ruas de
Angicos/RN trabalhavam entre quatro e cinco horas.
O trabalho era realizado sem o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPI).
Apenas dois catadores de cada grupo (ruas e lixão) afirmaram o uso de luvas, três em oito catadores
mencionaram o uso de botas e não houve menção ao uso de máscaras. Alguns citaram uso de
chapéu e roupas com mangas longas para proteção dos raios solares.
No que se refere a ocorrência de acidentes, metade dos catadores afirmaram já haver sofrido,
associados a cortes devido à manipulação de metais e à separação do cobre, e ocorreram
especialmente no lixão. Segundo Silva (2017, p. 16), os acidentes com os catadores ―são causados
geralmente pela falta de equipamentos de segurança ou pela exposição a riscos durante o trabalho.‖.
De acordo com Silva, Goes e Alvarez (2013), melhores condições de vida e de trabalho dos
catadores dificilmente virão de outra maneira se não houver a organização dos mesmos. E, para
isso, cooperativas ou associações são importantes ferramentas para que os catadores não
permaneçam como o elo mais frágil na cadeia da reciclagem e tenham o merecido reconhecimento
pelo seu trabalho. Nesse contexto, ressalta-se, como previsto na PNRS (BRASIL, 2010a), a
necessidade de implantação de um programa de coleta seletiva pelos gestores, bem como o fomento
para a organização dos catadores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa identificou um total de oito catadores ativos, na sua maioria homens,
realizando a coleta de resíduos recicláveis e de maneira informal em Angicos/RN. A coleta ocorria
nas ruas da cidade e no lixão municipal. Foi possível identificar também um total de 15 pessoas que
já atuaram com a coleta de resíduos recicláveis no ano de 2014.
Os catadores atuantes nas ruas apresentavam idade mais avançada, menor grau de instrução
e obtinham menor renda com a coleta dos resíduos recicláveis, representando um complemento da
mesma. Como característica do trabalho, destacou-se a existência de coleta seletiva porta a porta. O
grupo de catadores atuantes no lixão mostrou-se mais jovem, com maior grau de instrução, além de
obter maior renda com a coleta, sendo a única fonte de sustento para alguns catadores desse grupo.
Os catadores exerciam a coleta em dupla ou individualmente, dedicando-se de quatro a oito
horas diárias, de quatro a sete dias por semana. No que se refere à comercialização, foi identificada
a dependência dos catadores em relação aos atravessadores. No que tange à formalização do
trabalho, os catadores manifestaram o desejo de organizar-se na forma de cooperativa. Observou-se,
no grupo atuante no lixão, possíveis fomentadores de um projeto de organização formal.
A ação do poder público local, segundo os catadores, era indiferente, inclusive quanto ao
estímulo à formalização da atividade. Apesar dessa afirmação, a presente pesquisa identificou junto
ao poder público local uma ação nesse sentido, em 2014, mas que ao que parece não se consolidou.
Nesse sentido, e diante dos resultados encontrados no presente trabalho, considera-se
oportuno que o poder público e a sociedade locais dinamizem ações para a promoção de programas
de coleta seletiva, incentivo à organização formal de catadores, bem como o desenvolvimento de
atividades voltadas à Educação Ambiental para que se implante efetivamente e se consolide a coleta
seletiva na cidade em estudo. Ações como coleta seletiva porta a porta, interesse dos catadores em
organizar-se formalmente podem sinalizar, para os tomadores de decisão, possíveis soluções
encontradas localmente.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília,
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http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=240080&search=||infográficos:
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IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Situação social das catadoras e dos catadores
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PUECH, M. P.S.R. Grupos de catadores autônomos na coleta seletiva do Município de São Paulo.
2008. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2008. 174 f. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6134/tde-
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SILVA, S.; GOES, F.; ALVAREZ, A. Situação social das catadoras e dos catadores de material
reciclável e reutilizável – Brasil. Brasília: SGPR/IPEA, 2013. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/
PDFs/situacao_social/131219_relatorio_situacaosocial_mat_reciclavel_brasil.pdf>. Acesso em:
01 dez. 2016.
RESUMO
Diante dos desafios modernos de se buscar maneiras eficientes e de baixo custo para enfrentar
problemas emergentes relacionados à agua, sobretudo em regiões semiáridas, vem se intensificando
o estudo em tecnologias limpas. Nas regiões áridas e semiáridas, a água se tornou um fator limitante
para o desenvolvimento urbano, industrial e agrícola. Planejadores e entidades gestoras de recursos
hídricos, procuram, continuadamente, novas fontes de recursos para complementar a pequena
disponibilidade hídrica ainda disponível. Diante desta realidade, vem se tornando comum a
utilização de efluentes da atividade de lavagem de veículos como alternativa para experimentos
com a finalidade de reuso, levando em consideração o índice excessivo de água que é necessário
para a realização desta atividade econômica, além da ameaça aos corpos hídricos, que existe em
consequência do despejo inadequado deste efluente quando lançado diretamente no meio ambiente
sem nenhum tipo de tratamento prévio. Portanto, o presente estudo tem por objetivo, comparar a
eficiência do coagulante Tanino e Cloreto Férrico na remoção dos parâmetros de cor e turbidez pelo
processo de coagulação/floculação e sedimentação no tratamento de efluente de Lava Carros na
cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte. Ambos os coagulantes utilizados neste estudo
apresentaram resultados satisfatórios e eficientes na remoção dos parâmetros físico-químicos
analisados, portanto, passou a apresentar condições ideais para reuso ou despejo, tomando como
base a legislação CONAMA 357/2005. Apesar da relevância dos coagulantes, o orgânico mostrou-
se mais eficiente chegando a remover até 96,68% de cor aparente e 100% da turbidez, evidenciando
assim, a importância do uso de coagulante natural.
Palavras-Chaves: Tecnologia sustentável; Coagulantes; Efluente; Lava Carros.
ABSTRACT
Faced with the modern challenges of finding efficient and low-cost ways to tackle emerging water-
related problems, especially in semi-arid regions, the study of clean technologies is intensifying. In
the arid and semi-arid regions, water has become a limiting factor for urban, industrial and
agricultural development. Planners and water management entities are constantly seeking new
sources of resources to complement the small availability of water still available. In view of this
reality, it has become common to use effluents from the Car wash activity as an alternative for
experiments with the purpose of reuse, taking into account the excessive water content that is
necessary for the accomplishment of this economic activity, in addition to the threat to the bodies
Which occurs as a consequence of the inadequate disposal of this effluent when it is released
directly into the environment without any type of previous treatment. Therefore, the present study
aims to evaluate the efficiency of the coagulant Tannin and Ferric Chloride in the removal of color
and turbidity parameters by the coagulation / flocculation and sedimentation process in the Car
wash effluent treatment in the city of Mossoró, Rio Grande do Norte. Both coagulants used in this
study presented satisfactory and efficient results in the removal of the physicochemical parameters
analyzed, so it started to present ideal conditions for reuse or dumping, based on the CONAMA
357/2005 legislation. In spite of the relevance of the coagulants, organic Showed up to be more
efficient to remove up to 96.68% of apparent color and 100% of turbidity, thus evidencing the
importance of the use of natural coagulant.
Keywords: Sustainable technology; Coagulants; Effluent; Car wash.
1.INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
quantitativamente dados sobre comportamentos que se desejam conhecer para obter conclusões
―GIL, 2008‖.
Os ensaios foram realizados com a agua bruta coletada de uma empresa de Lava Carros de
pequeno porte, localizada em Mossoró/RN. A caracterização do efluente é realizada antes e após o
tratamento, registrando e analisando os seguinte parâmetros de qualidade: cor aparente, turbidez e
pH. A fase inicial de caracterização da água bruta é considerada uma etapa de grande importância,
pois para o alcance do objetivo do estudo se faz necessário o registro do maior número de
informações e dados para a realização de tratamentos físico-químicos e consequentemente o sucesso
da pesquisa. A comparação da eficiência das dosagens das soluções coagulantes de Tanino e
Cloreto Férrico usadas nos testes de coagulação/floculação e sedimentação foi baseada na redução
percentual.
O procedimento de preparo das soluções foi semelhante e realizado logo antes de iniciar os
testes, para a obtenção de um resultado mais preciso e melhor rendimento em todos os ensaios. Foi
utilizada uma concentração de 1% m/v, ou seja, para cada 1g de pó do coagulante, adicionaram-se
100 mL de água destilada para a diluição do coagulante, com auxílio do Agitador Magnético
Modelo D1-01 por 15 minutos.
2.2 Coagulação/Floculação
final do processo de tratamento, o pH de todas as amostras que estavam fora dos limites exigidos
foram regulados para pH de 6 à 9, valores que atendem à legislação CONAMA 357/2005.
Na figura I, é possível observar a cor aparente da água bruta, antes da adição da solução.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para que fosse possível a comparação e a avaliação dos resultados, foi registrado as
características do efluente bruto, logo após a coleta. Os dados obtidos estão exposto na Tabela I.
Valores Limites
Parâmetros Valores da Água Bruta
Estipulados/CONAMA
Cor aparente 500 mg L-1 Pt/Co 75 mg L-1 Pt/Co
Turbidez 250 NTU 100 NTU
pH 7,5 6a9
Tabela I - Caracterização do efluente bruto
Tabela II– Resultado da porcentagem de remoção de cor e turbidez das melhores análises de cada dosagem
realizada com Tanino e Cloreto Férrico.
Vários são os estudos voltados para efluentes de Lavagem de veículos, por considerar que é
uma atividade com alto potencial de impacto ambiental. Com isso, não basta somente pensar em
tratamento e reuso, se faz necessário pensar em tecnologias de sustentabilidade e reaproveitamento
em todos os segmentos das atividades econômicas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do que foi examinado na revisão bibliográfica sobre o objetivo proposto, assim
como na realização dos ensaios comparativos, conclui-se que o Cloreto Férrico e o Tanino foram
bastante eficientes no processo de tratamento do efluente estudado, no que diz respeito à
porcentagem de remoção e adequação dos padrões de qualidade da água. O coagulante orgânico se
destacou em ambos os parâmetros, removendo até 96,68% de cor aparente e 100% da turbidez. Já o
inorgânico chegou a atingir 89,36% de remoção de cor aparente e 99,40% de turbidez. Todos os
testes possibilitaram características propícias para seu reuso e descarte adequado em corpos
receptores.
A alternativa de tratamento de água por coagulação/floculação e sedimentação, se apresenta
como uma opção acessível e promissora no ramo da sustentabilidade, quando há a substituição de
elementos convencionais por alternativas que busquem a valorização dos recursos naturais e o
equilíbrio entre as necessidades ambientais e econômicas. Ambos os coagulante possuem
particularidades importantes, contudo, ressalta-se os excelentes benefícios que os produtos
orgânicos possibilitam.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAZZARELLA, Bianca Barcellos. Caracterização e aproveitamento de água cinza para uso não-
potável em edificações. 2005
DI BERNARDO, L.; Dantas, A. D. B. Métodos e técnicas de tratamento de água. 2.ed. São Carlos:
RiMa, 2005. 792p.
FERNANDES, Mylena et al. Aplicação de Tanino como coagulante no reuso da água de lavação
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Fortaleza, Brasil, v. 9, n. 1, p. 51-61, jan./jun. 2015.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. Editora Atlas SA, 2008.
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xacta, belo horizonte, v. 6, n.1, p. 153-165. (2013).
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SILVA, Tamires Elizabete Monte da; SILVA, Larissa Fernandes da; LIMA, Raquel Bruna Chaves
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São Paulo: Blucher, 2015.
ZANETI, R. N.; ETCHEPARE, R.; RUBIO, J. Car wash wastewater treatment and waterreuse - a
case study. Water science and technology, v. 67, p. 82-88, 2013.
RESUMO
O presente projeto teve por objetivo diagnosticar os pontos de geração de resíduos no processo de
fabricação do plástico, como também as formas de reciclagem ou reaproveitamento destes, a fim de
evitar a formação de passivos ambientais. A metodologia adotada foi pesquisa bibliográfica
pertinente ao assunto e observações em campo. Desta forma, constatamos a necessidade de realizar
algumas adequações para que problemas ambientais não ocorram posteriormente. Assim
apresentamos propostas do que pode ser feito, e o quanto é importante a reutilização de materiais e
o processo da simbiose industrial, como também existem dificuldades para que a destinação
adequada de alguns resíduos ocorram.
Palavras-Chaves: Simbiose industrial; Resíduos Plásticos; Termoplásticos.
RESUMEN
El presente projecto tuvió por objetivo diagnosticar los puntos de geración de desechos en el
proceso de frabricación del plastico, como también las formas de reciclagen o reaprovectamiento de
estes, a fin de evitar la formación de pasivos ambientales. La metodología adoptada fue
investigación bibliografica pertiniente al asunto y observaciones en campo. De esta forma,
constatamos la necesidad de realizar algunas adecuaciónes para que problemas ambientales no
ocurran posteriormente. Así, presentamos propuestas de que puede ser hecho, y o cuanto es
importante la reutilización de materiales y el proceso de la simbiose industrial, como también
existen dificultades para que la destinación adecuada de algunos desechos ocurran.
Palabras-Claves: Simbiose industrial; Resíduos Plásticos; Termoplásticos.
1. INTRODUÇÃO
Nacional de Resíduos Sólidos. Sendo que, para se chegar a um ideal sustentável ainda é necessária
muita coisa a ser feita.
Na indústria do plástico não é diferente e a principal preocupação ambiental está relacionada
com a destinação inadequada, pois pode propiciar a proliferação de vetores causadores de doenças,
contaminação e poluição de cursos d‘água, contaminação do ar proveniente da queima do plástico,
além da utilização de recursos de origem fóssil como o petróleo para sua fabricação. Porém, os
resíduos plásticos possuem a vantagem de serem recicláveis, e podendo ser reinseridos nos
processos de produção, estes processos feitos de maneira correta diminuem os problemas
ambientais citados e os custos econômicos com sua produção.
Os plásticos são, geralmente, materiais sintéticos, derivados de petróleo e formados pela
união de grandes cadeias moleculares chamadas polímeros (poly = muitos, meros = partes). As
propriedades dos plásticos são definidas a partir do tamanho e da estrutura das moléculas desses
polímeros (resinas), (CÂNDIDO et. al., 2009).
Segundo Abiplast (2015, p. 25) ―em 2014 a participação brasileira na produção mundial de
resinas termoplásticas, foi de 6,3 milhões de toneladas‖. Levando em consideração que o resíduo
plástico mal gerenciado apresenta grande potencial de formar passivos ambientais, é necessário
estar atento.
Com o objetivo de diminuir a geração desses resíduos ou reaproveita-los, algumas empresas
realizam a chamada Simbiose Industrial, segundo Motta e Carijó (2013) é um processo que busca
integrar duas ou mais indústrias, haja entre elas uma circulação de materiais, informações e
serviços, e esta relação seja benéfica para ambas. A proposta da Simbiose Industrial é tornar cíclico
o fluxo de materiais e energia das indústrias, onde os resíduos não são descartados e sim reinseridos
na cadeia produtiva como insumos.
Portanto, este trabalho teve o objetivo de diagnosticar os pontos de geração de resíduos no
processo de fabricação do plástico, como também as formas de reciclagem ou reaproveitamento dos
mesmos, a fim de evitar a formação de passivos ambientais.
2. MÉTODOS
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
São plásticos que não sofrem alterações na estrutura química durante o aquecimento e, após
o resfriamento, podem ser moldados novamente. Exemplos: Polietileno Tereftalato – PET,
Polietileno de Alta Densidade – PEAD, Polietileno de Baixa Densidade – PEBD,
Poliestireno – OS, Policloreto de Vinila – PVC e Polipropileno – PP.
Assim, a extrusão do plástico funciona da seguinte forma, conforme Amaral (2011, pg. 27):
A moldagem por sopro é um processo usado para a produção de peças ocas, com aplicação
em termoplásticos. O processo básico envolve a produção de uma parison (pré-forma), que
é colocada dentro de um molde com a forma da peça a ser produzida. Injeta-se, então, gás
pressurizado (normalmente, ar) dentro da parison aquecida, forçando-o em direção às
paredes do molde. A pressão é mantida até o resfriamento e solidificação da peça, para
posterior abertura do molde e remoção da peça soprada.
Figura 15 - A) Extrusora de sopro por baixo; B) Molde das garrafas; C) Resina Reciclada; D) Resina Virgem.
Apresentamos propostas do que pode ser feito com os resíduos que não são destinados de
forma correta, afim de não causar danos ambientais e consequentemente beneficiando a empresa.
Observamos então que, a quantidade de água gerada é mínima, recomendamos que esta seja
armazenada em recipiente apropriado até determinada quantidade e logo mais ser encaminhada a
um laboratório para tratamento ou possa ser disponibilizado um tratamento apropriado para empresa
realizar, para que assim possa enquadrar-se nos padrões para descarte segundo a Resolução Nº 357
do CONAMA (2005). Como também averiguar a possibilidade de ser utilizada na irrigação após
tratamento.
Os resíduos da manutenção devem ter um tratamento diferenciado, podendo ser observado o
que dispõe a Resolução Nº 9, de 31 de Agosto de 1993, do CONAMA, que estabelece definições e
torna obrigatório o recolhimento e destinação adequada de todo o óleo lubrificante usado ou
contaminado. No Art. 7º Todo o óleo lubrificante usado deverá ser destinado à reciclagem. E no
Art. 9º fala sobre as Obrigações dos geradores de óleos usados, e uma das obrigações destacada no
inciso III - destinar o óleo usado ou contaminado regenerável para a recepção, coleta, rerrefino ou a
outro meio de reciclagem, devidamente autorizado pelo órgão ambiental competente. Conforme a
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, em sua NBR-10004, "Resíduos Sólidos -
classificação", classifica o óleo lubrificante e hidráulico usado como perigoso por apresentar
toxicidade.
Os panos sujos com óleo constituem-se em um resíduo sólido oleoso, podendo os mesmos
ser incinerados, conforme já é feito, mas o correto é ser destinado a um local apropriado para tal,
segundo CONAMA (1993) em seu Artigo 1º, IX - Incineração: queima sob condições controladas,
que visa primariamente destruir um produto tóxico ou indesejável, de forma a não causar danos ao
meio ambiente.
Nas dependências da empresa tinha um local que não estava sendo utilizado, então, com a
utilização de alguns materiais disponíveis que não tinham mais utilidade, por exemplo, baldes
plásticos e pela aquisição de tintas e mudas, preparamos a ornamentação de um jardim, com o
objetivo de deixar o ambiente mais harmonioso, como podemos observar na Figura 3 e o mais
importante, os próprios funcionários se dispuseram a cuidar do jardim.
Figura 16 - A) Espaço antes; B) Com as primeiras mudas; C) Depois de um tempo com mudas em baldes
plásticos e tubos; D) O jardim atualmente.
4. CONCLUSÃO
A análise dos processos produtivos da empresa permitiu observar que existiam algumas
características que precisavam ser melhoradas, que se não tratadas adequadamente poderá
futuramente gerar passivos ambientais, como é o caso do óleo lubrificante e hidráulico, panos de
limpeza e a água residuária da sopradora de PET, que necessitam de uma maior atenção, para isso,
apresentamos propostas do que poderia ser feito com esse material, mas sabemos que alguns fatores
não contribuem na gestão adequada dos resíduos, que seria a ausência de locais na própria cidade
que recolham os mesmos e façam a destinação, fazendo com que a logística de transporte para outra
cidade se torne onerosa para a empresa.
Entretanto, foi possível constatar que o processo de simbiose industrial se torna vantajoso
para as empresas, porém a mesma não faz parte desse processo de SI, constituindo apenas de uma
ciclagem de materiais dentro da própria empresa e destinação de resíduos, o que não gera um
retorno financeiro considerável, essas ações evitam ou minimizam a poluição ambiental, que
poderia gerar prejuízos maiores financeiramente se ocorrerem danos ambientais.
REFERÊNCIAS
ABIPLAST. Perfil 2015. Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST): São Paulo,
2015. Disponível em: < http://file.abiplast.org.br/download/2016/perfil_2015_ok.pdf>. Acesso
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BRANCO, Roderick Cabral Castello; MAÑAS, Antonio Vico. Simbiose Industrial no Polo
Industrial de Manaus: Uma Proposta Para o Alcance da Sustentabilidade Ambiental. In: 6ª
Conferência Internacional de Inovação e Gestão - ICIM, 2009, São Paulo. Trabalhos
científicos. São Paulo: PUC, 2009. p. 1 - 11. Disponível em:
<http://www.pucsp.br/icim/ingles/downloads/papers/TL_050.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2017.
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altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 12 jul.
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CÂNDIDO, et. al. Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Plásticos – PGIRP. Belo
Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente: Fundação Israel Pinheiro, 2009. Disponível
em: <http://www.feam.br/images/stories/minas_sem_lixoes/2010/plstico.pdf>. Acesso em: 10
jul. 2017.
MOTTA, João Pedro Soares Pinto da; CARIJÓ, Renata de Sousa. Simbiose Industrial: Um estudo
de caso para uma Indústria de Cosm ticos no Município do Rio de Janeiro. 2013. 79 f. TCC
(Graduação) - Curso de Engenharia Ambiental, Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio
de Janeiro/RJ, 2013. Disponível em:
<http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10005527.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2017.
RESUMO
A educação ambiental crítica busca transformar a sociedade a partir da construção de cidadãos
conscientes e atuantes. Mas como formar esse sujeito capaz de incorporar valores ambientais e
princípios éticos em seu cotidiano e ainda se mobilizar diante das demandas socioambientais? O
presente trabalho apresenta uma investigação a partir de uma intervenção em educação ambiental
através de uma sequencia didática inspirada na metodologia dialética proposta por Gasparin (2005)
amparada nos pressupostos da pedagogia histórico-crítica. A experiência foi realizada com uma
turma do 7º ano da Escola Municipal Manoel Cassimiro Gomes, no município de Coronel Ezequiel-
RN, O tema escolhido para a ação foi a problemática do lixo eletrônico com ênfase no descarte
inadequado de pilhas e baterias. A escolha teve motivação o desconhecimento dos estudantes sobre
o tema. A sequência didática foi organizada em três etapas – problematização, teorização e prática
social, manifestada em três atividades: um questionário exploratório das concepções e práticas
cotidianas em relação ao consumo e destinação de resíduos eletrônicos; seguida de uma aula
expositiva-dialogada sobre o tema; finalizada com uma campanha de sensibilização da comunidade
escolar com a temática do lixo eletrônico e uma avaliação das atividades. A análise da experiência
pedagógica foi feita através de anotações, registros fotográficos e diálogo com o referencial teórico.
Como resultados do trabalho se viu um engajamento significativo dos estudantes que participaram
ativamente sensibilizando a comunidade escolar para o tema. É possível concluir que o tema é
apropriado e a estratégia didática permitiu conexões com o cotidiano e mobilizou os estudantes
ensaiando uma experiência em educação ambiental crítica.
Palavras chaves: Ensino Fundamental, Meio Ambiente, Sequência Didática, Pilhas e Baterias.
RESUMEN
La educación ambiental crítica busca transformar la sociedad a partir de la construcción de
ciudadanos conscientes y actuantes. ¿Pero como formar ese sujeto capaz de incorporar valores
ambientales y principios éticos en su cotidiano y aun movilizarse delante de las demandas socio
ambientales? El presente trabajo presenta una investigación a partir de una intervención en
educación ambiental a través de una secuencia didáctica inspirada en la metodología dialéctica
propuesta por Gasparin (2005) amparada en los presupuestos de la pedagogía histórico-crítica. La
experiencia fue realizada con un grupo del 7º año de la Escuela Municipal Manoel Cassimiro
Gomes, en el municipio de Coronel Ezequiel-RN. El tema elegido para la acción fue la
problemática de la basura electrónica con énfasis en el desecho inadecuado de pilas y baterías. La
elección fue motivada por el desconocimiento del tema por los estudiantes. La secuencia didáctica
fue organizada en tres etapas – problematización, teorización y práctica social, manifiesta en tres
actividades: un cuestionario exploratorio de las concepciones y prácticas cotidianas en relación al
consumo y destinación de residuos electrónicos; seguida de una aula expositiva-dialogada a cerca
del tema; finalizada con una campaña de sensibilización de la comunidad escolar con la temática de
la basura electrónica y una evaluación de las actividades. El análisis de la experiencia pedagógica
fue hecho a través de notaciones, registros fotográficos y diálogo con el referencial teórico. Como
resultados del trabajo se observó una adherencia significativa de los estudiantes que participaron
activamente sensibilizando la comunidad escolar para el tema. Es posible concluir que el tema es
apropiado y la estrategia didáctica permitió conexiones con el cotidiano y movilizó a los estudiantes
ensayando una experiencia en educación ambiental crítica.
Palabras claves: Enseñanza Fundamental, Medio Ambiente, Secuencia Didáctica Pilas y baterías.
INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental (EA) é uma prática pedagógica voltada a educar pessoas sobre a
importância de se repensar as relações entre humanos e natureza, reconhecer que fazemos parte do
ambiente e que temos responsabilidade diante do futuro da humanidade, portanto, a EA deve ser a
ferramenta capaz de produzir novos valores para a relação entre os seres humanos, desses com os
demais seres vivos e para com o ambiente.
Nos tempos atuais vivemos a sociedade do consumo onde estamos sendo sempre
influenciados a consumir cada vez mais, e com todo o consumismo temos também uma grande
produção de lixo, ou resíduos sólidos. Os produtos eletroeletrônicos têm sido objetos de desejo e
consumo capazes de gerar resíduos preocupantes pelo seu potencial poluidor, são os chamados
resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) que exigem um manejo específico.
Considerando que os equipamentos eletroeletrônicos têm vida útil relativamente curta, seja pela
obsolescência planejada ou perceptiva, o volume de lixo produzido deve ser pensado como um
problema ambiental preocupante. Calcula-se que em 2010 foram vendidos 347 milhões de
computadores no mundo (IDC, 2011 citado por CARVALHO; XAVIER, 2014).
Os REEE são, portanto, todos aqueles eletroeletrônicos considerados inúteis e/ou
indesejáveis pela população descartados quase sempre de forma inadequada. Boa parte deles possui
em seu interior metais pesados que ao entrar em contato com o ambiente interferem na
sobrevivência dos ecossistemas e na saúde dos seres vivos.
A Política Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos (PNRS) é a lei que engloba princípios,
objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações a serem adotados pelos governos e particulares,
com a finalidade de garantir um destino adequado aos resíduos sólidos. A Política prevê a
responsabilidade compartilhada por diversos atores sociais, a educação ambiental e a logística
reversa como instrumentos importantes na gestão dos resíduos. Mas como promover a EA com o
objetivo de diminuir o consumo e adotar práticas sustentáveis no manejo dos resíduos sólidos, mais
especificamente dos REE?
O trabalho aqui apresentado foi desenvolvido com uma turma de 7º ano do ensino
fundamental, no horário das aulas da professora de ciências, uma das autoras deste trabalho,
realizado na Escola Municipal Manoel Cassimiro Gomes, município de Coronel Ezequiel-RN. O
objetivo foi planejar, executar e analisar uma sequência didática sobre a problemática ambiental dos
REEE ou lixo eletrônico – em especial pilhas e baterias. A organização da ação pedagógica foi
inspirada na metodologia proposta por Gasparin (2005) em ―uma didática para a pedagogia
histórico crítica‖.
A sequência didática foi organizada em três etapas – problematização, teorização e prática
social, manifestadas em três atividades e uma avaliação da proposta. Este artigo descreve e analisa
essa experiência pedagógica.
Coronel Ezequiel é um jovem município, com 5.500 habitantes, no interior do estado do Rio
Grande do Norte, situado a 140 km da capital no sentido sudoeste, já na fronteira com o estado da
Paraíba. O município tem sua economia baseada em agricultura, comércio e serviços públicos. A
gestão do lixo no município não é diferente de outras realidades no interior do nordeste, a coleta de
lixo é precária e a destinação final acontece em lixão a céu aberto.
Na sede do município existem duas escolas, uma municipal de ensino fundamental - a
Escola Municipal Manoel Cassimiro Gomes, com 520 alunos e uma estadual – Escola Estadual José
Joaquim com cerca de 400 alunos. A E. M. Manoel Cassimiro Gomes funciona somente durante o
dia, tem 23 professores e atende o ensino fundamental I e II, e a educação de jovens e adultos com
um total de 20 turmas. A escola tem sala de diretoria, sala de professores, laboratório de
informática, sala de recursos multifuncionais para Atendimento Educacional Especializado (AEE),
quadra de esporte descoberta, cozinha, biblioteca, banheiros dentro e fora do prédio, banheiro
adequado para estudantes com deficiência ou modalidade reduzida, sala de secretaria, refeitório,
dispensa, almoxarifado e auditório. Em relação aos equipamentos disponibilizados pela escola estão
os computadores administrativos, computadores para estudantes, DVD, impressora, aparelho de
som, projetor multimídia e câmera fotográfica.
A proposta da intervenção e da pesquisa aqui relatadas foi construída como um trabalho de
conclusão de curso em Licenciatura em Ciências Biológicas da UFCG, campus Cuité, a partir das
com as inquietações pessoais da professora-pesquisadora, uma das autoras deste trabalho, diante da
problemática do lixo eletrônico em Coronel Ezequiel. O projeto foi apresentado à direção da Escola
e à turma escolhida, todos aceitaram a proposta. A intervenção aconteceu entre junho e agosto do
ano corrente. A turma do 7º ano, com 16 estudantes, foi escolhida por ser uma turma menor e mais
participativa.
A produção de REE ou lixo eletrônico vem crescendo muito nos últimos anos, e tem se
tornado um preocupante problema ambiental.
A EA que fundamenta este trabalho está definida como uma prática pedagógica
emancipatória e crítica, criadora de novos valores que questionam os padrões e comportamentos
estabelecidos, articulada com o exercício da cidadania, na formação de um sujeito ecológico, que
institui novos modos de ser, compreender e agir, ante a si mesmo e aos outros (GUIMARÃES,
1995; LOUREIRO, 2006; CARVALHO, 2012),
Esse processo de prática-teoria-prática não é linear, porém aqui ele está limitado e linear
tendo em vistas os limites do contexto de produção. De todo modo, parece válida toda e qualquer
iniciativa que tenha como objetivo de transformar a realidade social e transformar o próprio sujeito.
A isso se destina, de fato, a educação (ambiental).
O quadro 1 resume a organização da sequencia didática proposta. A sequência didática foi
organizada em três etapas – problematização, teorização e prática social, manifestada em três
atividades: um questionário exploratório das concepções e práticas cotidianas em relação ao
consumo e destinação de resíduos eletrônicos; seguida de uma aula expositiva-dialogada sobre o
tema; finalizada com uma campanha de sensibilização da comunidade escolar com a temática do
lixo eletrônico e uma avaliação das atividades.
descartam este tipo de material no lixo comum, enquanto 7% jogam as pilhas e baterias diretamente
na natureza.
O Gráfico 1 sistematiza os resultados para a pergunta - quais são os aparelhos eletrônicos
que você tem em sua casa? O resultado mostra a diversidade de aparelhos eletroeletrônicos
presentes na vida dos estudantes, com destaque para o celular.
Aparelhos eletroeletrônicos
Impressora 1
Liquidificador 2
Tablet 2
Ventilador 1
Chuveiro 1
Roteador 3
DVD player 3
Receptor 3
Forno 1
Aparelhos eletrônicos
Ferro 1
Geladeira 6
Microondas 1
Video game 3
Notebook/Computador 6
Som/Rádio 8
Televisão 14
Celular 10
0 5 10 15
limpeza urbana. Entretanto, elas revelam também pouca importância atribuída ao papel dos
consumidores.
A pergunta 5, sobre a Coleta do lixo eletrônico em Coronel Ezequiel - A sua cidade possui
um local onde a coleta de lixo eletrônico é feita de forma permanente? 87% afirmaram não
existirem postos de coleta para o lixo eletrônico e os outros 13% disseram não saber. Esse quadro
mostra a urgência de se trabalhar o assunto não apenas escola, mas também num contexto municipal
mais amplo.
Os resultados confirmaram a realidade esperada: há a presença de eletroeletrônico na casa de
todos os participantes; todos declaram a destinação inadequada - ou jogam no lixo comum ou na
natureza; não sabem o que é lixo eletrônico; e desconhecem postos de coleta na cidade.
Consequentemente há confusões sobre as responsabilidades e práticas sustentáveis.
32
Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=tLAslXsdhTk>, Acesso em junho de 2017.
E o que fazer com todo o material que se deseja recolher, se não há ponto de coleta na
cidade? Os estudantes por livre iniciativa encontraram uma loja de comércio e manutenção de
telefones celulares que armazena esse material e entrega ao representante de uma empresa de
reciclagem de Natal-RN a cada 90 dias. A partir desse contato, o grupo resolveu fazer uma
exposição do REEE acumulados pelo comerciante e trouxeram para expor na escola, depois do
período de coleta, 104 baterias e 15 pilhas, acumulados pelo comerciante que, sensibilizado com a
questão se comprometeu a receber o material que os estudantes recolhessem na escola.
Situações como essa só podem emergir de uma educação que acontece como parte da ação
humana, da experiência humana de estar no mundo e participar da vida, são as atitudes ecológicas
de um sujeito ecológico, conforme propõe Carvalho (2012).
Esta etapa teve como objetivo preparar a campanha de sensibilização na escola para recolher
pilhas e baterias e encaminhá-las a um local apropriado. A etapa 3 aconteceu em dois dias de aula.
No primeiro a turma foi dividida em quatro grupos para confecção de cartazes sobre o tema
estudado preparando a sensibilização e a coleta na escola. Durante essa atividade surgiu a ideia de
compartilhar com os colegas a inquietação perante o tema e os próprios estudantes decidiram visitar
as demais turmas da escola para anunciar a campanha. Uma comitiva foi formada por quatro
estudantes, um representante de cada grupo dos cartazes.
No segundo dia da etapa 3 forma afixados os cartazes que alertavam sobre os riscos que esse
tipo de material representa quando jogado no lixo comum; apresentavam a logística reversa; a
responsabilidade socioambiental; e a destinação adequada de pilhas e baterias. Nesse dia foi
bastante visível a participação e o total envolvimento dos estudantes com a atividade e com a
temática. Eles visitaram as turmas do seu turno e voltaram à tarde para visitar as demais. Apesar do
nervosismo e da timidez, os estudantes conseguiram transmitir o alerta sobre o impacto que esse
tipo de material pode causar ao meio ambiente e à saúde dos seres vivos, e anunciaram a coleta na
escola. Em seguida, foi instalado o ponto de coleta - uma garrafa PET de 5 litros em frente à sala da
direção. Em poucos dias foram recolhidas 20 baterias e 9 pilhas.
Percebe-se aqui o movimento da prática social, de elaboração de uma nova forma de
entender o mundo e a uma nova forma de agir a partir do conteúdo aprendido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARROS, M. Tratamento sobre resíduos: Gestão, uso e sustentabilidade. Rio de Janeiro: Acta,
2012.
BRASIL, Lei n. 9795 - 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação Ambiental. Política Nacional
de Educação ambiental. Brasília, 1999.
BRASIL, Lei N° 12.305 de 02 de agosto de 2010, Política Nacional de Resíduos Sólidos, 2010.
GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 3ª ed. rev. Campinas, SP:
Autores Associados, 2005.
RESUMO
Diante do aumento da utilização do alumínio como matéria prima na fabricação de embalagens, as
tentativas de reaproveitamento desses tipos de laminados vem crescendo, e o aumento na geração
de resíduos sólidos faz com que cada vez mais os processos de reciclagem deste material tenham
relevância frente ao desenvolvimento sustentável. Um dos processos utilizados para
reaproveitamento dos laminados provenientes de embalagens é o de fundição. Tal processo pode ser
conseguido em inúmeros tipos de fornos. Nos fornos resistivos elétricos tipo mufla ele é realizado
de forma simples, através da inserção dos valores de tempos, gradientes, rampas de aquecimento, e
temperaturas no controlador digital do forno, entretanto como a variação dos parâmetros influencia
o resultado do processo, ele pode acabar não atingindo o melhor resultado possível, neste trabalho
foram analisados os parâmetros tempo e temperatura no processo de fundição do alumínio reciclado
em fornos deste tipo. A modelagem da superfície de resposta e curva de contorno, bem como do
gráfico de pareto utilizados para analisar as influencias desses parâmetros foi implementada pelo
software Statistica, da Dell Inc. (2016), versão 13, tal análise aconteceu a partir do planejamento
fatorial , com os parâmetros analisados temperatura e tempo, sendo o primeiro a variável mais
significativa para o processo de fundição.
Palavras-chave: Alumínio. Reciclagem. Fundição. Planejamento fatorial.
ABSTRACT
In view of the increased use of aluminum as raw material in the manufacture of packaging, the
attempts of reutilization of these types of laminates has been growing and the increase in solid
waste generation means that the recycling processes of this material are increasingly relevant to
sustainable development. One of the processes used for the reuse of laminates from packaging is
foundry. Such a process can be achieved in numerous types of furnaces. In muffle type electric
resistive ovens it is carried out in a simple way, by inserting the values of times, gradients, heating
ramps, and temperatures in the digital oven controller however as the variation of the parameters
influences the result of the process, it may end up not reaching the best possible result, in this work
the time and temperature parameters in the casting of recycled aluminum in furnaces of this type
will be analyzed, the response surface modeling and contour curve, as well as the pareto graph used
to analyze the influences of these parameters was implemented by Statistica software from Dell Inc.
(2016), version 13, this analysis was based on the factorial design , with the analyzed parameters
temperature and time, the first being the most significant variable for the casting process.
Keywords: Aluminum. Recycling. Foundry. Factorial planning.
INTRODUÇÃO
PARÂMETROS E AMOSTRA
Tendo como objetivo analisar os fatores que influenciam o processo de fundição em fornos
resistivos foi-se realizado no presente trabalho um planejamento experimental fatorial. Os
parâmetros analisados no planejamento fatorial , e nos testes de ponto central foram os de tempo
e temperatura, para que pudéssemos estudar os efeitos desses fatores sobre o resultado do
percentual de material fundido do alumínio reciclado a partir das embalagens descartadas, visto que
esta era resposta obtida em cada teste realizado.
As amostras utilizadas nas fundições eram provenientes de embalagens alimentícias
(coletadas em domicílios). Inicialmente elas foram submetidas à limpeza feita com acetona para
remoção de possíveis contaminantes, após feita essa limpeza deu-se o procedimento de corte das
amostras em dimensões de aproximadamente 2x2cm, para facilitar a troca térmica entre o forno e a
superfície do material e aumentar a reatividade química do processo, tais amostras ficaram
conforme mostrado na Figura 1 a seguir, que descreve o material utilizado incialmente para todos
testes.
Figura 1 - Material utilizado nos testes
NÚMERO DE TESTES
Em um experimento fatorial com 2 níveis o número de corridas (ou testes) que devem ser
realizados é , onde k é o número de fatores (JURAN et al., 1951), uma vez que tínhamos 2
fatores (tempo e temperatura) para serem analisados passou-se a utilizar um esboço fatorial com
2 variáveis independentes, assim a execução do experimento fatorial possuía quatro corridas. Foram
realizadas ainda 3 corridas de ponto central, que permitem obter uma estimativa interna do erro
puro experimental (ACTION, 2017). Uma corrida é uma condição experimental, ou combinação de
níveis e fatores nas quais as repostas são medidas, e cada uma delas corresponde a um ponto do
experimento, seu conjunto completo, somado aos testes de ponto central, são o experimento.
A escolha para realização dos experimentos nos níveis de temperatura 700°C e 900°C, e dos
tempos de 10 minutos e 30 minutos, foi realizada como sendo parte da primeira etapa do
planejamento fatorial, as temperaturas escolhidas estão acima da temperatura de fusão do alumínio
e os tempos variam de 10 a 30 minutos para que possa ser analisado o efeito conjunto dos
parâmetros.
Para cada experimento foram feitas as variações nas temperaturas e tempo com uma taxa de
aquecimento constante de 8°C/min. O planejamento experimental com os 7 testes realizados é
exibidos na Tabela 1 a seguir, com os valores reais de temperatura máxima atingida e tempo de
permanência bem como seus valores codificados.
O valor de -1 representa os pontos em que cada fator assume valor mínimo (700°C e 10
min.), e o valor de 1 representa o valor máximo para os fatores (900 °C e 30min.). Cada teste é
caracterizado por uma combinação diferente, com exceção dos de ponto central, indicadas com (C)
na coluna referente ao número do teste, que são representados pela variável codificada 0 e
representa os valores 800°C e 20 min.
De acordo com a realização dos ensaios foram consideradas algumas informações afim de
que se fosse possível construir uma curva de temperatura diferente para cada corrida em que a
combinação dos fatores variasse.
Para tal, a primeira informação observada foi a de temperatura inicial de operação do forno,
e em seguida sabendo à que taxa a temperatura subia por minuto, foi possível prever em quanto
tempo o forno chegaria na temperatura do primeiro patamar estabelecido. Em todos os casos a
rampa de aquecimento foi equivalente a 8 °C/min e o primeiro patamar estabelecido foi de 300°C,
permanecendo nele por 30 minutos antes de começar a subir novamente até a temperatura máxima
desejada, após chegar na temperatura máxima desejada deixava-se a amostra no tempo pré-
estabelecido. Ao final, a temperatura voltava a cair até chegar a temperatura ambiente, com uma
taxa de resfriamento de 0,6 °C/min. Com esses dados facilmente se constroem os gráficos de curva
de temperatura, e se obtém uma ideia de quanto tempo o mesmo ficou em operação até a amostra
ser retirada.
Todos testes apresentaram uma curva de temperatura similar à que é mostrada no Gráfico 1
adiante, que é o gráfico referente ao teste 1.
Gráfico 5 - Curva de temperatura do teste 1, temperatura máxima de 700°C com tempo de permanência de
10 minutos.
Curva de Temperatura 1
800
700 700 700
Temperatura, °C
600
500
400
300 300 300
200
100
0 20 20
0 35 65 115 125 1258
Tempo, min
Antes da realização das fundições eram feitas as pesagens das amostras em todos os
experimentos, e depois da realização das queimas no forno uma outra pesagem apenas do material
fundido em cada teste era feita.
Os dados das variáveis codificadas da tabela 1, mostradas anteriormente, foram levados para
o software Statistica, juntamente com o resultado obtido em cada teste para que se analisassem as
influencias dos parâmetros em estudo. Eles foram analisados de acordo com o modelo fatorial ,
com duas variáveis.
A resposta do experimento, dada de forma percentual foi obtida a partir da equação 1
abaixo.
𝑚𝑜 𝑓𝑢𝑛 𝑔
𝑚𝑜 𝑛 𝑔
(1)
Onde %F é percentual de fundição para cada teste, e a amostra fundida e inicial é dada em
gramas.
Para entender melhor os efeitos dessas variáveis no experimento será utilizado o Diagrama
de Pareto, que conforme é dito por Barbosa (2009) examina a sensibilidade dos parâmetros
estudados sobre a resposta de interesse. Assim, é possível indicar quais os parâmetros e interações
têm influências significativas sobre a variável resposta considerada, que aqui se trata do percentual
de fundição obtido em cada teste do experimento.
Para a análise os parâmetros ou fatores envolvidos no processo foi utilizada a metodologia
de superfícies de respostas, esta, como exposto em Barbosa (2009), é uma técnica baseada em
planejamentos fatoriais, em que a modelagem ajusta modelos simples às respostas obtidas no
planejamento. Gráficos de Superfície de Resposta são úteis para a análise de problemas onde a
resposta é influenciada por várias variáveis e o objetivo é a otimização da resposta.
Pela figura 2, nota-se a diferença da superfície com relação ao que foi colocado, como pode-
se verificar a partir da figura 1, Teixeira (2015) chama a atenção para o fato de que o alumínio não
se encontra em seu estado natural nas embalagens e lacres, assim, essa camada superficial mais fina,
é proveniente de uma camada de resina que é usada para protegê-lo dos agressores, isso mostra que
apesar de a temperatura ter atingido valores acima do ponto de fusão o processo não foi suficiente
para que a essa camada sumisse completamente.
Para todos os testes, que tratam da pesagem na analise das amostras, foram realizadas
medições da quantidade do alumínio colocado no forno antes do seu inicio de operação, ao fim da
queima do material nos tempos e temperaturas definidos era feita novamente a pesagem deste
material, entretanto apenas do que foi efetivamente fundido, a variação entre essas duas pesagens
configuram o percentual da fundição. Para o teste 2 por exemplo, foram colocadas 2,0549g do
alumínio reciclado, mas ao fim do processo de fundição, o alumínio que representava a peça
fundida pesava apenas 0,0943g, multiplicando esse último valor de 0,0943g por 100 e dividindo o
resultado desta multiplicação pela quantidade de alumínio colocada no inicio (2,0549g) obtém-se
percentualmente o valor do rendimento da fundição no teste, procedimento decorrente da equação 1
mostrada anteriormente, que para o caso citado acima é de aproximadamente 4,59%.
Tem-se na Tabela 2 abaixo a lista das combinações possíveis dos níveis escolhidos,
incluindo os de ponto central e o rendimento obtido como resposta à fundição do material metálico.
Tabela 15 - Resultados do percentual de fundição (%F) para as condições diversas de tempo e temperatura
Nº do Temperatura Tempo Peso inicial (g) Alumínio Rendimento da
Experimento (°C) (minutos) fundido (g) fundição %
1 700 10 2,0281 0,0511 2,5196
2 700 30 2,0549 0,0943 4,5886
3 800 20 2,0445 1,1594 56,7063
4 800 20 2,0220 1,1214 55,4599
5 800 20 2,0134 1,0943 54,3491
6 900 10 2,0344 0,8282 40,7098
7 900 30 2,0246 1,1683 57,7063
Fonte: Autora, 2017
Figura 17 - Estimativa dos efeitos das variáveis temperatura (1) e tempo (2) na fundição de alumínio em
fornos resistivos
A partir da figura 4 acima, é possível observar que os parâmetros temperatura (1), tempo (2)
e suas interações tem influências sobre a variável resposta considerada com nível de significância
de 95% entretanto nota-se que o parâmetro que apresenta influência mais significativa é a
temperatura (1). Este efeito positivo está associado a um aumento da variável resposta. Ou seja,
quanto maior a temperatura no interior do forno, maior será o percentual de alumínio fundido das
embalagens recicladas.
O modelo de superfície de resposta de ordem 2 e de curva de contorno (figuras 5 e 6) que
relaciona as temperaturas máximas atingidas e o tempo de permanência nessa temperatura ao
rendimento da fundição a nível de significância de 95% é mostrado a seguir.
As figuras 5 e 6 mostram que os ensaios nos níveis superiores foram os ótimos de resposta,
isto é, 900°C por 30 minutos, atingindo % fundição superiores a 70% entretanto percebe-se que
para outros tempos se mantendo a faixa de temperatura em 900°C o resultado também é satisfatório,
com mais de 50% de material fundido em todas as hipóteses para essa temperatura. Já para o nível
inferior de temperatura testado, 700°C, os resultados foram menos significativos uma vez que
apenas uma pequena quantidade do material inicialmente submetido ao teste foi efetivamente
fundido.
Assim, a superfície de resposta que é apresentada nas figuras 5 e 6 retrata os efeitos que
foram observados no diagrama de Pareto, ou seja, as melhores condições para que o rendimento de
fundição se caracterize como máximo estão localizadas nos níveis superiores dos parâmetros
analisados.
A reciclagem deste, e de outros tipos de materiais que provem de embalagens é uma
alternativa à minimização da poluição ambiental, Silva (2012) esclarece que dentro do contexto de
reciclagem, embora se esteja fazendo muito em nível mundial, são poucos os materiais aproveitados
no Brasil, ele comenta que esta perda é estimada em cerca de 4 bilhões de dólares por ano.
Ainda avaliando o viés da reciclagem do alumínio, em SENAC (2000) afirma-se que ela traz
benefícios ao meio ambiente e ao país, economizando matéria-prima e energia elétrica. Além disso,
a reciclagem reduz o volume de lixo enviado aos aterros sanitários e ajuda a manter a cidade limpa,
já que 76% do lixo, como comentado por Silva (2012) é jogado a céu aberto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da análise de influencia dos parâmetros tempo e temperatura foi possível verificar
que a eficiência da fundição do alumínio reciclado em forno do tipo resistivo tem como parâmetro
que mais influencia o processo a variável temperatura, visto que os melhores resultados são obtidos
quando esta se encontra em seu nível máximo estudado.
A faixa ótima de trabalho para a fundição do alumínio nos fornos resistivos, constatadas
através da análise de superfície de resposta foi de 900 °C de temperatura e 30 minutos de
permanência nessa temperatura.
O planejamento experimental mostrou ser uma ferramenta útil para a previsão e
simplificação do processo de fundição, além disso ele permite ainda analises mais complexas, que
englobem mais parâmetros, fazendo assim com que se obtenha um maior numero de previsões com
resultados importantes no que concerne a modelagem de dados e previsões quantitativas de erros.
Algumas sugestões para trabalhos futuros podem ser citadas e uma delas engloba a análise
de parâmetros como dimensão das placas, rampa de aquecimento, temperatura estabelecida para o
patamar, entre outros fatores que podem influir sobre o resultado final e podem ser objetos de novos
estudos.
Outra sugestão de suma importância a ser citada é a de se fazer a análise e caracterização
microestrutural do alumínio em todas as amostras, antes e depois da fundição, para que seja
possível obter informações sobre as propriedades do metal, utilizando por exemplo a espectrometria
de fluorescência de raios X, uma vez que estes ensaios possibilitam a análise da amostra fornecendo
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Janaína Medeiros Dantas. Influência da areia argilosa na recuperação de petróleo por
injeção de vapor. 2009. 125 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciência e Engenharia de
Petróleo, Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.
Disponível em: <ftp://ftp.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/JanainaMedeirosDantasBarbosa_
DISSERT_01_35.pdf>. Acesso em: 17 maio 2017
COLPAERT, H. Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns, Editora Edgard Blücher Ltda,
São Paulo, 3ª ed., 1974.
JURAN, J.M.; GRYNA JR., F.M.; BINGHAM JR., R.S. (1951). Quality control handbook. 3. ed.
New York, McGraw-Hill. Cap.27, p.1-49.
KONDIC, V. Princípios Metalúrgicos da Fundição. Editora Polígono (USP), São Paulo, Brasil,
1973.
SALONITIS, Konstantinos et al. The Challenges for Energy Efficient Casting Processes. Procedia
Cirp, [s.l.], v. 40, n. -, p.24-29, 2016.
SENAC. Brasil recicla mentalidade. Senac e Educação Ambiental, Rio de Janeiro, 9(1):32- 33,
2000.
SILVA, Pedro Celso Soares da et al. Estudo da viabilidade econômica do destino final do lixo
urbano de marechal cândido rondon, PR. Varia Scientia Agrárias, Rondon – Pr, v. 02, n. 02,
p.119-133, jul. 2012. Disponível em: <http://e-revista.unioeste.br/index.php/varias
cientiaagraria/article/view/5206/5051>. Acesso em: 20 maio 2017.
VALENTIM, Antão Rodrigo; OLIVEIRA, Ivanir Luiz de. Reciclagem de folhas de alumínio em
forno elétrico à indução. Gestão Industrial, Ponta Grossa, v. 7, n. 2, p.217-231, 2011.
RESUMO
A água é o recurso mais valioso para o planeta e a contaminação dela por efluentes é um dos
principais problemas enfrentados pelas indústrias. Diante disto, este trabalho propõe o uso da
floculação iônica para remoção de azul de metileno da água. Este processo consiste na mistura de
tensoativos, obtidos a partir de óleo de girassol, com o poluente ao sistema e, posteriormente, a
adição de cálcio. O cálcio proporciona a formação de flocos de tensoativo insolúveis. Os flocos de
tensoativo atraem as moléculas do azul de metileno presente na água e, por sua vez, o floco
contendo o azul de metileno (AM) adsorvido pode ser removido por centrifugação. Neste estudo, a
floculação iônica foi avaliada variando os seguintes parâmetros: concentração de tensoativo,
presença de eletrólitos e pH. Foi obtida uma eficiência de remoção de até 69,31% com 0,02M do
NaCl para a concentração de tensoativo de 1000 ppm, demonstrando que a floculação iônica é um
processo eficiente para remoção do poluente da água.
Palavras chave: Floculação Iônica, Corantes, Efluentes têxteis, Tensoativo.
ABSTRACT
Water is the most valuable resource for the planet and a contamination through effluents is one of
the main problems faced by industries. In view of this, this work proposes the use of ionic
flocculation to remove methylene blue from water. This process consists in the mixture of
surfactants, obtained from sunflower oil, with the pollutant in the system and the addition of
calcium. Calcium provides a formation of insoluble surfactant flakes. The surfactant flakes attract
the methylene blue molecules present in the water which, in turn, the flake containing the adsorbed
methylene blue (AM) can be removed by centrifugation. In this study, the ionic flocculation was
evaluated by varying the following parameters: surfactant concentration, presence of electrolytes
and pH. A removal efficiency of up to 69.31% with 0.02M NaCl was obtained for a surfactant
concentration of 1000 ppm, demonstrating that ionic flocculation is an efficient process for removal
of the pollutant from water.
Keywords: Ionic Flocculation; Dyes; Textile Effluents; Surfactant.
INTRODUÇÃO
MATERIAIS
Utiliza-se o corante azul de metileno (AM, massa molar = 319,85 g/mol, fórmula molecular:
C16H18N3SCl.3H2O) como corante para preparar o efluente sintético. O cloreto de cálcio (CaCl2,
marca Synth) é utilizado para realizar a floculação iônica e precipitar o tensoativo. Nas experiências
para avaliação do efeito pH, este é ajustado utilizando soluções de ácido clorídrico (1 M) e
hidróxido de sódio (1 M), ambos da marca Synth. Utiliza-se NaCl, P.A.-A.C.S., marca Synth, nos
experimentos para avaliar o efeito de eletrólitos no processo de remoção de corantes. Todos os
reagentes são de grau analítico.
MÉTODOS
Inicialmente, prepara-se a solução de azul de metileno (10 ppm), a partir de uma solução
mãe de 100 ppm. Logo após, as massas de tensoativo e CaCl2 são pesadas de modo a obter as
concentrações desejadas de tensoativo (500 a 1700 ppm) e cálcio, respectivamente, em solução. A
massa de CaCl2 é pesada de modo que a concentração de íons cálcio em solução seja metade da
concentração de tensoativo (A Tabela 1 contém os valores de massa de cada reagente),
proporcionando a reação do tensoativo com o íon cálcio, resultando na precipitação do tensoativo.
O tensoativo é então adicionado à solução de AM, dissolvendo o tensoativo nesta solução
com auxílio de um agitador da marca Novainstruments modelo NI 1103P. O cálcio sempre é
adicionado após a dissolução completa do tensoativo, fazendo-o precipitar e formar os flocos de
tensoativo. Este sistema é levado para agitação novamente por 5 minutos para promover a adsorção
do AM na superfície formada pelos flocos de tensoativo, removendo-o da água.
Logo após, as soluções são submetidas a uma centrifugação à 2000 rpm por 20 minutos em
centrífuga, marca OEM/Unbrand modelo 80-2B Tabletop, com finalidade de os flocos impregnados
com o AM do sistema serem separados. Após a separação, as amostras são analisadas em
espectrofotômetro, marca Gehaka modelo UV-340G, a fim de determinar a concentração final de
AM.
Para análise do efeito da concentração de tensoativo foi utilizada uma faixa de concentração
de 500 a 1700 ppm, variando de 100 em 100 ppm e mantendo-se fixa a concentração de AM na
solução em 10 ppm. Essa etapa é feita da seguinte maneira: As massas de tensoativo e CaCl2 para as
respectivas concentrações são pesadas; prepara-se o efluente a 10 ppm; dilui-se todo o tensoativo no
efluente com ajuda de agitador magnético; adiciona-se o CaCl2 para que ocorra a floculação iônica;
agita e em seguida centrifuga o efluente. Logo após é feita a análise em espectrofotômetro da
concentração final do efluente. As demais etapas são feitas de forma semelhante.
Influência de eletrólitos
As águas residuais têxteis apresentam alta concentração de eletrólitos, que são empregados
no tingimento especialmente com corantes diretos (MELO, 2015). Para avaliar a influência dos
eletrólitos, utiliza-se NaCl a concentrações de (0,02; 0,04; 0,06 e 0,08 M), a concentração da
solução efluente é fixa em 10 ppm e as concentrações de tensoativos foram de 1000 ppm e 1200
ppm. Vale ressaltar que concentrações de NaCl maiores que as citadas anteriormente foram
testadas. Porém, os resultados foram incompatíveis porque o NaCl floculava o tensoativo antes
mesmo que o CaCl2 fosse adicionado.
Influência do pH
RESULTADOS E DISCUSSÕES
90,00%
80,00%
Remoção
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
Tensoativo (ppm)
Como podemos ver na Figura 05, o tensoativo remove parte do AM da solução. Isso ocorre
devido a propriedade anfifílica do tensoativo, pois como o corante é de origem orgânica, terá uma
afinidade maior com a parte apolar do tensoativo do que com a água, consequentemente, uma parte
do AM será adsorvida pelo tensoativo e a outra parte continuará livre na solução.
Influência de eletrólitos
70,00%
69,00%
68,00%
67,00%
Remoção
66,00%
65,00% 1000 ppm
64,00% 1200 ppm
63,00%
62,00%
61,00%
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
Molaridades (NaCl)
A adição do sal aumenta a eficiência de remoção, visto que os resultados para remoção do
Gráfico 02 são melhores que os resultados do Gráfico 01 (maior remoção no Gráfico 01 é de
60,72% enquanto a menor remoção no Gráfico 02 é 61,73%). Porém, a quantidade de sal
adicionada aumenta o efeito da salinidade reduz a eficiência de remoção. Isso se deve à competição
dos íons do sal com a cabeça polar do tensoativo, pois à solubilidade dos íons do sal é maior que a
solubilidade da parte polar do tensoativo. Consequentemente, há uma redução no valor da c.m.c.
(CURBELO, 2016).
Influência do pH
70
Remoção (%)
60
50
40
8 9 10 11 12 13
pH
O pH foi avaliado entre 7 e 12,5. A Figura 06 ilustra o processo. Da esquerda para direita:
pH 7, pH 8, pH 9, pH 10, pH 11, pH 12 e pH 12,5.
demais amostras, sendo necessário avaliar novos parâmetros (comprimento de onda ideal para
análise espectrofotométrica) para fazer a análise para o pH 12,5.
Durante as análises verificou-se que, sem ajustar o pH, as amostras apenas com o efluente
têm pH entre 7-8 e as amostras com efluente mais tensoativo têm pH entre 9-10, o que corresponde
ao pH resultante das reações entre ácidos graxos com bases fortes.
O Gráfico 03 mostra que um pH entre 11-12,5 produz os melhores resultados. Para pH 12,
com 1000 ppm de tensoativo, a remoção de corantes atinge 67,12%, um aumento de 13,17% em
relação às experiências nas mesmas condições sem o ajuste do pH (pH 9,2).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CURBELO, F.D.S. et al. Estudo da adsorção do tensoativo não iônico Ultranex NP 150 no arenito.
2016. Disponível em: < file:///C:/Users/Cliente/Downloads/galoa-proceedings--cobeq-2016-
40336-estudo-da-adsorc.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2017.
DALTIN, D. Tensoativos- química propriedades e aplicações. 1ª Ed. São Paulo: Blücher, 2011.
DONADIA, J.F; LELIS, M.F.F. Caracterização de Resíduo de Ferro Gerado pelo Beneficiamento
do Granito e sua Utilização na Degradação de Corante Têxtil. 2009. Disponível em:
<http://www.abq.org.br/cbq/2009/trabalhos/5/5-545-989.htm>. Acesso em: 16 abr. 2017.
MELO, R. P. F. Removal of direct Yellow 27 dye using animal fat and vegetable oil-based
surfactant. 2015. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2214714415300209 >. Acesso em: 20 mar.
2015.
Ecopedagogia,
Ensino e Pesquisa
© Giovanni Seabra
RESUMO
Dentro do âmbito organizacional dos Institutos Federais – IFs existem as visitas técnicas. Visita
Técnica é um componente extra-curricular que visa estreitar o relacionamento entre o ambiente
escolar e o ambiente empresarial e social, ampliando para o aluno a visão das realidades onde estará
inserido. As Visitas, que podem ser técnicas, a eventos ou feiras envolvem todos os componentes
curriculares ofertados, devendo ocorrer durante o período letivo, segundo normativas aprovadas e
determinadas pelos IFs. Portanto é objetivo geral deste artigo demonstrar a importância destas
visitas para a melhoria da percepção ambiental dos alunos do IFMA-Campus Buriticupu e Coelho
Neto. Foram realizadas 08 visitas realizadas, tendo a participação de alunos do ensino técnico de
diferentes áreas(Campus Buriticupu e Coelho Neto) e alunos do superior especificamente do curso
de biologia do Campus de Buriticupu com a disciplina de biologia/meio ambiente nos cursos
técnicos e disciplinas especificas do curso de biologia.
Palavras-chave: Visita técnica; percepção ambiental.
ABSTRACT
Within the organizational scope of the Federal Institutes -Is there are technical visits. Technical
Visitation is an extra-curricular component that aims to strengthen the relationship between the
school environment and the business and social environment, expanding to the student the vision of
the realities where it will be inserted. Visits, which may be technical, to events or fairs, involve all
the curricular components offered, and must occur during the school year, according to norms
approved and determined by the Ifs. Therefore it is the general objective of this article to
demonstrate the importance of these visits for the improvement of perception Environmental
assessment of the students of the IFMA-Campus Buriticupu and Coelho Neto.There were 08 visits
made, with the participation of technical education students from different areas (Campus
Buriticupu and Coelho Neto) and students from the Biology course of Buriticupu Campus with The
discipline of biology / environment in technical courses and specific subjects Biology course.
Keywords: Technical visit, environmental perception.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A pesquisa foi inicialmente qualitativa e em seguida tendo uma visão mais ampla, uma etapa
de fase exploratória. As observações foram feitos principalmente por relatos orais dos alunos que
participaram das visitas técnica e através de relatórios solicitados aos mesmos ao fim de cada visita,
relatório este que vale salientar que faz parte das normativas dos IFs no que se refere a visita
técnica, totalizando durante quatro anos,08 visitas realizadas, tendo a participação de alunos do
ensino técnico de diferentes áreas(Campus Buriticupu e Coelho Neto) e alunos do superior
especificamente do curso de biologia do Campus de Buriticupu com a disciplina de biologia/meio
ambiente nos cursos técnicos e disciplinas especificas do curso de biologia.
DISCUSSÃO
Durante quatro anos foram realizadas 08 visitas para lugares diferentes, mais todos voltados
a meio ambiente/percepção ambiental e partindo sempre do pressuposto de que a EA é de suma
importância para a mobilização do pensamento critico e desenvolvimento de uma consciência
ambiental, e que a escola deve assumir um papel primordial na educação formal, isso porque é na
escola, principalmente, no Ensino Médio que se podem observar os interesses dos alunos, quando se
desenvolvem atividades que estimulam a participação tornando-os sujeitos ativos no processo de
ensino aprendizagem. (NOGUEIRA et..al, 2011 apud SILVEIRA, 2002).Segundo Nunes(1988, p.
22), a educação é o instrumento que a longo e médio prazo seria capaz de modificar a relação
prejudicial que se estabeleceu entre o homem e a natureza ao longo de sua evolução. A percepção
ambiental pode ser vista como um dos meios para a compreensão do mundo pelos indivíduos
(LARRATÉA et al., 2007), já que trabalha com os sentidos de cada um.
Assim as visitas também tinham objetivos de despertar o respeito ao meio em que vivem
podendo com este contato direto ―percebesse‖ como parte do meio e as consequências de ações
antrópicas sobre o meio, sendo questionados sobre dificuldades de sensibilização e o não cuidar
daquilo que os rodeiam, enfocando que a percepção é uma construção individual realizada através
de vivências, ao final de cada visita observou-se claramente as mudanças no modo de pensar e agir
destes alunos, sendo considerada como avaliação satisfatória na maioria das visitas, levando em
consideração ao fator tempo os alunos do nível técnico sentiram-se insatisfeitos e os alunos do nível
superior foram prejudicados, mais não interferindo nos resultados, observou-se para o ensino
superior, a capacidade de entendimento destes alunos facilitou o resgate oral mediado pelo
professor enquanto os do nível médio necessitou mais de embasamento teórico, verificou-se como
positivo a receptividade das atividades sugeridas pelo professor tanto no nível técnico como no
nível superior, O alto índice de respostas positivas para o nível técnico e superior se deve ao fato de
que, em feed-back do professor, as atividades contemplaram a dimensão lúdica necessária para o
entendimento desses alunos, tornando-se de fácil compreensão por parte deles.
ALGUNS RELATOS
―Esta aula em campo nos propiciou um momento de grandes e marcantes experiências, este
contato próximo com vestígios reais e concretos nos confirmou algo que talvez não fosse aceito
apenas com aulas expositivas de fotos ou vídeos na sala de aula, a percepção de clima, vegetação, e
solo diferente da nossa localidade reforça que foi um momento riquíssimo de aprendizagem não só
para a disciplina de paleontologia, mas para todo um contexto de aluno do curso de biologia, e
como cidadã, o contato com uma outra cultura, com forma de falar diferente da nossa, sem dúvidas
uma experiência muito significativa para o acadêmico.‖ ALUNO 01-8°PERIODO
―A viagem foi muito proveitosa tanto pra matéria de paleontologia quanto pra de
fanerógamas porque podemos saber como se conserva as pegadas e como e feito uma área de
preservação e podemos ver também as rachaduras sedimentar que estamos estudando elas agora em
geologia por isso acho que podemos aprender tudo que nos foi oferecido.‖ ALUNO 02-
8°PERIODO
―O objetivo da visita ao morro dos Garapenses foi poder conhecer um pouco da sua historia
com ajuda do guia Francisco Carlos, poder também colocar em prática conteúdos desenvolvidos em
sala de aula pela professora Rivânia Lira que contribui bastante para que essa visita pudesse
ocorrer.‖ ALUNO-3°ANO TÉC. EM ADM.
―Com a aula prática, foi possível conhecer a história do vale dos dinossauros, que os
dinossauros viveram no período do cretáceo inferior e quais eram essas espécies, além de podermos
observar o clima e a vegetação da região, proporcionando assim aos acadêmicos, um novo
conhecimento.‖ ALUNO 04-7°PERÍODO
CONCLUSÃO
Podemos perceber que as contribuições de uma visita técnica são múltiplas, pois possibilita
ao professor e aos estudantes a visualização mais clara acerca dos conteúdos estudados em sala de
aula e que o desenvolvimento das atividades de percepção ambiental atingiu um número substancial
de alunos, os quais foram desafiados a passar adiante as informações que receberam, sendo possível
perceber o interesse do público nos temas trabalhados, porém, resultados mais concretos somente
serão possíveis com a continuidade das atividades onde os alunos terão uma oportunidade maior de
conhecimento e aplicabilidade de do que foi aprendido.
REFERÊNCIA
NUNES, Ellen Regina Mayhé. Educação Ambiental: Princípios e Objetivos. Revista da Educação
AEC, n. 68, Porto Alegre, 1988.
RESUMO
Este artigo apresenta um instrumental e material didático alternativo para o uso de leituras de Cartas
Topográficas no Ensino Básico, cuja atividade tem como objetivo levar os alunos a melhor
conhecer seu espaço vivido e tornar o uso da Cartografia uma atividade mais prazerosa. Para a
leitura, usou-se as Cartas Topográficas analógicas folhas Poções, Vitória da Conquista, Itapetinga e
Jequié. Os procedimentos para a leitura levou em conta o Canevá, grade fixa para leitura de cartas
baseado na metodologia adotada por Diniz (1988), apoiada pelos procedimentos propostos por
Libault (1971), a partir dos desdobramentos dos níveis de análise: compilatório, correlatório,
semântico e normativo. A pesquisa foi realizada em forma de oficina com trinta e dois graduandos,
dois professores de Geografia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e quatro
professores da rede de educação básica da cidade de Vitória da Conquista-BA. Os resultados
mostram que leituras de Cartas Topográficas podem ser utilizadas no Ensino Básico com a mesma
metodologia proposta neste trabalho.Verificou-se também que este exercício poderá fomentar nos
alunos um sentimento de agentes leitores do espaço e que são muitas as curiosidades que poderão
surgir neste momento, uma vez que com a carta posta sobre a mesa, os estudantes têm a
oportunidade de viajar pelo seu espaço representado.
Palavras Chave: Leitura espacial. Carta Topográfica. Realidade local. Educação Básica.
ABSTRACT
This article presents an instrumental and alternative didactic material for the use of topographic
letter reading in basic education, whose activity aims to get students to better know their lived space
and make the use of cartography a more pleasurable activity. For reading, it was used the analogue
charts Potions sheets, Vitória da Conquista, Itapetinga and Jequié, all located in the State of Bahia.
The procedures for reading took into account Canevá, fixed grid for reading letters based on the
adopted methodology By Diniz (1988), supported by the procedures proposed by Libault (1971),
from the unfolding levels of analysis: compilatory, correlative, semantic and normative. The
research was made in the form of a workshop with thirty-two graduates, two professors of
Geography of the State University of Southwest of Bahia (UESB) and four teachers of the basic
education network of the city of Vitória da Conquista-BA. The results show that readings of
topographic letters can be used in basic education with the same methodology proposed in this
work. It was also verified that this exercise may provide students with a feeling of agents readers of
the space and that there are many curiosities that may arise in this moment, since with the letter
placed on the table, students have the opportunity to travel through their represented space.
Keywords: Space reading. Topographic Letter. Local reality. Basic education.
INTRODUÇÃO
explicações para compreender a realidade que está sendo vivenciada no seu cotidiano, ao
extrapolar para outras informações e ao exercitar a crítica sobre essa realidade concreta,
teorizar sobre ela e construir o seu conhecimento. Ao construir conceitos, o aluno aprende e
não fica apenas na memorização.(KAERCHER, 2010, p. 61).
São muitos os aprendizados e maneiras que a cartografia oferece àqueles que a utiliza. Por
este motivo que o professor deve incentivar em seus alunos os métodos para fazer o uso da
cartografia, para que os mesmos tenham um prévio conhecimento teórico antes de partir para a
prática. Feito isso, as descrições vazias serão evitadas e superadas, como afirma Simielli (1996), ao
destacar que os professores de Geografia devem e podem usar cada vez mais a cartografia nas aulas,
pois ela facilita a leitura de informações para os estudantes e permite um domínio do espaço de que
só os alfabetizados cartograficamente podem usufruir.
Os avanços das análises propostas por Libault (1971) para leituras do espaço em seus
respectivos níveis permitem uma aplicação à leitura de Cartas Topográficas proposta nesse trabalho.
Já o trabalho de Diniz (1988), resulta em uma matriz ou grade fixa denominado Canevá.
Trata-se de uma matriz, na forma de quadro em que são extraídas informações gerais (qualitativas)
e depois no formato quantitativo, que permitem uma leitura sistematizada da carta, sem perder a
visão da totalidade. Nesse ponto tem sido feitas adaptações das matrizes, nos mais diversos
formatos, de maneira a manter a qualidade das análises e que facilitasse, com a redução do tamanho
da matriz original.
Tais experimentos levaram à leitura de cartas pelo modelo adotado por Diniz (1988) e pelos
níveis propostos por Libault (1971). Nesses casos, as adaptações levaram a adoção de dois modelos:
o modelo analógico e o digital.
O modelo analógico (adotado nesse trabalho) ou matricial, desenvolvido por Diniz, com
suas respectivas adaptações, traz uma leitura da carta em meio impresso, com separação das
variáveis ou das feições representadas nas cartas topográficas, conforme apresentada adiante. Para
evitar a fragmentação das feições, é feita uma síntese no final do documento em que se associa os
fatos correlacionando-os.
No caso dos níveis de análise propostos por Libault: compilatório, correlatório, semântico e
normativo, embora a princípio não se aplicava à leitura da carta topográfica, os quatro níveis
assinalam uma forma de fazer a leitura apontando para uma pesquisa regional, na forma de
compilação de dados e informações, seguido pela leitura dos dados, sistematizando-os. Nesse caso,
a extração dos dados da carta já indica uma série de informações como rede de drenagem, rede
viária e entre outros, que chamou-se de nível compilatório. Os dois últimos níveis remetem ao
semântico, haja vista que faz-se uma análise dos fenômenos representados de forma mais geral, e o
normativo, que evidencia os resultados mais normatizados, apresentados como produto final.
É desse processo metodológico e da necessidade de voltar à leitura de documentos
cartográficos em geral, particularmente da carta topográfica, que a proposição deste trabalho torna-
se relevante. Diniz (1988), faz um alerta sobre a falta de prática de leitura e uso de documentos
cartográficos, não só no nível médio, mas também, no nível superior, a saber nos cursos de
graduação e dos próprios profissionais de Geografia. Ratifica ainda que as análises de cartas
topográficas é uma etapa essencial na extração de informações, ainda que, essa atividade deveria
fazer parte da formação mínima de geógrafos.
São apresentados dois modelos de análise da carta topográfica, a saber, analógico e digital.
O modelo de leitura analógico apresenta uma técnica manual que permite separar os campos dos
fenômenos ou categoria de análise. Assim, o leitor/mapeador pode realizar uma descrição
minuciosa do fenômeno, analisar e extrair conclusões pertinentes ao fato em estudo. Dentre as
metodologias aplicadas à leitura das cartas topográficas, destaca a forma livre. No entanto, com a
melhoria das técnicas de representação e da necessidade de extrair mais informações desses
documentos cartográficos, tornou-se necessário a adoção de métodos de leituras mais apurados, que
permitisse a extração de informações em separado, sem perder a noção geral da carta. Destaca-se
ainda, que é possível fazer a leitura analógica concomitante com a leitura digital, em softwares de
geoprocessamento.
Dessa forma, novas metodologias foram abraçadas, levando em conta a adoção de matrizes
que separassem as feições apontadas na carta, culminando com uma leitura de síntese. Nesse
sentido, as propostas de Libault e Diniz, além de outros autores que adaptaram essas metodologias,
apontam para uma nova forma de olhar a carta topográfica para além da técnica pela técnica, da
carta pela carta, permitindo extrair informações que antes não saltavam aos olhos do leitor.
Nos procedimentos propostos por Libault, (1971), tomado como base para este trabalho,
para leitura de Carta Topográfica, o leitor deve se debruçar nos níveis, onde o nível compilatório
envolve o levantamento de dados que podem resultar de recenseamentos, pesquisa direta ou
consulta de banco de dados. O correlatório, consiste na análise de dados. Chama a atenção para que
sejam verificados a homogeneidade e comparabilidade dos dados; a ordenação dos dados antes de
passar para a análise definitiva, entre outros. No semântico, busca-se a localização dos problemas
parciais para organizar os elementos dentro de um problema global. Por último o nível normativo
que envolve a tradução dos resultados fatoriais em normas aproveitáveis.
Levou-se em conta, também, alguns dos procedimentos para leituras de Cartas Topográficas
baseado na metodologia adotada por Diniz (1988) que trata desta atividade como Canevá, em que a
leitura é executada por meio das informações externas e as feições internas da carta.
Na leitura externa, na grade de observação/descrição, o aluno deverá anotar as informações
do exterior da carta: nome da carta/mapa, escala, data de elaboração , municípios que margeiam a
carta, índice de nomenclatura e fonte. É preciso salientar que o professor precisa explicar sobre o
conceito de escala para os alunos. Com a leitura externa, o professor irá sintonizando os alunos com
a carta, aguçando possíveis curiosidades e preparando-os para a leitura interna da carta topográfica.
Na leitura interna, o aluno deve ser instigado a aprofundar ainda mais a leitura da carta ou
mapa, momento em que o professor deverá levar os alunos a pesquisar, analisar, avaliar e chegar a
conclusões sobre o relevo, a hidrografia, as vias de circulação, os lugares habitados, entre outros.
Neste momento o aluno deve ser encarregado de mapear o espaço que está sendo lido. Para
isso o professor precisa revisar os conceitos dos temas acima descritos, conduzindo os alunos a
interpretar o relevo a partir das curvas de nível e altimetria, para entender a topografia da carta em
estudo e, em seguida, as redes hidrográficas para chegar a uma conclusão sobre os recursos
hídricos, verificando os possíveis problemas e potencialidades.
Nas vias de circulação, devido a dificuldade para interpretar estes aspectos, no Ensino
Básico, é interessante que o professor tenha como estudo apenas as rodovias, na tentativa de indagar
nos estudantes sobre o acesso deste espaço que está sendo lido (se as localidades são ou não de fácil
acesso). Para avaliar o uso da terra, o professor deverá conduzir os estudantes a mapear as possíveis
concentrações de fazendas e pequenas cidades, distritos e povoados presentes na carta.
Após a descrição, o professor montará um quadro para associação entre os pontos
observados. Neste momento chega-se ao ponto fundamental da análise que remete a associação
entre os fatos e a extração de conclusões, para o Ensino Básico se torna limitado, mas, com
experiência se consegue uma análise mais completa, (DINIZ, 1988). É interessante que o professor
incentive uma discussão coletiva ao término da leitura para reforçar o trabalho e cosntrução de
conhecimento coletivo, assim como aumentar ainda mais o leque de informações de cada aluno. É
preciso enfatizar que com essa discussão coletiva, o professor poderá avaliar ainda mais sobre o
aprendizado dos alunos.
Para a realização deste trabalho foi necessário uma revisão bibliográfica sobre o uso de
mapas no ensino da educação básica, tendo como base os estudos de Passini (1994), Kaercher
(2010) e Simielli (1996). Os procedimentos para a leitura de Cartas Topográficas levou em conta o
Canevá, baseado na metodologia adotada por Diniz (1988), apoiada pelos procedimentos propostos
por Libault (1971) a partir dos desdobramentos dos níveis de análise: compilatório, correlatório,
semântico e normativo.
Na execução da leitura, utilizou-se as Cartas Topográficas analógicas de Poções folha
SD.24-Y-B-IV, Vitória da Conquista folha SD.24-Y-A-VI, Itapetinga folha SD.24-Y-D-I e Jequié
folha SD.24-V-D-IV, ambas com Escala 1:100.000 e com datas de elaboração entre 1974 a 1977,
as cartas em estudo se encontram no sudeste do Estado da Bahia. Teve-se como estratégia utilizar
quatro Cartas de municípios distintos para tentar alcançar resultados mais coesos e abrangentes, e
também para verificar as possíveis dificuldades que poderiam surgir na execução da leitura em cada
carta.
O trabalho foi realizado em forma de oficina com quatro grupos, um para cada município
das cartas. Estes grupos foram formados com a divisão de trinta graduandos do segundo ao último
semestre de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, assim
como quatro professores que lecionam Geografia há alguns anos na rede de educação básica e dois
professores do curso de Geografia da mesma universidade. Este procedimento teve como objetivo
verificar a eficiência da atividade de leitura de Carta Topográfica no Ensino Básico, avaliar o plano
com a metodologia proposta, e também de instruir os graduandos e professores os procedimentos
para execução de leituras de Cartas Topográficas. Para isto, utiliza-se um questionário para cada
grupo avaliar a eficiência da oficina apontando os possíveis problemas encontrados e os benefícios
que o exercício de leitura de Carta Topográfica poderá trazer para os alunos do Ensino Básico.
No ato da leitura cada grupo recebe uma grade/roteiro (figura 1) para a execução da
observação, descrição e conclusões, adotando os métodos propostos por Diniz (1988) com o Canevá
que envolve a extração das informações externas e internas. Utiliza em seguida os níveis de análises
compilatório, correlatório, semântico e normativo propostos por Libaut (1971).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na oficina, foi possível observar que tanto os estudantes de Geografia, como os professores
da graduação em Geografia e do Ensino Básico que estavam presentes, tiveram um receio quando
se falou em leituras de Cartas Topográficas. Isso porque a cartografia traz consigo um peso muito
grande para os profissionais de Geografia e também para aqueles que estão em processo de
formação. Porém, no decorrer da oficina, esses voluntários perceberam que a leitura de Cartas
Topográficas pode ser um processo de aprendizagem muito prazeroso, a partir do momento que o
professor se desfaz das dificuldades encontradas na prática e no ensino da cartografia e consegue
elaborar/planejar atividades cartográficas levando em consideração o seu próprio conhecimento e
dificuldades.
Esta situação pode ser verificada nas respostas dos voluntários para a indagação que lhes foi
feita de como estudantes de graduação e professores de Geografia, o que eles observaram na oficina
que pode ajudar em seu processo de formação e/ou complementação. Dessa forma, declararam que:
da hidrografia, relevo, localidades, entre outros; bem como desenvolvimento para capacidade de
interpretação cartográfica e resolver trabalhos. Ratificam ainda que a atividade de leituras de cartas
topográficas facilitam a orientação espacial, fomentam conhecimentos práticos da cartografia e
possibilita habilidades para manipulação dos instrumentos cartográficos.
Ainda foi solicitado aos grupos que avaliassem a oficina e atribuíssem uma nota de zero a
dez à metodologia utilizada para leituras de cartas topográficas. Obteve-se as notas nove, nove e
meio e por último dois grupos avaliaram a oficina com nota dez, totalizando média geral de 9,6. A
eficiência da metodologia utilizada, pode ainda ser verificada nos depoimentos acerca da indagação
aos grupos no que diz respeito a oficina e o desenvolvimento da metodologia para o Ensino Básico
como um instrumento para levar o aluno a conhecer melhor seu lugar de vivência. Com essas
perguntas lançadas, o primeiro grupo respondeu que a metodologia e dinâmica da oficina podem ser
aplicadas, principalmente com o Ensino Médio, uma vez que com esta atividade o aluno valoriza
mais seu espaço, ao reconhecê-lo e identifica os vários aspectos. Já o segundo, salientou que com
essa prática o aluno sai da abstração e trabalha com o concreto, conhecendo melhor o seu lugar de
existência, por encontrar na carta locais que fazem parte do seu cotidiano. O terceiro grupo destacou
que a metodologia é bem interessante e deve haver uma motivação muito grande. Em seguida o
último grupo também afirma a eficiência da oficina e pondera sobre a necessidade da realização de
uma sondagem na sala de aula, para saber quais as cartas adjacentes fazem parte da realidade da
turma.
