Dentro deste tema é muito importante saber diferenciar qual o conceito de três termos bastante utilizados: tumor, neoplasia e câncer. A definição geral aqui adotada tem como base os conceitos abordados pelo Instituto Nacional do Câncer-INCA.
O termo tumor corresponde ao aumento de volume observado numa parte
qualquer do corpo. Quando o tumor se dá por crescimento do número de células, ele é denominado neoplasia, que pode ser benigna ou maligna. As neoplasias benignas têm seu crescimento de forma organizada, em geral lento, e apresenta limites bem nítidos, como exemplo pode-se citar o lipoma e o mioma.
Câncer, neoplasia maligna ou tumor maligno é a denominação dada ao
conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o rápido e desordenado crescimento de células, que invadem tecidos e órgãos.
O câncer pode ser causado por fatores externos (substâncias químicas,
irradiação e vírus) e internos (hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas). Os fatores causais podem agir em conjunto ou em sequência para iniciar ou promover o processo de carcinogênese.
Ou seja, o câncer pode surgir como consequência da exposição a agentes
carcinogênicos presentes no ambiente onde se vive e trabalha, decorrentes do estilo de vida e de fatores ambientais produzidos ou alterados pela atividade humana (BRASIL, 2001).
As estimativas sobre a contribuição dos fatores ocupacionais no
desencadeamento dos cânceres variam entre 4 e 25%. Estima-se que em países industrializados cerca de 9% dos cânceres que atingem homens são decorrentes de exposição ocupacional.
Os cânceres relacionados ao trabalho têm alguns aspectos que os diferenciam
de outras doenças ocupacionais, dentre os quais podem-se citar:
• A despeito da legislação brasileira e de outros países estabelecerem limites
de tolerância para diversas substâncias carcinogênicas, segundo o preconizado internacionalmente, não existem níveis seguros de exposição;
• Os cânceres, em geral, desenvolvem-se muitos anos após o início da
exposição, mesmo após a cessação da exposição;
• Os cânceres ocupacionais não diferem, em suas características morfológicas
e histológicas, dos demais cânceres;
• Em geral, existem exposições combinadas e/ou concomitantes. Por outro
lado, têm em comum com outras doenças ocupacionais a dificuldade de relacionar as exposições à doença e o fato de que são, em sua grande maioria, preveníveis.
Assim sendo, a vigilância efetiva do câncer ocupacional é feita sobre os
processos e atividades do trabalho com potencial carcinogênico, ou seja, dos riscos ou das exposições.
Quanto aos agentes causadores de câncer, de modo geral, as informações
baseiam-se em estudos epidemiológicos em animais e in vitro. Existem várias classificações dos produtos e ocupações considerados cancerígenos, algumas das quais estão sintetizadas conforme a lista a seguir:
Tipos de classificação para Carcinogenicidade
International Agency for Research on Cancer (IARC)
1 – Evidência epidemiológica suficiente para carcinogenicidade em seres humanos 2A – Provavelmente carcinogênico em seres humanos, Segundo evidências limitadas em seres humanos e evidência suficiente em animais. 2B – Possivelmente carcinogênico em seres humanos, segundo evidência em animais, porém inadequada em seres humanos, ou evidência limitada nesses, com evidência suficiente em animais. 3 – Não classificável. 4 – Não carcinogênico.
Environmental Protection Agency (EPA)
A – Evidência suficiente de estudos epidemiológicos apoiando uma associação
etiológica. B1 – Evidência limitada em seres humanos, segundo estudos epidemiológicos. B2 – Evidência suficiente em animais, porém inadequada em seres humanos. C – Evidência limitada em animais. D – Evidência inadequada em animais. E – Nenhuma evidência em animais ou seres humanos.
American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH)
A1 – Carcinogênico humano confirmado.
A2 – Carcinogênico humano suspeito, Segundo evidência humana limitada ou animal suficiente.
National Toxicology Program (NTP)
A – Carcinogenicidade reconhecida em seres humanos.
B – Evidência em seres humanos ou evidência suficiente em animais.
Fonte: SHIELDS & HARRIS (1990)
Com base nessa classificação, existem cerca de dois mil fatores de risco, comprovados ou considerados suspeitos de carcinogênese que podem ser classificados em dois grandes grupos:
• Grupo 1: inclui fatores genéticos, que explicam as diferentes suscetibilidades
entre os indivíduos e a maior suscetibilidade em um mesmo grupo familiar;
• Grupo 2: inclui fatores ambientais, que considera hábitos como o tabagismo,
dietas ricas em gorduras saturadas, álcool, exposição solar excessiva, hábitos sexuais e de higiene pessoal e outros fatores sobre os quais os indivíduos não detêm controle, como as exposições ocupacionais.
Dessa forma, a vigilância efetiva do câncer ocupacional é feita sobre os
processos e atividades do trabalho com potencial carcinogênico, ou seja, dos riscos ou das exposições. Essa vigilância consiste, basicamente, na vigilância dos ambientes e condições de trabalho e na vigilância dos efeitos ou danos à saúde.
No âmbito da vigilância ambiental, segundo preconizado pela Convenção/OIT
n.º 139/1974, a orientação inclui:
• Procurar, de todas as formas, substituir as substâncias e agentes
cancerígenos por outros não cancerígenos ou menos nocivos;
• Reduzir o número de trabalhadores expostos, a duração e os níveis de
exposição ao mínimo compatível com a segurança;
• Prescrever medidas de proteção;
• Estabelecer sistema apropriado de registro;
• Informar aos trabalhadores sobre os riscos e medidas a serem aplicadas;
• Garantir a realização dos exames médicos necessários para avaliar os efeitos
da exposição.
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online