Por fim, foi perguntado aos voluntários se eles acreditam que com a leitura de cartas
topográficas o professor poderá fomentar e incentivar nos alunos habilidades de leitores e de
pesquisadores do seu próprio espaço. Todas as respostas foram afirmativas e com depoimentos
conclusivos de que essa atividade pode ser de vital importância para a prática da cartografia em
sala, pois a partir dessa leitura o aluno percebe aspectos que suscitam a sua curiosidade para
aprofundar os estudos. Os grupos reiteram, ainda, que as atividades em sala de aula que remetem a
realidade local ou próxima do aluno despertam maior interesse, e que o processo de leitura de
cartas topográficas desenvolve nos alunos interesse pela investigação a partir da curiosidade, no
qual através da carta topográfica o aluno aprende a se localizar para se situar no espaço.
É preciso enfatizar que após a execução das leituras das cartas topográficas, o professor
precisa incentivar uma discussão coletiva, para que os grupos exponham os resultados alcançados e
assim, sejam aguçadas outras curiosidades e indagações. A exposição dos resultados na forma oral
pode ser, ainda, um momento de intensa interação entre todos os grupos, bem como uma maneira
para o professor avaliar o aprendizado dos alunos como observado na figura 3.
Assim, é possível afirmar, diante da pesquisa realizada, que atividades de leituras de Cartas
Topográficas podem ser realizada no Ensino Básico como instrumento que conduz os alunos a
serem leitores de seu espaço e este exercício pode ser realizado a partir da metodologia aqui
apresentada e comprovada por meio de pesquisas realizadas. Evidencia-se ainda que é uma
atividade prática que torna uma interação entre os alunos, aguçando curiosidades aos mesmos e,
consequentemente, construção de conhecimento coletivo, a partir do momento que esta atividade
for realizada em grupo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
leitor, seja ele qual for, viajar sobre o espaço da carta, entender os aspectos e elementos de
composição de uma Carta Topográfica, assim como compreender os aspectos espaciais. Verificou-
se ainda que este momento é composto por um despertar de curiosidades, e com isso, presume-se
que esta atividade poderá conduzir nos alunos novas ideias e novas atitudes, bem como formação de
conceitos próprios em relação ao seu espaço e até mesmo em estudos subsequentes.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e
representação. 15. Ed. São Paulo: Contexto, 2008.
DINIZ, José Alexandre Felizola. Análise de cartas e ensino da Geografia. Revista Geografia e
Ensino, Belo Horizonte, v. 3, n. 9 p. 10-17, 1988.
SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Variação espacial da capacidade de uso da terra. Série teses e
monografias nº 42. Instituto de Geografia, São Paulo: DG-USP, 1982.
RESUMO
A problemática ambiental que assola nosso planeta precisa tomar caminhos que possam ser ditos
sustentáveis. Os diálogos entre cultura, sociedade, memória, patrimônio cultural e saber ambiental
guiados pela educação podem nos auxiliar nesse processo. Dessa forma, o presente trabalho segue
metodologicamente com pesquisas em bibliografias de autores renomados no tema, e tem como
objetivo apresentar reflexões pertinentes diante da nossa relação com o meio ambiente.
Palavras-chave: Educação; memória; práticas socioambientais; Meio ambiente.
RESUMEN
La problemática ambiental que asola nuestro planeta necesita tomar caminos que puedan ser dichos
sostenibles. Los diálogos entre cultura, sociedad, memoria, patrimonio cultural y saber ambiental
guiados por la educación pueden ayudarnos en ese proceso. De esta forma, el presente trabajo sigue
metodológicamente con investigaciones en bibliografías de autores renombrados en el tema, y tiene
como objetivo presentar reflexiones pertinentes ante nuestra relación con el medio ambiente.
Palabras clave: Educación; Memoria; Prácticas socioambientales; Medio ambiente.
INTRODUÇÃO
Nós, seres humanos, devemos compreender de uma vez por todas que não passamos de
meros hospedeiros em nosso planeta. Devemos compreender também, que não somos donos da
natureza, e que a mesma não se trata de um insumo para nosso desenvolvimento. Respeito,
solidariedade, humanidade, gentileza, reciprocidade, encontram-se quase que inexistentes na
relação entre o ser humano e o meio, e isso tem causado consequências seríssimas e muitas vezes
irredutíveis diante da gravíssima problemática ambiental na qual estamos inseridos.
Por isso, o presente trabalho tem por objetivo apresentar reflexões pertinentes diante da
nossa relação com o meio ambiente. Para isso, traçaremos caminhos fundamentais para tal
entendimento, diante de conceitos estruturantes em nossa sociedade, tais como, o próprio conceito
de sociedade, o conceito de cultura, de memória e patrimônio cultural. Dessa forma será possível
compreendermos os diálogos fundamentais que tais conceitos apresentam na proteção, preservação
e conservação do nosso meio ambiente. Segue metodologicamente com pesquisas em bibliografias
de autores renomados na temática da problemática levantada por esse trabalho a fim de arcabouçar
a discussão apresentada. Ainda, e mais importante, serão apresentados caminhos que possam nos
ajudar em uma caminhada que possa ser dita sustentável, em paralelo ao desenvolvimento humano,
por meio de práticas educacionais e saber ambiental.
Para se compreender a relação intrínseca entre memória social, patrimônio cultural e saber
ambiental e suas correlações com o meio ambiente é necessário, primeiramente, compreendermos
aspectos que nos direcionem aos conceitos de cultura e de sociedade. É certo que ambos os
conceitos apresentam altos níveis de complexidade e que muitas vezes seus significados se
assemelham e se misturam, se complementam. Ainda assim, não devemos equivocadamente
entender que tais conceitos sejam sinônimos, uma vez que ambos apresentam especificidades
próprias.
O conceito de cultura é muito caro para qualquer ciência que o insira em seu objetivo de
estudo, assim como para os pesquisadores e estudiosos que se dedicam a esse tema. Essa
complexidade se dá pelo fato de as expressões culturais serem muito diversas além de estarem
presentes nas mais distintas sociedades terráqueas. Cada aspecto cultural faz com que as diferenças
entre grupos sociais se tornem vias expressivas de identidade. E tal identidade faz com que as
diferenças sejam vistas como particularidades, constituindo que nenhuma cultura seja superior à
outra. Podemos entender então que a cultura é um complexo de práticas sociais, de modos de vida,
que interferem diretamente em nosso modo de agir e em nossa sobrevivência. A cultura é então
nossa forma de viver o mundo. Nosso papel social. Nosso gênero de vida em sociedade.
Ao compreendermos dessa forma, somos capazes de entender que todos nós somos iguais
em nossas particularidades que nos fazem diferentes – mas nunca desiguais – e nosso papel como
agentes culturais perfazem e refazem nossos ciclos vitais. Heranças socioculturais que materializam
imaterialidades e que transcendem fixos culturais que são passados de geração em geração. Atributo
singular de nossa identidade.
A sociedade, então, apresenta-se como um mosaico multicultural onde as identidades, os
papéis sociais e os gêneros de vida se fazem presentes, seja em forma material ou imaterial. O
tecido social de modo perspicaz condiciona e é condicionado pelo modus operandi do agente
cultural. A sociedade não trata-se de apenas um palco, mas sim de uma protagonista em um dueto
cênico com a cultura, no qual todos são atores e espectadores deste espetáculo. É na sociedade que
desenvolvemos nossas personalidades, que encontramos nossos grupos sociais, que manifestamos
nossa cultura. A sociedade é o éthos. É o complexo desenvolvimento do ser humano enquanto
agente cultural e paralelamente ente social. O quebra-cabeça que atravessa toda a história da
humanidade, enquanto seres pensantes e racionais.
A memória é um dos principais instrumentos da faculdade humana para que possamos nos
desenvolver no espaço geográfico. O ser humano descobriu o fogo, domesticou animais,
desenvolveu técnicas agrícolas e mais contemporaneamente chegou a seu ápice de desenvolvimento
informacional e tecnológico. Muitas das vezes, ainda na pré-história, a memória era materializada
em forma de pinturas, demarcações, expressões, signos e símbolos. Com o advento da escrita, a
memória passou, quase que predominantemente, a se materializar em forma de textos, artigos,
livros, contos, músicas, entre tantos outros veículos passíveis de serem passados de geração em
geração. "A memória é essencial a um grupo porque está atrelada à construção de sua identidade.
Ela é o resultado de um trabalho de organização e de seleção do que é importante para o sentimento
de unidade, de continuidade e de experiência, isto é, de identidade" (ALBERTI, 2005).
Memória e história, segundo Nora (1993), apresentam-se bem distante do sinônimo, na qual
uma se opõem a outra, sendo "a memória é aquela que guarda algo que existiu no tempo, causando
garantida de uma sequencia temporal e/ou de fatos", tendo por base que a memória traz consigo as
questões afetivas, e isso a difere de outras memórias e da história em si, pois ambas vão se
apresentar como formas distintas de conceber o passado. Assim, vemos que a memória é a área de
permanência, na qual ficam as lembranças. A memória é construída pela lembrança, não uma
lembrança incorrupta, mas sim aquela que é revivida segundo o indivíduo e sua perspectiva de
mundo.
As práticas socioculturais dos seres humanos estão repletas de memórias, sejam elas
individuais ou coletivas. Nossas práticas diárias estão arcabouçadas na memória de nossos
Um dos valores que nos ensinam desde pequenos é que devemos tratar o outro como
gostaríamos de sermos tratados. Tratar bem as pessoas ao nosso redor é uma gentileza que nos atrai
novamente a gentileza. Ou pelo menos deveria ser assim. Como diria uma das personalidades
urbanas carioca que se consagrou através dos tempos, José Dantrino, mais conhecido como Profeta
Gentileza, "gentileza gera gentileza".
Sabemos bem que nosso meio ambiente não se trata de uma pessoa, e que muito menos
pertence a um grupo de pessoas. Todavia, quando nos referimos ao meio ambiente estamos nos
referindo à vida. E essa se encontra em comum acordo com os seres humanos e o meio em que
vivemos. Sabemos também que nossa memória social e nossas práticas socioculturais interferem
direta ou indiretamente em nosso meio ambiente e que todas as nossas ações ocasionam
consequências no mesmo, sejam elas boas ou ruins.
O que devermos saber então que se prezamos por nossas vidas e desejamos uma vida
saudável, devemos desejar o mesmo a nosso meio ambiente. Mais do que isso: prezar por nossas
vidas é prezar pelo meio ambiente. Uma gentileza mais do que necessária, uma obrigação. Nossa
hospedagem nosso planeta necessita de nosso cuidado e proteção. Somos nós quem necessitamos
dele, nunca ao contrário, mantendo assim uma coexistência que tende a somar em ambos os lados.
Com o desenvolvimento da humanidade também acompanhamos no traço histórico do
mesmo um forte desenvolvimento no descaso com o meio ambiente. Se analisarmos mais a finco,
na década de 1970 eclodiram no mundo diversas preocupações com o meio ambiente em relação à
degradação desenfreada em busca de matérias-primas, ou por motivos de poluição nas mais
variadas escalas de nosso planeta, ou por outros tantos motivos que alertavam – e ainda alertam –
para nosso consumo sem limites.
de Copenhague; a Conferência em Duban, na África do Sul, em 2011 e a Rio +20, que aconteceu no
Brasil em 2012.
Como é possível observar, as conferências ocorreram em várias partes do mundo, com
representantes dos mais diversos Estados, com assinaturas em importantes tratados e com a
elaboração de documentos e protocolos que buscam, pelo menos em teoria, ao menos mitigar a
problemática ambiental da qual fomos apresentados mais detalhadamente após os anos iniciais da
década 1970. Mesmo com isso tudo ainda não se foi possível à tomada de decisões efetivas que nos
levem ao caminho do desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade.
A luta pela concretização dos direitos humanos está presente em todas as fases da história
mundial. Hoje, ao se falar em direitos humanos, não se pode deixar de mencionar o direito
humano das presentes e futuras gerações ao meio ambiente. A importância desse direito
humano ao meio ambiente perpassa fronteiras, uma vez que todos os habitantes do planeta
necessitam de um meio ambiente saudável para viver. O meio ambiente compreende tudo
que tem estrita relação com a qualidade de vida, e sendo este o seu conceito, apresente forte
ligação com o conceito de patrimônio cultural acima trabalhado, tendo em vista que falar
em patrimônio cultural é falar na esfera da cultura, ou seja, tudo aquilo que o ser humano
deposita valor (TEIXEIRA & SOBRINHO, 2015).
Compactua-se com a visão de Oriá (2006), tendo por base que essa alteração visa rever a
questão da pluralidade nacional do patrimônio, com o objetivo de retificar as distorções a respeito
da preservação. Dessa forma, vimos que este fato se dá pela procura de se estender o entendimento
do Patrimônio Cultural a conceitos antes não enxergados, como as questões naturais, no qual aqui
vemos a busca pela percepção do meio ambiente como um eixo do patrimônio.
Dessa forma, perceber-se que o meio ambiente é algo muito maior do que um espaço de
simples interação entre os aspectos que compõem a biosfera, este ambiente é algo a se tomar como
extensão de cada indivíduo e assim, necessário de valorização e, principalmente, a necessidade de
se enxergar este meio ambiente não somente como palco para o patrimônio cultural, mas sim como
próprio Patrimônio Cultural.
Então, falar em meio ambiente "não é somente falar da natureza, mas sim de um conjunto de
elementos que busca determinado fim, ou seja, da natureza e seu entorno, aspirando por um
ambiente de vida equilibrado e saudável em todos os sentidos. Diante da situação em que se
encontra o meio ambiente nos dias atuais" (TEIXEIRA & SOBRINHO, 2015). Os autores ainda
afirmam que o direito ao meio ambiente é o direito humano das presentes e futuras gerações e
preocupa-se não só com a proteção dos direitos individuais, mas também com os direitos coletivos.
Por ser uma preocupação de âmbito global e pela diversidade cultural que se apresenta, é
extremamente importante um diálogo entre as culturas. Esse diálogo intercultural é indispensável na
busca pela efetivação do direito humano ao meio ambiente.
Sirvinskas (2012, p. 639) afirma que patrimônio cultural é "uma gama variada de produtos e
subprodutos oriundos da sociedade, e por esta razão deve ser protegido em razão do seu valor
cultural, pois é a memória de um país, tratando-se de interesse público e, portanto, tutelado pelo
Estado, cabendo ao Poder Público e à coletividade sua preservação nos termos do artigo 225 da
Constituição Federal".
"A crise ambiental é uma crise da razão, do pensamento, do conhecimento" (LEFF, 2009).
Para este autor, o saber ambiental é essencial para pensarmos em qualidade de vida, uma vez que:
O saber ambiental se forja pulsão por conhecer, na falta de saber das ciências, o desejo de
satisfazer essa falta insatisfeita. Daí impulsiona uma utopia como reconstrução da realidade
a partir de uma multiplicidade de sentidos individuais e coletivos, para além de uma
articulação científica, de intersubjetividades e de saberes individuais. O saber ambiental
busca conhecer o que as ciências ignoram, porque seus campos de conhecimento projetam
sobras sobre o real e avançam, disciplinando paradigmas e subjugando saberes. O saber
ambiental, mais do que uma hermenêutica do esquecimento, mais do que um método de
conhecimento do consabido, é uma inquietude do nunca sabido, que falta saber sobre o real,
conhecimento que emerge do que ainda não é. Assim, o saber ambiental constrói novas
realidades (LEFF, 2009).
Assim, após tudo que foi apresentado até aqui, devemos entender como e onde a educação
entra nessa problemática, apresentando meios que possam nos auxiliar em caminhos que sejam
sustentáveis, proporcionando melhores condições de vida para nós, seres humanos, assim como,
para nosso meio ambiente.
Suavé (apud LAYRARGUES, 2002), nos ajuda a direcionarmos caminhos instigantes para a
aplicação de práticas educacionais na égide do meio ambiente, apresentando três conceitos
diferenciados sobre a educação ambiental:
Logo, podemos compreender que a educação por meio de práticas e métodos sustentáveis –
como a educação ambiental – é capaz de nos proporcionar melhores condições de vida para com o
meio ambiente. O saber ambiental na educação é extremamente importante, pois, ele nos guia
durante os caminhos a serem seguidos de forma construtiva e efetiva por nossa sociedade.
Ao logo de nossa história no planeta Terra, estamos prosseguindo por vias predatórias e
desumanas, seja na relação sociedade-indivíduo seja na relação sociedade-meio ambiente. Mais do
que necessário, é essencial que a humanidade mude sua postura diante de tais acontecimentos. A
educação, sem dúvidas, é uma ferramenta estruturante para que possamos melhorar nossas
condições de vida em nosso planeta, proporcionando qualidade de vida para todos nós, habitantes
desse planeta, mas também para o nosso planeta em si. A educação é capaz de mudar o mundo,
basta que nós dialoguemos com ela, e com os conceitos que a acompanham nesse longo percurso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há uma necessidade de enxergar o meio ambiente além das questões primárias e pretéritas,
além da perspectiva de natural, assim, a partir daí de tal concepção, podermos enxergar e propiciar
ao meio ambiente seu devido valor de Patrimônio Cultural, sendo este de inteira importância para os
bens de valor cultural, bem como responsável pelas gerações contemporânea e as futuras.
A visão sobre o que deve ser considerado como patrimônio tem sido alterada
gradativamente, estendendo-se a setores que se localizam fora dos campos tradicionais da
preservação. Atualmente, tal conceito busca novas abordagens e significados, não se limitando a
cristalizar imagens do passado. O conceito contemporâneo de preservação do patrimônio considera
importante que sejam protegidos todos os elementos do sistema cultural. Dentre seus significados,
compreende-se elementos do meio natural que desempenham papel fundamental no
desenvolvimento de determinadas características culturais de uma sociedade. O meio ambiente faz-
se então como um dos patrimônios culturais de maior importância, necessitando de respeito,
cuidado, proteção, preservação, conservação para com ele. Nisso, a educação se torna uma
ferramenta de extrema importância.
Logo, compreendemos que a educação segue caminhos de extrema importância para que
possamos cumprir nosso papel de hospedeiros nesse planeta da melhor forma possível. Dialogar os
conceitos de cultura, sociedade, memória, patrimônio cultural e saber ambiental com a educação
faz-se extremamente necessário para que tenhamos melhores condições de ao menos mitigar a
problemática ambiental que assola nosso planeta, como também, para evitarmos que novos
desastres ambientais aconteçam.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTI, V. História oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: CPDOC/ FGV, 1989.
ORIA, R. Memória e Ensino de História. In: BETTENCOURT, C. (org) O saber Histórico na sala
de aula. 7ª edição. São Paulo: Contexto, 2002
NORA, P. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História. Revista do
Programa de Estudos Pós-graduados. São Paulo, 1993.
SANTOS, L. Tutela das Diversidades Culturais Regionais a Luz e o Sistema Juridico Ambiental.
Porto Alegre: SAFE – FABRIS, 2005.
SIRVINSKAS, L. Manual de Direito Ambiental. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
RESUMO
O cenário mundial, de uma forma geral, está focado para o desenvolvimento e sustentabilidade do
uso dos recursos naturais como a água. Por se tratar de um assunto tão atual e importante não
poderia ficar de fora da abordagem das novas leis nacionais e estaduais, bem como do conteúdo
curricular das instituições de ensino. A Lei de Educação Ambiental trouxe as condições que as IES
devem abordar no cenário nacional, e mais especificamente em Pernambuco, a lei estadual de uso
racional e reaproveitamento da água estabelece condições de como os estabelecimentos,
educacionais ou não, devem proceder em relação a otimização do uso das águas (tanto pluviais
como as servidas), no âmbito acadêmico e fora dele para desenvolver a conscientização do uso da
água na comunidade como um todo. As legislações específicas vêm para positivar ações que
naturalmente deveriam fazer parte do cotidiano comunitário e educacional. No entanto, mesmo não
estando expressamente prevista na mencionada lei estadual, buscou-se demonstrar a sua relação
com a Educação Ambiental.
Palavras-chave: sustentabilidade, conscientização, programas educacionais.
ABSTRACT
The global scenario, in general, is focused on the development and sustainability of the use of
natural resources such as water. As it is a matter so current and important, it could not be left out of
the approach of the new national and state laws, as well as of the curricular content of the
educational institutions. The Environmental Education Law has brought the conditions that IES
must address in the national scenario, and more specifically in Pernambuco, the state law for the
rational use and reuse of water establishes conditions for how establishments, whether educational
or not, should proceed in relation to optimization Of the use of waters (both rainfall and water),
within and outside academia to develop awareness of water use in the community as a whole. The
specific legislations come to positivize actions that naturally should be part of the daily community
and educational. However, even though it was not expressly provided for in the mentioned state
law, it was sought to demonstrate its relationship with Environmental Education.
Keywords: sustainability, awareness, educational programs.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho realizou uma breve análise do desenvolvimento sustentável dos recursos
hídricos de acordo com a lei estadual de n° 14.572 de 2011, que define o uso racional e
reaproveitamento das águas nas edificações de igual ou acima de 70m² localizadas no Estado de
Pernambuco. Levando em consideração a importância da conscientização para a consolidação da
eficácia da legislação a relação entre sustentabilidade e Uso Racional da água, assim como o papel
ético e legal das Instituições de Ensino Superior (IES) em inserir a dimensão de suas edificações no
contexto da conscientização em prol de um ambiente sustentável através da educação.
De forma dedutiva, parte-se do Desenvolvimento Sustentável, como princípio norteador do
Uso Racional da água, para evidenciar a relação entre a Lei Estadual n° 14.572 de 2011 em
Pernambuco com a Educação Ambiental. Intuindo-se que tal relação torna-se ainda mais forte se as
edificações previstas na Lei Estadual pertencerem a uma instituição de ensino, a abordagem foi
direcionada para a obrigação legal que cada IES possui de cumprir a Lei de Educação Ambiental
(Lei nº 9.795/99).
Diante do Exposto, o objetivo deste trabalho foi analisar, a partir do Desenvolvimento
Sustentável, a relação ético-legal entre a Lei Estadual Lei Estadual n° 14.572/11 de Pernambuco e a
Lei de Educação Ambiental.
O tratado das Nações Unidas em 1987 intitulado de ―Nosso Futuro Comum‖ conceitua
desenvolvimento sustentável como: ―... o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem
comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades‖. Esse
conceito passou a tomar uma grande importância sendo incluído cada vez mais nos trabalhos das
Nações Unidas.
No entanto, Alexandre Charles Kiss e Jean Pierre Beurier (2004), especialistas em questões
ambientais, entendem que, apesar dos inúmeros tratados mundiais e em diversos quadros jurídicos,
o desenvolvimento sustentável não tem uma implementação a altura das nossas esperanças e que só
terá uma real dimensão se recorrermos a produtos e técnicas de substituição na produção e no
consumo que ainda são muito raros. Ainda neste sentido, Michel Prieur (2011) entende haver uma
dimensão jurídica fraca do desenvolvimento sustentável, porém crescente, exprimindo a vontade
política de integrar a preocupação do meio ambiente em longo prazo.
Apesar de discutível quanto à prática e à dimensão, o conceito está implicitamente
consignado na Constituição Brasileira de 1988, em seu Art. 225, no qual os seus sete incisos contêm
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BRASIL, Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999. Dispõe
sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências,1999.
BRASIL, Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº9.433 de 8 de janeiro de 1997. Institui a
Política Nacional de recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de recursos
Hídricos, 1997.
BRASIL, Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispões
sobre a Política Nacional de Meio Ambiente e mecanismo de formulação e aplicação, e dá outras
providências, 1981.
FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de, Curso de Direito Ambiental. 6 ed. Ver., atual. e ampl. –
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.
FREIRE, P. A educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
GOMES, Daniela Vasconcellos. Educação Para o Consumo Ético Sustentável. Rev. eletrônica
Mestr. Educ. Ambient. ISSN 1517-1256, v.16, janeiro junho de 2006.
MACHADO, Paulo Affonso Leme, Direito Ambiental Brasileiro. 21 ed. – São Paulo: Editora
Malheiros LTDA, SP ,2013, 1311p.
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 10 ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2015.
PERNAMBUCO, Lei nº 14.572 de 27 de dezembro de 2011. Estabelece normas para o uso racional
e reaproveitamento, dás águas nas edificações do Estado de Pernambuco e dá outras
providências, 2011.
UNESCO. Education and Population Dynamics: Mobilizing Minds for a Sustainable Future, EPD-
99, 1999.
RESUMO
O atual modelo de ensino propõe a razão como fator distintivo do ser humano, atribuindo-lhe um
valor inquestionável na aquisição de conhecimento. No entanto, desde o séc. XIX, essa prioridade
da razão é amplamente questionada, apontando-se fatores de diversas origens como decisivos na
constituição socioeducativa de indivíduos em quaisquer contextos. Dentro dessa perspectiva, das
relações interpessoais como uma parte fundamental no processo de aquisição cognitiva,
encontramos duas abordagens que propõem avanços pedagógicos: a Aprendizagem Cooperativa e a
educação ambiental. O modelo de aprendizagem cooperativa é baseado em cinco pilares para o
desenvolvimento de habilidades, responsabilidades e o aprendizado para o trabalho em grupo por
um objetivo comum. Tais características são comumente desenvolvidas nas experiências trazidas
pela Educação Ambiental, visto que se fundamenta em uma visão holística, ressaltando a
interdependência entre sujeitos e destes com o ambiente, mais próxima da pluralidade do cenário
real. Como ponto de partida, este trabalho levanta a hipótese de que a AC e a EA possuem uma base
filosófica comum e compartilham fundamentos que as aproximam e podem constituir parte de uma
novo paradigma educacional. Para isso, empreendemos uma pesquisa bibliográfica buscando
encontrar possíveis interseções teóricas e/ou metodológicas existentes entre o modelo de
aprendizagem cooperativa e a educação ambiental, além do novo paradigma educacional.
Realizamos, então, uma análise para verificar se existem abordagens comuns entre AC e EA que
podem contribuir para a melhoria do aprendizado. A partir da comparação realizada entre as duas
abordagens, foram verificadas a existência de similaridades tanto metodológicas quanto de
princípios e, dadas as diferenças, foi feita uma síntese a fim de sugerir melhorias a serem aplicadas
na educação ambiental, com base na aprendizagem cooperativa.
Palavras-chave: Paradigma Emergente; Princípios Pedagógicos; Metodologia de Ensino.
ABSTRACT
The current model of education proposes rationality as a distinctive factor of the human being,
attributing it an unquestionable value in the acquisition of knowledge. However, since the 19th
century, this priority of rationality is widely questioned, pointing to factors of diverse origins as
decisive in the socio-educational constitution of individuals in any contexts. Within this perspective,
of interpersonal relations as a fundamental part in the process of cognitive acquisition, we find two
INTRODUÇÃO
O atual modelo de ensino é oriundo da perspectiva sobre o mundo representada pela ciência
moderna e seu coroamento filosófico, no séc. XVIII, o Iluminismo, que, contrapondo-se a uma
situação anterior na qual a religião tinha prioridade sobre o pensamento, passa então a propor a
razão como fator distintivo do humano e atribuir-lhe valor inquestionável na aquisição de
conhecimento. Assim, o humano passa a ser um sujeito racional capaz de apreender o ―mundo-
objeto‖ dado que está a sua volta, criando uma separação sujeito-objeto que norteia as relações tanto
interpessoais quanto com o meio ambiente. A partir disso, nas metodologias tradicionais de ensino,
os estudantes são apenas receptores, sem um desenvolvimento de sua capacidade crítica e com
prejuízo para sua autonomia no processo de aprendizagem. Além disso, as relações interpessoais
não são valorizadas, estimulando interações competitivas e individualistas.
Desde o séc. XIX e começo do séc. XX, no entanto, essa prioridade da razão é
reiteradamente questionada, apontando-se fatores socioeconômicos, culturais, subjetivos ou mesmo
biológicos como essenciais na constituição socioeducativa de indivíduos em quaisquer contextos.
Na educação, pensadores como Piaget e Vygotsky opõem-se às correntes derivadas da separação
sujeito-objeto: de um lado, o objetivismo (todo conhecimento se constrói através da experiência)
decorrente do materialismo mecanicista; de outro, o subjetivismo (o conhecimento é construído a
priori), fruto do idealismo. Eles defendem que o desenvolvimento intelectual decorre de um meio
termo, ou seja, da interação do sujeito com os meios físico e social. Isso possibilita uma construção
ativa do conhecimento, em oposição ao behaviorismo, no qual o comportamento e o saber são
estruturados de forma passiva. (TERRA, 2006).
No Brasil, essa concepção sócio-construtivista foi trabalhada por Paulo Freire, que aponta
para as relações interpessoais como uma parte fundamental no processo de aquisição cognitiva, indo
além do modelo fabril da educação bancária de transmissão de conhecimentos em via descendente
de um sujeito conhecedor (professor) para outro ―desconhecedor‖ (aluno).
Frente a esses desenvolvimentos, Paul Blikstein, em publicação da UNESCO/MEC, propõe
um exercício de imaginação em que Piaget contentou-se em ser zoólogo, Paulo Freire em continuar
sua carreira como advogado, enfim, um mundo onde não houve pesquisadores em educação
estudando como as pessoas aprendem.
Nesse mundo, como seriam as escolas? Muito provavelmente, idênticas às nossas escolas
de hoje: alunos em fileiras, professor lá na frente, provas, livros didáticos, crianças
divididas por idade, programas de estudo sobrecarregados com conteúdos irrelevantes,
―decoreba‖ e falta de motivação. Esse breve exercício de imaginação sugere que,
infelizmente, décadas de pesquisa em educação pouco fizeram para mudar nossas escolas.
Sim, há avanços – mas, de um modo geral, verdade seja dita: nossas escolas comportam-se
como se Piaget, Vygostky, Freire ou Papert jamais tivessem existido. (BLIKSTEIN, 2007,
p. 156).
REFERENCIAL TEÓRICO
passividade entre professor e aluno. O docente deve forçar a capacidade crítica do educando
(FREIRE, 1996). Segundo o autor, quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
aprender. Portanto, existe uma interdependência no ensino-aprendizagem entre docente e discente.
Nesse campo de avanços na pesquisa pedagógica, com o reconhecimento da
interdependência na relação entre sujeito e objeto do conhecimento, insere-se, como uma nova
proposta educacional, a Aprendizagem Cooperativa (AC). Segundo os irmãos Jonhson e Jonhson,
na aprendizagem cooperativa, os alunos aprendem em conjunto para que possam posteriormente
realizar algo mais elevado como indivíduo. Por meio da AC, o indivíduo passa a desenvolver um
esforço cooperativo nos trabalhos em grupo, visando o alcance do objetivo comum. Qualquer
prática de aprendizagem, em qualquer área, pode ser estruturada de forma cooperativa (JONHSON;
JONHSON, 1989).
Em desenvolvimento desde o final do séc. XIX e disseminada pelo mundo pelos irmãos
David e Roger Johnson, esse modelo ressalta a importância da interação entre indivíduos na
construção de uma cognição social, assim como intelectual. De acordo com as ideias dos irmãos
Johnson, a aprendizagem cooperativa fundamenta-se em cinco pilares: i) Responsabilidade
individual: reconhecer a importância do compromisso individual para o alcance dos objetivos
estabelecidos; ii) Interdependência positiva: sentimento de dependência mútua; estabelecimento de
objetivos comuns; iii) Processamento de grupo: avaliação regular do desempenho do grupo; iv)
Interação face a face: interação com os demais integrantes do grupo, compartilhando e construindo
conhecimento e experiências; e v) Habilidades sociais: habilidades como empatia e comunicação.
Para que essa abordagem seja eficiente, é necessário que os pilares sejam aplicados e
estimulados, possibilitando, assim, o desenvolvimento de competências e habilidades sociais que
permitam a atuação do sujeito como agente de uma prática transformadora na sociedade. Dado esse
aspecto, percebe-se que a aprendizagem cooperativa se relaciona com a educação ambiental, com o
reconhecimento da importância das interações sujeito-sujeito e sujeito-ambiente, podem contribuir
para o alcance de objetivos comuns ao coletivo, visto que ambas ressaltam a educação como
dinâmica de atuação social.
Em 1981, é sancionada, no Brasil, a Lei nº 6.938, estabelecendo a Política Nacional do Meio
Ambiente, que visa à preservação e à conservação do meio ambiente, à melhoria da qualidade de
vida e classifica, como um de seus princípios, a aplicação da educação ambiental em todos os níveis
de ensino, inclusive na comunidade, buscando capacitá-la para participação ativa na proteção e
defesa do ambiente (BRASIL, 1981). Mais tarde, com a Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro (Rio 92), criou-se uma conjuntura muito
favorável à expansão da educação ambiental e, em 1999, através da Política Nacional de Educação
Ambiental (Lei nº 9.795/99), é reforçado o direito de todos à educação ambiental, estabelecendo o
enfoque humanista, holístico, democrático e participativo como fundamental, bem como reconhecer
e respeitar a pluralidade e a diversidade individual e cultural (BRASIL, 1999).
A educação ambiental surge exatamente dessa percepção, ao passo em que é proposta
também como medida preventiva das consequências de uma relação negativa entre sujeito e
ambiente, sendo compreendida por Michèle Sato como transformadora, uma luta ambiental que
reivindica liberdade de expressão, autonomia e respeito pelas diversidades.
A EA deve se configurar como uma luta política, compreendida em seu nível mais
poderoso de transformação: aquela que se revela em uma disputa de posições e proposições
sobre o destino das sociedades, dos territórios e das desterritorializações; que acredita que
mais do que conhecimento técnico-científico, o saber popular igualmente consegue
proporcionar caminhos de participação para a sustentabilidade através da transição
democrática (SATO; GAUTHIER; PARIGIPE, 2005, p. 106).
METODOLOGIA
Como ponto de partida, este trabalho levanta a hipótese de que a AC e a EA possuem uma
base filosófica comum e compartilham fundamentos que as aproximam, tornando-as um conjunto
de práticas pedagógicas que fazem parte de um paradigma educacional emergente.
Nessa perspectiva, empreendemos uma pesquisa bibliográfica buscando encontrar possíveis
interseções teóricas e/ou metodológicas existentes entre o modelo de aprendizagem cooperativa,
baseado em Johnson e Johnson, e a educação ambiental a partir do trabalho de Michèle Sato e
pensada também por outros autores.
No desenho do panorama do que seria um novo paradigma educacional, apoiamo-nos no
trabalho de Maria Cândida Moraes, no qual a autora faz um levantamento dos avanços mais
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 914
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
significativos nas ciências e tenta expor o descompasso entre estas e as práticas pedagógicas,
lançando luz sobre as possíveis implicações e desenvolvimentos que a práxis educativa corrente tem
a percorrer na construção de uma educação condizente com os conhecimentos produzidos até a
atualidade (MORAES, 2012).
Realizamos, então, uma análise para verificar se existem abordagens comuns entre AC e EA
que podem contribuir para a melhoria do aprendizado.
DISCUSSÃO
contínuas com o ambiente, de modo que o sistema vive em movimento constante em busca do
equilíbrio, recebendo informações do meio, assimilando-as, transformando o meio, obtendo novas
informações e assim segue em uma espiral.
Segundo a autora, a educação como um sistema fechado pode ser identificada quando ―[...] o
planejamento possui uma sequência linear, apresenta um único caminho traduzido em objetivos
predeterminados e externos ao processo, à seleção e à organização [...] os fins estão separados dos
meios, o que caracteriza a visão tecnicista, instrumentalista da educação.‖ (MORAES, 2012, p.
149). Mais adiante, expõe a educação considerada como um sistema transformacional e dialógico
sendo fundamentada
[...] nos processos interativos que representam as transações locais, traduzidas pelas
relações entre educador e educando, educando e seu contexto, escola e comunidade, a
aprendizagem e o entendimento ocorrem mediante processos de reflexão na ação e reflexão
sobre a ação, que podem ser representados pelo ciclo: ação-execução-reflexão-depuração.
Baseamo-nos na visão da aprendizagem como algo construído pelo diálogo que o indivíduo
mantém consigo mesmo, com os outros, com a cultura e com o contexto. (idem, p. 150).
Não por coincidência, todo esse quadro de transformação é o mesmo por onde se desdobra o
pensamento ecológico, que trouxe para a análise da realidade esses avanços científicos e
evidenciou, desde os anos 60, a crise ambiental na qual estamos, fruto da aplicação da ciência sem
consciência, acrítica, reducionista e sem uma perspectiva ética. Nesse sentido, a educação ambiental
crítica questiona metodologias tradicionais engessadas em ações pontuais que não sensibilizam
profundamente o público-alvo e não agem de forma a transformar e modificar pensamentos e
modos de vida. Chegando ao ponto de se considerar que a EA deva estar necessariamente vinculada
―[...] ao campo ambiental, posicionando-a na esteira dos movimentos sociais e ecológicos mais que
ao campo institucional educativo estrito senso [...]‖ (CARVALHO apud SATO, 2001).
Essa crítica se faz possível por conta do uso da EA em uma prática pedagógica não
transformadora, que a entende como ―adjetivo‖ da educação e acessória de outros processos mais
generalistas. Assim, a educação ambiental estaria mutilada se trabalhada em um paradigma
reducionista, que considera a natureza como objeto em separado da dimensão humana e vice-versa.
No paradigma educacional emergente, o papel da escola é proporcionar a estudantes uma educação
centrada no sujeito ―coletivo‖, inseridos que estão em uma ecologia cognitiva, em relação com
outras pessoas, permeadas por instituições de ensino, sistemas de escrita, línguas, livros e
computadores que se interconectam. Seguindo Paulo Freire, Moraes reafirma
[...] que ninguém se conscientiza separado dos outros, ninguém evolui sozinho, desligado
do mundo, apartado dos outros. [...] Tudo está relacionado, conectado, em interpenetração e
renovação contínuas, num constante diálogo do sujeito com o mundo, do sujeito que toma
iniciativa, que é ativo, que, ao interagir com as coisas, com as pessoas, coloca o mundo em
movimento.‖ (2012, p. 161, grifo nosso).
Aprendizagem Cooperativa como uma metodologia que atende aos elementos apontados ao longo
deste trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BLIKSTEIN, Paulo. As novas tecnologias na educação ambiental: instrumentos para mudar o jeito
de ensinar e aprender na escola. In: MELLO, Soraia S. de; TRAJBER, Rachel. (coords.) Vamos
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JONHSON, D. W.; JONHSON, R. Cooperation and competition: theory and research. Interation
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RESUMO
Diante da atual conjuntura ambiental que se apresenta é cada vez mais urgente buscar métodos que
contribuam para melhorar a relação do homem com a natureza. A educação é cada vez mais
apontada como fundamental nesse processo de transição, no qual o ser humano entende o seu papel
enquanto parte do meio em que vive. Vislumbrando essa necessidade de orientar os indivíduos do
seu potencial enquanto agente transformador, surge a Ecopedagogia; movimento que engloba os
pilares educacionais, sociais e econômicos, colocando a Terra como lar comum a todos,
problematizando a atual postura do homem e a gravidade contida nos impactos causados pelas suas
atividades. Este trabalho tem como objetivo explicar percepções e práticas de sensibilização na
execução da aula-passeio do barco Escola Chama-Maré, como ferramenta pedagógica que coloca
em prática as perspectivas da Ecopedagogia.
Palavras-Chaves: Ecopedagogia, Educação, Chama-Maré, Sensibilização
ABSTRACT
I see that the current environmental situation we are facing, it is increasingly urgent to seek methods
that contribute to improving man's relationship with nature. Education is increasingly considered
fundamental in this transition process, in which the human being understands his role as part of the
environment in which he lives. I glimpsed this need to guide individuals from their potential as a
transforming agent, ecopedagogy arises. A movement that encompasses the educational, social and
economic pillars, placing the earth as a common home to all, problematizing man's current posture
and the severity contained in the impacts caused by his activities. This work aims to explain
perceptions and sensitization practices in the implementation of the class trip of the boat Chama-
Maré, as a pedagogical tool that puts into practice the perspectives of ecopedagogy.
Keywords: Ecopedagogy, Education, Chama-Maré, Awareness
INTRODUÇÃO
O estilo de vida popularizado durante os últimos anos tem levado a desarmonia da relação
do homem com o meio ambiente. A necessidade de uso dos recursos naturais nas atividades
econômicas, pessoais e de lazer tornou a natureza em um espaço de uso e extração, na qual a
preocupação com a conservação e preservação tornou-se ponto secundário. Poucos são aqueles que
conseguem desenvolver um senso crítico sobre como seus hábitos diários são perturbadores e
diagnosticar suas ações como insustentáveis do ponto de vista de sobrevivência no planeta.
(MARCATTO, 2002, p.8)
Os cientistas discutem sobre o surgimento de uma nova era, nomeada como Antropoceno, na
qual os seres humanos seriam os principais responsáveis pelas grandes mudanças na Terra,
principalmente as de cunho climático e atmosférico (ARTAXO, 2014, p .13). Ou seja, a espécie
humana estaria causando distúrbios que podem ser sentidos em uma escala global. Diante disso,
torna-se notória a influência que o homem exerce no meio em que vive e como suas atividades são
impactantes e colocam em risco as condições para sua existência e dos demais organismos.
Em meio a essa problemática surge a necessidade de educar as pessoas a fim de que elas
reconheçam o seu papel enquanto agente modificador da natureza e que seu olhar perante a biota se
modifique, assim como sua postura. Haja vista que aproximar o sujeito da realidade, fazê-lo
reconhecer sua ligação com o espaço e transformar o teórico em prático são caminhos necessários
para sensibilizar o indivíduo da importância que os serviços ambientais carregam, da urgência em
protegê-los e como as suas atitudes são determinantes para o sucesso na busca pelo equilíbrio
socioambiental.
Apoiar-se em ferramentas pedagógicas para promover a educação ambiental pode trazer
saldos positivos entre quem emite a mensagem e quem a recebe. A mensagem por sua vez, deve
possuir o um efeito transformador no destinatário, para que, por fim, objetivo seja alcançado. É
nesse contexto que surge os movimentos como a Ecopedagogia, uma pedagogia que se desdobra
para atender as emergências contemporâneas, visando estreitar barreiras e ensinar sobre as coisas a
partir de experiências cotidianas, para estimular as mudanças nos paradigmas construídos na
sociedade e desenvolver as práticas a partir de um pensamento ecológico (GADOTTI, 2005).
Portanto, o objetivo desse trabalho é explanar sobre a eficácia do uso de práticas
ecopedagógicas de ensino em um projeto de educação ambiental, o projeto Barco Escola Chama-
Maré, executado no estuário do rio Potengi no município de Natal/RN. Avaliando como as
experiências, que fogem das práticas tradicionais de ensino e colocam como foco a aproximação do
indivíduo com o meio em que vive, são de fundamental contribuição na formação social que
resultará na transformação da percepção acerca do meio ambiente, auxiliando na melhora do
relacionamento entre o homem e a natureza.
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 922
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
OBJETIVOS
METODOLOGIA
8. A Ecopedagogia tem por finalidade reeducar o olhar das pessoas, isto é, desenvolver a
atitude de observar e evitar a presença de agressões ao meio ambiente e aos viventes e o
desperdício, a poluição sonora, visual, a poluição da água e do ar etc. para intervir no
mundo no sentido de reeducar o habitante do planeta e reverter a cultura do descartável.
Experiências cotidianas aparentemente insignificantes, como uma corrente de ar, um sopro
de respiração, a água da manhã na face, fundamentam as relações consigo mesmo e com o
mundo. A tomada de consciência dessa realidade é profundamente formadora. [...]
Precisamos de uma ecoformação para recuperarmos a consciência dessas experiências
cotidianas [...]
Com base nesta ideia, pensar a educação ambiental a partir da Ecopedagogia é pensar um
ensino em que o homem é envolvido no processo pedagógico, valorizando sua autonomia nas
experiências, que serão indispensáveis para o entendimento, e resultarão na tomada de consciência
coletiva que dará suporte para a continuidade dos aprendizados. Tal forma de ensino possibilita uma
visão ampla e crítica a respeito dos problemas globais, e pode, dessa forma, transformar atividades
educacionais pontuais em um "motor" capaz de gerar a energia suficiente para mudar a concepção
individual sobre os espaços naturais e sua relevância.
O rio Potengi, corta oito municípios do estado. Nasce em Cerro-Corá e encontra sua foz em
Natal, a 176 km de sua nascente, perfazendo uma bacia hidrográfica de 3.180km² (TEIXEIRA,
2015)
O rio é berço da sociedade potiguar, e este curso d'água está inteiramente ligado a formação
local
É de grande importância histórica para a cidade do Natal e para o estado do Rio Grande do
Norte, a começar pelo nome. Nos primórdios da ocupação não-indígena do território
potiguar, quando da instituição das capitanias hereditárias por d. João III, em 1534, a
capitania que daria origem ao atual estado foi batizada pelos colonizadores de capitania do
―Rio Grande‖, e alguns dos primeiros registros da cidade do Natal também a designavam
cidade do ―Rio Grande‖, em alusão ao rio. (TEIXEIRA, 2015)
Apesar de sua importância para a cidade de Natal e para os outros municípios por onde o rio
passa, os registros de ações como a utilização do rio como local de diluição de efluentes, depósito
de dejetos e outras práticas causam impactos negativos a este ambiente, como por exemplo a
eutrofização das águas do rio. No munícipio de Natal essa problemática fica bem mais visível,
segundo o censo demográfico realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
em 2010 mais de oitocentas mil pessoas vivem na capital potiguar, essa é a área mais densamente
urbanizada do estado e é exatamente onde está localizado o estuário do rio Potengi, local onde
problemas como a degradação do estuário resultante da expansão urbana sem o planejamento
correto se intensificam, além disso a falta de práticas de cuidado e proteção do meio natural por
parte da população evidencia a não preservação de um ambiente importante principalmente do
ponto de vista ecológico.
No intuito de fomentar a educação ambiental visando a preservação e conservação do
ambiente estuarino do rio Potengi, surge o projeto Barco Escola Chama-Maré. O IDEMA (Instituto
de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte) lança o programa
Potengi Vivo, constituído de cinco projetos que incluem o projeto Barco Escola, todos eles visando
a recuperação e preservação do estuário do rio Potengi. O projeto Barco Escola Chama-Maré, que é
operacionalizado pela FUNDEP (Fundação para o Desenvolvimento Sustentável da Terra Potiguar)
teve início em Outubro de 2006 e funciona atualmente de Terça a Sábado atendendo grupos de
escolas da rede pública e privada além de grupos da sociedade civil organizada. Em onze anos o
projeto já conseguiu atingir um número de aproximadamente 180 mil pessoas.
Durante o momento em que os participantes da aula-passeio estão participando efetivamente
das vivências a bordo da embarcação, por um período de aproximadamente uma hora e vinte
minutos, a equipe que faz a execução da aula-passeio aborda os temas referentes a educação
ambiental e patrimonial, isso é feito através de uma leitura da paisagem que leva em consideração
aspectos importantes tanto do meio natural como a presença do manguezal, e as características da
fauna que habita esse ambiente, e também as ações humanas que se expressam na paisagem por
meio do crescimento urbano da cidade de Natal e que gera impactos no estuário como a
contaminação das águas do rio por efluentes domésticos e industriais. O trajeto no qual se realiza a
aula passeio do Barco Escola Chama-Maré se inicia no Iate Clube do Natal (local de embarque), até
a Fortaleza dos Reis Magos/Boca da Barra, e voltando em direção a Ponte Presidente Costa e Silva
(Ponte de Igapó), em seguida retorna ao Iate Clube (desembarque).
que o participante é parte da cena percebida, se desloca por ela, assumindo múltiplas perspectivas.
(PINHEIRO, 1997)
Dessa forma, ―é importante perceber que a realidade social é transformável; que feita pelos
homens, pelos homens pode ser mudada; que não é algo intocável, um fardo, uma sina, diante de
que só houvesse um caminho: a acomodação a ela‖ (FREIRE, 1968, p. 41).
ambientes é relevante para guardar uma memória realista dos espaços, considerando todas suas
nuances e particularidades. Os mapas são ferramentas que trabalham a percepção sobre algo,
quando se faz esse exercício, consegue-se estimular o processo para deliberar qual a atitude deverá
ser adotada por cada um para a favorecer a persistência do lugar (OLIVEIRA, 2006).
As atividades do Barco Escola se dão em uma área muito rica, onde vários aspectos –
históricos, ecológicos, culturais, econômicos – podem ser lidos na paisagem. É em meio a esse
cenário, que o rio Potengi, ganha destaque por ser o elemento comum a todos esses aspectos, mas
também por sua atual condição ambiental. Entretanto, os processos de urbanização, de certa forma,
acabaram por afastar as pessoas dos espaços naturais, afetando a percepção de cada indivíduo.
Figuras 2 e 3. Mapas Mentais elaborados a partir da percepção do antes e depois do rio Potengi
Baseado nisso, a partir da aplicação dos mapas mentais, conseguem-se fazer um resgate
sobre o nível de informação adquirida. A aula-passeio no estuário do Potengi tem a capacidade de
elevar grau dessas informações, agregando outros componentes importantes quando se pensa no rio.
Ou seja, a comparação entre mapas mentais produzidos antes e depois da aula, possibilita discutir a
influência de atividades ambientais, de cunho pedagógico, na construção da imagem de um espaço.
Nas figuras 2 e 3, produzidas por dois alunos do grupo de percepção (paralelo às aulas-
passeio), pode-se observar um padrão nos mapas feitos antes da aula: a figura do lixo/poluição é
sempre presente. Isso indica que a principal imagem vinculada ao rio é negativa. Na figura 2 antes
da aula-passeio o retrato de estruturas físicas a margem e/ou próximo ao rio, reflete como se deu a
ocupação humana, atribuindo a ele um valor social e patrimonial. Na figura 3, no mapa mental feito
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 928
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
pós-aula, a noção de fauna, flora e atividade de pesca ganham ênfase no desenho, ou seja, a
natureza e as atividades desenvolvidas a partir dela, dominam a representação do rio na figura,
diferente do mapa produzido pré-aula que mostra dejetos e a urbanização expressiva próxima ao rio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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mapas mentais na representação do lugar. GEOGRAFIA (Londrina), v. 13, n. 1, p. 127-142,
2010.
RESUMO
Devido à crescente preocupação, pela população, em consumir alimentos saudáveis produzidos em
sistemas agroecológicos, com o intuito de obter melhores condições de vida. Nessa linha de
raciocínio, ao falarmos em educação, assuntos relacionados aos temas ecológicos merecem uma
atenção especial, principalmente quando nos referimos a unidades de ensino agrícola. Sendo assim,
foi realizada uma pesquisa com o objetivo de diagnosticar e compreender o entendimento dos
discentes do Curso Técnico em Agropecuária do Colégio Agrícola Vidal de Negreiros pertencente à
Universidade Federal da Paraíba, em relação às temáticas de meio ambiente, agroecologia e
assuntos relacionados. O levantamento foi realizado no período de abril de 2017, por meio de
questionário semiestruturado, aplicado junto aos discentes do Ensino Médio: Integral e Proeja. A
participação dos discentes foi de forma voluntária. Com base nos resultados, observou-se que, dos
64 entrevistados, muitos desconhecem algum produtor rural agroecológico e acreditam que a
agricultura do futuro será totalmente mecanizada e reconhecem os danos causados pelo uso de
agrotóxicos. Dessa forma, faz-se necessário que a agroecologia esteja mais presente em sala de
aula, visto que, a região na qual os estudantes entrevistados estão inseridos tem sua principal fonte
econômica à agricultura familiar. Ademais, as percentagens das respostas demonstraram
conhecimento positivo, por parte dos discentes, em relação às temáticas abordadas, sendo
necessária, entretanto, a realização de atividades pedagógicas que estimulem a ampliação de
assuntos relacionados à Educação Ambiental, possibilitando os professores e discentes a uma
vivência prática sobre o tema, ocasionando transformações no meio, social e ambiental.
Palavras-Chave: Agricultura familiar, Discentes, Metodologia participativas, Sustentabilidade.
ABSTRACT
Due to growing concern for the population consume healthy foods produced in ecological systems
in order to obtain better conditions of life. In this line of reasoning, to talk about education, issues
related to the ecological themes deserve special attention, especially when referring to units of
agricultural education. Therefore, a survey was held in order to diagnose and understand the
understanding of students of the technical course in Farming Agricultural of Vidal of Negreiros
College belonging to the Federal University of Paraíba, in relation to the themes of environment,
ecology and related subjects. The survey was conducted during the period april 2017, through semi-
structured questionnaire, applied with the students of the high school: Integral and Protect. The
participation of the students was voluntarily. Based on the results, it was observed that, of the 64
respondents, many are unaware of some ecological and rural producer believe that the Agriculture
of the future will be fully mechanized and recognize the damage caused by the use of pesticides.
Thus, it is necessary that Agroecology is more present in the classroom, as the region in which the
students interviewed are inserted has your primary source for family agriculture economic. In
addition, the percentages of responses showed positive knowledge, on the part of students in
relation to themes, being required, however, pedagogical activities that stimulate the expansion of
issues related to environmental education, enabling teachers and students a practical experience on
the topic, causing changes in the middle, socially and environmentally.
Keywords: Family farmers, Students, Participatory methodology, Sustainability.
INTRODUÇÃO
agricultores ou descendentes dos mesmos (RAMOS et al., 2016). Ainda segundo os mesmos
autores, esses estudantes trazem consigo um imenso conhecimento que deve ser valorizado e
aprimorado. Logo, a aprendizagem, é entendida como a construção do conhecimento, implicando
entender tanto sua dimensão como produto, quanto como processo, isto é, o caminho pelo qual os
discentes elaboram pessoalmente os conhecimentos (PIRES et al., 2007).
Um método de mensurar o conhecimento e sua abrangência é por meio de pesquisas
qualiquantitativas, que possibilita caracterizar o processo a partir do qual, questões-chave são
identificadas e perguntas são formuladas (MORESI, 2003). O intuito de pesquisas escolares não é
descrever os indivíduos que tenham sido analisados, mas obter um perfil estatístico da percepção
dos mesmos sobre agroecologia (FLORES JÚNIOR, 1980). Diante do exposto, este trabalho teve
como objetivo verificar a percepção e compreender os conhecimentos de discentes do Curso
Técnico em Agropecuária do Colégio Agrícola Vidal de Negreiros, sobre as temáticas de meio
ambiente, agroecologia e assuntos relacionados.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado no mês de abril de 2017, a partir do levantamento de dados junto aos
64 discentes do Curso Técnico em Agropecuária, alunos regulamente matriculados no Colégio
Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN) pertencente à Universidade Federal da Paraíba – Campus III,
Bananeiras. Considerou-se três turmas do ensino médio: I - 2º ano (Integrado); II e III - 1º e 4º ano,
respectivamente (ensino médio Proeja – Programa Nacional de Integração da Educação Profissional
com a Educação Básica, abrangendo na modalidade de jovens e adultos). O diagnóstico foi
realizado com os discentes do ensino médio, por entender que devido à faixa etária destes, já
passaram por várias experiências tanto sociais, quanto cognitivas no meio escolar, a cerca de
conhecimentos relacionados ao tema, sendo capazes de demostrar a real concepção
A metodologia utilizada, para avaliar o grau de conhecimento e consciência, foi um
questionário semiestruturado composto por 12 questões de múltipla escolha (Anexo 1), baseadas
nos questionários de Hoffmann et al. (2009) e Sá-Oliveira et al. (2015). A participação dos alunos
foi voluntária, além disso, os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido - TCLE.
As análises dos dados foram realizadas pela estatística descritiva das médias em percentuais
(correspondem às respostas das três turmas estudadas), por meio da utilização do software
Microsoft Excel 2010.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os discentes entrevistados, foi observado que a faixa etária variou entre 16 - 38 anos.
Todos estudam no período matutino/vespertino, sendo a maioria 80% do sexo masculino e feminino
com 20%, indicando que o sexo masculino ainda é maior pelos estudos nos Campus com a base em
ensino agrícola.
Partindo para a observação dos dados relacionados à percepção dos discentes, com a
primeira indagação sobre o nível de interesse pelo tema Meio Ambiente, a média de respostas
afirmativa foi de 86%, permitindo-se então inferir que os discentes possuem um bom grau de
afinidade pelo tema. Os demais 14%, dos discentes, afirmaram que gostam pouco da temática.
Sendo assim, de acordo com Santos et al. (2011), pode ser conferido ao ensino um aspecto mais
dinâmico e participativo, buscando oportunidade de aprendizado e reflexão sobre o meio ambiente,
e a relação que o ser humano tem com o mesmo, demonstrando e fazendo-os compreender que eles
são parte de um todo maior.
Questionados se sabiam o que era Educação Ambiental, 50% dos discentes entrevistados
têm pouco conhecimento sobre o que é a educação ambiental, seguido de 44% sabem do que se
trata e 6% não têm conhecimentos sobre a educação ambiental (FIGURA 1). Isso demonstra que
possivelmente há ausência de trabalhos sobre a temática da educação ambiental nas turmas.
44%
50%
6%
De acordo com Jacobi (2003), há uma necessidade de formular uma educação ambiental que
seja crítica e inovadora e que seja voltada para a transformação social. Ainda para o mesmo autor, o
seu enfoque deve buscar uma perspectiva holística de ação, que relaciona o homem, a natureza e o
universo, tendo em conta que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua
degradação é o homem.
Quanto aos dados referentes à oportunidade de ler ou ouvir sobre a Agroecologia ou
Agricultura Familiar, verificou-se que 92% dos discentes entrevistados leram ou já ouviram falar
sobre a Agroecologia ou Agricultura Familiar. Esse achado é reflexo, sobretudo, por haver um
curso de graduação em Agroecologia no Campus universitário em que o colégio está inserido.
Possivelmente, devido às oficinas, minicursos realizados no Campus e até mesmo pelo contato com
Perguntados sobre o que entendem por agroecologia, a resposta que relaciona a agricultura
que utiliza meios menos agressivos ao ambiente correspondeu a 26% do total. Contudo, é
interessante destacar que 20% relacionam o termo à exclusão do uso de agrotóxicos para a produção
agrícola e outros 20% à agricultura socialmente mais justa no campo, seguidos por 16% que
relacionam o conceito à agricultura que fornece alimentos para uma vida mais saudável e 14%
correlacionaram o termo à produção de alimentos orgânicos. Os demais alunos (4%) assinalaram
não entender nada do assunto.
Para Altieri, (2003) a agroecologia é uma ciência fundamentada segundo os princípios
ecológicos voltados para um desenvolvimento rural sustentável por meio da conservação dos
recursos naturais e tecnologias adequadas ao pequeno agricultor, proporcionando um sistema de
produção ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável.
Relacionado ao conhecimento de algum produtor agroecológico, 56% (n=36) dos alunos
afirmaram desconhecer pelo menos um produtor agroecológico, embora muitos dos discentes
tenham vínculo com o meio rural. Seguidos por 20% (n=13) que conhecem apenas um produtor,
17% (n=11) que conhecem pelo menos de 2 a 5 produtores agroecológicos e 5% (n-=3) afirmaram
conhecer mais de 10 produtores. Apenas um dos discentes (2%) alegou conhecer de 6 a 10
produtores.
A visão dos entrevistados sobre como imaginam a agricultura no futuro mostra que a
maioria (66%) acredita que a agricultura será totalmente mecanizada e somente 14% responderam
que será baseada nos princípios da agroecologia, seguidos por 10% que acreditam que será
concentrada em grandes fazendas (sistema convencional) e os outros 10% de que será de produtos
orgânicos e livres dos transgênicos. Para Sá-Oliveira et al., (2015) este é um dado importante e
delicado, visto que a região a qual os estudantes entrevistados estão inseridos tem sua principal
fonte econômica vinda da agricultura familiar, onde o modelo de produção é pautado em um
sistema que proporcione menor impacto ao ambiental.
Quando indagados se sabiam para que servem os agrotóxicos, 86% dos discentes disseram
que sim, enquanto que os outros 14% afirmaram que não. Dentre os participantes, 92% dos
entrevistados acreditam que no futuro podem ocorrer alguns prejuízos ambientais causados pelo uso
de agrotóxicos e apenas 8%, (5 estudantes) pensam o contrário, que não promoverá prejuízo o uso
de agrotóxicos. Os dados referentes a essas duas questões refletem de forma parcialmente positiva,
o entendimento dos alunos sobre o assunto abordado, considerando o número de amostragens.
Por meio dos discursos produzidos pelos estudantes sobre os possíveis prejuízos futuros
causados pelo uso de agrotóxicos, foi possível obter respostas, como:
―Morte de insetos‖
―Poluição dos solos‖
―Doenças em gerais‖
―Doenças cancerígenas‖
―Degradação do meio ambiente‖
Para Castro e Confalonteri (2005), a utilização contínua de agrotóxicos causa sérios danos à
saúde humana e o meio ambiente, além do mais o contato direto ou indireto dos agricultores
familiares com essas substâncias agroquímicas vem acarretando graves intoxicações.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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ANEXO I
QUESTIONÁRIO
13. Você acha que no futuro podem ocorrer alguns prejuízos ambientais causados pelo uso de agrotóxicos?
( ) Sim ( ) Não | Cite um exemplo : _____________________________________
RESUMO
O presente artigo aborda o processo do ensino em geografia ambiental através de oficinas temáticas,
promovidas pelo o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) na Escola
Estadual Francisco Ivo Cavalcanti, sendo a temática de Energias Renováveis a escolhida para o
desenvolvimento desta ferramenta didática. O trabalho se justifica pela necessidade de se discutir
conteúdos práticos e objetivos no que tange o processo da educação ambiental escolar e o ensino da
geografia, buscando assim um ensino-aprendizagem eficaz e que tenha significativo na realidade e
vivencia do educando. Como recursos metodológicos, foram utilizadas pesquisas referencias e
bibliográficas acerca da temática ambiental e das fontes de energias renováveis, bem como
postulados acerca da ferramenta didática ―oficinas‖, como também o livro didático que foi fonte de
consulta para o desenvolvimento e elaboração da oficina relatada neste trabalho. Em linhas gerais,
será possível nesta pesquisa apresentar de maneira didática e sequencial da importância e
atrelamento da geografia e meio ambiente, da necessidade do docente em propor novas abordagens
didáticas como é o caso de oficinas, bem como o relato de experiencia desenvolvidos pelos bolsistas
do PIBID/geografia na referida escola citada e seus processos significativos produzidos e criados
durante este espaço de trocas de conhecimento entre os atores envolvidos no processo do ensino-
aprendizagem.
Palavras Chaves: PIBID. Oficinas Temáticas. Energias Renováveis. Educação Ambiental.
Geografia.
RESUMÉN
El presente artículo aborda el proceso de enseñanza en geografía ambiental a través de talleres
temáticos, promovidos por el Programa Institucional de Becas de Iniciación a la Docencia (PIBID)
en la Escuela Estadual Francisco Ivo Cavalcanti, siendo la temática de Energías Renovables la
elegida para el desarrollo de esta herramienta De la didáctica. El trabajo se justifica por la necesidad
de discutir contenidos prácticos y objetivos en lo que se refiere al proceso de la educación ambiental
escolar y la enseñanza de la geografía, buscando así una enseñanza-aprendizaje eficaz y que tenga
significativo en la realidad y vivencia del educando. Como recursos metodológicos, se utilizaron
investigaciones referencias y bibliográficas acerca de la temática ambiental y de las fuentes de
energías renovables, así como postulados acerca de la herramienta didáctica "talleres", así como el
libro didáctico que fue fuente de consulta para el desarrollo y elaboración del taller relatado en este
trabajo. En líneas generales, será posible en esta investigación presentar de manera didáctica y
secuencial de la importancia y el acoplamiento de la geografía y el medio ambiente, de la necesidad
del docente en proponer nuevos enfoques didácticos como es el caso de talleres, así como el relato
de experiencia desarrollado por los becarios PIBID / geografía en la referida escuela citada y sus
procesos significativos producidos y creados durante este espacio de intercambios de conocimiento
entre los actores involucrados en el proceso de enseñanza-aprendizaje.
Palabras Clave: PIBID. Talleres temáticos. Energias renovables. Educación ambiental. Geografía.
INTRODUÇÃO
Aprender geografia é compreender o espaço em que vivemos. É entender que este espaço
está em constante transformação do mesmo modo que a sociedade também se transforma.
Atualmente, podemos observar uma série de mudanças na sociedade e sua necessidade de ser
discutida no ambiente escolar, e é por isso que as práticas de ensino em geografia a devem estar em
constante renovação, como bem coloca Paulo Freire (1996, p. 39): ―é pensando criticamente a
prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática‖
Com base nesta perspectiva, o presente artigo visa a construção de um relato de experiencia
realizada a partir do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) na Escola
Estadual Francisco Ivo Cavalcanti, localizada em Natal-RN, através de uma oficina temática
intitulada ―Energias Renováveis para o ENEM‖ no qual tinha como público alvo discentes do 3° do
ensino médio.
O objetivo central do artigo é mostrar a importância de conteúdos de cunho ambiental para a
formação social e acadêmica dos discentes da Escola Estadual Francisco Ivo Cavalcanti, através das
ações promovida pelo o GeoPIBID.
O trabalho de justifica pela a importância de programas como o PIBID e suas ações nas
escolas públicas brasileiras, além disso o seu aspecto em discutir questões de cunho social e
informacional na formação do discente, dentre eles a educação ambiental e seus vieses atuais como
a exemplo das novas fontes de energias renováveis, algo bastante presente no cenário econômico
atual norte-rio-grandense. Como recursos metodológicos foram utilizadas pesquisas referencias e
bibliográficas de cunho temático sobre ―Energias Renováveis‖, bem como analises do livro didático
com o intuito de aliar essa importante ferramenta didática e de fácil acesso para consulta discente.
O artigo está desenvolvido em três tópicos, o primeiro elencando a importância de discutir a
geografia e seus contextos da educação ambiental na atualidade, em seguida contextualizar as
oficinas temáticas promovidas pelo o PIBID da Geografia como ferramenta de grande alcance no
processo do ensino-aprendizagem discente e por fim o relato de experiencia nas turmas do 3° do
ensino médio relacionados as oficinas das energias renováveis.
A geografia é uma ciência multidisciplinar que busca estudar as relações entre o homem e o
seu espaço, vivido, transformado, como também estuda a distribuição dos fenômenos físicos,
biológicos e humanos, as causas desta distribuição e as relações locais desses fenômenos.
Dessa forma, busca instigar o discente, a analisar criticamente as ações produzidas por eles
mesmo ao seu redor, sejam estas questões de cunho social, político, econômico, bem como
ambiental. Sendo assim, o aluno tem uma gama de possibilidades e integrações de conhecimento do
mundo que o cerca. Com relação a está última temática, ela se tornou uma fonte importante do
conhecimento que implica diretamente nas transformações mundiais, que se dão, no caráter da
espacialidade de toda prática social onde há uma dialética entre o homem e o lugar.
O ensino da geografia deve buscar novas possibilidades de métodos e recursos com o
objetivo de construir um saber crítico sobre as questões socioespaciais no mundo, para assim
motivar seus alunos e contribuir para o conhecimento do espaço geográfico no qual eles estão
inseridos, como nos apontam os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 22):
Pode-se afirmar que a evolução recente da ciência geográfica demonstrou claramente que,
para além das questões puramente acadêmicas, o geógrafo tem-se preocupado com um
vasto leque de problemas de caráter social, dos quais o "Ambiente" constitui uma das
muitas variáveis. É neste contexto que Educação Ambiental e a Educação Geográfica
constituem dois grandes eixos estruturantes para a organização de uma sociedade
sustentável.
A Educação Ambiental, no sentido de formação para a vida no ambiente, está cada vez
mais presente nas formulações teóricas e nas indicações para o ensino de Geografia.
Dentre tantas possibilidades em discutir geografia e sua relação com o meio ambiente está
no crescente uso das fontes de energias renováveis, sendo uma temática bastante interessante dentro
do processo de educação ambiental na escola. Pois a temática citada consegue percorrer por
diferentes vieses, desde ao processo da globalização mundial, dos fatores econômicos trazidos, de
sua importância na sustentabilidade, como também as principais consequências, na medida que o
homem mexe na natureza ele é alterado e tudo a presença de impactos ambientais. Segundo
HINRICHS, 2011, p.2):
A energia permeia todos os setores da sociedade- economia, trabalho, ambiente, relações
internacionais, assim como as nossas próprias vidas- moradia, alimentação, saúde,
transporte, lazer e muito mais. O uso dos recursos energéticos nos libertou de muitos
trabalhos penosos e tornou nossos esforços mais produtivos. (HINRICHS, 2011, p.2).
Em suma, discutir geografia e meio ambiente através de práticas de educação ambiental
escolar é um processo que está atrelado na ciência geográfica, pois utiliza a natureza como espaço
das ações e estruturas transformadores pelo o homem. As fontes de energias renováveis surgem
como uma temática dentro do campo da educação ambiental com o dever de perpassar por
diferentes assuntos, com isso tornar-se um processo de ensino-aprendizagem significativo para o
discente.
Incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica; contribuir para
a valorização do magistério; elevar a qualidade da formação inicial de professores nos
cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica;
inserir os licenciados no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-
lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e
práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de
problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem; incentivar escolas públicas
de educação básica, mobilizando seus 1521 professores como formadores dos futuros
docentes e tornando-as protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério; e
contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes,
elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura.
Com isso, o PIBID através das oficinas temáticas produzidas pelo os bolsistas, busca
estabelecer orientações teórico metodológicas construídas na geografia e a Educação para o Meio
Ambiente se constituem desafios basilares para a compreensão do sentido e significado da
Geografia na vida cotidiana.
As oficinas são ferramentas didáticas utilizadas pelo o docente na busca de trazer o conteúdo
de forma pratica e objetiva, no que tange o processo de ensino e aprendizagem do discente, na
medida que este consegue aprender o real significativo dos conceitos e suas aplicações, além disso,
é uma maneira de aliar teoria e pratica, colocar a vivencia e a realidade do mundo real. Para Archela
(2003, p. 25) ―a oficina é um caminho, ou seja, um processo de desenvolvimento de determinado
conteúdo. Assim, a oficina nada mais é, do que uma forma de desenvolver o conteúdo procurando
usar uma metodologia adequada‖.
Propor oficinas de cunho pedagógico e geográfico, faz repensar o ensino da geografia, por
buscar novos meios metodológicos, novas abordagens que seja possível a construção de um
caminho que se baseia na realidade, nas ferramentas disponíveis, ou como é condicionado por
Kaercher (2009) que chama de GCZ (Geografia a Custo Zero).
Geografia do custo zero (gcz) porque não implicam em gastos extras nem tampouco
recursos tecnológicos (nada contra eles, mas no geral não estão muito disponíveis nas
escolas públicas do meu estado, da minha cidade). Uma simples folha xerocada e já temos,
muitas vezes, matéria-prima para belas discussões e produções. O diferencial não é o
computador, é dar o ‗clique‘ na turma. (KAERCHER, 2009, p.10)
Embora uma oficina necessite de recursos tecnológicos para sua concretização, o docente
tem a necessidade de contextualizar com a realidade, fazer correlações da teoria com o espaço de
vivência dos sujeitos numa perspectiva do local para o global.
Dentro dessa perspectiva, existe um outro lado da opção de oficinas como ferramenta
metodológica, onde alguns docentes sentem um certo desconforto na sua utilização, uma vez que
necessita de dedicação e planejamento para a sua construção. E muita das vezes o professor não
consegue tempo disponível para sua criação. Com isto, o PIBID e respectivamente seus bolsistas,
apresenta como um meio para a realização de oficinas dentro do espaço escolar, além de um auxílio
na construção e elaboração desta com o docente, visando assim a aprendizagem do educando. De
acordo com Marquezan (2003, p. 62):
que possibilita a construção de oficinas temáticas coma a exemplo das ―energias renováveis‖ a
seguir relatadas seu processo de construção, desenvolvimento, aplicação e avaliação.
acerca dos impactos ambientais trazidos, primeiramente pelas energias não renováveis (questões
que os discentes já apresentavam tal informações), em seguida os impactos ambientais trazidos
pelas energias renováveis, que embora apresente uma atenuação em comparação aos não
renováveis, ainda assim apresentam impactos.
Os discentes ficaram impactos com essas novas informações, pois eram algo do senso
comum destes que as energias renováveis não passavam de mais uma nova fonte de energia que o
homem, eles passaram a perceber as implicações desse processo, começaram a compreender o
processo das instalações dos parques eólicos no Rio Grande do Norte e a globalização inerentes
dessas transações.
A oficina era finalizada com um vídeo acerca dos impactos ambientais das energias não
renovável como a exemplo do desastre de Chernobyl, além de uma mensagem no final sobre a
importância do homem em procurar novas fontes de energias limpas e que apresentem poucos
impactos ambientais na natureza. Conforme pode ser observado nas figuras I e II.
Observa-se assim, que a oficina enquanto sua avaliação, conseguiu atingir seu objetivo
proposto que era o desenvolvimento de uma temática de cunho ambiental que conseguisse trazer
indagações e problematizações abrangentes para os discentes que fosse muito além para a
preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio, mas que se apresenta um aprendizado
significativo no que tange a geografia e a educação ambiental na escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
HINRICHS, Roger A. Energia e Meio ambiente. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
MARQUEZAN, Reinoldo [et al.]. Dinâmica de sala de aula: uma variável na aprendizagem.
Cadernos de educação especial, Santa Maria: n. 22, p. 61-67, 2003.
RESUMO
O plantio em curvas de nível consiste na produção ordenada por meio de linhas com diferentes
altitudes do terreno. Os equipamentos utilizados para mensurar terrenos com finalidades de planejar
atividades agrícolas são de valores elevados, dificultando o acesso para agricultores familiares, que
embora sejam responsáveis pela produção da maior fatia de alimentos que chegam aos brasileiros
são pouco reconhecidos e não recebem o investimento merecido e necessário. É de suma
importância para a agricultura sustentável o uso de equipamentos que ajude no planejamento dessas
atividades, devido ao custo dos mesmos, e essa etapa é retirado do plano de trabalho. Baseado nesse
problema surgiu a demanda pela busca de alternativas que ajudassem a diminuir os custos na
locação desses serviços. Com a realização de pesquisa documental, foi encontrado um método
alternativo de medição de curvas de nível com precisão semelhante aos equipamentos utilizados
atualmente. Esse fato pode ajudar agricultores familiares a conservar seu solo, mantendo sua
produtividade, gerando renda para a sua família. Este artigo mostra a criação de um aparelho que
contribui para a agricultura em relação à conservação do solo. A partir de testes realizados, foi
possível observar que a diferença entre o nível óptico e o nível de laser não foram relevantes. Essa
tecnologia pode se tornar mais uma ferramenta que ajude colher dados importantes sobre a área de
cultivo para o planejamento agrícola. . As expectativas de criar um aparelho que pode contribuir
para agricultura no que diz respeito à conservação do solo, em relação às curvas de nível e
nivelamento topográfico, foram alcançadas. Deste modo, a socialização de pesquisas que
possibilitem o desenvolvimento produtivo e aumento da geração de renda nunca foi tão relevante.
Palavras-chave: Laser; Nivelamento; conservação do solo.
ABSTRACT
Curve planting consists of ordered production through lines with different altitudes of the terrain.
The equipment used to measure land for the purpose of planning agricultural activities is of high
value, making access difficult for family farmers, who, although responsible for the production of
the largest portion of food arriving to Brazilians, are poorly recognized and do not receive the
necessary and necessary investment . It is extremely important for sustainable agriculture to use
equipment that helps in the planning of these activities, due to their cost, and this step is taken from
the work plan. Based on this problem arose the demand for the search of alternatives that would
help to reduce the costs in the lease of these services. With the accomplishment of documental
research, an alternative method of measurement of contour lines was found with precision similar to
the equipment used today. This fact can help family farmers conserve their soil, maintaining their
productivity, and generating income for their family. This article shows the creation of an apparatus
that contributes to agriculture in relation to soil conservation. From the tests performed, it was
possible to observe that the difference between the optical level and the laser level were not
relevant. This technology can become one more tool that helps to gather important data about the
growing area for agricultural planning. . The expectations of creating an apparatus that can
contribute to agriculture with regard to soil conservation in relation to level contours and
topographic leveling have been achieved. In this way, the socialization of research that enables the
productive development and increase of income generation has never been so relevant.
Keywords: Laser; Leveling; Conservation of soil.
INTRODUÇÃO
O plantio em curvas de nível consiste na produção ordenada por meio de linhas com
diferentes altitudes do terreno. Essa técnica é essencial para áreas íngremes. O processo ajuda a
conservar o solo contra erosões e contribui com o escoamento da água da chuva, fazendo com que
ela se infiltre mais facilmente na terra e evite os deslizamentos. Esse sistema ajuda a reter elementos
solúveis do solo e permite o aumento da produção (VERDE Pensamento). Evitando a lixiviação de
nutrientes, além da movimentação de solo para os lugares mais baixos diminuindo os processos de
degradação do mesmo, causado pela interferência do homem na natureza, o plantio em curvas de
nível é essencialmente importante para conservação do solo. Curva de nível é o nome usado para
designar uma linha imaginária que agrupa dois pontos que possuem a mesma altitude.
Por meio dela são confeccionados os mapas topográficos, pois, a partir da observação, o
técnico pode interpretar suas informações através de uma visão tridimensional do relevo. Uma
curva de nível refere-se às curvas altimétricas ou linhas isoípsas (ligam pontos de mesma altitude),
essa é a mais eficiente maneira de representar as irregularidades da superfície terrestre (relevo).
(SIQUEIRA, 2010).
A erosão dos solos é um processo geológico, porém o seu agravamento em solos agrícolas
se deve à quebra do equilíbrio natural entre o solo e o ambiente, geralmente promovida e acelerada
pelo homem. A erosão, principalmente a antrópica, é algo que preocupa muitos sistemas de cultivo
agrícola, causando vários problemas, contribuindo para a degradação dos solos existentes.
Para se começar a proteger o solo devidamente, tem-se de criar uma mentalidade
conservacionista. Por isso, torna-se vital ter em mente os princípios básicos da conservação do solo.
De acordo com Lima (1998), o uso da terra exerce significativa influência sobre a infiltração do
solo e esta pode ser modificada pelo homem por intermédio de seus programas de manejo.
METODOLOGIA
A construção do equipamento (nível de lazer), foi de forma manual, com material na sua
maioria reciclado, usando como referência um fichário técnico da EMBRATER. Foi realizado um
desenho (projeto) e um planejamento das atividades executadas, para que fosse possível a
idealização concreta, sem nenhuma falha no momento de confecção. Após o planejamento
recolhemos o material e ferramentas necessárias para iniciar a elabaroção. Para a construção foi
utilizado um caibro reaproveitado, o mesmo serviu com base para apoio de um laser e um nível
bolha (utilizado para nivelamento de pisos).
Para a elaboração da régua ou estádia, foi utilizada uma ripa de madeira, também
reaproveitada, nela foi fixada uma fita métrica de costura, para poder mensurar as medidas do nível.
RESULTADOS
A partir de testes realizados, foi possível observar que a diferença entre o nível óptico e o
nível de laser não foram relevantes. Essa tecnologia pode se tornar mais uma ferramenta que ajude
colher dados importantes sobre a área de cultivo para o planejamento agrícola.
A declividade máxima encontrada no terreno foi de 8 cm. Na tabela abaixo segue os valores
obtidos, comparados entre o nível óptico e o nível de laser.
3,01 5,95
5,0 6,0
6,05 6,02
8,0 7,04
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RAMALHO FILHO, A.; BEEK, K. J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. 3. ed..
Rio de Janeiro, EMBRAPA-CNPS, 1994. 65 p.
VERDE, Pensamento. Conheça o plantio em curvas de nível e seus benefícios para a agricultura: A
técnica é indicada para áreas em declive e ajuda a manter os nutrientes essenciais para o
desenvolvimento da produção, evitando erosões do solo. 2013. Disponível em:
<http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/conheca-plantio-curvas-nivel-beneficios-
agricultura/>. Acesso em: 31 ago. 2017.
RESUMO
O presente trabalho tenta mostrar o viés voltado para a educação ambiental com o intuito de
incentivar o cultivo e o consumo de alimentos orgânicos, de modo a garantir os benefícios que uma
alimentação livre de agrotóxicos pode trazer, bem como a utilização e entendimento sobre as
funções de plantas medicianis. Associado a isso, o papel socioambiental da Farmácia Viva em uma
instituição de ensino superior, garante o bem estar e acolhimento de todos os que fazem parte da
instituição, além de demostrar, na prática, a efetividade do ensino em ações. Portanto, este trabalho
foi realizado com o objetivo de instaurar uma horta de plantas medicinais e hortaliças para propiciar
um espaço de cultivo e propalação de informação acerca dos benefícios da Farmácia Viva.
Palavras-chave: Farmácia viva, educação ambiental, plantas medicinais.
ABSTRACT
The present work attempts to show the bias back to environmental education in order to encourage
the cultivation and consumption of organic food, to ensure the benefits that a free supply of
pesticides can bring, as well as the use and understanding of the functions of medicianis plants.
Associated with this, the social and environmental role of Pharmacy in an institution of higher
education, guarantees the welfare and accommodation of all who are part of the institution, in
addition to demonstrate in practice the effectiveness of teaching in actions. Therefore, this work was
performed with the goal of developing a garden of medicinal plants and vegetables to provide a
space for cultivation and information about the career traction units pharmacy benefit Alive.
Keywords: Live pharmacy, environmental education, medicinal plants.
INTRODUÇÃO
O Instituto Federal do Ceará, campus Quixadá está localizada a 5 km do centro urbano e
possui aproximadamente 800 alunos. Tendo como principal meio de transporte dos alunos o ônibus
coletivo, o percurso do IFCE até o centro da cidade torna-se um obstáculo para a obtenção de
remédios e atendimento médico rápido necessários para o combate de alguns sintomas comuns na
vida do aluno e de funcionários. Dessa forma, a Farmácia Viva surge como uma alternativa viável a
fim de fornecer medicamentos fitoterápicos de fácil e rápida obtenção para o combate às dores de
cabeça, cólica, doenças gastrointestinais, entre outras, sem a necessidade do deslocamento até a
cidade.
Sabe-se que a medicina através dos tempos, sempre lançou mão das plantas medicinais
como recurso natural. As práticas indígenas brasileiras, aliadas aos conhecimentos orientais, são
responsáveis, hoje, pela forte medicina popular brasileira. Muito inspirada nos rituais sobrenaturais,
esta medicina é, com certeza, a alternativa de muitos brasileiros, principalmente, em regiões com
infra-estrutura deficitária (LUCCA, 2004; NEVES et al., 2009).
A educação ambiental é uma alternativa para a solução de problemas ambientais, e tem
como fundamento a transformação individual e coletiva para garantir qualidade de vida ambiental e
humana (SATO, 1997).
Em paralelo, diante da demanda por alimentos, o uso de agrotóxicos e fertilizantes que
intensificam a produção em larga escala, vem ganhando cada vez mais aceitação por parte dos
produtores. No entanto, as consequências do uso indiscriminados desses tipos de produtos não têm
sido ponderadas. Alimentos que possuem esse tipo de produtos podem trazer inúmeros problemas
de saúde. Não obstante, os resíduos provenientes do uso intensivo de agrotóxico podem gerar
impactos ambientais causando desequilíbrios que, muitas vezes, podem ser irreversíveis.
Dessa maneira, o viés voltado para a educação ambiental que o projeto possui tem o intuito
de incentivar o cultivo e o consumo de alimentos orgânicos em casa, de modo a garantir os
benefícios que uma alimentação livre de agrotóxicos pode trazer. Associado a isso, o papel
socioambiental da Farmácia Viva em uma instituição de ensino superior, garante o bem estar e
acolhimento de todos os que fazem parte da instituição, além de demostrar, na prática, a efetividade
do ensino em ações.
Nessa perspectiva, a produção urbana de alimentos vem sendo cada dia mais aceita,
principalmente em países em desenvolvimento, envolvendo o cultivo de hortas, plantas medicinais,
aromáticas e ornamentais. A implantação dessas hortas em ambientes educacionais é um exemplo
do aproveitamento das áreas urbanas para a produção de alimentos, possibilitando a inclusão de
produtos naturais e a modificação dos hábitos alimentares de alunos e de toda a comunidade escolar
(MORGANO; SANTOS, 2008).
Magalhães (2003) afirma que utilizar a horta escolar como estratégia, visando estimular o
consumo de feijões, hortaliças e frutas, torna possível adequar a dieta das crianças. Outro fator
interessante é que as hortaliças cultivadas na horta escolar, quando presentes na alimentação
escolar, fazem muito sucesso, ou seja, todos querem provar, pois é fruto do trabalho dos próprios
alunos.
espécies de plantas que serão apresentadas, possuindo uma quantidade menor de conhecimento
cientifico sobre o assunto. Desta forma a participação dos alunos se dá desde a concepção da
organização do espaço e acondicionamento das mudas, e posteriormente será disponibilizado
conteúdo com a utilidade de cada espécie disponibilizada na farmácia viva.
O objetivo desse trabalho é implantar uma horta de plantas medicinais e hortaliças para
proporcionar um espaço de cultivo e disseminação de informação acerca dos benefícios da
Farmácia Viva.
METODOLOGIA
A realização deste trabalho foi dividida em etapas para o melhor sistematização. A primeira
etapa consistituiu na elaboração do projeto a partir de pesquisas na literatura em busca de
conhecimento sobre as ervas medicinais, com o objetivo de identificar as funções de cada erva. A
escolha das espécies seguiu o critério na qual o seu papel terapêutico e a existência das mesmas na
região contribuíram para a seleção.
A segunda etapa foi a divulgação interna do projeto. Essa etapa teve como objetivo
mobilizar os alunos a participarem das ações voltadas para a estruturação do espaço destinado à
Farmácia Viva, tendo como público principal, a turma de educação ambiental do semestre 2016.1.
Uma vez feita a divulgação e a mobilização dos alunos, a terceira etapa do projeto entrou em
ação com a construção da estrutura física da Farmácia Viva, a confecção e alocação dos canteiros, a
ornamentação, as sinalizações e os meios de informação impressos.
Em paralelo a construção do espaço físico, os alunos bolsistas do IFCE auxiliaram outro
grupo de alunos na produção de mudas.
Depois do plantio, e passado o tempo necessário para que as plantas se firmem como
componentes integrais da Farmácia Viva, foi iniciada a última etapa do projeto.
Na última etapa foi convidado uma turma de alunos do ensino básico, para visitar o espaço e
conhecer a funcionalidade ambiental do local. Nessa etapa foi realizada uma oficina educativa, e ao
finar foi distribuído mudas.
As plantas que serão incluídas no projeto estão listadas abaixo e são amplamente conhecidas
pela comunidade e já utilizadas para as aplicações mencionadas.
Erva Aromática
Chá quente e frio
Relaxante e boa
Erva Cidreira Melissa officinalis para o coração.
Utilizada para a
ansiedade e
depressão
Laxante,
Antiinflamatória,
Antibiótica,
Antiviral,
Anticârcinogênica,
Cicatrizante,
Babosa Aloe arborescens Antipruriginosa,
Hidratante,
Tônica,
Estimulante,
Anti-Helmíntica,
Emenagoga,
Emoliente.
antiescorpiônico e
ofídio
anti-reumático
antiasmático,
antibiótico,
Aveloz Euphorbia tirucalli L.
antibacteriano,
cáustico,
fungicida,
purgativo,
veneno.
Analgésica,
Anestésica,
Noni Morinda citrifolia Antidiabética,
Anti-Inflamatória,
Hipotensora.
Rouquidão
Circulação
Fraturas
Gripes
Varizes
Hemorroidas
Mastruz (Erva de Santa Chenopodium
Maria) ambrosioides L Tuberculose
Asma
Parasitas Intestinais
Repelente de
Insetos
Bronquite
Resfriados
Digestão
Nervosismo
Hipertensão
Inchaço
Depressão
O capim-santo Cymbopogon citratus
Agitação
Insônia
Infecções Da Pele
Aliviar Dor
Muscular
Antitumoral
Antifúngico e
antibacteriano (óleo
essencial)
Anti-inflamatório
Inibidor da
Peumus boldus Molina,
O boldo agregação
Monimiaceae
plaquetária (evita
coagulação
sanguínea)
Laxante suave
Antioxidante
Hepatoprotetor
Indigestão
Dores Estomacais
Câimbras
Hortelã Mentha piperita
Problemas Nervosos
Antisséptico
Analgésico
Cicatrização de
ferimentos
Gastrite
Corama Bryophyllum pinnata
Combate
inflamações
Bactérias
IRRITAÇÃO NA
BOCA
Após o fim da última etapa, a continuidade do projeto foi garantida através do apoio de um
bolsista que ficou responsável pelos cuidados da farmácia Viva, além de propor desdobramentos em
novas etapas do projeto.
As primeiras etapas de mobilização e conscientização acontecem sempre com o intuito de
garantir a permanência da Farmácia Viva e sua disseminação para as comunidades da região, sendo
esse um dos possíveis viés que da continuidade ao projeto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Hodiernamente, a crise ambiental é refletida pelo fato de maior parte da população brasileira
viver em cidades. Assim, sendo necessária uma reflexão sobre os possíveis desafios para
proporcionar uma mudança em torno da questão ambiental numa perspectiva contemporânea.
Nesse contexto cabe destacar que a educação ambiental assume cada vez mais uma função
transformadora e o educador tem a função de mediador na construção de referenciais ambientais e
deve saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no
conceito da natureza.
Atrelado a isso, a Farmácia Viva tem papel socioambiental relevante em uma instituição de
ensino superior, assegurando o bem estar e receptividade de todos os que fazem parte desta
insituição, demonstrando, também, a efetividade do ensino em ações.
REFERENCIAS
RESUMO
A utilização de espaços não formais hoje é bem mais visada do que há décadas, esses espaços
podem ser usados como facilitadores de aprendizado. O objetivo deste trabalho é divulgar um relato
de experiência com palestras de sensibilização ambiental na Serra do Torreão, no município de João
Câmara/RN, um espaço não-formal de ensino, bem como discutir a importância da utilização deste
espaço para inserção da temática ambiental na prática docente. A palestra foi aplicada na Serra do
Torreão com 90 alunos de duas escolas públicas no município de João Câmara/RN. Ação foi
desenvolvida em dois momentos: primeiramente, foram escolhidas as temáticas a serem abordadas
na área e, no segundo momento, ocorreu às palestras que tiveram foco em aspectos ligados às
características da área, bioma Caatinga. Alguns estudantes demonstraram conhecer um pouco sobre
as histórias envolvendo a Serra do Torreão e seus aspectos culturais e regionais, mas não conhecem
com propriedade alguns conceitos relacionados a fatores bióticos e abióticos. Foi possível notar que
esse tipo de atividade despertou nos estudantes curiosidade sobre a temática, por se tratar de uma
área próxima do seu cotidiano. Embora seja um desafio romper os muros da escola para alguns
professores, essa atividade se mostrou atrativa para os discentes, pois eles puderam explorar
conceitos sistematizados das mais variadas disciplinas usando um único espaço, portanto, se
demonstra a riqueza de aspectos que podem ser discutidos e trabalhados.
Palavras-chave: Conscientização ambiental. Serra do Torreão. Município de João Câmara.
ABSTRACT
The use of non-formal spaces today is much more targeted than for decades, these spaces can be
used as facilitators of learning. The aim of this work is to report a case studies with environmental
awareness lectures in Serra do Torreão, in the municipality of João Câmara/RN, a non-formal
educational space, where they boarded the basic concepts in the environment, as well as discuss the
importance of using this space for insertion of environmental-themed on teaching practice. The
lecture was applied in the Serra do Torreão do with 90 students from two public schools in the
municipality of João Câmara/RN. Action was developed in two moments, in the first stage were
chosen the themes to be addressed in the area and the second moment occurred the lectures which
had a focus on aspects of the characteristics of the area, focusing in the Caatinga biome. Some
students demonstrated knowing a little about the stories surrounding the Serra do Torreão and its
cultural and regional aspects, but did not know with some property related concepts the biotic and
abiotic factors. It was possible to note that this type of activity has aroused students curious about
the subject, because it is an area close to your daily life. While it is a challenge to break the walls of
school for some teachers, this activity proved to be attractive to the students because they might
explore systematic concepts from various disciplines using a single space, so if demonstrates the
wealth of things that can be discussed and worked.
Keywords: Environmental awareness. Serra do Torreão. João Câmara municipality.
INTRODUÇÃO
Os espaços não-formais de ensino são qualquer espaço utilizado com finalidade educacional
e que não esteja dentro da escola (JACOBUCCI, 2008). Atualmente, a utilização de espaços não-
formais é bem mais visada do que há décadas, pois compreendemos que na educação,
principalmente do ensino de Ciências, os espaços não-formais de ensino podem ser usados como
facilitadores de aprendizado.
Em se tratando da Educação Ambiental (EA), a literatura nos mostra diversos relatos de
experiência utilizando espaços não-formais de ensino para promover o processo de sensibilização
ambiental. Chagas (2011) destaca como espaços naturais podem ser utilizados para promover o
processo de compreensão da natureza através das trilhas interpretativas.
No entanto, não é apenas em espaços naturais que se pode promover a sensibilização
ambiental. Hoje sabemos que isso pode ser feito com indivíduos de todas as localidades sendo
ambientes naturais ou até urbanos. Jacobucci (2008) classifica os espaços não-formais em
institucional ou não institucional. Como o próprio nome sugere, os espaços institucionais são
Centros de Ciências, museus, parques, dentre outros e estes estão, portanto, ligados a uma
instituição regularmente registrada como órgão, com finalidades bem estabelecidas. Já os espaços
não-formais não institucionais são áreas públicas ou privadas que podem ser utilizadas para uma
determinada finalidade, embora elas não sejam ligadas a uma instituição. No caso da atividade
relatada neste trabalho, utilizamos de um espaço não-formal não institucional, ou seja, ambiente
natural.
Pretendia-se, portanto, utilizar o espaço natural para promover a sensibilização ambiental
nos estudantes de duas escolas públicas. Para GUIMARÃES (2004) a sensibilização ambiental é
entendida como um processo longo e contínuo de incorporação de conceitos ligados à área
socioambiental estabelecendo conexões entre as ―causas e os efeitos‖. Esse olhar mais sensível a
essa temática é fundamental para atingir a conscientização (CONRADO; CHAGAS; SILVA, 2016).
Portanto, a Educação Ambiental surge como corrente educacional que visa promover a
compreensão das dinâmicas socioambientais, bem como o papel humano como agente
transformador do espaço, além de levantar questionamentos que fazem o sujeito refletir sobre suas
práticas (CHAGAS, 2011).
Acreditamos que espaços não-formais de ensino são excelentes lugares para promover o
processo de sensibilização ambiental com diferentes públicos, pois é diante de espaços naturais que
fica claro as múltiplas relações ecológicas e sociais e a compreensão desses conceitos pode levar os
indivíduos a mudar suas posturas sendo agentes ativos e participativos (XAVIER; FERNANDES,
2008).
Pensando nisso, a proposta da palestra de sensibilização ambiental na Serra do Torreão,
localizada no município de João Câmara/RN, a 80 km de Natal, foi elaborada por licenciando em
Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e contou com a
parceria de duas escolas públicas do estado do Rio Grande do Norte. A iniciativa teve como
finalidade abordar conceitos ligados a temática ambiental, como eixo transversal no ensino, de
modo a promover criticidadade e comprometimento, por parte dos discentes, com o desejo de
preservação da área como espaço natural e de grande importância socioambiental. O contato com a
serra possibilitou, abordar conceitos básicos em meio ambiente, com foco em aspectos
vegetacionais e faunísticos do Bioma Caatinga.
Assim, o objetivo deste trabalho é divulgar um relato de experiência com palestras de
sensibilização ambiental na Serra do Torreão, no município de João Câmara/RN, um espaço não-
formal de ensino, onde foram abordaram os conceitos básicos em meio ambiente, bem como
discutir a importância da utilização deste espaço para inserção da temática ambiental na prática
docente.
METODOLOGIA
Para a aplicação desta ação, a coordenação pedagógica das Escolas Estaduais Professora
Marluce Lucas e Capitão José da Penha, situadas no município de João Câmara/RN entraram em
contato com um licenciando em Ciências Biológicas (segundo autor) para estabelecer temáticas a
serem abordadas ao longo da palestra.
As ações desenvolvidas com os alunos dessas escolas ocorreram em dias diferentes, mas
seguiam a mesma metodologia. A proposta foi dividida em duas etapas. Na primeira etapa, foram
estabelecidas as temáticas a serem discutidas na ação, bem como foram providenciados os termos
de autorização dos pais e alguns dados dos alunos. Na segunda etapa, os alunos foram conduzidos
até a área onde a Serra do Torreão está localizada. Antes de subir à serra, o licenciando orientou os
estudantes acerca dos riscos, procedimentos e cuidados que deveriam tomar durante a escalada. A
professora de Educação Física da escola fez uma atividade de aquecimento com os alunos, para
evitar dores musculares durante o percurso. Para iniciar a palestra, o licenciando usou a abordagem
do Ensino Construtivista, assim como explicado no trabalho de Carretero (1997), que parte dos
conhecimentos prévios para construir e sistematizar conceitos, colocando o aluno em posição de
destaque no processo de ensino-aprendizagem; para tanto, foram lançados questionamentos A partir
dos questionamentos aos estudantes foi possível ao licenciando conduzir a proposta (MEZZARI,
2011). As crianças contempladas cursavam entre o 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental,
totalizando em média 90 alunos.
O licenciando iniciou a palestra questionando sobre a área, perguntou se alguém conhecia a
serra; se já tinha ido outras vezes com a instituição. Em seguida, prosseguiu perguntando se eles
poderiam falar alguma história ou lenda que retratasse a serra. Depois, deu prosseguimento
perguntando se os alunos sabiam caracterizar fatores bióticos e abióticos, ecossistema e bioma;
perguntou se sabiam como classificar a área que estavam explorando; e finalizou falando da
importância da conservação da Serra do Torreão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o percurso foi possível perceber que maioria dos alunos conhecia a área, ao chegar
à localidade, depois de dado todos os informes, os alunos foram conduzidos até o cume da serra, ao
chegar lá, antes de dar início à palestra, observando o entusiasmo dos alunos por estarem
explorando a Serra, foi perguntado o que eles sabiam sobre ela.
Os estudantes falaram sobre os abalos sísmicos que ocorreram na década de 80 no município
e sobre as pessoas daquela época que acreditavam que se tratava de um vulcão que estava entrando
em atividade; outros alunos sabiam sobre as lendas envolvendo a área, tal como a do Torreão
Cachimbando: contaram que há muito tempo, um homem subiu a serra para caçar levando consigo
seu cachimbo o qual tinha o hábito de sair de casa fumando e em uma de suas caçadas ele não
voltou para casa. Um tempo depois as pessoas que moravam próximo a Serra observaram uma
fumaça vindo do cume da Serra, ao chegar lá encontraram o corpo do caçador, desde então
acreditam que quando ocorre alguma fumaça no cume da Serra é o cachimbo do homem que lá
morreu.
Aproveitando a lenda da Serra do Torreão Cachimbado, de forma simples, o licenciando
explicou aos alunos o fenômeno meteorológico que se relaciona ―fumaça do cachimbo‖ que se
observa saindo do cume do Torreão, ocorre naturalmente nas serras quando as temporadas de
inverno são mais intensas, em dias muito frios nas primeiras horas da manhã é fácil observar um
nevoeiro se propagando ao redor da Serra. É importante trazer para eles a visão física desse
fenômeno, visto a curiosidade sobre essa lenda que permeia a cidade está diretamente ligada aos
aspectos culturais do povo local.
Em seguida, para dar início a palestra foi levantada questionamentos acerca de assuntos
sobre o ecossistema. As indagações foram sobre conceitos de fatores bióticos e abióticos dentro de
um ecossistema e, a partir das características da serra, em qual bioma está se enquadraria.
Posteriormente, foi perguntado acerca dos problemas ambientais relacionados à Serra. Os
estudantes da E. E. P. Marluce Lucas não souberam responder, enquanto os alunos da E. E. Capitão
José da Penha demonstraram que sabiam conceitos de ecossistemas e biomas. Tal fato pode ser
explicado porque os professores já tinham trabalhado essa temática em sala de aula, mas quanto aos
fatores bióticos e abióticos, não tinham respostas.
O quadro 1 sintetiza os aspectos debatidos durante a palestra e a quais escolas pertenciam os
alunos que tinham conhecimento sobre tais conceitos. É importante mencionar que não foi
fornecido nenhum instrumento de coleta de dados aos estudantes para que eles registrassem se
sabiam ou não, portanto, o registro foi feito a partir dos questionamentos sobre o conhecimento
prévio feito durante a palestra, e assim, foram observadas e registradas pelo próprio palestrante.
Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do ano de 2011
apontam que a E. E. Capitão José da Penha teve um desempenho melhor (2.8) do que a E. E.
Professora Marluce Lucas (1.6), segundo avaliação do INEP (2011). Esse dado revela um índice
baixo de ambas às instituições de ensino, embora uma tenha um desempenho um pouco superior.
Portanto, fornece indicativos que justifiquem os resultados evidenciados durante a palestra.
Os alunos das duas escolas demonstraram ter conhecimento comum sobre os problemas
ambientais encontrados na área; isso se deu talvez pelo fato pelo ensino dessa problemática nas
escolas, como também pode ser acompanhada através de informações trazidas por emissoras de
rádio e TV. Os estudantes citaram e explicaram pontos em comum, tais como queimadas, indícios
de atividade mineradora para extração de pedras para pavimentação, atividades pecuárias,
desmatamentos para abertura de trilhas, descarte inadequado de resíduos sólidos e caça ilegal de
animais silvestres.
Chagas (2011) afirma que o sentimento de pertencimento do meio, faz com que as pessoas
possam compreender melhor as questões envolvendo a natureza. Para isso, são necessárias
estratégias que dinamizem a construção de conceitos sistematizados para elevar o nível do
conhecimento ambiental dos espaços naturais (MORALES et al., 2012; MEDEIROS et al. 2011).
Reconhecemos que seriam necessárias outras atividades para desenvolver conscientização
dos estudantes, pois seria necessário um processo contínuo de fundamentação teórico e prático para
conduzir esses discentes à formação de um sujeito ecológico (CARVALHO, 2012). Mesmo se
tratando de uma única ação por escola e de uma atividade pontual, essa palestra pode ter
sensibilizado os alunos acerca da importância de compreender as finalidades da Educação
Ambiental.
Em se tratando de espaços naturais, eles fornecem uma apropriação melhor dos conceitos a
serem abordados dentro da prática pedagógica, pois aproxima os sujeitos do objeto de estudo
(JACOBUCCI, 2008). Chagas (2011) afirma que ambientes assim são importantes porque
despertam nos visitantes o desejo de proteger, em função do desejo de uma maior compreensão da
dinâmica da área.
Morales et al. (2012) afirma que a utilização de áreas ambientais somados com
metodologias dinâmicas possibilitam relação íntima que auxilia na compreensão da área, e em se
tratando estudantes que não tenham conhecimento sobre a serra, é possível mostrar alguns aspectos
ligados às características da área e, desta forma, se apropriar deles como um organizador prévio,
sendo possível construir novos conceitos que se ancoram, como se fossem uma espécie de ligação
cognitiva, que auxilia na aprendizagem de novas informações (MOREIRA, 1999; SALLES, 2007).
Por se tratar de um ambiente natural é possível discutir problemáticas que podem ser
evidenciadas, isso contribui para formação do sujeito ecológico (CARVALHO, 2012). Para Tamaio
e Layrargues (2014), trabalhar com espaços naturais é fundamental para estabelecer o vínculo de
pertencimento, fundamental para construção de ideias conservacionistas que promovam a
efetivação da proteção, de modo a não excluir as relações sociais da área com a comunidade local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível notar que esse tipo de atividade despertou nos estudantes curiosidade sobre a
temática, por se tratar de uma área próxima do seu cotidiano. A consciência é o ponto inicial para o
conhecimento ambiental, levando a uma mudança no comportamento socioambiental e ao
desenvolvimento de novas habilidades que podem ser passadas como alternativas as atividades que
até então eram danosas ao meio ambiente. Além disso, a disseminação desse conhecimento leva a
participação coletiva, aspectos entendidos como os objetivos da EA.
Embora seja um desafio romper os muros da escola para alguns professores, essa atividade
se mostrou atrativa para os discentes, pois eles puderam explorar conceitos sistematizados das mais
variadas disciplinas usando um único espaço. Foi possível promover neste espaço natural uma
apropriação das informações da Educação Ambiental, fundamental para construção de sujeitos
críticos e participativos dentro das transformações da sociedade contemporânea. Portanto, a Serra
do Torreão é um espaço dotado de múltiplos aspectos a serem abordados nas práticas escolares.
REFERÊNCIAS
CARRETERO, M. Construir e Ensinar as Ciências Socias / historicas. São Paulo: Artmed, 1997.
TEIXEIRA. IDEB – Resultados e Metas: E. E. Professora Marluce Lucas. 2011. Disponível em:
<http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resultado.seam?cid=6767140 >. Acesso em: 02 mar.
2016.
RESUMO
As plantas advindas de um bioma externo (exóticas), podem trazer impactos em grande escala,
podendo até levar à extinção de espécies naturais da área atingida. Esse assunto não vem sendo
debatido de forma apropriada nos livros didáticos e muito menos na formação dos docentes. O
presente trabalho teve como objetivo avaliar a percepção dos professores dos ensinos Fundamental
e Médio sobre a flora nativa e exótica da Caatinga. Os dados foram coletados por meio de um
questionário semiestruturado contendo cinco questões, aplicado a 19 professores que lecionam em
escolas da cidade de Crateús-CE. Os dados obtidos indicam que o tema é pouco abordado na sala de
aula, assim, pouco se discute sobre os problemas ambientais sofridos e a presença de espécies
vegetais exóticas da Caatinga. Apesar de serem conscientes da importância do Bioma Caatinga e do
ensino do mesmo, grande parte dos entrevistados não está preparada para abordar tal temática
devido à falta de auxílio do livro didático e de formação adequada.
Palavras-chave: Docência. Vegetação Endêmica. Educação Ambiental.
ABSTRACT
Exotic plants can impact on a large scale, and may even lead to the extinction of native species.
This subject has not been properly debated in textbooks, much less in the teacher training. The
present work had as objective to evaluate the perception of the teachers of Elementary and Middle
School about the native and exotic flora of the Caatinga. Data were collected through a semi-
structured questionnaire containing five questions, applied to 19 teachers who teach in schools in
the city of Crateús-CE. The data obtained indicate that the subject is little approached in the
classroom.Thus, little is discussed about the environmental problems that the biome suffers from
the presence of exotic plant species. Although they are aware of the importance of the Caatinga
Biome and its teaching, most of the interviewees are not prepared to address this issue due to the
lack of teaching aid and adequate training.
Keywords: Teaching. Endemic Vegetation. Environmental Education.
INTRODUÇÃO
xerófilas e cactáceas com folhas modificadas em acúleos e espinhos, além de vegetação com raízes
profundas que propiciam a presença de folhas durante a falta de chuva (LINHARES;
GEWANDSZNAJDER, 2014).
O Bioma Caatinga além de apresentar espécies únicas, possui características diferenciadas
com variedade em fauna e flora, mas, necessita de formas de sustentabilidade e estudos que visem a
preservação para que se mantenha essa riqueza ambiental (ALVES; ARAUJO; NASCIMENTO,
2009). Esse Bioma deteriora-se, ainda mais, por não ser tão conhecido, porém, isso não o torna
menos diversificado. Contudo, observa-se um desenvolvimento de conhecimento nos últimos anos,
sobretudo, sobre sua biodiversidade (BRASIL, 2017b). A biodiversidade da Caatinga vem sendo
ameaçada com o aumento desordenado de espécies não nativas nesse ambiente. A presença de
plantas exóticas é a segunda maior ameaça à biodiversidade, sendo ultrapassado apenas pela
destruição antrópica de habitats. Assim, exige-se maior cuidado em seu manejo, devido possuírem
alto potencial invasor (ZILLER, 2000).
Espécies exóticas podem trazer impactos em grande escala na vida das pessoas, sejam eles à
saúde humana, à economia e às comunidades biológicas (BRASIL, 2017a). Dentre essas alterações
evidencia-se que são afetadas a estrutura, a composição, a diversidade das espécies locais, e em
pontos com maior presença de espécies invasoras, ocorre a extinção de espécies nativas, o que torna
a comunidade empobrecida (ANDRADE; FABRICANTE; OLIVEIRA, 2010).
Percebe-se que a introdução de plantas exóticas no Bioma Caatinga não vem sendo debatida
de forma apropriada e difundida. A forma como está sendo apresentado tal assunto nos livros
didáticos não é satisfatória, e ainda há pouca formação dos educadores. Dessa forma, observa-se
que essa problemática tem início na formação dos docentes, devido não possuírem um
conhecimento mais amplo sobre o Bioma (LUZ et al., 2009). É importante que haja mais
intensidade, pelos meios educativos, na divulgação de informações sobre impactos ambientais
causados através da implantação de espécies exóticas (ESTON et al., 2006).
Uma maior atenção deve ser indispensável quanto à invasão biológica, processo de chegada
de espécies de outros Biomas que podem causar impactos na forma de vida das pessoas, tendo em
vista que esta é uma das maiores ameaças à biodiversidade, e trazem real perigo de desequilíbrio
para os ecossistemas (BRASIL, 2009).
Os discentes devem estar inteirados quanto às problemáticas ambientais, desta maneira, há
necessidade, tanto no ensino de Ciências quanto em Biologia, que o estudo esteja ligado aos debates
atuais, além de buscar uma contextualização nos assuntos abordados, e formas mais atrativas para
evidencia-los aos alunos (LUZ et al., 2009).
As plantas trazidas de Biomas diferentes por intervenção humana são consideradas exóticas
independente da sua função, seja essa chegada planejada ou não (HOROWITZ; MARTINS;
MACHADO, 2006). As plantas são consideradas espécies invasoras a partir da adaptação ocorrida
ao novo hábitat, e posterior, passa a ameaçar a biodiversidade nativa, devido sua facilidade de
dispersão e colonização (ZILLER, 2001; HOROWITZ; MARTINS; MACHADO, 2006).
Atualmente, as barreiras que dificultam a entrada de espécies exóticas já não existem, como
barreiras biogeográficas. A medida que os seres humanos habitam novos ambientes, levam consigo
novas espécies não naturais do Bioma e condicionam a dispersão em massa (BRASIL, 2017a).
Centros urbanos não estão livres da introdução de espécies exóticas, e tem como
responsáveis por esse ato a própria população, e dessa forma não se exclui a oportunidade dessa
quantidade de espécies não nativas, que já é grande, crescer ainda mais (BIONDI; PEDROSA-
MACEDO, 2008).
A constante substituição de vegetação nativa por exótica é um fato que não tem afetado
apenas os centros urbanos. Uma espécie exótica invasora conhecida como Alamanda Roxa
(Cryptostegia madagascariensis), espécie de fácil propagação e rápida dispersão, tem causado
morte de várias espécies naturais da região litorânea cearense, a exemplo da Carnaúba (Copernicia
prunifera). É originária de Madagascar e foi introduzida no Brasil como planta ornamental (LOGES
et al., 2013; SILVA, 2013).
A Algaroba (Prosipis juliflora), é uma planta considerada exótica invasora que, em grandes
áreas do Bioma Caatinga, predomina em relação a outras espécies. Possui maior capacidade de
competição, que favorece à eliminação de espécies naturais do ambiente, e ainda impede que se
estabeleçam novas espécies em seu entorno, de modo a empobrecer a diversidade de espécies
(PEGADO et al., 2006; ANDRADE; FABRICANTE; OLIVEIRA, 2010).
O crescente aumento da população de P. juliflora é algo concreto, cujas consequências ainda
não podem ser projetadas devido a poucos estudos relacionados à introdução de espécies não
nativas em outros ambientes (PEGADO et al., 2006).
Faz parte das espécies exóticas presentes neste Bioma a cactácea palma forrageira (Opuntia
cochenillifera) que possui grande importância no semiárido, pois através do manuseio correto pode
alcançar alta produtividade, principalmente para alimentação animal (SANTOS et al., 2013;
ALMEIDA; PEIXOTO; LEDO, 2012).
O Nim (Azadirachta indica) é uma árvore natural da Índia, e estudos envolvendo abelhas-
europeias (Apis mellifera), indicam que as flores desta árvore possuem toxidade suficiente para
matar as mesmas. Por apresentar propriedades repelentes esta planta chega a causar prejuízo aos
animais e vegetais. Foi introduzida no Brasil com o intuito de amenizar as questões ambientais, tais
como minimizar do uso de agrotóxico, fazendo-se uso de seus princípios ativos como inseticida
(MOURA; SOARES, 2006).
Outra espécie exótica bem presente neste Bioma é a Mangueira (Mangifera indica), árvore
frondosa que pode chegar a 30 metros de altura. Dentre as características que fazem com que a
mesma se dissemine encontra-se a característica de permanecer sempre verde, devido sua boa
adaptabilidade aos fatores físicos da Caatinga, além de seus frutos, que podem chegar a mais de um
quilo (BRASIL, 2017c). Para eliminação de espécies exóticas como essa, podem ser utilizadas
técnicas como o anelamento, que consiste na retirada em círculo da casca do caule da planta,
(LEÃO, 2017). Esse meio é utilizado com o intuito de evitar que ocorra destruição de outras
vegetações, como ocorreria na derrubada da mangueira, de forma que a eliminação do indivíduo
ocorre lentamente.
Apesar da técnica permitir o controle das espécies invasoras, percebe-se que esse
procedimento é lento e gradativo, e um caso foi observado na Reserva Particular do Patrimônio
Natural Serra das Almas (SILVA, 2007). Quando se trata de espécies como mangueira, tal
procedimento é visto como negativo, pela sociedade, de modo que as mesmas servem de abrigo
para animais, é fonte de alimento, tanto animal quanto humano dentre outras utilidades.
UNIVERSO DA PESQUISA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
nas escolas. Explanam que um dos principais motivos é porque o livro didático não traz um vasto
conteúdo, como mostrado nos relatos a seguir, que serão nomeados pelas siglas ―E1‖, ―E2‖…, para
representação dos resultados e resguarde da identidade dos entrevistados:
Não, pois somos muito cobrados para ministrar os conteúdos do livro didático que pouco
relata sobre o nosso Bioma [...] (E2).
Não. Talvez pela questão do assunto vir resumidamente no livro didático e somente ser
trabalhado quando o momento requer atenção (E7).
Não, pois nós, professores, estamos muito presos ao livro didático. Deveria haver mais
formação a respeito do Bioma Caatinga (E11).
Mesmo que o Bioma Caatinga não seja discutido de forma adequada no livro didático, com
informações atuais, outros meios devem ser planejados para que essa informação chegue aos
alunos. Dentre as opções viáveis existem, formação continuada de professores, uso de materiais
didáticos que expressem informações sobre as riquezas naturais do Bioma, sua conservação,
degradação, e soluções alternativas para enfrentar a estiagem (MATOS; LANDIM, 2014).
Apesar de haver outras formas de ocorrer a disseminação da informação sobre o Bioma, o
livro didático continua sendo a principal fonte do professor. Assim, mesmo que parte dos discentes
de escolas públicas mostre interesse por informações sobre o Bioma Caatinga, o assunto é tratado
de maneira reduzida e limitada (NASCIMENTO; MACHADO; DANTAS, 2015).
É notório que os diferentes Biomas possuem suas peculiaridades, e reconhecendo essas
diferenças, os docentes foram questionados se os problemas enfrentados pelo Bioma Caatinga eram
tão graves quanto os enfrentados pela Floresta Amazônica, de modo que 17 concordaram sobre a
existência de problemas sofridos pela Caatinga. Para alguns docentes (3) os estudos feitos na região
pouco podem contribuir devido a informação não chegar à sociedade, como percebido nas citações:
Um dos principais problemas enfrentados pela Caatinga, observados pelos professores (7), é
o processo das queimadas das matas, técnica usada indiscriminadamente na agricultura da área,
como observado nas respostas seguintes:
Sim. Existem vários fatores que mostram a degradação desse Bioma, devido a diversos
fatores como queimadas (para agricultura), caça, etc. (E8).
Sim. Queimadas indevidas, tráfico de plantas de diversas espécies, inserção de plantas
exóticas que prejudicam as plantas nativas (E10).
Sim, principalmente pelo aumento de queimadas e caça predatória (E11).
abordagem de tais situações pelos professores de Ciências, voltado à vivência dos alunos, é de
elevada contribuição (ARAÚJO; SOUSA, 2011).
Com o objetivo de identificar o conhecimento dos docentes a respeito da vegetação exótica
no Bioma, mostrou-se uma lista com diversas espécies nativas da Caatinga (19) e outras exóticas
(11), porém, muito presentes na região. De acordo como observado, verificou-se que a maioria dos
entrevistados (13) detinham conhecimento ao menos de uma espécie vegetal exótica, sendo o Nim
(Azadirachta indica) o mais citado (Figura 1). As espécies exóticas e/ou invasoras do gráfico estão
identificadas por * (asterisco).
Esperava-se que os professores deveriam conhecer o Bioma do qual fazem parte, porém, os
dados indicam um baixo conhecimento na temática. O Nim ser reconhecido por 13, dos 19
participantes, pode ser resposta das intensas campanhas a respeito da espécie, seja nos malefícios
causados na apicultura, seja no seu potencial invasor, e sua recente chegada na região.
Mesmo não podendo se estipular um percentual adequado de conhecimento sobre espécies
exóticas e/ou invasoras pelos participantes, o sensato seria que os docentes tivessem bom
conhecimento a respeito da temática, já que é de grande importância para debate do assunto em sala
de aula. Contudo, os dados encontrados indicam uma pequena percepção a respeito do assunto.
Tendo em vista que os conhecimentos adquiridos pelos alunos no processo de formação
escolar são de grande valia para torná-los futuros cidadãos, é importante que os professores tenham
conhecimento dos assuntos que devem tratar em aula sobre a Caatinga. Por se tratar de um Bioma
em constante processo de aprendizado, e para que haja aprendizado quanto a sua diversidade, é
necessário conhecer ao menos as espécies exóticas mais presentes na região, para que as
informações sejam tratadas com clareza para o entendimento por parte da sociedade.
Relacionado as indicações feitas pelos docentes, percebe-se que as espécies que foram
introduzidas no Bioma há mais tempo apresentam uma tendência a serem menos citadas, como
observado na Figura 1. Esse fato pode estar ligado aos inúmeros espécimes existentes nas diversas
áreas e pouca discussão a respeito da invasão biológica.
A Palma, por exemplo, é uma espécie exótica, porém, só foi citada por 3 professores. A
adaptabilidade ao semiárido e a grande fonte alimentícia de rebanhos na Região Nordeste pode
levar os docentes a acreditarem que a cactácea se trata de uma espécie nativa, e confirma a pouca
abordagem do tema.
Ressalta-se a indicação dos vegetais nativos Mandacaru (Cereus jamacaru) e Xiquexique
(Pilosocereus polygonus), como sendo exóticos, por 4 entrevistados, e dessa maneira confirma que
falta discussão a respeito da temática.
Ao serem indagados se a questão de plantas e animais exóticos deveriam ser melhor
explorados nos conteúdos, 100% dos professores entrevistados (19) reconheceram que essa
abordagem deveria ser difundida.
Em uma pesquisa desenvolvida com professores do semiárido nordestino, verificou-se que
os mesmos conhecem a flora nativa do Bioma Caatinga, mesmo assim, se equivocaram em citar
espécies não típicas, por apresentarem potencial farmacêutico, alimentício e madeireiro. A grande
presença de algumas espécies exóticas pode causar uma ilusão de serem naturais por suas
finalidades e adaptabilidade ao ecossistema (SANTOS et al., 2013). Percebe-se que a presença de
uma espécie que foi implantada na Caatinga há muito tempo, é fator para que seja considerada
nativa por grande parte da população, devido às suas características adaptativas e à falta de
informação em geral.
Com relação à segurança que o professor sente ao abordar um tema transversal como o da
inserção de espécies exóticas e/ou invasoras, 11 afirmaram se sentirem confortáveis para tratar do
assunto. Porém pode ser considerada uma quantidade pequena, tendo em vista a importância do
tema, pois a introdução de espécies vegetais não oriundas do Bioma Caatinga pode prejudicar as
nativas, e causar extinção de espécies da flora e fauna endêmica na região.
É importante que os educadores de ciências e biologia sejam capazes de desenvolver aulas
que abordem temas voltados ao convívio no Bioma local, fazendo surgir nos alunos hábitos
sustentáveis e que se tornem defensores do ambiente em que vivem.
Ao indicarem não se sentirem confortáveis, dos 8 (oito) que afirmaram esse ponto, 4
(quatro) expõem uma argumentação já mencionada anteriormente, que é a falta de formação no
assunto, como pode se perceber nas falas a seguir:
Nós não somos capacitados, pois somos poucos para muito que temos a lecionar, pois os
conteúdos do livro didático tem que ser repassado e somos cobrados por tais. Assim fica
difícil para os professores ensinar tais temas (E2).
Não, pois não há formação na área. Se tivesse curso com essa finalidade daria para
trabalhar perfeitamente com o tema em questão (E11).
Não. Poderiam ser criados cursos de capacitação para que os professores fossem
capacitados a falar sobre o assunto (E13).
Deve-se ainda ressaltar que as escolas devem ter a percepção da fragilidade dos livros
didáticos nessa abordagem. Dos profissionais encontram-se dois que mesmo não sendo capazes ou
seguros de trabalhar a questão em sala de aula, afirmam que as escolas desenvolvem projetos com a
temática, como curso voltado a Educação Ambiental, trabalho de manejo e reconhecimento de
espécies nativas e palestra com membros de instituição que trabalham o Bioma.
Apesar da temática não ser bem explorada em aulas de ciências e biologia, há escolas que
desenvolvem projetos no contexto do Bioma Caatinga, mostram na prática a utilização de espécies
nativas para a preservação da flora da região, e a importância de se preservar o Bioma através dessa
proximidade do aluno, como se observa na fala dos docentes:
A escola desenvolve o projeto de Farmácia Viva desde 2016. Temos uma cartilha e agora
iniciamos a etapa de planto (E3).
[...] a ecologia é estudada não apenas para provas do ENEM ou do Vestibular, mas como
um ―Curso de Educação Ambiental‖, para o fortalecimento da consciência crítica ecológica
participativa... (E18).
Ações que aproximam os alunos da realidade são muito aceitáveis, de modo que o
conhecimento prático adquirido pelos alunos se torna mais concreto, e essa é uma tarefa da escola.
De acordo com Abílio, Florentino e Ruffo (2010) existe a necessidade de que a escola faça o elo de
ligação entre a sociedade, alunos e professores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
_______. Ministério do Meio Ambiente. Espécies Exóticas Invasoras. 2017. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/Biomas/Caatinga>. Acesso em: 20 abr. 2017.
GISP – Programa Global de Espécies Invasoras. América do Sul invadida: a crescente ameaça das
espécies exóticas invasoras. Gisp, p. 80. 2005.
LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia Hoje. 2. ed. São Paulo: Editora Ática, 2014.
312 p.
MOURA, M.; SOARES, T. Nim: uma árvore de muitas utilidades. 10. ed. Ouricuri. Caatinga,
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MATOS, E. C. A.; LANDIM, M. O Bioma Caatinga em Livros Didáticos de Ciências nas Escolas
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SANTOS, P. J. A.; SILVA, M. M. P.; COUTO, M. G.; BORGES, V. G. Relação entre a percepção
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utilização de espécies exóticas: o caso do bairro Centro de Pato Branco/PR. Scientia Agraria. v.
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ZILLER, S. R.. 2001. Plantas exóticas invasoras: a ameaça da contaminação biológica. Revista
Ciência Hoje, São Paulo, v. 30, n. 178, p. 77-79, 2001.
RESUMO
No Brasil, o acúmulo de resíduos sólidos tem sido alarmante, podendo tal acúmulo ocasionar
problemas de saúde e gerar graves danos ao meio ambiente, principalmente quando o descarte é
feito de maneira indevida, contaminando assim, de forma direta e indireta o solo, gerando
consequências que pode variar de pequena a grande escala, desde alagamentos a danos irreversíveis
ao solo. Em vista deste cenário, é primordial exercer ações de conscientização aos discentes, em
razão das implicações ambientais, que podem ser ocasionadas pelo descarte incorreto de resíduos
sólidos e, com isso, apresentar possibilidades de reciclagem. Sob essa perspectiva, o docente deve
proporcionar aos discentes uma compreensão do conhecimento químico associada às questões
socioambientais. Sendo assim, essa pesquisa teve como objetivo aplicar ações, no Ensino de
Química, como a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e o uso da
experimentação, fazendo uso de materiais alternativos reciclados e de baixo custo, no intuito de
despertar uma conscientização, sobre o consumo, o descarte e a reutilização de resíduos sólidos,
para um favorecimento de uma aprendizagem significativa nessa disciplina, com foco na Educação
Ambiental. O trabalho foi desenvolvido e aplicado em uma turma do 1º ano do Ensino Médio, de
uma escola estadual, situada no município de João Pessoa, no estado da Paraíba. Os métodos
utilizados foram embasados na metodologia qualitativa e de cunho participante. Os resultados
indicaram a efetividade da metodologia aplicada e mostraram uma boa assimilação do conteúdo por
parte do alunado.
Palavras-Chave: Ensino de Química, Educação Ambiental, Materiais Alternativos, Reutilização.
ABSTRACT
In Brazil, the accumulation of solid waste has been alarming, and such accumulation can cause
health problems and generate serious damages to the environment, especially when the disposal is
done in an improper way, thus contaminating, directly and indirectly the soil, generating
consequences Which can range from small to large scale, from flooding to irreversible soil damage.
In view of this scenario, it is essential to carry out actions to raise awareness among students, which
is the reason for the environmental implications, which can be caused by the incorrect disposal of
solid waste and, therefore, offer possibilities for recycling. From this perspective, the teacher should
provide students with an understanding of the chemical knowledge associated with socio-
environmental issues. The aim of this research was to apply actions in the Teaching of Chemistry,
such as the use of Information and Communication Technologies (ICTs) and the use of
experimentation, making use of recycled and low cost alternative materials, in order to awaken an
Awareness, about the consumption, disposal and reuse of solid waste, to favor a significant learning
in this discipline, focusing on Environmental Education. The work was developed and applied in a
class of the 1st year of High School, of a state school, located in the municipality of João Pessoa,
state of Paraíba. The methods used were based on the qualitative and participant methodology. The
results indicated the effectiveness of the methodology applied and showed a good assimilation of
content by the student.
Keywords: Teaching of Chemistry, Environmental Education, Alternative Materials, Reuse.
INTRODUÇÃO
A contaminação do meio ambiente por lixo torna-se uma ação humana preocupante,
decorrente da deposição de resíduos sólidos em locais inadequados. Os resíduos sólidos urbanos,
também chamados de lixo urbano, são provenientes das atividades domésticas e comercias. Quando
esses resíduos são descartados de forma incorreta, podem poluir o solo, alterando as características
físicas, químicas e biológicas, acarretando num problema de aspecto estético e, o mais agravante,
numa séria ameaça à saúde pública (MARQUES, 2011). Como se pode ver, é uma problemática à
saúde humana, logo, entende-se como sendo de fundamental importância tratar de temas como
esses, no que diz respeito ao descarte de poluentes, o que implica na necessidade de um enfoque
eficaz da educação ambiental nas escolas, assim como afirma Oliveira et al. (2016, p. 915):
através da reciclagem, o lixo passa a ser visto de outra maneira, não como um final, mais
como o início de um ciclo em que podemos preservar o meio ambiente, a participação
consciente e a transformação de hábitos. Nesta perspectiva, a educação ambiental tem uma
importância fundamental, pois permite a solução de vários problemas em nossa vida e
novas ideias para a comunidade (CERON, 2014, p. 2).
Diante disto, o presente trabalho teve como objetivo aplicar ações, no Ensino de Química,
como a utilização das TICs e o uso da experimentação, fazendo uso de materiais alternativos
reciclados e de baixo custo, no intuito de despertar uma conscientização, sobre o consumo, o
descarte e a reutilização de resíduos sólidos, para um favorecimento de uma aprendizagem
significativa na disciplina Química, com foco na Educação Ambiental.
METODOLOGIA
danos, a fita foi posta de forma que ocupasse metade do furo retangular feito na caixa, sendo assim
o celular foi colocado com o flash e câmera ligados, de modo que apenas a luz do flash adentrasse
na caixa, para que pudesse ser visto o interior, observando assim as ações propostas pelo
experimento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
fato de ser um modelo atômico famoso, visto amplamente em desenhos e filmes, tal fato pode ser a
justificativa para tal discrepância.
Em alusão a quinta questão: ―Em 1808, Dalton propôs o primeiro modelo científico. Este
modelo foi comparado a: a) Uma tábua de madeira; b) Um taco de sinuca; c) Uma bola de pingue-
pongue; d) Uma bola de bilhar (sinuca); e) Uma bexiga cheia de ar‖. Uma porcentagem de 97% dos
alunos acertou e 3% responderam de forma incorreta.
Em concernência à sexta questão: ―Descreva como surgiu a ideia de átomo‖. Uma parcela de
20% dos alunos acertou e um percentual de 80% errou, respondendo, em grande parte, que não
sabiam da resposta ou simplesmente, deixaram em branco.
Na segunda parte do trabalho, ocorreu a iniciação do conteúdo de ―Atomicidade‖. Foram
ministradas quatro aulas, sendo duas introdutórias ao conteúdo (conceitos gerais e modelos), nessas
os discentes demonstraram grande interesse, principalmente devido ao fato das aulas serem
interativas, com uma linguagem próxima a dos discentes, já nas outras duas, focou-se o modelo
atômico de Niels Bohr. Durante essas aulas, que foram expositivas e dialogadas, os discentes se
envolveram completamente, levantando diversos questionamentos, dentre esses, destacam-se dois
(descritos de forma fiel a fala dos alunos): ―Como esse cara descobriu isso?‖ (Referindo-se a como
Bohr descobriu que determinados elementos emitem uma fluorescência de cor característica). E
ainda: ―Como isso está presente no meu dia?‖.
O primeiro questionamento foi respondido seguindo o conceito de Russell (1994) e Atkins e
Jones (2012), afirmando que Bohr discorreu que, quando um gás é excitado, ele emite radiação com
comprimentos de onda específicos o que resulta em linhas coloridas, isto é conhecido como
espectro de emissão de luz, ou seja, cada elemento emitirá uma cor característica que corresponderá
a um comprimento de onda específico.
Em referência ao segundo questionamento, foi respondido explanando que isso acontece
diariamente no dia a dia, nos fogos de artifício, na tela do celular, no arco-íris, nos bastões
luminosos, nos relógios de ponteiro que acendem.
Dando prosseguimento à aplicação da pesquisa, realizou-se a terceira parte do trabalho, em
que se utilizou o vídeo: ―Nosso Amigo o Átomo‖ de Walt Disney®, este foi muito bem aceito pelos
alunos, os mesmos fixaram sua atenção. Tal vídeo ilustrava a descoberta do átomo desde sua tese
inicial, apontada por Demócrito e Leucipo, até os dias atuais, de modo que o mesmo possuía uma
grande facilidade de compreensão, mesclando entre animações e explicações, realizadas por um
apresentador. Este vídeo explanava toda linha temporal, em ordem cronológica, do processo de
aprimoramento da ideia da ―Atomicidade‖. A Figura 1 mostra o momento da aplicação do vídeo na
turma:
Foram levantadas, pelos discentes, afirmações como: ―Nossa não sabia que isso era tão
importante‖; ―Ficou tudo mais claro agora‖; ―Não sabia que uma mulher descobriu a
radioatividade‖; ―Professor isso é muito interessante‖. Tais afirmações demonstram a efetividade
do uso das TICs, provando que até mesmo uma animação/vídeo pode instigar o aluno a desenvolver
o interesse pelo saber científico. Alguns alunos questionaram como um desenho animado (vídeo)
iria ajudá-los a entender o assunto, foi elucidado aos mesmos que tudo é passivo de aprendizagem e
que a animação foi criada com embasamento científico e destinada diretamente à aprendizagem. É
importante ressaltar que, não basta apenas reproduzir o vídeo em uma televisão ou projetor
multimídia, é necessário empenho e dedicação do professor, para que o mesmo busque explicá-lo
aos alunos, ocorrendo um diálogo entre as cenas principais, consequentemente, ocorrendo uma
perfeita interação do aprendizado. Como afirmam Souza e Justi:
Na quarta e última parte, foi realizado o experimento sobre Fluorescência, intitulado ―Caixa
Negra‖. Esta experimentação foi escolhida no intento de não oferecer nenhum risco à saúde ou vida
dos discentes, sendo assim, passivo dos mesmos recriarem em suas residências. Tal experimento
utilizou uma fonte de luz ultravioleta (UV) para provar a veracidade do modelo atômico de Bohr,
tendo como base o conceito dos ―saltos‖ dos elétrons entre as camadas. Devido ao fato dos raios
UV serem uma fonte muito agressiva ao corpo humano (globos oculares e pele), ocorreu uma
grande preocupação com a utilização dessa radiação, pois é sabido que uma exposição prolongada
aos olhos, pode causar danos a visão. Sendo assim, foi formulada uma simulação da radiação UV,
utilizando fita adesiva e marcadores permanentes, roxos e azuis, desta forma, não impondo riscos
nenhum aos discentes. Na Figura 2, pode ser observada a aplicação do experimento escolhido:
da frase escrita no papel, logo após, foi explicado que seriam observadas tais nuances da frase,
devido ao fato desse protetor solar ter um baixo índice de proteção UV, sendo orientado aos alunos,
que deveriam utilizar protetor solar com um fator de proteção superior a 70, para que a pele não
recebesse radiação UV.
Em alusão ao Questionário Final, o mesmo possuía 6 (seis) questões, sendo 3 (três) de
múltipla escolha e 3 (três) discursivas. Em conotação à primeira questão: ―Uma moda atual entre as
crianças é colecionar figurinhas que brilham no escuro. Essas figuras apresentam em sua
constituição a substância sulfeto de zinco. O fenômeno ocorre porque alguns elétrons que compõem
os átomos dessa substância absorvem energia luminosa e saltam para níveis de energia mais
externos. No escuro, esses elétrons retornam aos seus níveis originais, liberando energia luminosa e
fazendo a figurinha brilhar. Essa característica pode ser explicada considerando-se o modelo
atômico proposto por: a) Dalton; b) Thomson; c) Lavoisier; d) Rutherford; e) Bohr.‖ Os resultados
para a primeira questão estão dispostos no Gráfico 1, em que ocorreu 76% de acertos e 24% de
erros, para os alunos respondentes.
Referindo-se à segunda questão: ―Qual das alternativas a seguir indica corretamente o modelo
atômico de Niels Bohr? a) Descobriu o tamanho do átomo e seu tamanho relativo; b) Os elétrons
giram em torno do núcleo em determinadas órbitas; c) Modelo semelhante a um ―pudim de passas‖
com cargas positivas e negativas em igual número; d) Modelo semelhante a um ―sistema solar‖ em
que o átomo possui um núcleo e uma eletrosfera; e) Átomos esféricos, maciços e indivisíveis‖. O
percentual de acertos entre os alunos foi de 80% e o de erro foi de 20%, como pode ser observado
no Gráfico 2:
Em menção à terceira questão: ―Por que ocorreu a alteração de cor nos elementos
observados no experimento?‖ Grande parte das respostas afirmava que a excitação dos elétrons
causou essa mudança. 84% dos discentes acertaram, contra 16% que respondeu de forma errônea,
conforme ilustra o Gráfico 3:
Em citação à quarta questão: ―Bohr estabeleceu em sua teoria atômica que os elétrons giram
em 7 órbitas circulares denominadas níveis ou camadas ao redor do núcleo. Segundo Bohr, o átomo
pode ter no máximo 7 camadas. Qual delas é a mais energética? a) camada K; b) camada L; c)
camada N; d) camada P; e) camada Q‖. Uma porcentagem de 88% dos alunos respondeu de forma
correta e 12% responderam de forma incorreta, segundo o Gráfico 4:
Em concernência à quinta questão: ―Por que o elétron se excita para o nível mais energético,
e como ocorreu essa excitação durante o experimento?‖ Todos os alunos afirmaram que: ―O elétron
se excitou devido existir uma fonte de energia externa, no caso do experimento foi uma fita que
simula o raio UV‖. Com isso, demonstrou-se um incrível aproveitamento de 100% de acertos dos
alunos respondentes para tal questionamento.
Analisando a sexta e última questão: ―Por que a parte com protetor solar ocorreu
fluorescência no experimento e como é possível que essa fluorescência não ocorra?‖. Os discentes
responderam que: ―Ocorreu porque o protetor tinha um fator de proteção solar baixo, para não
ocorrer deve se usar um protetor com esse fator maior que 70‖. Similarmente à quinta questão,
ocorreu 100% de acertos dos discentes.
Contudo, podem-se inferir, por meio dos resultados do Questionário Final, que ocorreu uma
evolução no número de acertos pós-aplicação das ações, como o uso das TICS e da aplicação da
experimentação, afirmando assim, a efetividade destas ferramentas no processo de ensino e
aprendizagem dos discentes.
CONCLUSÕES
Essa ação conseguiu demonstrar que a reutilização dos resíduos sólidos, como caixas de
sapatos, gerou o início do despertar de uma conscientização ambiental nos discentes, demonstrando
o quão importante é contextualizar o ensino com questões socioambientais. Além disso, vislumbrou
a coadunação entre a reciclagem e o conteúdo de Química, fazendo uso de materiais alternativos
reciclados pertencentes ao cotidiano dos alunos.
Deste modo, é imprescindível ao professor que seja dado enfoque a essas temáticas
ambientais em sala de aula, interligadas a conteúdos químicos, não esquecendo que a consolidação
dessa estrutura auxilia na preparação e na composição do processo de aprendizado, como um todo.
Destarte, nota-se cada vez mais, que a adoção de aulas contextualizadas aponta para a
melhoria do ensino, como pôde ser observado após a aplicação do experimento e do vídeo, sendo
assim, o Ensino de Química pode contribuir de forma decisiva, fazendo com que os discentes
compreendam tal disciplina e criem uma consciência ambiental a partir da vivência deles. Não
obstante, a Educação Ambiental juntamente com os conteúdos químicos deve permanecer cada vez
mais presente nas salas de aulas, para que sejam trabalhados de forma conjunta, tendo a
participação interacional de docentes e discentes.
REFERÊNCIAS
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5ª
ed. Tradução: Ricardo Bicca de Alecastro. São Paulo: Bookman, 2012.
BRASIL. LEI No 12305 de 02 de Agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos; altera a
Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm> Acesso em: 18 de
jul. de 2017.
LEITE, B. S. Tecnologia no Ensino de Química: Teoria e prática na formação docente. 1ª. ed.
Curitiba: Editora Appris, 2015.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2011.
RUSSEL, J. B. Química Geral. 2ª ed., São Paulo: Pearson Makron Books, 1994.
SALESSE, A. M. T. A Experimentação no Ensino de Química: Importância das Aulas Práticas no
Processo de Ensino Aprendizagem. Dissertação (Especialização em Métodos e Técnicas de
Ensino, Modalidade de Ensino a Distância), 2015.
RESUMO
A Educação Ambiental (EA) tem sido um tema de discussão nas diversas áreas da sociedade, entre
eles: a igreja, as instituições públicas e privadas e a escola. Em consequência do modelo de
exploração dos recursos naturais para a produção de matéria prima que alimenta a política do
consumo e do capitalismo universal. Este trabalho tem como objetivo analisar sobre a contribuição
que a aula de campo proporcionou para os estudantes obterem uma compreensão das mudanças
ocasionadas no meio ambiente. Utilizou-se como aporte teórico LIMA (2016), GUIMARÃES
(2001), CARVALHO (2012), SAMPAIO (1996), entre outros. As atividades foram desenvolvidas
com estudantes do 5º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Paulo II, tendo
aproximadamente 25 estudantes que participaram da intervenção. A escola está localizada no
distrito Roma, área campesina do município de Bananeiras - PB. A aula - passeio é hoje conhecida
como aula de campo, sempre que embasada em um objetivo concreto. Foi o caso proposto para a
turma discutir a EA, na qual, transformou-se em uma aula de descobertas. Percebe-se que a aula-
passeio ou aula de campo é um recurso importante para a formação da criança como cidadã, uma
vez que, possibilita o contato com propostas emancipadoras e voltadas ao conhecimento da
realidade, com estudo e investigação. Para efetivação da educação ambiental nos diversos
ambientes, com diversos públicos da sociedade como todo sugere o uso desse método de forma
interdisciplinar.
Palavras-chaves: Educação Ambiental. Aula de Campo. Meio Ambiente.
ABSTRACT
The Environmental Education (EE) has been a topic of discussion in the various areas of society,
among them: the church, public and private institutions and the school. As a consequence of the
model of exploitation of natural resources for the production of raw material that feeds the politics
of consumption and universal capitalism. This work aims to analyze the contribution that the field
class has given students to gain an understanding of the changes caused in the environment. The
theoretical contribution LIMA (2016), GUIMARÃES (2001), CARVALHO (2012), SAMPAIO
(1996), among others, was used as theoretical contribution. The activities were developed with
students of the fifth year of the Municipal School of Primary Education João Paulo II, with
approximately 25 students who participated in the intervention. The school is located in the Roma
district, peasant area of the municipality of Bananeiras - PB. The class - walk is today known as a
field class, whenever based on a concrete goal. It was the proposed case for the class to discuss EE,
in which it became a class of discoveries. It is noticed that the class-walk or field class is an
important resource for the formation of the child as a citizen, since, it makes possible the contact
with emancipating proposals and directed to the knowledge of reality, with study and investigation.
For effective environmental education in different environments, with different publics of society as
all suggests the use of this method in an interdisciplinary way.
Keywords: Environmental Education. Field class. Environment.
INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental (EA) tem sido um tema de discussão nos diversos ambientes da
sociedade, entre eles: a igreja, as instituições públicas e privadas e a escola. Devido a incansável
exploração dos recursos naturais para a produção de matéria prima que alimenta a política do
consumo e do capitalismo universal.
Salienta-se a importância da compreensão sobre a passagem do pensamento mítico – aquele
em que tiveram várias divindades que representavam a natureza – para o racional – sapiens sapiens,
o homem sabe que sabe – tendo este momento com evidência a evolução do pensamento,
conceituando e praticando maneiras de controlar, usufruir dos recursos naturais, sobrepondo-se à
natureza. (LIMA, 2016, p.) Desta maneira, a natureza passou a se tornar alvo de exploração do ser
humano.
A preocupação com o meio ambiente e as mudanças climáticas despertou na sociedade
discussões sobre a temática em várias instâncias. Desta maneira, surgem, encontros científicos,
colóquios, conferências, leis, diretrizes, acordos internacionais e políticas públicas, que dão suporte
à discussões dessa área de conhecimento. Tendo como objetivos criar medidas de proteção aos
recursos naturais e participação do meio social.
Aproveitando o bojo das discussões sobre as diversas maneiras para debater a temática sobre
o contexto meio ambiente e natureza. Temos a educação ambiental como possibilidade de
proporcionar aos sujeitos momentos de percepções do meio natural, bem como, a uma postura do
ser mais, do coletivo, do interativo, do cidadão. Para proporcionar estes momentos de educar e ser
educado ambientalmente, a educação formal tem suporte estrutural para ocasionar esse processo de
mudança, de ensino aprendizagem em uma perspectiva ambiental crítica, reflexiva e interativa.
Tendo como grande aliados para o desenvolvimento destas práticas pró-ambientais a aula de campo
contribui por ser um método que favorece aos estudantes observar o meio em que vivem e suas
constituições, e em seguida, discuti aspectos relacionados à mudança do meio ocasionada pela
intervenção dos homens.
Diante desse cenário, o trabalho tem como objetivo analisar sobre a contribuição que a aula
de campo proporcionou para os estudantes obterem uma compreensão das mudanças ocasionadas
no meio ambiente. A partir do relato das experiências vivenciadas pelas bolsistas do projeto
Educação ambiental e letramento: os gêneros textuais como via de sensibilização nas escolas
municipais das cidades de Bananeiras e Solânea - PB. Projeto de Extensão, desenvolvido pelo
Centro de Ciências Humanas Sociais e Agrárias, da Universidade Federal da Paraíba
CCHSA/UFPB. Com estudantes do 5º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Paulo
II, ambas as instituições localizadas no município de Bananeiras, Estado da Paraíba.
Célestin Freinet foi um educador francês do início do século XX, ele propôs uma teoria
experimental e práticas reflexivas. Após lutar durante a Segunda Guerra Mundial, sofreu as ações
de gases tóxicos, que comprometeram seus pulmões, impedindo de falar por muito tempo, algo
bastante presente nas aulas expositivas em sala de aula, como não queria deixar de dar aulas,
pensando como ensinar de forma que motivasse as crianças no processo de aprendizagem, percebeu
que, o que interessava se encontrava nos animais, nas árvores, nos rios, entre outros. É quando cria,
então, a aula - passeio.
A prática educativa da aula - passeio trabalha com seriedade em seus quatros momentos –
preparação, ação, prolongamento e comunicação – deixarão de ser uma interrupção das atividades
feitas em classe, tornando-se, ao contrário, um aprofundamento (SAMPAIO, 1996).
A aula - passeio é hoje conhecida como aula de campo, sempre que embasada em um
objetivo concreto. Foi o caso proposto para a turma discutir a EA, na qual, transformou-se em uma
aula de descobertas. Percebe-se que a aula-passeio ou aula de campo é um recurso importante para a
formação da criança como cidadã, uma vez que, possibilita o contato com propostas emancipadoras
e voltadas ao conhecimento da realidade, com estudo e investigação.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para que pudéssemos chegar ao objetivo disposto na aula de campo conforme Freinet, e as
crianças pudessem chegar à construção de sentido através das aulas de Educação Ambiental numa
perspectiva crítica interacionista. Foram propostos momentos com intencionalidades que eram
elaborados dia após dia, de acordo com a necessidade de compreensão sobre o contexto meio
ambiente, que a turma ia provocando. Portanto, quando buscamos resgatar ou até mesmo extrair a
―voz‖ do outro, decidimos por agir de maneira polifônica, para que pudéssemos fazer a escuta de
vozes historicamente silenciadas, tendo como: o estudante de escola do campo.
Inicialmente discutimos como se deu a origem da compreensão do homem com a natureza, a
relação do índio com o meio natural, a chegada dos portugueses no Brasil, trazendo os itens
materiais de desconhecimento dos índios, dando espaço para a discussão do acúmulo de resíduos
sólidos que existem no nosso planeta, debatendo sobre a evolução das coisas no aspecto
tecnológico, e os descartes das mesmas. Com a discussão sobre a mudança que ocorreu no meio
ambiente devido ao acúmulo e desenvolvimento de materiais de consumo, pedimos às crianças para
que elas desenhassem sua percepção de espaço, bem como, como era o local em que ele morava e
algumas possíveis mudanças, tendo a indagação de quem foram os responsáveis por essas
mudanças.
Tivemos momentos de apreciação e percepção do espaço natural, bem como, discutimos
maneiras para preservar o meio ambiente, o que são os R‘s e Oficina ecológica produção de
brinquedos, na qual, utilizamos como matéria-prima resíduos sólidos que iriam ser descartado em
lixão. Vale ressaltar que nosso método avaliativo foi de maneira contínua, em forma de registros e
observando as falas das crianças a cada problematização que era feita no decorrer das aulas.
A escuta do outro foi algo considerado de grande importância e analisada em todos os
momentos, para que pudesse dá início a esse processo de escuta, propomos a formação da teia do
conhecimento, na qual os estudantes ao passar a linha falasse o que mais gostava de fazer na
natureza e o que esperava que o projeto pudesse abordar no decorrer das aulas.
Preparação
A preparação, primeira etapa da aula das descobertas, é pautada por cinco planos que
contribuirão na aquisição de saberes para os alunos, são eles: plano saúde, plano autonomia, plano
financeiro, plano material e plano pedagógico.
A preparação é uma das condições de sucesso. Sem ela, e depois sem o prolongamento e a
comunicação, não haverá senão uma troca de lugares que arriscará ser mais próxima do
turismo do que de um empreendimento educativo (SAMPAIO, 1996, p. 183).
Deste modo, iniciou-se o que podemos nomear como planejamento para a ação. A partir dos
momentos já mencionados nos procedimentos metodológicos, sugerimos que fosse organizada uma
a aula de campo, em que denominamos como piquenique para percepção do espaço natural. Neste
momento de preparação, as crianças sugeriram um local adequado para que fosse realizado. Tendo
em vista, que o local se tratava de espaço histórico para a comunidade, pois lá estava localizada
primeira escola do distrito, como também, era a residência de uma das estudantes que estava
participando das atividades. Outro ponto relevante, para a escolha, foi a questão da relação que a
família tem com a natureza, proveniente da agricultura familiar.
Ação
A ação é a parte da aula das descobertas que o professor deve acompanhar e registrar todos
os passos dos alunos, pois é nesse momento que acontecem situações autênticas nos planos
social, intelectual e afetivo. Criarão oportunidades para as crianças aprenderem a partir do
mundo na sua realidade, aguça a curiosidade e a atenção, nutrir o imaginário e se
transformarão em construtores de seu conhecimento e não apenas consumidores. (p. 3)
Consideramos a etapa da ação, a partir do momento em que saímos dos muros da escola em
direção ao espaço proposto pelas crianças. Como esse momento é também de registro, pedimos que
os estudantes já pudessem ir analisando no caminho, as interferências feita pelo homem. Outro
aspecto importante desse momento, foi que as crianças organizaram sacolas plásticas e luvas para
que realizasse a coleta dos resíduos sólidos que o grupo ia encontrando pelo caminho da trilha. Vale
ressaltar que, esta e outras intervenções como o plantio de uma árvore frutífera, foi uma proposta
vinda dos estudantes no dia do planejamento. Desse modo, consideraram importante realizar esta
ação benéfica para com o meio ambiente. Pois, após as discussões nas aulas sobre a problemática
ambiental, sentiram-se responsáveis pelo bem estar do meio em que eles vivem.
No que se refere a relação das atividades feitas pelas crianças com a aula passeio de Freinet,
o plantio da árvore e a coleta dos resíduos, é considerada como o plano social. Já no plano
intelectual, podemos identificar o momento em que todas as crianças tiveram comportamentos que
sabiam que haviam problemas no meio ambiente, que foi causado a partir das interferências
humanas. Por fim, no plano afetivo, observamos que em todos os momentos o vínculo das crianças
para com elas mesmas e para com a natureza. Há de considerar, que, em todos os momentos as
crianças não se sentiram presas à uma rotulação denominada aula, pois sentiram-se seres
transformadores e empoderados para julgar seus próprios papéis com o meio social e ambiental,
bem como, puderam usufruir do espaço de brincadeira ao ar livre e conversa sobre a temática e ao
momento com o grupo.
Prolongamento
Supõem-se que o prolongamento é o resultado obtido pela criança que participou da aula de
campo, e que irá contribuir no decorrer do dia-a-dia na escola e nas relações sócias que a mesma
está presente. Paralelo a isso, o prolongamento perpassou durante todas as atividades que foram
desenvolvidas após a aula de campo, pois, contribuiu e contribuirá em diversas áreas do
conhecimento a não serem apenas na área de ciências da natureza.
Comunicação
No que se refere à comunicação foi proposto que as crianças produzissem um texto, com o
objetivo de dissertarem os sentimentos, críticas, percepções e contribuições da aula de campo, e no
que a aula iria contribuir para a compreensão dos estudos feitos em sala. Outra proposta que
cumpriria esta função de comunicação foi à produção de folder educativo a partir de materiais
reutilizáveis, sobre o contexto meio ambiente e educação ambiental. Esta ação tinha como
finalidade divulgar todos os acontecimentos que ocorreram no decorrer da realização do projeto
com a turma para escola como um todo, porém, esta ação não pode se concretizar, de fato, em
consequência do tempo escola, na qual a instituição está inserida. Desta maneira, a turma propôs
que fizéssemos uma socialização das experiências vivenciadas entre o grupo que realizou as
atividades do projeto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De certo, a aula de campo de Freinet contribuiu para que a prática acontecida no contexto
Educação Ambiental fosse de base científica. De fato, pôde-se perceber a interação das crianças
com a proposta da aula de campo, como também, com as discussões em EA.
Por esse motivo, autores como Isabel Cristina de Moura Carvalho (2012, p.69) tem se
esforçado em ressaltar que ―A educação ambiental está efetivamente oferecendo um ambiente de
aprendizagem social e individual no sentido mais profundo da experiência do aprender. Uma
aprendizagem em seu sentido radical, a qual, muito mais do que apenas prover conteúdos e
informações, gera processos de formação do sujeito humano...‖. Não se pode negar o resultado que
as discussões e práticas de Educação Ambiental tem ocasionado, especificamente no contexto da
educação formal. Temos experiências supracitadas no tópico acima que comprova tudo o que já foi
discutido. Essa associada à aula de campo permite que as crianças construam percepções da
natureza e a importância da preserva-la os faz enxergar com outra lente, que não apenas essa
construída pelo mundo moderno nas pequenas e grandes cidades.
Para efetivação da educação ambiental nos diversos ambientes, com diversos públicos da
sociedade como todo sugere o uso desse método de forma interdisciplinar.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, G. K., A aula passeio de Freinet e suas possibilidades no ensino de ciências nas séries
iniciais, 2014. Disponível em: <http://anais.unicentro.br/proic/pdf/xixv2n1/208.pdf>. Acesso
em: 15 de jul. 2017.
SAMPAIO, Rosa Maria Whitaker F. A aula passeio transformando-se em aula de descobertas. In:
ELIAS, Marisa D. C.(org). Pedagogia Freinet: teoria e prática: Campinas, SP: Papirus, 1996.
STRECK, DANILO R.; RENDIN, EUCLIDES; ZITKOSKI, JAIME JOSÉ (Orgs.). Dicionário
Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
RESUMO
As representações sociais acerca do meio ambiente norteiam as concepções e as práticas adotadas
por cada sujeito e seus respectivos grupos sociais, e se tratando de futuros docentes estas serão
reproduzidas no desenvolvimento de práticas relacionadas a Educação Ambiental. Neste sentido, a
pesquisa objetivou realizar uma prática pedagógica que explicitasse a concepção de meio ambiente
dos alunos da disciplina de Educação Ambiental e Cidadania, dos cursos de Licenciatura em
Química e Licenciatura em Ciências Biológicas do IFFar (Instituto Federal Farroupilha) – Campus
São Vicente do Sul, e possibilitasse a reconstrução dessas concepções a partir da classificação de
Sauvé (1996, 2000) das representações paradigmáticas sobre o meio ambiente. Quanto aos
procedimentos metodológicos podemos dividir em três momentos: inicialmente buscou-se perceber
as concepções de meio ambiente dos 38 estudantes, utilizando um questionário eletrônico
(Formulários do Google) disponibilizado no grupo da turma na rede social Facebook; no segundo
momento foi utilizado um projetor multimídia para expor os resultados em forma de gráficos, em
que se evidenciou a diversidade de concepções; e o terceiro momento consistiu na realização de
leitura de artigos científicos acerca do tema, assim como na discussão e reconstrução das
concepções conforme as diversas vertentes de pensamento. Os resultados demonstram que há o
predomínio das imagens representativas ―árvores‖, ―rios‖, ―mares‖, ―pássaros‖, ou seja, o
entendimento de meio ambiente como ―natureza intocada‖ por todos os alunos, seguido de como
―recurso‖ (água, ar, solo, fauna, bosques), sendo que 16 alunos compreendem que estes são os
únicos componentes do meio ambiente, e, apenas 10 estudantes compreendem o meio ambiente
como a totalidade das representações (natureza, recurso, problema, meio de vida, sistema, biosfera e
projeto comunitário). Assim, a atividade pedagógica conseguiu sensibilizar os futuros professores
acerca da compreensão mais holística de meio ambiente e da complexidade da EA, entendendo seu
caráter interdisciplinar.
Palavras-chaves: Meio Ambiente, Educação Ambiental, Formação de Professores.
ABSTRACT
The environment social representations guides the conceptions and practices adopted by each
subject and their respective social groups, and if they are future teachers these concepts will be
reproduced in the Environmental Education practices. Thus, the goal of this work was to carry out a
pedagogical practice that would explain the environmental conception of Environmental Education
and Citizenship students, from IFFar (Instituto Federal Farroupilha - São Vicente do Sul) Chemistry
and Biology graduation corses, allowing the reconstruction of these ideas from Sauvé (1996, 2000)
classification of the environment paradigmatic representations. The methodology was divided in
three moments: Initially we aimed to perceive the environmental conception of 38 students, using
an electronic questionnaire (Google Forms) available in the class group from Facebook network; In
the second moment a multimedia projector was used to expose the results as graphics, in which the
diversity of conceptions was evidenced; And the third moment consisted in reading scientific papers
about the theme, as well as in the discussion and reconstruction of the conceptions according to the
different thoughts. The results showed that "trees", "rivers", "seas" and "birds" representative
images are predominat, meaning the understanding of the environment as "untouched nature"
(water, air, soil, fauna, forests), 16 students understand that these are the only environment
components, and only 10 students understand the environment as the totality of representations
(nature, resource, problem, life, system, biosphere and community project). Thus, the pedagogical
activity allowed to aware the future teachers about a deeper insight of the environment and its
complexity, understanding its interdisciplinary character.
Keywords: Environment, Environmental Education, Teacher Training.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Em sua abordagem esta pesquisa é classificada como qualitativa, e em sua natureza, como
pesquisa aplicada, visto que seu interesse é prático e deseja-se que os resultados sejam utilizados na
solução de problemas que ocorrem na realidade (LAKATOS; MARCONI, 2006). Quanto aos
objetivos a pesquisa é considerada exploratória, pois busca proporcionar maior familiaridade com o
problema, buscando explicitá-lo (GIL, 2007). E finalmente, quanto aos procedimentos trata-se de
uma pesquisa de campo que se caracteriza pelas investigações em que, além da pesquisa
bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de
diferentes tipos de pesquisa (FONSECA, 2002).
As atividades propriamente ditas foram desenvolvidas nas instalações do Instituto Federal
Farroupilha, campus São Vicente do Sul. Participaram 38 alunos do 6 o semestre dos cursos de
Licenciatura em Química e Biologia, na disciplina de Educação Ambiental e Cidadania, no II
semestre de 2016. Para desenvolver as atividades descritas a seguir foram disponibilizados 10
períodos distribuídos em cinco semanas de aulas (2 períodos por semana). Vale ressaltar o
importante papel das redes sociais que propiciaram o aumento do tempo de contato entre os
estudantes e o professor.
No início da primeira aula, buscando fomentar o debate sobre o tema, os estudantes foram
questionados sobre qual é o entendimento de meio ambiente, sendo convidados a responder um
formulário eletrônico construído na ferramenta Formulários do Google, o qual foi postado no grupo
da turma na rede social Facebook, formado por duas questões sendo a primeira objetiva na qual era
possível assinalar mais de uma alternativa enquanto a segunda o aluno poderia escrever a sua
concepção.
Para a construção do questionário foram escolhidas palavras que abrangessem as concepções
de meio ambiente trazidas por Sauvé (1996) de modo que fosse possível identificar a concepção
predominante tanto individualmente quanto de toda a turma. Logo após, utilizando um projetor
multimídia, os resultados gerados pelo formulário foram projetados para que todos visualizassem as
respostas da turma e algumas considerações foram realizadas evidenciando que não havia consenso
no grupo.
Então em um terceiro momento, visando a reconstrução das concepções sobre meio
ambiente foi esclarecido que o tema não possui um conceito propriamente dito, existindo diversas
vertentes de entendimentos. Desta forma, os alunos foram divididos em grupos sendo que cada
grupo recebeu um artigo previamente selecionado que abordavam as diferentes concepções e estes,
após breve leitura, realizaram a exposição para o grande grupo promovendo discussões específicas.
Tendo em vista o processo contínuo que a EA requer, os alunos deram sequência a este
debate, reproduzindo esta pesquisa com os professores do Campus com o intuito de investigar as
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 1010
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
suas percepções sobre meio ambiente e perceber o reflexo que estas têm sobre as práticas realizadas
pelos mesmos.
Baseado nestas premissas foi construído o formulário com palavras que remetem as
diferentes categorias de representações, que busca como resultado perceber o entendimento do
grupo de alunos sobre o tema, assim como um espaço destinado para que o estudante expresse de
maneira descritiva seu entendimento sobre meio ambiente conforme Figura 1.
Este formulário foi disponibilizado no grupo da turma na rede social Facebook o qual foi
respondido com o uso de smartphones e cujos resultados foram projetados com o auxílio de um
projetor multimídia, possibilitando o acompanhamento em tempo real das relações estabelecidas. É
interessante salientar que a ferramenta em questão realiza o processamento instantâneo dos dados e
gera um gráfico tornando a interpretação mais fácil para a dinâmica proposta como apresentado na
Figura 2.
Verifica-se com a análise do gráfico gerado, Figura 2, que a totalidade dos estudantes
entende que o item Florestas está relacionado ao meio ambiente demonstrado forte relação com a
percepção da natureza pura e intocada, sendo reforçada pela grande associação com os itens Rios,
Mar e Pássaros, 89,5%, 78,9 % e 76,3% respectivamente. Este comportamento coletivo foi bastante
explorado para a prática proposta por ser bastante chamativo visualmente.
― - Meio ambiente é um sistema natural que engloba toda a vegetação, animais, solo,
rochas.‖(Aluno 7)
― - Tudo que se vê natural, que ainda não foi tocado pelo homem.‖(Aluno 19)
―- É a natureza que nos cerca, árvores e animais selvagens.‖ (Aluno 25)
Quadro 2 – Trechos que demonstram uma percepção de natureza intocada.
Fonte: Questionário
Org.: Autores (2017).
Em relação a percepção de meio ambiente como recurso a ser gerenciado, seis estudantes
expressaram este entendimento nos textos de suas respostas, Quadro 3, e ainda relacionaram esse
entendimento com as palavras que entendiam como recursos.
―- Meio ambiente para mim é onde vivemos e de certa forma somos dependentes dele. É o
nosso lugar, que devemos cuidar e proteger. São coisas que nos cercam.‖(Aluno 3)
― - Meio ambiente é o essencial para a nossa vida, sem ele ficaríamos sem árvores, água
potável e outros meios importantes.‖(Aluno 11)
― - Meio ambiente é um lugar onde vivem os animais, um local que nos cerca, também onde
está o modo de sobrevivência dos seres humanos.‖(Aluno 36)
― - É o meio onde vivemos. Tudo o que há na terra, a natureza, água, animais, tudo o que tem
vida, tudo o que temos hoje em dia para viver bem.‖(Aluno 28)
Quadro 3 – Trecho que demonstra o meio ambiente como recurso a ser gerenciado
Fonte: Questionário
Org.: Autores (2017).
“-meio ambiente é o espaço onde vivemos, com a interação dos fatores climáticos, com a poluição
que existe hoje em dia, causando enchentes e fenômenos como a chuva ácida.‖(Aluno 13)
―- A meu ver meio ambiente é basicamente o lugar onde nós vivemos, interagimos e infelizmente
degradamos.‖(Aluno 30)
―- Vejo o meio ambiente como um conjunto de leis e fatores naturais e não naturais que compõem
um todo. Englobando as florestas, os seres vivos, a atmosfera, estruturas criadas pela humanidade
e os dejetos da sociedade que são liberados no ecossistema, essa atuação que consiste na poluição
da paisagem natural do ambiente, no meu ver, é o que torna o fator "não natural" parte do
conjunto.‖(Aluno 17)
Quadro 4 – Trecho que caracteriza o meio ambiente como problemas ambientais
Fonte: Questionário
Org.: Autores (2017).
Em relação a percepção do meio ambiente como algo que devemos conhecer e organizar,
considerando aspectos naturais e culturais, dois alunos apresentaram o predomínio desta ideia em
seu texto e estão apresentados no Quadro 5.
―-É o lugar onde vivemos, desde nossa casa até o lugar onde estudamos, e a cidade onde
vivemos.‖(Aluno 35)
―-É o local que abrange o lugar em que vivemos. Pode se constituir por normas que nos tornam parte
do meio, do qual damos as características de existência no ambiente de acordo com a nossa
constituição.‖(Aluno 5)
Quadro 5 – Trecho que caracteriza o meio ambiente como meio de vida.
Fonte: Questionário
Org.: Autores (2017).
―-O meio ambiente é o "lugar" que engloba os seres vivos como animais (homem, pássaros) e vegetais
(árvores, grama), e componentes não vivos (água e rochas). Ele engloba tudo que afeta o ecossistema da
Terra direta e indiretamente, tudo estando interligado.‖(Aluno 9)
―- É o conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural em uma relação de
interdependência.‖(Aluno 24)
Quadro 6 – Trecho que caracteriza o meio ambiente como sistema.
Fonte: Questionário
Org.: Autores (2017).
―-Para mim o meio ambiente é onde nós vivemos junto ao resto das coisas vivas e não vivas na
Terra.‖(Aluno 20)
―- [...] então a meu ver, meio ambiente engloba tudo que nos rodeia, desde seres vivos e não vivos, assim
como suas relações e consequências.‖(Aluno 29)
― - Meio ambiente são todos os locais que nos cercam, e todos os seres que habitam nele e o resultado de
Como atividade final após apropriação dos novos conhecimentos foi proposto aos estudantes
que desenvolvessem uma pesquisa que buscasse identificar a percepção sobre meio ambiente de
docentes da comunidade escolar e a relação com decisões tomadas por estes. Desta maneira, após
longa discussão, foi decidido desenvolver uma pesquisa com os professores dos cursos da
instituição buscando decisões baseadas na concepção de meio ambiente, permitindo que os
estudantes refletissem sobre as práticas realizadas pelos professores da própria instituição.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei n. 9795 de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre Educação Ambiental, Institui a política
Nacional de Educação e dá outras providencias. Brasília: Imprensa Oficial, 1999. Acesso em: 09
de mar. 2016.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 4ª ed. São Paulo: Atlas., 2006. 305
p.
REIGOTA, M.A.S. O meio ambiente e suas representações no ensino em São Paulo, Brasil.
Uniambiente. Brasília, ano 2, 1, 27-30, 1991.
_______________. Meio Ambiente e Representação Social. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2010, p. 12.
RESUMO
A produção do espaço urbano traz mudanças profundas ao meio ambiente, especialmente aos rios
e córregos em Presidente Prudente/SP não foi diferente ao longo da história do município. O
presente artigo visa apresentar o Atlas Escolar Ambiental, tais como seus procedimentos teóricos-
metodológicos, no qual podem contribuir para os processos de planejamento, gestão e educação
ambiental; através da abordagem de análise ambiental geográfica e uso de plataforma digital
online, visando apresentar especificamente a situação dos rios e córregos que correspondente ao
perímetro urbano.
Palavras-chave: Presidente Prudente, Atlas Ambiental Escolar, Rios.
ABSTRACT
The production of urban space brings profound changes to the environment, especially in rivers and
streams in Presidente Prudente/SP was not different throughout the history of the municipality. This
article aims to present the Environmental School Atlas, such as its theoretical-methodological
procedures can contribute to environmental planning, management and education processes;
through the geographic environmental analysis approach and use of online digital platform.
Keywords: Presidente Prudente, Envioronmental School Atlas, Rivers.
INTRODUÇÃO
33
Orientadora.
34
Para saber mais acesse: http://portaldoprofessor.fct.unesp.br:9000/
A figura 1 apresenta a estrutura de pesquisa e seus subsistemas para análise, no qual destaca-
se o subsistema Síntese Ambiental e Derivações Ambiental.
O subsistema destacado na figura 1 corresponde ao produto da síntese, no qual de acordo
com Nunes et al (2016) os conteúdos devem contemplar de forma integrada as informações
pesquisadas nos temas das disciplinas especializadas. Logo as ―Derivações Ambientais‖
correspondem a atual situação da paisagem. O presente trabalho visa apresentar especificamente a
situação dos rios e córregos correspondente ao perímetro urbano.
hidrográficas dos rios Santo Anastácio e do Peixe. Mesmo divisor de águas que divide Fazenda
Pirapó – Santo Anastácio e a Fazenda Montalvão (ABREU, 1972). Após a consolidação do
primeiro núcleo urbano, Presidente Prudente se tornará município em 1924 e inicia o seu processo
de urbanização com a criação de loteamentos e arruamentos. A figura 2 apresenta a evolução da
malha urbana ao longo de 100 anos.
Figura 2: Expansão da Malha Urbana de Presidente Prudente. Fonte: Pedro & Nunes, (2012)
Bacias Hidrográficas são unidades naturais cujo elemento integrador está representado
através dos leitos fluviais ou canais de drenagens naturais, que são seus rios e córregos. A Bacia
Hidrográfica, possuí um rio principal e outros córregos e rios que são seus afluentes, ou seja, que
desaguam no rio principal. Logo a água tem como principal função na geomorfologia a
modificação, esculturação do relevo e transporte de sedimentos, portanto é capaz de transformar a
paisagem. Também cabe destacar a importância da preservação das Bacias Hidrográficas para a
utilização da água para uso doméstico, industrial e agrícola. Abaixo a figura 3 apresenta a
composição das bacias hidrográficas do município:
As sub-bacias que estão inseridas no perímetro urbano são as: Córrego do Veado, Ribeirão do Cedro,
Córrego do Limoeiro, Ribeirão do Mandaguari e Ribeirão Santo Anastácio.
De acordo com Ross (1995), os recursos hídricos, principalmente as águas superficiais, tais
como rios, lagos, bem como as águas subterrâneas é um recurso natural que permeia todas as
atividades e necessidades humanas. A água é um elemento de necessita de atenção no planejamento
ambiental, pois sem dar-se a devida atenção as sociedades humanas estarão fadadas ao fracasso
devido o esgotamento do recurso.
Conforme apresentamos, Presidente Prudente expandiu o seu perímetro e malha urbana,
assim o número de loteamentos e arruamentos aumentou consideravelmente. Como consequência
da urbanização e crescimento da cidade os rios e córregos e demais morfologias originais foram
modificadas. Hoje podemos encontrar ―três tipos de rios‖, que são: canalização fechada,
canalização aberta e rios semipreservados (que possuem a morfologia original e/ou mata ciliar em
suas margens). E também corpos d‘água em forma de lagos, lagoas e açudes que veremos no quadro
1.
Podemos notar na figura 1, que a ocupação urbana em Presidente Prudente, inicialmente é restrita ao
topo aplainado do espigão, ou seja, próxima à estação ferroviária e se expandiu pelas áreas de nascentes,
exigindo a canalização de alguns trechos de córregos e rios.
Ao analisar as figura 1 e 2 fica evidente que a mancha urbana se espalhou ocupando e
modificando vários cursos d‘água, principalmente com o processo de canalização aberta e fechada
(tamponados) de vários córregos, como no caso da Bacia Hidrográfica Córrego do Veado,
localizada integralmente (nascentes e foz) no perímetro urbano. Na figura 3 será apresentada a atual
situação dos cursos d‘água.
Gráfico1: Situação dos canais fluviais da bacia hidrográfica do Córrego do Veado. Fonte: Silva (2016)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
através do Atlas Escolar Ambiental como forma de comunicação entre os munícipes e como modelo
para o desenvolvimento de outros Atlas com a mesma função pedagógica e científica.
AGRADECIMENTOS
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e aos organizadores
do V Congresso Nacional de Educação Ambiental e VII Encontro Nordestino de Biogeografia.
REFERÊNCIAS
RESUMO
Estudos que abordam a temática da percepção humana vêm sendo utilizados na área ambiental
como instrumento de compreensão, de modo a contribuir como percebemos a natureza nos dias
atuais e como estes podem ajudar na forma como que nos relacionamos com a mesma. Nesse
contexto, o presente trabalho teve como objetivo realizar um diagnóstico da percepção ambiental de
moradores de dois bairros de Uberlândia, interior do Estado de Minas Gerais. A pesquisa teve um
total de 210 entrevistados, dos períodos matutino e vespertino. O método adotado consistiu na
elaboração de um questionário estruturado com questões discursivas e objetivas, através do qual
procurou-se identificar quais as percepções ambientais eram reveladas pelos moradores
investigados. O objeto principal de estudo refere-se aos bairros Fundinho e Centro, ambos
localizados na zona urbana central da cidade. No geral, verificou-se a importância da criação de
programas de Educação Ambiental visando ressaltar a importância da arborização nos centros
urbanos face às consequências que as variáveis do clima ocasionam na percepção dos moradores
dos bairros tratados na pesquisa.
Palavras-Chave: Percepção Ambiental; Educação Ambiental; Uberlândia – MG.
RESUMÉ
Les études qui portent sur le thème de la perception humaine sont été utilisés dans le domaine de
l‘environnement comme instrument de compréhension, afin de contribuer comme nous pouvons
comprendre la nature actuellement et comment ces outils peut aider de la façon que nous relions à la
même. Dans ce contexte, le présent travail visait à réaliser comme objectif d‘effectuer un diagnostic
de la sensibilisation à l‘environnement et la conscience environnementale des habitants de deux
quartiers d‘Uberlândia, état du Minas Gerais. L‘enquête avait un total de 210 répondants, qui a été
faite pendant le matin et l'après-midi. La méthode retenue a été l‘élaboration d‘un questionnaire
structuré avec des questions objectives et discursive, à travers laquelle il a cherché à identifier les
perceptions environnementales ont été révélées par les résidents étudiée. L‘objet principal de
l‘étude sont les quartiers Fundinho et Centro (Centre), les deux situé dans la zone urbaine centrale
dans la ville. En général, il a été constaté l‘importance des programmes d‘éducation à
l‘environnement visant à souligner l‘importance de boisement dans les centres urbains, en face aux
conséquences qui causent des variables climatiques peut provoquent sur la perception des habitants
des quartiers couverts dans la recherche.
Mots-Clés: Perception de L'environnement; L'éducation Environnementale; Uberlândia – MG.
INTRODUÇÃO
O município de Uberlândia, recorte espacial de análise deste trabalho, tem área urbana com
extensão territorial de 4.116km², que abriga 86 bairros, conforme ilustrado na Figura 1.
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Além do exposto, viu-se que o maior número de participantes dos dois bairros avaliados
possuía o ensino médio completo, conforme ilustrado na Tabela 2. O motivo da maior parte dos
entrevistados possuírem o Ensino Médio Completo (EMC) justifica-se em razão do Fundinho e do
Centro serem tidos como bairros mais antigos da área central, cuja valorização da condição
socioeconômica permeia com maior ascensão. Desta forma, observa-se que a atenção de antigos
35
Com base nos dados disponibilizados pelo IBGE para o ano de 2010, ressalta-se que a quantidade de domicílios
apresentados no trabalho contempla tanto casas quanto apartamentos de prédios.
gestores sempre priorizou a manutenção de políticas públicas nos dois bairros, com escolas bem-
conceituadas, praças em processos contínuos de revitalização e um notório desenvolvimento em
relação ao comércio e aos serviços, com a instalação de restaurantes e lojas dentro de seus limites.
Tais políticas públicas também devem ser analisadas de forma comparativa a outros bairros
mais distantes, diferentes dos que estão inseridos na zona central, com centenas e milhares de
famílias, desguarnecidos de infraestrutura e na maioria das vezes bastante precária.
Tabela 2: Escolaridade dos entrevistados nos dois bairros analisados em Uberlândia – MG.
Fundinho Centro
ESCOLARIDADE
N° % N° %
Ensino Fundamental Completo (EFC) 14 15,5% 29 24,2%
Ensino Médio Completo (EMC) 56 62,3% 68 56,6%
Ensino Superior Completo (ESC) 20 22,2% 23 19,2%
TOTAL 90 100% 120 100%
Elaboração: AMORIM, P.H.S, 2017.
A maioria da população entrevistada reside nos dois bairros há mais de cinco anos, fato que
reforça o nível de veracidade da entrevista com os moradores dos bairros analisados. Além disso,
perguntou-se aos entrevistados em relação a quantidade de pessoas que moram no mesmo
domicílio. O resultado no Fundinho foi de 3 (três) pessoas para cada domicílio, enquanto no Centro
a média foi de 5 (cinco) pessoas.
Ainda de acordo com a média do perfil dos moradores, verificou-se que existe uma relação
dialética entre a pesquisa e a realidade presente nos bairros, uma vez que a média da população
tanto do Fundinho quanto do Centro está muito próxima dos dados oficiais disponibilizados pela
Secretaria Municipal de Planejamento Urbano para o ano de 2010.
Percepção da População
Por meio da aplicação do questionário aos moradores, analisou-se que a população, de modo
geral, expressa-se positivamente em relação a arborização urbana. Isso porque, ao serem
questionados se gostavam ou não de ruas arborizadas, observou-se o predomínio de respostas
positivas.
No caso do bairro Fundinho (Figura 2), grande maioria dos participantes (94%) responderam
como positiva a presença de árvores nas praças e calçadas, demonstrando desta maneira que os
moradores percebem a questão ambiental como sendo um dos elementos mais importantes a
compor a ―rua ou o bairro‖ desejado por eles. Ou seja, observa-se que são inúmeros os benefícios
que a arborização contribui no ambiente urbano, de forma abundante, colorida – remetendo-se à
flora –, bem tratada, sendo que grande maioria dos entrevistados demonstraram o desejo de que
existam espécies frutíferas nas ruas.
No entanto, ressalta-se que em 6% dos casos, foi possível verificar que alguns moradores
argumentavam como desnecessária a presença excessiva de árvores em razão da ocorrência
constante de ―sujeira‖ provocada pela queda de folhas, a interferência na rede elétrica e o
entupimento de bueiros/calhas, prejudicando a circulação de pessoas e automóveis em dias de
chuva. A partir dessas constatações, percebe-se que essas respostas refletem a pouca informação da
população em relação à arborização, uma vez que esses moradores basearam suas respostas apenas
quando analisam um restrito ponto de vista, desmerecendo os benefícios que a intervenção do
plantio de árvores poderá contribuir no meio urbano como um todo.
Figura 2: Praça Coronel Carneiro. Bairro: Fundinho Figura 3: Praça Tubal Vilela. Bairro: Centro
Fonte: LUZZ, Douglas, 2016. Fonte: LUZZ, Douglas, 2016.
conseguiram justificar a importância da árvore mesmo sendo a favor dela. Entre os depoimentos, a
maioria disse gostar da arborização, demonstrando entender a contribuição positiva que a árvore
reproduz na qualidade de vida das pessoas, integrando a paisagem com aproximação da natureza,
redução da incidência solar resultando em sombreamento e em uma menor temperatura,
apresentando desta maneira suas percepções ambientais em relação ao meio que estão inseridos.
Ao serem questionados acerca da instituição que deveria se responsabilizar pelo
encaminhamento e diretrizes voltados ao planejamento urbano, visando o plantio direto de árvores
nas vias públicas dos bairros, grande parte dos entrevistados deu sua opinião, justificando não ter
discernimento em relação a resposta correta, conforme ilustrado a seguir (Figura 4).
Figura 4: Opinião das pessoas frente a responsabilidade do planejamento urbano em relação às árvores
90% 86%
80%
Percentual dos entrevistados
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 12%
8% 8% 6%
10%
0%
Fundinho Centro
Conforme ilustrado na Figura 5, observa-se algumas sugestões apontadas por parte dos
moradores dos dois bairros analisados no trabalho. Dentre as sugestões, destaca-se a promoção de
Programas de Educação Ambiental a fim de construir valores sociais, novos hábitos e costumes,
contribuindo na formação de cidadãos conscientes. Ressalta-se também que em nenhum momento
houve a instigação ou influência para que os moradores escolhessem uma determinada opção. Em
contrapartida, viu-se que grande maioria questionava sobre o que significava o termo ―Educação
Ambiental‖.
Após explica-los detalhadamente sobre o termo, muitos perceberam que a pesquisa tinha um
viés deliberativo, que talvez viria a ter uma iniciativa por parte de órgãos municipais e/ou federais,
como o caso da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e assinalavam a opção como tentativa
de resolver o problema com maior agilidade.
Outra sugestão bastante expressiva na Figura 5, foi a necessidade do plantio de árvores nos
dois bairros. Logo, avaliamos como positivo o reconhecimento dos moradores na promoção de
maior arborização. No entanto, aproveitamos o ensejo para explicar que não basta apenas a
iniciativa dos moradores, mas também a ação do Estado em suas diversas instâncias, a fim de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados levantados, observa-se que, em geral, os moradores dos dois bairros
analisados, Fundinho e Centro, respectivamente, compreendem a importância da arborização no
meio urbano e seus benefícios à qualidade de vida. Além disso, foi possível perceber que entre os
entrevistados, houve a proposição de iniciativa a fim de atribuir novos hábitos e posturas de modo a
preservar o meio ao qual estão inseridos. No entanto, embora tenham sido verificadas algumas
respostas contraditórias que, em sua maioria, podem ser explicadas em razão da pouca informação.
Cabe ressaltar também que os resultados da pesquisa só puderam ser reconhecidos a partir
da percepção ambiental. Esse diagnóstico gerado por meio desta pesquisa, oferece um suporte para
ações de proposições ao setor público relacionado à gestão ambiental. Tal instrumento analítico,
reforça a possibilidade de obter informações de grande importância, o qual advém de vivências
diretas do cotidiano dos moradores ali presentes, ou seja, são ações públicas que podem estar
diretamente relacionadas com os anseios da população.
A evidência de que há uma iniciativa – mesmo que pequena – da população entrevistada em
participar de projetos e atividades de proteção e preservação das árvores urbanas, reflete
diretamente na preposição de planos de gestão comunitária. Tal iniciativa certamente alcançaria um
viés coletivo, visto que aos poucos o trabalho conjunto tende a propiciar um maior envolvimento e,
desta maneira, a população teria uma quantidade e qualidade maior das áreas verdes nos dois
bairros.
Portanto, pensar numa Educação Ambiental que elucide possíveis mudanças, é pensar que
esta educação deve alcançar, prioritariamente, àqueles que deveriam se responsabilizar de forma
técnica e política, ou seja, os órgãos de planejamento e gestão territorial. No entanto, o processo de
Educação Ambiental deve trabalhar juntamente com os atores sociais locais na amenização e
resolução do problema posto. A realização da pesquisa sob a ótica da percepção ambiental é um
diagnóstico que antecede uma possível intervenção sob o viés da Educação Ambiental, a qual são
estabelecidas proposições para a constituição de cidades saudáveis e de melhor qualidade de vida de
seus habitantes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMER, A.A; CORONA, H.M.P. Percepção Ambiental: uma ferramenta para discutir o ambiente
urbano. In: Revista Científica ANAP Brasil, v. 6, n. 7, jul. 2013, pág. 105-121.
SÁ, Celso Pereira de. A construção do objeto de pesquisa em representações sociais. Rio de
Janeiro: Eduerj, 1998.
SILVA, L. F.; FILIK, A. V.; LIMA, A. M. L. P.; SILVA FILHO, D. F. Participação comunitária
no planejamento viário de alguns bairros da cidade de Americana – SP. In: Revista da
Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. Piracicaba, SP: v. 2, n. 3, p. 47-62. 2007.
ZINKOSKI, A.E.; LOBODA, C.R. 2005. Arborização: uma percepção do espaço urbano na área
central de Guarapuava, PR. In: VII COLOQUIO INTERNACIONAL DE GEOCRÍTICA.
Anais. Santiago de Chile: Instituto de Geografia – Pontifica Universidade Católica de Chile,
2005.
RESUMO
A principal característica de uma sociedade que tem como base o lucro e o crescimento ilimitado é
o poder-dominação. Este firmou-se histórico-socialmente através da tecnologia, sendo esta a forma
primordial de relacionamento com a natureza. Esta atitude faz com que se rompa com a
solidariedade básica da interdependência e coloca os seres humanos numa posição de soberania em
relação aos outros seres. Este trabalho busca, portanto, provocar a reflexão quanto às bases do
pensamento que rege a sociedade atual em detrimento à preservação efetiva da natureza e a
necessidade de uma nova ética. Na revisão bibliográfica, autores como Luiz Marques (2015),
Leonardo Boff (2008, 2009, 2015), Enrique Leff (2009) e Hans Jonas (2006) foram priorizados
devido suas influências em reflexões éticas quanto ao assunto proposto. Também foram utilizados
trabalhos publicados em revistas. As análises foram feitas em função do cenário presente no Distrito
de Três Ladeiras, baseado em uma breve análise comparativa entre o cenário descrito por Freyre
(2004) e o atual, sendo esta uma obra clássica de ecologia do Nordeste e que contém ricos relatos
ambientais desde os tempos da colonização. Tornou-se evidente a contradição ética estabelecida
entre a origem e manutenção do pensamento humano, baseado no crescimento econômico, e sua
relação com os povos e o meio ambiente. Conclui-se, portanto, que uma sociedade, fundada em
uma racionalidade de domínio e exploração, está fadada ao fracasso, pois, além de explorar seu
povo, esgota os recursos naturais, ferindo os direitos básicos e a soberania dos seres humanos e não-
humanos, e impossibilita a permanência da vida na forma como a conhecemos hoje.
Palavras Chave: Democracia ecológico-social, Racionalidade ambiental, Progresso.
RESUMÉN
La principal característica de una sociedad que tiene como base el lucro y el crecimiento ilimitado
es el poder-dominación. Este se ha firmado histórico-socialmente a través de la tecnología, siendo
ésta la forma primordial de relación con la naturaleza.Esta actitud hace que se rompa con la
solidaridad básica de la interdependencia y coloca a los seres humanos en una posición de soberanía
en relación a los demás seres que dispone de los recursos que están a su alrededor. Este trabajo
busca, por lo tanto, provocar la reflexión en cuanto a las bases del pensamiento que rige a la
sociedad actual en detrimento de la preservación efectiva de la naturaleza y la necesidad de una
nueva ética. En la revisión bibliográfica, autores como Luiz Marques, Leonardo Boff, Enrique Leff
y Hans Jonas fueron priorizados debido a sus influencias en reflexiones éticas en cuanto al tema
propuesto. También se utilizaron trabajos publicados en revistas. Los análisis se realizaron en
función del escenario presente en el Distrito de Tres Laderas, basado en un breve análisis
comparativo entre el escenario descrito por Freyre (2004) y el actual, siendo esta una obra clásica
de ecología del Nordeste y que contiene ricos relatos ambientales desde los tiempos de la
colonización. Se hizo evidente la contradicción ética establecida entre el origen y el mantenimiento
del pensamiento humano, basado en el crecimiento económico, y su relación con los pueblos y el
medio ambiente. Se concluye, por lo tanto, que una sociedad, fundada en una racionalidad de
dominio y explotación, está condenada al fracaso, pues, además de explotar su pueblo, agota los
recursos naturales, hiriendo los derechos básicos y la soberanía de los seres humanos y no-humanos,
e imposibilita la permanencia de la vida en la forma en que la conocemos hoy.
Palabras Clave: Democracia ecológico-social, Racionalismo ambiental, Progreso.
INTRODUÇÃO
A crise ambiental que permeia a sociedade atual tem favorecido sérias implicações à
humanidade e aos outros seres. A destruição do equilíbrio ecológico do planeta tem se dado por
ações direta ou indiretamente antrópicas, causadas pela atividade humana, em função de um
crescimento econômico que tem como meta e ―destino (manifesto)‖ o ―desenvolvimento‖
(MARQUES, 2015). Este crescimento se sustenta por meio do domínio e da exploração dos
recursos da natureza, finitos, por sua vez. Este trabalho, portanto, busca provocar a reflexão quanto
às bases do pensamento que rege a sociedade atual em detrimento à preservação efetiva da natureza
e quanto à necessidade de uma nova ética.
mesmo dois planetas serão capazes de suportar tais demandas. A edição de 2014 do mesmo relatório
reafirma:
1.5 Terra seria necessária para fazer satisfazer a demanda atual da humanidade por recursos
naturais. Por mais de 40 anos, a demanda da humanidade vem excedendo a biocapacidade
do planeta – a quantidade de terra biologicamente produtiva e área do mar disponível para
regenerar esses recursos. (p. 10)
Nosso sistema econômico e nosso sistema planetário estão agora em guerra. Ou,
mais precisamente, nossa economia está em guerra com muitas formas de vida na
Terra, incluindo a vida humana. O que o clima - crítica central do livro da referida
economista- necessita para que se evite o colapso é uma contração no uso dos
recursos pela humanidade; o que nosso modelo econômico exige para evitar o
colapso é a expansão. Apenas um desse conjunto de regras pode ser mudando e não
é as leis da natureza.
As Ilusões Antropocêntricas
A Idolatria da T cnica
(SILVA, 1999), se apresenta como uma religião onde, em alusão à tradição judaico-cristã, Deus é o
Homo faber e seus representantes, o alto clero, uma elite de cientistas que entendem que têm a
missão de salvar a humanidade dos descaminhos e permitir-lhes que se cumpra o ―destino
manifesto‖ (MARQUES, 2015). É este, inclusive, o pensamento dos detentores do poder e dos
meios de produção, incluindo-se também a técnica. Considera-se, portanto, a tecnolatria como o
principal combustível para que a tecnologia seja voltada ao crescimento econômico .
Contudo, a técnica, em si, não pode ser considerada como causa da crise ambiental. É
impossível, inclusive, separar o lado beneficente da técnica de seu lado ominoso (MARQUES,
2015). Seu progresso é imprescindível em um momento de mudança adaptativa visando uma
sociedade que exerça menos impactos ao ambiente (RODRIGUES e BARBIERI, 2008).
É importante ainda frisar que, segundo Boff (2008), a tecnologia, em vez de criar meios que
garantam os subsídios para que a sociedade se sustente de forma autônoma, se coloca como a única
responsável direta pela sustentação dos povos (BOFF, 2008), ferindo-lhes o direito à autonomia.
Além disso, esta volta-se a servir ao mercado, sendo conivente e parcial no que diz respeito aos
interesses privados e os interesses sociais. Mesmo a biotecnologia, segundo Boff (2008), tem essa
mesma meta política. Trata-se, portanto, de uma real necessidade do envolvimento da técnica,
através da participação popular, com a diminuição da pressão antrópica sobre a biosfera,
requerendo-se, assim, mudanças profundas na ética que permeia a tecnologia, o que permanece
impossível enquanto predominar a ânsia por um crescimento ilimitado (BOFF, 2008; BURSZTYN,
2001; JONAS, 2006; MARQUES, 2015; RODRIGUES e BARBIERI, 2008; SILVA, 1999;).
índios Caetés e a outras etnias indígenas que ali habitavam, a sujeição e destruição das matas, de
parte significativa da fauna, dos corpos hídricos que contribuíam para a manutenção do equilíbrio
do ecossistema e hoje se apresentam apenas como sustentáculos da produção canavieira. Mesmo
depois da migração para as usinas (que se deu pela competitividade no comércio do açúcar e demais
produtos), o sistema de produção e consumo, de crescimento ilimitado e lucro, continua a explorar e
sujeitar a si o trabalhador ―livre‖, a mata, os animais.
A cana-de-açúcar, e todo o sistema que em sua volta foi gerado, especificamente em Três
Ladeiras, modificou profundamente rios, tanto em suas diversas ramificações para a irrigação e na
erosão que contribuía para o assoreamento do mesmo, como na contaminação dos corpos hídricos
subterrâneos e em superfície. Suprimiu a mata em função da atividade do engenho, da usina, da
própria plantação expansiva e intensiva de cana-de-açúcar, subtraindo terras de pequenas famílias
de agricultores que, de forma autônoma, dela tiraram o seu sustento, e sujeitando-os ao trabalho na
lavoura de cana, muitas vezes em condições precárias, sem a devida proteção, sem uma
remuneração justa e sem a garantia dos direitos básicos que lhes são previstos e garantidos na lei.
Afugentou os animais nativos da região, tais como lobos-guarás, raposas e afins, ao mesmo tempo
que destruiu o habitat dos mesmos. Contaminou o solo, a terra e dela a fez imprópria ao cultivo de
alimentos saudáveis, ferindo não só o direito a um ambiente ecologicamente equilibrado, mas à
própria segurança alimentar da população. Contaminando o solo, separou ainda mulheres e homens
da relação com a terra. Objetificou seres vivos. O trabalhador, diante deste cenário industrial,
perdeu ainda mais força, sendo ele regido, agora, por corporações e não por poucas pessoas como
outrora (senhor de engenho e sua família), nos engenhos. Todas as ocorrências se deram em função
do lucro imediato e crescimento ilimitado já, por si só, fadado ao fracasso (FREYRE, 2004),
alimentados por uma racionalidade de subjugação, exploração e domínio.
Não só no distrito de Três ladeiras e não só nos arredores do monocultivo da cana-de-açúcar,
mas em cada ponta de uma sociedade que tem como base o crescimento ilimitado, obtido por meio
do lucro ou não, tende-se à sujeição dos seres ao sistema imposto, negando-lhes os direitos básicos
adquiridos e os que ainda não o são por interesse próprio de uma elite branca, assim como relatado
em Freyre (2004), onde pessoas ligadas à alta aristocracia da civilização do açúcar cediam os
primeiros direitos aos negros não por enxergarem, de fato, estes direitos, mas pelo receio de
revoltas, atentando para não ceder-lhes em demasia. De forma semelhante se apresenta o cenário
atual do distrito de Três Ladeiras: uma população pobre, sem saneamento básico, castigada por
diversas doenças causadas pela destruição do equilíbrio ecológico na região (como os numerosos
casos de leishmaniose, por exemplo), dependente direta da Usina São José e demais complexos
industriais da região, obrigada e, pior, acostumada a sujeitar-se à exploração e a sujeitar à si, por sua
vez, o outro e a outra, desde os tempos coloniais, sendo esta mais uma representação da
racionalidade de dominação que permeia a sociedade.
Não cabe a este ponto uma exposição profunda de um modelo ético em sua complexidade,
porém, diante dos pontos discutidos anteriormente, torna-se visível a necessidade de uma
transformação. Jonas (2006) aponta para uma ética de responsabilidade para com as gerações
futuras e que nortearia o agir da espécie humana, em função da sobrevivência do planeta. Esta
responsabilidade se argumenta também no potencial que as atividades humanas têm de impactar o
ambiente (sendo muitos destes impactos maléficos e irreversíveis), e na responsabilidade que lhes
recai, portanto, em função destes impactos. Para Jonas, diante das desastrosas intervenções do
homem sobre a natureza, são necessárias atitudes urgentes. Ele considerou que a humanidade,
possuidora de um poder inexistente até a revolução industrial, pelo menos, e que se deu por meio da
tecnologia, necessitaria de uma nova ética, em contrapartida àquela a qual se funda pelo
pensamento de Descartes e Bacon, não somente no que se refere ao individual, mas também no
âmbito do coletivo e político, considerando que a ética que permeia a sociedade atual foi criada em
uma época onde não se previa tais condições (nem o poder adquirido posteriormente, tampouco
suas consequências sobre o meio ambiente).
Esta ética, entretanto, fazendo-se alheia a qualquer sistema político-econômico surgido até
então, requer não só um verdadeiro desejo pelo não-domínio, pela não-sujeição, mas requer uma
massiva participação popular construindo uma sociedade onde todos tenham voz ativa. Alguns
autores defendem que uma organização mais centrada ao ―local‖, tende a responder melhor às
intempéries ambientais e facilitam a participação popular (LEFF, 2009). Faz sentido ainda quando
interligamos às forças centrípetas que caracterizaram algumas sociedades na Antiguidade e às
formas de relacionamento que estas tinham com a natureza.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
do/a outro/a, desenvolvendo e garantindo a autonomia dos povos, os direitos também de seres não-
humanos, e reconhecendo a significativa capacidade de interferência humana nos ecossistemas
naturais, atribuindo-lhes máxima responsabilidade.
REFERÊNCIAS
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Tradução Sérgio Milliet– Sérgio Milliet. 2 ed. v2. Rio de Janeiro:
Ed. Nova Fronteira, 2009.
BOFF, Leonardo. Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres: dignidade e direitos da Mãe Terra.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
DRYZEK, J. S. Ecolog and discursive democrac : Be ond liberal capitalism and the
administrative state. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1080/10455759209358485. Acesso em
15 agosto 2017.
JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma tica para a civilização tecnológica/.
Tradução do original alemão Marijane Lisboa, Luiz Barros Montez. Rio de Janeiro: Contraponto:
Editora PUC-Rio, 2006.
KLEIN, Naomi. This changes ever thing: Capitalism vs. the climate. Simon and Schuster, 2015.
MARQUES, Luiz. Capitalismo e colapso ambiental. Campinas – SP: Editora da Unicamp, 2015.
PELIZZOLI, Marcelo L. Ética e meio ambiente: para uma sociedade sustentável. Rio de Janeiro:
Editora Vozes Limitada, 2013.
RESUMO
A extensão universitária, compreendida como um processo educativo, busca a aproximação do
conhecimento científico ao saber tradicional através de ações realizadas em âmbito comunitário,
principalmente, em espaços escolares. Constituído como projeto de ação de extensão, vinculado ao
Laboratório de Geoecologia da Paisagem e Planejamento Ambiental do Departamento de Geografia
da Universidade Federal do Ceará, o Museu de Ciências Ambientais Mundo Livre atua
desenvolvendo a temática da educação ambiental com o propósito de contribuir com a construção
de uma consciência ambiental pautada na realidade, reconhecendo a possibilidade da formação
cidadã conjunta, estabelecendo vínculos permanentes entre a universidade e a sociedade. Este
trabalho tem como objetivo apresentar os resultados obtidos através da atuação do Projeto Museu
Mundo Livre no ano de 2016, discutindo a importância da extensão universitária e a educação
ambiental, através de análise de referencial teórico e das atividades realizadas em escolas públicas
de Fortaleza – CE.
Palavras-chave: Extensão Universitária; Educação Ambiental; Educação; Geografia.
RESUMEN
La extensión universitaria, comprendida como un proceso educativo, busca la aproximación del
conocimiento científico al saber tradicional a través de acciones realizadas en ámbito comunitario,
principalmente, en espacios escolares. El Museo de Ciencias Ambientales Mundo Libre actúa
desarrollando la temática de la educación ambiental con el propósito de contribuir con la
construcción De una conciencia ambiental pautada en la realidad, reconociendo la posibilidad de la
formación ciudadana conjunta, estableciendo vínculos permanentes entre la universidad y la
sociedad. Este trabajo tiene como objetivo presentar los resultados obtenidos a través de la
actuación del Proyecto Museo Mundo Libre en el año 2016, discutiendo la importancia de la
extensión universitaria y la educación ambiental, a través de análisis de referencial teórico y de las
actividades realizadas en escuelas públicas de Fortaleza - CE.
Palabras-clave: Extensión Universitaria; Educación Ambiental; Educación; Geografía.
INTRODUÇÃO
em interação com a criatividade cultural dos povos que o habitam (LEFF, 2009). Fundamenta-se na
interação das diferentes dimensões da vida e das relações sociais.
A educação ambiental como processo dialógico permite a interação de diferentes saberes. O
saber ambiental pode contribuir para a construção da relação entre a sociedade e a natureza de
forma mais harmoniosa, pois leva em conta a ética, os saberes tradicionais e o conhecimento
empírico. Esse saber inclui o respeito ao ambiente, mas também a construção coletiva de um
conhecimento interdisciplinar, conectado à racionalidade ambiental. ―A racionalidade ambiental‖,
em sua dimensão prática, visa construir uma sociedade responsável que preserve e melhore a
sustentabilidade ambiental como base para o desenvolvimento no qual são articuladas todas as
facetas da atividade humana (RODRIGUEZ e SILVA, 2016). A construção dessa sociedade implica
em aporte educacional com direcionamentos voltados a essa concepção. No que concerne à
educação Leff avalia que
METODOLOGIA
A Educação Ambiental (EA) voltada para o ensino básico brasileiro é garantida através da
Política Nacional de Educação Ambiental instituída através da Lei n° 9.795 de 27 de abril de 1999.
Na prática, a EA é trabalhada a partir de projetos que visam discutir os temas transversais presentes
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a qual a EA está inserida. Esses projetos são
desenvolvidos pelos professores ao longo do ano letivo, no entanto, alguns aspectos a exemplo da
burocratização do sistema educacional, a relação entre gestores e funcionários das escolas, e
também, a formação acadêmica dos profissionais são dificuldades enfrentadas para efetivação da
interdisciplinaridade inerente à EA, pois limitam a aplicabilidade pretendida e, consequentemente, o
alcance dos objetivos propostos. Daí a importância da extensão universitária na construção de uma
consciência ambiental crítica no âmbito escolar concretizando a incorporação da educação
ambiental no sistema de ensino.
O Projeto Museu de Ciências Ambientais Mundo Livre desenvolve atividades lúdicas,
dinâmicas e que instigam a curiosidade dos alunos aproximando o conteúdo da forma, promovendo
ações que envolvem aspectos culturais, sociais, políticos e ambientais. O Museu Mundo Livre, em
seu espaço físico, abriga quatro exposições permanentes acerca das seguintes temáticas: Cultura
Indígena, Cultura Africana, Ecossistema Manguezal e Fósseis, demonstrando a relação existente
entre sociedade e natureza, e buscando contribuir com a formação cidadã dos envolvidos bem como
da própria comunidade através da escola. As atividades são desenvolvidas anualmente, integrando
estudantes da graduação, pós-graduação, professores universitários e da escola básica em seu
planejamento e execução.
A primeira etapa do Plano de Atuação é caracterizada pelo planejamento conjunto com a
gestão escolar. O primeiro contato é destinado ao reconhecimento do espaço escolar, identificação
de demandas e possibilidades, além da apresentação do projeto aos gestores (direção, coordenação e
professores). Após consolidada a parceria com a escola, é feito um cronograma de atividades
seguindo as temáticas trabalhadas pelo projeto de modo que estejam organizadas de acordo com os
conteúdos que estão sendo ministrados em sala de aula. Feito isso, inicia-se o processo de atuação,
onde os bolsistas participantes constroem materiais didáticos, selecionam recursos disponíveis e
realizam as atividades com os alunos.
As atividades, em geral, são realizadas na escola, mas também podem ser desenvolvidas na
universidade, onde os alunos têm a oportunidade de conhecer o campus, o Departamento de
Geografia e os laboratórios, conhecendo as temáticas de pesquisa, os métodos de ingresso, os
auxílios, entre outros aspectos. É um momento de interação com os estudantes do curso, a fim de
apresentar a universidade como um objetivo alcançável e realizável. Quando as atuações se dão no
espaço escolar, é feita a montagem das exposições em um espaço, que geralmente se encontra fora
ISBN: 978-85-68066-54-6 Página 1053
Educação ambiental: ecopedagogiae sustentabilidade dos recursos naturais
da sala de aula, para que os alunos tenham mais liberdade para participar e interagir com os objetos
expostos. As ações envolvem, além das exposições de objetos temáticos, oficinas de reutilização,
apresentação de documentários seguidos de rodas de conversa e palestras.
As atividades são divididas em dois momentos principais: explanação e interação. A
explanação é feita para apresentar o tema, utilizando de recursos como slides, banners ou apenas
uma apresentação oral. A interação é o momento em que os alunos fazem questionamentos, tocam
os objetos e conversam com os ministrantes. Neste momento também são realizadas atividades
práticas, no caso das oficinas. Através da interação é possível observar os resultados das ações na
formação dos alunos, de que forma as atividades influem na construção de pensamento e
transformação de realidades.
O processo avaliativo é realizado ao término de cada atividade. Os alunos são questionados
a respeito da metodologia, da interação com os bolsistas participantes, do conhecimento adquirido,
e também fazem sugestões a respeito do tema ou do andamento das atividades. Em seguida, os
professores e/ou diretores também avaliam as ações, contribuindo assim para o bom
desenvolvimento de atividades futuras, e da própria formação de alunos e bolsistas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante essa atividade, o espaço recebeu em torno de 150 visitantes que tiveram a
oportunidade de conhecer, de forma mais clara, os objetivos do projeto de extensão e demais ações
vinculadas ao LAGEPLAN, assim como a própria ciência geográfica e suas diversas possibilidades
de estudo e compreensão da realidade. Essa atividade proporcionou a construção de novas parcerias
ao projeto, e contribuiu com a sua divulgação e reconhecimento dentre a comunidade acadêmica.
As parcerias com escolas públicas e privadas é o principal elo entre Universidade e
comunidade, pois através delas é possível iniciar o processo de conscientização socioambiental a
partir da Educação Ambiental, como afirma Rodriguez e Silva (2013, p. 139) ―a educação
ambiental tem como propósito básico incorporar a cultura ambiental nas percepções, nos
comportamentos e no imaginário das populações‖. E a fim de alcançar este objetivo, o Museu
Mundo Livre realizou atividades pontuais e continuadas nas escolas Escola Municipal Presidente
Kennedy e Escola Estadual de Educação Profissional Presidente Roosevelt (Figura 5), localizadas
no município de Fortaleza – CE.
Como metodologia de abordagem, o projeto atua nas escolas através de oficinas, palestras,
exposições, dentre outras abordagens. Este trabalho tem como consequência o despertar dos alunos
para o exercício do questionamento, da crítica, do reconhecimento como agentes sociais e
transformadores de realidades, pois através do conhecimento adquirido podem se tornar cidadãos
atuantes em causas sociais, sejam elas de cunho ambiental, cultural ou político. As figuras abaixo
(Figuras 3 e 4) são registros de palestras que contaram com a participação de outros projetos de
extensão do LAGEPLAN, como o Mangrove que desenvolve a Educação Ambiental em áreas de
manguezal, ilustrado na figura 3. Utilizando de animais oriundos desse ecossistema e conservados
A exposição representada pela figura 4 teve como temática os fósseis. Os alunos foram
instigados a relacionar os conteúdos vistos em sala de aula com o tema da palestra. O público das
duas atividades contou com a participação de alunos do 6° e 8° anos do Ensino Fundamental II,
cada turma com 35 alunos, 3 professores e 2 funcionárias, em um total de 110 participantes.
A cada ano o projeto busca atuar de forma contínua nas escolas, pois a educação é um
processo diário construído dentro e fora da sala de aula, sendo cada vez mais notória a necessidade
de participação ativa dos discentes neste processo. No ano de 2016, o projeto atuou em três escolas,
com um número aproximado de 600 participantes, dentre alunos, professores e funcionários das
escolas. As principais atividades foram as exposições temáticas sobre fósseis, cultura indígena e
ecossistema manguezal, além de uma exposição sobre o continente africano, onde foram
apresentados alguns países, dentre eles: Guiné-Bissau, Angola, Cabo-Verde, etc. Essa atividade foi
realizada com nove turmas de 35 alunos da Escola Estadual de Educação Profissional Joaquim
Albano, e contou com a participação de alunos africanos dos cursos de graduação de UFC,
compartilhando vivências enriquecedoras.
Em meio a sociedade da informação e da tecnologia, nota-se a importância da pesquisa, e do
aprender a pesquisar, pois práticas que nos parecem simples se tornam complexas à medida em que
constroem opiniões e refletem ações. A extensão também alia ensino e pesquisa. Os pilares da
educação universitária se refletem na prática do estágio e na prática profissional. Não somente
contribui com a formação de graduandos (as), mas também de futuros universitários (as) que
passam a ter a oportunidade de conhecer a dimensão física da Universidade e a dimensão social.
Reconhecer a prática educativa como prática transformadora é essencial aos educadores ambientais
que trabalham diariamente em busca de um desenvolvimento ético e menos agressivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ambiental, e contribuindo com a formação de cidadãos através de ações, por muitas vezes, simples,
mas com consideráveis efeitos posteriores.
Compreender o meio em que vivemos, o impacto de nossas ações, a necessidade de
conhecimento mais aprofundado sobre a realidade, de respeito aos componentes ecossistêmicos,
sejam eles físicos ou humanos, bem como, entender o significado de discussões ambientais teóricas
em âmbito global que se refletem no cotidiano são emergências que se fazem essenciais a toda
população, e quanto maior o raio de acesso a esse conhecimento, maior será seu reflexo na
sociedade.
As atividades realizadas pelo projeto de extensão Museu de Ciências Ambientais Mundo
Livre proporcionam a valorização da temática ambiental e da cultura associadas à própria formação
da nossa sociedade como assunto cotidiano nas comunidades envolvidas. Incentivaram o uso dos
recursos tecnológicos no processo de ensino- aprendizagem nas escolas parceiras; promoveu o
interesse dos alunos em discutir e pesquisar acerca dos temas trabalhados. Em suma, confirmou-se a
importância da parceria das escolas e comunidades com os projetos de extensão universitários que
impactam não somente na vivência dos alunos nas escolas, mas também proporciona aos bolsistas e
participantes das atividades uma formação fundamentada na realidade da educação brasileira.
O Museu Mundo Livre com seu acervo propicia o estudo de ecossistemas litorâneos, que é
realizado pelos alunos do Departamento de Geografia, e ainda possibilita o ensino desses
complexos ecossistemas com os alunos que o visitam. E principalmente, incentivam o debate desses
temas associando elementos naturais e humanos. Os alunos envolvidos no projeto desenvolvem
pesquisas, em sua maioria, sobre ecossistemas litorâneos, bacia hidrográfica e educação. O projeto
também propicia aos participantes a experiência na área da docência, pois as atividades são
planejadas no formato de aulas, sendo elas, expositivas ou práticas. Assim, o ensino, a pesquisa e a
extensão tornam-se aliados nesse processo.
REFERÊNCIAS
Conceitos e Práticas em
Educação Ambiental
nas Escolas
© Giovanni Seabra
Aldineia BUSS
Graduanda do curso de Ciência Biológicas do IFES
aldineiabio@gmail.com
Mariela Mattos da SILVA
Bióloga, MSc Biologia Vegetal – UFES e DSc Fisiologia Vegetal – UFV
marielamtts@yahoo.com.br
RESUMO
Este trabalho objetivou verificar as implicações dos impactos ambientais e suas consequências
socioeconômicas, decorrentes do rompimento da barragem em Mariana-MG, nas ações de
Educação Ambiental (EA) em duas escolas estaduais do município de Colatina-ES. Para isso
procurou identificar as ações de EA realizadas nas escolas amostradas antes e após o desastre
ocorrido e diagnosticar se elas estão vinculados à problemática da tragédia vivenciada pela
comunidade, identificando as potencialidades e fragilidades das ações existentes, mediante a
metodologia de pesquisa documental (análise de diários de classe) e aplicação de questionários
semi-estruturados aos professores e alunos do Ensino Médio. Nota-se que problemas ambientais em
escala local favorecem a sensibilização ambiental, pois as temáticas relacionadas a tragédia
parecem ter sido significativas para os alunos, no entanto, verificou-se que a EA é pouco trabalhada
nessas escolas e o evento danoso local pouco influenciou nesse trabalho.
Palavras chave: Rio Doce; Educação ambiental; Desastre ambiental; Interdisciplinaridade.
ABSTRACT
This study aimed to verify the implications of environmental impacts and their socioeconomic
consequences, resulting from the dam break in Mariana-MG, in Environmental Education (EE)
actions in two state schools in the municipality of Colatina-ES. In order to do this, it sought to
identify the EE actions carried out in the schools sampled before and after the disaster that occurred
and to diagnose if they are related to the tragedy experienced by the community, identifying the
potentialities and weaknesses of the existing actions, through documentary research methodology
(Class diaries analysis) and the application of semi-structured questionnaires to teachers and high
school students. It was noted that environmental problems at the local level are in favor of
environmental awareness, since tragedy related themes seem to have been significant for the
students, however, it was verified that the EE isn‘t developed enough in these schools and the local
harmful event had little influence in this particular question.
Keywords: Rio Doce; Environmental Education; Environmental disaster; Interdisciplinarity.
INTRODUÇÃO
Assim como outras regiões da Mata Atlântica, a Bacia do Rio Doce teve, ao longo do
processo de colonização, sua ocupação e efetivo crescimento econômico sem preocupação com seu
uso sustentável, o que promoveu devastação de solos, matas e assoreamento do rio (AZEVEDO-
SANTOS et. al, 2016). Apesar do registro de degradação, esta região ainda abriga rica
biodiversidade e representa um importante manancial, cuja água é utilizada para uso doméstico,
agropecuário, industrial e geração de energia elétrica (CBH-Doce), tem uma importante função
ecológica na sua foz, além de comportar aproximadamente 3,6 milhões de habitantes distribuídos
em 200 municípios mineiros e 25 capixabas (ANA/CBH-DOCE, 2016).
No dia cinco de novembro de 2015, este rico ecossistema sofreu a maior de suas agressões
ao receber mais de 34 milhões de m³ de rejeitos de mineração provenientes do rompimento da
barragem de Fundão em Mariana-MG, pertencente à Samarco Mineradora, causando graves danos
ambientais e socioeconômicos imediatos. Como consequência, preocupações quanto aos danos
futuros são levantados, tanto devido aos impactos negativos a biodiversidade local, quanto pelas
consequências nas comunidades ao longo do rio (IBAMA, 2015).
Nesse contexto, vê-se na Educação Ambiental (EA) escolar, uma possibilidade de promover
um diálogo entre os diferentes agentes da comunidade, e dessa forma, fazer da escola um espaço
privilegiado para estabelecer conexões e disseminar informações, permitindo a discussão do
problema por ela vivenciado. Dentre as vertentes da EA, a Educação Ambiental Crítica pretende
contribuir para a formação de valores e atitudes capazes de orientar o indivíduo a intervir na
sociedade a fim de capacitá-lo na identificação e discernimento de ações quanto às questões
socioambientais visando à justiça ambiental. Essa tendência da EA busca articular a escola com os
problemas ambientes locais e regionais onde está inserida (BRASIL, 2004).
Dessa forma, o maior desastre ambiental da história do país pode resultar em uma
oportunidade de aprendizado. Entretanto, para que isso ocorra, os trabalhos de Educação Ambiental
desenvolvidos nas escolas necessitam estar suficientemente vinculados à problemática da tragédia
vivenciada pela comunidade, e que estes não estejam apenas a cargo de disciplinas isoladas, mas
sim articulados de forma interdisciplinar. Diante do exposto, é imprescindível que a EA dentro das
escolas seja um reflexo das necessidades da comunidade na qual está inserida, contribuindo para
despertar nos alunos a construção de valores que os possibilita a participação na gestão ambiental,
buscando a relação harmoniosa da sociedade com o ambiente, bem como uma melhor compreensão
das consequências da exploração indiscriminada e inconsequente do meio natural.
Em vista disso, este trabalho objetivou verificar as implicações dos impactos ambientais e
suas consequências socioeconômicas, decorrentes do rompimento da barragem em Mariana, MG,
nas ações de Educação Ambiental em duas escolas estaduais do município de Colatina, ES. Para
isso procurou identificar as ações de EA realizadas nas escolas amostradas antes e após o desastre
ocorrido no rio e diagnosticar se os trabalhos de EA desenvolvidos nas escolas pesquisadas estão
vinculados à problemática da tragédia vivenciada pela comunidade, identificando as potencialidades
e fragilidades das ações existentes.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada nos turnos matutino e vespertino das escolas EEEFM Rubens
Rangel e EEEFM Conde de Linhares, situadas na sede do Município de Colatina, localizado no
noroeste do Estado do Espírito Santo, cidade esta que possui o Rio Doce como o seu principal
manancial de abastecimento. O público alvo deste trabalho compreendeu os professores dessas
escolas e os alunos da 2ª série do ensino médio através de questionários semiestruturados. Além
disso, foram analisados os diários de classe das referidas escolas, registrados no período entre
fevereiro a outubro de 2015 referentes à 1ª série, sendo duas turmas do turno matutino e duas no
vespertino em cada escola, todas escolhidas arbitrariamente. Para o período após a tragédia foram
considerados os diários de classe registrados no período entre novembro de 2015 e agosto de 2016,
referentes as mesmas turmas de 2015, agora 2ª série/2016 do ensino médio. A coleta de dados foi
realizada em visitas às escolas durante o segundo semestre de 2016.
A EEEFM Rubens Rangel (Escola I) possui 155 alunos matriculados na 2ª série do ensino
médio e desses, 77 responderam ao questionário, o que corresponde a 49,6% dos alunos da 2ª série.
Já na EEEFM Conde de Linhares (Escola II) dos 230 alunos matriculados nos turnos matutino e
vespertino na 2ª série do ensino médio, 93 responderam ao questionário, o equivalente a 40,4%.
Destaca-se que nessa última escola o ensino médio possui cursos técnicos integrados, dessa forma
as turmas participantes da pesquisa foram duas turmas do curso de administração, uma em cada
turno, uma do curso de Logística, no matutino e uma do curso de informática, no vespertino.
Quanto a amostra de professores, na Escola I, dos 21 docentes atuantes nos turnos pesquisados, 13
(62%) participaram da pesquisa, enquanto na Escola II, do total de 41 professores, 11 (27%)
aceitaram participar desta pesquisa. Os dados obtidos foram tabulados a fim de quantificar e
qualificar as ações de EA trabalhadas nas escolas, além de relacionar essas ações à problemática
vivenciada no contexto local.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
trabalhada relacionada à tragédia ocorrida no Rio Doce, o que evidencia que a tragédia não teve
influência ou influenciou pouco no trabalho com EA nessa escola.
Dada a importância de as atividades de EA estarem contextualizadas na realidade local,
esperava-se que a tragédia ocorrida no rio motivasse o trabalho com EA, além de ser um tema
gerador para tal, mas isso ocorreu apenas de forma modesta. Lucatto e Talamoni (2007) ao
investigar a EA realizada em uma escola estadual de ensino médio em São Paulo, constataram que
ela vinha sendo trabalhada apenas ocasionalmente de forma tradicional e descontextualizada da
realidade local e sem nenhuma conexão entre as disciplinas. Os mesmos autores defendem ainda
que o estudo de bacia hidrográfica é um tema capaz de possibilitar uma visão holística do ambiente,
onde integram-se o ambiente físico e os contextos social e econômico. O que favorece o trabalho
interdisciplinar na EA.
Além disso, uma catástrofe (como a que ocorreu no Rio Doce), apesar de danosa, contribui
para a percepção e a compreensão dos riscos ambientais e por consequência, sociais que geralmente
passam despercebidos, ―manifestam o oculto‖, trazendo à tona a possibilidade de debate e estudo
(CARTEA, 2005). Tal afirmativa é feita pelo autor após realizar um estudo a respeito da resposta do
sistema regional de educação para a uma catástrofe ocorrida em Galiza (Espanha) em novembro de
2002, na qual o naufrágio de um navio petroleiro ocasionou o derramamento de sua carga na costa,
o que provocou além de danos ambientais, danos sociais e econômicos devido à relação de
dependência da comunidade local com a costa marítima.
Tabela 1: Disciplinas que abordaram assuntos relacionados à EA desenvolvidos na Escola I antes e depois da tragédia.
ANTES DEPOIS
Disciplinas Nº de aulas Assunto Nº de aulas Assunto
Biologia 9 Impactos antrópicos no ambiente; - -
Carta de 2070 (Dia da água);
Geografia 3 Crise hídrica e uso sustentável da água; 10 Seca no Espírito Santo;
Passeata pelo uso sustentável da água Mudanças climáticas e problemas
(Dia Mundial do Meio Ambiente); ambientai; Sustentabilidade social e
ambiental; Importância da arborização
urbana.
Química 2 Causas e consequências da chuva ácida; 19 Efeito estufa e aquecimento global;
Efeito estufa e aquecimento global. Causas e consequências da chuva ácida;
Meio ambiente.
L. Portuguesa 2 Visita ao Projeto Tamar 7 Entre jovens: eco sim, chato não
Sustentabilidade
Rejeitos no rio Doce
O lugar onde vivo
Arte 1 Patrimônio ambiental 2 Patrimônio ambiental
Tabela 2: Disciplinas que abordaram assuntos relacionados à EA desenvolvidos na Escola II antes e depois da tragédia.
ANTES DEPOIS
Disciplinas Nº de aulas Assunto Nº de aulas Assunto
Fontes de energia; Aquíferos;
Geografia 11 Escassez de água, degradação do solo e 24 Mobilização para causa ambiental;
segurança alimentar; Fundo econômico verde; Rio + 20;
Bacias hidrográficas. CFCs, efeito estufa, desmatamento e
biodiversidade.
L. Portuguesa 7 Impactos ambientais causados pelo 8
homem; Sustentabilidade
Crise hídrica no Brasil;
Anúncios do Greenpeace.
Sociologia 27 Sociedade e meio ambiente; 6 Sustentabilidade ambiental
Legislação ambiental. Sociedade e meio ambiente
Biologia 3 Desequilíbrio ambiental; - -
Poluição.
Química 2 Efeito estufa e chuva ácida. - -
Física - - 1 Propagação de calor e efeito estufa
Empreendedorismo 2 Empreender com sustentabilidade e - -
responsabilidade social.
Logística empresarial 3 Empresa sustentável; - -
Ciclo de vida fechado do produto.
Fundamentos da 1 O modelo da produção enxuta com - -
logística diminuição do desperdício e do impacto
ambiental.
Informática - - 2 O descarte do lixo eletrônico no Brasil
Gestão de pessoas - - 2 O consumo consciente da água (projeto
interdisciplinar)
Planejamento - - 1 Sustentabilidade (trabalho interdisciplinar)
empresarial e estratégico
Total 56 44
Fonte: Do autor.
Ainda de acordo com as tabelas 1 e 2 é possível inferir que apesar de ambas as escolas terem
trabalhado temas muito importantes para a compreensão da crise ambiental de forma geral, está
clara a ausência de interdisciplinaridade no desenvolvimento das temáticas. Ao que parece,
conforme os registros encontrados nos diários que elas foram desenvolvidas de forma disciplinar,
sem relacionar-se a outra(s) disciplina (s), visto que apenas duas temáticas foram registradas como
tendo sido desenvolvidas em conjunto com uma ou mais disciplinas (Tabela 2).
Desde o surgimento da EA, ela vem sendo proposta como um ato de formação político-
cidadã, crítica e contextualizada, estabelecendo a relação entre o global e o local. Como já defendia
o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global
(FORUM INTERNACIONAL DAS ONGs, 1992), a EA em um contexto social e histórico deve
envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo
de forma interdisciplinar e defendendo a participação das comunidades no planejamento e
implementação de suas próprias alternativas às políticas vigentes, visando mudanças na qualidade
de vida.
Dessa forma, a EA cria uma identidade que reaproxima o indivíduo da natureza e do meio
em que vive ao proporcionar uma reflexão crítica sobre a sua relação e a dos demais membros da
sociedade com o seu habitat e as consequências socioambientais dessa relação (ROSA et.al, 2015).
Para isso, os conteúdos curriculares devem ser tratados de forma crítica e de forma a dialogar com a
realidade local vivida, levando a construção de um novo conhecimento estimulador de novas
práticas que promovem transformações individuais e coletivas e ao mesmo tempo subsidia a
transformação da sociedade (GUIMARÃES, 2007).
Dos alunos participantes da pesquisa, apenas 10% dos estudantes da Escola I afirmaram ter
participado de algum trabalho de EA na escola na qual estudam no período anterior ao rompimento
da Barragem. Enquanto na Escola II nenhum aluno afirmou ter participado de atividades de EA
nesse período. Esse número aumenta muito para o período pós-tragédia, passando para 58% na
Escola I e 42% na Escola II dos entrevistados que afirmaram ter participado de atividades de EA
(Figura 1).
100% Escola I
80% Escola II
60%
40%
20%
0%
Sim Não Não estudei Sim Não
nesta escola
nesse período
ANTES DEPOIS
Dos alunos da Escola I que afirmaram ter participado de atividades de EA antes da tragédia,
todos citaram atividades práticas ou vinculadas a projetos. Para a Escola II ressalta-se que a análise
documental referente a esse período (visto anteriormente na Tabela 2) constata que houve
atividades de EA, no entanto, os dados da figura 1 podem indicar que nenhum dos alunos
entrevistados lembrou-se de atividades de EA neste período. Esses dados revelam a baixa
frequência com que atividades relacionadas a EA são trabalhadas em ambas as escolas e/ou o quão
significativos são os aprendizados construídos a partir dessas atividades.
Retoma-se aqui a importância da interdisciplinaridade, que proporcionará a compreensão
mais completa dos temas, e das atividades práticas e lúdicas no fazer da EA para que ela seja
significativa para os educandos. Para Santos (2009) a ludicidade é uma forma estimuladora para se
alcançar a totalidade no processo de aprender e na mudança de atitudes que atendem aos objetivos
propostos pela EA.
Dos educandos da Escola I que disseram ter participado de atividades de EA nesse período,
destacam-se, dentre as atividades citadas por eles, os assuntos relacionados a tragédia ocorrida no
Rio Doce, como ―Rios Doce e Santa Maria e a tragédia‖ (33% citaram) e ―Temas polêmicos: a
tragédia do Rio Doce‖ (22% citaram), o que mostra a relevância desses trabalhos para os alunos. Já
na Escola II um reduzido percentual de alunos citou apenas um assunto relacionado à tragédia ―A
tragédia do Rio Doce‖ (16%), o que denota a pouca atenção dedicada pela escola a essa temática,
como já exposto na tabela 2.
Em suma, os dados relacionados às atividades de EA desenvolvidas, obtidas a partir dos
alunos, sugerem a influência da tragédia do Rio Doce na EA escolar e também demonstram à
relevância que ganham os assuntos vinculados a realidade local para os alunos, o que revela a
importância de se trabalhar temáticas de EA que se relacionem ao contexto do ambiente habitado
pelos alunos.
Escola I
50%
Escola II
40%
30%
20%
10%
0%
Insuficiente Boa Não respondeu
Os dados corroboram com a pesquisa de Lamosa e Loureiro (2011) onde encontraram que
50% dos professores atribuem as dificuldades em se trabalhar a EA nas escolas à precariedade de
recursos materiais e humanos, à falta de tempo para planejamento e realização de atividades
extracurriculares. MEC (acesso em jun. 2017) também considera a pouca disponibilidade de tempo
dos professores como um dos principais fatores que dificultam o desenvolvimento de projetos de
EA nas escolas.
Para Tristão (2004, p. 24) o atual momento é de ruptura entre a lógica cartesiana que
fragmenta o objeto de conhecimento e a visão sistêmica e ambiental, uma visão holística onde não
há fronteira ―entre mundo natural e social, entre cultura e natureza, entre sujeito e objeto‖. Tal
ruptura está em processo e a educação ambiental vem a ser uma possibilidade de proporcionar o
pensamento holístico que relaciona homem e natureza e que por isso é capaz de promover a
consciência ambiental crítica. Nesse sentido, a Educação Ambiental Crítica assume um papel
desafiador, não sendo menos desafiador o papel do educador ambiental do qual se requer a
constante compreensão dos processos sociais e dos riscos ambientais que se acentuam.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AZEVEDO-SANTOS, V. M. et. al. A dura lição com a tragédia do rio Doce. Boletim Associação
Brasileira de Limnologia, v. 42, n.1, p.09-13, 2016.
GUIMARÃES, M. Educação ambiental: participação para além dos muros da escola. In: MELLO,
S. S.; TRAJBER, R. (Coord.) Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação
ambiental na escola. Brasília: MMA: UNESCO, 2007.
IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Laudo
Técnico Preliminar: Impactos ambientais decorrentes do desastre envolvendo o rompimento da
ROSA, T. S. et. al. A educação ambiental como estratégia para a redução de riscos
socioambientais. Ambiente & Sociedade, São Paulo v. 18, n. 3, p. 211-230, 2015.
RESUMO
A escola constitui-se ambiente ideal para provocar a sensibilização ambiental, pois é no decorrer do
processo formativo educacional que se encontra os espaços mais favoráveis para a introdução do
contexto ambiental e a implementação de práticas integrativas, participativas e comprometidas com
o meio ambiente. Assim, o principal objetivo desse trabalho foi possibilitar maior envolvimento dos
alunos nas questões ambientais a partir da abordagem água/algas. Para tanto, as atividades foram
desenvolvidas no período de abril de 2016 a fevereiro de 2017, e envolveram alunos do 2º e 3º anos,
de duas escolas de nível médio pertencentes à rede pública de ensino sendo, Colégio Estadual
Wilson Gonçalves e Escola Teodorico Teles de Quental, ambas localizadas em Crato - CE. Foram
definidas e elaboradas variadas estratégias didáticas, como: palestras, dinâmicas, jogos, vídeos,
debates, aplicação de questionários, oficinas, visitas ao Laboratório de Botânica da Universidade
Regional do Cariri - URCA, aulas de campo com coletas, e práticas laboratoriais envolvendo a
análise de amostras de água, para avaliação de sua qualidade. Como resultados, conseguiu-se
desenvolver junto aos alunos, importante conhecimento sobre as microalgas, incluindo suas
funções, aplicações, identificação de seus principais representantes, e com isso, a conscientização
acerca da necessidade da proteção e do monitoramento dos ecossistemas aquáticos. Dessa forma, as
variadas ações educativas direcionadas à comunidade escolar, possibilitaram ir além de um
conhecimento científico, uma vez que instigaram a percepção dos alunos para a necessidade do
reconhecimento dos valores ambientais e de sua relação de condicionamento da vida em suas
diferentes formas.
Palavras-chave: Ecossistemas Aquáticos; Estratégias Educativas; Algas; Percepção Ambiental.
ABSTRACT
The school is an ideal environment to provoke this environmental awareness, because it is during
the educational training process that the most favorable spaces for the introduction of the
environmental context and the implementation of integrative, participative and committed practices
with the environment are found. Thus, the main objective of this work was to allow greater
involvement of students in environmental issues from the water / algae approach. To do so, the
activities were developed from April 2016 to February 2017, and involved students from the 2nd
and 3rd years of two middle schools belonging to the public school system, being Wilson
Gonçalves State College and Teodorico Teles School of Quental, both located in Crato - CE.
Several didactic strategies were defined and elaborated, such as lectures, dynamics, games, videos,
INTRODUÇÃO
A água é um bem de suma importância para a manutenção da vida na terra. Esse recurso
natural encontra-se distribuído de várias maneiras e em diversos locais, porém, de todo o volume
disponível, apenas uma diminuta proporção é de água doce. Como se não bastasse a necessidade de
administração de uma reduzida quantidade de água para prover as diferentes formas de vida, temos
ainda os acelerados crescimentos urbanos que associados às inúmeras intervenções antrópicas
agravam a disponibilidade hídrica, afetando-a em quantidade e qualidade, além da prática dos usos
indiscriminados, da distribuição irregular das precipitações e, ainda, das condições ambientais de
algumas regiões que intensificam os processos de evaporação.
Sendo assim, faz-se necessário despertar na comunidade escolar a conscientização
ambiental, a fim de que os discentes venham a desenvolver atitudes comprometidas e relacionadas à
necessidade de recuperação/proteção dos ecossistemas aquáticos, compreendendo que a água não é
um recurso infinito, mas que requer um manejo coletivo com vistas ao uso racional e à manutenção
da sua qualidade. A escola constitui-se ambiente ideal para provocar essa sensibilização ambiental,
pois é no decorrer do processo formativo educacional que se encontra os espaços mais favoráveis
para a introdução do contexto ambiental e a implementação de práticas integrativas, participativas e
comprometidas com o meio ambiente.
Segundo Rangel et al. (2013), é na escola onde o indivíduo adquire discernimento para a
adoção de uma postura de respeito e proteção ao meio ambiente, e nesse sentido, ao se trabalhar a
educação ambiental nesses espaços, o aluno despertará para a necessidade de contribuir enquanto
membro de sua comunidade, com a conservação e/ou preservação ambiental.
Para um maior envolvimento dos alunos nas questões ambientais, e particularmente, na
realidade que envolve os ecossistemas aquáticos, utilizou-se a abordagem das Microalgas como
principal ferramenta de sensibilização ambiental. De acordo com Oliveira et al. (2008), esta
comunidade é composta de organismos microscópicos diversos, clorofilados, e, portanto,
fotossintetizantes, que vivem nos mais variados ambientes aquáticos, onde atuam como base da
cadeia alimentar, respondem pela produção de oxigênio do meio, além de consistirem importantes
indicadores da qualidade ambiental, isto é, quaisquer modificações incidentes sobre as massas
d‘água são prontamente refletidas por tais organismos.
Para Burliga (2006), a utilização das Microalgas na avaliação da qualidade da água
caracteriza o estado atual do ambiente, podendo predizer mudanças e identificar o estresse
ambiental, seja este natural ou antropogênico. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo
desenvolver estratégias didáticas de cunho ambiental junto aos alunos de ensino médio como,
palestras, dinâmicas, jogos, oficinas, dentre outras, contudo, todas integradas ao conhecimento das
Microalgas que constituem a base de qualquer corpo d‘água, e, portanto, das quais dependem a sua
estrutura e funcionamento.
Buscou-se com essas intervenções também difundir as aplicações dessa comunidade quanto
ao monitoramento da qualidade hídrica, uma vez que somada às suas variadas funções no meio, está
a de excelentes bioindicadores das condições ambientais incidentes, não esquecendo ainda, de
abordar os riscos a ela associados quando alteramos o equilíbrio de seus habitats, o que possibilitou
construir uma percepção ambiental nos alunos alicerçada na compreensão pragmática da
importância das ações coletivas, participativas e corresponsáveis no trato dos recursos naturais e na
sua proteção.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram também efetuadas as coletas de amostras de água com diferentes colorações a partir
de diferentes ambientes aquáticos, a fim de evidenciar a variação quanto à ocorrência das espécies
de Microalgas, como forma de trabalhar com a comunidade escolar que as alterações na
composição dessa comunidade são resultantes das modificações, principalmente de natureza
antrópica, que incidem nesses ambientes. Essa etapa permitiu aos alunos, a caracterização dos
variados tipos de ocorrência, com o entendimento de que estes são determinados pelo nível de
desnaturação dos ecossistemas.
E com vistas à conscientização da comunidade escolar sobre a necessidade de controle de
qualidade da água, a equipe também atuou através da implementação de diversas estratégias
educativas e direcionadas ao conhecimento das Microalgas, que consiste na mais importante biota
aquática e que, portanto, constitui-se na ferramenta fundamental de monitoramento de ecossistemas
aquáticos.
Os principais instrumentos utilizados para essa mediação educativa e formativa, seguem
descritos abaixo:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
diversidade biológica, mas também na expressão dos riscos à saúde humana em função do
crescimento de espécies nocivas.
A relação entre meio ambiente e educação para a cidadania assume um papel cada vez mais
desafiador, demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais que se
complexificam e riscos ambientais que se intensificam. Desse modo, a Educação Ambiental deve
ser vista como um processo de permanente aprendizagem que valoriza as diversas formas de
conhecimento e forma cidadãos com consciência local e planetária. Com base nessa compreensão, o
seu enfoque deve buscar uma perspectiva holística de ação, que relaciona o homem, a natureza e o
universo, tendo em conta que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua
degradação é o homem (JACOBI, 2003).
Outros instrumentos didáticos aplicados aos alunos no decorrer desse trabalho foram textos
com abordagens à temática poluição da água, a fim de melhor fundamentá-los sobre o processo que
é decorrente das ações antrópicas, diretas ou indiretas, nos diversos ambientes aquáticos, como
também, a confecção de cartazes para representação de suas concepções sobre esse problema e suas
consequências. A partir das ações relatadas acima, as quais estiveram voltadas à integração dos
alunos com a temática ambiental, solicitou-se ainda, a elaboração de um resumo onde os mesmos
puderam relatar sobre todos os temas, até então, trabalhados.
Segundo Medeiros et al. (2011), a educação ambiental nas escolas contribui para a formação
de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade socioambiental de um modo
comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade. Para isso, é importante que,
mais do que informações e conceitos, a escola se disponha a trabalhar com atitudes, com formação
de valores e com mais ações práticas do que teóricas para que o aluno possa aprender a amar,
respeitar e praticar ações voltadas à conservação ambiental.
Um outro tema abordado por meio de palestra foi a eutrofização, fenômeno causado pelo o
enriquecimento de nutrientes nos ambientes aquáticos e um dos problemas ambientais que mais
acometem os ecossistemas aquáticos, e junto à palestra que buscou explorar e ilustrar os conceitos,
causas e prejuízos, foram também utilizados vídeos, melhor caracterizando o processo, inclusive,
utilizando como exemplos as ilustrações de situações dos ambientes aquáticos locais. E para a
avaliação da compreensão dos alunos sobre esse fenômeno, aplicou-se um questionário para
analisar a desenvoltura dos mesmos, o qual demonstrou importantes resultados relacionados ao
entendimento acerca do referido processo e de suas implicações.
Após a concretização das variadas ações didáticas, os alunos também foram contemplados
com uma palestra integrativa que buscou abordar os principais temas desenvolvidos nas diferentes
atividades coletivas, evidenciando os assuntos mais relevantes e que foram vivenciados ao longo
das contribuições desse trabalho. Posteriormente, aplicou-se uma gincana envolvendo várias etapas,
as quais melhor consolidaram os enfoques ambientais trabalhados, desta vez, através de espaço
ainda mais dinâmico, participativo e interativo.
Os alunos relataram que as contribuições desse trabalho oportunizaram um aprimoramento
conceitual e de experiências na área de Biologia, melhor conhecimento dos ecossistemas aquáticos
da região, considerando suas problemáticas, e dos organismos que habitam esses ambientes, com
destaque às Microalgas, sobre as quais se permitiu o estudo dos principais representantes, funções,
aplicações e importâncias.
Quando os alunos foram indagados sobre os momentos que mais gostaram, as duas escolas,
Colégio Estadual Wilson Gonçalves e Escola Teodorico Teles de Quental, em sua maioria,
expressaram as mesmas opiniões, ressaltando que as aulas onde puderam manusear o microscópio
foram surpreendentes, pois através da referida prática puderam conhecer uma das comunidades
aquáticas (as Microalgas), e que as atividades interativas com espaço de diálogo entre aluno e
professor passaram a ter mais importância para cada um, além da sensibilização ambiental, cujas
ações desenvolvidas, segundo os mesmos, transmitiram a lição de não poluir o meio ambiente,
particularmente, os ecossistemas aquáticos, e buscar o exercício de práticas cotidianas que se
voltem a protegê-los e a manter a biodiversidade, para assim, se usufruir dos múltiplos usos que
deles são decorrentes.
CONCLUSÃO
A partir das variadas ações educativas desenvolvidas junto à comunidade escolar, foi
possível instigar a percepção dos alunos para a necessidade do reconhecimento dos valores
ambientais e de sua relação de condicionamento da vida em suas diferentes formas, evidenciando
que para tanto, se requer um manejo responsável e comprometido com o bem estar de todos, para o
que se faz imprescindível a participação coletiva na definição e implementação de medidas
socioambientais de recuperação e/ou proteção, partindo-se sempre do pressuposto que é possível
transformarmos a realidade imersa de problemas ambientais se devidamente assumidas as atitudes
de cuidado e corresponsabilização, que ainda que sejam simples, o mais importante é que sejam
conscientes, efetivamente contínuas e multiplicadoras, bem como baseadas em princípios éticos, de
generosidade e do bem comum.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA et al. Estudo das microalgas: um dos principais desafios para ações de monitoramento da
água. In: Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, 15., 2008. Natal – RN. Anais... Natal:
ABAS, 2008. p. 1-10.
RESUMO
O presente artigo objetiva apresentar o projeto ―FIC sem lixo‖, desenvolvido na Escola Estadual
Professor Francisco Ivo Cavalcanti, em Natal-RN, pelos alunos-bolsistas do Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID – de Geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Campus Natal Central. O PIBID está presente na referida
escola desde 2009 e, em 2013, surgiu a intenção/necessidade de difundir, junto a alunos, professores
e funcionários, conhecimentos sobre ética, cidadania, meio ambiente, educação ambiental e
sustentabilidade, tendo como tema norteador a problemática do lixo. Através do projeto intitulado
―FIC sem lixo‖, propomos o desenvolvimento de um processo de sensibilização e conscientização
ambiental centrado na preocupação com as gerações futuras, visando proporcionar, a todos que
fazem parte da instituição, um ambiente escolar mais limpo e harmonioso. Para tanto, realizamos
um conjunto de ações e intervenções que mobilizaram a comunidade escolar para o despertar da
questão ambiental, fazendo-os repensar suas práticas diárias e tornando o recinto escolar mais
propício para a convivência harmoniosa com o meio ambiente. No que diz respeito à metodologia, o
projeto foi dividido em quatro etapas: observação da escola, na qual verificamos a necessidade de
realizar um projeto de sensibilização/conscientização ambiental; pesquisa bibliográfica acerca do
tema, para fundamentar a produção e aplicação de oficinas; aplicação das atividades/oficinas
planejadas em todas as turmas da escola e; sistematização e análise dos resultados obtidos. O
projeto é contínuo e permanece em realização, sendo possível observar os resultados positivos já
alcançados, como, por exemplo, um maior interesse por parte dos professores, educandos e
funcionários em manter os espaços comuns da escola mais limpos e agradáveis a todos, havendo
também um despertar para a conscientização ambiental.
Palavras-Chave: Geografia, PIBID, Educação Ambiental, Sensibilização, Conscientização
Ambiental.
ABSTRACT
This article aims to present the project "FIC sem lixo", developed at the State School ‖Professor
Francisco Ivo Cavalcanti‖, in Natal-RN, by the students of the Institutional Program of the Initiation
to Teaching Grant (PIBID) of Geography of the Federal Institute of Education, Science and
Technology of Rio Grande do Norte - Central Natal Campus. The PIBID has been present in the
mentioned school since 2009 and in 2013, the intention/necessity appeared to spread, with students,
teachers and employees, knowledge about ethics, citizenship, environment, environmental
education and sustainability, having as a guiding theme the problematic of trash. Through the
project "FIC sem lixo", we propose the development of a process of environmental sensibilization
and consciousness centered on the concern with future generations, aiming to provide a cleaner and
more harmonious school ambience for all those who are part of the institution. To do so, we
performed a set of actions and interventions that mobilized the school community to awaken the
environmental issue, making them rethink their daily practices and making the school environment
more conducive to harmonious coexistence with the environment. Regarding the methodology, the
project was divided into four stages: school observation, in which we verified the need to carry out
an environmental sensibilization/consciousness project; Bibliographic research on the subject, to
support the production and application of workshops; Implementation of planned
activities/workshops in all classes of the school; Systematization and analysis of the results
obtained. The project is continuous and remains in progress, and it is possible to observe the
positive results already achieved, such as a greater interest on the part of teachers, students and staff
to keep the common spaces of the school cleaner and more pleasing to all, an awakening to
environmental awareness.
Keywords: Geography, PIBID, Environmental Education, Sensibilization, Environmental
consciousness.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A pesquisa que precedeu a produção deste artigo é de cunho qualitativo e utilizou como
ferramenta de coleta de dados a pesquisa bibliográfica e a elaboração de um projeto de
sensibilização e conscientização ambiental voltado para a comunidade escolar, objetivando
solucionar a problemática do lixo presente na instituição e, por consequência, tornar o ambiente
escolar mais limpo e harmonioso. A metodologia utilizada neste projeto foi desenvolvida através de
procedimentos realizados em quatro etapas. Na primeira etapa abordamos a situação problema a
partir da observação da escola campo de atuação, na qual verificamos a necessidade de realizar um
projeto de educação ambiental; concomitante, na segunda etapa, foi realizado um levantamento de
dados teóricos, que embasaram a estruturação do projeto, mediante uma seleção de textos, músicas,
vídeos, charges e poesias, assim como, a elaboração dos nossos instrumentos metodológicos, como
questionários, materiais de divulgação (jornal), material de apoio e planejamento das ações a serem
realizadas na etapa seguinte. A terceira etapa consistiu na realização das atividades/oficinas
planejadas em todas as turmas da escola, dentre as quais, cabe destacar a oficina de reciclagem, as
oficinas/aulas temáticas e as aulas de campo envolvendo meio ambiente e as disciplinas de
Geografia, História, Biologia, Educação Física, Língua Portuguesa, dentre outras. Na quarta e
última etapa, fizemos a sistematização e análise dos resultados obtidos com o projeto durante os
anos de 2014, 2015 e 2016, culminando com a produção deste artigo que tem como finalidade
apresentar/socializar o projeto e os resultados alcançados até então.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesse sentido, a educação ambiental pode ser incluída em todo o processo educacional cuja
finalidade é despertar a sensibilidade e a consciência dos alunos para um assunto que diz respeito a
ação humana em seu cotidiano.
Acerca disso, Narcizo (2009, p. 92) ressalta que:
Projetos impostos por pequenos grupos ou atividades isoladas, gerenciadas por apenas
alguns indivíduos da comunidade escolar – como um projeto de coleta seletiva no qual a
única participação dos discentes seja jogar o lixo em latões separados, envolvendo apenas
um professor coordenador – não são capazes de produzir a mudança de mentalidade
necessária para que a atitude de reduzir o consumo, reutilizar e reciclar resíduos sólidos se
estabeleça e transcenda para além do ambiente escolar. Portanto, deve-se buscar
alternativas que promovam uma contínua reflexão que culmine na metanoia (mudança de
mentalidade); apenas dessa forma, conseguiremos implementar, em nossas escolas, a
verdadeira Educação Ambiental, com atividades e projetos não meramente ilustrativos, mas
fruto da ânsia de toda a comunidade escolar em construir um futuro no qual possamos viver
em um ambiente equilibrado, em harmonia com o meio, com os outros seres vivos e com
nossos semelhantes.
RESSULTADOS E DISCUSSÃO
A utilização dos recursos naturais de forma adequada e sustentável deve constituir uma
preocupação permanente ao se desenvolver toda e qualquer atividade humana. Nesse sentido, é
importante que sejam implementadas noções de meio ambiente e educação ambiental nas escolas,
atrelando-as a princípios sobre ética e cidadania que possibilitem a formação do aluno enquanto
sujeito-cidadão capaz de lidar de forma participativa com os problemas socioambientais que
desafiam o bem-estar da sociedade contemporânea.
Para isso, a escola deve fornecer mais do que conceitos/conteúdos e oportunizar aos alunos
vivências que os sensibilizem/conscientizem em prol da melhor convivência com o meio ambiente e
com os recursos naturais renováveis e não renováveis que fazem parte dele. O tema Meio
Ambiente, nos Parâmetros Curriculares Nacionais, encontra-se integrado em quase todas as
disciplinas que compõe o currículo escolar, no entanto, ainda é abordado de maneira fragmentada.
Isto posto, faz-se necessário pensar/aperfeiçoar novas estratégias para trabalhar essa temática de
forma mais globalizada.
Nessa perspectiva, não é preciso modificar o currículo com a criação de novas disciplinas,
mas sim abordar, de forma integrada, os temas transversais relacionados às disciplinas já existentes,
sobretudo a Geografia.
Trabalhar a interdisciplinaridade atrelada à temática ambiental possibilita formar cidadãos
mais conscientes e críticos, capazes de refletir sobre suas ações e de identificar os problemas
presentes na sociedade, para que assim se alcance um futuro melhor para as gerações posteriores.
Logo, o PIBID de Geografia na Escola Estadual Professor Francisco Ivo Cavalcanti, buscou
referências em livros, artigos científicos e nos PCN‘s que subsidiassem a estruturação do projeto
―FIC sem lixo‖. Após o estudo realizado na escola, foram propostos os seguintes objetivos para o
projeto em questão:
Implantação de lixeiras ecológicas (Figura 2), as quais continham frases, elaboradas pelos
alunos, que expressavam o conteúdo exposto durante as oficinas temáticas. As frases elaboradas
foram selecionadas e adesivas nas lixeiras espalhadas inicialmente pelo pátio da escola e
posteriormente pelos demais espaços;
Aula de campo (trilha) na unidade de conservação ambiental do Parque Estadual das Dunas,
Figura 4: Aula de campo no Parque Estadual das Dunas, em Natal/RN. Fonte: Própria.
.
Figura 5: Jornal Geografia do Ivo. Fonte: Própria.
A seleção e elaboração das atividades realizadas durante o projeto teve como áreas de
interesse ações que conduzissem ao consumo consciente de energia e água dentro e fora do
ambiente escolar; a redução, reutilização e a reciclagem de resíduos, a partir da destinação e
tratamento correto do lixo; a manutenção das áreas verdes já existentes na escola e a sua ampliação;
a preservação do meio ambiente, dos ecossistemas e biomas; a integração das práticas docentes de
forma interdisciplinar com objetivo de fornecer aos alunos momentos de reflexão e vivência.
Como exemplo de algumas de nossas atividades, iniciamos ações do projeto com a exibição
do documentário ―A História das Coisas‖ com o intuito de levar os alunos a refletirem sobre o
sistema vigente e a sociedade de consumo estabelecida desde a revolução industrial. Assim, eles
podem pensar e perceber as consequências que este ―progresso‖ causou, portanto, contribuímos
para a formação de uma nova mentalidade, apta a participar de forma consciente da construção do
ambiente em que vive.
Em outro momento, ainda dentro das ações do projeto, foi realizada uma oficina utilizando-
se o curta metragem de animação ―Garbage‖, o qual propõe a construção de um mundo global, onde
o homem faz parte da natureza e de todos os fenômenos a ela interligados, sejam estes sociais,
biológicos, culturais, políticos ou econômicos. Esta animação também trata da questão ambiental,
pois faz crítica ao modo de consumo contemporâneo, relacionando, portanto, às discussões que
vinham sendo realizadas já em outros momentos do projeto.
Desse modo, espera-se que o projeto, por meio da sensibilização e conscientização
ambiental, possibilite que o aluno seja um cidadão consciente de seus atos, preocupado com os
problemas associados ao meio ambiente, que identifique tais problemas em seu cotidiano e que
desenvolva ações individuais e coletivas tendo em vista solucioná-los. Assim, no decorrer do
projeto, os alunos foram estimulados a identificar os problemas ambientais da escola e propor
soluções, as quais são colocadas em prática. Como forma de incentivo foi definido que aqueles
alunos que apresentassem maior envolvimento com as atividades e quisessem se juntar ao grupo do
PIBID, seriam nomeados Embaixadores da Sustentabilidade e atuariam ―fiscalizando‖ o
comportamento dos demais alunos.
As práticas realizadas têm por finalidade fazer os alunos perceberem que o meio ambiente
corresponde à junção dos componentes físicos e sociais, desenvolvendo uma ética ambiental
democrática e solidária, na qual exista uma relação de respeito com a natureza e com o ambiente
construído em que eles convivem e que essas atitudes sejam extensivas ao cotidiano, seja no
convívio familiar ou social.
Neste caso, a mudança no ambiente escolar foi primordial para que se estabelecesse um
compromisso em que os jovens envolvidos possam levar suas ações para além do espaço escolar.
CONCLUSÕES
O projeto ―FIC sem lixo‖ foi uma iniciativa dos bolsistas do PIBID de Geografia do IFRN
na Escola Estadual Professor Francisco Ivo Cavalcanti, cujo objetivo principal foi despertar, na
comunidade escolar, a conscientização para com a questão ambiental, a partir de ações práticas nos
espaços físicos da instituição de ensino visando melhorar a qualidade de vida dos alunos,
professores e funcionários por meio de atitudes ambientalmente corretas.
O projeto é contínuo e permanece em realização, sendo possível observar os resultados
positivos, como por exemplo, um maior interesse por parte dos professores, alunos e funcionários
em manter os espaços comuns da escola mais limpos e agradáveis a todos. Podemos perceber,
também, o quão importante é para os alunos um momento de socialização durante as atividades
realizadas, nas quais a integração de diversos saberes foi primordial, uma vez que não há
fragmentação do conteúdo por se tratar de um projeto interdisciplinar. Houve, também, o despertar
para uma conscientização ambiental que antes passava despercebida.
Dessa forma, a comunidade escolar pôde compreender que a partir de pequenas atitudes
contribui-se para fazer do mundo um lugar melhor e mais sustentável, partindo do local até atingir o
global. Almejamos com o projeto que os alunos possam ser multiplicadores dessa ideia e
reproduzam em seus ambientes de vivência pessoal – sua casa, sua rua e sua comunidade – todo o
aprendizado alcançado com as discussões.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação. Meio Ambiente. Brasília: Sem data.
MEC. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf>. Acesso
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ambiental nas escolas. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, v.
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Acesso em: 16 jun. 2017.
RESUMO
O uso de práticas de conscientização vem tomando destaque nos últimos anos, dessa forma a
Educação Ambiental vem contribuindo para chamar atenção sobre o esgotamento dos recursos
naturais e a má distribuição do seu acesso, envolvendo os cidadãos em ações que valorizam os
aspectos ligados ao seu uso consciente. O presente estudo tem como objetivo conhecer a visão sobre
o Meio Ambiente dos discentes secundaristas da rede Pública de Ensino de Acopiara-Ceará, sobre
conceitos, práticas ambientais e processos de degradação natural e antrópica. As variáveis
analisadas foram relativas aos impactos ambientais e suas consequências e a contribuição da
Educação Ambiental na preservação do meio ambiente. Foram aplicados questionários para 70
alunos com faixa etária entre 14 e 18 anos, do 1º ano do Ensino Médio de duas Escolas da rede
Estadual de Ensino. Os dados coletados sobre a temática Ambiental, evidenciaram que 42,9%
reconheceram que já haviam participado de alguma ação relacionada ao tema na Escola, porém,
42,9% dizem não lembrar. Quando questionados se desenvolviam alguma prática de conservação
ambiental, 77,1% afirmaram que sim. As práticas relatadas pela grande maioria são relativas à
economia de água e ao descarte adequado de resíduos sólidos, porém 22,9% não desenvolvem
nenhuma ação. Constatou-se que o maior problema dos discentes é a falta de informação ou o
desinteresse pela temática Ambiental. Neste contexto, as escolas deveriam abordar este tema através
de práticas transformadoras e conscientizadoras como feiras de ciências, palestras e documentários,
visando modificar esta realidade.
Palavras-chaves: Ensino Médio; Alunos; Educação Ambiental.
ABSTRACT
The use of awareness practices has been emphasized in recent years, so that Environmental
Education has contributed to draw attention to the depletion of natural resources and the low
distribution of their access, involving citizens in actions that value aspects related to their use
conscious. The present study aims to know the vision about the Environment of the high school
students of the Public School of Education of Acopiara-Ceará, on concepts, environmental practices
and processes of natural and anthropic degradation. The variables analyzed were related to the
environmental impacts and their consequences and to the contribution of Environmental Education
in the preservation of the environment. Questionnaires were applied to 70 students aged 14 to 18
years, from the first year of the Secondary School of two Schools of the State Teaching Network.
The data collected on the environmental theme showed that 42.9% acknowledged that they already
participated in some action related to the theme in the school, however, 42.9% said they did not
remember. When asked if some environmental conservation practice was developed, 77.1% said
yes. The practices reported by the vast majority are related to saving water and the adequate
disposal of solid waste, but 22.9% do not carry out any action. It was verified that the biggest
problem of the students is the lack of information or the lack of interest in the environmental theme.
In this context, schools must address this issue through transformative and conscientious practices,
such as scientific fairs, lectures and documentaries, to change this reality.
Keys-words: Secondary School; Students; Environmental Education.
INTRODUÇÃO
De acordo com os termos da Lei Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, Meio Ambiente ―... é o
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, social,
cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.‖ Segundo
Carvalho (2006), a Educação Ambiental é uma prática de conscientização, capaz de chamar a
atenção para a má distribuição dos recursos naturais, assim como o seu esgotamento, envolver os
cidadãos em ações sociais e ambientais apropriadas. Para Lima (2004), a escola é um dos espaços
mais privilegiados e que possuem o maior acesso à informação, assim os alunos são estimulados a
estabelecer conexões e concepções.
Levando em consideração que 84,4% da população brasileira (IBGE, 2010) reside em áreas
urbanas, a degradação ambiental vem crescendo e afetando as condições de vida dos grandes
centros. Neste contexto, é necessário que se faça uma reflexão acerca de como agir no que se refere
às questões ambientais.
Para Leff (2001), é impossível resolver e reverter grandes problemas ambientais, se não
houver uma mudança radical nos sistemas de conhecimento, valores e comportamentos gerados
pela dinâmica de racionalidade, fundada no aspecto econômico do desenvolvimento atual.
Jacobi (2003) mostra que há uma necessidade de abordar o tema da complexidade ambiental
decorrente da percepção e reflexão acerca das práticas existentes e das múltiplas possibilidades de,
ao pensar a realidade de modo complexo, defini-la como uma nova racionalidade e um espaço onde
se articulam natureza, técnica e cultura.
Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo conhecer a visão sobre o Meio
Ambiente dos discentes secundaristas da rede Pública de Ensino de Acopiara-Ceará.
METODOLOGIA
O município de Acopiara localiza-se na região Centro- Sul do estado do Ceará. Sua extensão
territorial é de 2.253,8 Km² e possui 51.160 habitantes (IBGE, 2010). Na zona urbana há três
escolas de Ensino Médio, uma particular e duas públicas. Foram o objeto desta pesquisa somente as
Escolas públicas por seus gestores demonstrarem interesse pela temática.
Coleta de Dados
Para obtenção dos dados, inicialmente buscou entender os valores éticos sobre a temática,
para elaboração do questionário. Em seguida, os gestores e professores da Escola Estadual de
Educação Profissional Alfredo Nunes de Melo e no Liceu de Acopiara Deputado Francisco Alves
Sobrinho foram contatados para saber se tinham interesse em participar da pesquisa. Posteriormente
houve uma breve apresentação com os participantes da pesquisa.
A coleta de dados aconteceu no mês de junho de 2017. Utilizou-se um questionário
semiestruturado contendo questões subjetivas e objetivas com a finalidade de conhecer a visão dos
discentes, abordando o perfil dos participantes quanto faixa etária e grau de escolaridade, bem como
conceitos relativos a Impacto e Educação Ambiental e da participação em ações voltadas ao meio
ambiente. Ele foi testado e posteriormente algumas questões foram corrigidas. Durante a aplicação
do questionário, surgiram algumas dúvidas que foram sanadas.
RESULTADOS
Todos os alunos participantes da pesquisa cursam o 1º ano do Ensino Médio, 40% estudam
no turno da manhã e 60% em período integral, a maioria (72%) tem 15 anos de idade (Figura 3).
Respostas dada pelos alunos podem ser comprovadas por uma matéria do Diário do
Nordeste no ano de 2010 que o município de Acopiara lidera o ranking de desmatamento no estado
do Ceará, no presente ano, assim como possui o maior índice de queimadas no verão.
De acordo com esses dados 91,4% dos participantes dizem que se incomodam com esses
tipos de problemas e consideram as pessoas como os principais responsáveis pelos problemas
ambientais e também os responsáveis para solucionar esses problemas.
Os alunos relataram o que consideravam como problemas ambientais e na sua grande
maioria destacaram a escassez, poluição das água, esgotos a céu aberto, fumaças de indústrias,
extinção e animais e espécies vegetais, no entanto destacaram buzinas, cartazes e gases emitidos
pelos automóveis, poluições sonora, visual e atmosféricas que são agressivas tão quanto as demais
relacionadas.
Quando questionados se desenvolviam alguma prática de conservação do meio ambiente
77,1% afirmou que sim, a grande maioria se envolve em ações relacionadas a economia de água e o
descarte adequado de resíduos sólidos, porém 2,9% não se desenvolve nenhuma ação.
Quando perguntados se sentem-se responsáveis pela qualidade ambiental do seu bairro, apenas
26,8% disseram sim. Em relação ao grau de satisfação do lugar onde moram, apenas 9% está muito
satisfeito (Figura 6). Estes resultados estão diretamente ligado à questões de limpeza, iluminação
pública e segurança levantados as questões posteriores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
<http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?uf=23&dados=11>
<http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=8>
LIMA, Waldyr. Aprendizagem e classificação social: um desafio aos conceitos. Forum Crítico da
Educação: Revista do ISEP/Programa de Mestrado em Ciências Pedagógicas. v. 3, n. 1, out.
2004.
RESUMO
Esse estudo aborda a relação entre educação ambiental e o Ensino de Química, com o uso de uma
metodologia contemporânea, a partir de ferramentas didáticas como a contextualização,
problematização, experimentação e o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs),
buscando construir conhecimentos significativos e formar cidadãos responsáveis, atuantes e
conscientes de um mundo globalizado. A pesquisa foi desenvolvida numa Escola Estadual de
Ensino Fundamental e Médio, localizada na cidade de João Pessoa – Paraíba, com uma turma do 2°
ano do Ensino Médio, por meio de uma metodologia qualitativa, com caráter participativo junto a
uma abordagem quantitativa, que teve como objetivo avaliar o uso de uma metodologia
diferenciada para o conteúdo de ―Reações Químicas‖. Os resultados se mostraram satisfatórios,
pois com essa práxis, alcançou-se uma construção do conhecimento significativo por parte do
alunado.
Palavras chave: Ensino de Química, Educação Ambiental, Contextualização, Experimentação.
ABSTRACT
This study approaches the connexion between environmental education and Chemistry Teaching,
with the use of a contemporary methodology, from didactic tools such as contextualization,
problematization, experimentation and the use of Information and Communication Technologies
(ICTs). These didactics tools were used seeking to build meaningful knowledge and to form
responsible, active and conscious citizens of a globalized world. The research was developed in a
State School of Primary and Secondary Education, located in the city of João Pessoa - Paraíba, with
a class of the 2nd year of High School. The methodology used were qualitative with a participatory
and quantitative approach, whose objective was to evaluate the use of a differentiated methodology
for the content of "Chemical Reactions". The results were satisfactory, because with this project
activities, a construction of significant knowledge was achieved by the student.
Keywords: Chemistry Teaching, Environmental Education, Contextualization, Experimentation.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, uma preocupação se tornou cada vez mais crescente referente ao Ensino
de Química. Isto, porque a maioria dos estudantes expressa que esta disciplina é muito teórica e
abstrata, transfigurando-se em um estudo exaustivo. Entretanto, a problemática não está apenas
relacionada a essa Ciência, mas também na postura adotada pelo docente, bem como no tipo de
metodologia abordada. Atualmente, grande parte dos professores da educação básica permeiam a
educação bancária, a qual Freire (2011) afirma que o professor só age como um narrador,
incentivando que o aluno seja apenas um memorizador, ou um repetidor.
No entanto, existem meios com que se podem transmitir os conhecimentos de um conteúdo.
Entre eles, destaca-se a contextualização, principalmente quando se discorre ao Ensino de Química,
pois é um instrumento didático que possibilita propiciar a interligação do contexto científico com o
saber prévio do alunado. Machado (2005 apud WARTHA, et al., 2013, p. 86) informa que
―conhecer o contexto significa ter melhores condições de se apropriar de um dado conhecimento e
de uma informação‖. Em concernência, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM),
definem que ―a contextualização permite que o aluno venha a desenvolver uma nova perspectiva: a
de observar sua realidade, compreendê-la e, o que é muito importante, enxergar possibilidades de
mudança‖ (BRASIL, 2006, p. 35).
A contextualização, assim como outras ferramentas didáticas, consente um processo de
ensinoaprendizagem diferenciado, ou seja, contrário ao ensino tradicional, que oportunizam a
percepção da importância do estudo da Ciência e seu envolvimento no mundo. Dentro dessa
abordagem, os estudantes conseguem perceber a relação Ciência-Sociedade, estimulando a
interação professor-aluno durante o processo educativo. Nesse sentido, discussões são erguidas e
debates são incentivados, tornando o âmbito escolar em um espaço ativo, rico de novas concepções
que são edificadas a partir dos conhecimentos prévios.
A Química, sendo uma Ciência que pode ser empregada em diversas situações e cenários,
possibilita a abordagem interdisciplinar com a educação ambiental, uma vez que essa tem como
princípio reescrever ações sociais e culturais de modo que as pessoas fiquem cientes de que são
responsáveis pelo mundo em que vive. Logo, esse tipo de abordagem interdisciplinar outorga a
construção de um conhecimento significativo, quando instruído de forma problematizadora,
enfatizando a conscientização na relação da tríade Ciência-Sociedade-Meio Ambiente. Dentro dessa
perspectiva, Ruscheinsky (2002, p. 55) reconhece que ―a própria ação sobre a realidade e sua
avaliação produzem e passam a exigir novos conhecimentos, justamente porque alteram a
conformação e a aparência da realidade, requerendo um novo pensar sobre ela‖.
A implantação do conceito de educação ambiental foi consolidada na década de 90 com os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), no qual foi estabelecido que é necessário que a
educação ambiental seja adepta desde o início da escolarização, com o objetivo de construir uma
ponte escola-comunidade, para que o conceito e práticas da educação ambiental seja difundida pela
população. Segundo Sauvé (2005, p. 321):
Dentro dessa conjuntura, uma pesquisa foi realizada em uma turma de Ensino Médio da
educação básica, utilizando diversas ferramentas didáticas para o ensino de Química no conteúdo de
―Reações Químicas‖, junto à interdisciplinaridade com a educação ambiental, visando proporcionar
um ambiente escolar mais ativo, onde o alunado possa ser autor no processo de edificação do
conhecimento e consiga interpretar cenários e situações de modo mais crítico.
METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe do PDVL (Programa Internacional Despertando
Vocações para as Licenciaturas) em conjunto com o professor regente da turma do 2º ano A do
nível médio de ensino, de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, localizada na
cidade de João Pessoa - Paraíba. Para o desenvolvimento da mesma, foram necessárias um total de
nove (9) aulas, com duração de trinta (30) minutos cada, aplicadas com trinta e seis (36) estudantes
participantes.
O trabalho foi desenvolvido com base em uma pesquisa qualitativa, incentivando a interação
entre aluno e professor, norteando o rumo da pesquisa, na qual uma abordagem qualitativa ―trabalha
com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. Ela aprofunda a complexidade de
fenômenos, fatos e processos; passa pelo observável e vai além dele ao estabelecer inferências e
atribuir significados ao comportamento‖ ( SILVA, 2010, p. 6). Além disso, teve uma abordagem
quantitativa, a qual é objetiva e mensurável, que analisa os dados com uma linguagem matemática (
SILVA, 2010). E ainda, uma pesquisa participante que qualifica ―a inserção de um pesquisador num
campo de investigação formado pela vida social e cultural de um outro, próximo ou distante, que,
por sua vez, é convocado a participar da investigação na qualidade de informante, colaborador ou
interlocutor‖ (SCHMIDT, 2006, p. 14).
No primeiro momento, nas duas aulas iniciais, foram apresentadas as propostas do programa
PDVL explanando os objetivos e o que se propunha com o desenvolvimento dessa pesquisa e,
ainda, foi entregue um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), para que os discentes
que desejassem participar pudessem coletar a assinatura do responsável, já que são menores de
idade. Ainda, um Questionário Inicial (QI) com cinco (5) questões foi aplicado, com o intuito de
avaliar o conhecimento prévio dos estudantes em relação ao conteúdo de ―Reações Químicas‖, de
acordo com o planejamento escolar do professor regente.
Na terceira e na quarta aulas, segundo momento, deu-se início ao conteúdo de reações
químicas, equações químicas e as diversas simbologias que podem ser encontradas, além das
transformações químicas e físicas que ocorrem na matéria, por meio de situações contextualizadas,
a partir de uma aula expositiva dialogada com uso de recurso visual, do quadro branco e lápis.
Na quinta e sexta aulas, terceiro momento, foram explanados os tipos de reações (síntese,
decomposição, simples troca e dupla troca), com definições e equações genéricas, por meio de
situações-problemas vivenciadas no dia a dia. Para esse momento, uma apresentação de slides foi
empregada, bem como o uso do quadro branco. Ao término, foram feitos exercícios para facilitar a
fixação dos conceitos.
No quarto momento, sétima e oitava aulas, foram exploradas as reações de oxirredução,
reações de precipitação e reações de salificação ou mais comumente conhecido como uma reação
entre um ácido e uma base, na qual o produto formado é um sal. A partir da classificação dessas
reações, foram empregados exemplos de reações químicas agressivas à saúde humana e ao meio
ambiente, a fim de incentivar a discussão e o debate sobre Educação Ambiental, tal como, levantar
possibilidades para preservação e/ou descarte apropriado.
Ainda nesse momento, foi realizado um experimento denominado: ―Em busca da proteína
do leite‖ que buscou corroborar o conceito de um dos tipos de reação química, a reação de
precipitação. Para isso, foram utilizados materiais de baixo custeio e presentes no dia a dia, tais
como: leite, vinagre e panela. Desse modo, foi separado duzentos e cinquenta (250) mililitros (mL)
de leite natural em uma panela, a qual foi levada ao fogo para que aquecesse um pouco. Em
seguida, o leite foi transferido para um bécker e, então, misturado com cerca de cinquenta (50)
mililitros (mL) de vinagre. Feito isso, a mistura foi colocada em um sistema de filtração simples
(com funil, papel de filtro, suporte universal e garra metálica).
Na nona aula, quinto momento, foi aplicado um Questionário Final (QF) a fim de avaliar, o
nível de conhecimento da turma após as aplicações. Tal questionário foi elaborado com cinco (5)
questões, tomando como base o desenvolvimento da turma no QI.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na primeira e segunda aulas, foi aplicado o Questionário Inicial, contendo cinco (5)
questões relacionadas aos conceitos de reações químicas, as quais foram elaboradas a partir de uma
perspectiva apontada pelo professor docente, o qual informou que a turma tinha dificuldade em
associar os conteúdos químicos com cada tipo de reação. O QI continha duas questões objetivas e
três subjetivas, em que uma delas interpelava: "O gás do fogão reage com o oxigênio do ar para
produzir o calor que utilizamos para cozinhar os alimentos. Será que a ferrugem também é uma
reação química? De qual tipo?".
Esse questionamento teve como intuito identificar o senso crítico do alunado, buscando
averiguar a capacidade deles de construir alternativas para explicar a situação. Ao avaliar as
respostas do QI, acerca dessa questão, puderam-se notar algumas respostas interessantes como: ―A
ferrugem uma reação química dada ao contato com a água e o oxigênio‖ e também ―É o
‗desgastamento‘ do ferro com o tempo‖. Apesar de ainda não terem visto o conteúdo, os alunos
apresentaram explicações formuladas com um pouco do contexto químico e também com
conhecimento relacionado a vivência cotidiana.
No segundo momento, terceira e quarta aulas, foi ministrada a introdução do conteúdo de
reação química, o contexto de equações químicas explicando o que era uma equação, como era
composta, diferenciando os conceitos de reação com presença de luz, reação com presença de
catalisador ou aquecimento, bem como a simbologia adequada para cada uma. Assim como, as
transformações químicas e físicas que ocorrem na matéria, utilizando uma aula expositiva dialogada
com uso de recurso visual, do quadro branco e lápis, como ilustra a Figura 1. Para essa aula o
projetor estava indisponível, porém utilizou-se o notebook para ilustrar imagens de algumas reações
no decorrer das explicações e interações.
Figura 1. Momento da aula expositiva dialogada com o uso do quadro branco. Fonte: Própria.
O chumbo é um metal pesado e seus ―sais solúveis, bem como o cloreto, nitrato e acetato de
chumbo são bastante venenosos causando dores abdominais, diarreia, náuseas, vômitos e câimbras‖
(GONÇALVES, 2010, p. 24). Além disso, foi esclarecido que ele é ―altamente tóxico e, como um
resultado das preocupações relacionadas com a saúde, a sua utilização em vários produtos como
gasolina, tintas e solda de tubulação, foi drasticamente reduzida nos últimos anos‖ (AMARAL
NETO, 2015, n.p.).
Frente a essa problemática, outros metais pesados e tóxicos foram debatidos, sendo
explanados os fatores prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, métodos de reciclagem e/ou próprio
descarte do material, visto que
Dando prosseguimento, para demonstrar esse tipo de reação de precipitação e abordar outros
conceitos, um experimento chamado: ―Em busca da proteína do leite‖ foi realizado, o qual utiliza
materiais simples, que não agridem o meio ambiente. Antes do início da prática, foram apresentados
os materiais e reagentes já mencionados na metodologia.
Os alunos ao verem os reagentes indagaram: ―A aula de química vai virar aula de culinária,
professor?‖. E novamente foi reforçado que fenômenos químicos não acontecem apenas com
materiais e reagentes presentes em laboratório, mas também com produtos e alimentos presentes em
nossas casas. Vale salientar que a equipe do PDVL utilizou todos os equipamentos de proteção e
segurança necessários, tomando todos os cuidados possíveis, durante a realização da
experimentação.
Para a realização do experimento, o leite foi aquecido por cerca de dois minutos no fogão da
cozinha da escola, e depois foi colocado em um bécker. Feito isso, acrescentou-se o vinagre,
homogeneizou-se a mistura e foi pedido para que os estudantes observassem (Figura 2).
Logo, os discentes levantaram questões como: ―Professor, estragou o leite?‖; ―Porque está
se separando em duas fases?‖. Partindo desses questionamentos, o docente esclareceu o que havia
ocorrido no meio, baseado nos conceitos de reação de precipitação, visto que ao misturar os dois
reagentes, um dos produtos formado é insolúvel no meio. Em seguida, a mistura foi colocada em
um sistema de filtração simples para separar o precipitado da solução resultante.
Como os estudantes não conseguiram elaborar hipóteses coerentes para o ocorrido, o
docente explanou que o leite tem a caseína como principal proteína, a qual é bastante solúvel em
água, pois se apresenta na forma de um sal de cálcio. Entretanto, em um meio de pH ácido, ou seja,
com adição de ácidos (vinagre que contém ácido acético em sua composição), a estrutura da caseína
é alterada, bem como sua solubilidade, levando-a a precipitação. Deste modo, a presença do vinagre
permitiu que a caseína fosse isolada dos outros componentes do leite, sendo extraída por meio de
uma filtração simples (FREITAS FILHO, et al., 2012). Diante do exposto, foi esclarecido que
nenhum dos componentes utilizados poderia prejudicar o meio ambiente, se descartado
normalmente na pia da escola.
O experimento escolhido serviu para ilustrar e demonstrar qualitativamente que uma reação
de precipitação, presente no cotidiano do alunado, pode ser realizada através de materiais de baixo
custeio e que não são agressivos ao meio ambiente. Além disso, abriu espaços para discussões
relacionadas a produtos e materiais que prejudicam à saúde humana e o meio ambiente, assim como
demonstrou diversas possibilidades de auxiliar a minimizar o impacto ambiental destes,
colaborando na edificação de conhecimentos significativos e, consequentemente, contribuindo para
que o discente seja um ser mais crítico. Tais construções cognitivas foram estimuladas pela
Educação Ambiental que é
No quinto e último momento, nona aula, um Questionário Final foi elaborado com base no
QI, buscando avaliar o conhecimento adquirido pelos discentes após o desenvolvimento das ações.
Logo, as questões requereram um nível maior de conhecimento quando comparado ao QI, sendo um
total de cinco questões. Duas delas eram referentes ao experimento desenvolvido em sala de aula,
que discorria: ―A respeito do experimento do leite, quais tipos de reações podemos constatar nessa
prática?‖; ―Por que foi utilizado o vinagre no experimento?‖.
Um dos alunos respondeu o primeiro questionamento: ―Podemos observar a reação de
dupla troca com precipitação‖. Outro estudante respondeu o segundo questionamento: ―O vinagre
foi usado para diminuir o pH e fazer com que a proteína ficasse insolúvel‖.
Os outros três questionamentos investigavam se os discentes conseguiam identificar os tipos
de reações, de acordo com equações químicas de reações que acontecem no dia a dia, e foi pedido
que eles escolhessem um tipo de reação e explicassem como os reagentes se comportam para
formar o produto.
Frente à análise das respostas, foi possível constatar que todos os estudantes conseguiram
alcançar notas maiores que sete (7,0), atribuindo um resultado positivo, já que no Questionário
Inicial a percentagem de acerto foi de 35%. Dentro dessa perspectiva, pode-se afirmar que o
conjunto de ações empregado pela equipe pesquisadora contribuiu para o desenvolvimento
cognitivo dos discentes em relação ao conteúdo estudado, propiciou um espaço privilegiado para
estabelecer conexões e informações quanto à temática ambiental, que foi direcionado a fim de
estimular os estudantes a terem concepções e uma postura cidadã, ciente de suas responsabilidades
como integrante do meio ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como a maioria das escolas públicas persiste em um modelo de ensino tradicional, novas
técnicas e ferramentas metodológicas devem ser abordadas com o intuito de modelar a visão da
Ciência Química dita abstrata, numa percepção de conhecimentos químicos presentes na vida, os
quais são relevantes para solução de diversas problemáticas. Desse modo, pode-se despertar a
curiosidade dos discentes e incentivá-los ao estudo de fenômenos e acontecimentos químicos.
Durante todo o processo, foi perceptível o déficit na elaboração de contextos sobre a
Educação Ambiental por parte dos discentes, o que reforça a importância e necessidade de se
relacionar os diversos conteúdos químicos com a temática ambiental. O debate sobre as questões
ambientais possibilitou que o alunado refletisse de modo crítico sobre a relação da natureza e os
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RESUMO:
As questões ambientais vêm sendo discutidas com frequência e, por meio da Educação Ambiental, é
possível levar esclarecimento às populações. Sabe-se que os recursos naturais estão cada vez mais
escassos, não só pela alta exploração, mas também pela poluição e contaminação dos mesmos, pois
a disposição inadequada de resíduos no ambiente gera focos de proliferação de doenças e de
contaminação. O óleo de cozinha quando descartado no meio ambiente apresenta alto poder de
contaminação. Esse resíduo líquido lançado nas redes de esgoto permanece nos rios, consumindo o
oxigênio como resultado do processo de decomposição se for descartado no solo provoca a
impermeabilização dos leitos e terrenos, o que possibilita a ocorrência das enchentes. Na maioria
das vezes esse problema ocorre pela falta de conhecimento da população sobre os impactos
ambientais que esse resíduo pode causar. Pensando nessa problemática, foi desenvolvido um
trabalho no município de Capim- PB, pela professora de ciências e pelos alunos do 7º e 8º ano da
Escola Professora Eunice Alves dos Santos (Distrito de Olho d‘ Água), com o objetivo de
sensibilizar os alunos da escola, e a população local à fazer o descarte correto do óleo de cozinha. O
trabalho foi dividido em quatro etapas: palestras na escola, panfletagem na comunidade e entrega do
recipiente de acondicionamento, coleta dos recipientes com óleo usado para produção do sabão
ecológico e a última etapa o uso do sabão ecológico na unidade escolar. Diante do objetivo
proposto, de sensibilizar a respeito dos danos causados ao meio ambiente pelo uso e descarte
inadequado de óleo vegetal, pôde-se concluir que o resultado esperado foi alcançado ao obter em
um mês 20 litros de óleo de cozinha usado, resultando em 10 kg de sabão ecológico, que foram
utilizados na própria unidade escolar.
Palavras Chaves: Interdisciplinaridade Escolar, Sabão Ecológico, Reciclagem, Educação
ABSTRACT
The environmental questions has been frequently discussed and, by means of through
environmental education, it is possible to take explanation to the populations. It is known that
natural resources are increasingly scarce, not only by high exploration, but also the pollution and
contamination the same, because your inadequate disposition in the environment create proliferation
focus and contamination diseases. The cooking oil when discarded in the environment present high
power of contamination. This liquid residue released in sewage networks remains in rivers,
consuming the oxygen and resulting in the decomposition process, if discarded in the soil causes the
waterproofing of beds and terrain, that enables the occurrence of floods. Most of the time this
problem occurs to lack of knowledge of the population about the environmental impacts that this
residue can cause. Thinking about this problem, was developed a work in the municipality of
Capim- PB, by the science teacher and by the students of the 7th and 8th year of the School Teacher
Eunice Alves dos Santos (Olho d 'Água District), with the objective to sensitize the students of the
School, and the local population to make the correct disposal of cooking oil. The work was divided
in four stages: lectures in the school, pamphlet in the community and delivery of the packaging
container, collection of the containers with oil used to obtain the ecological soap and the last stage
the use of ecological soap in the school unit. In view of the proposed objective, to sensitize about
the damage caused to the environment by the use and inadequate disposal of vegetable oil, it was
conclued that the it was concluded that the desired result was achieved obtain in one month 20 liters
of used cooking oil, resulting in 10 kg ecological soap, which it was used in the school unit itself.
Keywords: Interdisciplinary School, Ecological Soap, Recycling, Education
INTRODUÇÃO
A evolução tecnológica, desde o século XX com a Revolução Industrial, até os dias atuais
tem levado o meio ambiente a um estado de desvalorização nunca visto anteriormente. A cada dia o
homem acredita que pode extrair o máximo proveito dos recursos naturais do planeta, sem sofrer as
consequências de seus atos e causar danos ao ambiente. O crescimento econômico geralmente
implica aumento em todos os setores – industrial, comércio, serviço e consumo, em outras palavras,
significa mais extração de recursos naturais, mais produção e mais coisas descartadas na terra na
forma de lixo (LEONARD, 2011).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) afirmam que a interdisciplinaridade é
fundamental ao desenvolvimento ligado ao meio ambiente, de forma a integrar os conteúdos em
várias disciplinas. O livro do PCN sobre o meio ambiente, da destaque para a explicitação de
indicadores para a construção do ensinar e do aprender em educação ambiental (EA), como
princípios a serem desenvolvidos nas escolas sobre as atividades humanas que geram impactos e
degradações nos meios físicos, biológicos e socioeconômicos, que afetam os recursos naturais, a
saúde humana e ambiental, no ar, nas águas, no solo e no meio sociocultural, dando ênfase que
algumas das formas mais conhecidas de degradação ambiental são a desestruturação física (erosão,
no caso de solos), a poluição e a contaminação (BRASIL, 1997).
De acordo com Ribeiro (1999, p. 37):
Sato (1997, p. 90) ressalta que a EA ―sustenta todas as atividades e impulsiona os aspectos
físicos, biológicos, sociais e culturais dos seres humanos‖. Sendo assim, apresenta-se como uma
peça importante no currículo escolar.
Narciso (2009, p.88) afirma:
A educação ambiental deve ser trabalhada nas escolas não por ser uma exigência do
Ministério da Educação, mas porque acreditamos ser a única forma de aprendermos e
ensinarmos que nós, seres humanos, não somos os únicos habitantes deste planeta, que não
temos o direito de destruí-lo, pois da mesma forma que herdamos a terra de nossos pais,
deveremos deixá-la para nossos filhos.
Uma das formas de sensibilizar crianças e adultos, em relação à reciclagem dos resíduos
sólidos e líquidos é através da EA, um processo de aprendizagem longo e contínuo que busca
formar e desenvolver atitudes racionais e responsáveis na perspectiva de criar um novo modelo de
relacionamento entre homem e meio ambiente (OLIVEIRA, 2005).
A educação ambiental é uma disciplina bem estabelecida que enfatiza a relação do homem
com o ambiente natural, as formas de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos
adequadamente (UNESCO, 2005). Educação esta que deve ser iniciada na escola a partir do ensino
infantil, fazendo parte do dia a dia de crianças, jovens e adultos, para que aprendam a respeitar e
preservar ―a nossa casa comum‖ seja na convivência em casa ou com professores, diretores e
demais funcionários da escola.
O campo de atuação onde a EA possui mais enfoque é nas escolas, na perspectiva de formar
cidadãos conscientes das responsabilidades integrantes do meio ambiente, onde se pode criar
condições e alternativas que estimulem os alunos a terem concepções e posturas ecologicamente
corretas.
Assim, Lisboa (2012, p. 27) enfatiza:
Mas, quando se fala em EA logo pensamos em desenvolver atitudes que ajudem o ambiente.
Uma das principais fontes de poluição do ambiente natural são os resíduos sólidos ou líquidos, e
uma forma de diminuir esses resíduos, continua sendo a reciclagem e/ou reutilização, na tentativa
de ocupar menos espaço nos aterros, com resíduos que seriam lançados indevidamente no ambiente,
contribuindo para o entupimento de bueiros, propiciando condições de proliferação de vetores,
prejudicando a fauna e a flora, além de causarem impacto no aspecto estético. A partir da
reciclagem foi desenvolvida a política dos 3R‘s que consiste em três ações, reduzir, reutilizar e
reciclar, no intuito de sensibilizar a sociedade com relação ao acúmulo de resíduos.
Silva et al (2004, p. 01) definem a política dos 3R‘s onde:
Tendo em vista que um dos recursos naturais mais preciosos que temos é a água e que a
mesma vem sofrendo ações antrópicas como: a poluição e contaminação dos mares, rios, lagos,
lençóis freáticos, entre outros, surge assim, a preocupação de buscar sensibilizar a comunidade
escolar sobre a importância da quantidade e qualidade da água, uma vez que as crianças são o futuro
do nosso planeta. O ato de contaminação dos corpos hídricos acontece todos os dias em milhares de
casas, uma ação realizada diariamente e que muitas vezes passa despercebida é o descarte do óleo
de cozinha na pia.
Lopes (2009, p. 1036) retrata a importância de reciclar o óleo de cozinha (resíduo líquido):
Por ser menos denso que a água, o óleo de cozinha forma uma película sobre a mesma, o
que provoca a retenção de sólidos, entupimentos e problemas de drenagem quando
colocados nas redes coletoras de esgoto. O óleo de cozinha jogado diretamente na pia pode
prejudicar o meio ambiente. Se o produto for para as redes de esgoto encarece o tratamento
dos resíduos em até 45% e o que permanece nos rios provocando a impermeabilização dos
leitos e terrenos, o que contribui para que ocorram as enchentes e desequilíbrios ecológicos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
ÁREA DE ESTUDO
Figura 02. Escola Municipal Professora Eunice Alves dos Santos, Distrito de
Olho d‘Água do Serrão, Capim-PB.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No início do trabalho quando se realizaram as palestras (Figura 04), perguntou-se aos alunos
sobre o conhecimento de alternativas para reciclar o óleo de cozinha, 95% dos alunos não souberam
responder sobre a existência de alguma maneira de se reciclar o óleo usado, apenas 5% dos alunos
responderam sobre alternativas de reciclagem do óleo (Figura 05).
80
60
40
20
Figura 05. Conhecimento dos alunos com relação a reciclagem do óleo de cozinha usado.
Após um mês da data de entrega dos recipientes (garrafa PET) nas casas (Figuras 06 e 07),
os alunos voltaram as casas da comunidade para coletar o óleo usado. Das 50 casas onde foram
entregues, 70% devolveram os recipientes com óleo de cozinha utilizado, obteve-se um total de 20
litros de óleo de cozinha usado (Figura 08), rendendo10 kg de sabão ecológico (Figura 09).
Figura 06. Coletores do óleo de cozinha usado Figura 07. Alunos nas ruas entregando panfletos e os
coletores.
Figura 09. Sabão ecológico produzido com óleo de cozinha coletado pelos alunos.
Fabricado pela Gestão Ambiental da Miriri Alimentos e Bioenergia. (Imagens.G. Soares)
líquido, podemos transformar o lixo doméstico em insumos que podem ser reutilizados, trazendo
com isso, diversas vantagens ambientais.
Após a coleta foi realizado em sala de aula um debate para avaliar o aprendizado dos alunos,
onde os mesmos puderam expressar suas opiniões. A maioria dos alunos envolvidos no trabalho
reconheceram a importância do meio ambiente para a sua vida e a necessidade da sua preservação.
Deixaram evidente que o óleo de cozinha é muito utilizado nas residências, uma vez que é
necessário para culinária.
Conscientes que o descarte incorreto causa consequências negativas ao meio natural, os
alunos se motivaram a promover no futuro, a disseminação desse conhecimento nas diferentes ruas,
estabelecimentos e na sociedade, alertando sobre as consequências do óleo de cozinha descartado de
forma inadequada, como uma ação que pode causar danos ao meio ambiente, mostraram-se também
sensibilizados quanto a necessidade de reutilizar esse resíduo para a produção de sabão ecológico.
Dessa maneira, o óleo de cozinha usado, coletado pelos alunos para produção de sabão
ecológico, pode ser utilizado também pelos moradores locais em suas residências.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do presente trabalho, observou-se que a maioria das pessoas ainda não sabem o que
fazer com o óleo de cozinha usado e muitas desconhecem os prejuízos causados ao meio ambiente e
por esse motivo acabam descartando o resíduo no solo, ralo da pia, ou então descartam no lixo
comum. No entanto, é necessário orientar as pessoas, quanto ao impacto que o óleo usado causa no
ambiente e o que fazer com esse resíduo, neste caso, podendo ser usado o exemplo da fabricação de
sabão, que além de ser eficiente para a limpeza, pode gerar benefícios econômicos e ambientais.
Uma das ações mais importantes que se percebeu nessa experiência relatada, foi o quanto os
alunos se sentiram importantes em colaborar com o projeto. Ficou evidente, que a EA quando
praticada na comunidade escolar, faz a diferença, com o propósito de envolver os alunos, de modo
que eles se vejam como sujeitos atuantes no processo histórico de sua comunidade, pois assim a
educação se torna significativa para eles, e demonstra que o espaço físico educacional, está muito
além da sala de aula. Nesse momento a educação deixa de ser apenas uma teoria assistida, e passa a
ser uma experiência de vida, que fará parte do cotidiano do aluno fora da comunidade escolar.
Vale ressaltar que tal experiência, a partir da coleta do óleo de cozinha para reutilizar e fazer
o sabão ecológico não reeduca apenas os alunos, que veem na prática o que de fato significa os
3R‘s, mas também a comunidade em si, que passa por um processo de reeducação onde, alguns
ambientes domésticos não se tinham a prática no cotidiano de armazenar o óleo usado, e passam a
armazenar esse resíduo líquido para transformá-lo em um novo produto.
Sabe-se que esses 20 litros de óleo coletados, foram 20 litros a menos para poluir o solo e os
lençóis freáticos. A partir deste trabalho de reutilizar o óleo de cozinha usado, pretende-se realizar
na escola junto com os alunos, uma oficina para produção do sabão ecológico, como também tornar
um projeto fixo na comunidade, com a intenção de continuar levando o aprendizado a outras
pessoas e proteger o ambiente natural dos impactos causados pelo descarte incorreto do óleo.
REFERÊNCIAS
LEONARD, A. A história das Coisas: da Natureza ao Lixo, o que Acontece com Tudo que
Consumimos. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
SATO, M. Educação Para o Ambiente Amazônico. [Tese] Universidade Federal de São Carlos.
1997. p. 90.
SILVA, José; GOMES, Antonia; DINIZ, Luciene; CATÃO, Maria. Reduzir, Reutilizar e Reciclar -
Proposta de Educação Ambiental para o Brejo Paraibano. Congresso Brasileiro de Extensão
Universitária, Belo Horizonte, 2004. p. 01.
UNESCO. Década das Nações Unidas da Educação para um Desenvolvimento Sustentável, 2005-
2014: documento final do esquema internacional de implementação. –Brasília: UNESCO, 2005.
RESUMO
Este artigo teve como intuito analisar como os alunos do curso técnico integrado em Meio
Ambiente do IFRN- IPANGUAÇU entendem e se enquadram às concepções de Educação
Ambiental. Para isso foi aplicado um questionário contendo duas perguntas: ―Como você define
Educação Ambiental e qual sua importância?‖ e ―Em sua opinião, em que lugares a Educação
Ambiental poderá ser trabalhada/desenvolvida?‖. Para a classificação das respostas utilizou-se as
correntes citadas por SAUVÉ (2005). Foi possível encontrar uma grande amplitude de concepções,
assim descobrindo que os alunos não se prendem apenas a uma forma de educação ambiental e
podem trabalhar de forma mais ampliada uma das áreas de atuação do técnico em meio ambiente.
Palavras-chave: correntes de educação ambiental; meio ambiente; concepção
ABSTRACT
This article is meant to examine how the student's integrated technical course in Environment
IFRN- Ipanguaçu understand and fit the concepts of environmental education and how to fit the
same , for this we use the methodology of application of a questionnaire containing two questions: "
How do you define environmental education and what is its importance ? "And" In your opinion ,
which places environmental education can be worked / developed? " . For the classification of the
responses we use chains cited by SAUVÉ (2005). It was possible to find a great range of designs
thus discovering that students do not relate only to a form of environmental education and can work
more expanded form one of the technical areas of expertise in the environment.
Keywords: streams of environmental education; environmental; conception
INTRODUÇÃO
―Antes de definirmos a educação ambiental que queremos fazer precisamos ter claro que o
problema não está na quantidade de pessoas que existe no planeta e que necessita consumir
cada vez mais os recursos naturais para se alimentar, vestir e morar. ‖ (REIGOTA, 2009,
p.11).
A utilização de Reigota (2009) para a abertura desta pesquisa é para que se possa desde já
levantar uma questão: Educação ambiental está diretamente e unicamente ligada à conservação dos
recursos naturais? Corroborando com Carvalho (2001) também, caberia perguntar: existe uma
educação ambiental ou várias? Será que todos os que estão fazendo educação ambiental comungam
de princípios pedagógicos e de um ideário ambiental comum? Por ventura da aceleração da
degradação ambiental desde a primeira revolução industrial no século XIX, os recursos naturais
vêm diminuindo pela alta busca para utilização humana, na contemporaneidade muito se fala de
conservação e restauração do meio ambiente, a isto se agrega o termo educação ambiental, mas que
muitas vezes é tratado de uma única maneira, limitando o que ela é verdadeiramente, pois a
conservação de recursos naturais é apenas uma das várias correntes de educação ambiental.
―A visão mecanicista e reducionista do mundo tem sido precisamente uma das causas
fundamentais da crise imperante durante os últimos séculos, dando lugar a ciências
compartimentalizadas, fechadas sobre si mesma, para as quais a complexidade do mundo
físico e do mundo pessoal ou social tem sido reduzida a uma soma de pequenas parcelas
isoladas que se tomavam como objeto de estudo fechado em si mesmo‖ (SANTOS, 2015, p.
45)
Logo pode se dizer de forma geral que educação ambiental é a ação de educar as pessoas a
se viver harmoniosamente com o meio, sem prejudica-lo ou degrada-lo, sem transgredir os limites
estabelecidos.
Este trabalho leva em consideração as correntes apresentadas por Sauvé (2005) para mapear
as concepções de educação ambiental da turma do segundo e terceiro anos do curso técnico em
meio ambiente na modalidade integrada ao ensino médio do Instituto Federal de Educação, Ciências
e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) do Campus Ipanguaçu no período letivo de 2016.2. O
critério para elencar as turmas supracitadas se deu pelo fato de uma delas – a turma do terceiro ano
– já ter cursado a disciplina de ―Educação Ambiental e Ecoturismo‖ enquanto que os estudantes da
turma de segundo ano ainda não cursaram. Portanto, considerou-se importante buscar compreender
as concepções à respeito de EA que os estudantes dessas duas turmas apresentam.
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi o conhecer como os estudantes do curso de
meio ambiente compreendem a educação ambiental, mapeando as correntes a que eles se
enquadram e assim analisando o quanto eles conhecem sobre as diferentes formas de educação
ambiental. Para, além disso, buscou-se comparar como as duas turmas se manifestaram em suas
respostas tendo em vista que uma delas já cursou a disciplina de EA.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUsSÕES
O questionário foi aplicado nas turmas de Meio Ambiente do segundo (trinta e um alunos) e
terceiro anos (dezessete alunos), do Campus Ipanguaçu.
A primeira questão ―Como você define Educação Ambiental e qual sua importância?‖ trouxe
os seguintes resultados:
0%
MEIO AMBIENTE 3º ANO
6%
17%
6% Naturalista
Recursista
35% Resolutiva
0% Sistêmica
0% Científica
18% Humanista
6% Moral/Ética
12%
0% 0%
ambiente, pois o desenvolvimento deve aliar as necessidades dos humanos com a disponibilidade de
recursos, e devem ser desenvolvidas técnicas para melhor aproveitar esses recursos.
A Ecoeducação, que se encaixou em 3% das respostas em Meio Ambiente 2 12% em Meio
Ambiente 3, é uma corrente da educação ambiental que tem como foco principal a criação de um
elo entre o homem e meio ambiente, aproveitando como caminho para um desenvolvimento
pessoal, para o fundamento de um atuar significativo e responsável. Ou seja, é o desenvolvimento
de uma interação, em que o ser humano seja educado para respeitar a natureza e viver de maneira
harmoniosa, sem causar impactos negativos ao meio.
A corrente Científica pôde ser observada em 10% das respostas, em Meio Ambiente 2, que
se manifesta adquirindo conhecimentos acerca das ciências ambientais (química, biologia etc.),
realizando pesquisas de campo e analisando os problemas existentes em determinada área, além
estudar a relação antrópica e como influenciaria a sociedade.
A corrente Naturalista, que se encaixou em 7% das respostas de Meio Ambiente 2, tem como
ideias a reconstrução da ligação homem-natureza. ―As proposições da corrente Naturalista com
frequência reconhecem o valor intrínseco da natureza, acima e além dos recursos que ela
proporciona [...].‖ (SAUVÉ, 2005), ou seja, essa visão compreende que a natureza deve ser algo
presente em todos os níveis de ensino, para desenvolver um sentimento de pertencimento ao meio, e
um senso de que devesse proteger o local que nos oferece as condições necessárias para
sobrevivência, e para isso deve haver um conhecimento acerca da natureza, para desenvolver
medidas para cuidar dela.
A visão Sistêmica, com 3% das respostas enquadradas nessa corrente (Meio Ambiente 2),
que de acordo com Sauvé ―é desenvolver o pensamento sistêmico: análise e síntese de um
pensamento global. Compreender as realidades ambientais, tendo em vista decisões apropriadas. ‖
(2005), ou seja, essa corrente analisa o ambiente como um todo, detectando os pontos positivos e
negativos, e toma decisões que não afetem negativamente no equilíbrio do meio ambiente.
A corrente Biorregionalista (3% das respostas em Meio Ambiente2) diz que o
desenvolvimento de medidas relacionadas ao ecodesenvolvimento deve ter uma amplitude local.
Que primeiramente, devem ser resolvidos os problemas ambientais da região em que está se
trabalhando, por meio de grupos comunitários que estejam engajados na manutenção do meio em
que vivem.
De acordo com a visão Práxica (na qual 3% das respostas se enquadram, de Mei Ambiente
2), a educação ambiental deve analisar o ambiente e estabelecer uma reflexão acerca das atitudes
antrópicas realizadas nos últimos 100 anos e como elas influenciaram na natureza. ―Aprender em,
para e pela ação‖ (SAUVÉ, 2005).
Todos os
lugares Todos os lugares
29%
Escolas
Indeterminado
Escolas
61%
MEIO AMBIENTE 3
Indeterminado
18%
Todos os lugares
Escolas
Indeterminado
Todos os
Escolas lugares
23% 59%
Para facilitar a análise feita, as respostas obtidas foram englobadas em duas respostas mais
amplas, mas que abarcam 90% das respostas dadas pelos entrevistados em Meio Ambiente 2 e os
outros 10% constituem respostas vagas e/ou que não se encaixam na proposta da pergunta, foram
enquadradas na categoria ―Indeterminado‖. As duas grandes respostas foram: ―Escola‖ e ―Em todos
os lugares‖. A mesma perspectiva foi seguida na análise de Meio Ambiente 3, com 82% das
respostas enquadradas em ―Escola‖ e ―Em todos os lugares‖ e 18% indeterminadas.
A maioria dos entrevistados de Meio Ambiente 2 (61% das respostas), acreditam que
Educação Ambiental deve ser trabalhada majoritariamente na escola. Uma das respostas dadas,
pode explicar bem o porquê dessa opinião ter sido tão acentuada: ―Nas escolas, pois é da base que
deve ser trabalhado para que os que vão ficar em nossos lugares e, que, ‗creça‘ sabendo o correto e
fazendo o que é certo ao meio‖. A maioria das respostas dadas na entrevista tinha essa formatação,
com ―escola‖ sendo a palavra-chave da resposta. Essa opinião pode estar associada a corrente
Recursista, que também foi a corrente em que as respostas mais se enquadraram na primeira
pergunta. Escola também é o local em que a maioria das pessoas associa o conceito de educação,
por isso, a Educação Ambiental pode ser associada a isso, pois a função das instituições de ensino é
preparar os seus alunos para serem cidadãos capazes de mudar o meio. Já em Meio Ambiente, 23%
das respostas obtidas compreendem que Educação Ambiental deve ser trabalhada majoritariamente
na escola. Uma das respostas dadas, pode explicar bem o porquê dessa opinião ter sido tão
acentuada: ―Em sala de aula, palestras em diversas áreas que trabalhem esta disciplina de forma
transdisciplinar. ‖. A maioria das respostas dadas na entrevista tinha essa formatação, com ―escola‖
sendo a palavra-chave da resposta. Essa opinião pode estar associada a corrente de
Desenvolvimento Sustentável, que foi a corrente em que as respostas mais se enquadraram na
primeira pergunta. Escola também é o local em que a maioria das pessoas associa o conceito de
educação, por isso, a Educação Ambiental pode ser associada, pois a função das instituições de
ensino é preparar os seus alunos para serem cidadãos capazes de mudar o meio, como é evidenciado
em uma das respostas: ―[...] a escola é o ponto de partida, nós somos a linha transportadora.‖.
Com 21% das respostas de Meio Ambiente 2 enquadradas nesse quesito, a opção ―Em todos
os lugares‖ é bem mais ampla que determinar que Educação Ambiental deve ser somente trabalhada
na escola, mas abre precedentes para outros espaços, que vão além do ambiente que é considerado o
―local da educação e aprendizado‖. Esse quesito traz consigo a ideia de que Educação Ambiental
não é algo que deve ser usado só na teoria e conscientização, mas como prática que deve ser levada
para a vida em sociedade. ―Primeiramente na nossa casa, escola, cidades etc., pois as pessoas estão
precisando de uma ‗readucação‘ ambiental‖. Essa resposta dada mostra a chave da maioria das
respostas dadas que se encaixaram nesse quesito, pois mostra que a noção de Educação Ambiental
não está totalmente ligada a um conhecimento teórico, e sim a práticas que devem ser desenvolvidas
no maior número de espaços possíveis. Outra resposta que representa bem o que os entrevistados
quiseram expressar quando se enquadraram nessa opção é: ―A Educação Ambiental deve ser
inserida e desenvolvida em todos os espaços da sociedade, pois o conhecimento sustentável e
ambiental deve ser acessível a todos‖. Pode ser evidenciado nessa resposta a questão que nem todas
as pessoas tem acesso à educação na escola, mas que nem por isso elas devem ser excluídas do
plano de Educação Ambiental, mas que essa modalidade deve integrar-se em todos os espaços e
atingir o maior número de pessoas possível. Em Meio Ambiente 3, com 59% das respostas
enquadradas nesse quesito, idealiza a Educação Ambiental como algo que deve ser trabalhada por
toda a população, ―Escola, trabalho, em casa, em todos os lugares, pois o meio ambiente esta
presente me tudo, é dever nosso preserva-ló. ‖, esta respostas traz a ideia que a maioria das outras
enquadradas também querem passar, de que a Educação Ambiental pode encaixar-se em qualquer
espaço, basta a disposição da população. Outra resposta que representa bem o que os entrevistados
quiseram expressar quando se enquadraram nessa opção é: ―Em qualquer lugar, desde que se tenha
a iniciativa de desenvolver.‖, mostra que a Educação Ambiental é de extrema importância, mas é
necessário o interesse das pessoas em desenvolvê-la, tudo em prol de um bem maior.
As respostas que se encaixaram no quesito ―Indeterminada‖, se enquadram assim pois não
trazem consistência e/ou mostram falta de conhecimento sobre o assunto abordado.
CONCLUSÃO
Nos dias atuais, está cada vez mais difícil de se definir algo como certo, uma verdade
universal. Para tudo existem diversas correntes e versões, e cada uma tem seus próprios princípios,
e nenhuma está errada. O mesmo ocorre com a Educação Ambiental: o que antes era visto apenas de
uma maneira, agora tem diversas vertentes e cada uma tem suas próprias diretrizes e características,
entretanto não se pode estabelecer a ―mais correta‖ ou ―a certa‖, mas cada uma tem sua importância
para a construção da compreensão sobre o ambiente, e com essa variedade, pode atingir um número
maior de pessoas. ―A educação ambiental é uma das mais importantes exigências educacionais
contemporâneas não só no Brasil. Pode ainda ser considerada uma grande contribuição para a
educação em geral‖ (REIGOTA, 2009).
Diante disso, a Educação Ambiental deve ser trabalhada na transdisciplinaridade, pois deve
englobar o maior número de ciências que puderem contribuir para a disseminação desta, pois ―a
transdiplinaridade é uma teoria do conhecimento, é uma compreensão de processos, é um diálogo
entre as diferentes áreas do saber e uma aventura de espiríto‖ (SANTOS, 2015, p. 47).
Portanto, é de extrema importância analisar qual a visão das pessoas sobre Educação
Ambiental, e se essas diversas correntes estão cumprindo sua função precípua de levar o
conhecimento ambiental para o maior número de pessoa pois, apesar da grande influência da mídia
na sociedade atual, é necessário um reforço para o enfrentamento das questões ambientais. Foi
possível constatar que mesmo muitos não conhecendo as várias correntes de educação ambiental, há
um grande número de correntes em que as repostas se enquadraram, mostrando assim, que os
conhecimentos sobre EA não são mais limitados a corrente Recursista, mesmo ela sendo a mais
comumente difundida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental - São Paulo, ed. Brasiliense, 2012. 5º reimpressão
da 2º ed. de 2009
SANTOS, Elizabeth da Conceição., SILVA, Edson Vicente da., RODRIGUEZ, José Manuel Mateo.
Educação Ambiental e transdisciplinaridade: para repensar o desenvolvimento no combate à
crise planetária. In: Ramiro Camacho, Maria Torres, Rodrigo de Carvalho, João Rebouças,
Ismael de Melo (Orgs). Mossoró: UERN, 2015
SAUVÉ, Lucie. Uma cartografia das correntes em educação ambiental. In: Educação Ambiental:
pesquisa e desafios/Michele Sato, Isabel Cristina (Orgs.). Porto Alegre: Artmed, 2005
RESUMO
A escolha da disciplina eletiva ―Amazônia vai a Antártica‖, oportunizada no projeto Escola de
Ensino Medio de Tempo Integral Cândido Portinari em Rolim de Moura – RO, propiciou a
correlaçao entre ambos ambientes. O conhecimento obtido se converteu uma ferramenta para uma
pesquisa-açao-participante, desenvolvida pelos autores do presente artigo, aplicada a 113 alunos de
ensino fundamental da mesma escola, a opçao das turmas contou com estatistica descriva
facilitando a escolha de quais iriam compor o projeto experimental. O processo de construçao do
conhecimento e multiplicaçao do mesmo trouxe reflexoes importantes sobre a urgencia de projetos
ambientais mais recorrentes nas escolas e o papel de jovens multiplicadores ambientais. Relatar essa
experiencia vivenciada se converte o principal objetivo desse artigo.
Palavras chaves: Educação Ambiental, Multiplicadores Ambientais, Antártica, Amazônia.
RESUMÉN
La elección de la disciplina electiva "Amazônia vai a Antártica", una oportunidad del proyecto
Escuela de Enseñanza Secundaria de Tiempo Integral Cándido Portinari en el municipio de Rolim
de Moura - RO, propició una correlación entre ambos ambientes. El conocimiento obtenido se
convirtió en una herramienta para investigación – acción - participante, desarrollado por los autores
del presente artículo, aplicada a 113 alumnos de enseñanza fundamental de la misma escuela, la
opción de las clases contó con encuesta y estadística descriptiva facilitando la elección de cuáles
iban a componer el proyecto experimental. El proceso de construcción del conocimiento y la
multiplicación del mismo trajo reflejos sobre una urgencia de proyectos ambientales más
recurrentes en las escuelas. Presentar esta experiencia vivida se convierte en el principal objetivo
del artículo.
Palabras claves: Educación Ambiental, Multiplicadores Ambientales, Antártica, Amazônia.
36
Orientando por Nubia CARAMELLO, Docente Secretaria de Educaçao do Estado de Rondônia – SEDUC / Doutora
em Geografia nubiacaramello@yahoo.com.br
INTRODUÇÃO
Ao longo das últimas décadas as pesquisas voltadas sobre o meio ambiente tem se tornado
cada vez mais tecnológica, uma forma de ter acesso a informações não somente regional, mas
também de outras partes do mundo, pois a forma com que nosso planeta vem sendo degradado
preocupa muito e estimula cada vez mais se buscar pelo bem estar de toda a vida terrestre.
Entre os problemas ambientais identificados como preocupantes destaca-se o lixo, como um
dos principais causadores da poluição ambiental urbana e uma das maiores preocupações tanto por
gestores quanto pela sociedade. O lixo, hoje é tratado como resíduos sólidos e pode atingir os
corpos hídricos tanto fluviais como marítimo podendo chegar ao continente Antártico, ambos
ambientes são essenciais fonte de sobrevivência para uma significativa quantidade de espécies.
Neste sentido não se pode afirmar que ―o problema não é meu‖, sempre atribuindo ao
próximo à responsabilidade da construção de um panorama ambiental confortável.
Este fator agrava na região Amazônica onde grande parte da população endógena ou
exógena a ela possui a percepção de que há muitos recursos e estamos confortáveis ambientalmente,
um mito facilmente reconhecido se a escala de analise for o espaço vivido. A Amazônia conhecida
como ―pulmão do mundo‖ e sua rica biodiversidade repleta pela beleza de sua fauna e flora na qual
é cobiçada por outros países pelo sistema hídrico abundante, onde nos fornece o encanto da floresta
e suas plantas medicinais. Enquanto a Antártica um continente deslumbrante pelas suas belezas
naturais e seu vasto deserto de geleira onde e considerado o lugar mais frio, mais remoto e o mais
alto, sua temperatura pode chegar a -60C, e que possui a maior cobertura de gelo, sendo 98% do
continente coberto por uma camada em media de 2000m de espessura (ELIAS-PIERA, 2015).
Eles são os dois maiores reservatórios de agua doce do mundo, e não só no Brasil, mas todo
o clima mundial é influenciado pelo continente antártico (Videoconferência Dr. Elaine Alves),
também são ambientes frágeis e que necessitam de um maior compromisso na sua gestão territorial.
Mas infelizmente nos seres humanos não estamos sendo tão responsáveis com nosso planeta, pois o
derretimento das geleiras provocado pelo aquecimento global trata-se da consequência
antropogênica de como lidamos com os demais ambientes como, por exemplo, o amazônico que
sofre com queimadas das florestas e dos lixos (resíduos sólidos) devido à ausência de saneamento
básico predominando lixões a céu aberto como acontecia no município de Rolim de Moura no
Estado de Rondônia e os demais municípios da zona da mata.
Preocupações como as apresentadas até aqui, nos levaram a optar pela disciplina eletiva
―Amazônia vai a Antártica‖, uma proposta piloto desenvolvida na Escola Ensino Médio de Tempo
Integral do Estado de Rondônia Candido Portinari, localizada no município de Rolim de Moura.
Quando no inicio da disciplina eletiva foi questionado aos participantes da mesma, quantos
de nós alunos do ensino médio havíamos participado de algum projeto ambiental em nossa vida
escolar até aquele momento, apenas 47% informaram que em algum momento da vida escolar
haviam participado. Ao realizarmos a mesma pergunta as 9 (nove) turmas de ensino fundamental,
contemplando 249 alunos, 51% alegaram já terem participado. Ainda que seja um valor
significativo tanto em nível de ensino fundamental quanto de ensino médio, contribui para a
elevação dessa porcentagem se converteu uma das metas dos autores do presente artigo.
Porem a mudança deve ser vinda de cada um de nós, neste âmbito os autores do presente
artigo se preocuparam em saber como que nós aqui na Amazônia podemos influenciar a vida
presente em outro continente, neste caso a reflexão se realizou através do conhecimento obtido
durante o curso sobre o continente Antártico. A oportunidade de acesso à informação ocorreu no
primeiro semestre de 2017.
Na própria, foi desenvolvido atividades dentro e fora da sala de aula, onde incluímos
videoconferência com os investigadores Dr. Jackson Itikawa (Pós doutorando da Universidad
Autonoma de Barcelona), Dra. Francine Elias-Piera (Pós doutoranda da Universidade Autonoma de
Barcelona), Dra. Elaine Alves, presencialmente tivemos investigadores regional como a Ms. Arlene
Fujihara entre outros que se converteram a principal referencia de nossas citações. Como recurso
didático-pedagógico foi utilizado os vídeos do projeto Antártica ou Antártida? Desenvolvidos pela
Universidade do ABC-Paulista, coordenados pela Dra. Silvia Dotta, Dra. Francine Elias-Piera e
Dra. Erli Schneider.
Após estudarmos sobre os assuntos discutidos nos vídeos, elaboramos inicialmente
propostas para socializar as informações obtidas com outros grupos dentro da escola a qual estamos
inseridos, considerando que a modalidade de ensino é tempo integral. Por tanto, a nosso critério
ouve divisões de atividades entre os integrantes da disciplina, criando grupos de palestra, desenho e
jornalismo. Dentre esses, escolhemos como ferramenta para multiplicar as informações obtidas o
papel de palestrantes. Para o desenvolvimento do assunto discutido no grupo, foi feito uma pesquisa
quantitativa com alunos do ensino fundamental, objetivando identificar o perfil das turmas e assim
selecionar as que fariam parte do projeto experimental, fator que foi relevante na elaboração da
palestra que seria administrada.
Dentro do exposto o presente artigo tem como objetivo socializar a experiência obtida no
processo de multiplicação do conhecimento e o feedback recebido.
METODOLOGIA
Socialiazação do conhecimento
Análise do resultado
de videoconferência no qual falou um pouco sobre sua pesquisa juntamente com os vídeos cedidos
pela Universidade da ABC Paulista).
Além das videoconferências, conseguimos por interesse próprio ter uma visão ambiental do
nosso planeta, buscando novas leituras a partir das informações obtidas, alimentando assim nosso
desejo em multiplicar a aprendizagem vivenciada.
A segunda parte compreende o processo de socialização do conhecimento obtido, dividido em dois
momentos:
RESULTADOS
35
1. Conhece os problemas
ambientais da região Amazônica?
30
20
3. Já participou de uma
videoconferência?
15
5
5. Gostaria de participar de um
projeto para conhecer os impactos
0 ambientais na região Amazônica e
6A 7B 7A 8A 8B 9A 9B 9C na Antártica?
Figura 2: Descrição estadística do conhecimento prévio a respeito do ambiente Polar e Amazônico.
Fonte: Banco de dados da disciplina eletiva ―Amazônia vai a Antártica‖.
A participação foi maior do que esperávamos, ouve perguntas feitas baseada no assunto
abordado, 90% dos alunos participaram para o desenvolvimento do assunto. Entre tantas
colaborações uma se registra, ao perguntarmos quem já foi na Amazônia, somente uma aluna sabia
que Rolim de Moura, esta inserido no contexto amazônico. Algo que precisa ser tratado com
cautela, porque identificar o espaço em que vivemos é essencial em qualquer abordagem de ensino
de educação ambiental.
Um dos produtos era que os alunos através de desenho pudessem manifestar o conhecimento
adquirido através da palestra: Amazônia, onde abrangemos os temas: Amazônia legal e Amazônia
internacional; impactos ambientais nos quais foram abordado o desmatamento, queimadas e trafico
de animais; o bioma amazônico onde foi incluso a fauna e flora.
25
20
15
10
0
Queimadas Queimadas e Mar + lixo Poluição +
derretimentos desmatamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
pessoas com menos meios de comunicação ou acesso a internet como as comunidades indígenas e
crianças e adolescentes da zona rural, com palestras mais extrovertidas na qual todos pudessem se
expor e se integrarem com os palestrantes, no qual a ideal fonte é implantar o conhecimento
ambiental em cada um.
AGRADECIMENTO
Aos gestores da Escola de Tempo Integral Cândido Portinari. Aos professores do ensino
fundamental que permitiram a realização do diagnostico de suas turmas para multiplicarmos o
conhecimento ambiental temático. Aos pesquisadores que presencialmente ou através da
videoconferência fizeram parte do processo de formação da equipe. A Universidade do ABC
Paulista pela disponibilização do material do projeto Antártica ou Antártida? Aos colaboradores
diretos e indiretos para nossa participação na V Congresso de Educação Ambiental e ao Governo do
Estado de Rondônia Confúcio Moura, que implantou a escola de tempo integral contribuindo para
vivenciarmos essa experiência.
REFERÊNCIAS
RESUMO
A maioria dos alunos enxerga a disciplina de Química como de difícil assimilação, pelo fato de
conter fórmulas, cálculos e regras e, dessa maneira, criam automaticamente uma barreira e um
conceito de que essa Ciência é algo abstrato, monótono e complexo, o que faz com que esses
discentes não a integrem no cotidiano deles. Tendo esta problemática em vista, o professor,
enquanto mediador deve buscar novas estratégias de ensino que despertem e estimulem a
curiosidade e o interesse sobre tal disciplina. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi desenvolver
e aplicar um jogo, denominado ―Xadrez Químico‖ no intuito de facilitar o processo de ensino e
aprendizagem sobre os seguintes conteúdos: vidrarias, regras e normas de segurança de laboratório.
É importante salientar que, para a confecção desse jogo, foram utilizados materiais alternativos
reciclados, a fim de iniciar uma conscientização ambiental nesses discentes. Com a utilização
desses materiais para a fabricação desse jogo, o professor além de conscientizar o aluno quanto à
questão ambiental, desenvolve e estimula também, com o uso da ludicidade, a atividade intelectual,
a qual ajuda no raciocínio lógico, produzindo excelentes resultados no desempenho escolar. Em
alusão ao procedimento metodológico, o trabalho foi desenvolvido e aplicado em duas turmas de 1º
Ano do Ensino Médio, de uma escola estadual, situada no município do Conde, no estado da
Paraíba. A metodologia utilizada foi baseada no método qualitativo, como também no quantitativo e
os resultados foram bastante positivos, com uma participação ativa e participativa dos alunos, a qual
discorreu em uma ótima compreensão do conteúdo químico explanado associado à temática
ambiental e à ludicidade.
Palavras-chave: aprendizagem, ludicidade, conscientização.
ABSTRACT
Most students see the discipline of chemistry as difficult to assimilate, because it contains formulas,
calculations, and rules and, in this way, automatically creates a barrier and a concept that science is
something abstract, monotonous and complex, which make these students do not integrate it into
their daily lives. Having this problematic in view, the teacher, as mediator, should seek new
teaching strategies that arouse and stimulate curiosity and interest in such discipline. Thus, the
objective of this work was to develop and apply a game called "Chemical Chess" in order to
facilitate the teaching and learning process on the following contents: glassware, rules and
laboratory safety standards. It is important to point out that, to make this game, recycled alternative
materials were used in order to initiate an environmental awareness in these students. With the use
of these materials to make this game, the teacher, in addition to making the student aware of the
environmental issue, also develops and stimulates, through the use of ludicity, the intellectual
activity, which helps in logical reasoning, producing excellent results in the school development. In
allusion to the methodological procedure, the work was developed and applied in two classes of 1st
Year of High School, of a state school, located in the municipality of Conde, in the state of Paraíba.
The methodology used was based on the qualitative method, as well as on the quantitative and the
results were very positive, with an active and participative participation of the students, which make
in an optimal understanding of the chemical content explained associated with the environmental
theme and playfulness.
Keywords: learning, playfulness, awareness.
INTRODUÇÃO
função desse método é servir como veículo para o desenvolvimento social, intelectual e emocional,
promovendo assim, o crescimento do aluno.
no meio ambiente e, ainda, favorecer a aprendizagem. O conteúdo trabalhado nessa pesquisa está
elencado entre: vidrarias, regras e normas de segurança de laboratório.
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Para a confecção das peças (vidrarias químicas) e do tabuleiro do jogo, foi preciso pesquisar
qual seria o melhor material de custo-benefício e de longa duração. Existiam duas possibilidades
que atendiam ao objetivo de utilizar materiais reciclados e de fácil acesso para a produção das
vidrarias: peças feitas de arame com papéis de jornal e peças de gesso feitas por meio de moldes de
gelatina. Em virtude de não possuir a quantidade necessária de papel de jornal, foi optado pela
confecção das peças através de moldes de gelatina e de papelão, para a produção do tabuleiro.
Foram gastos, aproximadamente, R$ 35,00 (trinta e cinco reais) para a fabricação deste jogo (peças
e tabuleiro), ilustrando o baixo valor investido, para um recurso didático que poderá ser aplicado
durante diversos anos.
Para a fabricação das peças do jogo ―Xadrez Químico‖, foram necessários os seguintes
materiais: gelatina sem sabor; glicerina; gesso; tinta guache (preta e branca); pincel; palito de dente;
massinha de modelar; copo descartável; fita adesiva; estilete.
Se fez necessário, primeiramente, fazer à mão o ―clone‖ da vidraria com massinha de
modelar (Figura 1), para então confeccionar o molde da peça e, consequentemente, obter sua forma
em gesso. Vale frisar que, foram produzidas seis vidrarias, são elas: balão volumétrico; bécker;
kitassato; funil de vidro; erlenmeyer; proveta graduada. Para fazer o molde de gelatina, para cada
peça, foram necessários os materiais arrolados: 2 pacotes de gelatina sem sabor; 10 colheres de sopa
de água; 3 colheres de glicerina.
2. Com uma fita adesiva (de preferência da mesma cor que o papelão) envolveu-
se os dois pedaços de papelão, no intuito de virar um só, incluindo as laterais (como
demonstra a Figura 6);
3. Com a ajuda da régua, se fez as medidas na cartolina, recortou-se e colou-se,
em todo o tamanho do papelão;
4. Com a caneta preta e a régua, fez-se a marcação dos quadrados do tabuleiro:
cada quadrado com 3,8 cm x 3,8 cm de comprimento (8 quadrados do lado horizontal e 8
do lado vertical, totalizando 64 quadrados compondo o tabuleiro);
5. Com os quadrados já marcados, pintou-se com caneta permanente, os
quadrados pretos (lembrando que no tabuleiro, existem quadrados pretos e quadrados
brancos, de forma alternada);
6. Após pintar os quadrados de preto, esperou-se secar.
Figura 5: Figura 6:
Papelão cortado em duas partes. Papelão com os dois pedaços
colados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
erlenmeyer, vidro de relógio e pipeta). Já na turma do 1o ano B, 11 (onze) alunos não conheciam as
vidrarias, 4 (quatro) citaram algumas, entre elas, (Becker, balão volumétrico e vidro de relógio). Em
alusão à terceira questão, a qual questionava: Quais as funções das vidrarias que você teve acesso?
Tanto os alunos do 1o ano A, como do 1o ano B, responderam que não conheciam as funções, até
mesmo àqueles que citaram conhecer algumas vidrarias. Em referência à quarta questão: Você
conhece as normas de segurança do laboratório? Todos os alunos das duas turmas não souberam
responder a essa questão. Em menção à quinta questão: Conhece ou já jogou xadrez? Na turma do
1o ano A, 15 (quinze) alunos conheciam o xadrez, mas não tinham jogado e 10 (dez) não conhecia o
jogo, enquanto que, na turma do 1o ano B, dos 15 (quinze) alunos, apenas 3 (três) conheciam e
sabiam jogar o xadrez.
Posteriormente, nas três aulas seguintes, foi aplicado o jogo ―Xadrez Químico‖. Durante
todo o jogo, os alunos se mostraram entusiasmados e empolgados em participar. Debateram e
discutiram sobre as vidrarias, regras e normas de segurança de laboratório. Este momento foi
gravado em áudio, deste foi transcrito algumas falas dos discentes, entre elas: ―Rapaz, tô ―sabido‘‘
demais! Estou sabendo o nome de todas as vidrarias‖; ―Qual o movimento do bispo? Não é bispo, é
o movimento do Kitassato. Esse é um Xadrez químico‖ (Figura 7); ―Qual a indumentária correta
para se estar no laboratório? - Calma! Calça comprida, jaleco, sapato fechado, luva, e (Em conjunto,
a maioria finaliza) cabelo preso! ‖ (Figura 8).
Figura 7: Figura 8:
Interação entres os alunos participantes Todos os alunos concentrados auxiliando o
a fim de obter a resposta correta do jogo membro de sua equipe com a resposta correta
Dando seguimento à aplicação, na última aula, foi aplicado o questionário pós jogo,
contendo 4 (quatro) questões. A primeira pergunta discorria em: 1) O que você achou do recurso
―Xadrez Químico‖ em relação a sua aprendizagem? Pouco satisfatório ( ) satisfatório ( ) muito
o
satisfatório ( ). Na turma do 1 ano A, 22 (vinte e dois) alunos responderam como muito satisfatório
e 3 (três) responderam satisfatório, no entanto, na turma do 1o ano B, todos os 15 (quinze) alunos
responderam como muito satisfatório. Com relação à segunda questão: 2) Quais as vidrarias usadas
no jogo ―Xadrez Químico‖? Na turma do 1o ano A, 20 (vinte) alunos souberam dizer o nome das
seis vidrarias usadas no jogo, enquanto que, 5 (cinco) lembraram o nome de apenas 3 (três)
vidrarias. Já na turma do 1o ano B, todos os 15 (quinze) respondentes souberam dizer o nome das
seis vidrarias usadas no jogo. Em citação à terceira questão: 3) Qual a função de cada vidraria usada
no jogo? Na turma do 1o ano A, 11 (onze) alunos souberam dizer as funções de todas as vidrarias, 7
(sete) disseram as funções de 4 (quatro), mais especificamente o bécker, a proveta, o balão
volumétrico e o erlenmeyer e o mesmo número de alunos (sete), não sabiam quais eram as funções.
No entanto, na turma do 1o ano B, 12 (doze) alunos souberam dizer as funções das 6 (seis) vidrarias
e 3 (três) não souberam responder. Em referência à quarta e última questão do questionário pós
jogo: 4) Cite até 3 normas de segurança do laboratório. Nas duas turmas, 1o ano A e 1o ano B, as
duas normas mais citadas pelos alunos foram: (a) a indumentária correta para uso no laboratório e
(b) como lavar corretamente as vidrarias de laboratório. Além disso, a turma A citou a norma: o que
fazer em caso de incêndio; a turma B: o descarte correto dos resíduos.
Com base nos resultados, é possível perceber que os alunos tiveram um aprendizado
significativo durante a aplicação do jogo e isso foi possível ser comprovado através do questionário
pós jogo e no decorrer de toda aplicação, pois os alunos se mostraram interessados em aprender e
participativos. Portanto, se pôde perceber que o Xadrez Químico é um ótimo recurso didático para
ser usado em sala de aula, pois faz com que os alunos aprendam de forma ―divertida‖ os conteúdos
da disciplina Química.
REFERENCIAS
A utilização de recursos materiais alternativos nas aulas de educação física: Um estudo de caso.
Disponível em: <https://revistas.ufg.br/fef/article/view/6766/5982> Acesso em 20 de agosto de
2017.
Iberê Thenório – Clone seus brinquedos usando gelatina. Disponível em: <
https://youtu.be/rejFKiy-Wks>. Acesso em 30 de maio de 2017.
OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa. 2a edição. Petrópolis, RJ: Vozes,
2008.
Nubia CARAMELLO
Docente Secretaria de Educaçao do Estado de Rondônia – SEDUC / Doutora em Geografia
nubiacaramello@yahoo.com.br
RESUMO
O presente artigo objetiva analisar o desenho como um instrumento para identificar o interesse de
um determinado público sobre temáticas palestradas. As palestras em questão são fruto de uma
disciplina eletiva ministrada na escola integral de ensino fundamental e médio Candido Portinari
localizado em Rolim de Moura – Rondônia, em que os alunos do projeto optaram em multiplicar o
conhecimento obtido em forma de palestra aos alunos do 6º ao 8º ano. Após a palestra foi solicitado
que os alunos expressassem o que havia chamado atenção. As percepções apresentadas através da
arte visual foram alvo de uma analise minuciosa do conteúdo utilizando a estadística descritiva para
apoiar a apresentação dos dados. O resultado final oportunizou concluir que para nós alunos do
ensino médio analisar a percepção através dos desenhos trouxe uma interação maior entre o
conteúdo ministrado e o seu significado aos que o recebem.
Palavras chaves: Desenho, Analise de Conteúdo, Temas ambientais, Amazônia, Antártica.
RESUMEN
El presente artículo tiene como objetivo analizar el dibujo como un instrumento para identificar el
interés de un determinado público sobre temáticas orales. Las conferencias en cuestión son fruto de
una disciplina electiva impartida en la escuela integral de enseñanza fundamental y media Cândido
Portinari ubicado en Rolim de Moura - Rondônia, en que los alumnos del proyecto optaron en
multiplicar el conocimiento obtenido en forma de conferencia a los alumnos del 6º al. 8º año.
Después de la conferencia se pidió a los alumnos que expresaran lo que había llamado la atención.
Las percepciones presentadas a través del arte visual fueron objeto de un análisis de contenido
minucioso utilizando la estadística descriptiva para apoyar la presentación de los datos. El resultado
final oportunizó concluir que para los alumnos de la escuela secundaria analizar la percepción a
través de los dibujos trajo una interacción mayor entre el contenido ministrado y su significado a los
que lo reciben.
Palabra claves: Dibujo, Analise de contenido, Temas Ambientales, Amazônia, Antártica
INTRODUÇÃO
O projeto Amazônia vai a antártica tem como intuito levar aos integrantes o conceito
antártico e amazônico por meio da multidisciplinaridade cientifica que estuda ambas as regiões.
Possibilitando o esclarecimento de resultados sólidos obtidos nas pesquisas dos pesquisadores
colaboradores do projeto. Infelizmente por mais importante que seja esses dados, eles não estão
disponíveis na abordagem escolar, foi necessário abordar a temática por meio de videoconferências
com cientistas especializados nas áreas polares, passando suas perspectivas diante do determinado
assunto.
Há Associação de Pesquisadores e Educadores em inicio de Carreira sobre o Mar e os Polos
- APECs-Brasil e a Universidade do ABC Paulista, através do projeto de extensão Antártica ou
Antártida? Possui em comum o objetivo de fomentarem uma nova geração de investigadores.
Correlacionar à informação anterior com o espaço amazônico vivido por nós, realizando pesquisas
em sala de aula, baseando em evidencias da Antártica vinculada com a região Amazônica brasileira
foi o objetivo da disciplina eletiva/optativa: Amazônia vai a Antártica, que consistiu no projeto
desenvolvido na escola de ensino médio e fundamental Cândido Portinari, em que participaram 30
estudantes do ensino médio do 1º ao 3º ano.
Por meio do conhecimento adquirido por integrantes da eletiva durante quatro meses, criam-
se estratégias do que fazer com esse conhecimento. Resultando no desenvolvimento de duas
palestras temáticas sobre Amazônia e a Antártica, aplicadas a estudantes de 6o ao 9o ano, o conteúdo
ministrado nestas foram avaliado identificando os elementos presentes na paisagem desenhadas por
eles, possibilitando analisar quais conteúdos os motivaram ou chamaram a atenção dos alunos.
De forma que o objetivo da presente investigação é identificar o papel do desenho como
instrumento de analise da percepção de conteúdo pós-palestras.
METODOLOGIA
O método utilizado para a produção dos desenhos foi à criatividade espontânea e expressiva
– desenho de livre escolha de acordo com a temática de interesse de cada aluno. O critério utilizado
para escolher a arte visual como instrumento para averiguar conteúdo de interesse se respaldo na
experiência adquirida no meio educacional onde o desenho é uma opção comum a ser utilizada
para se expressarem o conhecimento adquirido (COMPIANI, 2013; SANTOS et al 2016), no caso
do presente estudo o foco foi os obtidos pós as palestras, apresentadas por membros do projeto
Amazônia vai a Antártica, desenvolvido como uma disciplina semestral em que os integrantes
escolheram participar por livre escolha.
Através da analise do conteúdo (BARDIN, 2009) foi possível identificar as categorias que
consiste em 4 (quatro) estruturas de desenhos: Paisagem Antártica, Paisagem Amazônica, Paisagem
Integrada Amazônica e Antártica e desenho que classificamos como filosófico; desses foi possível
identificar subcategorias diferenciadas como os ambientes floresta, rios, mares, terra firme, polar e
seus estágios degradado ou conservado. Características que possibilitaram diagnosticar as temáticas
que foram opção no momento de expressarem o que chamou mais atenção.
As categorias em destaque, com quesito de atribuir elementos claros com fácil identificação
do conteúdo.
RESULTADOS
Os alunos envolvidos no projeto tiveram duas palestras ministradas por grupo de jovens
inseridos na eletiva, com o intuito de transmitir o conhecimento a respeito dos temas: Antártica e
Amazônia. Participaram da palestra aproximadamente 120 alunos dos quais e 35 alunos optaram
em apresentar suas percepções através de desenhos.
A analise dos desenhos (Figura 1) proporcionou classifica-los em categoria sendo elas:
desmatamento (19%), Mar + lixo (19%), Queimadas + derretimentos ( 22%) e Poluição +
desmatamento (41%).
Uma reclassificação por serie possibilitou identificar o predomínio das categorias de cada
turma (Gráfico 1), na qual os 7º anos apresentaram como categoria predominante as queimadas e
suas consequências, enquanto o 8º ano teve a poluição e o desmatamento como foco, já o 6º ano se
distribuiu entre, mar com lixo e poluição e o desmatamento, predominando queimadas e
derretimento.
6
6 ano
4
7 ano
2 8 ano
0
Queimadas Queimadas e Mar + lixo Poluição +
derretimentos desmatamento
7
6
5
6 ano
4
7 ano
3
8 ano
2
1
0
Maritímo Atmosférico Terrestre Fluvial
A produção por série proporcionou identificar que o 7º ano do ensino fundamental foi o que
apresentou maior preocupação com os ambientes atmosféricos, terrestre e fluvial. Enquanto que o
ambiente fluvial predominou no 6º ano do ensino fundamental, o 8° ano como pode ser observado
no gráfico 2 demonstrou uma certa preocupação no ambiente marítimo e um nivelamento nos
demais subtemas.
Foi identificado um olhar sobre o ambiente em que a sociedade estava exclusa,
predominando elementos totalmente naturais (Figura 02).
41%
Fonte: Desenvolvido pelos autores a partir do Banco de dados do projeto.
Estatisticamente essa categoria apresentou maior destaque no 7° ano predominando 41% dos
resultados e dando a perceber que no quesito preservação ambiental tem dominância. Em seguida os
que apresentaram maior percentual sobre a categoria foi o 8°ano com 35% e por ultimo o 6° ano
com o restante dos resultados 24% .
Ainda que todos os desenhos manifestem a impressão das palestras e de certa forma registra
uma mensagem, optamos em criar a categoria Desenho filosófico seguindo o critério de uma
produção que seguiu junto ao desenho frases reflexivas ou o próprio desenho em si fugia ao padrão
identificado entre categorias anteriormente apresentadas (Figura 3).
O 8º ano do ensino fundamental, liderou 77% dessa categoria em unir desenho com frases
ou com uma estrutura que fugia a tentativa de uma reprodução da realidade, (Gráfico 4).
15%
8%
77%
O 6º e 7º anos, juntos não somam 30% de alunos que se enquadraram nessa categoria, sendo
esses alunos mais voltados a se expressar puramente com desenhos objetivos.
CONCLUSÃO
A partir desta analise perceba-se que o desenho é uma ferramentas relevante a ser aplicado
na educação ambiental, pois permite identificar quais informações ministradas durante uma palestra
foram mais impactantes para o publico alvo.
Também proporcionou aos palestrantes repensar o conteúdo ministrado e a própria
metodologia aplicada no processo de socialização. Com base na percepção ambiental apresentada
nas categorias foi possível quantificar que o ambiente amazônico e suas transformações foram os
temas com maior representatividade, contudo o ambiente marítimo e polar ainda que não faça parte
da realidade vivida foram tiveram elementos do ambiente representados por todas as series ainda
que com porcentagem menor que o tema amazônico.
O resultado final oportunizou concluir que para nós alunos do ensino médio analisar a
percepção através dos desenhos trouxe uma interação maior entre o conteúdo ministrado e o seu
significado aos que o recebem.
AGRADECIMENTO
REFERÊNCIAS
RESUMO
Este artigo tem como objetivo mostrar as atividades desenvolvidas levando o contexto de
―Educação Ambiental‖ na Escola de Ensino Fundamental Municipal Francisco Pedro da Silva,
município de Solânea-PB, levando e promovendo a relação das crianças com a temática abordada,
melhorando e agregando conhecimentos aos discentes de escolas públicas, fazendo uso de recursos
didáticos que possam melhorar a compreensão destes em sala de aula. Para um melhor
entendimento na temática de Educação Ambiental, e analisar a geração de resíduos sólidos, os
procedimentos da coleta seletiva e a pratica dos 4 R‘s. E com isso o desenvolvimento do projeto,
utilizaram-se aulas expositivas, reprodução de vídeos filmes, confecções de brinquedos com
reaproveitamento de materiais recicláveis, e finalizando com a distribuição de brindes em que foram
entregues canecas, com intuito de conscientizar e minimizar a utilização de copo descartáveis. Em
virtude do que foi dito percebemos que o projeto educação ambiental na escola mencionada, veio
contribuir e dar andamento no plano de ensino da escola, trazendo para essas crianças assuntos
presente nos seu cotidiano e apontando o caminho de conservação e preservação do meio ambiente.
Palavras-chaves: educação ambiental, escola, criança e preservação do meio ambiente.
RESUMEN
Este artículo tiene como objetivo mostrar las actividades desarrolladas llevando el contexto de
"Educación Ambiental" en la Escuela de Enseñanza Fundamental Municipal Francisco Pedro da
Silva, municipio de Solteira-PB, llevando y promoviendo la relación de los niños con la temática
abordada, mejorando y agregando conocimientos A los discentes de escuelas públicas, haciendo uso
de recursos didácticos que puedan mejorar la comprensión de éstos en el aula. Para un mejor
entendimiento en la temática de Educación Ambiental, y analizar la generación de residuos sólidos,
los procedimientos de la colecta selectiva y la práctica de los 4 R's. Y con ello el desarrollo del
proyecto, se utilizaron clases expositivas, reproducción de vídeos películas, confecciones de
juguetes con reaprovechamiento de materiales reciclables, y finalizando con la distribución de
regalos en los que se entregaron tazas, con el fin de concientizar y minimizar la utilización de
juguetes De acuerdo con la norma. En virtud de lo que se dijo percibimos que el proyecto educación
ambiental en la escuela mencionada, vino a contribuir y dar marcha en el plano de enseñanza de la
escuela, trayendo para esos niños asuntos presentes en su cotidiano y apuntando el camino de
conservación y preservación del medio ambiente.
Palabras clave: educación ambiental, escuela, niño y preservación del medio ambiente.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
anos de idade, localizada no distrito Fazenda Velha, na zona rural do município de Solânea – PB.
Onde foram trabalhadas atividades de acordo com cada série todas voltadas ao meio ambiente.
As atividades desenvolvidas compreenderam 04 momentos utilizando o mesmo método em
ambas as turmas. Sendo que no 1º (primeiro) momento foram realizadas as seguintes atividades:
Apresentação da Equipe e do Projeto. A apresentação foi realizada no primeiro contato com os
professores onde foi informado que eles já trabalhavam com o tema em questão. Desse modo
tivermos o primeiro contato com os discentes, que foi feito de forma breve e oralmente, para que
eles pudessem conhecer á equipe e ao projeto, e algumas perguntas sobre a temática do projeto,
possibilitando um diagnóstico sobre os conhecimentos dos educandos acerca da temática a ser
abordada.
No 2º(segundo) momento foram realizadas as seguintes atividades: No inicio de cada aula,
foram feitos exercícios de relaxamento infantil um método que desenvolve a noção corporal, assim
como proporciona momentos importantes de descontração. Os exercícios de relaxamento infantil
foram desenvolvidos para que, de forma calma e serena, as crianças pudessem ir relaxando,
diminuindo a inquietude e o estresse, além do que promover interação junto à equipe.
Posteriormente, foi organizado o espaço para em seguida formar uma roda em que todos
ficaram sentados no chão e a equipe promoveu uma dinâmica para conhecer os alunos, e tornar o
momento de apresentação dos alunos divertido, e proporcionar a socialização e a interação entre os
alunos. A dinâmica escolhida foi a ―Teia‖, com um cordão na mão cada um se apresentava e
lançava o cordão para o colega de modo que ao término da dinâmica teria se formado uma teia, a
qual chamamos a teia do conhecimento. Esta dinâmica foi realizada em todas as turmas. Após a
dinâmica foi realizada uma aula expositiva com uma breve introdução sobre o contexto histórico da
relação homem natureza, e evolução e dos problemas ambientais que foi ministrada oralmente,
utilizando como recurso didático computador e datashow, fazendo o uso apenas de imagens de
diferentes momentos históricos desde o ―descobrimento do Brasil‖ ate a atualidade mostrando os
problemas ambientais, discutindo sobre a evolução, criando questionamentos às crianças, do seu
dia-a-dia e da relação do homem com o meio em que ele vive.
Vale ressaltar que esses alunos já tinham tido um breve estudo repassado pela própria
professora de sala, os conceitos sobre os temas meio ambiente, coleta seletiva e reciclagem. Dessa
forma, foi feita questionamentos oral, acerca dos temas trabalhados, para podermos mensurar o
conhecimento dos mesmos.
Também foram apresentados vídeos da turma da Mônica abordando os problemas que o
meio ambiente enfrenta e o vídeo dos impactos das pilhas. Ainda foi trabalhado músicas como xote
ecológico (Aguinaldo Batista e Luiz Gonzaga) juntamente com as crianças com o intuito de fixação
dos conteúdos trabalhados. Em seguida, finalizando esse momento foi solicitado um registro aos
discentes, sendo dividido em dois grupos, um destinado com tema da evolução e outro com os
problemas ambientais, para que os mesmos produzissem quadros explicativos e ou ilustrativos com
os referidos temas. E com isso podermos mensurar e dimensionar o conhecimento do que foi
entendido durante a aula.
No 3°(terceiro) momento foi organizado o espaço para posteriormente introduzir uma roda e
fazer o relaxamento seguindo de uma dinâmica de aproximação. Em seguida foi realizada a oficina
ecológica onde foi feito o reaproveitamento de materiais recicláveis para a fabricação de brinquedo,
Foram distribuídos os materiais para iniciar a produção dos brinquedos, os resíduos utilizados foram
papelão e garrafas pet, e os brinquedos produzidos foram tartarugas, borboletas, cofrinhos e vaivém.
Em seguida foram socializadas as produções mostrando os benefícios que esta simples atitude
poderá trazer para o meio em que vivermos.
No 4° (quarto) momento e último foi feito um resgate do que foi discutido em forma de um
filme, que teve com o procedimento de organização do espaço para em seguida introduzir uma roda
e fazer o relaxamento, iniciar a seção Eco filmes com o filme ―O Lorax-em busca da trúfula
perdida‖. Logo após tivermos a conversa sobre o filme e procedemos junto com as crianças ouvindo
a musica herdeiros do futuro, com posterior reflexão sobre analogia entre o filme e música.
Para finalizar foi realizada a distribuição de brindes em que foram entregues canecas, com
intuito de conscientizar e minimizar a utilização de copo descartáveis. Pois ao realizar esse ato
trazemos uma melhoria para nosso meio, onde sabemos que os copos descartáveis é um plástico não
é um material biodegradável, que o mesmo provém do petróleo onde há grande impacto ambiental
na extração do petróleo, e com essa atitude mencionada fazemos com que diminua o risco no
impacto ao meio ambiente e até mesmo a saúde do ser humano.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
conseguiram compreender que estão realizando ações importantes para a preservação do meio
ambiente.
Resultados semelhantes foram obtidos por Cruz et al, (2016), que trabalhando com a mesma
temática na Educação de Jovens e Adultos (EJA), relatou que ―o tema EA ainda é muito pouco
discutido nas escolas. Por ser um tema bastante controverso, é tratado com uma importância
imensurável na teoria, mais quando partimos para a prática é que temos a verdadeira dimensão do
problema e quando se percebe que realmente precisa ser questionado e debatido‖. Diante disso
expressa-se a importância deste trabalho tanto em âmbito educacional como ambiental e na
formação cidadã dessas crianças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
São Carlos. Rima. ―O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida‖. Direção: Chris Renaud, Kyle
BaldaElenco: Julio Chaves, Cláudio Galvan, Gustavo Pereira.EUA.
RESUMO
A proposta deste trabalho foi de desenvolver a educação ambiental em escolas de ensino
fundamental no município de Pedro do Rosário no estado do Maranhão. Desta forma tem-se por
objetivo promover a conservação ambiental e o entendimento de questões relativas à identidade
racial a partir de estratégias de educação ambiental formal. Para execução destas ações foram
realizadas oficinas de vivencias com discentes das series de 6º a 9º no Ensino fundamental.
Conclui-se com este trabalho que as atividades executadas foram de suma relevância no
acrescentamento dos conhecimentos do publico alvo, chegando-se a reflexão que este deve ser um
processo de continuidade.
Palavras chaves: Educação ambiental, Pedro do Rosário, vivência.
RESUMEN:
La propuesta de este trabajo fue de desarrollar la educación ambiental en escuelas de enseñanza
fundamental en el municipio de Pedro do Rosário en el estado de Maranhão. De esta forma se tiene
por objetivo promover la conservación ambiental y el entendimiento de cuestiones relativas a la
identidad racial a partir de estrategias de educación ambiental formal. Para la ejecución de estas
acciones se realizaron talleres de vivencias con discentes de las series de 6º a 9º en la Enseñanza
fundamental. Se concluye con este trabajo que las actividades ejecutadas fueron de suma relevancia
en la adición de los conocimientos del público objetivo, llegando la reflexión que éste debe ser un
proceso de continuidad.
Palabras claves: Educación ambiental, Pedro del Rosario, vivencia.
INTRODUÇÃO
ambiental formal como uma ferramenta eficaz na mudança de hábito, e melhorar a qualidade de
vida.
A educação é uma palavra que provem do latim educere, com o significado de conduzir e
liderar. Entre muitas noções conceituais sobre a educação ambiental ressalta-se que a mesma,
constitui uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos,
habilidades e atitudes que possibilitam o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e
responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente (LOUREIRO, 2002, p.69).
Ao se mencionar aspectos como a construção de valores, conceitos e atitudes como
finalidade da educação ambiental, necessariamente, confronta-se tal ideia, com a demanda mundial
de transformar o quadro de crise ambiental em que se vive a partir da implementação de um padrão
civilizacional distinto do vigente, pautado numa noção ética da relação sociedade-natureza.
A educação ambiental é reconhecida no Art.225 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL,
1988) como necessária para assegurar o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Essa condição
foi evidenciada posteriormente, na Política Nacional de Educação Ambiental, Lei 9795/99, Decreto
4281 de 25 de junho de 2000 e no Programa Nacional de Educação Ambiental, elaborado em 2000
e reestruturado em 2005, a partir de consulta pública.
Contudo para o alcance dos objetivos propostos para educação ambiental em documentos
internacionais e nacionais, requer sua realização nas condições formal e não formal e a
implementação do Programa de Educação Ambiental em escala estadual e municipal.
A Educação Ambiental no Ensino Formal pode ser entendida como:
Art.9º [...] na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de
ensino públicas e privadas sendo incluso os ensinos básicos; superior; especial;
profissional; jovens e adultos.
Art. 13. Entende-se por educação ambiental não formal as ações e práticas educativas
voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e
participação na defesa da qualidade do meio ambiente.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
37
MAIS IDH, programa formulado pelo atual Governo do Maranhão como uma estratégia desafiadora para enfrentar a
pobreza nessa unidade federativa.
Figura 2: Equipe do Programa mais Extensão em uma das escolas de aplicação do projeto.
As ações foram realizadas nas seguintes etapas: vivência no ambiente; vivência da pessoa; e
vivência do território. A vivência das atividades desenvolvidas no município de Pedro do Rosário
(MA) será apresentado nos tópicos em sequência.
O AMBIENTE
A PESSOA
O objetivo desta ação de vivencia que aborda a ―pessoa‖ foi de promover o conhecimento e
a compreensão dos alunos de ensino fundamental sobre os aspectos ambientais e seus efeitos diretos
sobre o bem estar das pessoas no local onde vivem, através da aplicação formal de oficinas de
educação ambiental.
Na perspectiva de incentivar nos alunos o conhecimento e o cuidado do ambiente,
desenvolveu-se uma abordagem sobre a necessidade de cuidado com o corpo, levando aos alunos
das séries iniciais do Ensino Fundamental as noções básicas de higiene pessoal, com uso de
fantoches (Figura 6), pois se acredita que para abordar a problemática ambiental, a adoção da
metodologia que vai do local ao global, é de fácil entendimento e aplicabilidade. Assim, inicia-se
esse plano de trabalho com os cuidados com o corpo, para, na sequência, cuidar da escola da cidade
e do ambiente.
Entre as turmas finais do Ensino Fundamental, abordagem sobre o cuidado com o corpo foi
direcionada a problemática das doenças originadas pela falta de higiene, doenças venéreas e alguns
tipo de câncer.
O TERRITÓRIO
expunha sobre o processo da vinda dos africanos de forma forçada, por meio do tráfico negreiro,
para outro continente, diferente do de sua origem, quando foram colocados em regime de
escravidão (Figura 7).
No contexto de invisibilidade da história do povo negro, é nesse contexto, especialmente nos
livros didáticos, faz-se necessário inserir a verdade sobre a luta de resistência desse povo.
CONCLUSÕES
REFERENCIAS
DIAS, G.F. Educação ambiental: Princípios e práticas. 3ªed. São Paulo: Gaia, 1994.
HOLANDA, F. de. Dinâmica da economia maranhense nos últimos 25 anos. São Luís: IMESC,
Cadernos do IMESC. n. 4, 2008. 42p.
MARANHÃO, IMESC. Índice de Desenvolvimento Municipal. São Luís, v.4, p.1 – 119, 2014.
MORAES, A.C.R. Meio ambiente e ciência humanas. São Paulo: Hucitec, 1994.
PEREIRA, R.C.C. Caracterização das alterações ambientais segundo o uso dos recursos naturais
por trabalhadores rurais no alto curso do rio Pericumã/ Dissertação (Mestrado em
Sustentabilidade de Ecossistema). Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2006.
RESUMO
Trabalhar com Educação Ambiental nas escolas tem sido cada dia mais de fundamental
importância, levando em conta a necessidade de construir uma sociedade voltada para o
Desenvolvimento sustentável e consciente da preservação e manutenção do meio ambiente. Os
impactos ao meio ambiente são inevitáveis, mas através de um trabalho de sensibilização e
reeducação quanto à maneira de explorar os recursos naturais, podemos encontrar formas de
modificar a situação em que se encontram os ecossistemas ao redor do mundo. Com base no que se
sabe sobre a Educação Ambiental, não é tarefa difícil implantá-la em nossas atividades, seja por
meio de projetos temáticos (teóricos) ou pelo método empírico. Neste trabalho veremos como o
corpo docente da Escola Municipal de Ensino Fundamental Aracy Nóbrega Montenegro encontrou
meios de conscientizar o alunado e, consequentemente, a comunidade, com relação ao descarte e
tratamento dos resíduos daquela instituição de ensino.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Meio Ambiente, Escola, Desenvolvimento Sustentável.
ABSTRACT
Working with environmental education in schools has been every day more than fundamental, lift
into account the need to build a society geared to sustainable development and aware of the
preservation and maintenance of the environment. The environmental impacts are inevitable, but
through awareness-raising work and re-education as to how to exploit the natural resources, we can
find ways to change the situation they are in ecosystems around the world. Based on what is known
about environmental education, it is not difficult to deploy it in our activities, whether through
thematic projects (theoretical) or empirical method. In this work we will see how the faculty of the
School of Basic Education Aracy Nóbrega Montenegro found ways to educate the student body and
hence the community regarding the disposal and treatment of waste that educational institution.
Keywords: Environmental Education, Environment, School, Sustainable Developmen.
INTRODUÇÃO
O homem está diretamente ligado ao meio ambiente, mesmo com tantos avanços
tecnológicos o ser humano não conseguiu tornar-se independente dos recursos naturais. Desde os
primórdios da história, onde era nômade e dependia exclusivamente da natureza para sobreviver,
passando pelo sedentarismo com a aprendizagem e aplicação de técnicas de agricultura e pecuária,
mantendo ainda uma relação estreita com o meio utilizando-o como forma de sobrevivência. Com o
Ensino Fundamental Aracy Nóbrega Montenegro, além de fazer um breve levantamento sobre
como o município em que a escola se localiza se porta com o tema em análise.
Em qualquer atividade que as pessoas exerçam no seu dia-a-dia, sempre será feita alguma
alteração no meio, seja ela imperceptível ou de maneira mais impactante aos olhos humanos. Com
isso surgem preocupações por parte de organizações e pesquisadores com relação aos danos
causados ao meio ambiente, fazendo-se necessários movimentos que nos orientem, mostrando
formas conscientes de trabalhar utilizando os recursos naturais de maneira responsável.
A partir dessa necessidade o Programa nacional de educação ambiental - ProNEA (2005)
nos mostra que os últimos 40 anos foram realizados encontros, conferências, tratados e convenções
voltadas para temática ambiental, porém, nunca se envolveu a capacidade de manutenção da vida,
indicando a necessidade de ações educacionais que contribuam para a construção de sociedades
sustentáveis.
Segundo Espinosa 1993, o modelo introduzido pela revolução industrial, uma produção
baseada no uso intensivo de energia fóssil, exploração exacerbada dos recursos naturais e uso do ar,
solo e água como depósitos de poluentes, é apontado como principal causa da atual degradação
ambiental.
Em todo o mundo é gritante a situação em que se encontra a degradação do meio ambiente
em decorrência da extração e utilização dos recursos naturais, seja na agricultura, pecuária ou
recursos retirados do solo, como os combustíveis fosseis e pedras preciosas. No Brasil essa situação
não é diferente, ainda utilizando as palavras de PRONEA, vemos que
Seguindo essa linha de pensamento, vemos que as atividades econômicas e produtivas são
os principais fatores de degradação dos biomas em todas as regiões brasileiras. Para tanto é de suma
importância a conscientização da população para que se exerça sobre o meio o mínimo de impacto
possível e, nos casos em que não se obtenha êxito, alguma ação seja efetuada na área impactada, na
intenção reverter a degradação dos recursos utilizados.
Na perspectiva de promover tal conscientização, entra em cena a Educação Ambiental, com
a missão de disseminar ensinamentos voltados para o consumo responsável, baseado na
sustentabilidade, envolvendo crescimento econômico continuo através do tempo, que seja benigno
―Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações...
1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...)
VI – Promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente...‖. (BRASIL,1988)
Regida por lei, a Educação ambiental, mesmo não sendo disciplina obrigatória deve ser
transmitida em todos os ambientes, ainda mais no ambiente escolar. Nesse sentido temos como
definição para a Educação Ambiental. No artigo 1º da Lei n. 9.795/99, que dispões sobre a
Educação ambiental, instituindo a Politica Nacional de Educação Ambiental, nos diz:
[...]entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999).
Seguindo esse pensamento a UNESCO 1975, definiu a EA como sendo um processo que
visa;
[...] formar uma população mundial consciente e preocupada com o meio ambiente e com
os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as
competências, o estado de espirito, as motivações e o sentido de participação e engajamento
que lhe permita trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas
atuais e impedir que se repitam (...). (citado por SEARA FILHO, 1987)
devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal
e não formal‖(BRASIL,1988).
De acordo com Marcatto, 2002 o conhecimento da dimensão ambiental deve ser incluída
nos currículos de formação dos professores, onde os mesmos deverão receber formação
complementar. Assim permanecendo atualizados, mantendo as praticas sustentáveis da educação
ambiental dentro da sala de aula, mostrando aos alunos pequenas mudanças nos hábitos que podem
fazer a diferença no dia-a-dia.
A EA é um assunto altamente relevante em todos os níveis de educação, vemos professores
de educação infantil e até mesmo creches trabalhando a Educação Ambiental com as crianças. As
crianças tem facilidade em vivências ambientais, pois elas gostam, se emocionam e levam para casa
o que aprenderam na escola para ensinar aos pais. Ao chegar no ensino fundamental, pode-se
trabalhar questões como o que a humanidade faz e pode ser útil para melhorar a questão ambiental,
revertendo um pouco dos danos que vem sendo causados ao longo da história, podendo dar início a
pequenos projetos.
Já no ensino médio, os alunos são mais experientes, podendo estar muito mais ativos com
relação a tal questão. É interessante o desenvolvimento de projetos de intervenção, onde eles
mesmos podem descobrir os problemas, descobrir suas causas e consequências e assim desenvolver
medidas para ajudar a diminuir os impactos que causam tais problemas ao meio ambiente. Não
devendo ficar somente na teoria, acumulando informações, mas tornando protagonistas de seus
próprios estudos e desenvolvimento de soluções.
Vale salientar que a Educação Ambiental propriamente dita é praticamente, se não,
inexistente nas escolas, o que vemos são iniciativas de sensibilização sobre a questão ambiental.
Porém muito do que se desenvolve causa um certo efeito sobre a população alvo, gerando um ciclo
decorrente desse acumulo de informações baseadas na questão ambiental.
De acordo com Paiva Júnior (2006) o município de Alagoa Grande limita-se com os
municípios de Areia e Alagoinha ao Norte; com Serra Redonda ao Sul; com Gurinhém e Mulungu a
Leste; com os municípios de Alagoa Nova e Matinhas a Oeste, com Juarez Távora a sudeste e com
Massaranduba a sudoeste, como podemos ver no mapa 1. Situa-se no cruzamento das coordenadas
geográficas 07º09‘30‘‘ de latitude sul e 35º37‘48‘‘ de longitude oeste.
A cidade de Alagoa Grande dispõe de escolas de nível fundamental e médio, além de abrigar
um polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB) regido pela Universidade Federal da Paraíba
(UFPB). Segundo o IBGE, em 2012 a educação do município estava distribuída em 40 escolas de
nível pré-escolar, 45 escolas de nível Fundamental, 4 de nível Médio e 1 de nível Superior, como
mostra o gráfico à seguir:
nível fundamental
nível médio
pré escolar
ensino superior
Como pode ser observado no gráfico, a maioria dos estabelecimentos de ensino da cidade de
Alagoa Grande são de níveis pré-escolar e fundamental, pois são serviços oferecidos pela rede
municipal e privada. Em menor número estão as escolas de nível médio e superior, estas geridas
pelos governos Estadual e Federal respectivamente.
A Educação Ambiental no município de Alagoa Grande se faz presente de diversas
maneiras. De um modo mais abrangente, podemos citar ações de mobilização da sociedade no
geral, alertando para os perigos do mau descarte dos resíduos sólidos, mau uso da água e energia,
entre outros temas ligados a EA. Tais movimentos desenvolvidos pelo poder público fazem parte de
ações voltadas para a semana do meio ambiente que culmina no dia 5 de junho, dia mundial do
meio ambiente.
Além desses movimentos, as escolas desenvolvem seus próprios projetos, mais voltados
para a situação local, levando em conta a população atendida pelo estabelecimento escolar e a
situação social em que se encontra. Ainda pode ser citado o programa MAIS EDUCAÇÃO,
oferecido e mantido pelo governo federal, que atende diversas escolas do município, permitindo
através de oficinas como horta, a aplicação de conhecimentos sustentáveis na criação e manutenção
das plantas.
No que diz respeito ao ensino, ela atende alunos da própria comunidade e de comunidades
rurais vizinhas, como os sítios Quitéria, Belo Monte, Vertente e assentamento Monsenhor Luigi
Pescarmona, dispondo das séries do 6º ao 9º ano, funcionando apenas no turno da tarde, com nove
disciplinas (português, matemática, Ciências, História, Educação Física, Geografia, artes, Religião e
Inglês).
A Escola recebe recursos do PDDE e do programa ―Mais Educação‖, proporcionado pelo
Governo Federal, que funciona no turno da manhã, com o objetivo de dar suporte e aumentar a
qualidade do ensino, ou seja, elevar o índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).
separação do lixo por categoria, foram tomadas ações mais concretas e de longo prazo, como o
plantio de arvores dentro das áreas da escola.
Culminando no dia do meio ambiente se organizou uma ―caminhada educativa‖, onde os
alunos, já instruídos pelos professores, se mobilizaram com o corpo docente da escola e
organizaram um movimento pelas ruas da comunidade onde a escola se localiza. Durante a
caminhada os alunos visitaram as casas dos moradores, explicando através de folder‘s a importância
do tratamento correto do lixo, separando em recicláveis e não-recicláveis, dando o destino correto a
cada um deles. Ainda se mostrou como os resíduos recicláveis podem gerar renda, através do
artesanato.
Por todo o percurso os alunos também recolheram o lixo encontrado nas ruas, fazendo uma
sensibilização da comunidade através de carro de som, explicando a importância do descarte correto
do lixo domiciliar. Onde todo o lixo recolhido foi separado e destinado corretamente. Outro fator
importante foi a limpeza da barreira próxima a escola, que era utilizada como ―lixão‖. Com a ajuda
do governo municipal, foi feita a retirada do lixo com retroescavadeira e feito um plantio de árvores
nativas da região.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988;
______. Lei Ordinária n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 28 abr. 1999;
ESPINOSA, H.R.M.: Desenvolvimento e meio ambiente sob nova ótica. Ambiente, v7, n.1, p. 40-
44, 1993;
LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional : Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional [recurso eletrônico]. – 8. ed. – Brasília :
Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2013;
MUHRINGER, Sonia; POMPÉIA, Silvia. Educação Ambiental na Escola. Cedic. Belo Horizonte,
120 p;
RESUMO
O nosso artigo tem como objetivo, diagnosticar a percepção do corpo docente sobre a educação
ambiental no ensino das 1ª séries de educação infantil na escola Disney – Alagoa Grande – Paraíba
- Nordeste do Brasil. A Percepção ambiental como uma representação científica e, como tal, tem
sua utilidade definida pelos propósitos que embalam os projetos do pesquisador. Aplicou-se 05
questionários com 06 perguntas abertas e entrevista semiestruturadas para obter os dados. No
município, a educação ambiental não é considerada uma prioridade no resgate a cidadania que
estimula o educando quando a opção ambiental está envolvida diretamente com a escola e o
envolvimento evidentemente, não se dará de forma linear ou rápida, mas ao longo de um processo
de treinamento que deve, não só envolver professores, mas também todos os demais profissionais
que valorizem a cooperação, e a participação coletiva.
Palavras-chaves: Percepção; Educação ambiental; Educação infantil.
ABSTRAT
Our article aims to diagnose the perception of the faculty on the teaching of environmental
education in the 1st series of children's education in school Disney - Alagoa Grande - Paraíba -
Northeast Brazil. The Environmental perception as a scientific representation and, as such, is
defined by its utility purposes that pack designs the researcher. Applied 05 questionnaires with 06
open questions and interviewed for semistructured data. In the city, environmental education is not
considered a priority in the rescue citizenship that encourages the student when the environmental
option is involved directly with the school and the involvement of course, will not happen in a
linear fashion or fast, but over a training process which should not only involve teachers, but also
all other professionals who value cooperation and collective participation.
Keywords: Perception, Environmental Education, Early Childhood Education.
INTRODUÇÃO
A percepção ambiental é uma representação científica e, como tal, tem sua utilidade definida
pelos propósitos que embalam os projetos do pesquisador. Como adverte Becker (1996), as
representações científicas são como mapas que ―fornecem um retrato parcial que é, todavia,
adequado a alguma proposta. Todos eles surgem em ambientes organizacionais, que restringem o
que pode ser feito e definem os objetivos a serem alcançados pelo trabalho‖ (BECKER 136op.cit,
1999).
A Educação Ambiental (EA), em função de suas múltiplas histórias em todo planeta e no
Brasil, é explicitada por distintas definições, linhas, tendências. No contexto deste trabalho o
conceito de educação ambiental é uma pequena adaptação daquele expresso no Tratado de
Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (Brasil, 2005),
documento produzido na Jornada Internacional de Educação Ambiental, durante o Fórum Global,
paralelo à Rio-92 e da missão e objetivos enunciados pelo Programa Nacional de Educação
Ambiental (PRONEA, 2005):
No Brasil, a educação ambiental passa a ser reconhecida como política pública pela
sociedade brasileira a partir de 1999 com a aprovação da Lei 9.795/99 que estabelece a Política
Nacional de Educação Ambiental – PNEA. A partir deste momento a educação ambiental passa a
requerer, assim como toda política pública, mecanismos para o seu financiamento.
A educação ambiental se constitui num ―novo ramo‖ de educação que se propõe para atingir
a todos os cidadãos através de um processo pedagógico participativo permanente que procura
despertar no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental compreendendo-se
como uma crítica a capacidade de captar a origem e a evolução de problemas ambientais segundo
Reigota (2004). Dessa forma, quando falamos em educação ambiental, entendemos com o resgate
da ética, da cultura, da política e da economia, já embutidos em qualquer forma de relação e
informação que implicam em educação. Os Parâmetros Curriculares Nacionais(2001) em suas
orientações sugerem que:
Essa consciência já chegou à escola e muitas iniciativas têm sido desenvolvidas em torno
desta questão, por educadores de todo país. Por essas razões vê-se a importância de se
incluir a temática do meio ambiente como tema transversal nos currículos escolares,
permeando toda prática educacional. (Brasil, 2001).
A EA na escola pública deve ter caráter conservacionista, biológica e crítica para uma
sociedade sustentável, para atuando com o aluno, a partir de seus conhecimentos, terem sucesso no
desenvolvimento da consciência crítica e autossustentável (ABÍLIO, 2005). Para tanto, deve-se
partir do currículo escolar, para inserir dentro das disciplinas informações que tragam mudanças de
atitudes e contribuam para a formação do cidadão.
No município de Alagoa Grande– PB a EA está envolvida diretamente com as escolas e, que
este envolvimento evidentemente, não se dará de forma linear ou rápida, mas ao longo de um
processo de treinamento que deve, não só envolver professores, mas também todos os demais
profissionais da escola. Por traz desta ideia, está o desenvolvimento de práticas que valorizem a
cooperação, igualdade de direitos, autonomia, democracia e participação coletiva.
A pesquisa objetiva diagnosticar a percepção do corpo docente sobre a educação ambiental
no ensino das 1ª séries de educação infantil na escola Disney, Alagoa Grande, estado da – Paraíba.
A civilização contemporânea vive uma profunda crise da racionalidade moderna que produz
inúmeros reflexos nos indivíduos e na sociedade, como a crise ambiental. Leff (2001) aponta que os
problemas ambientais são fundamentalmente problemas do conhecimento, tendo fortes implicações
em toda a política ambiental e para a educação escolar. Desta forma, este autor postula que se deve
aprender a aprender a complexidade ambiental, sendo um problema de aprendizagem do meio,
como compreensão do conhecimento sobre o mundo.
Neste contexto, Leff (2001) propõe que o aprendizado da complexidade deve ser mediante o
saber ambiental, pois trata-se de um conceito utilizado para assinalar os saberes que as populações
desenvolvem acerca de seu ambiente, construindo-o coletivamente através do tempo.
Ao propor um processo de treinamento que envolva todos, substitui-se de forma
significativa a hierarquia normalmente presente por um ambiente mais democrático, onde cada um
será estimulado a contribuir, tornando a escola um local de funcionamento mais orgânico
(RUSCHEINSKY, 2002).
Nesse sentido, as pesquisas quanto às ações educativas, pontuais ou processuais, formais ou
informais, no Brasil, indicam que as tendências de concepções e práticas são múltiplas e
multifacetadas, pois são situadas e contextualizadas local e globalmente. (JACOBI, 2005) Os
resultados desse pensamento e saberes são indicadores do avanço da consciência ecológica,
―ecopedagógica‖ e socioambiental das questões relacionadas ao macro e ao micro do meio
ambiente (GUATTARI, 2006). Atualmente, os nossos esforços para mudar a percepção do ser
humano e da sociedade perante o meio ambiente é universal com esforço de vários setores da
própria sociedade, tendo como foco a EA formal, a fim de sensibilizar cidadãos verdadeiramente
ativos, participativos para garantir a sobrevivência do ser humano nas próximas décadas (DIAS
1998).
A pesquisa objetivou diagnosticar a percepção do corpo docente sobre Educação Ambiental
no ensino das séries da Educação Infantil na Escola Disney – Alagoa Grande – Nordeste do Brasil.
Com isso, considera-se ser eficaz um projeto de Educação Ambiental em uma escola que
seja contemplada com uma metodologia tal que permita que ele seja continuado após o fim do
processo de treinamento, ou seja, de se tornar sustentável ou ainda parte da cultura da escola
(SANTOMÉ, 1998).
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
Instituição Estudada
RESULTADOS E DISCURSSÕES
Lixo, Preservação
do M.A
33%
Quando perguntados aos professores sobre quais as temáticas e conteúdos programáticos são
repassados aos alunos 50% dos professores afirmaram ser o tema relacionado a preservação e o
meio ambiente, 33% disseram ser lixo e preservação e 17% mencionaram trabalhar com a
preservação e conscientização do meio ambiente.
De acordo com Dias (1998), Considerando toda essa importância da temática ambiental e a
visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, sobressaem-se as escolas, como espaços
privilegiados na implementação de atividades que propiciem essa reflexão, pois isso necessita de
atividades de sala de aula e atividades de campo, com ações orientadas em projetos e em processos
de participação que levem à autoconfiança, a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com
a proteção ambiental implementados de modo interdisciplinar.
17% Ciências
16%
Ciências e Geografia
67%
Ciências , Geografia ,
Português e História
Ao serem indagados sobre quais disciplinas que costumam trabalhar a temática Educação
Ambiental 67% falaram ciências e geografia, 17% disseram português e história e 16% relataram
ciências e geografia. A disciplina ciências atingiram maior índice, por ser uma disciplina que
facilita todos os temas e dinâmicas utilizadas.
Segundo PENTEADO (2007) a escola é um dos locais mais indicados para promover a
conscientização ambiental a partir da conjugação das questões socioculturais. As disciplinas são os
recursos didáticos através dos quais os conhecimentos científicos de que a necessidade já dispõe são
colocados ao alcance dos alunos através da interdisciplinaridade.
Dias
comemorativos , De que forma você costuma trabalhar a EA
Problemas de
matemáticas Textos, poesias,,
abordando MA, Músicas, Palestras
Feiras de ciências e Filmes. 1ª e 6ª
17% Dias respostas
comemorativos, 33%
Feiras de ciências
17%
Textos, poesias,, Textos, poesias,,
Músicas, Palestras Músicas, Palestras
e Filmes. Dias e Filmes. Feiras de
comemorativos. ciências. oficina
Feiras de ciências de artes
17% 16%
Sim
83%
Quando perguntados aos professores sobre se a escola pretende realizar ou realiza algum
projeto voltado a Educação Ambiental 83% afirmaram que a escola pretende realizar projetos
voltados para Educação Ambiental e 17% responderam que não.
Para MININI (2000), a Educação Ambiental deve propiciar às pessoas uma compreensão
crítica e global do ambiente. Esclarecer valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar
uma posição consciente e participativa dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e
a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. MININI (2000).
Ao serem entrevistados sobre o que a escola disponibiliza algum material para que os
professores possam trabalhar essa temática quais seriam esses materiais 33% citaram que não fazem
pesquisa pela internet e usam materiais reciclados de sucatas, 33% relataram que sim e fazem
reciclagem e usam materiais de sucatas, 17% afirmaram que sim utilizando folha de ofícios,
cartolinas, tintas guaches e 17% mencionaram que sim e usam cartolina, fazem pesquisa pela
internet e recicla matérias.
A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de
conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao
meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus
biofísicos, estando também relacionada com a prática e a ética, que conduzem para a melhoria da
qualidade de vida (GUARIM, 2002).
Não
17%
Sim
83%
CONCLUSÃO
A abordagem das temáticas ensinadas pelo corpo docente da Escola Disney, requer uma
restruturação para melhorar o ensino aprendizagem quanto aos conteúdos de Educação nas 1º séries
iniciais.
Ao indagar os professores (as) através da pesquisa vemos que repassam os conteúdos de
maneira que não conduz com os conceitos de percepção e Educação Ambiental trabalhado por
diversos autores e carecendo a capacitação do corpo docente e a inserção da Educação Ambiental
no seu projeto político pedagógico.
Percebe-se que apesar do uso de recursos audiovisuais oficinas, palestras, filmes, etc, tais
recursos não estão mudando o comportamento do corpo discente.
A escola propõe em realizar um projeto voltado a Educação Ambiental, mas, no entanto não
discute no seu planejamento e com o corpo docente trabalha projetos de Educação Ambiental, mais
não desenvolveu a assimilação por parte da criança.
Finalizando podemos concluir que usam apenas como recursos a internet e outros alegaram
não possuir materiais disponíveis para as oficinas e práticas da Educação Ambiental para as
oficinas.
Diante do exposto sugerimos treinamento e capacitação para o corpo discente a inserção da
Educação Ambiental no Projeto Político Pedagógico da Escola Disney de maneira multidisciplinar.
REFERÊNCIAS
BECKER, Howard S. Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais. 4ª edição. São Paulo: Hucitec,
1999.p. 136
BRASIL. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981: Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário oficial da
União, Brasília, 02 de setembro de 1981.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: principio e prática 5ª Ed. São Paulo Gaia 1998.
GUARIM, V.LM. Barranco alto: uma experiência em educação ambiental. Guiabá: UFMT, 2002
134p.
MINIMI, apud Dias, G.F.D. Educação Ambiental – Principio e Práticas. São Paulo, Gaia 2000.
Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília: Senado Federal, 1999. Acessado em:
21/08/2017, Disponível em:
http://www.embasa.ba.gov.br/novo/Legislacao/Legislacoes/pdf/Lei9795_99.pdf.
PENTEADO. H.D. Meio Ambiente e Formação de Professores 6ed. São Paulo: Cortez. 2007.
RESUMO
O presente trabalho relata uma pesquisa desenvolvida em escolas públicas estaduais de Pau dos
Ferros, RN com o objetivo de analisar as práticas desenvolvidas pelos professores, no que se refere
à Educação Ambiental, a concepção de Educação Ambiental dos educadores e os referenciais
utilizados para essas ações. Para isso, buscamos os principais autores que abordam o tema como
Reigota (1994, 2008, 2011) Genebaldo Dias (1992) e Mauro Guimarães (1995, 2000, 2011, 2013),
principalmente na definição do conceito de Educação Ambiental e os referenciais que norteiam a
Educação Ambiental no Brasil. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: entrevista;
questionários semiestruturados; visitação; pesquisa bibliográfica. O crescimento e a difusão da EA
no contexto escolar são, ainda, incipientes. Muitas dificuldades e desafios no desenvolvimento de
ações de EA são relatados por professores e equipe pedagógica das escolas pesquisadas. A maioria
destes está consciente da importância de trabalhar as questões socioambientais no ambiente escolar.
No entanto, apresentam alguns obstáculos para efetivar ações sobre a temática. Entre elas: a própria
falta de formação específica na área; a ausência de infraestrutura como espaço físico, materiais
didáticos adequados e a falta de participação da comunidade escolar como um todo (além de
professores e alunos), também são apresentadas como desafios. Os referenciais teóricos
mencionados como orientadores no desenvolvimento das ações, como os PCN e os livros didáticos
dos componentes curriculares servem como norteadores para estas ações. Por último, tecemos
considerações acerca do trabalho desenvolvido e do tema abordado.
Palavras-chave: Educação Ambiental. Escola. Crítica.
ABSTRACT
This paper reports a research developed in public schools of Pau dos Ferros,RN in order to analyze
the practices developed by teachers in regard to environmental education, the concept of
environmental education of educators and references used for these actions. For this, we seek the
main authors approached the subject as Reigota (1994, 2008, 2011) Genebaldo Dias (1992) and
Mauro Guimarães (1995, 2000, 2011, 2013), especially in the definition of Environmental
Education and the references that guide environmental education in Brazil. The instruments used for
data collection were: interviews; semi-structured questionnaires; visitation; bibliographic research.
The growth and spread of EA in the school context are still incipient. Many difficulties and
challenges in the development of EA actions are reported by teachers and teaching staff of the
schools surveyed. Most of these are aware of the importance of working social and environmental
issues at school. However, present some obstacles to carry out actions on the subject. Among them:
the very lack of specific training in the area; the lack of infrastructure such as physical space,
adequate learning materials and the lack of participation of the school community as a whole (as
well as teachers and students), are also presented as challenges. The theoretical framework
mentioned as advisors in the development of actions, such as the PCN and the textbooks of
curriculum components serve as guides for these last ações. Lastly, weave considerations about the
work and the topic discussed.
Keywords: Environmental Education. School. Critical
INTRODUÇÃO
Sabemos que, apesar dos avanços na área de EA, como uma legislação que garante o acesso
à mesma, sua implantação está longe de ser efetivada. Essa legislação compromete os sistemas de
ensino a oferecê-la em instituições de ensino formal. Em tese, esse direito estaria assegurado.
Entretanto, não há garantias de sua efetivação, pois essa legislação não prevê penalidade para os
sistemas de ensino que não a cumprirem. Apenas o artigo 12 da Lei n° 9.795/99 prevê penalidade
para os estabelecimentos de ensino, públicos e particulares, sob a pena de não serem autorizados a
funcionar. Ainda é necessário que os educadores conheçam suas diretrizes e referenciais, através de
cursos específicos para a área ou em disciplinas que compõem a grade curricular de cursos
superiores e de pós-graduação.
Devido a esse entendimento a respeito da EA como tema transversal, os cursos de formação
de professores não são obrigados a incluir em suas grades curriculares, um componente curricular
de EA. No Artigo 10 da PNEA, diz-se que é facultada a criação de disciplina específica para ―os
cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da Educação
ambiental, quando se fizer necessário‖ e no Artigo 11, que ―a dimensão ambiental deve constar dos
currículos de formação de professores, em todos os níveis e todas as disciplinas‖. Um exemplo
dessa realidade é que as matrizes curriculares dos cursos de licenciaturas devem ofertar a disciplina
de Educação Ambiental como optativa, na formação dos futuros professores. Não deve ser
componente curricular obrigatório, apenas optativa. Ou seja, o futuro professor deve optar se quer
ou não cursar este componente curricular. Assim, faz-se necessário a formação continuada dos
educadores, para que conheçam a PNEA e possam efetivá-la nas salas de aula.
Dada a importância da educação no processo de humanização do indivíduo e de
transformação social, poderíamos associar o desenvolvimento da sociedade à evolução da educação.
Desta forma, surge a necessidade de sistematizá-la e organizá-la em função de determinados fins e
objetivos. A EA como parte do processo de educação, não pode ser pensada como sendo apolítica, e
nem tampouco a escola como um espaço neutro fora das divergências sociais.
Ao mesmo tempo que a EA tem a chance de estar presente em todas as disciplinas, de modo
interdisciplinar, por não ser obrigatoriamente uma disciplina do currículo, pode acabar sendo
deixada em segundo plano, em relação aos conteúdos disciplinares. Ou mesmo sendo tratada apenas
como uma forma de abordar os problemas ambientais de forma ingênua, isto é, sem levar em
consideração as questões sociais e econômicas relacionadas a estes. As problemáticas ambientais
são, antes de tudo, questões socioeconômicas, socioculturais e sociopolíticas que envolvem tomadas
de postura ideológica frente aos atores, interesses e concepções de mundo diferentes e que,
dependendo da abordagem adotada pelo professor, podem assumir direções conservadoras ou
emancipatórias.
Sem negar a existência da dimensão teórica da educação e da questão ambiental,
entendemos que a teoria é, e deve ser articulada à política e a critérios éticos na elaboração e
implementação de um currículo pedagógico. Entendemos que uma EA de ênfase somente teórica
reduz a complexidade do real, e o indivíduo se limita a conhecer os problemas existentes. Sendo
que as dimensões de conscientização e sensibilização não podem prescindir de uma atitude crítica,
participativa e comprometida com a ampliação da cidadania frente a este exercício de tomada de
postura político-ideológica.
Conhecer a realidade que nos cerca, entender a dimensão do que acontece e possuir os
conhecimentos básicos que permitam encaminhar as discussões em sala de aula torna-se
imprescindível, para a construção de práticas docentes que auxiliem na formação de sujeitos críticos
e desenvolvam competências e habilidades para a compreensão das problemáticas ambientais.
Segundo os PCN, a principal função da EA dentro da escola ―é constribuir para a formação
de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e a atuarem na realidade socioambiental de modo
comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global‖
(BRASIL,1998, p. 21). Assim, o grande desafio para a educação é trabalhar atitudes, formação de
valores, habilidades e competências, não apenas com informações e conceitos. Tendo em vista que
comportamentos ambientalmente saudáveis são aprendidos na prática, no dia-a a dia da escola.
Nesta tarefa de formar cidadãos conscientes, outros componentes vêm se juntar à escola: a
sociedade, a família e a mídia. A sociedade, responsável pelo processo como um todo, os padrões
de comportamento apresentados pela família e as informações veiculadas pela mídia exercem
especial influência sobre as crianças e adolescentes em formação. Não apenas no que se refere à
área ambiental, mas em muitas áreas do conhecimento. Esse conhecimento, acumulado no dia-a-dia,
deverá ser trazido e incluído nos trabalhos da escola, para que se estabeleçam as relações entre esses
dois universos no reconhecimento dos valores que se expressam por meio de comportamentos,
técnicas, manifestações artísticas e culturais.
Os meios de comunicação de massa constituem grande fonte de informações que a maioria
dos educandos e das famílias possuem sobre o meio ambiente. Embora, muitas vezes, abordem os
assuntos relacionados ao meio ambiente de forma superficial, apenas apresentado o problema ou
equivocada, apresentando-os apenas como uso inadequado dos recursos naturais, a mídia vem
tratando de questões ambientais. Contrapondo o discurso dos mesmos meios de comunicação, que
incentivam o consumo cada vez maior de produtos e serviços. Assim, é importante que se trabalhe o
desenvolvimento de uma postura crítica diante da realidade, bem como não olvidando as
informações veiculados pela mídia, contrastando-as com os valores e atitudes trazidos de casa.
Para isso, o professor precisa conhecer o assunto, estar em permanente atualização; buscar
junto com seus alunos mais informações em publicações ou com especialistas, e fazê-lo junto com
os alunos representa excelente ocasião de, simultaneamente e pela prática, desenvolver
procedimentos elementares de pesquisa e sistematização da informação, medidas, considerações
quantitativas, apresentação e discussão de resultados. Visto que, juntos com os alunos, irão fazer o
levantamento dos problemas, suas causas, efeitos e possíveis formas de resolução ou amenização
dos mesmos (BRASIL, 1998).
Assim, ao abordar as temáticas ambientais nas escolas devem ser levados em consideração
alguns aspectos. Um deles é considerar o meio ambiente em sua totalidade. Ou seja, entender que
todos os seres vivos (matéria orgânica) e matéria inorgânica estão relacionados entre si, formando
um todo, que dependem uns dos outros e interagem entre si. Neste aspecto, uma das principais
ênfases deve ser o entendimento do ser humano como parte integrante desse meio, não como um ser
à parte, superior às demais espécies. A construção de um processo permanente de EA pode
contribuir para a convivência mais racional entre os seres humanos e as demais espécies e a
exploração mais racional dos recursos naturais. Desse modo, aplicar um enfoque interdisciplinar
para a EA permite uma visão holística dos problemas e a busca por reflexões sobre estratégias
alternativas que reduzam os impactos das ações humanas sobre o ambiente.
Examinar as principais questões ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e
internacional também ganha relevo no que se refere à abordagem socioambiental para a EA. Ao
tratar dessas temáticas, com os problemas mais próximos da comunidade escolar, localizados no
entorno da escola ou residências dos alunos (isso não significa que os problemas mais distantes, que
não afetem diretamente a comunidade escolar), não possam ser tratados primeiro, principalmente,
quando são noticiados pela mídia e causam comoção social. Assim, pode-se fazer o caminho
inverso, partindo do global ou nacional, para o local.
Concentrar-se nas questões ambientais atuais e, a partir destas, levar em conta uma
perspectiva histórica, demonstrando que os problemas ambientais têm um tempo e um contexto
histórico de surgimento e desenvolvimento. Insistir no valor e na necessidade da cooperação local,
nacional e internacional para prevenir os problemas ambientais, compreendendo que as atitudes
individuais influenciam diretamente na solução dos problemas é um caminho possível. No entanto,
ações isoladas de indivíduos, pequenos grupos ou comunidades não resolvem todos os problemas
relacionados ao meio ambiente. Mas, com atitudes individuais e cooperação das comunidades local,
nacional e internacional pode-se haver contribuições plausíveis, aos poucos ou gradativamente, para
isto.
Debater sobre os problemas ambientais nos planos de desenvolvimento dos países e
perspectivas de crescimento econômico, bem como promover a participação dos alunos na
organização de suas experiências local/regional, podem acabar contribuindo para que a
aprendizagem seja significativa e contribuir para o desenvolvimento de valores e atitudes,
competências e habilidades no pensamento/discussão sobre os problemas ambientais.
Estabelecer uma relação entre a sensibilização ao meio ambiente, a aquisição de
conhecimentos, atitudes para resolver problemas e clarificação de valores, procurando, sensibilizar
os mais jovens na sua própria comunidade, que multiplicarão esses conhecimentos para os demais
membros da comunidade torna-se, portanto, um viés salutar, valorizado no processo de ensino-
aprendizagem coletivo.
Ajudar os alunos a descobrirem os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais,
ressaltando a complexidade dos problemas ambientais e a necessidade de desenvolver o sentido
crítico e a refletirem a respeito das atitudes necessárias para resolvê-los, podem representar espaços
propícios, com a finalidade educativa, ressaltando, principalmente, as atividades práticas e as
experiências grupais e/ou atitudes pessoais frente ao desafio da problemática de EA.
Para tratar a EA numa abordagem mais crítica, é necessário o conhecimento dos
pressupostos teóricos metodológicos que embasam a mesma no Brasil e o mundo. Como
mencionamos anteriormente, a formação inicial dos professores pode não oferecer a possibilidade
de conhecimento desses pressupostos. Assim, para que a prática docente atenda às necessidades
educativas da comunidade e se adeque às mudanças sociais, é necessária uma formação
complementar. Esse processo permanente de construção do conhecimento e desenvolvimento
profissional, transcende os cursos de formação inicial e de qualificação.
A ideia que temos, considerando o apanhado em debate neste estudo, é que os professores, ao
abordarem as temáticas ambientais, não a realizam de maneira crítica, resumindo-se em realizar
atividades esporádicas e superficiais, muitas vezes restritas às disciplinas de Ciências Naturais e
Geografia no Ensino Fundamental e Geografia e Biologia, no Ensino Médio.
As principais dificuldades citadas pelos professores em relação ao desenvolvimento das
ações de EA, nas escolas pesquisadas, dizem respeito à mobilização da comunidade escolar, às
questões orçamentárias e estruturais, capacitação e compreensão do tema, visto que a maioria deles
não participou de nenhum curso de formação inicial ou continuada de EA. A participação em
projetos interdisciplinares é, na maioria das vezes, proposta pela equipe pedagógica das escolas.
Não surgem da necessidade ou sugestão dos alunos e professores, o que dificulta o engajamento da
comunidade escolar nestes projetos. Quando esses projetos surgem da necessidade de alunos e
professores, podem tornar as temáticas significativas e a busca por reflexões para os mesmos, como
um desafio não somente individual, mas também de caráter coletivo.
Para abordar as temáticas ambientais, percebemos que o livro didático (LD) ainda tem grande
influência sobre os conteúdos abordados pelos docentes, nos tipos de aulas que acontecem nas
escolas. Principal fonte de pesquisa de professores e alunos, o LD é utilizado como principal
referencial teórico e de abordagem metodológica para tratar das temáticas ambientais. Muitas vezes
retirando a autonomia dos professores sobre as temáticas e formas de abordagem dos conteúdos
curriculares, não apenas em relação à EA.
Também foram citados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que se constituem de uma
série de documentos publicados em 1997, para servir como referência de renovação e reelaborarão
da proposta curricular, em todo o território nacional, para orientar os professores diretamente no que
se refere aos objetivos, conteúdos e práticas em sala de aula.
relacionados. A culminância do projeto era uma exposição com cartazes sobre a temática da água,
ainda favorecendo a confecção de roupas e objetos com materiais recicláveis. Aparentemente, havia
uma mobilização da comunidade escolar para o desenvolvimento do projeto. Visto que, neste dia,
todos os professores e alunos iriam participar da exposição. Ressaltamos que, quando de nossa
chegada na escola, o projeto já estava em andamento há duas semanas. Então, não temos como
mensurar a participação efetiva da comunidade escolar nesta ação. Assim como, também, não era
objetivo de nosso trabalho.
O desenvolvimento de atividades que possibilitem a participação da comunidade escolar
oportuniza a construção da identidade dos alunos como cidadãos e perceberem-se como membros
de uma comunidade e portanto, responsáveis pelo bem-estar desta.
Um outro aspecto que deve ser considerado é a saída do espaço escolar. A percepção dos
problemas socioambientais, no entorno da escola, permite uma visão mais apurada dos problemas
da comunidade e a avaliação crítica dos mesmos pelos alunos e professores pode ajudar na
compreensão dos fatores que os envolvem.
A visita a espaços que permitem a abordagem de aspectos ambientais relevantes para a
compreensão do mundo natural, e também dos problemas decorrentes da ação humana é um modo
de despertar a atenção para a temática. Para que se possa compreender a intensidade dos problemas
e vir a desenvolver valores e atitudes de respeito ao meio ambiente, é necessário conhecer as
qualidades desse ambiente, dessa natureza que se quer defender pois, geralmente, as pessoas tendem
a proteger aquilo que amam e valorizam. O que mais mobiliza os indivíduos a respeitar e conservar
o meio ambiente é o conhecimento das características, das qualidades da natureza; é perceber o
quanto ela é importante e entender-se parte dela, como os demais seres habitantes da Terra
(BRASIL, 1998). Assim, é ―também desejável que a escola possibilite a saída de seus alunos para
passeios e visitas a locais de interesse dos trabalhos em Educação Ambiental‖ (BRASIL, 1998, p.
53).
Assim, a falta de espaço físico na escola não impede a abordagem da EA nas escolas. A
estrutura física e a disponibilidade de equipamentos e recursos financeiros podem vir a representar
dificuldades também, mas não impedem o desenvolvimento de ações de EA.
Visita a parques, lagoas, aterros sanitários, lixões, sítios, praças, aquários e outros locais que
fiquem próximos à escola e possam ser visitados a pé, podem ser excelentes oportunidades para a
compreensão dos problemas ambientais e sociais. Muitas vezes, essas escolas ficam próximas a ruas
sem saneamento básico, com esgotos a céu aberto, lixo nas ruas, entre outros problemas ambientais
ou próximas a áreas de preservação como parques, lagoas e áreas de mangue.
para estas ações. Mas, não devem ser as únicas fontes de pesquisa sobre a temática. Para uma visão
mais abrangente da problemática da importância da EA na escola e qual o viés de abordagem a ser
adotado, é necessário uma leitura mais profunda e crítica da literatura disponível sobre o tema.
Quanto às ações desenvolvidas nas escolas pesquisadas, percebemos que estas são
desenvolvidas de forma fragmentada e sem articulação entre as diferentes áreas do conhecimento.
Mesmo em projetos coletivos, cada professor trabalha os aspectos relacionados à sua área de
conhecimento. Apesar da orientação dos referenciais para uma abordagem interdisciplinar na EA.
Estes apresentam os problemas ambientais e os abordam de forma superficial, sem questionar as
causas destes processos e fenômenos adjacentes.
Também, a EA é apresentada como meio de resolução dos problemas ambientais e não
como um meio de conscientização destes, entorno de uma formação cidadã. Os problemas sociais
também costumam ser excluídos da abordagem ambiental. Não há uma relação entre a problemática
ambiental e social, como se estes temas estivessem separados e um não interferisse no outro. Ou
seja, a perspectiva socioambiental a respeito da realidade é olvidada.
No entanto, quando sabemos que ambas dimensões configuram problemática latente para a
relação natureza e sociedade e, entre esta e seus sujeitos coletivos que, (re)produzem as condições
de vida no modo capitalista de produção e consumo desenfreado, degradante e dissimuladamente
explorador, tanto dos recursos naturais como destrutivo dos modos de vida, calcados no cotidiano
protagonista de comunidades inteiras.
Apesar das dificuldades relatadas, é evidente que estas ações são apenas o começo do
trabalho com as ações de EA. Como dissemos anteriormente, é uma área do conhecimento ainda em
desenvolvimento. Na qual, os estudiosos da área estão desenvolvendo seus trabalhos e as pesquisas
estão ainda em consolidação.
Alguns exemplos dessa busca por consolidação associa-se ao que publicações disponíveis
em revistas eletrônicas e anais de eventos apresentam, isto é, a EA como uma forma de ―salvação
para o planeta‖ e a conscientização das crianças como forma de ―salvar as futuras gerações‖, por
exemplo.
Essa visão, romântico-idealizada de EA também não atende aos princípios propostos nos
referenciais estudados e mencionados neste trabalho. Isso também fica evidente na legislação sobre
a temática. As primeiras leis que orientam estas ações são recentes, têm menos de vinte e cinco
anos, a exemplo da LDB 9.394/96 e da PNEA 9.795/99. Somente a partir da década de 1990 é que
começaram a ser instituídas.
No entanto, essa falta de consolidação não deve ser usada como ―desculpa‖ para a ausência
de uma compreensão mais profunda do papel da EA escolar. Sua função é proporcionar a
compreensão dos problemas ambientais, analisando suas causas, efeitos e impactos sobre o meio
ambiente e a sociedade, fazendo uma relação entre estes e o modo de produção capitalista, na busca
de desenvolver competências e habilidades para que os indivíduos, conscientes de seu papel
cidadão, possam propor meios de amenizá-los, quando for o caso – principalmente, se baseados em
suas realidades de vida cotidiana.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
de set. 2016.
___________. A floresta e a escola: por uma educação ambiental pós-moderna. 4. Ed. São Paulo:
Cortez Editora, 2011.
REIGOTA, M. PRADO, B. H. (Orgs.). Educação Ambiental: utopia e práxis. São Paulo: Cortez,
2008.
RESUMO
A sala de aula exerce um importante papel na formação do sujeito, já que é via para o crescimento
cognitivo, social e afetivo. Tal importância coloca esse tipo de espaço em destaque e mostra como a
relação pessoa-ambiente pode interferir na formação do sujeito. Defende-se também a importância
deste espaço por favorecer o aprendizado e prática de princípios, a exemplo do cuidado com os
ambientes, sejam naturais e construídos. Por isso, é importante considerar as características do
cuidado que os usuários têm com a sala de aula, discutindo sobre noções de conscientização e de
responsabilidade. Sinaliza-se também a necessidade de compreensão do conceito de cuidado
ambiental como ferramenta fundamental a ser aplicada nessa análise. Dessa forma, o presente
estudo buscou como objetivo geral promover princípios básicos de cuidado com o ambiente da sala
de aula, a partir de um instrumental psicopedagógico. Para tanto, foram realizadas atividades de
intervenção que contou com a participação de 25 crianças do 1º ano do ensino fundamental, de uma
escola pública de uma capital nordestina. A intervenção foi realizada através de atividades de
dinâmicas, vídeos, jogos, brincadeiras e produções artísticas contextualizadas com a temática em
questão, a partir de um viés psicopedagógico. Com base nessas atividades, foi identificado no
decorrer do processo uma maior sensibilização e ligação com o cuidado com a sala de aula. Diante
disso, foi possível notar um melhoramento do conhecimento e interesse sobre a temática,
proporcionando um processo de conhecimento mais contextualizado, como também um processo de
sensibilização e de apego pela temática do cuidado com a sala de aula, elementos fundamentais para
a promoção de atitudes, valores e comportamentos pró-ambientais aplicados para outros espaços.
Palavras-chave: Cuidado ambiental. Sala de aula. Psicopedagogia.
ABSTRACT
The classroom has an important role in the individual‘s formation, since it is a place for cognitive,
social, and effective development. Such importance puts this space in the spotlight and shows how
the relation person-environment can effect a person‘s formation. It is also argued the importance of
this environment in relation to its facilitation of the learning process and as a place to practice
principles such as environmental care, regarding both natural and built environments. Therefore, it
is important to consider the characteristics of the care students show with the classroom, discussing
the level of awareness and responsibility. It is also highlighted the need for a comprehension of the
concept of environmental care as a fundamental tool to be applied in this analysis. Hence, the
present study aimed to promote basic principles of care for the classroom environment, based on
pedagogic instruments. For that, intervention activities were carried out counting with the
participation of 25 children in primary school of public school of a state capital in Northeast. The
intervention was based on dynamic activities, videos, plays, and artistic productions contextualised
with the theme, with a psychopedagogical approach. Based on these observations, it was possible to
identify an improvement in knowledge and interest about the theme, which allowed a more
contextualised improvement of knowledge, and a process of sensitization and attachment for caring
the classroom, which is fundamental to promote attitudes, values and pro-environmental behaviours
applied to other spaces.
Keywords: environmental care, classroom, psychopedagogy.
INTRODUÇÃO
sensibilidades ambientais. Essas preocupações foram ratificadas pela Política Nacional de Educação
Ambiental, aprovada em 1999 e regulamentada em 2002, em que a EA é instituída como obrigatória
e considerada um componente urgente e essencial da educação fundamental. Através da educação
voltada para cuidado ambiental um novo sujeito pode ser desenvolvido, o sujeito ecológico, que
porta o ideário ecológico, compreendendo o mundo segundo uma ótima diferenciada
(CARVALHO, 2012). Para investigar e intervir em questões que relacionam pessoa-ambiente é
necessário conhecer ambas as partes. Para tanto busca-se respaldo conceitual e técnico na
Psicologia Ambiental por focar nos estudos da ação humana sobre o ambiente, bem como também o
efeito deste ambiente sobre o homem (ARAGONÉS; AMÉRIGO, 2000). Já a Psicopedagogia traz
uma contribuição a partir de conceitos sobre aprendizagem, técnicas de intervenção e análise que
enriquecem a promoção sobre as formas adequadas de conhecer (SANTOS, 2016; SILVA, 2010) e,
consequentemente, agir de forma pró-ambiental. Justifica-se, portanto, a importância da realização
do estudo, para que se construam dinâmicas no ambiente da sala de aula que favoreça a
conscientização sobre a importância do cuidado ambiental, o bem-estar social e, consequentemente,
aprendizagens significativas.
Diante do exposto, o presente estudo buscou como objetivo geral promover princípios básicos de
cuidado com o ambiente da sala de aula, a partir de um instrumental psicopedagógico. De modo específico,
buscou-se verificar a percepção do professor frente aos princípios básicos de cuidado com o ambiente da sala
de aula e comparar a qualidade de conhecimento que os estudantes apresentam antes de depois das
sessões de intervenção.
No estudo realizado por Beltrame e Moura (2009) no qual foram observados diferentes
espaços de uma escola, as autoras constataram que as precárias condições físicas das edificações
influenciavam negativamente o processo de aprendizagem e de formação plena dos seus estudantes.
Assim, é preciso considerar as características da relação que as pessoas que frequentam esse espaço
têm com os elementos ambientais, sejam esses constituintes de um ambiente físico ou ambiente
natural. Por conta disto, pesquisadores da psicologia ambiental têm mostrado interesse nas atitudes
e percepções das crianças em relação ao ambiente, especialmente por considerarem esse período
importante na formação de pensamentos e condutas que poderão se manter ao longo do ciclo da
vida (RAQUEL; GALLI; BEDIN, 2015).
Neste sentido, é possível entender que a formação dessa consciência pode ser produto de
valores éticos e morais de caráter universal, da valorização da autoestima, da formação do
autoconceito, assim como, do entendimento do conceito de cuidado com o ambiente, uma vez que
estes elementos estimulam os educandos a apresentarem atitudes de comportamentos pró-
ambientais (PASCARELLI FILHO, 2011). Por isso, faz-se necessário compreender o conceito de
cuidado ambiental como ferramenta fundamental a ser aplicada no contexto da sala de aula. A
propósito, as ações de cuidado ambiental podem ser definidas como ética e prática que devemos
adotar e manter em relação à natureza, ao ambiente, em seu sentido de proteção (BOFF, 1999;
BRASIL, 2005).
Para tanto, Pessoa (2008) adverte que a relação pessoa-ambiente apresenta um quadro com
consequências cada vez mais preocupante, devido a comportamentos humanos mal adaptados.
Comportamentos coerentes com uma relação pessoa-ambiente equilibrados precisam ser aprendidos
e apresentados pelas pessoas nos mais diferentes espaços de interação e precisam ser capazes de se
multiplicarem em outros comportamentos associados até que o planejamento e a execução de ações
pró-ambientais se tornem um padrão de conduta da pessoa diante do mundo. Para isso, faz-se
necessário aumentar a consciência e reforçar determinados aspectos psicológicos, a exemplo das
normas sociais (CORRAL-VERDUGO, 2001; MORENO; POL, 1999).
decisões assertivas quanto às problemáticas da escola (SANTOS, 2016). A esse respeito, entende-se
a importância da Psicopedagogia institucional na discussão sobre cuidado com a sala de aula, já que
o psicopedagogo trabalha com os processos de aprendizagem do sujeito, considerando a escola
como propiciadora de costumes e atitudes (ABIDOYE; ONWEAZU, 2010). Dessa forma, o mesmo
deverá ampliar seu olhar e estar atento na relação entre os atos de cuidado para com a escola e a
aprendizagem; intervindo junto à gestão, professores e alunos, sempre que for necessário.
Segundo Oliveira (2009) a proposta de intervenção psicopedagógica tem como objetivo
desenvolver ao máximo a capacidade de ensinar dos profissionais e a capacidade de aprender dos
alunos, ciente de que há um complexo contexto formado por aspectos estruturais e organizacionais
e as configurações relacionais intra e extrainstituições que estão intimamente ligadas. Sendo assim,
o psicopedagogo na escola pode ser o responsável pela ampliação das aprendizagens, onde além dos
conteúdos do currículo escolar, conhecimentos e saberes diversificados, por exemplo, o
comportamento pró-ambiental, também possa estar presente.
METODOLOGIA
Delineamento
O estudo tem caráter descritivo direcionado à intervenção. Para tanto, foi adotado uma
variável de interesse, a saber: cuidado ambiental. Os dados coletados da observação e a entrevista
realizada com a professora serviram de base para as ações de intervenção.
Participantes
Participaram do processo interventivo, uma professora polivalente e 25 crianças da rede
pública de ensino do Município de João Pessoa, do 1º ano do ensino fundamental.
Instrumentos e materiais.
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizados instrumentos e materiais necessários
para o processo interventivo, como: vídeos, recortes, gravuras, cartolinas, lápis, cola, caixa de
papelão e materiais recicláveis. As atividades interventivas de caráter psicopedagógico estão
descritas a seguir.
Procedimento
Inicialmente realizou-se o contato com a direção da escola para solicitar a permissão de
ingresso e da realização das intervenções, em que foi esclarecido que o nome da instituição, assim
como dos alunos, seria mantido em sigilo. Dada à permissão, foi agendado, junto à professora
responsável pela turma, o dia e o horário para realização das atividades propostas. Após isso, a
responsável pelo estudo agradeceu a escola pela autorização para que realizasse as ações
interventivas. A execução da ação ocorreu em três momentos-chave desenvolvidos, sendo eles: 1) a
observação da turma a ser trabalhada; 2) a realização das intervenções realizadas com os alunos
com duração de 2 (dois) meses e; 3) a avaliação da eficácia da ação por meio da observação e
aplicação de uma entrevista com o professor responsável pela turma.
As ações foram desenvolvidas num total de oito encontros, sendo estes uma vez na semana,
com média de duração de 60 minutos. As ações de intervenção ocorridas nos oitos encontros estão
descritas a seguir:
de forma oral, quando deveriam marcar com a cor vermelha (referente a negativo) não
identificaram.
Discussão: Após a realização das duas etapas da atividade, pode-se perceber que a mesma
contribuiu para que as crianças passassem a enxergar o que era positivo ou não para o contexto da
sala de aula e para o seu processo de aprendizagem. Assim, foi oferecida uma oportunidade das
crianças se perceberem como responsáveis pelo estado da sala de aula que o ocupam.
responsabilidade dos atos, julgados como negativos por eles, em outros alunos. Dessa forma, a
atividade contribuiu para conscientizar as crianças que também é responsabilidade delas cuidar e
zelar pela escola. Portanto, a atividade ofereceu as crianças informações, ou seja, conhecimento,
com o intuito final de através do conhecimento prático, obter mudanças positivas no
comportamento de cuidado com o âmbito escolar.
Objetivo: Reforçar o conhecimento das crianças sobre coleta seletiva, para que as mesmas
exerçam na sala de aula.
Desenvolvimento da atividade: Antes de dar início a atividade colocou-se sobre a mesa da
professora os materiais que seriam utilizados, como: imagens de tipos de lixo, potes e a roleta com
as cores da coleta. Em seguida, foi pedido as crianças, que uma a uma, elas fossem até a mesa,
girassem a roleta e escolhessem uma imagem referente a cor selecionada na roleta e colocassem no
pote (que representava o lixeiro).
Discussão: Durante a realização da atividade já foi possível notar um maior conhecimento e
segurança das crianças sobre a separação do lixo, diferente do que foi observado nas atividades
anteriores. As crianças que não quiseram participar da atividade 5º alegando não saber, na atividade
6 mostraram-se empolgadas e envolvidas, além de mostrarem que assimilaram o conteúdo
oferecido. Portanto, foi percebido que a presente atividade ofereceu uma melhor assimilação das
crianças em relação ao conteúdo oferecido.
Resultados relativos à avaliação da eficácia da ação por meio da observação e aplicação de uma
entrevista com o professor responsável pela turma
Por fim, foi realizada uma entrevista com a professora responsável pela turma, em que foram
feitas perguntas como: Quem é responsável pela limpeza da escola? Com que frequência costuma
apanhar o lixo? Como é trabalhado com as crianças o cuidado ambiental? Por meio das respostas
fornecidas pela professora, foi visto um interesse na realização dessas atividades. Além disso, a fala
da professora mostrou uma clara colocação de que a mesma gostaria de se apropriar mais do
assunto, para assim colocar as ações em prática no dia a dia da sala de aula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
continuidade das atividades, e o pouco espaço de tempo para a realização da ação. Dessa forma,
para uma melhor eficácia nas ações de intervenção, seria ideal um maior tempo para a realização
das atividades, a fim de intensificar ocasiões que proporcione às crianças um maior conhecimento
acerca da temática cuidado com a sala e aula, tendo em vista que a EA é obrigatória e urgente para a
formação das crianças na educação fundamental segundo a Política Nacional de Educação
Ambiental.
Para que ações de cuidado sejam enraizadas e promovam mudanças duradouras nas ações
das crianças, é necessário que tenha um reforço diário, onde o professor pode ser um grande aliado,
já que o mesmo se encontra todo o tempo com as crianças em sala de aula. Esse profissional irá
contribuir para a formação do sujeito ecológico, como foi citado por Carvalho (2012). Portanto,
sugere-se que além das ações interventivas com as crianças, sejam realizadas ação de
conscientização junto aos professores, já que de forma consciente ou inconsciente os mesmos
interferem na forma de pensar e de agir dos alunos frente à realidade, de modo específico, na
realidade do cuidado ambiental.
REFERÊNCIAS
BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela Terra. Petrópolis: Vozes, 1999.
ELALI, G. A. O ambiente da escola – o ambiente na escola: uma discussão sobre a relação escola-
natureza em educação infantil. Estudos de Psicologia, v. 8, n.2, p. 309-319, 2003.
PASCARELLI FILHO, N. Educando para a preservação da vida. 1º ed. Rio de Janeiro: Wak
Editora, 2011.
PESSOA, V. S. Conhecimento sobre energia eólica: Um estudo exploratório a partir das redes
semânticas naturais de estudantes da cidade de Natal-RN. 2008. 110 f. Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil, 2008.
RESUMO
Desde o início da humanidade o ser humano necessitou apropriar-se dos recursos minerais para seu
usufruto, e a extração de areia é um exemplo disto. Sua extração em grande escala pode acarretar
vários impactos ambientais, tornando-se assim uma problemática ambiental. A partir deste contexto,
o presente trabalho tem como objetivo promover uma conscientização ambiental sobre a
problemática da extração de areia em duas escolas da rede pública, localizadas no estado do Rio
Grande do Norte. O presente estudo foi desenvolvido com alunos da 3ª série do ensino médio nas
escolas estaduais professora Teresinha Carolino de Souza em Jaçanã/RN e João Henrique Dantas
em Carnaúba dos Dantas/RN. A metodologia aplicada foi de natureza qualitativa e quantitativa, que
foram desenvolvidas em quatro etapas: aplicação de questionário, palestra, entrega de folders,
aplicação de um segundo questionário. Diante os resultados obtidos foi possível perceber que as
ações propiciaram uma possível conscientização ambiental que não existia antes da realização das
intervenções pedagógicas. Percebe-se assim, que há necessidade, de serem desenvolvidas atividades
pedagógicas que propicie aos alunos à conscientização ambiental sobre a extração de areia, devido
ser uma questão ambiental que envolve suas cidades e seu estado.
Palavras chaves: Educação ambiental, recursos minerais, exploração de recursos.
ABSTRACT
From the beginning of humanity the human being needed to appropriate the mineral resources for
his usufruct, and the extraction of sand is an example of this. Its large-scale extraction can lead to
several environmental impacts, thus becoming an environmental problem. From this context, the
present work aims to promote an environmental awareness about the problem of sand extraction in
two schools of the public network, located in the state of Rio Grande do Norte. The present study
was developed with Teresinha Carolino de Souza in Jaçanã / RN and João Henrique Dantas in
Carnaúba dos Dantas / RN. The methodology applied was qualitative and quantitative, which were
developed in four stages: questionnaire application, lecture, folders delivery, application of a second
questionnaire. Given the results obtained, it was possible to perceive that the actions provided a
possible environmental awareness that did not exist before the pedagogical interventions were
carried out. It is thus perceived that there is a need to develop pedagogical activities that provide
students with environmental awareness about the extraction of sand, because it is an environmental
issue that involves their cities and their state.
Keywords: Environmental Education. Mining resources. Exploitation of resources
INTRODUÇÃO
Segundo Moroni (2015), ―desde o início da humanidade o ser humano necessitou apropriar-
se dos recursos minerais para seu usufruto, a extração de areia, um agregado da construção civil, é
um exemplo disso‖. A areia é um sedimento clástico inconsolidado formado por fragmentos de
rochas granulares de dimensões entre 0,05 e 5 mm (PORMIN, MINISTÉRIO DE MINAS E
ENERGIA, 2016; PORTO, 2008).
Atualmente a exploração dos recursos minerais é preocupante para sociedade, pois na
maioria das vezes, as extrações deles acontecem de forma ilegal. No caso da extração de areia, ela
vem sendo cada vez mais retirada de forma informal, o que acarreta ainda mais os impactos
socioambientais, tais como desmatamento, erosão, assoreamento dos rios, compactação do solo,
poluição das águas, a fuga da fauna entre outros. Segundo Santos (2012), um alto índice de
ilegalidade desse bem mineral é apresentado no Estado do Rio Grande do Norte, cerca de 90% da
extração de areia é informal. E uma das alternativas para diminuição desses impactos
socioambientais é a Educação Ambiental (EA).
Desta forma, o presente trabalho procura desenvolver atividades pedagógicas em duas
escolas situadas no estado do Rio Grande do Norte. As escolas estaduais professora Teresinha
Carolino de Souza, localizada na cidade de Jaçanã e João Henrique Dantas localizado na cidade de
Carnaúba dos Dantas, com intuito de promover ações educativas que possibilite a conscientização
ambiental sobre a problemática da extração de areia, para alunos da 3ª série do ensino médio.
Segundo Silva (2007), a areia é um dos agregados de emprego direto para construção civil,
considerado um bem mineral de uso social, porém o alto índice de ilegalidade da retirada desse
recurso é preocupante, e vêm acarretando impactos ambientais de grandes proporções.
De acordo com Souza et al., (2001), Vieira e Resende (2015), apesar da extração de areia é
necessária, ela é responsável por impactos ambientais. Assim, deve ser extraída de forma
consciente, que minimize a degradação ambiental, que tem sido causada por essa excessiva retirada.
Os principais impactos socioambientais causados pela extração de areia são: Desmatamento das
áreas de preservação permanente (APP), alteração dos cursos de rios e o seu assoreamento, A
compactação do solo, perturbação a população vizinha, a poluição das águas, poluição sonora e a
fuga da fauna.
Segundo Marinho et al., (2014), todos os dias aparecem nos jornais, revistas e programas de
TV, reportagens que alertam sobre alguns dos problemas ambientais atuais, os quais variam entre
poluição das águas, do solo, desmatamento, erosão dos rios, esgotamento dos recursos naturais,
dentre outros, que estão cada vez mais presentes em nossa realidade. Ainda para Marinho et al.,
(2014), o mundo tem mudado constantemente e essas mudanças têm ocorrido principalmente no
âmbito do meio ambiente. Por tanto, há uma necessidade que aconteça mudanças de hábitos na
sociedade. Para tal mudança é necessário que surja a conscientização ambiental, por meio de uma
prática chamada de educação ambiental.
Para Souza et al., (2009), a Educação Ambiental deve ser vista como um método de
constante aprendizagem, de forma que valorize as diversas formas de conhecimento e a formação
de cidadãos com consciência local. Ela é responsável pela construção do pensamento consciente e
de mudanças no comportamento do ser humano com relação ao meio ambiente. Quando aplicado
em estabelecimentos de ensino como em escolas é capaz de despertar nos alunos a consciência, de
que eles fazem parte do meio ambiente onde vivem (SOUZA et al., 2009). Fazendo com que eles
comecem a refletir sobre as problemáticas ambientais e procurem interagir junto com a sociedade,
buscando soluções para elas, tendo assim responsabilidades com a natureza, procurando agir de
forma sustentável que a preserve.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada com duas turmas da 3ª série do ensino médio regular, das Escolas
Estaduais Professora Terezinha Carolino de Souza, Jaçanã/RN e E.E.E. Fundamental e Médio João
Henrique Dantas, Carnaúba dos Dantas/ RN.
O presente estudo tem natureza qualitativa e quantitativa, os dados coletados foram obtidos
através de questionário semiestruturado e escala de satisfação do tipo Likert, adaptada. ―A escala de
Likert é composta por um conjunto de enunciados que funciona como estímulo para o indivíduo
expressar seu grau de concordância ou discordância em relação a um objeto atitudinal, dentro de um
continuo de cinco pontos‖ (TANAKA, p.73, 2007).
As estratégias didáticas deste trabalho foram baseadas em quatro etapas: (1) aplicação de um
instrumento de coleta de dados, (2) palestra, (3) entrega de folder, (4) aplicação de um segundo
instrumento de coleta de dados. Para proteger a identidade dos participantes da pesquisa, as escolas
foram identificadas pelas letras A e B, a escola (A) Escola Estadual professora Teresinha Carolino
de Souza e (B) Escola de Ensino Estadual João Henrique Dantas. Na escola (A) os alunos foram
codificados e identificados por letra em seguida de números (A1, A2) continuamente, como
também na escola B os alunos foram codificados e identificados por letra seguida de números (B1,
B2) sucessivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Gráfico 1. Respostas dos alunos das escolas A e B, referente à primeira questão do instrumento de coleta de
dados 1. Você conhece alguma extração de areia em sua cidade ou região? Sim, onde____ ( ) Não. (Fonte:
Dados da pesquisa, 2016)
Dos 18% da escola A, que responderam sim, disseram que conhecem extração de areia nas
cidades de Natal, Coronel Ezequiel e Jaçanã, localizadas no estado do Rio Grande do Norte. Na
escola B, se obteve um número maior de alunos que responderam sim, contrapondo a escola A.
Onde 33% dos alunos da escola B responderam sim, o que pode ser justificado devido essa extração
de areia que acontece no rio da cidade de Carnaúba dos Dantas. Em se tratando de um estado que
tem números significativos na produção e no consumo de areia, a maioria dos alunos não tem
conhecimento sobre essa retirada em suas cidades, pertencentes a esse estado, como é possível
perceber diante os dados obtidos.
Com relação à segunda pergunta do questionário, para que serve a areia?(Quadro 1 e 2).
Quadro 1. Idéias centrais e expressões chave das respostas dos alunos da escola A, referente à segunda
questão do instrumento de coleta de dados 1. Para que serve a areia?(Fonte: Dados da pesquisa, 2016)
Diante das falas dos alunos é notório que a grande maioria dos alunos consegue identificar a
aplicação da areia no nosso dia-a-dia. De acordo com a ANEPAC (2016), a areia é um agregado de
emprego imediato na indústria da construção ou incorporado a produtos, no qual depende da sua
granulometria para cada devido uso. Desta forma Cavalcanti; Parahyba (2012) relatam que a areia
pode ser utilizada: na construção civil, na indústria de transformação para fabricação de vidros,
cimento, cerâmica, refratários entre outros. Mostrando assim a grande importância da areia para a
população, tendo em vista o seu nível de utilidade. Atendendo a necessidade habitacional da
sociedade, contribuindo desde as pequenas obras de habitação até as mais elaboradas.
No que diz respeito à terceira questão, onde os alunos foram perguntados se sabiam de onde
se extrai a areia? (Gráfico 2).
Prais
Solo
Não sabem
Solo
Rios
Ruas
Praias
Rios
Escola A Escola B
Gráfico 2. Respostas dos alunos das escolas A e B, referente à segunda questão do instrumento de coleta de dados 1.
Você sabe de onde se extrai a areia? (Fonte: Dados da pesquisa, 2016)
É possível observar, que a maioria dos alunos das duas escolas responderam que a areia é
extraída dos rios. Diante do exposto pode perceber que grande parte deles tem uma noção de onde
ela é extraída.
Segundo Gonçalves (2016), as areias são normalmente extraídas de reservas recentes e
sub-recentes de canais e terraços fluviais, em geral de idade pleistocênica.
No Brasil, os depósitos de areias usados como materiais em construção civil geralmente são
Sim
Sim
Não opinou
Não
Não
Escola A Escola B
Gráfico 3. Respostas dos alunos das escolas A e B, referente à quarta questão do instrumento de coleta de
dados 1. Você conhece alguém que trabalha extraindo areia? Fale um pouco sobre. (Fonte: Dados da
pesquisa, 2016)
Foi possível perceber que apenas os alunos da escola B conheciam alguém que trabalhava
com esse tipo de extração. Porém não sabem de certeza como essas pessoas trabalham extraindo
essa areia. Neste contexto é possível identificar alguns exemplos abaixo através das falas deles.
Sim, essa pessoa faz essa extração como forma de trabalho e sustento da família. (B21)
Sim, tenho um tio que trabalha há anos com tal produto, porém não sei ao certo como ele
extraí. (B24)
Diante disto percebe-se que a extração de areia gera emprego e renda, garantindo o sustento
de muitas famílias, também é evidente como essa prática acontece informalmente, pois eles relatam
que conhecem alguém que trabalha, mas não sabem como ela é retirada e nem para onde ela é
destinada.
Para Vieira; Resende (2015), a extração de areia necessita de licenciamento ambiental, que
se conecta com algumas leis e definições. Apesar disto o índice de clandestinidade dessa atividade é
relevante e preocupante, tendo em vista que os impactos ambientais provocados são abundantes e
descontrolados.
Com relação à quinta questão onde os alunos foram perguntados sobre o que causa no
ambiente, a extração desenfreada da areia? (Quadros 3 e 4).
7 Não sabem B 10, 11, 12, 13, 18, 21: ―Não sei.‖
Quadro 4. Idéias centrais e expressões chave das respostas dos alunos da escola B, referente à quinta questão
do instrumento de coleta de dados 1. O que causa no ambiente, a extração desenfreada da areia?
(Fonte: Dados da pesquisa, 2016)
De acordo com as falas dos alunos, quando perguntados o que causa no ambiente, a extração
desenfreada da areia, percebe-se que nas duas escolas a maioria deles afirma que causa degradação
ambiental, modificando assim o meio ambiente, porém alguns não sabem o que causa, confirmando
assim, que eles não conseguem associar as verdadeiras alterações que essa extração excessiva causa
ao meio ambiente. Para Figueiredo e colaboradores (2008), a maior deficiência de conhecimento
dos alunos está associada aos impactos socioambientais que essa extração causa ao meio ambiente e
como acontece este processo.
Para Marinho e colaboradores (2014), a sociedade necessita de mudanças de hábitos, e isso
pode acontecer através da Educação Ambiental. A EA é responsável pelo pensamento consciente e
mudança de comportamento, devendo ser aplicada em ambientes escolares de forma que desperte a
sensibilidade dos alunos, gerando reflexão dos problemas ambientais, capacitando-os, onde eles
possam buscar soluções, e ajam de forma sustentável (SOUZA et al., 2009).
Sobre a sexta questão, você conhece algum lugar onde a extração de areia destruiu a
paisagem? Se sim, onde? (Gráfico 5 ).
Gráfico 5. Respostas dos alunos das escolas A e B, referente à sexta questão do instrumento de coleta de
dados 1. Você conhece algum lugar onde a extração de areia destruiu a paisagem? Se sim, onde? (Fonte:
Dados da pesquisa, 2016)
Diante do exposto, é perceptível que a maioria dos alunos da escola A e B não conhecem um
lugar onde há extração de areia destruiu a paisagem. Onde apenas 12% dos alunos da escola B
responderam que conhecem esse lugar onde se encontra destruído, que é o próprio rio da cidade,
confirmando assim que a maioria dos alunos, das duas escolas, não possui informação sobre essa
problemática ambiental local. Identificando que tal problema ambiental não é trabalhado em sala de
aula juntamente com a disciplina de educação ambiental.
Silva (2008) e Santos e colaboradores (2015), dizem que é por meio da EA nas escolas, que
os alunos podem entender que a areia, é um dos recursos minerais mais significativos na sociedade
e que sua retirada compromete os rios, a flora e a fauna. Inferindo, que a retirada de areia é uma
preocupação ambiental de grande importância para a humanidade, onde a educação ambiental
orienta e conscientiza os alunos sobre a produção e utilização dos recursos minerais. É através da
EA que se faz a conscientização dos alunos. Conscientizando-os acerca da importância da
preservação dos recursos naturais e dos efeitos danosas que a degradação do meio ambiente pode
trazer para a sociedade (MARINHO et al., 2014).
O segundo instrumento de coleta de dados foi do tipo likert e foi respondido por 15 alunos
na escola A e 24 na escola B. Por meio das respostas dos alunos neste instrumento, foi possível
perceber que após o desenvolvimento da palestra e entrega de folders, os alunos conseguiram
compreender o assunto que foi trabalhado durante as práticas pedagógicas, obtendo assim uma
possível conscientização sobre a problemática ambiental da extração da areia.
Desta forma, as práticas pedagógicas aplicadas no desenvolvimento desse trabalho foram
satisfatórias, os alunos da 3ª série do ensino médio, se mostraram curiosos, participativos e
surpresos diante o assunto. Sendo assim, fica claro que o uso de diferentes práticas provoca o aluno
a demonstrar e ter interesse sobre assuntos que envolva o meio ambiente.
Escola A Escola B
(15 alunos) (24 alunos)
60% 55,2%
38,5% 42,2%
1,5% 2%
0 0
0 0
Quadro 5. Escala do tipo likert para avaliar a satisfação dos alunos enquanto as atividades desenvolvidas,
nas escolas A e B. (Fonte: Dados da pesquisa, 2016)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o desenvolvimento deste trabalho buscou-se aplicar diferentes práticas pedagógicas com a
intenção de promover uma conscientização ambiental sobre a problemática da extração de areia em
duas cidades do estado do Rio Grande do Norte.
Este trabalho foi de suma importância para os alunos da 3ª série do ensino médio regular, pois no
decorrer da pesquisa foi perceptível que se conseguiu chamar a atenção destes com este tema, com
isso, as atividades desenvolvidas tiveram resultados bastante satisfatórios.
Desta forma, percebe-se que as práticas pedagógicas desenvolvidas possivelmente propiciaram a
conscientização ambiental dos alunos sobre a extração de areia em suas cidades e estado. O que
torna evidente que a problemática da retirada dos recursos minerais, mais especificamente a
extração de areia são trabalhados de maneira superficial ou não são abordadas em sala de aula.
REFERÊNCIAS
ANEPAC, Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil.
Disponível em: <http://www.anepac.org.br/agregados/areia-e-brita>. Acesso em 20 de novembro
de 2016.
PORTO, A. L. Aspectos Legais e Econômicos Para Extração de Areia no Estado da Paraíba, 2008.
RESUMO
Os resíduos sólidos, quando descartados inadequadamente no ambiente, provocam danos aos
recursos naturais, como solo, água e ar, prejudicando assim qualquer forma que dependam de
condições ambientais perfeitamente adequadas para sobrevivência. Diante desta realidade a
Educação Ambiental pode ser utilizada para manter os alunos informados dos problemas ambientais
ocasionados na maioria das vezes pelo próprio homem. A presente pesquisa objetiva proporcionar
uma aprendizagem significativa sobre a temática Coleta Seletiva a 15 alunos matriculados no
primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor
Crispim Coelho, localizada em Cajazeiras- PB. Como recurso metodológico utilizou-se um vídeo
informativo do Portal dos Resíduos Sólidos, um simulador do Banco Internacional de Objetos
Educacionais e uma palavra cruzada desenvolvida no Hot Potatoes. Classifica-se como uma
pesquisa bibliográfica, pesquisa-ação, e descritiva, sendo os dados analisados de maneira
quantitativa. Para coleta de dados aplicou-se um questionário prévio e uma palavra cruzada com o
para analisar se houve construção do conhecimento com a sequência didática executada. Diante dos
resultados, afirma-se que inicialmente a maioria dos alunos respondeu de forma errônea as questões
especificas sobre a Coleta Seletiva, isso se evidencia quando 40% dos alunos afirmaram que o
coletor de plástico tem cor amarela, 40% afirmaram ser azul, 13,33% marrom e apenas 6,67%
respondeu certo, vermelho. Após a sequência didática, 100% dos alunos conseguiram responder a
palavra cruzada, embora alguns alunos tenham respondido em um intervalo de tempo maior que
outros.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Aprendizagem Significativa; Sequência didática; Coleta
Seletiva.
ABSTRACT
Solid waste, when improperly disposed of in the environment, damages natural resources such as
soil, water and air, thus damaging any form of life that depends on environmental conditions
perfectly adequate for survival. Faced with this reality, Environmental Education can be used to
keep students informed of the environmental problems most often caused by humans. The present
research aimed to provide a meaningful learning on the subject Selective Collection to 15 students
enrolled in the first year of high school of the State School of Primary and Secondary Education
Professor Crispim Coelho, located in Cajazeiras - PB. As a methodological resource was used an
informative video of the Solid Waste Portal, a simulator of the International Bank of Educational
Objects and a crossword developed in Hot Potatoes. It is classified as a bibliographic, action
research, and descriptive research, in which the data were quantitatively analyzed. For data
collection a previous questionnaire and a crossword was applied to analyze if there was construction
of the knowledge with the executed didactic sequence. In view of the results, it is stated that
initially the majority of the students answered in an erroneous way the specific questions about the
Selective Collection. This is evidenced when 40% of the students stated that the plastic collector is
yellow, 40% said to be blue, 13.33% brown and only 6.67% answered right, red. After the didactic
sequence, 100% of the students were able to respond to the crossword, although some students
responded in a longer time frame than others.
Keywords: Environmental Education; Significant Learning; Following teaching; Selective collect.
INTRODUÇÃO
No decorrer dos anos ao perceber que a maiorias das fontes de recursos naturais são
limitadas, durante a década de 1970, alguns países industrializados preocupados com a conservação
e preservação do meio ambiente, começaram a se articular quanto à implantação de leis voltadas
para as questões ambientais. (NETO et al. 2009). A partir desta época as questões ambientais
começam a emergir na sociedade.
Neste contexto o meio ambiente passa por inúmeras transformações, algumas dessa ocorrem
ou vem ocorrendo ao longo do tempo por ações naturais decorrente da própria natureza, por outro
lado, o homem com sua capacidade destrutiva em prol do capital e da vaidade conseguem em tempo
acelerado desestabilizar todo um sistema denominado de meio ambiente.
Meio ambiente é o espaço no qual existe a interação entre o homem e a natureza. Esta
definição varia entre diversos autores, sendo muito próximo uma da outra. O Conselho Nacional do
Meio Ambiente na resolução 306 de 2002 define meio ambiente como sendo: ―conjunto de
condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, cultural e urbanística,
que permite abrigar e rege a vida em todas as suas formas‖. (BRASIL, 2002).
No ano de 1920, o pau-brasil uma das principais riquezas do Brasil é considerado extinto. A
extração desenfreada de pau-brasil durante muito tempo foi a principal fonte de renda do país, por
ser realizada sem nenhum controle e sem preocupação com as questões ambientais a extração dessa
madeira representou o fator determinante para sua extinção. Após 14 anos da extinção do pau-
brasil, é que ―em 1934 o Decreto 23.793 transforma em lei o anteprojeto do Código Florestal de
1931. Em decorrência, é criada a primeira unidade de conservação do pau-brasil, o parque Nacional
do Itatiaia.‖ (DIAS, 1991, p. 31).
Nos dias atuais a legislação brasileira disponibiliza diversos órgãos regidos por leis que
atuam em prol da conservação e preservação do meio ambiente tentando coibir e inibir as mais
diversas formas de agressão ao meio ambiente. A agressão ao meio ambiente não está restrita
somente as grandes indústrias que muitas das vezes utilizam os recursos naturais em grande escala,
sem nenhuma preocupação ambiental, de forma que essas atividades tende a modificar o espaço
físico e a extinção desses recursos; os cidadãos muitas das vezes sem perceber, com pequenos atos
rotineiros agridem o meio ambiente sem precedentes.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) Lei Nº 12.305 de 02 de agosto de 2010, foi
elaborada com a intenção de dispor sobre os princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre
as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os
perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos
aplicáveis. (BRASIL, 2010).
Entre os inúmeros objetivos e pretensões que a PNRS pretende alcançar, está o
desenvolvimento sustentável; proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; gestão integrada
de resíduos sólidos; estímulo à logística reversa; estímulo à implantação da Coleta Seletiva;
substituição de lixões por aterro sanitário; são alguns dos elementos fundamentais encontrados nesta
Lei. (BRASIL, 2010).
Os resíduos sólidos podem ser encontrados em diversos estados físicos e sua composição
pode ser bem diversificada, dependendo do agente gerador. Quanto à definição de resíduo sólido
alguns autores divergem, porém existem alguns aspectos em comum. A definição feita pela PNRS é
considerada uma das mais completas, definindo resíduo sólido como:
Com relação à Coleta Seletiva (CS), e de acordo com sua proposta, a mesma desempenha
um importante papel no setor ambiental, social e econômico caso colocado em prática de forma
plena. Apesar de não atuar diretamente na preservação no meio ambiente, porém ao final do ciclo
desta atividade sua contribuição é de grande importância para a manutenção do meio ambiente. A
PNRS define Coleta Seletiva como a ―coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme
sua constituição ou composição‖. (BRASIL, 2010).
É importante que todos os setores da sociedade desde as grandes empresas ao cidadão civil
tenham consciência quanto a suas responsabilidades frente à CS. Com relação à responsabilidade
individual, o início da coleta seletiva acontece no momento em que os resíduos gerados no ambiente
familiar e de acordo com suas composições são previamente separados e posteriormente dispostos
para destinação final ambientalmente adequada. Nesse contexto é importante que a sociedade seja
educada para realização de tal atividade e ao mesmo tempo tenha consciência da importância da
mesma para o meio ambiente.
A escola pode e deve desenvolver atividades de caráter ambiental/educativo, pois a escola é
o lugar mais apropriado para debater e conscientizar quanto à preservação e conservação do meio
ambiente e demais atividades desenvolvidas pelo homem voltado diretamente ou indiretamente para
o meio ambiente. Pelicioni (1998) destaca que os objetivos da educação ambiental é formar
cidadãos uma consciência capaz de mudar seu comportamento ambiental com investimentos nos
recursos e processos ecológicos.
A educação ambiental (EA), como tema transversal pode ser trabalhada em qualquer área e
nível de ensino, de modo geral a mesma trabalha as questões socioambientais e seu equilíbrio. Não
é de hoje que esta temática veio a ser incorporada no currículo escolar, a portaria 678 homologada
em 14 de maio de 1991 assegura ―que os sistemas de ensino, em todas as instâncias, níveis e
modalidades, contemplem, os seus respectivos currículos, entre outros, os temas/conteúdos
referente a educação ambiental‖. DIAS (2004, p.49).
Trigueiro (2003) define a Educação Ambiental como:
Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão
ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o
desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões
ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar
não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise
ambiental como uma questão ética e política.
Diante da era tecnológica uma metodologia que pode ser adotada na EA são os recursos
digitais de apoio ao ensino. Uma destas ferramentas podem ser os Objetos Virtuais de
Aprendizagem que segundo Spinelli (2007, p. 7), são:
Esses objetos podem ser encontrados em alguns repositórios de uso ilimitado e público. O
Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE) apresenta-se como um dos bancos de dados
mais completos e bem organizados, disponibilizando objetos em diversos formatos como:
simuladores; vídeos; experimentos práticos; hipertextos e etc. Quanto à organização em níveis de
ensino, Silva et. al. (2016, p. 1668) destacam que: ―esses objetos são divididos e organizados por
Nível de Ensino, sendo eles: Educação Infantil, Educação Superior, Ensino Fundamental, Ensino
Médio, Educação Profissional, Educação Superior e Modalidades de Ensino‖.
Referente à abordagem da temática Resíduos Sólidos existe o Portal dos Resíduos Sólidos
que ―divulga gratuitamente as notícias mais importantes do setor assim como princípios e
funcionamento de equipamentos, máquinas e usinas para o tratamento de resíduos sólidos.‖
Baseado na PNRS esse portal disponibiliza vídeos informativos, bem como oferece cursos
particulares e gratuitos online, funcionando como um grande panfleto digital da PNRS. (PORTAL
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS, 2017).
A presente pesquisa objetiva proporcionar uma aprendizagem significativa sobre a temática
Coleta Seletiva a 15 alunos matriculados no primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual de
Ensino Fundamental e Médio Professor Crispim Coelho, localizada em Cajazeiras- PB. Como
recurso metodológico utilizou-se um vídeo informativo do Portal dos Resíduos Sólidos, um
simulador do BIOE e uma palavra cruzada desenvolvida no Hot Potatoes.
METODOLOGIA
estimula o aluno a confeccionar um boneco de materiais recicláveis, depois o aluno recebe a tarefa
de coletar vários resíduos que estão dispostos de maneira inadequada, poluindo o meio ambiente e
leva-los até os coletores da Coleta Seletiva, após esta etapa é testado o conhecimento do aluno sobre
a CS em um jogo de cartas que relaciona o objeto reciclado e o tipo de material utilizado para
confecção do respectivo objeto.
Por último como forma de avaliar o conhecimento adquirido pelo alunado com a sequência
didática, aplicou-se uma palavra cruzada formulada com 10 indagações sobre a temática trabalhada
e desenvolvida no Hot Potatoes.
Quanto aos procedimentos técnicos classifica-se como uma pesquisa bibliográfica, e
pesquisa-ação. Para o referencial teórico utilizou-se documentos já publicados como livros, leis e
periódicos para o embasamento teórico. Para Boccato (2006, p. 266): ―a pesquisa bibliográfica
busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados,
analisando e discutindo as várias contribuições científicas.‖.
A pesquisa-ação é realizada com o intuito coletivo, onde o pesquisador e os participantes da
pesquisa se envolvem na resolução de um determinado problema. Thiollent (1998, p. 14), destaca
que a pesquisa-ação é uma: "[...] pesquisa social com base empírica que é concebida em estreita
associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e
os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo
ou participativo‖.
Quanto aos objetivos é uma pesquisa descritiva, esse tipo de pesquisa é utilizado quando o
pesquisador tem a finalidade de conhecer as anuências de um determinado objeto de estudo, procura
entender suas propriedades, valores e dificuldades, etc. Para Gil (2008) as pesquisas descritivas,
delineiam as características de determinadas populações e/ou fenômenos.
Os dados foram analisados de maneira quantitativa. Segundo Richardson (1999) a pesquisa
quantitativa é distinguida da qualitativa pelo emprego da quantificação, na coleta de informações e
pela interpretação dos dados com tratamento de técnicas estatísticas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
que este município não trabalha com a segregação dos resíduos sólidos, encontrando-se entre os
municípios brasileiros inadimplentes quanto com a disposição ambientalmente adequada dos
resíduos sólidos. Segundo Holzer (2012, p. 16):
A Coleta Seletiva deveria ser implantada em todas as cidades como uma das possibilidades
de redução do problema com Lixo. Desta forma, é importante que ela seja praticada
corretamente, pois grande parte do nosso Lixo é considerado inútil e na verdade a maioria
pode ser reaproveitado, desde que seja selecionado e armazenado adequadamente.
Questão 4- Na sua residência é feita a separação do lixo? Ou todo o lixo produzido é acondicionado no
mesmo recipiente?
Fala Representativa, Aluno 07. Fala representativa, Aluno 08. Fala Representativa, Aluno 06.
―No mesmo recipiente‖. ―Não, a gente separa‖. ―Não. Todo lixo no mesmo local‖.
Fala Representativa, Aluno 09. Fala Representativa, Aluno 12. Fala Representativa, Aluno 14.
―Só separamos o lixo orgânico dos ―Todo lixo produzido é ―As vezes sim e outras vezes não,
demais‖. acondicionado no mesmo quando esquecemos de separa a maioria
recipiente‖. das vezes acho que sim‖.
Quadro II: Acondicionamento dos Resíduos nas residências. Fonte: Próprios Autores, 2017.
Na figura III, apenas 40% dos alunos acertaram quando responderam que a cor do recipiente
coletor de papel é azul. Outros 40% responderam vermelho e 20% disseram verde, portanto 60%
dos alunos envolvidos na pesquisa responderam de maneira errônea este questionamento. Visto que
segundo a resolução de número 275, de abril de 2001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) o recipiente para coleta de papel/papelão é azul. (BRASIL, 2001, p.80).
Na figura IV a grande maioria dos alunos contabilizando 93,33% respondeu de maneira
errada a cor do recipiente de coletar plástico, com percentuais iguais de 40% disseram
respectivamente amarelo e azul, outros 13,33% falaram marrom e apenas 6,67% equivalente a um
aluno respondeu vermelho. Segundo o CONAMA a cor do recipiente coletor de plástico é
vermelha.
Figura III: Cor do recipiente de Papel. Figura IV: Cor do recipiente de Plástico.
Fonte: Próprios Autores, 2017.
Na figura V, a maioria de 53,33% respondeu certo ao afirmar que a cor do recipiente coletor
de vidro é verde, pois esta resposta está de acordo com a resolução do CONAMA. Outros 26,67%
responderam azul, 13,33% vermelho e 6,67% amarelo. Relacionando as questões 5, 6 e 7 pode-se
afirmar que a maioria dos alunos não soube relacionar a cor do recipiente da Coleta Seletiva com o
tipo de resíduo a ser descartado no mesmo.
Quando questionados se existe alguma relação entre lixo, meio ambiente e qualidade de
vida, no quadro III, todos os alunos afirmaram que existe essa relação. Alguns citaram palavras
como coleta; poluição; lixo; saneamento básico e plantas em suas repostas, fato positivo, pois
embora, nem todos tenham conseguido responder certo os questionamentos sobre a Coleta Seletiva,
todos apresentam conhecimento sobre a relação entre lixo, meio ambiente e qualidade de vida.
Questão 08- Na sua opinião existe alguma relação entre lixo, meio ambiente e qualidade de vida?
Fala Representativa, Aluno 04. Fala Representativa, Aluno 05. Fala Representativa, Aluno 07.
―Sim, pois se não houver a coleta vai ―Sim, pois a poluição pode ―Sim, até porque se não cuidarmos bem
prejudicar o meio ambiente e claro a causar danos a nossa saúde e a do meio ambiente iremos ter uma
vida‖. natureza‖. qualidade de vida péssima‖.
Fala representativa, Aluno 10. Fala Representativa, Aluno 12. Fala Representativa, Aluno 13.
―Com certeza. Pois muito lixo ―Sim, pessoas que moram em ―Sim, pois se não colocarmos o lixo no
acumulado e jogado em lugar ruas que não tem saneamento lugar certo acaba o meio ambiente no
inapropriado acaba com o meio básico são mais propensas a qual acaba as plantas e por fim nossa
ambiente, que atinge na qualidade de ficarem doentes‖. vida‖.
vida‖.
Quadro III: Relação entre Lixo, Meio Ambiente e Qualidade de Vida. Fonte: Próprios Autores, 2017.
Questão 09- Cite problemas ambientais ocasionados pelo descarte inadequado do lixo.
Fala Representativa, Aluno 01. Fala Representativa, Aluno 03. Fala Representativa, Aluno 06.
―Primeiro mau cheiro, depois ―Morte de plantas, doenças; a ―Poluição de rios e lagos, mortes de
cachorros podem passar e rasgar a poluição das águas subterrâneas animais, etc.‖.
sacola sujando tudo e causando a e muitos outros problemas
poluição‖. ambientais‖.
Fala Representativa, Aluno 08. Fala Representativa, Aluno 11. Fala Representativa, Aluno 15.
―Poluição, transmissão de doenças, ―Poluição dos rios, da natureza ―Doenças causadas pelos mosquitos que
destruição da natureza e dos e até morte de animais‖. se dar através do lixo descartado
animais‖. inadequado. Ex: dengue, zika e outros‖.
Quadro IV: Problemas Ambientais pelo descarte inadequado do Lixo. Fonte: Próprios Autores, 2017.
Questão 10- Você se considera um agente poluidor do meio ambiente? Por quê?
Fala Representativa, Aluno 02. Fala Representativa, Aluno 05. Fala Representativa, Aluno 07.
―Nem tanto, pois eu tento jogar lixo ―Sim. Por causa das pequenas ―Sim, porque mesmo as vezes tomando
no lixo, evito jogar nas ruas‖. coisas, como jogar na rua papeis cuidado, a gente acaba jogando algo no
de bombom, caixinhas de suco‖. chão, ou no lugar errado‖.
Fala Representativa, Aluno 09. Fala Representativa, Aluno 10. Fala Representativa, Aluno 13.
―As vezes, porque nem sempre eu ―As vezes, quando jogo o lixo ―Muita das vezes sim, mais tento
jogo o lixo no seu devido lugar‖. no chão‖. diariamente tirar o habito de jogar lixo
no chão‖.
Quadro V: Concepção sobre ser um Agente Poluidor. Fonte: Próprios Autores, 2017.
Figura VI: Palavra Cruzada Coleta Seletiva. Fonte: Próprios Autores, 2017.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados aferidos nesta pesquisa pode-se afirmar que a sequência didática
aplicada contribuiu de maneira significativa na construção do conhecimento do público envolvido
sobre a temática Coleta Seletiva, isto fica evidenciado quando 100% dos alunos conseguiram
resolver a palavra cruzada.
Reafirma-se com esta pesquisa que os recursos digitais favorecem de maneira significativa
para o processo de ensino/aprendizagem, pois estes aproximam os alunos dos conteúdos
trabalhados, diminuindo o distanciamento entre teoria e prática.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei 12.305, de 02/08/2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília, 2010.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm.
Acessado em: 10 de jul. de 2017.
CUNHA, S. B. da.; GERRA, A. J. T. A questão ambiental: diferentes abordagens. 5º. ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil,250 p. 2009.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9º. ed. São Paulo: Gaia, 551 p. 2004.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
TRIGUEIRO, A. (Coord.). Meio Ambiente no Século 21. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2003.
Matheus CASTILHO
Estudante de Licenciatura em Gestão do Agronegócio da Faculdade Unb Planaltina
castih4.unb@gmail.com
RESUMO
O artigo trata como as trilhas ecológicas podem impactar positivamente para os participantes e
alunos do ensino fundamental, apresentar como é caracterizado uma trilha ecológica interpretativa e
como a metodologia é dada para o público em geral, trazendo percepções e despertar a curiosidade
acerca do parque sucupira para a promoção da educação ambiental e do meio ambiente, através da
participação ativa da escola próxima a Faculdade Unb Planaltina e moradores locais da região.
Discutir como a apreensão desse conteúdo é dada de forma interdisciplinar e como os estudantes de
graduação atuantes do projeto efetuam seu procedimento acerca do evento, além de praticar o
exercício de outras atividades como seminários, palestras, oficinas como tema central a própria
unidade de preservação e o meio ambiente delimitada nos temas estudados de cada integrante do
projeto, e escutando com muita atenção, analisando as questões que os participantes da trilha
colocam para melhorar e aprofundar sustentavelmente com o objetivo que eles saiam da trilha
levando algo diferente, reflexivo e motivador divulgando nos meios de comunicação sua mudança
na relação entre ser humano e natureza.
Palavras Chave: Educação Ambiental, Trilhas Interpretativas, Interdisciplinaridade, Parque
Sucupira.
RESUMEN
El artículo trata cómo las sendas ecológicas pueden impactar positivamente para los participantes y
alumnos de la enseñanza fundamental, presentar como se caracteriza un sendero ecológico
interpretativo y cómo la metodología es dada al público en general, trayendo percepciones y
despertar la curiosidad acerca del parque sucupira para el parque sucupira para el público La
promoción de la educación ambiental y del medio ambiente, a través de la participación activa de la
escuela próxima a la Facultad Unb Planaltina y habitantes locales de la región. Discutir cómo la
aprehensión de ese contenido es dada de forma interdisciplinaria y cómo los estudiantes de
graduación actuantes del proyecto efectúan su procedimiento sobre el evento, además de practicar el
ejercicio de otras actividades como seminarios, conferencias, talleres como tema central a la propia
unidad de preservación y El medio ambiente delimitado en los temas estudiados de cada integrante
del proyecto, y escuchando con mucha atención, analizando las cuestiones que los participantes del
sendero ponen para mejorar y profundizar sostenidamente con el objetivo que ellos salgan de la
pista llevando algo diferente, reflexivo y motivador divulgando Los medios de comunicación su
cambio en la relación entre ser humano y naturaleza.
Palabras clave: Educación Ambiental, Rutas Interpretativas, Interdisciplinaridad, Parque Sucupira.
INTRODUÇÃO
Denominado ―Educação Ambiental no Parque Sucupira‖, um Projeto de Extensão de Ação
Contínua (PEAC), que foi criado em 2010 na Faculdade UnB Planaltina, com a iniciativa e
organização das professoras e coordenadoras Olgamir Amancia e Regina Coelly, veio da
necessidade de constituir uma relação intrínseca e sensitiva entre o homem e o meio ambiente na
cidade de Planaltina-DF.
O projeto busca evidenciar que a relação entre ser humano e natureza partiu da necessidade
entre ambas as partes, da comunidade local e a faculdade, que por meios de atividades educativas
onde estimulam a participação e interação dos moradores e colaboradores do parque, tenham
consciência que o espaço se designa como uma unidade de preservação e que deve ser valorizada no
seu âmbito bio-social em relação ao seu patrimônio ambiental.
O projeto visa sensibilizar a comunidade quanto à necessidade de preservação e valorização
do Parque através de ações educativas como promoção da biodiversidade por meio de trilhas
ecológicas dentro do Parque Sucupira. Desde sua criação, a partir das conquistas consolidadas, o
projeto obteve seu viés abordado em alguns programas de televisão local. O projeto conta com o
suporte e empenho da comunidade local como os moradores e simpatizantes do parque, e
acadêmica, como professores e estudantes universitários que atuam na FUP (Faculdade UnB
Planaltina).
A presença dos professores (as) e estudantes da FUP dos cursos de Licenciatura em Ciências
Naturais, Gestão Ambiental e Gestão do Agronegócio são cruciais para que tenha uma comunicação
entre os cursos e a comunidade. Também interagem por meio do projeto estudantes e professores
(as) de escolas públicas do Centro de Ensino Fundamental 04 (CEF04) e do Centro de Ensino N.
Sra. De Fátima (CENSFAT), a Estação Ecológica de Águas Emendadas e a rádio comunitária
parceira do projeto, a Utopia FM 98.1.
A Comunidade que mora próxima ao parque interage nos eventos, sendo incluso na Semana
Universitária em atividades tais como: trilhas interpretativas, rodas de conversas, seminários de
promoção e preservação do ambiente, além de ser disponibilizados os trabalhos produzidos no site
oficial e página do facebook. O objetivo desse artigo é apresentar de forma técnico-metodológica
sua atuação do projeto dentro do parque, detalhar seus planejamentos, atividades e ações com
enfoque nas trilhas ecológicas interpretativas realizadas.
Quando falamos em Educação Ambiental, temos que se lembrar da importância que ele é
abordado e como ele deve ser tratado, baseamos nosso pensamento acerca de Educação Ambiental
nos Parâmetros curriculares Nacionais (2001, p.181):
Nas trilhas interpretativas, temos um grupo fechado numa rede social com os/as
professores/as da escola CENSFAT e o projeto Parque Sucupira em si e definimos as reuniões
dentro da escola, que são quinzenais, definindo que turmas irão ao parque e como será dividida a
tarefa para cada integrante do projeto. Cada pessoa que participa do projeto tem um tema de estudo
sobre o parque e eles abordam temas que são importantes, pois instigam o participante a olhar com
um pensamento mais consciente e ativo com a natureza, por exemplo: Fitofisionomia, Flores,
Insetos, Pequenos animais, a poluição e degradação do espaço do parque (por exemplo, a
cascalheira) todos relacionando o ambiente em questão juntamente com o conhecimento
introdutório do cerrado para os participantes. Segundo Carvalho (et al) (2013, pg 3), é importante
abordar esses parâmetros para os alunos, pois a trilha interpretativa aplicada fora da escola tem o
efeito de:
A educação ambiental tem o importante papel de formar sujeitos críticos que tenham
acapacidade de entender os processos e relações existentes no seu meio. Vimos também
que a mesma deve proporcionar integração entre as outras áreas do conhecimento de forma
interdisciplinar compreendendo as transformações que ocorrem na sociedade. É preciso
reconhecer que ela é fundamental para a sobrevivência do ser humano na terra. Mas, ainda
é necessário que ocorram mudanças no que diz respeito aos aspectos educacionais que
envolvem a formação continuada do professor e o envolvimento da sociedade, levando em
consideração que isso é algo imprescindível para a formação crítico sócio/ambiental do
individuo.
Nas trilhas que realizamos, aplicamos a atividade nas turmas de 3°, 4° e 5° anos do ensino
fundamental. As trilhas duram em média de 2h, escolhemos sempre o período da manhã, pois
facilita a chegada dos alunos e a emissão de radiação solar está baixa, portanto não terão problemas
com calor, recomendamos sempre levarem boné e uma garrafa d‘água para que estejam bem
hidratados durante a atividade. Inicialmente reunimos todos os alunos e participantes da trilha e
formamos um círculo, em seguida fazemos uma dinâmica simples para ―quebrar o gelo‖, onde um
integrante do projeto traz uma pessoa qualquer dentro do círculo humano, venda essa pessoa e
chama outra pessoa que ela conhece e ela tem que descobrir quem é essa pessoa apenas ouvindo sua
voz, se acertar todos batem palmas, se não acertar, paga uma prenda, por exemplo: dar três pulos.
Após da dinâmica, perguntamos aos alunos o que eles sabem sobre o parque, se eles já
frequentaram e se frequentaram, o que fizeram dentro do parque ou o que acharam de interessante
ou estimulante que eles fossem para lá. As respostas são muito sinceras, visto que algumas vão para
brincar de bola, outros para conversar, outros para soltar pipa, enfim, alguns não tinham a
percepção ambiental que esperávamos que soubessem, mas outros nos surpreenderam identificando
algumas árvores dentro do parque e observando os animais que eles viam costumeiramente.
Continuamos a trilha dividindo os participantes em grupos, na última trilha que efetuamos
no CENSFAT, cada integrante ficou com uma turma por volta de 15 alunos, acompanhado pelo
integrante do projeto e a professora regente, com a participação das coordenadoras do projeto.
Abordamos a parte histórica e política explicando que o parque não tinha tanto interesse
governamental e que com a luta dos moradores e do projeto, conseguimos abrir espaço e cercar o
parque com grades e ter mais segurança para melhorar a experiência do usuário. É explicado o
porquê do nome do parque ser batizado na popular árvore Sucupira e mostrar pontos relevantes da
sua abordagem dentro do seu aspecto ambiental. Cada componente do grupo discute e indaga com
os alunos como poderiam ser melhoradas e evidenciadas a importância de preservar o parque e não
acumular entulho e sujeira, pois o espaço não é destinado para tal fim.
Durante a atividade eles fazem uma série de perguntas, abordam questões sobre experiências
prévias e o cotidiano que eles tiveram em viagens ou em passeios que participaram, tendo em vista
que muitos já ajudaram o parque de alguma forma, seja sinalizando algum problema interno para o
guarda ou atividades ilegais de outros moradores que prejudicam o bom funcionamento do mesmo.
Assim que falamos sobre o que é o cerrado, como ele se comporta no Brasil e qual é a
interação e importância do parque nesse contexto com a experiência dos componentes do projeto
em explicar sua especialidade, voltamos para o ponto de encontro do parque, realizamos uma
pequena pesquisa com eles sobre o que eles acharam de mais importância no parque e o que eles
refletem acerca do tema ou se antes de participar da trilha, eles tiveram essa visão de pensar que o
parque é mais que um espaço somente para brincar e se divertir, que existe uma comunidade de
seres que modificam o ambiente e contribuem para que tenha sua essência preservada, pois uma
unidade de preservação que tenha o caráter ambiental deve ser considerada um modelo a seguir do
que deve ser o habitat natural da fauna, da flora, recursos minerais e ecológicos em geral.
Todos os dados e informações coletadas, vão para a sala do projeto onde catalogamos e
analisamos para que nas próximas trilhas ecológicas interpretativas, possamos melhorar a
experiência e interações dos envolvidos de forma que não apenas conscientize que o parque deve
ser preservado, mas que sensibilizem e atuam como seres pró-ativos e colaboradores do espaço.
De acordo com a prática finalizada e com as ideias e percepções obtidas, percebemos que
boa parte dos alunos levam para suas casas a aprendizagem e reflexão que tiveram durante a trilha,
muitas das professoras durante a reunião quinzenal relatam casos para conosco e demonstra que a
proposta da atividade obteve êxito na sua aplicação.
Inclusive, a escola CENSFAT baseia bastante suas atividades de acordo com o cotidiano e o
conhecimento prévio dos alunos, as professoras sempre colocam exemplos palpáveis que os alunos
possam apreender e ramificar o conteúdo de forma mais simplificada e efetiva estimulando o
entendimento dos alunos, entretanto isso é possível através dos conceitos construídos nas trilhas,
pois faz uma analogia como uma sala de aula ao ar livre, onde podemos observar tirar hipóteses
sobre os assuntos acerca, refletir e analisar sobre pontos que remetem e o que os jornais televisivos
locais e nacionais retratam sobre Educação ambiental, meio ambiente e sociedade, atuando na
forma de ensino interdisciplinar, pois integra disciplinas como: Biologia, Ecologia, Química,
Matemática (Economia, Impacto Ambiental) e Português, quando eles fazem redação sobre o tema..
Seus aspectos socioambientais e educativos demonstram pontos importantes sobre o
aprendizado dos alunos, pois compreendem o que o meio ambiente pode oferecer a eles além de um
espaço onde parece ser imóvel, desinteressante e desmotivador, guarda muitos segredos e revela
que a atividade pode estimular a imaginação e novas ideias para melhorar o ambiente que
frequentam, com novas ações e possivelmente se interessar e ingressar para contribuir nas
intervenções do projeto.
Segundo De Paiva e De França (2007), participar de uma trilha interpretativa faz com que
descubramos até onde podemos intervir na natureza, reconhecer nossos limites e fazer com que
pensemos mais nas relações humanas, buscando meditar sobre as mudanças que o tempo
contemporâneo não permite mostrar. Proporciona a grandeza da cooperação, da solidariedade, do
especial e limitante, convivendo com a diversidade e contradições de pensamentos entre si. Cada
um leva consigo algo diferente depois da experiência, seja um novo olhar sobre o que vive, seja um
impacto, um sentimento novo, coisas que na escola tradicional não é possível realizar de forma
significativa. Portanto, a trilha é um instrumento pedagógico muito forte e que com a comunhão de
diversas disciplinas, pode proporcionar a observação e capacidade de ampliar seu campo de estudo
através de práticas investigativas.
CONCLUSÃO
O objetivo desse artigo é evidenciar que a prática e atuação do projeto em relação ao projeto
parque sucupira por meio das trilhas interpretativas têm prosperado bastante e progrediu de forma
angular. Acreditamos que o projeto tenha seu papel muito importante dentro do parque pois foi ele
que revitalizou e deu outra perspectiva em relação ao espaço, permitiu-se criar uma proteção através
deste pois o parque servia de entulho e lixo para os carroceiros e alguns moradores da região, que
não tinham como depositar no local correto para que não seja invadido por pessoas de cunho
duvidoso e que impeça de o parque se desenvolver.Tanto que uma área do parque está degradada,
no caso a cascalheira, não pode ser plantado nada no espaço por causa da invasão de pessoas que
tinham poder aquisitivo e queriam dominar o que é da população local, acabaram denegrindo o
terreno, ficando impróprio para o plantio.
Por mais que o trabalho do parque seja efetivo e animador, ainda não tem um espaço que
garantam um ambiente sadio para desenvolver atividades públicas abertas além da trilha ecológica
de forma que atenda a população inteira e que promova ações diárias e transformadoras para
usufruir de lazer, de aprendizagem e reflexão.
A percepção da comunidade e dos professores são positivas e acreditam que o projeto deve
continuar e demonstrar que suas ações deram frutos e que esses frutos devem continuar e germinar
para novas regiões, novos parques, até que todas as pessoas possam se conscientizar e sensibilizar
sobre a percepção do que é um parque e que ele deve ser preservado com todos os envolvidos.
As práticas que o projeto oferece ajudam a desenvolver cognitivamente os alunos, pois
temos resultados e melhoramento das discussões quando efetuamos seminários, oficinas para
promoção do meio ambiente, palestras e conversas informais com os envolvidos.
Como BRITO (2015), é moradora de Planaltina DF e acredita que é necessário persistir na
luta de melhorar o espaço que transmita condições que todos os usuários possam ter um ambiente
saudável para praticar qualquer atividade no parque, e que sintam acolhidos com o local, os
administradores precisam agir para tomar, nas palavras dela, ―é formentar a falta de ação‖.
REFERÊNCIAS
RESUMO
O objetivo desse trabalho é divulgar os resultados obtidos em uma Gincana Ecológica realizada
com o intuito de comemorar de forma lúdica o dia mundial do meio ambiente, visando sensibilizar
os alunos sobre a cultura de Reduzir, Reciclar e Reutilizar, promovendo um espaço para a geração
de ideias e o despertar de uma nova postura crítica e participativa, à frente das questões
socioambientais. A ação foi elaborada e aplicada em uma escola pública da cidade do Natal/RN, por
licenciandos bolsistas do curso de Ciências Biológicas do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (PIBID Biologia). Participaram alunos do 6º ano ao 9º ano do Ensino
Fundamental, compreendendo 12 turmas do período vespertino, atendendo em média 380 pessoas,
entre alunos, professores e funcionários da instituição. Essa ação foi dividida em 3 etapas: (I)
Elaboração e Divulgação da Gincana na escola; (II) Divisão das turmas por equipes e Execução das
atividades prévias; (III) Dia ―D‖: Gincana Ecológica. Para cada etapa foram necessárias 4 horas,
divididas ao longo de uma semana. Evidenciou-se grande empenho e participação dos alunos da
Gincana Ecológica, lavrado no discurso durante a execução das provas. Destaca-se a compreensão
dos alunos acerca dos elementos fundamentais para minimizar os desafios dos resíduos sólidos.
Concluímos que os alunos possuem a noção de totalidade, ou seja, compreende que o Homem como
agente do meio é responsável pelas transformações, seja do ponto de vista benéfico ou principal
causador dos problemas ambientais.
Palavras-chave: Resíduos sólidos. Responsabilidade socioambiental. PIBID.
ABSTRACT
The objective of this work is to disseminate the results obtained in an Ecological Gymkhana, carried
out with the purpose of celebrating in a playful way the world day of the environment, in order to
sensitize students about the culture of Reduce,Recycle and Reuse and promoting a space for the
generation of ideas and the awakening of a new critical and participative posture, ahead of the
socio-environmental issues. The action was elaborated and applied in a public school of the city of
Natal / RN, by licenciandos scholars of the course of Biological Sciences of the Institutional
Program of Initiatives to Teaching Grants (PIBID Biology). Students from the 6th to the 9th year of
elementary school, comprising 12 classes from the afternoon period, attended on average 380
people, among students, teachers and employees of the institution. The initiative was divided into
three stages: (I) Elaboration and Dissemination of Gymkhana at school; (II) Division of teams by
teams and Execution of previous activities; (III) Day "D": Ecological Gymkhana. For each stage it
took 4 hours, divided over a week. There was evidence of great commitment and participation of
the students of the Ecological Gymkhana, written in the speech during the execution of the tests. It
highlights the students' understanding of the fundamental elements to minimize the challenges of
solid waste. We conclude that students have the notion of totality, that is, they understand that man
as an agent of the environment is responsible for the transformations, either from the beneficial
point of view or the main cause of environmental problems.
Keywords: Solid waste. Socio-environmental responsibility. PIBID.
INTRODUÇÃO
A revolução industrial deixou marcas profundas do ponto de vista socioambiental, uma vez
que antes, usávamos os recursos naturais sem alterar tão significativamente o meio ambiente.
Entretanto, com o passar dos anos, os intensos avanços tecnológicos veio acompanhado de
desmatamentos, utilização de combustíveis fósseis e geração de resíduos sólidos, deixando marcas
profundas na natureza. O fato é que a revolução industrial mudou diretamente a dinâmica ambiental
(ROMEIRO, 2011).
Costa (2012) reafirma essa preposição, pois ele enfatiza que estamos vivenciando um
momento de transição no que diz respeito às conjunturas socioambientais, onde as ações antrópicas
alteram a paisagem, a partir da exploração dos recursos naturais. Esse uso não racional tem como
consequência a alteração da dinâmica dos ecossistemas. Em contrapartida, Educação Ambiental
(EA) surge como um campo do conhecimento que veio questionar o papel humano dentro deste
processo. Além disso, a EA tem como propósito o reconhecimento, valorização, planejamento e
mudanças do caráter socioambiental da humanidade (CHAGAS, 2011).
Effting (2007) destaca a EA como instrumento para minimizar os efeitos do homem sobre o
meio, buscando o desenvolvimento do pensamento crítico dos sujeitos para o empoderamento e
desenvolvimento de estratégias políticas públicas voltadas para conservação dos recursos naturais, a
fim de estalar a ―Ética Ecológica‖.
A EA é uma base metodológica, pautada em princípios norteadores para a construção crítica
e sistêmica dos valores morais e éticos para com o meio ambiente, possibilitando a compreensão do
sujeito como indivíduo formador e principal agente de transformação ambiental (MORALES et al.,
2012).
De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental, todas as instituições de ensino
devem trabalhar conceitos socioambientais dentro de seus currículos de modo interdisciplinar
(BRASIL, 1999). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´s) reconhece o tema Meio Ambiente
como tema transversal, e sendo assim, demanda a fundamentação em diferentes áreas do
METODOLOGIA
A proposta da Gincana Ecológica foi aplicada na semana do Meio Ambiente, no ano de 2015.
A ação foi realizada na Escola Municipal Celestino Pimentel, localizada na cidade do Natal/RN,
conveniada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID Biologia), da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
A proposta foi realizada com alunos do 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental,
compreendendo 12 turmas do período vespertino, atendendo em média 380 pessoas entre alunos,
professores e funcionários da instituição (Figura 1).
O projeto foi dividido em três etapas: (I) Elaboração e Divulgação da Gincana na escola; (II)
Divisão das turmas por equipes e Execução das atividades prévias; (III) Dia ―D‖: Gincana
Ecológica. Para cada etapa foram necessárias 4 horas, divididas ao longo de uma semana.
Na etapa (I), foram elaboradas as provas que foram aplicadas dentro da gincana. As tarefas a
serem cumpridas foram divididas em dois momentos: atividades prévias, que ocorreu antes da
gincana e os desafios do ―Dia D‖. A divulgação da gincana à comunidade escolar foi realizada pelos
licenciandos do PIBID Biologia, os bolsistas foram divididos por turmas, munidos de cartazes da
Gincana Ecológica que continha as informações básicas sobre o evento (local, hora, data, início das
atividades).
Na etapa (II) as 12 turmas do turno vespertino foram divididas em seis equipes, cada uma
com 60 alunos em média, supervisionados por dois professores da escola e um licenciando do
PIBID Biologia, as equipes foram denominados: marrom, vermelho, amarelo, verde, azul e branco,
fazendo alusão às cores da coleta seletiva (SILVA; JOIA, 2008). E posteriormente, foi exposto para
os estudantes, que eles deveriam produzir alguns materiais como atividades prévias.
Para estas atividades, foram necessários três dias, onde duas equipes eram atendidas pelos
bolsistas para darem início à confecção dos materiais, sendo eles (Quadro 1). Para esse momento,
todas as equipes foram divididas em grupos menores, a fim de facilitar a produção de todos os
materiais dentro do tempo de quatro horas. Enquanto isso, as outras turmas estavam em aula.
Na etapa III foi realizada a Gincana Ecológica (Dia ―D‖). As turmas foram orientadas a irem
para o pátio da escola e formarem as equipes, uma equipe por vez foi sendo encaminhada para a
quadra onde já teria um local pré-estabelecido para cada equipe, indicados por um painel produzido
pelos alunos, com a cor da equipe.
Quadro 16. Tarefas elaboradas para a Gincana Ecológica.
TAREFAS DA GINCANA ECOLÓGICA
Atividades Prévias Orientações
Produção de uma paródia ou poema A paródia deveria ser uma releitura de uma música
Depois que ocorreu a chegada de todas as equipes à quadra, as atividades foram iniciadas
expondo para os alunos propósitos da Gincana Ecológica, explicando a importância da EA para
adoção de uma nova postura frente as demandas e necessidades de uma sociedade consumista. Logo
após, foi apresentado à mesa julgadora, formada pelo Diretor da escola, uma representante da
coordenação pedagógica, dois licenciandos do PIBID Biologia que atuam em outra escola.
Inicialmente, a Gincana Ecológica começou com a exposição das atividades prévias (Quadro
1), onde cada equipe teria que enviar um representante para explicar os materiais produzidos por
eles, à medida que eles iam explicando, os revisores da mesa julgadora iriam pontuando, em uma
escala de 0 a 10. Depois que ocorreu a apresentação das atividades prévias, iniciou os desafios do
―Dia D‖.
A primeira prova foi denominada ―Cada um no seu quadrado‖, essa prova consistia em dois
metros quadrados demarcado no chão por fita adesiva, e o mediador das provas explicava que
àquele espaço representava o local necessário para que tivesse arborização, ou seja, era uma forma
de sensibilizar os estudantes para que eles compreendessem que deveria existir um espaço verde de
dois metros quadrados para cada 60 pessoas. Pontuava a equipe que cumprisse a prova, colocando
todos os alunos dentro de sua respectiva área em um tempo de três minutos.
O próximo desafio consistia em juntar o maior número de materiais sólidos dentro da escola.
Para essa prova foi entregue seis sacolas confeccionadas pelos bolsistas do PIBID, usando TNT,
divididas nas cores correspondentes a coleta seletiva. Pontuaram as equipes que mais recolheu lixo
da escola e depositaram nas sacolinhas correspondentes a cada material, foi necessário um tempo de
cinco minutos para o seu cumprimento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
(2011) o descarte de resíduos sólidos está ligado ao modelo de sociedade consumista, exigindo
medidas para o reaproveitamento e consequentemente, diminuição dos resíduos gerados.
Para Giesta (2010, p. 193) ―o significado social atribuído, histórica ao lixo, como algo que
se deve manter distância, dificulta uma mudança cultural que envolva a população em uma ação
conjunta que reverta a atual lógica de descarte‖. No entanto, com esse tipo de atividade é possível
desmistificar esse tipo de concepção entre os estudantes.
As paródias ou poemas e os gritos de guerras traziam uma letra que falava dos cuidados
necessários com a natureza (Figura 4). No entanto, das seis equipes, apenas uma conseguiu juntar as
pilhas e baterias, com 300 gramas desse material, para que fizéssemos o descarte correto.
Os painéis produzidos pelos estudantes obedeceram ao critério básico, e como eram
esperados, os alunos citaram a proteção da natureza, os cuidados e algumas possíveis causas de
problemas ambientais decorrentes da ação humana sobre o meio. Isso fica evidente na Figura 3. A
que mostra as ilustrações coerentes com a frase, de modo que a equipe amarela chama a atenção do
descarte correto do lixo. Outro ponto marcante, que deve ser citado é que dos seis painéis
produzidos, cinco deles citavam o futuro de forma implícita ou explicita, justificando que os atuais
desafios ambientais serão agravados com o tempo e tornando cada vez mais complicado solucionar
ou minimizá-los, enquanto que na equipe vermelha aponta que para a solução de todas as atuais
dificuldades só será possível com a união (Figura 3.B).
Figura 24. Painéis produzidos pelos alunos: Equipe Amarela (A); Equipe Vermelha (B).
Na apresentação dos painéis, uma aluna da equipe verde destacou que para a nossa
existência precisamos de alimentos oriundos da natureza: ―Retiramos tudo o que precisamos do
meio ambiente (...) água, alimentos e matéria-prima e para que isso continue no futuro devemos
cuidar bem do nosso planeta‖ (Aluna do 8º ano da equipe Verde).
A Educação Ambiental, segundo Reigota (1991) tem como objetivo a formação de cidadãos
críticos, reflexivos e atuantes em uma educação política, social, cultural e educacional. O indivíduo
ao compreender as ações cotidianas e enxergar a EA como uma ação global, torna-se capaz de traçar
mecanismos para modificar o meio que estar inserido de forma consciente e humanística. Dessa
forma, a EA vai além da preservação da natureza. Neste sentido, Silva e Joia (2008), afirma que a
EA é um método transformador e sensibilizador, que tem o propósito de interferir de forma direta
nos valores dos cidadãos.
De modo geral, as concepções dos estudantes sobre o meio ambiente são caracterizadas pelo
sentimento de preservação da natureza. Além disso, consideram que a educação ambiental faz parte
do ensino de Ciências e Biologia, provavelmente por experênciar mais frequentemente nestas áreas
de conhecimento. Segundo Maknamara (2009), em sua pesquisa com professores de uma escola
pública, revela que os professores possuem concepções alternativas quanto ao significado do termo
EA, remetendo o meio ambiente como sinônimo da relação homem-natureza e esta última, como
fonte de recursos que os beneficiam.
Isto leva um desencontro à EA, pois não devemos preservar a natureza apenas por
necessitarmos dela, mas por fazer parte da mesma. Sentir responsáveis pelo mundo em que vive em
todas suas instâncias, agindo de forma crítica e reflexiva para temas sociais, econômicos e políticos
(REBOLLAR, 2009). Assim, a Educação Ambiental deveria ser abordada nas diversas áreas de
ensino provocando a superação das concepções alternativas sobre EA nos estudantes e propiciando
uma reflexão e ação sobre seus diferentes aspectos e dimensões, com vistas a formação de um
cidadão crítico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal Nº 9.795, de 27 de abril de 1999: Dispõem sobre a educação ambiental,
institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=321>. Acesso em: 27 ago. 2016.
MORALES et al. Educação Ambiental e o Multiculturalismo. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2012.
RESUMO
Após a Conferência de Tibilisi (1977) e com o acelerado avanço da tecnologia aliado com o
aumento do consumo pela sociedade atual, torna-se cada vez mais imprescindível que a temática
ambiental venha a ser inserida no cotidiano das pessoas. O presente estudo é referente à realização
de um projeto de Educação Ambiental no colégio Sistema de Educação Progressista Bom Jesus,
situado no município de Bayeux no estado da Paraíba onde se podem observar graves problemas
ambientais e de infraestrutura. Foram escolhidos os alunos do ensino fundamental dois, pois se
notou que não havia a abordagem da Educação Ambiental nas disciplinas do currículo escolar,
ficando evidente a necessidade da realização do trabalho. O estudo teve como propósito a
transmissão de metodologias que contribuam para que os professores insiram a temática ambiental
em suas aulas, independente da disciplina ministrada. Durante a prática do trabalho foi executado
uma reunião com a diretoria e um encontro com os professores da escola, questionários com os
alunos e professores. Com as respostas obtidas pôde-se concluir que a grande maioria dos
estudantes foram muito receptivos e que os mesmos demonstraram grande interesse que esta prática
permanecesse e se expandisse para as demais disciplinas.
Palavras-chave: Transdisciplinaridade, Ensino básico, Meio ambiente.
ABSTRACT
After a Conference of Tibilisi (1977) and with the accelerated technology allied with the increase of
consumption by the current society, it becomes increasingly essential that the environmental theme
be inserted without people's daily lives. The present study is related to the realization of an
Environmental Education project at the Bom Jesus Progressive Education System college, located
in the Bayeux municipality in the state of Paraíba, where it can observe environmental and
infrastructure problems. Primary school students were chosen, they are not an approach to
Environmental Education in the disciplines of the school curriculum, being evident the need to
carry out the work. The purpose of the study was to transmit methodologies that contribute to
teachers inserting an environmental theme in their classes, regardless of the discipline taught.
During the practice of the work a meeting was held with a board and a meeting with teachers of the
school, questionnaires with students and teachers. With the answers obtained for a large number of
students and much more receptive and that they show great interest for this practice to remain and
expand to the other disciplines.
Keywords: Transdisciplinarity, Elementary education, Environment.
INTRODUÇAO
O município de Bayeux está localizado nos domínios da bacia hidrográfica do Rio Paraíba,
com 60% de seu território ocupado por manguezal, tendo como principais tributários os rios
Paroeira, Sanhauá, Manhaú e Marés, além do Rio do Meio, que são frequentemente contaminados
por esgotos industriais e domésticos e por resíduos sólidos descartados de maneira incorreta pela
população. Além disso, diversos problemas ambientais e de infraestrutura podem ser observados
dentro dos limites do município, e que são agravados pela ausência de planejamento urbano e o
constante aumento da densidade populacional (COSTA, 2013).
Um exemplo é a problemática é questão da Mata do Xenxém, com 183 hectares,
transformada em Parque Estadual pelo Decreto 21.262/2000 e, apesar de ser uma Unidade de
Conservação, se encontra em situação de descaso, com grandes áreas desmatadas, contendo plantio
de frutas, construção de residências pela expansão da cidade, com acumulo resíduos sólidos em seu
entorno. Também nos deparamos como o esgoto do conjunto Mariz que atravessa toda Colônia
Getúlio Vargas e vai desembocar no Açude do Xenxém em pleno berço da mata. No Sistema de
Educação Progressista Bom Jesus, situado na cidade de Bayeux, no bairro Jardim Aeroporto,
próximo a Mata do Xenxém, não há a abordagem da educação ambiental nas disciplinas do
currículo escolar do ensino fundamental dois. Dessa forma, fica evidente a necessidade de aplicação
de um projeto de educação ambiental com os professores, para que eles comecem a abordar temas
relacionados ao meio ambiente nas suas disciplinas e, assim, melhor instruir os estudantes para
cuidarem dos recursos naturais existentes na cidade.
CARDOSO et al., ao analisar a percepção de professores e alunos sobre o mangue,
concluíram que era necessário maior tempo de intervenção dentro do espaço escolar para que a
aprendizagem sobre o tema ambiental proposto fosse considerada satisfatória. Considerando a não
implantação de uma disciplina específica de educação ambiental em escolas e universidades, a
única forma de tratar da esfera ambiental é introduzindo o tema em cada disciplina de forma a
integrar e interligar todas as disciplinas e garantir a transdisciplinaridade da temática ambiental em
todas as suas peculiaridades.
Portanto, sabendo-se que os professores são uma importante via de acesso ao conhecimento
que os alunos têm e verificando no colégio que a deficiência na exposição da temática ambiental
está no próprio professor, o público alvo para este estudo. Desta maneira, o conhecimento alcançará
os alunos de forma ainda mais didática, visto que este profissional é especializado nesta esfera.
Diante da situação exposta, o objetivo deste estudo de educação ambiental foi introduzir a
temática ambiental nos conteúdos definidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), de
forma que eles sejam abordados nas disciplinas que usualmente não exploram essa vertente.
METODOLOGIA
Inicialmente foi realizada uma reunião com a Diretoria da escola, a qual permitiu que os
professores do Ensino Fundamental Dois participassem da pesquisa. A partir disso a etapa seguinte
consistiu na realização de um encontro com os oito professores que compõem o corpo docente do
Ensino Fundamental Dois da referida escola. Dos oito professores das oito disciplinas (Matemática,
Português, Inglês, Geografia, Artes, Educação Física, Ciências e História), apenas dois professores
(das disciplinas Artes e História) aceitaram participar da pesquisa.
Para escolha dos participantes, foi estabelecido que 75% dos alunos, no mínimo,
apresentarem uma melhora na percepção do meio ambiente e seus fenômenos e todos os 8
professores que lecionam disciplinas no ensino fundamental dois abordarem a temática ambiental
no conteúdo programático das suas disciplinas.
Os professores das disciplinas Artes e História aplicaram, então, um questionário inicial, o
qual indaga os estudantes sobre quais disciplinas eles estudam assuntos na temática ambiental e se
eles gostariam que isso fosse expandido para as demais.
Após a aplicação do questionário inicial dos alunos, os professores passaram a abordar
temas relacionados ao meio ambiente em suas aulas. A professora de Artes realizou a dinâmica dos
balões, onde cada aluno recebeu um balão e começava a joga-lo para o alto, mas não poderia deixar
cair no chão, e a professora foi indicando os alunos, de forma aleatória, para saírem da dinâmica, os
alunos restantes deveriam tentar manter os seus balões, e o dos colegas que já haviam saído da
brincadeira, no ar. Porém, à medida que os alunos eram retirados da dinâmica, observava-se uma
grande dificuldade dos alunos remanescentes conseguirem realizar tal tarefa. Essa dinâmica fez uma
analogia ao que ocorre nos ecossistemas: os alunos seriam as espécies e os balões o ecossistema, ou
seja, cada vez que uma espécie é retirada do ecossistema, torna-se mais difícil para o ecossistema
manter seu funcionamento normal, e nem sempre as espécies que restam conseguem trabalhar de tal
maneira para suprir o papel das outras. Já o professor de História abordou a temática ambiental no
âmbito dos conteúdos que estavam sendo ensinados em cada turma, quais sejam: a) 6º ano –
Mesopotâmia, b) 7º ano – África, c) 8° ano – Expansão Marítima e d) 9º ano – Segunda Guerra
Mundial.
Realizadas essas atividades, os alunos foram submetidos a responderem o segundo
questionário, com o intuito de analisar se os alunos haviam obtido, de forma relevante, uma
aprendizagem, dentro destas disciplinas, na temática ambiental.
Após a aplicação dos questionários com os alunos, foi realizado um segundo questionário
com os professores, para averiguar como eles responderam ao projeto e se pretendiam prosseguir
inserindo o conteúdo ambiental em suas aulas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
2. Se a resposta anterior foi ―Sim‖, marque as disciplinas nas quais você aprende os assuntos
relacionados ao meio ambiente.
28
21 22
21
17
15
5
0 1 0 1 0 0 0 0 0
1 2
28
17
22
13
4 4 3 2
0 0 0 0 1 0 1 0
3 4
Imagem 1 – Resultados do questionário inicial
3. Você gostaria que a temática ambiental fosse inserida nas aulas de cada disciplina, de maneira
que os temas relacionados ao meio ambiente fossem abordados nos assuntos de cada uma delas.
Após a realização das atividades pelos professores de Artes e História, foi executado o
segundo questionário com os alunos, onde os resultados estão dispostos a seguir:
4. Em quais disciplinas você aprendeu assuntos relacionados ao meio ambiente durante o mês de
maio/2016?
Alunos 6º ano
Alunos 7º ano
23 23 33 33
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5 6
17 17 29 29
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
8 7
Imagem 2 – Resultados do questionário final
5. Você gostou de ter aprendido assuntos relacionados ao meio ambiente dessa forma?
6. Você gostaria que os professores continuassem a adotar essa prática nas disciplinas?
Segue os gráficos de ―pizza‖ com a porcentagem das respostas dos alunos nas perguntas 2 e
3 do questionário final:
6° Ano 7° Ano
8,7 3,1
Sim Sim
8° Ano 9° Ano
10,3 11,76
Sim Sim
Não Não
89,6 88,24
2- Você pretende continuar utilizando esse modelo de abordagem proposto pelo projeto em
suas disciplinas? Justifique.
Sim, pretendo continuar com o projeto de educação ambiental no colégio, fazendo
dinâmicas e mostras culturais com os trabalhos dos alunos.
3- Você observou alguma objeção por parte dos alunos para participarem das atividades e/ou
dinâmicas propostas, ou eles reagiram naturalmente?
Não, todos reagiram naturalmente ao projeto.
CONCLUSÃO
Pode-se concluir que os professores ainda não concedem a importância devida à Educação
Ambiental como sendo parte integrante dos assuntos de suas disciplinas, mas sim um assunto
extracurricular, esta questão pode estar relacionada pela deficiência desta temática durante a
formação acadêmica dos docentes.
É possível se observar que o estudo poderia ter sido mais bem-sucedido caso os professores
aceitassem participar de forma mais ativa, pois os alunos mostraram grande interesse na temática da
Educação Ambiental e, em sua maioria, possuem o desejo que os demais professores participem e
que a pesquisa continue no colégio.
Em suma, é necessária a compreensão dos professores da importância de inserir a temática
ambiental em suas aulas, independendo da disciplina ministrada, e de como esta prática pode
transformar seus alunos em pessoas com uma melhor percepção ambiental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui
a Política Nacional de Educação Ambiental e das outras providências. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil. Brasília, 27 de abril de 1999; 178o da Independência e 111o da
República.
CARDOSO, Rossana Barros; CARDOSO, Thiago Augusto Lima; CAMAROTTI, Maria de Fátima.
Educação ambiental nos anos iniciais do ensino fundamental: abordagem e percepção do
ecossistema manguezal. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental. v 29.
COSTA, Cháliton Ferreira. Análise geoespacial dos problemas socioambientais urbanos da zona de
manguezal do município de Bayeux – Pb e dos casos de hanseníase de 2001 a 2011. Dissertação
de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana e Ambiental. Universidade
Federal da Paraíba. 2013.
SATO, Michèle. Educação Ambiental. São Carlos: Rima Artes e Textos, 2002. 66p.
São Paulo (Estado) Secretaria do Meio Ambiente / Coordenadoria de Educação Ambiental. Roteiro
para Elaboração de Projetos de Educação Ambiental. Texto Caroline Vivian Gruber; Denise
Scabin Pereira; Rachel Marmo Azzari Domenichelli. São Paulo: SMA/CEA, 2013. 40p. ISBN –
978-85-62251-21-4.
RESUMO:
O alcance do desenvolvimento sustentável configura-se como um dos principais desafios da
humanidade, sendo a Educação Ambiental (EA) uma ferramenta imprescindível para a instauração
de novos mecanismos para esse desenvolvimento. Com base nesses pressupostos, o presente artigo
objetiva verificar o entendimento e percepção de estudantes da educação básica do Colégio de
Aplicação da UFPE, acerca dos conceitos básicos que permeiam a sustentabilidade e a Educação
Ambiental na contemporaneidade. Para o alcance de tal objetivo, realizou-se inicialmente um
levantamento bibliográfico em torno de conceitos-chave essenciais para a fundamentação da
pesquisa, tais como: Educação Ambiental, Sustentabilidade e ensino. Além disso, foram realizadas
aulas expositivas concernentes aos temas de EA e desenvolvimento sustentável, e, por fim, a
aplicação de questionários relativos aos temas abordados nas aulas expositivas aos discentes da
instituição. A partir disso, os resultados evidenciaram que os alunos do Colégio de Aplicação
enxergam temas relativos à problemática ambiental como essencias para a sua formação enquanto
sujeitos éticos e cidadãos, e , sobretudo , se mostraram dispostos a colaborar para a construção de
uma sociedade mais sustentável e igualitária.
Palavras-chaves: Educação ambiental; Sustentabilidade; Ensino.
ABSTRACT:
The achievement of sustainable development is one of the main challenges of humanity, and the
Environmental Education (EE) is an essential tool for the establishment of new mechanisms for this
development. Based on these assumptions, the present article aims to verify the students‘
understanding and perception of basic education in the Application School at UFPE about the basic
concepts that permeate sustainability and Environmental Education in contemporary times. In order
to reach this goal, a bibliographic survey was carried out around the essential key concepts to have
the beginning of the research, such as: Environmental Education, Sustainability and Teaching. In
addition, the exposing classes were given by involving themes related to EE and sustainable
development. And, finally, the application of questionnaires related to the topics covered in the
lectures to the students of the Institution. From this, the results showed that the students of the
Application School see themes related to environmental issues as essential for their formation as
ethical subjects and citizens, and they have shown themselves willing to collaborate in the
construction of a more sustainable and equalitarian society.
Keywords: Environment education; Sustainability; Teaching.
INTRODUÇÃO
O presente artigo traz como tema o entendimento que os alunos do ensino fundamental têm
sobre a educação ambiental e sustentabilidade, enquanto conceitos fundamentais para processos de
ensino que busquem a interdisciplinaridade e a compreensão da realidade. O artigo resulta de
análise da percepção acerca dos conceitos de Educação Ambiental e Sustentabilidade dos alunos do
6º ano do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco. A referida instituição tem
uma proposta de ensino que possibilita a abordagem de temas relativos às questões ambientais em
caráter multidisciplinar nas diversas áreas de conhecimento, articulando o conhecimento à realidade
social atrelada à problemática ambiental nos processos de ensino-aprendizagem.
O tema de Sustentabilidade, associado à educação ambiental, configura-se como um assunto
de extrema relevância entre os mais diversos níveis acadêmicos. Em 1987, o termo sustentabilidade
foi colocado no relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CMMAD) da Organização das Nações Unidas (ONU), coordenada pela ex-ministra da Noruega,
Gro Harlem Brudtland.
De acordo com a Comissão, a sustentabilidade pode ser definida como a capacidade de
satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
satisfazer suas próprias necessidades. (Comissão... 1998, P. 9). Dessa forma, surge a necessidade de
se propor ações que objetivem a compatibilidade entre a melhoria nos níveis de qualidade de vida e
conservação ambiental alinhada ao desenvolvimento sustentável.
Nessa perspectiva, o fomento às práticas centradas na sustentabilidade, por meio da
educação ambiental (EA), pode ser utilizado como um eficiente mecanismo para a conservação
ambiental e obtenção de valores como igualdade, justiça, cidadania. A EA desempenha papel na
aquisição desses valores na medida em que pode ser definida como um processo que visa formar
uma população consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe dizem
respeito, assim como uma sociedade que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de
espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permita trabalhar
individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam. (
SEARA FILHO, 1987).
Para tornar possível a concretização da EA enquanto um processo de sensibilização e
conscientização na sociedade brasileira, a Carta Magna Nacional, promulgada em 1988, dedicou-se
MATERIAIS E MÉTODOS
Para atender o objetivo proposto foi elaborado um projeto para obtenção de dados sobre os
conceitos de EA e sustentabilidade tendo como base uma pesquisa qualitativa, foram selecionadas
duas turmas de 6 ano para entender como os discentes percebem os conceitos, considerando que o
colégio explora os processos de ensino que possibilitam tais percepções.
O projeto compreendeu duas etapas: a primeira correspondeu a uma pesquisa bibliografica, e
a segunda à apresentação e discussão dos conceitos em sala de aula com posterior avaliação do
resultado sobre os conceitos.
Para o desenvolvimento do artigo, realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre
sustentabilidade e educação ambiental, com a finalidade de fundamentar a elaboração e execução de
instrumentos de exposição e recolhimento de informações precisas, concernentes aos temas
abordados na pesquisa. A partir daí, foi possível realizar uma avaliação da percepção de
sustentabilidade e EA, de modo a averiguar de maneira direta o efeito da educação ambiental como
tema transversal na educação básica.
A execução do projeto na sala de aula correspondeu a execução de 10 aulas expositivas
dialogadas, sendo 5 em cada uma das turmas selecionadas. Para seleção das turmas foi feito um
contato inicial com a coordenação do Colégio de Aplicação e a docente de geografia. Após
conhecer a proposta, disponibilizou seus horários das aulas. Estas foram realizadas no intuito de
trazer e salientar para os estudantes, em uma linguagem adequada, conceitos relativos à educação
ambiental e à sustentabilidade atrelados a vivências e percepções dos próprios estudantes.
As aulas foram planejadas de modo a tratar a Educação Ambiental e a Sustentabilidade
como temas transversais e aplicáveis às mais diversas áreas do conhecimento. Com o uso de slides,
Foram estabelecidas relações desses temas com a cidade, bairro, e tudo o que envolve a importância
do planejamento dos espaços/ambientes para o desenvolvimento sustentável.
Após a conclusão das 10 aulas, foi aplicada uma avaliação sobre a compreensão se
sustentabilidade e educação ambiental através da elaboração de um questionário relativo aos temas
abordados nas aulas expositivas. O questionário foi elaborado com questões fechadas de modo a
verificar o que se contribuiu a partir dos temas abordados na aula expositiva. Além disso, o
questionário também se mostrou útil para possibilitar ao corpo discente, em algumas questões, a
exposição de seus pensamentos e opiniões, visando a prática ilustrada dentro da escola acerca dos
temas.
Posteriormente, após a aplicação do questionário, as respostas foram computadas no
software Microsoft Excel 2011. Com base nos resultados, foi efetuada uma análise das respostas
que levou em consideração o conhecimento prévio do estudante, alinhado ao grau de conhecimento
adquirido frente ao conhecimento exposto.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O campo de estudo abordado foi composto ao todo por 60 alunos das duas turmas de 6º ano
do ensino fundamental, sendo uma do turno matutino e outra do vespertino no Colégio de Aplicação
da UFPE. A participação dos alunos se deu de forma dinâmica, com constantes intervenções para
sanar dúvidas, buscar esclarecimentos ou fazer observações baseadas em suas percepções pessoais.
De acordo com os questionários aplicados em relação à percepção dos alunos acerca do
termo educação ambiental (figura 1), constatou-se que grande parte dos estudantes abordados
(76%) restringe o conhecimento concernente à EA ,primordialmente, ao descarte correto do lixo e à
adoção de medidas que não poluam o meio ambiente, como não jogar qualquer tipo de resíduo nos
rios, bueiros e ruas. No mais, os outros 34% dos discentes consideraram a EA como uma
ferramenta pratica de conscientização gradual, que visa mitigar os impactos antrópicos causados ao
meio ambiente. Segundo eles, tais impactos só poderiam ser reduzidos através da prática de
medidas sustentáveis na sociedade a qual estão inseridos. Com isso, pode-se inferir que há um
desafio em formular uma educação ambiental, a partir do ensino básico, que seja emancipatória e
crítica. Assim a EA deve ser vista, acima de tudo, como um processo contínuo voltado para a
transformação da sociedade (SORRETINO, 1998).
0 0
Figura 1 – Noções de educação ambiental dos alunos do 6º ano do Colégio de Aplicação da UFPE
Quanto a noção sobre sustentabilidade (figura 2), 59% dos discentes compreende que a
sustentabilidade é a capacidade de se relacionar, se integrar com o meio no presente de maneira a
colaborar com o futuro. Foram citados como exemplos de práticas de sustentabilidade: a economia
de água, o consumo contínuo de alimentos orgânicos e o reflorestamento de áreas verdes na
Amazônia.
Ademais, os outros 41% não souberam definir o termo. Contudo, salientaram que já haviam
ouvido falar de tal nomenclatura atráves de veículos de comunicação como os jornais impressos, e
programas educativos. No que tange o espaço escolar, os alunos afirmaram que as abordagens
00
41%
Discentes que deram uma
definição de sustentabilidade
59% Discentes que não souberam
definir sustentabilidade
A partir disso, fica nítido, de acordo com MAZZARINO (2012, p. 59), que a escola precisa
trabalhar com atitudes e com o desenvolvimento de valores como a ética e cidadania. Isso,
certamente, não é aprendido pelo estudante dentro de quatro paredes. A prática, a constatação, a
observação e, principalmente, a emoção levam à mudança de conceitos e à criação de novas formas
de pensar e agir em relação ao meio ambiente. Dessa forma, o educador ambiental na escola
necessita, assim como o educando, apreciar e valorizar o trabalho que está se propondo a realizar,
buscando formação, informações, publicações acerca do assunto, sentindo-se parte integrante do
processo.
Outrossim, verificou-se que em ambas as turmas os discentes não realizam rotineiramente
práticas sustentáveis imprescídiveis para a manutenção e equilíbrio do meio ambiente, embora já
tivessem consciência, total ou parcial da importância do ser sustentável. Não obstante, a grande
maioria mostrou-se predisposta a adotar de forma contínua medidas imprescíndiveis e solidárias
para a preservação e conservação dos recursos naturais essencias para a manutenção da vida na
Terra de tal modo a assegurar consequentemente o desenvolvimento sustentável das atuais e futuras
gerações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
O Brasil é um país de dimensões continentais, sendo o maior país da América Latina, no seu
território abriga-se uma diversidade em área física e populacional. Com essas dimensões, são
presentes biomas, que são ambientes que apresentam um nível alto de homogeneidade em suas
características específicas: vegetação, clima e solo, por exemplo. Devido ações antrópicas, os
biomas sofrem constantemente com modificações, gerando os problemas ambientais, observando
isso a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB- lançou a Campanha da Fraternidade
com o tema: ―Fraternidade: biomas brasileiros e a defesa da vida", desse modo, o objetivo geral
desse trabalho é, descrever a vivência da campanha da fraternidade 2017 na escola, como uma
possibilidade de trabalhar a Educação Ambiental. Fundamenta-se em pesquisas em livros, artigos e
sites e na realização do projeto na escola. Como resultados encontramos experiências de
aprendizagem com interdisciplinaridade que efetivaram a Educação Ambiental, atentando para o
conhecimento e sensibilização da escola e comunidade.
Palavras-Chave: Biomas, Campanha da Fraternidade, Educação Ambiental, vivência,
interdisciplinaridade.
ABSTRACT
Brazil is a country of continental dimensions, being the largest country in Latin America, in its
territory is sheltered a diversity in physical and population area. With these dimensions, biomes are
present, which are environments that present a high level of homogeneity in their specific
characteristics: vegetation, climate and soil, for example. Due to anthropic actions, the biomes
constantly suffer with changes, generating environmental problems. Noting this, the National
Conference of Bishops of Brazil (CNBB) launched the Fraternity Campaign with the theme:
"Fraternity: Brazilian biomes and the defense of life". In this way, the general objective of this work
is to describe the experience of the 2017 fraternity campaign in the school, as a possibility to work
in Environmental Education, based on researches in books, articles and websites and in the
realization of the project in school. We found learning experiences with interdisciplinarity that
made the Environmental Education effective, paying attention to the knowledge and awareness of
the school and community.
Keywords: Biomas, Fraternity Campaign, Environmental Education, experience, interdisciplinarity.
INTRODUÇÃO
O Brasil é considerado um país continental, ou seja, um país que abriga dimensões físicas de
proporções continentais. O território detêm cerca de mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados
de extensão, sendo o maior país da América do Sul. Registra-se em relação a essas dimensões em
área física vários tipos de solos, relevo, climas e de potencialidades para produções diversificadas e
em relação a questões populacional disparidade de classes, crenças e expressões culturais.
Observada a dimensão do território brasileiro e suas diversidades é também esperado fauna e flora
com características distintas.
Formado por biomas diferentes: Floresta equatorial úmida (Amazônia), Caatinga, Cerrado,
Floresta Tropical (Mata atlântica), Pampa e complexo do Pantanal, ou seja, o Brasil abriga
Vegetação e Fauna que difere de local a local, em todo o seu espaço geográfico. Segundo Coutinho
(2006, Pag.18):
[...] considera-se que um bioma é uma área do espaço geográfico, com dimensões
de até mais de um milhão de quilômetros quadrados, que tem por características a
uniformidade de um macroclima definido, de uma determinada fitofisionomia ou
formação vegetal, de uma fauna e outros organismos vivos associados, e de outras
condições ambientais, como a altitude, o solo, alagamentos, o fogo, a salinidade,
entre outros.
Os biomas são ambientes que apresentam um nível alto de homogeneidade em suas
características específicas, isto é, esses ecossistemas são semelhantes e estão dispostos, na maioria
das vezes, em uma mesma região, por sua vez, influenciado por um mesmo processo de formação,
como por exemplo, latitude, clima e solos.
Considerados relicários de vida, os biomas, sofrem constantemente com modificações
causadas pelos seres humanos, norteadas pelo um sistema capitalista e uso de tecnologias de formas
erradas, prejudicando assim, a um montante de espécies, algumas até endêmicas. Observando esse
dilema, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB- lançou a Campanha da Fraternidade
2017 com o tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e a defesa da vida", tendo com um dos
objetivos aplicar os apelos da carta encíclica do Papa Francisco Laudato Si‘.
Desse modo, surge a importância do presente artigo, tendo como objetivo geral, descrever a
vivência do Projeto da Campanha da Fraternidade 2017 na escola, como uma possibilidade de
trabalhar a Educação Ambiental (EA), identificando a interdisciplinaridade como um método de
ensino para a EA e quais possibilidades e desafios nortearam esse trabalho.
A metodologia aplicada foi pautada em base qualitativa, buscando se aprofundar nos
resultados gerados pelo o uso da Campanha da Fraternidade como forma de trabalhar a educação
ambiental em uma Escola da Rede Municipal de ensino, localizada no Sítio Serra de Capoeira, na
Zona Rural de Orobó, um munícipio situado no planalto da Borborema, no Agreste de Pernambuco.
Participaram do projeto cerca de 90 alunos do turno matutino do ensino Fundamental II, o que
corresponde a 36% dos estudantes.
Sobre o método usado Creswell (2007, p. 184) nos esclarece da seguinte maneira:
Esse projeto foi desenvolvido com 100% dos alunos, do ensino fundamental II, no mês de
abril do ano corrente, da Escola Municipal, localizada no Sítio Serra de Capoeira, na Zona Rural de
Orobó, um munícipio situado no planalto da Borborema, com latitude 07º44'42" sul e a
uma longitude 35º36'08" oeste, no Agreste de Pernambuco. Participaram do projeto cerca de 90
alunos do turno matutino.
O projeto foi sugerido pela Secretaria de Educação, justificando-se como um trabalho que
tem como missão construir valores para o fortalecimento do diálogo entre os participantes,
buscando mostrar a importância das pessoas no cuidado nos elementos da natureza, ou seja, a
sensibilização pela educação, colocando em ênfase o estudo dos Biomas Brasileiros.
De início, aconteceu a apresentação do projeto a equipe gestora e de ensino, havendo a
divisão das temáticas por turmas. A metodologia abordada todo momento foi pautada no ver, julgar
e agir, assim objetivou-se também o conhecimento da realidade da comunidade. Os professores
aceitaram e desenvolveram suas sequências didáticas acerca da referida temática recebida, esses
conjuntos de passos articulados foram planejados com intenção de atingir o determinado objetivo
didático, para um trabalho efetivo e de qualidade para o ensino-aprendizagem dos discentes.
Contudo, deve-se ressaltar que inúmeras dificuldades aconteceram durante a execução do projeto,
uma delas é a resistência sobre a educação ambiental, pois a mesma é vista como um tema que só
pertence a geografia e ciências, esse olhar é carregado desde as formações da maioria dos
licenciados e repassada quando se está em sala de aula.
Durante o projeto, foram desenvolvidas várias atividades, que ser realizaram de forma
conjunta com os professores das diversas disciplinas, apoiando assim a interdisciplinaridade, dessa
maneira, os docentes e discentes entenderam que é necessário o estabelecimento de ações e políticas
públicas para que aconteça a conservação e preservação dos biomas.
As diversas práticas realizadas foram desenvolvidas, com base em trabalhos de pesquisas e
levantamento de dados. Os professores das diversas áreas desenvolveram métodos para efetivar o
ensino e conseguir atingir o objetivo proposto pela a Campanha da Fraternidade como jogral,
gráficos, paródias e músicas sobre conservação e preservação dos biomas brasileiros, onde
houveram as apresentações por turmas dos resultados obtidos na culminância do projeto.
Dentre as atividades que foram desenvolvidas, foi realizada com uma das turmas, uma aula
de campo, uma metodologia que permite aos alunos um contato direto com os aspectos amplos da
sociedade e meio ambiente, havendo a possibilidade de percepção de fenômenos existentes. Durante
a aula, os alunos observaram que, as ruas da comunidade não tem quase árvores, onde isso também
acontece na escola, por fim, foi feita uma visita a academia da saúde (Figura 1) para se debater
sobre a situação que encontraram, neste local, os alunos apresentaram a sua visão sobre a situação
da realidade que estão inseridos.
A aula de campo é apenas um dos exemplos de atividades que foram desenvolvidas que nos
ajuda a entender que a aprendizagem deve ocorrer além dos muros da escola. Dessa forma,
Penteado (2003) nos afirma, que ler sobre o meio ambiente e ficar informado é diferente de
observar o meu meio ambiente e entrar em contato, analisando assim os diferentes grupos sociais
presentes. As observações feitas do ambiente no qual o aluno está inserido e das relações que ali são
existentes é mais importante, na maioria das vezes, do que leituras e aulas realizadas em sala de
aula.
Figura 1: Alunos em frente a academia da Saúde após aula de Campo.
Para a realização de um gesto que concretizasse o projeto em si, a escola realizou a compra e
o plantio de algumas árvores na academia da saúde para a arborização, buscando também a
revitalização, com essa ação os alunos ganharam a missão de plantar as árvores (Figura 2), cuidar e
acompanhar o crescimento delas com o passar das semanas.
O gesto foi entendido que o projeto não finalizou com as práticas desenvolvidas pelos
professores, mas sim continuaria constantemente com a atitude, despertando também para a
população que o cultivo de uma planta é um ato simples para guardar e cuidar da nossa casa comum
que é o nosso planeta.
Com essa vivência, se teve como resultado além de conhecimentos sobre os Biomas
Brasileiros, mas também a construção e o resgate de valores e atitudes, que geram, dessa maneira,
um planeta mais humano, através principalmente do exercício da conservação e preservação do
meio ambiente e acontecendo a busca pela sustentabilidade, para uma melhor qualidade de vida,
proporcionando dessa forma, a oportunidade do ensino da Educação Ambiental e a
interdisciplinaridade.
Figura 2: Alunos fazendo o plantio de uma das árvores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
COUTINHO, Leopoldo Magno. O conceito de bioma. Acta botanica brasílica, v. 20, n. 1, p. 13-23,
2006. Acesso http://www.scielo.br/pdf/abb/v20n1/02/pdf
DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004.
RESUMO
A procura pela remediação dos impactos causados pela agricultura tradicional, tornou necessário a
busca por alternativas sustentáveis que promovam a produção de alimentos sem danificar o meio
ambiente. Nesse contexto destacamos o Sistema Mandala, uma alternativa idealizada por Willy
Pessoa no estado da Paraíba, sistema produtivo de baixo custo, desenvolvido com o intuito de
melhorar a produção de alimentos, baseado nos estudos científicos, na linha da Agroecologia e da
Permacultura. Através deste trabalho busca-se avaliar o papel do Projeto Mandala Escola José
Maria do Tomé, localizado no município de Juazeiro do Norte, na disseminação das práticas
sustentáveis e agroecológicas. Realizado por meio de pesquisas bibliográficas para aprofundamento
no tema de estudo e visitas de campo para levantamento e anotações de dados, bem como registro
fotográfico e georreferenciamento da área de estudo. Constatou-se que o projeto tem conseguido
alcançar seus objetivos principais, atuando como semente disseminadora dos ideais de
desenvolvimento de sistemas de produção agroecológicas sustentáveis na região. Nota-se impacto
do projeto tanto em alunos da rede de ensino fundamental como, professores, técnicos e estudantes
de cursos superiores do IFCE - Campus Juazeiro do Norte. Além disso, o projeto é pioneiro na
região em relação a adoção de um sistema de irrigação movido por fonte de energia renovável
(energia solar fotovoltaica). Este projeto se apresenta portanto com relevância para os setores de
produção agroecológica e sustentável na região do semiárido brasileiro, além de funcionar como
disseminador da educação ambiental através das atividades promovidas.
Palavras-chave: Sistema Mandala. Agroecologia. Sustentabilidade. Educação Ambiental. Alimentos
orgânicos.
ABSTRACT
The search for remediation of the impacts caused by traditional agriculture has made it necessary to
search for sustainable alternatives that promote the production of food without damaging the
environment. In this context we highlight the Mandala System, an alternative idealized by Willy
Pessoa in the state of Paraíba, a low cost production system, developed with the aim of improving
food production, based on scientific studies in Agroecology and Permaculture. This paper aims to
38
MsC. em Desenvolvimento Regional Sustentável pela UFC
evaluate the role of the José María do Tomé School Mandala Project, located in the municipality of
Juazeiro do Norte, in the dissemination of sustainable and agroecological practices. Made through
bibliographical research to deepen the subject of study and on-site visits for survey and data
annotations, as well as photographic record and georeferencing of the study area. It was verified
that the project has managed to reach its main objectives, acting as seed disseminator of the ideals
of development of sustainable agroecological production systems in the region. The impact of the
project is felt in both the elementary school students as well as teachers, technicians and students of
higher education at the IFCE - Campus Juazeiro do Norte. In addition, the project is a pioneer in the
region in relation to the adoption of a irrigation system driven by a renewable energy source
(photovoltaic solar energy). This project is therefore of relevance for the sectors of agroecological
and sustainable production in the Brazilian semi-arid region, as well as working as a disseminator of
environmental education through the promoted activities.
Keywords: Mandala System. Agroecology. Sustainability. Environmental education. Organic food.
INTRODUÇÃO
O Projeto Mandala Escola José Maria do Tomé teve seu início em junho de 2016 idealizado
pelos membros do time Enactus IFCE Juazeiro do Norte, o mesmo possui sua sede localizada no
próprio campus da instituição. O objetivo do projeto é promover a produção de alimentos saudáveis
de forma agroecológica e sustentável, além de disseminar práticas de convivência com o semiárido
brasileiro, acreditando na replicabilidade do projeto em diversas áreas e situações sociais. Nesse
contexto, o espaço ocupado pela Mandala Escola José Maria do Tomé é visto como um campo
experimental utilizado para pesquisas de novas técnicas em adaptação de sistemas de produção
orgânica, para serem implantados em comunidades que o time Enactus venha desenvolver
atividade. A área também constitui um espaço interdisciplinar de aprendizagem, onde se
desenvolvem atividades de práticas agroecológicas, desenvolvimento sustentável, aproveitamento
da energia solar, interação com o meio ambiente e educação alimentar, incentivando os visitantes do
espaço com a criação dos quintais produtivos, ou outros modelos de hortas orgânicas, conforme a
necessidade e disposição dos espaços de cada um. Busca-se dessa maneira a produção de alimentos
de qualidade, e o estímulo ao trabalho com a terra, trazendo uma cultura de cuidado com o solo e
água, tornando os envolvidos nessas atividades proativas na dispersão de boas práticas com o meio
ambiente.
Diante disso, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar o papel do Projeto Mandala
Escola José Maria do Tomé na disseminação das práticas sustentáveis e agroecológicas, assim como
sua contribuição na formação ético-social das pessoas impactadas diretamente pelo projeto.
METODOLOGIA
A área de estudo compreende o espaço da Mandala Escola José Maria do Tomé (Figura 1),
localizada dentro do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), no município de
Juazeiro do Norte, extremo sul do estado do Ceará sob as coordenadas geográficas 7°14'46.62"S e
39°18'20.33"O.
De acordo com o IPECE, o clima no vale do Cariri é do tipo tropical quente subúmido, com
precipitação média anual de aproximadamente 1.090 mm. As chuvas são irregulares e se distribuem
entre os meses de dezembro a maio.
Para realização desta pesquisa inicialmente foi realizado o levantamento bibliográfico sobre
o Sistema Mandala e agricultura orgânica e sustentável buscando embasamento teórico sobre o
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Projeto Mandala Escola José Maria do Tomé possui cerca de 1 ano, e impactou 152
pessoas diretamente, as quais participaram de capacitações e receberam apoio e instruções do
projeto. Nas capacitações são abordados temas como: compostagem, cobertura do solo, manejo
sustentável de recursos naturais, produção de mudas, reutilização de materiais recicláveis, utilização
de fontes de energias renováveis como a energia solar. No decorrer do primeiro ano do projeto,
obteve-se melhoria na gestão do mesmo, assim como aumento na área de produção da mandala,
incremento do entorno com a construção de um viveiro para as mudas, reservatório de água e a
criação de espaços de convivência (Figura 2).
Figura 2 - Imagem da Mandala Escola José Maria do Tomé no início de implantação no ano de 2016 (à
esquerda). À direita imagem da Mandala Escola nos dias atuais (2017).
Ressalta-se que a escola EEF Zila Belém, a partir da visita ao espaço já deu início a
implantação da sua própria horta orgânica em um pequeno espaço disponível na escola (Figura 4), o
alimento produzido deverá ser utilizado na própria merenda dos alunos. A escola EMEF Tabelião
Expedito Pereira está desenvolvendo o projeto de implantação da sua horta em parceria com os
idealizadores do projeto Mandala Escola José Maria do Tomé. Para o segundo semestre do ano de
2017, espera-se expandir o número de visitações, atingindo escolas do ensino médio de nível
profissionalizante do município vizinho, o qual já demonstrou interesse em fixar parceria com o
Time Enactus IFCE Juazeiro do Norte. Estudantes do curso de engenharia ambiental, do IFCE-
Juazeiro do norte, ao cursarem a disciplina de projetos sociais, buscaram junto aos membros do
time conhecimento sobre sistemas produtivos agroecológicos, e desenvolveram projeto de hortas
urbanas a serem implantadas nas cidades de Barbalha e Juazeiro do Norte.
Figura 4 - Estudantes da EEF Zila Belém no início de implantação da horta orgânica da escola.
Outra replicação do projeto se deu com a implantação de uma horta orgânica pelos membros
do projeto junto a comunidade envolvida na Paróquia da Igreja Santo Expedito localizada na
comunidade Sertãozinho no município de Crato-CE. A horta será mantida com cultivo orgânico
pelos moradores locais e contou com a organização de quatro leiras para o cultivo inicial de
coentro, cebolinha, maxixe, tomate e algumas plantas medicinais (Figura 5), produtos estes que
serão destinados a Pastoral da Criança, organismo de ação social que tem como objetivo a
promoção do desenvolvimento integral de crianças até os 6 anos de idade, em seu ambiente familiar
e sua comunidade.
Com o intuito de divulgar os ideais do projeto e promover uma destinação adequada para as
hortaliças produzidas criou-se o Clube Mandalas, o qual é constituído por um grupo de associados
formado por professores, estudantes e profissionais terceirizados da instituição que doam sementes,
materiais recicláveis e quantias monetárias significativas para a manutenção do projeto, recebendo
em troca as hortaliças produzidas de forma orgânica (Figura 7).
Através dessas ações o projeto ganhou visibilidade na região e obteve parceria com os
Multiplicadores Solares Greenpeace, e assim possibilitou a implantação do sistema de irrigação da
mandala a partir do aproveitamento da energia solar (Figura 8) com a instalação de placas
fotovoltaicas para captação da energia proveniente do sol e bomba de aspersão; a irrigação do solo é
feita por meio de microaspersores. Em decorrência da instalação desse sistema, os membros do
projeto receberam treinamento adequado para realizar a manutenção do mesmo, através de parceria
com a empresa que é pioneira na região na instalação de placas fotovoltaicas para uso de energia
solar.
Figura 8 - Sistema de irrigação da Mandala Escola a partir do uso de energia solar fotovoltaica.
CONCLUSÕES
Diante do exposto, durante o primeiro ano de trabalho do Projeto Mandala Escola José
Maria do Tomé, observa-se a consagração do projeto como semente disseminadora dos ideais de
desenvolvimento de sistemas de produção agroecológicas sustentáveis na região.
Acredita-se que em virtude da localização privilegiada da Mandala Escola, dentro do IFCE
campus Juazeiro do Norte, e por esse ser um espaço aberto, de livre acesso promovendo uma maior
interação entre todos os estudantes, professores, técnicos administrativos e profissionais
terceirizados que trabalham na instituição, ocorreu uma maior viabilização das ações do projeto,
mobilizando tanto a comunidade interna como externa da instituição.
Observa-se uma grande diversidade, dentre as pessoas impactadas pelas ações do projeto,
apresentando desde crianças e pré-adolescentes, oriundas das escolas do ensino fundamental do
município de Juazeiro do Norte, como também discentes do curso de engenharia ambiental,
professores e outros alunos da instituição. Destaca-se a dimensão de disseminação dessas ações que
já se espalham entre os municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, sendo essas as três
principais cidades que compõem a região metropolitana do cariri cearense.
O grande diferencial do projeto atualmente está relacionado ao sistema de irrigação movido
por energia solar fotovoltaica, o qual incrementou as ações do projeto, sendo esse um modelo a ser
seguido e reproduzido em outras comunidades e regiões do país. Faz-se necessário estudos
detalhados sobre este tipo de sistema e os benefícios que este possa proporcionar para os
agricultores e comunidades em geral.
REFERÊNCIAS
CPT-CE. Projeto Mandala: Uma proposta de produção familiar em harmonia com a natureza.
Fortaleza: CPT, 2006.
GIAMPIETRO, Ulisses; RACY, José Caio. Viabilidade econômica da Energia Solar nas áreas
rurais do nordeste brasileiro. Jovens Pesquisadores-Mackenzie, v. 1, n. 1, 2010.
IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Perfil Básico Municipal, 2016.
RESUMO
Esse trabalho descreve os resultados de uma práxis desenvolvida e aplicada para discentes da
modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), contextualizando o conteúdo Cinética Química
com questões socioambientais. Dentro do contexto do ensino de Química, uma das temáticas
sugeridas por documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e as
Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) é a abordagem ambiental. Nesse sentido,
essa proposta teve como base a interdisciplinaridade e a contextualização ambiental. Sob essa
perspectiva, a Educação Ambiental (EA) constitui-se como uma estratégia que possibilita mudanças
de atitudes, permitindo ao discente construir uma consciência ambiental e uma cidadania. Dessa
forma, o objetivo dessa aplicação foi promover uma metodologia adaptada e inovadora de ensino,
no contexto químico e ambiental, visto que se trata de um público que possui particularidades que
diferem dos estudantes pertencentes ao Ensino Regular. Para isso, dentro de uma abordagem
qualitativa, quantitativa e participativa, se fez uso de recursos didáticos como a experimentação e as
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), a fim de despertar o interesse do alunado pela
Ciência e facilitar a aprendizagem dessas pessoas jovens e adultas.
Palavras-chave: Ensino de Química, Educação de Jovens e Adultos, Educação Ambiental,
Interdisciplinaridade, Experimentação.
RESUMEN
Este trabajo describe los resultados de una praxis desarrollada y aplicada para los estudiantes de la
modalidad Educación de Jóvenes y Adultos (EJA), contextualizando el contenido de Cinética
Química con cuestiones socioambientales. En el contexto de la enseñanza de la Química, uno de los
temas sugeridos por documentos oficiales como los Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) y las
Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) es el enfoque ambiental. En este sentido,
esta propuesta se utilizó de la interdisciplinariedad y de la contextualización ambiental. En esta
perspectiva, la Educación Ambiental (EA) se constituye como una estrategia que posibilita cambios
de actitudes, permitiendo al estudiante construir una conciencia ambiental y una ciudadanía. Por lo
tanto, el objetivo de esta aplicación fue promover una metodología adaptada, desde la perspectiva
de innovación educativa, en el contexto químico y ambiental, una vez que se trata de un público que
posee particularidades que difieren de los estudiantes que pertenecen a la escuela regular. Para ello,
INTRODUÇÃO
Diante do exposto, a equipe pesquisadora idealizou uma práxis educativa com o uso das
ferramentas didáticas supramencionadas numa turma da EJA, para o conteúdo de Cinética Química
com uma abordagem contextualizada, vislumbrando estreitar a relação da tríade ciência-sociedade-
ambiente, por meio da interdisciplinaridade com a Educação Ambiental.
METODOLOGIA
O desenvolvimento da pesquisa ocorreu em uma turma do ciclo VII (2º ano do Ensino
Médio) da modalidade de Educação de Jovens e Adultos numa Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio, localizada na cidade de João Pessoa, Paraíba. Para aplicação do estudo,
foram necessários (3) três encontros, totalizando (6) seis aulas de (45) quarenta e cinco minutos
cada, com 15 (quinze) estudantes participantes.
A metodologia utilizada para a pesquisa foi a qualitativa, a qual ―se desenvolve numa
situação natural; é rica em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade
de forma complexa e contextualizada‖ (LAKATOS; MARCONI, 2004, p. 271). Ainda, uma
pesquisa participante, em que ―os sujeitos da pesquisa são considerados coprodutores de
conhecimento‖ (STRECK, 2016, p. 538). E também, uma abordagem quantitativa que ―caracteriza-
se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no
tratamento delas por meio de técnicas estatísticas‖ (LAKATOS; MARCONI, 2004, p. 269).
Além disso, dois questionários foram empregados como técnica de pesquisa, os quais
correspondem como uma ótima ferramenta de avaliação. Todas as aulas foram registradas em áudio
e transcritas pela equipe pesquisadora, a fim de atribuir maior confiabilidade à interpretação dos
discentes e ao uso dos dados.
No primeiro encontro, o qual contou com duas aulas, foram elucidados os objetivos da
pesquisa junto à entrega de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual
confirmava ou não a participação voluntária dos discentes durante as ações. Um Questionário de
Sondagem (QS) sobre o conteúdo de Cinética Química foi entregue aos discentes. Tal instrumento
de avaliação foi apropriado para investigar o que os discentes tinham compreendido acerca da aula
introdutória ministrada pelo professor regente da turma sobre o contexto. A temática foi escolhida
de acordo com o cronograma escolar desse professor.
Para o segundo encontro (duas aulas) foi ministrada uma aula expositiva-dialogada
contextualizada e problematizada com caráter interdisciplinar, da temática a ser estudada, com o
uso do quadro branco e das TIC‘s, em que teve apresentação de slides e reprodução de vídeos. Ao
fim desse encontro, foi entregue um material sobre a parte histórica da conservação de alimentos
elaborado pela pesquisadora, em que havia três questionamentos que solicitava, na resolução, o
conhecimento da parte teórica abordada em sala.
Para finalizar a aplicação, no terceiro encontro (duas aulas), aplicou-se uma aula
experimental enfocando a parte teórica explanada com o uso de materiais alternativos reciclados e
discussão sobre o descarte apropriado de reagentes e de resíduos sólidos, bem como os impactos
ambientais envolvidos em situações cotidianas. Para isso, foram realizados dois experimentos, que
elucidaram dois fatores que afetam a velocidade de uma reação química.
O primeiro fator estudado foi a concentração, em que foi utilizado bicarbonato de sódio,
vinagre, bexigas, garrafas PET e medidor de cozinha. Para o segundo fator, temperatura, utilizou-se
os seguintes reagentes e materiais: água fria, água quente, efervescentes adquiridos em farmácia e
copos descartáveis. Por último, um Questionário Final (QF) foi entregue buscando deslindar o
conhecimento construído pelo alunado após o desenvolvimento das ações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
interessa a esta visão bancária propor aos educandos o desvelamento do mundo, mas, pelo
contrário‖.
Sob esse viés, no segundo encontro foram ministradas duas aulas expositivas dialogadas
com uso da contextualização e das TICs, subsidiando uma prática educativa progressista. Nesse
intuito, com o auxílio da apresentação de slides, uma breve reflexão foi feita sobre: ―O que vem a
ser Cinética Química?‖, em que quatro imagens foram ilustradas com quatro tipos de reações
diferentes, as quais foram: fermentação da uva para produção de vinho, formação de cavernas,
queima de um cigarro e explosão de dinamites.
Frente às imagens foi questionado: ―Das reações ilustradas, qual fator que elas possuem em
comum?‖ Os discentes não conseguiram formular uma resposta e então a docente explanou que o
segredo era a velocidade, pois cada reação possui uma velocidade diferente da outra. A formação
das cavernas ocorre em milhões de anos (ARAÚJO, 2011), a fermentação da uva ocorre em meses,
a queima do cigarro acontece em minutos, enquanto a explosão de dinamites ocorre
instantaneamente, podendo ser classificadas, respectivamente, como reação: muito lenta, lenta,
rápida e muito rápida.
Dentro desse contexto, a docente informou que iria reproduzir uma sequência de quatro
vídeos curtos para que os discentes pudessem classificá-los em diferentes tipos de reação: muito
lenta, lenta, rápida e muito rápida. Os vídeos reproduzidos foram: (i) corrosão de uma placa de
ferro; (ii) acionamento do airbaig; (iii) formação do petróleo e (iv) apodrecimento de uma fruta; em
que alguns destes foram editados, sendo acelerados e adicionados a duração real da reação.
Feito isso, após algumas discussões e debates entre os estudantes, eles conseguiram
classificar corretamente, de modo qualitativo, o tempo de velocidade de cada reação, sendo a
formação do petróleo mais lento, a corrosão do metal como lento, o apodrecimento da fruta como
rápido e o acionamento do airbag como muito rápido. Logo, partiu-se para quantificação da
velocidade, em que se indagou: ―Como podemos calcular essa velocidade, tendo em vista que
apenas determinamos qualitativamente através da comparação de situações?‖.
Como não se obteve nenhuma resposta, foi feito uma nova indagação: ―Como a velocidade
de um carro é mensurada?‖, em que os discentes afirmaram: ―Quantidade da distância dividida
pelo tempo do percurso‖. Logo, utilizou-se tal contribuição para afirmar que a velocidade de uma
reação é mensurada pelo mesmo princípio, porém ao invés da distância percorrida, utiliza-se a
quantidade de matéria em mol.L- dividido pelo tempo de formação do produto em questão
(ATKINS; JONES, 2012).
Dando continuidade, foi realizado um breve resumo sobre reação química com definições
junto à representação genérica de uma equação química, para que reflexões fossem propostas
quanto à velocidade x tempo de uma reação. Para tal, nessa prática educativa sucedeu vários
questionamentos, como por exemplo: ―O que acontece com a concentração dos produtos no
decorrer de uma reação?‖. Partindo desse princípio, gráficos foram ilustrados a fim de expressar o
que acontece com a concentração dos reagentes e produtos em relação ao tempo, bem como a
velocidade de reação.
Após essa discussão, a parte microscópica de uma transformação química foi evidenciada a
partir da definição da Teoria das Colisões, a qual Atkins e Jones (2012, p. 594) afirmam que ―uma
reação só ocorre se as moléculas reagentes colidem com uma energia cinética no mínimo igual à
energia de ativação e se elas o fazem com a orientação correta‖. Desse modo, várias ilustrações e
animações foram apresentadas por meio dos slides (Figura 1), com o intuito de proporcionar uma
melhor compreensão do contexto, sempre buscando mostrar os porquês de cada acontecimento.
Figura 1. Ilustrações das colisões das moléculas numa reação química. Fonte: Própria.
definição. Uma vez que foi estabelecida a relevância da energia num processo de transformação
química, explicaram-se as fases dos acontecimentos contíguos a gráficos que abordavam a energia x
caminho da reação (Figura 2), tais como: colisão dos reagentes, formação do complexo ativado e
constituição do produto com propriedades diferentes em relação aos reagentes iniciais.
A parte teórica foi sempre associada ao recurso audiovisual, com o uso de ilustrações,
gráficos, vídeos, animações em flash, pois conforme Leite (2015, p. 34) é ―preciso entender que a
maioria das tecnologias é utilizada como auxiliar no processo educativo. As tecnologias são
importantes, pois ampliam o conceito de aula, de espaço e tempo, de comunicação audiovisual e
estabelece novas referências entre o presencial e o virtual [...]‖, principalmente quando abordamos a
Química, a qual é considerada pela maioria dos discentes como uma disciplina de contexto abstrato.
Na sequência, introduziram-se os fatores que alteram a velocidade de uma reação, a saber:
concentração, temperatura, superfície de contato e catalisador. Todos os fatores foram discorridos
buscando sempre um momento problematizador que incentivasse o pensamento crítico do discente,
pois ―faz-se necessário embasar-se na realidade do educando, transpondo o ensino e aprendizado
como meio de relacionamento sólido e eficaz na sua formação educacional, levando o mesmo a ser
crítico, reflexivo, tendo um novo olhar para o meio que o cerca‖ (SILVA; MOURA, 2013, p. 34).
Para finalizar esse encontro, foi entregue aos discentes um material impresso elaborado pela
pesquisadora. Tal material contabilizou como um trabalho pesquisado, em que nele foi
abordado/elucidado um contexto histórico dos meios de conservação de alimentos utilizados pelo
homem desde a descoberta do fogo até os dias atuais e, ainda, em seu final, apresentava três
questões. As informações contidas nessa atividade buscaram reconhecer e compreender ―a ciência e
a tecnologia químicas como criação humana, inseridas, portanto, na história e na sociedade em
diferentes épocas‖ (BRASIL, 2006, p. 115).
Durante toda a aplicação, buscou-se conceber o conhecimento partindo da realidade do
alunado, enaltecendo o papel significativo da Química no desenvolvimento de diversas áreas, bem
como, algumas de suas consequências geradas para o meio ambiente. Na discussão sobre como a
concentração afeta a velocidade de uma reação, por exemplo, foi discutido sobre os metais pesados,
tais como: mercúrio, cádmio, chumbo e cromo. Nesse sentido, foi dito que os metais pesados são
bastante nocivos à saúde humana, de modo que pode haver consequências seríssimas dependendo
do nível de contaminação.
Um dos metais mais abordados foi o Cádmio (Cd), bastante utilizado em baterias e pilhas
recarregáveis, presente na fumaça do cigarro, sendo o tabagismo a principal fonte de exposição e,
até poucos anos atrás, este metal era utilizado como amálgama pelos dentistas. Segundo Amaral
Neto (2017, n. p.), ―o cádmio pode acumular-se no corpo humano e induzir disfunção renal,
doenças ósseas e deficiência na função reprodutora, não se podendo excluir a possibilidade de atuar
como agente cancerígeno no ser humano‖.
Diante do exposto, foi retratada a necessidade de se ter um descarte apropriado de baterias e
pilhas, em que nunca deve ser despejado junto ao lixo doméstico, pois irá provavelmente
contaminar os solos e possíveis corpos d‘água. Também foi conscientizado sobre a prática do fumo,
sendo enfatizado que quanto maior a concentração dos metais, maior será a velocidade com que irá
prejudicar o corpo humano.
Vários outros contextos foram empregados no intuito de elucidar a importância dos
descartes apropriados, do sistema de reciclagem, das maneiras que podemos preservar o meio
ambiente de modo geral, visto que ―é necessário buscar uma sociedade democrática e socialmente
justa, desvelar as condições de opressão social, praticar uma ação transformadora intencional e
promover a contínua busca do conhecimento‖ (RUSCHEINSKY, 2002, p. 58).
No terceiro e último encontro, foi realizada a experimentação juntamente à aplicação do QF,
o qual continha seis questões, em que foi feito uma pequena revisão sobre o contexto teórico,
relembrando as discussões relacionadas ao meio ambiente onde foi dito que, partindo de um
princípio ambientalista, utilizar-se-ia materiais alternativos reciclados sólidos e reagentes que
poderiam ser descartados na pia sem nenhuma preocupação. Desse modo, o primeiro experimento
realizado abordou o efeito da concentração na velocidade de uma reação, o qual operado com os
materiais alternativos reciclados sólidos (garrafas PET, seringa de 60mL, bexigas de ar e medidor
de cozinha) e os reagentes (bicarbonato de sódio (NaHCO3) comprado em farmácia e vinagre
(CH3COOH)).
Para o desenvolvimento deste, foi solicitado o auxílio de um voluntário (Figura 3), o qual
ficou responsável de inserir a mesma quantidade de bicarbonato de sódio em três bexigas diferentes,
com o auxílio de um medidor de cozinha. Enquanto isso, a pesquisadora inseriu três medidas de
volumes diferentes de vinagre, com uso da seringa, nas garrafas PET, as quais foram: 5mL, 10mL e
20mL.
Feito isso, as bexigas foram conectadas a entrada das garrafas, de modo que o bicarbonato
ainda permanecesse fora de contato com o vinagre. Após a organização dos sistemas, foi pedido
para que outro voluntário pudesse auxiliar na execução, uma vez que para percepção do efeito da
concentração na velocidade, dever-se-ia levantar todas as bexigas ao mesmo tempo e observar a
reação. Sendo assim, a pesquisadora e os dois voluntários ergueram as bexigas ao mesmo tempo
para que todos pudessem observar a reação química (Equação I):
Logo, foi questionado aos estudantes qual foi o sistema mais rápido e por qual motivo.
Todos os estudantes responderam que a garrafa que continha os 20mL de vinagre, foi a reação que
encheu a bexiga mais rapidamente, porque era a que tinha maior quantidade de vinagre. Com isso, a
docente completou que o vinagre apresenta ácido acético em sua composição que reage com o
bicarbonato de sódio para formar acetato de sódio (CH3COONa), água e gás carbônico como ilustra
a Equação I.
Portanto, a solução com maior volume de vinagre, apresenta maior concentração de ácido
acético e reage mais rapidamente, visto que a quantidade de bicabornato de sódio permaneceu
constante em todos os três sistemas. Os sistemas foram isolados, pois a reação química gera gás
carbônico (CO2), o que é possível perceber pela expansão da bexiga após o contato do bicarbonato
de sódio (sal) com o vinagre. Após a execução do experimento, os cenários ambientais discutidos
nas aulas anteriores foram relembrados e associados ao que foi presenciado com a reação química, a
fim de enfatizar a importância da educação ambiental no processo de ensinoaprendizagem.
Dando prosseguimento a práxis, outro experimento foi realizado, com o intuito de
demonstrar a influência da temperatura na velocidade de uma reação. Então, utilizaram-se materiais
alternativos reciclados sólidos (copos descartáveis) e reagentes (água fria, água morna e
comprimidos efervescentes (Sonrisal) adquiridos em farmácia). Para a execução deste, foi pedido
para que os discentes se aproximassem e com a ajuda de um voluntário, a pesquisadora e o
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AMARAL NETO, R. F. A. Efeitos dos Metais Pesados na Saúde Humana, 2017. Acesso em:
20/07/2017. Disponível em: <http://www.robertofrancodoamaral.com.br/blog/efeitos-dos-
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18/06/2017. Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/geografia/como-se-forma-uma-
caverna/
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5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
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scyentifica UTFPR, vol. 3, n. 2, n.p., 2008.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia Científica. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.
SCHEIBEL, M. F.; et al. Saberes e singularidades na educação de jovens e adultos. 2ª ed. Porto
Alegre: Mediação, 2010.
RESUMO
A implantação de hortas orgânicas em unidades de ensino, além de oferecer aos professores e
alunos uma experiência de laboratório vivo, consiste em oportunizar a criação de um espaço
pedagógico voltado à produção de conhecimentos científicos, orientação para novos hábitos em
relação ao meio ambiente e à reeducação alimentar. O objetivo deste trabalho foi promover
Educação Ambiental, por meio da implantação de uma horta orgânica vertical com enfoque
interdisciplinar, fazendo uso dos recursos naturais disponíveis para despertar a importância de uma
alimentação saudável. A pesquisa orientou-se pela abordagem da pesquisa qualitativa, tendo a
pesquisa-ação como estratégia metodológica. A observação e enquetes foram os instrumentos de
obtenção de dados, bem como diálogos informações junto à comunidade escolar. Como primeira
etapa, foram aplicadas duas enquetes: uma destinada às auxiliares da cantina e outra aos estudantes,
para investigação do conhecimento prévio destes grupos acerca das hortas orgânicas; na segunda
etapa, foi realizada uma palestra introdutória formativa abordando o tema e gerando competências
cognitivas relacionadas à agricultura orgânica; a terceira etapa consistiu na produção de uma horta
vertical associada ao semeio das hortaliças com a participação de estudantes. Foram positivas as
expectativas dos estudantes quanto à implantação de uma horta orgânica escolar, além da disposição
em participarem ativamente. Foi evidente o envolvimento de professores e auxiliares de cantina
com a proposta, manifestando o interesse em cooperar com a manutenção e expansão da horta
escolar. Ressalta-se, ainda, o valor didático-pedagógico e instrumental desta iniciativa para
melhoria do ensino na educação básica.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Horta Escolar; Sustentabilidade.
ABSTRACT
The implementation of organic vegetable gardens in educational units, besides offering teachers and
students a living laboratory experience, it consists of opportunizing the creation of a pedagogical
space aimed at the production of scientific knowledge, orientation towards new habits in relation to
the environment and to the reeducation of food. The objective of this work was to promote
Environmental Education through the implementation of a vertical organic garden with an
interdisciplinary approach, making using the the available natural resources to awaken the
importance of a healthy diet. The research was guided by the qualitative research approach, with
and action research as a methodological strategy. The observation and surveys were the instruments
for obtaining data, as well as dialogues information with the school community. As a first step
initially, two polls were applied: one for the assistants of the canteen and another for the students, to
investigate the prior knowledge of these groups about the organic gardens; In the second stage, an
introductory lecture was given on the about the topic and generating cognitive skills related to
organic agriculture; The third stage consisted in the production of a vertical garden associated with
the sowing of vegetables with the participation of students. The expectations of the students
regarding the implementation of an organic school garden and the willingness to participate actively
were positive. It was evident the involvement of teachers and canteen assistants with the proposal,
expressing the interest in cooperating with the maintenance and expansion of the school garden. It is
also worth mentioning the didactic-pedagogical and instrumental value of this initiative to improve
teaching in basic education.
Keywords: Environmental Education; School Vegetable Garden; Sustainability.
INTRODUÇÃO
A trajetória do homem na Terra é marcada por uma intensa relação com a natureza.
Inicialmente, seu objetivo era a busca por alimento, e, devido esse fato, desenvolveu-se como
nômade, explorando vários lugares, e a total dependência da caça, coleta e da pesca. No período
paleolítico, as comunidades extraiam da natureza apenas o necessário para a sua sobrevivência,
entretanto, no período seguinte, o neolítico, houve a transição do modo de vida coletor-caçador para
um agrícola estabelecido em locais fixos (SCHUSSEL, 2004). Esse período de transição ficou
conhecido como Revolução Neolítica ou Revolução Agrícola, e, pelo seu caráter, permitiu o
crescimento populacional das vilas e uma transformação da organização social (MAZOYER;
ROUDART, 2008).
No início dessa transição, as populações de plantas e animais ainda conservavam
características selvagens. Contudo, devido ao extenso cultivo e criação, estas adquiriram novos
caracteres específicos de espécies domesticadas (MAZOYER; ROUDART, 2008). Aos poucos, a
agricultura se estendeu para a maior parte das regiões do mundo, proporcionando ao agricultor uma
relação íntima com a terra e seu local de morada.
Em meados do século XVIII, a Revolução Industrial surgia ressignificando as relações de
poder e uso do espaço pelo homem. À medida que as cidades e empresas cresciam, os espaços antes
utilizados como lavouras davam lugar às ferrovias, casas e indústrias, distanciando o homem, cada
vez mais, dos centros de produção do alimento. Nos anos de 1960, a industrialização dos alimentos
a partir do desenvolvimento da agricultura mecanizada, permitia uma perspectiva mais produtiva e
lucrativa para os grandes produtores: produzir muito com baixos custos de mão-de-obra. Para
alcançar um número cada vez mais crescente de produção, cultivaram-se grandes áreas de
monocultura, e, para otimização deste tipo de cultura, fertilizantes, inseticidas, herbicidas e
fungicidas também se valiam de utilização (CARTOCCI; NEUBERGER, 2009).
É nesse cenário que se instala a Revolução Verde, com a difusão de tecnologias agrícolas e a
promessa de acabar com a fome no mundo. Ganhos consideráveis foram acrescidos à produção
O presente estudo teve como objetivo promover Educação Ambiental por meio da
implantação de uma horta orgânica, com enfoque interdisciplinar, proporcionando aos alunos um
espaço aberto de contato com a natureza para a construção de conhecimentos, fazendo uso dos
recursos naturais disponíveis para despertar a importância de uma alimentação saudável.
METODOLOGIA
Durante a exposição teórica, também foram expostas as hortaliças que seriam utilizadas no plantio,
seguido de informações nutricionais e benefícios à saúde. Foram planejados as datas e os horários
de regas dos canteiros, e distribuídos entre os grupos. As bandejas empregadas para o plantio das
sementes continham um total de 98 células de 57 cm de comprimento e 28 cm de largura, contendo
volume de 30 ml cada. A terra utilizada para o plantio das mudas foi doada pela Prefeitura
Universitária do Campus I da UFPB. Cinco culturas foram selecionadas, de acordo com o que era
utilizado no preparo das refeições dos alunos, para o plantio nas bandejas: alface, cebolinha,
coentro, rúcula e salsinha. Vale salientar que para cada cultura dividiu-se a bandeja em três colunas,
colocando em cada uma das colunas uma placa para indicar qual hortaliça estava plantada. A marca
de sementes selecionada foi a HORTIVALE – Sementes do vale Ltda, com 10g cada unidade.
Para a implantação da horta vertical e suspensa foi pedido que os alunos levassem as
garrafas pet para a escola que foram utilizadas para a construção da estrutura, a partir de modelos
construídos previamente. Atividades complementares como limpeza do pátio em volta da horta
foram realizadas pela EMLUR - Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana, por meio de
uma solicitação enviada pela direção da escola à Prefeitura Municipal de João Pessoa.
RESULTADOS
hortaliças 7% dos alunos disseram comer, mas não especificaram. Para os alunos que não comem
nenhum tipo de hortaliças o percentual foi de 6%.
Tendo em vista a construção da horta orgânica e a manutenção das hortaliças pelos alunos,
foi preciso indagá-los quanto à possibilidade de produção de hortaliças na escola e de que forma
poderia ser feita. O ―método de plantio‖ foi o mais representativo com 23%, enquanto que ―falta de
espaço‖, correspondido por 3%, foi o que apresentou a menor em valores percentuais,
demonstrando boa parte dos alunos concorda ser viável a produção de hortaliças na escola como
observado nas respostas ―Sim, montando uma horta‖ e ―Se fazendo uma horta‖. A proporção de
alunos que expressou ―não ser viável‖ a produção de verduras e legumes na escola correspondeu a
18% do restante obtido, fazendo deste, o segundo maior apontamento na análise percentual.
Os alunos, quando questionados se auxiliariam na manutenção de uma horta na escola,
responderam, em maioria, afirmativamente à contribuição com os cuidados que uma horta requer.
Alguns alunos justificaram a escolha demonstrando afinidade com a natureza, com a escola e ações
solícitas como visto nas respostas ―Sim, porque gosto muito da natureza‖, ―Ajudaria porque eu
gosto muito da escola‖ e ―Com toda certeza! Quanto mais ajuda, melhor‖.
Concernente aos conteúdos que poderiam ser trabalhados utilizando uma horta orgânica no
espaço escolar como recurso didático, grande parte associou às disciplinas como Geografia,
Biologia, Educação Física, Ciências e em menor número, a conteúdos específicos, como Botânica,
Saúde, Alimentação e Agronomia. Uma pequena parte afirmou não saber que conteúdos poderiam
ser trabalhados.
Figura 2 – Alunos plantando as sementes de hortaliças na bandeja para plantio em sala de aula.
A B
Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.
Realizado o plantio das sementes de hortaliças nas bandejas (Figura 2B), foi esperado que as
sementes germinassem até o período de transplante para as garrafas pet. Cerca de 30 a 45 dias.
A estrutura da horta vertical foi construída no decorrer do mês de junho. As garrafas foram
organizadas em cinco colunas, contando cada uma com seis garrafas pet em disposição vertical. Ao
total, foram utilizadas 30 garrafas pet de 2 litros (Figura 3).
Durante este período as hortaliças receberam os cuidados de rega e exposição ao sol, pelos
estagiários. A primeira a germinar foi a rúcula com 03 (três) dias após o plantio, seguido pela
alface, cebolinha, salsinha e por último o coentro.
Na primeira quinzena do mês de julho foi o momento de cumprir a etapa do ―transplante‖
das mudas (Figura 4). Durante a aula de Ciências os alunos juntamente com o professor responsável
pela disciplina se deslocaram para a área externa da escola, aonde seria implantada a horta vertical.
Todo material necessário para realizar o transplante das mudas das bandejas para as garrafas foi
levado para a escola e disponibilizado aos alunos. Para que todos os alunos participassem dessa
etapa, foram formados cinco grupos contendo seis alunos. Cada grupo ficou responsável pelo
plantio de uma cultura orgânica. Ao final, foi deixada a responsabilidade por cada grupo formado
realizar a manutenção da horta.
Figura 4 – Alunos realizando o transplante das hortaliças para a estrutura da garrafa pet.
DISCUSSÃO
Diversos trabalhos tratam da horta orgânica em espaço escolar (MARTINS et al, 2012;
CAJAIBA, 2013; MORGADO, 2008, e outros), retratando suas possibilidades como ferramenta
para educação ambiental e alimentar.
Pimenta e Rodrigues (2011) afirmam que a horta permite a integração de conteúdos de
forma interdisciplinar. Em matemática pode ser trabalhado questões relativas às grandezas e
medidas, gráficos e cálculos diversos; em história e geografia conteúdos como relações sociais,
natureza e terra, extensão rural, transformações tecnológicas e seus impactos, ambiente urbano,
indústria e modo de vida e segurança alimentar; em ciências conteúdos como vida e ambiente, ser
humano e saúde, meio ambiente e educação ambiental, relações entre os seres vivos; em português
a produção de textos e linguagem científica como o latim; em língua estrangeira, temas
relacionados à variação linguística e importação de termos estrangeiros e inclusão no vocabulário
popular; para artes a produção de teatro e artes visuais (como a pintura de garrafa pet para
confecção da horta); educação física conhecimentos sobre o corpo (BRASIL, 1998).
A implantação de uma horta escolar favorece um ambiente diverso e sensibilizado para o
uso sustentável dos recursos, além de possibilitar o aumento do consumo de frutas e hortaliças
colaborando para a construção de um hábito alimentar com vista em uma dieta mais saudável
(MUNIZ; CARVALHO, 2007; SANTOS, 2014). Cajaiba (2013) ao investigar as contribuições da
horta orgânica em uma escola pública rural no município de Uruará-PA, identificou através dos
depoimentos dos alunos, que a horta além de oferecer uma alimentação saudável, promoveu um
contato com o meio ambiente, servindo também como recurso prático para exemplificar processos
relacionados à adubação e decomposição, e auxiliou no processo de ensino aprendizagem como
promotora de aulas de fácil entendimento.
Essa situação de aprendizado pode ser justificada pela expectativa de mudança no estímulo
da situação de aprendizagem, passando de uma abordagem tradicional frequentemente encontrada
nas salas de aula que, segundo Leão (1999) fundamenta-se no significado de inteligência como a
CONCLUSÃO
Após a análise dos questionários, foi possível observar que é mínima a quantidade de alunos
que reconhece a horta como método de produção de hortaliças na escola. Entretanto, um número
considerável de alunos acredita que a implantação de uma horta orgânica escolar seja uma boa
iniciativa. Depreende-se das respostas também que há pouca familiaridade com a produção orgânica
dos alimentos, indicando assim que a participação dos alunos na construção da horta permite que os
mesmos aprendam sobre técnicas de cultivo e plantio, e ainda a respeito da origem dos alimentos
vegetais.
Como prática educativa, a horta orgânica possibilita o desenvolvimento de conteúdos
diversos, oportuniza um ensino teórico–prático bem como despertar no aluno o sentimento de
responsabilidade. Além de promover situações de educação ambiental, o acompanhamento e a
participação nos processos de implementação da horta, incentivam o desejo pelo consumo de
alimentos de origem vegetal, levando a educação alimentar para a escola, através do sentimento de
valoração do próprio trabalho. Sendo assim, podemos previamente afirmar que essa prática
educacional, contribui para o exercício da sustentabilidade, a seguir pela reutilização de materiais
recicláveis.
A horta implantada demonstrou ter grande relevância para a escola ao possibilitar processos
educativos voltados à união das áreas educativas e ser capaz de atuar como um instrumento
facilitador de aprendizagem, a partir de uma atividade dinâmica e prazerosa. Espera-se com a
prática que os alunos passem a adotar novos hábitos alimentares e que a proposta envolva toda a
comunidade escolar (famílias), a fim de promover vivências integradoras.
REFERÊNCIAS
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agroecologia. Ambiente & Sociedade. Campinas v. X, n. 1, p. 137-150, jan.-jun. 2007.
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MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2001,
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SANTOS, E. J. Educação ambiental e agricultura familiar: uma análise do povoado de Lagoa das
Flores em Vitória da Conquista, BA. 2013. 45 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialização) - Polo UAB do Município de Mata de São João-Bahia, Modalidade de Ensino a
Distância, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Medianeira, 2013.
RESUMO
A importância da educação ambiental e da sensibilização é bastante discutida, diversas trabalhos em
diversos ambientes foram realizados ao longo dos anos. Este estudo foi elaborado com alunos de
uma escola estadual no estado de Pernambuco e os dados foram coletados no período de março e
abril de 2016. Um total de 109 alunos participou do trabalho, sendo 51 do sexo masculino e 58 do
sexo feminino. A faixa etária dos discentes variou de 12 a 14 anos, no qual responderam a um
questionário antes e depois da realização de uma aula dialogada e uma atividade utilizando uma
serpente viva. Cerca de 90% dos alunos mencionaram ter medo de serpentes, número que foi
reduzido para 55% após a atividade. Os alunos também responderam de forma positiva sobre a
importância desses animais para o meio ambiente, resultados que demostraram um sucesso na
ressignificação das serpentes para esses alunos.
Palavras chave: Educação ambiental. Sensibilização. Serpentes. Interdisciplinar.
ABSTRACT
The importance of environmental education and awareness is much discussed, several works in
several environments have been carried out over the years. This study was carried out with students
from a state school in the state of Pernambuco and the data were collected in the period of March
and April 2016. A total of 109 students participated in the study, 51 males and 58 females. The age
range of the students ranged from 12 to 14 years old, in which they answered a questionnaire before
and after a dialogue and an activity using a live snake. About 90% of the students reported being
afraid of snakes, which was reduced to 55% after the activity. The students also responded
positively about the importance of these animals to the environment, results that demonstrated a
successful re-signification of snakes for these students.
Keywords: Environmental education. Awareness. Serpents. Interdisciplinary.
INTRODUÇÃO
O homem, desde os primórdios de sua existência, buscou formas de influir e manejar o meio
ambiente, com fins de transformá-lo, buscando atender às suas necessidades, mesmo que, muitas
dessas transformações tenham se mostrado desfavoráveis (NUNES, 2009). No contexto ambiental
dentro da sociedade, envolve-se um grande conjunto de atores, dentro de uma perspectiva dos
educadores, faz-se necessário a potencialização e o engajamento dos diversos sistemas de
conhecimento, profissionais da educação, sociedade e a comunidade universitária numa perspectiva
interdisciplinar (JACABI, 2003).
A importância da educação ambiental e da sensibilização é bastante discutida, diversos
trabalhos em diversos ambientes foram realizados ao longo dos anos, trabalhos como ANDREU
(2000), VASCONCELOS E SOUTO (2003), SILVA et al (2012) UHMANN E ZANON (2013),
são exemplos dessa discussão, contudo, poucas ações pelos poderes públicos, são realmente
tomadas de fato, com isso, a manutenção e preservação da biodiversidade do planeta é um dos
objetivos mais importante da conservação (ZUG et al, 2001) e a educação ambiental vem
justamente na tentativa de sensibilizar as pessoas dessa importância.
O Brasil apresenta uma grande riqueza de fauna e flora, dentre esse grande biodiversidade,
encontramos os grupos das serpentes, que são cerca de 386 espécies no Brasil, das quais, 55 dessas
são peçonhentas (BÉRNILS e COSTA, 2012), como isso, apenas 14% das serpentes encontradas no
território nacional produzem veneno e possuem algum mecanismo para inocular tal substancia. As
serpentes podem ser classificadas em dois grupos: as peçonhentas, que são aquelas que possuem
aparelho especializado para inocular seu veneno, e as não peçonhentas, que não possuem presas
inoculadoras para introduzir a peçonha (FUNASA, 2001).
As serpentes, geralmente despertaram medo, curiosidade ou fascínio nas pessoas,
principalmente crianças e jovens. A presença desses animais em histórias folclóricas, provérbio e
mitos que são transmitidos ao longo das gerações fortalece a ideia de serem animais perigosos
(ALVES et al, 2014). Com isso, temos um grande problema, não só social como também ambiental.
O grupo sofre perseguições em decorrência do medo e desconhecimento da população (ALVES et
al, 2014).
As serpentes no imaginário humano ocidental são vistas como a representação do mal sendo
diversas vezes associadas a adjetivos ruins e pejorativos (ARAÚJO, 1978). Dentro de conhecimento
popular, as serpentes têm sido conhecidas apenas como animais perigosos devido aos casos de
acidentes ofídicos letais, entretanto esses répteis apresentam um importante papel na manutenção do
equilíbrio no sistema ecológico do ambiente (ZUG et al, 2001). Conjuntamente, a peçonha
produzida por esses animais vem sendo bastante estudado devido ao seu elevado potencial
farmacológico (HESS E SQUAIELLA-BAPTISTÃO, 2012).
Segundo BARRAVIEIRA (1999), as serpentes foram vistas durante muito tempo como
animais ameaçadores, o que tem ocasionado o declínio da diversidade das mesmas. Com isso,
objetivou-se obter informações sobre a percepção dos alunos com relação às serpentes, além de
ressignificar o conhecimento dos discentes sobre esses animais.
METODOLOGIA
O trabalho foi realizado com alunos da Escola Estadual Dom Bosco, localizada na cidade de
Recife no estado de Pernambuco. As coletas dos dados foram efetuadas no período de março e abril
de 2016. Os alunos, que variaram de 14 a 16 anos, responderam a um questionário (Quadro 1) sobre
as serpentes. Foi aplicado um questionário semiestruturado com perguntas abertas, sendo o
questionário inicial realizado apenas com as cinco primeiras questões. Essa atividade busca
compreender a percepção que esses adolescentes tinham a respeito das serpentes. Os alunos não
sabiam de que se tratava a atividade, nem tiveram contato visual com a serpente antes, para não
influenciar suas respostas. No questionário, foi utilizada o nome ―Cobras‖ como sinônimo de
serpentes, visto que as serpentes são popularmente mais conhecidas como ―Cobras‖.
Logo em seguida aos alunos responderem ao questionário, foi realizada uma aula dialogada
entre os alunos, onde receberam informações acerca da biologia das serpentes, sua importância
ecológica e médica. Os alunos foram colocados em contato com uma serpente da espécie Boa
constrictor, legalizada. Ao termino do contato com os alunos, eles foram novamente submetidos ao
questionário, dessa vez com todas as seis questões (Quadro 1), a fim de verificar as mudanças e
eficácia da atividade pedagógica.
Questionário
RESULTADO E DISCUSSÃO
Gato Pato Insetos Ser humano Pombo Escorpião Aranha Cobras Leão barata Rato
61
9
9
8
6
5
3
2
2
2
1
Figura 1: Animais mencionados pelos alunos quanto a animais que despertam medo e
quantidade de alunos que citaram cada animal.
Quanto à segunda questão, cerca de 90% (n = 98) dos alunos mencionaram que tem medo de
cobras (Figura 2), sendo que nem sempre é o animal que mais tem medo, como mostrado nas
respostas da primeira questão. Segundo Cosendey e Salomão (2016), o medo que as pessoas têm
sobre serpentes, tem diversos motivos, segundo relatos dos mesmos, esse medo muitas vezes vem
de mitos e lendas sobre esses animais. Vital Brazil já trata dessas lendas que são mencionadas no
seu livro sobre ofícios (BRAZIL, 1911).
Outro ponto a ser considerado, é um fator psicológico envolvido, onde o medo é mais
evidente quando o animal é visto ou quando é mencionado o nome do animal. Muitas das crianças
afirmaram ter medo de serem envenenadas pelas serpentes, segundo Vizzoto (2003), existe uma
tendência por parte da população brasileira em classificar as serpentes como peçonhenta ou como,
mencionadas por eles, venenosas. Para Cobern (1994), as pessoas têm grandes influências do
contexto social e cultural a qual estão inseridas, isso faz com que as mesmas carreguem
conhecimento e visões pré-definida, que guiam sua maneira de sentir, pensar e agir.
120
98
100
80
60
40
20
9
2
0
1
Quanto a terceira questão, cerca de 86% (n = 94) dos alunos responderam que já mataram ou
mataria uma serpente, caso encontra-se o animal em seu caminho. Diversas respostas foram dadas
pelos alunos na tentativa de justificar o fato, como exemplo, temos: "Sim, cobra mata os outros,
então temos que matar elas" - Julia, 15 anos.
Já a quarta questão respondida, aproximadamente 59% (n = 65) deles afirmaram que alguém
da sua família já matou uma serpente. Segundo Sandrin et al (2005), as pessoas tendem a ter essa
reação devido ao seu psicológico querer eliminar o objeto que lhe causa ameaça. Feitosa e Abílio
(2012) comprova esse fato em seu trabalho realizado com alunos de biologia e futuros professores.
Na questão cinco, 82% (n = 90) não sabia informar a importância das serpentes, nem
ecologicamente, como também social e/ou médica. Aproximadamente 13% dos alunos afirmaram
conhecer a importância das serpentes no ambiente, justificativas como "Comer os ratos", foram
dadas pelos alunos como resposta para a importância das serpentes.
No contato com a serpente, após a atividade dialogada, muitos dos alunos tiveram repulso
no primeiro momento, mas com o passar da atividade foram perdendo o medo do animal. Notamos
que os alunos foram encorajados por outros alunos que já tinham tocado no animal. Perguntas como
―Ela é venenosa? ‖, foram as mais feitas durante a atividade.
Foi perceptível que o contato com o animal foi muito mais interessante para os alunos do
que apenas a conversa sobre a importância das serpentes. Nas respostas dos questionários, após a
atividade, o número de alunos que responderam ter medo ou continuar com medo caiu de cerca de
90% (n = 98) para cerca de 55% (n = 60) como podemos ver (FIGURA 3). O número de alunos que
não respondeu também aumentou.
120
100
80
60
40
20
0
Sim Não Não respondeu
Antes Depois
Também foi possível notar que os alunos passaram a assimilar a importância desses animais
no meio ambiente, não só nele, mas a importância dele também para a sociedade, como mostra a
frase de Fábio, 15 anos: ―Minha avó só está viva por conta das cobras!‖. Frase mencionada devido
ao fato do remédio para pressão alta de sua avó ter sido viabilizado devido a peçonha de uma
espécie de serpente.
120
100
80
60
40
20
0
Sim Não Não respondeu
Antes Depois
Figura 4: Comparação entre o antes e o depois nas respostas do questionário para a pergunta 5.
A prática utilizando um animal vivo pareceu ser bem eficiente na sensibilização das crianças
quanto aos animais, principalmente, pelo fato de quase todas as crianças nunca terem visto uma
serpente de verdade. Diversos estudos com esse enfoque têm ganhado cada vez mais espaço em
várias áreas, com a finalidade de sensibilizar a sociedade para uma reflexão sobre a valorização da
natureza e da biodiversidade (JERONIMO, 2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relação conflituosa entre humanos e serpentes tem origem nas transmissões de mitos e
lendas entre as gerações, no afastamento do meio natural e na absorção de informações distorcidas
por meio das mídias e filmes. Tendo como ponto principal o temor, que este por sua vez causa
atitudes inadequadas para a conservação das espécies e da cadeia alimentar animal. Essa má
informação também gera condutas prejudiciais em caso de ataques.
A prática realizada nesse trabalho com a aula dialogada sobre serpentes e o contato com o
animal vivo se mostrou bem proveitosa, evidenciando nos questionários que os alunos passaram a
compreender e reconhecer mais a importância dos ofídios na natureza após a didática e o medo
foram diminuídos a partir desse contato. A aproximação transforma medo do desconhecido em
curiosidade e admiração.
As intervenções interdisciplinares no ambiente escolar são de suma importância, uma vez
que os próprios alunos são seres interdisciplinares. Essa complexidade precisa ser acatada, pois se
não houver a abordagem de temas transversais, como educação ambiental, não haverá
sensibilização. Realizando assim, a formação de cidadãos com pouco posicionamento crítico e sem
autonomia de reflexão sobre meio em que estão inseridos.
REFERÊNCIAS
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3, 286–291, 2000.
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& Caldwell (Ed.), Herpetology: An Introductory Biology of Amphibians and Reptiles. 2ed.
Califórnia: Academic Press, 2001.
RESUMO
Com a crescente sensibilização a cerca da problemática ambiental vivenciada atualmente pela
humanidade, decorrentes das várias atividades causadoras de degradação do meio ambiente, através
do consumo exacerbado dos recursos naturais, assim como a geração de resíduos em grande escala
em todos os ramos de atividades desenvolvidas pela sociedade. Sendo assim, a Educação Ambiental
surge como um componente essencial para a formação do senso crítico de cada indivíduo em
relação às questões ambientais. Com isso, o presente trabalho objetiva apresentar a implementação
da Educação Ambiental na Escola Municipal Alcides Manoel de Medeiros, localizada na cidade de
Mossoró/RN, mas precisamente aos alunos do 4º e 5º Ano, onde foi apresentada de forma prática e
dinâmica a importância de se cuidar do ambiente em que se vive através da reciclagem, coleta
seletiva e reaproveitamento de resíduos.
Palavras Chave: Educação Ambiental, Reciclagem, Reúso, Coleta Seletiva.
RESUMÉN
Con la creciente sensibilización a cerca de la problemática ambiental vivida actualmente por la
humanidad, derivadas de las diversas actividades causantes de degradación del medio ambiente, a
través del consumo exacerbado de los recursos naturales, así como la generación de residuos a gran
escala en todas las ramas de actividades desarrolladas por la sociedad. Siendo así, la Educación
Ambiental surge como un componente esencial para la formación del sentido crítico de cada
individuo en relación a las cuestiones ambientales. Con ello, el presente trabajo tiene como objetivo
presentar la implementación de la Educación Ambiental en la Escuela Municipal Alcides Manoel de
Medeiros, ubicada en la ciudad de Mossoró / RN, pero precisamente a los alumnos del 4º y 5º Año,
donde se presentó de forma práctica y dinámica la importancia de se debe cuidar el ambiente en que
se vive a través del reciclaje, recolección selectiva y reaprovechamiento de residuos
Palabras Clave: Educación Ambiental, Reciclaje, Reutilización, Recolección Selectiva.
INTRODUÇÃO
Ela surge como uma dimensão de extrema importância para a adoção de práticas que visem
a sustentabilidade e a diminuição de qualquer impacto negativo que as atividades humanas causem
no ecossistema. Sua sedimentação como área do conhecimento multidisciplinar de forma legal se
deu em 27 de Abril de 1999, quando a Educação Ambiental tornou-se lei, pela Lei N° 9.795, onde
em seu Art. 2º determina que: ―A educação ambiental é um componente essencial e permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades
do processo educativo, em caráter formal e não-formal‖.
A inserção da Educação Ambiental nos currículos da Educação Básica e da Educação
Superior, segundo a Resolução Nº 2, de 15 de junho de 2012, que estabelece as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (Brasil, 2012), a educação ambiental pode
ocorrer através da transversalidade; como conteúdo dos componentes já constantes do currículo;
pela combinação dos pontos citados acima. Em conformidade com a Lei nº 9.795, de 1999, reafirma
que:
Dessa forma, a Educação Ambiental se torna necessária para uma completa formação de um
indivíduo em diversos níveis de ensino, sendo trabalhada de forma que se desenvolva uma
consciência crítica capaz de entender que a espécie humana não é a única espécie que habita o
planeta Terra, não possuindo o direito de causar tantos impactos negativos que levam a diversas
problemáticas (Narcizo, 2009).
Mesmo as questões ambientais estando cada vez mais presentes no cotidiano da sociedade,
contudo, a educação ambiental é de total modo essencial em todos os níveis dos processos
educativos, em especial nas séries iniciais da escolarização, pois, é ali onde se inicia o processo de
socialização das crianças, tornando mais fácil a sua conscientização. (MEDEIROS et al., 2011)
É de suma importância que todos os níveis de ensino se trabalhe a Educação Ambiental, que
poderá trazer diversos benefícios tanto para os alunos como para o meio ambiente. Porém, ao fazer
a implementação da mesma, são encontrados obstáculos que devem ser superados para que
ensinamentos ambientalmente corretos sejam repassados para os alunos. Segundo Andrade (2000),
tais obstáculos estão relacionados a fatores como, o tamanho da escola, número de alunos e de
professores, predisposição destes professores em passar por um processo de treinamento e vontade
da diretoria de realmente implementar um projeto ambiental que vá alterar a rotina na escola.
Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo apresentar a Educação Ambiental na
Escola Municipal Alcides Manoel de Medeiros, através de práticas e dinâmicas que mostrassem aos
alunos a problemática vivenciada atualmente acerca da geração de resíduos sólidos, bem como
trabalhar a importância da Coleta Seletiva e da Reciclagem.
MATERIAIS E MÉTODOS
Após isso, foi proposta a primeira gincana do projeto que consistia no recolhimento de
rolinhos de papel higiênico, onde estes seriam matéria prima para a confecção de um brinde com
tema infantil a ser entregue para a turma vencedora, como também, matéria prima para a oficina, no
qual seria ensinado como confeccionar o brinde que a eles foi dado.
Um segundo questionário foi aplicado com o intuído de medir o envolvimento dos alunos no
projeto, e em seguida foi proposta a segunda gincana que se baseou no recolhimento de garrafa pet
para a produção do ―Cantinho Verde‖ da escola, proporcionando um espaço arborizado aos alunos e
produzido com o material por eles arrecadado. O mesmo questionário foi também reaplicado após a
construção do Cantinho Verde, para que fosse avaliado o aprendizado dos envolvidos a partir dessa
atividade prática.
Por fim, a última etapa do projeto consistiu na recapitulação de todo o conteúdo teórico
trabalhado no decorrer do projeto, através de uma nova palestra, que enfatizou a importância da
reciclagem como forma de diminuição para o lixo no planeta, apresentando os 5R‘s (Reutilizar,
Reciclar, Reduzir, Recusar e Repensar), sendo-lhe da mesma forma aplicado questionários antes e
depois de cada atividade realizada. Nesse caso, a terceira e ultima oficina proposta foi a confecção
de Jogos Recreativos a partir de materiais, como: caixa de leite/suco e tampinhas de garrafa pet.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a aplicação dos questionários antes e depois das atividades realizadas com os alunos do
4º e 5º Ano, foram obtidos dados onde foi possível a construção dos gráficos a seguir. Na aplicação
do primeiro questionário na turma do 4º Ano antes da apresentação da palestra, foram obtidos
74,1% de acertos, 22,3% de erros e 3,6% de perguntas não respondidas (Gráfico 1) em relação a
questionamentos como, o que seria meio ambiente para os mesmos, qual seria a destinação correta
dos resíduos sólidos e questões sobre reciclagem. Sendo o conceito de meio ambiente entendido de
maneiras diferenciadas para cada grupo social ou profissional, grande parte dos acertos em relação
ao questionamento do que seria meio ambiente para os alunos, foi de que os mesmos o entendem
como um espaço físico (florestas, lagos) ou ação (cuidar das plantas, não jogar lixo no chão). Após
a apresentação da palestra, houve uma nova aplicação do mesmo questionário, obtendo-se dados
ainda mais positivos, onde 85,5% acertaram, 11,8% erraram e 2,7% não responderam (Gráfico 1),
sendo perceptível a fixação dos conhecimentos repassados para os alunos.
85,50%
74,10%
22,30%
11,80%
3,60% 2,70%
ANTES DEPOIS
Da mesma forma, a turma do 5º ano demonstrou um bom entendimento acerca das questões
abordadas, tendo na primeira aplicação do questionário um total de 76,1% de acertos, 22,3% de
erros, e 3,6% de perguntas não respondidas (Gráfico 2). Já na segunda aplicação do mesmo
questionário, os resultados obtidos foram bastante equiparados aos resultados da turma do 4º ano, o
que também quer dizer que houve um bom entendimento do conteúdo exposto na palestra para os
alunos do 5º ano. O resultado foi de 85,60% de acertos, 11,10% de erros, e 3,30% de perguntas não
respondidas.
21,80%
11,10%
2,10% 3,30%
ANTES DEPOIS
Para o segundo questionário também foram realizadas duas aplicações em ambas as turmas.
A primeira aplicação ocorreu quinze dias após a primeira etapa de o trabalho ser concluído, onde já
havia sido realizada a primeira oficina com a turma vencedora da gincana (Figura 3-B). Nesta
oficina foi realizada a confecção de um boneco, sendo o Olaf (personagem do filme Frozen),
juntamente com a turma, utilizando o material por eles arrecadado durante a gincana, que no caso
foram os rolinhos de papel higiênico (Figura 3-A).
Os dados tabulados da primeira aplicação na turma do 4º ano mostram percentuais positivos,
com 86,1% de acertos, 13,6% de erros, e 0,3% de perguntas não respondidas (Gráfico 3). Depois de
aplicado o questionário, foi anunciada a segunda gincana para recolhimento do material que foi
utilizado na criação do ―Cantinho verde‖ na própria escola (Figura 3-C). Durante a criação desse
espaço, os alunos da turma vencedora, que no caso foram os alunos do 4º ano, puderam participar
da construção desse espaço entendendo melhor e de forma prática a reciclagem (Figura 3-D).
Figura 3 – Boneco Olaf (A); construção do boneco Olaf com a turma vencedora (B); ―Canto Verde‖
construído na escola (C); e plantação de mudas com os alunos (D).
86,10% 87,70%
13,60% 12,00%
0,30% 0,30%
ANTES DEPOIS
97,50% 97,60%
ANTES DEPOIS
Na terceira e ultima etapa do projeto houve a realização de mais uma palestra, que se baseou
em uma revisão sobre todo o conteúdo teórico explanado ao longo de todo o trabalho realizado,
bem como o ressalve a importância da reciclagem para o meio ambiente. A aplicação dos
questionários se deu da mesma forma às anteriores, sendo a primeira aplicação antes da palestra e
da gincana e a segunda após a conclusão dessas etapas.
Em análise aos últimos questionários, que abordavam tanto questões explicadas na palestra
como questões relacionadas a opinião dos alunos com relação a importância do projeto na escola,
como já observado ao longo de todo o trabalho desenvolvido, os resultados se destacam pela
positividade em comprovar o aprendizado dos aluno quanto a temática. Como apresentado no
Gráfico 5, os alunos do 4º ano mantiveram seus acertos maiores sempre após a realização das
oficinas e palestras, onde na primeira aplicação teve-se um total de 82% de acertos, 16% de erros e
2% de perguntas não respondidas, aumentando para 93% de acertos e diminuindo para 7% na
segunda aplicação do mesmo questionário.
16,00%
2,00% 7,00%
0,00%
ANTES DEPOIS
91,80%
86,40%
12,50%
8,20%
1,10% 0,00%
ANTES DEPOIS
CONCLUSÃO
importância de se trabalhar a Educação Ambiental na sala de aula desde as séries iniciais para uma
boa construção desse conhecimento.
REFERÊNCIAS
BRASIL. (1999). Política Nacional de Educação Ambiental, Lei 9795. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 27 abr. Recuperado de
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm.
CUBA, Marcos Antônio. Educação ambiental nas escolas. Educação, Cultura e Comunicação, v. 1,
n. 2, 2011.
MEDEIROS, Aurélia Barbosa de et al. A Importância da educação ambiental na escola nas séries
iniciais. Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 1, p. 1-17, 2011.
SORRENTINO, Marcos et al. Educação ambiental como política pública. Educação e pesquisa, v.
31, n. 2, 2005.
RESUMO
A gestão de resíduos sólidos é um problema atual, mundialmente discutido e que atinge toda a
população. A Educação Ambiental tem o papel de promover reflexões e discussões relacionadas aos
problemas ambientais, dentre eles destaca-se o destino dos resíduos sólidos. O presente estudo
envolveu 23 estudantes do ensino fundamental do 3º e 5º anos, com uma faixa etária de 9 a 11 anos,
da Escola Municipal Cidadão Hebert de Souza, na cidade do Recife-PE. O objetivo principal foi
contribuir para ampliar o conhecimento sobre destino do lixo dos alunos, proporcionando um
melhor entendimento sobre o tema. As atividades desenvolvidas foram: desenho avaliando o
conhecimento prévio dos alunos; exibição de dois curtas-metragens e uma conversa breve sobre o
tema, e, por fim, um desenho e/ou redação para avaliar o conhecimento dos alunos após as
atividades. Tudo isso foi executado ao longo de três encontros em cada turma participante do
projeto. Os resultados foram satisfatórios, visto que os alunos se mostraram conscientes de que
ações antrópicas podem degradar o meio ambiente, compreendendo conceitos relacionados a esta
temática e demonstrando evolução em seu nível de compreensão sobre destinar corretamente os
resíduos sólidos.
Palavras chave: Educação Ambiental, Educação Infantil, Resíduos Sólidos.
ABSTRACT
The solid waste control is a current issue, discussed in the whole world and reaching the global
population. The environmental education has the objective of promoting reflections and dabates
regarding environmental problems. Among these debates, the solid waste destination is emphasized.
This study involved 23 students from the 3rd and 5th degree of elementary school, age ranging from
9 to 11 years old, in the Cidadão Hebert de Souza School, Recife, PE. The main point was to
contribute to spread the knowledge regarding the destination of the waste of the students, providing
a better understanding about the subject. It was developed activities such as drawing to evaluate the
students‘ prior knowledge, an exhibition of two short films, a short conversation about the subject,
and, finally, a picture and/or text to evaluate the students‘ knowledge after the activities. The results
was satisfactory, and all the students revealed themselves aware that human actions can degrade the
39
Mariana Guenther SOARES, orientadora.
environment, understanding concepts related to this subject and improving their knowledge about
the correct destination of the solid waste.
Keywords: Environmental Education, Child Education, Solid Waste.
INTRODUÇÃO
por habitante por dia é produzido, segundo o IBGE, e apenas 33% dos resíduos sólidos são
reciclados.
Por esse motivo, o atual projeto foi realizado no ambiente escolar a fim de prestar esse
serviço num local onde as práticas educativas são sistematizadas e formais. A temática ambiental já
é um dos temas transversais do currículo escolar, sendo assim, sua abordagem é obrigatória nas
escolas. Cada dia mais, as demandas ambientais estão presentes no cotidiano, sendo necessário que
as crianças sejam conscientizadas acerca dessa problemática, considerando que o processo de
conscientização nos anos iniciais é mais fácil de realizar do que quando o indivíduo já alcançou a
idade adulta (MEDEIROS et al, 2011). Este trabalho objetivou contribuir para que essa finalidade
fosse alcançada na escola onde o projeto foi executado.
METODOLOGIA
As imagens e os textos foram o principal objeto de estudo do presente trabalho, para que
possa ser extraído, e avaliado, o conhecimento de cada aluno. Já que o desenho é a forma mais
antiga de comunicação não-verbal na qual revela sentimentos, imaginação e representa o
pensamento do indivíduo sem precisar fazê-lo dizer. A partir do desenho, as crianças organizam o
conhecimento, retratam experiências e delatam o aprendizado (GOLDBERG, L.G., 2005).
O presente estudo foi realizado com alunos da Escola Municipal Cidadão Herbert de Souza,
localizado na R. Arnóbio Marques, 310, Santo Amaro, com as turmas do 3º ano B e 5º ano do turno
da tarde. Foi desenvolvido a partir da aplicação de técnicas metodológicas de sistemas de
representação (desenhos e escrita) com os alunos de 9 a 11 anos de rede pública da região
metropolitana do Recife. Dividiu-se em três momentos: desenho de conhecimento prévio sobre o
destino do lixo (pré-sensibilização), exposição de filmes e desenhos/redação sobre o destino do lixo
(pós-sensibilização).
Os desenhos foram realizados pelas crianças a partir da seguinte pergunta: ―para onde vai o
lixo?‖, de acordo com a imaginação de cada uma delas, no dia 29 de setembro com o 3º ano B, e no
dia 6 de outubro com o 5º ano. As crianças das turmas desenharam individualmente, sem ajuda de
terceiros, a fim de serem analisados posteriormente pela presença de elementos que o compõe, ou
seja, tais elementos foram listados, quantificados e representados em forma de quadro expositivo.
Sensibilização ambiental
Após a realização destas atividades, solicitamos aos alunos que elaborassem um desenho e
uma redação com o mesmo tema proposto na etapa de pré-sensibilização: ―para onde vai o lixo?‖.
No dia 06 de outubro no 5º ano, e no dia 27 de outubro de 2016 com o 3º ano B. As crianças das
turmas elaboraram suas atividades individualmente, sem ajuda de terceiros. Esses desenhos foram
comparados aos desenhos de conhecimento prévio através da mesma metodologia, uma avaliação
quali-quantitativa dos elementos presentes nas artes. O objetivo da produção de redações é gerar
uma avaliação mais precisa do conhecimento que os alunos adquiriram durante a exposição.
Esperamos que aqueles alunos que anteriormente não sabia qual era destino correto do lixo tenham
adquirido o conhecimento após a sensibilização ambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pré-sensiblização
A análise dos dados foi realizada, de forma mais ampla, pela presença de elementos que
compuseram os desenhos/redações elaborados pelos estudantes. Em uma observação geral, os
componentes que apareceram com maior frequência foram listados e, posteriormente, quantificados.
Tais elementos listados foram: ―lata de lixo‖, ―caminhão de lixo‖, ―lixão‖, ―lixo presente no
esgoto‖, ―lixo presente no ambiente‖, ―reciclagem‖. Cada vez que um estudante representou algum
desses elementos em suas produções (desenho e/ou redação), contabilizamos uma unidade.
Algumas crianças representaram mais de um elemento em suas produções, nenhum aluno deixou de
representar ao menos um destes.
De forma geral, os alunos do 3º ano desenharam latas de lixo ou caminhões de lixo enquanto
a reciclagem foi representada em apenas dois dos desenhos. Os alunos do 5º ano também
desenharam latas de lixo e caminhões. Entretanto, foram identificadas novas representações, como
o descarte do lixo no esgoto.
Apesar da diferença de idades entre as crianças das duas turmas analisadas, grande parte dos
elementos foi identificada nas produções de ambas, como demonstra a tabela abaixo:
No 3º ano B, foi notória a percepção de que no momento anterior aos filmes, apenas uma
criança tinha a noção de reciclagem e representou uma máquina reciclável em sua produção. As
demais não mostraram conhecimento sobre reciclar e desenharam que o lixo seguia para as latas e
caminhão do lixo em sua maioria, enquanto uma parcela menor desenhou lixões.
Sensibilização
garrafas PET, que requer um processamento mais completo. A reciclagem consiste em uma forma
de reutilização do material que compõe o produto, mas é diferente da reutilização daquele produto.
Esses conceitos foram esclarecidos na roda de conversa e a confusão inicial entre eles foi sanada.
No mesmo dia, perguntas como ―o que é reciclar?‖ foram realizadas e algumas crianças
responderam que era ―não botar lixo no chão‖, ―guardar embalagem na bolsa‖ e até mesmo
―limpar‖. Após os filmes, foi possível definir ―reciclagem‖ de uma forma mais próxima da
realidade, e foi concluído pela turma que era como ―transformar coisas velhas em coisas novas‖ a
partir de uma ―máquina reciclável‖, a qual foi representada em grande parte dos desenhos e
redações após a sensibilização.
Pós-senbilização
12
Resultados 3º Ano
10
8
6
4
2
0
No 5º ano, dois estudantes associaram o descarte de lixo nas ruas às doenças, associação que
não tinha sido realizada nos desenhos que foram produzidos antes do momento de sensibilização.
Tal associação mostra que os alunos prestaram atenção na animação ―Tá limpo‖ e adquiriram
conhecimento das consequências da poluição por resíduos sólidos.
Resultados 5º Ano
8
6
4
2
0
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Setembro, 2007.
EIGENHEER, E. M. A história do lixo: a limpeza urbana através dos tempos. Porto Alegre:
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JARDIM, N. S.; WELLS, C. (Org.). Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. São
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REIGADA, C. et al. Educação ambiental para crianças no ambiente urbano: uma proposta de
pesquisa-ação. Ciência & Educação, v. 10, n. 2, p. 149-159. 2004.
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GUENTHER, M. Educação ambiental voltada para a reutilização e reciclagem dos resíduos
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